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Pós-Graduação em Gestão

Módulo Básico

Gestão E Liderança
De pessoal

Ivan Bim Requena


FAEL

Diretor Executivo Marcelo Antônio Aguilar

Diretor Acadêmico Francisco Carlos Sardo

Coordenador Pedagógico Osnir Jugler

EDITORA FAEL

Autoria Ivan Bim Requena

Gerente Editorial William Marlos da Costa

Projeto Gráfico e Capa Patrícia Librelato Rodrigues

Revisão Juliana Melendres

Programação Visual e Diagramação Sandro Niemicz

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FOTOS DA CAPA
Afonso Lima
Ilker
Jakub Krechowicz
T. Al Nakib

Todos os direitos reservados.


2012
Gestão E Liderança
De pessoal

Resumo

O tema principal do presente texto é a apresen- bilidade. Assim, pretende-se analisar algumas atitudes
tação de algumas bases estratégicas para a liderança da gestão organizacional que podem ser otimizadas,
otimizada de pessoas e equipes, com vistas ao desem- desde que o líder tenha em mente a necessidade vital
penho de alta performance, como forma de promover de buscar consolidar suas decisões com base em con-
maior força empreendedora para a organização. É muito ceitos mais estratégicos e, portanto, mais complexos
importante essa análise, já que muitos gestores ainda que os conceitos habitualmente tomados como funda-
encontram-se em uma perigosa condição de desaten- mento para se decidir em relação à gestão de pessoas
ção, insistindo em optar por uma visão essencialmente e equipes nas organizações. Este trabalho tem como
operacional no complexo trato com pessoas e equipes plataforma de estudos algumas citações bibliográficas
e suas realidades psíquicas, emocionais e sensoriais, e a produção do próprio autor em termos de pesqui-
e isto, certamente, tem gerado excessiva insatisfação sas relacionadas a esta tão desafiadora área da gestão
dos seus públicos de interesse e, consequentemente, organizacional: as pessoas e as equipes, suas relações
comprometido a imagem da instituição e sua sustenta- profissionais e seu desenvolvimento.

petitivo para a organização, nas bases da gestão do


1| Introdução ativo intelectual da mesma. Nesse sentido, apela-se ao
Com a finalidade de se assegurar um excelente gestor moderno que agregue em seu perfil, se ainda
desempenho nos estudos, sugere-se uma ampla fami- não o possui, o senso do planejamento estratégico de
liaridade com o presente texto científico, o qual visa à pessoas e equipes, enfocando sempre a necessidade
organização das atividades em temas devidamente primordial de serem medidas de maneira eficaz as
estruturados, em sequência cronológica e conteudística necessidades essenciais da organização para alcançar
adequados ao desenvolvimento da disciplina. seus objetivos, e as necessidades correspondentes
quanto à captação e manutenção das competências
Podem-se destacar as seguintes etapas de estudos mais adequadas.
a serem realizadas: inicialmente, o curso de Liderança
e Gestão de Pessoal apresenta uma abordagem intro- Como tópico seguinte, a disciplina propõe uma
dutória quanto ao desempenho pessoal, coletivo análise detalhada das bases do desenvolvimento
e organizacional, às grandes definições conceituais organizacional, o grande alvo de todo empreendedor
envolvidas e às respectivas aplicações desses concei- que almeja o êxito do seu empreendimento. Ressalte-se
tos fundamentais na perspectiva da gestão estratégica que o cenário de constante e cada vez mais intensa
organizacional. Para tanto, realiza-se uma análise da instabilidade impõe ao gestor a necessidade de atenção
importância do potencial humano individual e coletivo máxima aos fenômenos internos e externos, visando
para as organizações, bem como a respectiva comple- sempre à agregação de competências e habilidades
xidade oriunda da gestão desse ativo da empresa. que permitam uma gestão mais segura, além é claro
da agregação de recursos ótimos de produção de bens
Na sequência das atividades de ensino e apren- e/ou serviços, aqui entendidos como os processos e
dizagem da disciplina, serão apresentados os grandes tecnologias ideais.
componentes organizacionais: pessoas, proces-
sos e tecnologias, como sendo o campo de atuação Fazem-se também necessárias abordagens em
do administrador de sucesso, desde que, naturalmente, temas relevantes como a gestão da aprendizagem,
esse sucesso baseie-se na liderança estratégica de do conhecimento, da mudança e das inova-
pessoas e equipes. Ainda neste tópico aborda-se a ções, da agregação de competências e habilidades
relevância do potencial humano como diferencial com- como sendo pilares de sustentação do processo de
sustentabilidade organizacional no mercado, sendo que, os melhores padrões de liderança estratégica, já
ressaltar-se-á, neste momento, o alto grau de impor- que todo processo aqui apresentado veicula dentro das
tância das pessoas e das equipes nesse processo de organizações na pessoa dos líderes envolvidos, os quais
mudanças e inovações, o qual somente terá êxito, se devem, naturalmente, possuir competências tais que
apoiado em dinâmicas de aprendizagem e desenvolvi- lhes permitam conduzir o desenvolvimento da empresa
mento do conhecimento de forma constante. de maneira proativa e visionária, tendo o foco teleoló-
gico muito bem ajustado nos potenciais mais relevantes
Tais condições de mercado impõem também ao da organização, que são as pessoas e as equipes por
gestor por excelência, um senso bastante apurado de elas formadas.
planejamento. Sem esse recurso, muito dificilmente
o empreendimento terá fôlego para vencer os gran- A gestão por competências tem-se mostrado
des desafios que surgem. O senso de proação deve uma atividade estratégica eminentemente arrojada. Tal
estar presente em todo projeto de gestão, haja vista a modelo será abordado no presente estudo e preten-
necessidade de antecipação de soluções diversas antes de-se, com isso, elevar o senso de visão estratégica do
mesmo que os problemas surjam. Isto se dá, obvia- gestor, haja vista ser uma prática bastante moderna e
mente, pela necessidade de extrema versatilidade da de grande complexidade, exigindo uma preparação de
empresa em propor soluções rapidamente para seus liderança muito ampla e aprofundada.
públicos de interesse. Com isso, o planejamento surge
como grande ferramenta de apoio. Dentre os subprocessos da gestão de pessoas,
destaca-se o processo de recrutamento e seleção,
Com vistas a consolidar ainda mais o efetivo supri- como sendo uma forma de agregação, captação de
mento de competências e habilidades essenciais ao pessoas e talentos para a organização. Naturalmente
negócio, a disciplina prevê abordagens quanto ao pro- que tal assunto também será abordado no presente
cesso de treinamento e desenvolvimento, como estudo, na forma de propor uma análise estratégica dos
sendo uma das formas de a organização garantir a pre- mesmos, somando-se, com isso, mais valores nesse
sença de pessoas e equipes devidamente qualificadas nível, para a organização.
em seus quadros profissionais, bem como de garantir
uma maior satisfação das próprias pessoas e das equi- O clima organizacional será outro tema da
pes, já que estariam em processo de constante desen- composição da disciplina, significando a preocupa-
volvimento pessoal e profissional, desenvolvimento este ção relacionada ao ambiente organizacional, enquanto
que pode significar fator de satisfação e motivação dos ambiente dinâmico no qual expectativas estão sendo
atores envolvidos. perseguidas, tanto por parte da própria organização, que
tem suas aspirações predefinidas, quanto das pessoas,
O presente trabalho aborda ainda um assunto da as quais também almejam alcançar resultados pessoais
mais especial importância: a motivação humana. oriundos da relação com o trabalho.
Nisto, todo gestor estratégico deve estar plenamente
focado, como sendo uma das maiores molas propul- O estudo prevê, ainda, uma abordagem significativa
soras do desempenho organizacional. Sim, a motiva- pela Teoria do Desenvolvimento de equipes denominada
ção humana configura-se como elemento estratégico cultura employeeship, a qual contém orientações
essencial, já que apenas e tão somente em um ambiente gerais sobre o desempenho de equipes a partir, prin-
motivador as pessoas encontrar-se-ão e desejarão dar cipalmente, da premissa de que uma liderança eficaz
o melhor de si pelo empreendimento, pela sua equipe e obterá de sua equipe um alto nível de comprometi-
por si mesmo, claro. mento, levando as pessoas, individual e coletivamente
a manifestarem pela organização, atitudes essenciais ao
Outra análise proposta pelo curso de Construção alto desempenho, quais sejam: lealdade, responsabili-
de Equipes e Alta Performance é aquela que define dade e iniciativa.

O presente trabalho aborda um assunto da mais


especial importância: a motivação humana.

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O presente estudo é finalizado com análises e 1| Gestão humanizada – respeito à essenciali-
aprofundamentos quanto ao processo de remune- dade humana: criatividade e liberdade.
ração estratégica e avaliação estratégica do
2| Aprendizagem contínua – aprender em todo
desempenho. Tais elementos também vêm somar de
tempo, local e com toda situação.
maneira bastante vital para o processo de formação de
uma liderança voltada para resultados. 3| Senso empreendedor – todo participante do
processo, um parceiro autoempreendedor.
2| Desempenho 4| Desprendimento – a organização comparti-
pessoal, coletivo e lhando bens materiais e imateriais – condições
de trabalho, reconhecimento e retribuições
organizacional
dignas.
Dentre as grandes realidades organizacionais, 5| Constância – continuidade desse processo
destaca-se o fato de que numa empresa poderá haver integrador.
pseudoequipes, ou seja, aquelas que têm baixo foco em
6| Alta performance / resultados
desempenho coletivo, bem como um medíocre senso de
busca pelo alto desempenho, bem como potenciais equi-
pes, sendo essas, aquelas que ainda estão a caminho do
3| A organização:
ideal – ainda precisam desejar impactar a performance campo de atuação
da empresa. Haverá ainda um outro modelo de equipe de colaboradores,
que é o de equipe real, ou seja, aquela equipe dotada equipes e lideranças
de elevado senso de que há uma finalidade comum:
objetivos e responsabilidade. Poderá dar-se o caso de
3.1 | Os grandes
encontrar-se em uma ou outra organização a equipe do
componentes
tido extraordinária. Essa equipe está além do comum.
Transcende o modo básico de desempenho, havendo organizacionais
um profundo senso de compromisso e responsabilidade
Olhar para uma organização, seja ela de qualquer
de todos por todos e pelo todo (equipe e organização).
natureza, volume ou ramo de atividade significa con-
O desempenho organizacional passa necessaria- templar uma enorme gama de elementos multivariados
mente pelo senso de mudança. em todos os sentidos. Os itens que integram uma orga-
nização podem ser agrupados em três grandes grupos,
FÓRMULA PARA TAL REALIZAÇÃO a saber: as tecnologias, os processos e as pessoas.
Pessoas e equipes orientadas para o ambiente + Não importa qual seja o item que o leitor tenha em
Pessoas e equipes orientadas para a aprendizagem = mente, ele sempre vai enquadrar-se em um desses três
Mudança/Inovação = grandes grupos.
Performance organizacional excelente

Os componentes organizacionais: pessoas/equipes; As tecnologias podem ser definidas como aqueles


processos; tecnologias demandam, especificamente, elementos físicos presentes no todo organizacional, os
um método de gestão. No caso da gestão de proces- itens de aspecto tangível e que são designados como
sos e tecnologias, basta a excelência na gestão da sua recursos de produção que necessitam periodicamente
“manutenção”. Já no caso da gestão de pessoas e de manutenção e atualização. As “coisas” da empresa
equipes, basta a excelência na gestão da “motivação”. como máquinas, equipamentos, edificações e instala-
O resultado dessas duas abordagens será, necessaria- ções, veículos, matéria-prima, etc., compõem esse grupo
mente, a alta performance. de ingredientes organizacionais que se pode denominar
ainda de hardwares, justamente por sua característica
Com vistas à execução de uma liderança de física rígida. As tecnologias são aquelas coisas não natu-
elevado padrão, há que se adotar uma determinada rais existentes na empresa, ou seja, aquelas coisas que
sequência quanto aos “Princípios da Liderança pela Alta foram transformadas pelo homem em recursos tangíveis,
Performance”: conforme demonstrado nos exemplos da Figura 1.

GESTÃO E LIDERANÇA DE PESSOAL

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Figura 1 | Exemplos de tecnologias da organização. Um segundo grupo significativo de elementos que
compõem as organizações são os processos. Nesse grupo
serão encontrados aspectos intangíveis da empresa como
suas políticas, suas normas, sua cadeia de comando, os
próprios programas de computadores, etc.

Nesse grupo estão itens que podem ser identifi-


cados como softwares, dado à sua característica prin-
cipal, a intangibilidade. São ingredientes que estão na
empresa, mexem literalmente com o seu cotidiano,
interferem na vida dos trabalhadores e que, no entanto,
não podem ser tocados, manuseados. São os “proces-
sos” da organização, conforme ilustra a Figura 2.

Figura 2 | Exemplos de processos da organização.

MISSÃO
VISÃO
CULTURA
CLIMA
VALORES

Como último elemento que compõe as empre- Como será analisado em outras etapas deste
sas, temos os mais importantes e verdadeiramente estudo, as pessoas, com toda sua complexidade e
capazes de determinarem os diferenciais competiti- como verdadeiros desafios aos gestores, compõem
vos reais e de maior segurança, as pessoas. Individual um grupo seleto de ingredientes organizacionais,
ou coletivamente, as pessoas formam o ingrediente tendo em vista serem elas quem determinam até
organizacional mais forte e determinante no sucesso mesmo o comportamento organizacional, a imagem
do empreendimento. Pode-se afirmar, por exemplo, da empresa para com seus públicos de interesse, o
que a organização que conta com os melhores equi- índice de qualidade do relacionamento desta com
pamentos, veículos, sistemas, etc., não necessaria- seus clientes, etc.
mente estará com força competitiva mais evidente.
Essas “coisas” da organização dependerão, sempre, No programa de Excelência em Gestão, da Funda-
da responsabilidade, lealdade, iniciativa, criatividade, ção Nacional da Qualidade (FNQ), está previsto o oitavo
comprometimento, etc., das pessoas, para produzi- fundamento “Valorização/Valoração das Pessoas”, como
rem os melhores resultados. sendo a “Criação de condições para que as pessoas

Individual ou coletivamente, as pessoas formam


o ingrediente organizacional mais forte e
determinante no sucesso do empreendimento.

MÓDULO BÁSICO

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se realizem profissional e humanamente, maximizando Ora, isto deve levar ao entendimento de que as
seu desempenho por meio do comprometimento, do pessoas e equipes de pessoas são detentoras de qua-
desenvolvimento de competências e de espaços para lidade para a excelência na gestão organizacional, que
empreender” (FNQ, 2012). conduza à excelência nos resultados.

As pessoas e as equipes delas compostas são fon- A gestão estratégica de pessoas deve levar em
tes inesgotáveis de muitos bens que podem ser con- consideração ainda que o tempo em que se está
siderados forças competitivas para a empresa. Entre vivendo é o tempo das relações sociais responsáveis e
esses “bens” que nada mais são do que competências da gestão estratégica do conhecimento, conforme ilus-
essenciais para toda e qualquer organização, desta- trado na Figura 3, na qual são exibidas as quatro fases
cam-se, por exemplo: revolucionárias pelas quais passou a humanidade. Per-
ceba-se que na terceira e na quarta fases, prevalece
x criatividade; o senso de que o conhecimento e a responsabilidade
x percepções; são os grandes ativos das organizações, ou seja, as
pessoas (que são as detentoras do conhecimento e
x comunicabilidade;
do senso de responsabilidade) são os seus mais valio-
x inquietudes/insatisfações; sos ativos, situação esta diferente das demais fases,
x iniciativa; nas quais prevalecia o senso de que a real riqueza
de uma organização eram seus bens tangíveis como
x responsabilidade; propriedades, edificações, máquinas, veículos, capital
x provocações para a inovação. financeiro, etc.

Figura 3 | As revoluções da humanidade.

Fonte: adaptado de Tofler (2011).

GESTÃO E LIDERANÇA DE PESSOAL

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O foco estratégico do gestor por excelência perce- menores chama a atenção. É perceptível que empresá-
berá que, em função do tempo e da realidade em que rios e gestores de todos os lugares são pressionados a
se vive, impõe a necessidade de ajuste para a gestão buscarem soluções sempre mais criativas e rápidas para
com base no conhecimento e nas relações sociais res- oferecerem as respostas que seus clientes requerem,
ponsáveis. Logo, as pessoas e equipes deverão ser tidas sob pena de os verem optar por outro fornecedor, e isto
como fontes de conhecimento, que é o grande capi- muito rapidamente. Segundo Moura et al. (2008), as
tal das organizações, e que, portanto, são sua grande organizações modernas veem-se obrigadas a inovarem
riqueza. Em outras palavras, organizações inteligentes, constantemente, com vistas a garantirem sua manuten-
de aprendizagem, vão realizar nas pessoas e equipes, ção no mercado. Essa pressão dá-se, principalmente,
os investimentos em aprendizagem e conhecimento por dois grande fatores: a era da informação e a enorme
para que possam, estratégica e responsavelmente, competitividade do mercado.
sustentarem-se no mercado.
Entre os fatores componentes da realidade organi-
Para fazer uma diferenciação mais consistente zacional, entende-se que tecnologias e processos não
entre os conceitos de gestão de “recursos” e gestão devem ser consideradas garantias de poder de compe-
estratégica de pessoas, pode-se levar em conta as titividade, já que tais ingredientes podem ser copiados
seguintes situações: integralmente pela concorrência, o que já não ocorre
com as pessoas, sendo que estas verdadeiramente,
x os processos e as tecnologias têm como por suas capacidades (traduzidas em competências e
característica essencial as prerrogativas, por habilidades), trazem para a organização a grande pos-
exemplo, de não percepção, não reação, não sibilidade de fazer a diferença para seus públicos de
adaptação, não inovação, não proação, não interesse, haja vista deterem nuances impossíveis de
criatividade, não interação, não integração, etc., serem copiadas, tais como iniciativa, criatividade, enfim,
ou seja, em nada podem contribuir em termos atitude, e sem falar ainda nas infinitas possibilidades de
de reais diferenciais competitivos. Existem combinações entre elas.
única e exclusivamente para fazerem aquilo
para o que foram previamente programados. Assim, conforme as organizações avançam em
Isso implica que o gestor deve atribuir um grau seu dia a dia, devem focar mais e mais suas aten-
de menor atenção, mas não de forma displi- ções nesse definitivo potencial de competitividade,
cente a esses recursos que as pessoas, em sua as pessoas e equipes, as quais devem ter partici-
conduta gestora, já que, naturalmente esses pação efetiva no processo decisório, por serem os
itens organizacionais impõem um grau menos reais sentidos da empresa no mercado, através de
elevado de complexidade para sua gestão. suas percepções. Klein (apud SAMMARTINO, 2002),
x As pessoas têm como prerrogativa natural a enfatiza que há uma acentuada facilidade de se copiar
criatividade, a inovação, a integração, as per- tecnologias e processos, por parte de empresas de
cepções, a eficiência somada à eficácia. Isto menor porte, as quais acabam por conquistar impor-
sim, requererá do gestor uma atenção muito tantes partes do mercado e que, somente com base
mais elevada, pois o grau de complexidade no capital intelectual, a vantagem competitiva susten-
para gerir e obter resultados excelentes nesse tável será garantida.
contexto será muito mais elevado.
O potencial intelectual das pessoas configura-se
Assim, na gestão estratégica de pessoas e com a base para as realizações empresariais, inclu-
equipes de pessoas, o gestor deve ter sim foco sive as financeiras. O clima organizacional, obviamente,
estratégico, mais que operacional. passa pela composição humana de qualquer empresa.
As abordagens até aqui apresentadas sugerem que Dessa forma, fica evidente a necessidade de atenção
a competitividade empresarial por espaços cada vez dos gestores quanto à aplicação do potencial humano

As pessoas têm como prerrogativa natural


a criatividade, a inovação, a integração, as
percepções, a eficiência somada à eficácia.

