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1. Introdução
2.6. Sanitizantes
3.3.Placa de Contato
4. Referências
1. Introdução
O advento da globalização tem acarretado grandes e rápidas mudanças eco-
nômicas, sociais e políticas, ampliando oportunidades de negócios, mas provocan-
do uma competitividade acirrada. As indústrias de alimentos que se incluem nesse
contexto têm processado uma quantidade de alimentos cada vez maior, na tentativa
de suprir o mercado crescente, buscando sempre o incremento de produtividade.
Isso pode gerar diferentes problemas, a exemplo de perdas pós-processamento ou
diminuição da vida de prateleira se os métodos de higienização empregados não
forem eÞcazes ou, então, forem negligenciados.
185
A água para uso na indústria de alimentos deve ser considerada como matéria-pri-
ma e atender aos padrões físicos, químicos e microbiológicos estabelecidos na legislação
brasileira de acordo com a Portaria nº 518, do Ministério da Saúde, de 25 março de 2004. A
água é aceita como potável quando se encontra dentro de certos requerimentos de
qualidade. Já foram detectados cerca de 2.000 contaminantes diferentes na água.
cap.04
Aproximadamente, 700 deles foram encontrados em água potável. Isso demonstra
Nélio José de Andrade Higiene na indústria de alimentos
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mostradas na Tabela 2.
188
189
cap.04
Os principais grupos de agentes detergentes são representados pelos agentes
Nélio José de Andrade Higiene na indústria de alimentos
2.4.1 Alcalinos
Dentre os alcalinos, incluem-se o hidróxido de sódio, o carbonato de sódio, o
metassilicato de sódio, o ortossiliciato de sódio e o sesquissilicato de sódio. Todos
esses agentes apresentam como característica principal a liberação de íons hidroxila
(OH-) que promovem a saponiÞcação dos ácidos graxos constituintes da gordura e a
solubilização dos resíduos de proteína. No entanto, existe diferença na quantidade de
alcalinidade liberada em solução aquosa. O hidróxido de sódio é o agente alcalino que
libera 100 % de alcalinidade cáustica que é responsável pela sua ação de detergência
e por isso é usado amplamente na limpeza pelo método de limpeza no lugar, mais
conhecido como CIP (Cleaning In Place). Esse método de higienização permite o uso
de agentes ou formulações que liberam alta alcalinidade cáustica, temperaturas mais
elevadas e maior tempo de contato das soluções de limpeza. Assim, para limpeza de
um pasteurizador de leite, pode-se usar uma solução de hidróxido de sódio contendo
1 % de alcalinidade cáustica, que origina um pH 13, à temperatura de 80 °C, durante 30
min, circulada a uma velocidade de 1,5 m.s-1. Nesses trocadores de calor podem ocor-
rer grossas películas de gordura e proteínas que devem ser controladas por soluções
de alta alcalinidade. O hidróxido de sódio é comercializado nas formas de escama,
perolados ou líquido e origina soluções que devem ser manipuladas com cuidado,
por serem perigosas aos manipuladores.
190 O carbonato de sódio participa de formulações de média alcalinidade, pois libera
em solução aquosa apenas 50 % de alcalinidade cáustica (reações a seguir). Em con-
centração de 1 % esse agente alcalino origina um pH de cerca de 11. Isso signiÞca que
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forma os ácidos graxos insolúveis na água em sabão que é, por sua vez, solúvel em
água. A saponiÞcação consiste em reagir o ácido graxo com uma solução alcalina
sob aquecimento (Figura 1).
2.4.3. Fosfatos
De maneira geral, utilizam-se o ortofosfato de sódio, representado pelo fosfato
trissódico, e os polifosfatos de sódio, representados pelo hexametafosfato, tetrafosfa-
to, tripolifosfato e pelo pirofosfato em suas formas sódicas (Figura 3). Esses produtos
ou formulações deles podem ser adquiridos de empresas especializadas, sob diver-
sos nomes comerciais. Como informação, pode-se aÞrmar que o fosfato trissódico
atua por precipitação dos sais de cálcio e de magnésio, responsáveis pela dureza da
água, o que não é conveniente, pois haverá depósitos nas superfícies que processam
os alimentos. Os polifosfatos, em contrapartida, atuam sobre a dureza por formação
de quelatos com os sais, não ocorrendo, portanto, a deposição. A capacidade de 193
quelação é variável em função do polímero. Por exemplo, 1 g de hexametafosfato de
2.4.4. Seqüestrantes
Figura 4 - Agentes seqüestrantes orgânicos: a) etileno diamino tetracetato de sódio e b) gluconato de sódio.
