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Livro Último
poesias
completas
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Revisão:
Raphael Stein
3
Guilherme Pupo Falconni
Livro Último
poesias
completas
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5
Aos meus amados filhos
Flora, Lucas e Arthur,
aos meus amados pais
e a minha esposa
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“A palavra é disfarce de uma coisa
mais grave, surda-muda,
foi inventada para ser calada.”
(trecho do poema Antes do nome
– Adélia Prado)
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PREFÁCIO
Alexandre L. R. Alves
(grande amigo, músico e advogado)
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9
POEMA CONCRETO
preocupar
pré ocupar
pré o culpar
pré culpar
e ocupar
culpa
par
réu culpar
reocupar
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MÁRTIRES
A cada 10 anos,
alguns mártires sem heroísmo
morrem nossa adolescência e juventude.
Hoje ouvi (a canção)
e senti uma saudade muito específica:
a de meu irmão,
na casa de nossa amiga,
tocando violão.
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COISAS
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ESPERANÇAS
13
PALHAÇO TRISTE
14
NIILISMO ATUALIZADO
15
POEMA OCO
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MAIS PALAVRA
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DITADO E DITADURAS
Dizem:
Deus é brasileiro!
A voz do povo é a voz de Deus!
Boca fechada não entra mosca!
Manda quem pode,
obedece quem tem juízo!
Dizem alguns,
Enquanto todos se calam...
Diz a repressão:
Não houve mortes na revolução popular apelidada
ditadura.
Eles dizem,
Enquanto os mortos e torturados se calam...
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QUERO
Eu quero tanto
Mas será outro
dia pra esse pranto
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SENTENÇA
Premissas verdadeiras:
São ilusões de amor.
Amor que é perfeito
somente quando não se basta,
sucumbe,
naufraga,
não lembra,
não passa.
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Péssima premissa,
hipótese verdadeira,
talvez a melhor:
Viver sem amor?
Premissa maior:
O amor dói, fere, mata,
e sem culpado, maltrata.
Premissa menor, ínfima, mínima,
minúscula e miserável:
Eu amo!
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RESFRIADO
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Quando amo, fico improdutivo,
lerdo, lento.
E apesar disso,
este sentimento nunca se fez constar
nos compêndios e enciclopédias
da medicina moderna.
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PASSADEIRA
Passou um dia
Passaram dois
Passarão três
Semanas, logo meses e por fim, anos.
E veremos uns como bons conhecidos,
outros como estranhos...
Alguém será para nós boa notícia...
Outro, apenas novidade...
E há ainda quem será algo como
uma fumaça...
algo que esteve...
e mesmo quando esteve,
já passava...
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PREÂMBULO DA BIOGRAFIA
Mais um autorretrato
que se um dia os publicasse,
os juntaria num mesmo livro.
Mas,
do meu ponto de vista,
o mundo continua
hospício e caótico.
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CICLOPE E O CENTAURO
26
MEDÍOCRE
27
RARAS
28
ENROLADO
29
POEMA DE ESTEVES, O DA TABACARIA 1
30
VALORES
31
PÁRIA
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MANIFESTO
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a TV educa, entorta e engorda,
pedagógica e homeopática.
Nós, donde vem o calor, o grito,
o aplauso da massa;
fazemos aqui manifesto.
Reivindicamos.
Não exigimos muito...
Pra começar:
pedimos que todos os conflitos mundiais,
regionais e raciais
terminem em guerra!
E que todas as guerras
sejam de travesseiros.
Queremos que haja céu e
nenhum inferno
ou intolerância religiosa,
nem aquelas mais ecumênicas,
as mais veladas.
Não queremos mais “a verdade”,
mesmo a sagrada, sangrenta ou segregada.
Não queremos achar nada,
teremos opinião...
Queremos, nós, que as crianças “morram”.
De cócegas, no Iraque.
De dar risada, no Haiti.
De alegria, na Somália.
Queremos os rios contaminados de peixes.
O céu poluído de estrelas, uma verruga na ponta do dedo.
Queremos falar um pouco em cada praça
e que não falem nem rezem por nós,
ou em nosso nome, por nada.
Queremos só, e cada um...tudo isso.
E só isso não basta.
Não basta… Isso, só, não basta.