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nas dimensões estratégicas estabelecidas para o futuro Outro aspecto a ser considerado no que diz respeito
da empresa. ao valor estratégico do potencial humano para a organiza-
ção, e que dentre os grandes componentes organizacionais
No curso de Construção de Equipes e Alta Perfor- (pessoas, processos e tecnologias), as pessoas ganham
mance, pretende-se abordar as principais variáveis envol- destaque considerável, por serem, também, fontes ines-
vidas no processo de gestão organizacional, principal- gotáveis de criatividade, percepções, comunicabilidade,
mente em termos de decisões estratégicas que devem inquietudes, diferenças, provocações para a inovação,
ser tomadas em detrimento de decisões puramente ope- etc. Tais características humanas podem seguramente ser
racionais, muito mais evidentes nas empresas, ou seja, tidas como grandes ativos intangíveis já que, por exemplo,
cabe destacar a necessidade de que os gestores estejam pela prerrogativa da criatividade e inquietudes, o trabalha-
conscientes de que muito mais vital que deterem-se em dor e sua equipe podem ser capitalizados como agentes
questões operacionais do cotidiano, devem eles bus- de permanentes de soluções para mudança, ingrediente
car aprofundamentos cada vez maiores relacionados à vital para a sustentabilidade do empreendimento.
gestão do potencial humano, que é, naturalmente, mais
complexa e que, consequentemente, exige maior aten- Ainda considerando essa perspectiva do valor intangí-
ção dos mesmos, para que se conduza a organização a vel do intelecto humano, tem-se que uma das mais valiosas
níveis mais seguros de sustentabilidade. prerrogativas das pessoas e suas equipes é a “percepção”.
Isso significa afirmar que tão somente as pessoas e as
A gestão estratégica de pessoas pode ser entendida equipes, com sua abordagem coletiva, podem perceber
como um conjunto de ações gerenciais sistemáticas e situações e condições inúmeras que permeiam o fazer
contínuas, que visem assegurar, à relação humano-or- organizacional e, por essa capacidade perceptiva, enten-
ganizacional, um senso de direção e de continuidade a der contextos e propor soluções e melhorias contínuas. No
longo prazo, com flexibilidade e otimização do potencial entanto, os gestores devem estar cientes de que pessoas
das pessoas e do seu desempenho atual e futuro. e equipes desenvolvidas são potenciais mais significativos
ainda, pois perceberão mais fácil e rapidamente e propo-
O reconhecimento de que as pessoas compõem o rão de forma mais ágil as soluções esperadas.
aspecto vital da organização é o primeiro passo a ser dado
rumo à excelência organizacional e à sustentabilidade, Um exemplo clássico dessa análise é a percepção
pois como visto anteriormente, delas partem a iniciativa, do cliente. A organização inteligente é a que está mais
a criatividade, a responsabilidade, enfim, as percepções próxima do seu cliente e que pensa, não nela, mas com
que a empresa precisa ter para garantir-se mais firme no ele. Ora, há que se concordar que para o alcance desse
mercado. Isto se confirma com a seguinte citação: nível de tratamento, a percepção da empresa deve estar
em graus muito elevados. Com isso, entende-se que as
(...) o sucesso das organizações depende
cada vez mais das oportunidades de apren- organizações inteligentes são as que mais investem na
dizado das pessoas que as integram e de um inteligência de suas pessoas e equipes, tornando-as reais
ambiente favorável ao desenvolvimento das talentos perceptivos, principalmente no que diz respeito à
suas potencialidades. Valorizar pessoas signi- satisfação do cliente, às novas exigências da sociedade,
fica assegurar seu desenvolvimento, bem-estar
e satisfação, criando práticas mais flexíveis e às necessidades internas de excelência em comunicação
produtivas para atrair e reter talentos, bem e relações interpessoais e intergrupais, etc.
como um clima organizacional participativo e
agradável, que propicie um alto desempenho
pessoal e organizacional (MATO GROSSO,
4| Desenvolvimento
2012, p. 3). organizacional
Assim, deduz-se que o processo decisório da Desenvolvimento Organizacional (D.O.) é um processo
gestão empresarial passa, impreterivelmente, por atitu- planejado de mudança nos sistemas de uma organização,
des relacionadas à atenção, às pessoas e às equipes, podendo aplicar-se aos sistemas rígidos (sistema de pro-
como sendo de modo a possibilitar ambientes sau- dução, por exemplo) ou, ainda, aos sistemas flexíveis (valo-
dáveis de realização mútua, de desenvolvimento, de res e cultura organizacional, por exemplo). Da necessidade
satisfação e motivação. de inovar, transformar-se para adequação à realidade que

GESTÃO E LIDERANÇA DE PESSOAL

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cerca a empresa, surgem as mudanças, já que as empre- tivos organizacionais, sendo que os objetivos da organiza-
sas devem modernizar-se constantemente, com vistas ção devem contemplar, necessariamente, o bem-estar e
a não perderem sua força competitiva e capacidade de o desenvolvimento delas e que os objetivos destas devem
sustentar-se no mercado. É a evolução organizacional. prever, impreterivelmente, a satisfação da empresa em
suas necessidades de competências e habilidades e de
O Desenvolvimento Organizacional pressupõe entrega das pessoas, por meio do comprometimento, à
mudanças de alto impacto, não se enquadrando nessa produção de produtos e serviços de excelência.
característica as alterações menos significativas como,
por exemplo, a mudança de lugar de um certo móvel Chiavenato (1998) salienta que o Desenvolvimento
da empresa. Para configurar-se mudança para o D.O., Organizacional deve ser elaborado como um projeto
deve-se pensar, acima disso, na mudança geral dos que eduque as pessoas tanto em nível técnico como
móveis de um ambiente, por exemplo, visando mais fun- comportamental, numa perspectiva de longo prazo, de
cionalidade para a equipe ali alocada. Seria uma alteração forma que as mesmas se tornem em agentes de solu-
no próprio layout do ambiente e, conforme o caso, da ções de problemas, surgindo, com isto, uma adminis-
própria empresa. Uma mudança como esta pode propor- tração colaborativa e mais efetiva.
cionar maior racionalidade em um processo de produção,
redução de custos, qualidade de vida para o trabalhador, O autor ainda enfatiza que, para se obter efetividade
maior segurança, maior comodidade para os clientes, etc. no processo de desenvolvimento organizacional, deve-
Com mudanças que impliquem em D.O., haverá, neces- rão ser implementados alguns elementos essenciais: 1)
sariamente, interferências no ambiente como um todo, a orientação para longo prazo; 2) o envolvimento de
nos processos e na atitude dos colaboradores. esforços para a eficácia global da organização total e
não apenas de parte dela e 3) os passos de diagnóstico
O Desenvolvimento Organizacional requer mudanças e de intervenção desenvolvidos conjuntamente entre os
radicais como a implantação de um processo de 5S, por gerentes de linha e de consultor.
exemplo, que vai mexer significativamente com a cultura
instalada, com o comportamento das pessoas, com toda O questionamento mais destacado na atualidade, entre
realidade do cotidiano. Outras ações abrangentes que as organizações é “qual a fonte para obtenção de vanta-
podem muito bem exemplificar o processo de mudança gem competitiva sustentável?”. Ora, programas de desen-
para D.O., são as filosofias de atitudes para a qualidade, volvimento bem-estruturados e confiados a pessoas bem-
como os processos de just in time, kaisen, kanban, etc. intencionadas no âmbito da renovação de metodologias
poderão trazer respostas que atendam a essa expectativa.
A comunidade global na qual se inserem as organi-
zações modernas impõe rigorosa força para a mudança, Nas palavras de Silva (2001, p. 1-2), percebe-se a
com uma ambientação extremamente dinâmica, a qual importância e a aplicabilidade de um eficaz programa de
exige elevada capacidade de reação, adaptação e inova- desenvolvimento organizacional, bem como sua concei-
ção, como sendo condições mínimas para sobrevivência. tuação básica, ligada à base dessa dissertação, que é a
visualização do fator humano como primordial e essen-
4.1 | Pressupostos básicos cial ao êxito do processo produtivo.
do Desenvolvimento
Organizacional A organização deve estar envolvida num constante
processo educacional que permita-lhe adaptar-se às
O Desenvolvimento Organizacional é um fenômeno mais diversas situações que a cercam, tais como mer-
que se baseia em muitas variáveis. Entre elas está o fato cados, tecnologias, desafios, etc., as quais surgem pro-
de que as pessoas que compõem a empresa sejam tidas gressivamente a cada dia. Nesse esforço educacional,
como parceiras e não meramente funcionárias ou cola- o qual pode-se denominar, também, Desenvolvimento
boradoras. Essa realidade é de difícil alcance pois requer Organizacional, mudança é a palavra de ordem. Variá-
mudanças radicais de paradigmas no nível comporta- veis como atitudes, valores, comportamentos e a própria
mental de líderes e liderados. Outro requisito básico para estrutura da organização devem ser alvo de inovações.
se alcançar o desenvolvimento organizacional é o alinha- Silva (2001) propõe que essa educação inovadora deve
mento dos objetivos dessas pessoas (parceiras) aos obje- basear-se em dois grandes estudos: o da estrutura

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organizacional e o do comportamento humano na orga- x O indivíduo, ressaltando as motivações,
nização, integrados de forma sistêmica: atitudes, necessidades, etc. (SILVA (2001,
p. 68).
Os diversos modelos de Desenvolvimento Organi-
zacional consideram basicamente quatro variáveis: Perceba-se nessas quatro variáveis a presença de
indicadores que alertam para a necessidade de conside-
x O meio ambiente, focalizando aspectos rar as pessoas como componentes indispensáveis a
como a turbulência ambiental, a expansão todo processo organizacional.
do conhecimento, a explosão tecnológica,
a explosão das comunicações, o impacto Se analisadas as considerações dos autores do
dessas mudanças sobre as instituições e
Desenvolvimento Organizacional, nota-se que estes
valores sociais, etc.;
combatem as formas tradicionais de organização,
x A organização, abordando o impacto defensoras dos Sistemas Mecânicos, e que não pro-
sofrido em decorrência da turbulência movem as atitudes comuns aos Sistemas Orgânicos,
ambiental e as características necessárias nos quais buscam-se valores mais profundamente
de dinamismo e flexibilidade organizacio- abrigados que, em sendo descobertos e dinamizados,
nal para sobreviver nesse ambiente;
redundam em resultados surpreendentes às organi-
x O grupo social, considerando aspectos de zações. Trata-se dos recursos internalizados nas pes-
liderança, comunicação, relações inter- soas. As diferenças entre um e outro sistema apare-
pessoais, conflitos, etc. cem no Quadro 1.

Quadro 1 | Diferenças entre sistemas mecânicos e orgânicos.

SISTEMAS MECÂNICOS SISTEMAS ORGÂNICOS


A ênfase é exclusivamente individual e nos cargos. A ênfase é nos relacionamentos entre e dentro dos grupos.
Relacionamento do tipo autoridade e obediência. Confiança e crença recíprocas.
Rígida adesão à delegação e à responsabilidade dividida. Interdependência e responsabilidade compartilhada.
Divisão do trabalho e supervisão hierárquica rígidas. Participação e responsabilidade multigrupal.
Tomada de decisões centralizada. A tomada de decisões é descentralizada.
Controle rigidamente centralizado. Amplo compartilhamento de responsabilidade e de controle.
Solução de conflitos por meio de repressão, arbitragem e/ou hostilidade. Solução de conflitos através de negociação ou de solução de problemas.
Fonte: Chiavenato (1998, p. 323).

Os sistemas orgânicos parecem indicar uma melhor esse conceito é intrínseco ao senso de empresa e
condição de trabalho e desenvolvimento para organização que o objetivo do todo é sempre o desenvolvimento
e trabalhadores, pois pressupõem a efetiva participação de ambos os lados: pessoas e empresa. Ora, com
das pessoas como agentes altamente ativos e proativos programas específicos de desenvolvimento organi-
no processo, bem como a prevalência da criação sobre zacional e estratégias eficientes e eficazes de par-
a execução. Enquanto o frio sistema mecânico determina ticipação mais responsável, todos poderão prestar
uma rígida divisão do trabalho, o orgânico pressupõe a melhores serviços e ofertarem melhores habilidades.
participação responsável de indivíduos e grupos de indi- Os participantes devem ser conclamados, através de
víduos na consecução de objetivos e metas. métodos tecnicamente desenvolvidos, a ampliarem
seu grau de envolvimento e comprometimento com
Para Mills (1987), ao se falar em participação, a organização, para que possam, então, evoluir com
no entanto, deve-se levar em conta o fato de que a mesma.

GESTÃO E LIDERANÇA DE PESSOAL

|9|
cos de interesse, vantagem competitiva e, consequente-
5| Mudança e inovação mente, sustentabilidade/sobrevivência.
a partir de pessoas
e equipes I Segundo Pinchot III (1989, p. 177), “a inovação
quase nunca acontece em grandes organizações, sem
O cenário global impõe às organizações demandas que haja um indivíduo ou um pequeno grupo apaixona-
muito mais amplas da sociedade, o que, por sua vez, damente dedicado a fazê-la acontecer”. Pode-se dedu-
faz com que estas busquem novos modelos de gestão, zir que o autor consolida as afirmações introdutórias
sendo gerada maior amplitude de tarefas para os cola- deste tópico, pois confirma que somente por meio das
boradores, já que estes, além de desempenharem os pessoas será implementada a inovação organizacional
papéis operacionais do seu dia a dia, devem também e mais que isto, somente através de pessoas enfatica-
participar de ações até mesmo estratégicas da empresa, mente dedicadas a fazê-la acontecer. Surge, então, uma
colaborando com ideias e sugestões para melhorias questão indispensável nesse momento: qual tipo de ges-
contínuas e com atitudes cada vez mais empreendedo- tor ou quais competências serão essenciais para que o
ras para as mudanças e inovações. gestor consiga levar pessoas comuns a fazerem coisas
extraordinárias como inovar em processos, tecnologias
Esse contexto implica em que a empresa invista e relacionamentos? Sem dúvida, gestores qualificados
intensamente em capital intelectual e tecnologias de com conhecimentos e atitudes visionárias e proativas.
ponta, valorizando, com isso, o conhecimento organi-
zacional e individual, através de uma maior qualificação Um dos alertas que se poderia fazer nesse
dos colaboradores para que estes possam participar momento da reflexão é que dentre as competências
efetivamente do desenvolvimento organizacional com essenciais para a deflagração das inovações, está
as tais propostas de melhorias contínuas por meio do aquela relacionada à velocidade. O CEO da General
processo constante de inovação e mudança. Eletric, Jack Welch, salienta que quando a velocidade
das mudanças ambientais (da instabilidade) é superior à
Dentre as variáveis componentes do processo de velocidade das mudanças na organização, então o fim
gestão humano-organizacional, e que o tornam ainda está à vista. Isto deve chamar a atenção daquelas pes-
mais complexo, surge a gestão da inovação, a qual soas encarregadas de conduzir empresas ao sucesso,
implica, necessariamente, em alguns pressupostos/estí- no sentido de levá-las a uma compreensão mais séria e
mulos: flexibilidade, aprendizagem, criatividade e versa- profunda da importância do seu papel enquanto líderes.
tilidade. Como são prerrogativas naturais do homem, as A ilustração da Figura 4 revela as condições em que
pessoas é quem serão alvo de decisões estratégicas tais líderes atuam, indicando principalmente condições
quanto a planos de gestão flexibilizada, de aprendiza- de permanente instabilidade, que, por sua vez, reque-
gem organizacional, de incentivo à criatividade e de rem decisões rápidas e certas.
estímulo à versatilidade. Logo, confirma-se a assertiva
de que a inovação contínua, fruto desses pressupostos, Tal condição de complexidade reafirma a necessi-
levará o processo gestor a resultados positivos como dade de constante preparação e adequação às turbulên-
satisfação/motivação, reconhecimento perante os públi- cias nas quais devem “navegar” as empresas modernas.

Figura 4 | Cenário global de instabilidade.

REGULARIDADE INSTABILIDADE MUDANÇA REGULARIDADE

Antiga linha da sustentabilidade empresarial – previsibilidade

MÓDULO BÁSICO

| 10 |
INSTABILIDADE MUDANÇA INSTABILIDADE MUDANÇA

Nova linha da sustentabilidade empresarial – complexidade


Fonte: adaptado de Sousa (2002).

COM, 2008), apresentada no Gráfico 1, revela dados


6| Mudança e inovação preocupantes quanto à postura de empresas, líderes
a partir de pessoas e pessoas quanto ao processo de gestão da inovação.
e equipes II Trata-se dos índices de fatores restritivos à mudança
Vive-se num mundo de incertezas predominan- e inovação percebidos em empresas brasileiras. Per-
tes, sendo a era da instabilidade constante. Esta é uma ceba que dentre os aspectos mais recorrentes nas
realidade que também vem reforçar a necessidade de forças contrárias à mudança, está a liderança inibi-
que as organizações sejam sempre inteligentes e ainda dora e restritiva, com 88% dos casos. Em seguida e
mais inteligentes, de modo a responderem mais rápida não menos preocupante, a precariedade nos sistemas
e eficazmente aos reclamos da sociedade global. Ora, de avaliação de desempenho, de reconhecimentos e
inteligência organizacional é uma condição existente em de recompensas, com 88% de ocorrências. Mas um
empresas que pensam estrategicamente a inovação dado também alarmante revela que 82% das empre-
contínua e o pensar é uma prerrogativa humana que sas pesquisadas revelaram estar com incapacidade
deve ser estimulada e conquistada para o negócio com de reter talentos estratégicos, o que as leva a não ter
o grande diferencial de competitividade. força suficiente para mudar e inovar. Deficiência de
competências essenciais e conhecimento crítico são
A pesquisa do INEI – Instituto Nacional de Empre- outras características de 76% das empresas, e que as
endedorismo e Inovação (apud ADMINISTRADORES. impedem de processar mudanças vitais.

