Campo Grande MS
2020
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIGRAN CAPITAL
Campo Grande MS
2020
MAYARA SIQUEIRA DA CUNHA
RAFAEL LIMA DOS SANTOS
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________________
Prof. Me. Fernando Faleiros de Oliveira
________________________________________________________________
Profa. Me. Elaine Cristina da Fonseca Costa Pettengill
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Profa. Dra. Jucimara Zacarias Martins Silveira
Campo Grande MS
2020
AGRADECIMENTOS
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Agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade, saúde e força para enfrentar as
adversidades.
A meus pais, pela confiança, compreensão e apoio.
Ao professor Fernando Faleiros, pela orientação, empenho e apoio na elaboração deste
trabalho.
A meus amigos e colegas de faculdade que me deram apoio neste momento e à
Mayara, por aceitar entrar nesse desafio comigo.
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 7
2 OBJETIVOS ............................................................................................................ 9
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................................... 9
4 METODOLOGIA ................................................................................................. 17
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 25
7
RESUMO: Este estudo propôs abordar a saúde mental dos docentes do ensino superior,
esclarecendo suas causas e fatores desencadeadores. A saúde mental do docente é fonte de
preocupação de vários setores da sociedade, uma vez que os professores representam um
importante papel social na vida das pessoas e, devido a isso, sofrem grande pressão da
sociedade. Para a investigação, optou-se por uma revisão bibliográfica sistemática, utilizando-
se publicações dos últimos cinco anos (2015-2020) das bases de pesquisa acadêmica BV
Salud, Scielo, Pepsic e Portal de Periódicos CAPES. Foram utilizados na busca os seguintes
descritores: “Transtornos Mentais”, “Docentes Universitários”, “Trabalho Docente”. Como
resultado, foram obtidos 40 artigos, os quais, ao serem submetidos aos critérios de inclusão e
exclusão, totalizaram em 15 para a análise. Pôde-se observar que os transtornos mentais mais
recorrentes mencionados nos estudos são Síndrome de Burnout, depressão e estresse, os quais
apresentam desencadeadores e sintomas comuns nos acometidos, tais como: impactos físicos,
psicológicos e psicossomáticos. Esses transtornos mentais causam prejuízos aos docentes e
afetam a relação ensino-aprendizagem, bem como sua vida profissional e pessoal. Apesar de
não se detectar método completamente eficaz na prevenção do desenvolvimento dos
transtornos mentais em docentes, pois vários fatores podem influenciar seu desenvolvimento,
é importante continuar estudando o assunto, buscando formas de mitigar os riscos dessas
doenças, bem como tentar ampliar a qualidade de vida desse grupo.
Palavras-chave: Transtornos Mentais. Docentes Universitários. Trabalho Docente.
1 INTRODUÇÃO
A saúde mental do docente é fonte de preocupação de vários setores da sociedade,
uma vez que os professores representam um papel social de suma importância na vida dos
indivíduos e, devido a isso, esses profissionais sofrem grande pressão. Assim, este estudo
apresenta como proposta abordar a saúde mental dos docentes, com enfoque naqueles que
atuam no ensino superior, esclarecendo suas causas e os fatores desencadeadores. Para tal,
buscou-se responder à questão: Quais são os fatores relacionados à incidência de transtornos
mentais em docentes do ensino superior decorrentes do trabalho?
Os docentes universitários são profissionais que possuem várias atribuições no
ambiente acadêmico, ministrando aulas em vários cursos e disciplinas, atuando como
coordenadores de curso, supervisores de estágios, auxiliando no processo de montagem e
1
Acadêmica do curso de Psicologia, maya_scunha@hotmail.com.
2
Acadêmico do curso de Psicologia, rafael_18lima@live.com.
3
Professor Me. do curso de Psicologia do CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIGRAN CAPITAL, Rua Abrão Júlio
Rahe, 325, Campo Grande – MS, fernando.faleiros@unigran.br.
