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Tese apresentada à Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa do Instituto

Tecnológico de Aeronáutica, como parte dos requisitos para obtenção do título


de Doutor em Ciências no Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Aeronáutica e Mecânica, Área de Produção

Carlos Alberto Schuch Bork

MÉTODO PARA AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DE

PRODUTOS E PROCESSOS EM SISTEMAS PRODUTIVOS:

UMA APLICAÇÃO PARA ESCOLHA DE FLUIDOS DE CORTE

Tese aprovada em sua versão final pelos abaixo assinados:

Prof. Dr. Eng. Mec. Jefferson de Oliveira Gomes


Orientador

Prof. Dr. Luiz Carlos Sandoval Góes


Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa

Campo Montenegro
São José dos Campos, SP – Brasil
2015
ii

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)


Divisão de Informação e Documentação
Bork, Carlos Alberto Schuch
Método para Avaliação da Sustentabilidade de Produtos e Processos em Sistemas Produtivos / Carlos
Alberto Schuch Bork.
São José dos Campos, 2015.
192f.

Tese de doutorado – Curso de Pós-Graduação em Engenharia Aeronáutica e Mecânica, Área de


Produção – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, 2015. Orientador: Dr. Eng. Mec. Jefferson de Oliveira
Gomes.

1. Índice de sustentabilidade. 2. Manufatura sustentável. 3. Fluido de corte. I. Instituto Tecnológico


de Aeronáutica. Método para Avaliação da Sustentabilidade de Produtos e Processos em Sistemas Produtivos:
uma aplicação para escolha de fluidos de corte

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BORK. C. A. S.. Método para Avaliação da Sustentabilidade de Produtos e Processos em
Sistemas Produtivos: uma aplicação para escolha de fluidos de corte. 2015. 192f. Tese
(Doutorado em Produção) – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos/SP.

CESSÃO DE DIREITOS
NOME DO AUTOR: Carlos Alberto Schuch Bork
TÍTULO DO TRABALHO: Método para Avaliação da Sustentabilidade de Produtos e Processos em Sistemas
Produtivos: uma aplicação para escolha de fluidos de corte
TIPO DO TRABALHO/ANO: Tese / 2015

É concedida ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica permissão para reproduzir cópias desta


tese e para emprestar ou vender cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O
autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta tese pode ser reproduzida
sem a sua autorização (do autor).

__________________________________
Carlos Alberto Schuch Bork
Rua Santo Afonso, 188 – Bairro Padre Réus
CEP.: 93020-010 – São Leopoldo – RS
iii

MÉTODO PARA AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DE

PRODUTOS E PROCESSOS EM SISTEMAS PRODUTIVOS:

UMA APLICAÇÃO PARA ESCOLHA DE FLUIDOS DE CORTE

Carlos Alberto Schuch Bork

Composição da Banca Examinadora:

Prof. Dr. Luis Gonzaga Trabasso - ITA - Presidente da Banca


Prof. Dr. Jefferson de Oliveira Gomes - ITA - Orientador
Prof. Dr. Anderson Vicente Borille - ITA
Prof. Dr. Assis Francisco de Castilhos - IFSC
Prof. Dr. CristianoVasconcellos Ferreira - UFSC

ITA
iv

Dedico este trabalho ao meu grande Pai, Ruy Bork


(in memorian), à minha querida Mãe, Herta Schuch Bork, à
minha Amada Stefanie Merker Moreira e aos meus
maravilhosos Filhos, Leonardo Merker Moreira Bork e Oscar
Ruy Moreira Bork, minhas inspirações de uma vida melhor.
v

Agradecimentos

Agradeço ao meu pai Ruy Bork (in memoram), pelo esforço em me transformar num
bom homem e à minha mãe, Herta Schuch Bork, por me mostrar que para sermos bons
homens precisamos crescer com carinho, amor e paixão pelo que fizermos.
Agradeço à minha amada Stefanie por me mostrar sempre o lado bom da vida e me
acompanhar nos momentos bons e ruins, e aos meus filhos, Leonardo e Oscar, por me
fazerem acreditar num mundo melhor.
Ao meu orientador, amigo e irmão, Dr. Jefferson de Oliveira Gomes, pelo desejo de
ajudar a melhorar o mundo, as pessoas e a dignidade humana. Agradeço a oportunidade
mostrada que não conseguia enxergar, os desafios que me faziam movimentar e o desejo
sempre de vencer. Às minhas queridas Cláudia Soar e Álida Soar Gomes, parte de minha
família e de minha história, que sempre me trataram como poucos.
À minha amiga Dra. Janaina Fracaro, que, no momento mais difícil desta Tese, me
mostrou o caminho que podia ser seguido; e consegui. À ela, minha eterna gratidão. Ao
estudante Samir Lutif, soldado sempre a posto para desenvolver os ensaios de minha Tese.
A equipe da UNITEC/SENAI-DN pela amizade, companheirismo e senso de união.
Ao meu amigo Mauro Bessa (in memorian), que em seu sorriso sempre levou a esperança de
conseguirmos realizar o impossível.
Ao meu irmão, Dr. Durval João De Barba Junior, pela coerência e sempre incentivo
para que nunca desistisse de meus sonhos. Não desisti e consegui. Muito obrigado.
A todos os meus amigos e colegas que, de alguma forma, me orientaram,
fortaleceram e ajudaram na realização deste trabalho.
vi

A humanidade de hoje tem a habilidade de desenvolver-se de


uma forma sustentável, entretanto é preciso garantir as
necessidades do presente sem comprometer as habilidades
das futuras gerações em encontrar suas próprias
necessidades.
(Agenda 21)
vii

Resumo

Esta Tese tem como foco a manufatura sustentável de produtos e processos. Considera, neste
sentido, que muitas são as informações e critérios que devem ser levados em consideração
para que a produção de bens de consumo alcance o princípio da manufatura sustentável. A
contribuição desta tese é o desenvolvimento de um Método de Avaliação do Índice de
Sustentabilidade (MAIS), utilizado para medir o grau de sustentabilidade sob os aspectos
tecnológicos, econômicos, ambientais e sociais, de produtos e processos em sistema
produtivos de bens de consumo. O Método (MAIS) é baseado no conhecimento apresentado
na literatura contemporânea sobre o tema que se deseja avaliar e compara com o
conhecimento elicitado de pesquisadores e especialistas sobre esta temática, utilizando a
técnica de Mapas Conceituais. Contempla, ainda, experimentos laboratoriais baseados nas
variáveis consideradas mais importantes para a avaliação do Método de Avaliação do Índice
de Sustentabilidade (MAIS), bem como a determinação dos pesos de cada indicador
individual, do grau de intensidade de cada indicador para posterior normalização de seus
valores e geração do Índice de Sustentabilidade (IS), como resultado. Para a aplicação e
avaliação do Método (MAIS) proposto utiliza-se a temática de utilização do fluido de corte na
manufatura sustentável. O Método de Avaliação do Índice de Sustentabilidade (MAIS)
desenvolvido apresenta-se como uma ferramenta metodológica versátil em relação as
variáveis que se deseja analisar e pode ser utilizado pelos tomadores de decisão dos mais
diversos setores industriais, na obtenção do grau de sustentabilidade de produtos e processos
de sistemas produtivos. Fornece ainda, informações sobre quais as variáveis devem ser
analisadas e melhoradas para o alcance da manufatura sustentável.

Palavras chaves: Sustentabilidade de Produtos e Processos, Índice de Sustentabilidade,


Manufatura Sustentável, Mapas Conceituais e Fluidos de corte.
viii

Abstract

This Thesis focuses on the sustainability of products and processes. It considers, thus, that
much information and criteria have to be taken into account when choosing the best fluid
application techniques in machining process for reaching sustainable manufacturing. It
proposes, therefore, the Sustainability Index Method of Evaluation (SIMA). In order to
develop and define this method, it established the State of the Arts of Society, using
knowledge elicitation of researchers and experts on requirements and restrictions for the use
of cutting fluid, through Conceptual Maps; as well as a bibliographic review on the State of
the Arts of the machining process, cutting fluid and sustainable manufacturing in order to
determine the degree of importance of the industrial processes variables from a sustainability
perspective. The methodology considered also, through laboratorial experiments, the
sustainability aspects by means of pairwise comparison, used in the Sustainability Index
Method of Evaluation (SIMA), with weighting force and indicator of the individual metrics
which have to be intervened so that the variables being analyzed allow to reach sustainable
manufacturing in productive systems. The Sustainability Index Method of Evaluation (SIMA)
developed showed to be a methodological tool which may be used by industrial decision
makers for measuring the sustainability of productive systems through the generation of the
Sustainability Index (SI) and, therefore, act upon the variables of the process and improve
them.

Key words: Product and Process Sustainability, Sustainability Index, Sustainable


Manufacturing, Conceptual Maps, and Cutting Fluids.
ix

Lista de Figuras

FIGURA 1.1 - Emissões de resíduos de fluidos de corte (GOMES & ALVES, 2007). .......... 24
FIGURA 1.2 - Artigos publicados em cada fonte de busca (2013). ....................................... 29
FIGURA 1.3 - Evolução dos estudos nos periódicos da CAPES (A) para fluido de corte e
(B) para manufatura sustentável. .......................................................................................... 29
FIGURA 1.4 - Concentrações dos estudos sobre fluido de corte. .......................................... 30
FIGURA 1.5 - Distribuição da concentração dos estudos para manufatura sustentável. ........ 31
FIGURA 2.1- Metodologia de Pesquisa da Tese................................................................... 33
FIGURA 3.1 - Estrutura hierárquica para a avaliação e aplicação do método para
determinação do Índice de Sustentabilidade (IS). ................................................................. 38
FIGURA 3.2 – Sequência utilizada no Método (MAIS)........................................................ 39
FIGURA 3.3 - Metodologia para produção e análise dos Mapas Conceituais. ....................... 40
FIGURA 4.1 - Diagrama da cunha cortante e zonas de cisalhamento primária e secundária
(TRENT, 1984; MACHADO et al., 2009)............................................................................ 46
FIGURA 4.2 - Áreas de aderência e escorregamento na interface ferramenta/cavaco
(TRENT & WRIGHT, 2000). .............................................................................................. 48
FIGURA 4.3 - A) Micrografia da raiz de um cavaco de aço ABNT 1010 e B) Ampliação da
região indicada em “A”(TRENT & WRIGHT, 2000). .......................................................... 48
FIGURA 4.4 - Zona de fluxo se estendendo no flanco da ferramenta de corte (TRENT &
WRIGHT, 2000). ................................................................................................................. 49
FIGURA 4.5 - Zonas de geração de calor em usinagem: A) Zona de cisalhamento primária;
B) e C) Zona de cisalhamento secundária; D) Zona de cisalhamento terciária (MACHADO
& SILVA, 2004). ................................................................................................................. 50
FIGURA 4.6 - Esquema de alinhamento das moléculas dos fluidos vegetais (A) e minerais
(B) (KURODA, 2006).......................................................................................................... 52
FIGURA 4.7 - A) Técnica de aplicação de fluido de corte por inundação e B) direções de
aplicação do fluido de corte. (1- sobre-cabeça, 2- na superfície de saída, 3- na superfície de
folga e 4- pelo interior da ferramenta) (MACHADO & SILVA, 2004; MORAES, 2009). .... 54
FIGURA 4.8 - Técnica de aplicação de fluido de corte com MQL, 1 e 2 bicos de injeção
(COSTA et al., 2006). .......................................................................................................... 55
FIGURA 4.9 - Produção dirigida à sustentabilidade (JAWAHIR & DILLON, 2007)............ 56
FIGURA 4.10- Fatores integrantes de um sistema produtivo (TEIXEIRA, 2001). ................ 57
FIGURA 4.11- Geração e emissão de resíduos em uma indústria metal-mecânica
(OLIVEIRA & ALVES, 2006). ............................................................................................ 58
FIGURA 5.1- Apresentação esquemática de um Mapa Conceitual (CAÑAS et al., 2008). ... 63
FIGURA 5.2 - Exemplo de proposições com conceitos, linhas e frases de ligação. ............... 66
x

FIGURA 5.3 – Formas de análise dos Mapas Conceituais definida pelo autor. ..................... 69
FIGURA 5.4 – Sequência para analisar os conceitos principais e secundários segundo
aspectos. .............................................................................................................................. 70
FIGURA 5.5 - Sequência da análise dos aspectos econômico, tecnológico (processo de
fabricação, químico e biológico) e ambiental/social.............................................................. 78
FIGURA 5.6 - Exemplo da interligação dos conceitos entre os aspectos ambiental, químico e
biológico. ............................................................................................................................. 79
FIGURA 5.7 - Sequência de análise: repetição dos conceitos. .............................................. 80
FIGURA 5.8 - Conceitos utilizados em proposições: clusters. .............................................. 81
FIGURA 5.9 - Sequência de análise: conceito utilizado em proposição: clusters. ................. 81
FIGURA 6.1 - Insertos utilizados nos experimentos de usinagem. ........................................ 85
FIGURA 6.2 - (A) posições de medição dos erros de forma e (B) peça modelo de liga de
alumínio. .............................................................................................................................. 86
FIGURA 6.3 - Sistema de lubri/refrigeração da máquina-ferramenta ROMI D800. .............. 87
FIGURA 6.4 - Equipamento MQL composto por: 1) reservatório de óleo com capacidade de
300 ml; 2) conector; 3) saída para o bico aspersor de ar; 4) saída para o bico aspersor de
fluido; 5) válvula de controle de fluxo de ar; 6) caixa metálica; 7) controle de entrada. ........ 88
FIGURA 6.5 - Medidor de energia e transdutor digital de grandezas elétricas Mult-K 120,
marca KRON. ...................................................................................................................... 89
FIGURA 6.6 - Sistema acoplado a máquina-ferramenta para medição da intensidade de
ruído. ................................................................................................................................... 90
FIGURA 6.7 - Planejamento para os experimentos do aspecto tecnológico. ......................... 92
FIGURA 6.8 - Método para o experimento do aspecto econômico. ...................................... 96
FIGURA 6.9 - Método para o experimento dos aspectos ambiental e social. ........................ 97
FIGURA 6.10 - Fluxograma utilizado para coleta de amostras do ambiente fabril. ............. 100
FIGURA 6.11 - Forma de coleta das amostras de névoa dos fluidos de corte e equip.......... 101
FIGURA 6.12 - Liga de Alumínio: desgaste de flanco da ferramenta de corte em função do
tipo de fluido e da técnica de aplicação de fluido de corte, com avanço fz 0,05 mm/dente. .. 104
FIGURA 6.13 - Liga de Alumínio: desgaste de flanco da ferramenta de corte em função do
tipo de fluido e da técnica de aplicação de fluido de corte, com avanço fz 0,15 mm/dente. .. 105
FIGURA 6.14 - Liga de Alumínio: desgaste de flanco da ferramenta de corte em função do
tipo de fluido e da técnica de aplicação de fluido de corte, com avanço fz 0,30 mm/dente. .. 106
FIGURA 6.15- Grau de recalque. ....................................................................................... 108
FIGURA 6.16 - Liga de alumínio: valores medidos de força de corte no fresamento. ......... 109
FIGURA 6.17 - Liga de alumínio: rugosidade média Ra medida na variação de velocidade de
corte (vc) e avanço (fz)........................................................................................................ 110
FIGURA 6.18 - Liga de alumínio: erros de circularidade na peça modelo em função da
técnica de aplicação e o tipo de fluido de corte. .................................................................. 111
xi

FIGURA 6.19 - FOFO cinzento: desgaste de flanco da ferramenta de corte em função do


tipo de fluido e da técnica de aplicação de fluido de corte, com vc= 135 m/min e fz= 0,1
mm/dente. .......................................................................................................................... 112
FIGURA 6.20 - FOFO cinzento: desgaste de flanco da ferramenta de corte em função do
tipo de fluido e da técnica de aplicação de fluido de corte, com v c= 135 m/min e fz= 0,4
mm/dente. .......................................................................................................................... 113
FIGURA 6.21 - FOFO cinzento: desgaste de flanco da ferramenta de corte em função do
tipo de fluido e da técnica de aplicação de fluido de corte, com v c= 200 m/min e fz= 0,1
mm/dente. .......................................................................................................................... 114
FIGURA 6.22 - FOFO cinzento: valores medidos da força de corte. .................................. 116
FIGURA 6.23 - FOFO cinzento: rugosidade média Ra medida na variação de velocidade de
corte (vc) e avanço (fz)........................................................................................................ 117
FIGURA 6.24 - Liga de alumínio: energia consumida considerando o sistema de usinagem
completo (máquina-ferramenta, exaustor e compressor de ar). ........................................... 124
FIGURA 6.25 - FOFO cinzento: energia consumida considerando o sistema de usinagem
completo (máquina-ferramenta, exaustor e compressor de ar). ........................................... 126
FIGURA 6.26 - Cavacos depositados na máquina-ferramenta da liga de alumínio e FOFO
cinzento, respectivamente. ................................................................................................. 127
FIGURA 6.27 - Situação interna da máquina-ferramenta na usinagem do FOFO cinzento
com a técnica de aplicação por inundação e MQL. ............................................................. 129
FIGURA 6.28 - Ensaio de coleta de fluido de corte com MQL após 3 horas de
funcionamento contínuo da máquina-ferramenta. ............................................................... 130
FIGURA 6.29 - Teores de espuma resultantes, conforme teste por norma ASTM D892. .... 130
FIGURA 6.30 - Variação de dBA no experimento com a técnica de aplicação de fluido de
corte por inundação e MQL na usinagem da liga de alumínio e no FOFO cinzento............. 133
FIGURA 7.1 - Influência dos aspectos de sustentabilidade sobre o IS. ............................... 143
FIGURA A.1- Corpos-de-prova do ensaio da liga de alumínio 7050-T7451. ...................... 160
FIGURA A.2- Preparação corpo de prova antes do processo de faceamento; A) corpo-de-
prova bruto, B) corte do tamanho do corpo-de-prova e C) retirada de carepa. ..................... 160
FIGURA A.3- Corpo-de-prova para a usinagem de superfícies complexas. ........................ 161
FIGURA B.1- Máquina-ferramenta utilizada nos ensaios com a liga de alumínio 7050T-
7451 e com o ferro fundido cinzento (Centro de Usinagem ROMI D800). ......................... 161
FIGURA C.1- Microscópio Wild M3C utilizado para medição do desgaste de flanco V B da
ferramenta de corte. ........................................................................................................... 162
FIGURA D.1- Microscópio Eletrônico de Varredura modelo XL-30. ................................. 163
FIGURA E.1- Paquímetro digital, marca Mitutoyo............................................................. 163
FIGURA F.1- Rugosímetro utilizado para medir a qualidade do acabamento superficial. ... 164
FIGURA G.1- Máquina de medição de coordenadas, marca Mitutoyo................................ 164
FIGURA H.1- Sensor com a placa de proteção para ensaios de fresamento. ....................... 165
FIGURA H.2- Amplificador de sinais Kistler 5070 A. ....................................................... 165
xii

FIGURA H.3- A) Montagem dos cabos de aquisição de dados na plataforma; B)


Equipamentos para a aquisição de dados e medição dos resultados..................................... 166
FIGURA J.1 – Amostrador gravimétrico. ........................................................................... 167
FIGURA K.1 – FTIR, modelo Spectrum One. .................................................................... 167
FIGURA L.1- Posições de medição da rugosidade Ra. R1) região lado esquerdo; R2) região
do meio e R3) região lado direito. ...................................................................................... 168
xiii

Lista de Tabelas

TABELA 3.1 - Critérios de avaliação do grau de intensidade do indicador individual e a


faixa de mensuração. ............................................................................................................ 43
TABELA 3.2 – Exemplo de análise de pares para aspectos de sustentabilidade, em ordem de
importância para a avaliação das prevalências apontadas nos Mapas Conceituais. ................ 44
TABELA 3.3 - Exemplo de cálculo de valor medido em relação ao padrão de referência
(normalização). .................................................................................................................... 45
TABELA 5.1- Principais conceitos identificados em cada aspecto analisado. ....................... 71
TABELA 5.2 - Conceitos mais repetidos pelos entrevistados, segundo a análise dos
aspectos. .............................................................................................................................. 79
TABELA 5.3 - Conceitos mais repetidos nas entrevistas. ..................................................... 80
TABELA 5.4 - Análise segundo proposições: cluster. .......................................................... 82
TABELA 6.1 - Especificação da liga de alumínio 7050-T7451, segundo AMS 4050H
(2003). ................................................................................................................................. 84
TABELA 6.2 - Especificação e propriedades do ferro fundido cinzento (TUPY, 2012). ....... 85
TABELA 6.3 - Ferramentas de corte utilizadas para a fabricação da peça modelo. ............... 86
TABELA 6.4 - Parâmetros referente à coleta das amostras de névoa de fluido de corte. ....... 90
TABELA 6.5 - Parâmetros de corte para ensaios de vida útil da ferramenta de corte em
superfícies planas. ................................................................................................................ 93
TABELA 6.6 - 49 combinações de parâmetros de corte para o ensaio de rugosidade Ra para
a liga de alumínio. ................................................................................................................ 95
TABELA 6.7 - Parâmetros de corte utilizados na usinagem da peça modelo. ....................... 95
TABELA 6.8 - Resultados da análise dos Mapas Conceituais Estado da Arte da Sociedade.103
TABELA 6.9 - Grupamentos químicos dos fluidos de corte. .............................................. 106
TABELA 6.10 - Liga de alumínio: forma dos cavacos produzidos nos ensaios de vida útil de
ferramenta de corte. ........................................................................................................... 107
TABELA 6.11 - Grau de recalque dos cavacos produzidos com a liga de alumínio. ........... 108
TABELA 6.12 - FOFO cinzento: forma dos cavacos produzidos nos ensaios de vida útil de
ferramenta de corte. ........................................................................................................... 115
TABELA 6.13 - Custo das variáveis de processo de usinagem. .......................................... 118
TABELA 6.14 - Custo das variáveis do processo de usinagem energia e ferramenta de corte
em relação aos parâmetros de corte, técnicas de aplicação e tipos de fluidos de corte. ........ 120
TABELA 6.15 - Liga de alumínio: variáveis para o cálculo da energia elétrica consumida
em relação ao tempo de usinagem do sistema de usinagem em operação. ........................... 123
TABELA 6.16 - FOFO cinzento: variáveis para o cálculo da energia elétrica consumida em
relação ao tempo de usinagem do sistema de usinagem em operação. ................................. 125
xiv

TABELA 6.17 - Pesos medidos de cavacos sobre a superfície e barramento da .................. 128
máquina-ferramenta. .......................................................................................................... 128
TABELA 6.18 - Especificação dos fluidos de corte. ........................................................... 131
TABELA 6.19 - Quantidade de fluido de corte absorvido pelo coletor de ar. ...................... 134
Tabela 7.1 - Conceitos utilizados como dados de entrada nesta análise. .............................. 136
Tabela 7.2 - Grau de importância dos conceitos traduzidos em funções de engenharia........ 137
Tabela 7.3 - Análise e forma de valoração dos indicadores individuais adotadas para esta
pesquisa. ............................................................................................................................ 138
Tabela 7.4 - Análise de pares dos aspectos de sustentabilidade em ordem de prevalência dos
Mapas Conceituais para a determinação dos pesos dos indicadores individuais. ................. 140
TABELA 7.5 - Liga de alumínio: resultado da comparação tecnológica-econômica entre
técnicas de aplicação de fluido de corte. ............................................................................. 141
TABELA 7.6 - Liga de alumínio: resultado da comparação ambiental entre técnicas de
aplicação de fluido de corte. ............................................................................................... 142
TABELA 7.7 - Liga de alumínio: resultado da comparação social entre técnicas de aplicação
de fluido de corte. .............................................................................................................. 143
TABELA 7.8 - FOFO cinzento: resultado da comparação tecnológica-econômica entre
técnicas de aplicação de fluido de corte. ............................................................................. 144
TABELA 7.9 - FOFO cinzento (MQL): resultado da comparação tecnológica-econômica
entre fluidos de corte. ......................................................................................................... 145
TABELA 7.10 - FOFO cinzento (MQL): resultado da comparação ambiental .................... 146
entre fluidos de corte. ......................................................................................................... 146
TABELA 7.11 - FOFO cinzento (MQL): resultado da comparação social .......................... 147
entre fluidos de corte. ......................................................................................................... 147
TABELA B.1- Especificações técnicas da máquina-ferramenta ROMI D800. .................... 162
TABELA M.1- Custo obtido com as empresas fornecedoras. ............................................. 168
TABELA M.2 - Avaliação econômica fluidos de corte- INUNDAÇÃO. ............................ 169
TABELA M.3 - Avaliação econômica fluidos de corte- MQL. ........................................... 169
TABELA M.4 - Avaliação econômica água- INUNDAÇÃO. ............................................. 169
TABELA M.5 - Avaliação econômica água- MQL............................................................. 170
TABELA M.6 - Avaliação econômica descarte e recuperação- INUNDAÇÃO. ................. 170
TABELA M.7 - Avaliação econômica equipamento de lubri/refrigeração. ......................... 170
TABELA M.8 - Avaliação econômica - doenças. ............................................................... 171
TABELA M.9 - Avaliação econômica energia consumida- Liga de alumínio-
INUNDAÇÃO. .................................................................................................................. 171
TABELA M.10 - Avaliação econômica energia consumida- Liga de alumínio- MQL. ....... 172
TABELA M.11 - Avaliação econômica energia consumida- FOFO cinzento-
INUNDAÇÃO. .................................................................................................................. 173
xv

TABELA M.12 - Avaliação econômica energia consumida- FOFO cinzento- MQL. .......... 174
TABELA M.13 - Avaliação econômica das ferramentas de corte consumidas- Liga de
alumínio- INUNDAÇÃO. .................................................................................................. 175
TABELA M.14 - Avaliação econômica das ferramentas de corte consumidas- Liga de
alumínio- MQL. ................................................................................................................. 175
TABELA M.15 - Avaliação econômica das ferramentas de corte consumidas- FOFO
cinzento- INUNDAÇÃO. ................................................................................................... 176
TABELA M.16 - Avaliação econômica das ferramentas de corte consumidas- FOFO
cinzento- MQL................................................................................................................... 176
xvi

Lista de Abreviaturas e Siglas

CO2 Dióxido de carbono


MQL Mínima Quantidade de Lubrificante
IS Índice de Sustentabilidade
MAIS Método de Avaliação do Índice de Sustentabilidade
CmapTools Software utilizado para o desenho digital de Mapas
Conceituais
Clusters São conceitos que estão mais interligados em Mapas
Conceituais, sendo os que mais recebem ou enviam frases de
ligação que formam proposições no mapa
EPIs Equipamentos de Proteção Individual
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior
vcav Velocidade de saída do cavaco (m/min)
h` Espessura do cavaco (mm)
H Espessura de corte (mm)
vc Velocidade de corte (m/min)
Rc Grau de recalque
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
 Ângulo efetivo de incidência (0)
ASTM American Society for Testing and Materials
EP Aditivo em fluidos de corte para trabalhos de extrema pressão
Cl Elemento químico cloro
P Elemento químico fósforo
Zn Elemento químico zinco
S Elemento químico enxofre
ZDDPs Elemento químico ditiofosfato de zinco
K Elemento químico potássio
Ca Elemento químico cálcio
OSHA Occupational Safety & Health Administration
NIOSH The National Institute for Occupational Safety and Health
xvii

ITA Instituto Tecnológico de Aeronáutica


EMBRAER Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A.
AMS Aerospace Material Specifications
ISCAR Empresa fabricante de ferramentas de usinagem
SANDVIK Empresa fabricante de ferramentas de usinagem
ROMI Empresa brasileira fabricante de máquinas-ferramenta
THD Total Harmonic Distortion
MEV Microscópio Eletrônico de Varredura
MMC Máquina de Medição por Coordenadas
CCM/ITA Laboratório Centro de Competência em Manufatura do
Instituto Tecnológico de Aeronáutica
NBR Norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas
FTIR Fourier Transform Infrared Spectroscopy
USEPA United States Environmental Protection Agency
VB Desgaste de flanco da ferramenta de corte (mm)
VBMÁX Máximo desgaste de flanco da ferramenta de corte (mm)
σ Desvio padrão
fz Avanço da ferramenta de corte por dente (mm/dente)
ap Profundidade de corte axial (mm)
ae Profundidade de corte radial (%)
Ra Média aritmética dos valores absolutos das ordenadas de
afastamento (yi), dos pontos do perfil de rugosidade em
relação à linha média, dentro do percurso de medição
MEP Norma utilizada para o uso de fluido de corte no setor
aeronáutico
SENAI-RJ Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Estado do
Rio de Janeiro/RJ
CTS Ambiental Centro de Tecnologia do SENAI-RJ Ambiental
CH2 Alcanos denominados de hidrocarbonetos parafínicos
N-H Composto pelo elemento químico nitrogênio e hidrogênio
ISO International Organization for Standardization
Ø Diâmetro da fresa (mm)
D Diâmetro da fresa (mm)
xviii

SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São


Paulo/SP
EDP Bandeirante/SP Concessionária distribuidora de energia elétrica do Estado de
São Paulo/SP
SIASS Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor
Ɛcons Energia consumida na unidade de tempo (kW.h)
Pcmed Potência de corte medida na operação de usinagem (kW)
Tu Tempo de usinagem da ferramenta de corte (h)
Pcmed Potência de corte calculada (kW.h)
Fcmed Força de corte medida nos experimentos (Kgf)
Tumed Tempo de usinagem da ferramenta de corte medido (h)
L Comprimento usinado pela ferramenta de corte (m)
N Rotações por minuto da ferramenta de corte (rot/min)
pH Índice de acidez do fluido
HAP Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos
NTB Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no
Trabalho
Ni Prevalência medida por conceito
Nmáx Máxima prevalência do conceito
Nmín Mínima prevalência do conceito
Benchmarking Padrão a ser alcançado
Iaspecto Índice de sustentabilidade do aspecto de sustentabilidade
analisado
Totalmed. Somatório dos produtos do caso medido
Totalrefer. Somatório dos produtos do caso de referência
Itecnológico-econômico relativo Índice do aspecto econômico-tecnológico relativo
Iambiental relativo Índice do aspecto ambiental relativo
Isocial relativo Índice do aspecto social relativo
Ɛmáquina Energia consumida pela máquina-ferramenta no tempo de
usinagem efetiva (kW.h)
Ɛexaustor Energia consumida pelo exaustor no tempo de usinagem
efetiva (kW.h)
Ɛcompressor Energia consumida pela compressor de ar no tempo de
xix

usinagem efetiva (kW.h)


EUA Estados Unidos da América
xx

Sumário

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 22
1.1 Motivação ...............................................................................................................................25
1.2 Declaração do problema e foco de aplicação da Tese ...............................................................26
1.3 Objetivos ................................................................................................................................27
1.4 Comparação dos objetivos da tese com a literatura relevante publicada....................................28
1.5 Descrição da Tese ...................................................................................................................31
2 METODOLOGIA CIENTÍFICA APLICADA À PESQUISA ................................. 33
3 MÉTODO DE AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE (MAIS) .. 37
3.1 Sequência metodológica do Método (MAIS) ....................................................................38
3.1.1 Dados de entrada ..........................................................................................................40
3.1.2 Geração da matriz de valoração ....................................................................................42
3.1.3 Dados de saída .............................................................................................................45
4 ESTADO DA ARTE - PROCESSO DE USINAGEM COM APLICAÇÃO DE
FLUIDOS DE CORTE ...................................................................................................... 46
4.1 Processo de usinagem de metais utilizando fluidos de corte ..............................................46
4.2 Requisitos e restrições para a utilização de fluido de corte na manufatura sustentável ..............50
4.3 Técnica de aplicação de fluido de corte ...................................................................................53
4.3.1 Inundação ........................................................................................................................53
4.3.2 Mínima Quantidade de Lubrificante (MQL) .....................................................................54
4.4 Manufatura sustentável x uso de fluidos de corte ..............................................................55
5 ESTADO DA ARTE DA SOCIEDADE .................................................................... 62
5.1 Mapas Conceituais como método de elicitação do conhecimento ......................................63
5.2 Método de aplicação dos Mapas Conceituais para esta Tese..............................................66
5.2.1 Definição dos sujeitos da pesquisa....................................................................................66
5.2.2 Realização e transcrição das entrevistas ............................................................................67
5.2.3 Produção do Mapa Conceitual para cada entrevista...........................................................68
5.2.4 Análise dos Mapas Conceituais dos entrevistados .............................................................69
6 EXPERIMENTOS LABORATORIAIS .................................................................... 83
6.1 Materiais e métodos aplicados ao desenvolvimento dos experimentos .....................................83
6.1.1 Materiais utilizados (bens de consumo e de capital) .....................................................84
6.1.2 Métodos aplicados para as medições ...........................................................................91
6.2 Resultado dos experimentos ........................................................................................... 102
6.2.1 Avaliação dos conceitos elicitados: Estado da Arte da Sociedade ................................... 102
xxi

6.2.2 Avaliação dos aspectos de usinabilidade – Aspectos tecnológicos ............................... 104


6.2.3 Avaliação dos aspectos econômicos .......................................................................... 117
6.2.4 Avaliação dos aspectos ambientais ............................................................................ 121
6.2.5 Avaliação dos aspectos sociais .................................................................................. 133
7 APLICAÇÃO E AVALIAÇÃO DO MÉTODO (MAIS) ........................................ 136
7.1 Aplicação do Método (MAIS) ........................................................................................ 136
7.1.1 Dados de entrada ....................................................................................................... 136
7.1.2 Geração da matriz de valoração ................................................................................. 137
7.1.3 Dados de saída .......................................................................................................... 140
8 CONCLUSÕES E PROPOSTAS DE FUTUROS TRABALHOS .......................... 148
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 150
ANEXO I .......................................................................................................................... 160
APÊNDICE I .................................................................................................................... 177
22

1 INTRODUÇÃO

O planeta Terra está passando por grandes transformações que se apresentam em


forma de desequilíbrio ecológico onde, cada vez mais, se evidencia a presença do ser humano
como agente principal e causador destas transformações (efeito estufa, desmatamento,
aumento do número de animais em extinção, poluição do ar, água, terra etc.).
Estes fatos começam a serem encarados como um problema mundial no final do
século XX e começo do século XXI, marcados pela preocupação e pela conscientização dos
seres humanos que voltam seu olhar para o planeta, considerando-o como uma fonte de vida e
de recursos naturais que se esgotam (SABBAG, 2009; Rio +20, 2012).
O desenvolvimento sustentável prevê a não degradação ambiental e considera um
mundo de recursos finitos (ROCHA, 2010). Neste cenário, os limites do uso dos recursos
naturais como água, ar, terra, metais etc., bem como a necessidade urgente de se produzir
bens de consumo para a satisfação humana que mantenham o ciclo da vida com a produção de
baixíssimos índices de poluição, principalmente, pela geração dos resíduos industriais,
desafiam as empresas a refazerem suas estratégias produtivas e aos pesquisadores a
desenvolverem tecnologias inovadoras que aproveitem os recursos de forma sustentável.
O foco principal do desenvolvimento sustentável é a sociedade. O seu objetivo é
incluir considerações sobre os impactos ambientais causados pela manufatura de produtos
que resulte na mudança de como pensa a sociedade, especialmente por meio de alterações na
forma como a economia mundial funciona e utiliza suas tecnologias (BAKER, 2006).
Nesta perspectiva, a manufatura sustentável pode ser definida como a criação de
produtos manufaturados com base em processos tecnologicamente eficazes e que minimizem
os impactos ambientais negativos, além de serem seguros para os trabalhadores, comunidades
e consumidores, e economicamente viáveis (BRANCO, 2011).
Na produção de bens de consumo, um dos processos mais utilizados na manufatura em
geral é a usinagem. O uso de fluidos de corte neste processo é comum, devido à melhoria nas
condições tribológicas. O emprego de fluido de corte aumenta a vida da ferramenta, minimiza
a geração de calor durante o processo, auxilia na remoção dos cavacos e, geralmente, melhora
a eficiência do sistema produtivo (MACHADO & SILVA, 2004).
De acordo com Trent & Wright (2000), o fluido de corte não deve apenas melhorar o
processo de corte conforme especificado, mas deve, também, satisfazer a uma série de outros
23

requerimentos, tais como: não ser tóxico e não oferecer riscos ao operador, não ser
inflamável, não ser prejudicial para o sistema de lubrificação da máquina-ferramenta e não
provocar corrosão ou manchar a peça usinada. Além disso, deve oferecer proteção à superfície
usinada e ter o menor custo possível. Assim, as funções dos fluidos de corte podem ser
resumidas, conforme Runge & Duarte (1990), em:
 Refrigerar;
 Lubrificar;
 Melhorar o acabamento da peça;
 Reduzir o desgaste das ferramentas;
 Remover os cavacos da área de corte e
 Proteger contra a corrosão (a máquina, a ferramenta, a peça e os cavacos).

Estes são os aspectos tecnológicos-econômicos da sustentabilidade do produto fluido


de corte. Em contrapartida, devido à multiplicidade dos efeitos negativos gerados pela
utilização dos fluidos de corte, tais como danos ao meio ambiente e agressão à saúde do
operador, especial atenção deve estar voltada à seleção eficiente dos fluidos de corte, para
garantir menores impactos ao meio ambiente e aos seres vivos (GOMES & ALVES, 2007).
Diante destes fatos, a utilização de fluidos de corte no processo de usinagem faz da
indústria metal-mecânica um potencial agressor do meio ambiente. São vários os problemas
decorrentes desta utilização, que vão desde a geração de efeitos nocivos ao ambiente de
trabalho até a agressão do ecossistema. Como exemplo e especificamente no uso de emulsões
(óleo + água), ao final do ciclo do processo de fabricação, o fluido de corte é transportado
para uma estação de tratamento onde acontece a separação do óleo e da água. Porém, não
existem tratamentos de fluido de corte eficientes que permitem aos componentes separados
retornarem ao processo e atuarem, novamente, em suas funções originais, sendo este um
grande passivo ambiental (MONTEIRO, 2006).
Para Gomes & Alves (2007), os impactos gerados pela utilização dos fluidos de corte
se dividem em 2 principais efeitos, conforme mostrado na FIGURA 1.1: efeitos nocivos à
atmosfera por meio da emissão da geração de CO2, gases, fumaça, névoa; e efeitos da
degradação de solos e dos recursos hídricos pela produção de resíduos que atinge,
principalmente, a subsistência dos seres humanos.
24

Pele
Órgãos respiratórios
Sistema digestivo

Humano

Filtração do
Gás, CO2 pelas
névoa plantas
e fumaça

Cavacos do processo de
usinagem Produção de
Partículas da ferramenta resíduos
Fluidos de corte usados

FIGURA 1.1 - Emissões de resíduos de fluidos de corte (GOMES & ALVES, 2007).

Algumas técnicas de aplicação de fluidos de corte para a melhoria das condições


tribológicas entre peça-ferramenta de corte tem sido, ao longo dos anos, fontes de estudos
aprofundados. Uma das técnicas de aplicação mais tradicionais (aplicação de fluido de corte
por inundação) tem como principal vantagem a redução da expansão térmica da peça de
trabalho onde as tolerâncias dimensionais são apertadas, assegurando assim a precisão
dimensional (MANG & NEUMANN, 1970). Como principal desvantagem, esta técnica de
aplicação de fluido de corte, devido as grandes quantidades necessárias do produto e às
composições químicas dos fluidos de corte utilizados, tornam estes mais suscetíveis à
contaminações pelo desenvolvimento de bactérias e fungos. Estas contaminações contribuem
para problemas no processo de usinagem como ferrugem e a perda por evaporação, o que
aumenta o custo de manutenção, além da agressão à saúde humana (GOMES &
VASCONCELOS, 2005).
Com este cenário, utilizar fluidos de corte em usinagem de materiais e que contenham
grandes quantidades de fluido (óleo e/ou água), como em sistema de aplicação por inundação,
começa a não ser mais desejável. Soma-se a isto, a visão de estratégia competitiva das
empresas produtoras de bens de consumo, principalmente, por não ser possível, ainda, a
reutilização do fluido de corte e por não existirem tratamentos eficazes com baixo consumo
de energia (SOUZA, 2008).
25

Para minimizar a utilização de fluido de corte na usinagem de metais, desenvolveu-se


a usinagem utilizando a técnica de aplicação com Mínima Quantidade de Lubrificante (MQL).
A técnica com MQL se baseia no princípio de utilização do fluido de corte por meio do baixo
fluxo de produto aplicado à elevadas pressões de ar. A função de lubrificação é assegurada
pelo fluido e a de refrigeração, mesmo que pequena, pelo ar comprimido. Esta pequena
quantidade de fluido é suficiente para reduzir o atrito no processo de corte, diminuindo a
tendência à aderência em materiais com tais características (KLOCKE, 1997; HEISEL et al.,
1998; DÖRR & NOVALSKI, 1999).

1.1 Motivação
Até hoje, poucas são as empresas que podem responder, definitivamente, à pergunta:
Qual de nossos produtos, processos, serviços e instalações são sustentáveis? Responder a
esta pergunta exige a capacidade de medir a sustentabilidade de uma forma qualitativa e
quantitativa. No entanto, para Fiksel et al. (1999), medir a sustentabilidade é diferente de
medir outras dimensões do desempenho dos negócios em vários aspectos importantes. Em
primeiro lugar, existe uma falta de padrões de medição comumente aceitas ou impostas. Em
segundo lugar, a sustentabilidade é complexa e multifacetada, abrangendo um amplo espectro
de temas desde a conservação do habitat, ao consumo de energia e a relação entre a satisfação
humana e os resultados financeiros industriais. Finalmente, a medição da sustentabilidade se
estende para além dos limites de uma única empresa e, normalmente, aborda o desempenho
de ambos os fornecedores a montante e jusante, clientes na cadeia de valor.
Na visão de Silva et al. (2009), para avaliar o desempenho de sustentabilidade de um
produto ou processo manufaturado, um conjunto abrangente de indicadores desses produtos e
processos precisa ser estabelecido como uma base e estes indicadores devem ser utilizados
para qualificar e quantificar o desempenho da sustentabilidade de um produto e/ou processo
específico. Isso permite que as indústrias de manufatura melhorem a sustentabilidade de seus
produtos e processos.
Neste contexto, a motivação deste trabalho está na importância de se avaliar produtos
e/ou processos, sob a ótica dos aspectos tecnológicos, econômicos, ambientais e sociais,
identificando os indicadores relevantes para a sociedade (aspectos qualitativos) e os valores
verificados em experimentos laboratoriais (aspectos quantitativos) para utilizar o Método de
Avaliação do Índice de Sustentabilidade (MAIS), foco desta Tese, e direcionar o produto e/ou
processo do sistema produtivo em análise para a manufatura sustentável. Para esta Tese, a
26

utilização de fluido de corte em processos de usinagem com os princípios da manufatura


sustentável é o tema a ser avaliado pelo Método (MAIS) proposto.

1.2 Declaração do problema e foco de aplicação da Tese

Dado o cenário descrito e a tendência de se introduzir o princípio da manufatura


sustentável, especificamente na fabricação de produtos e/ou processos em sistemas
produtivos, este trabalho busca responder: Pode-se fabricar bens de consumo, em sistemas
produtivos, seguindo os princípios da manufatura sustentável? Se sim, como medir e
qualificar a sustentabilidade em indústrias de diferentes setores?
Para tanto, apresenta o desenvolvimento de um Método de Avaliação de múltiplos
critérios, de modo a facilitar aos tomadores de decisão industriais avaliar quais são as
variáveis importantes a serem consideradas e que devam ser melhoradas no sistema produtivo.
Importante direcionador para a criação de um método de análise de múltiplas variáveis
é conhecer quais informações são estratégicas para que os aspectos da sustentabilidade sejam
considerados no todo e qual o grau de importância de cada uma destas informações, para que
sejam, efetivamente, incorporadas e utilizadas em chão de fábrica como requisito de melhoria
do sistema produtivo. Estas informações são transformadas em conceitos1 ligados por uma
frase de ligação que definem, caracterizam e indicam ações (Teoria de Mapas Conceituais).
Para se determinar a priorização desses conceitos, a produção e análise de Mapas
Conceituais que representam o conhecimento de pesquisadores e especialistas sobre o tema a
ser avaliado pelo Método (MAIS) é escolhida como uma ferramenta pertinente para este caso.
A partir desses conceitos transformados em funções de engenharia (indicadores
individuais), pode-se determinar o ranqueamento de importância para a determinação dos
pesos e analisar a influência de cada indicador sobre o produto e/ou processo em análise, por
meio da aplicação do Método de Avaliação do Índice de Sustentabilidade (MAIS), proposto
nesta Tese.

