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Ouve-se o som: "Tic-tac, tic-tac", é o alarme. Depois de alguns segundos tocando, é desligado.

Passando
algum tempo uma voz gritando: "Lana, tu não ouviste o despertador? Anda logo, antes que te atrases!"

Lana, ainda sonolenta, levanta-se da cama e vai lavar-se, antes que a mãe volte aos gritos. Depois de
longos minutos Lana está pronta. Sua mãe está a espera dela no carro, mas nada satisfeita.

- 15 minutos atrasada! diz a mãe, é a terceira vez só nesta semana.

Daí a mãe começa um longo sermão, no caminho para escola. Enquanto Lana no banco de trás só pensa
em estar novamente na sua cama quentinha.

Lana é uma adolescente de 13 anos . seus longos cabelos pretos e seu olhar cativante, eram das poucas
coisas que a tornavam espetacular. Ela é meiga, mas com um faro investigativo (não era à toa que os 6
anos ela decobriu que era a filha da professora quem corrigia os trabalhos escolares da sua turma),
quando sua mão tocava no piano, era simpesmente mágico o modo como todas áquelas notas eram
harmonizadamente tocadas. E apesar do último incidente, Lana é uma menina bastante aplicada.

Assim que entra na turma, a sua professora, a Sra. Pamos diz-lhe logo com um suspiro:

- Lana, Lana, de novo atrasada! é a terceira vez nesta semana. As tua notas estão cada vez piores, e olha
que não é só na minha disciplina! Estás quase sempre distante nas aulas, e ainda hoje recebi a
informação que tens faltado as aulas de música.

Lana em silêncio, só ouvia.

A professora com um ar triste, pois gostava muito de Lana, continuou:

- Se continuares assim terei de te reprovar. E sabes muito bem o que isso significa para alunos como tu...

No fundo da sala ouve-se um sussurro alto suficiente para a professora ouvir:

- Como se isso fosse alguma coisa!

- Quem foi que disse isso? Pergunta a Sra. Pamos.

Na sala um silêncio. A professora insiste na pergunta. Mas ninguém consegue dizer quem tinha dito
aquilo.

Para Lana não era algum mistério. Era óbvio que tinha sido as irmãs Cliton, elas não gostavam nada de
Lana, principalmente do seu desempenho como aluna. Mas naquele momento, aquele era o menor dos
problemas para Lana.
O sino tocou, e as aulas terminaram. Finalmente, Lana podia voltar para a sua casa, e fazer planos para
os restantes dias, pois era sexta-feira. Sem muita empolgação, Lana faz o percurso até a sua casa.

Lana vinha de uma família pequena: seus pais, o Sr. Diogo e a Sra. Andrade e dois irmãos mais velhos, o
Josh de 19 anos e o Agner de 14 anos. Por causa da pouca diferença entre a Lana e o Agner, eram
chamados de "gêmeos". Josh está a estudar arquitetura em uma das universidades da Inglaterra. Já
Agner e Lana estudam na mesma escola (mas Agner foi dispensado naquela semana por torcido o pulso
num jogo de futebool) que fica a pouca distância de casa. A Sra. Andrade é uma advogada, enquanto que
o Sr. Diogo é um engenheiro de construção.

Fazia apenas um ano que Lana e sua família haviam se mudado para a grande cidade em Coimbra. Lana
tinha uma vida normal a de qualquer adolescente. Mas os acontecimentos no último ano afectaram-na
profundamente. Para começar, Josh teve de se mudar para a Inglaterra, o que deixou Lana muito triste,
pois é muito afeiçoada aos seus irmãos. Asseguir, seus pais acharam que era melhor mudarem-se de
cidade para ficarem mais perto dos seus novos empregos. A nova cidade era totalmente diferente a que
Lana estava acustumada: bastante movimentada, pessoas por todo o lado, e muitos centros comerciais;
Mas para a alegria de Lana, os seus vizinhos eram tãos ocupados que quase não ficavam em casa,
tornando a rua calma. Mas o pior de tudo foi o que aconteceu no último mês, os seus pais se
divorciaram depois de 20 anos casados. Esse foi o pior dos acontecimentos, sem contar que essa
situação a afastou do seu irmão Agner pois agora ele vive com o pai no centro da cidade.