Gráfico 1 | Fatores restritivos à inovação.

90% 88% 88%


80% 82%
76%
70%
60%
53%
50%
47% 47%
40% 42%

30%
20%

10%
0%
A B C D E F G H

GESTÃO E LIDERANÇA DE PESSOAL

| 11 |
A – Liderança inibidora e restritiva

B – Precariedade nos sistemas de avaliação de desempenho, reconhecimento e promoção

C – Incapacidade para reter talentos estratégicos

D – Deficiência de competências essenciais e conhecimento crítico

E – Ausência de projetos de capacitação

F – Ausência de promoção da autonomia/empowerment

G – Limitações na gestão de ideias

H – Cultura organizacional impeditiva


Fonte: INEI (2012).

Assim, deve-se entender que a gestão estratégica Estas são qualidades a serem desenvolvidas na
da mudança e da inovação é mais uma das grandes organização com a finalidade de sustentá-la em sua difícil
atribuições dos gestores por excelência e que estes têm missão de manter-se ativa no mercado. E essa condição
como dever profissional, concebê-las, implementá-las e refere-se, essencialmente, na conquista da satisfação
sustentá-las. tanto de clientes externos quanto de acionistas e investi-
dores. Portanto, o planejamento estratégico de pessoas
7| Gestão excelente nasce e talentos configura-se como uma ferramenta vital para
a construção de uma empresa saudável, que venha a
de um planejamento
obter a confiança dos seus públicos de interesse.
excelente I
Estabelecidas a missão e a visão da empresa,
A condução da empresa rumo ao sucesso espe- deve-se caminhar para o passo seguinte: a agregação
rado requer a preparação técnica e comportamental das competências essenciais à realização das mesmas.
das pessoas e das equipes nela inseridas. Essas com- Esse processo inclui a organização dos fatores de pro-
petências devem ser conquistadas pela empresa atra- dução: tecnologias, processos e pessoas, a construção
vés de um planejamento bem-elaborado que possa e percurso da linha estratégica do desenvolvimento da
produzir os efeitos desejados em termos de potencial empresa, linha esta que faz a ligação entre a posição
competitivo. Algumas das competências essenciais a atual da mesma e sua posição futura, vislumbrada na
serem alcançadas: Competências Gerenciais (Com- visão. Nesse sentido, Milkovich (2000, p. 121), salienta
ponentes Técnicos); Recrutamento e Seleção; Car- que “o planejamento de recursos humanos coleta e utiliza
gos e Salários; Pesquisas e Indicadores; Treinamento informações para apoiar as decisões sobre investimentos
e Desenvolvimento; Plano de Carreira; Avaliação de a serem feitos em atividades de RH. Essas informações
Desempenho; Competências Gerenciais (Componentes incluem os objetivos futuros, as tendências e as diferen-
Comportamentais); Liderança e Motivação; Responsa- ças entre os resultados atuais e aqueles desejados”.
bilidade; Criatividade e Iniciativa; Empreendedorismo;
Comprometimento; Clima e Relações Interpessoais e Uma das maiores características de gestores por
Crenças e Valores. excelência em planejamento estratégico de pessoas e

A condução da empresa rumo ao sucesso esperado


requer a preparação técnica e comportamental
das pessoas e das equipes nela inseridas.

MÓDULO BÁSICO

| 12 |
equipes é a previsibilidade, ou seja, o fato de o gestor estar resultados e perspectivas interna e externamente. Quan-
amplamente informado das intenções organizacionais tificando bases conceituais como a satisfação, a aprendi-
e muito mais ainda, das necessidades essenciais para o zagem e o desenvolvimento humano, será possível iden-
alcance das metas e objetivos propostos. Assim, devida- tificar o desempenho em termos de alcance de objetivos
mente informado, agirá estrategicamente no suprimento de propostos, para clientes (internos e externos) e acionistas.
tais necessidades, com a devida antecedência. A grande
vantagem dessa postura do gestor moderno é o fato de Assim, espera-se dos gestores por excelência ações
propor soluções antecipadas e garantir a geração de novas otimizadas quanto a(à), por exemplo: melhoria contínua
vantagens competitivas constantemente, já que a condição em treinamento e desenvolvimento, inovação e mudança
imperante é de vantagens competitivas instáveis. organizacional, sistema estratégico de recompensas,
gestão por competências, sistemas integrados e tecnolo-
Para comportar-se como uma área de recursos gias de informação para uma melhor base de comunica-
humanos de amplitude estratégica, deve esta contar com bilidade, programas de qualidade de vida, entre outras.
um líder visionário que promova ações gestoras fortalece-
doras como uma comunicação interna e externa ampla, O planejamento de pessoas e talentos é um processo
objetiva e clara, uma dinâmica facilitadora de mudanças, de coleta e utilização de informações que apoiam decisões
uma maior integração interáreas e interprocessos, uma sobre possíveis investimentos a serem feitos na área.
cogestão do clima organizacional e o desenvolvimento
humano eficaz, sendo participativa, impulsionadora, pro- O gestor por excelência planejará estrategicamente
dutora e retentora de talentos e inovadora. em função das perspectivas externas (públicos externos,
outras influências) e das internas (colaboradores, proces-
O gestor planejará estrategicamente em função sos e tecnologias), minimizando fragilidades e maximi-
das perspectivas externas (clientes e acionistas) e das zando potencialidades que componham a organização.
internas (colaboradores, processos e tecnologias), mini-
mizando fragilidades e maximizando potencialidades que O processo de planejamento no centro da aborda-
componham a organização. Knapik (2006, p. 44) res- gem diagnóstica deverá contemplar as seguintes variáveis:
salta, quanto ao planejamento estratégico de gestão de
1| onde e como estamos agora? Diagnóstico das
pessoas, que “a preocupação antecipada com a força
condições organizacionais atuais, das condi-
de trabalho e das competências humanas necessárias
ções externas e dos colaboradores (mapea-
para a realização dos objetivos organizacionais exerce
mento geral).
um importante papel no sucesso e na eficácia da área de
gestão de pessoas (...) e que o planejamento estratégico 2| onde e como queremos estar? Estabelecimento
de recursos humanos deve estar vinculado às estratégias dos objetivos em termos de pessoas e talentos
organizacionais”. Ora, tal atitude organizacional deve tra- (competências e habilidades), com base nos
duzir-se em políticas de gestão de pessoas que definam índices esperados de eficiência e eficácia.
a conduta e os procedimentos mais acertados, e que
3| como chegaremos lá? Escolha das atividades
venham consolidar as propostas organizacionais.
na gestão de pessoas e alocação das poten-
Destacando a necessidade de uma gestão estratégica cialidades necessárias.
de pessoas e talentos, devidamente fundamentada em um 4| como nos saímos? Onde e como estamos
planejamento eficaz, Knapik (2006, p. 50) ainda enfatiza agora? Avaliação dos resultados obtidos por
que “a gestão de pessoas caminha para práticas que meio do diagnóstico das novas condições, de
objetivam desenvolver a relação empregado-empregador acordo com os objetivos. Reinício do processo.
alicerçada por subsistemas de gestão que propiciem uma
relação de “ganha-ganha”, em que são aproximados os Ao planejar em gestão de pessoas e talentos,
interesse dos colaboradores e os objetivos da organização”. o gestor deve focalizar a situação entre a posição
atual e a posição futura (visão), compreendendo que
Como forma de se consolidar ainda mais um exce- entre uma e outra posição, há uma linha estratégica
lente planejamento, a ferramenta Balanced Score Card de desenvolvimento, na qual está indicada a necessi-
poderá compor os meios pelos quais o gestor analisará dade de “agregação” de competências essenciais pela

GESTÃO E LIDERANÇA DE PESSOAL

| 13 |
“captação” das mesmas e pelo “desenvolvimento” des- Pessoas e talentos (capital intelectual/poten-
tas, internamente, ou seja, nesta linha imaginária, estão cial humano)
como que pontos estratégicos nos quais se deverão
agregar competências, ou por meio de treinamentos x Prerrogativa natural: ser (criatividade, inovação,
específicos ou por meio de captações diversas. integração, percepções, eficiência + eficácia).

Com esse conceito em mente, o gestor deverá


O planejamento estratégico em gestão de pessoas
incluir em seu planejamento ações distintas em ter-
ganha notoriedade quando o gestor compreende que há:
mos de agregação e preservação desses elementos
1| condição imperante (no cotidiano das orga- no empreendimento, com ótimos níveis de desempe-
nizações) – vantagens competitivas instáveis. nho. Em outras palavras, não deverá o mesmo atribuir
Isto leva a uma: atenção em demasia aos recursos da empresa e des-
prezar a necessidade de atenção diferenciada aos seus
2| necessidade imperativa – habilidade para gerar
ativos humanos. Visão ampliada na gestão de pessoas e
novas vantagens competitivas constantemente,
talentos redundará em melhores resultados para todos,
a qual requer uma:
devendo o gestor implementar práticas adequadas no
3| solução real – planejamento e gestão estraté- nível motivacional com as pessoas e equipes e no nível
gica de pessoas e equipes da manutenção, com os recursos.

8| Gestão excelente nasce Portanto, a Gestão Estratégica de Pessoas e Equipes


de um planejamento deve ser tida como um conjunto de “ações gerenciais
sistemáticas e contínuas”, que visem assegurar à relação
excelente II humano-organizacional, um “senso de direção e de con-
tinuidade” a longo prazo, com flexibilidade e otimização
Por que fazer planejamento?
do potencial das pessoas e do seu desempenho atual e
1| O planejamento “vincula” as pessoas à orga- futuro. Com isso, planejar adequadamente é vital.
nização.
(trata-se de um processo de integração) 9| Gestão da aprendizagem
2| O planejamento “liga” as ações às consequên- e do conhecimento
cias.
Peter Senge, no livro A quinta disciplina (2004),
(resultados são “vistos” nas atitudes cotidianas) afirma que as organizações de aprendizagem são aque-
3| O planejamento “integra” as atividades da les espaços em que 1) as pessoas expandem continua-
área de Gestão de Pessoas (como as ativida- mente sua capacidade de criar os resultados que real-
des se relacionarão pelo melhor desempenho mente desejam; 2) surgem novos e elevados padrões de
organizacional). raciocínio; 3) a aspiração coletiva é libertada; 4) as pes-
soas aprendem continuamente a aprender em grupo.
8.1 | A elevada importância
O autor ressalta que as organizações de aprendi-
do potencial humano zagem são empresas que estão continuamente expan-
dindo a sua capacidade de criar seu próprio futuro. Tais
Ao planejar, o gestor deverá ter em mente que diante
afirmações têm sentido a partir do momento em que se
de si estão os três grandes elementos a serem considera-
entende que essas organizações têm “visão de mundo”,
dos. Ao visualizar tais elementos, deverá o mesmo enten-
que é aquela competência de pensar suas realidades
der que há diferentes níveis de abordagem estratégica
interna e externa e aquela capacidade de aprender a
para cada um dos três, conforme descrito a seguir:
adaptar-se às mudanças ambientais, a recriar a realidade
Tecnologias e processos (recursos) organizacional, a renovar a organização e a conquistar
novos mercados.
x Prerrogativas naturais: fazer e fazer (não
reação, não inovação, não proação, não criati- Tais características são comuns em empresas que
vidade, não interação, não integração). permitem a construção intensa da aprendizagem por

MÓDULO BÁSICO

| 14 |
meio dos saberes individuais e coletivos, desenvolvendo A aprendizagem promove mudanças e enriquece
competências relacionadas, por exemplo, ao conhe- experiências que, por sua vez, promoverão necessi-
cimento de mercado, à sensibilidade internacional, à dade de mais conhecimentos, tendo como campo de
excelência em operações, à visão estratégica e liderança efetivação a mente humana, conforme demonstrado na
e ao desenvolvimento de pessoas. Figura 5.

O conhecimento tornou-se uma riqueza considerá- Figura 5 | Campo de


vel para toda e qualquer organização, sendo a base para ocorrência da aprendizagem.
grandes tomadas de decisões e para o enquadramento
da empresa à realidade cada vez mais árida enfrentada Impulsoos
Comportamentos
no mercado global. “Saber” tem significado a diferença Estímu
Es
Estí mulo
ulos
loos
Valores
entre a satisfação e a insatisfação do cliente, o lucro
Decisões
e o prejuízo, a sustentação e a extinção da empresa.
Hábitos
E não é para menos, já que se vive na atualidade a
Ideias
Era do Conhecimento que já agrega uma outra variável
Criatividade
de complexidade para as organizações: a responsabi-
Iniciativa, etc.
lidade social.

Sendo esta a Era do Conhecimento e das Rela- No entanto, pretende-se que a decisão pela apren-
ções Socialmente Responsáveis, cabe aos gestores dizagem seja uma decisão estratégica, na qual as pes-
tomar as decisões mais acertadas quanto à gestão soas tenham um sentido amplo e seguro para o “apren-
empresarial, composta de atitudes relacionadas com der”, o qual muitas vezes está distante das concepções
o respeito aos direitos humanos, às leis trabalhistas e de aprendizagem vivenciadas em muitas organizações,
ao meio ambiente, tão acentuadamente cobradas pela ou seja, as pessoas devem aprender e saber o porquê
sociedade moderna. aprendem, devem aprender e sabor para que apren-
dem e, principalmente, devem aprender e saber que
Ora, a adoção de novos padrões de comporta- isso significa seu desenvolvimento e sua consolidação
mento organizacional implica na necessidade de acu- no ambiente de trabalho e na organização.
mularem-se saberes alinhados às exigências sociais e
mercadológicas, fazendo das pessoas as reais depo- O desenvolvimento de competências como rela-
sitárias de tais conhecimentos e gerindo eficazmente ções interpessoais, visão, estratégias, liderança, entre
a transferência destes para a realização empresa- outras, passa necessariamente pela aprendizagem, que
rial. Isto será uma significativa gestão estratégica do pode ser abordada a partir de eixos estratégicos como
conhecimento. o foco no cliente e a excelência operacional.

Decisões paradigmáticas pela aprendizagem em Entre os grandes desafios que devam ser enfren-
qualquer lugar (in company, home, e-learning e remo- tados pelo líder está o de levar as pessoas a deseja-
te-learning); que visem desenvolver competências no rem aprender, ou seja, estimular nos liderados o desejo
contexto do negócio; que ocorram através da ação em pela busca incessante do conhecimento e este tanto no
detrimento da mera audição; que enfoquem uma maior plano técnico quanto comportamental e, ainda, tanto
diversidade de públicos (clientes internos e externos, for- no plano individual como o coletivo.
necedores, equipes); que tenham uma constância inin-
terrupta e que visem à solução de problemas, à melhoria No entanto, há um desafio ainda maior: fazer com
do desempenho e aos resultados, são as decisões de que os conhecimentos (na forma de competências e
gestores por excelência, que realmente percebem onde habilidades técnicas e comportamentais) sejam transfe-
a empresa está e onde poderá chegar. ridos para a própria organização, para que esta seja tida

A aprendizagem promove mudanças e enriquece experiências que,


por sua vez, promoverão necessidade de mais conhecimentos,
tendo como campo de efetivação a mente humana.

GESTÃO E LIDERANÇA DE PESSOAL

| 15 |
como uma organização inteligente e competitiva. Levar das, pois isso significa levar as pessoas a entregarem-se
pessoas e equipes a transferirem seus conhecimentos de maneira mais ampla à organização, disponibilizando
para o melhor andamento da empresa é realmente uma seus saberes de forma irrestrita, para o desenvolvimento
tarefa que exigirá do gestor habilidades bastante eleva- desta, conforme ilustrado na Figura 6.

Figura 6 | Dinâmica da aquisição e transferência dos conhecimentos.

APRENDIZAGEM E TRANSMISSÃO DO CONCEITO


COMPLEXIDADE

Individual Coletiva Organizacional

Ciclos da aprendizagem

Na Figura 6, apresentam-se os estágios do plano ralmente mais esclarecidas, capazes e, evidentemente,


individual e coletivo da aprendizagem, em que pessoas dotadas de um senso mais acentuado de liberdade, o
e equipes acumulam conhecimentos disponibilizados que acaba por complicar essa conquista do gestor.
pela organização através de programas de treinamento
e desenvolvimento, bem como pelas próprias experiên- 10 | Gestão da
cias acumuladas por estas. No entanto, deve chegar
aprendizagem e
o momento em que esses conhecimentos individuais
e coletivos devem ser somados e transferidos para a do conhecimento
empresa. Ocorre que no mesmo tempo em que os – treinamento e
conhecimentos são acumulados pelas pessoas e pelas desenvolvimento
equipes, o nível de complexidade para se fazer com que para pessoas e equipes
tal riqueza intelectual seja transferida para a empresa
também se eleva, tornando esta uma tarefa de difícil As empresas sempre vão precisar de novos talen-
execução para os líderes, pois as pessoas estarão natu- tos e competências para avançarem em seu rumo ao

MÓDULO BÁSICO

| 16 |
sucesso. Alguns desses talentos e competências serão soas mais confiantes e dedicadas à organização, como
agregados via processos de recrutamento e seleção, também proporcionará maiores condições de compe-
outros, porém, deverão ser produzidos internamente atra- titividade, o grande diferencial com o qual a empresa
vés dos processos de treinamento e desenvolvimento. poderá contar em momentos de maiores dificuldades e
de necessidades de empenho e determinação. Pode-se
Há necessidade de que os empresários e gestores identificar como habilidades a serem aprimoradas nas
façam constantes leituras em suas organizações para pessoas, dentre outras, o uso de recursos de informá-
constatarem eventuais necessidades de novas compe- tica, o desenvolvimento gerencial, a comunicação, as
tências e habilidades, e que tenham o senso do desen- relações interpessoais e com os clientes, a qualidade
volvimento como algo transcendente em relação ao trei- de vida no trabalho, a liderança, a educação básica,
namento, ou seja, deve-se ter em mente que, além de média e superior.
serem treinadas para fazerem bem feitas as coisas, as
pessoas deverão também ser desenvolvidas, para que Milkovich (2000) afirma que a aprendizagem
sejam preparadas não só para a vida profissional, mas modifica constantemente os conhecimentos das
também para a vida como um todo, vida de cidadania e pessoas, suas habilidades, suas crenças e atitudes e
de relações socialmente responsáveis por exemplo. também comportamentos, os quais são fruto de cada
experiência. Salienta, ainda, que o treinamento deve
Os gestores estratégicos farão com que haja, em ser elaborado de forma que seja o mais abrangente
seu planejamento estratégico de T&D, primeiramente, possível, incluindo muito mais que simples capacita-
um diagnóstico, no qual serão reveladas as necessi- ção para o fazer, mas, também, competências que
dades atuais e futuras da empresa; em seguida, uma façam das pessoas agentes proativos e enriquecedo-
projeção, na qual serão elaborados os programas mais res do ambiente de trabalho.
cabíveis de treinamento; na sequência executarão o
planejado e, finalmente, farão a respectiva avaliação Além disso, o gestor estrategicamente posicionado
dos resultados obtidos. Assim, estarão no caminho do quanto ao treinamento e ao desenvolvimento das pes-
pensamento estratégico no que diz respeito a essas soas terá outro desafio considerável: o de promover a
importantes características da empresa: o treinamento transferência dos saberes acumulados pelas pessoas,
e o desenvolvimento. para o crescimento da própria organização. A Figura 6
ilustra a sequência a ser executada nessa dinâmica de
O ser humano é ávido por conhecimento e sem- aprendizagem pessoal e organizacional, indicando que
pre estará mais propenso a comprometer-se com insti- pouco sentido haverá no acúmulo do conhecimento se
tuições que lhe proporcionem maiores desafios quanto este não for convertido em diferencial competitivo para
à aprendizagem. Nesse sentido, as organizações a empresa.
(ambientes nos quais as pessoas passam grande parte
da vida de aprendizado) devem tornar-se as grandes A aprendizagem individual construirá, também, a
oportunidades de crescimento e desenvolvimento das aprendizagem coletiva. Cabe ao líder eficaz incentivar,
pessoas, como forma de, também, serem um atrativo de forma participativa e espontânea, a transferência des-
para que estas desejem estar sempre presentes e ses saberes essenciais para a “pessoa” da organização,
dedicadas à realização organizacional. O treinamento podendo esta ser tida como empresa inteligente e capaz
e o desenvolvimento podem ser tidos, então, como de sustentar-se nos desafios do mercado, justamente
processos através dos quais a organização orienta a por poder contar com este diferencial tão relevante: o
aquisição de competências, regras e conceitos com conhecimento de seus colaboradores e, por iniciativa
vistas à melhoria do desempenho em curto prazo e destes, de si mesma.
ainda aperfeiçoa capacidades e motivações, a fim de
tornar os colaboradores, os parceiros da organização, Dessa forma, os programas de treinamento e
a longo prazo. desenvolvimento alcançarão proporções bem mais ele-
vadas de retorno, pois não cairá no senso comum de
Decidir pela aprendizagem no ambiente organi- treinar por treinar, mas de treinar para impactar, visando,
zacional é uma atitude indispensável para os gestores também, à consolidação das reais parcerias com os
modernos. Essa aprendizagem não só tornará as pes- clientes internos e externos.