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CERTA DÚVIDA
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METRÓPOLE
36
NÁUFRAGO
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DHARMA
38
MOLEQUE
39
MÃOS DADAS
40
MEU LEMA
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DEUS E O DIABO
Deus e o diabo,
um é a cabeça e o outro é o rabo.
Um se faz pomposo
e o outro de coitado.
Um é o avesso
e o outro é do outro lado
42
GRÁVIDAS
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VIDA EM CONCRETO
Há a vida.
A vida abisma, a birra pinga, a pia
Passa o ganso
Sol, taco, tamanco
Teco, pato, peco
Teco-teco.
Manco, manso, pão
Marreco
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SONS
Amnésia
Dianóia
Maionese
Noésia
Poesia
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FLORA ROSA
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BUROCRACIA
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DA RECORRENTE VERGONHA DE SER BRASILEIRO
Do povo...
E – vivas ao povo! -
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que tem a voz de deus
mas se pela quando pode.
Mais rico quem se sacode.
Vive quem consegue,
goza, mama e manda quem pode.
Obedece, obsceno, quem tem juízo,
preconceito,
prejuízo.
Como povo,
somos, todos, varíola tropical,
uma doença venérea de carnaval,
que não varia, porém muda,
mas o que não passa é o carnaval.
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Sigilo de justiça?
Porões até 84?
Apologia ao crime?
Ó, nobre Apolo nessa praia continental!
Orgia de crimes?
Orgia criminal? De orgia mesmo, nada!
Sem prazeres, só carnaval.
Vendidos?
Pouco!
Paridos, criados e vendidos.
Engordados à barriga d'água,
a cabeça d'água.
- “à minha terra d'água,
e ao cair da mágoa”-
vendidos.
Liquidados em sonhos, corpo,
sopro e espírito,
ao sado-pedo-zoo-cristionanismo global?
Ao capital internacional?
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tardinha?
Venderam, um pouco a toda hora.
Um pouco todo dia
“em Brasília 19 horas...”
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SOCIEDADE
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HOJE NÃO É UM DIA DAQUELES
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ANATOMIA
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UM DÓ
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TEVE TEMPO
Teve um tempo,
uma casa,
alguns livros
e bobeiras...
Coisas como confeitos
num bolo mirradinho de recheio
dos olhares que não viram,
abraços amputados,
versos vetados,
e gosto de cigarro.
Teve um tempo
em que não se sabia se era feliz.
E não sabia.
E de tanto não saber
se comungou que não era
a cumplicidade perfeita de não ser,
e assim,
a sintonia perfeita de acabar,
passar,
calar,
levar um pouco
e ir-se embora.
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SAUDADE DA SAUDADE
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DISTÂNCIAS
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ADOLESCENTES
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BUCÓLICO
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TABULEIRO
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VERBETE DO BESTIÁRIO IMPERIAL
Sobre o Grandílope
Os grandílopes são animais raros, lentos e pacatos. Não
se sabe muito sobre eles, assim como não se sabe se vivem em
bandos ou solitários, ou se buscam a solidão somente no final
da vida.
São grandes como indica o próprio nome. Habitam
pradarias e correm rápido, muito rápido.
Muito pouco se ouviu falar deles e não há nenhuma
pessoa que tenha visto sequer o rastro de um, pois são animais
muito ariscos, tímidos e reservados.
Já se ouviu falar que muitos deles têm hábitos
noturnos, principalmente quando estão próximos as cidades.
Não deixam rastros, são muito, muito, asseados. Em
toda literatura especializada se lê muito pouco sobre eles,
praticamente nada. Exceto neste texto.
São animais raros, mas há quem acredite que sua
população ultrapassa os milhões.
Não conheço qualquer pessoa que tenha entre os seus
alguém que relate ter visto sequer um.
Os grandílopes são, de fato, animais estupendos e
maravilhosos...
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AMADO
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REUNIÕES
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PARABÓLICO EQUIVOCADO
Não sei.
Não sei não saber muita coisa.
Não sei não saber aquilo que saibo.
Não sei se é pouco ou não.
Não sei se Saibo poderia ser uma cidade na Turquia.
Não sei,
mas a sonoridade muito me agrada.
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FOLGUEDO E MIRAÇÃO
Eu vi a folia do rei.
Eu vi a dança do criador.
E vi a ceia de seis.
Vi a reza do benzedor.
