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A PROFISSÃO DA FÉ
SEGUNDA SECÇÃO
A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
CAPÍTULO SEGUNDO
422. «Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho,
nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à
Lei e nos tornar seus filhos adoptivos» (Gl 4, 4-5). Esta é a «Boa-Nova de Jesus
Cristo, Filho de Deus»(1): Deus visitou o seu povo(2) e cumpriu as promessas
feitas a Abraão e à sua descendência (3) fê-lo para além de toda a expectativa:
enviou o seu «Filho muito-amado» (4).
423. Nós cremos e confessamos que Jesus de Nazaré, judeu nascido duma filha
de Israel, em Belém, no tempo do rei Herodes o Grande e do imperador César
Augusto, carpinteiro de profissão, morto crucificado em Jerusalém sob o
procurador Pôncio Pilatos no reinado do imperador Tibério, é o Filho eterno
de Deus feito homem; que Ele «saiu de Deus» (Jo 13, 3), «desceu do céu» (Jo 3,
13; 6, 33) e «veio na carne» (5), porque «o Verbo fez-Se carne e habitou entre
nós. Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito,
cheio de graça e de verdade [...] Na verdade, foi da sua plenitude que todos
nós recebemos, graça sobre graça» (Jo 1, 14, 16).
424. Movidos pela graça do Espírito Santo e atraídos pelo Pai, nós cremos e
confessamos a respeito de Jesus: «Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo» (Mt 16,
16). Foi sobre o rochedo desta fé, confessada por Pedro, que Cristo edificou a
sua Igreja (6).
427. «Na catequese, é Cristo, Verbo Encarnado e Filho de Deus, que é ensinado;
tudo o mais é-o em referência a Ele. E só Cristo ensina. Todo e qualquer outro
o faz apenas na medida em que é seu porta-voz, consentindo em que Cristo
ensine pela sua boca [...]. Todo o catequista deveria poder aplicar a si próprio
a misteriosa palavra de Jesus: "A minha doutrina não é minha, mas d'Aquele
que Me enviou" (Jo 7, 16)» (9).
428. Aquele que é chamado a «ensinar Cristo» deve, portanto, antes de mais
nada, procurar «esse lucro sobreeminente que é o conhecimento de Jesus
Cristo». Tem de «aceitar perder tudo [...] para ganhar Cristo e encontrar-se
n'Ele» e «conhecê-Lo, a Ele, na força da sua ressurreição e na comunhão com
os seus sofrimentos, conformar-se com Ele na morte, na esperança de chegar a
ressuscitar dos mortos» (Fl 3, 8-11).
ARTIGO 2
I. Jesus
431. Nesta história da salvação, Deus não Se contenta com libertar Israel «da
casa da escravidão» (Dt 5, 6), fazendo-o sair do Egipto. Salvou-o também do
seus pecados. Porque o pecado é sempre uma ofensa feita a Deus (11), só Ele é
que pode absolvê-lo (12). É por isso que Israel, tomando cada vez mais
consciência da universalidade do pecado, só poderá procurar a salvação na
invocação do nome do Deus Redentor (13).
432. O nome de Jesus significa que o próprio nome de Deus está presente na
pessoa do seu Filho (14) feito homem para a redenção universal e definitiva
dos pecados. Ele é o único nome divino que traz a salvação (15) e pode desde
agora ser invocado por todos, pois a todos os homens Se uniu pela Encarnação
(16), de tal modo que «não existe debaixo do céu outro nome, dado aos
homens, pelo qual possamos ser salvos» (Act 4, l2) (17).
433. O nome de Deus salvador era invocado apenas uma vez por ano, pelo
sumo sacerdote, para expiação dos pecados de Israel, depois de ter aspergido
o propiciatório do «santo dos santos» com o sangue do sacrifício (18). O
propiciatório era o lugar da presença de Deus (19). Quando São Paulo diz de
Jesus que Deus O «ofereceu para, n'Ele, pelo seu sangue, se realizar a
expiação» (Rm 3, 25), quer dizer que, na sua humanidade, «era Deus que em
Cristo reconciliava o mundo consigo» (2 Cor 5, 19).
II. Cristo
436. Cristo vem da tradução grega do termo hebraico «Messias», que quer
dizer «ungido». Só se torna nome próprio de Jesus porque Ele cumpre
perfeitamente a missão divina que tal nome significa. Com efeito, em Israel
eram ungidos, em nome de Deus, aqueles que Lhe eram consagrados para
uma missão d'Ele dimanada. Era o caso dos reis (25), dos sacerdotes (26) e, em
raros casos, dos profetas (27). Este devia ser, por excelência, o caso do Messias,
que Deus enviaria para estabelecer definitivamente o seu Reino (28). O
Messias devia ser ungido pelo Espírito do Senhor (29), ao mesmo tempo como
rei e sacerdote (30) mas também como profeta (31). Jesus realizou a
expectativa messiânica de Israel na sua tríplice função de sacerdote, profeta e
rei.
441. Filho de Deus, no Antigo Testamento, é um título dado aos anjos (44), ao
povo eleito (45) aos filhos de Israel (46) e aos seus reis (47). Nestes casos,
significa uma filiação adoptiva, que estabelece entre Deus e a sua criatura
relações de particular intimidade. Quando o Rei-Messias prometido é
chamado «filho de Deus» (48), isso não implica necessariamente, segundo o
sentido literal de tais textos, que Ele seja mais que um simples ser humano. Os
que assim designaram Jesus, enquanto Messias de Israel (49), talvez não
tenham querido dizer mais (50).
442. Mas não é este o caso de Pedro, quando confessa Jesus como «Cristo, o
Filho de Deus vivo» (51), porque Jesus responde-lhe solenemente: «não foram
a carne nem o sangue que to revelaram, mas sim o meu Pai que está nos céus»
(Mt 16, 17). De igual modo, Paulo dirá, a propósito da sua conversão no
caminho de Damasco: «Quando aprouve a Deus – que me escolheu desde o
seio de minha mãe e me chamou pela sua graça – revelar o seu Filho em mim,
para que O anuncie como Evangelho aos gentios...» (Gl 1, 15-16). «E logo
começou a proclamar nas sinagogas que Jesus era o Filho de Deus» (Act 9, 20).
Será este, desde o princípio (52),o núcleo da fé apostólica (53), primeiramente
professada por Pedro como fundamento da Igreja (54).
IV. Senhor
446. Na tradução grega dos Livros do Antigo Testamento, o nome inefável sob
o qual Deus Se revelou a Moisés (63), YHWH, é traduzido por « Kyrios»
(«Senhor»). Senhor torna-se, desde então, o nome mais habitual para designar
a própria divindade do Deus de Israel. É neste sentido forte que o Novo
Testamento utiliza o título de «Senhor», tanto para o Pai como também – e aí é
que está a novidade – para Jesus, assim reconhecido como sendo Ele próprio
Deus (64).
Resumindo:
452. O nome de Jesus significa «Deus salva». O menino nascido da Virgem Maria
é chamado «Jesus», «porque salvará o seu povo dos seus pecados» (Mt 1, 21);
«não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens, pelo qual possamos
ser salvos» (Act 4, 12).
454. O nome de Filho de Deus significa a relação única e eterna de Jesus Cristo
com Deus seu Pai: Ele é o Filho único do Pai (76) e, Ele próprio, Deus (77). Crer
que Jesus Cristo é o Filho de Deus é condição necessária para ser cristão (78).
ARTIGO 3
PARÁGRAFO 1
457. O Verbo fez-Se carne para nos salvar, reconciliando-nos com Deus: «Foi
Deus que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos
pecados» (1 Jo 4, 10). «O Pai enviou o Filho como salvador do mundo» (1 Jo 4,
14). «E Ele veio para tirar os pecados» (1 Jo 3, 5):
458. O Verbo fez-Se carne, para que assim conhecêssemos o amor de Deus:
«Assim se manifestou o amor de Deus para connosco: Deus enviou ao mundo
o seu Filho Unigénito, para que vivamos por Ele» (I Jo 4, 9). «Porque Deus
amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o
homem que acredita n'Ele não pereça, mas tenha a vida eterna» (Jo 3, 16).
459. O Verbo fez-Se carne, para ser o nosso modelo de santidade: «Tomai sobre
vós o meu jugo e aprendei de Mim [...]» (Mt 11, 29). «Eu sou o caminho, a
verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim» (Jo 14, 6). E o Pai, na
montanha da Transfiguração, ordena: «Escutai-o» (Mc 9, 7) (81). De facto, Ele é
o modelo das bem-aventuranças e a norma da Lei nova: «Amai-vos uns aos
outros como Eu vos amei» (Jo 15, 12). Este amor implica a oferta efectiva de
nós mesmos, no seu seguimento (82).
460. O Verbo fez-Se carne, para nos tornar «participantes da natureza divina»
(2 Pe 1, 4): «Pois foi por essa razão que o Verbo Se fez homem, e o Filho de
Deus Se fez Filho do Homem: foi para que o homem, entrando em comunhão
com o Verbo e recebendo assim a adopção divina, se tornasse filho de Deus»
(83). «Porque o Filho de Deus fez-Se homem, para nos fazer deuses» (84).
«Unigenitus [...] Dei Filias, suae divinitatis volens nos esse participes, naturam
nostram assumpsit, ut homines deos faceret factos homo – O Filho Unigénito de
Deus, querendo que fôssemos participantes da sua divindade, assumiu a nossa
natureza para que, feito homem, fizesse os homens deuses» (84).
II. A Encarnação
461. Retomando a expressão de São João («o Verbo fez-Se carne»: Jo 1, 14), a
Igreja chama «Encarnação» ao facto de o Filho de Deus ter assumido uma
natureza humana, para nela levar a efeito a nossa salvação. Num hino que nos
foi conservado por São Paulo, a Igreja canta este mistério:
«É por isso que, ao entrar neste mundo, Cristo diz: "Não quiseste
sacrifícios e oferendas, mas formaste-Me um corpo. Holocaustos e
imolações pelo pecado não Te foram agradáveis. Então Eu disse: Eis-
Me aqui [...] para fazer a tua vontade"» (Heb 10, 5-7, citando o Sl 40.
