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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO

ANA MARIA SOARES MAIA

A ANSIEDADE DO CANDIDATO À RENOVAÇÃO DA CARTEIRA NACIONAL DE


HABILITAÇÃO FRENTE Á AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NA CIDADE DE
FORTALEZA

MACEIÓ - AL
2014
UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO

ANA MARIA SOARES MAIA

A ANSIEDADE DO CANDIDATO À RENOVAÇÃO DA CARTEIRA NACIONAL


DE HABILITAÇÃO FRENTE Á AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NA CIDADE DE
FORTALEZA

Monografia Apresentada a
Universidade Paulista/UNIP,
Como Parte dos Requisitos
Necessários Para A Conclusão
do Curso de Pós-Graduação
“Lato Sensu” Em Psicologia do
Trânsito.

Orientador:

MACEIÓ - AL
2014
ANA MARIA SOARES MAIA

A ANSIEDADE DO CANDIDATO À RENOVAÇÃO DA CARTEIRA NACIONAL


DE HABILITAÇÃO FRENTE Á AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NA CIDADE DE
FORTALEZA

Monografia Apresentada a
Universidade Paulista/UNIP,
Como Parte dos Requisitos
Necessários Para A Conclusão
do Curso de Pós-Graduação
“Lato Sensu” Em Psicologia do
Trânsito.

APROVADO EM ____/____/____

____________________________________

ORIENTADOR:

____________________________________

BANCA EXAMINADORA

____________________________________

BANCA EXAMINADORA
DEDICATÓRIA

À Deus, pelo dom da minha vida.


AGRADECIMENTOS

A Deus por se fazer presente durante toda a minha caminhada.


Ao meu pai, por seu apoio e amor incondicional.
À minha mãe, viva em meu coração.
Ao meu marido, meu grande amor e porto seguro.
À minha filha, pelo sorriso que transforma meu dia.
À minha sogra, pelo exemplo de dedicação à Psicologia.
Aos meus familiares, professores, amigos de profissão, amigos de infância,
obrigada por acreditarem nos meus sonhos.
”Foi o tempo que dedicastes à tua rosa que a
fez tão importante”

Antoine de Saint-Exupéry.
RESUMO

A sociedade moderna, principalmente os moradores das áreas urbanas, vive


sob pressão dos diversos compromissos e também das complicações impostas
pela malha urbana. A ansiedade é um dos fatores psicológicos que são
diagnosticados diante dessa realidade e, por vezes, pode se tornar
determinante na tomada de decisão diante do trânsito. Nesse contexto, esse
trabalho objetiva-se a avaliar a ansiedade e conhecimento sobre os testes de
Avaliação Psicológica (AP), aplicados pelo DETRAN, dos condutores
candidatos a renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) na cidade
de Fortaleza. O instrumento de coleta de dados foi um questionário composto
por cinco perguntas, sobre a ansiedade do candidato perante a Avaliação
Psicológica, e também sobre o conhecimento dos mesmos com relação a esse
instrumento. Os resultados apontam que os candidatos, em sua maioria, não
se consideram pessoas ansiosas (60%), mas diante dessa situação, 37%
afirmaram apresentarem medo, 23% inquietação, 17% inibição e impulsividade,
cada, e 7% insegurança, como sintomas psicológicos de ansiedade. Todos os
candidatos afirmaram considerar a AP importante para o processo de
renovação da CNH, mesmo que, 57% desses entrevistados não possuam
nenhum conhecimento sobre os testes aplicados pelo DETRAN, e também que
67% não temam ser reprovados nesse processo. Chegamos à conclusão de
que a maioria dos entrevistados não se considera ansiosos diante do processo
de renovação da CNH, e também desconhecem a importância da AP, todavia,
consideram importante o instrumento para renovação da CNH. Recomendamos
que novos trabalhos sejam realizados nessa linha de pesquisa para que se
possa avaliar o nível de conhecimento da população sobre a importância da AP
para o trânsito. É importante que também sejam desenvolvidas campanhas
educativas de educação para o trânsito no intuito de melhorar as informações
nesse âmbito.

Palavras-chave: Ansiedade, Avaliação Psicológica, Carteira Nacional de


Habilitação, Trânsito
ABSTRACT

Modern society, especially urban residents, lives under pressure from various
commitments and also the complications imposed by the urban fabric. Anxiety
is one of the psychological factors that are diagnosed before this reality and
sometimes can become decisive in decision making on the go. In this context,
this study aims to assess the knowledge and anxiety about tests of
Psychological Assessment (PA), applied by the DETRAN, candidate drivers
renewal of Driver's License (DL) in the city of Fortaleza. The data collection
instrument was a questionnaire consisting of five questions about the
candidate's anxiety before the Psychological Assessment, and also on a
knowledge of them regarding this instrument. The results show that candidates,
mostly, do not consider themselves anxious people (60%), but in this situation,
37% reported experiencing fear, anxiety 23%, 17% inhibition and impulsivity,
each, and 7% insecurity, as psychological symptoms of anxiety. All candidates
said they consider important to the process of renewal of DL PA, even though
57% of those surveyed do not have any knowledge about the tests applied by
the DETRAN, and also 67% fear not being deprecated in this process. We
concluded that the majority of respondents did not consider themselves anxious
before the renewal process of DL, and also unaware of the importance of the
AP, however, important to consider the instrument to renew the DL. We
recommend that further work be done in this line of research to be able to
assess the level of knowledge of the population about the importance of PA for
transit. It is also important that educational campaigns for traffic education in
order to improve the information in this framework are developed.

Keyword: Anxiety, Psychological Assessment, Driver's License, Traffic


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 Nível de escolaridade dos entrevistados, candidatos a


renovação da CNH......................................................................31
Gráfico 2 Profissão dos entrevistados, candidatos a renovação da
CNH..............................................................................................32
Gráfico 3 Estado civil dos entrevistados, candidatos a renovação da
CNH..............................................................................................32
Gráfico 4 Faixa etária dos entrevistados, candidatos a renovação da
CNH..............................................................................................33
Gráfico 5 Tempo de CNH dos entrevistados, candidatos a renovação da
CNH..............................................................................................34
Gráfico 6 Categoria da CNH dos entrevistados, candidatos a renovação da
CNH................................................................................................35
Gráfico 7 Opinião dos entrevistados, candidatos a renovação da CNH, a
sua ansiedade...............................................................................35
Gráfico 8 Sintomas psicológicos apresentados pelos entrevistados diante
da ansiedade...............................................................................37
Gráfico 9 Conhecimento dos entrevistados sobre os testes psicológicos
aplicados pelo Detran................................................................38
Gráfico 10 Resposta dos entrevistados a temer a reprovação na Avaliação
Psicológica....................................................................................38
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...............................................................................................11
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.........................................................................13
2.1 A Psicologia no contexto do Trânsito.....................................................13
2.2 O Trânsito...................................................................................................15
2.3 A Psicologia do Trânsito e o Exame Psicológico...................................16
2.4 Agressividade no Trânsito........................................................................20
2.5 O Trânsito em Fortaleza............................................................................25
2.6 A ansiedade na avaliação psicológica do trânsito.................................25
3. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................29
3.1Ética.............................................................................................................29
3.2Tipo de Pesquisa........................................................................................29
3.3Universo.......................................................................................................29
3.4 Sujeitos e Amostra....................................................................................30
3.5 Instrumento de Coleta de Dados..............................................................30
3.6 Procedimentos para Coleta de Dados.....................................................30
3.7 Procedimentos para Análise dos Dados.................................................30
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................31
5. CONCLUSÃO................................................................................................39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................40
ANEXO..............................................................................................................43
APENDICE........................................................................................................44
11