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INCOMPLETO
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NA NOITE PELA SOMBRA
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VENTRE
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3 OU 4 NOBRES VERDADES
Queria
ter
ficar
estar
permanecer
queria ter
ter que ficar
ter que estar
ter que permanecer
queria ficar
queria estar
queria permanecer
queria ter que ficar
queria ter que estar
queria ter que permanecer.
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MEU TIO JOÃO
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NO FUNDO DO POÇO
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SER PAI
Minhas crianças,
como se as tivesse,
crescem o tempo todo.
A cada dia são mais um pouco.
E menos, um pouco, crianças.
Minhas crianças são menos minhas
e mais crianças,
e menos crianças um pouco a cada dia,
fazendo de mim um velho resmunguento.
Minhas crianças me cativam,
nem por serem crianças,
e menos por serem minhas,
o que não são.
Mas sim, por que “são”...
É nesse ato de “ser”,
tão sendo,
como só criança é,
não sendo criança.
Rogo que na origem desse ato
sejam um pouco,
só um pouquinho minhas.
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EXPLICAÇÃO
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CURIOSIDADE
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ONISCIÊNCIA
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NIRVANA NA FOTOGRAFIA
Obrigado...(mãos postas)
Pode ser tarde... pode ser sono...
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ORAÇÃO DA ÚLTIMA HORA
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POEMA AMERICANO, POEMA 7 OU
MAIS UM AUTORRETRATO
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TEMPO
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CANTIGA
DO AMADO E DO AMIGO
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Li meio sem perceber,
na madrugada em casa,
sem sono, na tela,
seu e-mail...(desconectada)...
Me deu logo uma vontade repente
em vê-la,
em tê-la,
sem tecnologia alguma,
nem mesmo a das palavras
ou das fibras óticas sinápticas
mas, ao natural,
cheiro
e pintura
em aquarela ou óleo,
em nossa música
pretérita dum lento bom dia…
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Se te chamo de “amiga”
não é por diminuir o que somos,
o que temos e é nosso...
Mas é sim, para reinventar a palavra
em convite,
mais limpa.
Se te chamo de “amiga”,
e faço o convite,
é por que este Eu lírico masculino,
amigo, em cantiga sente e convida:
– Vem amar comigo.
Amiga: aquela que ama – substantivo -
me, mim e comigo – pronomes do caso oblíquo – te, ti,
contigo...
Iguais preposições
a, ante, até, após,
com, contra, de, desde, em, entre,
para, perante, por,
sem, sob, sobre, trás.
Assim é nosso amor
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POEMA ALEMÃO DAS CIDADES DE ALICE3
85
CANETA
86
CARNE DO POEMA
87
PALAVRA
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FLUIR
A vida floresce,
mima,
morre,
contamina...
Mina.
Verve torrente...
Explode, dissolve
identidade,
ente,
doente.
A vida é
perene repente...
89
FORA
(só leia a parte cinza na segunda leitura)
90
91
Sumário:
Poema concreto 3
Mártires 3
Coisas 4
Esperanças 4
Palhaço triste 5
Niilismo atualizado 6
Poema oco 7
Mais palavra 8
Ditado e ditadura
Quero
Auto da fé cega
Sentença
Resfriado
Passadeira
Preambulo da biografia
Ciclope e o centauro
Medíocre
Raras
Enrolado
Poema de Esteves, o da tabacaria
Valores
Párea
Manifesto
Certa dúvida
Metrópole
Náufrago
Dharma
Moleque
Mãos dadas
Meu lema
Deus e o diabo
Grávidas
Vida em concreto
Sons
Flora rosa
Burocracia
Da recorrente vergonha de ser brasileiro
Sociedade
Hoje não é um dia daqueles
Anatomia
Um dó
92
Teve tempo
Saudade da saudade
Distâncias
Adolescentes
Bucólico
Tabuleiro
Verbete do bestiário imperial
Amado
Reuniões
Parabólico equivocado
Folguedo e miração
Incompleto
Na noite pela sombra
Ventre
3 ou 4 nobres verdades
Meu tio João
No fundo do poço
Ser pai
Explicação
Curiosidade
Onisciência
Nirvana na fotografia
Oração da última hora
Poema americano poema 7 ou
Tempo
Cantiga do amado e do amigo (livro)
Poema alemão das cidades de Alice
Caneta
Carne do poema
Palavra
Fluir
Fora
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