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CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO JOSÉ

GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

DESENVOLVIMENTO MOTOR DA CRIANÇA

ALINE MANSO DE MELO

JULIA BITTENCOURT

MICHELE GRACIANO COUTINHO CORDEIRO

RIO DE JANEIRO

2021
DESORDENS MUSCULOESQUÉLETICAS PEDIÁTRICAS:

TORCICOLO MUSCULAR CONGÊNITO

PÉ TORTO CONGÊNITO

LESÃO OBSTÉTRICA DO PLEXO BRAQUIAL

ALINE MANSO DE MELO

JULIA BITTENCOURT

MICHELE GRACIANO COUTINHO CORDEIRO

Este trabalho será apresentado


como avaliação continuada de TA2 da
disciplina de Desenvolvimento Motor da
Criança do Centro Universitário São
José. Ministrada pela professora Maria
Rangel.

Rio de Janeiro

2021
Torcicolo Muscular Congênito

Definição:

O torcicolo é uma postura preferencial que a criança apresenta, em que a


cabeça fica inclinada para um lado e o queixo apontado para o ombro do lado
oposto. O TMC é uma doença benigna e na maioria dos casos com boa
evolução. Se notar uma postura do pescoço preferida do seu filho deve-se
dizer ao seu pediatra de modo que o bebê seja orientado para consulta de
reabilitação podendo necessitar de tratamento de fisioterapia.

Causas:

Pode estar associada a várias patologias, mas a causa mais comum é o


torcicolo muscular congênito (TMC). O TMC surge logo após o nascimento ou
nos primeiros meses de vida, e para além da postura pode também existir um
nódulo palpável no pescoço. A incidência do TMC pode atingir os 16% e
apresenta igual prevalência quanto ao sexo e ao lado mais afetado. A causa do
torcicolo muscular congênito deve-se a uma alteração na estrutura de um
músculo do pescoço: o esternocleidomastoide (ECOM).

Avaliação:

A avaliação é feito clinicamente, observando-se as limitações nos movimentos


do pescoço, a elevação do ombro no lado do músculo contraturado e a posição
da cabeça em inclinação ipsilateral e rotação contralateral.

Manifestações clínicas:

Numa criança com torcicolo pode ser necessário excluir outras doenças
associadas como alterações dos ossos da coluna vertebral, alterações da visão
ou outras doenças neurológicas mais graves. A criança com TMC não
apresenta outros sintomas associados como febre, vômitos, alterações da
visão e outros sintomas. O torcicolo limita a capacidade de uma criança virar a
cabeça para ver, ouvir e interagir livremente com o ambiente. Por causa disso,
o torcicolo pode levar a atrasos no desenvolvimento cognitivo, atraso na
consciência corporal, fraqueza e dificuldades com o equilíbrio. Como o
componente neurológico é o que direciona o desenvolvimento infantil, as
crianças com torcicolo podem compensar o posicionamento da cabeça e
progredir de forma assimétrica em seus estágios de desenvolvimento. Essa
assimetria pode causar desalinhamento da coluna e distribuição desigual do
peso sobre as pernas, levando ao desenvolvimento de problemas ortopédicos
e motores.

Princípios do tratamento fisioterapêutico:

O tratamento consiste em exercícios que o bebê deve realizar para fortalecer


os músculos do pescoço de forma contrária a postura adaptada. Nos casos
mais leves o tratamento pode ser realizado em domicílio pelos pais, depois de
serem ensinados os exercícios pelo fisioterapeuta, algumas estratégias são
recomendadas como:

Estimular a criança a olhar para o lado que usa menos, alimentando-a e


brincando com ela desse lado;

Colocar o bebê no berço, de modo que a cama dos pais fique do lado menos
preferido pela criança;

Pegar no colo lateralmente de modo que o lado não afetado fique apontado
para cima.

Amamentar ou dar mamadeira de maneira que o pescoço fique rodado para o


lado menos utilizado,

“Tummy time” – todos os dias, várias vezes ao dia, colocar o bebê em decúbito
ventral, acordado e sob supervisão, estimulando com um brinquedo.