1
Conceito é aquilo que a mente concebe ou entende: uma ideia ou noção, representação geral e abstrata de uma
realidade. Pode ser também definido como uma unidade semântica, um símbolo mental ou uma unidade de
conhecimento (NOVAK, 1998).
27

1.3 Objetivos

Como forma de valorar o desempenho industrial sob a ótica dos aspectos


tecnológicos, econômicos, ambientais e sociais para que as decisões industriais sejam
direcionadas para a manufatura sustentável e facilitar a análise do grau de sustentabilidade
que envolve diversas variáveis, é proposto o desenvolvimento de uma matriz metodológica
denominada Método de Avaliação do Índice de Sustentabilidade (MAIS) que gera um Índice
de Sustentabilidade (IS) do produto ou processo do sistema produtivo em análise.
Os tipos e quantidades de variáveis são definidas pelos tomadores de decisão dos
ambientes fabris que serão analisados, não havendo limitação com relação ao tipo de
indústria, bastando determinar quais as variáveis são fundamentais no processo em análise
para determinação dos pesos e normalização das grandezas e posterior determinação do Índice
de Sustentabilidade (IS).
O resultado da aplicação do Método de Avaliação do Índice de Sustentabilidade
(MAIS) mostra aos tomadores de decisão industriais qual o grau de influência das variáveis
analisadas em cada um dos aspectos e aponta as melhorias que devem ser consideradas no
ambiente fabril sobre o produto ou processo.
O Método (MAIS) proposto será avaliado por meio de resultados obtidos por
experimentos de laboratórios utilizando variáveis como fluido de corte, técnica de aplicação
de fluido de corte no processo de usinagem por fresamento de materiais de corte com distintas
características, segundo a ótica da manufatura sustentável, sendo estas temáticas o limite de
controle deste trabalho.
Para alcançar estas proposições, este trabalho tem como objetivos específicos:

No contexto qualitativo
 Avaliar a rede conceitual de pessoas com experiência em temas a serem
analisados, baseado no conhecimento de especialistas e pesquisadores, elicitado e
representado em Mapas Conceituais, quanto aos aspectos tecnológicos,
econômicos, ambientais e sociais, de modo revelar os principais conceitos
envolvidos no processo produtivo de bens de consumo das unidades fabris usuais.
28

No contexto quantitativo
Tecnológico
 Identificar o efeito das propriedades dos fluidos de corte sobre os requisitos e
restrições nos processos de usinagem, especificamente na interface ferramenta-
cavaco, em operações com as técnicas de aplicação de fluido de corte por
inundação e MQL.

Econômico
 Quantificar os custos envolvidos no sistema de usinagem utilizando fluido de
corte, especificamente com a técnica de aplicação por inundação e por MQL.

Ambiental
 Avaliar o efeito dos resultados da aplicação da técnica de aplicação de fluido de
corte por inundação e MQL a partir da ótica de análise de eficiência energética e
das características do fluido a ser utilizado no ambiente fabril, bem como o
impacto do tratamento de resíduos, sua reciclagem e quantidade de material
consumido.

Social
 Avaliar o efeito do uso de distintas formas de técnicas de aplicação e do uso de
distintos fluidos de corte sobre na saúde ocupacional do operador.

1.4 Comparação dos objetivos da tese com a literatura relevante publicada

Para avaliar a relevância sobre os temas do objetivo da tese, o portal de periódicos da


CAPES, Science Direct, Scopus e Web of Science é utilizado. Pôde-se verificar uma grande
evolução dos estudos na área de processo de usinagem e fluido de corte. Analisando a Figura
1.2, verifica-se que a base mais restritiva é a Web of Science e isso pode ser explicado pela
restrição de acordo com o impacto do veículo de publicação.
29

Quantidade de periódicos consultados


4000

3500 3421

3000 2920
2779
Número de Publicações

2500

2079
2000

1500

958
1000 845

582
502
500
264
161
71 18
11 4 14 4
0
Fluido de Corte Manufatura sustentátvel Fluido de Corte x Manufatura Manufatura Sustentável x Análise
Sustentável Energética

Science Direct Scopus CAPES Web of Science

FIGURA 1.2 - Artigos publicados em cada fonte de busca (2013).

A Figura 1.3(A) ilustra o crescimento dos trabalhos publicados no portal de periódicos


da CAPES contendo a palavra chave fluido de corte no título, no resumo ou nas palavras
chaves.

Evolução dos estudos sobre Evolução dos Estudos sobre


fluido de corte manufatura sustentável
1200 350 340

1008 295
1000 300

250
Número de Estudos

Número de Estudos

800
200
586
600
150
400
264 100
76
200 144 38
50
77
9
0 0
Antes de 1967 1967 até 1980 1981 até 1990 1991 até 2000 Após 2001 Antes de 1995 1996 a 2000 2001 a 2005 2006 a 2010 Após 2011
Período de Estudo Período do Estudo

(A) (B)
FIGURA 1.3 - Evolução dos estudos nos periódicos da CAPES (A) para fluido de corte e (B)
para manufatura sustentável.

Nota-se que, apesar do fluido de corte ser objeto de estudo há mais de 45 anos e,
apesar de se verificar um crescimento exponencial a partir de 1967 nas publicações, quando
30

abordado o tema manufatura sustentável, este possui apenas 9 estudos publicados antes de
1995. Após o ano de 2005, constata-se uma crescente evolução na quantidade de estudos com
esse tema, como se pode observar na Figura 1.3(B).
Analisando a temática dos estudos, verifica-se que 38 % dos estudos de fluido de corte
contido nos periódicos da CAPES abordam manufatura sustentável. E ainda, ao se buscar por
artigos que possuem como objeto de estudo fluido de corte, manufatura sustentável, técnicas
de aplicação de fluido de corte por inundação e MQL, apenas 23 artigos foram publicados.
Por meio do mapeamento das áreas de concentração das pesquisas sobre fluido de
corte, representado na Figura 1.4, tem-se como principal característica estudada, o desgaste de
ferramenta, com 29%; seguido de avaliação e validação de fluidos de corte para novos
materiais, com 14%; e descarte, com 8%. Neste, não aparece o tema manufatura sustentável
diretamente, uma vez que este estudo é multidisciplinar. A saúde do operador é estudada
apenas em 5% das pesquisas, concentrada na dermatite por contato. Nos demais estudos,
como exemplo, tamanho de partícula de névoa, a qual pode ser cancerígena, existem números
diminutos diante dos demais.

3% 3%
3% Desgaste da ferramenta
4%
29% Avaliação/Validação
4%
Descarte
4%
Rugosidade da superfície
5%
Máquina-ferramenta
5% Tensão residual
Força de corte
5%
Dermatite de contato
5% Liga de titânio
14%
8% Manuseio
8%

FIGURA 1.4 - Concentrações dos estudos sobre fluido de corte.

Os estudos sobre manufatura sustentável, segundo as bases científicas pesquisadas,


podem ser divididos de acordo com a Figura 1.5. Visualiza-se um total de 5% das publicações
sobre manufatura sustentável, que concentram suas análises em consumo de energia somente.
Esta é uma parcela superior aos 3 % do fluido de corte. No entanto, esses trabalhos não estão
correlacionados, pois analisam cada questão de forma isolada.
31

Eficiência energética
5%
Impacto ambiental
Produção
Máquina- 5%
sustentável
ferramenta
5%
6%
Outros
Consumo de 24%
energia Outra
7% 36%

Fluido de corte
3%
Cadeia de
suprimentos Desgaste da
10% ferramenta
4%

Ciclo de vida
15% Integridade da
Sistema de produção superfície
11% 5%

FIGURA 1.5 - Distribuição da concentração dos estudos para manufatura sustentável.

Visualizar diferentes formas de lubrificação e refrigeração utilizando o fluido de corte


sob o prisma da eficiência energética torna-se necessário devido às atuais afirmações de
economia. Por exemplo, inexistem avaliações a respeito do consumo de energia do
compressor e a necessidade de um sistema de exaustão quando se utiliza a técnica de
aplicação de fluido de corte com MQL, bem como de sua relação comparativa ao uso da
técnica de aplicação por inundação sobre a energia consumida da bomba de lubri/refrigeração.
Quando se busca por trabalhos que relacionam fluido de corte, diferentes técnicas de
aplicação de lubrificação e refrigeração, manufatura sustentável e ainda aborde a saúde
ocupacional (saúde do operador), esse valor chega a 0%.
Portanto, na avaliação dos bancos de dados avaliados sobre os temas a serem
considerados na avaliação do Método (MAIS) não se observou a existência de um trabalho
correlacionando a todos os temas citados nos objetivos.

1.5 Descrição da Tese

Esta Tese é apresentada em 8 capítulos para o relato da pesquisa desenvolvida.


O Capítulo 1 estabelece a motivação e os objetivos gerais e específicos deste trabalho,
baseado nos princípios da manufatura sustentável e mais especificamente, a inserção da
utilização do fluido de corte segundo estes princípios. Apresenta também o levantamento do
32

volume de artigos publicados em literatura relevante sobre o tema utilização do fluido de


corte na manufatura sustentável.
No Capítulo 2, é explicitada a Metodologia Científica Aplicada à Pesquisa para que o
Método de Avaliação do Índice de Sustentabilidade (MAIS) proposto seja uma ferramenta
consistente e robusta em termos de conhecimento e aplicabilidade ao futuro usuário do
Método.
No Capítulo 3, é apresentado o desenvolvimento do Método (MAIS) para sistemas
produtivos, definindo a sequência adotada, a agregação e procedimento de valoração por peso
dos conceitos, bem como a normalização dos indicadores individuais em cada aspecto da
sustentabilidade a que pertence, gerando, assim, um número adimensional que identifica o
Índice de Sustentabilidade (IS) do produto e/ou processo do sistema produtivo.
O Capítulo 4 apresenta a revisão bibliográfica sobre o tema a ser avaliado pelo Método
(MAIS) – fluido de corte na manufatura sustentável - principalmente na relação interface
cavaco-ferramenta e a influência do fluido de corte no processo de usinagem de metais, seus
requisitos e restrições, composições mais utilizadas, técnicas de aplicação de fluido, uso do
fluido de corte na manufatura sustentável e os impactos causados sobre o meio ambiente e
seres humanos. Este capítulo serve de base para desenvolver a pesquisa com pesquisadores e
especialistas sobre o tema a ser avaliado.
O Capítulo 5 esclarece a metodologia de elicitação do conhecimento de pesquisadores
e especialistas sobre a utilização de fluidos de corte na visão da manufatura sustentável,
utilizando a representação do conhecimento por meio de Mapas Conceituais, denominado
Estado da Arte da Sociedade.
No Capítulo 6, são apresentados os materiais e métodos para o desenvolvimento dos
experimentos em laboratório propostos, bem como a discussão sobre os resultados obtidos
nos experimentos de representação do conhecimento, a utilização de fluidos de corte com a
técnica de aplicação por inundação e MQL na usinagem de metais, tendo como base os
conceitos elicitados e definidos como importantes nos Mapas Conceituais e segundo os
princípios da manufatura sustentável (tecnológicos, econômicos, ambientais e sociais).
O Capítulo 7 mostra a aplicação e a avaliação do Método (MAIS), por meio de 3
análises realizadas que utilizam os resultados obtidos dos experimentos no laboratório,
promovendo a discussão sobre a resposta obtida com o Método (MAIS).
No Capítulo 8, são apresentadas as conclusões desta Tese e propostas de novos
trabalhos.
33

2 METODOLOGIA CIENTÍFICA APLICADA À


PESQUISA

Este capítulo apresentará uma descrição geral da Metodologia Aplicada na Pesquisa,


buscando, ainda, justificar porque os métodos executados foram escolhidos e como foram
aplicados.
A Figura 2.1 demonstra a sequência metodológica estabelecida e a descrição resumida
de cada etapa da Tese.
a. Proposição do Método de Avaliação do Índice de Sustentabilidade (MAIS)

b. Estado da Arte da Sociedade

b.1 Literatura relevante


b.2 Mapas Conceituais
publicada

c. Experimentos em laboratório

c.1 Materiais e c.2 Resultados dos


métodos aplicados experimentos

d. Aplicação do Método (MAIS) proposto

e. Avaliação do Método (MAIS) proposto

FIGURA 2.1- Metodologia de Pesquisa da Tese.

a. Proposição do Método de Avaliação do Índice de Sustentabilidade (MAIS)


O Método (MAIS) é apresentado no Capítulo 3 desta Tese. É proposto como uma
ferramenta metodológica que qualifica e quantifica o grau de sustentabilidade do produto e/ou
processo em sistemas produtivos de bens de consumo.
Tem como principal objetivo auxiliar aos tomadores de decisão industriais na
preparação de ações estratégicas para que produto e/ou processo produzidos sejam
34

direcionados à manufatura sustentável, baseando-se na igual importância entre os aspectos de


sustentabilidade.
O detalhamento de cada etapa para a geração do Índice de Sustentabilidade (IS) está
apresentado nesta fase da pesquisa.

b. Estado da Arte da Sociedade


b.1 Literatura relevante publicada
Esta etapa, apresentada no Capitulo 4 desta Tese, implica no levantamento
bibliográfico do estado da arte acerca de processo de usinagem com aplicação de fluido de
corte na visão da manufatura sustentável, sendo este o tema de estudo escolhido como dado
de entrada do Método (MAIS).
Desta forma, analisando os efeitos causados na região da interface entre a ferramenta,
cavaco, máquina e superfície da peça, poderão ser identificados quais as variáveis que devem
ser analisadas com o intuito de melhorar a usinabilidade do processo, bem como o
levantamento dos requisitos e restrições para a utilização do fluido de corte nos processos de
usinagem em busca dos princípios da manufatura sustentável. Evidencia, também, os aspectos
que intervem, diretamente, no ambiente de chão de fábrica e na saúde do operador quando se
utiliza o fluido de corte.
Outro fator a ser considerado nesta fase da pesquisa são as causas e os efeitos da
utilização de técnicas de aplicação de fluido de corte que, dependendo do tipo de produto final
que está sendo fabricado, pode aumentar ou diminuir a vida útil da ferramenta de corte, o
acabamento da superfície, o tempo de usinagem, a quantidade de fluido de corte, a quantidade
de equipamentos e acessórios na máquina-ferramenta, a insalubridade do ambiente fabril, o
impacto sobre a saúde do operador etc..
Esta fase permitirá a obtenção dos direcionadores dos temas a serem analisados
utilizando a técnica de Mapas Conceituais que representa, por meio de diagramas, o
conhecimento de pesquisadores e especialistas da área a ser avaliada e nortear os
experimentos laboratoriais do Método (MAIS).

b.2 Mapas Conceituais


Os Mapas Conceituais, apresentados no Capítulo 5, são ferramentas usadas para
elicitar conhecimento por meio da identificação dos conceitos e, principalmente, das ligações
entre eles, estabelecidas em proposições e, por sua vez, das relações que permitem entre as
35

proposições, representando uma rede conceitual que, comumente não está explícita, nem
mesmo para o detentor de tal conhecimento (NOVAK, 1998).
A sistemática envolve entrevistas semi-estruturadas, a partir de questionário que trata
das questões a serem analisadas por pesquisadores e especialistas a respeito de um
determinado tema de seu conhecimento.
O levantamento bibliográfico aponta as variáveis consideradas relevantes para
servirem de entrada para o mapeamento de conceitos. Nesta etapa, é apresentada a
metodologia utilizada nesta Tese para a geração e análise dos Mapas Conceituais.

c. Experimentos em laboratório
Os experimentos em laboratório, apresentado no Capítulo 6 desta Tese, tem o objetivo
de mostrar o grau de intensidade dos indicadores individuais referentes ao ambiente fabril e
assim, avaliar a eficácia do Método (MAIS) proposto por meio da qualificação e
quantificação do Índice de Sustentabilidade (IS). Para tanto, é apresentado o resultado dos
Mapas Conceituais que identificam as variáveis avaliadas nos experimentos em laboratório.
Com esta identificação, são realizados experimentos que servem para gerar os valores
dimensionais para cada variável considerada importante (indicador individual), apontada pela
literatura contemporânea e nas entrevistas com os pesquisadores e especialistas e posterior
utilização no cálculo do Índice de Sustentabilidade (IS), numa análise derivativa denominada
par a par.

c.1 Materiais e métodos aplicados


Nesta etapa são descritos todos os bens de consumo e capital que comporão a base
para a realização dos experimentos em laboratório e que reflete o ambiente industrial a ser
avaliado.

c.2 Resultados dos experimentos


Os resultados obtidos nos experimentos de laboratório servirão de base para a
aplicação do Método (MAIS) e a geração do Índice de Sustentabilidade (IS) do ambiente
fabril. Formam os quesitos para o ranqueamento de cada indicador individual quando avaliado
segundo o aspecto de sustentabilidade a que pertence.
36

d. Aplicação do Método Proposto (MAIS)


Apresentado no Capítulo 7 e de posse dos resultados experimentais das variáveis que
podem ser analisadas, se aplicará o Método (MAIS), conforme explicado no Capítulo 3 desta
Tese, mostrando o impacto dos indicadores individuais no produto e/ou processo, o impacto
dos aspectos de sustentabilidade e a geração do Índice de Sustentabilidade (IS) do ambiente
industrial que está sendo analisado.

e. Avaliação do Método Proposto (MAIS)


A avaliação do Método (MAIS), apresentado no Capítulo 7, mostrará os valores
quantificados dos indicadores individuais avaliados, o grau de impacto de cada aspecto de
sustentabilidade e o índice de Sustentabilidade (IS) dos produtos e/ou processos que estão
sendo avaliados, mostrando em quais indicadores deve-se intervir para a melhoria do sistema
produtivo, segundo a visão da manufatura sustentável.
37

3 MÉTODO DE AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE


SUSTENTABILIDADE (MAIS)

A medição da sustentabilidade de um processo e/ou produto deve estender-se para


além dos limites da empresa que o produziu, abordando toda a cadeia de valor. Os indicadores
estão, normalmente, fundamentadas em 6 elementos, respectivamente, a funcionalidade de
engenharia, o processo de fabricação, a relação reciclagem/remanufatura/reuso, o impacto
ambiental, o impacto social e o custo de utilização de recursos (FIKSEL et al., 1999; SILVA
et al., 2009; ALHESABI, 2012).
Para Singh et al. (2009) existe uma necessidade, reconhecida por pesquisadores,
organizações e sociedade, de encontrar modelos, indicadores e ferramentas para articular e
quantificar um indicador que reflita as maneiras as quais as atividades industriais, atuais, são
insustentáveis. Porém, em sua pesquisa relativa à visão geral dos vários indicadores nos
respectivos níveis de Sustentabilidade, que são utilizados para medir o desenvolvimento
sustentável em diversos setores da economia, apenas poucos têm uma abordagem integral,
considerando aspectos tecnológicos, econômicos, ambientais e sociais. Na maioria dos casos,
o foco está em apenas um dos aspectos e os principais estudos recaem sobre o aspecto
econômico.
Neste sentido, pesquisadores vêm desenvolvendo proposições de métodos para
indicação do grau de sustentabilidade de produtos que correlacionam os aspectos tecnológico,
econômico de um produto fabricado com os impactos ambientais e sociais (DICKINSON &
CAUDILL 2003; GAO et al., 2003; SCHMIDT & BUTT, 2006; UNGUREANU et al., 2007;
FENG & JOUNG, 2009; OECD, 2011).
Porém, para a resposta do grau de sustentabilidade ser a mais próxima da realidade,
essas avaliações partem do pressuposto da necessidade de normalização de dados e de
ponderação de pesos, de modo a converter dados físicos medidos em pontuações
adimensionais (ZHANG et al., 2012).
38

3.1 Sequência metodológica do Método (MAIS)

Este capítulo apresenta a sequência metodológica do Método (MAIS) que congrega


uma avaliação multicriteriosa, de modo a determinar um Índice de Sustentabilidade (IS) para
o auxílio aos tomadores de decisão industriais na melhoria contínua de produtos e/ou
processos do sistema produtivo que se deseja analisar.
A construção do Método proposto é derivada de uma estrutura hierárquica de 3 níveis,
respectivamente, indicadores individuais, sub-índice e o Índice de Sustentabilidade (IS)
(Figura 3.1). O nível sub-índice representa os aspectos de sustentabilidade (tecnológico,
econômico, ambiental e social), onde as indicadores individuais são agregados para compor o
aspecto a que pertence (sub-índice) e normalizados para a ponderação dos pesos de cada
indicador individual no contexto do sub-índice e, por último, sua responsabilidade na geração
do IS.

Indicadores
individuais

AGREGAÇÃO

Sub-índice

NORMALIZAÇÃO = indicador x peso

Índice de
Sustentabilidade
(IS)

FIGURA 3.1 - Estrutura hierárquica para a avaliação e aplicação do método para


determinação do Índice de Sustentabilidade (IS).
39

A Figura 3.2 mostra as etapas e sequência proposta para este Método.

Sequência metodológica do Método (MAIS) para a geração do Índice de Sustentabilidade (IS)

a. DADOS DE ENTRADA

CONHECIMENTO ELICITADO NOS MAPAS CONCEITUAIS

b. GERAÇÃO DA MATRIZ DE VALORAÇÃO


Quantificação dos indicadores individuais para cada aspecto de sustentabilidade

Agregação dos indicadores individuais similares em cada sub-índice, conforme sua característica
(aspectos de sustentabilidade)

Determinação dos pesos de cada indicador individual em cada aspecto de sustentabilidade

Normalização dos valores de cada indicador individual= indicador x peso

Matriz de valoração para cada aspecto de sustentabilidade

c. DADOS DE SAÍDA

Grau de importância de cada sub-índice para a sustentabilidade

Índice de Sustentabilidade (IS) do sistema produtivo

FIGURA 3.2 – Sequência utilizada no Método (MAIS).

Conforme a sequência estabelecida na Figura 3.2, apresenta-se aqui como é executada


a análise dos dados de entrada, a geração da matriz de valoração e os dados de saída, bem
como os métodos utilizados para o desenvolvimento do Método (MAIS).
40

3.1.1 Dados de entrada

Os dados de entrada são dependentes da revisão bibliográfia relevante sobre as


variáveis do sistema produtivo que se deseja analisar, apresentado no Capítulo 4, bem como
do conhecimento tácito extraído em entrevistas com pesquisadores2 e especialistas3 e
representado em forma de Mapas Conceituais e apresentado no Capítulo 5.
A revisão bibliográfica aponta para quais variáveis devem ser consideradas no produto
e/ou processo que se deseja avaliar, segundo os aspectos de sustentabilidade e nortea a
execução dos questionamentos que serão feitos aos pesquisadores e especialistas sobre a área
de sua competência e consequente elicitação do conhecimento4.
O desenho do processo metodológico de produção e análise de Mapas Conceituais,
que representam conhecimento de pesquisadores/especialistas, está mostrado na Figura 3.3.

a. Definição dos sujeitos da pesquisa

b. Realização e transcrição das entrevistas

c. Produção de Mapa Conceitual para


cada entrevista

d. Análise dos Mapas Conceituais dos entrevistados

FIGURA 3.3 - Metodologia para produção e análise dos Mapas Conceituais.

A seguir é descrita a metodologia para a produção e análise dos Mapas Conceituais.

a. Definição dos sujeitos da pesquisa


O desenho metodológico desta parte da pesquisa de elicitação e representação de
conhecimento de pesquisadores e especialistas consiste em propor a pesquisadores e
especialistas das áreas econômica, tecnológica (processo de fabricação, químicos e

2
Pesquisador: Considerado o pesquisador a pessoa que clusterfoi entrevistada pertencente a academia e que possui produtividade do CNPq e
trabalha, fortemente, em pesquisas relacionados com as demandas industriais.
3
Especialista: Considerado especialista a pessoa que foi entrevistada e que possui conhecimento da área de fluido de corte e manufatura
sustentável e é tomador de decisão, tanto como fornecedor como cliente industrial.
4
Elicitação de conhecimento é usada para referir a revelação ou o evidenciamento de conhecimento que não está explícito. Elicitar
conhecimento é trazê-lo à tona, à superfície para que possa ser percebido, reconhecido.
41

biológicos), ambiental e social, dissertar sobre seu conhecimento em relação a um tema que se
deseja analisar, definindo-se assim, os principais conceitos e sua importância para serem
utilizados na manufatura sustentável.
Para a coleta de dados, define-se a quantidade de entrevistados com conhecimento
sobre o tema a ser avaliado, com foco em aspectos de sustentabilidade e com igual número de
participantes por aspecto. Os entrevistados são provocados, a partir de um mesmo roteiro de
perguntas, a dissertar sobre todos os aspectos em análise, de forma a ser evidenciado o
conhecimento em sua área e, possivelmente, o conhecimento em outras áreas relacionadas, de
maneira a reforçar a conexão dos conhecimentos entre as entrevistas.

b. Realização e transcrição das entrevistas


A coleta de dados é feita por meio de entrevistas semi-estruturadas com mínima
intervenção por parte do entrevistador. As perguntas são direcionadas para as variáveis que se
deseja avaliar no Método (MAIS) considerando os aspectos tecnológicos, econômicos,
ambientais e sociais. As entrevistas são realizadas por um entrevistador e os Mapas podem ser
realizados por um mapeador conceitual. Tanto o entrevistador e o mapeador devem ter
conhecimentos a respeito do tema das entrevistas.
A partir do conhecimento evidenciado no levantamento bibliográfico sobre os temas
que se deseja analisar, desenvolvem-se questões que promovam a formação da rede conceitual
dos entrevistados sobre os temas abordados.
As entrevistas são realizadas de forma individual e gravadas em sistema digital.
Busca-se o mínimo de intervenções por parte do entrevistador, de modo que os conceitos mais
significativos e importantes, para cada entrevistado, sejam o mais próximo da sua percepção e
conhecimento. Logo após a gravação digital, cada entrevista é transcrita para, a partir delas,
construir o Mapa Conceitual individual.

c. Produção do Mapa Conceitual para cada entrevista


Os Mapas Conceituais são produzidos com a ferramenta CmapTools, a qual é utilizada
para o desenho digital de Mapas Conceituais. As proposições vão sendo representadas no
mapa e estabelecendo os conceitos relacionados e interconectados na rede conceitual do
entrevistado, elicitando, portanto, seu conhecimento, objetivo desta etapa. O entrevistador e o
mapeador buscam identificar, neste processo, o significado dos principais conceitos definidos
pelo entrevistado.
42

As perguntas e respostas de cada entrevista são transformadas num Mapa Conceitual


individual, possibilitando, assim, analisar o conhecimento tácito e explícito sobre o assunto
abordado de cada entrevistado e cada Mapa Conceitual é, novamente, apresentado para o
entrevistado para sua resposta a respeito da qualidade da informação elicitada, sendo este o
processo de refinamento do conhecimento elicitado.

d. Análise dos Mapas Conceituais dos entrevistados


Uma vez refinados e produzidos os Mapas Conceituais e, portanto, tendo o
conhecimento individual elicitado, segue-se para a análise dos conceitos relevantes
implicados, segundo os entrevistados. Como o Mapa Conceitual representa, com clareza, os
conceitos e proposições de cada entrevistado a respeito do tema em discussão, dependendo do
que se deseja analisar e quantificar, inúmeras possibilidade de análise são possibilitadas,
desde a contagem de conceitos, conceitos mais repetidos nas entrevistas, formação de
clusters5, conceitos repetidos em cada aspecto analisado etc..
Cabe aos tomadores de decisão que estão desenvolvendo o produto e/ou o processo do
sistema produtivo em análise definir as variáveis a serem avaliadas pelo Método (MAIS) em
função das respostas que se deseja obter.

3.1.2 Geração da matriz de valoração

Os indicadores individuais são definidos caso a caso pelos tomadores de decisão


industrial e conforme as características da indústria que será analisada. Estes são divididos em
forma de medição: objetivos e subjetivos. Os indicadores objetivos são aqueles que podem ser
medidos diretamente em faixas de grandezas. Podem ter valores de referência normatizados
e/ou limites estabelecidos (conforme e não conforme), bem como comparações de cenários
com o padrão, nos quais são determinados escores de distanciamento deste.
Indicadores subjetivos dimensionais estão baseados no pressuposto da falta de
compreensão inteira do problema. Portanto, a pontuação pode ser atribuída pelas pesquisas
subjetivas de opiniões de peritos industriais, clientes, pesquisadores acadêmicos e/ou
organizações governamentais/não governamentais.

5
Cluster: São conceitos que estão mais interligados no Mapa conceitual, sendo os que mais recebem ou enviam as frases de ligação que
formam as proposições no mapa.
43

A determinação dos indicadores individuais a serem avaliados e a arbitragem dos


pesos de cada um são derivados das informações e análise dos Mapas Conceituais, emitidos
com apoio de pesquisadores e especialistas entrevistados. Os conceitos que são indicados para
análise são transformados em funções de engenharia para que possam ser mensurados, por
meio de experimentos, e agregados em cada aspecto de sustentabilidade, segundo a sua
característica, para serem avaliados pelo Método (MAIS).
Depois de determinados os indicadores individuais para estudo, se define a forma de
medição e o tipo de análise de cada um, baseado no conhecimento desenvolvido sobre o tema
apresentado na literatura relevante e que expresse o que se deseja avaliar.
Para avaliar o grau de intensidade do indicador individual em relação ao valor de
referência, no caso de indicadores objetivos, o valor medido ou qualificado é o equivalente ao
percentual de distância percentual do valor de referência. A pontuação 5 representa o melhor
caso e ao contrário, uma pontuação de zero é dada quando as piores condições possíveis, em
relação aos valores de referência, são alcançadas por um produto ou processo. Assim, tem-se
os critérios apresentados na Tabela 3.1, bem como a faixa de mensuração.

TABELA 3.1 - Critérios de avaliação do grau de intensidade do indicador individual e a faixa


de mensuração.
Critério de avaliação do grau de intensidade do indicador individual
Critério Faixa de mensuração
Critério 5 (excelência) valormedido≥ 0,90 x valorreferência
Critério 4 (muito bom) 0,75 x valorreferência ≤valormedido≥ 0,89 x valorreferência
Critério 3 (bom) 0,60 x valorreferência ≤valormedido≥ 0,74 x valorreferência
Critério 2 (regular) 0,45 x valorreferência ≤valormedido≥ 0,59 x valorreferência
Critério 1 (insuficiente) 0,30 x valorreferência ≤valormedido≥ 0,44 x valorreferência
Critério 0 (desqualificado) valormedido≤ 0,29 x valorreferência

O melhor/pior cenário é o caso onde os valores são estabelecidos segundo normas,


padrões e pelos maiores e menores valores medidos nos ensaios laboratoriais, conforme o
melhor cenário. Os valores qualitativos (indicadores individuais subjetivos dimensionais) são
também comparados na mesma escala, no entanto, conforme percepção do ensaista.
Após determinar o grau de intensidade dos indicadores individuais, utiliza-se a análise
dos Mapas Conceituais para determinar os pesos de cada indicador pela análise de pares. A
análise par a par avalia o grau de importância de cada um dos indicadores em relação aos
outros indicadores subsequentes (Tabela 3.2), em cada aspecto de sustentabilidade do Método
(MAIS). Esta etapa prioriza o conhecimento dos tomadores de decisão a respeito do que se
deseja avaliar e suas prerrogativas.
44

TABELA 3.2 – Exemplo de análise de pares para aspectos de sustentabilidade, em ordem de


importância para a avaliação das prevalências6 apontadas nos Mapas Conceituais.
Prevalências medidas por indicador
Item ASPECTO DE SUSTENTABILIDADE 1 2 3 4 Peso
1 INDICADOR 1 EM RELAÇÃO A 2, 3 E 4 x
2 INDICADOR 2 EM RELAÇÃO A 3 E 4 x
3 INDICADOR 3 EM RELAÇÃO A 4 x
4 INDICADOR 4 X

O cálculo dos pesos é realizado pela variação da medida executada (resultado do


experimento) com a mínima prevalência e pela máxima variação de prevalências, convertida
para uma escala de 1 a 5 de números inteiros (Equação 3.1).

(3.1)

onde:
Ni= Prevalência medida do conceito
Nmáx= Máxima prevalência do conceito
Nmín= Mínima prevalência do conceito

Com os pesos determinados, os indicadores individuais são normalizados dentro dos


aspectos de sustentabilidade do Método (MAIS), permitindo a conversão de medidas físicas
em escores adimensionais. De posse das informações sobre os valores dos indicadores
individuais, segundo a forma de medição (Tabela 3.1), que determina o grau de intensidade do
indicador medido com seus respectivos pesos, realiza-se a normalização dos indicadores
individuais. Cada indicador individual é multiplicado pela situação ideal de uso, que é o valor
padrão de benchmarking, nesta Tese, considerado o valor 5 (Tabela 3.3).
A razão entre o somatório do produto do valor medido do indicador individual pelo
seu peso e o somatório do produto do valor (5) pelo peso de cada indicador, em cada aspecto
de sustentabilidade, fornece a porcentagem de influencia deste aspecto em relação ao padrão
de benchmarking.

6
Prevalências: grau de importância de uma variável do sistema industrial em relação as outras variáveis relacionadas no
aspecto de sustentabilidade em análise, para a determinação de seu peso individual.
45

TABELA 3.3 - Exemplo de cálculo de valor medido em relação ao padrão de referência


(normalização).
Valor Valor Produto do
Peso da Produto
Indicadores individuais padrão de medido medido Índice
característica referência
Aspecto ambiental referência qualquer qualquer relativo
(1) (1) x (2)
(2) (3) (1) x (3)
Propriedade de descarte do fluido 5 5 25 3 15

)
Quantidade de aditivos 5 5 25 2 10
Fluido vegetal (biodegrabilidade) 4 5 20 2 8

Iambiental relativo= 3,07


Quantidade de névoa 4 5 20 4 16
Eficiência energética do ambiente 3 5 15 3 9

Iambiental relativo = 5 x (
Ferramenta de corte 3 5 15 5 15
Contaminação do fluido 2 5 10 4 8
Quantidade de emulsão 2 5 10 3 6
Utilização de água 1 5 5 3 3
Degradação do fluido em processo 1 5 5 2 2
ƩTotalrefer.= ƩTotal med.=
Total
150 92

3.1.3 Dados de saída

Em cada quantificação, o somatório dos indicadores medidos, comparado ao


somatório dos valores de referências ideais e ajustado por um multiplicador 5, resultam num
sub-índice, referente a um aspecto de sustentabilidade (Iaspecto) (Equação 3.2).

(3.2)

onde:
ƩTotalmed.= Somatório dos produtos do caso medido
ƩTotalrefer.= Somatório dos produtos do caso de referência

O somatório dos sub-índices, com igualdade de importância, dividido por 3, define o


Índice de Sustentabilidade (IS) (Equação 3.3). O (IS) é um valor referencial com a própria
característica do conjunto tecnológico disponível, não podendo ser comparativo entre distintas
situações, devido à quantidade de variáveis próprias de cada cenário. Salienta-se, novamente,
que cada ambiente fabril possui a sua realidade, bem como os indicadores individuais que
devem ser analisados e que comporão cada aspecto de sustentabilidade para que, no final da
avaliação, possa determinar ações factíveis para alcançar a manufatura sustentável, por meio
da geração do (IS).

(3.3)

onde,
Itecnológico-econômico relativo= Índice do aspecto tecnológico-econômico relativo
Iambiental relativo= Índice do aspecto ambiental relativo
Isocial relativo= Índice do aspecto social relativo
46

4 ESTADO DA ARTE - PROCESSO DE USINAGEM


COM APLICAÇÃO DE FLUIDOS DE CORTE

Neste capítulo é apresentado o tema para avaliação do Método de Avaliação do Índice


de Sustentabilidade (MAIS) que está concentrado na relação de compromisso entre processo
de usinagem e fluidos de corte na manufatura sustentável. Para isso, são abordadas as relações
entre a região de interface ferramenta-cavaco e seu impacto sobre o desgaste da ferramenta de
corte, com a análise de distintas técnicas de aplicações de fluidos de corte e respectivos
impactos ao meio ambiente e fatores sociais, sendo estes os temas delimitados para a
avaliação do Método (MAIS). Esta etapa serve de base para o mapeamento conceitual
apresentado no Capítulo 5 desta Tese.

4.1 Processo de usinagem de metais utilizando fluidos de corte

Os sistemas de refrigeração e lubrificação (técnicas de aplicação de fluido de corte)


têm como função básica auxiliar o processo de usinagem por meio do controle da temperatura
de processo, do aumento da refrigeração do sistema e pela diminuição das forças resultantes,
devido ao aumento da lubrificação na região do corte. Convencionalmente, sua seleção é
função da composição química necessária para proporcionar as propriedades e características
de um processo de usinagem específico (GOMES et al., 2007; MACHADO et al., 2009).
O mecanismo de formação de cavacos pode ser explicado considerando o volume de
material representado pela seção “klmn” movendo-se em direção ao gume (Figura 4.1)
(TRENT, 1984).

FIGURA 4.1 - Diagrama da cunha cortante e zonas de cisalhamento primária e secundária


(TRENT, 1984; MACHADO et al., 2009).
47

A ferramenta de corte incide sobre a seção “klmn” e o material começa a sofrer


deformações elásticas por meio do recalque. Em seguida, devido à ação da ferramenta sobre o
material, a deformação elástica é superada e o material começa a se deformar plasticamente.
Continuando a ação da força de corte da ferramenta sobre o material, a deformação plástica
segue até que as tensões não são mais suficientes para manter este regime, gerando, assim,
uma zona denominada primária de cisalhamento (Figura 4.1) (TRENT, 1984; MACHADO et
al., 2009). Ainda dentro da zona primária de cisalhamento, após o material entrar em regime
plástico, o avanço da ferramenta faz com que às tensões ultrapassem os limites de resistência
do material, promovendo a ruptura, que se inicia com a abertura de uma trinca no ponto “O” e
que pode se estender até o ponto “D”. A extensão da propagação da trinca que depende,
principalmente, da ductilidade ou da fragilidade do material da peça, vai determinar o tipo de
cavaco que se formará (arrancado, cisalhado ou contínuo) (MACHADO et al., 2009).
Após passar pela zona primária de cisalhamento, para o volume de material “klmn” só
resta movimentar-se sobre a face da ferramenta de corte na forma de cavaco, gerando o
formato “pqrs” (Figura 4.1).
O cavaco sofre deformações plásticas normal e cisalhante, numa pequena região junto
à interface com a ferramenta, desenvolvendo ali, altíssimas temperaturas, o que compromete
as propriedades de resistência das ferramentas. Esta área é conhecida como zona secundária
de cisalhamento (Figura 4.1). Verifica-se ali que a espessura do cavaco h’ é maior que a
espessura de corte h e o comprimento do cavaco correspondente é, desta maneira, mais curto.
Como consequência, a velocidade de saída do cavaco (vcav) é menor que a velocidade de corte
(vc) (MACHADO et al., 2009).
O grau de recalque Rc é definido pela relação entre h’ e h ou entre vc e vcav. Pode-se
afirmar que o atrito entre a interface ferramenta/cavaco aumenta, bem como as temperaturas
envolvidas na zona de fluxo (MACHADO et al., 2009).
As grandes deformações do cavaco na zona secundária de cisalhamento são capazes de
causar danos irreparáveis à ferramenta de corte e, desta maneira, à sua vida útil,
principalmente pela força de atrito gerada e pelas temperaturas produzidas (TRENT, 1984).
Para materiais que se deformam na zona de cisalhamento secundária, a condição de
interface pode ser dividida em 2 regiões chamadas de zona de aderência e de escorregamento.
A zona de aderência se estende na periferia da face e a de escorregamento se desenvolve na
região de descolamento do cavaco da ferramenta (Figura 4.2) (TRENT & WRIGHT, 2000).
48

FIGURA 4.2 - Áreas de aderência e escorregamento na interface ferramenta/cavaco (TRENT


& WRIGHT, 2000).

Na zona secundária de cisalhamento, as pressões normais na superfície de saída da


ferramenta são elevadas, podendo chegar a 3,5 GN/m2 na usinagem de alguns aços,
caracterizando atrito sólido, no regime III, pois não existe superfície livre entre os materiais.
Sob estas condições, o movimento na interface ocorre por cisalhamento dentro do material
transformado em cavaco (SHAW et al.,1960; TRENT, 1984).
As tensões de escoamento são reduzidas por um processo de recuperação dinâmica,
que ocorre com o aumento da temperatura, fazendo com que o material apresente
escorregamento dos contornos de grãos e se comporte como um “fluido viscoso com zonas de
fluxo” (Figura 4.3- B) (TRENT, 1988c; TRENT & WRIGHT, 2000).

A B

FIGURA 4.3 - A) Micrografia da raiz de um cavaco de aço ABNT 1010 e B) Ampliação da


região indicada em “A”(TRENT & WRIGHT, 2000).

Como na região de aderência as pressões são muito elevadas, o fluido de corte não tem
função lubrificante e nem refrigerante, pois as temperaturas são superiores às temperaturas de
ebulição (JOKSCH, 2004).
49

As condições de aderência podem também ocorrer no flanco da ferramenta de corte,


quando o desgaste atinge determinadas proporções que eliminam o ângulo efetivo de
incidência () (Figura 4.4).

FIGURA 4.4 - Zona de fluxo se estendendo no flanco da ferramenta de corte (TRENT &
WRIGHT, 2000).

A zona de interface entre a peça e o flanco da ferramenta é também conhecida como


zona terciária de cisalhamento (Figura 4.5) (MACHADO & SILVA, 2004).
Desta forma, pode-se afirmar também que, no processo de usinagem, praticamente
todas as energias consumidas são convertidas em calor nas 3 zonas de cisalhamento (primária,
secundária e terciária) (MACHADO et al., 2009).
Testes para verificação do tipo de cavaco encontraram, na usinagem, condições
totalmente distintas para ligas de níquel (cavaco cisalhado) e para ferro fundido cinzento
(cavaco quase arrancado), sendo que a melhor posição para aplicação de fluido de corte foi
quando aplicado na zona “terciária de cisalhamento” (LAUTERBACH, 1952; SMART &
TRENT, 1974).
50

FIGURA 4.5 - Zonas de geração de calor em usinagem: A) Zona de cisalhamento primária;


B) e C) Zona de cisalhamento secundária; D) Zona de cisalhamento terciária (MACHADO &
SILVA, 2004).

4.2 Requisitos e restrições para a utilização de fluido de corte na


manufatura sustentável

Quando as tensões cisalhantes ultrapassam as tensões normais, gerando baixas tensões


de compressão, o cavaco se desprende da interface ferramenta/cavaco e a eficiência da
lubrificação dos fluidos de corte estará na sua capacidade de penetração na interface
ferramenta/cavaco por capilaridade, sendo função da molhabilidade, viscosidade, oleosidade e
resistência produzida. Com 30% de saturação da superfície de contato entre o cavaco e a
ferramenta por fluidos de corte é possível uma redução da força de atrito em 75% (MANG &
NEUMANN, 1970; JOKSCH, 2004; GOMES et al., 2007).
Amplamente utilizada como fluidos de corte, as emulsões (mistura entre 2 líquidos
imiscíveis) são o resultado do interfaceamento de uma estrutura molecular polar (água) com
outra apolar (óleo), por intermédio de surfactantes tensoativos. As emulsões têm a seu favor a
elevada capacidade de refrigeração na zona de corte (devido à quantidade de àgua), aliada aos
fatores de lubrificação do óleo. Soma-se a isso a capacidade de retirada de cavaco da zona de
corte (WEI, 2003).
O argumento de capacidade de refrigeração na zona de corte é questionado na
literatura, considerando que, como emulsões são óleos misturados à água e que possuem um
baixo ponto de ebulição, quando entram em contato com a peça quente, a troca de calor e a
51

evaporação do líquido é imediata, ocorrendo assim a redução da temperatura da peça, mas não
na interface ferramenta/cavaco (SALES, 1999).
As emulsões podem ser de base mineral, vegetal, sintética e semi-sintética. Os fluidos
de corte de base mineral são classificados em tipo de enxofre: ativos e inativos. Os ativos
contêm cerca de 2% de enxofre e têm bom poder de lubrificação, causando redução do atrito
na zona secundária de cisalhamento (zona de escorregamento). A norma ASTM D130
conceitua e diferencia o enxofre ativo do inativo. O enxofre ativo está presente nos fluidos de
corte diretamente dissolvido e, nesse estado, ataca o cobre e suas ligas causando a formação
de manchas, mas não é agressivo em relação ao aço ou ao ferro. O enxofre inativo está
presente combinado com matéria graxa (gordura sulfurizada) e, neste caso, não ataca o cobre
e suas ligas. Convenciona-se chamar os fluidos de corte ativos também como sulfurados a
base de óleo mineral com enxofre livre e inativos, como sulfurizados os fluidos de corte com
enxofre combinado com matéria graxa (RUNGE & DUARTE, 1990).
Aditivos podem ser adicionados a emulsões de modo a conferir propriedades
antiespumantes, anticorrosivas, antioxidantes, antidesgaste, antisolda (Extrema Pressão - EP),
de boa umectação, de capacidade para absorção de calor, de transparência, de capacidade
inodora, de não formação de névoa, de não provocação de irritações à pele, de não agressão
ao meio ambiente e de baixa variação de viscosidade (MACHADO & DINIZ, 2004).
Para aumentar o efeito de capilaridade, aditivos EP são adicionados à composição de
lubrificantes, de modo a aumentar a afinidade com a superfície metálica, aumentando o poder
de lubrificação formando filmes sólidos. O cloro (Cl) e o fósforo (P) apresentam poder
lubrificante em temperaturas por volta de 300ºC. O zinco (Zn) tem ação em aproximadamente
400ºC e o enxofre (S), à 600°C. Quando adicionados juntamente, zinco (Zn) e fósforo (P)
formam um composto ditiofosfato de zinco (ZDDPs) o qual age como lubrificante e anti-
oxidante. O potássio (K) é responsável pela formação de um sabão protetivo sobre a face da
ferramenta de corte. O cálcio (Ca) também é utilizado como aditivo formando, com o enxofre
(S), os sulfonatos. Seu mecanismo de atuação consiste na formação de películas absorvidas
sobre a superfície metálica, sendo mais resistentes do que as formadas pela matéria graxa,
constituindo assim, uma barreira comparável às constituídas pelos aditivos EP convencionais
(RUNGE & DUARTE, 1990; WALTER, 2003; BRESSAN, 2007).
No entanto, no caso da usinagem de ligas de alumínio, os fluidos de corte à base de
cloro (Cl) são agentes catalisadores para corrosão nos contornos de grãos, gerando trincas
internas no material, interferindo na resistência e levando à fadiga do material. Para a
52

indústria aeronáutica, na usinagem de ligas de alumínio, são estipulados valores de índice de


acidez máximos de 34,0 ±3,0 mg HCl/g de amostra. Valores superiores interferem na
qualidade da peça final (BARTZ, 2001; KNIGHT et al., 2011).
Uma alternativa ao uso de óleos de bases minerais são os óleos de bases vegetais.
Fluidos de base vegetal possuem, comparados aos de bases minerais, sintéticas e semi-
sintéticas, menores índices de acidez e maior lubricidade (GONÇALVES, 2013).
As elevadas propriedades lubrificantes intrínsecas dos componentes vegetais são
possíveis devido à composição de suas moléculas longas e de natureza bipolar, fazendo com
que as gotículas do fluido se comportem como pequenos ímãs sobre o metal, resultando um
alinhamento perpendicular das moléculas à superfície do metal, atuando como um lubrificante
hidrodinâmico, o que não ocorre com os óleos de natureza mineral, que formam um
alinhamento aleatório na superfície de metal, produzindo uma camada mais fraca de
lubrificação (Figura 4.6) (FUKS, 1963; ULRICH, 2002; JOHN et al., 2004; KURODA, 2006;
HUSNAWAN, 2006; GOMES, 2006; SOUZA et al., 2010; BIRESAW & MITTAL, 2011).