1. INTRODUÇÃO

Nossa sociedade é predominantemente urbana, mais da metade da


população do mundo vive em uma metrópole e, em 2050, é muito provável que
esse contingente chegue a dois terços (LINDENBERG, 2014).
Estudos indicam que memória e a atenção podem ser prejudicadas por
ambientes urbanos. Pessoas que moram em metrópoles têm maior propensão
a sofrer de ansiedade e depressão; o risco de desenvolver esquizofrenia
também aumenta consideravelmente. Pesquisas apontam que a probabilidade
de desenvolver algum transtorno emocional grave é de duas a três vezes maior
em crianças nascidas em ambiente urbano do que em parentes que vivem no
interior ou em regiões mais periféricas (LINDENBERG, 2014).
O trânsito nas áreas urbanas é bastante complexo e expõe os seus
protagonistas a níveis elevados de estresse, que por vezes causam alterações
comportamentais desses.
Na vivência das situações geradas pelo ato de transitar é despertado um
determinado nível de ansiedade nos indivíduos, que varia de acordo com cada
um, em virtude de um sentimento de perigo despertado pelas circunstâncias da
via, do veículo ou do homem (VIECILI, 2003).
A Avaliação Psicológica é um instrumento que busca identificar
distúrbios comportamentais visando diminuir a violência do trânsito através da
correção do problema ou não concessão da CNH ou renovação do condutor.
Diversas pesquisas comprovam que há um desconhecimento dos testes
utilizados pelos órgãos competentes em avaliar os fatores psicológicos dos
condutores pela população geral, condutores ou não.
No entanto, na literatura não são encontrados estudos suficientes que
relacionem a ansiedade com o processo para obtenção ou renovação da CNH.
Esta pesquisa mediu a ansiedade do candidato momentos antes do
mesmo se submeter à avaliação psicológica para fins de renovação da CNH.
Também foi avaliado o conhecimento dos candidatos à renovação da CNH com
relação aos testes psicológicos impostos pelo DETRAN no intuito de identificar
distúrbios comportamentais nos condutores ou candidatos à primeira
habilitação.
12

Adotou-se como metodologia de pesquisa a revisão de literatura,


concretizada por meio de leitura de livros, artigos, periódicos, textos e apostilas
sobre o tema. Também foi realizada, como forma de enriquecer o referencial
teórico, uma pesquisa de campo com aplicação de questionário junto a uma
população de motoristas, com o propósito de identificar características de
ansiedade.
13

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A Psicologia no contexto do Trânsito

O presente trabalho propõe-se abordar a ansiedade frente à avaliação


psicológica de candidatos à Carteira Nacional de Habilitação (CNH) como
forma de preencher uma lacuna de conhecimentos existente na área e assim
contribuir para a construção de um trânsito mais humano e seguro.
Para tal, faz-se necessário situar o momento em que a psicologia foi
aplicada ao estudo dos transportes terrestres, tendo sido inicialmente
empregada nas ferrovias e, posteriormente, à circulação sobre rodas em
meados do século XX, mais precisamente na década de 1920. Nesse período,
se deu a gestação da Psicologia científica no Brasil e foram criadas as
condições iniciais para o desenvolvimento da mesma como ciência e profissão.
A evolução da psicologia do trânsito no Brasil pode ser compreendida
em quatro grandes etapas sendo elas: o período das primeiras aplicações de
técnicas de exame psicológico até a regulamentação da psicologia como
profissão, a consolidação da Psicologia do Trânsito como disciplina científica, o
desenvolvimento da psicologia do trânsito em vários âmbitos como também
sua presença marcante no meio interdisciplinar e a aprovação do Código de
Trânsito Brasileiro (Lei 9.503, de 23/09/97) que proporcionou uma maior
sensibilização da sociedade e dos próprios psicólogos do trânsito na discussão
sobre políticas públicas de saúde, educação e segurança relacionadas à
circulação humana.
Vale ressaltar nesse contexto o setor de transportes como origem do
campo de atuação da psicologia do trânsito, sendo esse um dos primeiros
setores do mundo social do trabalho em que houve a aplicação da Psicologia,
realizada ainda por profissionais não especializados, mas precursores neste
tipo de empreendimento onde se pode destacar a figura do engenheiro Roberto
Mange na seleção e orientação de ferroviários, em São Paulo, que se
constituiu num marco potencial ao desenvolvimento da Psicologia do Trânsito.
14

O ano de 1962 marcou a história da psicologia do trânsito, pois a partir


desse momento uma lei federal tornou obrigatória a realização de exame
psicotécnico por todas as pessoas que requisitassem a carteira de motorista.
Desde então, a avaliação psicológica no contexto do trânsito tem sido o centro
de várias discussões que visam estudar os procedimentos e instrumentos que
vêm sendo empregados para avaliação de candidatos à carteira de habilitação.
Desde seu início, o processo de avaliação psicológica para o trânsito foi
designado "Exame psicotécnico", entretanto, a partir da publicação do novo
Código Brasileiro de Trânsito de 1998, a expressão foi substituída por
"Avaliação psicológica pericial".
De acordo com a resolução CONTRAN nº 168/2004, a avaliação
psicológica é sempre uma exigência: na obtenção da CNH, na renovação da
mesma, caso o condutor exerça serviço remunerado de transporte de pessoas
ou bens, na substituição do documento de habilitação obtido em país
estrangeiro; ou, ainda, por exigência do perito examinador.
A partir de então, importantes mudanças ocorreram em relação à
capacitação do profissional para trabalhar na área. Entre elas destaca-se o fato
de as avaliações passarem a ser realizadas somente por psicólogos que
possuíssem curso de capacitação específico para a função de perito
examinador de trânsito com carga horária mínima de 120 horas/aula. Essas
mudanças têm feito com que essa área venha se firmando, cada vez mais,
como uma especialização da psicologia.
O DETRAN é parte integrante do Sistema Nacional de Trânsito e foi
criado em 21 de setembro de 1966 pelo Decreto-lei 5.108 que instituiu o
segundo Código Nacional de Trânsito. Em 23 de fevereiro de 1967, aquele
decreto foi alterado pelo Decreto-lei nº 237, sendo efetivamente regulamentado
em 16 de janeiro de 1968, por meio do Decreto-lei 62.127. Devido essa nova
organização do sistema de trânsito, cada estado brasileiro procedeu à criação
do seu DETRAN, seja pela estruturação do serviço que anteriormente não
existia, seja pela reestruturação do serviço administrativo de trânsito existente
(segue algumas denominações antigas dos serviços de trânsito dos estados:
Diretoria do Serviço de Trânsito em São Paulo, Serviço de Trânsito no Rio de
Janeiro, Departamento do Serviço de Trânsito no Paraná, Serviço Estadual de
15