Se com esses exercícios realizados pelos pais não se verificar melhorias, pode
ser necessário a realização de um tratamento de fisioterapia. Faz parte do
tratamento o ensino aos pais dos posicionamentos e exercícios adequados, os
quais devem ser realizados nas rotinas diárias e que são fundamentais para
um bom resultado terapêutico.
Nos casos em que o torcicolo persiste mesmo após alguns meses de
tratamento, pode tentar fazer a infiltração do ECOM com toxina botulínica,
realizada por especialista com experiência e seguido de programa intensivo de
fisioterapia. O tratamento cirúrgico está indicado nos casos mais graves e que
não melhoram com fisioterapia. A cirurgia consiste habitualmente na liberação
de algumas partes do músculo. Após a cirurgia deve também realizar-se um
tratamento de fisioterapia para estiramento muscular. A utilização de Órtese do
pescoço ou “kinesio-tape” não está indicada.

Pé Torto Congênito

Definição:

A definição que podemos dar a patologia do pé torto congênito, é que ela é


uma atitude viciosa e permanente do pé em relação à perna, na qual o pé
repousa no solo fora de seus pontos normais de apoio. Essa definição engloba
todas as deformidades permanentes do pé, sejam elas adquiridas ou
congênitas, Weinstein (2000), afirmam que tapiles equinovarus é a
denominação mais comumente utilizada para pé torto congênito. Tapiles é um
termo genérico chamado para qualquer deformidade do pé centralizada no talo.
Equinus significa que o pé está flexionado na direção plantar. É considerado
como sendo a anomalia congênita mais frequente dos pés. O pé torto
congênito idiopático (PTC) é uma deformidade complexa que acomete
mundialmente mais de 100.000 crianças por ano, predomina no gênero
masculino, na proporção de 2:1, e tem acometimento bilateral em 50% dos
casos.

A deformidade pode ser fixa nos casos graves, apresentando o pé imobilidade


quase total. Nos casos mais benignos, o pé dispõe de relativa mobilidade, mas
a criança encontra dificuldade em relação à eversão e à flexão dorsal ativa. As
formas de pé torto congênito (PTC) encontradas na prática médica são: pés
eqüinovaro, pé talo-valgo, pé talo-vertical e pé metatarso-varo.

Causas:
O pé torto congênito pode surgir como deformidade isolada ou acompanhada
de outras malformações.

considerando-se causas intrínsecas ou extrínsecas entre as quais: posição


intrauterina do feto, compressão mecânica ou aumento da pressão hidráulica
intrauterinas; parada no desenvolvimento fetal; infecções virais; deficiências
vasculares; alterações musculares; alterações neurológicas; defeito no
desenvolvimento das estruturas ósseas e defeitos genéticos. Entre elas o:

Idiopático: constitui-se na grande maioria dos casos do PTC e caracteriza-se


por ser rígido, com deformidade bem-estruturadas, e não reduz com
manipulações. Seu tratamento conservador é bem menor. As estatísticas
variam muito em relação aos resultados de tratamento conservador do PTC,
devido principalmente a uma falta de critérios bem estabelecidos e
universalmente adotados para diagnóstico, tratamento, avaliação inicial, etc.

Teratológico: principalmente mielomeningocele e a artrogripose múltipla


congênita. Nesses pacientes geralmente não há resposta ao tratamento
conservador. São pés muito rígidos, com pele lisa e sem pregas ou dobras
cutâneas. Apresentam um índice muito alto de recidivas, mesmo com
tratamento cirúrgico bem-estabelecido.

Postural: é o "falso pé torto", ou seja, o pé apresenta-se na posição de


eqüinovaro, porém é redutível e não apresenta as deformidades estruturais
clássicas. Pode ser unilateral ou bilateral.

Sindrômico: quando faz parte de uma síndrome bem definida. Geralmente


bilateral.