Superfície da peça Superfície da peça


FIGURA 4.6 - Esquema de alinhamento das moléculas dos fluidos vegetais (A) e minerais
(B) (KURODA, 2006).

O gerenciamento de fluidos de base vegetal é uma restrição para o seu uso. Devido à
instabilidade térmica de oxidação, provocada pelos ácidos graxos insaturados, é comum a
proliferação de micro-organismos (STEREN, 1989; ADHVARYU, 2004; JOSEPH, 2007;
STEHLIK, 2009).
Resultados obtidos em ensaios de fresamento de liga de alumínio da classe 7XXX
apresentaram vida de ferramenta de corte (todos os produtos submetidos as mesmas
condições), com fluido de base vegetal pinhão manso, 43% melhor do que com os fluidos de
53

base semi-sintética e de base sintética. Outra vantagem observada foi a maior estabilidade
química (GONÇALVES, 2013).
Fluidos sintéticos são produzidos em laboratório a partir de fluidos de bases vegetais
(base éster) e de fluidos minerais (base polímero). São resultantes da reação entre óleo
vegetal, álcool e um ácido formando o éster. Os fluidos sintéticos de base éster possuem as
mesmas etapas de fabricação de um biodiesel (processo de esterificação) (KREVALIS et al.,
1994; RUDNIK, 2006).
Fluidos de base sintética polimérica possuem baixa capacidade de lubrificação e uma
maior capacidade de refrigeração do que as demais bases. Como o fluido sintético mais
resistente que os demais, composto por moléculas que são uniformes no peso e na forma, sua
temperatura de vaporização é muito mais elevada (mais de 300°C, comparativamente a 150°C
dos óleos de base mineral), permitindo o menor desgaste por oxidação da ferramenta de corte.
Como fator limitante, os fluidos sintéticos de base polimérica agridem a estrutura da
máquina-ferramenta (vedações, mangueiras e pintura) (SCHOLZ & FUCHS, 1999;
EISENTRAEGER et al., 2002; BOYDE, 2002; RUDNIK, 2006; GONÇALVES, 2013).
Os fluidos de corte de base semi-sintética, que também são formadores de emulsões,
se caracterizam por apresentarem, em suas composições, de 5 a 30% de fluido mineral,
aditivos químicos miscíveis em água e biocidas que aumentam a vida útil do fluido e reduzem
os riscos à saúde dos operadores. As vantagens e limitações são semelhantes às dos fluidos de
base sintética, com exceção dos semi-sintéticos puros que possuem melhor capacidade de
lubrificação (RUNGE & DUARTE, 1990; EL BARADIE, 1996; STEMMER, 2001).

4.3 Técnica de aplicação de fluido de corte

4.3.1 Inundação

A técnica de aplicação de fluido de corte por inundação é a mais utilizada na usinagem


de metais e é executada pelo direcionamento total do fluido de corte em toda a zona de
usinagem (Figura 4.7- A). A aplicação de fluido de corte é direcionada por um ou mais bocais
para as 3 zonas de cisalhamento do cavaco (Figura 4.7- B). A maioria das máquinas-
ferramentas dispõe, como acessório principal, o sistema de aplicação de fluido de corte por
inundação composto por bomba de circulação, mangueiras, filtros de limpeza, bicos
direcionadores e reservatório de fluido de corte. O tipo e o posicionamento do bocal exercem
54

grande influência no processo de corte (Figura 4.7) (BRAGHINI, 2002; MACHADO &
SILVA, 2004; MORAES, 2009).

A B

FIGURA 4.7 - A) Técnica de aplicação de fluido de corte por inundação e B) direções de


aplicação do fluido de corte. (1- sobre-cabeça, 2- na superfície de saída, 3- na superfície de
folga e 4- pelo interior da ferramenta) (MACHADO & SILVA, 2004; MORAES, 2009).

A geometria dos bocais, o ângulo de incidência (), bem como a velocidade do jato de
fluido de corte são parâmetros que influenciam na penetração do fluido de maneira efetiva na
zona de corte (MOTTA & MACHADO, 1995).
O sistema de recirculação da técnica de aplicação por inundação (uso de mangueiras
de passagem, reservatórios, bombas e a própria máquina-ferramenta) é uma restrição do
sistema. Em algumas plantas industriais, são comuns paradas prolongadas de produção e,
nestes casos, é comum a proliferação microbiana em pontos críticos do sistema e a formação
de biofilmes, reduzindo a vida útil do fluido de corte (CAPELLETTI, 2006).

4.3.2 Mínima Quantidade de Lubrificante (MQL)

O princípio da técnica de aplicação de fluido de corte por Mínima Quantidade de


Lubrificante (MQL) consiste em direcionar um fluxo de ar com gotículas de fluido de corte
contra a saída do cavaco (diretamente na zona de escorregamento) ou entre o flanco da
ferramenta de corte e a peça. As técnicas que utilizam volumes baixos de fluidos de corte têm
sido muito investigadas, chegando a valores baixíssimos, em torno de 200 até 10 ml/h. O
tamanho do cavaco é controlado por meio de um efeito físico pneumático (Figura 4.8)
(MACHADO & WALLBANCK, 1997; MACHADO et al., 1999; DÖRR & SAHM, 2000;
COSTA et al., 2006; PUSAVEC et al., 2010).
55

FIGURA 4.8 - Técnica de aplicação de fluido de corte com MQL, 1 e 2 bicos de injeção
(COSTA et al., 2006).

Pesquisas comprovam que a utilização da técnica de aplicação de fluido de corte com


MQL provoca uma redução considerável nas componentes de forças de corte, bem como a
redução do volume de descarte, a produção de peças e cavacos mais limpos, a redução do
custo de processamento e a limpeza e acondicionamento, em comparação com a técnica de
aplicação por inundação. Como desvantagens, a névoa gerada pelo sistema MQL pode ser
considerada como um subproduto indesejável, pois contribui para aumentar o índice de
poluentes em suspensão no ar. Além disso, normalmente, o desgaste da ferramenta de corte é
maior (RAHMAN et al., 2002; MACHADO & DINIZ, 2004; COSTA et al., 2006;
PUSAVEC et al., 2010).
A aplicação interna por MQL é realizada por 1 canal onde o ar e o óleo são misturados
externamente ao fuso com doses pré-determinadas controladas por sistema automático e
levado até o ponto de aplicação. Na aplicação interna por MQL em 2 canais, a mistura de ar-
óleo ocorre no interior do fuso. O MQL de um canal destaca-se pela facilidade de adaptação
em máquinas-ferramentas não projetadas para MQL. A mistura ar-óleo ocorre externamente
ao fuso, não sendo necessária grandes modificações no equipamento nos casos de adaptações.
No sistema de dois canais, a mistura ar-óleo acontece no interior do spindle da máquina. Esse
sistema permite uma configuração mais flexível na proporção ar-óleo e são indicados na
usinagem de materiais e operações que necessitam de maior lubricidade (DHAR et al., 2006).

4.4 Manufatura sustentável x uso de fluidos de corte

Os problemas ambientais causados pelo consumo dos recursos naturais e da poluição


resultante da vida útil de produtos técnicos levaram a uma crescente pressão social e de
56

regulamentação mais forte a ser aplicada aos fabricantes e usuários de fluidos de corte. Desse
modo, com a implementação dos princípios de sustentabilidade no uso de fluidos de corte,
devem estar garantidos os investimentos para que ocorra o seu melhor desempenho na
preservação do meio ambiente (Figura 4.9) (GUTOWSKI et al., 2005; JAWAHIR &
DILLON, 2007; JOVANE et al., 2008; JEGATHEESAN et al., 2009).

FIGURA 4.9 - Produção dirigida à sustentabilidade (JAWAHIR & DILLON, 2007).

A ideia de desenvolvimento sustentável está definida no nível macro de produção


desde o Relatorio Our Common Future redigido pela Comissao de Brundtland, convocada
pelas Organizações das Nações Unidas (ONU) entre 1984 e 1987, para enfrentar a crescente
preocupação com o declinio dos sistemas ambientais e as consequencias para o
desenvolvimento econômico e humano (BAKER, 2006; BRUNDTLAND e KHALID, 1987).
Porém, existe uma grave falta de práticas de implementação no chão de fábrica que lidam
com as tecnologias de usinagem. Em contrapartida, as indústrias estão se esforçando para
alcançar a manufatura sustentável por meio de redução de resíduos, reuso de produtos,
reciclagem de passivos, recuperação de recursos, mudanças no produto, ciclos de material e
inovações nas práticas de produção, a fim de cumprir os objetivos da manufatura sustentável
(JOVANE et al., 2008).
No entanto, as diferenças entre a ciência, a formulação de políticas de governo e a sua
implementação tem que ser superada. Com a implantação dos princípios de sustentabilidade
nas tecnologias de usinagem, os acionistas industriais têm uma potencial alternativa de
agregar valor aos bens de consumo e melhorar o seu desempenho ambiental, mesmo que a sua
produção permaneça na mesma faixa ou até diminua (GUTOWSKI et al., 2005; JOVANE et
al., 2008).
57

Desta forma, a manufatura tradicional passa a ser considerada com pouca condição de
agregação de valores econômicos ao longo do tempo. Por sua vez, os processos que utilizam,
cada vez mais, os aspectos que influenciam diretamente os pilares da sustentabilidade
(manufatura sustentável), estão sendo valorados pelas indústrias e sendo implantados em
espaços de tempo bem menores (PUSAVEC et al., 2010).
Trazendo a problemática da sustentabilidade ambiental para o sistema produtivo da
indústria metal-mecânica, Teixeira (2001), estabeleceu a inter-relação entre 3 importantes
aspectos envolvidos em processos de fabricação, respectivamente, os aspectos econômicos,
tecnológicos e ambientais e sociais (Figura 4.10).

FIGURA 4.10- Fatores integrantes de um sistema produtivo (TEIXEIRA, 2001).

A Figura 4.11 representa a necessidade de elaboração de um balanço tecnológico,


econômico, ambiental e social do processo produtivo, na geração e emissão de resíduos em
uma típica indústria metal-mecânica.
Com a entrada de matéria prima, energia elétrica e óleo de corte numa indústria metal-
mecânica, resultam no desequilíbrio dos insumos de saída como as emissões atmosféricas, o
consumo de energia, os resíduos sólidos impregnados de óleo e os efluentes líquidos
(OLIVEIRA & ALVES, 2006).
58

FIGURA 4.11- Geração e emissão de resíduos em uma indústria metal-mecânica (OLIVEIRA


& ALVES, 2006).

Os fluidos de corte usados em ambientes de fabricação podem trazer efeitos adversos,


produzindo 3 principais tipos de danos a saúde humana (IGNÁCIO, 1998; TAN et al., 2005;
FUSSE et al., 2005; OLIVEIRA & ALVES, 2006):
 A toxidade dos aditivos causa danos à saúde das pessoas;
 A ação de degradação do fluido de corte e dos biocidas causam danos à pele e
 As misturas de fluidos de corte e alcalescência causam danos ao aparelho
respiratório das pessoas.

Os danos mais comumente relatados são problemas dermatológicos, mas efeitos


respiratórios e pulmonares também são detectados, devido à exposição prolongada aos fluidos
de corte (GADIAN, 1983 apud HOWES et al., 1991; TÖNSHOFF et al., 1994; BENNETT &
JAMES, 1999).
Trabalhadores expostos aos aerossóis dos fluidos de corte (névoa) apresentaram mais
sintomas respiratórios, tais como tosse, muco e rigidez torácica do que aqueles submetidos a
uma condição da técnica de aplicação de fluido de corte por inundação (JARVHOLM et al.,
1982; ROBERTSON et al., 1988; KENNEDY et al., 1999; SPRINCE et al., 1997 apud
LINNAINMAA et al., 2003).
Também a exposição aos aerossóis dos fluidos de corte tem sido associada com o
aumento de ocorrências de asma, hipersensibilidade e diminuição da função pulmonar, assim
como vários estudos epidemiológicos demonstraram, estatisticamente, significativo aumento
em casos de câncer de esôfago, estômago, pâncreas, laringe, colo e reto devido à prolongada
59

exposição às névoas dos fluidos de corte (HENDY et al., 1985; ROBINS et al., 1997;
GUNTER & SUTHERLAND, 1999; HODGSON, 2001 apud LINNAINMA et al., 2003).
A concentração de névoa no interior das instalações industriais para as operações de
usinagem mais conhecidas pode variar, dependendo do tipo de operação, de 0,07 a 110mg/m3,
porém, valores de concentração em torno de 10 a 15mg/m3 já indicam péssimas condições do
ar no local de trabalho (QUEIROZ, 2001).
Para reduzir potenciais riscos à saúde associados aos fluidos de corte, a Segurança
Ocupacional e Administração de Saúde (OSHA/EUA), regulamentam e regulam o limite de
exposição de névoa para fluido solúvel (5 mg/m3 com uma média ponderada em 8 horas) e
para fluidos minerais (1 mg/m3 em 8 horas) (NIOSH, 2007).
Na Alemanha, há um limite de 10 mg/m3 para a soma de vapor e névoa de fluido
mineral e fluido solúvel em conjunto (ALLGEMEINE, 2003).
Quando a técnica de aplicação ou o fluido de corte causa névoa no processo produtivo,
são geradas gotas finas e vapor que podem causar problemas com a saúde ocupacional dos
trabalhadores. The National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH) estima que
1,2 milhão de empregados nos Estados Unidos da América (EUA) estão, potencialmente,
expostos às ações dos fluidos solúveis (NIOSH, 2007).
A Lei Federal no 8.080, de 19 de setembro de 1990, dispõe sobre o dever do Estado
quanto às condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
funcionamento dos serviços correspondentes dos indivíduos (BRASIL, 1990).
De acordo com Kleber et al. (2004), estudos epidemiológicos sugerem que a
carcinogenicidade humana é ainda a principal preocupação associada aos trabalhadores
usuários de fluidos de corte aquosos (emulsões).
Outra preocupação é que o processo de descarte correto do fluido de corte muitas
vezes é ignorado, devido ao alto custo e procedimentos legais que o envolvem. O descarte
deve ser realizado por empresas autorizadas e especializadas, seguidos de uma análise e
também aprovação dos órgãos governamentais competentes (GOMES & ALVES, 2007).
De acordo com Chen et al. (2007), mesmo quando as opções de reciclagem são
utilizadas, os fluidos de corte têm uma vida útil finita. Para Kobya et al. (2007), o principal
problema é que os fluidos de corte tornam-se contaminados com o uso, perdendo suas
propriedades e características, sendo necessário realizar reposição de fluidos novos e,
consequentemente, descartar o resíduo gerado.
60

De acordo com Sokovic & Mijanovic (2001); Greeley & Rajagopalan (2004) apud
Kobya et al. (2007), as quantidades de resíduo de fluido de corte geradas pelas operações de
usinagem crescem a cada ano, constituindo um sério perigo para o meio ambiente devido ao
seu alto teor de surfactantes e grande quantidade de poluentes orgânicos, sendo que esses
fluidos requerem tratamento prévio que atendam aos padrões de descarte para lançamento na
rede de esgoto, os quais estão sujeitos às leis local e estadual.
Conforme Belkacem et al. (1995), o tratamento para descarte dos fluidos de corte
emulsionáveis envolve uma operação para separar a fase oleosa da fase aquosa para, então,
cada fase ser tratada separadamente, sendo que os métodos de tratamento podem ser por meio
de processos térmicos, os quais requerem alto consumo de energia, processos químicos,
baseados em uma desestabilização química da emulsão ou processos físicos, por separação
mecânica que utilizam membranas de ultrafiltração.
No entanto, em tratamentos de fluidos de corte, nenhum dos componentes (óleo e
água) retornam novamente ao processo para comporem suas funções originais. A água
resultante do processo também não volta para o início do ciclo para formar uma nova mistura.
Isso ocorre porque a água resultante não permite solubilização dos emulgadores e também por
conter uma grande concentração de metais dissolvidos remanescentes e de agentes biológicos
nocivos à saúde, sendo este um fator que afeta diretamente, os aspectos econômico,
tecnológico, ambiental e social (MONTEIRO, 2006).
Os resíduos sólidos, tais como os cavacos impregnados de fluido de corte, oferecem
riscos durante o transporte e a armazenagem, uma vez que ocorre armazenagem dos cavacos
em depósitos a céu aberto, o que possibilita que a água proveniente das chuvas arraste para o
solo e sistemas de água pluvial, fluvial e subterrâneo, diversos contaminantes e compostos
constituintes dos fluidos de corte, que são solúveis ou emulsionáveis em água (FILHA, 1999).
Runge & Duarte (1990); Bienkowski (1993) e Rios & Novaski (2002) afirmam que,
durante o processo de usinagem, medidas de prevenção à poluição por fluidos de corte podem
ser adotadas mediante a implementação de um bom programa de manutenção que englobe o
acompanhamento, controle e adoção de procedimentos periódicos e ou diários de manutenção,
tais como:
 Limpar a máquina e as linhas de alimentação do fluido e dos reservatórios;
 Evitar a utilização de madeiras e outros materiais orgânicos no sistema;
 Realizar a esterilização do sistema mediante a utilização de biocidas e, se for
preciso, utilizar detergentes para a remoção de depósitos gordurosos;
61

 Remover cavacos, sistematicamente, a fim de evitar focos de microorganismos e


 Manter a higiene do local de trabalho.

Com este levantamento da literatura contemporânea, confirma-se a necessidade de


estudar, mais profundamente, ferramentas que indiquem quais as variáveis que são
importantes serem monitaradas e/ou avaliadas no ambiente industrial para que sejam criadas
as condições favoráveis para a implantação, no dia a dia das fábricas, a visão da manufatura
sustentável. Os Mapas Conceituais, a pesquisa em publicações relevantes e a literatura
contemporânea apontam para questões que devem ser estudadas como um todo,
contemplando: a tecnologia, para redução dos custos operacionais; a economia, pela
diminuição do consumo de recursos; e o ambiente e sociedade, para melhoria das condições
de trabalho e a manutenção da vida.
62

5 ESTADO DA ARTE DA SOCIEDADE

A aplicação de métodos em apoio à tomada de decisões envolve um processo de


agregação, o qual inclui a seleção de indicadores, bem como de procedimentos de
normalização e ponderação. Por isto, introduz, inevitavelmente, a subjetividade no processo
de tomada de decisão (JANEIRO, 2011).
Esses métodos utilizam um sistema construtivista como num processo de apoio à
decisão, possibilitando a modelagem do problema de decisão, absorvendo interesses e valores
dos stakeholders7 de maneira participativa (BANA & COSTA et al., 1997 apud
CRISTOFOLINI, 1998).
No gerenciamento das complexidades envolvidas num processo de apoio à decisão,
existe a necessidade de considerar múltiplos aspectos que, geralmente, não são declarados.
Além disso, existe uma grande quantidade de fatores qualitativos e de informações
quantitativas que devem ser considerados na tomada da decisão. O Mapa Conceitual é uma
ferramenta para este fim (MONTIBELLER, 2005).
Este capítulo expõe a teoria dos Mapas Conceituais como forma de justificar a escolha
por esta técnica de elicitação e representação de conhecimento no escopo desta pesquisa.
Busca também, em um segundo momento, explanar o passo a passo da metodologia envolvida
para tal.
Por meio da análise da literatura, o tema - utilização do fluido de corte na manufatura
sustentável, seus requisitos e restrições – é o foco da representação conceitual por Mapas
conceituais.
Esse conjunto de avaliações, que representam o conhecimento tácito de pesquisadores
e especialistas, serve de direcionador dos experimentos que tem a função de quantificar as
variáveis a serem avaliadas pelo Método (MAIS), e também, posteriormente, como balizador
de pesos de importância destas variáveis, e definição do grau de sustentabilidade do ambiente,
permitindo, assim, a tomada de decisão das ações efetivas sobre o sistema produtivo.

7
Stakeholders: Significa público estratégico, ou seja, são os pesquisadores, funcionários, clientes, consumidores, planejadores, acionistas,
fornecedores, governo e demais instituições que direta ou indiretamente interferem nas atividades gerenciais e de resultado de uma
organização.
63

5.1 Mapas Conceituais como método de elicitação do conhecimento

Os tempos atuais caracterizam-se pela quantidade, velocidade e acessibilidade do


fluxo de informação. Dentro deste contexto, uma das habilidades humanas mais valorizadas
passou a ser a sintetização e a sistematização da informação. Esta sistematização envolve a
seleção da informação relevante e a sua organização conceitual (GARDNER, 2008).
Mapas Conceituais surgiram a partir de uma pesquisa que buscava compreender as
mudanças no conhecimento de crianças sobre ciências. Da necessidade de encontrar uma
maneira melhor de representar a compreensão conceitual de crianças, surgiu a ideia de
representar o conhecimento delas na forma de um Mapa Conceitual. Assim nasceu uma
ferramenta para organizar e representar o conhecimento. Joseph Novak propôs, com isto, a
Teoria dos Mapas Conceituais nos Estados Unidos, na década de 70 (NOVAK, 1977).
Define-se, então, como Mapas Conceituais, a técnica de análise que pode ser usada
para ilustrar a estrutura conceitual de uma fonte de conhecimentos. Incluem conceitos,
geralmente fechados em círculos ou caixas de algum tipo, e as relações entre conceitos e as
proposições, indicadas por uma linha de ligação entre 2 conceitos (CAÑAS et. al., 2008).
Sua forma e representação depende dos conceitos e das relações incluídas, de como os
conceitos são apresentados, relacionados e diferenciados e do critério usado para organizá-los.
Portanto, Mapas Conceituais são diagramas hierárquicos indicando os conceitos e as relações
entre estes conceitos (Figura 5.1) (CAÑAS et. al., 2008).

FIGURA 5.1- Apresentação esquemática de um Mapa Conceitual (CAÑAS et al., 2008).

Esses diagramas procuram refletir a organização conceitual de um conhecimento


específico, de um artigo, de um livro, de um experimento de laboratório, da estrutura
64

cognitiva de um pesquisador sobre determinado assunto ou uma área do conhecimento


qualquer (MOREIRA & BUCHWEITZ, 1986).
Mapas Conceituais são sintéticos e, ao mesmo tempo, se bem construídos, profundos
em termos conceituais. Assim, um Mapa Conceitual pode ser, de acordo com o contexto, mais
eficaz que longas páginas descritivas para expressar uma construção teórica, especialmente
em questionários de pesquisa. Ao mesmo tempo, explicitam mais claramente proposições
fundamentais da rede conceitual do indivíduo (MOREIRA & BUCHWEITZ, 1986).
No início dos anos 90, Mapas Conceituais estavam sendo usados para elicitação de
conhecimento em muitos contextos, por exemplo, na fase de construção do NUCES, um
sistema especialista de cardiologia nuclear. Na NASA, Mapas Conceituais foram usados para
capturar, representar e preservar a memória institucional de cientistas seniors. Uma das
maiores aplicações de modelagem de conhecimento foi conduzida por parte da Marinha
Americana quando foi criado o System To Organize Representations in Meteorology: Local
Knowledge - (STORM-LK) (Sistema para organizar representações em meteorologia:
conhecimento local). Geoff Briggs, na NASA, começou, no fim dos anos 90, a construção de
um amplo modelo de conhecimento sobre a exploração de Marte (HOFFMAN et al., 2006).
Uma outra aplicação dos Mapas Conceituais foi desenvolvida para capturar e
preservar o conhecimento em muitas instituições que estavam em risco devido à
aposentadoria e envelhecimento da população em países ocidentais, especialmente EUA e
Canadá (CAÑAS et al., 2008).
Outra dimensão a ser considerada para justificar a opção por Mapas Conceituais tem
relação com o contraste entre conhecimento tácito e explícito. Neste sentido, conhecimento
tácito é caracterizado como “subjetivo” e conhecimento explícito, como “objetivo”. O último
é o produto de pensamento racional e pode resultar de estudos empíricos. Conhecimento
explícito pode ser mostrado facilmente a outros, enquanto conhecimento tácito é o
conhecimento que construímos ao longo da vida e, frequentemente, não explicitado
(POLYANI, 1966).
O desafio principal a ser enfrentado por corporações é de como capturar, preservar e
compartilhar conhecimento tácito e como transformar conhecimento tácito em conhecimento
explícito (NONAKA & TAKEUCHI, 1995 apud NOVAK, 1998).
A pesquisa aqui proposta pretendeu, neste sentido, acessar o conhecimento tácito de
especialistas e pesquisadores e, por meio de Mapas Conceituais, transformá-los em
65

conhecimento explícito. Para tanto, recorreu-se à CTA – Cognitive Task Analysis (Análise de
Atividade Cognitiva).
O objetivo básico da CTA é capturar o que o pesquisador/especialista sabe sobre seu
domínio: seus conceitos, princípios e eventos. O que profissionais sabem e acreditam sobre
seu domínio - certo ou errado - é crucial para sua tomada de decisão. (CRANDALL, et al.,
2006).
Uma forma que vem sendo chamada de elicitação de conhecimento é especificamente
direcionada a ajudar um profissional de um domínio, a expressar conhecimento e então
representar estes conhecimentos de maneira que outros possam entender e colocá-los em uso
(CRANDALL, et al., 2006).
Destaca-se que os Mapas Conceituais diferem de outros tipos de diagramas que
utilizam combinações de elementos textuais e gráficos para representar ou expressar
significado. Quanto à expressividade, destacam-se que, em alguns diagramas, as linhas de
ligação não são rotuladas, isto é, todas as ligações significam a mesma coisa. Em redes
semânticas e gráficos associativos, linhas representam uma única relação – conceito x
relaciona-se a conceito y. O tamanho da linha pode, às vezes, indicar o grau de força
associativa ou grau de relação semântica. Mind Maps são exemplos deste tipo de diagrama.
Quanto à forma, em redes semânticas, o conceito mais básico é colocado no centro e os
conceitos subordinados erradiam dela em todas as direções (CRANDALL, et al., 2006).
Mapas Conceituais são mais hierárquicos neste sentido. Em bons Mapas Conceituais,
o conceito mais genérico ou mais importante aparece no topo e fornece o contexto amplo do
mapa, enquanto que os conceitos mais específicos tendem a ficar mais abaixo no mapa. O
mapa é lido começando por cima seguindo para baixo através dos níveis que expressam
subsunção (subordinação), diferenciação e outras relações (CRANDALL, et al., 2006).
Outro aspecto destacado são as interações forma-significado. Em termos da forma dos
diagramas de sentido, o Mapa Conceitual se diferencia por ter “cross-links”, que são ligações
que cortam regiões dentro do mesmo mapa, colocando conceitos e proposições em relação a
outros dentro do mapa, afinal, em domínio de complexidade real, as coisas se inter-
relacionam (CRANDALL, et al., 2006).
Para elicitação e representação de atividade cognitiva, propõe-se que sejam realizadas
entrevistas com o pesquisador/especialista cuja atividade cognitiva se pretende analisar e que
o mapeamento seja feito à medida que a entrevista vai transcorrendo. Este processo
66

envolveria, portanto, o pesquisador/especialista, o mapeador e o entrevistador (CRANDALL,


et al., 2006).
Os conceitos devem aparecer dentro de caixas enquanto que as relações entre os
conceitos são especificadas por meio de frases de ligação nas linhas e arcos que unem os
conceitos. As frases de ligação têm funções estruturantes e exercem papel fundamental
na representação de uma relação entre 2 conceitos. Dois conceitos conectados por uma frase
de ligação, identificam uma proposição (ex. Figura 5.2) (CRANDALL, et al., 2006).

conceitos frase de ligação

linhas de ligação

FIGURA 5.2 - Exemplo de proposições com conceitos, linhas e frases de ligação.

5.2 Método de aplicação dos Mapas Conceituais para esta Tese

A dimensão teórico-metodológica desta pesquisa propôs algumas adequações


processuais que melhor se estabelecem para seu contexto de desenvolvimento, como a opção
pela entrevista gravada, seguida de análise do conteúdo de transcrição e da produção do Mapa
Conceitual do conhecimento do pesquisador/especialista entrevistado (NOVAK, 1998;
CRANDALL et al., 2006).
A seguir descreve-se o passo a passo do método para a produção dos Mapas
Conceituais, segundo o tema foco desta pesquisa e a sequência definida no Método (MAIS).

5.2.1 Definição dos sujeitos da pesquisa

O desenho metodológico desta parte da pesquisa de elicitação e representação de


conhecimento, consiste em propor a pesquisadores e especialistas das áreas econômica,
67

tecnológica (processo de fabricação, químicos e biológicos), ambiental/social, dissertar sobre


seu conhecimento em relação aos requisitos e restrições para o uso de fluido de corte na
usinagem de metais, definindo-se assim, os principais conceitos e sua importância para serem
utilizados na manufatura sustentável.
Para a coleta de dados, definiu-se 9 pesquisadores/especialistas, conhecedores
profundos sobre a utilização de fluido de corte na manufatura sustentável e seus respectivos
impactos sobre os aspectos em estudo.
Dentre os 9 pesquisadores/especialistas entrevistados, 3 tinham conhecimento sobre o
aspecto tecnológico com ênfase em processos de fabricação, aspectos químicos e biológicos;
3, sobre os aspectos ambientais e sociais; e os últimos 3, com forte inclinação para decisões
tipicamente tomadas em conjunturas econômicas.
Cabe salientar que todos os pesquisadores/especialistas foram provocados, a partir de
um mesmo roteiro de perguntas, a dissertar sobre todos os aspectos em análise, de forma que
pudesse ser evidenciado o conhecimento em sua área e, possivelmente, o conhecimento em
outras áreas relacionadas, focos desta pesquisa, de maneira a reforçar a conexão dos
conhecimentos entre as entrevistas.
O número de 3 pesquisadores/especialistas em áreas de enfoque foi determinado pela
necessidade de identificação de possíveis divergências sobre a importância dos conceitos em
uma mesma área de conhecimento.

5.2.2 Realização e transcrição das entrevistas

A coleta de dados deu-se por meio de entrevistas semi estruturadas, sobre requisitos e
restrições no uso de fluidos de corte para a utilização em processos de usinagem e sobre a
ótica dos aspectos econômicos, tecnológicos (processo de fabricação, químico e biológico) e
ambientais. As entrevistas e o mapeamento conceitual foram realizadas pelo desenvolvedor
desta Tese.
Os conceitos provocadores para a elicitação do conhecimento dos sujeitos da pesquisa
foram: fluido de corte (requisitos, restrições), aspecto tecnológico (ênfase em processo de
fabricação, química e biologia), aspecto econômico e aspecto ambiental, que foram os temas
geradores das perguntas aos entrevistados.
O questionário proposto aos pesquisadores e especialistas foi:
1. Em sua visão, quais os requisitos econômicos para se utilizar o fluido de corte nos processos de usinagem
de materiais? Explicite seu conhecimento.
68

2. Em sua percepção, quais os requisitos ambientais para se utilizar o fluido de corte nos processos de
usinagem de materiais? Explicite seu conhecimento.
3. Em sua visão, quais os requisitos tecnológicos para se utilizar o fluido de corte nos processos de usinagem
de materiais? Explicite seu conhecimento.
4. Em sua percepção, quais os requisitos químicos para se utilizar o fluido de corte nos processos de usinagem
de materiais? Explicite seu conhecimento.
5. Em sua visão, quais os requisitos biológicos para se utilizar o fluido de corte nos processos de usinagem de
materiais? Explicite seu conhecimento.

6. Em sua visão, quais as restrições econômicas para se utilizar o fluido de corte nos processos de usinagem
de materiais? Explicite seu conhecimento.
7. Em sua percepção, quais as restrições ambientais para se utilizar o fluido de corte nos processos de
usinagem de materiais? Explicite seu conhecimento.
8. Em sua visão, quais as restrições tecnológicas para se utilizar o fluido de corte nos processos de usinagem
de materiais? Explicite seu conhecimento.
9. Em sua percepção, quais as restrições químicas para se utilizar o fluido de corte nos processos de usinagem
de materiais? Explicite seu conhecimento.

10. Em sua visão, quais as restrições biológicas para se utilizar o fluido de corte nos processos de usinagem de
materiais? Explicite seu conhecimento.

As entrevistas foram realizadas de forma individual e gravadas em sistema digital.


Buscou-se o mínimo de intervenções por parte do entrevistador, de modo que os conceitos
mais significativos e importantes, para cada entrevistado, fossem o mais próximo da sua
percepção e conhecimento. Logo após a gravação digital, cada entrevista foi transcrita para, a
partir delas, construir o Mapa Conceitual individual.

5.2.3 Produção do Mapa Conceitual para cada entrevista

Os Mapas Conceituais foram produzidos com a ferramenta CmapTools, a qual é


utilizada para o desenho digital de Mapas Conceituais. A análise das transcrições das
respostas às questões propostas foi possibilitando que se chegasse às proposições subjacentes
àquelas falas. As proposições, por sua vez, foram sendo representadas no mapa e
estabelecendo os conceitos relacionados e interconectados na rede conceitual do entrevistado,
elicitando, portanto, seu conhecimento, objetivo desta etapa. O entrevistador/mapeador
buscava identificar, neste processo, o significado dos principais conceitos definidos pelo
entrevistado, bem como a sua influência no processo produtivo como postura de
embasamento do tema.
69

As perguntas e respostas de cada entrevista foram, desta forma, transformadas num


Mapa Conceitual individual, possibilitando, assim, analisar o conhecimento tácito e explícito
sobre o assunto abordado de cada entrevistado (Apêndice I- B).
Cada Mapa Conceitual foi, novamente, apresentado para o entrevistado para sua
resposta a respeito da qualidade da informação elicitada, sendo este o processo de refinamento
do conhecimento colocado em forma de Mapa Conceitual.

5.2.4 Análise dos Mapas Conceituais dos entrevistados

A Figura 5.3 mostra a metodologia de análise dos Mapas Conceituais.


Numa primeira análise dos resultados e das avaliações dos principais conceitos
elicitados nos Mapas Conceituais, verificou-se uma forte inter-relação e a sua importância,
segundo a ótica dos entrevistados, entre muitos conceitos para se utilizar o fluido de corte na
manufatura sustentável.
a. Análise dos Mapas Conceituais dos entrevistados

a.1 Análise 1 a.2 Análise 2 a.3 Análise 3 a.4 Análise 4


Conceitos principais Aspectos Conceitos Clusters

a.2.1- Critério: conceitos mais a.3.1- Critério: a.4.1- Critério: conceitos mais
repetidos entre os aspectos repetição de conceitos utilizados em proposições- cluster

Tabela com os conceitos principais Tabela com conceitos mais Tabela com conceitos Tabela com conceitos em
identificados em cada aspecto repetidos entre os aspectos mais repetidos proposições- clusters

FIGURA 5.3 – Formas de análise dos Mapas Conceituais definida pelo autor.

Ressalta-se que os entrevistados, quando dissertavam em suas entrevistas sobre os


aspectos ambientais, correlacionavam-no, diretamente, aos aspectos sociais. Desta forma,
utilizou-se a junção de análise dos aspectos ambiental/social.
Observou-se que, em muitos casos, as inter-relações entre os conceitos eram opostas.
Um conceito que define um requisito é interpretado pelo pesquisador/especialista como
uma restrição ao uso do fluido de corte. Como exemplo, o conceito aditivo é um requisito
para a melhoria tecnológica do fluido de corte, mas uma restrição para o conceito descarte e
recuperação. Desta forma, esta separação não foi apresentada no construção dos Mapas
Conceituais individuais.
70

Uma vez refinados e produzidos os Mapas Conceituais e, portanto, tendo o


conhecimento individual elicitado, seguiu-se com procedimentos metodológicos de análise
dos conceitos mais relevantes implicados, segundo os entrevistados.
A análise dos mapas transcorreu em 4 dimensões de análise, respectivamente,
conceitos principais e secundários, com suas respectivas poposições para a interpretação do
significado destes conceitos elicitados (qualitativo); conceitos mais repetidos por aspecto
(quantitativo); conceitos mais repetidos na totalidade dos mapas e conceitos que mais se
repetiam como formadores de clusters na totalidade dos mapas (quantitativo).

a.1 Análise 1- Mapas com conceitos principais


Esta dimensão da análise dos mapas considerou os mapas de cada entrevistado e
identificou quais eram os conceitos relacionados a cada aspecto (econômico, tecnológico-
processo de fabricação, tecnológico-químico, tecnológico-biológico e ambiental/social). A
Figura 5.4 mostra a sequência utilizada para a execução da análise 1.

FIGURA 5.4 – Sequência para analisar os conceitos principais e secundários segundo


aspectos.

Compilou-se uma lista com todos os conceitos que o entrevistado usava em cada
aspecto, identificando os principais e, depois, comparou-se as listas de conceitos de cada
entrevistado para cada aspecto, identificando quais os conceitos que mais se repetiam nestas
listas. Foram considerados conceitos principais os mais evidenciados e citados pelos
entrevistados e secundários, os que apareciam em um ou outro mapa, mas não se repetiam
significativamente entre eles.
Esta primeira fase de análise destes resultados envolveu, portanto, considerações
acerca destes conceitos no contexto do uso de fluido de corte e manufatura sustentável a partir
dos mapas, para orientar o leitor sobre o significado de cada conceito segundo o
conhecimento explicitado pelos entrevistados.
71

A Tabela 5.1, mostra os conceitos observados nos Mapas Conceituais considerados


como principais para a sua caracterização.

TABELA 5.1- Principais conceitos identificados em cada aspecto analisado.