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2 OBJETIVOS
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 O TRABALHO
O trabalho é considerado uma atividade central na vida humana, pois através dele o
indivíduo se transforma, possibilitando a sua sobrevivência, a criação da sua identidade e o
sentimento de ser integrante da sociedade. (DALAGASPERINA; MONTEIRO, 2016).
Compartilhando do mesmo pensamento, Silva, Silva e Cruz (2018, p. 173) defendem
que “[...] o trabalho é parte do que integra o indivíduo à sociedade e de como ele se percebe
no mundo em que está inserido”, já que lhe possibilita sentir-se útil diante da sociedade que,
como consequência, viabiliza sua sobrevivência e lhe dá status social.
Como apontado por Guimarães, Veras e Cestari (2017), a palavra trabalho deriva do
Latim tripalium, que antigamente era um instrumento de três pontas de ferro usado na ceifa de
cereais e, com o decorrer do tempo, passou a significar instrumento de tortura. Na atualidade,
pode-se observar que trabalho possui duplo significado – prazer e sofrimento – e que várias
pessoas o percebem de forma positiva (prazer) ou negativa (sofrimento).
A palavra trabalho apresenta, na maioria das línguas, mais de uma significação, pois
seu conceito ora está ligado à linguagem cotidiana em que os indivíduos de determinado meio
social a definem de uma forma e passam esse conceito para os demais com quem convivem;
ora pode ser visto como sofrimento devido a sua derivação histórica.
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são tão admirados quanto antes e sofrem com essa desvalorização tanto pessoal quanto
financeiramente. (SILVA; PIMENTEL; CONCEIÇÃO, 2018).
Nessa direção, ao docente do ensino superior é exigido o desempenho de múltiplas
habilidades, pois ele deve saber trabalhar com o material que tem disponível para uso em sala
de aula, visando sempre a inovação na utilização de materiais mais recentes e outras
tecnologias que podem auxiliar no processo ensino-aprendizagem.
Esse profissional também deve possuir como característica pessoal à flexibilidade, já
que deve estar preparado para adaptar-se ao que é solicitado pela Instituição de Ensino
Superior (IES) no exercício de sua profissão (JILLOU; CECÍLIO, 2015), tanto na condição de
pesquisador quanto de produtor de conteúdo, desempenhando um papel social na vida
daqueles a quem ele ensina.
Conforme apontado por Simioni, Dalledone e Finck (2017, p. 608): “[...] desta
maneira, o docente do ensino superior possui a responsabilidade de capacitar o aluno para a
sociedade, para o mercado de trabalho e para a vida.” Portanto, ele precisa estar preparado
para auxiliar o indivíduo na busca do conhecimento cientifico cultural e acadêmico e no
desenvolvimento do pensamento reflexivo daqueles com quem interage.
Os professores são respaldados pela Lei 9.394/96 (BRASIL, 1996), cujo artigo 13
esclarece suas funções e deveres, tais como: participar da elaboração dos projetos
pedagógicos, elaborar e cumprir o plano de trabalho, zelar pela aprendizagem do aluno,
estabelecer estratégia para recuperação dos alunos com baixo rendimento e com dificuldades,
ministrar horas aulas e cumprir os dias letivos estabelecidos conforme contrato, assim como
participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao
desenvolvimento profissional. Dessa forma, é possível notar que a docência possui diversas
funções e a extensão das atividades do trabalho docente pode não ser algo satisfatório, muitas
vezes resultando em fatores para o estabelecimento de doenças emocionais.