194
195
pois a atração entre as moléculas da água é maior do que aquela entre as moléculas
de água e as de gordura. Essa diminuição da tensão superÞcial da água é conseguida
com o uso de tensoativos.
tensoativos são: i) solúveis em água fria; ii) ativos em concentrações muito baixas,
podendo níveis de 0,1 % diminuir a tensão superÞcial da água em torno de 50 %;
iii) indiferentes à dureza da água, à exceção dos sabões; iv) não formam precipita-
dos; v) atuam em diferentes pH; vi) em alguns casos, são bactericidas; e vii) não
são corrosivos das superfícies.
a)
196
b)
interfacial está em nível mínimo (Figura 7), e a eÞciência de limpeza está otimizada.
Aumento na concentração de tensoativo em solução além do CCM não causará di-
minuição da tensão superÞcial. No entanto, excesso de tensoativo é necessário para
manter a CCM, desde que o tensoativo reage com o resíduo a ser removido.
Figura 9 - Exemplos de tensoativos aniônicos: a) decil sulfonato de sódio, b) lauril sulfato de sódio e c) lauril
etoxilato sulfato de sódio.
Os agentes tensoativos catiônicos são aqueles que liberam carga elétrica posi-
tiva em solução aquosa. São representados pelos compostos quaternários de amô-
nia, também conhecidos como “quats”, cuja função bactericida é mais importante
Figura 10 - Exemplos de tensoativos não iônicos: a) fórmula geral de um tensoativo não-iônico, b) lauril
álcool etoxilato e c) nonil fenol etoxilato.
199
Figura 11 - Tensoativos anfóteros: a) fórmula geral e b) dodecil diaminoetilglicina.
2.4.6. Enzimas
Em algumas situações, com o objetivo de aumentar a eÞciência do procedimen-
to de higienização, sugere-se a adição de enzimas proteolíticas e lipases às soluções
de tensoativos. Na indústria de carnes, por exemplo, a utilização dessas enzimas seria
viável, pois películas de proteínas e gordura podem se depositar sobre superfícies de
processamento. Os detergentes contendo as enzimas hidrolisam as gorduras e proteí-
nas, facilitando sua remoção posterior. O uso das enzimas não requer água quente, que,
ao contrário, pode inativá-las. Além disso, normalmente as enzimas atuam melhor em
meio neutro ou ligeiramente alcalino. Assim, a eÞciência das enzimas em formulações
de detergentes de alcalinidade cáustica muito elevada deve ser bem avaliada.
200
ção; ii) emulsiÞcação; iii) molhagem; iv) penetração; v) diminuição da tensão super-
Þcial; v) solubilização de proteína; vi) manutenção dos resíduos em suspensão; vii)
controle de minerais; viii) não ser corrosivo e ix) ser de baixo custo.
Considerando que não há uma única substância que apresente todas essas ca-
racterísticas desejáveis, a indústria de alimentos utiliza-se de formulações que sejam
adequadas ao procedimento de higienização a ser seguido. Como exemplo, algumas
formulações serão mencionadas a seguir. No entanto, deve-se salientar que a melhor
orientação para a indústria de alimentos é a aquisição de detergentes formulados
por empresas especializadas, idôneas e de nome reconhecido no mercado. Essas
empresas geralmente oferecem produtos que apresentam bons resultados quando
A - Exemplo de formulações de detergente em função da dureza da água
201
C - Exemplo de formulação de detergente para limpeza CIP (Cleaning In Place)
202
H - Exemplo de formulação de detergentes para higienização de garrafas de vidro por método CIP
203
204
Um exemplo de riscos associados ao procedimento de higienização é mostra-
2.6. Sanitizantes
A sanitização complementa o procedimento de higienização, assegurando a
qualidade microbiológica das superfícies. Deve ser realizada, de preferência, imedia-
tamente antes do uso de equipamento, pois, após as etapas de limpeza, pode ocor-
rer a multiplicação de microrganismos indesejáveis que não foram eliminados ou,
mesmo, a recontaminação ambiental das superfícies. Essa etapa do procedimento
de higienização visa à eliminação dos microrganismos patogênicos e à redução dos
alteradores em níveis que atendam às especiÞcações previamente propostas. O uso
de detergentes diminui a contaminação microbiana das superfícies, mas geralmente
há necessidade da aplicação dos sanitizantes para efetivamente atingir as contagens
indicadas para que uma superfície seja considerada em condições higiênicas para o
processamento de alimentos.
