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DRENAGEM

URBANA
UNIDADE 2: PRECIPITAÇÃO E ESCOAMENTO SUPERFICIAL

2.1 - PRECIPITAÇÃO
Precipitação pluvial é um dos elementos meteorológicos que apresenta maior
variabilidade tanto no espaço, de uma localidade ou região para outra, como no
tempo, intermensal e/ou interanual. A principal razão da existência do
semiárido nordestino é a ausência de um mecanismo dinâmico que provoque
movimentos ascendentes.
2.2 – ESCOAMENTO SUPERFICIAL
O escoamento superficial corresponde ao segmento do ciclo hidrológico relativo ao deslocamento
das águas sobre a superfície do solo. É de fundamental importância para o projeto de obras de
engenharia, dimensionadas de modo a suportar as vazões máximas decorrentes do escoamento
superficial.
Avaliando o ciclo hidrológico, espera-se que uma parte do volume total precipitado seja
interceptada pela vegetação, enquanto o restante atinge a superfície do solo provocando o
umedecimento dos agregados do solo e reduzindo suas forças coesivas. Com a continuidade da
ação das chuvas, ocorre a desintegração dos agregados em partículas menores. A quantidade de
solo desestruturado aumenta com a intensidade da precipitação, a velocidade e tamanho das gotas.
Além de ocasionar a liberação de partículas, que obstruem os poros do solo, o impacto das gotas
tende também a compactar esse solo ocasionando o selamento de sua superfície e,
conseqüentemente, reduzindo a capacidade de infiltração da água..
O empoçamento da água, nas depressões existentes na superfície do solo, começa a
ocorrer somente quando a intensidade de precipitação excede a velocidade de
infiltração, ou, quando a capacidade de acumulação de água no solo for ultrapassada.
Esgotada a capacidade de retenção superficial, a água começará a escoar.
Associado ao escoamento superficial, ocorre o transporte de partículas do solo que
sofrem deposição somente quando a velocidade do escoamento superficial for reduzida.
Além das partículas de solo em suspensão, o escoamento superficial transporta
nutrientes químicos, matéria orgânica, sementes e defensivos agrícolas que, além de
causarem prejuízos diretos à produção agropecuária, também causam poluição dos
cursos d'água.
Estimativas das vazões máximas de escoamento superficial são freqüentemente
necessárias, tanto em bacias hidrográficas com ocupação agrícola, quanto em urbanas.
O dimensionamento de drenos, barragens e obras de proteção contra cheias e erosão
hídrica requerem o estudo das precipitações intensas, para obtenção da altura da chuva
de projeto, com a qual é definida a vazão a ser utilizada.
No projeto de estruturas de controle de erosão e inundação são necessárias, também,
informações sobre o escoamento superficial. Quando o objetivo é reter ou armazenar
toda água, o conhecimento do volume escoado é suficiente. Por outro lado, se o
problema é conduzir o excesso de água de um lugar para outro, a vazão de escoamento
superficial é mais importante, particularmente a vazão correspondente a um
determinado período de precipitações.
2.2.1 - FATORES QUE INFLUEM NO ESCOAMENTO SUPERFICIAL

a. Agroclimáticos
- Quantidade, intensidade e duração da precipitação
- Cobertura e condições de uso do solo
- Evapotranspiração