7-9, segundo os LXX).
463. A fé na verdadeira Encarnação do Filho de Deus é o sinal distintivo da fé
cristã: «Nisto haveis de reconhecer o Espírito de Deus: todo o espírito que
confessa a Jesus Cristo encarnado é de Deus» (1 Jo 4, 2). É esta a alegre
convicção da Igreja desde o seu princípio, ao cantar «o grande mistério da
piedade»: «Ele manifestou-Se na carne» (1 Tm 3, 16).
466. A heresia nestoriana via em Cristo uma pessoa humana unida à pessoa
divina do Filho de Deus. Perante esta heresia, São Cirilo de Alexandria e o
terceiro Concilio ecuménico, reunido em Éfeso em 431,confessaram que «o
Verbo, unindo na sua pessoa uma carne animada por uma alma racional, Se
fez homem» (91). A humanidade de Cristo não tem outro sujeito senão a
pessoa divina do Filho de Deus, que a assumiu e a fez sua desde que foi
concebida. Por isso, o Concílio de Éfeso proclamou, cm 431, que Maria se
tornou, com toda a verdade. Mãe de Deus, por ter concebido humanamente o
Filho de Deus em seu seio: «Mãe de Deus, não porque o Verbo de Deus dela
tenha recebido a natureza divina, mas porque dela recebeu o corpo sagrado,
dotado duma alma racional, unido ao qual, na sua pessoa, se diz que o Verbo
nasceu segundo a carne» (92).
474. Pela sua união com a Sabedoria divina na pessoa do Verbo Encarnado, o
conhecimento humano de Cristo gozava, em plenitude, da ciência dos
desígnios eternos que tinha vindo revelar (111). O que neste domínio Ele
reconhece ignorar (112) declara, noutro ponto, não ter a missão de o revelar
(113).
476. Uma vez que o Verbo Se fez carne, assumindo uma verdadeira natureza
humana, o corpo de Cristo era circunscrito (116). Portanto, o rosto humano de
Jesus pode ser «pintado» (117). No VII Concílio ecuménico (118), a Igreja
reconheceu como legítimo que ele fosse representado em santas imagens.
478. Jesus conheceu-nos e amou-nos, a todos e a cada um, durante a sua vida,
a sua agonia e a sua paixão, entregando-Se por cada um de nós: «O Filho de
Deus amou-me e entregou-Se por mim» (Gl 2, 20). Amou-nos a todos com um
coração humano. Por esse motivo, o Sagrado Coração de Jesus, trespassado
pelos nossos pecados e para nossa salvação (121), «praecipuus consideratur
index et symbolus... illius amoris, quo divinus Redemptor aeternum Patrem
hominesque universos continenter adamat é considerado sinal e símbolo por
excelência... daquele amor com que o divino Redentor ama sem cessar o
eterno Pai e todos os homens» (122).
Resumindo:
479. No tempo estabelecido por Deus, o Filho Unigénito do Pai, a Palavra eterna,
isto é, o Verbo e imagem substancial do Pai, encarnou. Sem perder a natureza
divina, assumiu a natureza humana.
481. Jesus Cristo tem duas naturezas, a divina e a humana, não confundidas,
mas unidas na única Pessoa do Filho de Deus.
482. Verdadeiro Deus e verdadeiro homem, Cristo tem uma inteligência e uma
vontade humanas em perfeito acordo e submissão à inteligência e vontade
divinas, que Ele tem em comum com o Pai e o Espírito Santo.
PARÁGRAFO 2
484. A Anunciação a Maria inaugura a «plenitude dos tempos» (Gl 4, 4), isto é,
o cumprimento das promessas e dos preparativos. Maria é convidada a
conceber Aquele em quem habitará «corporalmente toda a plenitude da
Divindade» (Cl 2, 9). A resposta divina ao seu «como será isto, se Eu não
conheço homem?» (Lc 1, 34) é dada pelo poder do Espírito: «O Espírito Santo
virá sobre ti» (Lc 1, 35).
485. A missão do Espírito Santo está sempre unida e ordenada à do Filho (123).
O Espírito Santo, que é «o Senhor que dá a Vida», é enviado para santificar o
seio da Virgem Maria e para a fecundar pelo poder divino, fazendo-a conceber
o Filho eterno do Pai, numa humanidade originada da sua.
486. Tendo sido concebido como homem no seio da Virgem Maria, o Filho
único do Pai é «Cristo», isto é, ungido pelo Espírito Santo (124), desde o
princípio da sua existência humana, embora a sua manifestação só se venha a
fazer progressivamente: aos pastores (125), aos magos 126), a João Baptista
(127), aos discípulos (128). Toda a vida de Jesus Cristo manifestará, portanto,
«como Deus O ungiu com o Espírito Santo e o poder» (Act 10, 38).
487. O que a fé católica crê, a respeito de Maria, funda-se no que crê a respeito
de Cristo. Mas o que a mesma fé ensina sobre Maria esclarece, por sua vez, a
sua fé em Cristo.
A PREDESTINAÇÃO DE MARIA
488. «Deus enviou o seu Filho» (GI 4, 4). Mas, para Lhe «formar um corpo»
(129), quis a livre cooperação duma criatura. Para isso, desde toda a
eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe do seu Filho, uma filha de Israel,
uma jovem judia de Nazaré, na Galileia, «virgem que era noiva de um homem
da casa de David, chamado José. O nome da virgem era Maria» (Lc 1, 26-27):
«O Pai das misericórdias quis que a aceitação, por parte da que Ele
predestinara para Mãe, precedesse a Encarnação, para que, assim
como uma mulher contribuiu para a morte, também outra mulher
contribuísse para a vida (130).
489. Ao longo da Antiga Aliança, a missão de Maria foi preparada pela missão
de santas mulheres. Logo no princípio, temos Eva; apesar da sua
desobediência, ela recebe a promessa duma descendência que sairá vitoriosa
do Maligno(131) e de vir a ser a mãe de todos os vivos (132). Em virtude desta
promessa, Sara concebe um filho, apesar da sua idade avançada (133). Contra
toda a esperança humana, Deus escolheu o que era tido por incapaz e fraco
(134) para mostrar a sua fidelidade à promessa feita: Ana, a mãe de Samuel
(135), Débora, Rute, Judite e Ester e muitas outras mulheres. Maria «é a
primeira entre os humildes e pobres do Senhor, que confiadamente esperam e
recebem a salvação de Deus. Com ela, enfim, excelsa filha de Sião, passada a
longa espera da promessa, cumprem-se os tempos e inaugura-se a nova
economia da salvação» (136).
A IMACULADA CONCEIÇÃO
490. Para vir a ser Mãe do Salvador, Maria «foi adornada por Deus com dons
dignos de uma tão grande missão» (137). O anjo Gabriel, no momento da
Anunciação, saúda-a como «cheia de graça»(138). Efectivamente, para poder
dar o assentimento livre da sua fé ao anúncio da sua vocação, era necessário
que Ela fosse totalmente movida pela graça de Deus.
492. Este esplendor de uma «santidade de todo singular», com que foi
«enriquecida desde o primeiro instante da sua conceição» (141), vem-lhe
totalmente de Cristo: foi «remida dum modo mais sublime, em atenção aos
méritos de seu Filho» (142). Mais que toda e qualquer outra pessoa criada, o
Pai a «encheu de toda a espécie de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo» (Ef
1, 3). «N'Ele a escolheu antes da criação do mundo, para ser, na caridade,
santa e irrepreensível na sua presença» (Ef 1, 4).
495. Chamada nos evangelhos «a Mãe de Jesus» (Jo 2, 1; 19, 25)(150), Maria é
aclamada, sob o impulso do Espírito Santo e desde antes do nascimento do seu
Filho, como «a Mãe do meu Senhor» (Lc 1, 43). Com efeito, Aquele que Ela
concebeu como homem por obra do Espírito Santo, e que Se tornou
verdadeiramente seu Filho segundo a carne, não é outro senão o Filho eterno
do Pai, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja confessa que Maria
é, verdadeiramente, Mãe de Deus («Theotokos») (151).
A VIRGINDADE DE MARIA
500. A isso objecta-se, por vezes, que a Escritura menciona irmãos e irmãs de
Jesus (166). A Igreja entendeu sempre estas passagens como não designando
outros filhos da Virgem Maria. Com efeito, Tiago e José, «irmãos de Jesus» (Mt
13, 55), são filhos duma Maria discípula de Cristo (167) designada
significativamente como «a outra Maria» (Mt 28, 1). Trata-se de parentes
próximos de Jesus, segundo uma expressão conhecida do Antigo Testamento
(168).
504. Jesus é concebido pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, porque Ele
é o Novo Adão (173), que inaugura a criação nova: «O primeiro homem veio da
terra e do pó: o segundo homem veio do céu» (1 Cor 15, 47). A humanidade de
Cristo é, desde a sua conceição, cheia do Espírito Santo, porque Deus «não dá o
Espírito por medida» (Jo 3, 34). É da «sua plenitude», que Lhe é própria
enquanto cabeça da humanidade resgatada que «nós recebemos graça sobre
graça» (Jo 1, 16).
505. Jesus, o novo Adão, inaugura, pela sua conceição virginal, o novo
nascimento dos filhos de adopção, no Espírito Santo, pela fé, «Como será isso?»
(Lc 1, 34) (175). A participação na vida divina não procede «do sangue, nem da
vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus» (Jo 1, 13). A
recepção desta vida é virginal, porque inteiramente dada ao homem pelo
Espírito. O sentido esponsal da vocação humana, em relação a Deus (176), foi
perfeitamente realizado na maternidade virginal de Maria.
506. Maria é virgem, porque a virgindade é nela o sinal da sua fé, «sem a mais
leve sombra de dúvida» (177) e da sua entrega sem reservas à vontade de
Deus (178). É graças à sua fé que ela vem a ser a Mãe do Salvador: «Beatior est
Maria percipiendo fïdem Christi quam concipiendo carnem Christi – Maria é
mais feliz por receber a fé de Cristo do que por conceber a carne de Cristo»
(179).