GESTÃO E LIDERANÇA DE PESSOAL

| 17 |
Já Chiavenato (1998, p. 75), referindo-se ao ciclo
11 | A motivação humana motivacional, descreve a seguir quais fatores são mais
Nas palavras de Locke (apud WAGNER III; importantes:
HOLLENBECK, 1999, p. 121), satisfação no trabalho As pessoas são influenciadas por dois grupos
“é um sentimento agradável que resulta da percepção de fatores: os internos (personalidade, apren-
de que nosso trabalho realiza ou permite a realização dizagem, motivação, percepção, valores, etc.)
de valores importantes relativos ao próprio trabalho”. e os externos (ambiente organizacional, regras
Os valores e a importância dos mesmos, bem como a e regulamentos, cultura, políticas, métodos e
processos, recompensas e punições, etc.). O
percepção das pessoas em relação à situação atual rela- ciclo motivacional que começa com o surgi-
cionada aos seus valores, são ingredientes de uma com- mento de uma necessidade. A necessidade
plexa engrenagem que deve funcionar visando à conse- é a força dinâmica e persistente que provoca
cução da satisfação das pessoas no trabalho. Wagner III o comportamento. Sendo eficaz o comporta-
mento, haverá satisfação da necessidade.
e Hollenbeck (1999) salientam que o fator importância
de valores difere de pessoa para pessoa, enfatizando que
Assim, pode-se afirmar que o ambiente mais moti-
essas diferenças são vitais quando da determinação do
vador possível deve ser promovido dentro da organiza-
grau de satisfação das pessoas no trabalho.
ção para que indivíduos tenham melhores condições de
A motivação das pessoas tem como epicentro suas verem suas necessidades satisfeitas e passem a deter-
próprias necessidades, conforme preconiza Bergamini minar novos desafios e propósitos para a vida profissio-
(1998, p. 89): nal, ou seja, para que os indivíduos se automotivem; este
é o ciclo ideal de maturação pessoal e profissional.
Todo comportamento motivacional só existe
em função de um estado interior de carência; Drucker (1998, p. 455), enfatiza que “as organiza-
portanto, quanto maior for este estado, maior ções existem para permitir que seres humanos comuns
será a motivação vigente, fazendo assim com
que a necessidade seja sinônimo de moti- façam coisas extraordinárias”. O referido autor chama
vação. Quanto maior a necessidade, maior a de espírito de realização o fato de se permitir às pes-
motivação. soas mostrarem o que são capazes de fazer, ao invés de
expor aquilo para o que são incapazes. Drucker (1998)
Uma abordagem inevitável, a essa altura das con- afirma ainda que “a prova por que têm que passar as
siderações, é a da teoria da motivação, já que se fala organizações é fazer com que as pessoas comuns
até aqui de satisfação e compromisso entre pessoas, apresentem uma atuação superior àquela que parecem
empresas, grupos sociais, etc. possuir naturalmente, fazer aparecer todo potencial pos-
suído por seus integrantes [...]”.
Silvermann (1976, p. 77-78) questiona a situação
motivacional: O que parece estar claro para Drucker (1998) é
a) Como validar a existência das necessi- que as pessoas agem não só pela satisfação de seus
dades humanas? Elas são reais ou são fatores higiênicos e motivacionais, conforme preceitua
apenas construções dos psicólogos? Herzberg (1966), mas pela realização espiritual e emo-
Como estabelecer quais são elas? São cional que se apresenta como grande mola propulsora
universais ou sua expressão é contin- da força de trabalho. Entenda-se que no âmbito das
gente em face das circunstâncias?
“necessidades” das pessoas no ambiente de trabalho e
b) Em que extensão é legítimo usar as na vida pessoal estão incutidos os princípios dos anseios
necessidades como variáveis indepen- básicos (tangíveis) e superiores (intangíveis).
dentes? Elas realmente explicam o com-
portamento? Há uma contradição básica A disponibilidade de recursos deve visar, sim, a
entre elas e a perspectiva sociológica? amplitude interna das pessoas mais que a externa.
Isto pressupõe que a motivação das pessoas só será
c) Se as necessidades existem, por que
elas devem ser satisfeitas dentro das efetiva quando o ambiente permitir, através de pro-
organizações industriais? Por que não gramas de incentivo à realização pessoal, conforme
podem ser satisfeitas fora do trabalho? indica o Quadro 2.

MÓDULO BÁSICO

| 18 |
Assim, para evitar-se o caso de pessoas em simples O Quadro 2 revela que a personalidade das pes-
movimentação pelo interior da empresa, tão somente envol- soas deve ser compreendida pela liderança e que suas
vidas no cumprimento de seus papéis em troca da subsis- aspirações, tais como valores, percepções, aprendi-
tência, sem oferecer algo a mais, sem disponibilizar um plus zagem, entre outras, devem ser alimentadas. Revela,
no comportamento individual e coletivo, ou seja, sendo tão ainda, que o empreendimento que desejar manter pes-
somente eficientes, sem revelarem a eficácia tão necessá- soas motivadas em seus processos produtivos deverá
ria à sobrevivência da empresa, esta terá que perceber nas proporcionar oportunidades reais de autorrealização aos
pessoas quais suas necessidades internas e oferecer-lhes seus colaboradores, através de programas específicos,
os recursos que permitam a realização das mesmas. adequadamente elaborados.

Quadro 2 | Concepção de um ambiente organizacional motivador.

FATORES EXTERNOS
FATORES INTERNOS
(SALÁRIO, LIDERANÇA IDEAL,
(PERSONALIDADE, APRENDIZAGEM,
AMBIENTE, POLÍTICAS, NORMAS,
MOTIVAÇÃO, VALORES, PERCEPÇÃO,
MÉTODOS, RESULTADOS
AUTOREALIZAÇÃO, ETC.)
NUMÉRICOS, ETC.)
Um clima de não insatisfação Um clima de satisfação
SENDO PROPORCIONADOS, (as pessoas estarão apenas não inclinadas a (a qualidade será o resultado deste contexto, pois
PROMOVERÃO: promoverem movimentos de cobranças e de haverá motivação em cada indivíduo).
reclamações).
Um clima de insatisfação Um estado de mera movimentação
NÃO SENDO (os envolvidos estarão propensos à apatia, ao (nesse estágio as pessoas estarão apenas cumprindo
PROPORCIONADOS, negativismo, à agressividade que acaba redundando suas funções para manterem a rotina para evitarem
PROMOVERÃO: em grave, às vezes). a demissão ou para manter a sobrevivência; apenas
para garantir o salário).
Fonte: FAE-CDE (1995, p. 18).

É de grande importância que o gestor conheça aquilo ofereçam à organização, de forma espontânea e
que causa o comportamento das pessoas e também os numa relação de mútua confiabilidade, as compe-
fatores que o influencia, bem como daquilo que elas preci- tências vitais ao seu processo de ascensão. Dentre
sam já que é nesse nível que será concebida a motivação. as muitas competências a serem reveladas pelo líder
Na realidade, todo comportamento humano é conduzido eficaz estão: a orientação para resultados e clientes;
em função de um objetivo e, é claro, as atitudes organizacio- a flexibilidade e a negociação; a inteligência emo-
nais precisam estar alinhadas a esses objetivos para que os cional; a gestão de equipes de alta performance; a
níveis de motivação das pessoas se tornem mais elevados. comunicabilidade, a criatividade, o planejamento; e a
tomada de decisões.
12 | Excelência em liderança Como resultados do seu trabalho a empresa poderá
e o desenvolvimento contar com maior integração entre os setores da estrutura
de equipes (equipes), comunicação mais eficaz, constantes insights
para mudança e inovação, expansão dos horizontes indi-
Os líderes por excelência são, em essência, viduais e coletivos e mais transparência em relação aos
aquelas pessoas que farão com que os liderados critérios para o desenvolvimento pessoal e profissional.

GESTÃO E LIDERANÇA DE PESSOAL

| 19 |
Uma liderança eficaz suprirá a organização das convicções, por sua imaginação e por seu
competências essenciais para o seu sucesso e saberá universo fantasmático. O líder expõe-se e
reter as pessoas e equipes que as possuam, de forma conduz. A liderança não pertence apenas ao
líder. Para que ela haja, é necessário ade-
a manter uma condição de segurança para empresa são ao líder. Deve existir inter-relação entre a
e pessoas. Competências essenciais como orientação visão e as ações que o líder propõe com as
para clientes e para resultados, flexibilidade e negocia- necessidades e desejos de um determinado
ção, inteligência emocional, gestão de equipes de alta grupo e época (MAGNUS, 1999, p. 25).
performance, comunicabilidade, criatividade gerencial e
planejamento e decisão certamente farão parte do rol Portanto, pessoas que assumem ou pretendam
de atribuições de um líder por excelência, o qual estará, assumir o papel de líderes devem estar cientes de que
com tais potenciais, criando resultados para as pessoas terão como atribuição fundamental fazer com que ocor-
e para a organização. ram mudanças, indicando o rumo a ser tomado estrate-
gicamente pela organização e comunicando, de forma
Uma das mais acentuadas crises da atualidade nas eficaz, esse rumo às pessoas que compõem a mesma,
organizações é a de gestão estratégica de competências, proporcionando, acima de tudo, um contexto motivacio-
haja vista serem estas o fruto de uma complexa combi- nal para que tais pessoas mantenham-se alinhadas às
nação de fatores essenciais: conhecimento (as pessoas propostas apresentadas.
sabendo o que e o porquê fazer), as habilidades (as
pessoas sabendo como fazer) e a atitude (as pessoas Em muitos casos, o sucesso de uma organização
desejando fazer). Cabe ao líder eficaz fazer as pessoas deveu-se ou deve-se essencialmente mais à força da
acontecerem dentro da organização, levando-as a terem liderança constituída do que propriamente de seus
atitudes para a solução de problemas, as tomadas de recursos tecnológicos e processuais e isso em função
decisões, as criações de novas propostas, enfim, a sur- do poder de persuasão que é determinado sobre as
preenderem sempre a si mesmas, aos clientes e aos pessoas que trabalham na empresa e que precisam,
acionistas. somente e tão somente de uma liderança incentiva-
dora, humana e amiga. Assim, entende-se que todas
O líder deve decidir por uma autopreparação cons- as organizações devem primar pelo desenvolvimento de
tante do potencial de gestor pela excelência de resulta- lideranças visionárias e proativas para que, mesmo em
dos, obtendo dos liderados efeitos duradouros, geração tempos de dificuldades, possam superar os obstáculos
constante de insights, expansão de horizontes e fle- e permanecerem firmes em suas conquistas.
xibilidade e mudanças. O líder estratégico, dotado de
competências como liderança emocional (com a qual Entre os aspectos que tornam uma empresa um
vai manter-se conectado à equipe), maestria (para sem- local agradável de estar e de passar horas exercendo
pre adequar o estilo à situação), atualização constante uma função profissional, a liderança certamente ocupa
(reinventando-se de forma ininterrupta), autoconheci- lugar de destaque. As pessoas aguardam que suas
mento, compreensão do outro, comunicabilidade e atri- empresas sejam para sua vida um ambiente de desa-
buições de rapport, certamente maximizará resultados fios, aprendizagem e contribuições para o desenvolvi-
para todos em seu contexto. mento tanto individual como coletivo. Ora, os líderes
têm a prerrogativa de proporcionarem tais atrativos.
Deve-se, ainda, destacar o fato de que o líder não é Outras formas de se tornar a empresa um local onde
a liderança. Esta é um estado de manifestações diversas as pessoas queiram estar são o espírito prevalecente
no qual decisões são tomadas e fatos levados a efeito. de empreendedorismo, em que todos possam desen-
Magnus (1999) enfatiza tal conceito, afirmando que: volver o senso de criatividade e realizações pessoais e
coletivas, o reconhecimento e as recompensas flexíveis,
A liderança é apresentada como a direção onde as pessoas e as equipes estariam sendo premia-
dada a uma determinada organização, pro-
das objetiva e subjetivamente por seu desempenho, o
veniente da vida interior do líder e de suas
habilidades de dirigir as pessoas. Esta dire- senso de sentirem-se importantes para o crescimento
ção manifesta-se, sobretudo, por sua visão da empresa (e isso o líder por excelência certamente
pessoal, por seu modo de agir, por suas fará), as volumosas e generosas chances de se praticar

MÓDULO BÁSICO

| 20 |
um constante desenvolvimento para o trabalho e para a inteligente de retenção de talentos, da mesma forma,
vida, entre outros. elaborar e manter um plano de carreiras justo e satisfa-
tório e valorizar e reconhecer os verdadeiros heróis da
As pessoas e as equipes de pessoas estão dispos- organização. Coisas simples e que resultam em grandes
tas a trazer para suas organizações resultados positivos, conquistas e em satisfação.
tais como alta produtividade, competência, compromisso
e confiança, responsabilidade, lealdade e iniciativa, entre É papel preponderante da liderança, definir e man-
outros. No entanto, cabe à liderança e à própria empresa ter uma cultura organizacional de comprometimento
colocarem-se no papel de agentes de promoção do da equipe e, para o alto desempenho desse nível de
bem-estar organizacional e do clima adequado. relacionamento com os liderados, deve-se atentar para
algumas condicionantes como excelência no processo
Em pesquisa realizada pela Revista Exame (2010, de comunicação, trato pessoal e coletivo sem qualquer
p. 28), estão identificadas as melhores empresas brasi- possibilidade de indiferenças ou parcialidades, reconhe-
leiras para se trabalhar: cimento e recompensas adequados entre ouros. Para
x rentabilidade das 500 maiores empresas do fazer cumprir esses e outros benefícios para pessoas
país – 11,31%; e equipes, todo líder deve buscar plenitude de desen-
volvimento de seu papel de gestor. Para que ocorra tal
x rentabilidade das 150 melhores empresas
desenvolvimento do papel de líder, este deve estar sem-
para trabalhar – 17,82%;
pre aprendendo e buscando um perfil de foco em ser-
x rentabilidade das 10 melhores empresas para viço, bem como de transmissão de uma energia e uma
trabalhar – 26,21%. sinergia sempre positivas, acreditando no potencial das
pessoas e das equipes, renovando-se constantemente.
Note-se que conforme se reduz o número das
melhores empresas para se trabalhar no Brasil (500;
150; 10), maior é a rentabilidade. Ora, isso implica em 13 | Liderança na essência
que o investimento no bem-estar e desenvolvimento das
Em gestão estratégica do potencial humano, o líder
pessoas e das equipes proporciona melhores resultados
deve, necessariamente, desenvolver e aplicar caracterís-
econômico financeiros, sim. Trata-se, portanto, de um
ticas extremamente avançadas, profundas e mais com-
indicador importante relacionado à gestão estratégica
plexas, as quais se resumem essencialmente em duas
de pessoas e equipes, onde o desenvolvimento de um
palavras: proação e visão. Sendo detentor dessas tais
dos atores principais (a empresa) significa, essencial-
características transcendentes, o líder estratégico mani-
mente, o desenvolvimento dos outros atores principais
(pessoas e equipes) e estes últimos, em função da festará o seguinte perfil:
excelência com que são conduzidos, pretenderão estar 1| desenvolvimento de competências emocio-
mais arraigados e comprometidos com a empresa, por nais (autoconhecimento – percepções de si
entenderem ser esta uma oportunidade de satisfação de mesmo e dos outros), autocontrole (pensar
suas necessidades básicas, intermediárias e complexas antes de agir), automotivação, empatia, socia-
(autoestima e autorrealização). bilidade;
Assim, pode-se inferir que as atitudes positivas e 2| geração e manutenção da confiança;
verdadeiras da empresa em relação aos seus colabora- 3| poder de influência;
dores são como que molas propulsoras desse ambiente
saudável, atitudes simples como escolher as pessoas e 4| aplicação de mecanismos ótimos de comuni-
equipes certas, definir de forma clara os papéis de cada cação;
um, investir em treinamento e desenvolvimento, man- 5| cultura employeeship (implementando e otimi-
ter um processo de comunicação estruturado, avaliar zando equipes de trabalho);
com excelência o desempenho das pessoas e de suas
6| missão de serviço;
equipes, remunerar de forma acoplada aos resultados e
performances obtidos, elaborar e manter um plano de 7| competência emocional;

GESTÃO E LIDERANÇA DE PESSOAL

| 21 |
8| liderança coaching e mentoring (cada colabo- cias a serem reunidas, ou seja, o foco passa a ser a
rador sendo preparado para a liderança; líde- pessoa com suas capacidades técnicas e comporta-
res emergentes e estratégicos têm essa carac- mentais, mais que seu currículo e histórico mais que
terística; só assim o empreendimento será seus documentos e suas referências.
impactado pela excelência nos resultados).
Competências técnicas e comportamentais são
A competência emocional é uma capacidade encontradas, obviamente, em pessoas. Elas são as
relacionada à interação, porque se refere ao que a pes- detentoras naturais de capacidades como foco em
soa é capaz de fazer para relacionar-se sinergica- resultados, trabalho em equipe, iniciativa, responsabili-
mente com o semelhante. dade, criatividade, saberes técnicos específicos, etc.

