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Bork
Bork
Campo Montenegro
São José dos Campos, SP – Brasil
2015
ii
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BORK. C. A. S.. Método para Avaliação da Sustentabilidade de Produtos e Processos em
Sistemas Produtivos: uma aplicação para escolha de fluidos de corte. 2015. 192f. Tese
(Doutorado em Produção) – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos/SP.
CESSÃO DE DIREITOS
NOME DO AUTOR: Carlos Alberto Schuch Bork
TÍTULO DO TRABALHO: Método para Avaliação da Sustentabilidade de Produtos e Processos em Sistemas
Produtivos: uma aplicação para escolha de fluidos de corte
TIPO DO TRABALHO/ANO: Tese / 2015
__________________________________
Carlos Alberto Schuch Bork
Rua Santo Afonso, 188 – Bairro Padre Réus
CEP.: 93020-010 – São Leopoldo – RS
iii
ITA
iv
Agradecimentos
Agradeço ao meu pai Ruy Bork (in memoram), pelo esforço em me transformar num
bom homem e à minha mãe, Herta Schuch Bork, por me mostrar que para sermos bons
homens precisamos crescer com carinho, amor e paixão pelo que fizermos.
Agradeço à minha amada Stefanie por me mostrar sempre o lado bom da vida e me
acompanhar nos momentos bons e ruins, e aos meus filhos, Leonardo e Oscar, por me
fazerem acreditar num mundo melhor.
Ao meu orientador, amigo e irmão, Dr. Jefferson de Oliveira Gomes, pelo desejo de
ajudar a melhorar o mundo, as pessoas e a dignidade humana. Agradeço a oportunidade
mostrada que não conseguia enxergar, os desafios que me faziam movimentar e o desejo
sempre de vencer. Às minhas queridas Cláudia Soar e Álida Soar Gomes, parte de minha
família e de minha história, que sempre me trataram como poucos.
À minha amiga Dra. Janaina Fracaro, que, no momento mais difícil desta Tese, me
mostrou o caminho que podia ser seguido; e consegui. À ela, minha eterna gratidão. Ao
estudante Samir Lutif, soldado sempre a posto para desenvolver os ensaios de minha Tese.
A equipe da UNITEC/SENAI-DN pela amizade, companheirismo e senso de união.
Ao meu amigo Mauro Bessa (in memorian), que em seu sorriso sempre levou a esperança de
conseguirmos realizar o impossível.
Ao meu irmão, Dr. Durval João De Barba Junior, pela coerência e sempre incentivo
para que nunca desistisse de meus sonhos. Não desisti e consegui. Muito obrigado.
A todos os meus amigos e colegas que, de alguma forma, me orientaram,
fortaleceram e ajudaram na realização deste trabalho.
vi
Resumo
Esta Tese tem como foco a manufatura sustentável de produtos e processos. Considera, neste
sentido, que muitas são as informações e critérios que devem ser levados em consideração
para que a produção de bens de consumo alcance o princípio da manufatura sustentável. A
contribuição desta tese é o desenvolvimento de um Método de Avaliação do Índice de
Sustentabilidade (MAIS), utilizado para medir o grau de sustentabilidade sob os aspectos
tecnológicos, econômicos, ambientais e sociais, de produtos e processos em sistema
produtivos de bens de consumo. O Método (MAIS) é baseado no conhecimento apresentado
na literatura contemporânea sobre o tema que se deseja avaliar e compara com o
conhecimento elicitado de pesquisadores e especialistas sobre esta temática, utilizando a
técnica de Mapas Conceituais. Contempla, ainda, experimentos laboratoriais baseados nas
variáveis consideradas mais importantes para a avaliação do Método de Avaliação do Índice
de Sustentabilidade (MAIS), bem como a determinação dos pesos de cada indicador
individual, do grau de intensidade de cada indicador para posterior normalização de seus
valores e geração do Índice de Sustentabilidade (IS), como resultado. Para a aplicação e
avaliação do Método (MAIS) proposto utiliza-se a temática de utilização do fluido de corte na
manufatura sustentável. O Método de Avaliação do Índice de Sustentabilidade (MAIS)
desenvolvido apresenta-se como uma ferramenta metodológica versátil em relação as
variáveis que se deseja analisar e pode ser utilizado pelos tomadores de decisão dos mais
diversos setores industriais, na obtenção do grau de sustentabilidade de produtos e processos
de sistemas produtivos. Fornece ainda, informações sobre quais as variáveis devem ser
analisadas e melhoradas para o alcance da manufatura sustentável.
Abstract
This Thesis focuses on the sustainability of products and processes. It considers, thus, that
much information and criteria have to be taken into account when choosing the best fluid
application techniques in machining process for reaching sustainable manufacturing. It
proposes, therefore, the Sustainability Index Method of Evaluation (SIMA). In order to
develop and define this method, it established the State of the Arts of Society, using
knowledge elicitation of researchers and experts on requirements and restrictions for the use
of cutting fluid, through Conceptual Maps; as well as a bibliographic review on the State of
the Arts of the machining process, cutting fluid and sustainable manufacturing in order to
determine the degree of importance of the industrial processes variables from a sustainability
perspective. The methodology considered also, through laboratorial experiments, the
sustainability aspects by means of pairwise comparison, used in the Sustainability Index
Method of Evaluation (SIMA), with weighting force and indicator of the individual metrics
which have to be intervened so that the variables being analyzed allow to reach sustainable
manufacturing in productive systems. The Sustainability Index Method of Evaluation (SIMA)
developed showed to be a methodological tool which may be used by industrial decision
makers for measuring the sustainability of productive systems through the generation of the
Sustainability Index (SI) and, therefore, act upon the variables of the process and improve
them.
Lista de Figuras
FIGURA 1.1 - Emissões de resíduos de fluidos de corte (GOMES & ALVES, 2007). .......... 24
FIGURA 1.2 - Artigos publicados em cada fonte de busca (2013). ....................................... 29
FIGURA 1.3 - Evolução dos estudos nos periódicos da CAPES (A) para fluido de corte e
(B) para manufatura sustentável. .......................................................................................... 29
FIGURA 1.4 - Concentrações dos estudos sobre fluido de corte. .......................................... 30
FIGURA 1.5 - Distribuição da concentração dos estudos para manufatura sustentável. ........ 31
FIGURA 2.1- Metodologia de Pesquisa da Tese................................................................... 33
FIGURA 3.1 - Estrutura hierárquica para a avaliação e aplicação do método para
determinação do Índice de Sustentabilidade (IS). ................................................................. 38
FIGURA 3.2 – Sequência utilizada no Método (MAIS)........................................................ 39
FIGURA 3.3 - Metodologia para produção e análise dos Mapas Conceituais. ....................... 40
FIGURA 4.1 - Diagrama da cunha cortante e zonas de cisalhamento primária e secundária
(TRENT, 1984; MACHADO et al., 2009)............................................................................ 46
FIGURA 4.2 - Áreas de aderência e escorregamento na interface ferramenta/cavaco
(TRENT & WRIGHT, 2000). .............................................................................................. 48
FIGURA 4.3 - A) Micrografia da raiz de um cavaco de aço ABNT 1010 e B) Ampliação da
região indicada em “A”(TRENT & WRIGHT, 2000). .......................................................... 48
FIGURA 4.4 - Zona de fluxo se estendendo no flanco da ferramenta de corte (TRENT &
WRIGHT, 2000). ................................................................................................................. 49
FIGURA 4.5 - Zonas de geração de calor em usinagem: A) Zona de cisalhamento primária;
B) e C) Zona de cisalhamento secundária; D) Zona de cisalhamento terciária (MACHADO
& SILVA, 2004). ................................................................................................................. 50
FIGURA 4.6 - Esquema de alinhamento das moléculas dos fluidos vegetais (A) e minerais
(B) (KURODA, 2006).......................................................................................................... 52
FIGURA 4.7 - A) Técnica de aplicação de fluido de corte por inundação e B) direções de
aplicação do fluido de corte. (1- sobre-cabeça, 2- na superfície de saída, 3- na superfície de
folga e 4- pelo interior da ferramenta) (MACHADO & SILVA, 2004; MORAES, 2009). .... 54
FIGURA 4.8 - Técnica de aplicação de fluido de corte com MQL, 1 e 2 bicos de injeção
(COSTA et al., 2006). .......................................................................................................... 55
FIGURA 4.9 - Produção dirigida à sustentabilidade (JAWAHIR & DILLON, 2007)............ 56
FIGURA 4.10- Fatores integrantes de um sistema produtivo (TEIXEIRA, 2001). ................ 57
FIGURA 4.11- Geração e emissão de resíduos em uma indústria metal-mecânica
(OLIVEIRA & ALVES, 2006). ............................................................................................ 58
FIGURA 5.1- Apresentação esquemática de um Mapa Conceitual (CAÑAS et al., 2008). ... 63
FIGURA 5.2 - Exemplo de proposições com conceitos, linhas e frases de ligação. ............... 66
x
FIGURA 5.3 – Formas de análise dos Mapas Conceituais definida pelo autor. ..................... 69
FIGURA 5.4 – Sequência para analisar os conceitos principais e secundários segundo
aspectos. .............................................................................................................................. 70
FIGURA 5.5 - Sequência da análise dos aspectos econômico, tecnológico (processo de
fabricação, químico e biológico) e ambiental/social.............................................................. 78
FIGURA 5.6 - Exemplo da interligação dos conceitos entre os aspectos ambiental, químico e
biológico. ............................................................................................................................. 79
FIGURA 5.7 - Sequência de análise: repetição dos conceitos. .............................................. 80
FIGURA 5.8 - Conceitos utilizados em proposições: clusters. .............................................. 81
FIGURA 5.9 - Sequência de análise: conceito utilizado em proposição: clusters. ................. 81
FIGURA 6.1 - Insertos utilizados nos experimentos de usinagem. ........................................ 85
FIGURA 6.2 - (A) posições de medição dos erros de forma e (B) peça modelo de liga de
alumínio. .............................................................................................................................. 86
FIGURA 6.3 - Sistema de lubri/refrigeração da máquina-ferramenta ROMI D800. .............. 87
FIGURA 6.4 - Equipamento MQL composto por: 1) reservatório de óleo com capacidade de
300 ml; 2) conector; 3) saída para o bico aspersor de ar; 4) saída para o bico aspersor de
fluido; 5) válvula de controle de fluxo de ar; 6) caixa metálica; 7) controle de entrada. ........ 88
FIGURA 6.5 - Medidor de energia e transdutor digital de grandezas elétricas Mult-K 120,
marca KRON. ...................................................................................................................... 89
FIGURA 6.6 - Sistema acoplado a máquina-ferramenta para medição da intensidade de
ruído. ................................................................................................................................... 90
FIGURA 6.7 - Planejamento para os experimentos do aspecto tecnológico. ......................... 92
FIGURA 6.8 - Método para o experimento do aspecto econômico. ...................................... 96
FIGURA 6.9 - Método para o experimento dos aspectos ambiental e social. ........................ 97
FIGURA 6.10 - Fluxograma utilizado para coleta de amostras do ambiente fabril. ............. 100
FIGURA 6.11 - Forma de coleta das amostras de névoa dos fluidos de corte e equip.......... 101
FIGURA 6.12 - Liga de Alumínio: desgaste de flanco da ferramenta de corte em função do
tipo de fluido e da técnica de aplicação de fluido de corte, com avanço fz 0,05 mm/dente. .. 104
FIGURA 6.13 - Liga de Alumínio: desgaste de flanco da ferramenta de corte em função do
tipo de fluido e da técnica de aplicação de fluido de corte, com avanço fz 0,15 mm/dente. .. 105
FIGURA 6.14 - Liga de Alumínio: desgaste de flanco da ferramenta de corte em função do
tipo de fluido e da técnica de aplicação de fluido de corte, com avanço fz 0,30 mm/dente. .. 106
FIGURA 6.15- Grau de recalque. ....................................................................................... 108
FIGURA 6.16 - Liga de alumínio: valores medidos de força de corte no fresamento. ......... 109
FIGURA 6.17 - Liga de alumínio: rugosidade média Ra medida na variação de velocidade de
corte (vc) e avanço (fz)........................................................................................................ 110
FIGURA 6.18 - Liga de alumínio: erros de circularidade na peça modelo em função da
técnica de aplicação e o tipo de fluido de corte. .................................................................. 111
xi
Lista de Tabelas
TABELA 6.17 - Pesos medidos de cavacos sobre a superfície e barramento da .................. 128
máquina-ferramenta. .......................................................................................................... 128
TABELA 6.18 - Especificação dos fluidos de corte. ........................................................... 131
TABELA 6.19 - Quantidade de fluido de corte absorvido pelo coletor de ar. ...................... 134
Tabela 7.1 - Conceitos utilizados como dados de entrada nesta análise. .............................. 136
Tabela 7.2 - Grau de importância dos conceitos traduzidos em funções de engenharia........ 137
Tabela 7.3 - Análise e forma de valoração dos indicadores individuais adotadas para esta
pesquisa. ............................................................................................................................ 138
Tabela 7.4 - Análise de pares dos aspectos de sustentabilidade em ordem de prevalência dos
Mapas Conceituais para a determinação dos pesos dos indicadores individuais. ................. 140
TABELA 7.5 - Liga de alumínio: resultado da comparação tecnológica-econômica entre
técnicas de aplicação de fluido de corte. ............................................................................. 141
TABELA 7.6 - Liga de alumínio: resultado da comparação ambiental entre técnicas de
aplicação de fluido de corte. ............................................................................................... 142
TABELA 7.7 - Liga de alumínio: resultado da comparação social entre técnicas de aplicação
de fluido de corte. .............................................................................................................. 143
TABELA 7.8 - FOFO cinzento: resultado da comparação tecnológica-econômica entre
técnicas de aplicação de fluido de corte. ............................................................................. 144
TABELA 7.9 - FOFO cinzento (MQL): resultado da comparação tecnológica-econômica
entre fluidos de corte. ......................................................................................................... 145
TABELA 7.10 - FOFO cinzento (MQL): resultado da comparação ambiental .................... 146
entre fluidos de corte. ......................................................................................................... 146
TABELA 7.11 - FOFO cinzento (MQL): resultado da comparação social .......................... 147
entre fluidos de corte. ......................................................................................................... 147
TABELA B.1- Especificações técnicas da máquina-ferramenta ROMI D800. .................... 162
TABELA M.1- Custo obtido com as empresas fornecedoras. ............................................. 168