Resumindo:
508. Na descendência de Eva, Deus escolheu a Virgem Maria para ser a Mãe do
seu Filho. «Cheia de graça», ela é «o mais excelso fruto da Redenção» (182).
Desde o primeiro instante da sua conceição, ela foi totalmente preservada imune
da mancha do pecado original, e permaneceu pura de todo o pecado pessoal ao
longo da vida.
510. Maria permaneceu «Virgem ao conceber o seu Filho, Virgem ao dá-Lo à luz,
Virgem grávida, Virgem fecunda, Virgem perpétua» (183); com todo o seu ser;
ela é a «serva do Senhor» (Lc 1, 38).
PARÁGRAFO 3
515. Os evangelhos foram escritos por homens que foram dos primeiros a
receber a fé (187) e que quiseram partilhá-la com outros. Tendo conhecido,
pela fé, quem é Jesus, puderam ver e fazer ver os traços do seu mistério em
toda a sua vida terrena. Desde os panos do nascimento (188) até ao vinagre da
paixão (189) e ao sudário da ressurreição (190), tudo, na vida de Jesus, é sinal
do seu mistério. Através dos seus gestos, milagres e palavras, foi revelado que
«n'Ele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade» (Cl 2, 9). A sua
humanidade aparece, assim, como «sacramento», isto é, sinal e instrumento
da sua divindade e da salvação que Ele veio trazer. O que havia de visível na
sua vida terrena conduz ao mistério invisível da sua filiação divina e da sua
missão redentora.
516. Toda a vida de Cristo é revelação do Pai: as suas palavras e actos, os seus
silêncios e sofrimentos, a maneira de ser e de falar. Jesus pode dizer: «Quem
Me vê, vê o Pai» (Jo 14, 9); e o Pai: «Este é o meu Filho predilecto: escutai-O»
(Lc 9, 35). Tendo-Se nosso Senhor feito homem para cumprir a vontade do Pai
(191), os mais pequenos pormenores dos seus mistérios manifestam «o amor
de Deus para connosco» (192).
518. Toda a vida de Cristo é mistério de recapitulação. Tudo o que Jesus fez,
disse e sofreu tinha por fim restabelecer o homem decaído na sua vocação
originária:
519. Toda a riqueza de Cristo «se destina a todos os homens e constitui o bem
de cada um» (201). Cristo não viveu para Si mesmo, mas para nós, desde a
Encarnação «por nós homens e para nossa salvação» (202) até á sua morte
«por causa dos nossos pecados» (1 Cor 15, 3) e à sua ressurreição «para nossa
justificação» (Rm 4, 25). Ainda agora, Ele é «o nosso advogado junto do Pai» (1
Jo 2, 1), «sempre vivo para interceder por nós» (Heb 7, 25). Com tudo o que
viveu e sofreu por nós, uma vez por todas, Ele está para sempre presente «em
nosso favor, na presença de Deus» (Heb 9, 24).
520. Em toda a sua vida, Jesus mostra-Se como nosso modelo (203): é «o
homem perfeito» (204), que nos convida a tornarmo-nos seus discípulos e a
segui-Lo; com a sua humilhação, deu-nos um exemplo a imitar (205); com a
sua oração, convida-nos à oração (206); com a sua pobreza, incita--nos a
aceitar livremente o despojamento e as perseguições (207).
521. Tudo o que Cristo viveu, Ele próprio faz com que o possamos viver n'Ele e
Ele vivê-lo em nós. «Pela sua Encarnação, o Filho de Deus uniu-Se, de certo
modo, a cada homem» (208). Nós somos chamados a ser um só com Ele; Ele
faz-nos comungar, enquanto membros do seu corpo, em tudo o que Ele
próprio viveu na sua carne por nós, e como nosso modelo:
OS PREPARATIVOS
523. São João Baptista é o precursor imediato do Senhor (211), enviado para
Lhe preparar o caminho (212). «Profeta do Altíssimo» (Lc 1, 76), supera todos
os profetas (213), é o último deles (214) inaugura o Evangelho (215); saúda a
vinda de Cristo desde o seio da sua Mãe (216) e põe a sua alegria em ser «o
amigo do esposo» (Jo 3, 29) que ele designa como «Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo» (Jo 1, 29). Precedendo Jesus «com o espírito e o poder de
Elias» (Lc 1, 17), dá testemunho d'Ele pela sua pregação, pelo seu baptismo de
conversão e, finalmente, pelo seu martírio (217).
524. Ao celebrar em cada ano a Liturgia do Advento, a Igreja actualiza esta
expectativa do Messias. Comungando na longa preparação da primeira vinda
do Salvador, os fiéis renovam o ardente desejo da sua segunda vinda (218).
Pela celebração do nascimento e martírio do Precursor, a Igreja une-se ao seu
desejo: «Ele deve crescer e eu diminuir» (Jo 3, 30).
O MISTÉRIO DO NATAL
525. Jesus nasceu na humildade dum estábulo, no seio duma família pobre
(219). As primeiras testemunhas deste acontecimento são simples pastores. E é
nesta pobreza que se manifesta a glória do céu (220). A Igreja não se cansa de
cantar a glória desta noite:
527. A circuncisão de Jesus, oito dias depois do seu nascimento (228), sinal da
sua inserção na descendência de Abraão, no povo da Aliança, da sua
submissão à Lei (229) e da sua deputação para o culto de Israel, no qual
participará durante toda a sua vida. Este sinal prefigura «a circuncisão de
Cristo», que é o Baptismo (230).
531. Durante a maior parte da sua vida, Jesus partilhou a condição da imensa
maioria dos homens: uma vida quotidiana sem grandeza aparente, vida de
trabalho manual, vida religiosa judaica sujeita à Lei de Deus (246), vida na
comunidade. De todo este período, é-nos revelado que Jesus era «submisso» a
seus pais (247) e que «ia crescendo em sabedoria, em estatura e em graça,
diante de Deus e dos homens» (Lc 2, 52).
532. A submissão de Jesus à sua Mãe e ao seu pai legal foi o cumprimento
perfeito do quarto mandamento. É a imagem temporal da sua obediência filial
ao Pai celeste. A submissão diária de Jesus a José e a Maria anunciava e
antecipava a submissão de Quinta-Feira Santa: «Não se faça a minha vontade
[...]» (Lc 22, 42). A obediência de Cristo, no quotidiano da vida oculta,
inaugurava já a recuperação daquilo que a desobediência de Adão tinha
destruído (248).
O BAPTISMO DE JESUS
535 O início (251) da vida pública de Jesus é o seu baptismo por João, no rio
Jordão (252). João pregava «um baptismo de penitência, em ordem à remissão
dos pecados» (Lc 3, 3). Uma multidão de pecadores, publicanos e soldados
(253), fariseus e saduceus (254) e prostitutas vinha ter com ele, para que os
baptizasse. «Então aparece Jesus». O Baptista hesita, Jesus insiste: e recebe o
baptismo. Então o Espírito Santo, sob a forma de pomba, desce sobre Jesus e
uma voz do céu proclama: «Este é o meu Filho muito amado» (Mt 3,13-17). Tal
foi a manifestação («epifania») de Jesus como Messias de Israel e Filho de
Deus.
A TENTAÇÃO DE JESUS
538. Os evangelhos falam dum tempo de solidão que Jesus passou no deserto,
imediatamente depois de ter sido baptizado por João: «Impelido»pelo Espírito
para o deserto, Jesus ali permanece sem comer durante quarenta dias. Vive
com os animais selvagens e os anjos servem-n'O (263).
No fim desse tempo, Satanás tenta-O por três vezes, procurando pôr em causa
a sua atitude filial para com Deus; Jesus repele esses ataques, que recapitulam
as tentações de Adão no paraíso e de Israel no deserto; e o Diabo afasta-se
d'Ele «até determinada altura» (Lc 4, 13).
541. «Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia. Aí proclamava
a Boa-Nova da vinda de Deus, nestes termos: "Completou-se o tempo e o Reino
de Deus está próximo: convertei-vos e acreditai na Boa-Nova!"» (Mc 1, 14-15).
«Por isso, Cristo, a fim de cumprir a vontade do Pai, deu começo na terra ao
Reino dos céus» (267). Ora a vontade do Pai é «elevar os homens à
participação da vida divina» (268). E fá-lo reunindo os homens em torno do
seu Filho, Jesus Cristo. Esta reunião é a Igreja, a qual é na terra «o germe e o
princípio» do Reino de Deus» (269).
542. Cristo está no centro desta reunião dos homens na «família de Deus».
Reúne-os à sua volta pela sua palavra, pelos seus sinais que manifestam o
Reino de Deus, pelo envio dos discípulos. E realizará a vinda do seu Reino
sobretudo pelo grande mistério da sua Páscoa: a sua morte de cruz e a sua
ressurreição. «E Eu, uma vez elevado da Terra, atrairei todos a Mim» (Jo 12,
32). Todos os homens são chamados a esta união com Cristo (270).
544. O Reino é dos pobres e pequenos, quer dizer, dos que o acolheram com um
coração humilde. Jesus foi enviado para «trazer a Boa-Nova aos pobres» (Lc 4,
18) (274). Declara-os bem-aventurados, porque «é deles o Reino dos céus» (Mt
5, 3). Foi aos «pequenos» que o Pai se dignou revelar o que continua oculto aos
sábios e inteligentes (275). Jesus partilha a vida dos pobres, desde o presépio
até à cruz: sabe o que é sofrer a fome (276), a sede (277) e a indigência (278).
Mais ainda: identifica-se com os pobres de toda a espécie, e faz do amor activo
para com eles a condição da entrada no seu Reino (279).
545. Jesus convida os pecadores para a mesa do Reino: «Eu não vim chamar os
justos, mas os pecadores» (Mc 2, 17) (280). Convida-os à conversão sem a qual
não se pode entrar no Reino, mas por palavras e actos, mostra-lhes a
misericórdia sem limites do Seu Pai para com eles e a imensa «alegria que
haverá no céu, por um só pecador que se arrependa» (Lc 15, 7). A prova
suprema deste amor será o sacrifício da sua própria vida, «pela remissão dos
pecados» (Mt 26, 28).
