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Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM

Instituto de Ciências Tecnológicas e Exatas – ICTE


Curso de Engenharia Ambiental

Direito Ambiental – Aula 01

Profª Bruna Lopes Coêlho


e-mail: bruna.coelho@uftm.edu.br
Conteúdo Aula 02
 Direito Ambiental
- princípios fundamentais
Princípios
São os mandamentos, os enunciados que formam o núcleo de
determinado sistema (LEUZINGER; CUREAU, 2008).
- explícitos: nas leis, na Constituição
- implícitos: não são citados diretamente, mas subentendidos

Direito ambiental
Para que uma disciplina jurídica seja considerada autônoma, é
necessária a identificação de princípios e normas que lhe sejam
próprios (LEUZINGER; CUREAU, 2008).

Direito ambiental -> princípios específicos.


Princípios do direito ambiental
Pode-se citar, após compilação de diversos autores:
 Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito
fundamental da pessoal humana
 Princípio da prevenção
 Princípio da precaução
 Princípio da obrigatoriedade da intervenção estatal
 Princípio do poluidor-pagador (reparação e responsabilidade)
 Princípio do usuário-pagador
 Princípio da cooperação
 Princípio da informação (educação ambiental)
 Princípio da participação
 Princípio da equidade intergeracional
 Princípio da função socioambiental da propriedade
Princípio do ambiente ecologicamente
equilibrado como direito fundamental
da pessoal humana
CF 88
Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-
lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

 Está explícito no artigo 225 da CF.


Princípios da prevenção e da precaução
Princípio da prevenção:
Determina sejam tomadas medidas para afastar ou, ao
menos, minimizar os danos causados ao ambiente natural
em virtude das atividades humanas.
 Existe conhecimento acerca dos efeitos que serão
produzidos por determinada atividade.
 Exemplos: mineração, construção de estradas, expansão
urbana, agricultura.
Princípios da prevenção e da precaução

Dano Dano
conhecido desconhecido

P. prevenção P. precaução
Princípios da prevenção e da precaução
Princípio da precaução:
 Diz respeito à necessidade de se agir com cautela
quando existam dúvidas ou incertezas acerca do dano que
pode ser causado por determinada atividade.
 Trata de danos desconhecidos, diante da incerteza
científica que ainda paira sobre determinada ação
humana.
 Exemplos: liberação de organismos geneticamente
modificados, construção de estações de rádio-base de
telefonia móvel
Princípios da prevenção e da precaução
Princípio da precaução:
Princípio 15 da Declaração do Rio de Janeiro, produto da Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Rio-92:
De modo a proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve ser
amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades.
Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência
absoluta de certeza científica não deve ser utilizada como razão para
postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a
degradação ambiental

Este princípio também está presente na Convenção da


Diversidade Biológica (CDB) e na Convenção sobre
Mudança do Clima, das quais o Brasil é signatário.
Princípios da prevenção e da precaução
 Alguns autores consideram que os dois princípios não se
diferenciam (por exemplo, Celso Antônio Pacheco Fiorillo).
 Principais instrumentos para implementação da
prevenção/precaução:
. Licenciamento ambiental Inversão do
ônus da prova
. Estudos ambientais

Lei nº 6.938/81.
Art. 9º - São Instrumentos da PNMA:
III – a avaliação de impactos ambientais
IV – o licenciamento e a revisão de atividades
efetiva ou potencialmente poluidoras
Princípio da obrigatoriedade da
intervenção estatal
O Poder Público tem que agir no sentido de evitar o dano
ambiental.
 O Estado exige:
. Licenciamento ambiental
. Estudos ambientais

Lei nº 6.938/81.
Art. 9º - São Instrumentos da PNMA:
III – a avaliação de impactos ambientais
IV – o licenciamento e a revisão de atividades
efetiva ou potencialmente poluidoras
Princípio do poluidor-pagador
 Nomenclatura – poluidor-pagador ou impactador-pagador?
Toda atividade pode impactar o meio, mas nem todo
impacto será considerado poluição.

 Impõe a internalização das externalidades negativas da


produção -> obriga que o produtor arque com o ônus da
prevenção/reparação.

 Não é uma autorização ilimitada para poluir.


Princípio do poluidor-pagador

Se ocorrerem
Ações danos ao meio Reparação
ambiente
preventivas ao dano

Exemplos: Responsabilidade
objetiva
- tecnologias mais modernas
- tecnologias menos poluidoras
- acondicionamento adequado
de resíduos
Princípio do poluidor-pagador
Lei nº 6.938/81
Art. 4º - A PNMA visará:
VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação
de recuperar e/ou indenizar os danos causados, e ao usuário, de
contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins
econômicos
Art. 14, § 1° - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas
neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da
existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao
meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O
Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para
propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos
causados ao meio ambiente.
Princípio do poluidor-pagador
P. reparação
Se ocorrerem
Ações danos ao meio Reparação
ambiente
preventivas ao dano