TABELA M.2 - Avaliação econômica fluidos de corte- INUNDAÇÃO. ............................ 169
TABELA M.3 - Avaliação econômica fluidos de corte- MQL. ........................................... 169
TABELA M.4 - Avaliação econômica água- INUNDAÇÃO. ............................................. 169
TABELA M.5 - Avaliação econômica água- MQL............................................................. 170
TABELA M.6 - Avaliação econômica descarte e recuperação- INUNDAÇÃO. ................. 170
TABELA M.7 - Avaliação econômica equipamento de lubri/refrigeração. ......................... 170
TABELA M.8 - Avaliação econômica - doenças. ............................................................... 171
TABELA M.9 - Avaliação econômica energia consumida- Liga de alumínio-
INUNDAÇÃO. .................................................................................................................. 171
TABELA M.10 - Avaliação econômica energia consumida- Liga de alumínio- MQL. ....... 172
TABELA M.11 - Avaliação econômica energia consumida- FOFO cinzento-
INUNDAÇÃO. .................................................................................................................. 173
xv
TABELA M.12 - Avaliação econômica energia consumida- FOFO cinzento- MQL. .......... 174
TABELA M.13 - Avaliação econômica das ferramentas de corte consumidas- Liga de
alumínio- INUNDAÇÃO. .................................................................................................. 175
TABELA M.14 - Avaliação econômica das ferramentas de corte consumidas- Liga de
alumínio- MQL. ................................................................................................................. 175
TABELA M.15 - Avaliação econômica das ferramentas de corte consumidas- FOFO
cinzento- INUNDAÇÃO. ................................................................................................... 176
TABELA M.16 - Avaliação econômica das ferramentas de corte consumidas- FOFO
cinzento- MQL................................................................................................................... 176
xvi
Sumário
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 22
1.1 Motivação ...............................................................................................................................25
1.2 Declaração do problema e foco de aplicação da Tese ...............................................................26
1.3 Objetivos ................................................................................................................................27
1.4 Comparação dos objetivos da tese com a literatura relevante publicada....................................28
1.5 Descrição da Tese ...................................................................................................................31
2 METODOLOGIA CIENTÍFICA APLICADA À PESQUISA ................................. 33
3 MÉTODO DE AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE (MAIS) .. 37
3.1 Sequência metodológica do Método (MAIS) ....................................................................38
3.1.1 Dados de entrada ..........................................................................................................40
3.1.2 Geração da matriz de valoração ....................................................................................42
3.1.3 Dados de saída .............................................................................................................45
4 ESTADO DA ARTE - PROCESSO DE USINAGEM COM APLICAÇÃO DE
FLUIDOS DE CORTE ...................................................................................................... 46
4.1 Processo de usinagem de metais utilizando fluidos de corte ..............................................46
4.2 Requisitos e restrições para a utilização de fluido de corte na manufatura sustentável ..............50
4.3 Técnica de aplicação de fluido de corte ...................................................................................53
4.3.1 Inundação ........................................................................................................................53
4.3.2 Mínima Quantidade de Lubrificante (MQL) .....................................................................54
4.4 Manufatura sustentável x uso de fluidos de corte ..............................................................55
5 ESTADO DA ARTE DA SOCIEDADE .................................................................... 62
5.1 Mapas Conceituais como método de elicitação do conhecimento ......................................63
5.2 Método de aplicação dos Mapas Conceituais para esta Tese..............................................66
5.2.1 Definição dos sujeitos da pesquisa....................................................................................66
5.2.2 Realização e transcrição das entrevistas ............................................................................67
5.2.3 Produção do Mapa Conceitual para cada entrevista...........................................................68
5.2.4 Análise dos Mapas Conceituais dos entrevistados .............................................................69
6 EXPERIMENTOS LABORATORIAIS .................................................................... 83
6.1 Materiais e métodos aplicados ao desenvolvimento dos experimentos .....................................83
6.1.1 Materiais utilizados (bens de consumo e de capital) .....................................................84
6.1.2 Métodos aplicados para as medições ...........................................................................91
6.2 Resultado dos experimentos ........................................................................................... 102
6.2.1 Avaliação dos conceitos elicitados: Estado da Arte da Sociedade ................................... 102
xxi
1 INTRODUÇÃO
requerimentos, tais como: não ser tóxico e não oferecer riscos ao operador, não ser
inflamável, não ser prejudicial para o sistema de lubrificação da máquina-ferramenta e não
provocar corrosão ou manchar a peça usinada. Além disso, deve oferecer proteção à superfície
usinada e ter o menor custo possível. Assim, as funções dos fluidos de corte podem ser
resumidas, conforme Runge & Duarte (1990), em:
Refrigerar;
Lubrificar;
Melhorar o acabamento da peça;
Reduzir o desgaste das ferramentas;
Remover os cavacos da área de corte e
Proteger contra a corrosão (a máquina, a ferramenta, a peça e os cavacos).
Pele
Órgãos respiratórios
Sistema digestivo
Humano
Filtração do
Gás, CO2 pelas
névoa plantas
e fumaça
Cavacos do processo de
usinagem Produção de
Partículas da ferramenta resíduos
Fluidos de corte usados
FIGURA 1.1 - Emissões de resíduos de fluidos de corte (GOMES & ALVES, 2007).
1.1 Motivação
Até hoje, poucas são as empresas que podem responder, definitivamente, à pergunta:
Qual de nossos produtos, processos, serviços e instalações são sustentáveis? Responder a
esta pergunta exige a capacidade de medir a sustentabilidade de uma forma qualitativa e
quantitativa. No entanto, para Fiksel et al. (1999), medir a sustentabilidade é diferente de
medir outras dimensões do desempenho dos negócios em vários aspectos importantes. Em
primeiro lugar, existe uma falta de padrões de medição comumente aceitas ou impostas. Em
segundo lugar, a sustentabilidade é complexa e multifacetada, abrangendo um amplo espectro
de temas desde a conservação do habitat, ao consumo de energia e a relação entre a satisfação
humana e os resultados financeiros industriais. Finalmente, a medição da sustentabilidade se
estende para além dos limites de uma única empresa e, normalmente, aborda o desempenho
de ambos os fornecedores a montante e jusante, clientes na cadeia de valor.
Na visão de Silva et al. (2009), para avaliar o desempenho de sustentabilidade de um
produto ou processo manufaturado, um conjunto abrangente de indicadores desses produtos e
processos precisa ser estabelecido como uma base e estes indicadores devem ser utilizados
para qualificar e quantificar o desempenho da sustentabilidade de um produto e/ou processo
específico. Isso permite que as indústrias de manufatura melhorem a sustentabilidade de seus
produtos e processos.
Neste contexto, a motivação deste trabalho está na importância de se avaliar produtos
e/ou processos, sob a ótica dos aspectos tecnológicos, econômicos, ambientais e sociais,
identificando os indicadores relevantes para a sociedade (aspectos qualitativos) e os valores
verificados em experimentos laboratoriais (aspectos quantitativos) para utilizar o Método de
Avaliação do Índice de Sustentabilidade (MAIS), foco desta Tese, e direcionar o produto e/ou
processo do sistema produtivo em análise para a manufatura sustentável. Para esta Tese, a
26
1
Conceito é aquilo que a mente concebe ou entende: uma ideia ou noção, representação geral e abstrata de uma
realidade. Pode ser também definido como uma unidade semântica, um símbolo mental ou uma unidade de
conhecimento (NOVAK, 1998).
27
1.3 Objetivos
No contexto qualitativo
Avaliar a rede conceitual de pessoas com experiência em temas a serem
analisados, baseado no conhecimento de especialistas e pesquisadores, elicitado e
representado em Mapas Conceituais, quanto aos aspectos tecnológicos,
econômicos, ambientais e sociais, de modo revelar os principais conceitos
envolvidos no processo produtivo de bens de consumo das unidades fabris usuais.
28
No contexto quantitativo
Tecnológico
Identificar o efeito das propriedades dos fluidos de corte sobre os requisitos e
restrições nos processos de usinagem, especificamente na interface ferramenta-
cavaco, em operações com as técnicas de aplicação de fluido de corte por
inundação e MQL.
Econômico
Quantificar os custos envolvidos no sistema de usinagem utilizando fluido de
corte, especificamente com a técnica de aplicação por inundação e por MQL.
Ambiental
Avaliar o efeito dos resultados da aplicação da técnica de aplicação de fluido de
corte por inundação e MQL a partir da ótica de análise de eficiência energética e
das características do fluido a ser utilizado no ambiente fabril, bem como o
impacto do tratamento de resíduos, sua reciclagem e quantidade de material
consumido.
Social
Avaliar o efeito do uso de distintas formas de técnicas de aplicação e do uso de
distintos fluidos de corte sobre na saúde ocupacional do operador.
3500 3421
3000 2920
2779
Número de Publicações
2500
2079
2000
1500
958
1000 845
582
502
500
264
161
71 18
11 4 14 4
0
Fluido de Corte Manufatura sustentátvel Fluido de Corte x Manufatura Manufatura Sustentável x Análise
Sustentável Energética
1008 295
1000 300
250
Número de Estudos
Número de Estudos
800
200
586
600
150
400
264 100
76
200 144 38
50
77
9
0 0
Antes de 1967 1967 até 1980 1981 até 1990 1991 até 2000 Após 2001 Antes de 1995 1996 a 2000 2001 a 2005 2006 a 2010 Após 2011
Período de Estudo Período do Estudo
(A) (B)
FIGURA 1.3 - Evolução dos estudos nos periódicos da CAPES (A) para fluido de corte e (B)
para manufatura sustentável.
Nota-se que, apesar do fluido de corte ser objeto de estudo há mais de 45 anos e,
apesar de se verificar um crescimento exponencial a partir de 1967 nas publicações, quando
30
abordado o tema manufatura sustentável, este possui apenas 9 estudos publicados antes de
1995. Após o ano de 2005, constata-se uma crescente evolução na quantidade de estudos com
esse tema, como se pode observar na Figura 1.3(B).
Analisando a temática dos estudos, verifica-se que 38 % dos estudos de fluido de corte
contido nos periódicos da CAPES abordam manufatura sustentável. E ainda, ao se buscar por
artigos que possuem como objeto de estudo fluido de corte, manufatura sustentável, técnicas
de aplicação de fluido de corte por inundação e MQL, apenas 23 artigos foram publicados.
Por meio do mapeamento das áreas de concentração das pesquisas sobre fluido de
corte, representado na Figura 1.4, tem-se como principal característica estudada, o desgaste de
ferramenta, com 29%; seguido de avaliação e validação de fluidos de corte para novos
materiais, com 14%; e descarte, com 8%. Neste, não aparece o tema manufatura sustentável
diretamente, uma vez que este estudo é multidisciplinar. A saúde do operador é estudada
apenas em 5% das pesquisas, concentrada na dermatite por contato. Nos demais estudos,
como exemplo, tamanho de partícula de névoa, a qual pode ser cancerígena, existem números
diminutos diante dos demais.
3% 3%
3% Desgaste da ferramenta
4%
29% Avaliação/Validação
4%
Descarte
4%
Rugosidade da superfície
5%
Máquina-ferramenta
5% Tensão residual
Força de corte
5%
Dermatite de contato
5% Liga de titânio
14%
8% Manuseio
8%
Eficiência energética
5%
Impacto ambiental
Produção
Máquina- 5%
sustentável
ferramenta
5%
6%
Outros
Consumo de 24%
energia Outra
7% 36%
Fluido de corte
3%
Cadeia de
suprimentos Desgaste da
10% ferramenta
4%
Ciclo de vida
15% Integridade da
Sistema de produção superfície
11% 5%
c. Experimentos em laboratório
proposições, representando uma rede conceitual que, comumente não está explícita, nem
mesmo para o detentor de tal conhecimento (NOVAK, 1998).
A sistemática envolve entrevistas semi-estruturadas, a partir de questionário que trata
das questões a serem analisadas por pesquisadores e especialistas a respeito de um
determinado tema de seu conhecimento.
O levantamento bibliográfico aponta as variáveis consideradas relevantes para
servirem de entrada para o mapeamento de conceitos. Nesta etapa, é apresentada a
metodologia utilizada nesta Tese para a geração e análise dos Mapas Conceituais.
c. Experimentos em laboratório
Os experimentos em laboratório, apresentado no Capítulo 6 desta Tese, tem o objetivo
de mostrar o grau de intensidade dos indicadores individuais referentes ao ambiente fabril e
assim, avaliar a eficácia do Método (MAIS) proposto por meio da qualificação e
quantificação do Índice de Sustentabilidade (IS). Para tanto, é apresentado o resultado dos
Mapas Conceituais que identificam as variáveis avaliadas nos experimentos em laboratório.
Com esta identificação, são realizados experimentos que servem para gerar os valores
dimensionais para cada variável considerada importante (indicador individual), apontada pela
literatura contemporânea e nas entrevistas com os pesquisadores e especialistas e posterior
utilização no cálculo do Índice de Sustentabilidade (IS), numa análise derivativa denominada
par a par.
Indicadores
individuais
AGREGAÇÃO
Sub-índice
Índice de
Sustentabilidade
(IS)
a. DADOS DE ENTRADA
Agregação dos indicadores individuais similares em cada sub-índice, conforme sua característica
(aspectos de sustentabilidade)
c. DADOS DE SAÍDA
2
Pesquisador: Considerado o pesquisador a pessoa que clusterfoi entrevistada pertencente a academia e que possui produtividade do CNPq e
trabalha, fortemente, em pesquisas relacionados com as demandas industriais.
3
Especialista: Considerado especialista a pessoa que foi entrevistada e que possui conhecimento da área de fluido de corte e manufatura
sustentável e é tomador de decisão, tanto como fornecedor como cliente industrial.
4
Elicitação de conhecimento é usada para referir a revelação ou o evidenciamento de conhecimento que não está explícito. Elicitar
conhecimento é trazê-lo à tona, à superfície para que possa ser percebido, reconhecido.
41
biológicos), ambiental e social, dissertar sobre seu conhecimento em relação a um tema que se
deseja analisar, definindo-se assim, os principais conceitos e sua importância para serem
utilizados na manufatura sustentável.
Para a coleta de dados, define-se a quantidade de entrevistados com conhecimento
sobre o tema a ser avaliado, com foco em aspectos de sustentabilidade e com igual número de
participantes por aspecto. Os entrevistados são provocados, a partir de um mesmo roteiro de
perguntas, a dissertar sobre todos os aspectos em análise, de forma a ser evidenciado o
conhecimento em sua área e, possivelmente, o conhecimento em outras áreas relacionadas, de
maneira a reforçar a conexão dos conhecimentos entre as entrevistas.