Trânsito em Belo Horizonte). Esta modificação ocorreu na maioria dos estados


nas décadas de 1960 e 1970.
De acordo com aquela regulamentação, os Departamentos de Trânsito
deveriam dispor de uma série de serviços a fim de realizar suas atribuições,
dentre eles o serviço médico e psicotécnico. Esta exigência reconheceu a
importância dos fatores psicológicos na segurança viária, principalmente para
serem avaliados no processo de habilitação; além do mais, ampliou o mercado
de trabalho para o psicólogo, cuja profissão havia sido regulamentada em
1964.
Os Departamentos de Trânsito (DETRANs) assumiram, e ainda
assumem, um importante papel na institucionalização e expansão da psicologia
brasileira enquanto profissão, ao abrir espaço para o trabalho dos psicólogos e,
mais recentemente, por meio do credenciamento de profissionais e clínicas de
psicologia terceirizadas, devido ao aumento da demanda pela carteira de
habilitação. Em função disso, poucos estados possuem atualmente apenas
uma clínica conveniada (p.ex., Rio Grande do Norte e Ceará) e/ou os próprios
psicólogos dos DETRANs realizam a avaliação psicológica.
É importante ressaltar que o século XXI apresenta-se como um período
onde se faz urgente a construção de novas referências e pesquisas
cientificamente comprometidas para que a psicologia possa progredir nas
questões relativas à circulação humana.

2.2 O Trânsito

A psicologia do trânsito é uma "área da psicologia que investiga os


comportamentos humanos no trânsito, os fatores e processos externos e
internos, conscientes e inconscientes que os provocam e o alteram" (Conselho
Federal de Psicologia, 2000, p. 10).
Ferreira (1986) compreende trânsito como “movimento, circulação,
afluência de pessoas ou de veículos; tráfego” (p.1702). De acordo com
Rozestraten (1988), o sistema de trânsito funciona por uma série bastante
extensa de normas e construções e é composto de vários subsistemas, dentre
16

os quais se destaca: o homem, a via e o veículo. O homem é o sistema mais


complexo e, portanto, tem maior chance de desorganizar o sistema como um
todo.
Plonka (2000) aponta o trânsito como um sistema muito abrangente para
ser trabalhado de forma tão restrita e com atuações superficiais. O tema deve
ser aprofundado não somente por psicólogos atuantes na área do trânsito, mas
por todos os psicólogos, levando-se em consideração que essa área se
relaciona com diversas outras da psicologia como a área clínica, a área
organizacional, a área social/comunitária e a área escolar.

2.3 A Psicologia do Trânsito e o Exame Psicológico

Rozestraten (1988) afirma que a metodologia usada no estudo da


psicologia do trânsito é científica à medida que procura descobrir relações
existentes entre estímulos e comportamentos. O autor indica que a obtenção
do grau de veracidade científica depende principalmente de três fatores: o grau
de controle que se tem sobre os estímulos; a relação que o estímulo tem com a
realidade do trânsito e o tamanho da amostra e sua adequação em relação ao
problema estudado. Segundo o autor, o acidente pode ser visto como o mote
para o estudo da psicologia do trânsito. O comportamento humano é o principal
propiciador dos acidentes de trânsito, por isso, convém estudar as causas de
seu mau funcionamento e quais as ações que podem levar a um
desajustamento do sistema homem-veículo-via, como a ansiedade por
exemplo.
Alchiere (1999) cita que o exame psicológico no trânsito para obtenção
de carteira de motorista sempre foi obrigatório e, para a maioria das pessoas,
esse exame é sinônimo de psicotécnico. O autor esclarece que o primeiro
registro de obrigatoriedade nos exames psicológicos foi na avaliação para o
ingresso nas forças armadas de oficiais alemães, em 1927.
De acordo com o autor supracitado, há uma diferença entre exame
psicotécnico e avaliação psicológica. O primeiro traz uma definição de “uma
forma de avaliação psicológica obrigatória, presente nas seleções de pessoal,
17

nos concursos públicos e nos exames psicológicos para obtenção da CNH”.


Por sua vez, a avaliação psicológica é definida por Alchiere (1999) como sendo
“associada ao trabalho clínico e diagnóstico limitada na grande maioria dos
casos numa atividade individual” (p. 208). O termo psicotécnico tende a ser
substituído por avaliação psicológica.
Campos (1951) assinala que na história da psicologia há tentativas de
atenuar os acidentes de trânsito com o emprego da seleção por meio de testes
psicológicos. A primeira experiência nesse intuito foi realizada em 1912 pelo
alemão Hugo Munsterberg, radicado nos Estados Unidos. Paulatinamente, os
métodos de seleção foram aperfeiçoados por Tramm na Alemanha, Lahy na
França, Mira na Espanha e Viteles nos Estados Unidos.
É importante, entretanto atentar para o que assevera Hantower (1986)
quando afirma que “nem todos os motoristas que se envolvem em acidentes
com falhas humanas apresentam traços que podem ser detectados em testes
psicológicos” (p.26). A autora comenta que a avaliação psicológica só é capaz
de localizar pessoas claramente inaptas para dirigir, pois os testes não
permitem avaliações precisas e só podem eliminar (temporariamente)
candidatos no extremo da curva de aptidão.
Torna-se, portanto, indispensável refletir acerca das condições em que
os testes têm sido aplicados atualmente nos mais diversos espaços onde se
fazem presentes. Alves (1999) menciona a má qualidade dos exames
realizados, em que os testes não são aplicados em condições ambientais
favoráveis, os aplicadores não são psicólogos ou estagiários de psicologia e há
erros na aplicação dos mesmos. Weschler (1999) afirma:

Infelizmente, muitos psicólogos responsabilizam à


situação econômica do país ao se submeterem a
condições pouco éticas na prática do exame
psicotécnico. Vários exemplos podem ser dados destas
condições, como o uso de instrumentos fotocopiados ou
deteriorados, ambientes e mobiliários inadequados para
uma avaliação psicológica etc. Mais grave ainda é
quando o psicólogo aceita a situação de delegar a tarefa
da avaliação psicológica para outra pessoa que não
possua a formação em psicologia, o que desvaloriza
totalmente a prática da profissão e traz danos
irremediáveis para a vida do indivíduo avaliado”.
(Weschler, 1999, p. 231 e 232)
18

