Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Palhoça/SC
2017
CRISTIAN LUIZ MOSQUETTA
Palhoça/SC
2017
“Аоs meus pais, irmãos, minha família,
especialmente a minha esposa que, com muito
carinho е apoio, não mediu esforços para que
еu chegasse até esta etapa da minha vida. ”
AGRADECIMENTOS
In this work we will study a construction system based on the use of refurbished marine
contêineres. This constructive model stands out for sustainability, as it provides the recycling
of the contêineres that would be discarded after the end of their useful life in the function they
normally perform that is the transport of goods. The application of refurbished marine
contêineres in civil construction is a subject with little study from the scientific point of view,
and very few technical papers dealing with the structural aspects of this system are very rare.
This paper presents the constitution of one of the types of marine contêineres and analyzes all
the metallic profiles that compose them as well as the respective geometric and mechanical
properties of their sections. It is also object of study of this work the analysis of a case that
consists of the use of refurbished maritime contêineres for the construction of a dwelling with
two floors and with a non regular structure. The evaluation of the resistant capacity for
regulatory actions is made. For this, computational numerical models extracted from the two-
dimensional software Ftool are used. The structural analysis is performed in light of NBR
14762: 2010. It is shown that the application of this standard to the constructive system under
study is limited by the lack of kNowledge of mechanical parameters related to the non-
commercial metallic profiles of marine contêineres. Nevertheless, the feasibility of this
constructive system in the field of small residential buildings is proven.
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 12
1.1 APRESENTAÇÃO .......................................................................................................... 12
1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 13
1.3 OBJETIVOS .................................................................................................................... 14
1.3.1 Geral ............................................................................................................................. 14
1.3.2 Específicos .................................................................................................................... 14
1.4 METODOLOGIA ............................................................................................................ 14
2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 15
2.1 TIPOS DE CONTÊINER ................................................................................................ 16
2.1.1 Contêiner standard– padrão: ..................................................................................... 16
2.1.2 Contêiner open top– teto aberto: ............................................................................... 18
2.1.3 Contêiner reefer– refrigerado: ................................................................................... 18
2.1.4 Contêiner flat rack– teto livre:................................................................................... 19
2.1.5 Contêiner platform– plataforma: .............................................................................. 20
2.1.6 Contêiner bulk– para cargas secas: ........................................................................... 20
2.1.7 Contêiner tank– tanque: ............................................................................................. 21
2.2 CARACTERÍSTICA DO CONTÊINER MARÍTIMO 40’DRY HC (SECO) ................ 21
2.2.1 Descrição Geral ........................................................................................................... 22
2.2.2 Face da Porta ............................................................................................................... 23
2.2.2.1 Dispositivo de canto ................................................................................................... 23
2.2.2.2 Perfil Inferior – DS - Door Sill .................................................................................. 24
2.2.2.3 Perfis verticais de canto – DCP - Door Corner Post .................................................. 25
2.2.2.4 Perfil superior – DH - Door Header ........................................................................... 26
2.2.3 Face frontal .................................................................................................................. 26
2.2.3.1 Chapa frontal - FEW – Front End Wall...................................................................... 27
2.2.3.2 Perfil superior – FH - Front Header ........................................................................... 27
2.2.3.3 Perfil inferior – FS – Front Sill................................................................................... 28
2.2.3.4 Perfis verticais de canto – FCP– Corner Post ............................................................. 28
2.2.4 Faces laterais: .............................................................................................................. 29
2.2.4.1 Perfil lateral superior – TSR - Top Side Rails............................................................ 29
2.2.4.2 Chapa lateral – SW - Side Wall................................................................................. 30
2.2.5 Cobertura ..................................................................................................................... 31
2.2.5.1 Chapa de cobertura – Roof: ........................................................................................ 31
2.2.6 Base do Contêiner........................................................................................................ 32
2.2.6.1 Perfis laterais inferiores – BSR: ................................................................................. 33
2.2.6.2 Perfis transversais – BCM: ......................................................................................... 33
2.2.6.3 Perfis transversais – BCM2: ....................................................................................... 34
2.2.6.4 Perfis transversais – BCM3: ....................................................................................... 34
2.2.6.5 Perfis transversais – BCM4: ....................................................................................... 35
2.2.6.6 Perfil transversal – BCM5: ......................................................................................... 35
2.2.6.7 Perfil transversal – BCM6: ......................................................................................... 36
2.2.6.8 Gooseneck tunnel (FP) – Conjunto do túnel pescoço de ganso ................................. 36