546. Jesus chama para entrar no Reino, por meio de parábolas, traço
característico do seu ensino (282). Por meio delas, convida para o banquete do
Reino (283), mas exige também uma opção radical: para adquirir o Reino é
preciso dar tudo (284). As palavras não bastam, exigem-se actos (285). As
parábolas são, para o homem, uma espécie de espelho: como é que ele recebe
a Palavra? Como chão duro, ou como terra boa? (286) Que faz ele dos talentos
recebidos? (287) Jesus e a presença do Reino neste mundo estão secretamente
no coração das parábolas. É preciso entrar no Reino, quer dizer, tornar-se
discípulo de Cristo, para «conhecer os mistérios do Reino dos céus» (Mt 13, 11).
Para os que ficam «fora» (Mc 4, 11), tudo permanece enigmático (288).
548. Os sinais realizados por Jesus testemunham que o Pai O enviou (290).
Convidam a crer n'Ele (291). Aos que se Lhe dirigem com fé, concede-lhes o
que pedem (292). Assim, os milagres fortificam a fé n'Aquele que faz as obras
do seu Pai: testemunham que Ele é o Filho de Deus (293). Mas também podem
ser «ocasião de queda» (294). Eles não pretendem satisfazer a curiosidade nem
desejos mágicos. Apesar de os seus milagres serem tão evidentes, Jesus é
rejeitado por alguns (295); chega mesmo a ser acusado de agir pelo poder dos
demónios (296).
549. Ao libertar certos homens dos males terrenos da fome (297), da injustiça
(298) da doença e da morte (299) – Jesus realizou sinais messiânicos; no
entanto, Ele não veio para abolir todos os males deste mundo (300), mas para
libertar os homens da mais grave das escravidões, a do pecado (301), que os
impede de realizar a sua vocação de filhos de Deus e é causa de todas as
servidões humanas.
550. A vinda do Reino de Deus é a derrota do reino de Satanás (302): «Se é pelo
Espírito de Deus que Eu expulso os demónios, então é porque o Reino de Deus
chegou até vós» (Mt 12, 28). Os exorcismos de Jesus libertam os homens do
poder dos demónios (303). E antecipam a grande vitória de Jesus sobre «o
príncipe deste mundo» (304). É pela cruz de Cristo que o Reino de Deus vai ser
definitivamente estabelecido: «Regnavit a ligno Deus – Deus reinou desde o
madeiro» (305).
551. Desde o princípio da sua vida pública, Jesus escolheu alguns homens, em
número de doze, para andarem com Ele e participarem na sua missão (306).
Deu-lhes parte na sua autoridade «e enviou-os a pregar o Reino de Deus e a
fazer curas» (Lc 9, 2). Estes homens ficam para sempre associados ao Reino de
Cristo, porque, por meio deles, Jesus Cristo dirige a Igreja:
«Eu disponho, a vosso favor, do Reino, como meu Pai dispõe dele a
meu favor, a fim de que comais e bebais à minha mesa, no meu
Reino. E sentar-vos-eis em tronos, a julgar as doze tribos de Israel»
(Lc 22, 29-30).
552. No colégio dos Doze, Simão Pedro ocupa o primeiro lugar (307). Jesus
confiou-lhe uma missão única. Graças a uma revelação vinda do Pai, Pedro
confessara: «Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo» (Mt 16, 16). E nosso Senhor
declarou-lhe então: «Tu és Pedro: sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e
as portas do inferno não prevalecerão contra ela» (Mt 16, 18). Cristo, «pedra
viva» (308), garante à sua Igreja, edificada sobre Pedro, a vitória sobre os
poderes da morte. Pedro, graças à fé que confessou, permanecerá o rochedo
inabalável da Igreja. Terá a missão de defender esta fé para que nunca
desfaleça e de nela confirmar os seus irmãos (309).
554. A partir do dia em que Pedro confessou que Jesus era o Cristo, Filho do
Deus vivo, o Mestre «começou a explicar aos seus discípulos que tinha de ir a
Jerusalém e lá sofrer [...], que tinha de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia»
(Mt 16, 21). Pedro rejeita este anúncio e os outros também não o entendem
(312). É neste contexto que se situa o episódio misterioso da transfiguração de
Jesus (313), no cimo duma alta montanha, perante três testemunhas por Ele
escolhidas: Pedro, Tiago e João. O rosto e as vestes de Jesus tornaram-se
fulgurantes de luz, Moisés e Elias aparecem, «e falam da sua morte, que ia
consumar-se em Jerusalém» (Lc 9, 31). Uma nuvem envolve-os e uma voz do
céu diz: «Este é o meu Filho predilecto: escutai-O» (Lc 9, 35).
555. Por um momento, Jesus mostra a sua glória divina, confirmando assim a
confissão de Pedro. Mostra também que, para «entrar na sua glória» (Lc 24,
26), tem de passar pela cruz em Jerusalém. Moisés e Elias tinham visto a glória
de Deus sobre a montanha; a Lei e os Profetas tinham anunciado os
sofrimentos do Messias (314). A paixão de Jesus é da vontade do Pai: o Filho
age como Servo de Deus (315). A nuvem indica a presença do Espírito Santo:
«Tota Trinitas apparuit: Pater in voce; Filius in homine; Spiritus in nube clara –
Apareceu toda a Trindade: o Pai na voz; o Filho na humanidade; o Espírito
Santo na nuvem luminosa» (316):
557. «Ora, como se aproximavam os dias de Jesus ser levado deste mundo, Ele
tomou a firme resolução de Se dirigir a Jerusalém» (Lc 9, 51) (321). Por esta
decisão, indicava que subia para Jerusalém pronto para lá morrer. Já por três
vezes tinha anunciado a sua paixão e a sua ressurreição (322). E ao dirigir-Se
para Jerusalém, declara: «não se admite que um profeta morra fora de
Jerusalém» (Lc 13, 33).
558. Jesus recorda o martírio dos profetas que tinham sido entregues à morte
em Jerusalém (323). No entanto, continua a convidar Jerusalém a reunir-se à
sua volta: «Quantas vezes Eu quis agrupar os teus filhos como a galinha junta
os seus pintainhos sob as asas!... Mas vós não quisestes» (Mt 23, 37b). Quando
já avista Jerusalém, chora sobre ela (324) e exprime, uma vez mais, o desejo do
seu coração: «Se neste dia também tu tivesses conhecido o que te pode trazer a
paz! Mas agora isto está oculto aos teus olhos» (Lc 19, 42).
559. Como vai Jerusalém acolher o seu Messias? Embora tenha sempre evitado
as tentativas populares de O fazerem rei (325), Jesus escolheu o momento e
preparou os pormenores da sua entrada messiânica na cidade de «David, seu
pai» (Lc 1, 32) (326). E é aclamado como filho de David e como aquele que traz
a salvação («Hosanna» quer dizer «então salva!», «dá a salvação»). Ora, o «rei
da glória» (Sl 24, 7-10) entra na «sua cidade», «montado num jumento» (Zc 9,
9). Não conquista a filha de Sião, figura da sua Igreja, nem pela astúcia nem
pela violência, mas pela humildade que dá testemunho da verdade (327). Por
isso é que, naquele dia, os súbditos do seu Reino, são as crianças (328) e os
«pobres de Deus», que O aclamam, tal como os anjos O tinham anunciado aos
pastores (329). A aclamação deles: «Bendito o que vem em nome do Senhor»
(Sl 118, 26) é retomada pela Igreja no «Sanctus» da Liturgia Eucarística, a abrir
o memorial da Páscoa do Senhor.
562. Os discípulos de Cristo devem conformar-se com Ele até que Ele Se forme
neles (331), «Por isso, somos assumidos nos mistérios da sua vida, configurados
com Ele, com Ele mortos e ressuscitados, até que reinemos com Ele» (332).
563. Pastor ou mago, ninguém pode atingir a Deus neste mundo senão
ajoelhando diante do presépio de Belém e adorando-O oculto na fraqueza duma
criança.
564. Pela sua submissão a Maria e a José, assim como pelo seu trabalho humilde
em Nazaré durante longos anos, Jesus dá-nos o exemplo da santidade na vida
quotidiana da família e do trabalho.
565. Desde o princípio da sua vida pública, desde o seu baptismo, Jesus é o
«Servo» inteiramente consagrado à obra redentora, que consumará pelo
«baptismo» da sua paixão.
566. A tentação no deserto mostra Jesus como Messias humilde, que triunfa de
Satanás pela total adesão ao desígnio de salvação querido pelo Pai.
567. O Reino dos céus foi inaugurado na terra por Cristo, e resplandece para os
homens na palavra, nas obras e na presença de Cristo» (333). A Igreja é o
gérmen e o princípio deste Reino. As suas chaves são confiadas a Pedro.
ARTIGO 4
PARÁGRAFO 1
JESUS E ISRAEL
576. Aos olhos de muitos em Israel, parece que Jesus procede contra as
instituições essenciais do Povo eleito:
I. Jesus e a Lei
«Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogá-
los, mas levá-los à perfeição. Em verdade vos digo: Antes que
passem o céu e a Terra, não passará da Lei a mais pequena letra ou
o mais pequeno sinal, sem que tudo se cumpra. Portanto, se alguém
transgredir um só destes mandamentos, por mais pequeno que seja,
e ensinar assim aos homens, será o menor no Reino dos céus. Mas
aquele que os praticar e ensinar, será grande no Reino dos céus»
(Mt 5, 17-19).
578. Jesus, o Messias de Israel e, portanto, o maior no Reino dos céus, fazia
questão de cumprir a Lei, executando-a integralmente até nos mais pequenos
preceitos, segundo as suas próprias palavras. Foi, mesmo, o único a poder
fazê-lo perfeitamente (356). Os Judeus, segundo a sua própria confissão, não
puderam nunca cumprir integralmente a Lei sem violação do mínimo preceito
(357). Por isso é que, em cada festa anual da Expiação, os filhos de Israel
pediam a Deus perdão pelas suas transgressões da Lei. Com efeito, a Lei
constitui um todo e, como lembra São Tiago, «quem observa toda a Lei, mas
falta num só mandamento, torna-se réu de todos os outros» (Tg 2, 10) (358).