Dessa forma, os professores, como qualquer outro profissional, estão suscetíveis a
desenvolverem doenças relacionadas ao trabalho, tais como patologias associadas aos
esforços físicos realizados e à saúde mental. Simioni, Dalledone e Finck (2017, p. 613)
defendem que são vários os fatores responsáveis por essas patologias:
[...] entre estes fatores figuram a responsabilidade da função exercida, que possui
como objetivo a formação de outros sujeitos, os excessos na carga horária, as
condições de trabalho, a falta de autonomia, a sobrecarga de trabalho burocrático e o
quadro social e econômico.
horas e precisam dispor de tempo para realizar atividades extraclasse, para resolução de
problemas burocráticos relacionados à IES, e ainda necessitam de tempo para estarem
inseridos no ambiente de pesquisa, para poder manter o desenvolvimento cientifico da área
em que atuam. (ARAÚJO et al., 2019)
Pode-se ainda ressaltar que alguns fatores ligados à intensificação do trabalho e à
precarização da organização da IES podem ser um dos ativadores das doenças mentais e/ou
físicas, como apresentado por Jillou e Cecílio (2015, p. 238): “[...] a intensificação e a
precarização das condições de trabalho, articuladas à forma como cada professor lida com tais
fatores, podem indicar se daí poderá ou não advir sofrimento e penosidade para o professor no
exercício de sua profissão”. Esses fatores podem ou não causar incômodo aos docentes,
embora a maioria deles não goste de expor que está em sofrimento para não correr o risco de
perder seu vínculo empregatício ou a quantidade de horas-aulas que ministra.
De acordo com Silva, Pimentel e Conceição (2018), o acúmulo de funções por parte
dos docentes contribui para os fatores que podem ocasionar o desencadeamento dos
transtornos mentais, uma vez que, além de ministrar e preparar aulas, eles se ocupam também
com atividades como supervisores de estágios, orientadores de trabalho de conclusão de curso
(TCC), elaboradores de pesquisas cientificas e assumem, com frequência, outro emprego nos
horários vagos entre turnos e no intervalo entre as aulas que ministram.
A prática profissional está atrelada à realização de diversas atividades que são
realizadas dentro e fora do ambiente físico da Instituição de Ensino Superior, as quais podem
comprometer os momentos de prazer do docente e sua qualidade de vida (ARAÚJO et al.,
2016). Há ainda os casos em que, em alguns momentos, esses profissionais poderiam estar
junto com sua família e amigos, mas acabam por realizar atividades extraclasse, colaborando
também para que sua qualidade de vida seja afetada.
Quando se trata do ambiente de trabalho, conclui-se que todas as relações
interpessoais dentro e fora das instituições podem ocasionar problemas para os trabalhadores
docentes e para os demais. (SILVA, 1992). Esse tipo de situação pode afetar tanto no âmbito
profissional quanto pessoal do professor, devido aos conflitos e desgastes cotidianos que ele
carrega de um ambiente para outro.
O docente universitário sofre com várias situações que impactam sua atividade, como
apontado por Mazzei, Camargo e Mello (2019, p. 642): “[...] desprestígio social, ausência de
planos de carreira, reajustes salariais abaixo dos índices da inflação e a sobrecarga de
trabalho”.
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O custo da depressão para os cofres públicos chega a mais de 2 bilhões por ano,
equivalendo a 19% dos auxílios-doença pagos pela Previdência. Esses dados são gerais para
todos os trabalhadores no Brasil, sem descrição específica de ocupação profissional
(GUIMARÃES et al., 2015).
Outro causador de afastamento no trabalho, tanto dos docentes como demais
trabalhadores, é a Síndrome de Burnout que, segundo Mazzei, Camargo e Mello (2019, p.
629): “[...] é caracterizada pelo acúmulo de estresse no trabalho, que leva o profissional a um
esgotamento nervoso, desmotivação, lapsos de memória e irritação constante”. Na docência,
podem-se observar algumas características específicas apresentadas, tais como diminuição do
rendimento acadêmico e mudanças nos hábitos normais do professor, apresentando sintomas
psicológicos ligados à dificuldade de concentração, ansiedade, depressão, entre outros.
