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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA POLITÉCNICA

ACELERADOR DE PARTÍCULAS
Porto Alegre, 30 de novembro de 2021.

Autor: Jeancarlo Sathler Vilela Gomes


Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Curso de Engenharia Elétrica
Av. Ipiranga, 6681 - Prédio 30 - CEP: 90619-900 - Porto Alegre - RS – Brasil
Email: Jeancarlo.gomes@edu.pucrs.br

Orientador: Vicente Mariano Canalli, Dr. Eng


Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
LCEE - Laboratório de Conversão Eletromecânica de Energia
Av. Ipiranga 6681, – Prédio 30 - Sala S01.02 CEP: 90619-900 – Porto Alegre –
RS– Brasil
Email: vicente.canalli@pucrs.br

Sumário
RESUMO.......................................................................................................................................2
1. Introdução ...........................................................................................................................3
1.1. Descrição ......................................................................................................................5
1.2. Proposta .......................................................................................................................5
1.3. Objetivo .......................................................................................................................5
2. Referencial Teórico ..............................................................................................................5
2.1. Aceleradores ................................................................................................................5
2.2. Aceleradores Lineares..................................................................................................6
2.2.1. Acelerador Linear Elekta Sinergy Full ..................................................................7
2.3. Aceleradores Cíclicos ...................................................................................................8
2.3.1. Cíclotron ...............................................................................................................8
2.3.2. Sincrotron...........................................................................................................10
3. O Impacto dos Aceleradores na Sociedade .......................................................................11
3.1. Cern e suas contribuições para a população .............................................................12
3.2. LHC – O maior acelerador de partículas do mundo...................................................13
3.2.1. Números Impressionantes .................................................................................14
3.3. Detectores do LHC .....................................................................................................15
3.4. Participação Brasileira ...............................................................................................17
3.5. Laboratório Nacional de Luz Sincrotron ....................................................................18
4. Conclusão...........................................................................................................................19
5. Referências Bibliográficas..................................................................................................19

RESUMO

Os aceleradores de partículas foram desenvolvidos pela necessidade de


testar a validade de modelos de como um núcleo pode ser descrito
matematicamente, ou seja, como se pode representar um núcleo. Os modelos
nucleares são válidos dentro de certas limitações, que devem ser estabelecidas
experimentalmente.

Antigamente, filósofos explicaram a existência de diferentes materiais


como compostos por água, ar, fogo etc. através de modelos apenas pensados,
sem uma verificação específica da sua validade. Havia nessa época também um
pensamento místico e até religioso, mas sempre sem uma verificação
experimental como é a prática da ciência hoje em dia.

O projeto e a construção de aceleradores de partículas possibilitaram a


realização de experimentos com variados feixes de partículas com diferentes
energias incidentes. Na física nuclear utilizam-se feixes de partículas energéticas
sobre alvos de diferentes núcleos a fim de se estabelecer um modelo teórico
adequado para representá-los.

Hoje em dia existem vários modelos nucleares teóricos adequados a cada


“tipo” de núcleo. O estudo sistemático nos permite classificar os diferentes
núcleos estudados, estabelecendo em que região de energia incidente essa
classificação é válida.

Palavras-chave: Acelerador de partículas, núcleo, feixes de partículas,


energia.
1. Introdução

A história da ciência revela como inúmeras teorias foram sendo


desenvolvidas ao longo de séculos e relatam como teorias, hoje em dia
apresentadas de forma linear e inconteste, foram na verdade duramente
criticadas pelos pares da época e, assim reestruturadas, chegaram aos nossos
dias.

Assim, vários pesquisadores elaboraram suas teorias atômicas; mas, em


geral, as que têm sido difundidas ao longo dos tempos são os modelos de
Thomson: o do pudim de passas e a de Rutherford: a existência de um núcleo
atômico muito menor que o átomo e com peso muito concentrado nesse núcleo.