A mesma opinião é compartilhada por Hatakka (2003) quando aponta a


existência de incertezas acerca dos ganhos em segurança, garantia de
qualidade e quanto à efetividade e validade de tal atividade psicológica, já que
uma das dificuldades da área diz respeito aos poucos estudos que são
realizados, principalmente no que se refere aos instrumentos psicológicos
utilizados no contexto do trânsito, não específicos para esse fim. Santos (2011)
aponta, com respeito à avaliação psicológica, as várias críticas referentes à
forma como podem ser realizadas, minimizando ou até desconsiderando o
impacto que causam nas pessoas a ela submetidas, sendo essa ideia de
incerteza associada a falta de controlabilidade vinculadas à avaliação
psicológica no trânsito uma razão para o aumento da ansiedade dos
candidatos ao se submeterem à mesma. Apesar de os instrumentos utilizados
para a avaliação pericial terem recebido um parecer favorável do CFP,
determinado pela Resolução no 025/2001, esse fato isolado não é suficiente
para garantir que esses instrumentos tenham validade para o contexto
específico do trânsito, conforme enfatiza Wechsler (2001) ao afirmar que testes
psicológicos têm sido utilizados na área de seleção de motoristas, mas não têm
caminhado junto à pesquisa e produção de material para esse uso. A
dificuldade em realizar essa avaliação de forma confiável ocorre, segundo
Rozestraten (2000), em parte pelo fato de que o psicólogo de trânsito é
considerado muitas vezes como mero aplicador de testes, enquanto deveria,
pelo menos, questionar a fidedignidade e validade desses instrumentos em
relação ao motorista.
Sampaio e Nakano (2011) consideram como princípio o fato de que
conduzir um veículo não é um direito do cidadão, mas uma concessão, que
pode ser feita desde que ele atenda a diversos critérios, como ter condições
físicas e características psicológicas adequadas às categorias da Carteira
Nacional de Habilitação (conforme a complexidade e o tipo de veículo),
conhecer as leis de trânsito e ter noções de mecânica e domínio veicular
(Governo Federal, 1998). Nesse contexto, as investigações dos fenômenos
psicológicos, ou seja, tanto das capacidades gerais como das específicas do
indivíduo, são de suma importância, pois facilitam indicadores que auxiliam o
processo de tomada de decisões em relação às condições que determinam se
o sujeito encontra-se apto ou inapto para dirigir naquele dado momento.
19

Considerando esse fato, uma dificuldade observada pelos profissionais


que utilizam a avaliação psicológica no trânsito refere-se à falta de critérios
para considerar um candidato apto, inapto ou mesmo temporariamente inapto
(LAMOUNIER; RUEDA, 2005). Tal situação deriva da inexistência de um perfil
claramente definido para a função do motorista. Gerhard (2003) corrobora essa
percepção afirmando que, se existisse um perfil definido que apontasse a
propensão a acidentes, "deveríamos ser capazes de responder a uma simples
questão: quais seriam as características peculiares dos motoristas propensos a
acidentes?". Contudo, esse questionamento, até o momento, continua sem
resposta. Nesse sentido, Risser (2003) salienta que o caminho de validação
desse processo passaria pela definição de como os motoristas deveriam se
comportar (imaginar algo como um "perfil", semelhante ao "perfil profissional"
produzido na psicologia do trabalho), verificando posteriormente se as pessoas
testadas se comportam de acordo com esse perfil e se esse comportamento é
eficiente em relação aos acidentes (de forma que as pessoas com resultados
satisfatórios nos testes deveriam ter bom êxito em relação a não se envolver
em acidentes). Risser (2003) ainda coloca uma questão, para ele difícil de
responder: "um bom desempenho no diagnóstico e seleção de motoristas
teoricamente aumenta a segurança no trânsito e um desempenho ruim tem
influência negativa sobre a segurança no trânsito?". Seguindo o mesmo
raciocínio, Aberg (2003) ainda discute se seria possível identificar pessoas
perigosas com base nas informações obtidas por testes e, supondo que isso
seja possível, questiona se essa informação pode ser usada para ações
preventivas em nível individual.
Duarte (2011) propõe, nesse caso, pesquisar o perfil psicológico de
condutores que cometem muitas infrações, ou que se envolvem
sistematicamente em acidentes, e contrastá-lo com o perfil dos motoristas cujo
comportamento no trânsito pode ser considerado exemplar.
Ao pesquisarem variáveis de personalidade relacionadas a acidentes de
trânsito, como mudanças de vida, subjetividade, estresse físico, agressão,
ansiedade e abuso de álcool, Selzer e Vinokur (1974) concluíram que o único
fator de correlação altamente significativo foi a agressão, embora tenham
identificado outros fatores, tais como mudanças de vida e estresse, com
correlações também significativas. “Para autores de orientação psicanalítica, o
20

automóvel é um instrumento autodestruidor ideal, sobretudo para os indivíduos


que pretendem camuflar sua motivação suicida” (Dotta, 1998, p.83). Quando
um motorista dirige seu veículo em velocidade acima do permitido, está
cometendo uma infração considerada gravíssima e que o torna suscetível a
sofrer algum tipo de acidente. Esse motorista geralmente está consciente dos
riscos que corre, mas, provavelmente, não está consciente dos motivos
inconscientes, que o levam a correr esse risco.

2.4 Agressividade no Trânsito

Minicucci (s.a) aponta que a agressividade, sob um olhar psicanalítico,


apresenta elementos inconscientes que envolvem sentimento de autopunição e
que podem, como fator de personalidade, predispor a pessoa a acidentes.
Nesse sentido, o desejo de destruir um carro pode representar o próprio desejo
de destruir-se. Daí a relevância de se pensar acerca dos critérios utilizados na
escolha dos testes que serão aplicados nos candidatos à carteira de
habilitação. Duarte (2011) instiga a inquietação que ronda essa problemática
questionando: serão os testes psicológicos atualmente utilizados sensíveis
suficientes para detectar essas condutas? São eficazes e eficientes esses
instrumentos psicológicos aplicados para avaliação psicológica na obtenção da
Carteira Nacional de Habilitação? Ou são essas exigências meras
formalidades?
Silva (2008) apresenta a resolução CONTRAN Nº 267, de 15 de
fevereiro de 2008, que revogou a resolução nº 080/94 e que indica seis
processos psíquicos que devem ser aferidos por métodos e técnicas
psicológicas, a saber: tomada de informação, processamento de informação,
tomada de decisão, comportamento, auto avaliação do comportamento e traços
de personalidade. Podem ser utilizadas técnicas e instrumentos, tais como
entrevistas diretas e individuais, testes psicológicos, dinâmicas de grupo,
escuta e intervenções verbais. Ao final do processo, o candidato poderá ser
considerado apto, quando apresentar desempenho condizente para a
condução de veículo automotor, inapto temporário, quando não apresentar
21