CONCEITOS PRINCIPAIS NOS ASPECTOS ANALISADOS
TECNOLÓGICO
TECNOLÓGICO TECNOLÓGICO AMBIENTAL
ECONÔMICO PROCESSO DE
QUÍMICO BIOLÓGICO SOCIAL
FABRICAÇÃO
Escolha Processo de usinagem Teste Contaminação Descarte
Custo Lubrificação Aditivos Saúde do operador Contaminação
Durabilidade Refrigeração Composição Aditivos Saúde do operador
CONCEITOS

Recuperação Eficiência Descarte Bactérias Doenças


Manutenção Indústria Calor Sustentabilidade
Análise de
Máquina Sustentabilidade Resíduos
dados
Lubrificação Ferramenta Emulsão Fluido vegetal
Refrigeração Saúde do operador Vida útil
Desgaste Doenças Cavaco
Névoa
Recuperação

Como informação para o embasamento desta fase inicial da análise, todo o


conhecimento elicitado das entrevistas foi tabulado e separado por aspectos, e que resultou
nas avaliações levantadas nesta fase do trabalho (Apêndice I- A).

a.1.1 Aspecto econômico


Em relação aos aspectos econômicos, quando se analisa o conceito [ESCOLHA] do
fluido, este envolve diretamente os conceitos de durabilidade, gestão, degradação,
substituição, manutenção, volatilidade, descarte e utilização do fluido de corte.
Como os entrevistados eram pesquisadores/especialistas com uma interação forte com
a indústria, quando foi citado o conceito [DURABILIDADE], a percepção foi direcionada
para o custo da ferramenta de corte e de investimento em fluidos de corte, não sendo
considerado o custo global do sistema de usinagem.
Para o conceito [RECUPERAÇÃO], evidenciaram-se as técnicas de aplicação de
fluido de corte por inundação e Mínima Quantidade de Lubrificante (MQL), onde existe o
conceito de [CUSTO] de fluido de corte pela perda de óleo e água no cavaco e na névoa,
respectivamente.
O conceito de [MANUTENÇÃO] do fluido de corte é considerado como um custo ao
processo de usinagem, mas que não é relevante na visão industrial. Na visão dos
entrevistados, é o mais relevante na hora da escolha do fluido de corte.
A forma de [ANÁLISE DOS DADOS] foi sugerida como principal linha de ação para
que o processo de usinagem com fluido de corte tenha condições de ser viável
72

economicamente e direcionado à manufatura sustentável. A percepção dos entrevistados


direcionou-se apenas aos conceitos de custo da “ferramenta de corte” e ao custo de descarte
do fluido de corte.
Um conceito importante, extraído das entrevistas, foi [FLUIDO VEGETAL]. Na
análise dos entrevistados, o fluido de base vegetal é considerado no aspecto econômico,
devido ao alto poder de lubrificação, alto poder de refrigeração, elevada durabilidade e pelo
aspecto ambiental, sendo considerado ambientalmente correto.
A propriedade de [LUBRIFICAÇÃO] diminui o coeficiente de atrito entre peça e
ferramenta de corte, diminuindo o desgaste da ferramenta e das partes móveis da máquina e,
consequentemente, o consumo no processo produtivo.
O conceito de [REFRIGERAÇÃO] está ligado e deve ser balanceado com o de
[LUBRIFICAÇÃO] para que o fluido de corte diminua o calor gerado no processo de
usinagem, melhorando os parâmetros de corte e, com isto, diminuindo o tempo para a
execução do produto final.
O conceito [DESGASTE] está diretamente relacionado à ferramenta de corte e o seu
impacto no custo de processo (retrabalho resultante do desgaste da ferramenta e da energia
consumida pelo aumento da força de corte resultantes deste desgaste).
Com menor ênfase, foram ainda evidenciados os conceitos considerados secundários
como substituição, indústria, gestão, utilização, processo de usinagem, fluido de corte e
degradação.

a.1.2 Aspecto tecnológico-processo de fabricação


Salienta-se que, na visão dos entrevistados, o conceito [PROCESSO DE USINAGEM]
está diretamente relacionado com a utilização do fluido de corte, com o operador, com as
propriedades do fluido de corte, com a ferramenta de corte, com a máquina, com a eficiência
energética do processo em si e, principalmente, com a qualidade da superficie e controle da
dimensão da peça.
A propriedade [LUBRIFICAÇÃO] tem papel fundamental para um fluido de corte.
Segundo os entrevistados, é a mais importante propriedade de um fluido de corte e atua
diretamente na garantia da eficiência do processo de usinagem. Sua principal função é de
diminuir o desgaste de materiais em contato por meio da geração de um filme lubrificante
entre os mesmos, limpar a peça e transportar o cavaco para fora da zona de corte.
73

Similar à propriedade de lubrificação, o conceito [REFRIGERAÇÃO] tem o papel de


diminuir a geração de calor produzido, bem como estabilizar o processo de usinagem.
Segundo os entrevistados, um fluido de corte, para ser eficaz, tem que ter o balanceamento
ideal das propriedades de lubrificação e refrigeração que são função do tipo de material e
geometria da ferramenta de corte, do material de corte e do processo de usinagem e pode
gerar distorções dimensionais na peça usinada.
Na visão dos entrevistados, o fluido de corte deve agir para evitar o desgaste da
ferramenta de corte protegendo a ferramenta, máquina e peça de ataques químicos-físicos que
causam danos, garantindo a precisão dimensional da peça e tornando eficaz o processo de
usinagem.
Neste contexto do processo de usinagem, o conceito [EFICIÊNCIA] direciona-se a
vida útil da ferramenta de corte, ao controle dimensional, ao acabamento superficial da peça e
aos sistemas de proteção da máquina contra os ataques químicos que causam corrosão. Para
que o conceito de [EFICIÊNCIA] seja alcançado, outros aspectos devem ser incorporados a
este estudo, como exemplo, a vida útil do fluido de corte abordada no aspecto
ambiental/social e o custo do processo de usinagem abordado no aspecto econômico.
Para a análise de [EFICIÊNCIA] de processos produtivos em busca da manufatura
sustentável, todas as relações de conceitos, conexões de conceitos secundários e proposições
devem ser norteadores de observação, principalmente em referência a [EFICIÊNCIA]
energética dos sistemas produtivos, o que não foi considerado como importante pelos
entrevistados.
Disto posto, um estudo de sustentabilidade não pode deixar de avaliar a
[EFICIÊNCIA] energética de sistemas produtivos, sendo considerado pelo autor para a
avaliação desta Tese.
Na avaliação do conceito [MÁQUINA] observa-se que este está relacionado com os
aspectos ambientais, químicos e biológicos, pois a ação do fluido de corte danifica
componentes e estruturas destas, diminuindo sua vida útil por desgaste. O conceito
[INDÚSTRIA] relaciona-se, principalmente, com o aspecto tecnológico e suas variáveis e
com o aspecto econômico.
Os entrevistados argumentaram que muito se publica sobre o conceito de
[PROCESSOS DE USINAGEM] de forma sustentável, mas poucas pesquisas atuais são
aplicadas e/ou utilizadas em ambientes fabris.
74

Outro fator importante e citado pelos entrevistados é que no conceito [INDÚSTRIA],


a preocupação desta indústria está direcionada a importância do custo/benefício relacionado a
máquinas-ferramentas, ferramentas de corte, eficiência do processo de usinagem e qualidade
na produção, não existindo desenvolvimento tecnológico para auxílio e proteção da saúde do
operador. O conceito [FERRAMENTA] aparece em outros aspectos pesquisados e está
relacionado, principalmente, com a capacidade de corte, ou seja, sua vida útil em relação ao
processo de usinagem e material de corte.
O conceito de processo de usinagem sem fluido de corte, processo a seco, considerado
secundário, não foi considerado viável de aplicação pelos entrevistados.
Complementar aos conceitos considerados principais, alguns conceitos secundários
também foram citados: concentração, molhabilidade, durabilidade, sistema de usinagem,
geometria da ferramenta, coeficiente de atrito, utilização, vida útil, peça, “balanceamento de
propriedades e processo a seco.

a.1.3 Aspecto tecnológico-químico


Para os entrevistados, na análise do aspecto químico, o fluido de corte esteve sempre
relacionado com as respectivas restrições de seu uso no processo de usinagem. Os mesmos,
além de causarem doenças ao operador, danificam a máquina e componentes.
O conceito [TESTE] foi ressaltado pelos pesquisadores/especialistas como ferramenta
de qualificação para a utilização do fluido de corte. Ressalta-se a verificação constante da
composição do fluido de corte e a importância de se utilizar emulsões que intensificam as
propriedades de lubrificação e refrigeração.
A utilização do conceito [ADITIVOS] no fluido de corte, na visão dos entrevistados,
aumenta as propriedades do fluido de corte com relação à lubrificação e à estabilidade do
fluido, inibindo a proliferação de bactérias, evitando a corrosão na máquina, peça e
ferramenta de corte. Como ponto negativo, quanto mais elementos químicos envolvidos,
maior será a dificuldade de descarte e recuperação do fluido de corte.
Para os entrevistados, a [COMPOSIÇÃO] química define os elementos químicos que
não devem integrar a composição do fluido de corte por causarem danos a algum elemento
que constitui o processo de usinagem, sendo estes considerados como restrição ao uso de
fluido de corte.
O conceito de [DESCARTE] está conectado aos aspectos econômicos,
ambientais/sociais, químicos e biológicos. Este conceito foi um dos principais temas
75

abordados pelos pesquisadores/especialistas que tenderam para informações que


caracterizassem o conceito de [SUSTENTABILIDADE].
No entendimento dos entrevistados, o conceito [CALOR] deve ser evitado no processo
de usinagem, mais especificamente por alterar as propriedades dos materiais componentes das
máquinas-ferramentas, materiais das ferramentas de corte e material de corte. Geralmente, as
propriedades do fluido de corte de refrigeração são ressaltadas na escolha do fluido de corte
para diminuir o calor, seguido da propriedade de lubrificação que diminui o coeficiente de
atrito entre partes que se tocam.
Para os entrevistados, a importância do conceito [EMULSÃO] está na sua boa atuação
na maioria dos processos de usinagem, ressaltando as propriedades de lubrificação e
refrigeração do fluido de corte.
Com relação ao conceito [SAÚDE DO OPERADOR], os entrevistados ressaltaram a
importância da utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para os operadores
de chão de fábrica. Foi reconhecido que a utilização de EPIs protege o operador, mas não são
habitualmente usados em muitas empresas, principalmente, por resistência de utilização do
próprio operador.
O conceito [DOENÇAS] foi bastante dissertado, devido a preocupação com doenças
pulmonares, dermatites, alergias, feridas, câncer, etc., sendo de seu conhecimento que os
principais agentes que causam as doenças são bactérias, elementos químicos nocivos a saúde
do operador e a utilização de biocidas nos fluidos de corte.
Com menor evidência, também foram levantados os conceitos considerados
secundários como filme de lubrificação, ambiente industrial, peça, corrosão, estabilidade,
substâncias ecológicas, ataque microbiano, concentração e toxidade.

a.1.4 Aspecto tecnológico- biológico


Para os entrevistados, a [CONTAMINAÇÃO] do fluido de corte está relacionada
diretamente com os aspectos ambientais/sociais e químicos que diminuem a vida útil do
fluido, afetando o processo de usinagem pela sua degradação que se transforma, apodrecendo
e oxidando. O apodrecimento do fluido de corte é o principal causador do mau cheiro nos
ambientes fabris deste segmento industrial. Este conceito de [CONTAMINAÇÃO] atinge
também a máquina-ferramenta, ferramenta de corte, peça usinada e saúde do operador. Este
conceito foi muito explorado pelos pesquisadores/especialistas.
76

Para os entrevistados, a [SAÚDE DO OPERADOR] é afetada pelos aspectos


biológicos do fluido que depende do ambiente industrial. A névoa de fluido de corte afeta,
diretamente, a saúde do operador e uma das características necessárias aos fluidos é evitar as
doenças ocupacionais. O conceito [ADITIVOS] ajudam a manter as propriedades do fluido de
corte em relação a lubrificação e refrigeração, eliminando bactérias e estabilizando o fluido.
Já o conceito [BACTÉRIAS] é o agente que, juntamente com fungos, transmite as doenças
ocupacionais aos trabalhadores.
Como conceitos secundários foram citados organismo patogênicos, ambiente
industrial e emulsão. Salienta-se que os conceitos do aspecto biológico os conceitos principais
e secundários como saúde do operador, aditivos, bactérias, ambiente industrial e emulsão
foram também explorados nos aspectos ambientais/sociais e químicos, tendo os mesmos
sentidos de proposições em suas conexões.

a.1.5 Aspecto ambiental/social


O conceito de [DESCARTE] do fluido de corte foi levantado como a grande questão
de agressão ambiental e social, mesmo o aspecto social não ter sido tema do questionário
apresentado. Por sua importância enfatizada pelos entrevistados, considera-se que existe uma
grande preocupação em se garantir tecnologias que possam facilitar o descarte dos fluidos de
corte. Por isto, a importância em relação à escolha do fluido de corte, normas de fabricação,
ambiente industrial, consumo de energia, técnicas de aplicação de fluido de corte e
sustentabilidade são variáveis importantes a serem estudadas.
Acrescentando a esta visão, o conceito de [RECUPERAÇÃO] do fluido de corte
complementa a importância dada pelos entrevistados, não só com o descarte do fluido de
corte, mas também a sua recuperação e retorno ao processo produtivo, o que, até hoje, não é
considerado viável.
Um dos conceitos bastante evidenciados pela agressão ao ambiente e causador da
diminuição da vida útil do fluido, por meio da degradação, a [CONTAMINAÇÃO] do fluido
de corte é um dos pontos que devem ser considerados como preocupantes no ambiente
industrial.
Para os entrevistados, o conceito [SAÚDE DO OPERADOR] está relacionado ao fato
de situações insalubres, que geram [DOENÇAS]. No entanto, na visão dos entrevistados, a
forma de atuação preventiva se concentra no desenvolvimento de máquinas e acessórios e não
77

na [SAÚDE DO OPERADOR] propriamente dita. O conceito [DOENÇAS] foi apontado


como a principal forma de agressão a saúde do operador.
O conceito [SUSTENTABILIDADE] baseia-se na integração dos conceitos
[PROCESSO DE USINAGEM] e [DEGRADAÇÃO] do fluido de corte citados em outros
aspectos em estudo. A utilização do conceito [FLUIDO VEGETAL] é considerada como meta
para substituir os fluidos de fontes não renováveis. Para eles, existe o entendimento da
conexão entre uso de fluidos de base vegetal e a manufatura sustentável (conceito de
[SUSTENTABILIDADE]).
O conceito [RESÍDUOS], gerado pelo fluido de corte e pelo processo de usinagem,
reforça a preocupação dos entrevistados com a agressão ao meio ambiente, à saúde do
operador e a necessidade de descarte e da recuperação do fluido de corte por meios adequados
e normatizados.
Para os entrevistados, o conceito de [VIDA ÚTIL] do fluido de corte significa menor
reposição, menos descarte, menos agressão ao ambiente, menor agressão a saúde do operador,
com menos custo do processo produtivo.
No processo de usinagem que utiliza fluido de corte com a técnica de inundação, o
[CAVACO] é visto como meio de transporte e, por sua vez, mais consumo de fluido. Além
disso, o cavaco ao ser transportado incorretamente pode contaminar diversas áreas fabris e
periféricas.
Algumas técnicas de aplicação de fluido de corte propiciam a geração do conceito
[NÉVOA] composta por partículas insalubre de fluido que ficam suspensas no ar do ambiente
industrial e são inaladas e absorvidas pela pele do operador, sendo considerada pelos
entrevistados como uma importante causadora de doenças que afetam a saúde do operador.
A técnica de aplicação de fluido de corte por MQL foi lembrada pelos
pesquisadores/especialistas como ambientalmente correta, mas de importância secundária.
Outros conceitos secundários referentes ao aspecto ambiental/social foram também
evidenciados: origem, composição, efeitos, degradação, regulamentação, legislação, aditivos,
ambiente industrial e armazenagem do cavaco.
Acrescenta-se nesta análise 1, a indissociabilidade e multidisciplinaridade entre os
conceitos, independente do aspecto de sustentabilidade analisado, comprovando a importância
de se analisar o conjunto de fatores para que o objetivo de se alcançar a manufatura
sustentável tenha o sucesso esperado.
78

Como resposta desta primeira análise genérica dos conhecimentos elicitados nos
Mapas Conceituais é mostrada a profundidade de conhecimentos dos entrevistados a respeito
do tema e direciona os temas a serem considerados neste estudo.

a.2 Análise 2 – Aspectos


a.2.1 Critério: conceitos mais repetidos entre os aspectos
A Figura 5.5 mostra a sequência utilizada para a execução da análise 2.

Análise 2- análise dos


aspectos compilação dos conceitos
Critério: conceitos mais usados em cada mapa dos
repetidos entre os entrevistados
aspectos

tabela com expressão


identificação dos dos resultados: conceitos
conceitos que se repetem que mais se repetem
nos diferentes aspectos entre os diferentes
aspectos

FIGURA 5.5 - Sequência da análise dos aspectos econômico, tecnológico (processo de


fabricação, químico e biológico) e ambiental/social.

Esta segunda etapa da análise partiu da análise inicial, a qual identificou os conceitos
principais para cada aspecto, e buscou identificar quais os conceitos que mais se repetiam
entre os diferentes aspectos, isto é, quais conceitos apareciam em mais de um destes aspectos.
Desta forma, nota-se que alguns conceitos perpassam todos os aspectos e são citados
como muito importantes pelos entrevistados, sugerindo que a maioria dos conceitos
considerados importantes não podem ser desconectados, pois um depende do outro para que o
conhecimento sobre o tema seja tangível. Cada entrevistado, mesmo sendo conhecedor de um
determinado aspecto questionado nas entrevistas, em sua rede conceitual, ele conecta a outros
aspectos muitas vezes sem mesmo preceber. Este é o conhecimento tácito sobre um
determinado assunto em se tratando de sustentabilidade não pode estar dissociado do todo.
A Figura 5.6 mostra um exemplo desta análise retirada de um dos 9 Mapas
Conceituais individuais feitos a partir das entrevistas com pesquisadores/especialistas.
79

FIGURA 5.6 - Exemplo da interligação dos conceitos entre os aspectos ambiental, químico e
biológico.

A Tabela 5.2 mostra os conceitos que mais se repetiram nos diferentes aspectos na
totalidade dos Mapas Conceituais individuais.

TABELA 5.2 - Conceitos mais repetidos pelos entrevistados, segundo a análise dos aspectos.
N0 de N0 de N0 de N0 de
Conceitos Conceitos Conceitos Conceitos
aspectos aspectos aspectos aspectos
Lubrificação 5 Descarte 4 Peça 4 Composição 3
Processo de
5 Ferramenta 4 Refrigeração 4 Custo 3
usinagem
Propriedades 5 Fluido vegetal 4 Bactérias 3 Doenças 3
Vida útil 5 Máquina 4 Calor 3 Emulsão 3
Saúde do
5 Névoa 4 Cavaco 3 Microrganismos 3
operador
Recuperação 4 Degradação 4 Óleo 3
Ambiente
4 Aditivos 4 Água 3
industrial

a.3 Análise 3 - Conceitos


a.3.1 Critério: repetição de conceitos na totalidade dos mapas
Esta etapa de análise considerou como mais importantes aqueles conceitos que mais se
repetiam na totalidade dos Mapas Conceituais e que representavam o conhecimento dos
entrevistado, idependente do aspecto a que se relacionavam. A Figura 5.7 mostra a sequência
de análise adotada, segundo o critério de repetição dos conceitos na totalidade das entrevistas.
80

Análise 3. conceitos compilação dos conceitos


Critério: repetição de utilizados na totalidade
conceitos dos mapas

tabela com expressão


identificação dos dos resultados: conceitos
conceitos que se que mais se repetiram na
repetiram totalidade dos mapas dos
entrevistados

FIGURA 5.7 - Sequência de análise: repetição dos conceitos.

A Tabela 5.3 mostra os conceitos que mais se repetiram entre os Mapas Conceituais
individuais.

TABELA 5.3 - Conceitos mais repetidos nas entrevistas.


Conceitos Repetições Conceitos Repetições Conceitos Repetições Conceitos Repetições
Custo 9 Máquina 7 Recuperação 6 Emulsão 5
Peça 9 Névoa 6 Fluido vegetal 6 Água 4
Ambiente
Lubrificação 8 6 Calor 5 Composição 4
industrial
Saúde do
7 Aditivos 6 Cavaco 5 Desgaste 4
operador
Refrigeração 7 Descarte 6 Doenças 5 Degradação 4
Eficiência
Vida útil 7 Ferramenta 6 Durabilidade 5 4
energética
Processo de
5 Contaminação 3
usinagem

a.4 Critério: Clusters


a.4.1 Critério: conceitos mais utilizados em proposições: clusters
A quarta e última dimensão da análise para a identificação dos conceitos mais
relevantes para a tomada de decisão envolvendo o uso de fluido de corte na manufatura
sustentável considerou os conceitos que mais originavam clusters. Para melhor entendimento
da forma de análise para a utilização de proposições em clusters de conceitos, a Figura 5.8
mostra um exemplo retirado dos Mapas Conceituais individuais dos
pesquisadores/especialistas.
81

Conceitos que
formam clusters

FIGURA 5.8 - Conceitos utilizados em proposições: clusters.

A Figura 5.9 mostra as etapas adotadas para a verificação de quais os conceitos que
estão mais interligados e que recebem ou enviam frases de ligação para a formação de
proposições. Nesta análise verifica-se, não somente os conceitos mais importantes, mas as
suas conexões com outros conceitos que formam o modelo de conhecimento do
pesquisador/especialista sobre ao tema desta Tese.

FIGURA 5.9 - Sequência de análise: conceito utilizado em proposição: clusters.

A Tabela 5.4 mostra os conceitos que mais se repetiram como formadores de clusters
na totalidade dos Mapas Conceituais individuais.
82

TABELA 5.4 - Análise segundo proposições: cluster.


Conceitos clusters Conceitos Clusters Conceitos Clusters
Custo 6 Aditivos 3 Durabilidade 2
Descarte 5 Névoa 2 Saúde do operador 2
Lubrificação 5 Contaminação 2 Fluido vegetal 2
Recuperação 4 Desgaste 2 Vida útil 2
Processo de usinagem 4

Com isto, faz-se um refinamento das informações e explora-se ao máximo a noção


conceitual dos entrevistados que expuseram seu conhecimento por intermédio de entrevista
oral. Em relação aos conceitos mais importantes elicitados, a partir de requisitos e restrições
para o uso de fluido de corte, realizou-se esta análise que definiu o Estado da Arte da
Sociedade, considerado como o conhecimento demonstrado pelos entrevistados em relação ao
tema, sendo apresentado ao leitor, em forma de base conceitual e ranqueamento que será
considerado como a base da pesquisa para os dados de entrada e posterior avaliação do
Método (MAIS).
83

6 EXPERIMENTOS LABORATORIAIS

Neste capítulo, são apresentados os materiais e métodos utilizados nos experimentos


laboratoriais para o tema - fluido de corte para a manufatura sustentável. Os resultados das
análises dos Mapas Conceituais, bem como a discussão sobre os resultados obtidos para
serem usados na avaliação do Método (MAIS). Têm o objetivo de servir de base para a
aplicação e avaliação da eficácia do Método (MAIS), tema desta Tese.

6.1 Materiais e métodos aplicados ao desenvolvimento dos experimentos

O Capítulo 5 trouxe as questões da necessidade de multidisciplinaridade aplicada à


resolução do problema complexo que é a análise de sustentabilidade com foco na utilização
de fluidos de corte em ambientes fabris.
Segundo a opinião dos pesquisadores e especialistas, as tomadas de decisões
tecnológicas referentes aos conceitos elicitados, ESCOLHA e CUSTO, devem ser
determinadas pela relação com durabilidade, gestão, degradação, substituição, manutenção,
volatilidade, descarte/recuperação e utilização do fluido de corte com o sistema máquina-
ferramenta/peça (geometria e material). O alcance desses dados será função da combinação
das propriedades de refrigeração, lubrificação e da capacidade de manutenção e limpeza do
ambiente de trabalho próximo à máquina-ferramenta.
Esses dados foram confrontados e conferidos com a literatura atual, que apresenta uma
vasta análise de processos de usinagem e suas respectivas relações com o uso de fluido de
corte, segundo critérios de usinabilidade e de manutenção de fluidos de corte.
Considerando este cenário, é apresentada, neste capítulo, a sistemática de materiais e
métodos para a execução dos experimentos que cobrem as considerações elicitadas pelos
entrevistados desta Tese.
Os experimentos de usinabilidade foram realizados no Centro de Competência em
Manufatura do ITA e, consequentemente, os bens de capital e de consumo foram aqueles
disponíveis. Isto posto, o foco dos resultados não foram sobre a questão tecnológica, pois esta
é restrita a uma condição de controle. O foco esteve sobre os requisitos e as restrições
consideradas necessárias numa avaliação impulsionada pela necessidade de abordagem
colocada pelos entrevistados.
84

6.1.1 Materiais utilizados (bens de consumo e de capital)

Por se tratar de uma atmosfera de produção aeronáutica, escolheu-se uma liga de


alumínio da série 7XXX, tipicamente utilizada na fabricação de componentes estruturais. A
fabricação de peças estruturais aeronáuticas por fresamento (movimento de corte no sentido
concordante) é classicamente conhecida por gerar uma alta quantidade de cavacos, pois as
peças são fabricadas de tal modo que a geração de cavaco corresponde a cerca de 90% da
massa de uma peça (MACHADO & SILVA, 2004).
O material de corte utilizado foi a liga de alumínio 7050-T7451, com os corpos-de-
prova de dimensões 355x320x100 mm, fornecido pela empresa EMBRAER (Anexo I- A1), o
qual produz cavaco cisalhado e, consequentemente, provoca a necessidade tanto de
lubrificação e de refrigeração da peça, quanto de escoamento de cavaco (Tabela 6.1).

TABELA 6.1 - Especificação da liga de alumínio 7050-T7451, segundo AMS 4050H (2003).
Composição Mínimo (%) Máximo (%)
Silício -- 0,12
Ferro -- 0,15
Cobre 2,0 2,6
Manganês -- 0,10
Magnésio 1,9 2,6
Cromo -- 0,04
Zinco 5,7 6,7
Titânio -- 0,06
Zircônio 0,08 0,15
Outros elementos, cada -- 0,05
Outros elementos, total -- 0,15
Alumínio Restante

Para aumentar o nível de discussão a respeito da efetividade das técnicas de aplicação


de fluido de corte por inundação e MQL, optou-se também pela escolha de outro material
complementar com maior poder abrasivo e distinta forma de cavaco. Desta forma, foram
desenvolvidos também testes de usinabilidade em ferro fundido cinzento, corpo-de-prova com
dimensões de 245x35x190 mm, fornecido pela empresa Tupy Fundições (Tabela 6.2) (Anexo
I- A2).
Para os ensaios em liga de alumínio, as ferramentas de corte utilizadas foram fresas
com insertos intercambiáveis de metal duro LNAR 1106 PN-N-P, empresa ISCAR (topo reto,
50 mm de diâmetro e 4 dentes), com corte na direção normal e concordante (Figura 6.1- A).
85

TABELA 6.2 - Especificação e propriedades do ferro fundido cinzento (TUPY, 2012).


Composição Mínimo (%) Máximo (%)
Silício 2,20 2,60
Carbono 3,40 4,00
Enxofre -- 0,10
Manganês -- 0,20
Enxofre -- 0,02
Cromo -- 0,05
Titânio -- 0,30
Dureza (HB) 131 207
Condutividade Térmica (W / m.K) 100 a 400ºC 41 44
Coeficiente de Exp. Térmica ( 10-6/ K) 20ºC / 20 a 400ºC 10 12,5
Resistência à tração (Mpa) 200

Nos ensaios em ferro fundido cinzento foram utilizadas ferramentas SANDVIK


COROMANT R300-1240m-KH 3040 de forma arredondada, R300-12, quebra cavacos tipo
Kh, com diâmetro externo de 11,98 mm, espessura de 3,96 mm, revestido com cobertura
MT/CVD, corte direção normal e concordante, diâmetro do furo de montagem de 4,09 mm. O
diâmetro da fresa intercambiável foi de 50 mm (Figura 6.1-B).

A) Insertos utilizados no ensaio de vida útil da ferramenta de corte na liga de alumínio.

B) Insertos e fresa intercambiável utilizados no ensaio de vida útil da ferramenta de corte no ferro fundido
cinzento.
FIGURA 6.1 - Insertos utilizados nos experimentos de usinagem.

Enriquecendo esta análise, para simular uma situação real de fabricação com os
possíveis efeitos das distintas técnicas de aplicação e tipos de fluidos de corte sobre a
qualidade da peça, realizou-se o fresamento de uma peça com características típicas de peças
aeronáuticas de superfícies complexas, sendo realizada a fabricação de uma peça modelo
(Figura 6.2). Este experimento verificou a capacidade do fluido de corte em influenciar nas
características metrológicas de peças aeronáuticas, principalmente, aquelas que possuem
paredes finas.
86

(A) (B)
FIGURA 6.2 - (A) posições de medição dos erros de forma e (B) peça modelo de liga de
alumínio.

Nesta operação de usinagem de superfícies complexas, utilizou-se como ferramentas


de corte, para desbaste, uma fresa inteiriça de metal duro sem revestimento, com quebra-
cavaco e 3 dentes, diâmetro 16 mm, raio de quina de 1 mm e, para o acabamento, uma fresa
inteiriça de metal duro topo reto sem revestimento, 2 dentes, diâmetro de 16 mm (Tabela 6.3).
Os corpos-de-prova estão mostrados no Anexo I- A3.

TABELA 6.3 - Ferramentas de corte utilizadas para a fabricação da peça modelo.


FERRAMENTAS DE CORTE
FABRICANTE PROCESSO FORMA

SonicTools DESBASTE

SonicTools ACABAMENTO

Utilizou-se um centro de usinagem ROMI D800 para os experimentos de


usinabilidade, com potência total instalada de 30 kVA, velocidade máxima do fuso de 12000
rpm e velocidade máxima de avanço de corte de 20 m/min, comando CNC SIEMENS 828D
(Anexo I- B).
As condições de replicação são específicas para a montagem deste experimento. O
centro de usinagem ROMI D800 não estava preparado para receber a técnica de aplicação de
fluido de corte com MQL, sendo o equipamento adaptado à estrutura da máquina-ferramenta.
87

Essa tem sido uma situação comum no chão de fábrica de empresas nacionais, pois o
equipamento da técnica de aplicação de fluido de corte com MQL é vendido separadamente,
evitando a obsolescência completa do bem de capital.
Para os ensaios com a técnica de aplicação de fluido de corte por inundação foi
utilizado o equipamento de lubri/refrigeração da máquina-ferramenta ROMI D800, que possui
uma bomba submersa que desenvolve uma vazão de 20 L/min distribuídos em 4 bicos, com 3
bar de pressão e uma potência consumida de 3 kW de potência do motor da bomba de
jateamento do fluido, com um tanque removível com capacidade de 300 L de fluido de corte
(Figura 6.3).

FIGURA 6.3 - Sistema de lubri/refrigeração da máquina-ferramenta ROMI D800.

Por sua vez, o equipamento para utilizar a técnica de aplicação de fluido de corte com
MQL, acoplado à máquina-ferramenta, era composto de uma válvula de vazão de ar que
distribui, para 2 bicos de 2 mm de diâmetro, jatos de ar com fluido de corte numa pressão de
4,5 bar. O fluido de corte era colocado num recipiente que possuía um dosador de gotas que
injetava, na corrente de ar, ciclos de 2 gotas por segundo, sendo consumido 100 ml/h de
fluido de corte (Figura 6.4).
88

Equipamento MQL
instalado na máquina.

FIGURA 6.4 - Equipamento MQL composto por: 1) reservatório de óleo com capacidade de
300 ml; 2) conector; 3) saída para o bico aspersor de ar; 4) saída para o bico aspersor de
fluido; 5) válvula de controle de fluxo de ar; 6) caixa metálica; 7) controle de entrada.

Para medição do desgaste de flanco (VB) dos insertos da fresa foi utilizado um
microscópio Wild M3C da Herrbrugg Switzerland tipo S com capacidade de aumento de 6,4x,
16x, 25x e 40x, software Leica Qwin Pro (Anexo I- C).
Para a medição do consumo de energia elétrica durante os ensaios, utilizou-se um
medidor de energia com um transdutor digital de grandezas elétricas Mult-K 120, marca
KRON, adaptado à máquina-ferramenta (Figura 6.5). O medidor foi instalado na saída da
caixa de força da máquina-ferramenta ROMI D800 e permite a medição de diversos
parâmetros elétricos em sistemas de corrente alternada-AC, como:
 Tensão (fase-fase, fase-neutro e trifásica);
 Corrente (por fase e trifásica);
 Potência ativa (por fase e trifásica);
 Potência reativa (por fase e trifásica);
 Potência aparente (por fase e trifásica);
 Fator de potência (por fase e trifásico);
 Distorção harmônica total [(THD) por fase de tensão e corrente)];
 Demanda ativa (média e máxima);
 Demanda aparente (média e máxima);
 Máximos (tensão e corrente) etc..
89

FIGURA 6.5 - Medidor de energia e transdutor digital de grandezas elétricas Mult-K 120,
marca KRON.

A precisão fornecida pelo equipamento medidor de energia é para tensão, corrente e


potência= 0,2%, frequência= 0,1 Hz, fator de potência= 0,5%, energia= 0,5% e (THD)= <3%.
As formas e espessuras de cavacos foram medidas, respectivamente, utilizando um
Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV- marca Philips, modelo XL30) e um paquímetro
digital, marca Mitutoyo, com resolução de 0,01mm, respectivamente (Anexo I- D e E).
Para a medição da rugosidade da superfície usinada Ra foi utilizado um rugosímetro
portátil, modelo SJ-201P, marca Mitutoyo (Anexo I- F).
Para quantificar a qualidade dimensional das superfícies usinadas da peça modelo foi
utilizada uma máquina de medição por coordenadas (MMC) modelo Crystal-Apex C7106,
com erro máximo de (1,7 + 3L/1000) μm, equivalendo a uma exatidão de, aproximadamente,
3 μm para as medições dos diâmetros (Anexo I- G).
Na avaliação das características da força de usinagem, ao longo do processo, foi
utilizada uma plataforma piezelétrica do fabricante suíço Kistler, composta de: sensor modelo
9265B, base classe de proteção IP67, com amplificador modelo 5070 A, cabo de sinais
modelo 1500-15B, placa de aquisição PCIM-DAS 1602/16 e programa da Kistler Dynoware
2825A (Anexo I- H).
Para a medição da intensidade de ruído foi utilizado um equipamento adaptado à
máquina-ferramenta que possui um sistema de captação de som PCB Piezotronics, microfone
condensador, modelo: 377B02 (Figura 6.6) (Anexo I- I).
90

Sistema de aquisição de dados

Sistema de aquisição de ruído

FIGURA 6.6 - Sistema acoplado a máquina-ferramenta para medição da intensidade de ruído.

Devido às respostas enfatizadas dos entrevistados e às informações de artigos


publicados sobre fluidos de corte, em relação aos tipos que deveriam ser recomendados para o
alcance da manufatura sustentável, escolheu-se, para os ensaios de usinagem e caracterização,
2 fluidos de corte de fonte renovável de base vegetal (pinhão manso e canola) e 1 de fonte não
renovável de base mineral (semi-sintético), comparando o desempenho na usinabilidade e
características entre ambos. Salienta-se que não foi autorizada a divulgação da marca destes
fluidos de corte pelos fabricantes, sendo respeitada esta solicitação. Para todos os
experimentos, foram utilizadas emulsões com concentração de 8%.
Para a análise da névoa provocada pelos fluidos de corte no ambiente fabril, foram
coletadas amostras no laboratório do CCM/ITA por meio de uma membrana filtrante
conforme metodologia da NIOSH 5026 (1996), acoplado a um amostrador gravimétrico,
marca SKC, modelo 224-PCXR8.
Foram coletadas 6 amostras de névoa de fluidos de corte geradas durante a operação
na máquina-ferramenta. Os parâmetros que influenciaram a análise do ensaio foram medidos
e apresentados na Tabela 6.4 (Anexo I- J).

TABELA 6.4 - Parâmetros referente à coleta das amostras de névoa de fluido de corte.
Técnica de Identificação da Membrana Temperatura Umidade Vazão de ar Volume de ar
aplicação amostra filtrante média (ºC) média (%) (L/min) coletado (L)
INUNDAÇÃO

Pinhão Manso (vegetal) OLE13-00510 28,2 62,6 1,0 480,0

Canola (vegetal) OLE13-00509 28,0 63,4 1,0 480,0

Semi-sintético (mineral) OLE13-00508 28,5 61,3 1,0 480,0

Pinhão Manso (vegetal) OLE13-00505 27,7 67,1 1,0 480,0


MQL

Canola (vegetal) OLE13-00506 28,2 67,3 1,0 480,0


Semi-sintético (mineral) OLE13-00507 28,5 65,6 1,0 480,0
91

Para a obtenção dos espectros de composição dos fluidos de corte, as amostras foram
analisadas por transmissão em equipamento Perkin Elmer, modelo Spectrum One, faixa
espectral: 4000 a 650 cm-1, 8 scanse e resolução de 4 cm-1 (Anexo I- K).
A determinação do teor de cinzas foi realizada conforme norma NBR 9842:2009
(produtos de petróleo- determinação do teor de cinzas) e a caracterização dos grupamentos
químicos característicos, por infravermelho com transformada de Fourier (FTIR).
Os fluidos de corte utilizados foram caracterizados por meio da determinação da
presença de metais com base nas normas USEPA Method 3052 (Rev.0,1996), bem como para
preparação e análise das amostras, USEPA Method 6010C (Rev. 3, 2007).
A presença de cloro pode ser um fator impeditivo na utilização do fluido de corte,
principalmente para alumínios aeronáuticos, pois este funciona como um agente promotor de
corrosão intergranular. Desta forma, o teor de cloro foi analisado conforme norma ASTM
D4208, em que a amostra foi completamente oxidada (queimada) em bomba calorimétrica
com atmosfera de oxigênio e o resíduo desta queima foi, posteriormente, avaliado com
eletrodo de íon seletivo para cloro, definindo-se então, quantitativamente, o teor de cloro nas
amostras de fluidos de corte em estudo.
De forma a avaliar o grau de espumação dos fluidos de corte, os mesmos foram
analisados quanto às suas características espumantes. A tendência dos fluidos de corte
espumarem pode ser um problema sério em sistemas produtivos tais como engrenagens de
alta velocidade, bombeamento de alto volume e lubrificação por nuvem. A lubrificação
inadequada, cavitações e perda por transbordamento do fluido podem resultar em falha
mecânica. O método utilizado na avaliação do fluido para tais condições de operação baseou-
se na norma ASTM D892. O ensaio foi realizado nas temperaturas de 23,0±3ºC, 93,5±10C e
24,0±3oC e o resultado medido representa o volume de espuma produzido após a difusão de ar
por um tempo de 5 minutos e fluxo pré-determinados.

6.1.2 Métodos aplicados para as medições

Para que se tenha uma avaliação confiável a respeito dos graus de importância das
variáveis que interagem no processo de usinagem a ser estudado, algumas avaliações, tanto
em laboratório como chão de fábrica, foram propostas. Não obstante a isto, deve-se ter a
clareza que a inter-relação entre os aspectos tecnológicos, econômicos, ambientais e sociais
não podem ser analisados separadamente. A riqueza desta avaliação recai exatamente no
92

entendimento que uma variável analisada interfere positiva ou negativamente em um ou mais


aspectos em estudo.
Foi neste contexto que se realizaram os experimentos e avaliações que serão
detalhadas a seguir.

a. Método para avaliação da Usinabilidade – Aspecto Tecnológico


Foram coletadas informações de desempenho de usinabilidade utilizando 2 técnicas de
aplicação, usinagem de 2 diferentes metais e 3 fluidos de corte distintos (Figura 6.7).
Método do experimento
Aspecto tecnológico

Comparação entre inundação e MQL


Fluido de
corte A
Material A
Técnica de Aplicação Fluido de
INUNDAÇÃO corte B
Material B - Parâmetros de a.1) Vida útil da ferramenta de
Fluido de corte corte
corte C - Concentração de a.2) Forma do cavaco
fluido de corte a.3) Força de usinagem
Fluido de (emulsão) a.4) Rugosidade Ra
corte A - Processo de a.5) Erros de forma
Material A usinagem
Técnica de Aplicação Fluido de
MQL corte B
Material B
Fluido de
corte C

ENTRADA SAÍDA

FIGURA 6.7 - Planejamento para os experimentos do aspecto tecnológico.

a.1 Planejamento dos experimentos de vida útil da ferramenta de corte


Para as amostras em liga de alumínio, as medições do desgaste de flanco da
ferramenta de corte foram feitas a cada 14 faceamentos completos da superfície, perfazendo
um comprimento médio usinado de 42 m.
Para as amostras em ferro fundido cinzento, as medições do desgaste de flanco da
ferramenta de corte foram feitas a cada 2,28 m, correspondente a uma usinagem superficial
completa da área frontal à ferramenta de corte.
O desgaste de flanco máximo considerado para os experimentos, em ambos os metais,
foi de VBMÁX= 0,2 mm.
Foram analisados 3 gumes de ferramentas de corte em cada combinação de parâmetros
de corte para o ensaio de vida útil da ferramenta de corte com os corpos-de-prova e, com isto,
foi calculada a média de VB (mm) e o valor do desvio padrão destes valores, em cada medição
93

executada. Para evitar possíveis vibrações ao sistema, devido ao desbalanceamento da fresa


intercambiável de 5 ferramentas de corte, 4 ferramentas tiveram seus gumes ativos retirados,
participando do corte apenas aquele que seria a fonte de análise.
Os parâmetros de corte utilizados nos ensaios de fresamento tinham por objetivo criar
a situação de alta necessidade da propriedade de lubrificação quanto da propriedade de
refrigeração, conforme técnicas de aplicação de fluido de corte do ensaio.
Nos experimentos propostos, objetivou-se, com baixo avanço (fz), aumentar a
temperatura na interface ferramenta-cavaco e, consequentemente, avaliar o potencial da
propriedade de refrigeração. Com o aumento do avanço de corte (fz), objetivou-se
acompanhar o aumento do efeito da propriedade de lubrificação. Esta avaliação foi feita de
forma indireta8, pois não foi possível medir a temperatura e nem as características tribológicas
destes experimentos (Tabela 6.5).

TABELA 6.5 - Parâmetros de corte para ensaios de vida útil da ferramenta de corte em
superfícies planas.
Ensaios em liga de alumínio
Velocidade de corte Profundidade axial de corte Penetração de Avanço
Combinações
vc (m/min) ap (mm) trabalho ae (%) fz (mm/dente)
A1 1884 2,88 75 0,05
A2 1884 2,88 75 0,15
A3 1884 2,88 75 0,30
Ensaios em ferro fundido cinzento
A1 135 0,5 40 0,1
A2 135 0,5 40 0,4
A3 200 0,5 40 0,1
A4 200 0,5 40 0,4

a.2 Planejamento dos experimentos de forma dos cavacos


Na usinagem da liga de alumínio, verificou-se a espessura dos cavacos produzidos na
combinação de cada técnica de aplicação com os distintos fluidos de corte. Mediu-se a
espessura da maior curvatura de 20 cavacos em cada técnica de aplicação e fluido de corte dos
ensaios para a verificação do grau de recalque do conjunto cavaco-ferramenta e determinou-se
a forma do cavaco segundo norma ISO 3658. O valor de referência do grau de recalque do
cavaco foi a média aritmética das 20 espessuras medidas.

8
Forma indireta: utilização de outra variável diretamente proporcional a que se deseja avaliar para se determinar
o grau de intensidade em relação a referência.
94

Devido à forma fragmentada, arrancada, do cavaco produzido pelo ferro fundido


cinzento, não foi possível executar a medição da espessura do cavaco produzido na
combinação das variáveis do trabalho.

a.3 Planejamento dos experimentos de forças de usinagem


Como ensaio para medição das forças de corte, utilizou-se a vida útil da ferramenta de
corte e os mesmos valores de parâmetros de corte determinados para cada material.
Para a liga de alumínio foram medidas as forças de usinagem em cada ferramenta de
corte, no comprimento usinado de 84 e 168 m, perfazendo um total de 6 valores medidos de
força de corte com as 3 ferramentas de corte do ensaio. A medida resultante da força de corte,
em cada combinação de fluido de corte e avanço por dente (fz), foi a média aritmética das 6
medições e seus respectivos desvios-padrão.
Na usinagem do ferro fundido cinzento foram medidas as forças de corte em cada
ferramenta de corte, no comprimento usinado de 2,28 e 4,56 m, perfazendo um total de 6
valores medidos de força de corte com as 3 ferramentas de corte do ensaio. Salienta-se que,
pela propriedade intrínseca do ferro fundido cinzento, em algumas combinações de
parâmetros de corte não foram possíveis as medições no comprimento usinado de 4,56 m pela
ferramenta não alcançar esta vida antes do desgaste de flanco VBMÁX de 0,2 mm.
A medida resultante da força de corte, em cada combinação de fluido de corte e
parâmetros de corte, foi a média aritmética das medições coletadas e calculados os seus
respectivos desvios-padrão.

a.4 Planejamento dos experimentos da rugosidade Ra das superfícies usinadas


Para os ensaios de avaliação da rugosidade da superfície usinada (Ra) da liga de
alumínio, foram combinadas 49 condições de corte a partir de 7 condições de avanço (f z) e de
7 velocidades de corte (vc) (Tabela 6.6). Utilizaram-se os mesmos valores do ensaio de vida
útil da ferramenta de corte com relação à profundidade axial de corte (ap) de 2,88 mm e de
penetração de trabalho (ae) de 75%. Em cada face usinada foram medidos 3 valores de
rugosidade Ra (esquerda, meio e direita), sendo o valor final, a média entre eles (Anexo I- L).
95

TABELA 6.6 - 49 combinações de parâmetros de corte para o ensaio de rugosidade Ra para a


liga de alumínio.
Avanço fz (mm/dente)
0,05 0,08 0,12 0,20 0,25 0,30 0,35
corte vc (m/min)

219 1 2 3 4 5 6 7
Velocidade de

314 8 9 10 11 12 13 14
628 15 16 17 18 19 20 21
942 22 23 24 25 26 27 28
1257 29 30 31 32 33 34 35
1571 36 37 38 39 40 41 42
1884 43 44 45 46 47 48 49

Conforme a norma da indústria aeronáutica (MEP 08-020 Eng rev B), o limite máximo
permitido de rugosidade obtida na superfície plana usinada é Ra de 0,8 μm, limite máximo
deste ensaio.
No ensaio com ferro fundido cinzento, a rugosidade Ra foi medida a cada término da
superfície usinada do corpo-de-prova no ensaio de usinabilidade da ferramenta de corte, sendo
a execução das medições feitas no início, meio e fim do corpo-de-prova na direção de avanço
da ferramenta e o valor final utilizado para a análise, a média aritmética entre os valores
coletados. Para este material, foram utilizados os parâmetros de corte determinados na Tabela
6.5 desta Tese, sendo estes os parâmetros nos experimentos de usinabilidade do material.

a.5 Experimentos dos erros de forma em uma peça estrutural representativa em


liga de alumínio
Os valores medidos dos erros de forma foram distribuídos em 7 posições diferentes na
espessura da peça modelo (ver Figura 6.2- A). Os valores dos parâmetros de corte foram
determinados conforme os limites estabelecidos pela indústria aeronáutica, que utiliza estes
valores em chão de fábrica para a fabricação de seus componentes (Tabela 6.7).

TABELA 6.7 - Parâmetros de corte utilizados na usinagem da peça modelo.


Velocidade de corte Profundidade axial de penetração de Avanço fz
Operação
vc (m/min) corte ap (mm) trabalho ae (%) (mm/dente)
Desbaste 800 4 70 0,25
Acabamento 800 5 20 0,2

Os erros de forma medidos neste experimento foram a circularidade, diâmetro,


retilineidade e paralelismo. O limite de erro de circularidade foi de + 0,1 mm e diâmetro de +
0,2 mm, bem como para a retilineidade e o paralelismo em + 0,01 mm, sendo estes
estabelecidos pela indústria aeronáutica em chão de fábrica para a fabricação de seus
96

componentes. Os valores computados foram a média aritmética de 6 medições no ponto de


análise.

b - Método para a avaliação dos aspectos econômicos


A figura 6.8 mostra o método utilizado para este experimento.

Método do experimento
Aspecto econômico

Fluido de - Custo do óleo


- Custo da água
corte A
Material A - Custo do descarte e recuperação do
Técnica de Aplicação Fluido de fluido de corte
- Custo das ferramentas de corte
INUNDAÇÃO corte B
Material B - Parâmetros de - Custo da energia da máquina em
Fluido de corte operação
corte C - Custo da energia do equipamento de
- Concentração de
lubri/refrigeração
fluido de corte - Custo da hora/máquina
Fluido de (emulsão) - Custo do equipamento de
corte A - Processo de lubri/refrigeração
Material A usinagem - Custo do afastamento por doença de
Técnica de Aplicação Fluido de pele
MQL corte B - Custo do afastamento por doença
Material B causada pelo ruído
Fluido de - Custo do afastamento por doença
corte C respiratória

ENTRADA SAÍDA

FIGURA 6.8 - Método para o experimento do aspecto econômico.

Para a avaliação dos impactos econômicos que foram considerados pertinentes nesta
fase de análise, adotou-se como base de custo o valor comercial de cada produto e de cada
serviço que influenciaram os experimentos, desde a sua compra até a entrega, sendo como
ponto de entrega, o Centro de Competência em Manufatura do ITA (CCM/ITA) em São José
dos Campos/SP. Utilizou-se, como balizador, o custo ofertado por 3 fornecedores de cada
produto e serviço para esta análise, sendo utilizada a média aritmética dos valores fornecidos.
Para alguns produtos e processos, por serem específicos de um único fornecedor, o valor
considerado foi unitário.
Como informação complementar, para se quantificar o Índice de Sustentabilidade (IS)
referente aos danos causados aos operadores por doenças advindas do processo de usinagem,
o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão define o tempo mínimo para afastamento
de funcionários, sendo esta informação catalogada no Subsistema Integrado de Atenção à
Saúde do Servidor (SIASS) referente a todas as doenças ocupacionais identificadas. Como
análise a ser efetivada referente ao tipo de condição insalubre a que fica exposto o operador
97

nos experimentos realizados, utilizou-se como referência as seguintes doenças, sendo estas as
mais comumentes observadas (SIASS, 2010):
 Doenças da pele: afastamento mínimo 7 dias;
 Doenças do ouvido: afastamento mínimo de 30 dias e
 Doenças respiratórias: afastamento mínimo de 7 dias.

Esta informação serviu para verificar quanto é o custo para a indústria, referente ao
afastamento de um operador que contraiu alguma doença ocupacional em 1 ano, como
dermatite, doença de audição ou respiratória, devido à insalubridade do ambiente fabril e o
quanto impacta no valor do Índice de Sustentabilidade (IS) proposto pelo Método (MAIS) no
Capítulo 5 desta Tese.

c - Método para a avaliação de aspectos ambientais e sociais


Nestes experimentos, propôs-se analisar e quantificar o efeito da utilização dos fluidos
de corte na usinagem de metais quanto ao impacto ambiental e social. Utilizou-se, para a
avaliação, 3 tipos de fluidos de corte com as 2 técnicas de aplicação (Figura 6.9).