No modelo do pudim de passas admite-se que o átomo seja formado por


um aglomerado de cargas negativas os elétrons, que são as passas, dentro de
uma distribuição uniforme da parte positiva, que é a massa do pudim. Se o átomo
fosse como previsto por Thomson, podemos visualizar a previsão feita de que o
espalhamento de partículas positivas como a partícula alfa favoreceria ângulos
dianteiros e pequenos. Haveria a atração das partículas alfa pelos elétrons e
repulsão pelas cargas positivas distribuídas pelo átomo todo. Foram feitos
cálculos eletrodinâmicos exatos mostrando essa previsão.
Rutherford construiu uma câmara mantida em vácuo onde posicionou
uma fonte radioativa de polônio montada com um colimador que permitia a
passagem de um feixe estreito de partículas alfa incidindo sobre folhas finas de
material metálico, colocado diante do feixe de partículas. Divulga-se em geral o
uso de folhas finas de ouro são provavelmente as que foram conseguidas com
melhor uniformidade. A figura histórica reproduzida abaixo mostra a câmara de
espalhamento projetada e utilizada por Rutherford.

• A base da câmara fixa na câmara B


• B câmara de espalhamento móvel em torno da torre T
• C cilindro fixo em L, que por sua vez tem fixa a torre T que suporta a
folha fina estudada (Au)
• T torre onde está fixa a folha de ouro F
• R fonte de partículas alfa de polônio (~5MeV)
• D colimador para tornar o feixe estreito na direção da folha F
• M tubo de um microscópio com uma camada fina de sulfeto de zinco S
numa das extremidades, que fica luminescente quando atingido por uma
partícula radioativa. Pode-se ver a ocular na outra extremidade, onde o
pesquisador ficava observando as luminescências.
• Provavelmente a torre T também era por onde se fazia vácuo dentro da
câmara.
Partículas alfa de 5 MeV só percorrem da ordem de 5 cm no ar em pressão
atmosférica normal, de modo que dentro da câmara de espalhamento deve haver
vácuo. M significa 106 e eV é a energia que um elétron de carga e adquire ao
atravessar uma diferença de potencial de 1 V (5 MeV= 5x106 eV).

O que foi observado nessas medições resultou no modelo atômico de


Rutherford, que persiste ainda hoje embora com detalhes complementares.

1.1. Descrição
Os aceleradores de partículas são equipamentos que fornecem energia a
feixes de partículas subatômicas eletricamente carregadas. Todos os
aceleradores de partículas possibilitam a concentração de grande energia em
pequeno volume e em posições arbitradas e controladas de forma precisa.

1.2. Proposta
Este trabalho visa descrever e analisar o que são e como são usados os
aceleradores de partículas.

1.3. Objetivo
Trazer para o ambiente acadêmico temas que envolvam aplicações do
eletromagnetismo. No caso deste artigo, é visado os aceleradores de partículas.

2. Referencial Teórico

2.1. Aceleradores
O acelerador de partículas é um instrumento essencialmente construído
utilizando uma fonte de partículas carregadas expostas a campos elétricos que
as aceleram. Após a aceleração passam em seguida por um campo magnético
que as desvia de suas trajetórias focalizando-as e controlando as direções
(defletindo-as).

Todos os tipos de aceleradores independentemente de seu grau de


avanço tecnológico obedecem aos mesmos princípios básicos. Devido à
disposição geométrica dos campos eletromagnéticos responsáveis pela
aceleração das partículas, basicamente são classificados em dois tipos: cíclicos
e lineares.
Para que passam ocorrer às condições mais próximas do ideal, existe a
necessidade de geração de vácuo de excelente qualidade na região de trânsito,
evitando assim a dispersão destas pelas moléculas de gases que porventura
estejam em sua trajetória.

2.2. Aceleradores Lineares


Os aceleradores lineares fazem a partícula seguir uma trajetória retilínea
onde a energia final obtida é proporcional à soma das diferenças de potencial
geradas a partir dos mecanismos de aceleração dispostos ao longo da trajetória.
Estes aceleradores são desenvolvidos de duas formas ou sistemas.