Indenização/
compensação

P. responsabilidade
Princípio do poluidor-pagador
Lei nº 6.938/81
Art. 4º - A PNMA visará: P. reparação
VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação
de recuperar e/ou indenizar os danos causados, e ao usuário, de
contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins
econômicos P. responsabilidade
Art. 14, § 1° - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas
neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da
existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao
meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O
Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para
propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos
causados ao meio ambiente.
Princípio do usuário-pagador
 Refere-se àquele que se utiliza de um determinado
recurso natural, ainda que na qualidade de consumidor
final, e que deve arcar com os custos necessários a tornar
possível esse uso, evitando que seja suportado pelo Poder
Público ou por terceiros
 O pagamento pelo acesso promove:
. medidas de racionalização do uso ou do impacto
. receitas reinvestidas em programas ambientais
. investimento em tecnologias mais limpas
 Exemplos: pagamento pelo uso da água, visitação de
parques
Princípio do usuário-pagador
Lei nº 6.938/81
Art. 4º - A PNMA visará:
VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação
de recuperar e/ou indenizar os danos causados, e ao usuário, de
contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins
econômicos
Princípio da cooperação
Âmbito internacional Âmbito interno

País A País B União Estados

Municípios
País E País C

País D Poder
Sociedade
Público
Princípio da cooperação
Âmbito internacional Âmbito interno
Diversos documentos inter-
nacionais abordam o tema,
País A País B exemplos:
União Poder
- Declaração sobrepúblico
o Ambi-
ente Humano (Conferência
Estados
País E País C de Estocolmo, 1972)
Sociedade
Municípios
- Agenda 21 (Rio-92)
País D
Princípio da cooperação
Âmbito internacional Âmbito interno
Art. 23 da CF 88: a
competência material
País A União Estados
para proteçãoPaís doB
meio ambiente e
controle da poluição
é comum, repartindo- Municípios
País
se E entre País C
União,
Estados, Distrito
Federal e Municípios.
País D Poder
Sociedade
Público
Princípio da informação
 As informações ambientais, com exceção daquelas que
envolvam segredo industrial, legalmente protegido, devem
ser sistematicamente transmitidas à sociedade.

 Deve ser entendido em sua concepção geral, abrangendo


o acesso a informações sobre atividades e materiais
perigosos, direito às informações processuais, etc.
Princípio da informação
 Princípio contido na obrigação da Administração Pública
de dar publicidade a todos os seus atos (Art. 37, CF 88).

 Publicidade não implica publicação. MAS... se a ação


administrativa envolve problemas relacionados ao ambiente
natural: além de públicos, os atos devem ser publicados.
Princípio da informação
Lei nº 6.938/81
Art. 4º - A PNMA visará:
V – à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente,
à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de
uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da
qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico

Art. 9º - São instrumentos da PNMA:


XI – a garantia de prestação de informações relativas ao
meio ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzi-las,
quando inexistentes
Princípio da informação

Engloba a obrigação do Estado de oferecer educação


ambiental em todos os níveis de ensino

P. educação ambiental

Lei nº 6.938/81
Art. 2º - (...) atendidos os seguintes princípios:
X – educação ambiental a todos os níveis de ensino,
inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para
participação ativa na defesa do meio ambiente
Princípio da participação
 Indissociável dos princípios da informação e da
cooperação, diz respeito ao cumprimento, pela
coletividade, da função ambiental privada, ou seja, da
obrigação, imposta constitucionalmente a toda a
coletividade, de cuidar do meio ambiente (art. 225,
caput, CF/88)

 Participação poderá dar-se em três esferas:


. Legislativa
Ver papel do cidadão e das
. Administrativa organizações não governamentais

. Processual
Princípio da equidade intergeracional
 Ou Princípio do desenvolvimento sustentável ou
Princípio da solidariedade planetária em relação à
preservação e à transmissão às gerações futuras do nosso
patrimônio comum.
 Implica obrigações impostas às pessoas que atualmente
habitam o planeta de iniciarem medidas no sentido de
conservar a biodiversidade, proteger a qualidade
ambiental e assegurar um acesso não discriminatório aos
recursos ambientais (EDITH BROWN, 1999).
 Acesso equitativo no espaço e no tempo.
Princípio da função socioambiental da
propriedade
CF 88
Art. 5 - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se(...)
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

 Só atende a função social quando protege o meio ambiente.


 Exemplos:
. Propriedade rural: APP, reserva legal
. Propriedade urbana: Plano Diretor
Referências
ALVES, A. C.; PHILLIPI JR, A. Curso Interdisciplinar de Direito Ambiental. Editora:
Manole, 1ª edição, 2005, 965 p. ISBN: 8520421873.

AMADO, F. A. D. T. Direito Ambiental Esquematizado. Editora: Método, 1ª edição,


2011, 614 p. ISBN: 9788530933135.

LEUZINGER, M. D.; CUREAU, S. Direito Ambiental. Editora: Campus, 2008, 190p.

MACHADO, P. A. L. Direito ambiental brasileiro. Editora: Malheiros, 15ª edição,


2008, 1112p.

MILARÉ, E. Direito do ambiente. Editora: Revista dos Tribunais, 8ª edição, 2013,


1614 p. ISBN: 9788520347515

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