5
Cluster: São conceitos que estão mais interligados no Mapa conceitual, sendo os que mais recebem ou enviam as frases de ligação que
formam as proposições no mapa.
43
(3.1)
onde:
Ni= Prevalência medida do conceito
Nmáx= Máxima prevalência do conceito
Nmín= Mínima prevalência do conceito
6
Prevalências: grau de importância de uma variável do sistema industrial em relação as outras variáveis relacionadas no
aspecto de sustentabilidade em análise, para a determinação de seu peso individual.
45
)
Quantidade de aditivos 5 5 25 2 10
Fluido vegetal (biodegrabilidade) 4 5 20 2 8
Iambiental relativo = 5 x (
Ferramenta de corte 3 5 15 5 15
Contaminação do fluido 2 5 10 4 8
Quantidade de emulsão 2 5 10 3 6
Utilização de água 1 5 5 3 3
Degradação do fluido em processo 1 5 5 2 2
ƩTotalrefer.= ƩTotal med.=
Total
150 92
(3.2)
onde:
ƩTotalmed.= Somatório dos produtos do caso medido
ƩTotalrefer.= Somatório dos produtos do caso de referência
(3.3)
onde,
Itecnológico-econômico relativo= Índice do aspecto tecnológico-econômico relativo
Iambiental relativo= Índice do aspecto ambiental relativo
Isocial relativo= Índice do aspecto social relativo
46
A B
Como na região de aderência as pressões são muito elevadas, o fluido de corte não tem
função lubrificante e nem refrigerante, pois as temperaturas são superiores às temperaturas de
ebulição (JOKSCH, 2004).
49
FIGURA 4.4 - Zona de fluxo se estendendo no flanco da ferramenta de corte (TRENT &
WRIGHT, 2000).
evaporação do líquido é imediata, ocorrendo assim a redução da temperatura da peça, mas não
na interface ferramenta/cavaco (SALES, 1999).
As emulsões podem ser de base mineral, vegetal, sintética e semi-sintética. Os fluidos
de corte de base mineral são classificados em tipo de enxofre: ativos e inativos. Os ativos
contêm cerca de 2% de enxofre e têm bom poder de lubrificação, causando redução do atrito
na zona secundária de cisalhamento (zona de escorregamento). A norma ASTM D130
conceitua e diferencia o enxofre ativo do inativo. O enxofre ativo está presente nos fluidos de
corte diretamente dissolvido e, nesse estado, ataca o cobre e suas ligas causando a formação
de manchas, mas não é agressivo em relação ao aço ou ao ferro. O enxofre inativo está
presente combinado com matéria graxa (gordura sulfurizada) e, neste caso, não ataca o cobre
e suas ligas. Convenciona-se chamar os fluidos de corte ativos também como sulfurados a
base de óleo mineral com enxofre livre e inativos, como sulfurizados os fluidos de corte com
enxofre combinado com matéria graxa (RUNGE & DUARTE, 1990).
Aditivos podem ser adicionados a emulsões de modo a conferir propriedades
antiespumantes, anticorrosivas, antioxidantes, antidesgaste, antisolda (Extrema Pressão - EP),
de boa umectação, de capacidade para absorção de calor, de transparência, de capacidade
inodora, de não formação de névoa, de não provocação de irritações à pele, de não agressão
ao meio ambiente e de baixa variação de viscosidade (MACHADO & DINIZ, 2004).
Para aumentar o efeito de capilaridade, aditivos EP são adicionados à composição de
lubrificantes, de modo a aumentar a afinidade com a superfície metálica, aumentando o poder
de lubrificação formando filmes sólidos. O cloro (Cl) e o fósforo (P) apresentam poder
lubrificante em temperaturas por volta de 300ºC. O zinco (Zn) tem ação em aproximadamente
400ºC e o enxofre (S), à 600°C. Quando adicionados juntamente, zinco (Zn) e fósforo (P)
formam um composto ditiofosfato de zinco (ZDDPs) o qual age como lubrificante e anti-
oxidante. O potássio (K) é responsável pela formação de um sabão protetivo sobre a face da
ferramenta de corte. O cálcio (Ca) também é utilizado como aditivo formando, com o enxofre
(S), os sulfonatos. Seu mecanismo de atuação consiste na formação de películas absorvidas
sobre a superfície metálica, sendo mais resistentes do que as formadas pela matéria graxa,
constituindo assim, uma barreira comparável às constituídas pelos aditivos EP convencionais
(RUNGE & DUARTE, 1990; WALTER, 2003; BRESSAN, 2007).
No entanto, no caso da usinagem de ligas de alumínio, os fluidos de corte à base de
cloro (Cl) são agentes catalisadores para corrosão nos contornos de grãos, gerando trincas
internas no material, interferindo na resistência e levando à fadiga do material. Para a
52
O gerenciamento de fluidos de base vegetal é uma restrição para o seu uso. Devido à
instabilidade térmica de oxidação, provocada pelos ácidos graxos insaturados, é comum a
proliferação de micro-organismos (STEREN, 1989; ADHVARYU, 2004; JOSEPH, 2007;
STEHLIK, 2009).
Resultados obtidos em ensaios de fresamento de liga de alumínio da classe 7XXX
apresentaram vida de ferramenta de corte (todos os produtos submetidos as mesmas
condições), com fluido de base vegetal pinhão manso, 43% melhor do que com os fluidos de
53
base semi-sintética e de base sintética. Outra vantagem observada foi a maior estabilidade
química (GONÇALVES, 2013).
Fluidos sintéticos são produzidos em laboratório a partir de fluidos de bases vegetais
(base éster) e de fluidos minerais (base polímero). São resultantes da reação entre óleo
vegetal, álcool e um ácido formando o éster. Os fluidos sintéticos de base éster possuem as
mesmas etapas de fabricação de um biodiesel (processo de esterificação) (KREVALIS et al.,
1994; RUDNIK, 2006).
Fluidos de base sintética polimérica possuem baixa capacidade de lubrificação e uma
maior capacidade de refrigeração do que as demais bases. Como o fluido sintético mais
resistente que os demais, composto por moléculas que são uniformes no peso e na forma, sua
temperatura de vaporização é muito mais elevada (mais de 300°C, comparativamente a 150°C
dos óleos de base mineral), permitindo o menor desgaste por oxidação da ferramenta de corte.
Como fator limitante, os fluidos sintéticos de base polimérica agridem a estrutura da
máquina-ferramenta (vedações, mangueiras e pintura) (SCHOLZ & FUCHS, 1999;
EISENTRAEGER et al., 2002; BOYDE, 2002; RUDNIK, 2006; GONÇALVES, 2013).
Os fluidos de corte de base semi-sintética, que também são formadores de emulsões,
se caracterizam por apresentarem, em suas composições, de 5 a 30% de fluido mineral,
aditivos químicos miscíveis em água e biocidas que aumentam a vida útil do fluido e reduzem
os riscos à saúde dos operadores. As vantagens e limitações são semelhantes às dos fluidos de
base sintética, com exceção dos semi-sintéticos puros que possuem melhor capacidade de
lubrificação (RUNGE & DUARTE, 1990; EL BARADIE, 1996; STEMMER, 2001).
4.3.1 Inundação
grande influência no processo de corte (Figura 4.7) (BRAGHINI, 2002; MACHADO &
SILVA, 2004; MORAES, 2009).
A B
A geometria dos bocais, o ângulo de incidência (), bem como a velocidade do jato de
fluido de corte são parâmetros que influenciam na penetração do fluido de maneira efetiva na
zona de corte (MOTTA & MACHADO, 1995).
O sistema de recirculação da técnica de aplicação por inundação (uso de mangueiras
de passagem, reservatórios, bombas e a própria máquina-ferramenta) é uma restrição do
sistema. Em algumas plantas industriais, são comuns paradas prolongadas de produção e,
nestes casos, é comum a proliferação microbiana em pontos críticos do sistema e a formação
de biofilmes, reduzindo a vida útil do fluido de corte (CAPELLETTI, 2006).
FIGURA 4.8 - Técnica de aplicação de fluido de corte com MQL, 1 e 2 bicos de injeção
(COSTA et al., 2006).
regulamentação mais forte a ser aplicada aos fabricantes e usuários de fluidos de corte. Desse
modo, com a implementação dos princípios de sustentabilidade no uso de fluidos de corte,
devem estar garantidos os investimentos para que ocorra o seu melhor desempenho na
preservação do meio ambiente (Figura 4.9) (GUTOWSKI et al., 2005; JAWAHIR &
DILLON, 2007; JOVANE et al., 2008; JEGATHEESAN et al., 2009).
Desta forma, a manufatura tradicional passa a ser considerada com pouca condição de
agregação de valores econômicos ao longo do tempo. Por sua vez, os processos que utilizam,
cada vez mais, os aspectos que influenciam diretamente os pilares da sustentabilidade
(manufatura sustentável), estão sendo valorados pelas indústrias e sendo implantados em
espaços de tempo bem menores (PUSAVEC et al., 2010).
Trazendo a problemática da sustentabilidade ambiental para o sistema produtivo da
indústria metal-mecânica, Teixeira (2001), estabeleceu a inter-relação entre 3 importantes
aspectos envolvidos em processos de fabricação, respectivamente, os aspectos econômicos,
tecnológicos e ambientais e sociais (Figura 4.10).
exposição às névoas dos fluidos de corte (HENDY et al., 1985; ROBINS et al., 1997;
GUNTER & SUTHERLAND, 1999; HODGSON, 2001 apud LINNAINMA et al., 2003).
A concentração de névoa no interior das instalações industriais para as operações de
usinagem mais conhecidas pode variar, dependendo do tipo de operação, de 0,07 a 110mg/m3,
porém, valores de concentração em torno de 10 a 15mg/m3 já indicam péssimas condições do
ar no local de trabalho (QUEIROZ, 2001).
Para reduzir potenciais riscos à saúde associados aos fluidos de corte, a Segurança
Ocupacional e Administração de Saúde (OSHA/EUA), regulamentam e regulam o limite de
exposição de névoa para fluido solúvel (5 mg/m3 com uma média ponderada em 8 horas) e
para fluidos minerais (1 mg/m3 em 8 horas) (NIOSH, 2007).
Na Alemanha, há um limite de 10 mg/m3 para a soma de vapor e névoa de fluido
mineral e fluido solúvel em conjunto (ALLGEMEINE, 2003).
Quando a técnica de aplicação ou o fluido de corte causa névoa no processo produtivo,
são geradas gotas finas e vapor que podem causar problemas com a saúde ocupacional dos
trabalhadores. The National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH) estima que
1,2 milhão de empregados nos Estados Unidos da América (EUA) estão, potencialmente,
expostos às ações dos fluidos solúveis (NIOSH, 2007).
A Lei Federal no 8.080, de 19 de setembro de 1990, dispõe sobre o dever do Estado
quanto às condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
funcionamento dos serviços correspondentes dos indivíduos (BRASIL, 1990).
De acordo com Kleber et al. (2004), estudos epidemiológicos sugerem que a
carcinogenicidade humana é ainda a principal preocupação associada aos trabalhadores
usuários de fluidos de corte aquosos (emulsões).
Outra preocupação é que o processo de descarte correto do fluido de corte muitas
vezes é ignorado, devido ao alto custo e procedimentos legais que o envolvem. O descarte
deve ser realizado por empresas autorizadas e especializadas, seguidos de uma análise e
também aprovação dos órgãos governamentais competentes (GOMES & ALVES, 2007).
De acordo com Chen et al. (2007), mesmo quando as opções de reciclagem são
utilizadas, os fluidos de corte têm uma vida útil finita. Para Kobya et al. (2007), o principal
problema é que os fluidos de corte tornam-se contaminados com o uso, perdendo suas
propriedades e características, sendo necessário realizar reposição de fluidos novos e,
consequentemente, descartar o resíduo gerado.
60
De acordo com Sokovic & Mijanovic (2001); Greeley & Rajagopalan (2004) apud
Kobya et al. (2007), as quantidades de resíduo de fluido de corte geradas pelas operações de
usinagem crescem a cada ano, constituindo um sério perigo para o meio ambiente devido ao
seu alto teor de surfactantes e grande quantidade de poluentes orgânicos, sendo que esses
fluidos requerem tratamento prévio que atendam aos padrões de descarte para lançamento na
rede de esgoto, os quais estão sujeitos às leis local e estadual.
Conforme Belkacem et al. (1995), o tratamento para descarte dos fluidos de corte
emulsionáveis envolve uma operação para separar a fase oleosa da fase aquosa para, então,
cada fase ser tratada separadamente, sendo que os métodos de tratamento podem ser por meio
de processos térmicos, os quais requerem alto consumo de energia, processos químicos,
baseados em uma desestabilização química da emulsão ou processos físicos, por separação
mecânica que utilizam membranas de ultrafiltração.
No entanto, em tratamentos de fluidos de corte, nenhum dos componentes (óleo e
água) retornam novamente ao processo para comporem suas funções originais. A água
resultante do processo também não volta para o início do ciclo para formar uma nova mistura.
Isso ocorre porque a água resultante não permite solubilização dos emulgadores e também por
conter uma grande concentração de metais dissolvidos remanescentes e de agentes biológicos
nocivos à saúde, sendo este um fator que afeta diretamente, os aspectos econômico,
tecnológico, ambiental e social (MONTEIRO, 2006).
Os resíduos sólidos, tais como os cavacos impregnados de fluido de corte, oferecem
riscos durante o transporte e a armazenagem, uma vez que ocorre armazenagem dos cavacos
em depósitos a céu aberto, o que possibilita que a água proveniente das chuvas arraste para o
solo e sistemas de água pluvial, fluvial e subterrâneo, diversos contaminantes e compostos
constituintes dos fluidos de corte, que são solúveis ou emulsionáveis em água (FILHA, 1999).
Runge & Duarte (1990); Bienkowski (1993) e Rios & Novaski (2002) afirmam que,
durante o processo de usinagem, medidas de prevenção à poluição por fluidos de corte podem
ser adotadas mediante a implementação de um bom programa de manutenção que englobe o
acompanhamento, controle e adoção de procedimentos periódicos e ou diários de manutenção,
tais como:
Limpar a máquina e as linhas de alimentação do fluido e dos reservatórios;
Evitar a utilização de madeiras e outros materiais orgânicos no sistema;
Realizar a esterilização do sistema mediante a utilização de biocidas e, se for
preciso, utilizar detergentes para a remoção de depósitos gordurosos;
61
7
Stakeholders: Significa público estratégico, ou seja, são os pesquisadores, funcionários, clientes, consumidores, planejadores, acionistas,
fornecedores, governo e demais instituições que direta ou indiretamente interferem nas atividades gerenciais e de resultado de uma
organização.