cap.04
O tipo e a concentração de microrganismos contaminantes da superfície também
Nélio José de Andrade Higiene na indústria de alimentos
Tabela 14 - Condições de uso de sanitizantes químicos mais usados para controle dos micror-
ganismos em superfícies para processamento na indústria de alimentos
206
Tabela 15 - Eficiência sobre microrganismos de alguns sanitizantes químicos nas condições de uso
para controle de microrganismos em superfícies para processamento na indústria de alimentos
Controle da Higienização na Indústria de Alimentos
Tabela16 - Mecanismos de ação dos sanitizantes químicos mais usados no controle de micror-
ganismos em superfícies para processamento na indústria de alimentos
207
cap.04
Agentes Físicos
Nélio José de Andrade Higiene na indústria de alimentos
Calor
O calor, quando possível, deve ser o agente sanitizante escolhido: atinge toda a
superfície, incluindo pequenos orifícios e ranhuras e não é seletivo contra os micror-
ganismos. A água quente deve ser usada numa temperatura de 80 °C durante 5 min.
O ar quente deve ser aplicado a 90 °C durante 30 min. Já o vapor direto, considerado
a verdadeira sanitização pelo calor, deve der aplicado o mais próximo possível da
superfície durante 1 min. Deve-se ter cuidado na sanitização de tubulações com o
vapor, pois a eÞciência deste pode ser diminuída em tubulações longas, se a tem-
peratura não for controlada.
Radiação Ultravioleta
Agentes Químicos
As Tabelas 14, 15 e 16 descrevem as características de uso, eÞciência antimi-
crobiana e mecanismo de ação dos principais sanitizantes químicos.
Nas indústrias de alimentos, tem aumentado o uso dióxido de cloro. Esse com-
posto clorado é disponibilizado pela sua geração no próprio local de uso, por meio
da reação entre o clorito de sódio e o cloro gás. Para isso, deve-se dispor de equi-
pamento que pode ser caro e de difícil manutenção, exigindo pessoas treinadas.
Pode ser encontrado comercialmente na forma estabilizada que consiste de uma
solução de clorito de sódio, que pode ser convertido para ClO2 no local de uso pela
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adição de ácido fosfórico ou cítrico, por exemplo. Umas das principais vantagens do
ClO2 é a sua baixa reatividade com a matéria orgânica, não formando as substâncias
denominadas de trihalometanos, que são cancerígenos, como ocorre no caso do
cloro gasoso e dos hipocloritos.
a eÞciência esporicida do cloro pode ser esperada. Em pH 7,5, por exemplo, 50%
do cloro residual livre, como o determinado pelo teste da ortolidina, encontram-se
na forma de ácido hipocloroso. Em pH 10 e 5, as concentrações dessa forma não
dissociada são de 0,3 % e 99,7 %, respectivamente. Assim, a solução clorada de pH
igual a 5 será muito mais esporicida do que aquela de pH igual a 12.
Iodóforos
Os iodóforos (Figura 13) são compostos derivados do iodo empregados como
sanitizantes na indústria de alimentos. São formulações que combinam o iodo e
um agente tensoativo, como a polivinilpirrolidona e um agente veiculador ácido.
Para manipuladores, normalmente usa-se uma solução-tampão formada pelo ácido
acético e pelo acetato de sódio, originando uma solução de uso com pH entre 5 e 6,
de modo a não afetar a mão de manipuladores. Já, em equipamentos e utensílios,
o ácido utilizado para a veiculação do iodo é geralmente o fosfórico. Nesse caso, as
soluções sanitizantes diluídas apresentam um pH em torno de 2, que otimiza a sua
ação antimicrobiana, já que há maior concentração de I2 livre, a forma bactericida. As
soluções diluídas de iodóforos são usadas numa concentração entre 10-25 mg.L-1, que
devem ser controladas.