desempenho condizente para a condução de veículo automotor, porém,


passível de adequação, ou, ainda, inapto, quando não apresentar desempenho
condizente para a condução de veículo automotor. A referida resolução
ressalta ainda que todos os documentos utilizados na avaliação psicológica
deverão ser arquivados conforme determinação do CFP.
Esse autor aponta que o impacto dessa resolução pode ser observado,
por exemplo, em algumas mudanças na nomenclatura dos processos psíquicos
avaliados, no aumento da carga horária do curso de Capacitação para
Psicólogo Perito Examinador de Trânsito, nos requisitos necessários ao
credenciamento junto aos DETRANS e, também, na expressão do resultado da
avaliação psicológica.
Em uma tentativa de solucionar a dificuldade da inexistência de um perfil
descritor do motorista, o Conselho Federal de Psicologia (2000, p. 3), com a
Resolução CFP no 012/2000, realizou uma tentativa de sistematização mais
objetiva das características do condutor que é submetido à avaliação pericial,
embora reconhecendo "a impossibilidade de estabelecer um perfil diferenciado
para condutores amadores e profissionais, o que será objeto de investigações
futuras". Nessa resolução, ficou determinado que o perfil psicológico do
candidato à CNH e do condutor de veículos automotores deve considerar: nível
intelectual capaz de analisar, sintetizar e estabelecer julgamento diante de
situações problemáticas (somente para as categorias C, D e E), nível de
atenção capaz de discriminar estímulos e situações adequados para a
execução das atividades relacionadas à condução de veículos, nível
psicomotor capaz de satisfazer as condições práticas de coordenação entre as
funções psicológicas e audiovisiomotoras, personalidade, respeitando as
características de adequação exigidas por cada categoria e nível psicofísico,
considerando a possibilidade de adaptação dos veículos automotores para os
deficientes físicos. Nota-se que a resolução citada não determina quais seriam
esses "níveis capazes" e não faz menção aos pontos de corte que deveriam
ser adotados (SAMPAIO; NAKANO, 2011).
Christ (2003) apoia que os padrões de desempenho estabelecidos
devem se ajustar de acordo com a atividade que o motorista irá realizar: dirigir
sem passageiros exige menos do que dirigir um ônibus de transporte coletivo,
de modo que atender a padrões de desempenho não seria, no entanto, uma
22

precondição suficiente para dirigir adequadamente. Essas precondições


resultariam, para o autor, de uma rede complexa que envolve capacidades,
atitudes e hábitos, de forma que um procedimento de seleção deveria também
buscar avaliar os riscos de segurança que resultam dessas interações.
De acordo com Christ (2003), essas complexas interações dificilmente
são totalmente definidas por coeficientes matemáticos fornecidos pelos testes,
mas estes se tornam úteis na medida em que auxiliam no estabelecimento de
uma suposição detalhada sobre o que é importante para um comportamento
adequado. Como exemplo cita o fato de que os testes psicológicos de
desempenho e os testes de personalidade são uma boa fonte de informação,
uma vez que uma personalidade bem equilibrada é um alicerce para um
comportamento adequado em geral e também no trânsito.
Entretanto, outros autores chamam a atenção para o fato de que poucos
estudos levam a uma comprovação de que uma pessoa com determinado traço
de personalidade vai necessariamente apresentar esses comportamentos no
trânsito, de maneira que a utilização desses instrumentos também não tem um
caráter preditivo de envolvimento dessas pessoas em acidentes de trânsito
(Rozestraten, 2000). Opinião similar é defendida por Silva e Alchieri (2007) ao
afirmarem que as pesquisas sobre a personalidade de motoristas são escassas
e superficiais, de forma que um avanço na área só será possível por meio dos
seguintes fatores: desenvolvimento de melhores instrumentos de avaliação e
de “perfil de motoristas”, amostra mais representativa da população investigada
e ação conjunta ou parcerias entre instituições de ensino, responsáveis pelo
transporte coletivo e individual e empresas de transporte.
Os problemas que envolvem a escassez de estudos sobre a utilização
dos testes psicológicos não são os únicos. Os obstáculos advindos da falta de
adequação dos instrumentos, em razão principalmente da carência de
pesquisas que comprovem sua eficácia nesse contexto, é outro fato que tem
chamado a atenção nas análises sobre a avaliação no contexto do trânsito.
Segundo Silva e Alchieri (2008) a composição da amostra apresenta-se
inadequada, já que a maior parte dos estudos desenvolvidos baseia-se em
amostras de candidatos à habilitação apenas, isto é, de pessoas não
habilitadas. Essa verificação levanta um questionamento: "Como avaliar os
candidatos a condutores com base em uma tabela cujos dados foram obtidos
23

com pessoas não habilitadas?". Segundo esses autores, há poucas referências


acerca de motoristas profissionais, motoristas acidentados, infratores e
motoristas já habilitados, mas não profissionais. Hatakka (2003) ratifica essa
preocupação e acrescenta que os efeitos e as predições levados em
consideração não deveriam ser limitados somente por relações com acidentes,
como é feito na maioria dos estudos internacionais. Para o autor, os acidentes
não podem ser usados como medidas precisas por causa principalmente de
questões como sub-registros e a qualidade não satisfatória dos bancos de
dados. De acordo com Risser (2003), o critério de acidente não seria válido e
fidedigno por si só.
Outro ponto fundamental diz respeito à teoria que embasa o instrumento
psicológico. Adánez e Oakland (1999) ressaltam que o início de um
instrumento é caracterizado pela teoria que o embasa, que sustenta sua ação e
dá sentido à interpretação que se faz de seus resultados. Alchieri e Noronha
(2011) asseguram ainda que sem representar uma definição teórica, os
resultados de um teste serão simplesmente números absolutos, sem
interpretação psicológica. Assim, um ponto crucial na leitura de um manual de
teste é a exposição da revisão teórica do fenômeno psicológico que o autor ou
a editora apresentam.
Alchieri e Noronha (2011) acrescentam que sem conhecer as teorias e
suas recentes avaliações o profissional fica impotente diante do resultado da
avaliação e não pode realmente ter certeza sobre o que o teste está medindo.
Sob essa mesma perspectiva deve ser reconhecida a validade do teste.
Os autores supracitados discorrem que a validade é a maneira de
compararmos a medida obtida de outra forma com aquela resultante do teste
que empregamos. Assim, quando um teste é construído o autor deve
prioritariamente definir o que ele está pretendendo avaliar, ao que se denomina
validade de construto, caracterizar o que está medindo neste conceito, que é a
validade de conteúdo, e, por fim, como ele opera a comparação desta medida
com outro indicador, a validade de critério.
Eles prosseguem expondo que outro ponto a ser analisado para que se
utilize um determinado teste em uma dada avaliação é o grau com que ele
mede sem variar na medida. A essa propriedade dá-se o nome de
fidedignidade. Ela se refere a estabilidade que o teste tem em manter o seu
24