63
conhecimento explícito. Para tanto, recorreu-se à CTA – Cognitive Task Analysis (Análise de
Atividade Cognitiva).
O objetivo básico da CTA é capturar o que o pesquisador/especialista sabe sobre seu
domínio: seus conceitos, princípios e eventos. O que profissionais sabem e acreditam sobre
seu domínio - certo ou errado - é crucial para sua tomada de decisão. (CRANDALL, et al.,
2006).
Uma forma que vem sendo chamada de elicitação de conhecimento é especificamente
direcionada a ajudar um profissional de um domínio, a expressar conhecimento e então
representar estes conhecimentos de maneira que outros possam entender e colocá-los em uso
(CRANDALL, et al., 2006).
Destaca-se que os Mapas Conceituais diferem de outros tipos de diagramas que
utilizam combinações de elementos textuais e gráficos para representar ou expressar
significado. Quanto à expressividade, destacam-se que, em alguns diagramas, as linhas de
ligação não são rotuladas, isto é, todas as ligações significam a mesma coisa. Em redes
semânticas e gráficos associativos, linhas representam uma única relação – conceito x
relaciona-se a conceito y. O tamanho da linha pode, às vezes, indicar o grau de força
associativa ou grau de relação semântica. Mind Maps são exemplos deste tipo de diagrama.
Quanto à forma, em redes semânticas, o conceito mais básico é colocado no centro e os
conceitos subordinados erradiam dela em todas as direções (CRANDALL, et al., 2006).
Mapas Conceituais são mais hierárquicos neste sentido. Em bons Mapas Conceituais,
o conceito mais genérico ou mais importante aparece no topo e fornece o contexto amplo do
mapa, enquanto que os conceitos mais específicos tendem a ficar mais abaixo no mapa. O
mapa é lido começando por cima seguindo para baixo através dos níveis que expressam
subsunção (subordinação), diferenciação e outras relações (CRANDALL, et al., 2006).
Outro aspecto destacado são as interações forma-significado. Em termos da forma dos
diagramas de sentido, o Mapa Conceitual se diferencia por ter “cross-links”, que são ligações
que cortam regiões dentro do mesmo mapa, colocando conceitos e proposições em relação a
outros dentro do mapa, afinal, em domínio de complexidade real, as coisas se inter-
relacionam (CRANDALL, et al., 2006).
Para elicitação e representação de atividade cognitiva, propõe-se que sejam realizadas
entrevistas com o pesquisador/especialista cuja atividade cognitiva se pretende analisar e que
o mapeamento seja feito à medida que a entrevista vai transcorrendo. Este processo
66
linhas de ligação
A coleta de dados deu-se por meio de entrevistas semi estruturadas, sobre requisitos e
restrições no uso de fluidos de corte para a utilização em processos de usinagem e sobre a
ótica dos aspectos econômicos, tecnológicos (processo de fabricação, químico e biológico) e
ambientais. As entrevistas e o mapeamento conceitual foram realizadas pelo desenvolvedor
desta Tese.
Os conceitos provocadores para a elicitação do conhecimento dos sujeitos da pesquisa
foram: fluido de corte (requisitos, restrições), aspecto tecnológico (ênfase em processo de
fabricação, química e biologia), aspecto econômico e aspecto ambiental, que foram os temas
geradores das perguntas aos entrevistados.
O questionário proposto aos pesquisadores e especialistas foi:
1. Em sua visão, quais os requisitos econômicos para se utilizar o fluido de corte nos processos de usinagem
de materiais? Explicite seu conhecimento.
68
2. Em sua percepção, quais os requisitos ambientais para se utilizar o fluido de corte nos processos de
usinagem de materiais? Explicite seu conhecimento.
3. Em sua visão, quais os requisitos tecnológicos para se utilizar o fluido de corte nos processos de usinagem
de materiais? Explicite seu conhecimento.
4. Em sua percepção, quais os requisitos químicos para se utilizar o fluido de corte nos processos de usinagem
de materiais? Explicite seu conhecimento.
5. Em sua visão, quais os requisitos biológicos para se utilizar o fluido de corte nos processos de usinagem de
materiais? Explicite seu conhecimento.
6. Em sua visão, quais as restrições econômicas para se utilizar o fluido de corte nos processos de usinagem
de materiais? Explicite seu conhecimento.
7. Em sua percepção, quais as restrições ambientais para se utilizar o fluido de corte nos processos de
usinagem de materiais? Explicite seu conhecimento.
8. Em sua visão, quais as restrições tecnológicas para se utilizar o fluido de corte nos processos de usinagem
de materiais? Explicite seu conhecimento.
9. Em sua percepção, quais as restrições químicas para se utilizar o fluido de corte nos processos de usinagem
de materiais? Explicite seu conhecimento.
10. Em sua visão, quais as restrições biológicas para se utilizar o fluido de corte nos processos de usinagem de
materiais? Explicite seu conhecimento.
a.2.1- Critério: conceitos mais a.3.1- Critério: a.4.1- Critério: conceitos mais
repetidos entre os aspectos repetição de conceitos utilizados em proposições- cluster
Tabela com os conceitos principais Tabela com conceitos mais Tabela com conceitos Tabela com conceitos em
identificados em cada aspecto repetidos entre os aspectos mais repetidos proposições- clusters
FIGURA 5.3 – Formas de análise dos Mapas Conceituais definida pelo autor.
Compilou-se uma lista com todos os conceitos que o entrevistado usava em cada
aspecto, identificando os principais e, depois, comparou-se as listas de conceitos de cada
entrevistado para cada aspecto, identificando quais os conceitos que mais se repetiam nestas
listas. Foram considerados conceitos principais os mais evidenciados e citados pelos
entrevistados e secundários, os que apareciam em um ou outro mapa, mas não se repetiam
significativamente entre eles.
Esta primeira fase de análise destes resultados envolveu, portanto, considerações
acerca destes conceitos no contexto do uso de fluido de corte e manufatura sustentável a partir
dos mapas, para orientar o leitor sobre o significado de cada conceito segundo o
conhecimento explicitado pelos entrevistados.
71
Como resposta desta primeira análise genérica dos conhecimentos elicitados nos
Mapas Conceituais é mostrada a profundidade de conhecimentos dos entrevistados a respeito
do tema e direciona os temas a serem considerados neste estudo.
Esta segunda etapa da análise partiu da análise inicial, a qual identificou os conceitos
principais para cada aspecto, e buscou identificar quais os conceitos que mais se repetiam
entre os diferentes aspectos, isto é, quais conceitos apareciam em mais de um destes aspectos.
Desta forma, nota-se que alguns conceitos perpassam todos os aspectos e são citados
como muito importantes pelos entrevistados, sugerindo que a maioria dos conceitos
considerados importantes não podem ser desconectados, pois um depende do outro para que o
conhecimento sobre o tema seja tangível. Cada entrevistado, mesmo sendo conhecedor de um
determinado aspecto questionado nas entrevistas, em sua rede conceitual, ele conecta a outros
aspectos muitas vezes sem mesmo preceber. Este é o conhecimento tácito sobre um
determinado assunto em se tratando de sustentabilidade não pode estar dissociado do todo.
A Figura 5.6 mostra um exemplo desta análise retirada de um dos 9 Mapas
Conceituais individuais feitos a partir das entrevistas com pesquisadores/especialistas.
79
FIGURA 5.6 - Exemplo da interligação dos conceitos entre os aspectos ambiental, químico e
biológico.
A Tabela 5.2 mostra os conceitos que mais se repetiram nos diferentes aspectos na
totalidade dos Mapas Conceituais individuais.
TABELA 5.2 - Conceitos mais repetidos pelos entrevistados, segundo a análise dos aspectos.
N0 de N0 de N0 de N0 de
Conceitos Conceitos Conceitos Conceitos
aspectos aspectos aspectos aspectos
Lubrificação 5 Descarte 4 Peça 4 Composição 3
Processo de
5 Ferramenta 4 Refrigeração 4 Custo 3
usinagem
Propriedades 5 Fluido vegetal 4 Bactérias 3 Doenças 3
Vida útil 5 Máquina 4 Calor 3 Emulsão 3
Saúde do
5 Névoa 4 Cavaco 3 Microrganismos 3
operador
Recuperação 4 Degradação 4 Óleo 3
Ambiente
4 Aditivos 4 Água 3
industrial
A Tabela 5.3 mostra os conceitos que mais se repetiram entre os Mapas Conceituais
individuais.
Conceitos que
formam clusters
A Figura 5.9 mostra as etapas adotadas para a verificação de quais os conceitos que
estão mais interligados e que recebem ou enviam frases de ligação para a formação de
proposições. Nesta análise verifica-se, não somente os conceitos mais importantes, mas as
suas conexões com outros conceitos que formam o modelo de conhecimento do
pesquisador/especialista sobre ao tema desta Tese.
A Tabela 5.4 mostra os conceitos que mais se repetiram como formadores de clusters
na totalidade dos Mapas Conceituais individuais.
82
6 EXPERIMENTOS LABORATORIAIS
TABELA 6.1 - Especificação da liga de alumínio 7050-T7451, segundo AMS 4050H (2003).
Composição Mínimo (%) Máximo (%)
Silício -- 0,12
Ferro -- 0,15
Cobre 2,0 2,6
Manganês -- 0,10
Magnésio 1,9 2,6
Cromo -- 0,04
Zinco 5,7 6,7
Titânio -- 0,06
Zircônio 0,08 0,15
Outros elementos, cada -- 0,05
Outros elementos, total -- 0,15
Alumínio Restante
B) Insertos e fresa intercambiável utilizados no ensaio de vida útil da ferramenta de corte no ferro fundido
cinzento.
FIGURA 6.1 - Insertos utilizados nos experimentos de usinagem.
Enriquecendo esta análise, para simular uma situação real de fabricação com os
possíveis efeitos das distintas técnicas de aplicação e tipos de fluidos de corte sobre a
qualidade da peça, realizou-se o fresamento de uma peça com características típicas de peças
aeronáuticas de superfícies complexas, sendo realizada a fabricação de uma peça modelo
(Figura 6.2). Este experimento verificou a capacidade do fluido de corte em influenciar nas
características metrológicas de peças aeronáuticas, principalmente, aquelas que possuem
paredes finas.
86
(A) (B)
FIGURA 6.2 - (A) posições de medição dos erros de forma e (B) peça modelo de liga de
alumínio.
SonicTools DESBASTE
SonicTools ACABAMENTO
Essa tem sido uma situação comum no chão de fábrica de empresas nacionais, pois o
equipamento da técnica de aplicação de fluido de corte com MQL é vendido separadamente,
evitando a obsolescência completa do bem de capital.
Para os ensaios com a técnica de aplicação de fluido de corte por inundação foi
utilizado o equipamento de lubri/refrigeração da máquina-ferramenta ROMI D800, que possui
uma bomba submersa que desenvolve uma vazão de 20 L/min distribuídos em 4 bicos, com 3
bar de pressão e uma potência consumida de 3 kW de potência do motor da bomba de
jateamento do fluido, com um tanque removível com capacidade de 300 L de fluido de corte
(Figura 6.3).
Por sua vez, o equipamento para utilizar a técnica de aplicação de fluido de corte com
MQL, acoplado à máquina-ferramenta, era composto de uma válvula de vazão de ar que
distribui, para 2 bicos de 2 mm de diâmetro, jatos de ar com fluido de corte numa pressão de
4,5 bar. O fluido de corte era colocado num recipiente que possuía um dosador de gotas que
injetava, na corrente de ar, ciclos de 2 gotas por segundo, sendo consumido 100 ml/h de
fluido de corte (Figura 6.4).
88
Equipamento MQL
instalado na máquina.
FIGURA 6.4 - Equipamento MQL composto por: 1) reservatório de óleo com capacidade de
300 ml; 2) conector; 3) saída para o bico aspersor de ar; 4) saída para o bico aspersor de
fluido; 5) válvula de controle de fluxo de ar; 6) caixa metálica; 7) controle de entrada.
Para medição do desgaste de flanco (VB) dos insertos da fresa foi utilizado um
microscópio Wild M3C da Herrbrugg Switzerland tipo S com capacidade de aumento de 6,4x,
16x, 25x e 40x, software Leica Qwin Pro (Anexo I- C).
Para a medição do consumo de energia elétrica durante os ensaios, utilizou-se um
medidor de energia com um transdutor digital de grandezas elétricas Mult-K 120, marca
KRON, adaptado à máquina-ferramenta (Figura 6.5). O medidor foi instalado na saída da
caixa de força da máquina-ferramenta ROMI D800 e permite a medição de diversos
parâmetros elétricos em sistemas de corrente alternada-AC, como:
Tensão (fase-fase, fase-neutro e trifásica);
Corrente (por fase e trifásica);
Potência ativa (por fase e trifásica);
Potência reativa (por fase e trifásica);
Potência aparente (por fase e trifásica);
Fator de potência (por fase e trifásico);
Distorção harmônica total [(THD) por fase de tensão e corrente)];
Demanda ativa (média e máxima);
Demanda aparente (média e máxima);
Máximos (tensão e corrente) etc..
89
FIGURA 6.5 - Medidor de energia e transdutor digital de grandezas elétricas Mult-K 120,
marca KRON.
TABELA 6.4 - Parâmetros referente à coleta das amostras de névoa de fluido de corte.
Técnica de Identificação da Membrana Temperatura Umidade Vazão de ar Volume de ar
aplicação amostra filtrante média (ºC) média (%) (L/min) coletado (L)
INUNDAÇÃO
Para a obtenção dos espectros de composição dos fluidos de corte, as amostras foram
analisadas por transmissão em equipamento Perkin Elmer, modelo Spectrum One, faixa
espectral: 4000 a 650 cm-1, 8 scanse e resolução de 4 cm-1 (Anexo I- K).
A determinação do teor de cinzas foi realizada conforme norma NBR 9842:2009
(produtos de petróleo- determinação do teor de cinzas) e a caracterização dos grupamentos
químicos característicos, por infravermelho com transformada de Fourier (FTIR).
Os fluidos de corte utilizados foram caracterizados por meio da determinação da
presença de metais com base nas normas USEPA Method 3052 (Rev.0,1996), bem como para
preparação e análise das amostras, USEPA Method 6010C (Rev. 3, 2007).