Para Lana, o seu mundo havia desabado. Tudo havia se desmoronado, e parece que já não havia mais
motivos para continuar sonhando. Já não valia à pena lutar. Apesar de estar sempre com os seus pais, e
de eles esforçarem-se para cuidarem deles, já não era a mesma coisa.

Depois de ter vagueado tanto com a sua mente enquanto caminhava, finalmente chegou a casa. Mas
notou algo invulgar: a porta estava semi aberta! Na sala ouviu passos que pareciam descer a escada.
Percebendo que havia alguém dentro de casa,e os passos cada vez mais pertos, ergueu rápidamente a
seu guarda-sol, para defender-se.

- Oh Lana! Assustaste-me! Disse a mãe, não te ouvi chegar.

- Afinal és tu mãe?! Pensei que fosses um invasor, disse Lana envergonhada. Chegaste muito cedo, onde
está o carro? E porquê que estás com a tua mala de viagem?

- Lana querida, terei de viajar agora mesmo. Pediram-me para defender o caso de um cliente na outra
cidade, e por causa da distância ficarei lá durante o fim de semana.

- O que?! Mas porquê? Prometeste que passariamos o fim de semana juntas!

- Eu sei, eu sei, mas é um caso muito importante, e a empresa delegou-me para estar na frente.

- E eu não sou importante? Perguntou Lana com os olhos cheios de lágrima.

- Lana por favor não começa! Além do mais temos muitos fins de semana para a frente, disse a mãe
optimista.

- Tá bem... E com quem vou ficar?

- Não precisas olhar assim para mim como se fosses uma bebezinha. Podes ficar com o teu pai, tenho
certeza que ele vai gostar muito de ter-te lá. Mas agora tenho de ir, estou atrasada.

Aseguir beijo-a e despediu-se.

Com os planos fracassados, não que isso a admira-se, Lana preparou-se e foi até ao apartamento do seu
pai que ficava no centro da cidade.

Chegando lá, Lana abriu a porta, pois tinha as chaves, mas para a sua surpresa não havia ninguém lá.
Pegou no seu telefone e digitou "Agner"...

- Alô Luna, tudo bem?

- Oi Agner! eu estou bem. Onde estás?

- Estou na casa do James, vou passar aqui o fim de semana.

- Porquê?! Onde está o Pai?

- O pai teve de viajar hoje cedo, para a Inglaterra pareceque houve algum problema com os documentos
do Josh. Onde estás tu?

- Estou na casa do pai, a mãe teve de viajar hoje também a trabalho, e disse-me para ficar com voçês.

- Que coisa! Olha podes vir até aqui a casa do James, penso que não terá problema nenhum.

- O teu amigo James?! Não, nem pensar! Vocês só passam a vida a falar de futebool, sem contar que a
irmã dele é muito chata.

- Ok! mas aagora o que é que tu irás fazer? Não te resta muitas escolhas...

- Já sei! vou para a casa dos avós.

- Sozinha?! Estás maluca?! Perguntou Agner irritando-a.

- Não, nas estou, disse Lana irritada. Só fica a um ônibus daqui! Além do mais nós viviamos lá, lembras-
te? Pergunta Lana ironicamente.

- Mas é claro que eu lembro-me. Mas tu tens dinheiro para a viagem?

- Sim, ainda não gastei a mesada do mês passado.

- Então se queres mesmo ir, eu levo-te.

- wow! não tenho assim tanto dinheiro! Retruca Lana.


- Então é simples: tu não vais! Diz Agner sorrindo.

- Eu vou sim! Insiste Lana.

- Se tu ires Lana, eu ligo para a mamã e conto tudo. Tenho a certeza que ela não vai aprovar essa viagem.
Diz Agner ameaçando-a.

- Lana revira o olhos e diz seriamente: se tu ligares para a mãe, então ela também vai saber o que
aconteceu como o seu laptop novo ficou sem o teclado.

- Calma Luna, não precisas ir tão longe! Disse Agner preocupado.

- Então temos acordo? Pergunta Lana com ar de satisfação.

- Só se prometeres tomar todo o cuidado, e quando chegares ligares imediatamente para mim.

- Tá bem.

- Não te esqueças que sou teu irmão mais velho, disse gozando.

- Tá bem chatinho, tchau!

Assim sendo, Lana dirigiu-se para a estação de ônibus, comprou os bilhetes e seguiu viagem até ao
pequeno vilarejo em que morava.

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