resultado depois de um certo tempo. Vale ressaltar que todos os testes devem
apresentar esses indicadores (validade e precisão) e as estratégias ou formas
empregadas pelo autor para sua avaliação. Sem esses critérios não é possível
dizer se o teste difere de qualquer outro, como por exemplo, daqueles
apresentados habitualmente em revistas.
Por fim, Alchieri e Noronha (2011) destacam a padronização do
instrumento, ou seja, as condições padronizadas na pesquisa pelo autor e
definidas para a aplicação do teste (instruções), para operacionalizar o material
(tipos de materiais necessários) e, aquela mais conhecida dos psicólogos, a
padronização dos resultados (a correção e as normas ou tabelas de normas).
Entretanto, o mais importante é ter o conhecimento sobre qual amostra o autor
se baseou para afirmar que o resultado é fiel ao que se propõe medir. As
amostras devem ser representativas da população no que diz respeito à
cultura, idade, sexo, nível de escolaridade, procedência, níveis
socioeconômicos e, sobretudo, devem ser atuais.
Não se deve conceber, assevera Alchieri e Noronha (2011), que uma
avaliação seja embasada em instrumentos psicológicos não adaptados ou com
normas desatualizadas. Caso o manual de um instrumento não apresente as
normas apropriadas para a população que se está testando, é indicado que o
profissional pondere a sua utilização.
A questão da qualidade dos testes vem sendo repensada por
pesquisadores, órgãos e instituições que se dedicam ao estudo da avaliação
psicológica no Brasil. Na última década, os avanços têm sido notórios, embora
modificações ainda se façam necessárias. Especialmente no que se refere à
qualidade dos testes, o Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2001, 2003) tem
se mobilizado em um processo de análise dos instrumentos disponíveis no
mercado psicológico nacional (ALCHIERI E NORONHA, 2011).
Indo além do exame psicológico, Rozestraten (1988) adverte que a
psicologia do trânsito é um estudo científico do comportamento dos usuários,
construtores, fiscais e mantenedores dos diferentes ambientes públicos e, de
modo geral, de todos os comportamentos relacionados com o trânsito.
Nenhuma sociedade consegue agir com eficácia sobre a complexa
problemática de trânsito sem aperfeiçoar seus profissionais no sentido de
prepará-los para compreenderem e atuarem na educação dos usuários de
25

forma preventiva, ao invés de focalizar suas ações exclusivamente na questão


corretiva.

2.5 O Trânsito em Fortaleza

Lima (2001) cita a pesquisa “Trânsito de Fortaleza nos últimos dez anos”
realizada em Fortaleza, capital do estado do Ceará, que traz dois dados
estatísticos importantes: a violência no trânsito nos finais de semana motivada
pelo consumo de álcool e os chamados “pontos negros”, denominação de
locais onde corriqueiramente ocorre elevado número de acidentes. Para os
que insistem em dirigir alcoolizados, o novo Código Nacional de Trânsito prevê
apreensão da Carteira de Habilitação, apreensão do veículo, multas altas, entre
outros procedimentos. No entanto, sabe-se que a capital do Ceará é uma
cidade praiana, festeira, possui uma realidade específica e, portanto, necessita
de um trabalho de orientação e fiscalização mais rigorosa no que diz respeito
ao uso da direção nos finais de semana, principalmente nos típicos pontos de
encontro semanais (praias, casas de show, dentre outros). É importante a
realização de blitze, num primeiro momento, educativas e, posteriormente,
punitivas, bem como ações educativas que visem à conscientização popular
sobre a construção coletiva de um trânsito mais seguro para todos no decorrer
de todo o ano e não somente durante a Semana do Trânsito, como geralmente
ocorre.

2.6 A ansiedade na avaliação psicológica do trânsito

A ansiedade é um estado potencialmente ameaçador que, quando


enfrentado, pode levar o indivíduo a apresentar respostas eficientes de luta,
fuga ou mecanismo psicológico de defesa para abrandá-lo. Em transtorno de
ansiedade, de acordo com o CID-10, há uma variabilidade grande dos sintomas
dominantes, estando entre as queixas comuns e contínuas as palpitações,
26

tremores, sudorese, nervosismo, desconforto epigástrico, tensão muscular,


sensação de cabeça leve e tonturas, além de uma série de outras sensações.
O DSM-IV apresenta como sintomas de ansiedade a irritabilidade, perturbação
de sono ou sono insatisfatório, fatigabilidade, inquietude ou sensação de estar
com os nervos à flor da pele, tensão muscular e dificuldade em concentrar-se
ou sensação de branco na mente. Aponta, ainda, que a ansiedade, a
preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento significativo ou prejuízo
no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da
vida do indivíduo.
A ansiedade possui correspondentes psicológicos e fisiológicos. Com
relação aos efeitos da ansiedade no contexto psicológico observa-se confusões
e distorções perceptivas que podem comprometer o aprendizado, a
concentração, a memória e, dessa forma, dificultar a capacidade de associação
(Kaplan e Sadock, 1993, p. 414). No caso de um estímulo ser percebido de
forma distorcida em virtude de uma descarga ansiógena, Viecili (2011) afirma
que as soluções encontradas pelo indivíduo para a situação dada estarão
baseadas na percepção errônea do real, levando a uma ação que pode não ser
a mais adequada na situação de trânsito.
A autora afirma ainda que a ansiedade leva a uma alteração dos
processos psíquicos. Uma forte descarga de ansiedade pode provocar
problemas de memória e o motorista ou pedestre pode ficar sem saber se
comportar frente à situação, pode provocar distorções da atenção deslocando o
foco e levando a distrações; os objetos ou situações podem ser percebidos
como próximos ou distantes, rápidos ou lentos demais, diferentemente do que
de fato o são. Pode-se inferir com isso que uma descarga ansiógena pode
provocar reações inadequadas no âmbito dos processos psicológicos:
pensamento, percepção, memória, aprendizagem, atenção.
De acordo com May (1980), a ansiedade é um termo que se refere a
uma relação de impotência, incerteza e falta de controlabilidade existente entre
a pessoa e o ambiente ameaçador, e os processos neurofisiológicos
decorrentes dessa relação. O mesmo autor diz ainda que a ansiedade constitui
a experiência subjetiva do organismo numa condição catastrófica, que surge na
medida em que o indivíduo, diante a uma situação, não dá conta das exigên-
cias de seu meio e sente uma ameaça à sua existência ou aos valores que
27

julga essenciais. O autor diz ainda que a ansiedade é um sentimento que


acompanha um sentido geral de perigo, advertindo as pessoas de que há algo
a ser temido. Refere-se a uma inquietação que pode traduzir-se em
manifestações de ordem fisiológica e de ordem cognitiva.
A avaliação psicológica obrigatória para fins de renovação da CNH de
condutores profissionais pode se apresentar aos mesmos sob uma percepção
de perigo. Para May (1980), a natureza da ansiedade pode ser entendida
quando se indaga o que é ameaçado na experiência que produz ansiedade, no
caso dos condutores em questão o que está ameaçado é o trabalho, fonte de
renda dele e da família. O homem primitivo vivenciava a ansiedade como uma
advertência de ameaça a sua vida, uma vez que animais selvagens rondavam
o seu ambiente em busca de alimento. A ansiedade desempenhou um papel
importante no desenvolvimento da capacidade de nossos antepassados para
pensar e criar símbolos e ferramentas que ampliassem seu alcance protetor.
Atualmente, as ameaças não se encontram nos dentes e garras de
animais carnívoros, mas no plano psicológico, e, portanto, intangível. Já não se
é presa fácil de tigres e leões, mas vítima de danos causados ao amor-próprio
ou da ameaça de derrota frente aos desafios que se apresentam. A forma de
ansiedade mudou, mas a experiência mantém-se praticamente a mesma.
May (1980) afirma que a ansiedade tem um significado. Embora parte desse
significado possa ser destrutiva, outra parte pode também ser construtiva.
Viecili (2011) aborda a presença da ansiedade podendo ocorrer de duas
formas distintas, sendo elas: normal e patológica. A ansiedade normal e
patológica distinguem-se pelo tipo e efeito no comportamento do indivíduo
(Kaplan e Sadock, 1993; Masci, 1999). Dessa forma, a avaliação depende da
proporcionalidade que são apresentados o perigo e o grau de paralisação da
pessoa frente à situação. “A boa ansiedade é proporcional às dificuldades e,
promove o enfrentamento saudável”. A má ansiedade é desproporcional à
dificuldade e/ou improdutiva diante das dificuldades” (Masci, 1999). Assim
sendo, a “boa ansiedade” tem funções adaptativas que facilitam e protegem o
indivíduo. Ela pode agir como um alerta a uma situação de ameaça interna ou
externa, proporcionando a preservação, preparando o organismo para ações
visando extrair ou minimizar a ameaça. A ansiedade é essencial à condição
humana. Sem ela falta a vitalidade primordial à existência humana, aquela que
28