A presença de cloro pode ser um fator impeditivo na utilização do fluido de corte,
principalmente para alumínios aeronáuticos, pois este funciona como um agente promotor de
corrosão intergranular. Desta forma, o teor de cloro foi analisado conforme norma ASTM
D4208, em que a amostra foi completamente oxidada (queimada) em bomba calorimétrica
com atmosfera de oxigênio e o resíduo desta queima foi, posteriormente, avaliado com
eletrodo de íon seletivo para cloro, definindo-se então, quantitativamente, o teor de cloro nas
amostras de fluidos de corte em estudo.
De forma a avaliar o grau de espumação dos fluidos de corte, os mesmos foram
analisados quanto às suas características espumantes. A tendência dos fluidos de corte
espumarem pode ser um problema sério em sistemas produtivos tais como engrenagens de
alta velocidade, bombeamento de alto volume e lubrificação por nuvem. A lubrificação
inadequada, cavitações e perda por transbordamento do fluido podem resultar em falha
mecânica. O método utilizado na avaliação do fluido para tais condições de operação baseou-
se na norma ASTM D892. O ensaio foi realizado nas temperaturas de 23,0±3ºC, 93,5±10C e
24,0±3oC e o resultado medido representa o volume de espuma produzido após a difusão de ar
por um tempo de 5 minutos e fluxo pré-determinados.
Para que se tenha uma avaliação confiável a respeito dos graus de importância das
variáveis que interagem no processo de usinagem a ser estudado, algumas avaliações, tanto
em laboratório como chão de fábrica, foram propostas. Não obstante a isto, deve-se ter a
clareza que a inter-relação entre os aspectos tecnológicos, econômicos, ambientais e sociais
não podem ser analisados separadamente. A riqueza desta avaliação recai exatamente no
92
ENTRADA SAÍDA
TABELA 6.5 - Parâmetros de corte para ensaios de vida útil da ferramenta de corte em
superfícies planas.
Ensaios em liga de alumínio
Velocidade de corte Profundidade axial de corte Penetração de Avanço
Combinações
vc (m/min) ap (mm) trabalho ae (%) fz (mm/dente)
A1 1884 2,88 75 0,05
A2 1884 2,88 75 0,15
A3 1884 2,88 75 0,30
Ensaios em ferro fundido cinzento
A1 135 0,5 40 0,1
A2 135 0,5 40 0,4
A3 200 0,5 40 0,1
A4 200 0,5 40 0,4
8
Forma indireta: utilização de outra variável diretamente proporcional a que se deseja avaliar para se determinar
o grau de intensidade em relação a referência.
94
219 1 2 3 4 5 6 7
Velocidade de
314 8 9 10 11 12 13 14
628 15 16 17 18 19 20 21
942 22 23 24 25 26 27 28
1257 29 30 31 32 33 34 35
1571 36 37 38 39 40 41 42
1884 43 44 45 46 47 48 49
Conforme a norma da indústria aeronáutica (MEP 08-020 Eng rev B), o limite máximo
permitido de rugosidade obtida na superfície plana usinada é Ra de 0,8 μm, limite máximo
deste ensaio.
No ensaio com ferro fundido cinzento, a rugosidade Ra foi medida a cada término da
superfície usinada do corpo-de-prova no ensaio de usinabilidade da ferramenta de corte, sendo
a execução das medições feitas no início, meio e fim do corpo-de-prova na direção de avanço
da ferramenta e o valor final utilizado para a análise, a média aritmética entre os valores
coletados. Para este material, foram utilizados os parâmetros de corte determinados na Tabela
6.5 desta Tese, sendo estes os parâmetros nos experimentos de usinabilidade do material.
Método do experimento
Aspecto econômico
ENTRADA SAÍDA
Para a avaliação dos impactos econômicos que foram considerados pertinentes nesta
fase de análise, adotou-se como base de custo o valor comercial de cada produto e de cada
serviço que influenciaram os experimentos, desde a sua compra até a entrega, sendo como
ponto de entrega, o Centro de Competência em Manufatura do ITA (CCM/ITA) em São José
dos Campos/SP. Utilizou-se, como balizador, o custo ofertado por 3 fornecedores de cada
produto e serviço para esta análise, sendo utilizada a média aritmética dos valores fornecidos.
Para alguns produtos e processos, por serem específicos de um único fornecedor, o valor
considerado foi unitário.
Como informação complementar, para se quantificar o Índice de Sustentabilidade (IS)
referente aos danos causados aos operadores por doenças advindas do processo de usinagem,
o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão define o tempo mínimo para afastamento
de funcionários, sendo esta informação catalogada no Subsistema Integrado de Atenção à
Saúde do Servidor (SIASS) referente a todas as doenças ocupacionais identificadas. Como
análise a ser efetivada referente ao tipo de condição insalubre a que fica exposto o operador
97
nos experimentos realizados, utilizou-se como referência as seguintes doenças, sendo estas as
mais comumentes observadas (SIASS, 2010):
Doenças da pele: afastamento mínimo 7 dias;
Doenças do ouvido: afastamento mínimo de 30 dias e
Doenças respiratórias: afastamento mínimo de 7 dias.
Esta informação serviu para verificar quanto é o custo para a indústria, referente ao
afastamento de um operador que contraiu alguma doença ocupacional em 1 ano, como
dermatite, doença de audição ou respiratória, devido à insalubridade do ambiente fabril e o
quanto impacta no valor do Índice de Sustentabilidade (IS) proposto pelo Método (MAIS) no
Capítulo 5 desta Tese.
Método do experimento
Aspectos ambiental e social
AMBIENTAL
Fluido de
Técnica de Aplicação corte A a) Eficiência energética
Material A b) Descarte do fluido de corte
INUNDAÇÃO
Fluido de
c) Quantidade de resíduos
corte B
Técnica de Aplicação d) Composição físico-química do
Material B
- Parâmetros de MQL Fluido de fluido de corte
corte corte C
- Concentração de
fluido de corte
(emulsão)
- Processo de SOCIAL
usinagem
Fluido de
Técnica de Aplicação Material A corte A
INUNDAÇÃO e) Saúde ocupacional do operador
Fluido de e.1) Intensidade de ruído
Técnica de Aplicação corte B e.2) Névoa
MQL Material B
Fluido de
corte C
ENTRADA SAÍDA
Como resultado, a energia consumida (ɛcons) foi calculada pela soma das potências
9
Foram consultados 3 especialistas com grande conhecimento sobre o descarte e recuperação de fluidos de corte (1 doutor da academia, 1
especialista em vendas de fluido de corte e 1 profissional que trabalha diretamente com processo de usinagem que utiliza grandes volumes de
fluido).
99
Proceder a amostragem,
Consulta no guia de respeitando o prazo de validade
amostragem de agentes do amostrador para análise
químicos
Resultado da análise do
ambiente fabril
FIGURA 6.1Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento.
- Fluxograma utilizado para coleta de amostras do ambiente fabril.
FIGURA 6.11 - Forma de coleta das amostras de névoa dos fluidos de corte e equip.
102
Após a coleta das amostras de névoa, o valor do fluxo utilizado foi verificado,
novamente, afim de garantir a estabilidade do mesmo durante a coleta. As membranas
filtrantes com as amostras coletadas foram armazenadas à temperatura ambiente. As amostras
coletadas foram analisadas conforme metodologia da NIOSH 5026.
Neste etapa são analisados os resultados da análise dos Mapas Conceituais, bem como
os aspectos tecnológicos, econômicos, ambientais e sociais da usinagem com fluido de corte
de modo a servir como norteadores para a avaliação da matriz de decisão denominada Método
de Avaliação do Índice de Sustentabilidade (MAIS).
Com relação aos aspectos, inicialmente analisou-se os impactos tecnológicos, pois
parte-se do pressuposto que a decisão industrial somente pode ser cumprida se os requisitos
de produção estiverem satisfeitos. Desse modo, foram conduzidas análises de usinabilidade
(vida de ferramenta, forma de cavaco, força de corte, acabamento e forma da superfície
usinada) para os distintos tipos de fluidos e de técnicas de aplicação de fluido de corte, tendo
como base a usinagem da liga de alumínio (material de cavaco cisalhado e de melhor
usinabilidade), contrastada com a usinagem de um ferro fundido cinzento, também conhecido
por FOFO cinzento (material de cavaco quase arrancado, de baixa usinabilidade devido aos
componentes abrasivos deste metal). Nessa análise foi, ainda, acrescentado o cálculo dos
custos de compra e de reciclagem dos fluidos corte, bem como do custo operacional do
processo de usinagem e do custo da saúde do operador.
Na avaliação do impacto social, a saúde do operador foi o item avaliado no momento
da utilização das referidas tecnologias, considerando ocorrências de doenças ocupacionais
provocadas pela intensidade de ruído e pelos particulados causados pela névoa de fluido de
corte (dermatites e respiratória).
A Tabela 6.8 apresenta os resultados das análises 1, 2, 3 e 4 sob o foco dos conceitos
que foram mais evidenciados em cada aspecto da análise, na percepção do
entrevistador/mapeador, os conceitos que interligavam-se mais aos aspectos de
103
sustentabilidade, os conceitos mais repetidos nas entrevistas e os conceitos que mais foram
interligados para formar proposições: clusters.
TABELA 6.8 - Resultados da análise dos Mapas Conceituais - Estado da Arte da Sociedade.
CONCEITOS PRINCIPAIS NOS ASPECTOS - ANÁLISE 1
TECNOLÓGICO
TECNOLÓGICO TECNOLÓGICO AMBIENTAL
ECONÔMICO PROCESSO DE
QUÍMICO BIOLOGICO SOCIAL
FABRICAÇÃO
Processo de
Escolha Teste Contaminação Descarte
usinagem
Custo Lubrificação Aditivos Saúde do operador Contaminação
Durabilidade Refrigeração Composição Aditivos Saúde do operador
CONCEITOS
(ranqueamento), e para a execução dos experimentos que serão utilizados para a avaliação do
Método (MAIS) proposto.
0,2
Desgaste de flanco (VB) mm
Canola (vegetal)
0,15
Semi-sintético (mineral)
0,1
0,05
0
0 84 168 252 336 420 504 588 672 756 840 924 1.008 1.092
0,25
Desgaste de flanco (VB) mm
0,2
0,15
Pinhão manso (vegetal)
Canola (vegetal)
0,1
Semi-sintético (mineral)
0,05
0
0 50 100 150 200 250
-0,05
Comprimento usinado (m)
Verificou-se uma significativa maior vida útil da ferramenta de corte com a técnica de
aplicação por inundação em relação ao MQL, independentemente do tipo de material utilizado
como fluido de corte, caracterizando um possível maior rendimento relacionado à refrigeração
105
0,2
Canola (vegetal)
Semi-sintético (mineral)
0,15
0,1
0,05
0
0 84 168 252 336 420 504 588 672 756 840 924 1.008 1.092
material soldado
0,25
Desgaste de flanco (VB) mm
0,2
Canola (vegetal)
0,1
Semi-sintético (mineral)
0,05
0
0 50 100 150 200 250
inundação, quanto por MQL, estes fluidos (pinhão manso e semi-sintético) apresentaram os
maiores comprimentos usinados (Tabela 6.9).
0,2
Desgaste de flanco (VB) mm
0,15
Pinhão manso (vegetal)
Canola (vegetal)
0,05
0
0 84 168 252 336 420 504 588 672 756 840 924 1.008 1.092
material soldado
0,25
Desgaste de flanco (VB) mm
0,2
Canola (vegetal)
0,1
Semi-sintético (mineral)
0,05
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Pela avaliação do cavaco produzido pela liga de alumínio, segundo norma ISO 3658,
não foi verificada nenhuma alteração aparente da forma de cavaco, tanto pela variação do tipo
de fluido, quanto pela técnica de aplicação de fluido de corte (Tabela 6.10). A forma do
cavaco característico deste processo de usinagem foi identificada por meio de micrografia
eletrônica e, segundo Machado & Silva (2004), é de cavaco helicoidal tipo curto.
TABELA 6.10 - Liga de alumínio: forma dos cavacos produzidos nos ensaios de vida útil de
ferramenta de corte.
Fresamento liga de alumínio 7050-T7451 vc= 1884 mm/min ap = 2,88 mm ae= 75% Ø= 50 mm
Técnica de Pinhão manso Canola Semi-sintético
aplicação fz (mm/dente)
(vegetal) (vegetal) (mineral)
0,05
Inundação 0,15
0,30
0,05
MQL 0,15
0,30
(6.1)
Onde:
hm’= Espessura média do cavaco medido (mm)
hm= Espessura média do cavaco calculado (mm)
TABELA 6.11 - Grau de recalque dos cavacos produzidos com a liga de alumínio.
Grau de recalque para cada fluido de corte (R c)
Fresamento liga de alumínio 7050-T7451 vc= 1884 mm/min ap = 2,88 mm ae= 75% Ø= 50 mm
Inundação (mm) MQL (mm)
3,50
3,00
2,50
2,00 INUNDAÇÃO
1,50 MQL
1,00
0,50
0,00
Pinhão manso Canola (vegetal) Semi-sintético
(vegetal) (mineral)
Com relação à medição dos esforços de usinagem mostra uma possível tendência de
diminuição da força de corte com a utilização da técnica de aplicação de fluidos de corte por
MQL, caracterizando que o fim de vida de ferramenta ocorre por condições de lubricidade na
zona de corte, conforme encontrado em literatura relevante (MACHADO & SILVA, 2004).
(Figura 6.16).
Fresamento em superficies planas com fz= 0,05 mm/dente
Liga de alumínio 7050-T7451 v c= 1884 mm/min ap = 2,88 mm ae= 75% Ø= 50 mm
250,00
Força de corte (N)
200,00
150,00
100,00
50,00
0,00
Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral)
INUNDAÇÃO MQL
400,00
Força de corte (N)
350,00
300,00
250,00
Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral)
INUNDAÇÃO MQL
600,00
Força de corte (N)
550,00
500,00
450,00
Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral)
INUNDAÇÃO MQL
< 0,050
1600 0,050 - 0,075
0,075 - 0,100
1400 0,100 - 0,125
0,125 - 0,150
1200 0,150 - 0,175
> 0,175
1000
800
600
400
< 0,10
1600 0,10 - 0,12
0,12 - 0,14
1400 0,14 - 0,16
0,16 - 0,18
1200 > 0,18
1000
800
600
400
corte, somadas com o maior poder de refrigeração, são aumentadas com o uso da técnica de
aplicação de fluido de corte por inundação (Figura 6.18).