2.2.7 Propriedades geométricas das seções transversais ................................................... 37
2.2.8 Materiais e respectivas propriedades ........................................................................ 40
2.3 UTILIZAÇÃO DE CONTENTORES MARÍTIMOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL....... 41
2.4 AVALIAÇÃO, MODELAGEM E ANÁLISE DE ESTRUTURAS DE CONSTRUÇÃO
COM CONTENTORES. (KEVIN GIRIUNAS, 2012) ............................................................ 48
3 ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL ................................................ 53
3.1 ARQUITETURA ............................................................................................................. 53
3.2 CARREGAMENTOS ...................................................................................................... 54
3.2.1 Ações permanentes ...................................................................................................... 54
3.2.1.1 Peso próprio dos perfis metálicos: .............................................................................. 54
3.2.1.2 Peso próprio do compensado naval ............................................................................ 54
3.2.1.3 Peso próprio do revestimento interno e paredes divisórias ........................................ 55
3.2.1.4 Revestimento cerâmico .............................................................................................. 55
3.2.1.5 Varanda....................................................................................................................... 55
3.2.1.6 Cobertura deck de madeira ......................................................................................... 56
3.2.1.7 Cobertura telhado verde ............................................................................................. 56
3.2.1.8 Caixa d’água ............................................................................................................... 57
3.2.2 Carga acidental (Sobrecarga) .................................................................................... 58
3.2.2.1 Ação de vento ............................................................................................................. 58
3.3 REMODELAÇÃO DOS CONTÊINERES...................................................................... 64
3.3.1 Unidade n° 12 e 11 ....................................................................................................... 65
3.3.2 Unidade n° 09 e 10 ....................................................................................................... 68
3.3.3 Unidade n° 08............................................................................................................... 69
3.3.3.1 Face 04 – unidade 08 .................................................................................................. 70
3.3.3.2 Face 01- unidade 08.................................................................................................... 72
3.3.4 Unidade n° 07............................................................................................................... 73
3.3.4.1 Face 04 - unidade 07................................................................................................... 73
3.3.4.2 Face 01- unidade 07.................................................................................................... 75
3.3.5 Unidade n° 06............................................................................................................... 76
3.3.5.1 Face 04- unidade 06.................................................................................................... 76
3.3.5.2 Face 01- unidade 06.................................................................................................... 78
3.3.6 Unidade n° 05............................................................................................................... 80
3.3.6.1 Face 04- unidade 05.................................................................................................... 81
3.3.6.2 Face 01- unidade 05.................................................................................................... 82
3.3.7 Unidade n° 04............................................................................................................... 84
3.3.7.1 Face 04- unidade 04.................................................................................................... 84
3.3.7.2 Face 01- unidade 04.................................................................................................... 85
3.3.8 Unidade n° 03............................................................................................................... 86
3.3.8.1 Face 04- unidade 03.................................................................................................... 87
3.3.8.2 Face 01- unidade 03.................................................................................................... 88
3.3.9 Unidade n° 02............................................................................................................... 90
3.3.9.1 Face 04- unidade 02.................................................................................................... 90
3.3.9.2 Face 01- unidade 02.................................................................................................... 91
3.3.10 Unidade n° 01............................................................................................................... 92
3.3.10.1 Face 04- unidade 01.................................................................................................... 93
3.3.10.2 Face 01- unidade 01.................................................................................................... 94
3.3.11 Frentes e portas dos contêineres ................................................................................ 96
3.4 FUNDAÇÃO ................................................................................................................... 98
3.5 CROQUI DA ESTRUTURA ........................................................................................... 99
4 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 101
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 102
ANEXOS ............................................................................................................................... 104
ANEXO A – PROFISSIONAIS HABILITADOS PARA ATIVIDADES
RELACIONADAS À CONTÊINER HABITÁVEIS. ....................................................... 105
12
1 INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO
acordo com um projeto. O uso de contêineres marítimos reciclados na construção civil tem
um grande viés sustentável, e outros dois benefícios estão agregados: rapidez e baixo custo
econômico, o que potencializa a sua utilização em habitações populares.