581. Jesus apareceu aos olhos dos Judeus e dos seus chefes espirituais como
um «rabbi» (365). Muitas vezes argumentou, no quadro da interpretação
rabínica da Lei (366). Mas, ao mesmo tempo, Jesus tinha forçosamente de Se
confrontar com os doutores da Lei porque não Se contentava com propor a
sua interpretação a par das deles: «ensinava como quem tem autoridade e não
como os escribas» (Mt 7, 28-29). N'Ele, era a própria Palavra de Deus, que Se
fizera ouvir no Sinai, para dar a Moisés a Lei escrita, que de novo Se fazia
ouvir sobre a montanha das bem-aventuranças (367). Esta Palavra de Deus
não aboliu a Lei, mas cumpriu-a, ao fornecer, de modo divino, a sua
interpretação última: «Ouvistes que foi dito aos antigos [...] Eu, porém, digo-
vos» (Mt 5, 33-34). Com esta mesma autoridade divina, desaprova certas
«tradições humanas» (368) dos fariseus, que «anulam a Palavra de Deus»
(369).
582. Indo mais longe, Jesus cumpriu a lei sobre a pureza dos alimentos, tão
importante na vida quotidiana judaica, explicando o seu sentido «pedagógico»
(370) por uma interpretação divina: «Não há nada fora do homem que, ao
entrar nele, o possa tornar impuro [...] – e assim declarava puros todos os
alimentos – [...]. O que sai do homem é que o toma impuro. Pois, do interior do
coração dos homens é que saem os pensamentos perversos» (Mc 7, 18-21).
Proporcionando, com autoridade divina, a interpretação definitiva da Lei,
Jesus colocou-Se numa situação de confronto com certos doutores da Lei, que
não aceitavam a sua interpretação, muito embora garantida pelos sinais
divinos que a acompanhavam (371). Isto vale sobretudo para a questão do
sábado: Jesus lembra, e muitas vezes com argumentos rabínicos (372), que o
repouso sabático não é violado pelo serviço de Deus (373) ou do próximo (374)
que as suas curas realizam.
583. Jesus, como antes d'Ele os profetas, professou pelo templo de Jerusalém o
mais profundo respeito. Ali foi apresentado por José e Maria, quarenta dias
depois do seu nascimento (375). Na idade de doze anos, decidiu ficar no
templo para lembrar aos seus pais que tinha de Se ocupar das coisas de seu
Pai (376). Ao templo subiu todos os anos, ao menos pela Páscoa, durante a vida
oculta (377). O seu próprio ministério público foi ritmado pelas peregrinações
a Jerusalém nas grandes festas judaicas (378).
584. Jesus subiu ao templo como quem sobe ao lugar privilegiado de encontro
com Deus. O templo é para Ele a casa do seu Pai, uma casa de oração, e
indigna-Se com o facto de o átrio exterior se ter tornado lugar de negócio
(379). Se expulsa os vendilhões do templo é pelo amor zeloso a seu Pai: «Não
façais da casa do meu Pai casa de comércio». «Os discípulos recordaram-se de
que estava escrito: "O zelo pela tua casa devorar-me-á" (Sl 69, 10)» (Jo 2, 16-17).
Depois da ressurreição, os Apóstolos guardaram para com o templo um
respeito religioso (380).
585. No entanto, nas vésperas da sua paixão, Jesus anunciou a ruína deste
esplêndido edifício, do qual não ficaria pedra sobre pedra (381). Há aqui o
anúncio dum sinal dos últimos tempos, que vão iniciar-se com a sua própria
Páscoa (382). Mas esta profecia pôde ser referida de modo deturpado por
falsas testemunhas, quando do interrogatório a que Jesus foi sujeito em casa
do sumo-sacerdote (383) e ser-Lhe lançada em rosto, como injúria, quando
agonizava, pregado na cruz (384).
586. Longe de ter sido contra o templo (385) onde proclamou o essencial da
sua doutrina (386), Jesus quis pagar o imposto do templo, associando a Si
Pedro (387), que Ele acabara de estabelecer como pedra basilar da sua Igreja
futura (388). Mais ainda: identificou-Se com o templo, apresentando-Se como a
morada definitiva de Deus entre os homens (389). Por isso é que a sua entrega
à morte corporal (390) prenuncia a destruição do templo, a qual vai assinalar
a entrada numa nova idade da história da salvação: «Vai chegar a hora em
que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai» (Jo 4, 21) (391).
Resumindo:
592. Jesus não aboliu a Lei do Sinai, mas cumpriu-a (414) com tal perfeição (415)
que revelou o sentido último dela (416) e resgatou as transgressões contra ela
cometidas (417).
593. Jesus venerou o templo, subindo a ele nas festas judaicas de peregrinação e
amou com amor zeloso esta morada de Deus entre os homens. O templo
prefigura o seu mistério. Quando anuncia a sua destruição, fá-lo como revelação
da sua própria morte e da entrada numa nova idade da história da salvação, em
que o seu Corpo será o templo definitivo.
594. Jesus praticou actos, como o perdão dos pecados, que O manifestaram
como sendo o próprio Deus salvador (418). Alguns judeus, que, não
reconhecendo o Deus feito homem (419) viam n'Ele «um homem que se faz Deus»
(420), julgaram-n'O como blasfemo.
PARÁGRAFO 2
I. O processo de Jesus
599. A morte violenta de Jesus não foi fruto do acaso, nem coincidência infeliz
de circunstâncias várias. Faz parte do mistério do desígnio de Deus, como
Pedro explica aos judeus de Jerusalém, logo no seu primeiro discurso no dia
de Pentecostes: «Depois de entregue, segundo o desígnio determinado e a
previsão de Deus» (Act 2, 23). Esta linguagem bíblica não significa que os que
«entregaram Jesus» (440) foram simples actores passivos dum drama
previamente escrito por Deus.
601. Este plano divino de salvação, pela entrega à morte do «Servo, o Justo»
(444), tinha sido de antemão anunciado na Escritura como um mistério de
redenção universal, quer dizer, de resgate que liberta os homens da
escravidão do pecado (445) São Paulo professa, numa confissão de fé que diz
ter «recebido» (446), que «Cristo morreu pelos nossos pecados segundo as
Escrituras» (1 Cor 15, 3) (447). A morte redentora de Jesus deu cumprimento
sobretudo à profecia do Servo sofredor (448). O próprio Jesus apresentou o
sentido da sua vida e da sua morte à luz do Servo sofredor (449). Após a sua
ressurreição, deu esta interpretação das Escrituras aos discípulos de Emaús
(450) e depois aos próprios Apóstolos (451).
604. Entregando o seu Filho pelos nossos pecados, Deus manifesta que o seu
plano sobre nós é um desígnio de amor benevolente, independente de
qualquer mérito da nossa parte: «Nisto consiste o amor: não fomos nós que
amámos a Deus, foi Deus que nos amou a nós e enviou o seu Filho como
vítima de propiciação pelos nossos pecados» (1 Jo 4, 10) (458). «Deus prova
assim o seu amor para connosco: Cristo morreu por nós quando ainda éramos
pecadores» (Rm 5, 8).
606. O Filho de Deus, «descido do céu, não para fazer a sua vontade mas a do
seu Pai, que O enviou» (462), «diz, ao entrar no mundo: [...] Eis-me aqui, [...] ó
Deus, para fazer a tua vontade. [...] E em virtude dessa mesma vontade, é que
nós fomos santificados, pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, feita de uma
vez para sempre» (Heb 10, 5-10). Desde o primeiro instante da sua Encarnação,
o Filho faz seu o plano divino de salvação, no desempenho da sua missão
redentora: «O meu alimento é fazer a vontade d'Aquele que Me enviou e
realizar a sua obra» (Jo 4, 34). O sacrifício de Jesus «pelos pecados do mundo
inteiro» (1 Jo 2, 2) é a expressão da sua comunhão amorosa com o Pai: «O Pai
ama-Me, porque Eu dou a minha vida» (Jo 10, 17). «O mundo tem de saber que
amo o Pai e procedo como o Pai Me ordenou» (Jo 14, 31).
607. Este desejo de fazer seu o plano do amor de redenção do seu Pai, anima
toda a vida de Jesus (463). A sua paixão redentora é a razão de ser da
Encarnação: «Pai, salva-Me desta hora! Mas por causa disto, é que Eu cheguei
a esta hora» (Jo 12, 27). «O cálice que o Pai Me deu, não havia de bebê-lo?» (Jo
18, 11). E ainda na cruz, antes de «tudo estar consumado» (Jo 19, 30), diz:
«Tenho sede» (Jo 19, 28).
608. Depois de ter aceitado dar-Lhe o baptismo como aos pecadores (464), João
Baptista viu e mostrou em Jesus o «Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo» (465). Manifestou deste modo que Jesus é, ao mesmo tempo, o Servo
sofredor, que Se deixa levar ao matadouro sem abrir a boca (466), carregando
os pecados das multidões (467), e o cordeiro pascal, símbolo da redenção de
Israel na primeira Páscoa (468), Toda a vida de Cristo manifesta a sua missão:
«servir e dar a vida como resgate pela multidão» (469).
609. Ao partilhar, no seu coração humano, o amor do Pai para com os homens,
Jesus «amou-os até ao fim» (Jo 13, 1), «pois não há maior amor do que dar a
vida por aqueles que se ama» (Jo 15, 13). Assim, no sofrimento e na morte, a
sua humanidade tornou-se instrumento livre e perfeito do seu amor divino,
que quer a salvação dos homens (470). Com efeito, Ele aceitou livremente a
sua paixão e morte por amor do Pai e dos homens a quem o Pai quer salvar:
«Ninguém Me tira a vida. Sou Eu que a dou espontaneamente» (Jo 10, 18). Daí,
a liberdade soberana do Filho de Deus, quando Ele próprio vai ao encontro da
morte (471).