Este equipamento é provido de uma câmara de aceleração composta de


um tubo de vácuo cilíndrico, formando um guia de ondas que direciona o campo
acelerador. Existe também um amplificador de potência de radiofrequência (RF),
(tipicamente uma válvula klystron) de vários megawatts que excita a câmara
aceleradora com a onda eletromagnética. Para que ocorra a aceleração, é
preciso assegurar a sincronização dos elétrons com a velocidade de fase da onda.

O desenvolvimento integral deste sistema de aceleração ocorreu a partir


de meados da Segunda Guerra Mundial, esta espera ocorreu porque a teoria
avançou mais rápido que a prática, e a tecnologia de RF necessitou se
desenvolver para a produção do equipamento.
• O segundo sistema de aceleração linear utiliza o método de ondas
eletromagnéticas estacionárias, estas podem acelerar prótons, íons ou
elétrons.
Os prótons possuem massa em torno de duas mil vezes a dos elétrons,
portanto não conseguem atingir rapidamente a velocidade de fase de uma onda
caminhante impossibilitando o sincronismo com ela.

No Brasil, o desenvolvimento de aceleradores lineares se deve ao


conhecimento e capacidade do Prof. Argus Moreira e sua equipe que projetou e
construiu quatro máquinas no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, no Rio de
Janeiro. Ainda em funcionamento, alguns desses aceleradores ajudam na
formação de físicos, engenheiros e técnicos e o desenvolvimento de novas
técnicas científicas.

2.2.1. Acelerador Linear Elekta Sinergy Full


O Acelerador Linear Synergy Full, da Elekta é um exemplo de
aceleradores lineares usados na prática e possibilita a visualização da posição
dos tumores no pré-tratamento com completa exatidão e precisão da área que
será irradiada, sendo usado em procedimentos de radioterapia moderna.
2.3. Aceleradores Cíclicos
Além dos aceleradores lineares existem os aceleradores cíclicos. Estes
são construídos para promover a trajetória curvada das partículas pela ação dos
campos magnéticos em espiral ou circular.

Este tipo de acelerador força a partícula a passar diversas vezes pelos


sistemas de aceleração. A energia final das partículas depende da amplitude da
diferença de potencial aplicada e do número de voltas que estas dão no
dispositivo. Os tipos de aceleradores cíclicos mais utilizados são o cíclotron e
o síncrotron

2.3.1. Cíclotron
O cíclotron possui dois eletrodos com a forma de um D, estes são ocos e
semicirculares. Sua montagem é numa câmara de vácuo entre os polos de
um eletromagneto. Os prótons, dêuterons (núcleo de um átomo de deutério,
constituído por um próton e um nêutron) ou outros íons de maior massa
começam a se locomover no interior dos eletrodos em forma de D.

Neste momento é injetada uma diferença de potencial alternada de alta


frequência e potência nos eletrodos cuja frequência é próxima à da circulação
iônica, produzindo assim saltos de aumento de velocidade cada vez que estes
passam de um eletrodo para o outro subsequente. O que ocorre com as
partículas neste momento, é uma trajetória em forma hipoide ou de semicírculos
cujos raios são crescentes havendo então uma perda do foco do feixe.
É necessário então um sistema de "focalização" para forçar os íons numa
trajetória pré-determinada, evitando assim a perda iônica por espiralamento.
Causando uma repolarização forçada através da variação radial negativa
do campo magnético, haverá sobre a partícula uma pequena componente
perpendicular ao plano do movimento de aceleração. Este efeito manterá a
trajetória da partícula estável não permitindo a perda desta para fora do
acelerador. Essa componente de correção é primordial, pois a trajetória total da
partícula muitas vezes chega a centenas de metros e, conforme o caso, milhares.

A correção de trajetória pela focalização do feixe iônico somado ao efeito


relativístico causa um aumento de massa nas partículas, pois é sabido que ao se
aumentar sua energia acaba havendo o surgimento de uma diferença entre a
frequência de oscilação do potencial acelerador e a frequência de circulação da
partícula num segmento da sua trajetória. Este efeito gera um erro inflacionário,
que aumenta a cada volta, limitando assim a energia máxima da partícula.
2.3.2. Sincrotron
O desenvolvimento dos síncrotrons foi necessário para melhorar as
soluções de aceleração de partículas cujas trajetórias são de raios fixos. Estes,
da mesma forma que os cíclotrons, aceleram as partículas eletricamente e as
confinam em campos magnéticos. A diferença é que o síncrotron utiliza o
princípio da estabilidade de fase, mantendo desta forma o sincronismo entre o
campo elétrico aplicado e a frequência de revolução da partícula.