Avaliação:
O diagnóstico é clínico, feito através da avaliação da presença das
deformidades que compõem o PTC logo após o nascimento, pois o aspecto
externo do pé é bem característico.

Manifestações clínicas:

Alterações básicas que definem o PTC são: eqüinismo de retropé; varismo


acentuado do calcâneo; varismo e supinação do antepé; cavo plantar
acentuado.

Princípios do tratamento fisioterapêutico:

Deve ser iniciado de forma precoce, nos primeiros 15 dias de vida. Dentre as
opções terapêuticas, atualmente, a técnica clínica eleita é a de Ponseti, A
técnica desenvolvida por Ignácio Ponseti consiste num método que associa
manipulação, imobilizações gessadas seriadas, tenotomia percutânea do
tendão calcâneo e órtese de abdução. o tratamento é desafiador, pois o
objetivo é obter um pé funcional, flexível, plantígrado e indolor, com resultados
permanentes. O tratamento para pé torto congênito idiopático pelo método
Ponseti é o que traz melhores resultados associado a menor lesão de partes
moles, o que confirma a eficácia e a boa reprodutibilidade do método.
Entretanto, o tratamento cirúrgico deve ser indicado após falha do tratamento
conservador adequadamente realizado. A maior parte das recidivas ocorre por
má adesão ao tratamento, pois é de grande importância o uso correto da órtese
de abdução e o trabalho do fisioterapeuta.
Lesão Obstétrica do Plexo Braquial

A paralisia do plexo braquial é uma lesão que ocorre ao nascimento. A


primeira descrição da lesão foi realizada por Smilie, em 1768, sendo que foi
Duchenne em 1872 quem criou o termo Paralisia Obstétrica e descreveu a
lesão do plexo braquial superior. Em 1874, Erb relatou a paralisia C5 e C6 e
Klumpke, em 1885, a paralisia do plexo inferior.

Definição:

A Paralisia Braquial Obstétrica (LOPB) é a lesão do plexo braquial em


neonatos que acontece ao nascimento, resultando em paralisia total ou parcial
do membro superior. Esta lesão é provocada pelo estiramento dos troncos
nervosos ou avulsão radicular, podendo ser de forma completa, superior e
inferior.

A maioria dos pacientes com LOPB tem recuperação parcial ou completa da


lesão, sendo que o tempo para se recuperar, na maior parte dos casos, é de
duas semanas a um ano, com média de dois meses. Trata-se de uma lesão
que afeta de forma homogênea ambos os sexos.
Causas:

A maioria dos casos de LOPB não apresenta causa conhecida, embora


diversos autores associem a etiologia da lesão devido a atração excessiva da
cabeça do úmero durante o parto normal. Os fatores de risco estão
relacionados ao neonato, a mãe e ao parto.

Chama-se a atenção para alguns fatores de risco, como o peso excessivo do


neonato e a distócia de ombros. O peso ao nascimento é um fator importante e
está relacionado com a distócia dos ombros, ou seja, tração suave para o
desprendimento dos ombros. O peso acima de 4,5 kg eleva o risco em dez
vezes para lesão do plexo braquial, enquanto a distócia de ombros é relatada
em 50% dos casos de LOPB.

Avaliação:

A avaliação abrange o exame físico, história do trauma obstétrico e exames


complementares. No exame físico existe a dificuldade para aplicar escalas de
força muscular e realização da goniometria, por isso o uso de alguns métodos
para diagnosticar a LOPB. O teste da toalha foi realizado por Bertelli, em 2004,
sendo descrito por Thomas e Dargassie, que consiste no teste da mão na face.
O teste é considerado com sucesso quando a face da criança é coberta com
uma toalha e a mesma remove com o membro lesionado. Este teste avalia os
grupos musculares comprometidos do membro.

Os exames complementares podem ser realizados para avaliar a lesão, sendo


que a principal indicação é quando tem a detecção de avulsões das raízes
nervosas. Na literatura ainda é bastante discutido o método de imagem mais
adequado.