14 | Gestão por competências A Figura 7 ilustra o fluxo a ser seguido na realiza-


– fundamentos ção do plano de execução organizacional, em termos
de foco na missão e na visão, relacionando-o nas com-
14.1|Gestão por petências a serem congregadas.
competências para Figura 7 | Planejamento + organização.
equipes de alto
desempenho PLANEJAMENTO ORGANIZAÇÃO DOS
ESTRATÉGICO FATORES DE PRODUÇÃO:
X TECNOLÓGICOS
Determinadas as grandes bases estratégicas da MISSÃO E VISÃO X PROCESSUAIS
organização, deve-se, então, partir para o “ajuntamento” ORGANIZACIONAL X HUMANOS
das forças necessárias para a consecução dos objeti-
vos e metas propostos. Nessa etapa do processo de A Figura 8 também indica quais ações serão neces-
gestão, surge a necessidade de reunir em torno do pro- sárias para colocar a empresa no rumo certo e, é claro,
jeto todas as competências essenciais à sua realização. fazê-la atingir seus objetivos. Trata-se de uma simples
Na atitude estratégica, o foco não são os cargos, as abordagem: a agregação das competências essenciais,
normas, os procedimentos, etc., e, sim, as competên- de forma organizada e otimizada, através das pessoas.

Figura 8 | Gestão estratégica de pessoas e equipes.

POSIÇÃO
FUTURA (VISÃO)

NTO O)
LV IME ENT
V O V I M
ESE
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HA (CA
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POSIÇÃO AGR DAS

ATUAL

MÓDULO BÁSICO

| 22 |
Observe-se que para levar a organização até sua x Plano de carreira;
posição de cumprimento da missão e da visão, deve-se x Avaliação de desempenho.
trabalhar no desenvolvimento e na agregação das compe-
tências essenciais para esse mister. Nesse caso, o gestor (Componentes comportamentais)
deverá focar impreterivelmente o desenvolvimento de pes- x Liderança e motivação;
soas e equipes de pessoas, de tal forma que sejam agen-
x Responsabilidade;
tes permanentes de solução e atendimento aos requisitos
previamente estabelecidos em termos de competência x Criatividade e iniciativa;
vitais ao processo do desenvolvimento organizacional. x Empreendedorismo;
x Comprometimento;
Ao que tudo indica há uma defasagem das compe-
tências necessárias em relação às complexidades cada x Clima e relações interpessoais;
vez mais presentes nas organizações modernas, ou seja, x Crenças e valores.
avolumam-se consideravelmente as complexidades orga- As competências são compostas de três grandes
nizacionais e as competências, principalmente as geren- dimensões: os conhecimentos, representando as infor-
ciais, parecem ficar mais escassas. Tal afirmativa susten- mações obtidas nas experiências vivenciadas pelas
ta-se em função das dificuldades sempre presentes nas
pessoas, que caracterizam a capacidade das pessoas
organizações de proporem soluções mais eficazes.
de saberem o que e o porquê fazerem; as habilidades,
A seguir são apresentadas algumas das competên- compostas de técnicas e destrezas, que caracterizam a
cias gerenciais mais recorrentes e das quais as orga- capacidades das pessoas de saberem como fazer; as ati-
nizações sempre estarão necessitadas para cumprirem tudes, que indicam o interesse das pessoas de fazerem
sua missão e visão: acontecer, de terem iniciativa, de desejarem realizar.

Competências gerenciais A Figura 9 apresenta gráfico com dados de uma


importante pesquisa da PriceWaterHouseCoopers, na
(Componentes técnicos) qual são identificadas as competências mais busca-
das pelas organizações. A capacidade de adaptação
x Recrutamento e seleção; e mudanças, bem como a capacidade de liderança
x Cargos e salários; estão no topo da lista. Isso implica que as organizações
x Pesquisas e indicadores; devem focar principalmente esses aspectos em seus
x Treinamento e desenvolvimento; planejamentos de capacitação de pessoas.

Figura 9 | Quais são as competências mais importantes para sua organização?

0 20 40 60 80 100
Adaptar-se a mudanças internas ou externas rapidamente
Desenvolver e liderar outros
Capacidade de colaborar
Criatividade e inovação
Capacidade de antecipar e gerenciar riscos
Coragem de desafiar
Expertise técnica e gerencial combinadas
Capacidade analítica (quantitativa e qualitativa)
Domínio de linguas
Experiência global
Fonte: Pesquisa PriceWaterHouseCoopers (apud LINS, 2012).

GESTÃO E LIDERANÇA DE PESSOAL

| 23 |
A gestão por competências tem como objetivo novas competências e habilidades levando a organi-
principal a melhoria do desempenho pelo desenvol- zação a realizar sua missão).
vimento de competências que conferem eficiência,
diferenciação e competitividade. Sua metodologia de Entre as ações gestoras de planejamento estraté-
abordagem e aferição prevê o mapeamento das com- gico de pessoas e talentos constam as ações de cap-
petências humanas e organizacionais presentes e dispo- tar, alocar e desenvolver o capital humano de forma
níveis. Para que haja a proteção do capital intelectual da alinhada às perspectivas e necessidades dos planos
empresa, deve-se constituir bancos de talentos, visando da organização. Assim, entende-se que o processo de
à retenção, apoiado em mecanismos de mensuração e captação de pessoas e talentos deve estar embasado
certificação de competências. em critérios e técnicas que permitam a agregação de
potenciais mais adequados às estratégias da empresa.
As competências têm a prerrogativa de conferir às “Talvez a melhor estratégia de RH seja contratar, trei-
organizações uma performance mais elevada que a dos nar e remunerar as pessoas para que elas criem as
concorrentes. Logo, a gestão por competências deve melhores estratégias futuras (...) com mais ênfase nos
focar o desenvolvimento de competências essenciais que traços genéricos humanos, como criatividade, inteligên-
promovam o alcance dos objetivos propostos. Assim, o cia, curiosidade, confiabilidade e comprometimento”
gestor deverá priorizar a construção de equipes já inseri- (MILKOVICH, 2000, p. 137).
das na cultura da excelência pelas competências.
Tendo em vista a nova participação da área de
15 | Recrutamento e gestão de pessoas nas estratégias, devem os empre-
endedores permitir uma ação mais acentuada desses
seleção estratégicos profissionais, os quais trabalham em um contexto de
extrema complexidade nas organizações modernas, e
15.1|Captando as melhores que devem propor procedimentos mais inovadores e
pessoas e talentos proativos, com foco nas necessidades organizacionais
para formar as de médio e longo prazos, transcendendo do cargo
melhores equipes para a empresa como um todo, através de uma abor-
dagem global.
Neste tópico será considerado que os processos de
recrutamento e seleção integram o planejamento estra- Uma das possibilidades de ação inovadora seria a
tégico de pessoas e talentos e configuram-se com uma aplicação de métodos mais avançados de recrutamento
forma de se agregarem à empresa as competências e e seleção como o e-recruitment, por exemplo, o qual
habilidades essenciais à realização dos seus objetivos. dará maior agilidade ao processo, maior fornecimento
de opções e com menor curso. Com essas e outras
O recrutamento pode ser realizado interna e medidas sendo implementadas na organização pela área
externamente, sendo empregadas ferramentas espe- de gestão de pessoas, será permitida uma busca pela
cíficas de divulgação da vaga, de atração dos candi- melhoria contínua do capital intelectual, agregando-se
datos e de escolha da melhor opção. Esses processos, novos e positivos valores aos ativos intangíveis, por meio
hoje em dia, são fruto de um trabalho mais estraté- de novas competências e habilidades devidamente ali-
gico que operacional da área de recursos humanos nhadas às necessidades da empresa.
das empresas inteligentes. Nesse caso, o enfoque
da ARH – Administração de Recursos Humanos – A nova área de gestão de pessoas, por sua atitude
passa a ser trabalhado com vistas a: procedimentos transcendente, deverá ter sempre como foco a busca
inovadores e proativos; um foco mais acentuado no pelo capital humano desdobrado em pessoas com
atendimento das necessidades organizacionais de orientação para resultados, para o trabalho em equipe,
médio e longo prazo; transcendência: do cargo para para o pensamento sistêmico e complexo e que sejam
a organização como um todo e a uma abordagem detentoras de outras competências essenciais tão rele-
global (a empresa); a busca da melhoria contínua do vantes como estas, como iniciativa para inovar, empre-
capital intelectual, agregando novos valores aos ativos endedorismo, flexibilidade, percepção de tendências,
intangíveis; a ênfase na eficácia do processo (agregar multifuncionalidade, entre outras. Daí, a importância de

MÓDULO BÁSICO

| 24 |
um pensar estratégico dos empresários, no sentido de 15.2|Análise das perspectivas
permitir tais componentes em sua estrutura.
estratégicas
A abordagem estratégica no processo de cap-
Processo convencional de recrutamento e
tação e retenção de pessoas e talentos considerará,
seleção
por exemplo, o fato de que a concorrência é extre-
mamente acirrada na busca por talentos e que, dessa Enfoque operacional e burocrático:
forma, o setor responsável por essa atividade deverá
propor maiores forças de atração e retenção, princi- x rotinas e procedimentos sequenciais;
palmente aquelas relacionadas às exigências dos car-
x foco exclusivo no preenchimento do cargo;
gos, às recompensas e às condições de trabalho. Na
verdade, torna-se prudente a aplicação do conceito de x ênfase na eficiência do processo (realizar cor-
employee valeu proposition – propostas de valor aos retamente o procedimento);
empregados, onde são propostos valores reais aos x visão de manutenção do status quo da orga-
candidatos. De acordo com a Tabela 1, percebe-se nização.
que a questão de proposição de valores aos candi-
datos tem-se tornado fator essencial na captação e Enfoque limitado do candidato:
retenção dos mesmos.
x experiência profissional;
Tabela 1 | Valores mais recorrentes na x títulos acadêmicos;
captação e retenção do potencial humano.
x capacitações técnicas;
VALOR PROPOSTO PERCENTUAL
x projetos desenvolvidos;
Ética, princípios e cultura 62%
Liberdade e autonomia 60% x cartas de recomendações;
Mudanças desafiadoras 59%
Avanços na carreira 47% x referências.
Forte desempenho 29%
Compensação diferenciada 29%
Processo complexo de recrutamento e
Fonte: SDO Consultoria, 2007. seleção

Fica evidente que a área de gestão estratégica de pes- Enfoque inovador e estratégico:
soas deverá exercer papel vital nos processo de captação
x procedimentos inovadores e proativos;
e retenção de potencial humano para a empresa. Eviden-
cia-se, assim, que a importância dessa área da organiza- x foco no atendimento das necessidades organi-
ção transcende os meros conceitos de ações burocráticas zacionais de médio e longo prazo;
e rotineiras, passando, sim, a uma participação essencial
x transcendência: do cargo para a organização
para o sucesso e sobrevivência da organização.
como um todo;
A moderna e excelente área de gestão de pessoas x abordagem global (a empresa);
deverá, também, adotar outras medidas estratégicas,
x busca da melhoria contínua do capital inte-
como, por exemplo, a formação de um banco de dados
lectual, agregando novos valores aos ativos
rico e atualizado para que seja agilizado o processo de
intangíveis;
busca de opções de candidatos, propor mecanismos de
franca comunicabilidade com os trabalhadores, perce- x ênfase na eficácia do processo (agregar novas
ber necessidades de aprimoramentos técnicos e com- competências e habilidades levando a organi-
portamentais, entre outras. zação a realizar sua missão).

Fica evidente que a área de gestão estratégica de pessoas


deverá exercer papel vital nos processo de captação
e retenção de potencial humano para a empresa.

GESTÃO E LIDERANÇA DE PESSOAL

| 25 |
Enfoque transcendente no candidato: individuais e coletivos estão plenamente sintonizados
aos objetivos organizacionais, sendo gerado, assim, um
x competências relacionais; clima de correspondência e favorabilidade pleno.
x habilidades globais:
As bases primordiais da Administração não revelam
x orientação para resultados;
qualquer necessidade por parte da organização em preo-
x trabalho em equipe; cupar-se com fatores climáticos internos. Tal condição
dá-se principalmente pelo fato de que o clima organiza-
x pensamento sistêmico e complexo;
cional é um indicador de tensão ou não, proximidade ou
x língua(s) estrangeira(s); não, correspondência ou não, gerados pela dinâmica da
x iniciativa para inovar; coexistência, em um mesmo ambiente, das grandes for-
ças organizacionais: as pessoas e a empresa em si. Ora,
x empreendedorismo; se não há, nesse ambiente, espaço para que as pessoas
x flexibilidade; existam como pessoas (manifestações de satisfação, insa-
tisfação, expectativas, desejos, opiniões, etc.), não haverá
x percepção de tendências;
a dinâmica da coexistência, pois na visão dos empresários
x multifuncionalidade, entre outras. daquela época, só existia a organização e nada mais.
O rol de perspectivas acima apresentado, revela Se forem feitos paralelos entre aqueles modelos
que o modelo convencional de recrutamento e seleção tayloristas e fordistas com os atuais modelos toyotis-
é extremamente limitado no que concerne às nuances tas e volvistas, por exemplo, constatar-se-á que nesse
estratégicas. O enfoque excessivo no mero preenchimento ambiente empresarial moderno, prevalece a real coe-
do cargo, nas informações técnicas e documentais do xistência entre essas grandes forças, ou seja, “existem”
candidato, etc., denota uma fragilização de todo processo, as pessoas e “existe” a organização em uma constante
de forma que não sejam agregados valores essenciais no dinâmica de buscas pelas respectivas realizações de
mesmo. No modelo complexo sim, percebe-se aborda-
seus objetivos. Dessa inter-relação se produzirá o clima
gens muito mais abrangentes no candidato, buscando no
relacional indicando o grau de correspondência entre
mesmo, principalmente, competências comportamentais
pessoas e empresa em função de suas expectativas.
essenciais à realização organizacional, tais como iniciativa,
senso de empreendedorismo, responsabilidade, lealdade, Sabe-se que pelos conceitos atuais da administra-
espírito de equipe, comunicabilidade, etc. ção, cada empresa é um organismo vivo, composto de
variáveis técnicas (processos e tecnologias) e de variá-
16 | Gestão do clima veis humanas (saberes e percepções) e que, sendo
organizacional então um organismo vivo, são inevitáveis as transfor-
mações constantes nesse organismo, pelos processos
Há diversos mecanismos gerenciais desenvol- de autopoiese, evolução, sobrevivência, entre outros. A
vidos com a finalidade de melhorar o relacionamento própria essência dessas transformações implica neces-
entre empresas e clientes. No entanto, são poucas as sariamente em uma dinâmica natural entre as forças
ferramentas gerenciais que venham melhorar o rela- presentes nesse organismo (é a luta pelas expectativas).
cionamento entre empresas e funcionários. Esta é uma Disso deduz-se, então, a manifestação do clima que
preocupação válida, pois busca alertar empresas e deverá originar-se dessa dinâmica: o clima organizacio-
empresários quanto à necessidade de se estabelecerem nal. McClelland (1985) salienta que o clima organiza-
relações mais que saudáveis entre líderes e liderados cional é um indicador coletivo de como as pessoas per-
no ambiente de trabalho, com vistas a uma mais con- cebem a organização, oriundo da experiência de médio
solidada relação de sucesso mútuo, ou seja, em que as e longo prazos com as variáveis processuais (políticas,
expectativas de um e de outro lado sejam levadas em normas, sistemas, valores, etc.).
conta à medida que os processos produtivos avançam.
Portanto, o gestor estratégico primará por decisões
As empresas inteligentes são aquelas em que ati- que promovam um ambiente motivacional, dotado de
tudes unilaterais não são mais percebidas e os objetivos fatores essenciais conforme ilustrado na Figura 10.

MÓDULO BÁSICO

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Figura 10 | Componentes de um ambiente organizacional de qualidade.

COMUNICAÇÃO
MOTIVAÇÃO – REAÇÃO

DESAFIOS RECONHECIMENTO
R
REECO
QUALIDADE
AMBIENTAL
PERCEBIDA
x QVT
x Sistema de recompensas

LIBERDADE
RDADE POLÍTICAS DE
PO D RH
x T&D
x Sociabilidade
x Orientação para resultados

CLIMA ORGANIZACIONAL

Assim, pode-se pressupor que o clima organizacio- 4| não retenção de talentos;


nal, estrategicamente concebido, é a condição relacional
5| improdutividade;
imperante entre pessoas e organização, a qual indica o
nível de compatibilidade das expectativas daquelas em 6| mais reação às mudanças;
relação à cultura desta, e pelo qual é revelado o grau de 7| mais turn over.
satisfação e respectivo comprometimento entre colabo-
radores e empresa. No caso de se constatar um “clima indefinido”,
ficam assim tais condições:
A pesquisa de clima organizacional tem como prin-
cipal finalidade, identificar os níveis de favorabilidade ou 1| indiferença;
não vivenciados no ambiente organizacional. 2| apatia;

Em sendo detectado “clima desfavorável”, serão 3| baixa integração;


percebidas as seguintes condições internas: 4| baixa retenção, etc.;
1| frustração; 5| baixa produtividade;
2| desmotivação; 6| média reação, etc.;
3| não integração; 7| médio turn over.

A pesquisa de clima organizacional tem como principal


finalidade, identificar os níveis de favorabilidade
ou não vivenciados no ambiente organizacional.