Método do experimento
Aspectos ambiental e social

AMBIENTAL

Fluido de
Técnica de Aplicação corte A a) Eficiência energética
Material A b) Descarte do fluido de corte
INUNDAÇÃO
Fluido de
c) Quantidade de resíduos
corte B
Técnica de Aplicação d) Composição físico-química do
Material B
- Parâmetros de MQL Fluido de fluido de corte
corte corte C
- Concentração de
fluido de corte
(emulsão)
- Processo de SOCIAL
usinagem
Fluido de
Técnica de Aplicação Material A corte A
INUNDAÇÃO e) Saúde ocupacional do operador
Fluido de e.1) Intensidade de ruído
Técnica de Aplicação corte B e.2) Névoa
MQL Material B
Fluido de
corte C

ENTRADA SAÍDA

FIGURA 6.9 - Método para o experimento dos aspectos ambiental e social.

A avaliação do impacto ambiental deu-se pela análise da eficiência energética do


processo de usinagem, pela análise do descarte e recuperação do fluido de corte, pela
98

quantidade de resíduo gerado em cada processo de usinagem e pela análise da composição


dos fluidos de corte do experimento.
A avaliação do impacto sobre a saúde ocupacional do operador (impacto social) deu-se
pela avaliação da intensidade do ruído produzido no processo de usinagem, pela geração de
névoa provocada pela utilização das técnicas de aplicação de fluido de corte e pelo nível de
insalubridade do ambiente fabril.

c.1 Planejamento dos experimentos de avaliação da eficiência energética


Neste experimento, foi medida a potência consumida pelo sistema de usinagem no
tempo real dos experimentos de vida útil da ferramenta de corte (soma da potência do sistema
de lubri/refrigeração, da árvore da máquina-ferramenta, dos componentes elétricos e
acessórios da máquina-ferramenta, do sistema de exaustão do laboratório e do compressor de
ar).
Como referência, utilizou-se a média da potência ativa (Pcmed) consumida nos 30
segundos antes do fim da vida útil da ferramenta de corte.

Como resultado, a energia consumida (ɛcons) foi calculada pela soma das potências

ativas dos equipamentos (máquina-ferramenta, exaustor e compressor de ar), multiplicada


pelo tempo efetivo de trabalho.

c.2 Planejamento dos experimentos da avaliação do tempo de descarte do fluido de


corte
Para esta avaliação, considerou-se as informações de especialistas9 em processo de
usinagem sobre a quantidade de fluido de corte a ser descartado pela máquina-ferramenta e o
tempo para que isto ocorra, baseado no tipo de fluido de corte, na técnica de aplicação por
inundação e no processo de usinagem utilizado.

c.3 Planejamento dos experimentos de avaliação de quantidade de resíduos


Neste experimento, observou-se a quantidade de resíduos de cavacos que ficaram
aderidos na mesa da máquina-ferramenta, sendo o cavaco coletado e pesado, considerando um

9
Foram consultados 3 especialistas com grande conhecimento sobre o descarte e recuperação de fluidos de corte (1 doutor da academia, 1
especialista em vendas de fluido de corte e 1 profissional que trabalha diretamente com processo de usinagem que utiliza grandes volumes de
fluido).
99

mesmo ciclo de usinagem, fluido de corte, material, parâmetros e, principalmente e o


comprimento usinado com a técnica de aplicação por inundação e por MQL e os fluidos do
experimento. Mediu-se, também, em laboratório, a produção de espuma de cada fluido em sua
utilização.
Pretendeu-se, com isto, verificar a maior ou menor possibilidade de auto limpeza
interna da máquina-ferramenta para excluir a necessidade de acessórios ou outras ações para a
limpeza da zona de corte e verificar se a espuma produzida pelo processo de usinagem e pelo
fluido de corte seriam fatores limitantes para a sequência do processo produtivo.

c.4 Planejamento dos experimentos para a avaliação da composição do fluido de


corte
Nesta avaliação de composição química e física de cada fluido de corte do
experimento, utilizou-se a análise de laboratório, segundo normas específicas, para identificar
e quantificar os elementos químicos contidos em cada produto de forma a determinar a sua
influência no processo de usinagem e, mais especificamente, no material do corpo-de-prova e
na saúde do operador.

c.5 Avaliação da saúde ocupacional do operador


c.5.1 Planejamento dos experimentos de intensidade de ruído
Verificou-se a intensidade do ruído em todas as usinagens executadas nos
experimentos, ligando o equipamento de captura de ruído do começo ao fim do processo de
corte efetivo. Esta captura ocorreu no ensaio de vida útil da ferramenta de corte em cada
variação dos parâmetros, dos fluidos de corte e dos materiais dos corpos-de-prova, tanto com
a técnica de aplicação por inundação quanto por MQL.
Os valores considerados como intensidade de ruído para análise foram as maiores
intensidades identificadas no processo de usinagem em cada combinação de material e
parâmetro de corte, segundo a técnica de aplicação de fluido de corte, ou seja, pretendeu-se
identificar qual das técnicas de aplicação gerava a maior intensidade de ruído no ambiente
fabril.

c.5.2 Planejamento dos experimentos para a avaliação de névoa produzida


Como metodologia para medição da quantidade de névoa produzida pelo sistema de
lubri/refrigeração dos experimentos, utilizou-se a metodologia descrita pela norma NIOSH
100

5026, bem como as instruções técnicas desenvolvidas no Guia de Amostragem de Agentes


Químicos no Ar do Centro de Tecnologia SENAI-RJ Ambiental (CTS Ambiental), referência
nacional para este tipo de atividade e responsável pela avaliação dos resultados obtidos.
A Figura 6.10 mostra o fluxograma para a coleta das amostras da qualidade do ar do
ambiente fabril deste experimento, utilizado nesta etapa do trabalho.
Avaliação do ambiente a
ser monitorado Solicitar junto ao laboratório do
CTS Ambiental o tipo e a
quantidade de coletores a serem
Determinação dos agentes utilizados na análise ambiental
químicos que serão avaliados

Proceder a amostragem,
Consulta no guia de respeitando o prazo de validade
amostragem de agentes do amostrador para análise
químicos

Envio das amostras para análise


em condições ideais de
armazenamento, respeitando a
Determinação dos
Verificação da vazão e estabilidade dos anaíitos
coletores a serem
volume a serem utilizados coletados
utilizados

Resultado da análise do
ambiente fabril

FIGURA 6.1Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento.
- Fluxograma utilizado para coleta de amostras do ambiente fabril.

Como princípio da metodologia adotada, a higiene ocupacional tem como filosofia a


proteção da saúde e do bem estar dos trabalhadores através da antecipação, reconhecimento,
avaliação e controle dos riscos oriundos do ambiente de trabalho.
Os fluidos de corte em análise foram enviados ao CTS Ambiental para que fossem
determinados os agentes químicos a serem monitorados. Desta forma, um profissional de
Segurança do Trabalho foi o responsável pela fase inicial de monitoramento do ambiente
laboratorial, identificando o melhor coletor de ar, coletando das amostras e enviando os
coletores para avaliação.
Para tanto, um profissional em Segurança do Trabalho colocava o coletor de ar
(membrana coletora) no amostrador gravimétrico para iniciar o monitoramento do ambiente
laboratorial. Cabe salientar que os coletores de ar são suportes sólidos capazes de reter as
substâncias desejadas. Cada substância possui melhor afinidade por um tipo de suporte (fase),
devendo ser coletada no mesmo a fim de garantir uma boa avaliação.
O fluxo de ar no amostrador gravimétrico, acoplado à membrana, foi calibrado
previamente para a realização da coleta das amostras. O fluxo de ar foi ajustado na faixa de 2
101

L/min, correspondendo a um volume total de ar coletado de, aproximadamente, 240 litros


durante 2 horas de coleta para cada amostra.
O profissional em Segurança do Trabalho executava a calibração do equipamento
montando o sistema de calibração conforme especificações dos parâmetros referente à coleta
das amostras de névoa de fluido de corte (Tabela 6.4), umedecia com solução detergente as
paredes do cilindro de calibração mediante formação de bolhas sucessivas, ajustava a vazão
da bomba de acordo com o analíto em questão e, então, acoplava ao calibrador o coletor de ar,
ajustando-o. Novamente, verificava a vazão da bomba de amostragem, repetindo o
procedimento por 10 vezes, obtendo a média aritmética dos valores obtidos.
Por sua vez, o operador da máquina-ferramenta colocava em funcionamento um ciclo
de usinagem em vazio, utilizado para a usinagem dos corpos-de-prova do experimento, com
os parâmetros de corte de maiores valores para que fossem provocados grandes quantidades
de particulados suspensos no ar, tanto com a técnica de aplicação de fluido de corte por
inundação como com MQL.
O equipamento de coleta de névoa foi colocado no corpo do operador da máquina-
ferramenta pelo tempo de 2 horas consecutivas em cada combinação da técnica de aplicação
de fluido e tipo de fluido de corte, para cada, foram coletadas as amostras. A Figura 6.11
mostra o equipamento de coleta de névoa, acoplado ao operador da máquina-ferramenta, em
operação durante a coleta das amostras de névoa dos fluidos de base vegetal e mineral.

Operador com máscara


para coleta da névoa e
amostrador gravimétrico

FIGURA 6.11 - Forma de coleta das amostras de névoa dos fluidos de corte e equip.
102

Após a coleta das amostras de névoa, o valor do fluxo utilizado foi verificado,
novamente, afim de garantir a estabilidade do mesmo durante a coleta. As membranas
filtrantes com as amostras coletadas foram armazenadas à temperatura ambiente. As amostras
coletadas foram analisadas conforme metodologia da NIOSH 5026.

6.2 Resultado dos experimentos

Neste etapa são analisados os resultados da análise dos Mapas Conceituais, bem como
os aspectos tecnológicos, econômicos, ambientais e sociais da usinagem com fluido de corte
de modo a servir como norteadores para a avaliação da matriz de decisão denominada Método
de Avaliação do Índice de Sustentabilidade (MAIS).
Com relação aos aspectos, inicialmente analisou-se os impactos tecnológicos, pois
parte-se do pressuposto que a decisão industrial somente pode ser cumprida se os requisitos
de produção estiverem satisfeitos. Desse modo, foram conduzidas análises de usinabilidade
(vida de ferramenta, forma de cavaco, força de corte, acabamento e forma da superfície
usinada) para os distintos tipos de fluidos e de técnicas de aplicação de fluido de corte, tendo
como base a usinagem da liga de alumínio (material de cavaco cisalhado e de melhor
usinabilidade), contrastada com a usinagem de um ferro fundido cinzento, também conhecido
por FOFO cinzento (material de cavaco quase arrancado, de baixa usinabilidade devido aos
componentes abrasivos deste metal). Nessa análise foi, ainda, acrescentado o cálculo dos
custos de compra e de reciclagem dos fluidos corte, bem como do custo operacional do
processo de usinagem e do custo da saúde do operador.
Na avaliação do impacto social, a saúde do operador foi o item avaliado no momento
da utilização das referidas tecnologias, considerando ocorrências de doenças ocupacionais
provocadas pela intensidade de ruído e pelos particulados causados pela névoa de fluido de
corte (dermatites e respiratória).

6.2.1 Avaliação dos conceitos elicitados: Estado da Arte da Sociedade

A Tabela 6.8 apresenta os resultados das análises 1, 2, 3 e 4 sob o foco dos conceitos
que foram mais evidenciados em cada aspecto da análise, na percepção do
entrevistador/mapeador, os conceitos que interligavam-se mais aos aspectos de
103

sustentabilidade, os conceitos mais repetidos nas entrevistas e os conceitos que mais foram
interligados para formar proposições: clusters.

TABELA 6.8 - Resultados da análise dos Mapas Conceituais - Estado da Arte da Sociedade.
CONCEITOS PRINCIPAIS NOS ASPECTOS - ANÁLISE 1
TECNOLÓGICO
TECNOLÓGICO TECNOLÓGICO AMBIENTAL
ECONÔMICO PROCESSO DE
QUÍMICO BIOLOGICO SOCIAL
FABRICAÇÃO
Processo de
Escolha Teste Contaminação Descarte
usinagem
Custo Lubrificação Aditivos Saúde do operador Contaminação
Durabilidade Refrigeração Composição Aditivos Saúde do operador
CONCEITOS

Recuperação Eficiência Descarte Bactérias Doenças


Manutenção Indústria Calor Sustentabilidade
Análise de dados Máquina Sustentabilidade Resíduos
Lubrificação Ferramenta Emulsão Fluido vegetal
Refrigeração Saúde do operador Vida útil
Desgaste Doenças Cavaco
Névoa
Recuperação

CONCEITOS PRINCIPAIS ANALISADOS E QUANTIFICADOS- ANÁLISES 2, 3 e 4


Conceitos N0 de aspectos Repetições Clusters
Lubrificação 5 8 5
Processo de usinagem 5 5 4
Propriedades 5
Vida útil 5 7 2
Saúde do operador 5 7 2
Aditivos 4 6 3
Recuperação 4 6 4
Ambiente industrial 4 6
Descarte 4 6 5
Ferramenta 4 6
Fluido vegetal 4 6 2
Máquina 4 7
Névoa 4 6 2
Degradação 4 4
Peça 4 9
Refrigeração 4 7
Bactérias 3
Calor 3 5
Cavaco 3 5
Óleo 3
Composição 3 4
Custo 3 9 6
Doenças 3 5
Emulsão 3 5
Microrganismos 3
Água 3 4
Durabilidade 5 2
Desgaste 4 2
Contaminação 3 2
Eficiência energética 4

Os conceitos das análises 3 e 4 (repetições e clusters), além de serem os mais citados e


elicitados nas entrevistas e estarem contidos nas outras análises, fornecem as condições de
interpretação para a etapa de geração dos indicadores individuais para a aplicação e avaliação
do Método de Avaliação do Índice de Sustentabilidade (MAIS), com força de peso
104

(ranqueamento), e para a execução dos experimentos que serão utilizados para a avaliação do
Método (MAIS) proposto.

6.2.2 Avaliação dos aspectos de usinabilidade – Aspectos tecnológicos

A primeira avaliação de usinabilidade conduzida foi da vida útil da ferramenta de


corte na usinagem da liga de alumínio 7050-T7451, com os parâmetros de velocidade de corte
(vc) de 1884 m/min, máxima alcançada pelo fuso da máquina-ferramenta, e do avanço por
dente (fz) de 0,05 mm/dente, situação provocada para alcance de elevada geração de calor na
zona de corte (Figura 6.12).

INUNDAÇÃO - fz= 0,05 mm/dente


Fresamento de liga de alumínio 7050- T 7451 vc= 1884 m/min ap = 2,88 mm ae= 75%
Ø= 50 mm
0,25

0,2
Desgaste de flanco (VB) mm

Pinhão manso (vegetal)

Canola (vegetal)
0,15

Semi-sintético (mineral)

0,1

0,05

0
0 84 168 252 336 420 504 588 672 756 840 924 1.008 1.092

Comprimento usinado (m)

MQL - fz= 0,05 mm/dente


Fresamento de liga de alumínio 7050- T 7451 vc= 1884 m/min ap = 2,88 mm ae= 75%
Ø= 50 mm
0,3
material soldado

0,25
Desgaste de flanco (VB) mm

0,2

0,15
Pinhão manso (vegetal)

Canola (vegetal)
0,1

Semi-sintético (mineral)

0,05

0
0 50 100 150 200 250

-0,05
Comprimento usinado (m)

FIGURA 6.12 - Liga de Alumínio: desgaste de flanco da ferramenta de corte em função do


tipo de fluido e da técnica de aplicação de fluido de corte, com avanço fz de 0,05 mm/dente.

Verificou-se uma significativa maior vida útil da ferramenta de corte com a técnica de
aplicação por inundação em relação ao MQL, independentemente do tipo de material utilizado
como fluido de corte, caracterizando um possível maior rendimento relacionado à refrigeração
105

e ao arraste de cavaco da zona de corte. Respectivamente, obteve-se média de 1039 m de


comprimento usinado (limite máximo de duração de ensaio) contra 200 m, quando aplicado
fluido de base vegetal pinhão manso; média de 700 m contra 160 m, quando aplicado fluido
de base vegetal canola; e média de 718 m contra 178 m, quando aplicado fluido de base
mineral semi-sintético. O melhor resultado para o fluido de base vegetal pinhão manso
também foi comprovado por Souza (2012). Na aplicação da técnica com MQL evidenciou,
ainda, a adesão de materiais na superfície da ferramenta de corte.
INUNDAÇÃO - fz= 0,15 mm/dente
Fresamento de liga de alumínio 7050- T 7451 vc= 1884 m/min ap = 2,88 mm ae= 75%
Ø= 50 mm
0,25

Pinhão manso (vegetal)


Desgaste de flanco (VB) mm

0,2
Canola (vegetal)

Semi-sintético (mineral)
0,15

0,1

0,05

0
0 84 168 252 336 420 504 588 672 756 840 924 1.008 1.092

Comprimento usinado (m)

MQL - fz= 0,15 mm/dente


Fresamento de liga de alumínio 7050- T 7451 vc= 1884 m/min ap = 2,88 mm ae= 75%
Ø= 50 mm
0,3

material soldado

0,25
Desgaste de flanco (VB) mm

0,2

Pinhão manso (vegetal)


0,15

Canola (vegetal)

0,1
Semi-sintético (mineral)

0,05

0
0 50 100 150 200 250

Comprimento usinado (m)

FIGURA 6.13 - Liga de Alumínio: desgaste de flanco da ferramenta de corte em função do


tipo de fluido e da técnica de aplicação de fluido de corte, com avanço fz de 0,15 mm/dente.

Uma possível explicação para a diferença de comportamento entre os distintos tipos de


fluido de corte deve-se à presença do grupamento à base de álcool e CH2 do fluido de base
vegetal canola, que não permite a estabilidade da película protetora entre as superfícies de
contato peça-ferrementa de corte. O grupamento à base de nitrogênio-hidrogênio (N-H) dos
fluidos de base vegetal pinhão manso e mineral semi-sintético, combinado ao teor de enxofre
é mais resistente que o grupamento de álcool e CH 2 para elevadas temperaturas. Nestes casos,
onde a geração de calor é mais intensa, tanto na técnica de aplicação de fluido de corte por
106

inundação, quanto por MQL, estes fluidos (pinhão manso e semi-sintético) apresentaram os
maiores comprimentos usinados (Tabela 6.9).

TABELA 6.9 - Grupamentos químicos dos fluidos de corte.


ANÁLISE FISICO-QUÍMICA DOS FLUIDOS DE CORTE
Tipo de fluidos de corte
Tipo de análise Pinhão manso Canola Semi-sintético
(vegetal) (vegetal) (mineral)
Grupos ésteres, CH2 de cadeia Grupos ésteres, álcool e grupos Grupos ésteres, CH2 de cadeia
Grupamentos químicos
longa e ligações N-H. de CH2 de cadeia longa. longa e ligações N-H.

O mesmo padrão de comportamento foi encontrado numa situação de menor


necessidade de refrigeração (maior avanço, fz= 0,15 mm/dente), de maior retirada de cavaco
da zona de corte e de lubrificação (Figura 6.13).
Independentemente do tipo de fluido de corte utilizado, sempre quando a técnica por
inundação foi utilizada, o resultado foi melhor do que o encontrado com a aplicação de MQL,
mesmo com avanços maiores, onde a necessidade de expulsão do cavaco da zona de corte é
ainda maior (Figura 6.14).
INUNDAÇÃO - fz= 0,30 mm/dente
Fresamento de liga de alumínio 7050- T 7451 vc= 1884 m/min ap = 2,88 mm ae= 75%
Ø= 50 mm
0,25

0,2
Desgaste de flanco (VB) mm

0,15
Pinhão manso (vegetal)

Canola (vegetal)

0,1 Semi-sintético (mineral)

0,05

0
0 84 168 252 336 420 504 588 672 756 840 924 1.008 1.092

Comprimento usinado (m)

MQL - fz= 0,30 mm/dente


Fresamento de liga de alumínio 7050- T 7451 vc= 1884 m/min ap = 2,88 mm ae= 75%
Ø= 50 mm
0,3

material soldado
0,25
Desgaste de flanco (VB) mm

0,2

0,15 Pinhão manso (vegetal)

Canola (vegetal)
0,1
Semi-sintético (mineral)

0,05

0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

Comprimento usinado (m)

FIGURA 6.14 - Liga de Alumínio: desgaste de flanco da ferramenta de corte em função do


tipo de fluido e da técnica de aplicação de fluido de corte, com avanço fz de 0,30 mm/dente.
107

Pela avaliação do cavaco produzido pela liga de alumínio, segundo norma ISO 3658,
não foi verificada nenhuma alteração aparente da forma de cavaco, tanto pela variação do tipo
de fluido, quanto pela técnica de aplicação de fluido de corte (Tabela 6.10). A forma do
cavaco característico deste processo de usinagem foi identificada por meio de micrografia
eletrônica e, segundo Machado & Silva (2004), é de cavaco helicoidal tipo curto.

TABELA 6.10 - Liga de alumínio: forma dos cavacos produzidos nos ensaios de vida útil de
ferramenta de corte.
Fresamento liga de alumínio 7050-T7451 vc= 1884 mm/min ap = 2,88 mm ae= 75% Ø= 50 mm
Técnica de Pinhão manso Canola Semi-sintético
aplicação fz (mm/dente)
(vegetal) (vegetal) (mineral)

0,05

Inundação 0,15

0,30

0,05

MQL 0,15

0,30

O grau de recalque do cavaco medido (Rc) é o indicador de deformação do cavaco na


zona de cisalhamento primária (MACHADO & SILVA, 2004). Para a sua medição, o grau
aproximado de recalque (Rc) é a relação da espessura média de cavaco medida e a espessura
média de cavaco calculada (equação 6.1):
108

(6.1)

Onde:
hm’= Espessura média do cavaco medido (mm)
hm= Espessura média do cavaco calculado (mm)

Salienta-se que quanto maior o valor do grau de recalque, menor o ângulo de


cisalhamento, indicando grandes deformações na zona primária de cisalhamento na interface
ferramenta-peça, podendo afetar a vida útil da ferramenta de corte pelo aumento das forças de
usinagem e pelo consequente calor gerado na zona de corte (LOURENÇO, 1996).
Desta forma, a Tabela 6.11 mostra os valores de Rc encontrados na usinagem da liga
de alumínio.

TABELA 6.11 - Grau de recalque dos cavacos produzidos com a liga de alumínio.
Grau de recalque para cada fluido de corte (R c)
Fresamento liga de alumínio 7050-T7451 vc= 1884 mm/min ap = 2,88 mm ae= 75% Ø= 50 mm
Inundação (mm) MQL (mm)

fz Pinhão manso Canola Semi-sintético Pinhão manso Canola Semi-sintético


(mm/dente) (vegetal) (vegetal) (mineral) (vegetal) (vegetal) (mineral)
0,05 2,63 3,31 3,35 2,19 2,58 5,69
0,15 1,83 2,12 1,90 1,68 1,91 1,86
0,30 1,49 1,81 1,52 1,50 1,57 1,53

Analisando-se somente os resultados da condição de avanço (fz) de 0,05 mm/dente,


com fluido de base vegetal pinhão manso, observa-se, novamente, o seu maior poder de
lubricidade, registrando os menores valores do grau de recalque entre os fluidos e as técnicas
de aplicação em análise, o que evidenciou a sua superioridade neste conceito “lubrificação”
(Figura 6.15).
Fresamento em superficies planas- fz= 0,05 mm/dente
liga de alumínio 7050-T7451 vc= 1884 mm/min ap = 2,88 mm
ae= 75% φ= 50 mm
4,00
Grau de recalque do caavaco

3,50
3,00
2,50
2,00 INUNDAÇÃO
1,50 MQL
1,00
0,50
0,00
Pinhão manso Canola (vegetal) Semi-sintético
(vegetal) (mineral)

FIGURA 6.15- Grau de recalque.


109

Com relação à medição dos esforços de usinagem mostra uma possível tendência de
diminuição da força de corte com a utilização da técnica de aplicação de fluidos de corte por
MQL, caracterizando que o fim de vida de ferramenta ocorre por condições de lubricidade na
zona de corte, conforme encontrado em literatura relevante (MACHADO & SILVA, 2004).
(Figura 6.16).
Fresamento em superficies planas com fz= 0,05 mm/dente
Liga de alumínio 7050-T7451 v c= 1884 mm/min ap = 2,88 mm ae= 75% Ø= 50 mm

250,00
Força de corte (N)

200,00

150,00

100,00

50,00

0,00
Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral)

INUNDAÇÃO MQL

Fresamento em superficies planas com fz= 0,15 mm/dente


Liga de alumínio 7050-T7451 v c= 1884 mm/min ap = 2,88 mm ae= 75% Ø= 50 mm

400,00
Força de corte (N)

350,00

300,00

250,00
Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral)

INUNDAÇÃO MQL

Fresamento em superficies planas com fz= 0,30 mm/dente


Liga de alumínio 7050-T7451 vc= 1884 mm/min ap = 2,88 mm ae= 75% Ø= 50 mm

600,00
Força de corte (N)

550,00

500,00

450,00
Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral)

INUNDAÇÃO MQL

FIGURA 6.16 - Liga de alumínio: valores medidos de força de corte no fresamento.


110

A avaliação das condições na interface ferramenta/cavaco pode ser evidenciada pela


análise da rugosidade da superfície usinada utilizando o fluido de base vegetal pinhão manso.
Por meio de uma matriz de 49 combinações de parâmetros de corte, os maiores valores de
rugosidade Ra foram encontrados com o uso da técnica de aplicação com MQL. Ressalta-se
que, no entanto, em todas as condições de análise, os valores máximos encontrados de
rugosidade Ra foram inferiores ao limite de 0,8 μm (condição limite para componente
aeronáutico) (Figura 6.17).

INUNDAÇÃO - Fluido de Corte de Base Vegetal Pinhão Manso


Fresamento de liga de alumínio 7050-T7451
Avanço (fz) x Velocidade de Corte (vc)
1800 Ra [um]
Velocidade de corte [m/min]

< 0,050
1600 0,050 - 0,075
0,075 - 0,100
1400 0,100 - 0,125
0,125 - 0,150
1200 0,150 - 0,175
> 0,175
1000
800
600
400

0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35


Avanço por dente [mm]
vc= 1884 m/min; ap= 2,88 mm; ae= 75%

MQL - Fluido de Corte de Base Vegetal de Pinhão Manso


Fresamento de liga de alumínio 7050-T7451
Avanço (fz) x Velocidade de corte (vc)
1800 Ra [um]
Velocidade de corte [m/min]

< 0,10
1600 0,10 - 0,12
0,12 - 0,14
1400 0,14 - 0,16
0,16 - 0,18
1200 > 0,18

1000
800
600
400

0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35


Avanço por dente [mm]
vc= 1884 m/min; ap= 2,88 mm; ae= 75%

FIGURA 6.17 - Liga de alumínio: rugosidade média Ra medida na variação de velocidade de


corte (vc) e avanço (fz).

O resultado do uso das distintas formas de aplicação de fluido de corte (inundação e


MQL) é exemplificado no efeito da usinagem sobre a forma de uma geometria típica de
estrutura aeronáutica. Evidenciou-se que as propriedades de expulsão do cavaco na zona de
111

corte, somadas com o maior poder de refrigeração, são aumentadas com o uso da técnica de
aplicação de fluido de corte por inundação (Figura 6.18).

R1
0,2
INUNDAÇÃO
0,18 Circularidade (mm)
0,16
0,14
R7 R2
0,12
0,1
0,08
0,06
0,04 Pinhão manso (vegetal)
0,02 Canola
0 Semi-sintético (mineral)
Tolerância
R6 R3

Fresamento liga de alumínio 7050-T7451


Desbaste: vc= 800 m/min ap = 4 mm
ae= 70% fz= 0,25 mm/dente
R5 R4 Acabamento: vc= 800 m/min ap = 5 mm
ae= 20% fz= 0,20 mm/dente

R1
0,2
MQL
0,18 Circularidade (mm)
0,16
0,14
R7 R2
0,12
0,1
0,08
0,06
0,04 Pinhão manso (vegetal)
0,02 Canola (vegetal)
0
Semi-sintético (mineral)
R6 R3 Tolerância superior

Fresamento liga de alumínio 7050-T7451


Desbaste: vc= 800 m/min ap = 4 mm
ae= 70% fz= 0,25 mm/dente
R5 R4 Acabamento: vc= 800 m/min ap = 5 mm
ae= 20% fz= 0,20 mm/dente

FIGURA 6.18 - Liga de alumínio: erros de circularidade na peça modelo em função da


técnica de aplicação e o tipo de fluido de corte.

Na avaliação da usinabilidade no fresamento de ferro fundido cinzento (FOFO


cinzento), condição de maior abrasividade com formação irregular de cavaco (cavaco quase
arrancado) e em que a propriedade de lubrificação é mais exigida, não se verificou diferença
significativa quanto ao tipo de técnica de aplicação (inundação e MQL), mas, sim, nos tipos
de fluido de corte utilizados (Figura 6.19). O fluido de base vegetal canola proporcionou a
menor vida útil à ferramenta de corte, com a técnica de aplicação por MQL, e o de base
vegetal pinhão manso apresentou os maiores valores de comprimento usinado com as 2
técnicas de aplicação, 11,4 m.
112

INUNDAÇÃO - vc= 135 m/min e fz= 0,1 mm/dente


Fresamento de ferro fundido cinzento
ap = 0,5 mm ae= 40% Ø= 50 mm
0,25

Desgaste de flanco (VB) mm


0,2

0,15
Pinhão manso (vegetal)
0,1 Canola (vegetal)
Semi-sintético (mineral)

0,05

0
0 2,28 4,56 6,84 9,12 11,4
Comprimento usinado (m)

MQL - vc= 135 m/min e fz= 0,1 mm/dente


Fresamento de ferro fundido cinzento
ap = 0,5 mm ae= 40% Ø= 50 mm
0,25
Desgaste de flanco (VB) mm

0,2

0,15
Pinhão manso (vegetal)
0,1 Canola (vegetal)
Semi-sintético (mineral)

0,05

0
0 2,28 4,56 6,84 9,12 11,4
Comprimento usinado (m)

FIGURA 6.19 - FOFO cinzento: desgaste de flanco da ferramenta de corte em função do tipo
de fluido e da técnica de aplicação de fluido de corte, com vc= 135 m/min e fz= 0,1 mm/dente.

Aumentando-se o avanço fz para 0,4 mm/dente e mantendo a velocidade de corte


constante (vc= 135 m/min), a temperatura da zona de corte tende a diminuir. Isso se
confirmou, pois a propriedade de refrigeração das técnicas de aplicação de fluido de corte não
foi o requisito que influenciou no desgaste da ferramenta de corte, mas, sim, a propriedade de
lubrificação (Figura 6.20). O fluido de base vegetal pinhão manso obteve o comprimento
usinado de 45,32 m com a técnica de aplicação por MQL, contra 20,32 m, com a técnica por
inundação. Neste caso, ainda, observou-se maior vantagem na utilização de aplicação por
MQL.
113

INUNDAÇÃO - vc= 135 m/min e fz= 0,4 mm/dente


Fresamento de ferro fundido cinzento
ap = 0,5 mm ae= 40% Ø= 50 mm
0,25

Desgaste de flanco (VB) mm


0,2

0,15
Pinhão manso (vegetal)
0,1 Canola (vegetal)
Semi-sintético (mineral)

0,05

0
0 2,28 4,56 6,84 9,12 11,4 13,68 15,96 18,24 20,52
Comprimento usinado (m)

MQL - vc= 135 m/min e fz= 0,4 mm/dente


Fresamento de ferro fundido cinzento
ap = 0,5 mm ae= 40% Ø= 50 mm
0,25
Desgaste de flanco (VB) mm

0,2

0,15

Pinhão manso (vegetal)


0,1
Canola (vegetal)
Semi-sintético (mineral)
0,05

Comprimento usinado (m)

FIGURA 6.20 - FOFO cinzento: desgaste de flanco da ferramenta de corte em função do tipo
de fluido e da técnica de aplicação de fluido de corte, com vc= 135 m/min e fz= 0,4 mm/dente.

Fazendo-se outra combinação dos parâmetros de corte com o intuito de variar, ainda
mais, a temperatura da zona de corte, a técnica de aplicação de fluido de corte por MQL
manteve, novamente, o maior comprimento usinado em relação à técnica por inundação,
utilizando o fluido de base vegetal pinhão manso (Figura 6.21).
114

INUNDAÇÃO - vc= 200 m/min e fz= 0,1 mm/dente


Fresamento de ferro fundido cinzento
ap = 0,5 mm ae= 40% Ø= 50 mm
0,25

Desgaste de flanco (VB) mm


0,2

0,15
Pinhão manso (vegetal)
0,1 Canola (vegetal)
Semi-sintético (mineral)

0,05

0
0 2,28 4,56 6,84 9,12
Comprimento usinado (m)

MQL - vc= 200 m/min e fz= 0,1 mm/dente


Fresamento de ferro fundido cinzento
ap = 0,5 mm ae= 40% Ø= 50 mm
0,25
Desgaste de flanco (VB) mm

0,2

0,15
Pinhão manso (vegetal)
0,1 Canola (vegetal)
Semi-sintético (mineral)

0,05

0
0 2,28 4,56 6,84 9,12 11,4
Comprimento usinado (m)

FIGURA 6.21 - FOFO cinzento: desgaste de flanco da ferramenta de corte em função do tipo
de fluido e da técnica de aplicação de fluido de corte, com vc= 200 m/min e fz= 0,1 mm/dente.

As formas dos cavacos produzidos na usinagem de FOFO cinzento, com as distintas


técnicas de aplicação por inundação e por MQL, bem como diferentes fluidos e parâmetros de
corte, não influenciaram na forma do cavaco produzido, em forma de lascas ou pedaços do
tipo soltos, característico do ferro fundido cinzento. Como o cavaco de ferro fundido cinzento
é segmentado em forma de concha, gera-se uma superfície com qualidade inferior (Tabela
6.12).
Salienta-se, ainda, que a técnica de aplicação de fluido de corte por inundação tem
uma importância maior em máquinas-ferramentas convencionais (não preparadas para
aplicação MQL), pois este cavaco é de difícil retirada da máquina-ferramenta e por conter
muitos pedaços pequenos, estes se alojam em lugares de difícil retirada, principalmente, na
utilização da técnica de aplicação de fluido de corte com MQL.
115

TABELA 6.12 - FOFO cinzento: forma dos cavacos produzidos nos ensaios de vida útil de
ferramenta de corte.
Fresamento de ferro fundido cinzento ap = 0,5 mm ae= 40% φ= 50 mm
vc fz Pinhão manso Canola Semi-sintético
(m/min) (mm/dente) (vegetal) (vegetal) (mineral)

0,1

135

0,4
INUNDAÇÃO

0,1

200

0,4

0,1

135

0,4
MQL

0,1

200

0,4

Seguindo o mesmo raciocínio de avaliação, a Figura 6.22 mostra as forças de corte


medidas na usinagem do FOFO cinzento. Confirmou-se a tendência de menor força de corte
para a técnica de aplicação com MQL, mesma tendência mostrada com a liga de alumínio.
116

AUMENTO DO AVANÇO

Fresamento em superficies planas vc= 135 m/min e fz= 0,1 mm/dente Fresamento em superficies planas vc= 135 m/min e fz= 0,4 mm/dente
Ferro fundido cinzentor ap = 0,5 mm ae= 40% Ø= 50 mm Ferro fundido cinzento ap = 0,5 mm ae= 40% Ø= 50 mm
1000 1000

900 900

800 800

700 700

Força de corte (N)


Força de corte (N)

600 600
AUMENTO DA VELOCIDADE DE CORTE

500 500

400 400

300 300

200 200

100 100

0 0
Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral) Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral)
INUNDAÇÃO MQL INUNDAÇÃO MQL
Fresamento em superficies planas vc= 200 m/min e fz= 0,1 mm/dente Fresamento em superficies planas vc= 200 m/min e fz= 0,4 mm/dente
Ferro fundido cinzentor ap = 0,5 mm ae= 40% Ø= 50 mm Ferro fundido cinzento ap = 0,5 mm ae= 40% Ø= 50 mm
1000 1000

900 900

800 800
Força de corte (N)

Força de corte (N)


700 700

600 600

500 500

400 400

300 300

200 200

100 100

0 0
Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral) Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral)
INUNDAÇÃO MQL INUNDAÇÃO MQL

FIGURA 6.22 - FOFO cinzento: valores medidos da força de corte.

Finalizando esta fase do ensaio, verificou-se o acabamento superficial causado no


processo de usinagem do FOFO cinzento. O poder de lubrificação do fluido de corte
influencia na rugosidade Ra medida. Quanto maior o poder de lubrificação, tanto do fluido
quanto da técnica de aplicação de fluido de corte, menores foram os valores de rugosidade R a
medidos. O fluido de base vegetal pinhão manso obteve os menores valores, tanto na técnica
de aplicação por inundação quanto por MQL, evidenciando a sua melhor propriedade de
lubrificação comparado aos outros fluidos dos experimentos (Figura 6.23).
117

AUMENTO DO AVANÇO

Fresamento em superficies planas v c= 135 m/min e fz= 0,1 mm/dente Fresamento em superficies planas v c= 135 m/min e fz= 0,4 mm/dente
Ferro fundido cinzento ap = 0,5 mm ae= 40% Ø= 50 mm Ferro fundido cinzento ap = 0,5 mm ae= 40% Ø= 50 mm
0,6 0,6

0,5 0,5
Rugosidade Ra (μm)

Rugosidade Ra (μm)
AUMENTO DA VELOCIDADE DE CORTE

0,4 0,4

0,3 0,3

0,2 0,2

0,1 0,1

0 0
Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral) Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral)
INUNDAÇÃO MQL INUNDAÇÃO MQL

Fresamento em superficies planas v c= 200 m/min e fz= 0,1 mm/dente Fresamento em superficies planas v c= 200 m/min e fz= 0,4 mm/dente
Ferro fundido cinzento ap = 0,5 mm ae= 40% Ø= 50 mm Ferro fundido cinzento ap = 0,5 mm ae= 40% Ø= 50 mm
0,9 0,9

0,8 0,8
Rugosidade Ra (μm)

Rugosidade Ra (μm)
0,7 0,7

0,6 0,6

0,5 0,5

0,4 0,4

0,3 0,3

0,2 0,2

0,1 0,1

0 0
Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral) Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral)
INUNDAÇÃO MQL INUNDAÇÃO MQL

FIGURA 6.23 - FOFO cinzento: rugosidade média Ra medida na variação de velocidade de


corte (vc) e avanço (fz).

Para a análise do desgaste da máquina-ferramenta, optou-se pelo tempo para que


aconteça a manutenção preventiva em sistemas lubri/refrigerantes. Desta forma, a ROMI S.A.
infomou que o tempo para manutenção preventiva de Centros de Usinagem que trabalham em
regimes de 24 horas/dia é, em média, 1 ano onde são trocados componentes, lubrificados
sistemas deslizantes e rotativos, limpeza de máquina etc. Para o sistema lubri/refrigerante por
MQL, utilizou-se a informação do fabricante AccoLub, que sugere, em seu catálogo, a
limpeza e troca de vedações a cada 9 meses.

6.2.3 Avaliação dos aspectos econômicos

Como cenário de análise e variável de controle, considerou-se o custo dos indicadores


individuais no tempo de 1 ano (365 dias= 2920 horas) de trabalho na indústria, com a
premissa de analisar todas os indicadores dependentes do tempo.
118

Para esta Tese, o custo de cada fluido foi verificado em 3 fornecedores distintos e o
valor médio foi o considerado como referência (Anexo I- M.1).
No custo da água, foi considerada o valor cobrado pela Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo (SABESP) (Anexo I- M.1).
O custo do descarte e recuperação do fluido de corte foi verificado em 3 fornecedores
distintos e utilizado o valor médio para coleta e transporte como referência (Anexo I- M.1). O
custo de descarte e recuperação são considerados em conjunto, uma vez que as empresas que
prestam serviços de coleta de materiais residuais, como exemplo o fluido de corte, são
responsáveis também pela reciclagem deste resíduo, segundo a Política Nacional de resíduos
Sólidos, Lei no 12.305 de agosto de 2010 e decreto lei no 7.404 de 23 de dezembro de 2010,
que normatiza as metas e práticas referentes ao manuseio dos resíduos sólidos.
As Tabelas 6.13 e 6.14 demonstram os resultados dos valores referentes aos custos
médios considerados nos ensaios propostos nesse trabalho, em relação ao tipo de material
usinado, à técnica de aplicação, ao tipo de fluido de corte e ao tempo de usinagem. Salienta-se
que a memória de cálculo de cada custo em estudo está mostrado no Anexo I- M3 à M16.

TABELA 6.13 - Custo das variáveis de processo de usinagem.


INUNDAÇÃO MQL
MÉTRICA INDIVIDUAL Pinhão manso Canola Semi-sintético Pinhão manso Canola Semi-sintético
(vegetal) (vegetal) (mineral) (vegetal) (vegetal) (mineral)
Custo do fluido (R$) 624,00 1488,00 646,36 322,84 314,66 724,16
Custo da água (R$) 1,38 0,67
Custo equipamento de
5.000,00 1.500,00
lubri/refrigeração (R$)
Custo do descarte e
84,00 0
recuperação (R$)
Custo mín. para a indústria
com 1 afastamento por 0 7.280,00
doença de pele (R$)
Custo mín. para a indústria
com 1 afastamento por 31.200,00 31.200,00
doença por ruído (R$)
Custo mín. para a indústria
com 1 afastamento por 0 7.280,00
doença respiratória (R$)

O custo da energia elétrica foi o valor cobrado pela concessionária distribuidora de


energia EDP Bandeirante/SP, concessionária de São José dos Campos/SP (Anexo I- M.1).
Para o custo do equipamento de lubri/refrigeração da máquina-ferramenta ROMI
D800 e do equipamento de MQL, considerou-se o valor praticado pelos fabricantes (Anexo I-
M.7).
O custo de afastamento por doenças de pele, de audição e respiratória do operador foi
baseado no manual do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. O tempo mínimo de
119

afastamento definido pelo Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (SIASS-


Decreto Lei nº 6.833 – 29/04/2009) foi a referência para o cálculo do custo final relacionado
ao prejuízo da indústria pelo eventual tempo de afastamento do operador por doença
ocupacional, em relação à hora-máquina praticada pelas empresas de processo de usinagem
consultadas (média do valor entre 3 empresas) (Anexo I- M.1). Custo Total= custo da hora
máquina x dias afastado x 8 horas/dia.
Na Tabela 6.14, os parâmetros A1, A2 e A3 para a liga de alumínio e A1, A2, A3 e A4
para o FOFO cinzento são os mesmos valores de parâmetros mostrados na Tabela 6.5 deste
capítulo.
O custo do processo de usinagem foi composto por: custo do fluido + custo da água +
custo do equipamento de lubri/refrigeração + custo do descarte e recuperação de fluido de
corte + custo da energia consumida + custo das ferramentas consumidas.
120

TABELA 6.14 - Custo das variáveis do processo de usinagem energia e ferramenta de corte em relação aos parâmetros de corte, técnicas de
aplicação e tipos de fluidos de corte.

LIGA DE ALUMÍNIO
INUNDAÇÃO MQL
MÉTRICA INDIVIDUAL Pinhão manso Canola Semi-sintético Pinhão manso Canola Semi-sintético
(vegetal) (vegetal) (mineral) (vegetal) (vegetal) (mineral)
Custo da energia consumida total (R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$)
Parâmetro A1 16.294,72 19.490,58 24.515,12 39.275,11 43.806,00 47.846,36
Parâmetro A2 17.815,58 19.448,57 26.428,38 40.618,19 41.628,00 49.903,48
Parâmetro A3 23.172,41 28.196,92 32.437,48 43.347,67 45.402,62 51.159,40
Custo das ferramentas de corte
(R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$)
consumida total
Parâmetro A1 4.037,01 5.993,21 5.842,93 20.954,68 26.240,54 23.584,62
Parâmetro A2 12.111,02 25.438,43 20.767,91 62.977,30 114.223,53 78.721,62
Parâmetro A3 24.222,04 40.037,11 56.013,40 140.371,08 416.100,00 228.447,06
FERRO FUNDIDO CINZENTO
INUNDAÇÃO MQL
MÉTRICA INDIVIDUAL Pinhão manso Canola Semi-sintético Pinhão manso Canola Semi-sintético
(vegetal) (vegetal) (mineral) (vegetal) (vegetal) (mineral)
Custo da energia consumida total (R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$)
Parâmetro A1 8.445,08 8.560,59 8.450,07 4.800,46 2.898,25 3.785,25
Parâmetro A2 10.791,96 10.611,54 10.657,48 15.505,18 5.778,13 11.539,84
Parâmetro A3 7.883,35 12.888,59 9.715,04 5.462,56 5.205,91 5.346,72
Parâmetro A4 38.285,27 23.381,57 31.867,81 24.519,11 17.741,63 26.603,46
Custo das ferramentas de corte
(R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$)
consumida total
Parâmetro A1 56.153,85 56.153,85 56.153,85 56.153,85 93.308,27 70.112,99
Parâmetro A2 125.353,54 125.353,54 125.353,54 56.409,09 125.353,54 70.112,99
Parâmetro A3 104.285,71 104.285,71 104.285,71 83.288,59 139.438,20 164.285,71
Parâmetro A4 119.326,92 238.653,85 147.738,10 119.326,92 147.738,10 129.270,83

120
121

Os valores consultados e aplicados ao longo do processo de usinagem dos


experimentos foram utilizados como referência para a avaliação do Método de Avaliação do
Índice de Sustentabilidade (MAIS) do produto e/ou processo do sistema produtivo em análise,
é apresentado no Capítulo 7 desta Tese.