O funcionamento se dá através de um campo magnético que causa a


deflexão da partícula para uma órbita circular, e cuja intensidade do campo é
modulada de forma cíclica, mantendo assim órbitas cujo raio é bastante estável
e constante, apesar do ganho de energia e massa consequentemente. Uma vez
que se usa o campo magnético para manter a órbita ao invés de acelerá-la, as
linhas de campo magnético só são necessárias na região anular que é definida
pela órbita. O campo é gerado por um eletromagneto anular.

Os síncrotrons de prótons são os aceleradores de partículas que atingem


a maior energia chegando a 800 GeV, enquanto o síncrotron de elétrons alcança
no máximo 12 GeV. A velocidade do próton só chega próxima da velocidade da
luz no vácuo com uma energia acima de 1 GeV.
O próton acelerado não perde energia por radiação, ou se perde é muito
pouco. Os elétrons adquirem uma velocidade muito alta a energias relativamente
baixas, e quando defletidos por campos magnéticos irradiam energia
eletromagnética próxima do comprimento de onda dos raios X. Essa energia
irradiada precisa ser reposta pelo sistema acelerador.

3. O Impacto dos Aceleradores na Sociedade


Muito tem se falado sobre os aceleradores de partículas, que são
utilizados nas pesquisas abrangendo desde a nanociência até química dos
derivados de petróleo, mas pouco se sabe sobre o real impacto de sua utilização
no desenvolvimento da ciência e da sociedade como um todo, de forma direta
ou indireta.
3.1. Cern e suas contribuições para a população
O Cern (Organização Europeia de Pesquisas Nucleares) é um centro de
pesquisa localizado na fronteira entre a França e a Suíça, onde físicos do mundo
todo desenvolvem pesquisas acerca das estruturas fundamentais constituintes
da matéria e do Universo. Para isso, os pesquisadores utilizam instrumentos de
altíssima complexidade e tecnologia.

Um dos novos projetos do Cern pode ser apontado como exemplo. Trata-
se do aparelho de detecção adiantada do câncer de mama, instalado no Hospital
Universitário de Marselha e que poderá ser disponibilizado para uso no próximo
ano. O aparelho permitirá detectar calcificações de um milímetro e o diagnóstico
poderá ser adiantado em dois anos, tendo como referência os diagnósticos
realizados atualmente.

Outra aplicação importante é o www, que foi criado em 1990 por Berners-
Lee, um físico de partículas do Cern que tinha como objetivo o desenvolvimento
de um sistema operacional para troca de informações entre os pesquisadores do
centro.

Berners-Lee definiu os conceitos básicos da Web, - o URL, HTTP e HTML


-, além de escrever o primeiro navegador e software de servidor. O info.cern.ch
foi o endereço do primeiro site do mundo, rodando em um computador NEXT no
Cern, e o primeiro endereço da página web do mundo
foi http://info.cern.ch/hypertext/WWW/TheProject.html.
3.2. LHC – O maior acelerador de partículas do mundo

o ano de 2008 é um marco para a física de altas energias: terá início o


funcionamento do maior acelerador de partículas no mundo, o lHC (sigla, em
inglês, para Grande Colisor de Hádrons). essa máquina, por seu tamanho,
número de cientistas e tecnólogos envolvidos, pelas tecnologias desenvolvidas
e pelos objetivos científicos, pode ser considerada o maior empreendimento
científico e tecnológico da atualidade.

no caso desse gigante de 27km de circunferência – encravado a 100m de


profundidade, na fronteira da suíça com a França, onde está o laboratório que o
abriga, o Centro europeu de Pesquisas nucleares (Cern) –, o objetivo é estudar
a estrutura da matéria em dimensões inferiores ao tamanho dos prótons:
0,000000000000000001 (10-18m). em resumo: o lHC é o maior instrumento
científico do mundo, feito para investigar as menores dimensões jamais
observadas.