A Síndrome de Burnout é um fenômeno psicossocial que influenciará diretamente na
vida do indivíduo, tanto no seu ambiente de trabalho quanto na sua vida pessoal. (SANTOS;
LOIOLA, 2017). O docente, quando apresenta essa Síndrome, envolve todos que o cercam,
ocasionando prejuízos a sua qualidade de vida. Os fatores como estresse e ansiedade afetam o
relacionamento do professor com os alunos, causando baixo rendimento destes devido à
relação e ao comportamento que o docente apresenta na interação com os discentes.
O estresse no trabalho faz parte de várias profissões e está presente também na
docência, sendo causado devido aos fenômenos difíceis vividos no ambiente do trabalho. O
estresse é considerado um dos principais fatores na redução da qualidade de vida dos
trabalhadores. Esse transtorno é definido como reação de alerta do organismo quando se
encontra em situações críticas (ARAÚJO et al., 2016), podendo ser ocasionado devido às
mudanças nas atividades desenvolvidas por todos os profissionais. No caso da categoria
docente, pode-se observar o desenvolvimento do estresse a partir da tensão gerada pela
responsabilidade no processo de ensino-aprendizagem.
Os estudos demonstram que os fatores que podem desencadear o estresse na categoria
docente estão ligados à baixa remuneração, à falta do reconhecimento profissional,
sobrecarga, maturidade, personalidade, estrutura física e profissional (ARAÚJO et al., 2015,
p. 102), sendo que o excesso de atividades é um fator de estresse característico da profissão.
Os docentes que vivenciaram e vivenciam o estresse analisam que o seu
desenvolvimento pode ser resultado do rumo que as relações de trabalho estão seguindo hoje
em dia. Em pesquisa realizada com docentes do ensino superior, Dalagasperina e Monteiro
(2016) apontam que a mercantilização do ensino superior privado faz com os docentes fiquem
muito a mercê dos discentes, já que eles pagam a IES pelo ensino e se sentem no direito de
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4 METODOLOGIA
Tratou-se de uma revisão bibliográfica sistemática que, como apontado por Galvão e
Pereira (2014), possui a finalidade de investigação com ponto focal no assunto abordado,
identificando, selecionando, avaliando e sintetizando as evidências sobre a temática. Para
tanto, foram utilizados os sites de pesquisa acadêmica BV Salud, Scielo, Pepsic e Portal de
Periódicos CAPES, por meio dos seguintes descritores: “Transtornos Mentais”, “Docentes
Universitários”, “Trabalho Docente”. Foram utilizados como fatores de inclusão os estudos
produzidos no Brasil, no idioma Língua Portuguesa e no período de 5 anos, ou seja, de 2015 a
2020. Os fatores de exclusão foram pesquisas realizadas em países estrangeiros, em outro
idioma que não fosse o português e no período de publicação maior que os últimos cinco
anos. Foram excluídos também os artigos repetidos e artigos que, mesmo abordando o assunto
pesquisado, enfatizavam um público mais restrito.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a composição dos resultados foi realizado levantamento bibliográfico por meio de
pesquisas nos bancos de dados citados anteriormente, utilizando os descritores também já
referidos. Os resultados obtidos totalizaram 40 artigos, sendo excluídos 3 repetidos. Após
triagem pela leitura dos resumos e introdução, foram excluídos 20 artigos. Os 17 restantes
foram lidos na íntegra, sendo excluídos mais 2 (por ainda não atenderem os critérios) e, por
fim, 15 foram selecionados para análise e composição deste estudo. A Figura 1 ilustra
critérios para Seleção de Artigos, e respectivos resultados quantitativos desse procedimento.
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Artigos completos
Exclusão de artigos que
Elegibilidade
acessados para
não abordam o tema
análise/elegibilidade
(n =2)
(n = 17)
Estudos incluídos na
Incluídos
revisão
(n =15)
Foram critérios de inclusão deste estudo: país de publicação Brasil, língua portuguesa,
publicação nos últimos 5 anos (2015 a 2020), temática sobre Transtornos Mentais em
Docentes Universitários. Foram excluídos artigos que não satisfizeram aos critérios de
inclusão, bem como os repetidos entre bases de pesquisa, como descritos no Quadro 1.