6.2.4 Avaliação dos aspectos ambientais

A energia consumida num processo de usinagem pode ser utilizada como indicador se
um sistema de manufatura tende a ser mais sustentável ou não. Para este experimento e para
cálculo da energia consumida foram medidas as potência ativas (Pcmed) de cada equipamento
que participou do experimento.
Desta forma e numa abordagem de análise sobre a energia consumida (Ɛcons), em kW.h, tem-
se (Equação 6.2):

(6.2)

onde,
Pcmed (kW)= Potência de corte medida na operação de usinagem
Tu (h)= Tempo de usinagem da ferramenta de corte

Salienta-se que, neste experimento, o cálculo da energia consumida, em kW.h, foi


(Equação 6.3):

(6.3)

onde,
Ɛmáquina (kW.h)= Energia consumida pela árvore no tempo de usinagem efetiva
Ɛexaustor (kW.h)= Energia consumida pelo exaustor no tempo de usinagem efetiva
Ɛcompressor (kW.h)= Energia consumida pela compressor de ar no tempo de usinagem efetiva

A potência de corte, em CV, pode ser calculada (Pcmed) utilizando-se a equação 6.4:

(6.4)

onde,
Fcmed (Kgf)= Força de corte medida nos experimentos
vc (m/min)= Velocidade de corte do processo de usinagem
122

Para o cálculo do tempo de usinagem da ferramenta de corte medido (Tumed), em horas,


utilizou-se a equação 6.5:

(6.5)

onde,
L (mm)= Comprimento usinado pela ferramenta de corte
fz (mm/dente)= Avanço por dente da ferramenta de corte
n (rot/min) = Rotações por minuto da ferramenta de corte

Para o cálculo da rotação (n), foi utilizada a equação 6.6 (rot./min):

(6.6)

onde,
vc (m/min)= Velocidade de corte do processo de usinagem
D (mm)= Diâmetro da fresa

Como demonstração da memória de cálculo para a liga de alumínio, a Tabela 6.15


explicita os valores das variáveis utilizadas e o valor da energia consumida (Ɛcons), em relação
ao comprimento usinado em cada técnica de aplicação, fluido e parâmetro de corte, com a
máquina-ferramenta, o exaustor e o compressor de ar em funcionamento.
Os valores destacados em amarelo revelam que o aumento do avanço da ferramenta de
corte está diretamente relacionado ao aumento da potência de corte. Porém, tanto com a
técnica de aplicação de fluido de corte por inundação quanto com MQL, o fluido de base
vegetal pinhão manso apresentou os menores valores de potência de corte, o que evidencia,
novamente, o maior poder de lubrificação deste fluido.
123

TABELA 6.15 - Liga de alumínio: variáveis para o cálculo da energia elétrica consumida em
relação ao tempo de usinagem do sistema de usinagem em operação.
Pcmed Pcmed Pcmed Ɛcons Ɛcons Ɛcons
Técnica de Fluido de Tumed Tumed Ɛcons total
vc (m/min) fz (mm/dente) L (m) RPM (rot./min) máquina exaustor compressor máquina exaustor compressor
aplicação corte máquina (h) compressor (h) (kW.h)
(kW) (kW) (kW) (kW.h) (kW.h) (kW.h)

Pinhão 1884 0,05 1039 12000 3,21 1,66 11,18 28,86 0,08 92,61 47,77 0,89 141,27
manso 1884 0,15 1039 12000 3,60 1,66 11,18 9,62 0,08 34,67 15,92 0,89 51,49
(vegetal)
1884 0,30 1039 12000 5,12 1,66 11,18 4,81 0,08 24,63 7,96 0,89 33,48
INUNDAÇÃO

1884 0,05 700 12000 4,30 1,66 11,18 19,44 0,08 83,70 32,18 0,89 116,78
Canola
(vegetal)
1884 0,15 495 12000 3,99 1,66 11,18 4,58 0,08 18,28 7,59 0,89 26,76
1884 0,30 237 12000 6,02 1,66 11,18 1,10 0,08 6,61 1,82 0,89 9,32
Semi- 1884 0,05 718 12000 5,66 1,66 11,18 19,94 0,08 112,95 33,01 0,89 146,85
sintético 1884 0,15 628 12000 6,12 1,66 11,18 5,81 0,08 35,61 9,62 0,89 46,13
(mineral) 1884 0,30 456 12000 7,66 1,66 11,18 2,11 0,08 16,17 3,49 0,89 20,56
Pinhão 1884 0,05 200 12000 2,78 1,66 11,18 5,56 0,44 15,46 9,19 4,97 29,63
manso 1884 0,15 200 12000 3,19 1,66 11,18 1,85 0,15 5,90 3,06 1,66 10,62
(vegetal)
1884 0,30 180 12000 4,01 1,66 11,18 0,83 0,07 3,34 1,38 0,75 5,46
1884 0,05 160 12000 4,14 1,66 11,18 4,44 0,36 18,42 7,36 3,98 29,75
MQL

Canola
(vegetal)
1884 0,15 110 12000 3,49 1,66 11,18 1,02 0,08 3,55 1,69 0,91 6,15
1884 0,30 60 12000 4,62 1,66 11,18 0,28 0,02 1,28 0,46 0,25 1,99
Semi- 1884 0,05 178 12000 5,36 1,66 11,18 4,94 0,40 26,49 8,18 4,42 39,10
sintético 1884 0,15 160 12000 5,98 1,66 11,18 1,48 0,12 8,85 2,45 1,33 12,63
(mineral) 1884 0,30 110 12000 6,35 1,66 11,18 0,51 0,04 3,24 0,84 0,46 4,53

Salienta-se que o sistema de medição de energia determinou a potência ativa de corte


do Sistema da máquina-ferramenta (árvore da máquina-ferramenta somada ao sistema de
lubri/refrigeração e aos acessórios elétricos que estavam atuando no momento do processo de
usinagem).
Como informação de controle, a potência ativa no trabalho do exaustor para a
máquina-ferramenta é de 1,66 kW; a potência ativa da bomba do sistema de lubri/refrigeração
da máquina-ferramenta é de 3 kW e estes valores fizeram parte do cálculo da energia
consumida no tempo em que o sistema de usinagem esteve funcionando e/ou utilizando estes
equipamentos.
Como referência de medição do consumo de energia elétrica do compressor de ar para
as distintas aplicações inundação e MQL, verificou-se que, para manter a pressão do sistema
de funcionamento da máquina-ferramenta em 4,5 bar, com a técnica de aplicação de fluido de
corte por MQL, o compressor foi mais acionado, automaticamente, 39,5 min. em cada hora de
trabalho, considerando a potência do compressor de 11,18 kW. Para a técnica de aplicação de
fluido de corte por inundação, uma carga do compressor foi suficiente, o que corresponde a 5
min. de funcionamento.
A Figura 6.24 mostra os valores da energia total consumida pela máquina-ferramenta,
exaustor e compressor de ar, tanto com a técnica de aplicação de fluido de corte por
inundação quanto por MQL, em relação ao comprimento médio usinado pelas ferramentas de
corte.
124

Energia consumida
Fresamento liga de alumínio ap= 2,88 mm ae= 75% vc= 1884 m/min
fz= 0,05 mm/dente
160,00

140,00

Consumo de energia (kW.h)


120,00

100,00

80,00 INUNDAÇÃO
60,00 MQL

40,00

20,00

0,00
Pinhão manso Canola (vegetal) Semi-sintético
(vegetal) (mineral)

Energia consumida
Fresamento liga de alumínio ap= 2,88 mm ae= 75% vc= 1884 m/min
fz= 0,15 mm/dente
60,00

50,00
Consumo de energia (kW.h)

40,00

30,00 INUNDAÇÃO
MQL
20,00

10,00

0,00
Pinhão manso Canola (vegetal) Semi-sintético
(vegetal) (mineral)

Energia consumida
Fresamento liga de alumínio ap= 2,88 mm ae= 75% vc= 1884 m/min
fz= 0,30 mm/dente
40,00

35,00
Consumo de energia (kW.h)

30,00

25,00

20,00 INUNDAÇÃO
15,00 MQL

10,00

5,00

0,00
Pinhão manso Canola (vegetal) Semi-sintético
(vegetal) (mineral)

FIGURA 6.24 - Liga de alumínio: energia consumida considerando o sistema de usinagem


completo (máquina-ferramenta, exaustor e compressor de ar).
125

Quanto ao consumo de energia elétrica na usinagem do FOFO cinzento, a memória de


cálculo é mostrada na Tabela 6.16, em relação ao comprimento usinado em cada técnica de
aplicação, fluido e parâmetro de corte.

TABELA 6.16 - FOFO cinzento: variáveis para o cálculo da energia elétrica consumida em
relação ao tempo de usinagem do sistema de usinagem em operação.
Pcmed Pcmed Pcmed Tumed Ɛcons Ɛcons Ɛcons Ɛcons
Técnica de Fluido de vc RPM Tumed
fz (mm/dente) L (m) máquina exaustor compressor máquina máquina exaustor compressor total
aplicação corte (m/min) (rot./min) compressor (h)
(kW) (kW) (kW) (h) (kW.h) (kW.h) (kW.h) (kW.h)

0,1 11,4 860 0,48 1,66 11,18 2,21 0,08 1,05 3,66 0,89 5,61
Pinhão 135
0,4 20,52 860 0,69 1,66 11,18 0,99 0,08 0,68 1,65 0,89 3,22
manso
(vegetal) 0,1 9,12 1274 0,56 1,66 11,18 1,19 0,08 0,66 1,97 0,89 3,53
200
0,4 31,92 1274 0,77 1,66 11,18 1,04 0,08 0,81 1,73 0,89 3,43
INUNDAÇÃO

0,1 11,4 860 0,51 1,66 11,18 2,21 0,08 1,13 3,66 0,89 5,68
135
Canola 0,4 20,52 860 0,63 1,66 11,18 0,99 0,08 0,63 1,65 0,89 3,17
(vegetal) 0,1 9,12 1274 0,50 1,66 11,18 1,19 0,08 0,60 1,97 0,89 3,46
200
0,4 15,96 1274 0,65 1,66 11,18 0,52 0,08 0,34 0,86 0,89 2,10
0,1 11,4 860 0,48 1,66 11,18 2,21 0,08 1,06 3,66 0,89 5,61
Semi- 135
0,4 20,52 860 0,65 1,66 11,18 0,99 0,08 0,64 1,65 0,89 3,18
sintético
(mineral) 0,1 9,12 1274 0,51 1,66 11,18 1,19 0,08 0,61 1,97 0,89 3,48
200
0,4 25,8 1274 0,67 1,66 11,18 0,84 0,08 0,56 1,40 0,89 2,86
0,1 11,4 860 0,48 1,66 11,18 2,21 1,75 1,06 3,66 19,52 24,23
Pinhão 135
0,4 45,32 860 0,70 1,66 11,18 2,20 1,73 1,54 3,63 19,40 24,57
manso
(vegetal) 0,1 11,4 1274 0,55 1,66 11,18 1,49 1,18 0,82 2,47 13,17 16,46
200
0,4 31,92 1274 0,70 1,66 11,18 1,04 0,82 0,73 1,73 9,22 11,68
0,1 6,84 860 0,48 1,66 11,18 1,33 1,05 0,64 2,19 11,71 14,54
135
MQL

Canola 0,4 20,52 860 0,58 1,66 11,18 0,99 0,79 0,58 1,65 8,78 11,00
(vegetal) 0,1 6,84 1274 0,52 1,66 11,18 0,89 0,71 0,47 1,48 7,90 9,85
200
0,4 25,8 1274 0,63 1,66 11,18 0,84 0,67 0,53 1,40 7,45 9,38
0,1 9,12 860 0,47 1,66 11,18 1,77 1,40 0,84 2,93 15,61 19,38
Semi- 135
0,4 36,48 860 0,65 1,66 11,18 1,77 1,40 1,15 2,93 15,61 19,69
sintético
(mineral) 0,1 9,12 1274 0,54 1,66 11,18 1,19 0,94 0,64 1,97 10,54 13,15
200
0,4 29,36 1274 0,83 1,66 11,18 0,96 0,76 0,79 1,59 8,48 10,87

Constata-se que o aumento da potência de corte está diretamente relacionada ao valor


do avanço da ferramenta e da profundidade de corte. A variação do consumo de energia para
o processo de usinagem está relacionado com a vida da ferramenta de corte, com o consumo
do exaustor e do compressor de ar, dependendo da técnica de aplicação de fluido de corte.
A Figura 6.25 explicita o consumo energético total do sistema de usinagem para usinar
o FOFO cinzento, relacionando os tipos de fluidos de corte e parâmetros e comparando com
as técnicas de aplicação de fluido de corte.
Outras constatações também são evidenciadas. A técnica de aplicação de fluido de
corte por inundação tem como uma das principais características diminuir a temperatura do
processo de usinagem e permitir a retirada do cavaco da zona de corte, direcionando-o para as
bandejas coletoras da máquina-ferramenta. Uma das desvantagens é a quantidade de fluido de
corte utilizado porque, dependendo do equipamento de depósito da máquina-ferramenta ou
dos reservatórios centrais de fluidos, o volume a ser descartado e recuperado é muito grande
e, portanto, também, grande é o passivo ambiental que deve ser tratado.
126

AUMENTO DO AVANÇO

Energia consumida Energia consumida


Fresamento ferro fundido cinzento a p= 0,5 mm ae= 40% Fresamento ferro fundido cinzento a p= 0,5 mm ae= 40%
vc= 135 m/min fz= 0,1 mm/dente vc= 135 m/min fz= 0,4 mm/dente
30,00 30,00
AUMENTO DA VELOCIDADE DE CORTE

25,00 25,00
Consumo de energia (kW.h)

Consumo de energia (kW.h)


20,00 20,00

15,00 INUNDAÇÃO 15,00 INUNDAÇÃO


MQL MQL
10,00 10,00

5,00 5,00

0,00 0,00
Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral) Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral)

Energia consumida Energia consumida


Fresamento ferro fundido cinzento a p= 0,5 mm ae= 40% Fresamento ferro fundido cinzento a p= 0,5 mm ae= 40%
vc= 200 m/min fz= 0,1 mm/dente vc= 200 m/min fz= 0,4 mm/dente
18,00 18,00

16,00 16,00
Consumo de energia (kW.h)

14,00 14,00
Consumo de energia (kW.h)

12,00 12,00

10,00 10,00
INUNDAÇÃO INUNDAÇÃO
8,00 MQL 8,00 MQL
6,00 6,00

4,00 4,00

2,00 2,00

0,00 0,00
Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral) Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral)

FIGURA 6.25 - FOFO cinzento: energia consumida considerando o sistema de usinagem


completo (máquina-ferramenta, exaustor e compressor de ar).

Já a técnica de aplicação de fluido de corte com MQL expulsa o cavaco da zona de


corte e da mesa da máquina-ferramenta exclusivamente pela força do ar direcionado pelo
sistema de pressão do MQL.
Uma das dificuldades encontradas com a utilização da técnica de aplicação por MQL
foi que o cavaco se deposita nas proteções do barramento da máquina-ferramenta,
independente do tipo de material que está sendo usinado e do fluido de corte, sem cair para a
bandeja transportadora da máquina-ferramenta. A quantidade de fluido soprado, ao invés de
produzir uma camada deslizante para a queda do cavaco na transportadora de cavacos da
máquina-ferramenta, torna as superfícies que entraram em contato com a névoa provocada
pelo MQL, aderentes para estes cavacos (Figura 6.26- A).
Esta dificuldade não acontece com a técnica de aplicação de fluido de corte por
inundação, pois, devido à característica desta técnica e à grande quantidade de fluido jogado
sobre a zona de corte, o cavaco é transportado facilmente para a bandeja coletora e muito
127

pouco material fica depositado sobre as superfícies de proteção do barramento da máquina-


ferramenta (Figura 6.26- B).
Como variável de controle para esta observação, após os 10 minutos de usinagem
contínua em FOFO cinzento e em liga de alumínio, coletou-se os cavacos da superfície da
mesa em ambas as técnicas, fluidos de corte e parâmetros; fazendo a medição do peso,
conforme registrado na Tabela 6.17.

1 2

A) Cavacos depositados na máquina-ferramenta após usinagem com a técnica de aplicação de fluido de


corte por MQL em 10 minutos de usinagem. 1) Liga de alumínio e 2) FOFO cinzento

1 2

B) Cavacos depositados na máquina-ferramenta após usinagem com a técnica de aplicação de fluido


de corte por inundação em 10 minutos de usinagem. 1) Liga de alumínio e 2) FOFO cinzento

FIGURA 6.26 - Cavacos depositados na máquina-ferramenta da liga de alumínio e FOFO


cinzento, respectivamente.

Salienta-se que não existe exatidão na medição do peso dos cavacos, mas esta
informação subjetiva aponta para a dificuldade encontrada na retirada de cavacos da zona de
corte com a técnica de aplicação por MQL, uma informação que prejudica o alcance de
sistemas produtivos que visam a diminuição de energia e, consequentemente, sistemas
produtivos sustentáveis.
128

TABELA 6.17 - Pesos medidos de cavacos sobre a superfície e barramento da


máquina-ferramenta.
PESO MEDIDO (g)
Fresamento liga de alumínio 7050-T7451 vc= 1884 mm/min ap = 2,88 mm ae= 75% Ø= 50 mm
fz Pinhão manso Canola Semi-sintético
Técnica de aplicação
(mm/dente) (vegetal) (vegetal) (mineral)
0,05 200 150 220
INUNDAÇÃO 0,15 320 400 430
0,30 870 800 770
0,05 630 740 700
MQL 0,15 1250 1300 1300
0,30 2200 2000 1870
PESO MEDIDO (g)
Fresamento de ferro fundido cinzento ap = 0,5 mm ae= 40% Ø = 50 mm
Técnica de vc fz Pinhão manso Canola Semi-sintético
aplicação (m/min) (mm/dente) (vegetal) (vegetal) (mineral)
0,1 30 33 43
135
0,4 52 59 80
INUNDAÇÃO
0,1 52 50 63
200
0,4 84 80 72
0,1 430 480 390
135
0,4 630 600 620
MQL
0,1 520 460 450
200
0,4 940 920 940

No caso mais específico da usinagem de FOFO cinzento e com a aderência do fluido


de corte nas partes internas da máquina-ferramenta causado pela técnica de aplicação de
fluido de corte por MQL, as partículas de material em forma de cavaco que ficam aderidas
com este fluido, por serem muito pequenas, desgastam componentes, borrachas, entopem
filtros coletores etc., causando danos, muitas vezes irreparáveis, nas partes móveis da
máquina-ferramenta (Figura 6.27- B).
Esse talvez seja um dos aspectos mais importantes a serem considerados na escolha do
tipo de técnica de aplicação de fluido de corte para a usinagem de alguns materiais com estas
características. Devido ao resíduo em forma de cavaco causado pela usinagem do FOFO
cinzento ter uma estrutura muito pequena, para este processo de usinagem, necessariamente,
precisa existir um sistema de lubri/refrigeração que permita transportar, de forma eficaz, estes
cavacos para a bandeja transportadora da máquina-ferramenta.
Este é o caso da técnica de aplicação de fluido de corte por inundação que, além de
transportar o cavaco para a bandeja, não permite que as partículas de material sejam
transportados pelo ar e se depositem na superfície interna da máquina-ferramenta (Figura
6.27- A).
129

A) Situação causada pelo resíduo do fluido com partículas de material que ficam aderidos as partes internas da
máquina-ferramenta, numa usinagem de 10 minutos com INUNDAÇÃO.

B) Situação causada pelo resíduo do fluido com partículas de material que ficam aderidos às partes internas da
máquina-ferramenta, numa usinagem de 10 minutos com MQL.

FIGURA 6.27 - Situação interna da máquina-ferramenta na usinagem do FOFO cinzento com


a técnica de aplicação por inundação e MQL.

Outra observação na utilização da técnica de aplicação de fluido de corte por MQL,


tanto para a usinagem da liga de alumínio como para o FOFO cinzento, foi a impossibilidade
do aproveitamento de fluido de corte pela bandeja coletora, ficando o fluido de corte
depositado ou aderido, integralmente, nas superfícies estruturais internas da máquina-
ferramenta e, também, sendo lançado para fora da máquina-ferramenta em forma de névoa,
não sendo possível a sua reutilização (Figura 6.28).
No caso da utilização da técnica de aplicação de fluido de corte por inundação, alguma
perda de fluido é identificada pela evaporação, por vazamentos, por névoa, por formação de
espuma e por transporte pelo cavaco no sistema de produção, mas a grande maioria de fluido
de corte retorna ao reservatório da máquina-ferramenta e é novamente aproveitada em nova
etapa de usinagem.
130

LADO ESQUERDO DO TRANSPORTADOR LADO DIREITO DO TRANSPORTADOR DE


DE CAVACO DA MÁQUINA-FERRAMENTA CAVACO DA MÁQUINA-FERRAMENTA

Nenhuma quantidade de
líquido observado para coleta

FIGURA 6.28 - Ensaio de coleta de fluido de corte com MQL após 3 horas de funcionamento
contínuo da máquina-ferramenta.

Considerando outra forma de resíduo, os volumes de espuma produzidos pelos fluidos


de bases vegetais (pinhão manso e canola) foram maiores que os de fluido de base mineral
semi-sintético. Sugere-se que este fato aconteça porque o fluido de base mineral semi-
sintético possui aditivos que inibem a formação de espuma (anti-espumantes).
O fluido de base vegetal canola produziu um volume de espuma que transbordou a
capacidade do reservatório da máquina-ferramenta, sendo interrompida a operação (Figura
6.29), requisito negativo ao processo de usinagem.

Espuma após 5 minutos de agitação


900
800
Quantidade de espuma mL

700
600
500 Pinhão manso (vegetal)
400 Canola (vegetal)
300
Semi-sintético (mineral)
200
100
0
23,0±3 ͦC 93,5±1 ͦC 24,0±3 ͦC
Temperatura

FIGURA 6.29 - Teores de espuma resultantes, conforme teste por norma ASTM D892.

Com relação à avaliação dos fluidos de corte dos experimentos, observou-se a


presença de teores significativos de enxofre nas 3 amostras, com destaque para a amostra de
fluido de base vegetal canola (Tabela 6.18).
131

TABELA 6.18 - Especificação dos fluidos de corte.


ANÁLISE FISICO-QUÍMICA DOS FLUIDOS DE CORTE
Tipo de fluidos de corte
Tipo de análise Pinhão manso Canola Semi-sintético
(vegetal) (vegetal) (mineral)
Teor de cinzas (%) 0,38 0,40 0,42
Teor de enxofre (%) 0,63694 1,03177 0,79401
Teor de fósforo (%) Não existente Não existente Não existente
Teores de N-Nitrosaminas Não existente Não existente Não existente
Teor de cloro (mg/kg) 8 Não existente 35
Grau de espumação máxima (ml/5 min) 410/40/360 900/500/120 170/20/60
Acidez (pH) 8 5 8

Estes valores de enxofre devem-se à utilização de aditivos de extrema pressão (EP)


para o aumento da eficiência do processo de usinagem e para o aumento do poder de
lubrificação (RUNGE & DUARTE, 1990). Porém, em todas as amostras de fluidos, o
percentual de enxofre ficou bem abaixo do limite estipulado para utilização na indústria
aeronáutica (< 4%, norma ASTM D874).
Os teores de cinzas encontrados para as 3 amostras foram considerados baixos e
adequados para este tipo de aplicação (conforme norma NBR 9842:2009).
Quanto ao teor de nitrosaminas presentes nas amostras, nenhum dos fluidos avaliados
apresentou este elemento químico em sua constituição. Para Bartz (2001), existem grupos de
substâncias que são incluídas na formulação dos fluidos de corte e que causam problemas
quando utilizadas na usinagem das ligas de alumínio, tais como: nitrosaminas, cloro e seus
derivados, fósforo, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP).
Os valores apresentados mostram que o fluido de corte de base mineral semi-sintético
possui, em sua constituição, teores de cloro (Cl) não permissíveis por norma MEP 08-020 Eng
rev B (valores de índice de acidez máximos de 34,0 ±3,0 mg de HCl/g de amostra), não sendo
recomendado para uso deste material em sistemas produtivos de escala. O fluido de corte de
base vegetal canola não apresentou presença de cloro em sua constituição.
Com relação à acidez (pH), os fluidos de base vegetal pinhão manso e mineral semi-
sintético apresentaram níveis mais altos, podendo comprometer a sua utilização na indústria
aeronáutica. Este fator também é decisivo para a sua utilização em ligas de alumínio.
Avaliando a quantidade de fluido de corte utilizado com as técnicas de aplicação de
fluido de corte por inundação e MQL, segundo pesquisadores/especialistas que foram
consultados referente à durabilidade do fluido de base vegetal pinhão manso, base vegetal
canola e base mineral semi-sintético, os fluidos devem permanecer em plena condição de uso,
respectivamente, por 10, 9 e 7 meses, 8 horas por dia e, logo após, ser descartado para o
processo de recuperação. Ressalta-se que a técnica de aplicação de fluido de corte por
132

inundação permite a reciclagem (descarte e recuperação) do fluido de corte e o MQL, não


permite.
Fazendo uma avaliação da quantidade consumida de fluido de corte pelas técnicas de
aplicação, partiu-se, como referência, que o depósito da máquina-ferramenta (ROMI D800)
utilizada possui um reservatório de 300 litros. Como referência para esta comparação,
utilizou-se, também, a durabilidade de 10 meses do fluido de base vegetal pinhão manso,
melhor fluido analisado no quesito usinabilidade. Diante disto:
 10 meses x 30 dias = 300 dias x 8 horas/dia= 2400 horas de trabalho efetivo com o
fluido de base vegetal pinhão manso, sendo necessário apenas repor uma pequena
quantidade de água, devido a perdas pela evaporação (no processo em si e no
arraste do cavaco), além da possibilidade de reciclagem. Para esta avaliação, a
reposição de fluido foi desconsiderada.

Para comparar com o consumo de fluido de corte da técnica de aplicação de fluido de


corte por MQL, esta consome, em 1 hora, 100 ml de fluido de corte, sendo que em 8 horas/dia
chega a 800 ml ou 0,8 litros.
Desta forma e considerando 2400 horas de trabalho efetivo com o fluido de base
vegetal pinhão manso, com a técnica de aplicação de fluido de corte por inundação, tem-se:
 2400 horas (inundação) x 0,1 litros/hora (MQL)= 240 litros de consumo de fluido
vegetal pinhão manso com a técnica de aplicação por MQL, para o mesmo tempo
de utilização com inundação.

Como resultados tem-se:


a) Inundação
 300 litros de fluido de corte de base vegetal pinhão manso, trabalha 2400 horas de
usinagem efetiva, com possibilidade de reciclagem do fluido.
b) MQL
 240 litros de fluido de corte de base vegetal pinhão manso, trabalha 2400 horas de
usinagem efetiva, sem possibilidade de reciclagem do fluido.

Esta comparação pontual expõe que a relação entre a técnica de aplicação de fluido de
corte por MQL e inundação é de + 0,8/1 litros no mesmo tempo de trabalho, sendo que o
fluido com a técnica de aplicação por inundação ainda pode ser reciclado. No caso específico,
133

a técnica de aplicação de fluido de corte por MQL consome menos fluido na mesma unidade
de tempo, mas sem a possibilidade de reciclagem, sendo um fator contrário ao que estabelece
a manufatura sustentável.

6.2.5 Avaliação dos aspectos sociais

O fresamento é considerado uma operação ruidosa no chão de fábrica devido à


condição intrínseca de intermitência do processo. Quando a técnica de aplicação de fluido de
corte por MQL é aplicada, um fluxo de ar é gerado sobre a região de corte. Diferentemente do
fluxo de água, o fluxo de ar é também fonte intensa de ruído. A medição desse impacto da
intensidade do ruído sobre a saúde do operador é descrita a seguir.
Os maiores valores medidos nos processos de usinagem com as técnicas de aplicação
de fluido de corte por inundação e MQL estão mostrados na Figura 6.30, respectivamente, na
liga de alumínio e FOFO cinzento.

Fresamento liga de alumínio 7050-T7451


vc= 1884 mm/min ap = 2,88 mm ae= 75% Ø= 50 mm
90
Valores da intensidade de ruído (dBA)

85

inundação
80

75 MQL

70
Limite de intensidade de ruído
permitido por 8 horas de
65
trabalho

60
0,05 0,15 0,30
Avanço da ferramenta (mm/dente)

Fresamento FOFO cinzento


ap = 0,5 mm ae= 40% Ø= 50 mm
90
Valores da intensidade de ruído (dBA)

INUNDAÇÃO
85

80 MQL

75
Limite de intensidade de ruído
permitido por 8 horas de
70 trabalho

65

60
fz= 0,1 mm/dente fz= 0,4 mm/dente fz= 0,1 mm/dente fz= 0,4 mm/dente
vc= 135 m/min vc= 135 m/min vc= 200 m/min vc= 200 m/min

FIGURA 6.30 - Variação de dBA no experimento com a técnica de aplicação de fluido de


corte por inundação e MQL na usinagem da liga de alumínio e no FOFO cinzento.
134

Vale ressaltar que em nenhuma das condições aplicadas neste experimento foi
ultrapassado o valor limite estabelecido em norma (limite de 85 dBA em 8 horas de
trabalho/dia, conforme norma MTB 3.2141/78 NR-15). No entanto, a técnica de aplicação de
fluido de corte com MQL apresentou os maiores valores de intensidade de ruído, chegando
bem próximo do limite aceito por normas ambientais. Este fato já era esperado, apontando
para a necessidade eventual, em operações mais severas e do enclausuramento da máquina-
ferramenta, o que aumenta os custos de instalação e aquisição do equipamento.
Pela dificuldade típica de manutenção dos fluidos de corte em ambientes fabris, é
comum no chão de fábrica a proliferação de micro-organismos (STEHLIK, 2009; SOUZA et
al., 2010). A névoa causada pela utilização de fluidos de corte nos processos de usinagem tem
sido um dos grandes causadores de doenças ocupacionais nos operadores, principalmente
doenças respiratórias, dermatites e até doenças cancerígenas. Desse modo, outro fator
avaliado foi a geração de névoa no processo de usinagem com os fluidos deste experimento.
Numa primeira análise para identificação da quantidade de cada elemento capturado
na membrana de coleta de amostra de névoa, os resultados foram negativos para todos os
fluidos de corte, sugerindo que este resultado não expressava a realidade, tendo em vista que
as amostras não foram solúveis no solvente determinado pela metodologia. Por isso, realizou-
se uma nova coleta, empregando outra metodologia, a qual utilizava a gravimetria (NIOSH,
1996). Neste caso, o processo é inespecífico em relação aos elementos captados na
membrana, mas específico na quantidade, sendo aplicado para todos os tipos de fluidos.
Com isto, a Tabela 6.19 explicita os resultados obtidos na análise da quantidade de
névoa coletada em relação à técnica de aplicação e ao tipo de fluido de corte.

TABELA 6.19 - Quantidade de fluido de corte absorvido pelo coletor de ar.


Total em 8 horas de Limite estabelecido pela
Técnica de aplicação Fluido de corte exposição NIOSH 5026
(mg/m3) (mg/m3/8horas)
Pinhão manso (vegetal) 1,52 5
Inundação Canola (vegetal) 1,47 5
Semi sintético (mineral) 1,67 5
Pinhão manso (vegetal) 17,70 5
MQL Canola (vegetal) 15,04 5
Semi sintético (mineral) 16,07 5

Analisando os resultados da Tabela 6.19, com a técnica de aplicação de fluido de corte


com MQL, em todas as combinações de tipos de fluidos e parâmetros de corte, a quantidade
de partículas suspensas no ar em forma de névoa extrapolou o limite de exposição do
operador à névoa de fluido de corte, estabelecido pela norma NIOSH 5026 de 5 mg/m3/8
135

horas, sendo considerado o ambiente fabril insalubre para a utilização de fluido de corte. Os
menores valores de partículas suspensas no ar em forma de névoa foram conseguidas na
técnica de aplicação de fluido de corte por inundação, ficando dentro do limite especificado
em norma.
Ressalta-se que a concentração de névoa no interior de ambientes fabris para as
operações de usinagem mais conhecidas pode variar, dependendo do tipo de operação, de 0,07
a 110 mg/m3, porém valores de concentração em torno de 10 a 15mg/m3 já indicam péssimas
condições do ar no local de trabalho (QUEIROZ, 2001).
O câncer é um dos inconvenientes de alto risco que pode resultar da conjugação de
diversos fatores, principalmente devido à ação dos compostos químicos presentes na
composição dos fluidos de corte ou em decorrência de subprodutos de reações entre o
material da peça, a ferramenta e o fluido de corte (DIAS, 2000; QUEIROZ, 2001).
Com este resultado e para diminuir o impacto social causado pela geração de névoa,
fica corroborada a necessidade de enclausuramento do equipamento em operação, o uso de
exaustores externos, se utilizada a técnica de aplicação de fluido de corte por MQL.
Esta gama de experimentos e resultados teve a intenção de demonstrar a dificuldade de
avaliação da melhor condição de controle quando são relacionados aos princípios da
manufatura sustentável e como a mudança de apenas uma variável influencia, por exemplo, na
vida útil da ferramenta, na quantidade de fluido utilizado, no tempo de processo, no consumo
de energia e na exposição do operador a situações de risco por doenças ocupacionais.
No Capítulo 5, foi proposta e explicitada a geração de um método que facilitasse a
análise para os engenheiros industriais a respeito de quais variáveis de processos produtivos
industriais devem sofrer interferência e/ou maior atenção para que se alcançe os princípios da
manufatura sustentável. Neste capítulo, relatou-se os experimentos realizados a partir dos
achados quanto ao que o Estado da Arte da Sociedade e da revisão bibliográfica apontavam.
O capítulo a seguir aplica e avalia os resultados encontrados para a avaliação da eficácia do
Método (MAIS) proposto.
136

7 APLICAÇÃO E AVALIAÇÃO DO MÉTODO (MAIS)

Para a aplicação e consequente avaliação da eficácia do Método de Avaliação do


Índice de Sustentabilidade (MAIS), considera-se os cenários desenvolvidos na Tese para
comparar a utilização de distintas técnicas de aplicações e de distintos fluidos de corte.
Nesta etapa, busca-se unir os conhecimentos declarados pela literatura contemporânea
e o conhecimento elicitado pelos pesquisadores e especialistas com os resultados e as
discussões observadas e avaliadas em experimentos laboratoriais, componentes essenciais que
fazem parte do Método (MAIS), propondo assim, a sua avaliação como ferramenta de auxílio
aos tomadores de decisão industriais sobre produtos e/ou processos de sistemas produtivos.

7.1 Aplicação do Método (MAIS)

Conforme mostrado no Capítulo 3 desta Tese, a sequência metodológica do Método


(MAIS) inicia com a determinação e quantificação dos conceitos mais importantes analisados
da literatura relevante e do conhecimento tácito de pesquisadores e especialistas. Estes são
traduzidos em funções de engenharia e transformados em indicadores individuais, sendo
agregados, de acordo com sua função, nos aspectos de sustentabilidade a que pertence.
Depois, determina-se a análise e forma de valoração e o peso de cada indicador individual.
Por último, faz-se a normalização dos indicadores individuais para quantificar o grau de
sustentabilidade de cada aspecto (tecnológico-econômico, ambiental e social) analisado e por
conseguinte, a quantificação do Índice de Sustentabilidade (IS) do produto e/ou processo do
sistema produtivo que se está avaliando.

7.1.1 Dados de entrada

Como dados de entrada do Método (MAIS) utilizou-se os conceitos mais repetidos em


todos os mapas e os conceitos que formaram clusters nos Mapas Conceituais (Tabela 7.1).

Tabela 7.1 - Conceitos utilizados como dados de entrada nesta análise.


137

Conceitos mais repetidos e formadores de clusters


Lubrificação Degradação Durabilidade
Processo de usinagem Peça Desgaste
Vida útil Refrigeração Contaminação
Saúde do operador Calor Eficiência energética
Aditivos Cavaco Névoa
Descarte e recuperação Composição Água
Ferramenta Custo Máquina
Fluido vegetal Doenças Emulsão

Os conceitos da Tabela 7.1 foram traduzidos em funções de engenharia, somado aos


valores encontrados nas análises de conceitos mais repetidos com os conceitos formadores de
clusters, determinando assim, o grau de importância de cada função de engenharia para o
ranqueamento (Tabela 7.2).

Tabela 7.2 - Grau de importância dos conceitos traduzidos em funções de engenharia.


Conceitos elicitados pelos
Aspecto Repetições Clusters Somatório
pesquisadores/especialistas, traduzidos na função Ranqueamento
(sub-índice que está inserido) (R) (C) (R) + (C)
de engenharia por aspectos de sustentabilidade
Lubrificação do fluido (propriedade) 8 5 13 2o
Confiabilidade do processo de usinagem 5 4 9 6o
Vida útil da ferramenta 7 2 9 4o
Quantidade de aditivos 6 3 9 5o
Custo máquina-ferramenta 7 7 7o
Qualidade da peça 9 9 3o
Refrigeração do fluido (propriedade) 7 7 8o
Geração de calor na zona de corte Tecnológico-econômico 5 5 14o
Limpeza da máquina-ferramenta e peça após
5 5 12o
processo (retirada de cavaco)
Composição química 4 4 13o
Custo do processo de usinagem 9 6 15 1o
Quantidade de emulsão 5 5 11o
Durabilidade do fluido 5 2 7 9o
Desgaste da máquina-ferramenta 4 2 6 10o
Contaminação do fluido 3 2 5 7o
Quantidade de aditivos 6 3 9 2o
Propriedade de descarte e recuperação do fluido 6 5 11 1o
Ferramenta de corte 6 6 6o
Eficiência energética no ambiente industrial 6 6 5o
Ambiental
Fluido vegetal (biodegrabilidade) 6 2 8 3o
Quantidade de névoa 6 2 8 4o
Degradação do fluido em processo 4 4 10o
Quantidade de emulsão 5 5 8o
Utilização de água 4 4 9o
Insalubridade ambiental 7 2 9 1o
Quantidade de névoa Social 6 2 8 2o
Impacto das doenças 5 5 3o

7.1.2 Geração da matriz de valoração

a. Análise e forma de valoração dos indicadores individuais


A tabela 7.3 mostra a forma de análise e valoração dos indicadores individuais adotada
para esta etapa de aplicação do Método (MAIS). O tipo de análise e forma de valoração foram
dependentes dos experimentos laboratoriais (indicador objetivo) e o conhecimento de
pesquisadores e especialistas sobre o indicador (indicador subjetivo).
138

Tabela 7.3 – Análise e forma de valoração dos indicadores individuais adotadas para esta
pesquisa.
ITEM INDICADOR INDIVIDUAL ANÁLISE E FORMA DE VALORAÇÃO

ASPECTOS TECNOLÓGICOS-ECONÔMICOS
ANÁLISE: Medição por meio do tempo de usinagem da ferramenta de corte.
Lubrificação do fluido
1 FORMA: Métrica objetiva dimensional onde o maior valor de vida útil de ferramenta vale 5
(propriedade)
e os demais valores são ponderados até zero.
ANÁLISE: Quantidade de usinagem mantendo a qualidade R a e controle dimensional
Confiabilidade do processo de exigida na peça.
2
usinagem FORMA: Métrica objetiva dimensional onde o menor valor de R a vale 5 e os demais valores
são ponderados até zero.
ANÁLISE: Tempo de usinagem com a ferramenta de corte até o desgaste V BMÁX..
3 Vida útil da ferramenta FORMA: Métrica objetiva dimensional conforme a tempo de usinagem da ferramenta de
corte, onde o maior valor vale 5 e os demais valores são ponderados até zero.
ANÁLISE: Quantidade de aditivos nos fluidos de corte.
4 Quantidade de aditivos FORMA: Métrica objetiva dimensional onde a menor quantidade de cada aditivo vale 5 em
relação a cada fluido de corte e os demais valores são ponderados até zero.
ANÁLISE: Custo da máquina-ferramenta em relação ao equipamento de lubr-refrigeração.
5 Custo da máquina-ferramenta FORMA: Métrica subjetiva dimensional conforme informação do custo de até 3
fornecedores do equipamento de lubri/refrigeração, sendo a referência a média entre os
fornecedores e o menor valor vale 5 e os demais valores são ponderados até zero.
ANÁLISE: Medição da rugosidade Ra em cada processo.
6 Qualidade da peça FORMA: Métrica objetiva dimensional onde os menores valores de Ra medidas, em cada
análise, vale 5 e os demais valores são ponderados até zero.
ANÁLISE: Medição por meio das distorções e empenamentos provocados na peça
Refrigeração do fluido (circularidade, paralelismo e retilineidade).
7
(propriedade) FORMA: Métrica subjetiva dimensional onde os menores valores vale 5 e os demais valores
são ponderados até zero.
ANÁLISE: Medição da temperatura de usinagem relacionada com a força de corte.
Geração de calor na zona de
8 FORMA: Métrica objetiva dimensional onde o menor valor de força de corte equivale a
corte
menor temperatura e, vale 5. Os demais valores são ponderados até zero.
Limpeza da máquina-ferramenta ANÁLISE: Quantidade de cavaco depositado no barramento da máquina.
9 e peça após processo (retirada de FORMA: Métrica subjetiva dimensional onde a menor quantidade de cavaco vale 5 e os
cavaco) demais valores são ponderados até zero.
ANÁLISE: Medição da quantidade de cada elemento químico-físico que compõe o fluido de
corte.
10 Composição química FORMA: Métrica objetiva dimensional direta de cada elemento químico-físico, sendo que
os menores volumes de elementos e quantidades diferentes vale 5 e os demais valores são
ponderados até zero.
ANÁLISE: Medição do custo total que envolve o processo de usinagem, num determinado
tempo considerando fluido, água, descarte e recuperação, equipamento de lubri/refrigeração,
11 Custo do processo de usinagem energia elétrica consumida pelo sistema e as ferramentas de corte.
FORMA: Métrica objetiva dimensional, sendo o menor valor de custo vale 5 e os demais
valores são ponderados até zero.
ANÁLISE: % de emulsão no fluido de corte.
12 Quantidade de emulsão FORMA: Métrica objetiva dimensional medida, sendo que a menor % de óleo na emulsão
vale 5 e os demais valores são ponderados até zero.
ANÁLISE: Tempo de duração do fluido de corte em emulsão.
13 Durabilidade do fluido FORMA: Métrica subjetiva dimensional medida onde o maior tempo de duração vale 5 e os
demais valores são ponderados até zero. Valor definido pelos consumidores.
ANÁLISE: Medição do tempo de desgaste interno da máquina-ferramenta para realizar a
manutenção preventiva.
14 Desgaste da máquina-ferramenta
FORMA: Métrica subjetiva dimensional onde o maior tempo sem manutenção na máquina-
ferramenta vale 5 e os demais valores são ponderados até zero.
ASPECTOS AMBIENTAIS
ANÁLISE: Probabilidade de contaminação do fluido de corte.
15 Contaminação do fluido FORMA: Métrica subjetiva dimensional medida pelo tempo de duração do fluido. O maior
tempo sem contaminação do fluido vale 5 e os demais valores são ponderados até zero.
Valor verificado no chão de fábrica.
ANÁLISE: % de aditivos no fluido que não causam danos ao ambiente.
16 Quantidade de aditivos FORMA: Métrica objetiva dimensional medida pela quantidade de aditivos no fluido
segundo escala de permissão de periculosidade. O menor número de aditivos sem grau de
periculosidade vale 5 e os demais valores são ponderados até zero.
139

ANÁLISE: Quantidade de fluido a ser descartado/recuperado no processo de usinagem.