impulsiona, que alivia o tédio, aguça a sensibilidade e garante a presença da


tensão, necessária à vida. Quando deixa de existir ansiedade, a luta finda e a
depressão pode sobrevir. De acordo com May (1980) a ansiedade é a
experiência do Ser afirmando-se contra o Não – Ser e, sob essa perspectiva,
buscamos compreender como a ansiedade se apresenta nos condutores
profissionais que serão avaliados psicologicamente no DETRAN de Fortaleza,
se impulsionando ou paralisando, contribuindo ou dificultando nesse processo
que obrigatoriamente antecede à renovação da CNH.
De acordo com Viecili (2011), dentre os comportamentos emocionais do
homem, a ansiedade aparece como um fator relevante na situação de trânsito
por intervir na capacidade cognitiva e perceptual dos indivíduos. Os estudos
sobre a ansiedade ganharam destaque no âmbito da ansiedade pela
necessidade de explicar a natureza dos comportamentos ansiógenos.
29

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Ética

A presente pesquisa segue as exigências éticas e científicas


fundamentais conforme determina o Conselho Nacional de Saúde – CNS nº
196/96 do Decreto nº 93933 de 14 de janeiro de 1987 – a qual determina as
diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres
humanos:
A identidade dos sujeitos da pesquisa segue preservada, conforme
apregoa a Resolução 196/96 do CNS-MS, visto que, não foi necessário
identificar-se ao responder o questionário. Todos assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foram entrevistados 30 condutores
da cidade de Fortaleza que estavam no processo de renovação de CNH.

3.2 Tipo de Pesquisa

O trabalho foi realizado com uma pesquisa de campo, coleta de dados


(questionário em anexo), e levantamento bibliográfico que fomentará dados
qualitativos por meio da revisão bibliográfica.

3.3 Universo

O presente estudo abrangeu os condutores da cidade de Fortaleza-CE.


A pesquisa se deu numa clínica credenciada pelo Detran/CE.
30

3.4 Sujeitos da Amostra

A amostra foi composta por condutores, de diversas categorias, que se


dirigiram a clínica para uma das etapas do processo de renovação de CNH.

3.5 Instrumentos de Coleta de Dados

Construiu-se um instrumento estruturado, um questionário com


perguntas objetivas de múltipla escolha. O questionário era composto por cinco
perguntas, sobre a ansiedade do candidato perante a Avaliação Psicológica, e
também sobre o conhecimento dos mesmos com relação essa Avaliação.

3.6 Plano para Coleta dos Dados

Ao chegarem à clínica os alunos fizeram os procedimentos rotineiros


para renovação da CNH e foram convidados a responder o questionário da
presente pesquisa. Em seguida, os alunos assinaram o TCLE e responderam o
questionário.

3.7 Plano para a Análise dos Dados

Os dados foram digitalizados e analisados com auxílio de um software


de planilha eletrônica para o tratamento estatístico. Quanto a parte qualitativa
recorreu - se a análise de conteúdo enquanto técnica para dar sentido as falas
dos sujeitos entrevistados.
31

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O presente item apresenta os resultados da pesquisa realizada em


Fortaleza-CE com os candidatos a renovação da CNH. A pesquisa objetiva-se
a avaliar a ansiedade e o conhecimento dos candidatos com relação a
Avaliação Psicológica.
Os condutores participantes são todos do sexo masculino, com faixa
etária predominante de 31 a 50 anos, e grande parte é casado, possui o ensino
médio, CNH categoria AB e são motoristas.
O Gráfico 1 mostra as informações dos candidatos relativas ao grau de
escolaridade. Com base nos dados notamos que, 63% dos candidatos
possuem o ensino médio, 23% o ensino fundamental e apenas 14% o ensino
superior.

Gráfico 1. Nível de escolaridade dos entrevistados, candidatos à renovação da


CNH

13%
24%

Fundamental
Médio
Superior

63%

Fonte: Dados da pesquisa. Fortaleza, 2014

O Gráfico 2 mostra a grande quantidades de candidatos que possuem


como profissão motorista (63%), sendo os demais candidatos de profissões
variadas, tais como, entregador, vigia, cobrador, etc.
32

Gráfico 2. Profissão dos entrevistados, candidatos à renovação da CNH

37%

Motorista
Outros

63%

Fonte: Dados da pesquisa. Fortaleza, 2014

A leitura do Gráfico 3 nos mostra que 60% dos entrevistados são


casados, 33% solteiros e apenas 7% são divorciados.

Gráfico 3. Estado civil dos entrevistados, candidatos à renovação da CNH

7%

33%
Solteiro
Casado
Divorciado

60%

Fonte: Dados da pesquisa. Fortaleza, 2014


33

Com relação à faixa etária dos entrevistados, 57 % estão enquadrados


na faixa entre 31 e 50 anos, 23% têm acima de 50 anos, 13 estão na faixa
entre 22 e 30 anos e os 7% restantes estão na faixa entre 18 e 21 anos
(Gráfico 4). As informações do Gráfico 4 mostram que os dados dos
condutores a renovação são opostos aos de primeira habilitação. A faixa etária
de predominância, na maioria dos trabalhos que abordam a importância da
Avaliação Psicológica para primeira Habilitação, é de 18 a 21 enquanto a
registrada nessa pesquisa, com candidatos a renovação, foi de 31 a 50.