b. Fisiográficos
- Área, forma e declividade da bacia
- Condições de superfície
- Tipo de solo
- Topografia
- Rede de drenagem
- Obras hidráulicas presentes na bacia
2.3 – MEDIDAS PLUVIOMÉTRICAS
Índice pluviométrico é uma medida em milímetros, resultado do somatório da quantidade da
precipitação de água ( chuva, neve ou granizo) num determinado local durante um dado período
de tempo.
O instrumento utilizado para este fim recebe o nome de pluviômetro.
O índice é calculado em milímetros. Se dissermos que o índice pluviométrico de um dia, em um
certo local, foi de 2mm, significa que, se tivéssemos nesse local uma caixa aberta, com 1 metro
quadrado de base, o nível da água dentro dela teria atingido 2 mm de altura naquele dia. Para
chegar a esse índice, as centenas de estações meteorológicas espalhadas pelo país utilizam um
aparelho conhecido como pluviômetro.
Há vários modelos diferentes, mas o instrumento
constitui-se, basicamente, do funil de captação e
básculas que enviam sinais elétricos para uma estação
meteorológica . Com base em todos os aparelhos
instalados na cidade, é possível chegar à média da
precipitação observada na área total. Quando
escutamos que choveu 7 milímetros na cidade, por
exemplo, significa que essa seria a altura média
alcançada pela água a partir do chão, na área total da
cidade em determinado período de tempo.
O escoamento superficial produz, invariavelmente, a cheia de curso d’água. O
termo “cheia” é referido à acréscimos de fluxo de menor importância (evento
extremo na enchente) tais como os que ocorrem algumas vezes por ano.
2.4 - CLASSIFICAÇÃO DAS CHEIAS:
Tipo 0 – Não há escoamento superficial, uma vez que a intensidade da
chuva é menor que a capacidade de infiltração. Não ocorre cheia nos rios.
Observa-se que, na prática, é impossível a ocorrência de uma cheia Tipo 0
perfeita, vez que parte da precipitação incide diretamente sobre o curso
d’água.
Tipo 1 – A intensidade da chuva ainda é menor que a capacidade de
infiltração e a deficiência de umidade natural é menor que a infiltração total.
Não há escoamento superficial, porém verifica-se um acréscimo de água no
solo. Verifica-se o aumento do lençol d’água em um intervalo de tempo.
Tipo 2 – A intensidade da chuva é maior que a capacidade de infiltração,
porém a deficiência de umidade natural do solo é maior que a infiltração total.
Assim ocorre escoamento superficial, mais não há acréscimo de água no solo.
A precipitação normal continua durante a cheia e o regime da água do solo é
retomado.
Tipo 3 – A intensidade da chuva ainda é maior que a capacidade de
infiltração, mas a deficiência de umidade natural do solo agora é menor que a
infiltração total. Assim, ocorre escoamento superficial e acréscimo do lençol
d’água.
2.5 - MEDIÇÃO DE VAZÕES
Medidas sistemáticas de vazões são possíveis através da instalação de estações
hidrométricas.
Uma estação hidrométrica é uma seção do rio, com dispositivos de medição do
nível da água (réguas linimétricas ou linígrafas, devidamente referidos a uma
cota conhecida e materializada no terreno), facilidades para medição de vazão
(botes, pontes) e estruturas artificiais de controle (se for o caso
Escolha do local para instalação de uma estação.

1. Próximo a um ponto de possível interesse para


aproveitamento das águas.
2. Seção estável, que não apresente
modificações significativas em seu leito.
3. Facilidade de acesso e condições para
medições de vazões.
4. Relação unívoca cota x vazão.
Após escolhida a seção do rio, instala-se neste local
uma régua linimétrica ou um linígrafo.
A finalidade dos dispositivos acima citados é medir a altura do rio. Para cada
altura do nível d’água é medida a vazão correspondente, sendo possível desta
maneira a construção de uma curva de correlação altura-vazão.
Consiste na medição direta em recipiente de volume conhecido. Mede-se o
tempo, obtendo-se:
Este processo só é aplicável nos casos de pequenas descargas, como fontes e
riachos, e sob condições muito favoráveis
2.5 – PERÍODO DE RETORNO
A cheia de projeto está associada a um período de retorno (tr), que é o tempo médio
em anos o evento é igualado ou superado pelo menos uma vez.
Na adoção do Tr das enchentes, são utilizados alguns critérios, tais como (VILLELA,
1975):

• vida útil da obra


• tipo de estrutura
• facilidade de reparação e ampliação
• perigo de perda de vida.
Outro critério para a escolha do Tr é a fixação do risco que se deseja correr da obra
falhar dentro de sua vida útil.
• Probabilidade do evento ocorrer no período de retorno P = 1/Tr
• Probabilidade do evento não ocorrer no período de retorno P=1–P
• Probabilidade do evento não ocorrer dentro de (n) quaisquer anos do período de
retorno.
• Probabilidade do evento ocorrer dentro de (n) quaisquer anos do período de retorno (RISCO
PERMISSÍVEL).

K = 1 - Pn

K = 1 – (1 - P)n

K = 1 – (1 – 1/tr)n

Ou ainda:

Tr = 1
1 – (1-k) 1/n

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