Para Sousa et al. (2018), o estresse pode estar ligado à qualidade de sono dos docentes,
apontando que, quanto mais estresse ocupacional o indivíduo enfrenta, pior será sua qualidade
de sono. Esse achado não foi apresentado por nenhum outro artigo selecionado ou demais
descartados.
Através da pesquisa foi possível reconhecer que esse assunto é discutido por várias
áreas, demonstrando que a comunidade científica tem interesse em aprofundar os estudos
sobre a categoria docente e as psicopatologias que os acometem. Observou-se que a maioria
dos trabalhos recentes foi localizada a partir da leitura do sumário de revistas/ periódicos que
abordam o assunto.
Pode-se constatar que os estudos relacionados ao trabalho e o adoecimento mental na
docência do ensino superior apontam que existem alguns transtornos mentais que acometem a
classe, como foi descrito na pesquisa realizada por Batista et al. (2016) num estudo sobre
prontuários médicos de docentes atendidos em serviço de perícia médica. Porém, quando se
examinam as informações sobre esses transtornos, os mais explorados nos artigos encontrados
são: Síndrome de Burnout, depressão e estresse.
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contudo esses fatores excessivos, ao qual se integra a falta de tempo fora do ambiente de
ensino, podem combinar no desenvolvimento dos transtornos mentais. Portanto, a
psicodinâmica do trabalho caracteriza-se em identificar os efeitos do trabalho sobre a saúde
dos profissionais, levando em conta os fatores indicados nas análises citadas.
Segundo o estudo de Mazzei, Camargo e Mello (2019), o produtivismo afeta o
trabalho do docente devido à complexidade da atividade, que impacta nos seus resultados,
considerando que ocorre a busca de novas formas de criar atividades, além das obrigações e
tarefas burocráticas que fazem parte da sua função, como também a falta de autonomia,
razões estas que acabam desmotivando e frustrando a vida acadêmica do docente.
Como exposto nas análises realizadas, o adoecimento nos docentes é causado por
diversos fatores, que podem ocasionar psicopatologias devido à competitividade profissional.
De acordo com levantamento feito por Silva (2015), uma instituição que possui
competitividade entre profissionais e não reconhecimento ao trabalho realizado pelos
professores possibilita o desenvolvimento de fatores que provocam sofrimento psíquico
devido à desvalorização do seu trabalho, trazendo frustação e causando a falta de prazer pelo
trabalho, impactando seu exercício profissional. A baixa produtividade pode interferir na vida
pessoal e profissional do docente, propiciando o desenvolvimento dos transtornos mentais.
Sobre estratégias para enfrentamento do estresse e ampliação da qualidade de vida,
Araújo et al. (2016) apontam que é importante pensar na promoção da saúde mental dos
docentes por meio de ações como: escutar música, ver filmes e séries de TV, ler e desenvolver
práticas culturais, além da participação em ritos religiosos, que cultivam a espiritualidade.
Além dessas ações, a convivência com familiares e amigos pode favorecer seus laços afetivos.
Também podem ser propostas as psicoterapias como estratégia para encarar o
desenvolvimento dos transtornos mentais e dificultar o agravamento em casos em que eles se
fazem presentes, tornando-se uma forte aliada para trabalhar aquilo que causa desconforto ao
docente, possibilitando lidar com assuntos/ conflitos relacionadas tanto ao ambiente escolar
quanto ao ambiente externo. Esses processos, em diversas ocasiões, podem influenciar o
comportamento do profissional, considerando-se que ele pode deslocar situações de um
ambiente para outro, causando prejuízos variados e numerosos.