Gráfico 4. Faixa etária dos entrevistados, candidatos à renovação da CNH

18 - 21 22 - 30 31 - 50 > 50

7%
23% 13%

57%

Fonte: Dados da pesquisa. Fortaleza, 2014

O Gráfico 5 mostra os dados dos entrevistados com relação ao tempo de


habilitação. Notamos que 57% dos candidatos já possuem habilitação a mais
de 6 anos, porém a menos de 10. 17% dos entrevistados possuem mais de 10
anos de CNH, 16% tem a carta entre 3 e 5 anos e 10% a menos de 3 anos. É
notório que a menor percentagem de renovações são daqueles condutores que
menos anos tem de CNH.
34

Gráfico 5. Tempo de CNH dos entrevistados, candidatos à renovação da CNH

< 3anos 3 a 5 anos 6 a 10 anos > 10 anos

10%
17%

17%

56%

Fonte: Dados da pesquisa. Fortaleza, 2014

Quanto a categoria da CNH dos entrevistados nessa pesquisa, o Gráfico


6 mostra as percentagens da distribuição entre as categorias. Notamos que a
maior percentagem tem CNH categoria AB (47%), seguido pela categoria AD
(20%). Com 10% estão às categorias D e E, seguidas por A (7%), AE e B, cada
uma com 3%.
Nessas circunstâncias, notamos que a maioria dos candidatos almeja de
imediato, a classificação para a categoria C, uma vez que esses candidatos
possuem CNH categoria AB.
Com as informações do Gráfico 6 são encerradas as informações
relativas a dados pessoais dos usuários. Nos próximos gráficos serão
discutidos as informações relativas a pesquisa propriamente dita, ou seja,
levantamentos sobre a ansiedade e conhecimento dos entrevistados com
relação a Avaliação Psicológica.
35

Gráfico 6. Categoria da CNH dos entrevistados, candidatos a renovação da


CNH

A AB AD AE B D E

10% 7%

10%
3%
3%

47%
20%

Fonte: Dados da pesquisa. Fortaleza, 2014

O Gráfico 7 mostra as respostas dos entrevistados pelo fato de serem


ansiosos. 60% dos entrevistados não se consideram pessoas ansiosas,
enquanto 40% disseram ser ansiosas.

Gráfico 7. Opinião dos entrevistados, candidatos à renovação da CNH, quanto


a sua ansiedade

40%
SIM
NÃO
60%

Fonte: Dados da pesquisa. Fortaleza, 2014


36

Diversos trabalhos apontam que grande parte dos motoristas que


dirigem nas grandes cidades estão propensos a apresentar um comportamento
ansioso na direção veicular, que pode ser identificado através de reações ou
situações de tomadas de decisões no trânsito, fato provocado, nos dias atuais,
pelos fatores que envolvem a vida moderna como a pressa, agitação, horários
a serem cumpridos e tensão (Batista, 2012).
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM IV, 2002) – ansiedade é uma sensação desagradável de
apreensão e inquietação, acompanhada pelos sintomas corporais como
taquicardia, sudorese, tremores, palpitações, mãos frias, dentre outros. É um
sinal de alerta que serve para avisar sobre um perigo iminente, podendo ser
uma resposta normal ou patológica, dependendo de sua intensidade e duração.
O Gráfico 8 apresenta a reação dos entrevistados ao se sentirem
ansiosos. Notamos que 37% dos entrevistados reagem com medo às situações
diante da ansiedade.
A inquietação foi o segundo sintoma psicológico apresentado pelos
entrevistados diante da ansiedade, seguido pela impulsividade e inibição,
ambas com 17%, e em menor quantidade, 6%, a insegurança.
Resultados do trabalho de Batista (2012), afirmam que os principais
sintomas psicológicos apresentados pelos entrevistados ansiosos foram
nervosismo e agitação, ambas com 40%, seguidas por medo e afobação,
ambas com 10%.
Quando indagados sobre a importância da Avaliação Psicológica no
processo de renovação da CNH, 100% dos candidatos afirmaram que está
ferramenta é de grande importância.
Segundo Batista (2012), a avaliação psicológica é dinâmica e configura-
se fonte de informações de caráter explicativo sobre os fenômenos
psicológicos, com o propósito de subsidiar os trabalhos nos diferentes campos
de atuação do psicólogo.
“Trata-se de um estudo que requer um planejamento prévio e cuidadoso,
de acordo com a demanda e os fins aos quais a avaliação destina-se” (CFP,
2007, p.05).
37

No âmbito do trânsito, geralmente, o intuito da avaliação psicológica é a


previsão de comportamento inadequado a partir de variáveis psicológicas
levantadas pelos testes.

Gráfico 8. Sintomas psicológicos apresentados pelos entrevistados diante da


ansiedade

Medo Inquieto Impulsividade Insegurança Inibição

17%

37%
7%

16%

23%

Fonte: Dados da pesquisa. Fortaleza, 2014

Apesar de 100% dos candidatos afirmarem que a Avaliação Psicológica


é de grande importância para o processo de renovação da CNH, 57% dos
deles afirmaram não saber nada sobre os testes psicológicos utilizados no
Detran (Gráfico 9).
Outro ponto que nos chama atenção, é o resultado das entrevistas
realizadas com relação aos usuários temerem a reprovação na Avaliação
Psicológica, quase 70% afirmou não temer a reprovação (Gráfico 10).
38

Gráfico 9. Conhecimento dos entrevistados sobre os testes psicológicos


aplicados pelo Detran

3%
7%
Nada

Informações de Terceiros

Informações Coletadas da 33%


Internet 57%
Sem Resposta

Fonte: Dados da pesquisa. Fortaleza, 2014

Gráfico 10. Respostas dos entrevistados quanto ao temor da reprovação na


Avaliação Psicológica

SIM NÃO

33%

67%

Fonte: Dados da pesquisa. Fortaleza, 2014


39

5. CONCLUSÃO

Dentro do contexto geral podemos afirmar que os condutores


participantes são todos do sexo masculino, com faixa etária predominante de
31 a 50 anos, e grande parte é casado, possui o ensino médio, CNH categoria
AB e são motoristas.
Diante dos resultados apresentados no item anterior, notamos que
quanto aos objetivos específicos da pesquisa, os candidatos, em sua maioria
não se consideram pessoas ansiosas (60%), mas diante dessa situação, 37%
afirmaram apresentarem medo, 23% inquietação, 17% inibição e impulsividade,
cada, e 7% insegurança, como sintomas psicológicos de ansiedade.
Sobre a importância da Avaliação Psicológica, 100% dos candidatos
afirmaram considerá-la importante para o processo de renovação da CNH,
mesmo que, 57% desses entrevistados não possuam nenhum conhecimento
sobre os testes aplicados pelo Detran, e também que 67% não temam ser
reprovados nesse processo.
Notamos que o desconhecimento do processo da Avaliação Psicológica
é bastante expressivo para os candidatos a renovação da CNH, mesmo esse
sendo uma ferramenta de grande importância para identificar distúrbios
comportamentais dos condutores e assim evitar algumas ações que são
potenciais a causar acidentes de trânsito.
Com relação à ansiedade dos condutores entrevistados, apesar de
afirmarem não ser ansiosos, diante dessas reações apresentam reações que
podem levar a inibição de tomadas de decisões corretas para evitar acidentes,
ou ainda a propiciarem situações perigosas.
Recomenda-se que outros trabalhos sejam realizados para avaliar em
maior quantidade e com outros instrumentos a ansiedade dos condutores, não
apenas candidatos a renovação, mas os de primeira habilitação. Também seria
interessante e de extrema importância, campanhas informativas sobre a
importância dos testes psicológicos aplicados pelo Detran.
40

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ANEXO
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APÊNDICE
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