1.2 JUSTIFICATIVA
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Geral
1.3.2 Específicos
1.4 METODOLOGIA
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo Levison, os contêineres foram criados por volta de 1937 pelo norte-
americano Malcolm Purcell McLean (1913-2001), motorista e dono de uma pequena empresa
de caminhões, que ao observar o lento embarque de fardos de algodão no porto de Nova
Iorque, teve a ideia de armazená-los e transportá-los em grandes caixas de aço que pudessem,
elas próprias, serem embarcadas nos navios. Com o tempo, McLean aprimorou métodos de
trabalho e expansão de sua companhia, tornando-a uma das pioneiras do sistema intermodal,
abrangendo transporte marítimo, fluvial, ferroviário, além de terminais portuários.
Segundo Kronenburg (2008), a invenção do contêiner foi uma revolução do
carregamento, pois a carga de um caminhão, por exemplo, poderia ser passada para um navio
ou trem utilizando um guindaste, sem perda de tempo com mudanças de meio de transporte,
infraestrura, assaltos, etc. Atualmente, cerca de 90% das mercadorias em todo o mundo são
transportadas por meio de contêineres, devido à resistência do material, à mobilidade e
adaptação conforme a carga e à forma modular, padronizada mundialmente, que facilita o seu
manuseio mecânico e transporte.
Figura 1 - Navio com contêineres empilhados.
Entre 1968 e 1970 foram publicadas normas ISO (ISO 6346) para contêineres,
condicionando melhorias nos processos de carregamento, transporte e descarga, bem como
gerando economia relacionada à redução de tempo e de recursos desprendido para tanto.
O sistema proposto pela ISO é modular, ou seja, os contêineres formam unidades
que se encaixam perfeitamente, ocupando os espaços de forma racional, tanto para transporte
como para armazenagem. As dimensões altura (8 pés) e largura (8 pés) são sempre invariáveis
(embora haja padronização para os contêineres extra altos, com altura de 8 ½ pés, chamados
de High Cube, HC), variando o comprimento, dependendo do módulo. (Azevedo e col., 2016)
Todo o esforço por padronizar as dimensões dos contêineres, remeteu à necessidade de
estrutura-lo, de modo que o empilhamento das unidades para transporte marítimo fosse
possível, assim como houve a necessidade de se definir pontos estruturais para sua
movimentação tanto vazio como carregado. Estima-se que seja possível empilhar até oito
unidades de contêineres carregados e até doze unidades de contêineres vazios.
Seu sistema de trava permite que as unidades sejam acopladas verticalmente umas
sobre as outras, formando um grande bloco modular, sem que as dimensões gerais das
unidades sejam alteradas pela adição de dispositivos de trava externos. Tantas características
peculiares traduzem a singularidade da modulação no transporte de cargas com contêineres,
entretanto seguem de encontro à vida útil destes equipamentos.
A vida útil de um contêiner para o mercado náutico é de aproximadamente 8 anos
e para fins de transporte marítimo esta vida útil é limitada a até 20 anos (BONAFÉ). Tendo
em vista que a vida útil real dos contêineres é de 100 anos, aproximadamente, os contêineres
tem uma vida ociosa que corresponde a 80% de sua durabilidade (RANGEL). Tempo
suficiente para se degradarem lentamente, estocados em portos espalhados por todo o mundo,
causando um problema crônico de armazenamento, pois existem milhões dessas unidades.