GESTÃO E LIDERANÇA DE PESSOAL

| 27 |
Já no caso de se confirmar a presença de um têm recebido todas as atenções, sendo vistos como
“clima favorável”, a organização estará em situação van- todo-poderosos agentes condutores dessas mudanças.
tajosa, já que as condições internas indicarão: O autor questiona esse forte direcionamento, ressaltando
o fato de que não só os gerentes, mas todos os empre-
1| satisfação;
gados devem ser investidos de uma capacidade tal que
2| motivação; possam eles mesmos promover as mudanças, gerar os
3| alta integração; questionamentos, alterar rumos, etc. As pessoas devem
estar tão dedicadas à empresa e tão responsáveis pela
4| alta retenção, etc.; solução dos seus conflitos e problemas que, como bem
5| alta produtividade; expressa o autor, sempre “vistam a camisa” da empresa
com responsabilidade e esperança de melhorias cons-
6| menos reação às mudanças;
tantes e de realizações motivadoras (MOLLER, 1996).
7| menos turn over.
Há, no entanto, uma questão a ser resolvida quanto
Ora, levando-se em conta que o clima organizacio- à viabilização do employeeship: para receber e assumir
nal é uma condição relacional imperante entre pessoas e responsabilidades, o trabalhador deve ser preparado a
organização, a qual “indica” o nível de compatibilidade das ponto de dar uma resposta positiva à nova realidade. Por
expectativas daquelas em relação à cultura desta, e pelo mais que a liderança se esforce em repassar respon-
qual é revelado o grau de satisfação e respectivo compro- sabilidades aos seus empregados, poderá haver uma
metimento entre colaboradores e empresa, deve o gestor resistência considerável, pelo fato de não ter sido cons-
estratégico procurar manter as melhores condições possí- truída, nos mesmos, uma iniciativa que o valha.
veis de atenção às expectativas de ambas as partes entre si.
Dessa forma, o employeeship é um conceito que
17 | Cultura employeeship: vai além do empowerment (delegação de poder ao
atitudes para o empregado), pois não só busca repassar aos funcioná-
rios maiores cargas de poder e responsabilidades, para
engrandecimento
que efetivamente possam “vestir a camisa” da empresa,
de equipes: mas dar-lhes condições de manifestarem iniciativa pró-
comprometimento: pria para assumir tais prerrogativas.
lealdade, iniciativa,
Há considerável valor a ser mensurado nesse tão
responsabilidade
destacado conceito de gestão humano-organizacional,
Um novo conceito de atitudes organizacionais e pes- pois visa justamente trazer o empregado para dentro da
soais entra em cena através dos estudos de Claus Moller, empresa, de forma integral, dando-lhe ambiente integra-
principalmente pela obra Employeeship – como maximi- dor e educador, ou seja, preparando-o para tornar-se um
zar o desempenho pessoal e organizacional, de 1996. ator proativo, responsável, leal e com iniciativa própria.

O autor assegura que deve haver, a título de Moller (1996) ainda destaca a necessidade de se
sobrevivência e desenvolvimento organizacional, amplo implantar determinadas ferramentas com as quais se
investimento em programas internos que estimulem o possa operacionalizar essa mudança. Para ele, colocar
desenvolvimento dos empregados e o espírito de parti- as pessoas em primeiro lugar, administrar para todos e
cipação responsável nos resultados. Justifica ainda que delegar poder a gerentes e demais empregados, cons-
tal desenvolvimento será a base para que os mesmos tituem-se algumas das modalidades de atitudes saluta-
possam assumir com capacidade as responsabilidades res rumo ao employeeship. Para o trabalhador, Moller
e o poder a eles delegados. (1996) enfatiza que atitudes como assumir a responsa-
bilidade pela própria vida, assumir a corresponsabilidade
Para Moller (1996), a liderança empresarial tem pelos resultados (sucessos ou não) da sua equipe, impor
sido considerada a grande responsável pelas mudan- maior comprometimento próprio para com a empresa,
ças necessárias ao processo produtivo e os gerentes lutar pela própria eficiência e eficácia e assimilar a ideia

MÓDULO BÁSICO

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de que o maior beneficiado com os bons resultados será também é gerenciamento.” (MOLLER, 1996, p.18).
ele mesmo, são, também, ferramentas a serem ocupa- Assim, entende-se que a capacidade de tomar deci-
das nesse processo de pura conscientização geral. sões é cada vez mais necessária no mundo moderno do
trabalho. O gerenciamento linear, proposto em escolas
No conceito employeeship “todos devem participar tradicionais, deixa de ocupar o espaço organizacional,
para assegurar o sucesso da empresa. Não há espaço dando lugar a pessoas preparadas e capazes. O autor
para sócios adormecidos” (MOLLER, 1996, p. 20). Com continua enfatizando que “as empresas terão de confiar
essa ideia, o autor afirma ser inviável para as organiza- muito mais no autogerenciamento e no cogerencia-
ções atuais investir apenas na interação/integração e no mento dos funcionários.” (MOLLER, 1996, p. 34).
conhecimento, do nível gerencial para cima. Na reali-
dade Moller (1996) está propondo que todos devem Contribuindo com essa necessidade de pessoas
contribuir para manter e desenvolver a produtividade capacitadas e seguras de sua motivação e desempe-
pessoal, as relações pessoais e a qualidade pessoal. nho, Hampton (1990) sugere que a teoria da expecta-
tiva explica os caminhos da formação da sustentação
Na cultura employeeship, toda energia concentrada
das bases dessa motivação e do desempenho espe-
pelo grupo é canalizada para a efetiva resolução dos
rado. Nessa teoria, o indivíduo, num primeiro momento,
problemas, ao invés de se estimular o acúmulo de des-
denominado “valência”, percebe uma atração significa-
culpas e esquivos; e os empregados são educados a
tiva ou não por um resultado futuro, que lhe determina
ousar, desejar e tomar a iniciativa de assumir responsa-
um certo grau de satisfação antecipada. Num segundo
bilidades pelo seu grupo e/ou empresa.
momento, esse mesmo indivíduo precisa convencer-se
Dentro de um espírito de cultura organizacional e de que sua ação na busca daquele resultado realmente
de comunicação das informações básicas necessárias é segura. De acordo com Hampton (1990), esta é a
ao melhor desempenho das pessoas e das equipes no instrumentalidade da pessoa, ou seja, o momento em
trabalho, Moller (1996, p. 15), pressupondo estar diante que ela assume uma determinada crença da ação a ser
de pessoas realmente inseridas na cultura predominante, feita para a realização do resultado. Por fim, o terceiro
devidamente informadas e decididas a produzirem os momento determinante da motivação e desempenho
resultados esperados para si e para o empreendimento, é a expectativa do indivíduo. Aqui, segundo Hampton
enfatiza que se deve esperar de cada uma que: (1990, p. 90-91), “expectativas são convicções rela-
tivas ao vínculo entre fazer um esforço e realmente
x ajude a criar um espírito de equipe no desempenhar bem”.
departamento e na empresa;
A teoria da expectativa, portanto, define a motivação
x trabalhe para crescer como ser humano e
como profissional;
em termos de desejo e esforço, por meio dos quais a
realização de resultados desejados resulta da interação
x esteja física e mentalmente apto; de valências, instrumentalidades e expectativas. O desejo
só ocorre quando valência e instrumentalidade são altas
x esteja, ao mesmo tempo, apto e disposto e o esforço só ocorre quando todos os três são altos.
para preencher o seu papel no departa-
mento e na empresa.
Pessoas bem preparadas, motivadas e confiantes
A cultura employeeship implica, ainda, em se poder no desempenho são, também, mais aptas a assumirem
contar com pessoas aptas e dispostas, o que determina maiores responsabilidades e, em assim sendo, serão
o fato de que se deva proporcionar oportunidades de capazes de fazer coisas valiosas por si mesmas e pela
desenvolvimento de competências e habilidades que organização. Sendo responsabilizadas pelo autogeren-
tornem as pessoas dispostas. ciamento e pelo bom andamento de toda organização,
poderão sentir-se uma empresa dentro da empresa. Terão
Uma característica determinante no conceito a consciência de que são vitais para a sobrevivência da
employeeship é que todos devem estar imbuídos de um mesma. Sentir-se-ão como um órgão que é vital para a
espírito de autogerenciamento. “Gerenciar a si mesmo sobrevivência do corpo. A Figura 11 ilustra essa ideia.

GESTÃO E LIDERANÇA DE PESSOAL

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Assim, percebe-se que a pessoa tem como padrão Seguindo o mesmo raciocínio, Moller (1996)
de comportamento uma integridade tal que lhe confere acrescenta que as pessoas com iniciativa são as que
o senso de amplitude qual sendo a própria empresa em implementam acontecimentos, fazem com que ideias
si mesma, ou seja, cada pessoa tem, também, clien- passem a ações, intenções passem a comportamentos
tes e fornecedores a zelar, satisfações e expectativas a vão do “que” para “quem, como, quando”, enfim con-
atender, enfim, resultados pessoais e globais a serem cluem aquilo que está em projeto.
computados em seu próprio entendimento como vitais
ao seu futuro, pois agora o seu futuro é o futuro da Demonstrar employeeship significa ganhar mais res-
organização e vice-versa. ponsabilidade e liberdade de ação, bases mais firmes para
promoção, maior segurança no emprego, melhores oportu-
Figura 11 | Sentindo-se parte vital do corpo. nidades de emprego, melhores relações, maior autoestima,
enfim, satisfação e compromisso (MOLLER, 1996).

Assim, pode-se concluir que a empresa com cultura


employeeship bem disseminada e assimilada por seu
Nós Ltda. pessoal terá maiores condições de obter mais produ-
tividade e qualidade, melhor ambiente, melhores rela-
ções internas, metas alinhadas, entre outras vantagens,
o que redundará em um estado tal em que dificilmente a
empresa passará por uma “crise de energia.” (MOLLER,
1996, p. 135).

Eu Ltda. Uma das principais considerações do conceito


employeeship é o fato de que cobra-se ferrenhamente
Fonte: Moller (1996, p. 47). de cada empregado que este mantenha acesa a chama
do trabalho em equipe, que imagine-se em constante
Moller (1996) define que dessa condição de res- crescimento pessoal e profissional, que esteja física
ponsabilidade pela segurança de todos quanto ao futuro, e mentalmente apto e que além de estar apto, esteja
surge a necessidade de cada pessoa elevar seu grau de plenamente disposto, o que se traduz em sua compe-
lealdade às metas e às demais pessoas da organiza- tência para agir e interagir, ou seja, competência esta
ção. Essa lealdade promoverá, no funcionário, felicidade traduzida em conhecimentos, habilidades e atitudes
pelo sucesso da empresa e dos colaboradores, senso (MOLLER. 1996). Entende-se com isso que deva haver
de defesa quando de ameaças à empresa, orgulho por uma inquietude constante no ser humano pela conquista
fazer parte do empreendimento, desejo de falar de forma de informações e aprendizagem, o que lhe assegurará
positiva a respeito da empresa, bem como de expor maiores condições de manifestação de competências e
suas opiniões e críticas sobre procedimentos internos habilidades suficientes à sua participação no processo
que careçam de melhorias. produtivo e no êxito organizacional.

Outra característica inerente às pessoas dotadas de A matriz apresentada na Figura 12 consolida esse
responsabilidade e lealdade no contexto profissional e conceito, apresentado o foco de ações da empresa e
organizacional é a capacidade de iniciativa em melhorar dos colaboradores em atitudes voltadas para a cultura
a produtividade, as relações e a qualidade da empresa. employeeship, que é a recomendação maior oferecida
pelo presente texto acadêmico científico.
Assim, entende-se que as pessoas com tal deter-
minação farão com que ideias sejam transformadas em Envolvidas nesse contexto impulsionador e desa-
ação e esta é uma das maiores dificuldades encontra- fiador, as pessoas terão que, necessariamente, trabalhar
das nas empresas modernas, ou porque as pessoas não com afinco pela empresa; em outras palavras, terão que
são estimuladas a terem ideias ou porque quando as demonstrar permanentemente responsabilidade, leal-
têm não as podem expressar. Nesses casos, a iniciativa dade e iniciativa, formando uma equipe coesa, de pes-
restringe-se tão somente à execução de tarefas. soas que trabalhem para si e para os demais colabora-

MÓDULO BÁSICO

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dores. Enfim, aí está a grande batalha a ser vencida por gente, são as decisões da garantia de sobrevivência da
todos. Decisões voltadas para a integração das pessoas, empresa.
a interação delas para com a empresa e sua missão
e objetivos, bem como decisões voltadas para o pro- Trata-se, portanto, de levar as pessoas a adquiri-
cesso de aprendizado contínuo das pessoas para que, rem conhecimentos técnicos, culturais, morais e éticos,
assim detentoras de maiores e melhores informações e fazendo-as conscientes de sua missão pessoal e da
conhecimento, possam colaborar ainda mais, apresen- importância de serem cidadãs responsáveis e aplicadas
tando soluções seguras e sentindo-se mais úteis e mais ao desenvolvimento contínuo.

Figura 12 | Matriz da cultura employeeship.

LEALDADE RESPONSABILIDADE INICIATIVA

Numa empresa Todos e não só o gerente são Em um contexto


com employeeship responsáveis pelos resultados da de employeeship,
todos os funcio- empresa. iniciativa não é
nários são leais as apenas iniciar um
As pessoas podem agir de forma
metas e às pessoas projeto no interesse
responsável quando: da empresa, mas
da empresa.
x têm algo pelo que se respon- também concluí-lo,
Quando os funcioná- sabilizar. implementá-lo. Ir da
rios de uma empresa ideia p/a ação.
x têm consciência das metas.
sentem-se responsáveis
pelo sucesso e fracasso
x sentem que podem influenciar Requisitos básicos:
a situação para a consecução x Metas bem conhecidas e
da mesma, está formada a
das metas. aceitas; coordenação de
base para o bom desempe-
iniciativas, comunicação
nho em equipe caracterizado Dois requisitos básicos: acordada; disposição para
pela lealdade. x A gerência deve dar respon- assumir riscos; aceitação
Um funcionário leal: fica feliz sabilidades e autoridade ao de erros criativos; razão ao
com o sucesso da empresa; age seu pessoal. invés de regras, disposição e
coragem e desenvolvimento
em defesa da empresa: orgulha-se x O pessoal deve estar disposto
de competência.
de ser parte da mesma; faz críticas a assumir responsabili-
construtivas..
x Iniciativa pra conduzir, melhorar e
dades..
inovar a empresa.

CULTURA EMPLOYEESHIP
PRODUTIVIDADE – RELAÇÕES – QUALIDADE
Fonte: adaptado de Moller (1996).

Recomenda-se, pois, que sejam mantidas perspecti- performance), implementando de forma clara 1) meios
vas positivas em relação à gestão humano-organizacional de comunicação franca e aberta para com os colabora-
tanto no plano individual como no coletivo (equipes de alta dores, concedendo-lhes oportunidades cada vez maiores

GESTÃO E LIDERANÇA DE PESSOAL

| 31 |
de expressarem seus sentimentos e ideias, 2) liderança mais presente em equipes de grande porte. Com isso,
proativa, 3) desenvolvimento humano individual e coletivo, conclui-se que equipes menores (abaixo de 10 pessoas)
entre outros. Assim, pessoas e equipes poderão ampliar terão desempenho maior, já que a concentração de for-
ainda mais sua dedicação, seu comprometimento, sua ças em torno dos objetivos será mais evidente porque
responsabilidade, lealdade e iniciativa ao processo. as pessoas estarão mais próximas e mais coesas em
torno de assuntos pertinentes à equipe.
Para a implantação dessa e de outras culturas, a
organização deve estar num contexto de desenvol- Robbins e Coulter (1996) ainda salientam ainda
vimento de suas potencialidades internas, como, por salienta que há necessidade de que as equipes este-
exemplo, na comunicação interpessoal e intergrupal, jam constituídas de pessoas que agreguem pelo menos
bem como na transmissão das grandes estratégias e três grandes habilidades: o conhecimento técnico (rela-
táticas organizacionais para os planos da execução do cionado ao saber fazer), as aptidões para resolução de
fazer empresarial. Para que se concretize tal processo problemas e para a tomada de decisões (relacionadas à
de comunicação interna, alguns métodos serão neces- capacidade e atitude para ajustes de percursos em pro-
sários e dentre eles pode-se destacar o endomarketing, cessos) e as habilidades interpessoais (relacionadas jus-
como sendo também uma ferramenta de excelente tamente à capacidade de convívio coletivo com o saber
desempenho e eficácia no desenvolvimento de pes- ouvir, saber falar e saber resolver conflitos internos).
soas e equipes, já que promove a propagação interna
de saberes organizacionais destinados à evolução da Sendo o ser humano um ser dotado de inúmeras
empresa a patamares mais elevados de qualidade e competências e habilidades, há que se entender que o
sustentabilidade. convívio coletivo saudável é uma coisa de difícil alcance.
As pessoas devem estar centradas mais nos objetivos da
equipe que em seus próprios interesses, e isso é real-
18 | Gestão de equipes de
mente complexo. O líder deverá agir de forma a obter
alta performance I a coesão de todos em torno das intenções coletivas
fazendo com que as pessoas sintam que a realização
Nos dizeres de Robbins e Coulter (1996, p. 260),
do todo trará a realização individual e não o contrário.
“Uma equipe de trabalho gera sinergia positiva mediante
o esforço coordenado. Seus esforços individuais resul- Portanto, deve-se trabalhar de forma que as três
tam em um nível de desempenho que é maior do que habilidades citadas anteriormente sejam alcançadas de
a soma dessas contribuições individuais”. Segundo os forma equilibrada, ou seja, nenhuma deve sobrepor-se
autores, na equipe percebe-se uma constante necessi- à outra em volume, pois isso certamente culminará em
dade de envolvimento no trabalho coletivo com a apli- redução da capacidade de desempenho da equipe. Há,
cação de esforço conjunto e não individualizado e isso então, a necessidade de que as atividades de capacita-
gera um resultado mais que meramente somatório dos ção e treinamento sejam realizadas de forma a manter
esforços individuais, sendo que a sinergia positiva é o o equilíbrio no volume das habilidades de conhecimento
grande ingrediente a permitir esse desempenho. técnico, de aptidões para a solução de problemas e para
a tomada de decisões e de habilidades interpessoais, ou
Em termos de desempenho de equipes de trabalho, seja, essas três habilidades devem ser mantidas nivela-
pode-se afirmar que equipes pequenas são mais fortes. das entre as pessoas para que uma não se sobressaia à
Equipes grandes (10 a 12 pessoas) terão dificuldades outra, mantendo-se, assim, a mistura correta das mes-
de interação construtiva, pois será mais difícil chegar a mas (ROBBINS; COULTER, 1996).
um acordo sobre determinado ponto de discussão, justa-
mente porque a coesão será mais escassa e até mesmo Outro fator preponderante na obtenção de alta per-
o comprometimento e a responsabilidade mútua estarão formance do trabalho em equipe é a distribuição cor-
comprometidos, em função da força de dispersão ser reta de papéis, ou seja, cada ator deverá estar alocado

Sendo o ser humano um ser dotado de inúmeras


competências e habilidades, há que se entender que o
convívio coletivo saudável é uma coisa de difícil alcance.