Manifestações Clínicas:

O paciente com Paralisia Erb Duchenne apresenta uma postura em gorjeta de


garçom, com reflexo de moro ausente no lado afetado, sem alteração da
sensibilidade e dor, mantendo os movimentos do punho e mão.
A paralisia de Klumpke atinge principalmente a mão, com déficit sensitivo,
reflexo de preensão ausente, mantendo a motricidade do braço e antebraço.
Apresenta uma postura da mão em garra associada a supinação do antebraço.
Na paralisia total, o paciente adota uma postura fixa, membro sem
movimentação espontânea, similar ao braço de uma boneca de pano.

A paralisa das raízes nervosa inferiores pode afetar o nervo simpático, levando
a síndrome de Honer no mesmo lado da lesão, causando ptose palpebral,
enoftalmia e miose. Quando presente esta síndrome o prognóstico é pior.

Princípios do tratamento fisioterapêutico:

O tratamento fisioterapêutico deve ser iniciado o mais precoce possível, após a


confirmação do diagnostico da lesão. O fisioterapeuta avalia a criança através
do exame do físico que envolve a observação do comportamento motor,
avaliação dos reflexos tais como: o reflexo de moro, preensão, reação de
endireitamento da cabeça, pois fornecem informações da atividade muscular.

Além da avaliação dos reflexos, a amplitude dos movimentos articulares deve


ser examinada. Cada articulação é avaliada na amplitude total de sua
mobilidade, tendo cuidado ao exame para não distender os tecidos moles que
envolvem a articulação glenomeral.

Os objetivos do tratamento fisioterapêuticos consistem em:

• Melhorar ou aumentar a amplitude dos movimentos.


• Evitar atrofia muscular pelo desuso.
• Prevenir contraturas e deformidades.
• Promover a estimulação sensorial e motora.
• Melhorar ou aumentar a força muscular.
• Orientar os familiares.
• Etc.
Conclusão:

A LOPB é uma condição que tem repercussão na qualidade de vida da criança,


por isso a importância de controlar os fatores que predispõem á lesão do plexo
braquial para prevenir a sua ocorrência.

A abordagem multiprofissional é essencial no tratamento do LOPB, sendo que


a intervenção fisioterapêutica precoce traz benefício para o paciente, estando
ou não associado ao procedimento cirúrgico. O tratamento fisioterapêutico
busca a funcionalidade do membro acometido, evitando contratura muscular e
rigidez articular, além de permitir não negligenciar o membro com a lesão.
Referências:

PAGNOSSIM, Luciane; SCHIMIDT, Augusto; SILVA, Joaquim. Torcicolo


Congênito: Avaliação de dois tratamentos fisioterapeuticos. Rev Paul Pediatr,
[S. l.], p. 245-250, 26 mar. 2008.

BASTOS, Sara; ALMEIDA, Joana; NUNES, Renato. Torcicolo Muscular


Congênito. Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina e de Reabilitação,
[S. l.], p. 20- 24, 22 jul. 2014.

CHUEIRE, Alceu; FILHO, Guaracy; KOBAYASHI, Otto. Tratamento do pé torto


congênito pelo método de Ponseti. Revista Brasileira de Ortopedia , [S. l.], p.
55-60, 5 mar. 2016.

CURY, Luiz; SAMPAIO, Marina. Análise da eficácia do tratamento pelo método


de Ponseti no pé torto congênito idiopático. Revista da faculdade de ciências
médicas de sorocaba, [S. l.], p. 33-36, 30 ago. 2015.

DORNELLES, Letícia. Tratamento fisioterapêutico de um paciente com lesão


obstétrica de plexo braquial. Universidade do Vale do Itaja, [S. l.], p. 143-147, 1
jan. 2018.

RIBEIRO, Paulo; CASTRO, Fábio. PARALISIA OBSTÉTRICA DO PLEXO


BRAQUIAL. Revista Brasileira de Neurologia e Psiquiatria., [S. l.], p. 148-155, 5
maio 2014.

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