A AGONIA NO GETSÉMANI
616. É o «amor até ao fim» (497) que confere ao sacrifício de Cristo o valor de
redenção e reparação, de expiação e satisfação. Ele conheceu-nos e amou-nos
a todos no oferecimento da sua vida (498). «O amor de Cristo nos pressiona, ao
pensarmos que um só morreu por todos e que todos, portanto, morreram» (2
Cor 5, 14). Nenhum homem, ainda que fosse o mais santo, estava em condições
de tornar sobre si os pecados de todos os homens e de se oferecer em
sacrifício por todos. A existência, em Cristo, da pessoa divina do Filho, que
ultrapassa e ao mesmo tempo abrange todas as pessoas humanas e O constitui
cabeça de toda a humanidade, é que torna possível o seu sacrifício redentor
por todos.
Resumindo:
619. «Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras» (1 Cor 15, 3).
621. Jesus ofereceu-Se livremente para nossa salvação. Este dom, significa-o e
realiza-o Ele, de antemão, durante a Ultimo Ceia: «Isto é o meu Corpo, que vai
ser entregue por vós» (Lc 22, 19).
622. Nisto consiste a redenção de Cristo: Ele «veio dar a sua vida em resgate
pela multidão»(Mt 20, 28), quer dizer; veio «amuar os seus até ao fim» (Jo 13, 1),
para que fossem libertos da má conduta herdada dos seus pais (510).
623. Pela sua obediência amorosa ao Pai, «até d morte de cruz» (Fl 2, 8), Jesus
cumpriu a missão expiatória (511) do Servo sofredor, que justifica as multidões,
tomando sobre Si o peso das suas faltas (Is 53, 11) (512).
PARÁGRAFO 3
624. «Pela graça de Deus, ele experimentou a morte, para proveito de todos»
(Heb 2, 9). No seu plano de salvação, Deus dispôs que o seu Filho, não só
«morresse pelos nossos pecados» (1 Cor 15, 3), mas também «saboreasse a
morte», isto é, conhecesse o estado de morte, o estado de separação entre a
sua alma e o seu corpo, durante o tempo compreendido entre o momento em
que expirou na cruz e o momento em que ressuscitou. Este estado de Cristo
morto é o mistério do sepulcro e da descida à mansão dos mortos. É o mistério
do Sábado Santo, em que Cristo, depositado no túmulo (513), manifesta o
repouso sabático de Deus (514) depois da realização (515) da salvação dos
homens, que pacifica todo o universo (516).
626. Uma vez que o «Príncipe da Vida», a quem deram a morte (518), é
precisamente o mesmo «Vivente que ressuscitou» (519), é forçoso que a pessoa
divina do Filho de Deus tenha continuado a assumir a alma e o corpo,
separados um do outro pela morte:
627. A morte de Cristo foi uma verdadeira morte, na medida em que pôs fim à
sua existência humana terrena. Mas por causa da união que a Pessoa do Filho
manteve com o seu corpo, este não se tornou um despojo mortal como os
outros, porque «não era possível que Ele ficasse sob o domínio» da morte (Act
2, 24) e, por isso, «o poder divino preservou o corpo de Cristo da corrupção»
(521). De Cristo pode dizer-se ao mesmo tempo: «Foi cortado da terra dos
vivos» (Is 53, 8) e: «A minha carne repousará na esperança, porque Tu não
abandonarás a minha alma na mansão dos mortos, nem deixarás que o teu
santo conheça a corrupção» (Act 2, 26-27) (522). A ressurreição de Jesus «ao
terceiro dia» (1 Cor 15, 4; Lc 24, 46) (523) era disso sinal, até porque se julgava
que a corrupção começava a manifestar-se a partir do quarto dia (524).
Resumindo:
629. Para benefício de todos os homens, Jesus experimentou a morte (526). Foi,
de verdade, o Filho de Deus feito homem que morreu e foi sepultado.
ARTIGO 5
PARÁGRAFO 1
633. A morada dos mortos, a que Cristo morto desceu, é chamada pela
Escritura os infernos, Sheol ou Hades (531), porque aqueles que aí se
encontravam estavam privados da visão de Deus (532). Tal era o caso de todos
os mortos, maus ou justos, enquanto esperavam o Redentor (533), o que não
quer dizer que a sua sorte fosse idêntica, como Jesus mostra na parábola do
pobre Lázaro, recebido no «seio de Abraão» (534). «Foram precisamente essas
almas santas, que esperavam o seu libertador no seio de Abraão, que Jesus
Cristo libertou quando desceu à mansão dos mortos» (535). Jesus não desceu à
mansão dos mortos para de lá libertar os condenados (536), nem para abolir o
inferno da condenação (537), mas para libertar os justos que O tinham
precedido (538).
635. Cristo, portanto, desceu aos abismos da morte (539), para que «os mortos
ouvissem a voz do Filho do Homem e os que a ouvissem, vivessem» (Jo 5, 25).
Jesus, «o Príncipe da Vida» (540), «pela sua morte, reduziu à impotência
aquele que tem o poder da morte, isto é, o Diabo, e libertou quantos, por meio
da morte, se encontravam sujeitos à servidão durante a vida inteira» (Heb 2,
14-15). Desde agora, Cristo ressuscitado «detém as chaves da morte e do
Hades» (Ap 1, 18) e «ao nome de Jesus todos se ajoelhem, no céu, na terra e nos
abismos» (Fl 2, 10).
Resumindo:
636. Na expressão «Jesus desceu à mansão dos mortos», o Símbolo confessa que
Jesus morreu realmente, e que, por ter morrido por nós, venceu a morte e o
Diabo «que tem o poder da morte» (Heb 2, 14).
637. Cristo morto, na sua alma unida à pessoa divina, desceu à morada dos
mortos. E abriu aos justos, que O tinham precedido, as portas do céu.
PARÁGRAFO 2
638. «Nós vos anunciamos a Boa-Nova de que a promessa feita aos nossos pais,
a cumpriu Deus para nós, seus filhos, ao ressuscitar Jesus» (Act 13, 32-33). A
ressurreição de Jesus é a verdade culminante da nossa fé em Cristo,
acreditada e vivida como verdade central pela primeira comunidade cristã,
transmitida como fundamental pela Tradição, estabelecida pelos documentos
do Novo Testamento, pregada como parte essencial do mistério pascal, ao
mesmo tempo que a cruz:
O TÚMULO VAZIO
640. «Por que motivo procurais entre os mortos Aquele que está vivo? Não
está aqui, ressuscitou» (Lc 24, 5-6). No quadro dos acontecimentos da Páscoa, o
primeiro elemento que se nos oferece é o sepulcro vazio. Isso não é, em si,
uma prova directa. A ausência do corpo de Cristo do sepulcro poderia
explicar-se doutro modo (544). Apesar disso, o sepulcro vazio constitui, para
todos, um sinal essencial. A descoberta do facto pelos discípulos foi o primeiro
passo para o reconhecimento do facto da ressurreição. Foi, primeiro, o caso
das santas mulheres (545), depois o de Pedro (546). «O discípulo que Jesus
amava» (Jo 20, 2) afirma que, ao entrar no sepulcro vazio e ao descobrir «os
lençóis no chão» (Jo 20, 6), «viu e acreditou» (547); o que supõe que ele terá
verificado, pelo estado em que ficou o sepulcro vazio "', que a ausência do
corpo de Jesus não podia ter sido obra humana e que Jesus não tinha
simplesmente regressado a uma vida terrena, como fora o caso de Lázaro
(549).
AS APARIÇÕES DO RESSUSCITADO
642. Tudo quanto aconteceu nestes dias pascais empenha cada um dos
Apóstolos – e muito particularmente Pedro – na construção da era nova, que
começa na manhã do dia de Páscoa. Como testemunhas do Ressuscitado, eles
são as pedras do alicerce da sua Igreja. A fé da primeira comunidade dos
crentes está fundada no testemunho de homens concretos, conhecidos dos
cristãos e, a maior parte, vivendo ainda entre eles. Estas «testemunhas da
ressurreição de Cristo» (556) são, em primeiro lugar, Pedro e os Doze. Mas há
outros: Paulo fala claramente de mais de quinhentas pessoas às quais Jesus
apareceu em conjunto, além de Tiago e de todos os Apóstolos (557).
646. A ressurreição de Cristo não foi um regresso à vida terrena, como no caso
das ressurreições que Ele tinha realizado antes da Páscoa: a filha de Jairo, o
jovem de Naim e Lázaro. Esses factos eram acontecimentos milagrosos, mas as
pessoas miraculadas reencontravam, pelo poder de Jesus, uma vida terrena
«normal»: em dado momento, voltariam a morrer. A ressurreição de Cristo é
essencialmente diferente. No seu corpo ressuscitado, Ele passa do estado de
morte a uma outra vida, para além do tempo e do espaço. O corpo de Cristo é,
na ressurreição, cheio do poder do Espírito Santo; participa da vida divina no
estado da sua glória, de tal modo que São Paulo pode dizer de Cristo que Ele é
o «homem celeste» (572).
647. «Oh noite bendita! – canta o «Exultet» pascal – única a ter conhecimento
do tempo e da hora em que Cristo ressuscitou do sepulcro» (573). Com efeito,
ninguém foi testemunha ocular do acontecimento da ressurreição
propriamente dita e nenhum evangelista o descreve. Ninguém pôde dizer
como ela se deu, fisicamente. Ainda menos a sua essência mais íntima, a
passagem a uma outra vida, foi perceptível aos sentidos. Acontecimento
histórico comprovado pelo sinal do túmulo vazio e pela realidade dos
encontros dos Apóstolos com Cristo Ressuscitado, nem por isso a ressurreição
deixa de estar, naquilo em que transcende e ultrapassa a história, no próprio
centro do mistério da fé. Foi por isso que Cristo Ressuscitado não Se
manifestou ao mundo (574), mas aos discípulos, «aos que com Ele tinham
subido da Galileia a Jerusalém» e que «são agora testemunhas de Jesus junto
do povo» (Act 13, 31).