MÓDULO BÁSICO

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corretamente na equipe em termos de funções e atribui- O autor ainda propõe que, para o alcance de exce-
ções para que haja essa dinamização da capacidade de lência em desempenho, a equipe deverá estar muito
rendimento do todo. A própria seleção das pessoas para comprometida com objetivos comuns. O líder deverá
o lugar certo, as funções certas e o tempo certo contri- levar sua equipe a estar permanentemente dedicando
buirão em muito para o alto desempenho. Um líder de tempo e esforço na discussão, na definição e no esta-
sucesso saberá identificar as potencialidades e fragilida- belecimento de um acordo em torno de um objetivo
des de cada integrante de sua equipe, designando-as comum, que os identifica e os une. Tais atitudes darão,
para as posições corretas/adequadas. Com isso, as pes- certamente, direção e orientação à equipe, em toda
soas poderão contribuir o máximo para o desempenho e qualquer situação por que passe, seja ela de esta-
coletivo, justamente por se sentirem mais seguras. bilidade ou de intempéries. O comprometimento com
objetivos comuns estará no topo da pauta de toda lide-
Em sendo possível efetivar, de forma harmoniosa, rança eficaz. Isso significa levar as pessoas da equipe
as pessoas com suas habilidades às funções mais ade- a centrarem seus focos num ponto e a efetuarem seus
quadas possíveis, aos papéis mais certos serão aumen- melhores e maiores esforços em torno do mesmo. O
tadas as chances de que as pessoas trabalhem bem em resultado mais provável dessa combinação: sucesso.
equipe e que, portanto, produzam resultados mais ele-
vados. Robbins e Coulter (1996) apresentam apresenta A especificidade no estabelecimento de metas tam-
os principais papéis a serem desempenhados pelas bém surge como ingrediente indispensável à alta perfor-
pessoas no interior das equipes de trabalho: criador (é mance de qualquer equipe. As metas são tidas por esse
aquela pessoa que vai realizar, na prática, as ideias cria- tipo de equipe como mensuráveis e factíveis (realistas). As
tivas); promotor (colaborador que irá defender as ideias metas específicas “motivam as equipes, facilitam a comu-
postas em prática pelo criador e pelos colegas); assessor nicação e ajudam a manterem-se concentradas na obten-
(trata-se do colaborador que irá apresentar uma análise ção de resultados” (ROBBINS; COULTER, 1996, p. 276).
mais perspicaz das opções que a equipe possui); organi-
zador (é aquele membro que se preocupa em estruturar O alto desempenho de equipes de trabalho está
o processo de trabalho); produtor (vai colocar em todo condicionado a diversos fatores relacionados, desde a
processo a devida direção e acompanhará o prossegui- atitude do líder até as condições ambientais em que está
mento rumo aos objetivos traçados; controlador (essa inserida a organização. Dentre essas variáveis condicio-
pessoa estará mais atenta aos detalhes, fazendo as aná- nantes da alta performance estão atitudes individuais
lises dos mesmos, bem como determinando o cumpri- e coletivas que sejam positivas e impulsionadoras do
mento das regras preestabelecidas); mantenedor (cabe sucesso como o não autoritarismo. Nessa condicionante,
ao mantenedor da equipe lutar com forças externas pela líderes e liderados devem postar-se de forma democrá-
manutenção da força da equipe e de seu desempenho tica no tocante às decisões a serem tomadas no fazer
no transcorrer das suas realizações); consultor (é aquela organizacional, ou seja, não será bem-vinda a atitude
pessoa que sempre propõe pesquisas e buscas de de imposição de ideias e métodos. Há que se promo-
novas informações e novos conhecimentos, como sendo ver condições ideais para que todos possam ouvir e ser
fatores de sucesso) e, por último, o autor propõe ainda a ouvidos em suas expectativas e contribuições.
existência do papel de vinculador, como sendo a pessoa
que vai promover a integração e a coordenação dos tra- Ainda quanto aos fatores condicionantes da alta
balhos e das pessoas. performance, pode-se destacar a importância da atitude
firme e segura das pessoas em suas expressões profis-
Percebe-se uma grande gama de atribuições nos sionais, tanto no nível verbal quanto no de atitudes prá-
papéis acima relatados. Vale ressaltar que haverá o caso ticas. Hesitar em palavras e ações do cotidiano profis-
de pessoas que assumam mais de um papel. Assim, sional pode indicar insegurança e isso fatalmente levará
deve-se entender que a capacitação das pessoas para a todos a não acreditarem plenamente no projeto a ser
assumirem tais papéis e a alocação das mesmas nos desenvolvido. Ainda se deve reconhecer que atitude de
papéis corretos não é tarefa fácil. Somente uma lide- desconsiderar ideias e sugestões das pessoas que inte-
rança por excelência saberá compor uma equipe de alto gram equipes levará a um clima de insatisfação e des-
desempenho nesses termos. contentamento, pelo fato de que as pessoas necessitam

GESTÃO E LIDERANÇA DE PESSOAL

| 33 |
expressar suas sugestões para sentirem-se realmente são de maior abrangência, levando as pessoas e equipes
úteis ao processo e, ainda, para sentirem-se partes vivas a terem atitudes muito mais intensas em termos de ini-
do mesmo e não apenas uma parte mecânica. ciativa e disposição para soluções de problemas.

Outra variável que muito contribui para a formação Essas condições (saber fazer, poder fazer e querer
e desempenho de equipes de alta performance é a pos- fazer), de realização pessoal e coletiva, no desempenho
sibilidade de as pessoas estarem preparadas para exer- de funções dentro do ambiente de trabalho, devem estar
cer suas funções e devidamente amparadas em termos na pauta de todo gestor tanto no que diz respeito a este
de conhecimento e tecnologias. Trata-se de a liderança promovê-las abundantemente em seu empreendimento,
promover as condições necessárias para que pessoas e quanto no que diz respeito do gestor estar capacitado para
equipes consigam realmente uma atuação plena nos seus isto, ou seja, o líder deve estar dotado das competências
encargos. Como primeira parte dessa condição, o líder e a mínimas para a implementação dessas condições.
organização devem promover o saber fazer, ou seja, pro-
mover a capacitação técnica e comportamental que leve Pode-se afirmar ainda, com segurança, que um
as pessoas a deterem conhecimento tal que lhes assegure dos componentes mais importantes no processo de
os saberes necessários. Ainda nessa perspectiva, a orga- desenvolvimento de equipes de alta performance é a
nização deverá assegurar, também, condições mínimas liderança por excelência. Uma liderança bem preparada
para que o poder fazer também se concretize. Em outras terá maiores chances de obter resultados positivos de
palavras, a empresa tem o dever de disponibilizar todas sua equipe. O comportamento do líder em relação à sua
as condições físicas e imateriais para o desempenho das equipe deve ser de proatividade e comprometimento.
funções profissionais de cada membro e equipe. Ferra- Dentre os grandes desafios enfrentados pelo líder, o
mentas adequadas, equipamentos de qualidade, con- fator tomada de decisão tem destaque. Permitir que a
dições de saúde e segurança aceitáveis, matéria-prima equipe compartilhe do processo de tomada de decisões
ideal, etc. Com esses e outros ingredientes assegurados, implica em abrir espaços já demarcados pelo líder, e
certamente o poder fazer estará mais garantido. isso não é tão simples. Ele deverá abrir mão de privilé-
gios e prerrogativas, transferindo-os para pessoas que
Ainda há um terceiro elemento a ser considerado possivelmente poderão ocupar seu lugar.
nessa perspectiva de realizações profissionais e organi-
zacionais: o querer fazer. Nesse caso surge a liderança A liderança visionária atuará nesse nível, pois sabe
como agente principal, pois o querer fazer está muito que a participação de pessoas bem preparadas e com-
mais relacionado a aspectos intrínsecos que extrínsecos, prometidas com o desenvolvimento organizacional só
ou seja, tal nível de abordagem às pessoas e equipes exi- trará benefícios a todos. Na Figura 13, pode-se perce-
girá um preparo muito mais elevado da liderança, sendo ber as atitudes tidas pelo líder em relação à sua equipe,
que aspectos mais profundos do ser humano deverão no que diz respeito ao compartilhamento no processo
ser trabalhados e isso significa ter que realizar uma imer- de tomada de decisão.

Figura 13 | Transição do poder de tomada de decisão – líder/liderados.

MAIOR AUTORIDADE DA EQUIPE

MAIOR AUTORIDADE DO LÍDER

MÓDULO BÁSICO

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O líder toma O líder toma O líder O líder O líder O líder O líder
decisões sem decisões e apresenta apresenta os aparesenta os aparesenta os permite que a
anunciá-las tenta “vendê- as decisões problemas e problemas, problemas, equipe opere
las” à equipe prováveis e pede suges- pede suges- discute com por si só
faz perguntas tão à equipe tão e chega à a equipe
à equipe conclusão e chega a
uma decisão
conjunta
Fonte: Gestão de pessoas e liderança (2012).

A transição da autoridade do líder para a equipe denota 2| informalidade – o clima tende a ser infor-
que há, por parte daquele, uma abertura de possibilidades mal, confortável e relaxado. Não existem ten-
de participação em favor daquela. Para que tal atitude se sões óbvias ou sinais de aborrecimento.
efetive, pelo menos duas grandes variáveis devem ser 3| participação – existe muita discussão e
vivenciadas: 1) maturidade suficiente do líder para abrir mão todos são encorajados a participar.
de seus espaços (entendendo-se que o líder responsável o
4| escuta – os membros utilizam efetivas técni-
fará em favor de uma equipe devidamente preparada para
cas de escuta como questionamento, paráfra-
isso) e 2) maturidade suficiente da equipe para absorver
ses (repetir o que foi dito com outras palavras)
essa possibilidade e desempenhá-la com segurança.
e resumo para expor ideias.
No próximo tópico serão abordados temas justa- 5| discordância civilizada – existe discordân-
mente relacionados a essa questão da liderança como cia, mas a equipe está confortável com isso e não
agente de transformação e de desenvolvimento de equi- mostra sinais de evitar, encobrir ou omitir conflitos.
pes para a excelência nos resultados. 6| decisões de consenso – para decisões impor-
tantes o objetivo é substancial, mas é necessária
19 | Gestão de equipes de a concordância, através da discussão aberta das
alta performance II ideias de todos evitando a votação formal.
7| comunicação aberta – os membros da
As equipes altamente efetivas têm em sua compo- equipe se sentem livres para expressar seus
sição conjuntos de pessoas comprometidas e de alto sentimentos sobre as tarefas, bem como na
nível de confiança mútua, sabem muito bem os propó- operação do grupo. A comunicação acontece
sitos da sua atividade profissional, comunicam-se muito fora das reuniões.
bem interna e externamente, estão permanentemente 8| funções claras e atribuições de trabalho
cientes de que todos os membros envolvem-se no – existem expectativas claras sobre as funções
processo decisório e mantêm um sistema que contribui exercidas por cada membro da equipe. Quando
com o planejamento das decisões e com a qualidade a ação é tomada, ações claras são passadas,
das ações realizadas. aceitas e executadas. O trabalho é justamente
distribuído entre os membros da equipe.
Nos dizeres da Consultoria Seth3D Carreiras
(SETH3D CARREIRAS, 2012), as equipes de alta per- 9| liderança dividida – a equipe possui um
formance apresentarão as seguintes características: líder, as funções da liderança mudam de hora
em hora, dependendo das necessidades do
1| propósito claro – a visão, a missão, o objetivo grupo e das habilidades do grupo. O líder
ou as tarefa da equipe foram definidos e agora é formal modela o comportamento apropriado e
aceitos por todos. Existe um plano de ação. ajuda a estabelecer normas positivas.

GESTÃO E LIDERANÇA DE PESSOAL

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10 | relações externas – a equipe gasta seu tempo formance. Assim, os gestores devem primar pela cultura
desenvolvendo relações externas, mobilizando do envolvimento com altas doses de comprometimento,
recursos e criando credibilidade com importantes antes de se pensar em obter de sua equipe um alto e
contribuições de outras partes da organização. satisfatório desempenho.
11 | diversidade de estilo – a equipe possui uma
Uma organização de sucesso deve ser praticante
ampla gama de tipos de membros, incluindo
ininterrupta da aprendizagem. As pessoas que a com-
aqueles que enfatizem a atenção à tarefa, estabe-
põe devem estar submetidas constantemente ao pro-
lecimento de objetivos, foco no processo e per-
cesso de busca do conhecimento. Quando se entra num
guntas sobre como a equipe está funcionando.
processo dessa magnitude, se está, na realidade, imer-
12 | autoavaliação – periodicamente a equipe gindo num processo de desenvolvimento humano indi-
para e analisa como está seu funcionamento e vidual e coletivo, tendo como base o que Senge (2004)
o que pode estar interferindo em sua eficácia. denomina de as cinco disciplinas, quais sejam:

Como forma de se implementar a cultura da alta x Maestria pessoal – é a disciplina capaz de


performance em uma organização de sucesso, a Seth3D dar sentido à vida das pessoas. Indivíduos com
Carreiras (2012) apresenta os seguintes passos a serem maestria pessoal possuem sonhos, metas,
realizados para essa realização. objetivos de vida, visão. A maestria pessoal nos
mostra continuamente como as nossas ações
1| Processo preparação para implanta- afetam o mundo em que vivemos.
ção da cultura de alta performance:
x Modelos mentais – são as ideias, pressupos-
x realidade local (programa produtividade e tos, generalizações ou imagens internas profun-
qualidade); damente arraigadas nas mentes dos indivíduos,
x gestão de desempenho (sistema de que influenciam o modo de encarar e se rela-
recompensas); cionar com o mundo, limitando-os a maneiras
habituais de pensar e agir. Tais modelos podem
x diagnóstico/mapeamento da equipe;
e devem ser modificados, para que se possa
x pesquisa de clima organizacional. enxergar o mundo de maneira diferente.
2| Implantação da cultura de alta perfor- x Visão compartilhada – a visão comparti-
mance: lhada eleva as aspirações das pessoas, que se
x workshops de implantação; identificam com as empresas e umas com as
outras, além de fornecer o foco e a energia
x desenvolvimento de liderança; para a aprendizagem. Ela permite o engaja-
x desenvolvimento da equipe (direta ou mento em longo prazo.
multiplicação). x Aprendizagem em equipe – é o pro-
3| Fortalecimento da cultura de alta perfor- cesso de alinhamento e desenvolvimento da
mance – mecanismo de continuidade: capacidade de um grupo criar os resultados
que seus membros desejam. Permite que as
x ciclo de desempenho (coaching grupo
pessoas possam enxergar além dos limites de
individual);
suas perspectivas pessoais.
x reuniões de acompanhamento.
x Pensamento sistêmico – ele mostra que os
Pode-se perceber que há uma necessidade latente fatos estão interligados e influenciam-se mutua-
de envolvimento de pessoas líderes e pessoas lideradas mente e que as empresas também são sistemas,
no processo para que se confirme a cultura de alta per- que estão conectados por fios invisíveis de ações

Uma organização de sucesso deve ser


praticante ininterrupta da aprendizagem.

MÓDULO BÁSICO

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inter-relacionadas. A visão de um objetivo sem o x não deixe de defender sua equipe e junto com
pensamento sistêmico cria lindas mensagens de ela encontre forma de aprimorar ideias;
futuro sem que se saiba exatamente o que deve
x demonstre que tem preferência por trabalhar
ser feito para que elas se tornem realidade.
com equipes;
A aprendizagem em equipe, uma das disciplinas, x nunca deixe de agradecer a ajuda que sua
preconiza que os resultados esperados pelos membros equipe lhe proporciona, com palavras e atitu-
da equipe serão o foco do alinhamento e do desenvol- des sinceras;
vimento da equipe, ou seja, ela irá se desenvolver nesse
x deseje seu próprio aprimoramento como pes-
sentido, indo além das expectativas individuais.
soa e esclareça o que você gostaria que a
Essa aprendizagem constante leva o gestor a perce- equipe adquirisse em atitudes, habilidades ou
ber que na construção de equipes de alta performance são conhecimentos;
necessárias atitudes firmes e sempre positivas, sendo que a x promova um clima de aprendizado, aprovei-
equipe deverá estar coesa em torno dos objetivos coletivos tando todas as oportunidades possíveis para
propostos. Podem-se destacar algumas dessas atitudes: o conhecimento, não descartando as experi-
ências de fracasso.
x quando surgirem reclamações, identifique as
causas e elimine-as imediatamente; Com esses e outros passos, certamente as equipes
x a reposta imediata “não” deve ser rejeitada; serão levadas a uma performance elevada e os resulta-
dos obtidos farão de todos vencedores.
x para alcançar uma atuação melhor da equipe,
fixe, sempre, objetivos que a impulsionem;
As empresas que têm investido no desenvolvimento
x as dificuldades relacionadas ao trabalho devem de equipes de alta performance estão atingindo melho-
ser enfrentadas antes que alcancem propor- res resultados, bem como atingindo todas as suas metas.
ções maiores e mais comprometedoras; Uma das grandes atitudes dessas empresas vitoriosas é
x ações responsáveis e a força das pessoas e da o fato de estarem focando, além dos resultados numéri-
equipe devem ser valorizadas constantemente, cos, os resultados morais, ou seja, a satisfação de todas
mais que o cargo ocupado e o tempo utilizado as pessoas e equipes que estão no processo produtivo.
nos serviços;
Uma das atitudes mais comuns na liderança é reu-
x as recompensas materiais devem ser compatí- nir em torno de si pessoas de igual padrão de compor-
veis, equilibradas e justas; tamento, ou seja, pessoas o mais semelhantes possível
x a delegação de atividades deve ser uma cons- a ele. Isso trará um conforto maior ao líder no seu pro-
tante, pois isto estimula as pessoas; cesso de liderança, pois haverá poucas discordâncias e
x estimule a geração de ideias e permita que até mesmo uma quantidade insuficiente de inovações.
os próprios autores as executem, quando for E é justamente nesse momento que surge o perigo de
o caso. se contratar esse tipo de colaborador (o mais parecido
possível com o líder). A ausência de diferenças promo-
Destacam-se, ainda, algumas recomendações verá a ausência de ideias e criatividade. Todos acabam
importantes para gestores que busquem a construção perdendo com isso, em médio e longo prazo, ainda que
de equipes de alta performance: prevaleça o sentimento de paz.
x receba e valorize ideias e dicas de pessoas
Deve-se ter em mente criar contextos desafiadores
e equipes que ajudem a organização, e não
e saudáveis e que não sejam, de forma alguma, está-
deixe de dar feedback a tudo que receber;
ticos. É muito mais relevante para a empresa criar um
x estabeleça um bom ambiente de trabalho, no ambiente e um clima em que prevaleçam pontos de
qual todos recebam informações claras em vista divergentes, mas com ações bastante convergen-
relação aos objetivos, divulgando os prazos e tes, ou seja, o clima em uma organização que pretenda
os resultados; desenvolver equipes de alta performance deve ser pro-

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pícios a discussões abertas independentemente dessas captando desse ambiente as possibilidades de inova-
discussões agradarem ou não aos seus líderes. ções e de mudanças e as necessidades de soluções
que se apresentarem. A sinergia vai implicar também
Obviamente que para obter esses resultados alta- em que todos tenham o senso de oportunidade, ou
mente viáveis, deve-se atentar para um processo de seja, que estejam atentos a cada situação que possa ser
seleção que já traga para o interior da organização, uma oportunidade de melhoria. No entanto, para que a
profissionais com esse tipo de competência comporta- sinergia não seja um mero discurso, deve haver trabalho
mental, ou seja, capazes de contribuir sem destruir, que em equipe. As pessoas devem partir para a prática, tor-
sejam dinâmicos e assertivos, que venham literalmente nando reais as expectativas e propostas geradas.
somar no processo. Para isso, deve-se abandonar a tão
comum prática de se contratar pessoas que possuam o Com isso, a equipe alcançará elevada diferença
perfil mais próximo possível do líder. em relação aos grupos de pessoas, pois estarão agindo
em função da clareza dos objetivos propostos, os quais
Um exemplo clássico dessa realidade é a composi- se tornam como que um sonho para todos. Essa será
ção de uma orquestra sinfônica. Esta conta com músicos uma equipe diferenciada em relação às demais, com
que desempenham suas funções com diversos e diferen- mais força e desempenho, com uma amplitude maior
tes instrumentos. O maestro tem como função integrar de experiências, já que são pessoas com maior aber-
essa equipe e sincronizar e harmonizar a apresentação. tura mental para criatividade e inovações. Outro aspecto
Trata-se de uma atividade complexa, exigindo de todos os relevante de diferenciação entre as equipes de alto
envolvidos a máxima atenção e dedicação ao processo, desempenho e as equipes comuns é que naquelas há
para que resultados excelentes sejam obtidos. Isso se uma considerável prática de retroalimentação, de forma
chama comprometimento com os resultados finais. honesta e aberta. É o feedback e seus efeitos positivos.

