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Nos anos de 1864 a 1870, a América do Sul passou por um dos momentos mais sanguinários
da sua história, a Guerra do Paraguai, que, segundo o argentino Alejandro Maciel em "O Livro da
Guerra Grande", “a guerra exterminou quase uma geração de paraguaios, arrasou povoados,
fortificações e hipotecou o futuro da arruinada nação”. Esse conflito envolvia diretamente quatro
países, o Paraguai, a Argentina, o Uruguai e o Brasil.
No Uruguai, o governo era comandado pelo Partido Blanco, que, diga-se de passagem, era a
favor do Paraguai e, por isso, firmaram um acordo que, por conta da falta de rios ou mares no
Paraguai, conceberam acesso às rotas fluviais de Montevidéu. Entretanto, o país não era
estavelmente político, pois o partido oposto, o colorado, apoiados pelo Brasil e pela Argentina, ainda
lutavam para assumir o poder. Esse foi o motivo de, em 1864, ter começado uma guerra civil no
Uruguai.
Como já dito, o Brasil era a favor do partido colorado e, por conta disso, D. Pedro II enviou
tropas para apoiar esse partido. A decisão de interferir ativamente na política de outro país não foi
bem vista pelos outros países, mas, pior ainda, provocou a insatisfação do Paraguai que, com a saída
dos blancos do poder, perdeu acesso ao Montevidéu e, como retaliação ao Brasil, passou a confiscar
navios brasileiros.
A invasão iniciou pelo Mato Grosso, o que foi uma surpresa para o Brasil que esperava que
ocorresse pelo Rio Grande do Sul por conta do interesse que o Paraguai nutria por essa região o que
fez com que o Brasil começasse perdendo.
Em maio de 1865, o Paraguai adentrou o território argentino com 22 mil soldados paraguaios
armados sem o consentimento da Argentina, com objetivo de conquistar o Rio Grande do Sul. Como
agora o Brasil e a Argentina tinham interesses partidários e um inimigo em comum, foi formada a
Tríplice Aliança, tratado que só teria fim quando Solano López fosse deposto de seu cargo. Como o
Uruguai era governado pelo colorado, além de também ter sofrido invasão do Paraguai para tentar
restituir os blancos, acabou juntando-se a essa aliança.
Mesmo com os três países unidos, o poder militar ainda era inferior ao do Paraguai, então,
com caráter emergencial, o Brasil teve de arranjar um método para fortalecer o exército convocando
qualquer homem que quisesse lutar contra o Paraguai. Os homens alistados eram chamados de
“Voluntários da Pátria”. Estima-se que esse movimento mobilizou entre 130 a 200 mil pessoas. Entre
esses indivíduos estavam desde homens livres até escravos, prometendo a eles liberdade. Com isso,
o exercito brasileiro passou a ser formado majoritariamente por escravizados.
Esse foi um fator essencial para o fim da escravidão, pois, homens que nem eram vistos como
seres humanos passaram a serem vistos como companheiros de guerra, transformando, assim, boa
parte dos militares em abolicionistas, além de que, no fim do conflito, os libertos continuavam a ver
seus semelhantes sendo escravizados. Esses fatores fizeram com que, futuramente, o exercito
passasse a ser uma das principais instituições que pressionaram a monarquia a acabar com a
escravidão.
Grande parte dos investimentos realizados ao exército brasileiro veio de bancos ingleses,
pois, a Inglaterra viu nesse conflito uma grande oportunidade de lucrar com isso e, na verdade, deu
muito certo esse plano, pois, as dividas do Brasil para com a Inglaterra apenas aumentaram al ém de
dar reforço à Argentina que também passou à comprimir dívidas.
Após a expansão do exercito brasileiro, o país começou a ganhar algumas batalhas, como a
Guerra do Riachuelo que foi muito importante, pois quase a totalidade da marinha paraguaia foi
destruída, a partir daí, o Brasil começou a vencer as demais batalhas além de poder controlar a
navegação dos rios da Bacia Platina, impondo um bloqueio que isolou o Paraguai colocando-os em
posição de defesa.
O fim da guerra representou uma consolidação definitiva dos quatro territórios participantes
assim como um período de estabilização da política da Argentina que derrotou definitivamente os
federalistas e do Uruguai que houve o encerramento da disputa entre blancos e colorados.
Mas, mais do que isso, representou o fim de um marco extremamente violento na hist ória da
América do Sul que, segundo estimativas, morreram entre 150 a 200 mil pessoas, dentre elas civis
que nem tinham participação no conflito.
Muitas teorias já foram criadas sobre quem foi o “vilão” da história entretanto, no final,
chegaram a um consenso de que ninguém merecia essa designação e que foram apenas países
lutando por suas ambições.