Além desses contêineres, há também o de 40’ HIGH CUBE com altura maior:
9,6’ (pois os demais têm 8,6’). É utilizado para cargas com cubagem maior, mas suporta a
mesma quantidade de peso que um contêiner de 40’ dry. (SDECTI,2015)
Possui uma longarina (viga de metal) superior traseira (no alto da porta) que é
móvel, ou seja, ela pode ser levantada a fim de que a carga seja colocada através da porta do
contêiner, para depois ser travada novamente. É utilizado para transportar cargas de tamanhos
irregulares ou difíceis de ser introduzido através das portas, o que será então realizado pelo
topo do contêiner, na maioria das vezes com a ajuda de guindastes. Depois de completada a
carga, para protegê-la o contêiner é coberto por uma lona fixada em seu topo. O open top
também é encontrado em dois tamanhos: de 20’ e 40’. (SDECTI,2015)
Os contêineres mais utilizados na construção civil são os high cube de 20’ e 40’
devido ao pé-direito mais alto adequado para as construções, com 2,68 metros.
A proposta do estudo é analisar contêineres fabricados de acordo com a norma
I.S.O. Sendo escolhido para esta analise o contêiner comercialmente designado de 40’ DRY
HC, suas características estão representadas na Tabela 01 e Tabela 02.
Capacidade de
Peso Próprio Peso Máximo Capacidade em
carga
Designação Volume
Total Total Total
[kg] [kg] [kg] [m³]
40’HC 4150,00 26300,00 30480,00 75.72
Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.
Fonte: fortrakcontêineres
23
A Face da porta é formado por um pórtico que inclui um perfil inferior, soleira
(DS-DoorSill), dois perfis de canto vertical (DCP – Door Corner Post), outro superior (DH –
Door Header), a chapa em aço da porta é com seção trapezoidal no sentido horizontal, que por
estar neste sentido, não é considerado um elemento estrutural. Os quatro perfis metálicos
estão ligados nos vértices a peças de canto em forma de paralelepípedo (castanhas).
Figura 11 – Faces da porta
São elementos estruturais que permitem que um contêiner seja conectado a outros
recipientes tanto na horizontal quanto na verticalmente, utilizando dispositivos como o twist
lock ou grampos de ponte. Além disso, os moldes de canto permitem que os recipientes de
transporte sejam movimentados de lugar conforme a necessidade. São 04 peças, uma
posicionada exatamente nos cantos do contêiner e possuem 20,5 mm confeccionadas em aço
fundido.
24
O perfil inferior de soleira é constituído por uma seção especial, com reforços
internos para dar rigidez a zonas onde são acopladas as travas de bloqueio da porta. A face
superior do perfil apresenta uma ligeira inclinação para permitir melhor drenagem, conforme
a figura a seguir:
25
Figura 14 - DS
Os perfis verticais de canto são compostos por duas partes, uma interna em forma
de “U” em aço laminado e outra parte exterior de aço dobrado a frio. São soldadas uma à
outra, formando uma seção oca de modo a assegurar a abertura da porta e a resistência
adequada às forças de empilhamento.
Figura 15 - DCP
O perfil superior do pórtico é constituído por uma parte interior em “U” em aço
dobrado a frio com reforços internos e uma parte exterior formada por uma chapa em
aço dobrado a frio, estas são soldadas formando uma seção oca.
Figura 16 - DH
A parede frontal é composta por duas chapas de aço com seção trapezoidal em
toda a sua altura, soldadas formando um painel. Estas chapas compõem a parede frontal.
As faces laterais são compostas por um perfil lateral superior (TSR - Top
SideRail), e por chapas laterais (SW – sidewall). Os perfis superiores (TSR) estão ligados às
peças de canto que ligam os outros perfis superiores (DH e FH).
Figura 23 - TSR
A parede lateral do contentor 40’HC é composta por dez chapas com 1116 mm de
comprimento e uma na zona central com 556 mm, sendo que as chapas situadas nas
extremidades da parede lateral sãos mais espessas (2 mm) que as internas (1,6 mm). São
chapas de aço com seção trapezoidal em toda a sua altura, unidas por
meios de soldadura automática formando um painel único. Para diferenciar as chapas
devido à diferente espessura, designaram-se as chapas mais espessas (localizadas nas
extremidades) por SW1/SW3 e as menos espessas por SW2. Seque o desenho da seção
transversal da chapa metálica.
Figura 26 - SW2
2.2.5 Cobertura
A cobertura é constituída por chapas de aço com seção trapezoidal prensadas nas
extremidades com certa curvatura ascendente, que soldadas juntas formam um painel (roof).