Propriedade de descarte e FORMA: Métrica objetiva dimensional medida pela quantidade a ser descartado/recuperado
17
recuperação do fluido de fluido. A menor quantidade vale 5 e os demais valores são ponderados até zero. Se não
houver possibilidade de descarte/recuperação do fluido, vale zero.
ANÁLISE: Quantidade de energia elétrica consumida no processo de usinagem.
Eficiência energética no
18 FORMA: Métrica objetiva dimensional onde o menor valor de consumo de energia elétrica,
ambiente industrial
em cada análise, vale 5 e os demais valores são ponderados até zero.
ANÁLISE: Verificação se o fluido é de fonte renovável ou não renovável.
Fluido vegetal
19 FORMA: Métrica subjetiva dimensional, sendo que se o fluido for totalmente de fonte
(biodegrabilidade)
renovável vale 5. Se não, vale zero.
ANÁLISE: Verificação da quantidade de névoa provocada em 8 horas de usinagem
consecutiva no ambiente fabril.
20 Quantidade de névoa
FORMA: Métrica objetiva dimensional onde a menor quantidade de névoa, abaixo dos
valores permitidos, vale 5 e os demais valores são ponderados até zero.
ANÁLISE: Tempo de degradação do fluido de corte.
Degradação do fluido em FORMA: Métrica subjetiva dimensional, sendo que o maior tempo provável sem
21
processo degradação vale 5 e os demais valores são ponderados até zero. Valor fornecido pelo
fabricante do produto.
ANÁLISE: % de emulsão no fluido de corte.
22 Possibilidade de emulsão FORMA: Métrica objetiva dimensional medida, sendo que a menor % de óleo na emulsão
vale 5 e os demais valores são ponderados até zero.
ANÁLISE: Quantidade de água na emulsão no fluido de corte.
23 Utilização de água FORMA: Métrica objetiva dimensional medida onde a menor quantidade de água vale 5 e os
demais valores são ponderados até zero.
ANÁLISE: Quantidade de ferramentas de corte utilizada.
24 Ferramentas de corte FORMA: Métrica objetiva dimensional medida onde a menor quantidade vale 5 e os demais
valores são ponderados até zero.
ASPECTOS SOCIAIS
ANÁLISE: Medição do ambiente fabril e do grau de insalubridade.
25 Insalubridade ambiental FORMA: Métrica subjetiva dimensional, sendo que se o ambiente industrial for considerado
insalubre, vale zero. Se não, vale 5.
ANÁLISE: Verificação da quantidade de névoa provocada em 8 horas de usinagem
consecutiva no ambiente fabril.
26 Quantidade de névoa
FORMA: Métrica objetiva dimensional, sendo que o menor valor medido, abaixo do valor
permitido por norma, vale 5 e os demais valores são ponderados até zero.
ANÁLISE: Medição do tempo por afastamento do operador causado por doenças
ocupacionais em cada técnica de aplicação de fluido de corte.
27 Impacto das doenças FORMA: Métrica subjetiva dimensional, sendo que o menor custo vale 5, considerando o
tempo de afastamento do operador causado pelas doenças ocupacionais geradas pelas
técnicas de aplicação de fluido de corte analisadas e os demais valores são ponderados até
zero.

b. Determinação de pesos
Para a determinação dos pesos utilizou-se a análise de pares, sendo estabelecido, como
referência, o grau de importância das prevalências conforme o ranqueamento da tabela 7.2.
Desta forma, respeitou-se o que foi considerado prioritário pelos pesquisadores e especialistas
apresentado na análise dos Mapas Conceituais (Tabela 7.4).
140

Tabela 7.4 - Análise de pares dos aspectos de sustentabilidade em ordem de prevalência dos
Mapas Conceituais para a determinação dos pesos dos indicadores individuais.
Item TECNOLÓGICO-ECONÔMICO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Peso
1 Custo do processo de usinagem x 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 5
2 Lubrificação do fluido (propriedade) X 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 5
3 Qualidade da peça X 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 4
4 Vida útil da ferramenta X 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4
5 Quantidade de aditivos x 5 5 5 5 5 5 5 5 5 4
6 Confiabilidade do processo de usinagem X 6 6 6 6 6 6 6 6 3
7 Custo da máquina-ferramenta x 7 7 7 7 7 7 7 3
8 Refrigeração do fluido (propriedade) X 8 8 8 8 8 8 3
9 Durabilidade do fluido X 9 9 9 9 9 3
10 Desgaste da máquina-ferramenta x 10 10 10 10 2
11 Quantidade de emulsão x 11 11 11 2
Limpeza da máquina-ferramenta e peça após
12 X 12 12 2
processo (retirada de cavaco)
13 Composição química X 13 1
14 Geração de calor na zona de corte X 1

Item AMBIENTAIS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 peso


1 Propriedade de descarte e recuperação do fluido X 1 1 1 1 1 1 1 1 1 5
2 Quantidade de aditivos x 2 2 2 2 2 2 2 2 5
3 Fluido vegetal (biodegrabilidade) X 3 3 3 3 3 3 3 4
4 Quantidade de névoa X 4 4 4 4 4 4 4
5 Eficiência energética do ambiente industrial x 5 5 5 5 5 3
6 Ferramenta de corte x 6 6 6 6 3
7 Contaminação do fluido x 7 7 7 2
8 Quantidade de emulsão x 8 8 2
9 Utilização de água x 9 1
10 Degradação do fluido em processo X 1

Item SOCIAIS 1 2 3 Peso


1 Insalubridade ambiental x 1 1 5
2 Quantidade de névoa X 2 3
3 Impacto das doenças x 1

7.1.3 Dados de saída

a. Normalização e avaliação dos resultados


Para a normalização e posterior avaliação do Método (MAIS) considera-se os cenários
desenvolvidos na Tese para comparar a utilização de distintas técnicas de aplicações e de
distintos fluidos de corte, segundo os princípios da manufatura sustentável.
Na avaliação de cada aspecto de sustentabilidade analisado e por conseguinte, a
geração do (IS), faz-se a normalização dos indicadores individuais, conforme apresentado na
proposição do Método (MAIS).
Como primeira condição de controle desta etapa, determinou-se o tempo de 1 ano (365
dias= 2920 horas/ 8 horas diárias) de processo de usinagem numa máquina-ferramenta para
fresamento de peças estruturais em liga de alumínio 7050-T7451, fluido de base vegetal
pinhão manso, vc= 1884 m/min, fz= 0,05 mm/dente, ap= 2,88 mm, ae= 75% e Ø= 50 mm e
141

comparou-se, par a par, a técnica de aplicação de fluido de corte por inundação em relação à
MQL, para a escolha do melhor processo segundo os princípios da manufatura sustentável.
A referência de ranqueamento adotado foi o melhor caso, para cada métrica individual
analisada, vale a pontuação 5 e o percentual da diferença é usado para valorar o indicador
individual que está sendo comparado (indicador para inundação e MQL), conforme os
critérios (Tabela 3.1) de percentuais em relação ao valor de referência.
Salienta-se que as notas zero nas tabelas de comparação dos Índices dos aspectos
relativos em avaliação foram o resultado do não alcançaram 29 % em relação aos dados de
referência dos critérios (Tabela 3.1) que o Método (MAIS) propôs.
Diante disto, para a avaliação do Índice tecnológico-econômico relativo (Itecnológico-
econômico relativo) tem-se o resultado da Tabela 7.5. Neste caso, o processo com aplicação de
inundação se mostra melhor, com significância relevante, principalmente por se tratar de
indicadores individuais que facilitam a melhor atuação da técnica de aplicação de fluido de
corte por inundação. Como exemplo, a característica de usinabilidade do material liga de
alumínio é boa, bem como a propriedade de lubrificação do fluido de base vegetal pinhão
manso.
Por certo, em busca da manufatura sustentável, existe uma boa tendência, no aspecto
tecnológico-econômico, de se utilizar a técnica de aplicação por inundação na usinagem da
liga de alumínio com o fluido de base vegetal pinhão manso, nas condições de corte de
controle desta análise, mas não se deve esquecer que se trata de um processo de múltiplos
critérios.

TABELA 7.5 - Liga de alumínio: resultado da comparação tecnológica-econômica entre


técnicas de aplicação de fluido de corte.
Itecnológico- Valor Itecnológico-
Indicadores individuais Produto Valor medido Produto Produto
PESO econômico relativo medido econômico relativo
Aspecto tecnológico-econômico REFERÊNCIA INUNDAÇÃO INUNDAÇÃO MQL
INUNDAÇÃO MQL MQL
Custo do processo de usinagem 5 25 5 25 0 0
Lubrificação do fluido (propriedade) 5 25 5 25 0 0
Qualidade da peça 4 20 5 20 5 20
Vida útil da ferramenta 4 20 5 20 0 0
Quantidade de aditivos 4 20 5 20 5 20
Confiabilidade do processo de usinagem 3 15 5 15 5 15
Custo da máquina-ferramenta 3 15 1 3 5 15
Refrigeração do fluido (propriedade) 3 15 5 15 4,71 5 15 3,05
Durabilidade do fluido 3 15 5 15 5 15
Desgaste da máquina-ferramenta 2 10 5 10 4 8
Quantidade de emulsão 2 10 5 10 5 10
Limpeza da máquina-ferramenta e peça
2 10 5 10 0 0
após processo (retirada de cavaco)
Composição química 1 5 5 5 5 5
Geração de calor na zona de corte 1 5 5 5 5 5
TOTAL 210 198 128
142

As notas zero na Tabela 7.5 revelam a baixa capacidade da técnica de aplicação por
MQL em potencializar as propriedades do fluido de corte, desde o aumento da vida útil da
ferramenta até a remoção do cavaco da zona de corte.
Em outra visão, a nota alcançada pela técnica de aplicação de fluido de corte por
inundação (4,71) não a caracteriza como quase sustentável, por ser apenas uma análise
pontual e par a par, mas fornece caminhos e indicações de onde intervir e o que deve ser
revisto e melhorado no processo de usinagem pelos tomadores de decisão industrial. Para a
técnica de aplicação por inundação, o avaliador deve investigar a métrica individual
relacionada ao custo da máquina-ferramenta, referente ao sistema de aplicação de fluido de
corte.
O resultado do Índice ambiental relativo (Iambiental relativo) é mostrado na Tabela 7.6.
Neste caso, percebe-se a melhor possibilidade de gerenciamento de resíduos e de
monitoramento da qualidade ambiental quando se utiliza a técnica de aplicação por
inundação. Porém, a utilização de grandes volumes de fluido de corte na técnica de aplicação
por inundação é o principal fator a ser mitigado para a diminuição do impacto ambiental. Para
a técnica de aplicação por MQL, a névoa causada, a eficiência energética e a quantidade de
resíduos de ferramentas necessitam significativas melhorias.

TABELA 7.6 - Liga de alumínio: resultado da comparação ambiental entre técnicas de


aplicação de fluido de corte.
Iambiental Valor Iambiental
Indicadores individuais Produto Valor medido Produto Produto
PESO relativo medido relativo
Aspecto ambiental REFERÊNCIA INUNDAÇÃO INUNDAÇÃO MQL
INUNDAÇÃO MQL MQL
Propriedade de descarte e
5 25 5 25 0 0
recuperação do fluido
Quantidade de aditivos 5 25 2 10 2 10
Fluido vegetal
4 20 5 20 5 20
(biodegrabilidade)
Quantidade de névoa 4 20 5 20 0 0
Eficiência energética do
ambiente industrial
3 15 5 15 3,83 0 0 2,00
Ferramenta de corte 3 15 5 15 0 0
Contaminação do fluido 2 10 0 0 5 10
Quantidade de emulsão 2 10 5 10 5 10
Utilização de água 1 5 0 0 5 5
Degradação do fluido em
1 5 0 0 5 5
processo
TOTAL 150 115 60

Quanto à avaliação do Índice social relativo (Isocial relativo) tem-se o resultado


apresentado na Tabela 7.7. No processo industrial com a liga de alumínio, a técnica de
aplicação de fluido de corte por inundação demonstra provocar menos danos à saúde do
operador do que com a técnica de aplicação por MQL. Este fato é fundamentado,
143

principalmente, pela névoa causada nos experimentos com MQL, superior à permitida por
norma de saúde ocupacional (norma NIOSH 5026). Em relação às 3 doenças avaliadas, a
tendência da técnica de aplicação de fluido de corte por inundação é causar doença de
audição; com MQL, propicía a doença de audição, de pele e respiratória, basicamente, pela
névoa de fluido que provoca. Esta névoa aumenta, neste caso, o custo operacional do
ambiente fabril devido ao maior número de doenças que pode provocar ao operador.

TABELA 7.7 - Liga de alumínio: resultado da comparação social entre técnicas de aplicação
de fluido de corte.
Valor
Indicadores individuais Produto Valor medido Produto Isocial relativo Produto Isocial relativo
PESO medido
Aspecto social REFERÊNCIA INUNDAÇÃO INUNDAÇÃO INUNDAÇÃO MQL MQL
MQL
Insalubridade ambiental 5 25 5 25 0 0
Quantidade de névoa 3 15 5 15 5,00 0 0 0,22
Impacto das doenças 1 5 5 5 2 2
Total 45 45 2

Como resultado, e aplicando a equação, tem-se a quantificação do Índice de


Sustentabilidade (IS) desta condição de controle avaliada:

(4,71+3,83+5,00)/3= 4,51

= (3,05+2,00+0,22)/3= 1,76

A Figura 7.1 mostra a relação entre os aspectos que formou o IS.

Comparação do Índice de Sustentabilidade (IS) entre as técnicas


de aplicação de fluido de corte por INUNDAÇÃO e MQL
LIGA DE ALUMÍNIO- vc= 1884 m/min, ap= 2,88 mm, ae= 75% e fz= 0,05 mm/dente

Ieconômico-
tecnológico relativo
5,00

4,00

3,00

2,00

1,00
INUNDAÇÃO- IS= 4,51
0,00
MQL- IS= 1,76

Isocial relativo Iambiental relativo

FIGURA 7.1 - Influência dos aspectos de sustentabilidade sobre o IS.


144

Pelos valores calculados do IS, existe uma significativa superioridade da técnica de


aplicação por inundação em relação à MQL. Este fato é confirmado no item 6.2 deste
trabalho, onde os melhores valores das variáveis dos experimentos realizados foram com a
técnica de aplicação de fluido de corte por inundação e com o fluido de base vegetal pinhão
manso.
Por último, e para confirmar a versatilidade do Método (MAIS), são propostas mais 2
abordagens com diferentes condições de controle para a análise par a par. Como primeira
abordagem, considera-se a influência dos indicadores individuais do Índice tecnológico-
econômico relativo (Itecnológico-econômico relativo) para as técnicas de aplicação (INUNDAÇÃO x
MQL) na condição de controle - variação do material de corte (FOFO cinzento) - analisando o
impacto do fluido de corte de base vegetal pinhão manso gerado pela usinagem com uma
máquina-ferramenta para fresamento; vc= 135 m/min, fz= 0,4 mm/dente, ap= 0,5 mm,
ae= 40%, Ø= 50 mm, mantendo-se o tempo de 1 ano (2920 horas/ 8 horas diárias).
O Índice de Sustentabilidade (IS) medido foi de: INUNDAÇÃO= 2,05 e MQL= 3,78
(Tabela 7.8).

TABELA 7.8 - FOFO cinzento: resultado da comparação tecnológica-econômica entre


técnicas de aplicação de fluido de corte.
Itecnológico- Itecnológico-
Indicadores individuais Produto Valor medido Produto Valor medido Produto
PESO econômico relativo econômico relativo
Aspecto tecnológico-econômico REFERÊNCIA INUNDAÇÃO INUNDAÇÃO MQL MQL
INUNDAÇÃO MQL

Custo do processo de usinagem 5 25 0 0 4 20


Lubrificação do fluido (propriedade) 5 25 1 5 5 25
Qualidade da peça 4 20 5 20 4 16
Vida útil da ferramenta 4 20 1 4 5 20
Quantidade de aditivos 4 20 0 0 0 0
Confiabilidade do processo de
3 15 5 15 4 12
usinagem
Custo da máquina-ferramenta 3 15 1 3 5 15
Refrigeração do fluido (propriedade) 3 15 1 3 2,12 5 15 3,71
Durabilidade do fluido 3 15 5 15 5 15
Desgaste da máquina-ferramenta 2 10 5 10 4 8
Quantidade de emulsão 2 10 5 10 5 10
Limpeza da máquina-ferramenta e
peça após processo (retirada de 2 10 2 4 0 0
cavaco)
Composição química 1 5 0 0 0 0
Geração de calor na zona de corte 1 5 0 0 0 0
TOTAL 210 89 156

Salienta-se que a nota zero na Tabela 7.8 para quantidade de aditivos e composição
química deve-se ao fluido de base mineral semi-sintético possuir a quantidade do elemento
químico Cloro (Cl) superior ao permitido (34 mgHCl/kg) por norma para a usinagem da liga
de alumínio aeronáutica.
145

Nota-se que a usinagem do FOFO cinzento inverte a situação em relação a liga de


alumínio, com relação aos valores de IS das técnicas de aplicação de fluido de corte, devido
ao tipo de fluido e material de corte. Porém, em ambas as técnicas de aplicação deve-se agir
sobre o processo para aumentar o seu IS. A vantagem é que o IS mostra as variáveis que
devem ser melhoradas: custo do processo de usinagem, tipo de fluido e propriedades, cavaco
aderido, durabilidade do fluido etc. para esta condição de controle.
Na métrica individual Limpeza da máquina-ferramenta e peça após processo
(retirada de cavaco), obteve-se a melhor pontuação com a aplicação por inundação, a qual
evidenciou as melhores propriedades para expulsão de cavaco, bem como de lubrificação da
zona de corte.
Na segunda abordagem, outra condição de controle é proposta: análise par a par do
impacto dos fluidos de corte de base vegetal pinhão manso e de base mineral semi-sintético
com a técnica de aplicação por MQL; vc= 135 m/min, fz= 0,4 mm/dente, ap= 0,5 mm,
ae= 40%, Ø= 50 mm, mantendo-se o tempo de 1 ano (2920 horas/ 8 horas diárias) no processo
de usinagem com um máquina-ferramenta para fresamento, bem como a referência de
ranqueamento adotado: o melhor caso, para cada métrica individual analisada, vale a
pontuação 5.
A Tabela 7.9 mostra o impacto do Índice tecnológico-econômico relativo (Itecnológico-
econômico relativo).

TABELA 7.9 - FOFO cinzento (MQL): resultado da comparação tecnológica-econômica


entre fluidos de corte.
Itecnológico- Produto Itecnológico-
Indiadores individuais Produto Valor medido Produto Valor medido
PESO econômico relativo semi- econômico relativo
Aspecto tecnológico-econômico REFERÊNCIA Pinhão manso Pinhão manso semi-sintético
Pinhão manso sintético semi-sintético

Custo do processo de usinagem 5 25 5 25 3 15


Lubrificação do fluido (propriedade) 5 25 5 25 4 20
Qualidade da peça 4 20 5 20 1 4
Vida útil da ferramenta 4 20 5 20 4 16
Quantidade de aditivos 4 20 5 20 4 16
Confiabilidade do processo de
3 15 5 15 1 3
usinagem
Custo da máquina-ferramenta 3 15 5 15 5 15
Refrigeração do fluido (propriedade) 3 15 5 15 4,71 5 15 3,31
Durabilidade do fluido 3 15 5 15 3 9
Desgaste da máquina-ferramenta 2 10 5 10 4 8
Quantidade de emulsão 2 10 5 10 5 10
Limpeza da máquina-ferramenta e
peça após processo (retirada de 2 10 2 4 2 4
cavaco)
Composição química 1 5 4 4 4 4
Geração de calor na zona de corte 1 5 0 0 0 0
TOTAL 210 198 139
146

Os indicadores individuais que mais influenciaram na diferença entre os fluidos foram


relacionados à vida útil da ferramenta de corte, devido às propriedades intrínsecas do fluido
de base vegetal pinhão manso, confirmado nos experimentos do item 6.2.
A Tabela 7.10 mostra a avaliação do Índice ambiental relativo (Iambiental relativo) desta
condição de controle.

TABELA 7.10 - FOFO cinzento (MQL): resultado da comparação ambiental


entre fluidos de corte.
Iambiental Valor Produto Iambiental
Indicadores individuais Produto Valor medido Produto
PESO relativo medido semi- semi- relativo
Aspecto ambiental REFERÊNCIA Pinhão manso Pinhão manso
Pinhão manso sintético sintético semi-sintético
Propriedade de descarte e
5 25 0 0 0 0
recuperação do fluido
Quantidade de aditivos 5 25 4 20 3 15
Fluido vegetal (biodegrabilidade) 4 20 5 20 0 0
Quantidade de névoa 4 20 0 0 0 0
Eficiência energética do ambiente
industrial
3 15 0 0 2,83 0 0 1,60
Ferramenta de corte 3 15 5 15 3 9
Contaminação do fluido 2 10 5 10 3 6
Quantidade de emulsão 2 10 5 10 5 10
Utilização de água 1 5 5 5 5 5
Degradação do fluido em processo 1 5 5 5 3 3
TOTAL 150 85 48

Na avaliação do Índice ambiental relativo (Iambiental relativo) para os fluidos em análise, o


fluido de base vegetal pinhão manso tende a ser mais sustentável, principalmente, pela menor
quantidade de ferramenta utilizada e, por conseguinte, por diminuir o passivo ambiental e por
ser de fonte renovável.
Em relação ao Índice social relativo (Isocial relativo) não houve como ser avaliado nesta
condição de controle estabelecida, pois ambos os fluidos em análise causam os mesmos danos
à saúde humana, sendo as notas para ambos os fluidos de valor zero, conforme mostrado na
Tabela 7.11. Haveria a necessidade de explorar mais as propriedades dos fluidos e produzir
mais experimentos, gerando, assim, outros indicadores individuais que pudessem quantificar
este efeito no aspecto social. Como exemplos podem ser citados: tipos de elementos
suspensos no ar, tamanho de gota da névoa etc.
Não se conseguindo um resultado satisfatório num dos aspectos que se deseja avaliar,
pode-se aprofundar a pesquisa e rever os indicadores individuais, determinando outros que
mostrem o que se espera desta análise.
147

TABELA 7.11 - FOFO cinzento (MQL): resultado da comparação social


entre fluidos de corte.
Valor
Produto
Indicadores individuais Produto Valor medido Produto Isocial relativo medido Isocial relativo
PESO semi-
Aspecto social REFERÊNCIA Pinhão manso Pinhão manso Pinhão manso semi- Semi-sintético
sintético
sintético
Insalubridade ambiental 5 25 0 0 0 0
Quantidade de névoa 3 15 0 0 0,00 0 0 0,00
Impacto das doenças 1 5 0 0 0 0
Total 45 0 0

Neste ponto, aparece o diferencial do Método (MAIS) proposto: a sua versatilidade.


Singh et al. (2009) confirma, em sua pesquisa, a falta da versatilidade das metodologias que
avaliam desenvolvimentos sustentáveis em diversos setores da economia, pois estas possuem
uma quantidade de métricas e indicadores já pré-determinados.
Como avaliação final dos testes para avaliar a eficácia do Método de Avaliação do
Índice de Sustentabilidade (MAIS), acrescenta-se que:
Aspectos tecnológicos-econômicos: para que ocorra a diferença significativa favorável à
técnica de aplicação com MQL, a máquina-ferramenta deveria estar preparada com todo
aparato tecnológico, bem como as ferramentas de corte deveriam ser mais resistente à abrasão
para que houvesse, principalmente, menos custo do processo de usinagem. Como exemplo, o
cavaco aderido à superfície da máquina-ferramenta com a técnica de aplicação com MQL
deve ser resolvido por meio de dispositivos auxiliares. A questão é que estes dispositivos
auxiliares não podem aumentar o consumo de energia do sistema de produção, tampouco o
custo do processo.
Esta deve ser a forma de se pensar no todo - base para o alcance da manufatura
sustentável. No caso da diferença significativa para a técnica de aplicação de fluido de corte
por inundação, os custos operacionais da técnica com MQL deveriam ser minimizados a partir
de reprojeto de sistemas de lubri/refrigeração e de trato do fluido de corte.
Aspectos ambientais: existe uma diferença significativa entre os 2 tipos de técnicas de
aplicações de fluido de corte, sendo que a técnica de aplicação por inundação tende a ser mais
sustentável, principalmente, por permitir o trato com o fluido, bem como a reciclagem deste.
Aspectos sociais: a utilização da técnica de aplicação de fluido de corte por MQL poderia ser
utilizada com maior enclausuramento do equipamento, bem como com maior investimento
em ventilação industrial. Este investimento no ambiente fabril se faz necessário para que o
local fique livre da névoa causada por esta técnica, que afeta, de sobremaneira, a saúde
ocupacional dos operadores, principalmente por propiciar doenças de pele, respiratória e de
audição.
148

8 CONCLUSÕES E PROPOSTAS DE FUTUROS


TRABALHOS

Esta Tese apresenta o desenvolvimento de um Método aplicado à escolha sustentável


de produtos e processos para sistemas produtivos, denominado (MAIS). Auxilia aos
tomadores de decisão de sistemas industriais, por meio de uma ferramenta de análise,
identificar e mostrar as variáveis que interferem no alcance da manufatura sustentável, por
meio de medição objetiva ou subjetiva de funções de engenharia. Só pode ser melhorado o
que pode ser medido. Este objetivo foi alcançado nesta Tese.
Com relação à avaliação do Método de Avaliação do Índice de Sustentabilidade
(MAIS), constata-se a sua qualidade de resposta, demonstrando quais as variáveis, no sistema
produtivo em análise, merecem serem melhoradas para a implantação do princípio da
manufatura sustentável. O Método (MAIS) demonstra sua versatilidade na utilização em
qualquer ambiente fabril, na seleção dos indicadores individuais conforme as condições que
se deseja avaliar, na determinação do grau de importância de cada indicador individual e na
possibilidade de avaliação das mais diversas variáveis de produto e processo do sistema
produtivo.
Como limitações percebidas na aplicação do Método (MAIS), a revisão bibliográfica e
o nível de conhecimento dos entrevistados deve ser considerado como caráter decisório para a
garantia da qualidade das respostas em cada aspecto de sustentabilidade e do Índice de
Sustentabilidade (IS). Também os experimentos que definem os valores de referência dos
indicadores individuais a serem analisados devem refletir, ao máximo, o ambiente onde o
sistema produtivo está operando.
A hipótese levantada a partir da questão-problema da Tese - Pode-se fabricar bens de
consumo, em sistemas produtivos, seguindo os princípios da manufatura sustentável? Se sim,
como medir e qualificar a sustentabilidade em indústrias de diferentes setores? - foi
respondida positivamente, mostrando que pode-se medir o grau de sustentabilidade de
produtos e processos e também os pontos onde se deve intervir para melhorar o sistema
produtivo. Mais do que mostrar se uma avaliação par a par de variáveis de processo industrial
é mais sustentável que a outra, este Método (MAIS) demonstra que, em variáveis de produto e
processo, deve-se ter mais atenção ao todo, o que deve ser mudado, o que deve ser suprimido,
o que deve ser investido etc..
149

Especificamente, na avaliação do Método (MAIS), aspectos tecnológicos-econômicos,


observou-se a superioridade do fluido de corte de base vegetal pinhão manso no quesito de
usinabilidade de materiais com características totalmente distintas. Este produto novo (vegetal
pinhão manso) pode ser considerado um avanço para a usinagem de metais e deve ser mais
pesquisado em sua essência e possibilidades.
Na avaliação dos aspectos ambientais, observou-se a melhor possibilidade de
gerenciamento de resíduos e de monitoramento da qualidade ambiental quando se utiliza a
técnica de aplicação por inundação. Porém, a utilização de grandes volumes de fluido de corte
na técnica de aplicação por inundação é o principal fator a ser mitigado para a diminuição do
impacto ambiental. Para a técnica de aplicação por MQL, a névoa causada, a eficiência
energética e a quantidade de resíduos de ferramentas devem motivar melhorias. Este é o
passivo ambiental gerado por fluidos de corte que não retornam ao ciclo de produção, mesmo
depois de recuperado.
Na análise dos aspectos sociais, devido as técnicas de aplicação de fluido de corte, a
principal restrição apontada foi a quantidade de névoa no ambiente fabril com a técnica de
aplicação de fluido de corte com MQL, sendo superior ao limite estipulado por normas
internacionais de saúde ocupacional e grande agressor à saúde do operador, principalmente,
por causar doenças ocupacionais aos operadores.
Falar de sustentabilidade e mais especificamente de manufatura sustentável é mudar a
filosofia de trabalho empresarial, é medir as variáveis que afetam o ambiente fabril, é
monitorar os aspectos tecnológicos, econômicos, ambientais e sociais que estão direta ou
indiretamente relacionados ao produto industrial, é transformar a rotina em inovação de
produtos e processos industriais.
Como propostas para futuros trabalho:
 Aplicar o Método (MAIS) em indústrias com produtos e processos bem distintos
para verificar sua assertividade e avaliação das limitações das diversas áreas que
convergem para a manufatura sustentável;
 Comparar o Método (MAIS) com outros utilizados para indicar o grau de
sustentabilidade em sistemas produtivos, verificando a robustez das respostas, a
versatilidade disponível e limitações impostas;
 Criar uma forma de se introduzir a cultura de se medir os níveis de
sustentabilidade no ambiente fabril, sem comprometer a produção de bens de
consumo e com iguais graus de importância.
150

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160

ANEXO I

A) Forma dos corpos-de-prova


A.1 Liga de alumínio 7050- T7451 (Superfícies planas)
A Figura A.1 mostra a formas dos corpos-de-prova para os ensaios de superfícies
planas.

FIGURA A.1- Corpos-de-prova do ensaio da liga de alumínio 7050-T7451.

A.2 Ferro Fundido Cinzento


A Figura A.2 mostra o processo de preparação do corpo-de-prova.

A) B) C)
FIGURA A.2- Preparação corpo de prova antes do processo de faceamento; A) corpo-de-
prova bruto, B) corte do tamanho do corpo-de-prova e C) retirada de carepa.

Os corpos-de-prova foram fixados por meio de uma morsa hidráulica e antes de iniciar
o experimento, foram retiradas as carepas por meio do faceamento dos blocos para a
realização do experimento, garantido uma superfície plana e paralela ao plano X e Y da
máquina-ferramenta.
161

A.3 Liga de alumínio 7050-T7451 (Superfícies complexas)


O corpo-de-prova foi um bloco retangular de 100x200x400 mm de liga de alumínio
7050- T7451, conforme mostrado na figura A.3.

FIGURA A.3- Corpo-de-prova para a usinagem de superfícies complexas.

B) Centro de Usinagem CNC ROMI D800

A máquina-ferramenta utilizada foi o centro de usinagem ROMI D800, fabricado pela


empresa ROMI (Figura B.1).

FIGURA B.1- Máquina-ferramenta utilizada nos ensaios com a liga de alumínio 7050T-7451
e com o ferro fundido cinzento (Centro de Usinagem ROMI D800).

A Tabela B.1 mostra as especificações técnicas da máquina-ferramenta ROMI.


162

TABELA B.1- Especificações técnicas da máquina-ferramenta ROMI D800.

C) Equipamento de medição de desgaste de flanco na ferramenta de corte


A máquina-ferramenta para a medição do desgaste de flanco (VB) dos insertos da fresa
foi utilizado um microscópio Wild M3C da Herrbrugg Switzerland tipo S com capacidade de
aumento de 6,4X, 16X, 25X e 40X, software Leica Qwin Pro conforme mostrado na Figura
C.1.

FIGURA C.1- Microscópio Wild M3C utilizado para medição do desgaste de flanco V B da
ferramenta de corte.

D) Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV)

Para se analisar as diversas formas de cavacos produzidos, utilizou-se um Microscópio


Eletrônico de Varredura (MEV), marca Philips, modelo XL30. A figura D.1 mostra a forma
do MEV.
163

FIGURA D.1- Microscópio Eletrônico de Varredura modelo XL-30.

E) Paquímetro digital

A Figura E.1 mostra o paquímetro digital com resolução de 0,01mm para a medição da
espessura dos cavacos gerados nos processos de usinagem e variáveis de processo.

FIGURA E.1- Paquímetro digital, marca Mitutoyo.

F) Rugosímetro portátil

Para a medição da rugosidade Ra foi usado um rugosímetro portátil, marca Mitutoyo,


modelo SJ-201P, mostrado na Figura F.1.
164

FIGURA F.1- Rugosímetro utilizado para medir a qualidade do acabamento superficial.

G) Máquina de Medir por Coordenadas (MMC)

Para quantificar a qualidade dimensional e superficial das seções das peças usinadas
será utilizada uma máquina de medição por coordenadas (MMC) modelo Crystal-Apex
C7106, com erro máximo de (1,7 + 3L/1000) μm, equivalendo a uma exatidão de,
aproximadamente, 3 μm para as medições dos diâmetros (Figura G.1).

FIGURA G.1- Máquina de medição de coordenadas, marca Mitutoyo.

H) Plataforma de medição de forças de usinagem

Para avaliar as características do torque e da força ao longo da usinagem das chapas


foi utilizada uma plataforma piezelétrica do fabricante suíço Kistler que atua pelo princípio da
geração de tensões em cristais piezelétricos ao serem estes deformados.
165

H.1 Sensor de medição com placa de proteção para fresamento


O sensor modelo 9265B consiste na realidade de 4 sensores dispostos dentro de uma
base que os aloja conferindo uma classe de proteção IP67 ao sensor. Sobre este sensor foi
colocada uma placa de proteção utilizada em ensaios de fresamento, modelo 9443B, que
protege o sensor de possíveis danos durante a usinagem (Figura H.1). Sobre esta placa foi
montado o dispositivo de fixação com o seu devido corpo-de-prova sobreposto.

FIGURA H.1- Sensor com a placa de proteção para ensaios de fresamento.

H.2 Amplificador de sinais e cabo de sinais


Para transformar o sinal proveniente do sensor foi utilizado um amplificador da Kistler
modelo 5070 A e que permite a visualização das forças, bem como o controle dos canais e
filtros durante a usinagem (Figura H.2).

FIGURA H.2- Amplificador de sinais Kistler 5070 A.

A conexão entre o sensor e o amplificador foi feita por meio do cabo de sinais modelo
1500-15B com classe de proteção IP 67.
166

H.3 Cabo de aquisição de dados


Para a aquisição e tratamento dos dados foi utilizada uma placa de aquisição modelo
PCIM-DAS 1602/16 onde entram os sinais provenientes do amplificador. A placa,
devidamente instalada ao computador, fornece a visualização e o tratamento dos dados através
do programa da Kistler Dynoware 2825A. Este último, permite controlar diretamente o
amplificador, selecionando-se os tempos de aquisição, filtros passa-baixa, amplitudes de
medição e outros parâmetros necessários (Figura H.3).

A) B)
FIGURA H.3- A) Montagem dos cabos de aquisição de dados na plataforma; B)
Equipamentos para a aquisição de dados e medição dos resultados.

I) Sistema de aquisição de ruído do processo de usinagem


Para a medição de ruído foi utilizado um equipamento adaptado a máquina-ferramenta
que possui um sistema de captação de som e um computador que registra, através do software
a intensidade do ruído em dBA.
O sistema de aquisição de ruído foi feito pelo equipamento PCB Piezotronics,
composto por Impact Hammer - modelo: 086C03, Hand - Held - modelo: 394C06,
Accelerometer - modelo: 352C33, Condenser Microphone - modelo: 377B02 e Cable
assembly - modelo: 003C10. O sistema de aquisição de ruído utilizado transmite ao
computador as informações que são tratadas pelo software Data Physic SignalCalc ACE que
captura as variações sonoras, em tempo real de usinagem, formando um banco de dados para
à análise e verificação de como o sistema se comporta; se o sistema de usinagem está
entrando na zona de ressonância ou não e os níveis de ruído produzidos. Este ruído pode ser
gerado por vibrações que afetam, diretamente, a máquina-ferramenta CNC, o acabamento
superficial da peça e, principalmente, a vida útil da ferramenta de corte.
167

J) Amostrador Gravimétrico
O amostrador gravimétrico é utilizado para verificar os tipos de elementos químicos e
materiais que possuem os ambientes fabris. Possui uma bomba universal e um cassete de
polietileno responsáveis pela coleta das amostras (Figura J.1).

FIGURA J.1 – Amostrador gravimétrico.

K) Equipamento FTIR Perkin Helmer


A Figura K.1 mostra o equipamento utilizado para a análise das amostras de fluidos
utilizados nos experimentos. Possui uma faixa espectral de 4000 até 650 cm-1, 8 scance e uma
resolução de 4 cm-1.

FIGURA K.1 – FTIR, modelo Spectrum One.

L) Procedimento de medição da rugosidade Ra na liga de alumínio


Como procedimento para a medição dos valores de rugosidade Ra no fresamento de
superfícies planas, a cada combinação de parâmetros, foi realizada a usinagem total de uma
168

face do bloco de alumínio aeronáutico. Em cada face usinada foram medidas 3 valores de Ra
(esquerda, meio e direita), sendo o valor final, a média entre eles (Figura L.1).

FIGURA L.1- Posições de medição da rugosidade Ra. R1) região lado esquerdo; R2) região
do meio e R3) região lado direito.

As medições de rugosidades foram realizadas no sentido do avanço utilizando-se um


cut-off de 0,8 mm para 0,1 < Ra ≤ 2, e um cut-off de 2,5 mm para 2 < Ra ≤ 10, conforme
recomendações do fabricante do rugosímetro.

M) Custo informado pelas empresas consultadas


A Tabela M.1 explicita os valores levantados referentes aos custos médios que foram
informados pelas empresas fornecedoras e especialistas para os ensaios propostos deste
trabalho, em relação ao tipo de material usinado, técnica de aplicação e tipo de fluido de corte.
O valor de referência foi a média da coleta de preço.

TABELA M.1- Custo obtido com as empresas fornecedoras.


EMPRESAS 1 EMPRESAS 2 EMPRESAS 3
Valores fornecidos pelos fornecedores e especialistas
(R$) (R$) (R$)
Custo do óleo pinhão manso vegetal (litro) 13,80 14,00 11,00
Custo do óleo canola vegetal (litro) 29,00 25,00 39,00
Custo do óleo semi-sintético mineral (litro) 13,42 16,00 11,00
Custo da água (litro) 0,0025
Custo do descarte e recuperação (1000 litros) 100,0 400,00 230,00
Custo da ferramenta de corte para a liga de alumínio (unidade) 35,90 32,82 51,00
Custo da ferramenta de corte para FOFO cinzento (unidade) 37,50 40,00 50,00
Custo da energia elétrica consumida (kW.h) 1,14
Custo da hora/máquina 140,00 160,00 120,00

As Tabelas M.2, M.3, M.4, M.5, M.6, M.7, M.8, M.9, M.10, M.11, M.12, M.13, M.14,
M.15 e M.16 mostram o memorial de cálculo e os valores para o levantamento do custo total
169

dos processos de usinagem estudados, segundo os indicadores individuais avaliadas, tendo


como variável de controle, o tempo de 1 ano de usinagem contínua, 8 horas/dia, num total de
2920 horas/ano.

TABELA M.2 - Avaliação econômica fluidos de corte- INUNDAÇÃO.


AVALIAÇÃO ECONÔMICA
CDP Liga de Alumínio e Ferro Fundido Cinzento
Máquina-ferramenta ROMI D800

Processo Fresamento plano


Técnica de aplicação de fluido INUNDAÇÃO
FLUIDOS DE CORTE
Pinhão manso Semi-sintético
Dados Canola (vegetal)
(vegetal) (mineral )
Capacidade do sistema (litros) 300 300 300
Concentração (%/litro) 8,0% 8,0% 8,0%
Fator de correção 1,0 1,0 1,0
Enchimento do sistema (litros) 24 24 24
Preço do produto (R$/litro) 13,00 31,00 13,47
Custo do enchimento (R$) 312,00 744,00 323,28
Vida útil do produto (dias) 300 270 210
Número de trocas por ano 2 2 2
Consumo anual pela troca (litros) 48 48 48
Custo anual da troca (R$) 624,00 1.488,00 646,56
Reposição mensal (litros) 0,0 0,0 0,0
Reposição anual (litros) 0 0 0
Custo da reposição mensal (R$) 0 0,00 0
Custo da reposição anual (R$) 0,00 0,00 0,00
Custo anual do fluido (R$) 624,00 1.488,00 646,56

TABELA M.3 - Avaliação econômica fluidos de corte- MQL.


AVALIAÇÃO ECONÔMICA
CDP Liga de Alumínio e Ferro Fundido Cinzento
Máquina-ferramenta ROMI D800
Processo Fresamento plano
Técnica de aplicação de fluido MQL
FLUIDOS DE CORTE
Pinhão manso Semi-sintético
Dados Canola (vegetal)
(vegetal) (mineral )
Capacidade do sistema (litros/hora) 0,1 0,1 0,1
Concentração (%/litro) 8,0% 8,0% 8,0%
Fator de correção 1,0 1,0 1,0
Consumo do sistema (litros/hora) 0,008 0,008 0,008
Preço do produto (R$/L) 13,82 31,00 13,47
Vida útil do produto (horas/ano) 2920 2920 2920
Consumo anual pela utilização (litros) 23,4 23,4 23,4
Custo anual do fluido (R$) 322,84 724,16 314,66

TABELA M.4 - Avaliação econômica água- INUNDAÇÃO.


AVALIAÇÃO ECONÔMICA
CDP Liga de Alumínio e Ferro Fundido Cinzento
Máquina-ferramenta ROMI D800
Processo Fresamento plano
Técnica de aplicação de fluido INUNDAÇÃO
ÁGUA
Semi-sintético
Dados Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal)
(mineral )
Capacidade do sistema (litros) 300 300 300
Concentração (%/litro) 92,0% 92,0% 92,0%
Fator de correção 1,0 1,0 1,0
Enchimento do sistema (litros) 276 276 276
170

Preço do produto (R$/litro) 0,0025 0,0025 0,0025


Custo do enchimento (R$) 0,68 0,68 0,68
Vida útil do produto (dias) 300 270 210
Número de trocas por ano 2 2 2
Consumo anual pela troca (litros) 552 552 552
Custo anual da troca (R$) 1,37 1,37 1,37
Reposição mensal (litros) 0,0 0,0 0,0
Reposição anual (litros) 0 0 0
Custo da reposição mensal (R$) 0 0,00 0
Custo da reposição anual (R$) 0,00 0,00 0,00
Custo anual do fluido (R$) 1,37 1,37 1,37

TABELA M.5 - Avaliação econômica água- MQL.


AVALIAÇÃO ECONÔMICA
CDP Liga de Alumínio e Ferro Fundido Cinzento
Máquina-ferramenta ROMI D800
Processo Fresamento plano
Técnica de aplicação de fluido MQL
ÁGUA
Pinhão manso Semi-sintético
Dados Canola (vegetal)
(vegetal) (mineral )
Capacidade do sistema (litros) 0,1 0,1 0,1
Concentração (%/litro) 92,0% 92,0% 92,0%
Fator de correção 1,0 1,0 1,0
Consumo do sistema (litros/hora) 0,092 0,092 0,092
Preço do produto (R$/L) 0,0025 0,0025 0,0025
Vida útil do produto (horas/ano) 2920 2920 2920
Consumo anual pela utilização (litros) 268,6 268,6 268,6
Custo anual do fluido (R$) 0,67 0,67 0,67

TABELA M.6 - Avaliação econômica descarte e recuperação- INUNDAÇÃO.


AVALIAÇÃO ECONÔMICA
CDP Liga de Alumínio e Ferro Fundido Cinzento
Máquina-ferramenta ROMI D800
Processo Fresamento plano
Técnica de aplicação de fluido INUNDAÇÃO
DESCARTE E RECUPERAÇÃO
Semi-sintético
Dados Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal)
(mineral )
Capacidade do sistema (litros) 300 300 300
Concentração (%/litro) 100% 100% 100%
Enchimento do sistema (litros) 300 300 300
Preço do produto (R$/litro) 0,14 0,14 0,14
Custo do enchimento (R$) 42,00 42,00 42,00
Vida útil do produto (dias) 300 270 210
Número de trocas por ano 2 2 2
Consumo anual pela troca (litros) 600 600 600
Custo anual da troca (R$) 84,00 84,00 84,00
Reposição mensal (litros) 0,0 0,0 0,0
Reposição anual (litros) 0 0 0
Custo da reposição mensal (R$) 0 0,00 0
Custo da reposição anual (R$) 0,00 0,00 0,00
Custo anual do fluido (R$) 84,00 84,00 84,00

TABELA M.7 - Avaliação econômica equipamento de lubri/refrigeração.


AVALIAÇÃO ECONÔMICA
CDP Liga de Alumínio e Ferro Fundido Cinzento
Máquina-ferramenta ROMI D800
Técnica de aplicação de fluido INUNDAÇÃO e MQL
EQUIPAMENTO DE LUBR/IREFRIGERAÇÃO
Dados INUNDAÇÃO MQL
Custo do equipamento (R$) 5.000,00 1.500,00
Custo da manutenção (R$/ano) 800,00 500,00
Custo total do equipamento (R$) 5.800,00 2.000,00
171

TABELA M.8 - Avaliação econômica - doenças.


AVALIAÇÃO ECONÔMICA
CDP Liga de alumínio e Ferro Fundido Cinzento
Máquina-ferramenta ROMI D800
Técnica de aplicação de fluido INUNDAÇÃO e MQL
Processo Fresamento plano
DOENÇAS
Dados (SIASS) PELE RUÍDO RESPIRATÓRIA
Tempo mínimo de afastamento (dias) 7 30 7
Tempo mínimo de afastamento (8 horas/dia) 56 240 56
Custo da hora/máquina 130,00 130,00 130,00
Custo para a indústria para 1 afastamento do operador (R$/ano) 7.280,00 31.200,00 7.280,00

TABELA M.9 - Avaliação econômica energia consumida- Liga de alumínio- INUNDAÇÃO.