649. Quanto ao Filho, Ele opera a sua própria ressurreição em virtude do seu
poder divino. Jesus anuncia que o Filho do Homem deverá sofrer muito, e
depois ressuscitar (no sentido activo da palavra (576)). Aliás, é d'Ele esta
afirmação explícita: «Eu dou a minha vida para retomá-la [...] Tenho o poder
de a dar e o poder de a retomar» (Jo 10, 17-18). «Nós cremos que Jesus morreu
e depois ressuscitou» (1 Ts 4, 14).
650. Os Santos Padres contemplam a ressurreição a partir da pessoa divina de
Cristo, que ficou unida à sua alma e ao seu corpo, separados entre si pela
morte: «Pela unidade da natureza divina, que continua presente em cada uma
das duas partes do homem, estas unem-se de novo. Assim, a morte é
produzida pela separação do composto humano e a ressurreição pela união
das duas partes separadas» (577).
654. Existe um duplo aspecto no mistério pascal: pela sua morte, Cristo liberta-
nos do pecado; pela sua ressurreição, abre-nos o acesso a uma nova vida. Esta
é, antes de mais, a justificação, que nos repõe na graça de Deus (582), «para
que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos [...], também nós vivamos uma
vida nova» (Rm 6, 4). Esta consiste na vitória sobre a morte do pecado e na
nova participação na graça (583); realiza a adopção filial, porque os homens
tornam-se irmãos de Cristo, como o próprio Jesus chama aos discípulos depois
da ressurreição: «Ide anunciar aos meus irmãos» (Mt 28, 10) (584). Irmãos, não
por natureza, mas por dom da graça, porque esta filiação adoptiva
proporciona uma participação real na vida do Filho, plenamente revelada na
sua ressurreição.
Resumindo:
656. A fé na ressurreição tem por objecto um acontecimento, ao mesmo tempo
historicamente testemunhado pelos discípulos (que realmente encontraram o
Ressuscitado) e misteriosamente transcendente, enquanto entrada da
humanidade de Cristo na glória de Deus.
ARTIGO 6
659. «Então, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi elevado ao céu e
sentou-se à direita de Deus» (Mc 16, 19). O corpo de Cristo foi glorificado desde
o momento da sua ressurreição, como o provam as propriedades novas e
sobrenaturais de que, a partir de então, ele goza permanentemente (588). Mas,
durante os quarenta dias em que vai comer e beber familiarmente com os
discípulos (589) e instruí-los sobre o Reino (590), a sua glória fica ainda velada
sob as aparências duma humanidade normal (591). A última aparição de Jesus
termina com a entrada irreversível da sua humanidade na glória divina,
simbolizada pela nuvem (592) e pelo céu (593). onde a partir de então, está
sentado à direita de Deus (594). Só de modo absolutamente excepcional e
único é que Se mostrará a Paulo, «como a um aborto» (1 Cor 15, 8), numa
última aparição que o constitui Apóstolo (595).
662. «E Eu, uma vez elevado da terra, atrairei todos a Mim» (Jo 12, 32). A
elevação na cruz significa e anuncia a elevação da ascensão aos céus. É o
princípio dela, Jesus Cristo, o único sacerdote da nova e eterna Aliança, «não
entrou num santuário feito por homens [...]. Entrou no próprio céu, a fim de
agora se apresentar diante de Deus em nosso favor» (Heb 9, 24). Nos céus,
Cristo exerce permanentemente o seu sacerdócio, «sempre vivo para
interceder a favor daqueles que, por seu intermédio, se aproximam de Deus»
(Heb 7, 25). Como «sumo sacerdote dos bens futuros» (Heb 9, 11), Ele é o centro
e o actor principal da liturgia que honra o Pai que está nos céus (600).
663. Doravante, Cristo está sentado à direita do Pai: «Por direita do Pai
entendemos a glória e a honra da divindade, em cujo seio Aquele que, antes de
todos os séculos, existia como Filho de Deus, como Deus e consubstancial ao
Pai, tomou assento corporalmente desde que encarnou e o seu corpo foi
glorificado» (601).
Resumindo:
666. Jesus Cristo, cabeça da Igreja, precede-nos no Reino glorioso do Pai, para
que nós, membros do seu corpo, vivamos na esperança de estarmos um dia
eternamente com Ele.
667. Jesus Cristo, tendo entrado, uma vez por todas, no santuário dos céus,
intercede incessantemente por nós, como mediador que nos garante
permanentemente a efusão do Espírito Santo.
ARTIGO 7
668. «Cristo morreu e voltou à vida para ser Senhor dos mortos e dos vivos»
(Rm 14, 9). A ascensão de Cristo aos céus significa a sua participação, na sua
humanidade, no poder e autoridade do próprio Deus. Jesus Cristo é Senhor:
Ele possui todo o poder nos céus e na Terra. Está «acima de todo o principado,
poder, virtude e soberania», porque o Pai «tudo submeteu a seus pés»(Ef 1, 20-
22). Cristo é o Senhor do cosmos (605) e da história, N'Ele, a história do
homem, e até a criação inteira, encontram a sua «recapitulação» (606), o seu
acabamento transcendente.
669. Como Senhor, Cristo é também a cabeça da Igreja, que é o seu corpo (607).
Elevado ao céu e glorificado, tendo assim cumprido plenamente a sua missão,
continua na terra por meio da Igreja. A redenção é a fonte da autoridade que
Cristo, em virtude do Espírito Santo, exerce sobre a Igreja (608). «O Reino de
Cristo já está misteriosamente presente na Igreja» (609), «gérmen e princípio
deste mesmo Reino na Terra» (610).
671. Já presente na sua Igreja, o Reino de Cristo, contudo, ainda não está
acabado «em poder e glória» (Lc 21, 27) (615) pela vinda do Rei à terra. Este
Reino ainda é atacado pelos poderes do mal (616), embora estes já tenham
sido radicalmente vencidos pela Páscoa de Cristo. Até que tudo Lhe tenha sido
submetido (617), «enquanto não se estabelecem os novos céus e a nova terra,
em que habita a justiça, a Igreja peregrina, nos seus sacramentos e nas suas
instituições, que pertencem à presente ordem temporal, leva a imagem
passageira deste mundo e vive no meio das criaturas que gemem e sofrem as
dores do parto, esperando a manifestação dos filhos de Deus» (618). Por este
motivo, os cristãos oram, sobretudo na Eucaristia (619), para que se apresse o
regresso de Cristo (620), dizendo-Lhe: «Vem, Senhor» (Ap 22, 20) (621).
672. Cristo afirmou, antes da sua ascensão, que ainda não era a hora do
estabelecimento glorioso do Reino messiânico esperado por Israel (622), o qual
devia trazer a todos os homens, segundo os profetas (623), a ordem definitiva
da justiça, do amor e da paz. O tempo presente é, segundo o Senhor, o tempo
do Espírito e do testemunho (624) mas é também um tempo ainda marcado
pela «desolação» (625) e pela provação do mal (626), que não poupa a Igreja
(627) e inaugura os combates dos últimos dias (628). É um tempo de espera e
de vigília (629).
677. A Igreja não entrará na glória do Reino senão através dessa última
Páscoa, em que seguirá o Senhor na sua morte e ressurreição (644). O Reino
não se consumará, pois, por um triunfo histórico da Igreja (645) segundo um
progresso ascendente, mas por uma vitória de Deus sobre o último
desencadear do mal (646), que fará descer do céu a sua Esposa (647). O triunfo
de Deus sobre a revolta do mal tomará a forma de Juízo final (648), após o
último abalo cósmico deste mundo passageiro (649).
678. Na sequência dos profetas (650) e de João Baptista (651), Jesus anunciou,
na sua pregação, o Juízo do último dia. Então será revelado o procedimento de
cada um (652) e o segredo dos corações (653). Então, será condenada a
incredulidade culpável, que não teve em conta a graça oferecida por Deus
(654). A atitude tomada para com o próximo revelará a aceitação ou a recusa
da graça e do amor divino (655). No último dia, Jesus dirá: «Sempre que o
fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes» (Mt 25, 40).
Resumindo:
680. Cristo Senhor reina já pela Igreja, mas ainda não Lhe estão submetidas
todas as coisas deste mundo. O triunfo do Reino de Cristo só será um facto,
depois dum último assalto das forças do mal.
681. No dia do Juízo, no fim do mundo, Cristo virá na sua glória para completar
o triunfo definitivo do bem sobre o mal, os quais, como o trigo e o joio, terão
crescido juntos no decurso da história.
682. Quando vier; no fim dos tempos, para julgar os vivos e os mortos, Cristo
glorioso há-de revelar a disposição secreta dos corações, e dará a cada um
segundo as suas obras e segundo tiver aceite ou recusado a graça.
1. Cf. Mc 1, 1.
2. Cf. Lc 1, 68.
3. Cf. Lc 1, 55.
4. Cf. Mc 1, 11.
5. Cf. 1 Jo 4, 2.
6. Cf. Mt 16, 18: São Leão Magno. Sermão 4, 3: CCL 88, 19-20 (PL 54, 151 );
Sermão 51, 1: CCL 88A. 296-297 (PL 54, 309): Sermão 62, 2: CCL 88A, 377-378 (PL
54, 350-351); Sermão 83, 3: CCL 88A, 521-522 (PL 54, 432).
7. João Paulo II. Ex. Ap. Catechesi tradendae, 5: AAS 71 (1979). 1280-1281.
8. João Paulo II. Ex. Ap. Catechesi tradendae, 5: AAS 71 (1979). 1281.
9. João Paulo II. Ex. Ap. Catechesi tradendae, 6: AAS 71 (1979). 1281-1282.
10. Cf. Lc 1 , 3 1 .
11. Cf. Sl 51 , 6.
24. Cf. La réhabilitation de Jeanne la Pucelle. L'enquête ordonée par Charles VII
en 1450 et le codicille de Guillaume Bouillé, ed. P. Doncoeur – Y. Larhers (Paris
1956), p. 39.45.56.