A primeira missão desse novo acelerador é investigar elementos previstos


ou mal compreendidos na teoria atual, o chamado Modelo Padrão, com o qual
os físicos estudam as partículas indivisíveis (elementares) e as forças
(interações) que agem sobre elas: i) a forte, que mantém o núcleo atômico coeso;
ii) a fraca, que age quando uma partícula se transforma em outra; e iii) a
eletromagnética, que atua quando cargas elétricas estão envolvidas. A força
gravitacional não faz parte do Modelo Padrão. A segunda missão – mais difícil
de ser caracterizada – é buscar novos fenômenos físicos na altíssima escala de
energia que será atingida por ele em volumes infinitesimais de espaço.

3.2.1. Números Impressionantes


no lHC, a cada segundo, um pacote com cerca de 3 trilhões de prótons,
viajando com velocidade próxima à da luz (300 mil km/s), atravessará um outro
com características idênticas. Choques “de frente” ocorrerão à estonteante taxa
de 600 milhões de vezes por segundo. Cada vez que houver uma colisão desse
tipo, serão produzidas, em média, centenas de partículas de massas variadas.

quando atingir o máximo de energia, cada próton estará dando, por


segundo, cerca de 11 mil voltas no anel de 27km. nessa fase, essas partículas
nucleares estarão na impressionante casa dos 7 trilhões de elétrons-volt (7 teV)
por próton, um patamar descomunal para algo que é trilhões de vezes menor
que um grão de areia. somadas individualmente, as energias dos prótons
envolvidos na colisão seriam equivalentes à de um veículo de 1,5t, viajando a 25
mil km/h.
no quesito energia, o lHC será cerca de dez vezes superior ao maior
acelerador de prótons hoje em atividade no mundo, o tévatron, situado no
Fermilab (euA). A máquina européia foi projetada para trabalhar com cerca de
100 vezes mais prótons circulando no anel, em cujo interior reina um vácuo no
qual há menos matéria que no espaço a mil km de altitude (para se ter uma idéia,
a estação orbital internacional – por sinal, outra maravilha da engenhosidade
humana – está a meros 380km do chão). serão apenas 3 milhões de moléculas
por cm3, algo espantoso para um vácuo artificial.

o lHC usa ímãs supercondutores cuja função é “forçar” o feixe de prótons


a fazer curvas e permanecer sempre na trajetória circular do anel. esses
equipamentos sofisticados trabalharão a – 271o C, valor inferior à temperatura
do espaço intergaláctico. será aplicado sobre o feixe um campo magnético 100
mil vezes superior ao da terra. Ao longo do túnel, serão instalados 1.640 ímãs
supercondutores, que, em média, terão 14m cada. Para manter esses artefatos
a baixas temperaturas, serão usados 12 milhões de litros de nitrogênio líquido
(para iniciar o processo refrigeração) e, em seguida, 700 mil litros de hélio
líquido, para atingir a temperatura desejada.

os ímãs do lHC foram produzidos com fios de liga de cobre, titânio e nióbio
(este último metal foi comprado do Brasil, que detém praticamente o monopólio
das reservas mundiais). quando refrigeradas, essas ligas conduzem eletricidade
sem praticamente dissipar calor. se unidos pelas pontas, o comprimento total
desses fios (cuja espessura é a de um fio de cabelo) seria astronômico: o
suficiente para cinco viagens de ida e volta ao sol (correspondendo a cerca de
150 milhões de km cada uma dela), com uma “sobra” que daria para ir à lua
algumas vezes.