Estas chapas estão soldadas aos elementos superiores (TSR, DH e FH).
Figura 27 - Cobertura
Figura 28 - Roof
Os perfis laterais inferiores são compostos com seção virada para fora para
permitir uma fácil reparação e evitar a corrosão, nas extremidades possuem duas placas de
reforço soldadas. Cada lado do contêiner possui um perfil medindo11841 mm de
comprimento.
Figura 30 - BSR
Figura 31 - BCM1
São 03 perfis transversais deste modelo, com 2350 mm de comprimento cada, que
apresenta um banzo superior mais comprido, a fim de proporcionar a fixação do encontro das
chapas de compensado naval, segue detalhamento da seção transversal:
Figura 32 -BCM2
Localizam-se nas zonas laterais à abertura para os garfos de elevação, por esse
motivo a altura do perfil é ligeiramente menor do que os demais perfis que forma o conjunto
na base do contêiner, são ao todo 14 peças com comprimento de 640 mm, sua seção é
representada a seguir.
Figura 34 - BCM4
Perfil único na composição da base, este perfil tubular que faz a transição para a
zona da abertura dos garfos de elevação, ele tem 2350 mm de comprimento, sendo mais alto
que os demais, por não receber chapas do assoalho sobre sua face superior, ou seja, ele
termina no mesmo nível da face superior das chapas de compensado, possui ainda uma
cantoneira auxiliar soldada nas duas laterais, para a fixação da extremidade da chapa de
compensado.
Figura 36 - BCM6
Composto por uma chapa, cuja seção transversal é representada a seguir, esta
chapa reforça a região entre a abertura dos garfos de elevação, localiza-se junto à face frontal,
um túnel longitudinal de 2350 mm de comprimento.
Figura 37 - fp
Fonte: Silva,2010
Onde:
• Esp. – Espaçamento entre elementos enrijecedores;
• L – Comprimento total da chapa [m];
• A – Área total de uma chapa com espessura “e” e comprimento L [m];
• A’ – Área de um troço de chapa, com comprimento “Esp.” [m2];
• IY – Momento de inércia da chapa com espessura “e” e comprimento L [m4] e
• I’Y – Momento de inércia de um troço da chapa, com comprimento “Esp.” [m4].
Onde:
b – Dimensão segundo Y dos elementos enrijecedores [m] e
h – Dimensão segundo Z dos elementos enrijecedores [m].
40
Todos os perfis que constituem a estrutura do contêiner são perfis dobrados a frio
à exceção da parte interior em “U” dos perfis DCP, que é um perfil laminado a quente.
Esse perfil em “U” é também o único que apresenta um aço diferente (SM50YA), uma vez
que todos os outros perfis são de aço corten (Corten A).
Tabela 5 – Limite de escoamento.
LIMITE DE ESCOAMENTO
MATERIAL
[kg/mm²] [MPa]
CORTEN A 35 343
SM50YA 37 363
Fonte: Silva, 2010.
Fonte: patents/US4854094
Clark, e outros que viram o potencial nesses enormes recipientes, eram à frente de
seu Tempo! Desde abrigos de emergência para soldados até habitação para cidades
densamente povoadas, a arquitetura de contêiner ajudou a preencher uma necessidade urgente
de estruturas acessíveis e sustentáveis.
Nota-se o consenso entre os vários autores pesquisados sobre as vantagens da
reciclagem arquitetônica de contêineres em relação às tecnologias construtivas convencionais,
as quais podem ser listadas como: a modularidade e consequente variedade compositiva; a
leveza da estrutura; a resistência a intempéries; a ampla quantidade disponível; a rapidez na
obra quando comparada à alvenaria; o menor custo de fundação e o apelo sustentável. Além
destes pontos positivos, aponta-se a semelhança com sistemas pré-fabricados, devido ao
menor custo por m² e por sua fabricação em escala, o que acrescenta como vantagens o preço
de consumo e a economia no custo final da obra. Há ainda a conveniência de uso em áreas de
42
Figura 42 - Kertwonen
térmica. Após a finalização dos acabamentos interiores, os contentores foram pintados e revestidos
com painéis de fachada de aço Corten, o mesmo material que o contentor.