34. Santo Ireneu de Lyon, Adversus Haereses 3, 18, 3; SC 211, 350 (PG 7, 934).
36. Cf. Mt 2, 2; 9, 27; 12, 23; 15, 22; 20, 30; 21, 9.15.
45. Cf. Ex 4, 22; Os 11, 1; Jer 3, 19: Sir 36,14; Sb 18, 13.
65. Cf. Mt 22, 41-46; cf. também Act 2. 34-36; Heb 1, 13.
74. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 10; AAS 58 (1966)
1033; cf. ibid., 45: AAS 58 (1966) 1066
77. Cf. Jo 1, 1.
79. DS 150.
80. São Gregório de Nissa, Oratio catechetica 15, 3: TD 7, 78 (PG 45, 48).
83. Santo Ireneo de Lião, Adversus haereses 3, 19, 1: SC 211, 374 (PG 7, 939).
84. Santo Atanasio, De Incarnatione, 54, 3: SC 199, 458 (PG 25, 192B).
85. São Tomás de Aquino, Officium de festo corporis Christi, Ad Matutinas. In
primo Nocturno, Lectio 1: Opera omnia, v. 29 (Parisiis 1876) p. 336.
86. Cf. Cântico nas I Vésperas de Domingo: Liturgia Horarum, editio typica
(Typis Polyglottis Vaticanis 1973-1974), v. 1, p. 545.629.718 e 808: v. 2, p.
844.937.1037 e 1129: v. 3. p. 548.669.793 e 916; v. 4, p. 496.617.741 e 864 [Ed.
portuguesa: Liturgia das Horas (Gráfica de Coimbra 1983), v. I. p. 621.710.803 e
897: v. 2, p. 984, 1079, 1182 e 1278; v. 3. p. 685.800.918 e 1032; v. 4,
p.633.748.866 e 980].
101. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 22: AAS 58 (1966)
1042.
103. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 22: AAS 58 (1966)
1042-1043.
106. Cf. Fl 2, 7.
114. Cf. III Concílio de Constantinopla (ano 681). Sess.18.ª, Definido de duabus
in Christo voluntatibus et operatianibus: DS 556-559.
117. Cf. Gl 3, 1.
118. Concílio de Nicéia (ano 787), Act. 7ª, Definitio de sacris imaginibus: DS
600-603.
119. Prefácio do Natal II: Missale Romanum, editio typica (Typis Polyglottis
Vaticanis 1970), p. 396 [Missal Romano, Gráfica de Coimbra 1992, p. 458].
122. Pio XII, Enc. Haurietis aquas: DS 3924: cf. ID.. Enc. Mystici corporis: DS
3812.
130. Cf. II Concílio Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 56: AAS 57 (1965)
60; cf. ibid., 61: AAS 57 (1965) 63.
135.Cf. 1 Sm 1.
136. Cf. II Concílio Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 55: AAS 57 (1965)
59-60.
137. Cf. II Concílio Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 56: AAS 57 (1965)
60.
141. Cf. Cf. II Concílio Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium,, 56: AAS 57
(1965) 60.
142. Cf. II Concílio Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 53: AAS 57 (1965)
58.
143. Cf. II Concílio Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 56: AAS 57 (1965)
60.
145. Cf. Rm 1, 5.
146. Cf. II Concílio Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 56: AAS 57 (1965)
60-61.
147. Santo Irineu de Lião, Adversus haereses, 3, 22, 4: SC 211, 440 (PG 7, 959).
148. Cf. Santo Irineu de Lião, Adversus haereses, 3, 22, 4: SC 211, 442-444 (PG 7,
959-960).
149. Cf. II Concílio Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 56: AAS 57 (1965)
60-61.
154. Cf. Rm 1, 3.
163. Cf. São Leão Magno, Tomus ad Flavianum: DS 291; Ibid.: DS 294; Pelágio I,
Ep. Humani generis: DS 442: Concílio e Latrão, Canon 3: DS 503; XVI Concílio de
Toledo, Symbolum: DS 571; Paulo IV, Const. Cum quorumdam hominum: DS
1880.
164. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 57: AAS 57 (1965)
61.
165 II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 52: AAS 57 (1965)
58.
170. Cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 63: AAS 57
(1965) 64.
175. Cf. Jo 3, 9.
177. Cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 63: AAS 57 (1965)
64.
179. Santo Agostinho, De sancta virginitate, 3, 3: CSEL 41. 237 (PL 40, 398).
180. Cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 63: AAS 57 (1965)
64.
181. Cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 64: AAS 57 (1965)
64.
182. II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, 103: AAS 56 (1964)
125.
184. Cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 56: AAS 57 (1965)
60.
185. São Tomás de Aquino, Summa theologiae, 3. q. 30, a. I. c: Ed. Leon. 11, 315.
188. Cf. Lc 2, 7.
192. Cf. 1 Jo 4, 9.
199. Santo Ireneo de Lião, Adversus haereses 3, 18, 1: SC 211, 342-344 (PG 7,
932).
200. Ibidem, 18. 7: SC 211, 366 (PG 7, 937); cf. Ibid. 2, 22. 4: SC 294, 220-222 (PG
7, 784).
201. João Paulo II, Enc. Redemptor hominis, 11: AAS 71 (1979) 278.
204. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 38: AAS 58 (1966)
1055.
208. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 22: AAS 58 (1966)
1042.
209. São João Eudes: Le royaume de Jésus, 3, 4: Oeuvres complètes, v. 1 (Vannes
1905) p. 310-311 [2ª leitura do Ofício de Leituras de sexta-feira da 33ª semana
do Tempo Comum: Liturgia das Horas, v. 4 (Gráfica de Coimbra 1983), p. 539].
212 Cf. Mt 3, 3.
213. Cf. Lc 7 26
232. Cf. Mt 2, 1.
233. Cf. Mt 2, 2.
238. São Leão Magno, Sermão 33, 3: CCL 138, 173 (PL 54. 242) [Solenidade da
Epifania do Senhor, 2ª Leitura do Ofício de Leituras: Liturgia das Horas, v. 1
(Gráfica de Coimbra 1983) p. 519].
239. Vigília Pascal, Oração depois da 3ª leitura: Missale Romanum, editio
typica (Typis Polyglottis Vaticanis 1970), p. 277 [Missal Romano, Gráfica de
Coimbra 1992, 305].
246. Cf. G1 4, 4.
254. Cf. Mt 3, 7.
261. São Gregório Nazianzeno, Oratio 40, 9: SC 358, 216 (PG 36. 369).
270 Cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 3: AAS 57 (1965)
6.
305. Venâncio Fortunato, Hino «Vexilla Regis»: MGH 1/4/1, 34 (PL 88, 96).
308. Cf. 1 Pe 2. 4.
318. Tomás de Aquino, Summa theologiae, 3, q. 45. a. 4, ad 2: Ed. Leon. 11, 433.
330. João Paulo II, Ex. Ap. Catechesi tradendae, 9: AAS 71 (1979) 1284.
332. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 7: AAS 57 (1965) 10.
334. Cf. São Leão Magno, Sermão 51, 3: CCL 138A, 298-299 (PL 54. 310).
337. Cf. II Concílio do Vaticano. Const. dogm. Dei Verbum, 19; AAS 58 (1966)
826-827.
338. Cf. Mc 3, 6.
340. Cf. Mc 2, 7.
349. CL Jo 1, 19; 2, 18; 5, 10; 7, 13; 9, 22 18, 12: 19, 38; 20, 19.
362. Cf. Gl 4, 4.
367. Cf. Mt 5, 1.
368. Cf. Mc 7, 8.
407. Cf. Jo 3, 7.
418. Cf. Jo 5, 16-18.
431. Cf. Act 2, 23.36; 3, 13-14; 4, 10; 5, 30; 7, 52; 10, 39; 13, 27-28; 1 Ts 2, 14-15.
447. Cf. também Act 3, 18; 7, 52; 13, 29; 26, 22-23.
453. Cf. Fl 2, 7.
454. Cf. Rm 8, 3.
476. Cf. Concílio de Trento, Sess. 22ª, Doctrina de sanctissimo Missae Sacriftcio,
canon 2: DS 1752: Sess. 23ª, Doctrina de sacramento Ordinis, c. 1: DS 1764.
502. Cf. 1 Tm 2, 5.
503. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 22: AAS 58 (1966)
1042.
504. Cf. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 22: AAS 58 (1966)
1043.
509. Santa Rosa de Lima: P. Hansen. Vita mirabilis [...] venerabilis sororis Rosae
de sancta Maria Limensis (Romae 1664), p. 137.
520. São João Damasceno, Expositio fidei, 71 [De Fide orthodoxa 3, 27]. PTS 12,
170 (PG 94, 1098).
521. São Tomás de Aquino, Summa theologiae, 3, 51, 3. ad 2: ED. Leon. 11, 490.
536. Cf. Concílio de Roma (ano 745), De descensu Christi ad inferos: DS 587.
537. Cf. Bento XII, Libellus, Cum dudum (1341). 18: DS 1011; Clemente VI, Ep.
Super quibusdam (ano 1351), c. 15, 13: DS 1077.
538. Cf. IV Concílio de Toledo (ano 633). Capitulum, 1: DS 485; Mt 27, 52-53.
541. Antiga homilia para Sábado Santo: PG 43. 440.452.461 [Sábado Santo, 2ª
Leitura do Ofício de Leituras: Liturgia das Horas, s. 2 (Gráfica de Coimbra
1983) p. 454-4551.
586. Cf. Rm 6, 4.
601. São João Damasceno, Expositio fidei, 75 [De fide Orthodoxa 4, 2]: PTS 12.
173 (PG 94, 104D).
604. Cf. Cl 3, 3.
610. Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 5: AAS 57 (1965) 8.
612. Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 48: AAS 57 (1965) 53.
616. Cf. 2 Ts 2, 7.
618. Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 48: AAS 57 (1965) 53.
642. Cf. Santo Ofício, Decretum de millenarismo (19 de Julho de 1944): DS 3839.
643. Cf. Pio XI, Enc. Divini Redemtptoris (19 de Março de 1937): AAS 29 (1937)
65-106, condenando o «falso misticismo» desta «simulação da redenção dos
humildes» (p. 69); II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 20-21:
AAS 58 (1966) 1040-1042.