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PREÂMBULO:

TÍTULO: PARECER JUDÍDICO Nª. XX

REQUERENTE: Senhor Diretor do Departamento de Recursos Humanos da Secretaria


de Administração

EMENTA: LICENÇA PATERNIDADE. DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO PÚBLICO.

RELATÓRIO:

Trata-se de solicitação do servidor público no pedido de licença paternidade


encaminhado pelo Senhor Diretor do Departamento de Recursos Humanos da
Secretaria de Administração, no qual é questionada sobre o direito à concessão da
licença paternidade, os requisitos para a sua concessão e o seu período de duração.
Para uma melhor interpretação foi contemplando a legislação brasileira, princípios,
doutrina e jurisprudência sobre licença paternidade. Após foi realizada leitura analítica
e a formação de juízo para a interpretação crítica esposada na conclusão.

II FUNDAMENTAÇÃO:

A licença paternidade é um benefício concedido ao pai de uma criança que acabou de


nascer. Isso, para que o pai possa ter sua presença garantida nos primeiros dias que
sucedem o parto da mulher, além de cuidar e se adaptar à nova realidade com um
filho.
Em vista disso, o colaborador continua recebendo sua remuneração mensal sem
cortes, por mais que fique afastado por alguns dias para dedicar-se ao novo papel.
Entretanto, quando esse direito foi estabelecido, em 1988, a lei só concedia um dia
de folga. O mundo mudou e se modernizou e, atualmente, entende-se que o pai tem
um papel fundamental na vida do bebê, e a licença paternidade oferecida é de 5 dias
sem cortes na remuneração.
Você já deve ter que percebido que a licença paternidade apresenta diferenças em
relação ao benefício da licença maternidade. Por isso, entenda o que a CLT prevê para
a licença paternidade e quais são as regras estabelecidas no próximo tópico.

De acordo com o Art. 473 da CLT, todo o colaborador com carteira assinada pode ter
um dia de falta justificada no nascimento de seu filho. Veja: 

“O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço


sem prejuízo do salário: 
III – por um dia, em caso de nascimento de filho no
decorrer da primeira semana.”

Entretanto, a Constituição Federal de 1988 em seu Art. 7º e o Art. 39, § 3º da CF


definem que o servidor tem direito à licença remunerada, considerando-se o período
como de efetivo exercício do trabalho.

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,


além de outros que visem à melhoria de sua condição
social:

XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios instituirão conselho de política de
administração e remuneração de pessoal, integrado por
servidores designados pelos respectivos Poderes.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)(Vide ADIN nº 2.135-4).

§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público


o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII,
XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer
requisitos diferenciados de admissão quando a natureza
do cargo o exigir. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998).

Para garantir uma ligação emocional e o cuidado com o recém-nascido, são contados 5
dias de licença paternidade a partir do nascimento do bebê. Neste mesmo sentido, a
Lei nº. 8.112,90, utilizada por analogia ao caso, diante da ausência de legislação
municipal, em seu art. 208, prevê que o período da lincença seja de cinco dias
consecutivos contados da data de nascimento, salvo se houver legislação municipal
tratando da matéria de modo diverso.
Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor
terá direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias
consecutivos.

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. ART. 208, DA LEI


8.112/90. LEI Nº 13.257/16.EXTENSÃO DA LICENÇA PATERNIDADE
POR MAIS 15 (QUINZE) DIAS.IMPOSSIBILIDADE. 1. A Lei nº 8112/90,
que dispõe acerca do regime jurídico estatutário, normatiza a
licença paternidade em seu art. 208 (Pelo nascimento ou adoção de
filhos, o servidor terá direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias
consecutivos), não sendo possível a aplicação analógica, forma de
integração normativa em caso de lacuna legal, da Lei nº 13.257/16,
que autoriza a extensão da licença paternidade por mais 15 (quinze)
dias, instituindo o Programa da empresa cidadã. 2.Em que pese o
Decreto nº 8.737/2016, publicado no Diário Oficial da União de
04/05/2016, que institui o Programa de Prorrogação da Licença-
Paternidade, de forma que os servidores públicos do regime
estatutário (regidos pela Lei nº 8.112/1990) passaram a ter direito à
prorrogação de mais 15 dias, iniciado esse prazo no dia
subsequente ao término da licença de cinco dias que já é concedida
pelo artigo 208 da Lei nº 8.112/1990, tal benefício não pode ser
concedido, de forma retroativa, neste momento, considerando que
o nascimento do filho do requerente ocorreu em 14/04/2016. 3.
Negar provimento ao agravo de instrumento.

(TRF-2 - AG: 00043212720164020000 RJ 0004321-


27.2016.4.02.0000, Relator: MARCELO PEREIRA DA SILVA, Data de
Julgamento: 26/08/2016, 8ª TURMA ESPECIALIZADA)

Nesse caso, o funcionário deve comunicar sua empresa do nascimento do filho para
que o benefício seja liberado. Em seguida, o colaborador será liberado para cumprir
seus cinco dias de licença paternidade. 

Para isso, posteriormente é necessário apresentar uma cópia da Certidão de


Nascimento para comprovar ao setor responsável pelo controle das licenças
remuneradas o motivo de sua ausência. 

III. CONCLUSÃO

Ante ao exposto, define-se que o servidor tem direito a licença remunerada no prazo
de 05 (cinco) dias consecutivos conforme previsão legal dos artigos 7º, XIX, art. 39, § 3º
da CF, bem como o Lei 8.112/90, art. 208 conforme a utilização da analogia ao caso,
diante da ausência de legislação municipal.
A licença maternidade deverá ser comprovada mediante a apresentação da cópia da
Certidão de Nascimento ao setor responsável.

É o Parecer.

Cidade, data, mês e ano.

ADVOGADO
OAB

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