Figura 46 - Construção
Figura 52 - Construção
Figura 56 - Cenário 4
Figura 57 - Cenário 5
3.1 ARQUITETURA
3.2 CARREGAMENTOS
O peso próprio dos perfis metálicos foi definido, considerando o volume de aço
igual a 7850 kN/m³, admitindo a área total de cada seção para determinar o respectivo peso
próprio por unidade de desenvolvimento linear dos mesmos.
Para este projeto, foi adotado o revestimento de porcelanato em toda a área interna
da edificação, os valores adotados foram os seguintes:
• Porcelanato 9 mm = 0,30 kN/m².
• Argamassa de Assentamento:
Espessura = 0,01 m
Peso específico = 19 kN/m³
Somatória = 0,01 m x 19 kN/m³ = 0,19 kN/m².
• Contrapiso:
Espessura = 0,04m
Peso específico = 21 kN/m³
Somatória = 0,04m x 21 kN/m³ = 0,84 kN/m².
Carga total aplicada 1.33 kN/m²
3.2.1.5 Varanda
Na cobertura dos contêineres 5 e 6, teremos uma área com deck de madeira feito
com a estrutura completa do assoalho de dois contêineres.
Fonte:ecotelhado, 2017.
57
O modulo da caixa d’água terá 10m², será em light steel frame apoiado sobre um
dos assoalhos dos contêineres que estão localizados na cobertura, a cobertura em telha de
fibrocimento é escondida por uma platibanda de 1m, este modulo abrigará um reservatório
com capacidade 2000 lts.
Carga do reservatório
O vento é uma das principais cargas acidentais que pode atuar sobre a
estrutura das construções. Em se tratando de uma estrutura metálica (leve), o vento
tem um papel muito importância e deve ter sua devida atenção. Para definir os carregamentos
de vento que atuam na edificação estudada foi utilizado o software VISUALVENTOS versão
2.0.2. O programa utiliza como base em seus cálculos as recomendações da NBR 6123/1998.
59
programa 2D Ftool para realizar esta análise, foi necessário separar o contêiner em 04 faces,
duas laterais que serão demonstradas a seguir, ficando a análise da frente e a região da porta
para o final do capítulo. O dimensionamento será feito a luz das normas, NBR 14762:2010 –
Dimensionamento de estruturas de aço, NBR 8800 – Projetos de estruturas de aço e de
estruturas mistas de aço e concreto de edifícios, NBR 6120 Cargas para cálculo de estrutura
de edificação.
Figura 69 – posicionamento contêiner e faces.
3.3.1 Unidade n° 12 e 11
Estas duas unidades estão localizadas no terraço, onde será instalado um telhado
verde, sendo que a unidade 11 terá o incremento de carga dos reservatórios de água. Nas
combinações de ações, seguindo orientações da NBR 14762:2010, utilizou-se a carga
acidental de 2 KN, que se refere a terraços sem acesso ao público. Primeiramente foi
analisada a possibilidade de utilização do teto do próprio contêiner como estrutura de apoio
para o telhado verde, o que na análise das cargas atuantes na estrutura, mostrou grandes
deformações, que exigiriam uma grande intervenção estrutural nestas duas unidades,
descaracterizando o modelo arquitetônico.
66
3.3.2 Unidade n° 09 e 10
Estas duas unidades estão localizadas no terraço, onde será usado o assoalho
original do contêiner como deck de madeira. Nas combinações de ações, seguindo orientações
da NBR 14762:2010, utilizou-se a carga acidental de 3 KN, que se refere a terraços com
acesso ao público.
de piso têm seu limite de deformação em L/350 sendo o valor encontrado maior que esse
referencial, portanto foi necessário um reforço lateral junto ao perfil BSR conforme
detalhamento a seguir.
Figura 79 - Perfil U Laminado 6”.
3.3.3 Unidade n° 08
A solução encontrada também neste caso, e nos demais que seguirão sendo
analisados, foi reforçar a estrutura na região dos cortes (grifados em vermelho - perfil
TR100x60) e criar dois apoios (grifados em verde – perfil W150x22,5) que suportariam as
cargas do telhado verde e da própria estrutura desta face. Esses dois apoios partem da
fundação até o telhado.