Como intervenções educacionais para ajudar a impedir o desenvolvimento de quadros
psicopatológicos, Kayo (2015, p. 156) apresentou possíveis intervenções, tais como: “[...]
gerenciamento de tempo, o team-building, treinamento de assertividade e de habilidades
sociais”, contribuindo para dificultar o aparecimento destes, sendo sua investigação realizada
principalmente com a Síndrome de Burnout. Apresenta-se necessário, nesses casos, também
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento deste estudo possibilitou a descoberta e o aprofundamento do
mundo da docência no ensino superior, pesquisando brevemente sobre as atividades
desenvolvidas, sendo que algumas dessas funções são desconhecidas por muitos que não estão
em contato frequente com esse ambiente.
Supreendentemente, descobriu-se que aqueles que atuam na docência superior estão
vulneráveis ao desenvolvimento de problemas de saúde, tanto aos ligados à esfera física
quanto mental, sendo acometidos por vários transtornos mentais, porém foi através da
pesquisa que pode-se conhecer o que os autores estão debatendo em demasia sobre três
psicopatologias: Síndrome de Burnout, depressão e estresse, o que, de certa forma, não causou
espanto, visto que estas, quando se trata da esfera do mundo do trabalho, estão presentes em
várias outras profissões e ocupações, sendo que, em algumas delas, ocorre forte recorrência.
Observou-se também que esses transtornos mentais ocasionam prejuízos variados na
vida do docente no que diz respeito ao âmbito emocional e ao físico, ocorrendo dentro do
ambiente organizacional ou fora dele. Muitos indivíduos que buscam atuar na área docente
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acham que conseguem, de alguma forma, mudar o mundo e, quando se colidem com a
realidade, acabam se frustrando.
Apesar de recorrentes em várias profissões, a depressão, a Síndrome de Burnout e o
estresse apresentam características variadas no público estudado, o qual pode apresentar
sintomas físicos, psicológicos e até apresentá-los simultaneamente, realizando somatização
deles. O desenvolvimento desses transtornos também está ligado a fatores variados, desde
aqueles do próprios indivíduos (personalidade e biológicos) até fatores ambientais, tais como
a competitividade entre pares, as longas jornadas de trabalho para suprir a baixa remuneração,
causando o excesso de trabalho que, concomitantemente, afeta o tempo livre do docente.
Logo, a ocorrência dos transtornos mentais está ligada a fatores – acúmulo de trabalho,
baixa remuneração, falta de reconhecimento pessoal e profissional, atividades desenvolvidas
extraclasse – que podem ocasionar muito desconforto no docente, pois, em alguns momentos,
ele poderia ter tempo livre para extravasar e descansar, ao invés disso ele está realizando
afazeres do seu trabalho. O desprestígio que a profissão tem enfrentado atualmente, se
comparada com períodos anteriores, pode ocasionar com que ele se sinta deprimido e acabe
não tendo a qualidade de vida que esperava/desejava tanto no trabalho quanto fora dele.
Dessa forma, a influência do trabalho na qualidade de vida do docente é afetada
diretamente em decorrência do desenvolvimento dos transtornos mentais, porém algumas
estratégias são utilizadas para amenizar e tratar os sintomas das psicopatologias, tais como a
psicoterapia, para tratar os sintomas e diminuir o agravamento dos que já foram acometidos
por elas. Outras estratégias de enfrentamento estão ligadas a formas de aliviar o estresse
como, por exemplo, administrando o pouco tempo de lazer para realizar atividades para si e
momentos com a família e amigos.
Contudo, a estrutura do trabalho do docente é baseada na rotina, a qual é estabelecida
de acordo com a sua atividade laboral. Assim, o excesso de trabalho, os fatores ambientais, a
missão, a visão e os valores da instituição onde está inserido influenciam na dinâmica e na
estrutura do trabalho do docente, impactando a sua identidade profissional, podendo
desencadear fatores para o desenvolvimento dos transtornos mentais.
Portanto, considera-se que este estudo buscou mostrar que algumas situações, que
muitas vezes passam despercebidas por nós e demais discentes, e podem apontar que o
docente está em sofrimento psíquico, mas, tem receio de demonstrar o que sente, com medo
de sentir-se reduzido perante colegas e acadêmicos com os quais tem contato.
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REFERÊNCIAS