R1
0,2
INUNDAÇÃO
0,18 Circularidade (mm)
0,16
0,14
R7 R2
0,12
0,1
0,08
0,06
0,04 Pinhão manso (vegetal)
0,02 Canola
0 Semi-sintético (mineral)
Tolerância
R6 R3
R1
0,2
MQL
0,18 Circularidade (mm)
0,16
0,14
R7 R2
0,12
0,1
0,08
0,06
0,04 Pinhão manso (vegetal)
0,02 Canola (vegetal)
0
Semi-sintético (mineral)
R6 R3 Tolerância superior
0,15
Pinhão manso (vegetal)
0,1 Canola (vegetal)
Semi-sintético (mineral)
0,05
0
0 2,28 4,56 6,84 9,12 11,4
Comprimento usinado (m)
0,2
0,15
Pinhão manso (vegetal)
0,1 Canola (vegetal)
Semi-sintético (mineral)
0,05
0
0 2,28 4,56 6,84 9,12 11,4
Comprimento usinado (m)
FIGURA 6.19 - FOFO cinzento: desgaste de flanco da ferramenta de corte em função do tipo
de fluido e da técnica de aplicação de fluido de corte, com vc= 135 m/min e fz= 0,1 mm/dente.
0,15
Pinhão manso (vegetal)
0,1 Canola (vegetal)
Semi-sintético (mineral)
0,05
0
0 2,28 4,56 6,84 9,12 11,4 13,68 15,96 18,24 20,52
Comprimento usinado (m)
0,2
0,15
FIGURA 6.20 - FOFO cinzento: desgaste de flanco da ferramenta de corte em função do tipo
de fluido e da técnica de aplicação de fluido de corte, com vc= 135 m/min e fz= 0,4 mm/dente.
Fazendo-se outra combinação dos parâmetros de corte com o intuito de variar, ainda
mais, a temperatura da zona de corte, a técnica de aplicação de fluido de corte por MQL
manteve, novamente, o maior comprimento usinado em relação à técnica por inundação,
utilizando o fluido de base vegetal pinhão manso (Figura 6.21).
114
0,15
Pinhão manso (vegetal)
0,1 Canola (vegetal)
Semi-sintético (mineral)
0,05
0
0 2,28 4,56 6,84 9,12
Comprimento usinado (m)
0,2
0,15
Pinhão manso (vegetal)
0,1 Canola (vegetal)
Semi-sintético (mineral)
0,05
0
0 2,28 4,56 6,84 9,12 11,4
Comprimento usinado (m)
FIGURA 6.21 - FOFO cinzento: desgaste de flanco da ferramenta de corte em função do tipo
de fluido e da técnica de aplicação de fluido de corte, com vc= 200 m/min e fz= 0,1 mm/dente.
TABELA 6.12 - FOFO cinzento: forma dos cavacos produzidos nos ensaios de vida útil de
ferramenta de corte.
Fresamento de ferro fundido cinzento ap = 0,5 mm ae= 40% φ= 50 mm
vc fz Pinhão manso Canola Semi-sintético
(m/min) (mm/dente) (vegetal) (vegetal) (mineral)
0,1
135
0,4
INUNDAÇÃO
0,1
200
0,4
0,1
135
0,4
MQL
0,1
200
0,4
AUMENTO DO AVANÇO
Fresamento em superficies planas vc= 135 m/min e fz= 0,1 mm/dente Fresamento em superficies planas vc= 135 m/min e fz= 0,4 mm/dente
Ferro fundido cinzentor ap = 0,5 mm ae= 40% Ø= 50 mm Ferro fundido cinzento ap = 0,5 mm ae= 40% Ø= 50 mm
1000 1000
900 900
800 800
700 700
600 600
AUMENTO DA VELOCIDADE DE CORTE
500 500
400 400
300 300
200 200
100 100
0 0
Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral) Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral)
INUNDAÇÃO MQL INUNDAÇÃO MQL
Fresamento em superficies planas vc= 200 m/min e fz= 0,1 mm/dente Fresamento em superficies planas vc= 200 m/min e fz= 0,4 mm/dente
Ferro fundido cinzentor ap = 0,5 mm ae= 40% Ø= 50 mm Ferro fundido cinzento ap = 0,5 mm ae= 40% Ø= 50 mm
1000 1000
900 900
800 800
Força de corte (N)
600 600
500 500
400 400
300 300
200 200
100 100
0 0
Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral) Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral)
INUNDAÇÃO MQL INUNDAÇÃO MQL
AUMENTO DO AVANÇO
Fresamento em superficies planas v c= 135 m/min e fz= 0,1 mm/dente Fresamento em superficies planas v c= 135 m/min e fz= 0,4 mm/dente
Ferro fundido cinzento ap = 0,5 mm ae= 40% Ø= 50 mm Ferro fundido cinzento ap = 0,5 mm ae= 40% Ø= 50 mm
0,6 0,6
0,5 0,5
Rugosidade Ra (μm)
Rugosidade Ra (μm)
AUMENTO DA VELOCIDADE DE CORTE
0,4 0,4
0,3 0,3
0,2 0,2
0,1 0,1
0 0
Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral) Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral)
INUNDAÇÃO MQL INUNDAÇÃO MQL
Fresamento em superficies planas v c= 200 m/min e fz= 0,1 mm/dente Fresamento em superficies planas v c= 200 m/min e fz= 0,4 mm/dente
Ferro fundido cinzento ap = 0,5 mm ae= 40% Ø= 50 mm Ferro fundido cinzento ap = 0,5 mm ae= 40% Ø= 50 mm
0,9 0,9
0,8 0,8
Rugosidade Ra (μm)
Rugosidade Ra (μm)
0,7 0,7
0,6 0,6
0,5 0,5
0,4 0,4
0,3 0,3
0,2 0,2
0,1 0,1
0 0
Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral) Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral)
INUNDAÇÃO MQL INUNDAÇÃO MQL
Para esta Tese, o custo de cada fluido foi verificado em 3 fornecedores distintos e o
valor médio foi o considerado como referência (Anexo I- M.1).
No custo da água, foi considerada o valor cobrado pela Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo (SABESP) (Anexo I- M.1).
O custo do descarte e recuperação do fluido de corte foi verificado em 3 fornecedores
distintos e utilizado o valor médio para coleta e transporte como referência (Anexo I- M.1). O
custo de descarte e recuperação são considerados em conjunto, uma vez que as empresas que
prestam serviços de coleta de materiais residuais, como exemplo o fluido de corte, são
responsáveis também pela reciclagem deste resíduo, segundo a Política Nacional de resíduos
Sólidos, Lei no 12.305 de agosto de 2010 e decreto lei no 7.404 de 23 de dezembro de 2010,
que normatiza as metas e práticas referentes ao manuseio dos resíduos sólidos.
As Tabelas 6.13 e 6.14 demonstram os resultados dos valores referentes aos custos
médios considerados nos ensaios propostos nesse trabalho, em relação ao tipo de material
usinado, à técnica de aplicação, ao tipo de fluido de corte e ao tempo de usinagem. Salienta-se
que a memória de cálculo de cada custo em estudo está mostrado no Anexo I- M3 à M16.
TABELA 6.14 - Custo das variáveis do processo de usinagem energia e ferramenta de corte em relação aos parâmetros de corte, técnicas de
aplicação e tipos de fluidos de corte.
LIGA DE ALUMÍNIO
INUNDAÇÃO MQL
MÉTRICA INDIVIDUAL Pinhão manso Canola Semi-sintético Pinhão manso Canola Semi-sintético
(vegetal) (vegetal) (mineral) (vegetal) (vegetal) (mineral)
Custo da energia consumida total (R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$)
Parâmetro A1 16.294,72 19.490,58 24.515,12 39.275,11 43.806,00 47.846,36
Parâmetro A2 17.815,58 19.448,57 26.428,38 40.618,19 41.628,00 49.903,48
Parâmetro A3 23.172,41 28.196,92 32.437,48 43.347,67 45.402,62 51.159,40
Custo das ferramentas de corte
(R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$)
consumida total
Parâmetro A1 4.037,01 5.993,21 5.842,93 20.954,68 26.240,54 23.584,62
Parâmetro A2 12.111,02 25.438,43 20.767,91 62.977,30 114.223,53 78.721,62
Parâmetro A3 24.222,04 40.037,11 56.013,40 140.371,08 416.100,00 228.447,06
FERRO FUNDIDO CINZENTO
INUNDAÇÃO MQL
MÉTRICA INDIVIDUAL Pinhão manso Canola Semi-sintético Pinhão manso Canola Semi-sintético
(vegetal) (vegetal) (mineral) (vegetal) (vegetal) (mineral)
Custo da energia consumida total (R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$)
Parâmetro A1 8.445,08 8.560,59 8.450,07 4.800,46 2.898,25 3.785,25
Parâmetro A2 10.791,96 10.611,54 10.657,48 15.505,18 5.778,13 11.539,84
Parâmetro A3 7.883,35 12.888,59 9.715,04 5.462,56 5.205,91 5.346,72
Parâmetro A4 38.285,27 23.381,57 31.867,81 24.519,11 17.741,63 26.603,46
Custo das ferramentas de corte
(R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$)
consumida total
Parâmetro A1 56.153,85 56.153,85 56.153,85 56.153,85 93.308,27 70.112,99
Parâmetro A2 125.353,54 125.353,54 125.353,54 56.409,09 125.353,54 70.112,99
Parâmetro A3 104.285,71 104.285,71 104.285,71 83.288,59 139.438,20 164.285,71
Parâmetro A4 119.326,92 238.653,85 147.738,10 119.326,92 147.738,10 129.270,83
120
121
A energia consumida num processo de usinagem pode ser utilizada como indicador se
um sistema de manufatura tende a ser mais sustentável ou não. Para este experimento e para
cálculo da energia consumida foram medidas as potência ativas (Pcmed) de cada equipamento
que participou do experimento.
Desta forma e numa abordagem de análise sobre a energia consumida (Ɛcons), em kW.h, tem-
se (Equação 6.2):
(6.2)
onde,
Pcmed (kW)= Potência de corte medida na operação de usinagem
Tu (h)= Tempo de usinagem da ferramenta de corte
(6.3)
onde,
Ɛmáquina (kW.h)= Energia consumida pela árvore no tempo de usinagem efetiva
Ɛexaustor (kW.h)= Energia consumida pelo exaustor no tempo de usinagem efetiva
Ɛcompressor (kW.h)= Energia consumida pela compressor de ar no tempo de usinagem efetiva
A potência de corte, em CV, pode ser calculada (Pcmed) utilizando-se a equação 6.4:
(6.4)
onde,
Fcmed (Kgf)= Força de corte medida nos experimentos
vc (m/min)= Velocidade de corte do processo de usinagem
122
(6.5)
onde,
L (mm)= Comprimento usinado pela ferramenta de corte
fz (mm/dente)= Avanço por dente da ferramenta de corte
n (rot/min) = Rotações por minuto da ferramenta de corte
(6.6)
onde,
vc (m/min)= Velocidade de corte do processo de usinagem
D (mm)= Diâmetro da fresa
TABELA 6.15 - Liga de alumínio: variáveis para o cálculo da energia elétrica consumida em
relação ao tempo de usinagem do sistema de usinagem em operação.
Pcmed Pcmed Pcmed Ɛcons Ɛcons Ɛcons
Técnica de Fluido de Tumed Tumed Ɛcons total
vc (m/min) fz (mm/dente) L (m) RPM (rot./min) máquina exaustor compressor máquina exaustor compressor
aplicação corte máquina (h) compressor (h) (kW.h)
(kW) (kW) (kW) (kW.h) (kW.h) (kW.h)
Pinhão 1884 0,05 1039 12000 3,21 1,66 11,18 28,86 0,08 92,61 47,77 0,89 141,27
manso 1884 0,15 1039 12000 3,60 1,66 11,18 9,62 0,08 34,67 15,92 0,89 51,49
(vegetal)
1884 0,30 1039 12000 5,12 1,66 11,18 4,81 0,08 24,63 7,96 0,89 33,48
INUNDAÇÃO
1884 0,05 700 12000 4,30 1,66 11,18 19,44 0,08 83,70 32,18 0,89 116,78
Canola
(vegetal)
1884 0,15 495 12000 3,99 1,66 11,18 4,58 0,08 18,28 7,59 0,89 26,76
1884 0,30 237 12000 6,02 1,66 11,18 1,10 0,08 6,61 1,82 0,89 9,32
Semi- 1884 0,05 718 12000 5,66 1,66 11,18 19,94 0,08 112,95 33,01 0,89 146,85
sintético 1884 0,15 628 12000 6,12 1,66 11,18 5,81 0,08 35,61 9,62 0,89 46,13
(mineral) 1884 0,30 456 12000 7,66 1,66 11,18 2,11 0,08 16,17 3,49 0,89 20,56
Pinhão 1884 0,05 200 12000 2,78 1,66 11,18 5,56 0,44 15,46 9,19 4,97 29,63
manso 1884 0,15 200 12000 3,19 1,66 11,18 1,85 0,15 5,90 3,06 1,66 10,62
(vegetal)
1884 0,30 180 12000 4,01 1,66 11,18 0,83 0,07 3,34 1,38 0,75 5,46
1884 0,05 160 12000 4,14 1,66 11,18 4,44 0,36 18,42 7,36 3,98 29,75
MQL
Canola
(vegetal)
1884 0,15 110 12000 3,49 1,66 11,18 1,02 0,08 3,55 1,69 0,91 6,15
1884 0,30 60 12000 4,62 1,66 11,18 0,28 0,02 1,28 0,46 0,25 1,99
Semi- 1884 0,05 178 12000 5,36 1,66 11,18 4,94 0,40 26,49 8,18 4,42 39,10
sintético 1884 0,15 160 12000 5,98 1,66 11,18 1,48 0,12 8,85 2,45 1,33 12,63
(mineral) 1884 0,30 110 12000 6,35 1,66 11,18 0,51 0,04 3,24 0,84 0,46 4,53
Energia consumida
Fresamento liga de alumínio ap= 2,88 mm ae= 75% vc= 1884 m/min
fz= 0,05 mm/dente
160,00
140,00
100,00
80,00 INUNDAÇÃO
60,00 MQL
40,00
20,00
0,00
Pinhão manso Canola (vegetal) Semi-sintético
(vegetal) (mineral)
Energia consumida
Fresamento liga de alumínio ap= 2,88 mm ae= 75% vc= 1884 m/min
fz= 0,15 mm/dente
60,00
50,00
Consumo de energia (kW.h)
40,00
30,00 INUNDAÇÃO
MQL
20,00
10,00
0,00
Pinhão manso Canola (vegetal) Semi-sintético
(vegetal) (mineral)
Energia consumida
Fresamento liga de alumínio ap= 2,88 mm ae= 75% vc= 1884 m/min
fz= 0,30 mm/dente
40,00
35,00
Consumo de energia (kW.h)
30,00
25,00
20,00 INUNDAÇÃO
15,00 MQL
10,00
5,00
0,00
Pinhão manso Canola (vegetal) Semi-sintético
(vegetal) (mineral)
TABELA 6.16 - FOFO cinzento: variáveis para o cálculo da energia elétrica consumida em
relação ao tempo de usinagem do sistema de usinagem em operação.