3.3.4 Unidade n° 07
3.3.6 Unidade n° 05
3.3.7 Unidade n° 04
3.3.8 Unidade n° 03
3.3.9 Unidade n° 02
Para garantir o vão no ambiente interno foi colocado uma viga direcionando as
cargas para os reforços laterais, grifado em azul W250x67. Além de sapatas para apoiar a viga
do piso.
3.3.10 Unidade n° 01
Para garantir o vão no ambiente interno foi colocado uma viga direcionando as
cargas para os reforços laterais, grifado em azul W250x67. Além de sapatas para apoiar a viga
do piso.
3.4 FUNDAÇÃO
Uma das características desse sistema construtivo são fundações diretas tipo
sapata isolada. As cargas são leves comparadas com concreto armado. No dimensionamento
das sapatas tivemos a maior carga aplicada de 135 kN e a menor de 25 kN o que demonstra
realmente que a estrutura pode ser considerada leve.
Para o trabalho apenas dimensionamos a sapata com a maior carga aplicada. Sapata
esta que receberá a contribuição de uma porção de seis contêineres simultaneamente.
99
Para melhorar o entendimento dos reforços foi elaborada uma volumetria no software
Sketchup, segue imagens.
Figura 137 - Detalhe dos reforços no contêiner
4 CONCLUSÃO
Um dos pontos entre vários que são importantes, está a grande rapidez na
construção. O custo da obra pode ficar em média 30% mais barato que uma construção
convencional e na maioria dos casos uma simples fundação resolve, o que mantém a
permeabilidade do solo. Há ainda a possibilidade de construir por módulos conforme a
possibilidade do cliente, e também transportar a casa toda para outro lugar sem precisar fazer
uma mudança. Além disso, o contêiner tem mais uma vantagem que é formidável e justifica
todo trabalho de inovar: a sustentabilidade.
Na construção civil estima-se que para confecção de 1 metro cúbico de concreto,
sejam utilizados entre 160 e 200 litros de água e, para a construção das paredes, em média 30
litros por metro quadrado. Não bastassem, construções em alvenaria utilizam muitos tijolos,
feitos com queima de argila e emissores de uma quantidade enorme de CO² na atmosfera
durante o processo de fabricação. Esse desperdício é praticamente inexistente em uma casa
contêiner.
Em visita a empresas que vendem esse modelo na região, verificou-se a falta de
uma análise mais criteriosa a respeito das intervenções realizadas na estrutura do contêiner.
Os reforços são feitos de forma empírica, sem um embasamento científico e sem seguir
alguma norma técnica. Portanto, existe pouca mão-de-obra realmente especializada na
construção utilizando contêineres, sendo um nicho de mercado a ser explorado pela
engenharia civil.
As grandes deformações encontradas quando se retira muita área de aço da
estrutura, exigiram reforços estruturais importantes, o que causa preocupação quando não se
usa os critérios de segurança na utilização deste modelo de construção. A falta desta
preocupação, por tratar o contêiner como um elemento super-resistente a esforços pode
ocasionar problemas futuros que podem prejudicar e desqualificar a técnica.
Os elementos estruturais que compõem um contêiner não são comerciais,
dificultando, de certa forma, a análise da estrutura. Isto exigiu uma grande pesquisa para obter
valores de referência para o estudo. A falta de uma norma técnica específica brasileira para
construção de casas contêineres, também se tornou um agente desfavorável do processo.
Para o futuro será necessário dimensionar os parafusos, soldas entre outros que
não abordamos neste trabalho devido ao curto tempo de desenvolvimento. Também será
necessário a introdução de um software de analise 3D para resultados mais precisos.
102
REFERÊNCIAS
NBR 8800 – ABNT- Projetos de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de
edifícios.
PINIWEB. Casa de 240 m feita com contêineres e inaugurada no Paraná. Disponível em:
http://piniweb.pini.com.br/construcao/arquitetura/casa-de-240-m-feita-com-conteineres-e-
inaugurada-no-276965-1.aspx Acesso em: 12 out. 2017.
ANEXOS
105