3.3. Detectores do LHC


Acelerar partículas a energias extremamente altas é apenas parte da
tarefa de um acelerador. A outra, tão importante quanto, é detectar um sem-
número de estilhaços que se espalham pelo espaço depois das colisões. Com a
reconstrução desses fragmentos, procura-se entender qual foi o mecanismo (ou
força) que participou na transformação da energia em matéria. esse é o trabalho
dos detectores, máquinas igualmente sofisticadas e gigantescas. o lHC terá
quatro detectores principais, posicionados em pontos diferentes de seu anel.
dois deles, o Alice e o lHCb, estão sendo construídos com objetivos bem
específicos:

• ALICE - (Ė o experimento do Grande Colisor de íons (que levou nome de


mulher) é uma colaboração envolvendo mais de mil físicos e técnicos, de
trinta países. esse cilindro, com 5m de diâmetro e outros 5m de comprimento,
é o primeiro detector dedicado praticamente ao estudo do plasma de quarks-
glúons. se esse novo estado da matéria existir, tudo indica que ele deva ser
detectado no Alice.
• LHCb - O objetivo principal é o de estudar o comportamento da matéria e
da antimatéria, com base nas propriedades dos mésons do tipo B (beleza
ou beauty). essa máquina vai verificar se, no momento da criação desse
tipo de méson, a natureza privilegia a matéria em detrimento da antimatéria
(ou vice-versa). o LHCb conta com mais de 600 colaboradores, de 13
países diferentes.
• ATLAS - o nome revela algo de seu perfil: é o maior dos quatro detectores
do lHC. na caverna subterrânea que o abriga, caberia a catedral de notre
dame. não é por menos que ele leva o nome do titã que, segundo a mitologia
grega, foi condenado a carregar o céu nas costas. Foi desenhado para
determinar ou não a existência do Higgs, embora vá desempenhar outras
tarefas. A equipe em torno desse colosso reunirá 1,8 mil colaboradores, de
34 países diferentes
• CIVIS - Assim como o gigante Atlas, é um detector com objetivos mais
gerais, embora também esteja estruturado para caçar o bóson de Higgs. A
colaboração “solenóide Compacto para Múons” é a maior entre as quatro.
em sua equipe, estão cerca de 2,5 mil participantes, de 37 diferentes
países.

3.4. Participação Brasileira

o Brasil está presente nos quatro detectores do lHC. do lHCb, participam


pesquisadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e da
universidade Federal do rio de Janeiro (uFrJ). no Alice, estão a universidade de
são Paulo e a universidade estadual de Campinas (sP). A uFrJ está também no
Atlas. Fazem parte da equipe do CMs o CBPF, a universidade estadual do rio de
Janeiro e a universidade estadual Paulista.

3.5. Laboratório Nacional de Luz Sincrotron


O LNLS está localizado no Polo II de Alta Tecnologia, em Campinas, e
abriga o único acelerador de partículas da América Latina, o acelerador de luz
sincrotron, com 30 metros de diâmetro.

O sincrotron é um aparelho usado para analisar as características


microscópicas dos materiais, tendo como objetivo o estudo das propriedades das
moléculas, auxiliando pesquisas que vão desde a busca por novos remédios
contra o câncer até o desenvolvimento de materiais usados para extrair o
petróleo do pré-sal.

Diferente do LHC, o acelerador de luz sincrotron possui somente um feixe,


não colide com as partículas, acelera elétrons e, ao fazê-los circular, emite
radiação sincrotron que é similar aos raios X. Esses raios são úteis para
investigar com precisão a estrutura da matéria subatômica.
4. Conclusão

No futuro, todo o desenvolvimento e investimento nos


aceleradores pode chegar ao cidadão comum, por meio de novos produtos de
informática, novas soluções tecnológicas e novos meios de execução de obras.
Algumas coisas já são possíveis de visualizar conforme exemplos citados neste
artigo.

Aceleradores de partículas são máquinas incríveis e com inúmeras


aplicações. Garantir o investimento e a manutenção de aceleradores no país é,
portanto, uma questão de garantir experimentos de ponta nas mais diversas
áreas do conhecimento.

5. Referências Bibliográficas
http://comciencia.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-
76542014000200004&lng=es&nrm=iso
https://portal.if.usp.br/fnc/sites/portal.if.usp.br.fnc/files/Texto%20para%
20alunos%20e%20professores%20que%20visitam%20o%20acelerador%2
0Pelletron.pdf
http://www.cbpf.br/~desafios/media/livro/LHC.pdf

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