Pcmed Pcmed Pcmed Tumed Ɛcons Ɛcons Ɛcons Ɛcons
Técnica de Fluido de vc RPM Tumed
fz (mm/dente) L (m) máquina exaustor compressor máquina máquina exaustor compressor total
aplicação corte (m/min) (rot./min) compressor (h)
(kW) (kW) (kW) (h) (kW.h) (kW.h) (kW.h) (kW.h)
0,1 11,4 860 0,48 1,66 11,18 2,21 0,08 1,05 3,66 0,89 5,61
Pinhão 135
0,4 20,52 860 0,69 1,66 11,18 0,99 0,08 0,68 1,65 0,89 3,22
manso
(vegetal) 0,1 9,12 1274 0,56 1,66 11,18 1,19 0,08 0,66 1,97 0,89 3,53
200
0,4 31,92 1274 0,77 1,66 11,18 1,04 0,08 0,81 1,73 0,89 3,43
INUNDAÇÃO
0,1 11,4 860 0,51 1,66 11,18 2,21 0,08 1,13 3,66 0,89 5,68
135
Canola 0,4 20,52 860 0,63 1,66 11,18 0,99 0,08 0,63 1,65 0,89 3,17
(vegetal) 0,1 9,12 1274 0,50 1,66 11,18 1,19 0,08 0,60 1,97 0,89 3,46
200
0,4 15,96 1274 0,65 1,66 11,18 0,52 0,08 0,34 0,86 0,89 2,10
0,1 11,4 860 0,48 1,66 11,18 2,21 0,08 1,06 3,66 0,89 5,61
Semi- 135
0,4 20,52 860 0,65 1,66 11,18 0,99 0,08 0,64 1,65 0,89 3,18
sintético
(mineral) 0,1 9,12 1274 0,51 1,66 11,18 1,19 0,08 0,61 1,97 0,89 3,48
200
0,4 25,8 1274 0,67 1,66 11,18 0,84 0,08 0,56 1,40 0,89 2,86
0,1 11,4 860 0,48 1,66 11,18 2,21 1,75 1,06 3,66 19,52 24,23
Pinhão 135
0,4 45,32 860 0,70 1,66 11,18 2,20 1,73 1,54 3,63 19,40 24,57
manso
(vegetal) 0,1 11,4 1274 0,55 1,66 11,18 1,49 1,18 0,82 2,47 13,17 16,46
200
0,4 31,92 1274 0,70 1,66 11,18 1,04 0,82 0,73 1,73 9,22 11,68
0,1 6,84 860 0,48 1,66 11,18 1,33 1,05 0,64 2,19 11,71 14,54
135
MQL
Canola 0,4 20,52 860 0,58 1,66 11,18 0,99 0,79 0,58 1,65 8,78 11,00
(vegetal) 0,1 6,84 1274 0,52 1,66 11,18 0,89 0,71 0,47 1,48 7,90 9,85
200
0,4 25,8 1274 0,63 1,66 11,18 0,84 0,67 0,53 1,40 7,45 9,38
0,1 9,12 860 0,47 1,66 11,18 1,77 1,40 0,84 2,93 15,61 19,38
Semi- 135
0,4 36,48 860 0,65 1,66 11,18 1,77 1,40 1,15 2,93 15,61 19,69
sintético
(mineral) 0,1 9,12 1274 0,54 1,66 11,18 1,19 0,94 0,64 1,97 10,54 13,15
200
0,4 29,36 1274 0,83 1,66 11,18 0,96 0,76 0,79 1,59 8,48 10,87
AUMENTO DO AVANÇO
25,00 25,00
Consumo de energia (kW.h)
5,00 5,00
0,00 0,00
Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral) Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral)
16,00 16,00
Consumo de energia (kW.h)
14,00 14,00
Consumo de energia (kW.h)
12,00 12,00
10,00 10,00
INUNDAÇÃO INUNDAÇÃO
8,00 MQL 8,00 MQL
6,00 6,00
4,00 4,00
2,00 2,00
0,00 0,00
Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral) Pinhão manso (vegetal) Canola (vegetal) Semi-sintético (mineral)
1 2
1 2
Salienta-se que não existe exatidão na medição do peso dos cavacos, mas esta
informação subjetiva aponta para a dificuldade encontrada na retirada de cavacos da zona de
corte com a técnica de aplicação por MQL, uma informação que prejudica o alcance de
sistemas produtivos que visam a diminuição de energia e, consequentemente, sistemas
produtivos sustentáveis.
128
A) Situação causada pelo resíduo do fluido com partículas de material que ficam aderidos as partes internas da
máquina-ferramenta, numa usinagem de 10 minutos com INUNDAÇÃO.
B) Situação causada pelo resíduo do fluido com partículas de material que ficam aderidos às partes internas da
máquina-ferramenta, numa usinagem de 10 minutos com MQL.
Nenhuma quantidade de
líquido observado para coleta
FIGURA 6.28 - Ensaio de coleta de fluido de corte com MQL após 3 horas de funcionamento
contínuo da máquina-ferramenta.
700
600
500 Pinhão manso (vegetal)
400 Canola (vegetal)
300
Semi-sintético (mineral)
200
100
0
23,0±3 ͦC 93,5±1 ͦC 24,0±3 ͦC
Temperatura
FIGURA 6.29 - Teores de espuma resultantes, conforme teste por norma ASTM D892.
Esta comparação pontual expõe que a relação entre a técnica de aplicação de fluido de
corte por MQL e inundação é de + 0,8/1 litros no mesmo tempo de trabalho, sendo que o
fluido com a técnica de aplicação por inundação ainda pode ser reciclado. No caso específico,
133
a técnica de aplicação de fluido de corte por MQL consome menos fluido na mesma unidade
de tempo, mas sem a possibilidade de reciclagem, sendo um fator contrário ao que estabelece
a manufatura sustentável.
85
inundação
80
75 MQL
70
Limite de intensidade de ruído
permitido por 8 horas de
65
trabalho
60
0,05 0,15 0,30
Avanço da ferramenta (mm/dente)
INUNDAÇÃO
85
80 MQL
75
Limite de intensidade de ruído
permitido por 8 horas de
70 trabalho
65
60
fz= 0,1 mm/dente fz= 0,4 mm/dente fz= 0,1 mm/dente fz= 0,4 mm/dente
vc= 135 m/min vc= 135 m/min vc= 200 m/min vc= 200 m/min
Vale ressaltar que em nenhuma das condições aplicadas neste experimento foi
ultrapassado o valor limite estabelecido em norma (limite de 85 dBA em 8 horas de
trabalho/dia, conforme norma MTB 3.2141/78 NR-15). No entanto, a técnica de aplicação de
fluido de corte com MQL apresentou os maiores valores de intensidade de ruído, chegando
bem próximo do limite aceito por normas ambientais. Este fato já era esperado, apontando
para a necessidade eventual, em operações mais severas e do enclausuramento da máquina-
ferramenta, o que aumenta os custos de instalação e aquisição do equipamento.
Pela dificuldade típica de manutenção dos fluidos de corte em ambientes fabris, é
comum no chão de fábrica a proliferação de micro-organismos (STEHLIK, 2009; SOUZA et
al., 2010). A névoa causada pela utilização de fluidos de corte nos processos de usinagem tem
sido um dos grandes causadores de doenças ocupacionais nos operadores, principalmente
doenças respiratórias, dermatites e até doenças cancerígenas. Desse modo, outro fator
avaliado foi a geração de névoa no processo de usinagem com os fluidos deste experimento.
Numa primeira análise para identificação da quantidade de cada elemento capturado
na membrana de coleta de amostra de névoa, os resultados foram negativos para todos os
fluidos de corte, sugerindo que este resultado não expressava a realidade, tendo em vista que
as amostras não foram solúveis no solvente determinado pela metodologia. Por isso, realizou-
se uma nova coleta, empregando outra metodologia, a qual utilizava a gravimetria (NIOSH,
1996). Neste caso, o processo é inespecífico em relação aos elementos captados na
membrana, mas específico na quantidade, sendo aplicado para todos os tipos de fluidos.
Com isto, a Tabela 6.19 explicita os resultados obtidos na análise da quantidade de
névoa coletada em relação à técnica de aplicação e ao tipo de fluido de corte.
horas, sendo considerado o ambiente fabril insalubre para a utilização de fluido de corte. Os
menores valores de partículas suspensas no ar em forma de névoa foram conseguidas na
técnica de aplicação de fluido de corte por inundação, ficando dentro do limite especificado
em norma.
Ressalta-se que a concentração de névoa no interior de ambientes fabris para as
operações de usinagem mais conhecidas pode variar, dependendo do tipo de operação, de 0,07
a 110 mg/m3, porém valores de concentração em torno de 10 a 15mg/m3 já indicam péssimas
condições do ar no local de trabalho (QUEIROZ, 2001).
O câncer é um dos inconvenientes de alto risco que pode resultar da conjugação de
diversos fatores, principalmente devido à ação dos compostos químicos presentes na
composição dos fluidos de corte ou em decorrência de subprodutos de reações entre o
material da peça, a ferramenta e o fluido de corte (DIAS, 2000; QUEIROZ, 2001).
Com este resultado e para diminuir o impacto social causado pela geração de névoa,
fica corroborada a necessidade de enclausuramento do equipamento em operação, o uso de
exaustores externos, se utilizada a técnica de aplicação de fluido de corte por MQL.
Esta gama de experimentos e resultados teve a intenção de demonstrar a dificuldade de
avaliação da melhor condição de controle quando são relacionados aos princípios da
manufatura sustentável e como a mudança de apenas uma variável influencia, por exemplo, na
vida útil da ferramenta, na quantidade de fluido utilizado, no tempo de processo, no consumo
de energia e na exposição do operador a situações de risco por doenças ocupacionais.
No Capítulo 5, foi proposta e explicitada a geração de um método que facilitasse a
análise para os engenheiros industriais a respeito de quais variáveis de processos produtivos
industriais devem sofrer interferência e/ou maior atenção para que se alcançe os princípios da
manufatura sustentável. Neste capítulo, relatou-se os experimentos realizados a partir dos
achados quanto ao que o Estado da Arte da Sociedade e da revisão bibliográfica apontavam.
O capítulo a seguir aplica e avalia os resultados encontrados para a avaliação da eficácia do
Método (MAIS) proposto.
136
Tabela 7.3 – Análise e forma de valoração dos indicadores individuais adotadas para esta
pesquisa.
ITEM INDICADOR INDIVIDUAL ANÁLISE E FORMA DE VALORAÇÃO
ASPECTOS TECNOLÓGICOS-ECONÔMICOS
ANÁLISE: Medição por meio do tempo de usinagem da ferramenta de corte.
Lubrificação do fluido
1 FORMA: Métrica objetiva dimensional onde o maior valor de vida útil de ferramenta vale 5
(propriedade)
e os demais valores são ponderados até zero.
ANÁLISE: Quantidade de usinagem mantendo a qualidade R a e controle dimensional
Confiabilidade do processo de exigida na peça.
2
usinagem FORMA: Métrica objetiva dimensional onde o menor valor de R a vale 5 e os demais valores
são ponderados até zero.
ANÁLISE: Tempo de usinagem com a ferramenta de corte até o desgaste V BMÁX..
3 Vida útil da ferramenta FORMA: Métrica objetiva dimensional conforme a tempo de usinagem da ferramenta de
corte, onde o maior valor vale 5 e os demais valores são ponderados até zero.
ANÁLISE: Quantidade de aditivos nos fluidos de corte.
4 Quantidade de aditivos FORMA: Métrica objetiva dimensional onde a menor quantidade de cada aditivo vale 5 em
relação a cada fluido de corte e os demais valores são ponderados até zero.
ANÁLISE: Custo da máquina-ferramenta em relação ao equipamento de lubr-refrigeração.
5 Custo da máquina-ferramenta FORMA: Métrica subjetiva dimensional conforme informação do custo de até 3
fornecedores do equipamento de lubri/refrigeração, sendo a referência a média entre os
fornecedores e o menor valor vale 5 e os demais valores são ponderados até zero.
ANÁLISE: Medição da rugosidade Ra em cada processo.
6 Qualidade da peça FORMA: Métrica objetiva dimensional onde os menores valores de Ra medidas, em cada
análise, vale 5 e os demais valores são ponderados até zero.
ANÁLISE: Medição por meio das distorções e empenamentos provocados na peça
Refrigeração do fluido (circularidade, paralelismo e retilineidade).
7
(propriedade) FORMA: Métrica subjetiva dimensional onde os menores valores vale 5 e os demais valores
são ponderados até zero.
ANÁLISE: Medição da temperatura de usinagem relacionada com a força de corte.
Geração de calor na zona de
8 FORMA: Métrica objetiva dimensional onde o menor valor de força de corte equivale a
corte
menor temperatura e, vale 5. Os demais valores são ponderados até zero.
Limpeza da máquina-ferramenta ANÁLISE: Quantidade de cavaco depositado no barramento da máquina.
9 e peça após processo (retirada de FORMA: Métrica subjetiva dimensional onde a menor quantidade de cavaco vale 5 e os
cavaco) demais valores são ponderados até zero.
ANÁLISE: Medição da quantidade de cada elemento químico-físico que compõe o fluido de
corte.
10 Composição química FORMA: Métrica objetiva dimensional direta de cada elemento químico-físico, sendo que
os menores volumes de elementos e quantidades diferentes vale 5 e os demais valores são
ponderados até zero.
ANÁLISE: Medição do custo total que envolve o processo de usinagem, num determinado
tempo considerando fluido, água, descarte e recuperação, equipamento de lubri/refrigeração,
11 Custo do processo de usinagem energia elétrica consumida pelo sistema e as ferramentas de corte.
FORMA: Métrica objetiva dimensional, sendo o menor valor de custo vale 5 e os demais
valores são ponderados até zero.
ANÁLISE: % de emulsão no fluido de corte.
