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GUERRA DO PARAGUAI

Nos anos de 1864 a 1870, a América do Sul passou por um dos momentos mais sanguinários
da sua história, a Guerra do Paraguai, que, segundo o argentino Alejandro Maciel em "O Livro da
Guerra Grande", “a guerra exterminou quase uma geração de paraguaios, arrasou povoados,
fortificações e hipotecou o futuro da arruinada nação”. Esse conflito envolvia diretamente quatro
países, o Paraguai, a Argentina, o Uruguai e o Brasil.

Antes do início dessa guerra, o Paraguai enfrentava um período ditatorial republicano


governado por Francisco Solano López. Mesmo passando por essa fase, era um país muito bem
desenvolvido sendo considerada uma das grandes potências da América do Sul, com uma economia
muito diversificada, adotando, como fonte de renda, o escravismo, políticas agrárias, criação de gado
e comércio. Além disso, o atual governador foi comandante das Forças Armadas, oficial e ministro de
guerra, então, quando assumiu o poder, submeteu o país a uma forte militarização, o que fez com
que, no início da guerra, o Paraguai já contasse com aproximadamente 64 mil militares, todos muito
bem capacitados.

No Uruguai, o governo era comandado pelo Partido Blanco, que, diga-se de passagem, era a
favor do Paraguai e, por isso, firmaram um acordo que, por conta da falta de rios ou mares no
Paraguai, conceberam acesso às rotas fluviais de Montevidéu. Entretanto, o país não era
estavelmente político, pois o partido oposto, o colorado, apoiados pelo Brasil e pela Argentina, ainda
lutavam para assumir o poder. Esse foi o motivo de, em 1864, ter começado uma guerra civil no
Uruguai.

Como já dito, o Brasil era a favor do partido colorado e, por conta disso, D. Pedro II enviou
tropas para apoiar esse partido. A decisão de interferir ativamente na política de outro país não foi
bem vista pelos outros países, mas, pior ainda, provocou a insatisfação do Paraguai que, com a saída
dos blancos do poder, perdeu acesso ao Montevidéu e, como retaliação ao Brasil, passou a confiscar
navios brasileiros.

No dia 11 de novembro, foi sequestrado um navio que estava transportando o presidente da


província do Mato Grosso que acabou falecendo em uma prisão paraguaia. O Paraguai, vendo que
havia instaurado o descontentamento do Brasil, decidiu invadir o país seis semanas depois. Esse foi o
estopim e, em 1865, foi oficialmente declarada a guerra pelo Paraguai.

A invasão iniciou pelo Mato Grosso, o que foi uma surpresa para o Brasil que esperava que
ocorresse pelo Rio Grande do Sul por conta do interesse que o Paraguai nutria por essa região o que
fez com que o Brasil começasse perdendo.

Em maio de 1865, o Paraguai adentrou o território argentino com 22 mil soldados paraguaios
armados sem o consentimento da Argentina, com objetivo de conquistar o Rio Grande do Sul. Como
agora o Brasil e a Argentina tinham interesses partidários e um inimigo em comum, foi formada a
Tríplice Aliança, tratado que só teria fim quando Solano López fosse deposto de seu cargo. Como o
Uruguai era governado pelo colorado, além de também ter sofrido invasão do Paraguai para tentar
restituir os blancos, acabou juntando-se a essa aliança.

Mesmo com os três países unidos, o poder militar ainda era inferior ao do Paraguai, então,
com caráter emergencial, o Brasil teve de arranjar um método para fortalecer o exército convocando
qualquer homem que quisesse lutar contra o Paraguai. Os homens alistados eram chamados de
“Voluntários da Pátria”. Estima-se que esse movimento mobilizou entre 130 a 200 mil pessoas. Entre
esses indivíduos estavam desde homens livres até escravos, prometendo a eles liberdade. Com isso,
o exercito brasileiro passou a ser formado majoritariamente por escravizados.

Esse foi um fator essencial para o fim da escravidão, pois, homens que nem eram vistos como
seres humanos passaram a serem vistos como companheiros de guerra, transformando, assim, boa
parte dos militares em abolicionistas, além de que, no fim do conflito, os libertos continuavam a ver
seus semelhantes sendo escravizados. Esses fatores fizeram com que, futuramente, o exercito
passasse a ser uma das principais instituições que pressionaram a monarquia a acabar com a
escravidão.

Grande parte dos investimentos realizados ao exército brasileiro veio de bancos ingleses,
pois, a Inglaterra viu nesse conflito uma grande oportunidade de lucrar com isso e, na verdade, deu
muito certo esse plano, pois, as dividas do Brasil para com a Inglaterra apenas aumentaram al ém de
dar reforço à Argentina que também passou à comprimir dívidas.

Após a expansão do exercito brasileiro, o país começou a ganhar algumas batalhas, como a
Guerra do Riachuelo que foi muito importante, pois quase a totalidade da marinha paraguaia foi
destruída, a partir daí, o Brasil começou a vencer as demais batalhas além de poder controlar a
navegação dos rios da Bacia Platina, impondo um bloqueio que isolou o Paraguai colocando-os em
posição de defesa.

O fim da guerra representou uma consolidação definitiva dos quatro territórios participantes
assim como um período de estabilização da política da Argentina que derrotou definitivamente os
federalistas e do Uruguai que houve o encerramento da disputa entre blancos e colorados.

A derrota, inclusive, marcou uma reviravolta decisiva na história do Paraguai, tornando-o um


dos países mais atrasados da América do Sul, devido ao seu decréscimo populacional, exterminando
praticamente um terço da população, pagamento de pesada indenização de guerra e perda de
praticamente 40% do território em litígio para o Brasil e Argentina.

Mas, mais do que isso, representou o fim de um marco extremamente violento na hist ória da
América do Sul que, segundo estimativas, morreram entre 150 a 200 mil pessoas, dentre elas civis
que nem tinham participação no conflito.

Muitas teorias já foram criadas sobre quem foi o “vilão” da história entretanto, no final,
chegaram a um consenso de que ninguém merecia essa designação e que foram apenas países
lutando por suas ambições.

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