Comunicações abertas, transparência e disposição O líder desempenha papel fundamental nesse tipo
para negocias são ingredientes indispensáveis para a de equipe. Cabe a ele fazer a socialização dos funda-
realização e o desenvolvimento de equipes de alta per- mentos estratégicos da organização e da própria equipe
formance. Todos estão dispostos a contribuírem, mas o como a missão, a visão os valores. É imprescindível não
líder deverá fazer com que a harmonia prevaleça e que deixar a equipe desorientada e o compartilhamento
todos estejam sintonizados no resultado do todo. desses fundamentos estratégicos é imprescindível.
Deve-se, ainda, implementar uma ampla política de
Outro ingrediente indispensável para o desenvol- empowerment, pela qual as equipes recebem maiores
vimento de equipes de alta performance é a sinergia. doses de responsabilidade e devida autoridade.
Fazer do todo maior que a soma das partes significa
haver sinergia no contexto do ambiente de trabalho. Características das equipes de alta perfor-
Sincronismo, trabalho conjunto, força para a defesa dos mance
ideais e objetivos do todo. Uma colmeia, por exemplo, a| Propósito claro: visão, missão, objetivos e
apresenta altíssimo grau d sinergia. Todas as abelhas tarefas estão bem-definidos e são aceitos por
trabalham de forma sinérgica, cada uma defendendo de todos. Há um plano de ação.
forma extremamente comprometida, sua função, com
foco plenamente direcionado no bem-estar do todo, a b| Informalidade: o clima tende a ser informal,
colmeia e a sobrevivência da rainha. Trabalho em equipe, confortável e relaxado. Não existem tensões
integrado. Esse é o segredo dessas sociedades. ou sinais de aborrecimento.
c| Participação: há franca discussão e todos são
A sinergia de uma equipe implica na necessidade encorajados a participar.
de observação constante dos fatos que a cercam, ou
seja, todos devem estar atentos a tudo o que ocorre no d| Discordância civilizada: há discordâncias, mas
seu ambiente para dar prontamente as respostas neces- a equipe está confortável com isso e não evita,
encobre ou omite conflitos.
sárias e apresentar as soluções vitais ao sucesso. Implica
ainda em percepção, ou seja, cada membro da equipe e| Decisões de consenso: nas decisões impor-
deve perceber constantemente as condições existentes, tantes (frutos da concordância) prevalece o

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objetivo principal. Há discussão aberta das considerados quando dos planos de captação e reten-
ideias de todos, evitando a votação formal. ção de talentos pela organização.
f| Comunicação aberta: liberdade para expressar
Ao decidir estrategicamente por um plano de
sentimentos sobre as tarefas e sobre o grupo.
remuneração, o gestor deverá ter em mente alguns dos
A comunicação acontece fora das reuniões.
principais objetivos desse sistema, como por exemplo
g| Funções claras e atribuições de trabalho: há a melhoria na produtividade, a elevação da satisfação
expectativas claras sobre as funções de cada do cliente, o controle dos custos, o cumprimento das
membro. Quando a ação é tomada, ações cla- determinações legais e a otimização do desempenho
ras são repassadas, aceitas e executadas. individual e coletivo (MILKOVICH, 2000). E deverá ter
h| Liderança socializada: a equipe possui um em mente, ainda, concepções mais avançadas sobre
líder, mas as funções da liderança mudam de a validade estratégica de meios de remuneração, ou
hora em hora, dependendo das necessidades seja, entender que há no composto remunerativo ele-
do grupo e das habilidades do grupo. mentos tangíveis que visam tão somente à “valorização”
do desempenho das pessoas (salários, horas extras,
i| Relações externas: praticam-se relações exter- benefícios, seguros, etc.), que, no entanto, não perfa-
nas, mobilizando-se recursos e criando-se cre- zem toda gama de variáveis a serem dispensadas aos
dibilidade com outras partes da organização. trabalhadores. Com base em um pensamento completo
j| Autoavaliação: periodicamente a equipe avalia e estratégico, o gestor promoverá ainda a oferta de ele-
seu funcionamento e o que pode estar interfe- mentos intangíveis que visem também à “valoração” das
rindo em sua performance. mesmas pessoas (desenvolvimento, responsabilidades,
desafios, liberdade, autonomia, senso de parceria, etc.).
20 | Remuneração
Esse tipo de remuneração pressupõe uma análise
estratégica
complexa da realidade empresarial, identificando as
Quanto vale o desempenho das pessoas? Obvia- pessoas como seres flexíveis, individualizados e que
mente essa é uma questão complexa e que requer do necessitam não apenas de recursos monetários que
gestor estratégico amplo aprofundamento em saberes lhes garantam a subsistência, mas muito mais que isso,
relacionados à captação, desenvolvimento e retenção necessitam também de incentivos intrínsecos motivacio-
de talentos. Esse gestor terá bem-definido o senso de nais para continuarem servindo à organização e fazen-
que por maior que seja o patrimônio físico, por mais do-o com a maior dedicação possível.
valorizada que seja a marca e por mais eficientes que
sejam os processos de qualquer organização, no fim Tal atitude implica em que a remuneração fixa será
das contas, o resultado da empresa, é sempre a soma insuficiente como elo de consolidação da real parce-
dos resultados de desempenhos das pessoas, e que o ria entre organização e pessoas. Dentre as fragilidades
negócio é gente (Jack Welch, CEO da General Eletric). desse método pode-se citar a acomodação por parte
do remunerado, o qual não vê perspectivas maiores de
Muitas empresas têm entendido que o investimento realizações além daquelas a que estão atrelados seus
em potencial humano é um fator de sobrevivência e de rendimentos fixos mensais. A remuneração variável, por
crescimento. Isso ficou evidenciado em uma pesquisa sua vez, possui características estratégicas muito mais
da Watson Wyatt, a qual revelou que organizações que evidentes, tais como a adequação do rendimento aos
investem e valorizam o clima organizacional favorável potenciais individuais e coletivos, promovendo condi-
têm, em média, aumento de 15% na rentabilidade ções motivacionais mais evidentes pelos desafios pro-
sobre o patrimônio líquido. Esse indicativo revela que postos e pela intenção de alcance da autorrealização.
parcerias realizadas em moldes estratégicos com os Além disso, a remuneração favorável ainda é a melhor
colaboradores conduzem sim a resultados positivos, decisão estratégica por premiar o bom desempenho
inclusive monetários, haja vista ser a remuneração uma e incentivar o desempenho excepcional, focalizando
sólida base do contexto geral da gestão estratégica de resultados, permitindo a autoavaliação das pessoas e
pessoas, sendo um dos grandes incentivos a serem não impactando nos custos fixos.

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Entre os benefícios percebidos nos planos de 6| valores fixos e estáticos;
remuneração variável e, inclusive, remuneração por
7| valorização.
competências, destacam-se ainda: a) deslocamento
do foco de atenção da empresa para o indivíduo; b) Já na remuneração complexa, essas características
incentivo ao desenvolvimento das pessoas; c) valo- dão lugar a uma visão muito mais fortalecida e ampla
riza fatores críticos para o sucesso da organização dessa relação capital/trabalho:
(o ser humano, a informação, o conhecimento e a
1| “homem complexo”;
criatividade); d) consolidação do envolvimento e do
comprometimento das pessoas com o negócio; e) 2| flexibilidade;
esclarecimento do porquê de remunerações diferen- 3| individualização;
tes, mesmo para cargos iguais.
4| adequação;
A recompensa por “valorização” (bens tangí- 5| base em metas;
veis) é composta por elementos remunerativos tais
como: 6| valores variáveis e flexíveis;
7| valoração.
1| salários;
Tal como na abordagem convencional, anterior-
2| comissões; mente citada, encontra-se o sistema de remuneração
3| horas extras; fixa no mesmo patamar relacional, ou seja, a remune-
ração fixa não se enquadra no perfil de uma gestão
4| benefícios; estratégica, focada em resultados, já que tem como
5| saúde e segurança; principais bases:

6| seguros; 1| salário previamente definido pelo empregador;

7| serviços, etc. 2| segue, regularmente, valores praticados no


mercado;
Já a recompensa por “valoração” (bens intangíveis)
3| tende a gerar acomodação por parte do tra-
tem como principais elementos: balhador;
1| desenvolvimento; 4| não exige práticas eficazes de avaliação;
2| reconhecimento; 5| não recomendável em gestão estratégica de
pessoas.
3| liberdade;
De maneira plenamente contrária a esse posicio-
4| oportunidade de atuação como parceiros;
namento limitado, o sistema de remuneração variável
5| responsabilidades. amplia as possibilidades de maior desempenho das
partes envolvidas. Nesse modelo de composto remu-
A remuneração convencional tem como base de nerativo, encontram-se características eminentemente
sua composição conceitos extremamente limitados estratégicas como:
e frágeis quanto à relação do trabalhador com sua
empresa. Entre as características desse modelo, encon- 1| adequa-se aos potenciais individuais;
tram-se conceitos como: 2| promove condições motivacionais (desafios e
autorrealização);
1| “homem econômico”;
3| premia o bom desempenho e incentiva o
2| rigidez excessiva; desempenho excepcional;
3| padronização; 4| focaliza resultados;
4| generalização; 5| permite a autoavaliação;
5| base no tempo; 6| não impacta os custos fixos.

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cando necessidades de programas de treinamento
21 | Avaliação estratégica
e desenvolvimento, e ampliando o potencial da
de desempenho empresa através da agregação de novas e desa-
fiadoras competências. Tudo isso, é claro, requer
Uma das ferramentas mais eficazes para qualquer
um acompanhamento das efetivas realizações da
tipo de gestão é o feedback, ou seja, a informação do
própria organização e das pessoas. Esse acompa-
quanto se conquistou em relação ao que se espera
nhamento, mais comumente denominado de ava-
conquistar. Sem essa “informação retroalimentadora”,
liação de desempenho, é um processo vital para o
a empresa dificilmente conseguirá avançar rumo aos
desenvolvimento em geral.
seus objetivos, pois não haverá ciência por parte dos
atores envolvidos, de quais atitudes terem em relação
A avaliação de desempenho deve ser estrutu-
ao momento atual e ao futuro.
rada de forma a contemplar três níveis do contexto
empresarial: o nível individual, o coletivo e o orga-
Para que se possa informar às pessoas em que
nizacional. São expectativas e realizações pessoais,
ponto estão e em que ponto precisam chegar, deve-se
de equipes e da própria organização que devem ser
proceder a um processo denominado avaliação de
monitoradas estrategicamente, com a finalidade de
desempenho, com o qual os líderes poderão perceber
as condições atuais de desempenho de seus liderados informar a todos quais resultados têm sido alcança-
e em que precisa melhorar em termos de agregação de dos ou não e qual o grau de contribuição de uns para
competências e habilidades para que se possa prosse- com outros nessa troca de atribuições e responsa-
guir com segurança. bilidades, lembrando-se sempre que o desempenho
organizacional é o produto do desempenho de pes-
Há, no entanto, alguns cuidados importantes a soas e equipes e que clientes, acionistas e demais
serem tomados nos processos de avaliação de desem- interessados estão atentos ao mesmo, requerendo
penho: jamais atribuir-se juízos de valores ao caráter os melhores resultados e que estes sejam fruto de
das pessoas, mas sim ao seu desempenho profissional; processos socialmente responsáveis.
proceder de maneira transparente e justa, fornecendo a
todos as informações preliminares bem como as infor- Gestores por excelência decidirão por processos
mações pós-processo avaliativo. de avaliação de desempenho que indiquem em que
“todos” precisam melhorar e não apenas em que os
Nesse caso, os gestores estratégicos procederão colaboradores devem melhorar; quais as potenciali-
de forma ética e responsável nesse processo, evi- dades do todo e não apenas até que ponto pode a
tando discriminações quanto às categorias a serem empresa exigir das pessoas como se fossem estas,
avaliadas, sendo rigorosos em cobrar desempenho, meros recursos de produção; e ainda o quanto repre-
mas, ao mesmo tempo, em fornecer informações sentou para cada pessoa sua participação no alcance
sobre esse desempenho e levando em consideração dos resultados obtidos e não somente que a recom-
as observações dos funcionários quanto ao processo pensa será X em função dos resultados. Enfim, promo-
avaliativo. verá avaliações de desempenho muito mais de cunho
motivacional que punitivo, tendo por base, inclusive, no
O gestor estratégico deverá estar permanen- processo avaliativo, a visão do cliente e de como dar-
temente buscando a identificação de problemas lhe a melhor resposta possível.
na organização, definindo as melhores políticas de
gestão de pessoas, apresentando feedbacks para A Figura 14 apresenta os principais motivos e frutos
seus colaboradores, agregando pessoas à orga- para a realização de excelentes programas de monitora-
nização, adequando pessoas ao cargo, identifi- mento de desempenho.

Uma das ferramentas mais eficazes para qualquer tipo


de gestão é o feedback, ou seja, a informação do quanto
se conquistou em relação ao que se espera conquistar.

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Figura 14 | Resultados estratégicos de um processo de avaliação de desempenho.

EQUIP
PES DE ALT
A TA
PERF
PERF
PE RFOR
R FO
ORMA
OR
RMA
MAN
NCCE

Dos resultados obtidos com o processo estra- liderança, análise dos resultados previstos e realiza-
tégico de avaliação de desempenho destacam-se a dos e feedback. Outro aspecto vital de uma avalia-
melhoria contínua instalada e o desenvolvimento (pes- ção estratégica de desempenho é o fato de o foco
soas e empresa), como sendo inclusive diferenciais de estar centrado nas objetividades do desempenho
competitividade. Os conceitos primordiais da Admi- propriamente dito, evitando-se a todo custo focar
nistração, traduzidos pelas ações de planejamento, as subjetividades do “empenho” das pessoas, ou
organização, direção e avaliação, as quais visavam seja, evitando-se firmemente a atribuição de juízos à
refletir mais acentuadamente a visão e as exigências performance das pessoas e buscando-se identificar
dos investidores, alcançaram maior amplitude de foco, situações que possam ser melhoradas no âmbito do
em função da própria pressão imposta pelo sistema profissionalismo.
global, devendo refletir, também e principalmente, a
satisfação do cliente, os níveis motivacionais predomi- 22 | Considerações finais
nantes e o capital intelectual dos colaboradores, bem
como o senso de relacionamento com os fornecedo- O desenvolvimento de pessoas e equipes para o
res, credores, meio ambiente e comunidades de inte- alto desempenho requer muita habilidade e determina-
resse (BERTOLDI, 2003). ção das empresas modernas. Líderes devem ser cada
vez mais criativos e carismáticos a fim de levar esses
Nessa perspectiva, torna-se indispensável abor- colaboradores à melhor performance possível, como
dar as seguintes variáveis ao processo de avaliação forma de satisfazer todos os públicos de interesse
estratégica de desempenho: competências e habi- envolvidos.
lidades vigentes e necessárias (saber fazer), condi-
ções de trabalho disponibilizado pela organização A capacitação de pessoas e equipes de trabalho
(poder fazer), atitude empreendedora por parte das passa necessariamente por algumas variáveis organiza-
pessoas (querer fazer), desafios apresentados pela cionais tais como o treinamento e o desenvolvimento,

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pela aprendizagem organizacional, pela cultura da lide- que haja um clima de satisfação e consequente entrega
rança por excelência, pelo endomarketing e outras fer- de todas as potencialidades envolvidas, para o que
ramentas de gestão. mais se almeja em empreendimentos empresariais: a
autorrealização. Isso implica em se buscar a eficácia
As pessoas e equipes estão dispostas a um organizacional e profissional.
comprometimento cada vez maior com suas orga-
nizações, desde que sejam estabelecidos relaciona- A capacidade de se efetivar a eficácia organi-
mentos leais e justos de ambas as partes e que haja zacional requer que as pessoas, tanto líderes quanto
os espaços necessários para que todos se sintam liderados, dominem a gestão da conquista e retenção
parte viva do empreendimento e não meras partes de talentos, como sendo força de trabalho adequada,
inanimadas do mesmo. dominem ainda a gestão dos níveis de satisfação,
mantendo-os os mais elevados, bem como mantendo
Na atualidade, posicionamentos estrategicamente os níveis de absenteísmo e turn over os mais baixos,
corretos são uma condicionante para a sobrevivência manter ainda níveis excelentes de relações interpes-
de qualquer organização. Ora, sendo que as pessoas e soais, intergrupais e interdepartamentais, além disso,
as equipes de trabalhadores são consideradas o maior pessoas e equipes deverão estar cientes dos objetivos
ativo das empresas, estas devem receber um trata- globais da empresa e isso é também função implícita
mento tal que consolide um senso de parceria, afim de da liderança.

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