AVALIAÇÃO ECONÔMICA
CDP Liga de alumínio
Máquina-ferramenta ROMI D800
Processo Fresamento plano
Técnica de aplicação de fluido INUNDAÇÃO
A1 A2 A3
Dados de corte: vc= 1884 m/min vc = 1884 m/min vc= 1884 m/min
fz= 0,05 mm/dente fz= 0,15 mm/dente fz= 0,30 mm/dente
ENERGIA ELÉTRICA CONSUMIDA
Dados Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral)
A1- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h) 92,61 83,70 112,95
A2- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h) 34,67 18,28 35,61
A3- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h) 24,63 6,61 16,17
A1- energia consumida exaustor (kW.h) 47,77 32,18 33,01
A2- energia consumida exaustor (kW.h) 15,92 7,59 9,62
A3- energia consumida exaustor (kW.h) 7,96 1,82 3,49
A1- energia consumida compressor (kW.h) 0,89 0,89 0,89
A2- energia consumida compressor (kW.h) 0,89 0,89 0,89
A3- energia consumida compressor (kW.h) 0,89 0,89 0,89
A1- energia consumida total (kW.h) 141,27 116,78 146,85
A2- energia consumida total (kW.h) 51,49 26,76 46,13
A3- energia consumida total (kW.h) 33,48 9,32 20,56
A1- tempo de usinagem(horas) 28,86 19,94 19,94
A2- tempo de usinagem(horas) 9,62 4,58 5,81
A3- tempo de usinagem(horas) 4,81 1,10 2,11
Tempo de usinagem (horas/ano) 2920 2920 2920
A1- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h/ano) 9.370,34 12.254,61 16.539,84
A2- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h/ano) 10.523,43 11.653,80 17.896,68
A3- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h/ano) 14.950,93 17.539,52 22.381,04
A1- energia consumida exaustor (kW.h/ano) 4.832,79 4.711,45 4.833,68
A2- energia consumida exaustor (kW.h/ano) 4.832,79 4.836,12 4.836,60
A3- energia consumida exaustor (kW.h/ano) 4.832,79 4.820,40 4.835,14
A1- energia consumida compressor (kW.h/ano) 90,49 130,95 130,98
A2- energia consumida compressor (kW.h/ano) 271,48 570,23 449,51
A3- energia consumida compressor (kW.h/ano) 542,96 2.374,23 1.237,75
A1- energia consumida total (kW.h/ano) 14.293,62 17.097,00 21.504,50
A2- energia consumida total (kW.h/ano) 15.627,70 17.060,15 23.182,79
A3- energia consumida total (kW.h/ano) 20.326,68 24.734,14 28.453,93
Valor unitário da energia consumida (R$/kW.h) 1,14 1,14 1,14
A1- custo energia consumida máquina-ferramenta (R$) 10.682,18 13.970,25 18.855,42
A2- custo energia consumida máquina-ferramenta (R$) 11.996,71 13.285,34 20.402,21
A3- custo energia consumida máquina-ferramenta (R$) 17.044,06 19.995,05 25.514,38
A1- custo energia consumida exaustor (R$) 5.509,38 5.371,05 5.510,39
A2- custo energia consumida exaustor (R$) 5.509,38 5.513,17 5.513,73
A3- custo energia consumida exaustor (R$) 5.509,38 5.495,25 5.512,07
A1- custo energia consumida compressor (R$) 103,16 149,28 149,31
A2- custo energia consumida compressor (R$) 309,49 650,06 512,44
A3- custo energia consumida compressor (R$) 618,98 2.706,62 1.411,03
A1- custo energia consumida total (R$) 16.294,72 19.490,58 24.515,12
A2- custo energia consumida total (R$) 17.815,58 19.448,57 26.428,38
A3- custo energia consumida total (R$) 23.172,41 28.196,92 32.437,48
172

TABELA M.10 - Avaliação econômica energia consumida- Liga de alumínio- MQL.


AVALIAÇÃO ECONÔMICA
CDP Liga de alumínio
Máquina-ferramenta ROMI D800
Processo Fresamento plano
Técnica de aplicação de fluido MQL
A1 A2 A3
Dados de corte: vc= 1884 m/min vc = 1884 m/min vc = 1884 m/min
fz= 0,05 mm/dente fz= 0,15 mm/dente fz= 0,30 mm/dente
ENERGIA ELÉTRICA CONSUMIDA
Dados Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral)
A1- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h) 15,46 18,42 26,49
A2- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h) 5,90 3,55 8,85
A3- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h) 3,34 1,28 3,24
A1- energia consumida exaustor (kW.h) 9,19 7,36 8,18
A2- energia consumida exaustor (kW.h) 3,06 1,69 2,45
A3- energia consumida exaustor (kW.h) 1,38 0,46 0,84
A1- energia consumida compressor (kW.h) 40,89 32,71 36,39
A2- energia consumida compressor (kW.h) 13,63 7,50 10,90
A3- energia consumida compressor (kW.h) 6,13 2,04 3,75
A1- energia consumida total (kW.h) 65,55 58,49 71,07
A2- energia consumida total (kW.h) 22,60 12,74 22,21
A3- energia consumida total (kW.h) 10,85 3,79 7,83
A1- tempo de usinagem(horas) 5,56 4,44 4,94
A2- tempo de usinagem(horas) 1,85 1,02 1,48
A3- tempo de usinagem(horas) 0,83 0,28 0,51
Tempo de usinagem (horas/ano) 2920 2920 2920
A1- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h/ano) 8.127,56 12.102,03 15.646,20
A2- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h/ano) 9.305,70 10.191,50 17.450,69
A3- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h/ano) 11.699,99 13.502,57 18.552,38
A1- energia consumida exaustor (kW.h/ano) 4.832,60 4.832,60 4.832,60
A2- energia consumida exaustor (kW.h/ano) 4.832,60 4.832,60 4.832,60
A3- energia consumida exaustor (kW.h/ano) 4.832,60 4.832,60 4.832,60
A1- energia consumida compressor (kW.h/ano) 21.491,69 21.491,69 21.491,69
A2- energia consumida compressor (kW.h/ano) 21.491,69 21.491,69 21.491,69
A3- energia consumida compressor (kW.h/ano) 21.491,69 21.491,69 21.491,69
A1- energia consumida total (kW.h/ano) 34.451,85 38.426,32 41.970,49
A2- energia consumida total (kW.h/ano) 35.629,99 36.515,79 43.774,98
A3- energia consumida total (kW.h/ano) 38.024,27 39.826,86 44.876,67
Valor unitário da energia consumida (R$/kW.h) 1,14 1,14 1,14
A1- custo energia consumida máquina-ferramenta/ano (R$) 9.265,42 13.796,31 17.836,67
A2- custo energia consumida máquina-ferramenta/ano (R$) 10.608,50 11.618,31 19.893,79
A3- custo energia consumida máquina-ferramenta/ano (R$) 13.337,98 15.392,93 21.149,72
A1- custo energia consumida exaustor/ano (R$) 5.509,16 5.509,16 5.509,16
A2- custo energia consumida exaustor/ano (R$) 5.509,16 5.509,16 5.509,16
A3- custo energia consumida exaustor/ano (R$) 5.509,16 5.509,16 5.509,16
A1- custo energia consumida compressor/ano (R$) 24.500,52 24.500,52 24.500,52
A2- custo energia consumida compressor/ano (R$) 24.500,52 24.500,52 24.500,52
A3- custo energia consumida compressor/ano (R$) 24.500,52 24.500,52 24.500,52
A1- custo energia consumida total/ano (R$) 39.275,11 43.806,00 47.846,36
A2- custo energia consumida total/ano (R$) 40.618,19 41.628,00 49.903,48
A3- custo energia consumida total/ano (R$) 43.347,67 45.402,62 51.159,40
173

TABELA M.11 - Avaliação econômica energia consumida- FOFO cinzento- INUNDAÇÃO.


AVALIAÇÃO ECONÔMICA
CDP Ferro Fundido Cinzento
Máquina-ferramenta ROMI D800
Processo Fresamento plano
Técnica de aplicação de fluido INUNDAÇÃO
A1 A2 A3 A4
Dados de corte: vc= 135 m/min vc = 135m/min vc = 200 m/min vc = 200 m/min
fz= 0,1 mm/dente fz= 0,4 mm/dente fz= 0,1 mm/dente fz= 0,4 mm/dente
ENERGIA ELÉTRICA CONSUMIDA
Pinhão manso Canola Semi-sintético
Dados
(vegetal) (vegetal) (mineral)
A1- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h) 1,05 1,13 1,06
A2- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h) 0,68 0,63 0,64
A3- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h) 0,66 0,60 0,61
A4- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h) 0,81 0,34 0,56
A1- energia consumida exaustor (kW.h) 3,66 3,66 3,66
A2- energia consumida exaustor (kW.h) 1,65 1,65 1,65
A3- energia consumida exaustor (kW.h) 1,97 1,97 1,97
A4- energia consumida exaustor (kW.h) 1,73 0,86 1,40
A1- energia consumida compressor (kW.h) 0,89 0,89 0,89
A2- energia consumida compressor (kW.h) 0,89 0,89 0,89
A3- energia consumida compressor (kW.h) 0,89 0,89 0,89
A4- energia consumida compressor (kW.h) 0,89 0,89 0,89
A1- energia consumida total (kW.h) 5,61 5,68 5,61
A2- energia consumida total (kW.h) 3,22 3,17 3,18
A3- energia consumida total (kW.h) 3,53 3,46 3,48
A4- energia consumida total (kW.h) 3,43 2,10 2,86
A1- tempo de usinagem(horas) 2,21 2,21 2,21
A2- tempo de usinagem(horas) 0,99 0,99 0,99
A3- tempo de usinagem(horas) 1,49 0,89 1,19
A4- tempo de usinagem(horas) 0,30 0,30 0,30
Tempo de usinagem (horas/ano) 2920 2920 2920
A1- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h/ano) 1.393,42 1.494,75 1.397,80
A2- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h/ano) 2.007,50 1.849,24 1.889,53
A3- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h/ano) 1.298,12 1.943,94 1.500,59
A4- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h/ano) 7.914,37 3.297,99 5.527,94
A1- energia consumida exaustor (kW.h/ano) 4.832,60 4.832,60 4.832,60
A2- energia consumida exaustor (kW.h/ano) 4.832,60 4.832,60 4.832,60
A3- energia consumida exaustor (kW.h/ano) 3.866,08 6.443,47 4.832,60
A4- energia consumida exaustor (kW.h/ano) 16.914,10 8.457,05 13.671,17
A1- energia consumida compressor (kW.h/ano) 1.181,94 1.181,94 1.181,94
A2- energia consumida compressor (kW.h/ano) 2.626,53 2.626,53 2.626,53
A3- energia consumida compressor (kW.h/ano) 1.751,02 2.918,37 2.188,78
A4- energia consumida compressor (kW.h/ano) 8.755,11 8.755,11 8.755,11
A1- energia consumida total (kW.h/ano) 7.407,96 7.509,29 7.412,34
A2- energia consumida total (kW.h/ano) 9.466,63 9.308,37 9.348,66
A3- energia consumida total (kW.h/ano) 6.915,22 11.305,78 8.521,96
A4- energia consumida total (kW.h/ano) 33.583,57 20.510,15 27.954,22
Valor unitário da energia consumida (R$/kW.h) 1,14 1,14 1,14
A1- custo energia consumida máquina-ferramenta/ano (R$) 1.588,50 1.704,01 1.593,50
A2- custo energia consumida máquina-ferramenta/ano (R$) 2.288,55 2.108,13 2.154,07
A3- custo energia consumida máquina-ferramenta/ano (R$) 1.479,85 2.216,09 1.710,67
A4- custo energia consumida máquina-ferramenta/ano (R$) 9.022,38 3.759,71 6.301,86
A1- custo energia consumida exaustor/ano (R$) 5.509,16 5.509,16 5.509,16
A2- custo energia consumida exaustor/ano (R$) 5.509,16 5.509,16 5.509,16
A3- custo energia consumida exaustor/ano (R$) 4.407,33 7.345,55 5.509,16
A4- custo energia consumida exaustor/ano (R$) 19.282,07 9.641,04 15.585,14
A1- custo energia consumida compressor/ano (R$) 1.347,41 1.347,41 1.347,41
A2- custo energia consumida compressor/ano (R$) 2.994,25 2.994,25 2.994,25
A3- custo energia consumida compressor/ano (R$) 1.996,16 3.326,94 2.495,21
A4- custo energia consumida compressor/ano (R$) 9.980,82 9.980,82 9.980,82
A1- custo energia consumida total/ano (R$) 8.445,08 8.560,59 8.450,07
A2- custo energia consumida total/ano (R$) 10.791,96 10.611,54 10.657,48
A3- custo energia consumida total/ano (R$) 7.883,35 12.888,59 9.715,04
A4- custo energia consumida total/ano (R$) 38.285,27 23.381,57 31.867,81
174

TABELA M.12 - Avaliação econômica energia consumida- FOFO cinzento- MQL.


AVALIAÇÃO ECONÔMICA
CDP Ferro Fundido Cinzento
Máquina-ferramenta ROMI D800
Processo Fresamento plano
Técnica de aplicação de fluido MQL
A1 A2 A3 A4
Dados de corte: vc = 135 m/min vc = 135m/min vc = 200 m/min vc = 200 m/min
fz= 0,1 mm/dente fz= 0,4 mm/dente fz= 0,1 mm/dente fz= 0,4 mm/dente
ENERGIA ELÉTRICA CONSUMIDA
Dados Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral)
A1- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h) 1,06 0,64 0,84
A2- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h) 1,54 0,58 1,15
A3- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h) 0,82 0,47 0,64
A4- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h) 0,73 0,53 0,79
A1- energia consumida exaustor (kW.h) 3,66 2,19 2,93
A2- energia consumida exaustor (kW.h) 3,63 1,65 2,93
A3- energia consumida exaustor (kW.h) 2,47 1,48 1,97
A4- energia consumida exaustor (kW.h) 1,73 1,40 1,59
A1- energia consumida compressor (kW.h) 19,52 11,71 15,61
A2- energia consumida compressor (kW.h) 19,40 8,78 15,61
A3- energia consumida compressor (kW.h) 13,17 7,90 10,54
A4- energia consumida compressor (kW.h) 9,22 7,45 8,48
A1- energia consumida total (kW.h) 24,23 14,54 19,38
A2- energia consumida total (kW.h) 24,57 11,00 19,69
A3- energia consumida total (kW.h) 16,46 9,85 13,15
A4- energia consumida total (kW.h) 11,68 9,38 10,87
A1- tempo de usinagem(horas) 2,21 2,21 2,21
A2- tempo de usinagem(horas) 0,99 0,99 0,99
A3- tempo de usinagem(horas) 1,49 0,89 1,19
A4- tempo de usinagem(horas) 0,30 0,30 0,30
Tempo de usinagem (horas/ano) 2920 2920 2920
A1- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h/ano) 1.403,64 847,44 1.106,80
A2- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h/ano) 4.533,68 1.689,51 3.374,22
A3- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h/ano) 1.597,24 1.522,20 1.563,37
A4- energia consumida máquina-ferramenta (kW.h/ano) 7.169,33 5.187,61 7.778,79
A1- energia consumida exaustor (kW.h/ano) 1.403,64 847,44 1.106,80
A2- energia consumida exaustor (kW.h/ano) 4.533,68 1.689,51 3.374,22
A3- energia consumida exaustor (kW.h/ano) 1.597,24 1.522,20 1.563,37
A4- energia consumida exaustor (kW.h/ano) 7.169,33 5.187,61 7.778,79
A1- energia consumida compressor (kW.h/ano) 1.403,64 847,44 1.106,80
A2- energia consumida compressor (kW.h/ano) 4.533,68 1.689,51 3.374,22
A3- energia consumida compressor (kW.h/ano) 1.597,24 1.522,20 1.563,37
A4- energia consumida compressor (kW.h/ano) 7.169,33 5.187,61 7.778,79
A1- energia consumida total (kW.h/ano) 4.210,93 2.542,33 3.320,39
A2- energia consumida total (kW.h/ano) 13.601,04 5.068,54 10.122,67
A3- energia consumida total (kW.h/ano) 4.791,72 4.566,59 4.690,10
A4- energia consumida total (kW.h/ano) 21.507,99 15.562,83 23.336,37
Valor unitário da energia consumida (R$/kW.h) 1,14 1,14 1,14
A1- custo energia consumida máquina-ferramenta/ano (R$) 1.600,15 966,08 1.261,75
A2- custo energia consumida máquina-ferramenta/ano (R$) 5.168,39 1.926,04 3.846,61
A3- custo energia consumida máquina-ferramenta/ano (R$) 1.820,85 1.735,30 1.782,24
A4- custo energia consumida máquina-ferramenta/ano (R$) 8.173,04 5.913,88 8.867,82
A1- custo energia consumida exaustor/ano (R$) 1.600,15 966,08 1.261,75
A2- custo energia consumida exaustor/ano (R$) 5.168,39 1.926,04 3.846,61
A3- custo energia consumida exaustor/ano (R$) 1.820,85 1.735,30 1.782,24
A4- custo energia consumida exaustor/ano (R$) 8.173,04 5.913,88 8.867,82
A1- custo energia consumida compressor/ano (R$) 1.600,15 966,08 1.261,75
A2- custo energia consumida compressor/ano (R$) 5.168,39 1.926,04 3.846,61
A3- custo energia consumida compressor/ano (R$) 1.820,85 1.735,30 1.782,24
A4- custo energia consumida compressor/ano (R$) 8.173,04 5.913,88 8.867,82
A1- custo energia consumida total/ano (R$) 4.800,46 2.898,25 3.785,25
A2- custo energia consumida total/ano (R$) 15.505,18 5.778,13 11.539,84
A3- custo energia consumida total/ano (R$) 5.462,56 5.205,91 5.346,72
A4- custo energia consumida total/ano (R$) 24.519,11 17.741,63 26.603,46
175

TABELA M.13 - Avaliação econômica das ferramentas de corte consumidas- Liga de


alumínio- INUNDAÇÃO.
AVALIAÇÃO ECONÔMICA
CDP Liga de alumínio
Máquina-ferramenta ROMI D800
Processo Fresamento plano
Técnica de aplicação de fluido INUNDAÇÃO
A1 A2 A3
Dados de corte: vc= 1884 m/min vc = 1884 m/min vc= 1884 m/min
fz= 0,05 mm/dente fz= 0,15 mm/dente fz= 0,30 mm/dente
FERRAMENTAS DE CORTE
Pinhão Manso Semi-sintético
Dados Canola (vegetal)
(vegetal) ( Mineral )
A1- vida útil da ferramenta (horas) 28,86 19,44 19,94
A2- vida útil da ferramenta (horas) 9,62 4,58 5,61
A3- vida útil da ferramenta (horas) 4,81 2,91 2,08
Tempo de usinagem (horas/ano) 2920 2920 2920
A1- número de ferramentas (ano) 101 150 146
A2- número de ferramentas (ano) 304 638 520
A3- número de ferramentas (ano) 607 1003 1404
Valor unitário da ferramenta de corte (R$) 39,90 39,90 39,90
A1- custo da ferramenta de corte (R$) 4.037,01 5.993,21 5.842,93
A2- custo da ferramenta de corte (R$) 12.111,02 25.438,43 20.767,91
A3- custo da ferramenta de corte (R$) 24.222,04 40.037,11 56.013,46

TABELA M.14 - Avaliação econômica das ferramentas de corte consumidas- Liga de


alumínio- MQL.
AVALIAÇÃO ECONÔMICA
CDP Liga de alumínio
Máquina-ferramenta ROMI D800
Processo Fresamento plano
Técnica de aplicação de fluido MQL
A1 A2 A3
Dados de corte: vc= 1884 m/min vc = 1884 m/min vc= 1884 m/min
fz= 0,05 mm/dente fz= 0,15 mm/dente fz= 0,30 mm/dente
FERRAMENTAS DE CORTE
Pinhão Manso Semi-sintético
Dados Canola (vegetal)
(vegetal) ( Mineral )
A1- vida útil da ferramenta (horas) 5,56 4,44 4,94
A2- vida útil da ferramenta (horas) 1,85 1,02 1,48
A3- vida útil da ferramenta (horas) 0,83 0,28 0,51
Tempo de usinagem (horas/ano) 2920 2920 2920
A1- número de ferramentas (ano) 525 658 591
A2- número de ferramentas (ano) 1578 2863 1973
A3- número de ferramentas (ano) 3518 10429 5725
Valor unitário da ferramenta de corte (R$) 39,9 39,9 39,9
A1- custo da ferramenta de corte (R$) 20.954,68 26.240,54 23.584,62
A2- custo da ferramenta de corte (R$) 62.977,30 114.223,53 78.721,62
A3- custo da ferramenta de corte (R$) 140.371,08 416.100,00 228.447,06
176

TABELA M.15 - Avaliação econômica das ferramentas de corte consumidas- FOFO


cinzento- INUNDAÇÃO.
AVALIAÇÃO ECONÔMICA
CDP Ferro Fundido Cinzento
Máquina-ferramenta ROMI D800
Processo Fresamento plano
Técnica de aplicação de fluido INUNDAÇÃO
A1 A2 A3 A4
Dados de corte: vc = 135 m/min vc = 135m/min vc = 200 m/min vc = 200 m/min
fz= 0,1 mm/dente fz= 0,4 mm/dente fz= 0,1 mm/dente fz= 0,4 mm/dente
FERRAMENTAS DE CORTE
Pinhão manso Canola Semi-sintético
Dados
(vegetal) (vegetal) (mineral )
A1- vida útil da ferramenta (horas) 2,21 2,21 2,21
A2- vida útil da ferramenta (horas) 0,99 0,99 0,99
A3- vida útil da ferramenta (horas) 1,19 1,19 1,19
A4- vida útil da ferramenta (horas) 1,04 0,52 0,84
Tempo de usinagem (horas/ano) 2920 2920 2920
A1- número de ferramentas (ano) 1321 1321 1321
A2- número de ferramentas (ano) 2949 2949 2949
A3- número de ferramentas (ano) 2454 2454 2454
A4- número de ferramentas (ano) 2808 5615 3476
Valor unitário da ferramenta de corte (R$) 42,50 42,50 42,50
A1- custo da ferramenta de corte (R$) 56.153,85 56.153,85 56.153,85
A2- custo da ferramenta de corte (R$) 125.353,54 125.353,54 125.353,54
A3- custo da ferramenta de corte (R$) 104.285,71 104.285,71 104.285,71
A4- custo da ferramenta de corte (R$) 119.326,92 238.653,85 147.738,10

TABELA M.16 - Avaliação econômica das ferramentas de corte consumidas- FOFO


cinzento- MQL.
AVALIAÇÃO ECONÔMICA
CDP Ferro Fundido Cinzento
Máquina-ferramenta ROMI D800
Processo Fresamento plano
Técnica de aplicação de fluido MQL
A1 A2 A3 A4
Dados de corte: vc = 135 m/min vc = 135m/min vc = 200 m/min vc = 200 m/min
fz= 0,1 mm/dente fz= 0,4 mm/dente fz= 0,1 mm/dente fz= 0,4 mm/dente
FERRAMENTAS DE CORTE
Pinhão manso Canola Semi-sintético
Dados
(vegetal) (vegetal) (mineral )
A1- vida útil da ferramenta (horas) 2,21 1,33 1,77
A2- vida útil da ferramenta (horas) 2,20 0,99 1,77
A3- vida útil da ferramenta (horas) 1,49 0,89 1,19
A4- vida útil da ferramenta (horas) 1,04 0,84 0,96
Tempo de usinagem (horas/ano) 2920 2920 2920
A1- número de ferramentas (ano) 1321 2195 1650
A2- número de ferramentas (ano) 1327 2949 1650
A3- número de ferramentas (ano) 1960 3281 2454
A4- número de ferramentas (ano) 2808 3476 3042
Valor unitário da ferramenta de corte (R$) 42,50 42,50 42,50
A1- custo da ferramenta de corte (R$) 56.153,85 93.308,27 70.112,99
A2- custo da ferramenta de corte (R$) 56.409,09 125.353,54 70.112,99
A3- custo da ferramenta de corte (R$) 83.288,59 139.438,20 104.285,71
A4- custo da ferramenta de corte (R$) 310.250,00 413.666,67 310.250,00
177

APÊNDICE I

A) Conceitos elicitados com os pesquisadores/especialistas e suas proposições.

CONCEITOS ELICITADOS
Aspectos Conceito Proposições
 Fluido de corte deve ser 3% do custo do processo de usinagem
 Impacta no processo de usinagem
 Envolve durabilidade, manutenção e controle de ph do fluido
 Envolve menor volatilidade do fluido
 Engloba degradação substituição de fluido
 Engloba a escolha, custo, preço e gestão do fluido
 Relação entre processo de usinagem e durabilidade
 Não se restringe a durabilidade da ferramenta de corte
Custo
 Envolve maior poder de lubrificação e refrigeração
 Fluido vegetal envolve aumento de custo
 Envolve diminuição de retrabalho na peça
 Envolve consumo de energia
 Envolve desgaste da ferramenta de corte
 Envolve descarte e recuperação do fluido
 Envolve normas de fabricação
 Deve justificar a utilização do fluido de corte
 Depende do custo do fluido
 Depende do descarte e recuperação do fluido
 Depende dos aspectos tecnológicos, econômicos, ambientais, químicos e
biológicos do fluido
 Considera o tipo de processo de usinagem
Escolha  Não considera apenas a vida útil da ferramenta de corte
 Depende das propriedades do fluido em relação à lubrificação e
refrigeração
 Significa menor desgaste da ferramenta de corte
 Para a melhora do acabamento superficial da peça
 Para a melhora de rendimento do processo de usinagem
 Mantém as propriedades do fluido
 Depende da degradação do fluido
Durabilidade  Significa menos desgaste da ferramenta de corte
Econômicos  Envolve a utilização do fluido
 Envolve a manutenção do fluido
 É a perda de propriedades do fluido
Degradação  É percebida pela cor do cavaco
 É percebida pelo mau cheiro do fluido
Substituição  É mais relevante na hora da escolha do fluido
 Se preocupa, principalmente, com a vida útil da ferramenta de corte,
Indústria
máquinas e acessórios
 Depende do controle do nível do tanque do fluido
 Depende do controle do pH do fluido
Manutenção
 Depende do controle da concentração do fluido
 É mais relevante na hora da escolha do fluido
Gestão  Voltada para a gestão do fluido
 Avalia custo da ferramenta de corte
 Envolve a utilização do fluido
Análise dos dados  Envolve a manutenção do fluido
 Envolve o sistema de exaustão da fábrica
 Envolve o descarte e recuperação do fluido
 Beneficia o ambiente
 Perdas pelos jatos de fluido nos cavacos
 Perda de fluido em forma de névoa
Recuperação
 Envolve recuperação de fluido no cavaco
 Envolve recuperação da névoa gerada pelo fluido
 Envolve a perda de fluido na espuma
 Depende da função do fluido
Utilização  Depende dos benefícios do fluido
 Deve justificar o custo da ferramenta de corte
 Tem bom poder de lubrificação
Fluido vegetal  Tem bom poder de refrigeração
 Tem boa durabilidade
178

 Diminui o coeficiente de atrito entre materiais em contato


 Fluido vegetal tem boa propriedade
Lubrificação  Esta propriedade evita o desgaste da ferramenta de corte
 Esta propriedade evita o desgaste da máquina
 Envolve processo de usinagem
 Diminui calor gerado no processo de usinagem
 Proporciona maior velocidade de corte no processo de usinagem
Refrigeração  Esta propriedade evita o desgaste da ferramenta de corte
 Esta propriedade evita o desgaste da máquina
 Envolve processo de usinagem
 Diretamente relacionado ao custo
 Diretamente relacionado a ferramenta de corte
Desgaste
 Envolve retrabalho na peça
 Envolve consumo de energia
 Necessita de melhor balanceamento das propriedades de lubrificação e
Processo de usinagem
refrigeração do fluido para a sua eficiência
Fluido de corte  Fator de redução de custos do processo de usinagem

Aspectos Conceito Proposições


 Fluidos de fontes renováveis são mais amigáveis ao ambiente do que os
Origem
fluidos de fontes não renovável
Composição  Não deve conter metais pesados
 Não pode acontecer pelo cheiro do fluido
 Depende do ambiente industrial
 Depende do consumo de energia exigido pelo material de corte
 Envolve tratamento de efluente
 Tem custo
 O elemento químico silicone no fluido aumenta o custo do descarte do
fluido
 Impacta no ambiente
 É feito por empresa especializada
 Fluido deve ir para tanques de descarte e, em seguida, para empresas
especializadas em descarte
 Fluido não dever ir para o lixo comum e nem para o sistema de esgoto
 Água deve ser tratada
 A água deve voltar a ser utilizada como emulsão
Descarte  Envolve análise de dados
 É facilitado pela eficiência do processo de usinagem
 Envolve normas de fabricação (norma 14000)
 Deve ser fácil de se executar
 O fluido vegetal é de difícil descarte
 Separa óleo da água
 Pode ser mecânico
 Pode ser químico
 É mais relevante na hora da escolha do fluido
 Envolve sustentabilidade
 É perda de propriedades do fluido
 É percebida pela cor do cavaco
Degradação
 É percebida pelo mau cheiro do fluido
 Diminui a vida útil do fluido
 É gerado pelo fluido
 São gerados no processo de usinagem
Resíduos  Pode agredir o ambiente
 Precisa de tratamento para recuperação do fluido
 Precisa descarte de fluido
 Podem afetar a máquina
 Podem afetar a peça usinada
Efeitos
 São controlados pela norma ISO 14000
 Normas estabelecem regras de fabricação com fluido
 Relaciona-se a processo de usinagem
 Envolve utilização do fluido
 Fluido vegetal pode ser sustentável
Sustentabilidade
 Deve considerar descarte do fluido
Ambientais e  Deve considerar a degradação do fluido
Sociais  Deve considerar a recuperação do fluido
 Podem ser dermatites
 Podem ser alergias
Doenças  Podem ser feridas
 Podem ser câncer
 Podem ser pulmonares
179

 Causado por microorganismos no fluido


 Causado por elementos químicos no fluido
 Causado por bactérias no fluido
 Causado por elementos biocidas no fluido
 Contato por inalação de fluido é nocivo ao operador
 Contato físico com fluido é nocivo ao operador
 Considera proliferação de microorganismos no fluido
Saúde do operador  Necessário garantir a saúde do operador
 O fluido afeta a mucosa nasal do operador
 O fluido afeta o sistema respiratório do operador
 Ambiente industrial não pode afetar operador
 Formada por partículas insalubres
 Estão suspensas no ambiente industrial
Névoa  Gera contaminação do ambiente industrial
 Causa doenças no operador
 Sistema de exaustão reduz névoa e a contaminação do ambiente industrial
 Reduz a vida útil do fluido
 Gerado pelos resíduos no fluido
 Pode ser microbiológico que prolifera microorganismos no fluido
 Causado pela névoa de fluido
Contaminação
 Aumenta o descarte de fluido
 Afeta transeuntes e operador no ambiente industrial pelo mau cheiro que
causa dor de cabeça e alergias respiratórias no operador
 Toxidade do fluido deve ser evitada
Regulamentação  Regula processo de usinagem que utiliza fluido
Legislação  Lei da utilização dos fluidos
 Previne bactérias no fluido
Aditivos  Previne doenças ao operador
 Estabiliza o fluido
 Adequado ao processo de usinagem
 Não tem sustentabilidade
Fluido de corte
 Ainda precisa de descarte e recuperação
 deve ser biodegradável
 Envolve consumo de energia
 Envolve cheiro do fluido
Ambiente industrial
 Envolve ruído
 Não pode prejudicar a saúde do operador
 Pode ser quebra química
 Pode ser queima térmica
 Pode ser reciclagem mecânica
 Envolve troca de fluido
Recuperação
 Separa água do óleo
 Depende de saber o estado líquido, sólido ou gasoso do fluido na condição
de operação
 Depende do tratamento de efluentes
 Deve ser biodegradável
 Pode ter aditivos
Fluido vegetal  Fluido não pode prejudicar o ambiente
 Tem dificuldade de descarte e recuperação do fluido
 É de fonte renovável
 Diminui com o ataque microbiano no fluido
 Evita reposição de fluido
Vida útil
 Evita o descarte do fluido
 Determina a durabilidade do fluido
MQL  Ambientalmente correto
 Tem que ser armazenado
 Gera resíduos
 Fluido tem que ser recolhido dos cavacos
Cavacos
 O transporte deve ser eficaz
 Considera a refundição que gera gases nocivos a saúde do operador e ao
ambiente
 Deve ter cobertura
Armazenagem do cavaco
 Deve ser isolado do lençol freático

Aspectos Conceito Proposições


 A qualidade da superfície da peça é melhorada pelo fluido
 Deve olhar para a saúde do operador
Processo de usinagem  Envolve o balanceamento das propriedades de lubrificação e refrigeração
para o controle dimensional da peça
 Envolve ambiente industrial
180

 Envolve ferramenta de corte


 Envolve qualidade da superfície da peça
 Envolve máquina
 Eficiência é importante
Concentração  Deve ser baixa a quantidade de óleo no fluido
 O fluido deve ter elevada propriedade
Molhabilidade
 Deve espalha-se facilmente pela superfície da peça
 Aumenta a vida útil da ferramenta de corte
 Significa menor desgaste da ferramenta de corte
Durabilidade
 Fluido vegetal tem boa durabilidade
 Relaciona-se a vida útil da ferramenta de corte
 Propriedade do fluido de corte
 Melhora processo de usinagem
 Deve ser elevada no fluido de corte
 Diminui o coeficiente de atrito na ferramenta com o material de corte
 Evita danos na máquina, ferramenta, peça e ao ambiente
 Garante limpeza da peça
 Garante o transporte de cavacos
Lubrificação  É melhorada com aditivos no fluido
 Evita abrasão na ferramenta de corte
 Fluido vegetal tem boa propriedade
 Necessário para atingir a qualidade da peça
 É o mais importante para o fluido
 Pode recompor-se no corte interrompido por meio de filme lubrificante
Tecnológicos:  Age entre ferramenta e o material de corte por meio de filme lubrificante
Processo de  Não é utilizado para processo a seco
fabricação  Propriedade do fluido
 É requerido ao processo de usinagem
 Resfria a peça usinada
 Protege a qualidade da superfície da peça usinada
Refrigeração  Garante o transporte de cavacos
 Diminui calor gerado no processo de usinagem
 Proporciona maior velocidade de corte no processo de usinagem
 Bom para estabilizar o processo de usinagem
 Não é utilizado para processo a seco
 Envolve a máquina
 Envolve o operador
Sistema de usinagem
 Envolve a ferramenta
 Envolve a peça
 Custo da ferramenta deve ser avaliado
 Relaciona-se a vida útil
 Necessita ser durável
Ferramenta
 Envolve sistema de usinagem
 Depende das propriedades de lubrificação e refrigeração do fluido de corte
 Estabilidade química favorece à ferramenta
Geometria da ferramenta  Deve ser adequada ao material da ferramenta, peça e ao fluido de corte
 Depende da função do fluido
Utilização
 Depende dos benefícios do fluido
 Envolve proteger a máquina contra ação dos fluidos
 Envolve processo de usinagem
 Ocorre o desgaste da máquina pelo processo de usinagem
Máquina
 Organismos patogênicos não agridem as máquinas
 Fluido de corte não pode danificar a máquina
 Aditivos podem corroer a máquina
 Justifica-se pela redução no desgaste da ferramenta de corte
 Justifica-se pela proteção da peça e da máquina
Fluido de corte
 Justifica-se pela precisão dimensional na peça
 Depende do processo de usinagem e do material de corte
 Necessita de tolerância dimensional
 Necessita de acabamento superficial
Peça
 O controle dimensional pode ser afetado pela ductilidade do material
 Depende do processo de usinagem
 Relaciona-se ao aumento da vida útil da ferramenta de corte
 Relaciona-se ao controle dimensional da peça usinada
Eficiência  Relaciona-se ao acabamento superficial da peça usinada
 Relaciona-se a proteção da máquina contra oxidação
 Relaciona-se ao processo de usinagem
 Relaciona-se ao aumento da vida da ferramenta de corte
Vida útil
 Relaciona-se ao aumento da vida útil do fluido
Indústria  Quer manter tolerâncias da peça
181

 Preocupa-se com custo


 Preocupa-se com a máquina e não com o operador
 Quer manter características do processo de usinagem
 Quer aumentar eficiência do processo de usinagem
 Quer aumentar a produção
Balanceamento de  Melhora a atuação do fluido no processo de usinagem
propriedades  Depende do processo de usinagem
 Não utiliza fluido de corte
Processo a seco  Ainda não é viável devido a falta das propriedades de lubrificação e
refrigeração do processo de usinagem

Aspectos Conceito Proposições


 Não pode danificar a máquina
 Não pode prejudicar a saúde do operador
Fluido de corte  Não pode conter boro que causa infertilidade no operador
 Não pode conter amina que causa câncer no operador
 Facilita a retirada de cavacos da zona de corte
 Avalia vida útil do fluido
 Avalia o controle do ph do fluido
 Avalia névoa provocada pelo fluido
 Avalia espuma provocada pelo fluido
Teste
 Avalia corrosão causada pelo fluido na máquina, peça e ferramenta
 Avalia os nitritos no fluido
 Avalia os nitratos no fluido
 Avalia concentração de óleo no fluido
Concentração  Deve ser no máximo de 9% de óleo na emulsão
Filme de lubrificação  Protege a peça usinada e a ferramenta de corte
 Ajudam a manter as propriedades do fluido em relação a lubrificação e
refrigeração
 Melhoram a estabilidade do fluido
Aditivos
 Eliminam bactérias no fluido
 Pode evitar corrosão na máquina, peça e ferramenta de corte
 Fluido vegetal pode utilizar aditivos
 Não deve conter metais pesados no fluido
 Não deve conter formaldeídos no fluido
 Não deve conter boro no fluido
 Não deve conter cloro no fluido
 Não deve conter nitrito de sódio no fluido
Composição
 Envolve descarte e recuperação do fluido
 Envolve eliminar bactérias no fluido
 Envolve eliminar microorganismos no fluido
 Envolve elementos químicos no fluido
 Envolve diminuir elementos biocidas
 Separa óleo da água
 Pode ser mecânico
 Pode ser químico
Descarte  Tem custo
 É mais relevante na hora da escolha do fluido
 Envolve utilização do fluido
 Envolve sustentabilidade
 Envolve processo de usinagem
Sustentabilidade  Envolve descarte do fluido
 Envolve utilização do fluido
 Podem ser dermatites
 Podem ser alergias
 Podem ser feridas
 Podem ser câncer
 Podem ser pulmonares
Doenças
 Bactérias afetam a saúde do operador
 Bactérias causam doenças como micose e queimaduras no operador
Tecnológico:  Microorganismos no fluido causam doenças no operador
Químico  Elementos químicos no fluido causam doenças no operador
 Elementos biocidas no fluido causam doenças no operador
 Envolve ambiente industrial
 Considera proliferação de microorganismos no fluido
Saúde do operador  Operador deve utilizar EPIs para assegurar a saúde do operador
 Fluido não deve afetar a saúde do operador
 Operador é parte do processo de usinagem
Ambiente industrial  Tem névoa com micropartículas que afetam o pulmão do operador
Peça  Apresenta tolerância dimensional
182

 Necessita de acabamento superficial


 Qualidade pode ser afetada pela ductilidade do material
 O fluido não deve atacar a peça
 Pode causar danos a máquina
Calor  Considerado para a proteção necessária a máquina
 Depende do coeficiente de atrito gerado entre peça e ferramenta de corte
 Pode ocorrer na peça e na máquina
Corrosão
 Pode ocorrer na ferramenta de corte
Estabilidade  É controlado por aditivos no fluido
 São de fontes renováveis
Substâncias ecológicas
 Substituem substâncias proibidas
 Pode gerar ataque microbiano no fluido
Emulsão  Ocorre com a mistura de água ao óleo
 Boa atuação para a maioria dos processos de usinagem
Ataque microbiano  Leva a degradação prematura do fluido
 Contamina ambiente industrial com fluido
Toxidade
 Não amigável ao ambiente

Aspectos Conceito Proposições


 Reduz a vida útil do fluido
 Gerado pelos resíduos de fluido
 Aumenta o descarte e recuperação de fluido
 Afeta transeuntes e operador no ambiente industrial pelo odor que causa dor
de cabeça e alergias respiratórias no operador
 Microorganismos podem proliferar no fluido
 Gerado por organismos biológicos no fluido
Contaminação
 Não pode atingir o processo de usinagem
 Não pode mudar propriedades do fluido
 Pode ocasionar apodrecimento, transformação e oxidação do fluido
 Ocorre na ferramenta de corte
 Ocorre na peça
 Ocorre na máquina
 Leva a degradação do fluido
 Influenciada pelos aspectos biológicos do fluido
 Envolve ambiente industrial
Saúde do operador
 Micropartículas na névoa de fluido afeta os pulmões do operador
 O fluido deve evitar doenças ao operador
 Ajudam a manter as propriedades do fluido em relação a lubrificação e
refrigeração
Aditivos  Melhoram a estabilidade do fluido
 Eliminam bactérias no fluido
 Previnem degradação prematura do fluido
Tecnológico:  Afetam a saúde do operador
Biológico Bactérias  Evitam fungos nos fluidos
 Causam doenças como micose e queimaduras no operador
Organismos não  Não devem prejudicar a máquina
patogênicos  Não devem prejudicar o operador
Ambiente industrial  É contaminado pela toxidade do fluido
 Pode gerar ataque microbiano no fluido
Emulsão
 Ocorre com a mistura de água ao óleo
183

B) Mapas Conceituais Individuais

B.1 Mapa 1 - Entrevistado 1


184

B.2 Mapa 2 - Entrevistado 2


185

B.3 Mapa 3 - Entrevistado 3


186

B.4 Mapa 4 - Entrevistado 4


187

B.5 Mapa 5 - Entrevistado 5


188

B.6 Mapa 6 - Entrevistado 6


189

B.7 Mapa 7 - Entrevistado 7


190

B.8 Mapa 8 - Entrevistado 8


191

B.9 Mapa 9 - Entrevistado 9


192

C) Artigos desenvolvidos

 BORK, CARLOS ALBERTO SCHUCH; GONÇALVES, JANAINA


FRACARO SOUZA; GOMES, JEFFERSON OLIVEIRA. The Jatropha
curcas vegetable base soluble cutting oil as a renewable source in the
machining of aluminum alloy 7050-T7451. Industrial Lubrication and
Tribology, v. 67, p. 181-195, 2015.

 BORK, CARLOS ALBERTO SCHUCH; DE SOUZA, JANAINA


FRACARO; DE OLIVEIRA GOMES, JEFFERSON; VENANCIO PAPPETTI
CANHETE, VANESSA; DE BARBA, DURVAL JOÃO. Methodological
tools for assessing the sustainability index (SI) of industrial production
processes. International Journal, Advanced Manufacturing Technology, v. 75,
p. 9-12, 2014.

 BORK, CARLOS ALBERTO SCHUCH; GONÇALVES, JANAINA


FRACARO DE SOUZA; GOMES, JEFFERSON DE OLIVEIRA; GHELLER,
JORDÃO. Performance of the jatropha vegetable-base soluble cutting oil
as a renewable source in the aluminum alloy 7050-T7451 milling. CIRP
Journal of Manufacturing Science and Technology, v. 7, p. 210-221, 2014.
FOLHA DE REGISTRO DO DOCUMENTO
1. 2. 3. 4.
CLASSIFICAÇÃO/TIPO DATA REGISTRO N° N° DE PÁGINAS

TD 17 de julho de 2015 DCTA/ITA/TD-020/2015 192


5.
TÍTULO E SUBTÍTULO:

Método para avaliação da sustentabilidade de produtos e processos em sistemas produtivos: uma


aplicação para escolha de fluidos de corte.
6.
AUTOR(ES):

Carlos Alberto Schuch Bork


7. INSTITUIÇÃO(ÕES)/ÓRGÃO(S) INTERNO(S)/DIVISÃO(ÕES):

Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA


8.
PALAVRAS-CHAVE SUGERIDAS PELO AUTOR:

Índice de sustentabilidade; Manufatura sustentável; Fluido de corte.


9.PALAVRAS-CHAVE RESULTANTES DE INDEXAÇÃO:
Fluidos de corte; Manufatura; Desenvolvimento sustentável; Esquemas conceituais; Engenharia mecânica;
Administração.
10.
APRESENTAÇÃO: X Nacional Internacional
ITA, São José dos Campos. Curso de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Aeronáutica e Mecânica. Área de Produção. Orientador: Dr. Jefferson de Oliveira Gomes. Defesa em
26/06/2015. Publicada em 2015.
11.
RESUMO:

Esta Tese tem como foco a manufatura sustentável de produtos e processos. Considera, neste sentido, que
muitas são as informações e critérios que devem ser levados em consideração para que a produção de
bens de consumo alcance o princípio da manufatura sustentável. A contribuição desta tese é o
desenvolvimento de um Método de Avaliação do Índice de Sustentabilidade (MAIS), utilizado para medir
o grau de sustentabilidade sob os aspectos tecnológicos, econômicos, ambientais e sociais, de produtos e
processos em sistema produtivos de bens de consumo. O Método (MAIS) é baseado no conhecimento
apresentado na literatura contemporânea sobre o tema que se deseja avaliar e compara com o
conhecimento elicitado de pesquisadores e especialistas sobre esta temática, utilizando a técnica de
Mapas Conceituais. Contempla, ainda, experimentos laboratoriais baseados nas variáveis consideradas
mais importantes para a avaliação do Método de Avaliação do Índice de Sustentabilidade (MAIS), bem
como a determinação dos pesos de cada indicador individual, do grau de intensidade de cada indicador
para posterior normalização de seus valores e geração do Índice de Sustentabilidade (IS), como resultado.
Para a aplicação e avaliação do Método (MAIS) proposto utiliza-se a temática de utilização do fluido de
corte na manufatura sustentável. O Método de Avaliação do Índice de Sustentabilidade (MAIS)
desenvolvido apresenta-se como uma ferramenta metodológica versátil em relação as variáveis que se
deseja analisar e pode ser utilizado pelos tomadores de decisão dos mais diversos setores industriais, na
obtenção do grau de sustentabilidade de produtos e processos de sistemas produtivos. Fornece ainda,
informações sobre quais as variáveis devem ser analisadas e melhoradas para o alcance da manufatura
sustentável.

12.
GRAU DE SIGILO:

(X ) OSTENSIVO ( ) RESERVADO ( ) SECRETO

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