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i) esses sanitizantes são menos eÞcientes do que compostos clorados sobre esporos
bacterianos e bacteriófagos, ii) podem causar odores indesejáveis em alguns produtos,
iii) causam descoloração em alguns materiais como o plástico, iv) tornam-se menos
eÞcientes com o aumento do pH e v) são mais caros do que o hipoclorito de sódio.
Ácido Peracético
O ácido peracético comercial é um sanitizante constituído por uma mistura de
ácido peracético, peróxido de hidrogênio, ácido acético e um veículo estabilizante
(Figura 14). Algumas formulações contêm, ainda, um ácido orgânico como o oc-
tanóico. É produzido pela reação de ácido acético com peróxido de hidrogênio na
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Clorohexidina
A clorohexidina é um composto químico sintético pertencente à série das
bisbiguanida, apresentando fórmula estrutural conforme Figura 16.
Peróxido de Hidrogênio
As soluções de peróxido de hidrogênio apresentam forte ação oxidante de-
vido à liberação de oxigênio, que possui atividade sobre microrganismos Gram-
positivos e Gram-negativos. O peróxido de hidrogênio é uma composto inorgâ-
nico que se caracteriza por conter um par de átomos de oxigênio (-O-O-).
Ozônio
Descoberto em 1840 pelo químico alemão Christian Schöbein, o ozônio é um
alotrópico de oxigênio, naturalmente presente como um gás sem cor e com odor
próprio. Ele é produzido na superfície da atmosfera pela ação da radiação ultraviole-
ta nas moléculas de oxigênio.
Quadro 17 - Características físico-químicas do ozônio
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Álcoois
Os álcoois etílico, propílico e isopropílico são usados como sanitizantes na in-
dústria de alimentos. Dentre esses, o álcool etílico apresenta maior aplicação, sendo
preferencialmente preparado numa concentração de 70 % do princípio ativo. A essa
solução, podem ser adicionados 2 % de iodo e 2 % de glicerina para controle da
microbiota de mãos de manipuladores de alimentos.
O uso do fenol como agente antimicrobiano data dos meados do século XIX,
na desinfecção em procedimentos cirúrgicos. O fenol é uma substância cristalina,
incolor, muito solúvel em água, mas de difícil manipulação. Soluções aquosas con-
tendo 2 a 5 % podem ser usadas na desinfecção de equipamentos contaminados.
Este sanitizante altera a permeabilidade da membrana celular, permitindo a saída de
alguns constituintes celulares essenciais, como os aminoácidos. Alguns compostos
fenólicos são excelentes fungicidas, mas apresentam baixa eÞciência sobre esporos
bacterianos e vírus. Deve-se mencionar o fato, no entanto, que atualmente existem
alternativas de sanitizantes mais adequadas à indústria de alimentos.
Vários outros derivados de fenol com uma atividade antimicrobiana mais eÞ-
ciente foram obtidos por síntese química. Dentre eles incluem-se os cresóis (orto,
meta e para), o hesilresorcinol, o hexaclorofeno e o irgasan.
Um fato histórico em relação ao fenol merece registro. Este agente químico foi
utilizado como antimicrobiano padrão, quando se desenvolveu, no início do século
XX, a primeira técnica laboratorial para avaliar a eÞciência de sanitizantes. ModiÞ-
cações ocorreram, mas ainda hoje, o princípio desta metodologia, conhecida como
teste do coeÞciente fenólico, é basicamente a mesma: comparar a ação microbiana
de um determinado agente químico contra uma solução padrão de fenol. Não há
dúvidas, no entanto, que outras técnicas mais apropriadas para avaliar sanitizan-
tes foram desenvolvidas, mas a determinação do coeÞciente fenólico é um método
padronizado recomendado pela AOAC (American of OfÞcial Analytical Chemists) e
também usado no Brasil pelo INCQS (Instituto Nacional de Controle de Qualidade
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