12 Quantidade de emulsão FORMA: Métrica objetiva dimensional medida, sendo que a menor % de óleo na emulsão
vale 5 e os demais valores são ponderados até zero.
ANÁLISE: Tempo de duração do fluido de corte em emulsão.
13 Durabilidade do fluido FORMA: Métrica subjetiva dimensional medida onde o maior tempo de duração vale 5 e os
demais valores são ponderados até zero. Valor definido pelos consumidores.
ANÁLISE: Medição do tempo de desgaste interno da máquina-ferramenta para realizar a
manutenção preventiva.
14 Desgaste da máquina-ferramenta
FORMA: Métrica subjetiva dimensional onde o maior tempo sem manutenção na máquina-
ferramenta vale 5 e os demais valores são ponderados até zero.
ASPECTOS AMBIENTAIS
ANÁLISE: Probabilidade de contaminação do fluido de corte.
15 Contaminação do fluido FORMA: Métrica subjetiva dimensional medida pelo tempo de duração do fluido. O maior
tempo sem contaminação do fluido vale 5 e os demais valores são ponderados até zero.
Valor verificado no chão de fábrica.
ANÁLISE: % de aditivos no fluido que não causam danos ao ambiente.
16 Quantidade de aditivos FORMA: Métrica objetiva dimensional medida pela quantidade de aditivos no fluido
segundo escala de permissão de periculosidade. O menor número de aditivos sem grau de
periculosidade vale 5 e os demais valores são ponderados até zero.
139
b. Determinação de pesos
Para a determinação dos pesos utilizou-se a análise de pares, sendo estabelecido, como
referência, o grau de importância das prevalências conforme o ranqueamento da tabela 7.2.
Desta forma, respeitou-se o que foi considerado prioritário pelos pesquisadores e especialistas
apresentado na análise dos Mapas Conceituais (Tabela 7.4).
140
Tabela 7.4 - Análise de pares dos aspectos de sustentabilidade em ordem de prevalência dos
Mapas Conceituais para a determinação dos pesos dos indicadores individuais.
Item TECNOLÓGICO-ECONÔMICO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Peso
1 Custo do processo de usinagem x 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 5
2 Lubrificação do fluido (propriedade) X 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 5
3 Qualidade da peça X 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 4
4 Vida útil da ferramenta X 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4
5 Quantidade de aditivos x 5 5 5 5 5 5 5 5 5 4
6 Confiabilidade do processo de usinagem X 6 6 6 6 6 6 6 6 3
7 Custo da máquina-ferramenta x 7 7 7 7 7 7 7 3
8 Refrigeração do fluido (propriedade) X 8 8 8 8 8 8 3
9 Durabilidade do fluido X 9 9 9 9 9 3
10 Desgaste da máquina-ferramenta x 10 10 10 10 2
11 Quantidade de emulsão x 11 11 11 2
Limpeza da máquina-ferramenta e peça após
12 X 12 12 2
processo (retirada de cavaco)
13 Composição química X 13 1
14 Geração de calor na zona de corte X 1
comparou-se, par a par, a técnica de aplicação de fluido de corte por inundação em relação à
MQL, para a escolha do melhor processo segundo os princípios da manufatura sustentável.
A referência de ranqueamento adotado foi o melhor caso, para cada métrica individual
analisada, vale a pontuação 5 e o percentual da diferença é usado para valorar o indicador
individual que está sendo comparado (indicador para inundação e MQL), conforme os
critérios (Tabela 3.1) de percentuais em relação ao valor de referência.
Salienta-se que as notas zero nas tabelas de comparação dos Índices dos aspectos
relativos em avaliação foram o resultado do não alcançaram 29 % em relação aos dados de
referência dos critérios (Tabela 3.1) que o Método (MAIS) propôs.
Diante disto, para a avaliação do Índice tecnológico-econômico relativo (Itecnológico-
econômico relativo) tem-se o resultado da Tabela 7.5. Neste caso, o processo com aplicação de
inundação se mostra melhor, com significância relevante, principalmente por se tratar de
indicadores individuais que facilitam a melhor atuação da técnica de aplicação de fluido de
corte por inundação. Como exemplo, a característica de usinabilidade do material liga de
alumínio é boa, bem como a propriedade de lubrificação do fluido de base vegetal pinhão
manso.
Por certo, em busca da manufatura sustentável, existe uma boa tendência, no aspecto
tecnológico-econômico, de se utilizar a técnica de aplicação por inundação na usinagem da
liga de alumínio com o fluido de base vegetal pinhão manso, nas condições de corte de
controle desta análise, mas não se deve esquecer que se trata de um processo de múltiplos
critérios.
As notas zero na Tabela 7.5 revelam a baixa capacidade da técnica de aplicação por
MQL em potencializar as propriedades do fluido de corte, desde o aumento da vida útil da
ferramenta até a remoção do cavaco da zona de corte.
Em outra visão, a nota alcançada pela técnica de aplicação de fluido de corte por
inundação (4,71) não a caracteriza como quase sustentável, por ser apenas uma análise
pontual e par a par, mas fornece caminhos e indicações de onde intervir e o que deve ser
revisto e melhorado no processo de usinagem pelos tomadores de decisão industrial. Para a
técnica de aplicação por inundação, o avaliador deve investigar a métrica individual
relacionada ao custo da máquina-ferramenta, referente ao sistema de aplicação de fluido de
corte.
O resultado do Índice ambiental relativo (Iambiental relativo) é mostrado na Tabela 7.6.
Neste caso, percebe-se a melhor possibilidade de gerenciamento de resíduos e de
monitoramento da qualidade ambiental quando se utiliza a técnica de aplicação por
inundação. Porém, a utilização de grandes volumes de fluido de corte na técnica de aplicação
por inundação é o principal fator a ser mitigado para a diminuição do impacto ambiental. Para
a técnica de aplicação por MQL, a névoa causada, a eficiência energética e a quantidade de
resíduos de ferramentas necessitam significativas melhorias.
principalmente, pela névoa causada nos experimentos com MQL, superior à permitida por
norma de saúde ocupacional (norma NIOSH 5026). Em relação às 3 doenças avaliadas, a
tendência da técnica de aplicação de fluido de corte por inundação é causar doença de
audição; com MQL, propicía a doença de audição, de pele e respiratória, basicamente, pela
névoa de fluido que provoca. Esta névoa aumenta, neste caso, o custo operacional do
ambiente fabril devido ao maior número de doenças que pode provocar ao operador.
TABELA 7.7 - Liga de alumínio: resultado da comparação social entre técnicas de aplicação
de fluido de corte.
Valor
Indicadores individuais Produto Valor medido Produto Isocial relativo Produto Isocial relativo
PESO medido
Aspecto social REFERÊNCIA INUNDAÇÃO INUNDAÇÃO INUNDAÇÃO MQL MQL
MQL
Insalubridade ambiental 5 25 5 25 0 0
Quantidade de névoa 3 15 5 15 5,00 0 0 0,22
Impacto das doenças 1 5 5 5 2 2
Total 45 45 2
(4,71+3,83+5,00)/3= 4,51
= (3,05+2,00+0,22)/3= 1,76
Ieconômico-
tecnológico relativo
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
INUNDAÇÃO- IS= 4,51
0,00
MQL- IS= 1,76
Salienta-se que a nota zero na Tabela 7.8 para quantidade de aditivos e composição
química deve-se ao fluido de base mineral semi-sintético possuir a quantidade do elemento
químico Cloro (Cl) superior ao permitido (34 mgHCl/kg) por norma para a usinagem da liga
de alumínio aeronáutica.
145
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2005.
156
ANEXO I
A) B) C)
FIGURA A.2- Preparação corpo de prova antes do processo de faceamento; A) corpo-de-
prova bruto, B) corte do tamanho do corpo-de-prova e C) retirada de carepa.
Os corpos-de-prova foram fixados por meio de uma morsa hidráulica e antes de iniciar
o experimento, foram retiradas as carepas por meio do faceamento dos blocos para a
realização do experimento, garantido uma superfície plana e paralela ao plano X e Y da
máquina-ferramenta.
161
FIGURA B.1- Máquina-ferramenta utilizada nos ensaios com a liga de alumínio 7050T-7451
e com o ferro fundido cinzento (Centro de Usinagem ROMI D800).
FIGURA C.1- Microscópio Wild M3C utilizado para medição do desgaste de flanco V B da
ferramenta de corte.
E) Paquímetro digital
A Figura E.1 mostra o paquímetro digital com resolução de 0,01mm para a medição da
espessura dos cavacos gerados nos processos de usinagem e variáveis de processo.
F) Rugosímetro portátil
Para quantificar a qualidade dimensional e superficial das seções das peças usinadas
será utilizada uma máquina de medição por coordenadas (MMC) modelo Crystal-Apex
C7106, com erro máximo de (1,7 + 3L/1000) μm, equivalendo a uma exatidão de,
aproximadamente, 3 μm para as medições dos diâmetros (Figura G.1).
A conexão entre o sensor e o amplificador foi feita por meio do cabo de sinais modelo
1500-15B com classe de proteção IP 67.
166
A) B)
FIGURA H.3- A) Montagem dos cabos de aquisição de dados na plataforma; B)
Equipamentos para a aquisição de dados e medição dos resultados.
J) Amostrador Gravimétrico
O amostrador gravimétrico é utilizado para verificar os tipos de elementos químicos e
materiais que possuem os ambientes fabris. Possui uma bomba universal e um cassete de
polietileno responsáveis pela coleta das amostras (Figura J.1).
face do bloco de alumínio aeronáutico. Em cada face usinada foram medidas 3 valores de Ra
(esquerda, meio e direita), sendo o valor final, a média entre eles (Figura L.1).
FIGURA L.1- Posições de medição da rugosidade Ra. R1) região lado esquerdo; R2) região
do meio e R3) região lado direito.
As Tabelas M.2, M.3, M.4, M.5, M.6, M.7, M.8, M.9, M.10, M.11, M.12, M.13, M.14,
M.15 e M.16 mostram o memorial de cálculo e os valores para o levantamento do custo total
169
APÊNDICE I
CONCEITOS ELICITADOS
Aspectos Conceito Proposições
Fluido de corte deve ser 3% do custo do processo de usinagem
Impacta no processo de usinagem
Envolve durabilidade, manutenção e controle de ph do fluido
Envolve menor volatilidade do fluido
Engloba degradação substituição de fluido
Engloba a escolha, custo, preço e gestão do fluido
Relação entre processo de usinagem e durabilidade
Não se restringe a durabilidade da ferramenta de corte
Custo
Envolve maior poder de lubrificação e refrigeração
Fluido vegetal envolve aumento de custo
Envolve diminuição de retrabalho na peça
Envolve consumo de energia
Envolve desgaste da ferramenta de corte
Envolve descarte e recuperação do fluido
Envolve normas de fabricação
Deve justificar a utilização do fluido de corte
Depende do custo do fluido
Depende do descarte e recuperação do fluido
Depende dos aspectos tecnológicos, econômicos, ambientais, químicos e
biológicos do fluido
Considera o tipo de processo de usinagem
Escolha Não considera apenas a vida útil da ferramenta de corte
Depende das propriedades do fluido em relação à lubrificação e
refrigeração
Significa menor desgaste da ferramenta de corte
Para a melhora do acabamento superficial da peça
Para a melhora de rendimento do processo de usinagem
Mantém as propriedades do fluido
Depende da degradação do fluido
Durabilidade Significa menos desgaste da ferramenta de corte
Econômicos Envolve a utilização do fluido
Envolve a manutenção do fluido
É a perda de propriedades do fluido
Degradação É percebida pela cor do cavaco
É percebida pelo mau cheiro do fluido
Substituição É mais relevante na hora da escolha do fluido
Se preocupa, principalmente, com a vida útil da ferramenta de corte,
Indústria
máquinas e acessórios
Depende do controle do nível do tanque do fluido
Depende do controle do pH do fluido
Manutenção
Depende do controle da concentração do fluido
É mais relevante na hora da escolha do fluido
Gestão Voltada para a gestão do fluido
Avalia custo da ferramenta de corte
Envolve a utilização do fluido
Análise dos dados Envolve a manutenção do fluido
Envolve o sistema de exaustão da fábrica
Envolve o descarte e recuperação do fluido
Beneficia o ambiente
Perdas pelos jatos de fluido nos cavacos
Perda de fluido em forma de névoa
Recuperação
Envolve recuperação de fluido no cavaco
Envolve recuperação da névoa gerada pelo fluido
Envolve a perda de fluido na espuma
Depende da função do fluido
Utilização Depende dos benefícios do fluido
Deve justificar o custo da ferramenta de corte
Tem bom poder de lubrificação
Fluido vegetal Tem bom poder de refrigeração
Tem boa durabilidade
178
C) Artigos desenvolvidos
Esta Tese tem como foco a manufatura sustentável de produtos e processos. Considera, neste sentido, que
muitas são as informações e critérios que devem ser levados em consideração para que a produção de
bens de consumo alcance o princípio da manufatura sustentável. A contribuição desta tese é o
desenvolvimento de um Método de Avaliação do Índice de Sustentabilidade (MAIS), utilizado para medir
o grau de sustentabilidade sob os aspectos tecnológicos, econômicos, ambientais e sociais, de produtos e
processos em sistema produtivos de bens de consumo. O Método (MAIS) é baseado no conhecimento
apresentado na literatura contemporânea sobre o tema que se deseja avaliar e compara com o
conhecimento elicitado de pesquisadores e especialistas sobre esta temática, utilizando a técnica de
Mapas Conceituais. Contempla, ainda, experimentos laboratoriais baseados nas variáveis consideradas
mais importantes para a avaliação do Método de Avaliação do Índice de Sustentabilidade (MAIS), bem
como a determinação dos pesos de cada indicador individual, do grau de intensidade de cada indicador
para posterior normalização de seus valores e geração do Índice de Sustentabilidade (IS), como resultado.
Para a aplicação e avaliação do Método (MAIS) proposto utiliza-se a temática de utilização do fluido de
corte na manufatura sustentável. O Método de Avaliação do Índice de Sustentabilidade (MAIS)
desenvolvido apresenta-se como uma ferramenta metodológica versátil em relação as variáveis que se
deseja analisar e pode ser utilizado pelos tomadores de decisão dos mais diversos setores industriais, na
obtenção do grau de sustentabilidade de produtos e processos de sistemas produtivos. Fornece ainda,
informações sobre quais as variáveis devem ser analisadas e melhoradas para o alcance da manufatura
sustentável.
12.
GRAU DE SIGILO: