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É proibida a reprodução total e parcial desta obra, de qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico,
mecânico, inclusive por meio de processos xerográficos, incluindo ainda o uso da internet, sem
permissão de seu editor (Lei 9.610 de 19/02/1998).
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação do autor qualquer semelhança com acontecimentos reais é mera coincidência.
To dos os direitos desta edição reservados para a autor.
Sumário
Obcecado ou apaixonado por ela?
Pesadelos
Coisas concretas
Algumas decisões
Lane Me escuta
Minha
Nível 11 da atração
Submisso, dominador, Condessa!
Momentos felizes
Filho
Rendido
Quero cuidar de maria
Medo, agência, passado você!
Entregue a Maria
Nível 12 da atração
Entregue a mim
Nível 13 da atração
Escolhas necessárias
Maria é linda
Danças
Pedidos aceitos
Nível 14 da atração
Meu lar
Prazer com ela
Nível 15 da atração
Medos e partidas
Ela me ama
Dias sem ela
Não consigo ficar longe
Chegada
Estresse
Coisas ótimas
Novidades
Nível 16 da atração
Bebês
Ela se esconde
Nível 17 da atração
Coisas que devem ser ditas
Nível 18 da atração
Nível 19 da atração
Outras brigas
Nível 20 da atração
Grato
Medo aniquilador
Nível 21 da atração
Nomes que não devem ser ditos
Não tem volta
Onde as coisas devem ficar
Nível 22 da atração
Nível 23 da atração
Última despedida
Pai
Que o mês acabe logo
Nível 24 da atração
Louco
Novo futuro
Nível 25 da Atração
Indo para casa
Fim da atração
Obcecado ou apaixonado por ela?
Acabei por trazer o livro de Maria comigo, consegui ler algumas
páginas durante a viagem, mas não me concentrava, Orgulho e preconceito...
isso é muito a cara dela..., mas por bem ou por mal tudo me lembra Maria.
A casa dela ficou para trás ontem pela manhã, e lá eu deixei meu
coração, as lembranças, não consegui olhar para trás porque aquilo me
machucava, me doía saber que eu precisava ir embora.
Deixei Maria no Brasil e vim para América.
Tive que vir, e isso foi mais como uma obrigação dolorosa que tudo,
também por que eu preciso pensar com mais cautela em tudo, ainda que
dentro de mim tudo doa quando me lembro dela. Abandoná-la foi um
sofrimento, mas precisava vir, não havia outro jeito, papai precisava me ver,
ao menos para que se preocupasse menos.
Durante toda a viagem fiquei me lembrando dos momentos em que
ficamos juntos, de tudo o que sentia, de todas as nossas conversas, do sorriso
dela, do toque dela, do quanto Maria me é querida, ter que deixá-la para trás
foi terrível, e saber que agora estou a milhares de quilômetros dela me tortura
lenta e profundamente.
Mas não sinto que isso seja ansiedade, desejo, nem atração, nem
mesmo um fetiche—coisa que cheguei a pensar que fosse—eu apenas a amo
tanto que dói quando não a tenho por perto.
As palavras de Alejandro deixaram uma pequena dúvida em mim, me
questionava se estava ali por que queria ou por que tinha medo de ficar só,
pois desde que a conheci meus dias tem sido muito diferentes de todos os
dias da minha vida, mas só me vinha a cabeça a ideia de que Maria era o meu
tudo—e ainda é—e eu a queria para sempre ao meu lado.
Não consegui comer.
Não consegui dormir.
Não conseguir ficar quieto.
Eu só pensava nela, em estar com ela, com Fernando... como eles
ficariam aqueles dias? Como ela ficaria?
Eu sei que ela se magoou muito quando eu disse que partiria, eu sei
que a machuquei com a notícia, mas não queria ir embora sem que ela
soubesse daquilo, depois que eu falei que partiria havia tanta decepção em
Maria, tanta mágoa, apesar dela não admitir eu sei que ela gosta de mim, eu
sei que ela me quer por perto, e isso nem Alejandro nem ninguém vai fazer
com que eu questione.
Eu apenas não sei se sou suficientemente bom para ela, se toda essa
merda de medo um dia vai passar, se ela se sujeitará a tudo sem temer ou sem
se sentir humilhada.
Depois que eu dei a notícia ficamos em silêncio na sala, Fernando se
juntou a nós dois, mas Maria estava calada e distante, e eu tentei abafar toda e
qualquer sensação ruim dentro de mim, fiz o que sempre soube fazer de
melhor, ser frio, fiquei na minha, por que eu sabia que se desse alguma
brecha e ela me pedisse para ficar eu ficaria, e estando lá ao seu lado não me
permitiria ver tudo com alguma clareza, bem, de nada adiantou, ainda vejo
tudo turvo.
Os sentimentos não acabaram, as sensações não foram embora do
meu corpo, mas eu ainda não sei se isso é realmente somente o amor,
Alejandro me fez acreditar que tudo isso é um tipo de dependência muito
forte, cheguei à conclusão que sim, mas também estou apaixonado por Maria,
me apeguei ao filho dela.
Dirijo em silêncio rumo a casa do meu tio, não coloco os pés naquele
lugar a anos, mas sei que ele se preocupa comigo, e o máximo que
encontrarei lá é ele e Mirna.
Me lembro agora da rejeição de Maria a ideia de que eu viesse
embora, da forma seca na qual me tratou e fico me indagando sobre tudo,
mas não chego a resposta alguma, por que apesar de termos ficado juntos
todo esse tempo, em nenhum momento ela demonstrou que realmente me
amava, eu sei que ela não me ama, e isso é... não sei explicar como me sinto,
mas queria realmente que fosse diferente, que ela fosse um pouco mais
carinhosa comigo, atenciosa...
Queria que ela me compreendesse!
Eu queria me entender!
Estou com a cabeça cheia, lotada, preciso descansar, preciso dormir e
comer, mas não consigo.
Pedi a Sarah que falasse para Maria sobre a minha viagem, dei a
desculpa de que precisava resolver algumas coisas na empresa, mas apenas
isso, não tive coragem de mentir para Maria, se bem que não é exatamente
uma mentira, é apenas uma pequena parte da verdade. Também deixei uma
boa quantia em dinheiro, e pedi a Olaf que ficasse para cuidar dela.
Quero que Sarah compre tudo o que Maria desejar, roupas novas para
ela e Fernando, quero que ela faça compras para casa dela, que ela compre
tudo para que Maria fique bem esses dias durante a minha ausência.
Sandy já deve ter começado a cuidar de Maria, nessas alturas elas já
devem estar treinando, olho pelo vidro escuro e percebo que já cheguei a casa
de papai, fico olhando para o volante alguns momentos, ainda é muito cedo,
Olaf deixou o meu carro no aeroporto, esta foi a primeira vez em anos que eu
vim basicamente só de um lugar para outro, e por mais incrível que pareça,
não enfartei pelo fato de pegar trânsito, nem fique tão receoso de que me
visse através do vidro do carro.
—Medroso de merda!
Respiro fundo.
Saio do carro arrumando o terno, meu celular vibra dentro do bolso e
verifico as mensagens... Denzel Alejandro.
—Ora, ora se não é o meu irmãozinho pau no cu destruidor de
corações!
Leio as mensagens.
"Eu fiquei no Rio, só por segurança mesmo"
"Espero que não dê um chilique"
"Já chegou?"
Conheço Alejandro, ele não ficou para cuidar de ninguém além dele
mesmo, me contrário, mas nem sei se vale apena, para mim ele já tinha
voltado com Júlia e Gil.
"Não se aproxime demais da minha mulher Alejandro ou eu arranco
o seu pau fora"
Dois segundos depois e uma imagem carrega, é a imagem de Maria,
ela está sentada na mesa da cozinha com Sarah e Sandy, verifico o relógio de
pulso, aqui ainda é muito cedo, mas apenas de ver a foto dela já me sinto
aliviado.
"Me dê notícias, e fique longe da Sarah, ela não é para você"
"Ok"
—Como se eu acreditasse.
"Cuide para que ela fique bem e se exercite, não deixe ninguém se
aproximar dela"
"Você não quer que eu coloque uma coleira nela Jack?"
"Cuida da sua vida Alejandro, não te pedi para ficar"
"Está magoado comigo, entendo, só estava magoado, você já está na
casa do papai?"
"Já, até"
Coloco o celular no bolso e vou para casa do meu pai, respiro fundo
antes de tocar a campainha, depois que toco escuto o som dos passos da
bruxa, assim como apelidei carinhosamente a esposa do meu tio a alguns
anos.
Mirna abre a porta, ela usa um vestido de cor cinza comprido, os
cabelos loiros estão presos num coque ensopado de gel, ela parece meio
surpresa em me ver, por certo por que não coloco os pés nessa casa a anos,
desde o dia em que ela começou a colocar todos contra mim, Mirna não
aceita que o filho do jardineiro coloque os pés na casa grande, acho que eu
tinha uns dezessete anos na última vez que vim aqui.
Entro sem cumprimentar, acho que funciona bem melhor assim entre
eu e ela, nos odiamos, e ela não é a primeira a pegar a fila por não gostar de
mim, ela e todo o clã dos Carsson's me odeiam.
Vou para sala onde encontro papai sentado em sua poltrona com um
jornal na mão, ele me olha sob os óculos, mas parece bem mais que surpreso
com a minha visita.
—Benção papai!
Me aproximo e seguro sua mão, papai fica meio assim, acho que ele
ainda não acredita que eu esteja aqui, mas enfim, eu sei que ele não está bem.
—Deus o abençoe filho.
Me afasto e me sento no sofá perto da poltrona dele, olho envolta, a
casa não mudou muito nesses anos, Mirna nunca foi do tipo vaidosa, ela é
muito simples na verdade, sei que ela já deve ter ido na cozinha igual a uma
camela preparar um café, ao menos educada ela sempre foi.
—Onde estava filho? você desligou o celular, fiquei preocupado.
—Fui ao Brasil, conheci a família de Maria, o filho dela.
Não tenho vergonha, não tenho medo, mas não queria que papai
ficasse preocupado comigo, sei que sou um empecilho na vida dele desde que
nasci.
—Você não está bem Jack!
—Estou sim pai, só preciso dormir um pouco.
—Tem um quarto desocupado...
—Posso dormir num hotel.
—Jack, não acha que é hora de esquecer essa rixa?
—Pai eu vim para ver o senhor, o senhor está bem?
—Fiquei muito preocupado, você não pode fazer isso com o seu velho
pai Jack.
—Me desculpe pai, eu apenas queria muito poder conhecer mais a
família de Maria.
—E como ela está?
—Bem.
—O menino gostou de você?
—Acho que sim.
Coço a nuca, papai fica me olhando e percebo que ele realmente se
interessa por meu casamento, por minha felicidade, ele sabe que eu não estou
bem, já não sou normal, agora longe dela... fico muito pior.
—Por que não a trouxe?
—Ela tem uma vida no Brasil pai, o filho dela.
Papai parece meio confuso, desvio o olhar e dentro de mim, o coração
começa a doer.
—Não sei se isso dará certo pai, não sei se sou homem para assumir
uma família, uma mulher.
—Mas você estava tão convicto de que iriam ficar juntos! Maria
parece uma boa moça Jack, eu gostei dela.
—Alejandro acha que ela não vai se acostumar comigo...
—Ela não tem que se acostumar com você Jack, ela precisa gostar de
você meu rapaz.
—Pois é pai, mas nem isso tenho certeza de que ela sente.
—Alejandro não deveria ter te dito isso.
—Me serviu para pensar se realmente devo ficar com Maria, somos
muito diferentes... sinto que a venço pela minha teimosia, não sinto que haja
motivos para que ela me queira...
—Você a ama filho?
Não penso duas vezes antes de responder, mas sou sincero.
—Eu a amo, mas também sou obcecado por ela.
Papai não se surpreende, ele sabe que sou doentio às vezes.
—Então tem motivos para que ela te queira Jack.
—Mesmo eu sendo um louco escopofóbico?
—Ela não sabe disso?
—Sabe pai, mas...
—Então ela está com você porque o ama, nenhuma mulher se
submeteria a algo assim sem ao menos gostar, talvez nem mesmo por
interesse!
Fico calado absorvendo as palavras do meu pai, ele é um homem
sensato e sincero, e não sei de fato por que dei ouvidos a Alejandro.
—Sabe o que tem que fazer não sabe?
Fito papai e faço que sim com a cabeça, me levanto e vou até ele com
um sorriso, beijo sua cabeça, e papai sorri aliviado.
—Diga a bruxa que deixo lembranças amargas!
A última coisa que escuto quando saio da sala é a risada alta do meu
pai, preciso resolver tudo, em breve estarei novamente do lado da minha
mulher, o lugar onde devo estar, com Maria.
Meu celular vibrou mais cedo, e logo que abri o visor me vi sorrindo,
contudo, enquanto lia a mensagem meu sorriso foi desaparecendo.
"Oi, bom dia Jack, espero que as suas reuniões sejam proveitosas,
faça muitos novos negócios e que ganhe muito mais dinheiro do que tem, sim,
fui ao médico, e o Fernando está muito bem, eu também, tenha um ótimo dia
de NEGÓCIOS"
Tentei me manter calmo diante do desgosto, eu inclusive já estava
guardando tudo na mochila, me sentia feliz em saber que Maria me
respondeu depois de horas em silêncio, lotado de trabalho, adiantando tantas
coisas, se ela soubesse o quanto eu estou com saudade não teria me mandado
algo assim.
Respondo também sem um pingo de paciência.
"Infelizmente não posso me dar ao luxo de ignorar a minha vida por
sua causa"
"Você disse que não vai me largar e me prendo a isso, precisa saber
suportar algumas situações e essa é uma delas, enquanto não decidir vir e
ficar perto de mim"
"E terceiro, trabalho duro todos os dias, não se refira a minha
profissão assim, você está me desmerecendo, está sendo uma completa
infantil e grossa"
"Por último ressalto a insignificância do seu comentário pois não
acrescentou em nada a minha vida ou o meu dia, tenho mais o que fazer, até"
Guardei meu celular na mochila e fui tomar meu banho.
Mal consigo pensar direito, minha cabeça está tão lotada, não durmo a
quase dois dias, desde que vim embora do Brasil para cá ela é a única coisa
que domina meus pensamentos, seu nome vem e vai em minha cabeça, e não
consigo pensar com tanta exatidão imaginando que talvez ela esteja tão longe
de mim, e tudo o que eu ganho é um "você só pensa em seu trabalho"
Admito que vem sendo assim a muito tempo Maria, admito que o meu
trabalho tem sido minha maior prioridade, mas você tem tomado muito mais
espaço na minha vida do que qualquer outra coisa.
Não deveria ser assim, eu deveria me amar assim como Lane fala,
só que não consigo!
Infelizmente o pior de tudo é saber que nessa merda de vida tenho
consciência de tudo o que fiz, tudo o que sou, e eu sou assim.
Sou uma droga de rejeitado que mal sabe como lidar com as
merdas dos medos que sente, que assusta as pessoas, que sempre prefere
estar só, e que não suporta os olhares de ninguém, nem os da própria
mulher.
Não encaro nada disso como uma fuga, nem como algo que quero.
Tive que vir para resolver as coisas na empresa, mas ela não entende,
não somente isso, mas precisava muito falar com papai, eu sei que talvez seja
difícil para ela, mas para mim também está sendo péssimo ficar longe.
Terminei o banho, mas não fiz a barba, me olhava no espelho e sentia-
me vazio...
Talvez seja isso, ela vem preenchendo tanto a minha vida com sua
presença que nada à minha volta faz sentido sem ela... foi assim com
Condessa, e eu havia prometido para eu mesmo que nunca mais permitiria
que mulher alguma se tornasse o meu tudo, mas foi isso o que aconteceu,
numa velocidade tão grande que me sinto machucado com qualquer coisa que
ela me fale.
Preciso falar com a Lane, parece que a única pessoa na face da terra
que ainda se preocupa comigo—além do meu pai—e ainda se importa, é ela.
Liguei para o piloto.
E logo que me sequei me vesti, meu próximo destino.
—Nova York.
Suspirei, mas não chequei o celular.
—Depois Brasil.
Lane Me escuta
—Oi Lane!
Lane ergue o olhar logo que entro no consultório.
Ela está no notebook, a recepcionista dela recua com seu olhar, eu sei
que ela já encerrou o atendimento, eu já sei que por hoje ela não atenderia
mais ninguém, contudo acho que para mim ela abre uma exceção, Lane
sempre abre uma exceção para mim.
A recepcionista dela sai da sala e fecha a porta atrás de si, Lane me
olha, seus olhos verdes pairam sobre mim e ela sorri, tornou-se depressa,
muito mais uma amiga do que minha psicóloga.
Ela levanta e indica o sofá. Faço terapia com a Lane já a algum
tempo, ela sabe de toda a minha vida, ou ao menos algumas coisas, algumas
outras eu ainda não tenho tanta segurança para falar, tenho receios, sei que
ela é psicóloga e não desmereço metade dos diplomas que ela tem na parede
atrás de sua mesa, mas algumas coisas sobre mim, somente eu e Deus
sabemos.
É melhor assim.
A viagem até aqui me chateou bastante, acredito que eu deveria ter
avisado, mas estou absolutamente impaciente, já tomei alguns remédios para
me acalmar mas não consigo, Lane se senta na poltrona de frente para o sofá
onde costumo me deitar, mas desconfio que ainda sim não consiga relaxar.
—Eu estou apaixonado Lane!
Ela me olha totalmente surpresa, pega seu caderno de notas e a caneta
costumeira, Lane usa uma saia lápis e uma blusa de rendas escura, o terninho
está pendurado na cadeira, seu consultório fica afastado do centro num prédio
de dois andares, a vizinhança é tranquila e silenciosa, tenho vindo aqui pelo
menos uma vez no mês desde que nos conhecemos, claro que as
circunstâncias nas quais nos envolvemos foram meio estranhas na época, mas
hoje tudo o que mantemos é amizade.
Apenas isso, e o vínculo profissional é claro.
Não conseguiria ver a Lane de uma forma diferente a esta.
—Sério?
—Bem mais que sério, nos casamos em Vegas e ela está no Brasil.
—Você? Se casou em Las Vegas com uma Brasileira?
—É!
Vindo de mim, isso é realmente algo surpreendente, mas Lane apenas
sorri e volta para as suas anotações, minha visita será bem rápida.
—Ela me enlouquece.
—E está apaixonado? Desde a última vez que conversamos você
estava mantendo-se bem longe de todo o mundo.
—Ainda faço isso, mas Maria é diferente, ela tem um filho.
—Ok.
Lane sorri, os cabelos castanhos fazem ondas que caem dos lados dos
ombros dela, usa um salto alto que a deixa muito mais elegante do que
sempre é, ela é uma mulher negra e linda, mas o que acho mais atraente em
Lane sempre é o sorriso dela.
—Tem visto Condessa?
—Não, vi ela a alguns dias atrás.
—Você sumiu!
—Eu fui ao Brasil visitá-la, desliguei meu celular e fiquei meio que
incomunicável.
—Permite que ela te veja?
—Não!
—Isso será bem complicado...
—Ela não se importa Lane, me apaixonei tão rápido que me sinto
tolo, não sei o que fazer sobre isso.
—Deixa as coisas acontecerem Jack...
—Quero me entregar Lane, quero ser normal!
—Jack você é normal — observa ela me olhando com dureza. —
Quanto a esposa vai devagar, talvez isso assuste ela.
—Mais?
Passo a mão nos cabelos.
—Talvez não seja amor Jack... talvez seja apenas um marasmo.
—Eu saberia se fosse apenas empolgação Lane, eu só não sei lidar
com ela.
—Por quê?
—Ela meio que rejeita os meus sentimentos.
—Sério?
—Ela tem medo da minha doença e eu não sei como lidar com isso.
—Disse que ela não se importava.
Gosto da Lane porque ela me entende na velocidade dos meus
sentimentos, dos meus pensamentos, ela não fica enrolando, é direta como eu.
—Ela não se importa em não olhar, mas isso a deixa com receio de se
entregar a mim.
—Talvez ela não o ame...
—Ela me ama Lane, o sentimento é recíproco.
—E ela te satisfaz na cama?
—Como nenhuma outra, Maria é incrível!
—Ela já sabe sobre Condessa?
—Mais ou menos.
—Sabe que não pode esconder isso dela.
—Eu sei Lane, eu vou contar toda a verdade para ela, estive sem
tempo, só queria conversar com alguém, estava ficando sufocado.
—Não fique assim... você está tomando os calmantes?
—Tive muitos pesadelos, acho que é porque ela está longe.
—Jack... calma!
Odeio quando me mandam ficar calmo.
Calma é o caralho!
Respiro fundo, eu sei que ela não tem culpa por eu estar super
ansioso.
—Tá — sorrio. — Eu a amo Lane, isso é tão... estranho e bom, ela me
deixa louco, é teimosa e ela é tão briguenta!
—Parece que você está se auto descrevendo — Lane sorri de volta,
mas apenas neutra. — Quer um chá?
—Estou sem tempo, meu voo para o Brasil sai em meia hora, só
passei para te ver Lane, me deseje sorte está bem?
—Claro.
Me aproximo dela e dou um beijo na cabeça, depois sorrio, e começo
a me afastar para o rumo da porta.
—Quatrocentos dólares Jack, você veio fora do meu horário de
atendimento, mas te dou um desconto, você nunca deixou a Dolores te ver.
—Faço a transferência na segunda.
Saio do consultório e escuto uma risadinha de Lane, realmente, nesse
tempo todo nunca permiti que Dolores sua recepcionista me visse, por isso
talvez ela tenha se assustado com a minha chegada.
Passo por ela e a mulher fica me olhando com espanto, desço pela
saída de incêndio — que costumo usar — e quando saio, o carro já está a
minha espera, quase não converso com esse motorista durante o percurso até
o aeroporto, é um dos homens de confiança de Olaf.
Alguns minutos depois me vejo embarcando, consigo comer uns
biscoitos e chá, depois vou para cabine, consigo dormir por algumas horas, e
quando desperto me sinto grato por não ter tido nenhum pesadelo, mas é só.
O sono se vai, e eu pego meu celular na mochila sentindo-me mais
tranquilo para conversar com Maria.
Desbloqueio a tela sem pressa.
—Ela está digitando!
Como eu sou idiota, simplesmente sorrio, começo a digitar também.
"Ah, você decidiu falar com o homem de negócios?"
"Sua grossa"
Não consigo me controlar.
"Jack você sempre tem crises de raiva comigo, claro, mudou bastante
esses dias, eu sinto muito a sua falta e fiquei magoada que tenha ido sem dar
explicações, você é o meu marido e tem que ficar do meu lado, é a sua
obrigação"
Jamais veria você como uma obrigação Maria!
Que ideia mais absurda do caralho.
"Não pude ficar e sinto muito por isso"
"Sinto sua falta"
Meu coração bate absurdamente no peito.
"Você precisa ter paciência"
"Ah é? E você? Você me atormentou tanto para que eu o quisesse,
veio aqui, me comeu e foi embora"
"Maria não seja dramática"
"Eu quero VOCÊ"
Sorrio.
":)"
"Odeio você Jack"
"Maria precisa saber esperar, para mim também está sendo um
grande desafio, sinto sua falta, mais do que qualquer outra coisa, é
TORTURANTE ficar longe de você e me sinto MACHUCADO com isso"
Não é possível que ela não entenda.
"Tá bem, mas eu queria muito que estivesse aqui comigo"
"Eu sei vida, eu também quero"
"Não se faça de santo"
Envio um desses emojis com chifres sorrindo, simplesmente não
quero brigar com ela, não quero me distanciar dela, é horrível ficar brigando
com Maria em qualquer sentido que seja.
"PRECISO MESMO TRABALHAR, fique bem bebê"
"Tá bem"
Ela começa a digitar, e pela demora, já imagino que seja uma pequena
ofensa, ou alguma acusação.
—Mulher teimosa.
Mas já ganhei meu dia em saber que ela sente falta de mim, que
ela me quer por perto, é um claro sinal de que gosta de mim, de que me
ama.
Eu sei que sim.
A mensagem chega e eu a leio depressa.
"Jack me desculpe se eu fui grosseira de alguma forma com você, não
foi minha intenção ferir seus sentimentos, sei que você trabalha muito e
entendo isso, mas só queria que soubesse que me sinto mal por você estar
longe da gente, sinto sua falta e ficar longe de você é um grande DESAFIO,
nos apegamos a você, Nando está com saudades, eu não consigo parar de
pensar em você um segundo desde que você foi embora, gosto muito de você.
Com minhas sinceras desculpas, Maria!"
Termino de ler e me sinto tentado em responder, mas não respondo.
—Vou deixar para falar pessoalmente.
Olho envolta.
É muito bom estar aqui, acho que todos na casa dos pais dela já estão
dormindo pois lá está absoluto silêncio, Maria deixou sua casa bem
organizada, tudo no canto, tento conter os sorrisos nos meus lábios, a forma
como meu coração se acelera.
Não consigo me conter, é tão bom estar aqui de novo... meu lar.
Meu verdadeiro lar.
Alejandro já telefonou avisando que ela saiu, não chequei minha caixa
de e-mail para verificar as mensagens do dia, mal consigo acreditar que
realmente cheguei, logo que o avião aterrissou eu só pensava em como ela
reagiria ao me ver... bem, ver não, mas estar comigo, quero ver o menino,
quero poder abraçá-los, Nando e Maria... minha família.
Deixo minha mala num canto do quarto dela, observo através da
janela a noite iluminada no Rio, acho que não me importaria de morar aqui,
parece ser um lugar mais tranquilo, mas sei que não posso me dar ao luxo de
ficar aqui, seria bem arriscado caso alguém soubesse quem eu sou.
Também não quero que Maria more em qualquer lugar, nem ela nem
o meu menino, quero os dois num lugar onde sei que terão mais conforto e
espaço, um canto onde Maria terá lazer, segurança, lá eles dois terão dias
mais sossegados e mais tranquilos longe da violência dos bairros mais
periféricos.
Me sento na cama e fico por momentos olhando o porta retrato que
está na cabeceira, Maria ao lado de Nando quando ele ainda era uma criança,
juntamente com Sarah, ambas sorriem, Maria usa uma calça jeans e uma
camiseta e Sarah shorts e uma regata, Nando é uma criança pequena de uns
seis anos ainda, cabelos cacheados e olhos vívidos, ele usa uma botinha —
sua bota — na perna e um calção vermelho, sorri para câmera...
Quero muito fazer parte disso, quero muito poder viver com ambos,
farei o possível para que os dois tenham do melhor, cuidarei deles, sei que
agora no começo tempo será bem complicado, mas vou sim fazer de tudo
para vir no Brasil com frequência, nem que para isso tenha que arrumar mais
sócios ou colocar Alejandro na administração da BCLT junto com mais
alguém de confiança.
Sem eles eu não fico mais.
Escuto o som de passos, depois o barulho da porta da frente, fico em
alerta, na verdade apavorado, ainda que me sinta um grande tolo por isso, não
sei se estamos prontos para isso, quero falar com ela primeiro, quero estar
pronto em todos os sentidos.
Ainda não estou completamente pronto, tem momentos em que
me sinto forte e em outros pego pelo medo... ainda suscetível, não! Maria
Ainda não pode me ver!
—Estou morta — escuto Sara falar.
—Nunca mais me leve naquele lugar escuro.
É a voz dela... Minha Maria.
—Boa noite Duda.
E os passos se aproximam do corredor do quarto, deixei a porta
aberta, me afasto em silêncio para o banheiro, esta é a minha única saída, não
esperava que ela chegasse assim do nada, Sarah nem me chamou no chat para
avisar... também não avisei para Sarah que cheguei aqui, acho que a última
mensagem que trocamos eu estava fazendo desembarque.
Logo seus passos se aproximam, Maria entra no banheiro, eu a
observo em meio a semiescuridão de costas para mim, não resisto.
—Senhora Carsson.
Ela se assusta, não me importo, eu a abraço e sinto o cheiro
inconfundível de seu perfume, parece que o meu coração está se enchendo
novamente de tranquilidade e paz, ao mesmo tempo que um alívio percorre
todo o meu corpo, ela se vira, e pula em cima de mim me apertando com
força pelo pescoço, também devolvo o aperto com todo o amor que tenho
dentro de mim, Maria também me cheira e a sinto física e emocionalmente
bem próxima de mim.
Mais que tudo.
Me inclino e colo a testa na dela apertando os olhos, cheiro seu nariz,
ela sorri.
—Você está aqui.
—Claro que estou.
Lágrimas caem pelas faces dela, isso me machuca e ao mesmo tempo
me deixa um pouco feliz, ela sentiu minha falta, Maria tem sentimentos por
mim.
—Não chore — peço baixinho.
—Me desculpe por hoje, me desculpe por...
—Esqueça isso.
Ela me beija, me encho de vontade e essa sensação gostosa pelo meu
corpo, senti falta da boca da minha mulher, desse jeito, ainda que chore eu a
correspondo, mas nosso beijo é louco e intenso, um beijo que exprime nossa
frustração em ficarmos longe um do outro.
—Fugi um pouco — digo e abraço ela com mais força. — Não chore.
—Me desculpe, não... não precisava vir.
—Eu não estava mais aguentando um segundo.
—Como chegou aqui tão rápido?
—Já estava a caminho.
Ela sorri e me beija novamente, sentimos muita falta um do outro, e se
antes eu tinha alguma dúvida sobre seus sentimentos por mim elas foram
sancionadas nesse momento, Maria sente algo por mim, nem que seja
carinho, ainda que ela esconda isso, eu a puxo e vamos nos beijando para o
quarto, ela mantém os olhos fechados, chora, deixo seus lábios e desço para o
seu pescoço, ela me puxa e me beija com mais vontade que nunca... também
sentiu falta de outras coisas pelo visto, tanto quanto eu, a atração começa a
queimar meu corpo, aperto seus quadris contra os meus.
—Eu estou sem camisinha.
—Ah, eu não quero fazer sexo com você Jack, só queria mesmo te
sentir junto de mim.
—Entendi.
Rio e ela também, a mantenho em meu abraço, mas ela não me larga.
—Vida.
—Hum.
—Você está me deixando sem ar.
—Ah, desculpe.
Ela me solta e eu a puxo de volta, seu sorriso é evidente e cheio de
felicidade, lábios cheios e avermelhados pelos meus beijos, suas mãos tocam
a gola da minha camisa depois minha gravata.
—Estou faminto — estou sussurrando em seu ouvido. — Muito
faminto.
—Acho que posso te dar... alguma coisa.
Ah, Mulher...
Ela me provoca... ela quer tanto isso quanto eu quero, eu a empurro e
Maria cai deitada na cama rindo bastante disso.
—Você precisa de uma lição.
Minha voz tem tom de ameaça.
—Eu?
Maria zomba de mim.
—É.
—Por quê?
—Por ter tirado a minha paz ontem.
—Tirei?
—Tirou.
Muito mais que isso, ela ri, subo na cama tirando os sapatos, tiro seu
par de tênis e quero rir do par de meias cor de rosa que ela usa, me inclino
sob seu corpo beijando onde quero, no queixo, o doce aroma de sua pele se
infiltra nas minhas narinas como um perfume que não sai mais dos meus
sentidos, ela agarra minha gravata e eu a vejo sorrindo.
—Mas eu pensei que nada tirava a sua paz.
—Você tira.
Exploro sua boca num beijo feroz, quero seu corpo no meu com
urgência, quero sentir o calor de suas pernas, me enfiar nelas, meter até que
não aguentemos mais bem rápido...
Mas meus pensamentos são interrompidos pelo som de passos lentos,
vou para o lado imediatamente e respiro fundo, Maria se ergue e suas
bochechas estão vermelhas, menos de cinco segundos Nando entra no quarto
correndo, seu olhar vívido, os sorriso nos lábios do garoto vai de ponta a
ponta, sorrio de volta.
—Jack, você voltou cara!
Ele nem espera, vem correndo e pula em cima de mim, abraçar o
Nando depois de tantos dias sem vê-lo é muito bom, o garoto me aperta e
mexo em sua cabeleira cacheada, ele usa pijamas, parece tão mais pequeno
do que ele é, mas acima de tudo, sua luz própria o torna uma criança doce e
gentil.
Eu o amo como a um filho que ainda não tenho.
—Não corra assim — aperto o garoto. — Você está bem?
—Sim — Nando vai para cima da mãe. — Desculpe cara.
Acho que ainda é muito cedo para uma pessoalidade, mas não
acho que seja pedir muito depois que ele me chame de pai... será que ele
aceitaria? Maria iria se opor?
—Tudo bem — sorrio. — Você fez um excelente trabalho garoto,
cuidou dela direitinho.
—Eu sei.
Maria beija a cabeça do Nando sorrindo, não abre os olhos por nada.
—Mãe você não vai abrir os olhos?
—Não — responde. — Você sabe que tenho que levar essas coisas a
sério.
—Eu o vi passando no corredor, achei que era mentira, estava
bebendo meu leite, achei que fosse um sonho, esperei ouvir a voz dele —
Nando está empolgado. — Eu fiquei com medo dele não voltar.
—Não precisa ter medo — aviso sincero. — Por que você acha que
eu não voltaria?
—Por causa da minha perna ne cara, tem gente que não gosta.
Eu o olho, uma criança que merece todo o carinho e atenção de ser
tratada como qualquer outra se sente rejeitada por sua deficiência, isso mexe
bastante comigo, mas não me permito sentir pena do Nando, isso não!
—Ah, mas eu não sou assim cara!
Maria chora sem silêncio.
—Sua mãe está muito sensível.
—É mesmo.
—Acho que ela precisa de um abraço.
O garoto a aperta com força e Maria cai para trás, sorrio ao observá-
los... minha família.
—Não quero que fale mais essas coisas está bem? — Maria pede.
—Tá mãe, desculpa — Fernando para de sorrir. — Mãe, não chora.
—Por que não vai buscar uma água para ela? — pergunto e o puxo
para mim, abraço o menino.
—Tá, mas mãe, eu to bem, não chora.
Eu o solto, e Fernando sai do quarto me olhando como se não
acreditasse, olho para sua mãe e a puxo para o meu colo, Maria me abraça
novamente encostando o rosto em meu peito, nem mil abraços serão
suficientes para matar tudo o que senti esses dias, foi torturante e doloroso
estar longe dela.
—Ele vai a um especialista e não se fala mais nisso.
—Está bem.
—Agora, onde nós paramos mesmo?
Ela não para de sorrir, pula em cima de mim, fica deitada em cima de
mim.
—Quando você vai para América?
—No sábado.
Ela não parece feliz em ouvir isso, mas apenas conformada, eu
mesmo não queria que as coisas fossem assim, mas não tenho muitas
alternativas.
—Sou um homem muito requisitado.
—Ah é?
Rio, seus dedos percorrem meus lábios, ela sorri tão esperançosa... o
peso de seu corpo é gostoso, Nando volta, mas não corre.
—Vocês dois vão me deixar dormir aqui com vocês né? A tia Sah
ronca.
—Claro que sim.
—Obrigado cara.
—De nada cara.
Fernando sorri segurando o copo d'água.
—E como foram esses dias por aqui? Sua mãe deu muito trabalho?
—Não, ela se comportou direitinho, eu e o Olaf jogamos vídeo game
e eu já estou lendo o HP, montei bastante meu quebra-cabeças e a mamãe
começou a malhar.
—Ah, ela está malhando.
Levo um beliscão, rio sem me importar, ela se ergue e Nando lhe
entrega o copo de água.
—Acho que eu estou com fome.
—Você quer uma salada?
—Seria ótimo.
—Preparo então, pode aproveitar e tomar um banho, Nando você me
ajuda?
—Aham.
Percebo seu nervosismo, ela bebe um pouco da água, suas mãos
tremem, beijo sua bochecha enquanto tomo o copo de sua mão, logo Nando
está conduzindo ela para fora do quarto, levanto e os sigo em silêncio, no
corredor Maria pega o menino no colo.
—Amo você Nando, não precisa ter medo de que as pessoas não
gostem de você por causa da sua perninha, você tem um coração maior que a
perna.
—Acha que ele não se importa?
Por que deveria me importar?
—Por que se importaria?
—Não quero parecer um peso na sua vida.
—Quem te disse isso Nando?
—Ninguém, eu apenas acho que ter um filho como eu seja um peso.
—Nando nunca mais fale isso entendeu? Nunca mais!
Me aproximo e os abraço por trás.
—Desculpe preciso me certificar que os dois estão mesmo bem.
—Cara você é muito legal.
Não quero que o Nando pense que o rejeitarei por sua limitação, ele
só merece uma coisa por minha parte, ao menos que eu faça o papel de pai
em sua vida, coisa que o pai biológico não faz. Olho para ela, prefiro que esse
tal sujeito se mantenha bem longe da minha mulher e do meu filho, sinto
vontade de soltar os cabelos de Maria desse coque, afagá-los, beijo seu
pescoço com carinho.
—Vai para o banho — ordena ela.
—Eu mal cheguei e você já está me tratando assim? — estou
balançado.
—Vai logo!
Não poderia ser diferente... Maria tenta de toda maneira se guardar de
mim, esconder seus sentimentos, mas não me importo, eu os libero e me
afasto vendo-a colocar Nando no não e ambos se afastarem para o rumo da
cozinha.
É só que eu não quero me afastar dela, quero aproveitar cada
segundo com ela.
Volto ao quarto e enfio a mão embaixo do travesseiro, sei que ela
deixa aqui, pego a máscara e vou para cozinha ouvindo a conversa de Maria
com Nando.
—Mãe.
—Oi.
—Você tá tão feliz agora.
—É.
—Eu também.
Maria abre a geladeira e faço sinal de silêncio para o Nando, eu a
abraço por trás, não consigo manter as mãos longe dela por muito tempo.
—Você não precisa fazer tudo isso.
—Claro que precisa, você trouxe a minha máscara?
—Sim.
—Muito obrigada.
Coloco a máscara em seu rosto, a viro e a beijo com carinho, Nando
ri, mas não me importo muito, ainda que saiba que a deixo constrangida com
a situação.
—Eu posso preparar o suco.
—Só preciso de uma mãozinha não deve ser difícil.
—Então eu corto e o Fernando espreme, e a senhora fica sentada bem
aqui.
Faço com que ela se sente, lhe dou um beijo na cabeça e puxo as
mangas do terno para cima.
Me sinto aliviado e feliz, é ótimo estar de volta ao meu verdadeiro
lugar, ao lado da minha esposa, do meu filho.
De volta ao meu lar.
Minha
Eu a observo em seu silêncio.
Nando já foi para o sofá, como a salada, bebo um pouco do suco,
Maria parece tão incerta, percebo um pouco de sua inquietude.
—E como foi no médico? — pergunto tentando puxar assunto.
—Foi bom.
—E as aulas?
—São ótimas, Sandy e maravilhosa e Joseph muito inteligente.
—Sandy é sobrinha do meu pai.
Percebo sua surpresa.
—A mãe dela era minha tia — confesso. — Morreu a dois anos de
câncer, não a conheci.
—Que pena.
Não posso dizer assim tão de repente, mas também me senti meio
estranho quando soube que a mãe da Sandy morreu.
—Você e a Sarah saíram?
—Ela me levou para as compras — tediosa ela inclina a cabeça para o
lado, rio. — Não tem graça.
—E compraram muitas coisas?
—Ela me obrigou a comprar umas... roupas íntimas e tal, quer que eu
fique bonita para você.
—Você comprou lingeries para usar para mim?
—Acho que sim.
—Para mim?
Não consigo resistir, é muito bom ver a cara que Maria faz ao tentar
dá uma de durona, seca, em parte por que é parte de sua personalidade, mas
percebo que ela não quer demonstrar que sente nada por mim, talvez por
conta da minha doença, claro, isso me machuca bastante, mas acho que não
bem por isso, talvez o orgulho dela a impeça de demonstrar que sente
qualquer coisa que seja por mim.
—E... Você vai usar? — questiono sem esconder meu tom de
deboche.
Adoro soar debochado... é algo que faz parte de mim, ou cínico, e
irônico... ao menos não finjo ser algo que não sou.
—Acho que não tem outra finalidade senhor Carsson.
Sorrio e pisco, mas simplesmente fico atiçado com a ideia de vê-la
usando uma lingerie.
—Vai usar... Hoje?
Ela está corada... do jeito que eu gosto... mas quero vê-la corada na
cama.
—Você disse...
—Acha mesmo que eu viria para casa da minha mulher sem
camisinha?
Levanto-me, coloco o prato e o copo na pia, olho para o rumo da sala,
Fernando já adormeceu no sofá, coloco a mão em seu ombro, preciso de algo
mais concreto que toques, que abraços, beijos, preciso da minha mulher.
—Vem.
—O Nando...
—Querida não se preocupe com isso, apenas confie em mim.
Ela se ergue, eu a seguro pela cintura e eu a conduzo para o nosso
quarto, sei que ela tem um pouco de receio, minha mão pressiona sua cintura
por que desejo um pouco mais de sentir seu corpo junto ao meu, ela se
recosta em mim, seu corpo é tão quente, Maria toca a minha face e sua mão
desliza para minha nuca, ela me puxa e me beija, seus lábios são quentes e
desejosos. Não tenho paciência, enquanto me beija a ergo no meu colo, sei
que nosso beijo a excita, sei que ela gosta, que também sente falta de mim,
ela também me quer, apenas seu beijo me diz isso.
Não preciso de palavras para saber quando uma mulher quer
muito foder comigo.
Entro em seu quarto e chuto a porta, Maria lambe o meu lábio e
quando morde o lábio de cima fico muito tentado a fazer uma grande merda
com a boca dela, coloco ela no chão, e a olho, ela toca meu maxilar e depois
se afasta puxando a blusa para cima, afrouxo a gravata observando-a se
despir para mim, vendada... isso não deveria ser um fetiche, mas acaba se
tornando.
Tiro a camisa, ela o sutiã, estou puxando a calça juntamente com a
cueca quando ela se ergue já sem calcinha, observo sua nudez, as curvas, os
seios fartos, as coxas nas quais quero me enfiar, a cor da pele bronzeada que
adoro, sinto muito mais desejo por ela do que por qualquer outra mulher na
face da terra.
Maria se inclina e me abraça, é mais um gesto de carinho que tudo,
ninguém nunca foi assim comigo, as vezes ela me pega meio desprevenido,
toco suas costas e encontro seus lábios mais uma vez com intensidade.
É uma busca desenfreada, busco sua língua e ela a minha, algo
imensamente forte, delicioso.
Deixo sua boca e beijo seu pescoço, com a ponta da língua traço um
caminho úmido até seu seio e o lambo, a pele dela se arrepia toda, e lambo
novamente o mamilo excitado, chupo com força, ela arfa vindo com o corpo
para frente, enfio a mão no bolso da calça e pego a camisinha.
Ela toca meus braços, aperta com força, sua boca está entreaberta e
ela respira pela boca, a pele do corpo toda está ouriçada, olho para o outro
seio e abocanho com empenho, chupo fazendo um estalo gostoso, me ergo e
lambo a extensão de sua garganta, o gosto do perfume fica na ponta da minha
língua, também quero que ela me toque... seguro sua mão e coloco sob meu
peito fazendo com que em toque.
Abro o envelope da camisinha, ela toca meu peitoral, isso me excita
de uma forma indescritível, sua capacidade de apenas me deixar tão excitado
com um toque, as mãos suaves vão para os meus ombros e descem pelos
lados do meu corpo, toca meus quadris, ela tem tanto zelo em fazer isso,
Maria gosta de me tocar.
Não pode ver... Mas pode sentir... então farei com que sinta muito
bem para que não deseje olhar.
Tiro sua máscara, ergo sua face e a beijo desenrolando a camisinha no
meu pau, me sento na cama e puxo ela com cuidado para o meu corpo, abraço
ela, ainda que queira fazer isso com pressa sei que devo ter um pouco mais de
paciência, beijo seu seio com cuidado, seguro sua cintura ela se abre para
mim e eu observo o canto que mais adoro de seu corpo, cheiro, sua respiração
se acelera assim como a minha.
Ela cheira a morango.
—Você já está pronta para mim.
Cheiro mais uma vez, e abaixo seu corpo, jogo Maria na cama e ela se
espalha, seus seios saltam, engatinho até seu corpo e abro mais suas pernas,
beijo sua barriga, abro mais e observo a buceta aberta para mim, eu a olho, a
boca dela... forma esse "O" sacana que eu adoro, ela aperta os olhos...
Me enfio nela devagar, toco seus quadris em movimentos de baixo
para cima, ela se encolhe prendendo o pau na carne quente, está úmida,
viscosa, quentinha para mim, tiro e subo metendo enquanto eu a beijo com
um pouco de violência.
—Você é tão gostosa.
—Você também.
—Eu também?
—Você é muito gostoso.
Beijo seu queixo, e me apoio na cama entrando e saindo de dentro
dela, Maria se contraí me prendendo mais dentro dela, ela se estica na cama
soltando as pernas para os lados, suas coxas tremem um pouco, e eu sei que
lhe dou bastante prazer.
É muito gostoso foder com ela.
É muito delicioso meter com ela.
Não consigo fazer devagar, meus quadris se movem mais rápido e
meto com força preenchendo-a totalmente, me apoio nas mãos e faço como
gosto vendo-a rapidamente alcançar seu primeiro orgasmo.
—Ah isso.
—Jack não...
—Na minha boca.
Ela se contorce, me inclino e chupo ela tentando conter a vontade
imensa que tenho de gozar, escuto seus gemidos enquanto lambo seu ponto
mais sensível, por alguns instantes ela prende o quanto pode até que se
entrega ao pequeno orgasmo, beijo todos os cantinhos sensíveis dela.
—Jack.
—Hum — beijo a parte de dentro de suas coxas.
—Preciso fazer xixi.
—Ah.
Isso vai ser muito bom.
Seguro seu braço, mas Maria ainda está meio bamba, eu a ergo em
meu colo.
—Quero fazer uma coisa.
—O que?
—Quero que você faça amor comigo.
—Não estávamos fazendo isso até eu estragar tudo?
—Quero que prenda o xixi.
Beijo sua cabeça, e a levo para o banheiro, fecho a porta com o pé, ela
demora um pouco para responder.
—Tá.
—Tem que prender o máximo que conseguir.
Me sento no vaso e puxo sua perna de forma que ela fica de frente
para mim, a ergo e a coloco em cima do meu cacete, toco os lados de seu
corpo, quero arranhar ela toda, mas me detenho, respiro fundo.
—Se mova.
Ela se segura em meus ombros e começa a se mover devagar, sorrio
muito tentado, e tento respirar fundo com a sensação de tê-la sentando no
meu pau, Maria não tem experiência alguma, ela morde meu pescoço e sobe
os quadris depois desce bem lentamente, prendo, seguro a bunda e ajudo a se
mover no meu pau.
—Gosta de morder Senhora Carsson!
Ela me morde de novo no pescoço e arfo.
—Queria muito te foder hoje.
—Boca suja.
Rio, eu a movo no meu cacete.
—Em inglês parece menos ofensivo vida.
—É?
Faço que sim, Maria ri, e ela abaixa os quadris me enfiando até o talo
nela.
Que Caralho.
—Estou muito sensível. — Ela sussurra.
—Eu também — mordo seu queixo. — Você me enlouquece.
Ela continua a se mover bem devagar.
—Sente desconforto?
—Não nem dor.
—O que Wesley disse?
—Pode liberar geral.
Gargalho, Maria me aperta.
—Para você liberar?
—Aham.
—Posso saber para quem?
—Para o meu marido.
—É?
—Sem medo de ser feliz.
Eu a beijo, mas não quero carinho, nem conversa, eu a puxo com
força fazendo-a gemer alto, ela se endireita e puxo mais uma vez seus quadris
fazendo com que sente com força no meu pau, ela gosta.
Se contraí e gemo tomado por um prazer mais intenso, Maria respira
com dificuldade assim como eu, ambos presos um ao corpo do outro, seguro
seus pulsos e a empurro para trás fazendo com que se segure nos meus
joelhos, puxo seus quadris e ela prende, sinto ela latejando em mim, começo
a estocar com ela observando seus seios pulando, seu corpo todo para mim.
Ela começa a entrar no frenesi, mas não paro, ela se segura toda
contraída, e percebo que a pressão dentro dela aumenta, Maria prende o
prazer e isso me dá um tesão do caralho, ergo a mão observando-a toda aberta
para mim, lhe dou um tapa na parte sensível, ela salta se movendo mais
rápido, a cabeça inclinada para trás, os quadris pulando com impetuosidade,
ela me mela todo enquanto senta, e seu orgasmo quase me enlouquece.
—Faça em mim — peço observando-a foder comigo.
Dou outro tapa no clítóris e meto com ela com mais força, libero o
prazer, a paixão circulando pelas minhas veias juntamente com a luxúria do
prazer, a camisinha prende a porra, mas não me importo, ela soluça enquanto
libera o que quero em cima de mim e isso faz com que eu sinta ainda mais
prazer, seguro-lhe os braços e a puxo, eu a beijo.
Minha Esposa... Minha Mulher... Minha Amante.
Nível 11 da atração
Ela está debruçada sobre meu corpo, sua respiração mansa, seu corpo
grudado ao meu pelo suor, e acho que cochila.
—Vida.
Maria me solta e sai de cima de mim, e percebo sua vergonha ainda
que não me olhe, mas eu não me importo com isso. Sua barriguinha sobe e
desce e seus seios estão ouriçados, as bochechas dela estão vermelhas e a
boca também.
A trepada a envergonhou.
Ela se afasta, me adianto.
—Hei, volta aqui, para onde você pensa que vai?
Seguro-a pelo pulso e a puxo para mim, me levanto e a abraço, não
quero que ela se sinta arrependida, tudo isso foi incrível para mim, me
satisfez de uma forma que nunca senti na vida.
—O que foi? — minha pergunta é muito óbvia.
Quero ouvi-la falando que está envergonhada, mas não
arrependida, isso não!
—Eu... eu... eu...
Envergonhada! Ufa!
—Precisamos de um banho.
—Desculpe.
—Por?
—Fiz... xixi em você!
Rio, eu a observo, os olhos fechados, a boca entreaberta, os lábios
carnudos que me fazem pensar em sacanagem quando estou perto dela, acho
que Maria não tem mesmo nenhuma noção do que fizemos a pouco, do que
realmente aconteceu, a proporção disso, ela é tão inocente as vezes que sinto-
me honrado ou coisa assim.
—Não há necessidade de preocupação.
Maria não gostou do que eu falei, seu semblante endurece.
—Jack...
—Vida, não!
Não vou discutir com ela por conta disso, não adianta.
Preciso que ela aprenda e descobrir tudo isso ao meu lado e não vejo
nenhum tipo de problema que descubra sua sexualidade comigo, ela vai
aprender a sentir prazer de uma forma diferente da qual as pessoas estão
acostumadas, eu não gosto de sexo casual, meu negócio é foder como me dá
prazer, e uma boa esguichada me dá muito prazer.
Conduzo ela para dentro do box, ligo o chuveiro, a puxo e quando a
água fria cai ela arfa, rio de sua surpresa, as coisas são tão óbvias e ainda sim
Maria insiste em resistir, eu entendo sua resistência, apenas não tolero que ela
sinta-se incomodada com a minha forma de ver o mundo.
Esta é a minha forma de viver a vida e ela terá que se adequar a
isso, não por ser minha mulher ou amante, mas porque a amo, a amo
muito e eu a quero para sempre ao meu lado. Sou controverso, difícil,
complicado demais, porém eu a Amo e acho que aos poucos ela
entenderá sua posição em nosso relacionamento, tiro a camisinha e jogo
para longe.
—Pensei que havia rasgado, você está bem?
—Sim.
Ela solta os cabelos depois que pega o sabonete líquido na parede
embutida.
—Comprei algo para você.
—O que é?
—Um secador.
Ela sorri, toco sua face, pois adoro seu sorriso, senti tanta falta desses
lábios, senti tanta saudade dela, eu a abraço sem me importar com a água
meio fria, senti-la junto a mim é um alívio bem recebido.
—Pode me lavar por favor? Acho que fiquei exausto.
Me toque Maria, Por Favor.
—Ah, entendi.
—Que bom.
Ela lava meu peito com sabonete líquido espalhando-o com zelo, seu
toque é suave, as mãos pequenas descem pelo meu abdômen, pego o
shampoo e despejo na cabeça, ela desce mais e mais e fecho os olhos quando
toca mais embaixo.
—Você não precisa ter vergonha de mim Maria, nem de nada do que
fazemos entre quatro paredes, somos casados.
—Eu sei.
Isso a encoraja, ela toca meu pau, observo-a em seu receio infinito, e
não entendo por que ela tem tanta insegurança de me tocar, se nunca permiti
que ninguém se aproximasse mais que fisicamente de mim. Maria sabe que
eu gosto dela, que confio mais nela do que deveria, apesar de sermos dois
desconhecidos eu confio nela minha vida, tudo o que tenho, é algo bem maior
do que uma noite de sexo louca em Las Vegas, e ainda sim ela tem medo de
se aproximar demais de mim.
Ela é um enigma.
Será que não percebe ou que tem medo demais de gostar de mim?
De me aceitar?
Não quero que ela se sinta assim.
Seus dedos envolvem o meu pau com cuidado novamente e suspiro
afastando a espuma para trás dos olhos, é impossível manter o controle perto
dela as vezes, apenas seu toque é suficientemente poderoso para que me sinta
duro.
—Seu toque é maravilhoso — minha voz é baixa e quase não sai.
—É?
Eu a beijo porque não resisto, enquanto ela me lava sinto-me preso ao
seu toque, cativado pelas sensações que me provoca, nenhuma mulher me
impactou tanto, nenhuma mulher me deixou tão louco assim, também quero
tocá-la.
—Agora é a minha vez.
Apalpo seus seios e respiro fundo, toco os lados de sua cintura e
minhas mãos vão para bunda, aperto o corpo contra o meu para sentir sua
pele na minha, me esfrego nela, ela umedece os lábios pega por uma surpresa
que me faz querer rir, e a minha mão se enfia na suas dobras, está quentinha
ainda, contudo respiro fundo mais uma vez e me contento apenas com o
toque.
—Você é tão molhada — digo ainda muito baixo. — Quente.
—Você me deixa assim — confessa ela.
É muito bom ouvir isso.
—Ah, deixo?
—Deixa, isso é sua culpa.
Sorrio, respiro fundo, e me afasto por que sei que farei merda se
continuar com isso, quero muito ferrar com ela agora, e talvez isso soe mais
como uma violência para Maria, ainda que queira literalmente enfiá-la no
meu mundo eu sei que ela tem receio e se assusta com frequência com a
minha forma de ver a vida, então, como prometi para mim mesmo, com ela
irei devagar.
Nunca fui devagar, mas aprendo com ela a saber lidar com isso.
—Você quer dormir vida?
—Quero deitar, foi um dia longo... nas trevas.
Estou rindo, definitivamente está mulher não nasceu para frequentar
shoppings nem nada parecido.
—Foi ao Shopping, tudo isso por mim?
—E com o seu dinheiro.
—É o mínimo que posso fazer por você, não estou aqui para te levar
aos lugares e comprar coisas como os outros maridos.
—Aham.
—Maria, sem orgulho, eu quero que você esteja sempre bem, para
isso precisa aceitar o que tenho para te oferecer.
—Quarenta mil?
Queria ter dado mais, porém fiquei com receio de que Sarah se
espantasse, Alejandro já achou quarenta muito, contudo quero que Maria
tenha tudo do bom e do melhor, a forma desaforada na qual o semblante dela
se fecha me deixa um pouco chateado, porém assim do nada ela me puxa para
baixo e me beija, é um beijo calmo, diferente da raiva expressa em seu rosto.
—Senti sua falta.
Suspiro, sinto-me feliz demais em ouvir isso.
—Também senti sua falta vida.
E ela me aperta mais provando isso.
—O seu tio Geraldo já está bem?
—Gerald, sim, está.
Ela se afasta vergonhosa, foi automático, apesar de eu ter esse meu
jeito de ser não era meu objetivo constrangê-la.
—Desculpe, não era intenção corrigi-la, é um grande defeito.
—Tudo bem, preciso lavar o meu banheiro do meu pipi.
—Faço isso para você, vá para cama.
Não entendo seu espanto.
—Só preciso que você saia...
Teimosa.
—Maria você ainda está aqui?
Pego-a pelo braço e a levo para fora do banheiro, sei que ela vai
insistir e acabaremos discutindo se ela continuar falando sobre esse assunto.
Mijou e daí? Senti que nunca gozei tanto na vida como a pouco.
Fecho a porta logo que a coloco para fora do banheiro depois quero rir
ao imaginar a cara de brava que ela faz com isso.
—Acho bom você estar com os cabelos secos quando eu for para
cama — falo olhando envolta e me enrolo numa toalha. — O secador está no
criado.
Tem uns materiais de limpeza e desinfetante embaixo da pia, um
rodo, uso a ducha do chuveiro para molhar o lugar, aprendi a limpar meu
banheiro quando estava no primeiro internato. Meu tio compreendia da minha
doença então eu tinha um quarto só meu com um banheiro só meu, ele pagou
para que eu não tivesse que me misturar com as outras crianças, como todos
tinham a obrigação de manter seus cômodos limpos e organizados além disso
eu também lavava meu próprio banheiro.
Fui diagnosticado com Esquizofrenia nessa época, também os
diretores do internato decidiram que era melhor daquela forma.
Escuto o barulho do secador, puxo toda a água com o rodo depois que
enxáguo o lugar, deixo a janela aberta e guardo tudo depois que termino. Saio
do banheiro e eu a vejo sentada na cama secando os cabelos com raiva, da
vontade de rir com a cara amarrada dela.
—Quer ajuda?
—Não, obrigado.
—Vida não comece.
—Não aja como se isso fosse normal por que não é.
—Ficaria surpresa com as coisas que eu já fiz, isso é completamente
normal para mim.
Maria se levanta totalmente nua, observo a bunda dela e os seios do
lado do corpo, da vontade de atacar ela aqui mesmo, contudo sei, que o clima
anterior acabou depois do que fiz a pouco e do que acabei de falar.
—Fale algo — peço, mas tudo o que escuto é silêncio.
Ela quer conversar, mas não estou tão disposto a explicar tudo de um
jeito tão fácil, como posso explicar sem que ela saiba as coisas terríveis nas
quais me submeti na vida? Isso irá machucá-la e pior, afastá-la de mim para
sempre, no entanto sei que se eu não falar talvez isso a deixe ainda mais
distante mesmo que não se machuque, quem sabe, meu silêncio a venha
machucando muito mais do que tudo o que tenho a dizer?
—Se sentia bem em fazê-las?
Tenho que ser sincero, ela merece isso.
—Às vezes sim.
—Coisas como...
—Quer mesmo que eu fale?
Tenho certeza que sim.
—Você quer falar?
Sou tomado por uma surpresa inesperada, me aproximo, eu a puxo
para mim, e nos deitamos na cama, Maria joga o secador enquanto eu a
abraço, toco seus seios.
—Ligue o ar.
Levanto e vejo que ela procura a máscara na cama, ligo o ar
condicionado e pego uma máscara de dentro da minha bolsa, volto para cama
e coloco a máscara em sua face. Novamente me deito e ela vem se
aconchegando quando me envolvo em seu corpo, seu rosto está em meu peito
bem como metade de seu corpo em cima do meu, enfio a mão nos cabelos
dela, ganho um beijo carinhoso no meu peito. Suspiro.
É a hora de falar.
—Às vezes nós acabamos fazendo coisas absurdas pelas outras
pessoas, achamos que é o que queremos e que isso é o melhor para nós
quando na verdade você só quer agradar os outros.
—Foi assim com vocês dois?
—Da minha parte sim, fazia tudo por ela.
Fiz tudo por alguém que nunca mereceu e me ferrei, e este é o meu
grande problema, ainda que a minha entrega a Maria seja diferente do que foi
o que vivi com Condessa, Condessa foi a mulher que eu acreditei que amava,
mas tudo o que tínhamos era dependência e uma doença relacionada ao que
sentíamos um pelo outro, com Maria a minha entrega é de todas as formas,
emocional e física.
—Hoje não faria isso por ninguém — não tenho tanta certeza disso
olhando-a tão de perto, mas ela não precisa saber de minhas inseguranças.
—Como começou tudo isso?
—Soraya teve uma infância coberta de abusos por parte dos pais dela,
o pai batia muito nela — explico por que é a verdade. — Pelo o que ela fala.
Maria está reflexiva.
—Ele batia nela... e ela gostava?
—Na infância não, mas conforme a adolescência ela foi criando
algum tipo de... gosto por isso.
—Tipo uma síndrome de Estocolmo.
Exatamente.
—Ela criou alguma dependência dessas surras porque ela apanhava
do pai dela, ela o amava como pai, e aprendeu a amá-lo como agressor.
—Pode repetir? Eu acho que o seu laudo é muito melhor que o da
Lane.
Sinto um beliscão no braço e a aperto, ainda que não deva rir acabo
fazendo isso, estou relaxado.
—Ela cresceu, o pai ficou velho, e parou de bater nela, quando o pai
descobriu o que alimentou em Soraya acabou por se matar com um tiro na
boca.
—Não entendi.
—Ela se apaixonou por ele Maria.
Silêncio.
Compreendo que isso seja chocante, quando Condessa me contou sua
história, ainda que eu tenha sido por toda a minha vida um total louco, senti-
me péssimo em saber disso.
—Maria?
—Hum — pigarreia. — Ela se apaixonou pelo pai, você dizia.
—Acredito que parte dela se apaixonou pelo refúgio que as surras
representavam na vida dela, Soraya sempre teve distúrbios psicológicos
seríssimos — puxo sua perna para cima de meu quadril e fico de lado, toco
sua coxa, penso por instantes. — Ela desde sempre foi paranoica e sofria de
depressão, a mãe dela nunca se importou, era uma mulher muito vazia e
superficial.
—Ela sempre foi rica?
—Sim, a família dela é muito importante, mas eles nunca fizeram o
mínimo esforço para colocarem algum limite em Soraya, o pai achava que
batendo nela conseguiria fazê-la obedecê-lo, acabou fazendo muito mal para
ela.
—Ele batia nela com um cinto?
—Não queira saber a forma como ele batia nela.
E nem queira saber como ela gosta que os homens batam nela, ou
melhor, eu bati.
—Mas eu quero saber.
—Maria talvez não esteja pronta para ouvir isso, é tudo muito fora da
sua realidade.
—Quero saber.
—Tem certeza disso?
—Sim.
—Promete que não vai sair correndo por aquela porta?
—Eu não vejo a porta Jack.
Submisso, dominador, Condessa!
Eu a beijo, a tensão voltando para o meu corpo, não gostaria que se
assustasse mas ela quer e merece saber disso mais que qualquer um, ao
menos para que quando souber tudo realmente não se assuste mais ainda, que
aceite o que fiz no meu passado.
—no início ele batia nela com cinto, depois ele passou a bater nela
com uma vara, ela me disse que várias vezes ele batia nela com o que via pela
frente, mas por fim, ele a amarrava nua na cama e batia nela com um chicote,
até que ela sangrasse, ou desmaiasse de tanta dor.
Faço uma pequena pausa, em minha mente vem algumas coisas que
fiz com Condessa, mas eu as afasto, isso ficou no meu passado, num passado
que tento esquecer a um tempo.
—Por fim ele a espancava com chutes e socos, ela relata que ja tinha
treze anos quando isso acontecia, batia nela até ela perder os sentidos —
digo. — Quando ela fez dezessete anos ele parou de bater nela, então ela
começou a sentir falta disso, fazia coisas absurdas para o pai bater nela, mas
ele já estava velho e se dizia arrependido de tudo o que fez.
—Coitada.
Ela tem pena de Condessa, eu também tinha... no começo.
—Ele a chamava de Condessa!
—Soraya desenvolveu essa paixão por levar surras logo depois que
viu que o pai não bateria mais nela, ele estava arrependido.
—Mas já era tarde demais, ela se tornou masoquista.
—Sim — toco-lhe a face com o indicador, ela está com o semblante
duro. — Nessa época eu a conheci.
—Ela foi para faculdade e te conheceu? Mas você não é
escopofóbico?
—Sou, mas ela deu um jeito de fazer com que eu me aproximasse
dela.
Eu a beijo e com receio completo:
—Perdi a minha virgindade com ela.
Maria se espanta a cada pequena revelação.
—Ela já era bem experiente.
—Perdeu a virgindade com dezoito anos?
—Dezenove.
É, eu sei, eu era um merda... bem, ainda sou!
—Demorou um ano para que eu realmente perdesse o medo de estar
com ela.
—Como se conheceram?
—Eu ia as aulas, mas sempre me sentava muito afastado, ela uma vez
me parou na hora da saída e me convidou para um café, fugi dela — suspiro.
— Foi muito constrangedor.
—Imagino.
Maria me abraça com mais força, ela se solidariza com a minha
doença, ela tenta me entender de verdade.
—E depois?
—Nós começamos a sair sempre, ela respeitava as minhas limitações,
sempre íamos a lugares mais vazios, longe de pessoas, o que ajudou muito foi
o fato de que ela e eu gostávamos das mesmas coisas — faço com que se
deite de costas e me deito em seu corpo, coloco a cabeça entre seus seios e
toco seu mamilo esquerdo devagar. — Não sei, apenas cansei de ficar sempre
sozinho.
—Imagino que tenha sido muito ruim para você.
—Ainda bem que imagina, não queira ser assim Maria, nunca.
Sua mão se enfia na minha nuca, sei que ela me entende.
—Depois do primeiro ano estávamos completamente apaixonados,
mas eu me expus a ela de uma forma que nunca expus para ninguém — eu a
olho, mas sei que apenas estive apaixonado por Condessa desde o início e ela
não sentia nada por mim. — Falei sobre a minha doença desde o começo, ela
entendeu bem, mas eu nunca senti como se ela fosse verdadeira comigo
quanto a ela própria, ela era muito dissimulada as vezes.
—Ela se escondia de você.
—Sim, depois ela começou a entrar na minha mente com toda essa
história de submissão, no começo éramos apenas eu e ela — explico. —
Desculpe, quer que eu continue?
—Sim, vem cá vida.
Depois que me chama me ergo, me deito em cima dela, e nos
beijamos, tento relaxar, coloco o queixo entre seus seios.
—Praticávamos masoquismo, nos primeiros meses eu era o que batia,
não me envergonho disso, e não me arrependo, quero deixar bem claro que
ela não me forçou a nada — toco seus lábios. — Adorava bater nela.
—Adorava? — Maria está incrédula.
Não sei por que as pessoas se surpreendem tanto, isso é tão
comum para tantas pessoas no mundo!
—Sim, foi algo que realmente me cativou, achava que isso de alguma
forma satisfazia o meu ego, era novo, algo que me permitia manter controle
sobre a minha vida, alguém, eu mandava nela — vou para o lado, me chateio
em pensar que ela sente nojo de mim ou algo assim. — Já está enojada?
—Não, claro que não — retruca. — Você sentia prazer em bater nela?
—Sentia prazer em humilhá-la por ela me submeter a isso, porque eu
queria seu amor e sua aceitação e tudo o que ela me oferecia era um chicote e
horas de tortura.
É muito difícil me compreender, a anos venho tentando me encontrar,
mas chega um momento na vida em que tudo parece claro e óbvio demais,
por mais que eu tenha tentado encontrar respostas para tudo o que fiz, concluí
muitas vezes que o que tinha com Condessa era amor, inicialmente sim, mas
depois tive certeza de que não era amor, por que tudo aquilo envolvia apenas
o querer dela, as ordens dela e as vontades que ela impunha.
—Amava ela, escolhi ela para ser minha única companheira, e tudo o
que ela me oferecia era o que ela queria, quando ela queria, no terceiro ano
em que estávamos juntos ela já não estava satisfeita com as surras que lhe
dava — digo o que eu pensei logo que conheci Condessa.
—Faziam sexo durante a tortura?
—Claro que sim Maria.
—Ah, desculpe.
—Soraya queria alguém mais firme, eu não era assim, eu a amava, e
as vezes me submeter a isso me deixava deprimido, estava cansado das
exigências dela, e isso estava me esgotando imensamente.
Amei muitas vezes a companhia de Condessa, a atenção que ela me
deu, foi um tipo de amor, mas algo tão doentio que mal sei como descrever.
—Quantas vezes...
—Às vezes duas, três vezes no dia no começo, ela adorava apanhar,
ainda adora.
—Está falando que ela ainda prática essas coisas?
—Com o marido dela, para algumas pessoas é muito difícil sair disso
Maria.
—Mas eles dois acham isso normal?
—Ele gosta de bater e ela adora apanhar, acho que sim.
—E quando eles tiverem bebês?
—É, eu realmente acho que eles vão ter que parar em algum
momento, mas não acho que seja algo tão abusivo, os filhos dele moram com
eles.
—E você... você é amigo deles?
—Sim.
Não gosto de mentira, ainda que soe hipócrita que omita muitas
coisas dela.
—Não é tão simples, posso continuar?
—Sim, por favor.
—No terceiro ano eu já não queria mais, eu já não a satisfazia nesse
sentido, então ela começou a procurar por um outro Dominador, tenho
certeza que nesta história desde o princípio, eu era mais submisso que ela
própria.
—Claro, amava ela, estava se sujeitando a isso por amor.
—Então ela os conheceu, tentei me afastar dela, mas ela não permitia,
em parte porque sei que um lado dela me amava muito, ela sempre falou isso.
—Mas o outro lado era mais forte que o amor, não é?
—Sim, e foi esse lado que me convenceu a começar tudo novamente,
no começo íamos pouco a casa deles, os encontros aconteciam apenas uma
vez no mês, esse casal era jovem, e os dois adoravam jogos sexuais.
—E você participava de tudo por livre e espontânea vontade? Não
tinha vergonha deles?
—Tinha, mas...
—Você faria tudo para que ela ficasse com você.
Sei que a magoo com isso e gostaria mesmo de não estar falando algo
assim para minha atual esposa, atual e única esposa, eu a beijo, não quero que
ela se sinta triste nem minimizada com isso.
—Passei a apanhar, eu apanhava da mulher e ela do homem, tudo
entre nós quatro, fazíamos sexo sem problemas diante deles e eles diante de
nós, mas não praticávamos troca de casais, e não havia prática homossexual
entre nós quatro.
—Tipo, vocês se envolviam na prática do sadomasoquismo apenas,
mas nas relações não.
—Era o que eu e Lia achávamos, descobrimos que Soraya e Raymond
estavam tendo relações fora do que chamávamos de "pequeno acordo" no ano
seguinte.
—Eles dois estavam tendo um caso!
—No quarto ano nós quatro já éramos acostumados, éramos casais
fixos, adorávamos isso.
—Você adorava?
—Me acostumei, e as coisas não são da forma que os outros veem.
—Está falando que você gostava de apanhar?
Mais de apanhar do que de bater.
—Sim, e de bater também, e adorava que as pessoas me vissem
transando com Soraya, isso me excitava.
—Mas não tinha medo de ser visto?
Muito.
—Não era eu, era o que eu queria ser, e era o que ela queria, e eu seria
o que ela quisesse porque eu a amava.
Ou era nisso o que eu acreditava.
—Não fique brava.
—Não estou, apenas me surpreendo em saber que tem homens que
fazem tudo por esse tipo de mulher.
Mas sei que ela está irritada, diria com ciúmes.
—Mas eu percebia que mesmo com os meus esforços isso não era o
suficiente para nós, nesse ano Lia descobriu que estava grávida do terceiro
filho deles, então nós tivemos que parar com as práticas, eles sempre
respeitavam muito isso.
—Respeitavam a gravidez dela?
—Maria eles eram católicos praticantes, pessoas com famílias, pais,
eles tinham dois filhos pequenos, eram pessoas como quaisquer outras.
É muito complexo falar sobre isso com alguém de fora, demorei
meses para contar certas coisas para Lane, e ela entende muito disso pois é
psicóloga.
—Nos afastamos, eu me afastei, mas acho que para Soraya não era o
suficiente, ela passou a se encontrar com Raymond secretamente, Lia
descobriu e eu já desconfiava, mas tinha tanto medo de perdê-la que eu
simplesmente não falava.
—Sofria em silêncio.
—É, um dia, Lia me ligou desesperada, eles já haviam tido o bebê a
alguns meses, dissera que tomou veneno, eu a encontrei já sem vida, mas não
foi apenas isso o que encontrei, ela segurava algumas fotos, liguei para
Raymond e para polícia, ela tomou vários antidepressivos com remédios para
o coração — sinto-me inquieto ao lembrar da cena. — Foi a pior coisa de se
ver.
A coisa mais degradante que vi na vida, odeio lembrar desse
momento, é angustiante ver alguém sem vida.
—Imagino.
—No velório dela eles dois mal disfarçaram, e isso foi o que mais me
enfureceu, eu os segui, Soraya me dissera que voltaria logo para o
alojamento, mas ela foi para casa deles, tinha as chaves e acesso livre a tudo,
no mesmo dia do enterro duas horas depois encontrei Raymond batendo em
Soraya na sala, ela amarrada com um fio e completamente nua com Plugins
até no rabo, sinto nojo disso.
Seu semblante exprime um certo nojo, algo que nem comparo ao que
senti, foi algo bem mais forte que nojo, repugnei Condessa e Rey por anos.
—As fotos que Lia estava vendo antes de morrer eram fotos de
Soraya e Raymond saindo de um motel no carro dele, afrontei ela no mesmo
dia a noite, ela chegou calada, mas havia um brilho nos olhos dela que só
uma bela surra poderia dar, ou uma bela trepada, tinha medo de que ela me
largasse contudo não iria me sujeitar aquilo.
—Ela negou?
—Não, ela não negou e propôs que eu continuasse como seu
namorado, ela tentou me explicar muito calmamente sua proposta em que
Ray seria seu dominador e eu o homem que suportaria ela nos dias em que
ele não quisesse lhe espancar, recusei, pedi ela em casamento, prometi que
faria de tudo para manter nossa união, mas ela disse que eu não era os
suficiente para ela e que se eu quisesse ficar com ela teria que me submeter a
isso.
—A ser o submisso dela.
—Sim, e eu não queria.
Tudo é bem nítido em minha mente agora.
—Terminamos, para ela acho que foi um alívio, mas para mim não foi
tão fácil, vivia atrás dela, e logo as ameaças por parte de Raymond
começaram, certa vez ele me chamou para conversar, como um verdadeiro
amigo, ele não é uma pessoa ruim, ele tem quarenta anos hoje.
—Poxa.
—É, e ele era o nosso melhor professor de Cálculo.
Ela fica calada.
—Raymond me aconselhou a desistir de Soraya, que ele mesmo
tentaria ajudá-la a sua forma, joguei na cara dele que ele era o culpado pela
morte de Lia, ele ficou meio calado, me olhava com um certo medo nos
olhos, mas eu prometi que não me aproximaria mais dela.
—Precisava deixá-la partir.
—Mas não entendia dessa forma, por que para mim, eu era a única
pessoa que poderia compreender ela, e eu não me imaginava num mundo em
que não existisse Condessa.
Suspiro novamente.
—Então um dia eu cansei de sofrer e coloquei um fim ao sofrimento
—Toco-lhe a face, ela me beija — Não sinta por isso, o suicídio foi a menor
das coisas.
Tenho receio de falar sobre a tentativa de suicídio, mas sei que
devo.
—Alejandro me encontrou no meu quarto, chamou a ambulância e eu
sobrevivi, quando acordei Soraya e Ray estavam no meu quarto, meu tio, eles
haviam contado tudo para ele, na época fiquei furioso.
—Seu tio era alheio a tudo? — Ela boceja.
—Querida nunca contaria para o meu tio que espancava uma mulher,
ou duas, ele me mataria se soubesse.
Ela sorri.
—Mas ficou sabendo, então ele me afastou de Soraya, basicamente
me obrigou a abrir minha empresa, nesse ano eu me formei, e foi um ótimo
exercício, enfiei a cara no trabalho.
—E ficou rico, foi para um castelo e viveu feliz para sempre.
—Amor, não!
Sei que ela detesta quando eu a imito, mas não me importo, ela ri e eu
acabo rindo.
—Tá bem, parei — toco suas costas. — Quer saber sobre a agência
hoje?
—Acho que é melhor deixar para amanhã — Maria está cansada. —
Ai mesmo amor.
Eu a beijo, seus ombros sobem e descem, mas não percebo tensão, e
estou aliviado de que nossa conversa não tenha acabado numa briga ou coisa
assim.
Ao menos ela me ouve, tenta me compreender.
Depois de tudo adormeço ao seu lado, amando-a um pouco mais por
isso.
Momentos felizes
Toco as costas da minha morena, mas ela não se move, então começo
a beijá-la.
—Você precisa acordar!
Isso surte algum efeito, a pele dela se arrepia com meus beijos e
sorrio, pois sei que ela não está mais dormindo.
—Vida!
Gosto muito da quentura de sua pele, desço beijando suas costas,
enfiado dentro de seus cobertores, não posso falar que dormi tanto quanto
queria, mas quero poder aproveitar mais com ela antes de ir embora, ficamos
longe um do outro por muito tempo, ao menos para mim.
—Acorda!
—Não, me deixa em paz.
Maria fala que eu sou rabugento, mas ela não é muito diferente disso,
mas soa tão manhosa quanto uma gatinha preguiçosa.
—Sandy já está chegando.
—Ah não.
Eu a puxo pelo ombro e me deito em seu corpo, ela me abraça com e
suas mãos estão tocando minhas costas, sinto-me relaxado, estar com ela é
muito bom, mas pela pequena careta que ela faz suponho que tem algo de
errado.
—Você está dolorida, não é?
—Minhas coxas, doem.
—É normal, Sandy pega pesado as vezes.
—Não é culpa dela, é culpa sua.
Maria me faz rir, ele é direta e objetiva demais, contudo isso a torna
engraçada as vezes, puxo ela de forma que fica em cima de mim e ela relaxa
em meu corpo, é muito bom tê-la a vontade comigo, acostumada comigo
como sou, apesar de não ser literalmente algo que podemos chamar de
normal.
—Vida?
—Hum.
—Você está brava?
—Não, por quê?
—Por eu ter falado sobre Condessa.
Preciso saber.
Maria fica calada por alguns instantes, não tem como adivinhar, ela é
alguém um pouco fechada, do tipo de mulher que se leva anos para
desvendar, ainda não a conheço tão bem quanto deveria, mas sei que isto é
algo que vamos adquirindo com o tempo, ela precisa confiar em mim e eu
preciso aprender a esperar, coisa que tem sido complicada para mim desde
sempre, todavia quero muito que Maria aprenda a se abrir mais comigo.
—Não, claro que não!
—Você está silenciosa.
—Quero dormir.
Ainda assim não me convenço.
Mas não quero estragar o clima harmonioso que estabelecemos
ontem.
—Quer?
Maria se ergue feito uma gata manhosa, beija meu peito e sua boca
ligeira sobe para o meu pescoço, é difícil manter o controle perto dela, parece
que a força de vontade se esvai a cada segundo quando estamos juntos, eu
não era assim antes conhecê-la, pelo contrário, sempre soube exercer controle
sobre mim mesmo em todos os sentidos da minha vida, mas essa mulher sabe
como me tirar do sério apenas com beijos.
Ela morde minha orelha e fico todo ouriçado, e sua boca vem para
mim com tanto desejo que me inflamo, ela é carnuda e vermelha, sua língua
percorrer minha boca com lentidão e tento capturá-la mas ela é mais rápida,
seguro-a pelo pescoço e a puxo, devolvo a lambida devagar, gosto de
retribuir tudo o que ela me dar, ainda que seja de forma excessiva, por que
não quero enfiar a língua na sua boca exatamente e sim outras coisas...
Mas não é isso, não é um envolvimento carnal, eu a quero de uma
proporção absurda, extremista e doentia, e mesmo assim Maria me aceita
como eu sou, ela se sujeita as minhas condições e se permite estar comigo
assim, eu a amo tanto que isso as vezes me machuca, na maioria delas por
que estamos longe um do outro, porém o que mais sinto agora é o sentimento
de aceitação, coisa que nunca tiveram por mim, apenas meu pai.
—Obrigado por aceitar — digo olhando-a com cuidado.
—Obrigado por confiar em mim Mister "M".
Ela coloca a mão na boca logo que fala, quero rir, ela é tão displicente
que às vezes me faz rir, faço cócegas na barriga e ela dá um pulo alto, solta
uma gargalhada exagerada e alta esperneando na cama, adoro seu sorriso.
Vê-la sorrir me faz um bem inigualável, ver ela feliz me faz feliz
também.
Somos interrompidos por batidas na porta.
—Mamãe, sou eu.
Nando.
Levanto e abro a minha mala, me visto o mais rápido possível.
—Mamãe eu fiz o café de vocês, a bandeja pesa.
Porra Garoto, por que não me chamou para ajudar?
Coloco a camisa, vou até a porta e abro, um calor estranho vai
subindo a minha face logo que me deparo com a mãe dela, é inevitável que
me sinta constrangido perto de estranhos, privacidade é o meu lema a anos,
estar aqui significa estar cercado de pessoas que sempre estão por perto, o
suficiente para bisbilhotar — outra coisa que não suporto — contudo sei que
devo ser no mínimo flexível por conta de Maria, do Nando.
—Bom dia senhora!
—É — Maria se esconde embaixo de seus cobertores. — Desculpe.
—Tudo bem formiguinha — Minha sogra fica me olhando de um
jeito estranho. — Hoje eu e o Van passaremos o dia fora, nos vemos a noite.
Eles irão arrumar a mudança, acho melhor assim, o trato que fiz com
o senhor Van foi de que não contassem nada para Maria, não nesse momento,
sei que ela nunca aceitaria assim de cara, quero que Maria saiba na hora certa.
—Mas mãe...
Dona Francesca se afasta, eu sei que ela é orgulhosa, ela não gosta da
situação e vejo que para ela é mais como uma obrigação aceitar a minha
proposta, estas são pessoas simples que nem sonham quanto dinheiro tenho e
que não preciso me submeter a nada disto, mas acho que com o tempo irão se
acostumar com o meu estilo de vida, Maria inclusive, principalmente ela e o
Nando.
Pego a bandeja das mãos dele, tem canecas de café e pão com queijo
derretido, cheira, Nando corre para cama todo alegre, vejo de longe o quanto
ele ama sua mãe e vice e versa, ele sobe em cima dela depressa como se fosse
ainda um garotinho pequeno pedindo o amor de sua mãe, carinho e atenção.
Quero que ele melhore da perna, que ele seja um garoto forte e sadio,
eu sei que eles precisam de dinheiro, por mais que Maria relute em admitir
um tratamento para o Nando andar normalmente talvez esteja fora do alcance
financeiro dela, mas farei de tudo para que ele aprenda a dar seus passos
sozinho, e em breve ficar sarado desse pequeno problema.
—Tá, a vovó me ajudou, Alejandro e Olaf já chegaram, e a Sandy. —
Ele toca o rosto dela com carinho e sorri. — Mãe seu cabelo tá igual a uma
arapuca.
Está mesmo.
E eu nem tinha visto o quão engraçado isso é, tenho uma mulher de
cabelos rebeldes, que é a rebeldia em pessoa, mas que tem um coração tão
imenso que não sei mensurar em palavras.
—Muito obrigada pelo apoio.
Nando ri de sua mãe irônica, ela vai arrumando o cabelo toda
constrangida, envolvida pelos cobertores e coberta de vergonha. Me
aproximo da cama com abandeja e os observo conversar, estive tão longe de
pessoas que analisar seus comportamentos e relacionamentos é algo muito
incrível, também nunca presenciei este tipo de afeto em nenhum momento da
minha vida, claro, quando criança tive uma mãe maravilhosa, porém ela
morreu e tudo o que tive depois disso foram momentos ruins e de medo, mas
prefiro não pensar nisso agora, a verdade é que eu não quero pensar nisso
nunca mais.
—Estava brincando — Nando se corrige risonho.
—Eu sei, eu sou linda de qualquer jeito.
É verdade... minha linda!
Nando se senta na cama e me sento perto deles com a bandeja no
colo, sei que para ele é muito confuso ver sua mãe com uma venda nos olhos,
mas incrivelmente sua inocência não permite que perceba tudo o que
acontece, pelo contrário, ele se diverte com isso.
—Você vai malhar agora?
—Aham, só vou tomar café, se bem que não acho muito boa ideia,
depois eu como.
—Se você estivesse acordado na primeira vez que eu chamei daria
tempo de fazer a digestão — replico sincero.
Maria estende as mãos e cobre os olhos do Nando, depois me mostra
a língua, rio ouvindo as risadas do Nando se espalharem pelo quarto, eu sei
que sou mandão, e não me importo nenhum pouco com isso, e aprendo a
amar essa mulher cada dia mais e mais.
Filho
—Seu café — seguro sua mão e coloco a caneca sob ela. — Ao
menos tente comer uma torrada.
—Tá — responde Maria num volume baixo. — Você vai... dar na
minha boca?
Quero sorrir, mas meu corpo todo se enche de expectativa com essa
pergunta, meus olhos não saem dos lábios carnudos de Maria.
—Claro!
—Hei cara, você quer vir comigo montar meu quebra-cabeças?
Olho para Nando saindo do pequeno transe.
—Claro — falo. — Fernando, pode me chamar de Jack.
—Tá legal — o menino pula para fora da cama. — To te esperando
no meu quarto, vou trocar de roupa, e não demore.
—Chego daqui a pouco.
—Vou te esperar com a porta aberta cara... quer dizer, Jack.
—Tudo bem.
—Tá.
Acredito que aos poucos ele aprenda a gostar de mim, o garoto sorri,
um tanto constrangido, eu sei que provavelmente é por que nunca teve uma
presença masculina na vida além de seu "avô" Van, gosto disso, prefiro
assim, eu serei o pai dele.
—O que foi Vida?
—Nada.
Maria Parece insegura de repente, não consigo entender por que, até
que chego a uma pequena e incomoda conclusão.
—Logo resolveremos essa questão.
Preferia que fosse diferente pois para mim, é muito melhor estar aqui
com ela e o Nando, longe da solidão e da dor que vem me consumindo a
anos, um vazio que somente eles dois veem preenchendo desde que eu os
conheci, primeiro ela, depois o garoto, mas infelizmente as coisas não são tão
simples no meu mundo.
Meu mundo é escuro e vazio, e preencher a escuridão com a luz e o
vazio com algo é uma coisa bem complicada na vida real, ainda mais minha
vida, que se acerca de segredos nos quais se revelados podem arruinar tudo o
que começo a construir com ela.
Não permitirei que ela fique tão longe de mim mais, não
emocionalmente, quanto as barreiras físicas, essas se tornam uma verdadeira
tortura, mas farei de tudo para que fiquemos juntos o máximo de tempo, eu,
ela e o Nando, minha nova família.
—Tá bem.
Sei que ela não gosta disso, Maria não fala, mas sei que gosta de mim,
se ao menos ela falasse isso claramente para mim com outras palavras seria a
melhor coisa do mundo, ouvi-la falar que me ama, que quer que eu fique,
coisas que eu sei que no momento ela não está disposta a dizer.
—Vou ficar com o Fernando no quarto dele, e você mocinha, vai
malhar.
—Tá.
Ela se enche de suspiros, não espero e a beijo, eu sei que talvez nada
disso seja suficiente para ela, mas só de Maria aceitar minha doença, me
aceitar aos poucos como eu sou... já é o suficiente.
—Você é a melhor.
Me ergo, eu a olho e me afasto, mas de repente não quero estar tão
longe dela, sorrio e giro os calcanhares, retorno e a beijo como quero, como
gosto, sua boca é receptiva e quente, a boca da minha mulher, alguém que
amo mais do que qualquer outra coisa na face da terra, que quero, que desejo,
ela me faz sentir como um grande tolo por isso, mas ainda sim, eu a amo, a
amo por quem ela é e representa cada momento na minha vida desde que
literalmente a atravessou num sinaleiro em Vegas.
Me ergo dando um último beijo e consigo me afastar as vezes parece
impossível manter as mãos longe dela.
Saio do quarto tentando me sentir otimista em vê-la vendada, eu sei
que de longe esse é o relacionamento mais estranho no qual uma mulher
poderia viver com um homem, se é que para as outras pessoas isso pareça um
relacionamento, mas apesar de tudo eu amo a minha esposa, e ainda que seja
incompreensível aos olhos dos outros, eu quero que ela fique bem, e quero
viver isso com ela, com o Nando, que quero muito que um dia Maria me veja,
quero ser alguém bom, um homem dentro do possível... normal.
Impossível!
Mas ao menos eu tentarei, e eu não desistirei disso.
Entro no quarto do Nando e bem assim do nada sinto uma lufada
intensa no meu rosto, o travesseiro faz um barulho estranho e quando abro os
olhos ele está rindo muito da minha reação, sinto-me preso a um pequeno
choque, mas logo em seguida, começo a rir de vê-lo gargalhar com minha
reação.
—Moleque atrevido, você vai ver...
Ele sai gritando pelo quarto enquanto tenta correr, rio, e não faço
muito esforço para agarrar o pequeno travesso, Nando é mais lento, mas não
é tão frágil, os sorrisos dele despertam em mim um sentimento terno e de
proteção, algo que nunca senti por ninguém na minha vida, acho que se um
dia, Maria tiver coragem de me dar uma criança eu me sinta assim em relação
a ela.
Um filho.
Um Verdadeiro filho para mim.
Nunca pensei que me afeiçoaria tão rápido a uma criança, tão pouco
que alguma fosse gostar de mim tão rápido, isso é algo inexplicável e forte,
acho que é assim que o meu tio se sentiu em relação a mim quando eu o vi
pela primeira vez, como se visse a uma criança que deveria cuidar e proteger,
o que foi uma grande pena, foi o fato de que ele me deu para Clair, pois na
época ele estava muito ocupado cuidando da administração do hospital.
—Eu já estou lendo o livro — Nando fala rindo à beça faço cócegas
nele. — Para Jack!
—Eu mereço um pouco de respeito moleque atrevido — respondo e
me sento em sua cama, mexo nos cabelos dele. — E o quebra cabeças?
—Ali — indica a mesa de cor azul pequena. — Eu já estou montando,
ele também é muito legal.
—Que bom garoto.
Nando se senta na cama e fica me olhando com uma espécie de
admiração, confesso que me sinto intimidado com o olhar do garoto, pois
nunca me olharam assim, pelo contrário, todo mundo da minha família me
odeia, para o meu pai eu sou um filho problemático, para os meus irmãos
mais novos um fraco e para os meus irmãos mais velhos um nada, acho que
por isso eu odeio que as pessoas me olhem, elas fazem tantos julgamentos ao
meu respeito... não sei.
Quero me esconder do olhar do Nando também, sou um Merda!
—Você é um cara legal Jack, você e a mamãe vão se casar?
Olho para aliança de casamento no meu anelar esquerdo e me sinto
idiota.
—Acho que já pulamos essa parte — respondo sentindo-me
constrangido.
—Você não pediu para mim.
Reconheço esse tom autoritário, pelo visto, o menino herdou isso
da mãe.
—Bem Fernando, eu posso me casar com a sua mãe?
—Você vai fazer um bebê nela e abandonar ela como o meu pai fez?
Arregalo os olhos e faço que não com a cabeça, Meu Deus!
—Não, não, eu não farei isso.
—Minha mãe já sofreu muito sabe? Uma vez eu ouvi a minha vó
falando que eu fui um bebê indesejado, eu não quero isso para outra criança,
eu sei que a minha mãe trabalha muito e se dedica muito para eu ficar bem,
mas você sabe cara, minha perna é um problema nas nossas vidas, e é
complicado.
As sagacidade e inteligência de Fernando me assustam.
Não sei nem o que falar.
—Eu não sei por que o meu pai abandonou a minha mãe, mas a minha
vó Sueli disse que é porque ele é um galinha.
Ele é um Merda de um filho de uma pu...
—Só não magoa a mamãe tá bem? — pede Nando pensativo. — Ela
merece uma família de verdade, sem falar que a minha vó a mataria se
engravidasse de novo.
—Tá.
Nunca me senti tão intimidado com o olhar de alguém... Bem,
mentira, me senti intimidado com os olhares de Maria no cassino, mas bem,
eu fiquei bêbado logo em seguida...
—Combinado.
Ele estende a mão para mim e eu a aperto cordialmente, depois eu o
puxo e o abraço com força.
—Eu prometo que não vou machucar sua mãe nem você menino.
—Você está me sufocando Jack.
—É carinho.
Minha forma de dizer que amo as pessoas, sufocando-as.
Mas Nando ri, e me vejo rindo também, porque sei que pela primeira
vez na vida, sou bem-vindo na vida de alguém.
Ele também é muito bem-vindo na minha vida.
Rendido
Fico sentado na cama ouvindo o som do chuveiro.
Dentro de mim as coisas funcionam um pouco mais rápido, mas não
consigo me mover, porque é como se eu não conseguisse sair do buraco em
que me enfiei quando me lembro de tudo o que vivi no percurso da minha
vida até aqui.
Agora essa mulher desordeira aparece e me faz querer algo bem maior
que apenas surras, momentos de prazer, ela me fascina e me deixa admirado
com sua personalidade e me faz sentir como um garoto desolado por sua
rejeição.
Tudo foi sempre composto por muros a minha volta.
Havia muita vontade em mim de ter dinheiro, meu trabalho, meu
objetivo de vida era ser alguém tão rico ou mais rico que os Carsson, mostrar
para minha família que ainda que eu fosse um bastardo eu era um homem
capaz de ter minha própria fortuna, depois quando descobriram que eu era um
prodígio eu me tornei uma criança sagaz, ainda que isolada e antissocial,
coisa perfeitamente explicada pelos cientistas, contudo ir tão cedo para
faculdade para mim não foi uma novidade.
As coisas que eu possuía não pareciam ter sentido algum por conta do
meu medo e os sentimentos se misturaram quando eu ainda era novo e
conheci Condessa na faculdade, naquele momento ela se tornou meu mundo,
tudo o que eu mais queria e nunca havia tido, um grande amor, uma grande
paixão, um vício tão forte quanto um choque de adrenalina.
Me vi totalmente preso a ela por anos da minha vida, a suas
vontades, desejos e fetiches.
Eu estava louco por ela, eu a queria e somente ela me meu objetivo de
vida, até eu perceber que para ela eu não tinha um sentido diferente de um
capricho, algo manipulável e descartável como todos os homens foram em
sua vida.
Logo depois que tudo acabou entre nós dois eu me sentia como um
saco vazio, os restos de um jovem homem que se tornou muito velho antes do
tempo, alguém com conteúdo de sobra para dar a doutores de Harvard sobre
física quântica e matemática, mas que no coração carregava algo tão pesado
quanto uma tonelada de dores e sentimentos ruins.
Aquilo me tornou vazio pois eu não sabia ainda lidar com a dor, bem,
na verdade não sei.
Então hoje me vejo, apaixonado por uma estranha que me rejeita, que
não entende meu estilo de vida, que não aceita meu passado e que não
compreende o significado de tudo para mim, e que me faz me sentir mal por
ter sido tudo o que ela não merece para fazer parte de seu presente.
Maria merece alguém melhor que eu, ela merece ser feliz com
alguém normal..., mas eu não consigo ficar longe de Maria, mesmo sendo
um completo Anormal.
Isso me machuca tanto.
Algo grita dentro de mim para ir falar com ela, mas não sei se devo,
se tenho que conversar, se posso, pois sei que talvez essa conversa nos
arruíne, não somente pelo meu passado, mas pelo meu presente, pois
Condessa ainda faz parte dele.
Fico preso a indecisão até que consigo me levantar, estou irritado,
bastante irritado eu diria, eu sei que tenho que colocar um ponto final nesse
assunto ainda que não saiba como.
Vou para o banheiro, eu a vejo tomando banho de costas para mim,
grita uma música que eu jamais ouvi a letra em toda a minha vida, ela faz isso
porque sabe que me irrita, me provoca, e consegue, estou tão cego de raiva
que só percebo que Maria está próxima quando já a puxo para perto num
abraço apertado, ela se assusta.
—Você me irrita.
Seus lábios tremem, úmidos e carnudos, seus olhos estão trincados
com força, e me odeio a cada segundo por ser assim, só que não consigo ser
diferente do que sou.
—Você precisa aceitar que eu tenho um passado.
—Quero saber da agência.
Sua exigência me toma de surpresa.
—Você promete que vai parar de cantar?
—Eu sou uma excelente cantora.
Sorrio contrariado, ela está irritada, eu a viro para mim e a beijo, pois
não resisto aos lábios que adoro, ela me corresponde aos poucos, meu doce e
irritante pecado se rende a mim com a mesma intensidade saborosa de antes.
Ela se rende aos poucos enquanto eu estou completamente
rendido.
—Tem coisas bem piores que Soraya.
Ela parece bem disposta a ouvir.
—Tem certeza de que quer saber sobre isso?
—Absoluta.
Eu não tenho tanta certeza de que você estará tão convicta quando eu
acabar de falar sobre a Agência.
Quero cuidar de maria
—Podemos tomar o café enquanto conversamos então.
Ela concorda com um assentir de cabeça, me afasto tentando manter a
calma, pois sei que as coisas não estarão assim tão dentro do controle logo
que eu começar a falar para Maria sobre as centenas de coisas do meu
passado, ou ao menos parte delas.
Maria fica parada e eu analiso seus traços, seus ombros caídos e a
água que caí atrás de seu corpo, dentro das partes cavernosas do meu cérebro
me vem imagens eróticas da nossa primeira noite, de quando a possui como
queria, ainda que eu estivesse longe de estar sóbrio, tudo o que eu queria
estava ali me despertando desejo, vontade, um lado primitivo que somente ela
tem a capacidade acordar em mim.
Um animal que sempre esteve adormecido, no qual fica louco quando
é despertado por ela.
Não consigo entender ainda isso, nunca me senti assim em relação a
mulher alguma, mas ela... ela me enlouquece.
Estou duro, e tudo o que mais quero nesse momento é poder levar ela
para cama e mostrar o quanto podemos desfrutar de momentos bons juntos,
mas tudo o que devo fazer algo diferente disso, coisa que não quero e que sei
que machucará muito ela.
Sei que ela não entenderá, que ela não vai aceitar, mas também sei
que isso é algo do qual terei que falar para ela, e em algum momento ela irá
ao menos ter ciência de que ficou no meu passado.
Me afasto, mas fico parado no box observando-a.
Maria não se move, as curvas do corpo dela estão cobertas de espuma,
pequenas gotas d'água, respiro fundo, realmente difícil, fico de costas para
ela.
—Vida você vem?
—Tá estou indo.
Sinto vontade de atacar quando me viro de novo e ela já está
enxaguada, seguro seu braço logo que me aproximo, a conduzo para fora do
box e pego a toalha. Começo a secar seus braços, não sinto como se isso
fosse algo estranho, foi algo que desenvolvi com o passar dos anos, ser um
submisso inclui uma dezena de coisas que muitos homens não estão dispostos
a fazer, essa talvez seja uma delas, mas não foi bem por conta de Soraya que
desenvolvi essa mania de cuidar dos outros, nunca cuidei de ninguém, nem
de Soraya, talvez pelo acordo de submissão eu tenha feito muitas coisas por
ela, mas Maria foi e é a única mulher na qual trato dessa forma.
Nunca cuidei de ninguém, mas gosto de sentir que cuido dela.
Maria desperta em mim tantas coisas que não sei como explicar,
nunca saberei na verdade.
Escuto o som dos passos lentos e percebo a pequena presença canina
perto da porta, Claus boceja, com a toalha seco seus cabelos.
—Quero que fique bem.
—Eu sei.
—O seu cachorro está nos observando.
Seco seus braços e seios com zelo, gosto de sentir que Maria está
protegida e bem, é como quando mamãe cuidava de mim, ela era tão zelosa
comigo, nunca ninguém cuidou tão bem de mim quanto minha mãe, me
sentia seguro e feliz de ver seu sorriso, o quanto ela me amava e me tratava
bem, quero que Maria se sinta assim também, como se alguém cuidasse dela,
a protegesse, que perceba meu amor através disso.
—Você gosta de me secar.
—Gosto de cuidar de você.
—Por quê?
E ela não entende isso.
—Não quero que morra.
Não quero que ela se afaste, não quero que ela parta para longe de
mim assim como foi com minha mãe, meu coração ficaria destruído, eu na
verdade acho que não consigo prosseguir com a minha vida sem que Maria
esteja nela porque a amo, eu a venero, acho que apenas ela não percebe isso.
—É algo que desenvolvi depois da morte da minha mãe, coisa de
louco.
—Jack você não é louco.
Não é isso o que os laudos médicos dos meus psiquiatras da infância e
adolescência dizem, eles também dizem coisas que eu não quero que ela
saiba, eu sei que eu nunca vou passar de um monstro doentio, mas não quero
que Maria esteja tão ciente disso, quero mostrar para ela que posso mudar
minha forma de ser, sarar da minha doença, dar tudo o que nunca tive de
ninguém... amor.
—Quero que fique bem — não sei o que falar além disso.
—Eu sei, também quero que você fique bem.
E eu sei que ela é verdadeira.
—Eu gosto muito de você.
—Também gosto muito de você.
—Acha que pode aprender a... me amar?
Maria parece apavorada, mas não tenho medo de uma resposta.
O não eu já tenho.
—Em algum momento você vai ter que se apaixonar por mim.
—Você também.
—Não é o caso.
Já me apaixonei.
Lhe dou um beijo na cabeça, o peito dela sobe e desce, sua respiração
se altera, sorrio.
—Já sou louco por você vida.
—Eu acho que já me deixa louca Jack.
Ela não quer falar de amor... Resistindo como sempre.
—Em que sentido?
—Eu nunca ficaria pelada na frente de um homem.
—Nem do pai do seu filho?
De repente Maria está tensa, outra coisa da qual ela não quer falar,
mas vai ter que falar, ela parece detestar esse cara contudo não é isso, as
vezes tenho a sensação de que ela tem medo de falar disso.
—Você não gosta de falar dele.
—Porque ele é insignificante para mim.
—Ele magoou muito você.
—Ele me machucou profundamente.
—Ele batia em você?
E só de pensar nisso minha pele já começa a ficar ouriçada de raiva.
Se ele houve encostado num fio de cabelo se quer dela vou achar
esse cara no inferno e acabar com ele.
—Não, nós dois só ficamos juntos uma vez.
—E já engravidou?
—Sim.
Maria respira fundo e percebo seu mal estar em falar sobre isso, acho
que ele realmente fez muito mal e ela, mas no sentido emocional, isso não me
acalma, mas é o que basta para eu ter algumas certezas, só quero que ela me
confirme pois afinal de contas, mereço alguma verdade sobre tudo isso.
—Foi uma gravidez acidental então.
—Sim, já te falei que a minha mãe nunca aceitou.
Menos Mal.
—Hum, vamos.
—Só vou me vestir pode ir na frente.
—Nada de roupas.
Não entendo seu espanto, não entendo por que ela não se
acostuma, eu sou assim, não quero por porra de roupa nenhuma, para
que colocar roupa? Somos casados!
—Jack não é boa ideia...
—Vem.
Eu a pego no colo e a jogo por cima de meu ombro, não resisto e
acabo dando um tapa na bunda dela, é arredondada e grande, Maria se
encolhe assustada e sorrio, mas logo depois sou castigado, ela me dá uma
mordida na nádega, tão forte que faz com que todo o meu corpo trema com
isso.
—Desculpe — pede ela.
Não sabe o que fez, se eu não tivesse que conversar com você agora,
iria pedir por mais..., porém sei que você não está pronta para me oferecer
isso, nunca estará de fato.
—Tudo bem.
Beijo sua coxa onde dei um tapa, e ganho um beijo fui mordido, pego
a máscara embaixo do travesseiro, saio do quarto carregando-a assim.
—Você é notável senhora Carsson.
—Sou?
—Sim.
Sorrio feito um idiota, estou tão caído por essa mulher.
—Jack por que estamos pelados mesmo?
—Porque eu quero.
—Já posso te chamar de cinquenta tons?
—Não ouse.
—Mister "M" então.
—Ainda não.
Entramos na cozinha, eu a coloco no chão, coloco a máscara em sua
face e percebo que o copo dela automaticamente reage a isso bem, Maria
finalmente está se acostumando mesmo com a máscara, porém não sei se isso
é tão bom, ela estende os braços e tateia o ar, toca meu abdome e me empurra
para o lado, rio e a abraço por trás quando ela se afasta, adoro seu senso de
humor porque é imprevisível.
—Vida.
—Hum.
—Faz omelete para mim?
—Você gostou?
—Claro que gostei, você mentiu para mim sobre ser boa cozinheira.
—Faço então.
Percebo empolgação em seu sorriso.
—Eu te ajudo com os ingredientes.
—Tá bem.
—Você quer que eu te fale sobre a agência enquanto isso?
—Aham.
Chegou o Momento.
Medo, agência, passado você!
—Podemos usar cebola e pimentão — eu a solto. — Alho?
—Tem brócolis e espinafre cozido, coloque na pia.
—Tá.
Ajudo ela, Maria está cozinhando para mim, e me sinto meio tolo por
imaginar como serão nossos dias juntos depois de hoje, não falaremos sobre
problemas como os dois outros casais do resto do mundo, e duvido muito que
ela esteja pronta, ela nunca estará realmente pronta para lidar comigo, minha
doença os minhas limitações, tão pouco meu passado, mas sei que ela ao
menos está disposta a me ouvir, e isso já é um bom começo.
Depois de tudo ainda sinto um medo tremendo de perdê-la, mas tenho
certeza de que se ela não me quisesse provavelmente não estaria tão próxima
de mim em nenhum sentido.
Beijo seu pescoço ajudando-a a fatiar a cebola, tomo cuidado com os
ingredientes, quero sempre poder ter esse contato com ela, poder ter ela
comigo, ter ela por perto é um remédio para minha insanidade, uma cura para
minha dor, por mais que as pessoas não entendam como as coisas funcionam
para mim.
Por toda a minha vida estive procurando alguém ao menos que me
aceitasse, que me compreendesse, primeiro depois da morte de minha mãe,
alguém materna, mas Clair nada tinha a me oferecer além de rejeição e
desprezo, depois uma namorada, mas Soraya nunca nem chegou perto disso,
algo que demorei a compreender, porque eu era muito confuso em relação a
ela quando nos envolvemos, e então matei todas as chances de tentar achar
alguém que suprisse a minha necessidade, antes de ter uma mãe, depois de ter
uma mulher.
Por isso eu procurei a agência.
Porque achava que lá encontraria alguém parecida comigo, ou ao
menos alguém na qual eu me identificasse ao ponto de querer algo mais,
também pelo prazer que eu buscava, mas entendi que aquilo não me levaria a
lugar algum, porque se eu tivesse de achar uma pessoa que me aceitasse—no
mínimo—essa pessoa teria que passar tempo suficiente comigo para saber
lidar com tudo, meu passado é uma bagagem muito pesada para qualquer
uma saber lidar.
Também entendi que não conseguia me entregar a nenhuma mulher
depois de Soraya pelo medo de rejeição, isso me fez buscar uma vingança
privada, mas algo que era provocado contra mim mesmo, queria me punir por
todos os erros, vazio eu sempre fui, mas na época da agência...
Pensando bem, acho que ela não vai saber lidar com essa porra
toda.
—Depois que eu abri a empresa me sentia muito vazio — falo com
cuidado. — Não conhecia outras mulheres, queria reparar o mal que tudo
aquilo me fez.
—Você queria se sentir normal?
—Sim ou apenas ter a chance de ter alguém que não me sujeitasse a
tudo isso.
—A ser submisso.
—Eu era doente, não havia a menor chance de me aproximar
normalmente de alguma mulher, nem fisicamente nem emocionalmente.
Ou apenas me aproximar de uma mulher, sou um porra de um
medroso mesmo!
—Então procurou a agência — Maria diz. — Como achou essa
agência?
—Quando se tem um pouco de dinheiro e se conhece a pessoa certa
isso é o de menos — seguro sua mão, olho para as camadas de cebola
lembrando de algumas coisas ruins que fiz. — Eu basicamente comecei a ter
encontros duas vezes na semana, no começo eu tinha uma ou duas parceiras
por noite, as vezes três.
Ou várias...
—Era cômodo para mim e muito fácil, queria achar alguém que
estivesse disposta a conviver comigo pela minha limitação.
— E isso não aconteceu.
—Não, percebi logo que nenhuma das mulheres com quem me
envolvi eram compatíveis comigo.
Realmente, é estranho lembrar que faz pouco tempo que eu parei de
sair com as mulheres da agência, parece que faz muito mais tempo que não
tenho encontros com garotas daquele lugar!
—E como funcionava?
—Alguém da agência ligava e marcava o encontro.
—Na agência?
—Não, em um hotel ou alguma casa que eles alugam, depende muito
do lugar.
—Em qualquer lugar do mundo?
Você não tem ideia dos lugares para onde eles podem enviar a
mulher mais próxima... ou o homem!
—Sim, a qualquer hora com o tipo de pessoa que você desejar.
—Até homens?
—Nunca saí com homens.
Isso não é bem verdade, mas... não, ainda não querida, você não está
tão pronta ao ponto de saber disso.
Beijo-lhe o pescoço, seguro suas mãos e as deposito sobre o brócolis.
As vezes se torna algo muito fácil e banal de se pensar, afinal de
contas, é normal um homem ter vários encontros com mulheres diferentes,
mas os meus encontros eram tão... estranhos!
Eu sou estranho.
—Tive vários casos nesse ano, mas isso estava atrapalhando muito o
meu foco, a empresa estava em fase de crescimento, precisava me concentrar.
—Você gostava delas?
Nunca gostei de ninguém, mas confesso que algumas me
cativavam.
—De algumas sim, outras eram apenas pessoas com quem eu gostava
de estar, e nem todas foram minhas amantes.
—Quantas?
Acho que trinta e sete, mas não me lembro direito, acho que as
garotas da agência foram as únicas coisas que eu não contei na minha vida.
—Acho que trinta, nunca parei para contar.
Não disse que eu era um santo, nem prometi que falaria
completamente tudo por trás do que houve, mas não gosto de mentira,
realmente, não me lembro.
—Tinha uma libido incontrolável, era um pouco vaidoso no começo e
convencido, só tinha vinte e três anos.
Isso não é completamente verdade, mas falar da idade agora...
isso não é o assunto.
—Isso foi a três anos Jack.
Mais ou menos.
—Para mim parece que faz muito tempo, desde aquele ano mudei
muito.
—Você não teve nenhuma namorada?
—Não posso chamar aqueles envolvimentos de namoros, algumas
eu... eu usava para me divertir um pouco.
—Divertir.
Depois que observa ela parece meio intrigada com isso, mas é a pura
verdade.
—Fazia coisas com elas.
Tiro a faca da mão dela e a seguro pelos ombros e a viro para mim,
analiso sem semblante tentando buscar respostas para o que acabei de falar,
gostaria de ser suficientemente corajoso para que Maria me visse nesse
momento, olhar em seus olhos para me sentir inteiro, um homem sem medo
do que as pessoas veem sobre ele, um homem de verdade mas não consigo.
—Praticávamos sadomasoquismo.
Ela fica sufocada e dura, os nervos de seu corpo enrijecem, e não
queria ter que ser portador dessa coisa toda, mas eu a quero tanto que não
acho justo que ela não saiba, eu a amo tanto que não quero mentir para ela,
não consigo, não sobre isso, me inclino e encosto a testa na dela, Maria solta
o ar devagar, sinto sua respiração nos meus lábios.
—Fale algo.
Mas ela não fala e isso me frustra, olho para sua boca e não resisto em
beijá-la, tenho muito medo de que não compreenda o que tento falar, que
interprete isso mal — coisa que sei que está acontecendo nesse momento.
Porque sinto, que a cada dia que passo ao seu lado, eu deixo de
ser o outro homem que eu era antes dela.
Nunca encontrei tanto refúgio em algo tão simples... apenas um beijo
dela, mas o receio ainda me toma todo.
—Você vai me abandonar agora?
—Já disse que não vou te abandonar.
Fecho os olhos reforçando isso dentro de mim, ela não partirá como
minha mãe partiu, ela não me abandonará como Clair me abandonou, ela não
me trairá como Condessa me traiu, Maria ficará ao meu lado, e farei tudo
para que ela reforce isso dentro dela também.
—Eu mudei muito desde então, eu não prático mais, foi num processo
de transição da minha vida.
—Que época?
—Meus negócios começaram a se expandir, e a empresa precisava do
dono. Foi quando eu comecei a fazer terapia com a Lane, e comecei a minha
ressocialização.
—Para você pode andar em público.
—Eu odeio massas.
—Por isso você agiu daquela forma comigo no baile?
—Uso toda a minha autoconfiança para isso.
—E fica frio com as pessoas.
Frio é muito pouco perto do que posso ser querida, tudo o que
tenho é... Medo!
—Acho que você não percebeu o quanto estava apavorado em saber
que pelo ou menos trezentas pessoas estavam me olhando.
—Apavorado?
—Sim, e enjoado.
Maria me abraça de forma repentina e isso mata a agonia de me
lembrar daquele momento.
—Já fiz coisas terríveis.
—Eu não me importo com isso.
Passo os braços envolta dela e a abraço também me sentindo seguro.
—Talvez algumas coisas você não tolere.
—Você não quer que as coisas deem certo?
—Claro que quero.
—Então se permita isso.
—Você é tudo o que eu mais quero.
E você não sabe o quanto.
—Você é muito fofo quando quer Jack.
Beijo sua cabeça.
—Minha omelete.
Não quero parecer fofo, gosto de manter a minha reputação intacta,
pois sei que ela ainda terá uma lista imensa de decepções quando conhecer
quem eu realmente sou.
—Ah, claro, você pode despejar quatro ovos...
Maria fala como devo fazer, me afasto e vou pegando os ingredientes
e misturando tudo, começo a gostar muito mais de nossa convivência que
tudo, ela me ouve, ela procura me entender e ela sabe como respeitar as
minhas limitações, gosto disso nela, como pessoa.
—Jack.
—Sim?
—Você está agindo assim para me agradar?
—Nunca faria isso com você Maria, eu sou assim as vezes, sou
complicado já disse.
Misturo as gemas na vasilha, não tenho tanto jeito assim com a
cozinha, mas compartilhar esses momentos com ela é muito bom.
—Você gosta... gosta de estar comigo?
Que pergunta.
Eu a olho de cima abaixo, e já começo a pensar sacanagem.
—Por que não gostaria?
—Não sou interessante.
Como?
Maria tateia o ar e a observo puxar uma cadeira e se sentar, ela está
envergonhada, não quero imaginar como seria se ela visse a forma como eu
realmente a olho.
Quero comer ela e ela vem com essa conversa de "sou feia?"
—Por que não se acha interessante?
—Bem, eu não sou das mais bonitas nem nada, eu não gosto muito de
sair nem essas coisas, e eu estou acima do peso.
—Alguém disse isso para você?
Tenho certeza de que foi exatamente isso, alguém a ofendeu, e já
começo a me irritar com a possível chance de ser o imbecil do pai do Nando,
o sorriso forçado não convence, ainda que esteja com os olhos fechados a
todo momento.
—Não precisa ter medo de que outras mulheres não queiram você,
algum dia você pode encontrar alguém jovem e compreensiva para ficar com
você, dar filhos.
Porra!
É isso, ela deve ter visto o pai do Fernando enquanto eu estive fora,
esse idiota falou alguma coisa para ela, e a última coisa que eu preciso é de
alguma espécie de pena da parte dela, me irrito.
—Não tenho medo de que não me queiram Maria, EU QUE NÃO
QUIS NINGUÉM.
—Só quero dizer que...
—Não diga!
Ela cora.
—Você quer me afastar de novo...
—Não, não é isso, apenas estou dizendo que você é rico, muito jovem
e é bonito, talvez consiga coisa melhor.
—Você é o meu melhor!
Estou sendo completamente sincero.
—Não se importa se as outras pessoas me acharem feia?
—Não preciso da opinião de ninguém, eu sei muito bem o que eu vejo
e quero, e chega com esse assunto.
—Tá!
—Vou te servir a minha omelete, mas você vai fazer para mim
depois.
—Tudo bem.
Melhor assim, porque se eu ficar imaginando coisas como a que
pensei a pouco vou acabar fazendo merda.
Essa mulher é apenas minha e nada nem ninguém vai dizer o
contrário, nem meu passado, nem o que eu fui, nem o meu medo, e por
fim, nem ela!
Entregue a Maria
Maria aceita mais uma garfada de omelete, ela mastiga devagar e
parece gostar da comida, tem vergonha, ela é tão tímida às vezes que me dá
nos nervos, o que é contraditório já que eu sou bastante tímido. Ela está
pensativa e calada, sempre apreciei silêncio, mas o silêncio que vem dela não
me deixa muito confortável.
Ela ergue a caneca e bebe o café depois que mastiga boa parte do que
dei a pouco, tento desvendar seus pensamentos, mas ela está fechada,
momentos reflexiva, momentos apenas quieta, gosto de quando ela conversa
comigo por causa disso, porque assim estou bem ciente de tudo o que
acontece, tanto quanto as coisas são para ela assim como são para mim.
Mas sofro de um mal muito forte, ansiedade e não resisto.
—No que está pensando?
—Nada.
Mentirosa.
—Já falei sobre seu silêncio.
—E eu já falei que sou um tédio.
Você está muito longe de ser tediosa Maria, mas não quero
discutir isso com você.
—Hora de voltar para o quarto, Alejandro já deve estar voltando.
Provavelmente está pensando em tudo o que falei.
Claro, não quero destruir os sonhos futuros do meu filho com essa
visão maravilhosa de dois adultos pelados andando dentro do que ele chama
de lar, nem denegrir a minha imagem de boa mãe.
Isso não.
Me espanto logo que escuto ela contando os passos baixinho.
—Você está contando?
—Claro, eu preciso me acostumar para quando você vier.
Paro, mas é um ato de choque, preciso saber, preciso perguntar,
preciso que ela confirme o que quero saber.
—Você quer que eu venha mais vezes... e concorda em continuar com
a máscara?
—Você não?
Fico calado.
Analiso suas feições, os cílios cumpridos, a sobrancelha escura e
grossa, as bochechas dela e a boca carnuda, e dentro do meu coração tudo se
agita com a afirmação de que mesmo sabendo de tudo, Maria me permitirá
estar próximo dela, ficar com ela, mesmo sabendo da agência e todo o resto.
Ela suspira e não consigo entender por que isso, depois solta minha
mão e sai esticando as mãos para os lados, pisco.
—Maria o que está fazendo?
—Reconhecendo a área.
Reconhecendo a área como se brincasse de cabra cega pelada pela
casa.
Sorrio, tamanho ridículo nunca imaginei viver com uma mulher, a
pego em meu colo e levo ela para o quarto, ela se segura em mim e percebo
que corro cheio de entusiasmo e felicidade.
Felicidade não é algo constante na minha vida, acho que é
perfeitamente normal para as outras pessoas saberem lidar com isso, mas o
sentimento para mim é tão forte que mal sei como concretiza-lo, porque saber
que ela de fato está disposta a viver tudo comigo — assim — me deixa cheio
de alegria, passo pela porta e ao entrar no quarto a jogo na cama.
—Você me paga.
Melhor forma de demonstrar felicidade: Ameaçando!
—Pelo o que?
Ela está apavorada, se assustou por eu ter pegado ela no colo, saí
correndo feito um louco.
Me afasto e passo a tranca na porta, ela se apoia nas mãos e vai
engatinhando para trás, agora incerta, me arrependo.
—Não precisa ter medo.
—Não faça mais isso ta?
Subo na cama, Maria recua, e vou para o corpo dela subitamente
contente.
Sou um misto estranho de boas e péssimas emoções, em parte por
conta da bipolaridade, realmente é difícil lidar com sentimentos para mim, é
como estar numa montanha russa onde as decidas são as crises de mal humor
e raiva e as subidas são súbitos focos de alegria e felicidade, coisa que nunca
tive ou fui.
—Você é a melhor.
Seguro sua mão e entrelaço a minha na dela observando nossas
alianças de casamento, beijo seu corpo onde quero, porque sei que ela é
minha e de mais ninguém.
"Meu pescoço", "meus seios", "minha mulher".
Sinto seu toque e fagulhas estranhas me tomam o estômago, sua mão
desliza para o meu ponto fraco: a nuca, e quando ela toca lá parece que meu
corpo todo relaxa.
—Quer ouvir música enquanto fazemos amor?
Nada de Rodeios aqui.
—S-sim.
—Boa escolha.
Me ergo, olho para o seu corpo e assim pensamentos obscenos me
vem a mente, ligo o ar e coloco o set list para funcionar no meu celular, puxo
as cortinas das janelas.
—Eu sou um pouco sentimental às vezes.
Ela não responde, pego um preservativo na minha mochila e coloco
observando Maria deitada, os olhos fechados, os lábios entreabertos, eu a
quero tanto!
Volto para cama e me deito sobre seu corpo, não quero ser um
completo bruto, ainda que seja algo bem impossível pois não é da minha
natureza, toco sua face e me curvo observando a maravilhosa cavidade quase
sem pelos, suas pernas entreabertas me recebem devagar, e quando mergulho
em sua umidade um arrepio me percorre da cabeça aos pés, seus quadris
sobem devagar enquanto a penetro, olho suas feições, ela está desejosa, mas
não é isso.
—Você é muito especial para mim Maria.
Não sei como falar que a amo de outra forma, não como se deve.
—Também gosto de você Jack.
Toco seus cabelos e a beijo devagar, ela está quente e viscosa, da
forma inconfundível que me deixa louco, adoro foder com a minha mulher, a
preencho bem devagar e a puxo para cima do meu corpo, ela se acomoda e eu
a movo segurando seus quadris, ela senta tão gostoso!
Seus olhos estão fechados, ela morde involuntariamente os lábios, e
minha mente se enche de expectativa, quero mais, muito mais do que pode
me oferecer e talvez esse seja meu grande problema, eu tenho que ir devagar
com ela, e isso parece sempre muito impossível pois ela me excita como
nunca conseguiram na vida.
Ela se apoia nas mãos e eu a movo comigo, ela me beija dobrando os
joelhos, a boca é quente, se enche de suspiros nos quais adoro arrancar, me
ergo e puxo suas pernas deixando-a sentada sob meu pau, latejo movendo ela,
observando a buceta deslizar em mim de um jeito fácil.
Aperto a bunda e lambo seu queixo, ela abocanha minha língua como
se já soubesse que eu a ofereço, ela chupa a minha língua lentamente e seu
gesto é coberto de erotismo, coisa que gosto, mergulho devagar provocando
ela como quero, o sexo com Maria é denso e concreto demais.
A pele macia e quente se arrepia, e sei que ela gosta da metida, sua
intimidade começa a ficar muito quente, e o sexo se torna mais sensível, ela
estremece entre meus braços, mas não paro de mover, é uma coisa de pele,
ela fica geme e todo meu corpo reage a isso, mas prendo, não é fácil ter muito
auto controle com Maria.
Mas para ela se torna uma tortura, espero que ela se acalme, e volto a
movê-la, ela abaixa a cabeça e franze a testa soprando, sensível e cheia de
vontade, os seios dela roçam no meu peito, sua pele me queima todo, aperto a
bunda e resisto em dar uns tapas, as vezes é difícil discernir entre uma boa
trepada e fazer amor com Maria, ela me provoca tanto que se torna algo
torturante.
Seus lábios soltam um gemido prolongado, e isso me deixa
extremamente sensível, da vontade de foder até não aguentar mais, mas tenho
calma, respiro fundo, faço com que sente, entrando e saindo, do começo do
meu pau até que não o veja, me esfrego nela, e a tiro, Maria se deita para trás
e suas pernas tremem, não consigo tirar os olhos da buceta, eu a beijo com
força, suas mãos se enfiam novamente em meus cabelos, minha boca devora
ela e me sinto preso a isso.
Gosto de sentir sua textura, sua quentura, seu gosto, ela é quente
e deliciosa.
Ela se excita muito fácil e por seus reflexos percebo a inexperiência,
saber que ela é apenas minha me deixa ainda mais excitado, tanto que isso se
torna muito difícil de suportar, não preciso apenas meter nela para que me dê
prazer, é algo visual, mas tão palpável que mal sei explicar, ela se ergue e
abro mais as pernas chupando ela e observando-a, ela treme e arfa gemendo
bem alto.
—Mais! — ela sussurra cheia de prazer. — Me dê mais.
Ela se entrega a mim sem medo, sem receio, e vejo que o fato de não
olhar não nos atrapalha na hora do sexo. Me ergo beijando sua barriga, tomo
seus seios entre os lábios, suas pequenas dobras úmidas pelo gozo intenso me
deixam fascinado, eu a beijo recebendo seu abraço, e entro nela sem
conseguir mais prender ou esperar, não existe barreiras nesse momento.
Compartilhamos de seu gosto divino, ela me recebe apertando os
olhos, as pernas dobradas enquanto estoco dentro dela, enquanto meto escuto
o barulho da trepada, definitivamente é muito difícil controlar ou conter perto
dela, tentar eu tento, mas parece impossível.
Caralho, muito gostosa!
—Vou gozar.
Ela está apoiada nos cotovelos, os seios pulam com a força da transa,
lambo o suor que escorre em seu pescoço e seu gemido é contínuo, esfrego
minha face na dela e aperto os olhos recebendo uma lambida longa no
pescoço, quando ela arfa, arrepios se espalham pela minha pele.
Fecho os olhos e me sinto como um animal que estava preso e é solto.
—Ah Maria!
Sinto que explodo dentro dela e meu corpo desaba buscando os
últimos vestígios de prazer que ela deixa no meu pau, meto uma última vez,
os quadris dela se movem com os meus devagar, ela me acompanha por
igual.
—Viu? — não resisto. — Sei ser legal as vezes.
Ela não responde, e não a culpo, mas ela sorri como se dissesse "sei",
isso já me basta, não sou legal... só as vezes.
Nível 12 da atração
Deixo-a dormindo, meu celular vibra em cima da cabeceira, saio da
cama e vou para o banheiro, logo de cara vejo que é a Júlia.
—Oi Júlia.
—Hey Jack, tudo bem?
—Sim.
Pela primeira vez na vida, tudo bem, mas Júlia não parece muito
animada pelo contrário.
—O que foi? Algo errado?
—Papai, ele está meio fadigado, você sabe que os problemas no
coração estão só piorando né Jack? Ele não te falou, mas foi para fila do
transplante.
Fico parado recebendo a notícia assim do nada.
—Alejandro não sabe ainda, eu escutei o Ph falando para o Jonas,
Jack eu estou com medo.
A voz da Júlia começa a ficar temorosa e escuto um fungado triste do
outro lado da linha, e não suporto a ideia de que talvez papai não esteja bem.
—Não precisa ter medo Júlia, eu vou contratar o melhor
cardiologista, calma.
—Ele não admite, Ph veio aqui e ele acabou brigando com papai, ele
está bem, mas sempre parece preocupado, depois do que houve com o
Alejandro e comigo...
Júlia não é uma garota assim tão problemática, mas durante a
adolescência ela teve distúrbios alimentares seríssimos, papai descobriu logo
e a colocou na terapia, mas toda essa coisa com Alejandro o deixou meio
agitado, e comigo também.
Me sinto culpado.
—Ele vai ficar bem Júlia, eu farei o possível para voltar logo.
—Está bem, manda um beijo para Duda.
—Sim.
Não consigo falar mais nada, desligo, respiro fundo e quero quebrar
alguma coisa, me sinto impotente.
Tiro a camisinha e faço a higiene, eu também me sinto perdido
quando se trata de papai, ele já não é tão jovem quanto antes, nem tão
vigoroso, sofre do coração a alguns anos, infelizmente o coração do velho já
não funciona bem, disso eu soube a algum tempo mas achei que o repouso e
o fato dele ter entregue parte da administração do hospital para o Ph e para o
Richard havia feito com que as coisas melhorassem para ele.
Fui ausente, bem, ainda sou, e não acho que meu pai mereça isso, e
me sinto mais frustrado que nunca de saber que não conseguirei estar muito
mais próximo dele neste momento por causa dos meus irmãos, da minha
família, porque eu sei que os Carsson nunca vão de fato de aceitar.
Volto para o quarto e observo a morena que dorme debruçada entre
lençóis de uma cama simples, sorrio incerto, não pela visão de seu corpo, das
curvas dela, mas porque a amo e ela significa muito para mim.
Aperto o reprodutor de música e me deito, me aconchego a seu corpo,
beijo sua testa, quero tanto que Maria esteja sempre comigo, isso me torna
alguém próximo do que posso chamar de normal, mas também porque ela me
faz querer muito uma família de novo, coisa que fui deixando de lado de um
tempo para cá.
Sonhei em ter uma família com Soraya mas isso não foi possível, tudo
o que tive dela foram decepções e tristeza, ela abortou um filho meu e eu
quase morri por conta dela, meus sonhos se reduziram a pó depois que tudo
acabou, a doença me tomou por completo e eu estava me enfiando num
buraco fundo logo que ela me deixou, no entanto agora sinto que encontrei a
mulher certa para mim.
É com ela que eu quero poder ter uma família... bebês... um lar.
Ela está vendada, mas sei que está acordada enquanto lhe toco as
costas, me curvo buscando seus lábios, meu pequeno consolo, tudo o que
quero bem aqui.
Maria desce e beija meu peito tão cheia de carinho que meu coração
fica preso, como sempre tem ficado desde que a conheci, sobe e fica em cima
de mim, se ergue apoiada nas mãos e fica diante de mim como se me
observasse, toco seus quadris percebendo uma ponta de coragem ou algo
assim vindo dela.
—Eu não me importo se não quiser oficializar Jack, podemos
combinar, você pode vir me ver uma vez no mês? Seria pedir muito? Posso
juntar dinheiro e ir te ver nos seus aniversários e tal, eu tenho poupança, não
quero te dar gastos.
Como?
Não consigo falar nada.
—Adoro ficar com você, claro, brigamos as vezes, mas estou muito
feliz que tenha aceitado o Nando e a minha família, eu, não tenho muito
como vê, mas seria ótimo se você viesse outras vezes como essa.
Pisco, incrédulo diante do que acabo de ouvir.
Ela está se declarando para mim, ela está me pedindo para voltar, ela
está dizendo que me adora e que é feliz quando estou por perto.
—Eu posso ficar mais bonita, me cuidar mais, Sah sempre fala isso,
deve ser importante para um homem ter sua mulher bem, só peço que tenha
paciência comigo e com o meu filho, que o aceite, ele é tudo o que eu tenho,
bem, agora tenho você, não quero que você vá embora.
—Não?
Minha voz quase não sai, luto internamente para que não eu não acabe
chorando em ouvir isso.
—Não, posso evitar bebês, tomar o remédio, podemos ter uma vida
como qualquer outro casal, quer que eu vá na América te ver? Posso me
acostumar com a sua doença, posso tentar entender, eu não me importo com o
seu passado, podemos esquecer isso e recomeçar, claro, ai depois se você
quiser, podemos falar com a minha mãe sobre algum tipo de coisa mais séria,
ela vai entender, se você quiser pode morar aqui comigo, sei que não é muito.
Esta Mulher realmente gosta de mim, ela quer mudar para mim,
e fala abertamente que sou o que ela tem, e ela aceita a minha doença, ela
quer se submeter a tudo para ficar ao meu lado.
Eu não consigo falar, as palavras "eu te amo" estão na ponta da
língua, mas minha voz não sai, fico apavorado, porque nunca ninguém foi
assim tão sincero comigo, tão transparente, e tão disposto a conviver com os
meus problemas, minha doença ou a minha bipolaridade.
Em contra mão acabo de saber que papai também precisa de mim,
tanto quanto Maria quer que eu fique e precisa de mim, ele é o meu pai, e ela
é a minha mulher, e isso causa uma divisão fática dentro de mim.
Ela fala que "me ama" enquanto meu pai está na outra América e
precisa de mim... Droga, o que eu falo?
Devo prometer para ela que vou ficar? Devo pedir que ela venha?
Mas sei que ela não vai vir, porque ela tem a família dela, e pedir que ela
escolha entre eu e sua família seria a pior coisa nestas hipóteses.
Machucaria muito Maria pedir que ela escolhesse, eu sei por que
já fiz isso, já a obriguei a centenas de coisas desde que nos conhecemos e
para ela as coisas não são bem assim.
Ela vai para o lado e sei que está magoada com o meu silêncio, isso
me fere profundamente, as pessoas estão muito acostumadas a tomarem
decisões baseadas nos sentimentos e eu não, eu sempre fui muito lógico e
objetivo, quando se trata do meu pai do de Júlia e Alejandro eu fico meio que
irracional, as emoções se afloram pois sei que verdadeiramente eles são a
minha única e verdadeira família.
O que posso falar para Maria? Eu não quero prometer coisas das quais
não poderei cumprir, mas uma coisa é certa.
—Eu não vou te abandonar.
—Não quero que você vá embora.
A mulher que mais amo e desejo bem diante de mim, mas que me
obriga a colidir com tantas coisas por esse amor que não sei como lidar.
—Mas eu preciso ir.
—E quando volta?
—Logo que resolver as coisas por lá.
—E vai demorar muito?
—Não seja ansiosa, acho que dá muito bem para ficar sem sexo por
alguns dias.
Ela se magoou, caralho, não sei como conversar direito, isso me
pegou de surpresa.
—Sabe, você não entendeu o que eu quis dizer, acha que eu te quero
aqui por que você é bom na cama?
—Por que seria?
Diga que por mim, diga que porque me ama Maria... Diga que me
que me ama assim como eu te amo.
—Porque eu sou uma estúpida que me importo com você, que gosta
de você e não para de pensar em você um segundo.
Cacete!
—Maria...
—Olha eu não sou a Soraya.
Graças a Deus você não é e nunca será ela.
—Eu nunca compararia você a ela.
—Então o que é?
—Não quero te machucar apenas isso.
—Me machucar?
—É, tudo isso o que você falou é irrelevante para mim, não se ofenda.
Estou falando merda, estou sendo frio, um babaca... Estou sendo
eu!
—Expus os meus sentimentos.
—Eu sei e agradeço — digo e faço uma pequena pausa, noto sua
frustração — Maria o que eu quis dizer...
—É que os meus sentimentos são insignificantes, que isso não faz
diferença para você porque você só quer alguém que o suporte para se
satisfazer.
—Maria!
—Você é mesmo um grande grosso.
—Me desculpe, é apenas o meu jeito.
—Melhor eu ir ver se a Sah já chegou.
—Ninguém nunca me falou algo assim, você não sabe o que está
fazendo comigo agora, preciso absorver tudo.
—Para que? Para ficar rindo da minha cara?
—Não merda! Para recusar a proposta cacete! Para ter forças para ir
embora, gostaria de ter uma opção na minha vida de "foda-se" mas eu não
tenho — a voz sai a força e acabo gritando — Eu tenho uma droga de vida
que não me permite se quer ter pessoas além da minha família perto de mim,
que porra!
Não existem dúvidas quanto ao sentimento, eu já o aceitei, o
problema é que estou tão acostumado a afastar as pessoas que é algo
automático na minha vida, em parte porque a escopofobia me deixa assim,
isolado, e em outros sentidos porque eu sou assim, aceito os sentimentos, mas
não sei lidar com eles na maioria das vezes.
—Você acha que as coisas são simples assim?
—Não acho isso, só falei o que eu quero, por que é assim que me
sinto.
—Acha que se sente pronta para lidar com os meus problemas? nem
eu consigo, precisamos de tempo para lidar com isso juntos e só morando
juntos podemos resolver nossas diferenças, acha que irei deixá-la aqui? não
mesmo!
Nego com a cabeça.
—Eu pensei em algo — falo — Já conversei com a sua mãe é claro.
—Não deveria ter falado, eu prometi para ela que não iria embora —
Maria está aflita, ela abraça as pernas como se tentasse buscar consolo.
—Calma — peço. — Nós vamos conversar sobre isso depois.
—Jack não posso largar a minha família para trás, por favor, não me
peça isso.
—E quer que eu largue a minha?
Ainda mais agora depois de saber sobre o avanço da doença de
papai.
—Não, acho que seus irmãos precisam de você.
—Então tenha calma, vamos resolver isso, apenas pare de ficar
falando essas coisas para mim senão eu vou pirar.
Não queria assustá-la, nem a deixar inquieta, ela se levanta e sai
tateando o ar devagar, sei que ela chora, e odeio essa situação tanto quanto
ela, mesmo ciente de que eu provoquei, isso é muito minha cara.
A mulher se declara para mim e eu a assusto com o meu jeito.
Que belo marido eu sou!
—Maria por favor... me desculpe eu não queria gritar com você,
apenas me assustei.
—Comigo? — Ela soluça. — Me desculpe, mas essa sou eu, eu
também nunca tive um relacionamento sério, você está insinuando que eu só
quero sexo como se eu fosse uma vadia.
—Não foi a minha intenção.
Não tenho paciência, me levanto e seguro seu braço, eu a puxo para
cama e as minhas mãos tremem um pouco, eu a coloco de frente para mim e
tiro sua máscara, ela abaixa a cabeça, e ver as lágrimas dela me chateia.
—Maria você já namorou com o pai do seu filho, já deve saber como
é mais ou menos toda essa coisa.
—Não namorei.
—Não consigo entender como tiveram um filho, e antes dele?
—Eu já disse que não.
Ela limpa as faces com as mãos, ainda não entendo, mas acredito nela,
mesmo que pareça algo impossível.
—Não chore, me desculpe.
—Me sinto um nada.
—Não se sinta assim eu sou um merda mesmo as vezes, mas... é que
isso é como uma auto defesa, eu tenho receio de ter as pessoas muito
próximas de mim.
—E as afasta? Até a mim?
—Eu estou tentando não fazer isso.
Entregue a mim
Toco sua face e não sei como lidar com tudo isso de forma tão
repentina.
—Você...
—Calada — não quero mais falar. — Sem discussão.
Vai acabar em merda se continuarmos discutindo.
Me inclino e beijo novamente seus lábios, ela não recua, eu a empurro
e Maria cai deitada na cama, me encho de vontade enquanto mordo seu seio,
ela geme e sei que provoco dor, mas é só que o sentimento é tão forte e
contínuo que não sei lidar, não sei, a possibilidade dela me amar e me pedir
para ficar me assusta muito, não contava com amor, tudo o que tinha era
esperanças, solto esse seio e mordo o outro, ela se encolhe e me apresso, eu a
seguro e a coloco deitada de bruços.
—Para você não esquecer de mim.
Pego uma camisinha em cima do criado e abro no dente, aproximo as
pernas dela e olho para bunda querendo muito me enfiar nela, monto nela, e
cheiro a pele que me fascina, uma pele morena e macia na qual desejo, mordo
seu ombro e meto com força dentro dela, Maria prende o grito, sei que ela
gosta, estou gemendo porque não consigo controlar também, ela é
deliciosamente única.
De todas as coisas que mais quis e quero na vida, essa mulher sem
sombra de dúvidas é a que mais me atormenta e me tira da zona de conforto,
eu a desejo, a quero muito, só que ainda é a coisa mais complicado do mundo
lidar com os sentimentos conflitantes que me causa.
Me ergo e seguro suas nádegas, começo a meter olhando meu pau
entrando e saindo de dentro dela, me apresso e ela ergue mais a bunda
permitindo que eu entre mais em sua pequena e deliciosa buceta, apoio os
meus joelhos e faço rapidinho ouvindo-a gemer baixinho, sua respiração
entrecortada, seu corpo quente está infinitamente cheio de prazer para me dar.
Ela se inflama e a sensação de entrar e sair dela me deixa
enlouquecido, olhar é um puto de um fetiche que me tortura a cada segundo,
a transa é intensa fazendo com que o meu pau lateje ereto dentro dela.
É muito simples, algo que me deixa ouriçado dos pés a cabeça,
observar o meu pau entrando nela é algo magnifico, saber que ela é só minha
e de mais, esse sentimento de posse é doentio, mas tão prazeroso.
Está em minhas veias, em meu corpo, na porra da minha alma.
Amo tanto essa mulher que uma transa não consegue ser só algo
banal, mergulho dentro dela profanado pelas sensações que me queimam
todo, mas com tantos sentimentos dentro de mim que mal saberia decifrar.
Gosto do prazer que sinto com Maria, mas adoro receber todo o
prazer que ela sente, adoro deixar ela exausta, quero esgotar ela, quero que
sinta tanto prazer que mal consiga pensar direito.
Porque é assim que me sinto satisfeito, vê-la gozar para mim é algo
que me faz sair da linha tênue do controle, algo que ainda tento manter
intacto, mas com ela não funciona, não tem efeito.
Fico descontrolado e meto mais fundo, ela se contorce e vejo seu gozo
feminino revestindo meu pau latejante, ela gozou muito rápido, mordo seu
braço para que seja punida por isso porque quando ela goza também sinto
vontade de gozar, porque a carne dela me reveste com tamanha intensidade
que parece impossível de segurar, quando ela treme me sinto conectado ao
seu corpo, não quero ir tão rápido, mas ela começa a ter vários orgasmos
enquanto afundo todo nela, as pernas dela tremem com violência, fecho os
olhos e tento me conter, mas se torna quase impossível.
Não há controle, não há força de vontade, só há um desejo
descontrolado de proporcionar prazer, porque isso me dá um puto de prazer,
algo que aprendo todos os dias a apreciar cada vez mais em mais ao seu lado.
Só com ela conheço o verdadeiro prazer, algo que me leva ao limite.
A cabeça do meu pau parece que vai explodir, mas continuo tentando
não me precipitar, Maria não ajuda, ela geme afundando a cabeça no colchão,
treme, se contorce, aperta a bunda envolta do meu pau, isso me faz querer
meter no rabo dela, mas percebo que já é muito tarde para querer voltar atrás.
—Vou gozar, me deixe morder sua buceta tá bem?
—Sim.
Tiro o pau de dentro dela, eu a viro e ela abre as pernas para mim, eu
a mordo primeiro e sinto seu gosto sentindo-me satisfeito com isso, me
masturbo enquanto chupo o pequeno círculo quente de prazer dela, mas sou
empurrado abruptamente, na verdade é quase um chute, ela se ergue como
uma leoa sedenta e toca meus ombros, depois se inclina e tira a proteção de
mim, depois a boca dela me toma com vontade.
Toco seus cabelos e respiro fundo maravilhado com a pequena
surpresa, ela está me fazendo um delicioso sexo oral, ela começa a chupar
com mais força, Maria não tem muito jeito, nem experiência, mas PORRA,
ela chupa muito bem!
Suas mãos estão apertando a minha bunda e não resisto, me deito, a
puxo pelas pernas, ela se apoia nos joelhos e abro suas pernas enfiando minha
cabeça entre elas, ela me masturba enquanto me chupa, enfio dois dedos na
boca e depois nela, aperto sua bunda com a outra mão e volto a chupar ela.
Mas parece impossível prender, ela enfia tudo na boca, Maria está
fora de controle, e ela não sabe que os meus instintos estão a flor da pele com
isso.
—Vou gozar, saia! — aviso, mas ela continua.
Ela quer isso tanto quanto eu quero.
Me chupa a pontinha com vontade e não consigo mais segurar, ela
enfia o máximo que consegue na boca e um choque forte me atinge as pernas,
minha boca toma ela provando mais uma vez dela, o clímax nos atinge ao
mesmo tempo com tanta proporção que o peso disso nos atinge de forma
igual.
Isso nos torna um.
Apenas de um jeito banal e simples, algo carnal, mas que nos torna
donos um do outro.
Nível 13 da atração
—Você é fantástica.
Não consigo pensar em mais nada para falar para ela.
Seu corpo está sob o meu, e a vista... é privilegiada.
O que posso fazer? Eu não presto!
Mas acho que essa é a primeira vez desde que nos conhecemos que
Maria se desprende, que ela começa a se entregar de verdade a mim como eu
quero, espero que essa seja a primeira de muitas outras vezes em que ela faz
sacanagem comigo do jeito que eu gosto, na violência, sem frescura, sem
medo.
Ela acaricia o canto da minha virilha suavemente, toco sua
panturrilha, acima de tudo gosto do corpo dela, ainda que tenha muitos
receios dos quais Maria não entenderia, e se desconfiar eu aposto que ela
ficaria muito magoada, melhor nem pensar nisso.
—Você gosta de ir ao cinema?
—Não muito, eu gosto mais de séries.
—Hum, não gosta de sair.
—Não.
Não estou muito surpreso, não esperava por uma afirmativa
exatamente, sei que ela não falou algo apenas para me agradar.
—Já tinha me falado isso, além de ler, ouvir música, e ficar tentando
compreender a minha mente doentia, o que você faz nas horas vagas?
—Eu ando sem camisa dentro de casa.
Acabo rindo da resposta, sinto um beijo suave no canto da minha
virilha.
—E o que mais?
—Eu não gosto de sair, vou na praia com a Sah pelo menos uma vez
no mês, fora isso de casa para o trabalho, do trabalho para faculdade e da
faculdade para casa, as vezes eu durmo no apê da Sah, principalmente
quando ela fica depressiva.
—Ela tem depressão?
—Ela tem um ex.
Toco sua coxa e minha mão está indo para bunda dela, beijo a bunda
onde quero.
—Você é muito gostosa Maria.
—Sou?
—É.
—Fala... sobre na hora do sexo?
—Em todos os sentidos — penso por alguns instantes. — Quero você
toda para mim, todas as partes do seu corpo, quero sua boca em mim sempre,
isso foi ótimo.
—Confio em você.
—Eu sei vida, também confio muito em você.
Toco a bunda dela, não consigo resistir.
—Sua bunda... quero ela.
—Você fala sobre sexo...
—Sim, mas isso não vai ser agora, mesmo que as vezes você me
enlouqueça com a sua bunda, você precisa se acostumar primeiro com a
ideia.
—Me acostumar?
—Ah Maria, você não precisa ter medo, não vou te machucar.
—Precisa disso?
—Eu quero, você também vai gostar, até agora fiz algo que não
gostou?
—Não.
—Então não fique com medo.
Ela fica calada.
—Não gostou do que eu disse?
—Apenas nunca me ocorreu que precisasse fazer isso.
—É o que eu mais quero.
—A minha bunda?
—Sim, desde que coloquei os olhos em você, foi a primeira fantasia
que eu tive com a sua bunda.
Não espero que responda, tenho muitas fantasias sexuais com Maria,
muitas delas incluem coisas das quais eu sei que ela nunca entenderá, outras
talvez a assustem, mas é a verdade.
—Não tenha medo, se não quiser nós não faremos, não vou obrigar
você a nada.
—Mas se eu não fizer talvez... procure outra mulher.
Não quero nenhuma outra, só quero você!
E isso não é algo bom, não no sentido real de tudo, não para um cara
ferrado como eu, alguém ser tão dependente de uma outra pessoa não é uma
coisa tão boa, mas não consigo mais pensar na minha vida com sem ela, não
consigo se quer imaginar como seria a minha vida sem seus sorrisos, sem sua
presença, sem seu corpo no meu como agora.
—Não preciso de outra mulher Maria, eu já disse que eu...
—E se eu nunca concordar?
—Vai concordar, acredite.
—Retire o que eu disse sobre você não ser egocêntrico.
Ela me toca com carinho, fecho os olhos e respiro fundo adorando o
toque, quero que ela sempre se sinta à vontade comigo, confortável.
—Gosta do meu corpo?
—Sim, você é quente.
—Sou?
—Aham.
Algo me vem à mente.
—Quente como um sol?
—Quente como um vulcão.
—Nenhuma chance de ser um sol?
Ela sorri e olho para o teto negando com a cabeça, acho que nunca
chegarei nem perto de ser um sol na vida dela.
—Vida.
—Hum.
—Por que não vem até aqui e me beija?
—Aqui está ótimo.
—Aqui também, a visão é perfeita.
Maria está rindo quando vai para o lado, me ergo atento ao seu
sorriso, é algo que me enche de paz e um sentimento forte de felicidade,
cheiro seu pescoço e quando ela me toca eu a beijo, sua mão se enfia na
minha nuca, e ela me beija de um jeito muito gostoso, natural.
—Você é linda.
—Você também é lindo.
—Sou?
—É, e é tudo o que eu mais quero para mim.
—De verdade?
—Sim.
—Para sempre?
Preciso que ela fale.
—Fale, por favor, é importante.
—Por quê?
—Para ter certeza de que não vai me largar.
—Para sempre.
Beijo seus lábios com lentidão, suas pernas me envolvem pelos
quadris e ela me prende entre seus braços.
—Hei... vocês dois — escuto Sarah chamar no corredor. — Chega de
sexo, hora do almoço.
—Tá — Maria devolve. — Já estamos indo.
Eu a olho, ela está envergonhada.
—Pensei que daria tempo de comer você mais uma vez — confesso e
sorrio. — Você é muito envergonhada vida.
—Eu sei, eu já nasci assim.
—Estou muito feliz aqui, com você.
—Eu também estou muito feliz que esteja aqui bebezão.
Rio, vou para o lado e percebo tarde as marcas vermelhas que deixei
em seus seios, seu braço, seu ombro, paro de sorrir.
—Acho que deixei marcas no seu corpo, me desculpe.
—Tudo bem, ninguém vai ver.
—Você vai ver.
—É? isso não é da sua conta.
—São marcas feias Maria — digo incerto. — Não pensei direito, me
desculpe.
—Eu não penso dessa forma.
—E o que pensa?
—São as marcas do amor, me deixa!
Me sinto mais seguro depois de ouvir isso, pois não tinha o objetivo
de machucar maria de nenhuma forma e acabo rindo da brincadeira, me
levanto, ela está deitada e completamente à vontade na cama, gostaria de ficar
um pouco mais com ela aqui.
—Vem, você precisa tirar esse cheiro de sexo de você.
—Eu estou morta.
—Vai se acostumar.
Espero que logo.
A ergo no colo e a levo para o banheiro.
—Jack.
—Hum.
—Você vai a academia sempre?
É uma pergunta curiosa, eu me exército com frequência, ainda que
muitas vezes eu não tenha tido tempo, não gosto de ficar parado, procuro
sempre me ocupar.
—Basicamente todos os dias, exceto quando eu viajo.
—Você pega peso?
—Sim, por quê?
—Curiosidades.
—Está bem?
Ela ri, sorrio ainda tentando entender essas perguntas, mas
provavelmente Maria quer saber mais ao meu respeito.
—Você...
—Eu vou fazer as minhas perguntas, e você vai respondê-las.
—E se eu me recusar?
—Eu vou queimar todas as suas roupas.
—Isso é uma ameaça?
—É um aviso.
—Posso mandar prendê-la senhora Carsson.
—Tente!
Ela é engraçada, e divertida, me faz rir, não havia me passado pela
cabeça que encontraria uma mulher tão divertida, é difícil encontrar pessoas
assim, não tenho tido tantos motivos para rir, para prosseguir, ela se torna
cada dia um desses motivos.
Coloco Maria dentro do pequeno box, eu a analiso, nego com a
cabeça ciente de que ela quer falar sobre mim.
—E então... o que quer saber?
—Nada sobre aparência, isso é insignificante para mim.
—É mesmo? — Não escondo minha ironia.
—Você gosta de malhar?
—Acho que já sabe a resposta!
—Entendi Van, não precisa ser grosso comigo!
Ligo o chuveiro e me sinto envergonhado por ter sido áspero, eu
queria ser mais constante em alguns sentidos, mas não consigo, não é
proposital, não tenho equilíbrio das emoções com tanta facilidade nem
controle.
—Prático Ioga também.
Apesar de não ajudar muito, eu tenho praticado muitos exercícios de
reflexão a algum tempo, indicação da Lane.
—É muito bom para relaxar, e se distrair.
—Eu adoro as aulas de ioga com a Sandy, eu nunca tinha feito,
quando não eu não estou tentando não cair, se torna um excelente exercício.
—É? não me diga.
Sou ignorado, não a culpo, não sei por que sou tão ambíguo, mas sou
assim sempre com todos que conheço, a lista não é grande justamente por
conta disso.
—Eu não pensei que fosse gostar e tal, odeio fazer exercícios.
—Por quê?
—Bem, eu as vezes me machuco muito tentando fazer as coisas, sou
um pouco desastrada.
—Não parece.
—Espere até me ver esbarrando em alguma coisa ou quebrando algo,
minha mãe antigamente me chamava de Trovão.
Duvido muito que isso aconteça, mas espero ficar tempo o
suficiente para ver... isso e muito mais!
Escolhas necessárias
Pego o shampoo, Maria se lava com sabonete líquido.
—Tem facilidade em se concentrar?
—Aham, o Nando também é assim, eu meio que me desligo de tudo
quando estou focada, fico presa no meu mundo.
—O mundo de Duda.
—é, por isso eu adoro ler, porque me sinto transportada para dentro
do mundo dos livros.
—Você já foi a grandes bibliotecas?
—Já, já fui na do centro, tem o acervo da universidade federal, mas eu
não tenho muito tempo de devolver os livros, acabo pagando multa, então eu
comecei a montar o meu próprio acervo.
—Onde fica?
—No meu baú, ele fica no quarto do Nando, ele também guarda os
livros dele lá.
—Nada de prateleiras?
—Não tenho muito espaço como vê.
—Você pode me mostrar?
—Claro, tenho muitas obras estrangeiras, claro que não são muitos
livros.
—Só romances?
—Também tenho alguns de astronomia, e os meus da faculdade.
—Ah é, advogada.
—É.
—Já escolheu a área?
—Direito internacional, eu gosto, quero prestar concurso para
trabalhar em alguma embaixada.
—E depois?
—Quero fazer faculdade de letras.
—Nada de literatura?
—Aqui não tem.
—E fora?
—Sonho impossível Jack, acho que já percebeu que eu não sou rica, e
também, eu quero comprar a minha casa, não quero morar para sempre com a
minha mãe.
—Você está se planejando?
—Tenho poupança, junto a um tempo.
—E onde seria essa casa?
—Aqui mesmo no bairro, hoje está muito caro, mas posso tentar um
financiamento, depois quero tirar a minha habilitação e tal, até lá já estarei
exercendo.
—Você é bem focada.
—É, eu preciso ser.
—E onde eu entro nisso?
Suponho que ela me inclua em seus planos, só espero não ouvir o
contrário, fico tenso em pensar nisso.
—Bem, você pode ficar vir me vendo, você disse não disse?
—É, mas e depois?
—Depois?
—É Maria, você acha que eu vou permitir que pague tudo sozinha?
Que não tenha conforto?
—Não quero que me dê nada, se você estiver comigo, dentro do que
puder é claro já estará bom.
—E quando tivermos bebês?
Ela não quer mesmo ter mais bebês... Acho que encontrei mais um
problema por não entender esse receio excessivo dela em ter filhos, afinal de
contas, tem um, por que não pode ter outro comigo?
Ok, eu sou um louco, mas quem sabe até lá eu não melhore um
pouco tudo isso? Eu Vou melhorar até lá, eu me esforçarei muito para
isso.
—Bem, você quer planejar bebês?
—Claro que quero, já disse que quero ser pai.
—Podemos pensar nisso assim que eu estiver numa casa minha, não
quero ter filhos aqui na casa da minha mãe, ela não aceitaria.
—A casa seria nossa, não sua.
Não gosto nenhum pouco do que eu acabei de ouvir.
—Jack você vai participar de tudo comigo, estaremos juntos.
—É? Então vai me deixar te dar tudo.
Agora ela quem não gosta nenhum pouco do que ouve.
—Vai se acostumar com isso.
—Eu não sou uma prostituta.
Me espanto com a resposta.
—Maria não comece, pelo amor de Deus, o que você está falando?
Tento não me irritar, mas essa ignorância dela quando se trata dessa
aversão ao meu dinheiro me deixa nervoso, eu sei que ela não quer meu
dinheiro contudo não vejo necessidade em ficar forçando a situação assim, e
ainda que fosse, que problema isso teria? É o meu dinheiro e com ele eu faço
o que eu quiser, ninguém tem nada com isso.
—Você é muito antiquada!
—Eu já sei disso.
—Estamos casados.
—Eu não quero nada seu.
—Vida...
—Eu tenho dois braços e duas pernas, eu posso trabalhar.
Não sei se me cativo ou me se irrito ainda mais.
—Mas não espera que eu more com você e pague tudo sozinha certo?
—Você... você vai vir morar comigo?
—Bem, acho que sim?
Maria morde os lábios, está incerta, insegura, eu também estou, mas
espero em breve resolver tudo e voltar definitivamente, ainda que seja quase
impossível.
—Você não quer morar comigo? — pergunto.
—Quero — responde sincera.
—Então?
—Não parei para pensar, você vai vir muitas vezes me ver?
—Várias!
—Bom.
—Eu não ando tendo tempo nesse mês, mas pretendo vir sempre, para
isso precisamos de ter nossa privacidade, um lugar onde nós dois e o
Fernando ficaremos seguros e bem.
—Não quero que faça promessas Jack, não precisa disso...
—Promessas? Você acha que eu estou levando tudo isso na
brincadeira? — questiono chateado. — Maria eu sou uma pessoa
completamente responsável e adulta, não zombe de mim.
Acho que estou me entregando demais a Maria enquanto ela pensa
que eu não estou levando nosso casamento a sério, não sei qual é o problema
dela, tenho meus defeitos e problemas, uma mala pesada que se chama
"passado" mas o medo desenfreado dela de que eu não esteja falando sério
quanto a tudo está me deixando quase ofendido.
—Desculpe.
Posso ser louco, posso ser um ferrado emocionalmente, mas eu
também tenho meus princípios.
—E... quais são os seus planos?
—Você vem para Copacabana, para o meu apartamento, também vai
ter um carro para andar com o Fernando, eu já conversei com a sua mãe, para
que não fique tão longe dela, eles iram se mudar para um apartamento no
mesmo prédio.
Ela fica chocada, é visível.
—Antes que você comece a tentar arruinar os meus planos com o seu
pessimismo devo avisar que isso não é nenhum pedido, eles dois já estão
providenciando a mudança.
Ela paralisa, não dou a mínima, não sei por que essa surpresa, será
que não passou pela cabeça dela que eu tenho muitos planos para que ela
fique bem e segura? E morando aqui, ela não terá nada disso.
—Vai tirar sua habilitação e vai terminar a sua faculdade até o fim do
ano.
—Vou?
—E vai sair da empresa onde trabalha.
—E o que mais?
Percebo sua irritação, e sei que a teimosia vai começar novamente, ela
não é uma mulher tão fácil ou dócil na prática, tem sim, um lado carinhoso
que se mostra presente em nosso relacionamento mas a teimosia e
persistência é algo que se mostra ainda mais forte em sua personalidade.
Ela é assim desde que decidi que ela faria parte de minha vida e
duvido que mude.
—Vai morar esses seis meses lá, e em janeiro você vai vir comigo
para Nova York, ou São Francisco, tenho residência fixa nos dois lugares,
onde eu estiver vocês dois estarão.
—Que bom saber disso.
—Eu sei, não precisa agradecer.
—Você... você...
Ela respira fundo parecendo que vai explodir.
Pois que exploda, eu não vou mudar nada, eu não vou permitir que ela
me afaste como tentou logo que soube da nossa noite em Vegas.
—Até lá nos casaremos no civil, acho que esses meses vão ser ótimos
para nós dois.
—Não me diga.
—Não adianta ficar brava comigo, já está feito.
—É mesmo?
—É mesmo!
Ela bate o pé no chão com força, as vezes é algo automático quando
ela fica muito brava, acho que nem ela percebe o quanto parece rabugenta
quando faz isso.
—Você é a minha mulher e o seu lugar é ao meu lado, você entende
as minhas limitações e me aceita, eu já percebi que você tem a sua vida e
respeito isso, mas não estou nenhum pouco disposto a permitir que você fique
mais longe do que estará nesses meses Maria — faço carinho em sua face. —
Você é o que eu quero, tudo isso também me assusta e é novo para mim, mas
estou disposto a superar o meu medo, quero uma família, você e o Fernando
comigo, isso é pedir demais?
—Não, mas isso não é justo — responde prestes a chorar e odeio isso.
—Eu sei, você não quer morar comigo então?
—Quero, mas não quero tudo dado!
—Querida, é isso o que os maridos fazem.
—Gosto do meu emprego.
—Não terá tempo para concluir a faculdade se trabalhar Maria.
Quero que ela se forme logo, que conclua tudo e aceite o que
tenho a oferecer, que seja apenas minha e de mais ninguém.
—Você também não vai ter dias fáceis, você vai ter aulas com a
Sandy e com o Joseph, poderá aproveitar para ficar mais com seu filho, a
rotina da sua família não mudará em nada, exceto pelo fato de que estarão
sempre perto de você, não quero afastá-la deles, esse não é o meu objetivo.
—Mas depois nós iremos embora...
—Deixe que as coisas aconteçam, não sofra por antecipação, até lá,
muitas coisas podem acontecer.
Ela fica calada e sei que pensa com muito cuidado em tudo o que
falei.
—A resposta é não?
Fico na expectativa, meu maior medo agora é que ela não aceite.
Se ela não aceitar eu não sei o que posso fazer, e eu sei que isso
não terá volta.
Maria é linda
—Não tente adivinhar Jack, você não é bom nisso.
Solto o ar lentamente, mas a tensão percorre meu corpo todo.
—Isso significa...
—Significa que você é um excelente físico, e que não serve para ser
psicólogo...
Não tenho paciência para joguinhos agora.
—Não me enrole.
—Sim!
Arfo e me alívio.
—Não faça isso comigo está bem? — peço.
—Isso o que?
—Não me enrole.
—Está bem.
—Ótimo!
—É?
—Não comece Maria, eu estava tão nervoso que quase me mijei todo.
Me aproximo novamente, por alguns momentos senti que o ar me
faltava nos pulmões, o meu coração está acelerado quando nossos lábios se
tocam, não gosto de pensar que ela recusaria, o que eu poderia fazer? Isso me
tortura!
—Você é o meu tudo.
Minha confissão é crua e sincera.
—Você também é o meu tudo.
Fico muito feliz de ouvir isso, eu a amo por isso, por tudo o que
Maria faz por mim.
—Você é a minha vida!
Eu fico apertando-a com força por alguns momentos pois não sei mais
como lidar com isso, esse será o segundo grande passo da minha vida, enfim,
eu e Maria poderemos ter um canto só nosso, um lugar onde teremos
liberdade e poderemos construir dentro do possível uma família normal.
Terminamos o banho e saímos do box, só dela ter aceito já me sinto
mais contente, porque sei que qualquer outra sob essas condições talvez não
aceitasse, pego a toalha e começo a secar seu corpo, beijo seus seios e sua
barriga, ela fica em silêncio me permitindo cuidar dela, acho que aos poucos
entende que é uma coisa minha.
—Você está bem? — pergunta.
—Estou.
Não deveria estar?
—Jack tem certeza que...
—Não comece.
—Está bem.
Ela me abraça.
—Vou pegar uma roupa para você.
—Ok.
Ela desiste logo de discutir, é algo que se torna cansativo, me afasto,
volto ao quarto e pego uma outra toalha para mim, pego nossas roupas e
retorno, mas me sinto preso logo que entro no banheiro e a vejo tatear o ar—
algo que se torna muito comum—e alcançar a pia, fica mais baixo, Maria se
curva tentando achar o creme dental, a escova, a posição é convidativa e
obscena.
Sinto um latejar comum na virilha, me excito tão fácil perto dela, eu
não sei bem o que acontece comigo nesse momento, pois nunca me senti tão
fora de controle perto de uma mulher, não é algo que eu queira, mas já fico
todo duro olhando para bunda dela.
Observo os seios fartos e as curvas de sua cintura, a bunda é grande e
redonda, os quadris largos, as coxas ásperas e grossas, mas ela tem um corpo
muito feminino, com dobrinhas dos lados, da vontade de me enfiar todo na
bunda dela, sentir sua cavidade, e depois quando cansar de meter na bunda,
meter na buceta.
Respiro fundo e deixo roupas penduradas no cabide da porta, me
aproximo dela, não consigo resistir por muito tempo.
—Já falamos sobre ficar de quatro certo?
Esfrego o pau na bunda dela, sua pele fica toda ouriçada, e coloco o
pau entre as nádegas sem conseguir pensar direito, minha boca se enche
d'água, Maria lava a boca dela.
—Posso?
—Não!
—Por favor.
—Jack temos que comer.
Quero te Comer!
—Ah é?
—É!
—E vai me deixar assim?
Ela não responde.
—Vida... eu quero, por favor, me deixe comer você agora.
Novamente não responde.
Sinto que preciso implorar para que ela queira também, talvez esse
seja um mal adquirido com os anos de submissão com Condessa, agora, um
lado meu que não gostaria que estivesse aqui se aflora, mas não quero que
Maria saiba que é isso, porque por eu mesmo, não veria nenhuma
necessidade de pedir, implorar que ela faça o que quero, como quero.
É mal de submisso.
—Aqui sim? por favor.
—Jack não...
—Vida, por favor, me deixe comer você.
—Jack!
—Diga que deixa sim?
—Estou exausta.
—Eu não.
—Você é insaciável.
—Eu quero, por favor, diga que deixa.
—Está bem.
—Obrigado.
Fico aliviado e satisfeito com sua resposta.
Vou ao quarto e pego uma camisinha, coloco enquanto volto para o
banheiro e ela está parada no mesmo lugar, observo sua bunda e abaixo,
seguro sua perna e a ergo, coloco apoiado no vaso já tampado, seguro seus
quadris e bem devagar conduzo a pontinha do pau para sua entrada, nada se
compara a isso.
É a porra da sensação mais fodida que senti na minha vida, meter
nela é viciante.
—Ah querida você é muito deliciosa.
—Você também é.
Abro mais a perna e fico olhando o pau entrando e saindo de dentro
da buceta, a carne treme e está tão molhada que deslizo muito facilmente para
sua cavidade, e faço bem devagar olhando a rosada entrada dela, tento ter
calma, beijo seu pescoço, a pele é quente e está toda arrepiada, ela é tão
deliciosa.
—Abra mais para mim.
—Vou cair.
—Se segure na minha nuca, não vou te deixar cair.
Mordo a orelha dela e a ergo metendo onde quero, Maria arfa e sei
que adora isso tanto quanto eu, vou metendo rapidinho na buceta, ela vai
ficando tão apertadinha que fica difícil segurar.
—Goze comigo vida.
Estou implorando, Maria fica retesando de forma que não consigo
segurar, a porra sai, ela se inclina recebendo o prazer com densidade, me
dando ainda mais prazer com seu orgasmo, ela se encolhe trêmula, mal
sabendo como lidar com isso, eu a puxo abraçando-a com força, ela enfia as
mãos nos meus cabelos instintivamente e eu a beijo como gosto.
—Você é perfeita.
Não consigo vê-la de outra forma, ela é tão gostosa que me faz
precipitar as coisas. Beijo-lhe o ombro apertando-a.
—Pronto? — pergunto.
—Aham.
Eu a libero.
—Você é muito forte.
—Não sou, você que é pequena demais.
—Visto quarenta e dois Jack!
—É? não me diga.
Me importo muito pouco com isso, apesar de saber que a minha
família não pensa assim.
—Às vezes quarenta e quatro dependendo do modelo.
—Eu te acho pequena.
Não entendo por que ela não gostou de eu ter dito isso.
—Por isso eu faço ioga, para ter controle sobre o meu corpo.
—Isso é muito fitness.
—Vou te mostrar o que é fitness depois senhora Carsson.
Ela ri, pego papel higiênico e a viro, limpo Maria, ela se segura em
mim.
—Gosto do seu corpo Maria, você é uma mulher que tem tudo o que
eu gosto.
—É? e o que seria?
—Bunda, peito, quadril, e coxa, o resto, é resto.
Levo um beliscão, mas me vejo rindo disso.
—Você não presta senhor Carsson.
—Eu disse que não era bom.
—Hum, vou mudar isso.
—Vai?
—Foi o que eu acabei de falar.
—E o que vai fazer? Me colocar de joelhos no milho?
—Não seria tão severa, acho que depois de uns beliscões você
aprende, e puxões de orelha.
—Você é uma mãe muito rígida.
—Sou mesmo.
Lhe dou um beijo e começo a me limpar, olho para escova de dentes
no lavatório e algo me vem a cabeça.
—Posso usar a sua escova de dentes?
—Você não trouxe uma?
—Trouxe, mas eu não vou buscar, quer tentar se vestir sozinha?
—Quero.
Lhe entrego a calcinha e Maria começa a se vestir.
—Nada de jeans hoje, escolhi algo que comprei para você.
—Você comprou algo para mim?
—Sim, em São Francisco, e você vai usar.
Ela não gostou, não dou a mínima.
—Está bem.
—E não vai reclamar!
—Não mesmo.
Pedi ao Olaf que comprasse algo para Maria, escolhi via internet, já
sabia seu número então não foi difícil, eu sei que ela detesta vestidos, mas
quero muito que ela se acostume a usá-los, ela fica muito bem de vestido.
Dou a sutiã para ela e começo a me vestir, coloco jeans e camisa, eu a
observo sorrir ao colocar o sutiã e quero sorrir também, Maria é tão simples
que as vezes me assusto com sua forma de ser, seguro seus braços e pego a
peça, a coloco em Maria e logo que o vestido se acentua em seu corpo seu
semblante se enche de tédio.
—Você disse que não iria reclamar — alerto.
A viro de costas sem esperar por resposta e abotoo o vestido, observo
as curvas dela, os seios, as coxas, tenho uma mulher muito bonita, minha
esposa é maravilhosa de vestido, consigo ver todas as curvas de seu corpo,
mas ela não parece gostar de vestido mesmo.
—Você fica muito bem de vestido vida.
—É?
Linda na verdade, mas ela fica calada, depois parece desconfortável
pelo o que eu disse, triste ou algo assim, seu semblante de repente muda e
Maria parece ser tomada por um tipo de medo ou algo assim.
—Você está tão brava assim comigo para ficar pálida?
—Não estou brava, muito obrigado.
E me beija, mas não me convenço, ela está pálida!
—A minha máscara Senhor Carsson.
Talvez discutir por causa de um vestido não seja a melhor coisa a se
fazer nesse momento certo? Melhor deixar para conversar depois.
—Só vou escovar os meus dentes, por que não pega na cama?
Ela não liga para resposta azeda que lhe dei, gira e sai andando, e
acho que por isso que consigo me afeiçoar ainda mais por Maria, ela não
espera por ninguém, ela não é do tipo de mulher que ficar dependendo de
ninguém além de si mesma. Acho que se eu passasse dias e dias analisando
sua forma de ser não entenderia e só encontraria mais e mais motivos para
gostar e desaprovar suas ações.
As vezes sua independência me irrita, outras a torna admirável
para mim.
Danças
Escovo os dentes rápido e vou para o quarto, ela está de frente para o
guarda roupa, já recolheu as roupas que deixamos jogadas no chão.
—Arrumo a cama — falo — Não quer passar o seu perfume?
—Qual?
—O que te deixa com cheiro daquele sorvete roxo.
Não lembro bem o nome daquilo, mas o cheiro dela é
inconfundível.
Vou arrumar a cama, mas estou de olho em cada gesto seu, Maria
mexe em seu guarda roupas, ela está distraída. O vestido caiu como uma luva
para ela. Ela começa a passar hidratante, seu cheiro é doce assim como o
perfume que ela acaba de passar no corpo.
—Gostou?
—É, ele é... confortável.
Ela espalha o hidratante pelas pernas e pelos braços.
—Aumente o som Jack!
Calço o tênis depois que organizo a cama, The Verve, Bitter Sweet
Symphony, Maria gosta de músicas antigas, acho que eu era uma criança
pequena quando essa música tocava, mas até gosto, apesar de ser meio brega.
—Ah, essa música brega!
—Cala a boca!
Sorrio com seu atrevimento, a mulher está me mandando calar a boca
com tanta autoridade que sinto como se fosse uma mãe.
—Precisa secar os cabelos.
—Está muito calor Jack, deixe os meus cabelos em paz, vem cá.
Me aproximo, Maria se vira, os olhos fechados, um traço de sorriso
em seus belos lábios, ela estende os braços e acerta em meu peito, depois
segura a camisa e me puxa para perto dela.
Enlouqueceu! Pronto!
—Dance comigo.
Dançar?
—Agora?
—Eu deixei que me desse o vestido!
Isso não vale senhora Carsson.
—Chantagista.
—Vamos, é bom treinar, quem vai saber se aparece outros bailes!
Por que não?
Passo o braço envolta de sua cintura e a aperto erguendo sua mão
esquerda, Maria Sorri quando começo a conduzi-la pelo quarto, dançamos
juntos, e quando ela ri novamente tudo está mais claro que nunca para mim,
apenas a amo, apenas a quero somente para mim, eu sei que Maria é apenas
minha, eu sei que ela é tudo o que mais quero desde que vi, e eu serei dela
muito mais do que apenas em uma noite.
Giro seu corpo com o meu, deslizo as mãos e aperto a bunda dela, ela
me enlaça o pescoço oferecendo a mim um beijo, tomo seus lábios com a
mesma urgência calorosa que me oferece, a morena me corresponde com
vontade e a afasto fazendo com que gire, depois a puxo para perto, seus
sorrisos se alargam.
Estou feliz em vê-la feliz.
—Hei — escuto Sarah chamar e travo. — Estamos com fome.
—Eu já estou indo!
Sei que terei mais chances de tirar ela para uma dança, quero
dançar com essa mulher por toda a minha vida.
—Vamos!
Me afasto e pego uma máscara seca, olho para o tecido preto e paro
de sorrir, novamente preso ao transe de ter que submetê-la a isso, mas sei que
não será por muito tempo.
—Nossos celulares, você precisava atualizar os seus contatos para
esse, do seu antigo, já fiz isso para você — enquanto você dormia.
—Aham.
—Espero que não se incomode, pode usar à vontade, apenas não
deixe que Fernando pegue.
—Por quê?
—Nossas conversas, vida não é algo para um menino de dez anos ver.
—Tem razão, ele entende mais dessas coisas que eu.
Eu a conduzo para fora do quarto logo que coloco a máscara em sua
face.
—Vai aprender com o tempo, adoro tecnologia, é o meu mundo, e o
seu filho também, pensei em dar um ipad para ele de presente de aniversário,
para ele não ficar pegando o seu celular.
—Assim... do nada?
—Eu não vejo problema algum em dar essas coisas para vocês, não
preciso comprar.
—Por quê?
—Eu ganho, ou esqueceu que eu presto serviço para empresas como
Apple, Microsoft, Samsung...
Estou nervoso confesso.
Sair do quarto as vezes é ruim, mesmo que eu saiba que apenas Sarah
está aqui com Olaf e Alejandro. Sei que a família dela tem livre acesso a casa
e isso me deixa tenso. Não gosto que fiquem por perto, por mais que eu
pareça natural as vezes, por mais que Maria não entenda, na maioria das
vezes permito que eles me vejam apenas por ela, o que é contraditório já que
muitas vezes não deixo que ela me veja.
Não sei explicar.
—Eu fiz lasanha e cupim recheado! Ok, mentira, pedi tudo do
restaurante da tia Fran e só coloquei para esquentar.
Eu já sabia, você não tem cara de quem sabe nem fazer as
próprias unhas, quanto mais comida.
—Temos muita salada e a lasanha é vegetariana, não é o máximo? Eu
pedi pronta, porém pré-cozida.
—Estou impressionada com os seus talentos na cozinha — Maria fala
com um tom de deboche. — Já podemos almoçar?
—Aham, os meninos já estão comendo, só falta nós quatro.
Olaf está na sala vendo jogo ao lado do Fernando, vamos para cozinha
e nos sentamos, sirvo Maria, Sarah de fato não fez nada, mas caprichou no
pedido.
—Quer comer sozinha? — pergunto.
—Sim, por favor.
Entrego o garfo, Maria tem sentidos aguçados, ou aprende a ter, me
sirvo de salada também, olho para Alejandro, ele está olhando para Sarah, lhe
dou um chute na canela, ele dá um pulo e faz cara feia, não sabe nem
disfarçar...
—Quer carne? — pergunto.
—Sim, eu adoro o cupim do restaurante.
Não curto carne, nunca gostei, não sei dizer exatamente por que, mas
essa carne também parece bem gordurosa, os brasileiros têm uma culinária
bem calórica e mais salgada, não quero que Maria acabe doente por conta
disso.
—Não pode comer muita gordura.
—Eu sei, estou acima do peso.
—Falo pela sua saúde Vida.
Ela fica vermelha.
—Jack, depois você deixa que eu a roube por alguns minutinhos? —
Sarah pergunta.
—Claro.
—Está bom? — pergunto.
—Sim, eu adoro cupim, Sah vamos acertar depois, aí você soma com
o dinheiro que emprestou para Juh.
—Não precisa se preocupar com isso, coma.
Maria parece desagradada, mas não me importo, lhe dou um beijo na
têmpora.
—Coma, Joseph vem mais cedo hoje.
—É mesmo, eu tenho inglês!
Ao menos parece mais contente com as aulas de inglês, não vejo a
hora dela vir comigo para os Estados Unidos.
—Gosta das aulas?
—Sim, eu sei bastante coisa, me senti até mais inteligente ontem
quando Joseph me elogiou pela minha conversação.
—Maria você é inteligente.
—É, para alguém que já tem quase trinta, eu não estou tão mal.
Me espanto que alguém tão jovem e inteligente se minimize tanto
assim, Maria não encara os elogios como algo positivo, é como se ao invés
disso ela encontrasse uma desculpa para se auto criticar.
—Duda você tem que parar com isso — Sarah retruca e tenho que
concordar com ela. — Você é muito inteligente, dedicada, pare de se
menosprezar.
Maria tem uma baixo estima muito forte, ela não sabe como se sentir
bonita ou até mesmo inteligente, ela se sente velha, algo bem próximo de
uma mãe ou coisa assim, isso me deixa intrigado, mas decido não insistir no
assunto na frente de Sarah e Alejandro.
Comemos em silêncio, e confesso que me irrito um pouco de pensar
que talvez isso seja por conta do peso dela, será que ela se sente assim porque
está um pouco mais cheinha? Isso não muda em nada o jeito como me sinto
em relação a ela, em nenhum sentido, talvez no começo estivesse bem
preocupado com o que minha família pensaria mas agora... agora isso não
importa, só quero que ela fique saudável, e quem sabe se ela emagrecer um
pouco não mude as impressões que tem sobre si mesma?
Termino meu almoço e levanto, Alejandro e eu nos afastamos, sei que
Sarah quer falar com ela.
Melhor pensar bem no que vou falar para Maria antes de entrar
nesse assunto.
Pedidos aceitos
—O que pretende Jack?
—Eu já conversei com os pais dela, vamos nos casar.
—E depois?
Olho para o meu irmão, nunca o vi tão sério em toda a minha vida,
Alejandro é daquele tipo de cara certinho e responsável que todo pai e mãe
quer ter como filho, ele sempre foi o filho ideal e leal que o meu pai desejou
ter, coisa que eu nunca fui e nunca serei.
—Eu quero poder vir ao Brasil ao menos uma vez por mês, não posso
tirar a Maria daqui tão de repente, logo que ela terminar a faculdade ela e o
Nando podem vir comigo para os Estados Unidos.
—E pretende manter ela vendada para sempre?
—Isso não é da sua conta.
—Essa situação é ridícula e doentia.
Eu sei disso.
—Eu já pedi que ela me olhasse, mas ela não quer, se te conforta, eu
já permiti que ela tirasse a máscara, mas é ela quem não quer tirar.
—Claro, agora ela ficou com medo de olhar para essa sua cara feia.
Sorrio, olho envolta, o apartamento é perfeito, a vista muito ampla, sei
que Maria e o Nando irão adorar morar aqui, todo o lugar é seguro,
organizado, ela ficará bem quando eu estiver fora, ainda que eu saiba que eu
não ficarei muito bem longe dela.
—Gosta mesmo dessa garota.
—Sim, ela é muito importante para mim Alejandro.
—O menino também.
—Os dois.
Alejandro se senta na cadeira e me sento de frente para ele, o vento
sopra com força, mas tudo em Copacabana parece perfeito demais, o mar, as
pessoas na calçada, e toda a vista esplendorosa do Rio de Janeiro.
—Queria ter crescido aqui — Alejandro fala pensativo. — Ter tido a
oportunidade de saber como é morar no lugar onde eu nasci.
Eu também queria ter sido criado aqui, mas fomos arrancados deste
lugar e levado para um outro lugar que me deixou cheio de marcas, dor, um
lugar que me tornou alguém que eu sei que a minha mãe nunca iria querer
que eu fosse, em parte, ir embora mudou todo o curso da minha vida, da vida
dos meus irmãos, mas tenho certeza que mamãe fez de tudo para que as
coisas pensando no que era melhor para nós 5.
—Será que teríamos nós tornado pessoas normais Jack? — pergunta
Alejandro olhando para a paisagem da cidade maravilhosa. — Você talvez
fosse uma pessoa sem medo não é mesmo?
—A vida é como é Alejandro — falo, sei que ele é alheio a tudo o que
vivi na casa de Clair. — Não há como mudar quem somos de uma hora para
outra.
—Disse para Sarah que gosto dela. — Ele me olha incerto. — Fiz
errado?
—Não, não fez — respondo. — Você tem todo meu apoio.
—Sei que ela é mais velha e tal, que ela nunca se interessaria por um
cara como eu, mas quero tentar sabe? Quero poder ser mais corajoso e
enfrentar os desafios da minha vida.
—Desde que não pule da primeira ponte que ver pela frente.
Alejandro sorri, é jovem, não é um rapaz feio, tenho certeza de que a
mulher que se casar com ele será muito feliz, ele tem um enorme coração.
—Melhor irmos — aviso e me levanto.
—Você vai conseguir Jack. — Ele fala. — Ela vai aprender a lidar
com a sua doença.
—Espero que sim.
Entramos no apartamento e fecho o blindex da sacada, olho envolta,
sei que este também será o meu lar todas as vezes que eu vier aqui, não estou
muito contente em abandoná-la, mas estou satisfeito de saber que ela ficará
bem.
—Tá pronto para pedir ela em casamento aos pais dela?
—Claro que não — falo e começo a ficar nervoso. —E para de agir
como se gostasse de mim.
—Você é o meu irmão esquizofrênico, alguém precisa gostar de você
Jack.
Me afasto.
Alejandro vem atrás rindo, tento deixar o nervosismo de lado, viemos
aqui e Olaf foi numa joalheria para mim, acho que preciso ser mais formal
quando se trata da Maria, também sei que devo fazer isso, formalizar o nosso
compromisso. Entramos no elevador.
—Jack vai se casar!
—Cala a boca imbecil, eu já sou casado.
—Senhora!
Dona Francisca passa por nós dois fazendo cara feia, eu sei que ela
me detesta por que eu a submeto a mudança, mas também sei que é muito
melhor que eles mudem para um lugar seguro, do que que permaneçam nesse
bairro, vivendo numa casa pequena e tendo que lidar com os riscos de uma
vida no subúrbio, sei que é meio arrogante da minha parte, nada humilde,
mas eu não quero ficar me preocupando com a Maria quando estiver longe —
muito mais do que já ficarei preocupado — porque sei que se os pais dela não
ficarem bem, ela não ficará bem. O Senhor Van me dá um sorriso cansado,
ele é mais simpático do que ela.
—Como vai rapaz? Vocês estavam passeando?
—Sim senhor.
Alejandro sobe as escadas na frente, Olaf entra depois de mim, ele
tranca o portão, subo os degraus me sentindo um pouco tenso, minha
conversa com os pais dela quando eu estava fora não foi das mais amistosas,
os pais de Maria apresentaram resistência com a minha ideia de levá-la para
morar em Copacabana, mas acabaram aceitando, Alejandro quem está
resolvendo a papelada e a mudança, o lado bom de se ter um advogado e
dinheiro é isso, tudo se resolve dentro do possível rápido e bem.
Entro na casa de Maria, ela está sentada no sofá ao lado de Sarah,
cabisbaixa, a mãe dela se senta entre ambas, avisei que pediria a mão de
Maria hoje, os pais dela estão cuidando da mudança, sei que eles são pessoas
que trabalham bastante e bem ocupadas, mas ainda assim, sei que preciso
fazer isso. Sarah tira Fernando da sala, Alejandro se afasta também, e ficamos
apenas eu, Maria, sua mãe e seu padrasto.
—Maria o seu namorado conversou conosco sobre você mudar para
Copacabana, ele disse que decidiram que era melhor assim e nos propôs que
ficássemos por perto — o padrasto dela fala. —Queremos saber se você
realmente gosta desse rapaz.
Nada incisivo.
—Gosto.
—Você tem certeza de que é isso o que você quer? — a mãe de Maria
é mesmo intimidadora.
—Sim, eu quero ficar com ele.
—Eu e a sua mãe aceitamos a proposta do seu namorado, entramos
nisso de cabeça, vai mudar nossa rotina, mas sabemos que é importante para
você que estejamos por perto, queremos ficar perto de você e do Nando.
Ela permanece calada, começo a ficar nervoso porque não gosto
disso.
—Não vamos deixar você ir assim — completa o padrasto dela. —
Ele comprou a nossa casa e a academia, demos o dinheiro como entrada para
pagar o apartamento, vamos morar perto de vocês.
—Filha eu... você sabe que eu me preocupo muito com você certo?
Não quero que o Nando cresça longe da gente.
Eu sei que Maria também não iria gostar de ficar longe deles, apesar
de todos os pesares são a família dela.
—Não será ruim para vocês?
—Não — diz Dona Francisca. — Você não quer a gente por perto?
—Claro que quero mãe.
—Não fique brava conosco — Dona Francisca olha para Maria com
um afeto imenso. — Não sou a melhor mãe do mundo, mas não suportaria
que você ficasse longe de mim, Júlia também.
Maria continua calada, me aproximo e coloco a mão no bolso,
procuro o anel que pedi que Olaf comprasse para ela.
—Estamos preparando tudo—reafirma a mãe dela.
—Está bem.
—Você está bem?
—Sim.
Sei que ela não está bem, não gosto disso.
—Já estamos organizando a mudança, já que vai ser até o começo do
mês que vem — dona Francisca se levanta e vai para o rumo da cozinha. —
Jack disse que se casaram no civil até o fim do mês, vamos fazer um jantar
com a família semana que vem.
—Maria não precisa ficar com medo, eu e a sua mãe entendemos que
você precisa se casar, foi uma decisão nossa.
Essa mudança vai realmente transformar a vida da família dela, não
havia pensado por esses aspectos, eu só quero que Maria fique bem e segura
com o Nando, sei que esse bairro não é tão seguro nem morar numa casa sem
proteção, no condomínio eles terão proteção e vigilância, me sento ao lado
dela, seguro sua mão, ela não gostou de ter que mudar, disso eu já sabia, só
não pensei que ela ficaria tão triste com tudo.
—Você aceita? — pergunto.
—Sim.
Sinto seu nervosismo, seu medo, o receio estampado na tensão de seu
corpo, ela não ergue o olhar nem se move, e isso é uma merda, literalmente.
—Vai dar tudo certo.
—Eu sei Jack.
—Estou nervoso.
—Por que eles estão olhando para você?
—Porque estou te pedindo em casamento agora, é oficial!
E me dar conta disso é apavorante.
—Mas já somos casados.
—Seus pais não sabem disso.
—O que pretende?
—Me ajoelhar?
—Jack pelo amor de Deus!
É agora.
—Maria você aceita ser a minha esposa?
—S-sim.
—Sua mão direita, por favor.
Minhas mãos tremem bastante, não sei dizer o quanto isso é bom e ao
mesmo tempo tenso, Maria também está nervosa, acho que ambos não
pensávamos que passaríamos por algo assim na vida, um casamento louco em
Las Vegas, depois um noivado de verdade na casa dos pais dela, sei que ela
merece até mais que isso, porém não consigo imaginar algo diferente para
nós dois nesse momento, eu gostaria que o meu pai estivesse aqui, na verdade
que eu tivesse uma família de verdade para me representar nesse instante,
mas eu não tenho, então, acho que é o suficiente apenas entender que as
coisas são como são e ponto.
Coloco o anel em seu dedo anelar direito, beijo sua mão.
—Obrigado por aceitar.
—Obrigada por pedir.
Sorrio, Maria é tão...
—Você é fantástica.
—Não vou esquecer isso senhor Carsson.
Os pais dela se aproximam, estão visivelmente emocionados, a mãe
dela a abraça e do nada sinto um abraço caloroso do padrasto dela.
—Fez a coisa certa rapaz!
—Obrigado.
Não sei reagir a demonstrações de afeto, ele me solta e Dona
Francisca me abraça, ela chora, fico duro, nunca deixei que me abraçassem
assim, não gosto de contato físico com ninguém, sempre achei meio estranho
e pessoal demais, é algo que evito, contudo nesse momento isso parece uma
grande tolice.
Nando vem correndo e a abraça, Sarah me abraça rapidamente e vejo
o meu irmão diante de mim com um sorriso enorme, ele abre os braços.
—Abraço irmãozinho.
Fecho a cara, Alejandro me aperta com força.
—Vocês vão ser muito felizes Jack, vai ver mano.
Olho para a mulher que amo, para o filho dela que se tornou meu e
sinto vontade de sorrir.
Eu espero que sim.
Eu sei que sim.
Nível 14 da atração
Dona Francesca está na cozinha cuidando de tudo.
Sarah está sentada ao lado de Alejandro no sofá que fica de frente
para mim e Maria, o meu irmão me disse a alguns momentos algo sobre
compromisso com Sarah ou coisa assim, foi quando o senhor Van me
abraçou mais uma vez e disse que precisávamos comemorar o noivado, e que
para aquilo, iria buscar cervejas, a mãe de maria se ofereceu para preparar o
jantar, não me opus, apesar de querer que fiquemos apenas eu ela e o Nando,
eles querem fazer parte disso, é importante para eles.
—Então, a formiguinha está noiva! — Sarah fala com deboche.
Alejandro me olha como cheio de orgulho, reviro os olhos, seguro a
mão de Maria, ela já é minha mulher, de todas e quaisquer formas, logo em
breve espero que nos casemos no civil, quero oficializar tudo o mais rápido
possível.
—Alejandro pediu Sarah em namoro — digo. —Ele quer algo mais
sério.
—Entendo — Maria afirma.
—Vamos falar com os meus pais amanhã — Sarah está tensa.
Acho que o Alejandro quer muito mais isso que ela, acredito também
que é um grande passo para a vida dele e de Sarah, infeliz ou felizmente, é
um mal de Carsson levar tudo literalmente ao pé da letra, a sério, o orgulho
percorre as veias das pessoas dessa família, ao menos, é assim comigo,
Alejandro, e os outros dois imbecis.
—Então, chamei o Alejandro para vir para Angra conosco no sábado
—Sarah diz — Vamos nós três e o Nando, que tal, Duda?
Queria poder ir também, Mas querer não é poder, tenho muitas coisas
a fazer, ainda que a minha prioridade seja a minha esposa, a empresa exige de
mim também, isso me chateia, me irrita, mas saber que Maria ficará bem e
segura me conforta em alguns sentidos.
—Parece uma boa ideia —Maria responde —Já foi em Angra,
Alejandro?
—Ainda não —meu irmão está tenso. —Vocês adoram praia.
—Sim —Maria parece querer sorrir. —Eu amo praia.
—É bom que se divirtam enquanto eu estiver fora.
Os suspiros de Maria não negam, ela não quer que eu vá embora. E
diabos, se eu pudesse, eu não iria.
—Uhu... Duda está noiva!
—Uhu... mamãe está noiva! — Nando fala.
Eu o olho, e o garoto ri atento a tv, também sentirei muita falta dele,
deste lugar, estar aqui é muito melhor do que estar só, ou vivendo a merda de
vida que eu vivia antes deles aparecerem.
—Criei um monstro —Sarah pragueja—Por falar em monstro, cadê o
robô?
Robô!
Sorrio, ele está hospedado num hotel não muito longe daqui
juntamente com Alejandro. Ele também está resolvendo algumas questões
dos móveis dos apartamentos e mais algumas coisas para mim e meu irmão.
Olaf não gosta de apelidos, mas eu tenho certeza que se tratando de
Maria ou Sarah ele não se importará, e ainda que eu esteja sorrindo, vejo
daqui o olhar curioso de Dona Francesca da pequena cozinha da casa da
minha mulher, as vezes eu tenho a impressão de que ela não gosta de mim,
em outros momentos fico apavorado em constar que ela está me espiando ou
coisa assim, tento me acalmar.
Odeio que fiquem as espreitas ou me olhando assim.
A mão de Maria pousa no meu peito, eu a olho.
—Fique calmo.
—Estou calmo, sua mãe não para de olhar.
—Acho que ela ainda não acredita.
—No noivado?
—Em me ver de vestido!
A tensão abandona meu corpo, mas meu riso é mais nervoso que tudo,
eu a puxo para mim, e seu abraço me acalma um bocado, Maria está me
apertando, me dando tanto apoio, ela não sabe o quanto isso é importante
para mim, ser alguém próximo do normal.
—Olaf foi para o hotel, ele precisa resolver algumas coisas para mim
—falo.
—Você é muito ocupado, cara?
Olho para o garoto, Nando enfia um bocado de salgadinho na boca e
mastiga, não sei se essas coisas são muito saudáveis para ele, mas não me
sinto no direito de falar nada, o padrasto de Maria entra carregando sacolas,
ele está todo contente.
—Um pouco — falo. — A empresa cresce.
Sei que não adianta explicar sobre negócios para o garoto, mas ele
sorri, e sinto vontade de falar um pouco sobre a BCLT para ele, quem sabe
um dia eu não o levo para conhecer o lugar?
—Bom, vocês aceitam?
—Claro!
O Senhor Van me entrega uma cerveja, depois outra para Sarah e uma
para Alejandro, não posso beber muito, mas não deixo de sorrir ao olhar para
a cerveja, porque me lembro de Las Vegas. A Irmã de Maria entra, apressada,
ela se aproxima.
—Cheguei — diz Júlia. — Não poderia perder esse momento.
Maria enrijece.
—Duda namorando.
—Não enche, Maria Djúlia.
E eu com os meus problemas com o Alejandro...
—Ok, parei, então, vamos para a parte legal, em que eu como e falo
sobre o meu dia maravilhoso arrumando a mudança.
—O que vão levar?
—Só o básico, mamãe disse que o apartamento é mobilhado, não
sabia que o meu pai tem dinheiro para isso, agora descobri por que ele não
me empresta dinheiro, muquirana.
—Dobra a língua —O padrasto de Maria está mexendo no som da
sala. —Você já foi na escola ver o negócio do histórico?
—Aham, você ou a mamãe tem que ir lá pegar.
—Vai pedir transferência? — Maria pergunta.
—Claro que vou, ou você acha que eu vou vir todos os dias do outro
lado da cidade para estudar? Meu pai vai pagar uma escola sem graça lá
perto.
E mais uma vez, Maria não gosta nenhum pouco de nada do qual eu
decidi fazer por sua família.
—Não tem com o que se preocupar —explico. —Ele vai pagar por
tudo, não aceitou que eu desse.
—É? —questiona. —Eu posso pagar também?
—Não!
Ela faz cara feia, beijo sua bochecha, eu a desarmo nesse momento.
—Vai ser muito bom dar aulas na academia da sua prima, Jack.
—Ah, eu acredito que você goste mesmo, Sandy é muito legal.
Conversei com Sandy via e-mail, não haverá problemas, Maria vai
aprender a se acostumar com isso também, em todos os sentidos, logo que ela
ver, tudo estará no lugar, inclusive eu em seu coração.
Meu lar
Procuro Maria na cama, mas ela não está aqui.
Me levanto e saio do quarto ainda com sono, passo pelo corredor
silencioso e observo a semi escuridão da casa da minha mulher, depois
quando chego a sala começo a sorrir, ela está deitada no sofá com foninhos
no ouvido, cruzo os braços e observo o pé dela balançando no braço do sofá,
o corpo relaxado, ela ainda usa o vestido.
Ela é tão linda.
—Por que saiu da cama?
—Perdi o sono.
Ela não está surpresa.
—Posso ficar aqui com você?
—Claro que pode, vem.
Maria se ajeita no sofá, me aproximo, me deito ao seu lado, ela coloca
metade do corpo em cima do meu, me abraça, não sei bem o porquê ela veio
para sala.
—O que foi?
—É que parece que eu estou sonhando, não sei, é tudo muito rápido.
—Sonhando?
—É.
Estou surpreso.
—Eu não sou um príncipe encantado, Vida.
—Nem todas as garotas do mundo querem um príncipe.
Ainda bem que você é uma delas, porque de príncipe só me sobraram
as ferraduras do cavalo Vida.
—Sempre tem o cavalo, não é mesmo?
Ela ri.
—Você é o meu Lorde das trevas.
—Encantado!
Seguro sua mão, depois beijo as costas da mão, Maria se ergue e eu
beijo sua boca, sei que foi uma noite muito importante para nós dois, para
mim, porém para ela um momento muito especial.
—O que achou do manicômio?
—Dá para suportar, só fiquei um pouco incomodado com a forma
como a sua irmã me olhava as vezes durante o jantar.
A família dela é muito indiscreta, muito espontânea, confesso que não
estou acostumado com pessoas assim, falantes, alegres, por diversas vezes,
Dona Francesca ficou me analisando, era constrangedor, assim como a irmã
da Maria, só que a mãe dela parecia mais por curiosidade, a irmã dela, porque
eu não sei, mas ficava sorrindo, as vezes para o Alejandro.
Não posso reclamar, a minha nova sogra é uma excelente cozinheira,
ela fez até um molho de couve flor separado para mim e Alejandro ao saber
que somos vegetarianos, também além disso, o padrasto de Maria foi muito
gentil, eu via tanto calor nos olhares dessas pessoas durante o jantar, que
apesar de tudo me fez imaginar como será ter uma família um dia, uma
família de verdade.
Maria me possibilita pensar em tantas coisas das quais não quis.
—Gosto da sua família, eles são engraçados.
—É, eles me matam de vergonha.
—Sua mãe cozinha muito bem.
—Por isso eu sou gorducha.
—Você é gostosa.
Tinha um bocado de receio quanto a isso a algumas semanas atrás
quando Maria encontrou meus irmãos em Malibu, mas agora, sem sombra de
dúvidas quero ela assim, desse jeito que ela é, eu não preciso que ela mude
por nada certo? Eu a amo tanto, eu a quero deste jeito, mesmo que ela seja
um pouco acima do peso, acredito que ela precisa se cuidar um pouco mais,
ao menos quanto a saúde, o não importa o que digam.
Ela me beija toda carinhosa, sei que não preciso de mais nada,
contudo, é difícil pensar que terei que partir e deixá-la para trás.
—Vou para Paris na madrugada de hoje, quero que você me prometa
que vai me responder sempre que eu chamar ou ligar, está bem?
—Ok.
Sei que ela detesta isso tanto quanto eu.
Maria mordisca meus lábios e sua língua invade a minha boca
novamente com lentidão, toco seu corpo devagar também.
—Quando você volta?
—Em duas semanas.
—Isso tudo?
—Preciso trabalhar, Maria.
Ela suspira desagradada.
—Está bem.
—Não fique brava.
—Não estou brava.
Não entendo.
—Então...
—Estou triste.
—Está?
—Claro que sim, vou sentir muito sua falta, Jack.
—Vai?
—Claro que vou.
Porra.
—Farei o possível para voltar logo.
—E a mudança?
—Será em duas semanas, até o final do mês, mas os seus pais já vão
começar a levar algumas coisas, seu padrasto vai ver se consegue levar
algumas clientes particulares para a academia da Sandy.
—E a minha mãe?
—Ela vai cozinhar para outra pessoa, não se preocupe.
—Você pensa em tudo?
—Quase tudo.
Maria coloca o foninho na minha orelha e adormece em meus braços,
eu a aperto e beijo sua cabeça pensando nas chances de conseguir ficar muito
tempo longe dela, sei que não conseguirei dormir direito, nem comer, e que a
cada dois segundos eu vou olhar no celular para checar que ela está bem, ver
se ela me mandou mensagem e ligar para o Alejandro para saber se está tudo
bem.
Não quero ter que ir, mas tenho que ir.
Eu a observo dormir quieta em cima de mim, e aos poucos sinto
minhas faces um pouco úmidas, porque a possibilidade de estar longe dela
me machuca tanto, numa proporção gigantes, ainda que eu não queira que as
coisas sejam assim, nunca pensei que amaria tanto alguém em toda a minha
vida.
Apenas a possibilidade de estar longe dela me deixa depressivo.
Maria é tudo o que eu tenho agora, ela é o meu único motivo de ser
feliz, de prosseguir, mesmo que eu saiba que isso é algo que me faz mal, que
não é "saudável", mas sei que se eu perder essa chance eu nunca conseguirei
me reerguer.
Me sinto machucado, ferido, doente longe dela, eu não consigo pensar
em se quer um momento a minha vida sem ela, sem essa casa, sem o Nando
conosco, uma vida simples e banal, mas regada de atenção, amor, uma
família normal, tudo o que eu nunca tive, eu tive os meus pais por tão pouco
tempo comigo.
Beijo sua cabeça mais uma vez e fecho os olhos, o calor de seu corpo
é incrível e acolhedor, e aos poucos consigo cochilar de novo, mas o sono é
curto e interrompido, abro os olhos novamente, e Nando está deitado em
cima dela, o garoto usa um pijama, ele sorri todo alegre.
—Nando, não. — Ela se queixa imediatamente.
—Deixe o garoto quieto.
Maria esconde um sorriso, toco sua nuca, meus dedos se enfiam em
seus cabelos.
Melhor não pensar mais na distância, eu vou voltar o mais rápido que
eu puder para eles dois, para cuidar deles e isso é o que importa.
—Mamãe.
—Oi.
—Estou com fome.
—Vou fazer um misto para você, que tal?
—Queria cereal.
—Adoro cereal — completo. — Acho que Olaf comprou, você pode
preparar para nós dois?
—Mas... pensei que só comesse coisas saudáveis.
—Você come coisas saudáveis, eu sou o homem dessa casa, eu como
o que eu quero.
—Uou! — Nando exclama arrastado.
Sorrio.
—Mãe, eu não deixaria.
—Você manda na casa, Jack, mas quem manda em você sou eu!
—Uouuu!
O que posso falar?
Acabo por rir da lógica, tem um pouco de verdade, Maria se ergue
assim que o Nando vai para o lado e depois ela vai para cozinha, Nando me
abraça com força, beijo a cabeleira do moleque, ele se ergue depressa todo
embaraçado, sei que ainda tem um bocado de vergonha e receio, quando eu
tinha a idade dele, não costumava ter amigos, nem um pai que brincasse
comigo, meu tio sempre tentou se aproximar de mim mas eu não deixava.
Sempre tive medo das pessoas.
Não quero que seja assim com o Nando, eu não sinto medo dele, por
incrível que pareça, ele é uma criança cativante, doce, sei que ele merece todo
o cuidado e amor que um verdadeiro pai poderia dar.
—Quando você vai se casar com a minha mãe? — pergunta Nando
num tom baixo.
—Logo.
—Legal.
—Você quer brincar?
—Bem, do que?
—Não sei, eu nunca brinquei com ninguém...
Eu acho.
Tenho poucas lembranças da infância, me lembro vagamente das
vezes que a minha mãe, quando trabalhava como enfermeira num hospital
daqui do Rio, me levava, as vezes ela me deixava no quarto com alguns
pacientes, havia uma menina, mas não me recordo bem quem era, só lembro
que visitamos a ala pediátrica algumas vezes, como mamãe não tinha com
quem me deixar, ela me levava.
—Deita-se ai, vamos brincar de avião.
—Está bem!
Me deito, Nando fica em pé no braço do sofá.
—Agora você ergue as pernas, eu me deito com a barriga nos seus pés
e você segura as minhas mãos.
Que brincadeira mais sem nexo.
Acabo rindo quando Nando se estica e apoia a barriga nos meus pés,
quando estico as pernas para cima, ele solta um grito alto e ri a beça, isso me
deixa um bocado empolgado, vê-lo sorrir, poder deixar o moleque feliz.
—Mãe, olha, eu estou voando! — berra Nando.
Maria está preparando o café na sala, sei que ela não vai olhar.
—Outra hora, filho, estou fazendo o café da tia Sah.
—É bom mesmo!
Sarah vai para cozinha, Nando berra e ri à beça enquanto sacolejo ele
para os lados.
—Você vai fazer a minha mãe feliz né? — pergunta Nando
pendurado. — Tipo, nós... Felizes para Sempre.
—Claro — afirmo. — É o que eu mais quero.
—A minha mãe já sofreu muito sabe? Na mão do meu pai, ele não
presta, largou ela grávida, a vovó fala que ele é um mal caráter.
É mesmo, e que esse desgraçado nunca cruze meu caminho.
—O meu pai nunca me quis.
—Não importa Nando, eu quero você e a sua mãe também.
—Tipo, como pai e filho?
—Se você quiser sim.
Ele sorri, percebo que isso machuca o garoto, eu nem quero imaginar
como Nando se sente, mas na verdade eu sei bem, porque já fui muito
rejeitado pela família da minha mãe, e em relação a família do meu pai,
nunca tive contato, sempre fui e me senti só em todos os sentidos.
—Ta Legal.
Ouço o som da porta.
—Quem Chegou?
—O seu irmão e a sua prima e o Robô.
Nando ri quando eu o sacolejo de novo.
—Vamos montar meu quebra cabeças?
—Claro.
—Mamãe, eu e o Jack vamos para o meu quarto montar o quebra-
cabeças, o Olaf quer comida.
Me ergo e pego o moleque no colo, ele gargalha todo contente, eu o
coloco no chão assim que entramos em seu quarto, Nando indica a mesinha
onde monta o quebra-cabeças, me sento no chão e ele de frente para mim.
—Eu gosto de montar coisas, mas ainda não sei o que vou fazer
quando eu crescer, o que você pensou em ser quando tinha dez anos?
Estava ocupado demais estudando trigonometria num quarto fechado,
fazendo anotações num quadro sobre física quântica e lendo pelo menos 4
livros por dia...
—Gosto de números.
—Odeio matemática, mas eu sou bom com ciências e português.
—Ciências é uma excelente matéria.
—Mamãe fala que eu vou ser um cientista muito bem sucedido na
minha vida adulta, mas eu também pensei em ser advogado igual ela. Ela
sempre trabalhou muito na vida sabe? Eu quero que ela descanse quando ela
tiver uns 50 anos, quero sustentar ela, quero que mamãe seja feliz, eu nunca a
vejo sorrindo, ela sempre trabalhou duro para me sustentar.
A inteligência e audácia do menino não me surpreendem, e não
consigo me sentir assim dos melhores ao ouvir isso, sei que Maria não
merece trabalhar tanto para ganhar tão pouco.
—Hei — Sarah abre a porta. — Vocês dois estão fofocando é?
—Homens não fofocam — Nando argumenta.
Da vontade de rir do jeito no qual Nando estufa o peito, olho para
Sarah.
—Poderia trazer o cereal para ele Sarah?
—Claro. — Ela fala e aponta para o Nando. — To de olho em você.
Nando revira os olhos, nesse momento é como se visse Maria diante
de mim.
Ela some no corredor, me volto para as peças do quebra-cabeças.
—É bom que esteja aqui Jack.
—Sim, muito bom.
Sorrio.
É mesmo muito bom estar aqui, fazer parte disso, mal vejo a hora de
voltar para casa, para esta casa, a minha nova casa.
—Você vai para Angra com a gente?
—Quem sabe Nando? — questiono a possibilidade. — Quem Sabe?
Prazer com ela
Eu a observo tomar banho.
Maria toca as marcas que deixei em seu corpo, e por mais que eu não
queira, estou chateado com isso, não queria machucar ela, na realidade eu
jamais deixaria marcas no corpo dela, não de forma tão negativa.
—Disse que te machuquei.
Ela nãos e move, porém sei que não gostou, porque são marcas
arroxeadas.
—Vão sumir — garanto incomodado.
—Eu não me importo.
Tiro as roupas, Maria saiu para se exercitar com a Sandy e a Sarah,
fiquei no quarto ajudando o garoto com o quebra cabeças, ele é muito
esperto, e muito rápido também, Fernando é daquele tipo de criança que é
curiosa e que gosta de resolver as coisas, traços que eu vejo na mãe dele.
—Acredita que o Fernando já está quase na metade do quebra-
cabeças?
—Acredito, quando ele quer uma coisa, ele vai até o fim.
—Ele é muito esperto.
—Claro, saiu a mim.
Me aproximo, puxo ela para mim, olho as marcas em seu corpo, beijo
seu pescoço, desagradado e com peso na consciência, no entanto, sei que se
ficar falando sobre isso, ela talvez se irrite.
—Por que não colocou canela no meu cereal?
—Não sabia se gostava.
—Tive que pegar do seu filho.
—Coitadinho de você.
Sorrio com o falso deboche em sua voz, e que mais soa como um
desafio para mim, eu a seguro pelos ombros e a viro para mim, e a beijo
como quero, Maria se ergueu segurando meus ombros e seu corpo sobe
deslizando sob o meu, isso me excita, e ascende em mim, de novo, essas
sensações intensas, algo do qual não consigo controlar tanto quanto queira.
Eu a seguro e quando suas pernas me envolvem, fico todo duro, a
carne dela roça em mim e deixando quente, sua boca devora a minha, quer a
minha, e seu corpo também cobiça o meu, com tanta vontade que acho
impossível que nos controlemos a este ponto... mesmo que deva.
—Estou sem camisinha.
—Ah!
—Vou pegar no quarto.
Mas ela se estica e pega o envelope dourado atrás do suporte, onde
coloca o shampoo, me beija, aperto a bunda com força.
—Má.
—Você não quer?
—Claro que não, só vim tomar banho.
Maria ergue as mãos rindo muito, acabo por rir, acho que ambos
sabemos que não tem como controlar isso de forma tão pacífica, eu a olho, a
água caindo sob seus seios, os cabelos presos e intocáveis, os lábios úmidos,
eu a solto e pego a camisinha que me oferece, mordo o envelope e abro, ela
alcança minha mão e toma o preservativo.
—Maria...
—Shhh!
Ela fica de joelhos, me toca, e me puxa segurando meus quadris, os
olhos ainda fechados, lábios que imploram por isso, ela me segura cheia de
confiança e enfia meu pau na boca, me perco na visão erótica, e sua língua
macia me lambe devagar, luto contra o fôlego, e meu corpo sobe quando ela
começa a me chupar, sua mão desliza até minha bunda, pego a camisinha de
volta.
—Isso é ótimo, querida, vou retribuir mais tarde.
Quero mais dar do que receber, quero chupar ela também,
retribuir.
Maria me lambe sem receio, a língua quente, maravilhosa, latejo
quando ela me mordisca, arfo tomado pela impaciência, e a beijo, porque isso
mexe comigo, meu corpo todo trêmulo, causado pelo toque da boca dessa
mulher, ela me toca, ainda sim, deixando claro sua vontade.
—De costas.
Ela me dá as costas, não resisto, por mais que tente, dentro de mim,
algo se profana, dou um tapa forte na bunda dela, coloco a camisinha no meu
pau depressa, e abaixo enfiando o pau nela até o talo, seu corpo sobe,
enquanto me reveste todo, me deixando sem ar, me inclino e mordo sua
orelha, adoro cada pedacinho de seu corpo, ele me recebe muito bem, como
nenhuma outra recebeu.
—Quando eu voltar, quero o meu presente!
—Dou com prazer, Senhor Carsson.
Solto os seus cabelos, e minha boca devora sua pele, mas tento ter
cuidado, seu pescoço, seu ombro, não deixarei marcas dessa vez... espero que
não. Empurro ela, mas não dá para ser delicado, puxo seus cabelos e enfio
ainda mais meu pau dentro dela.
—Agarre as minhas pernas por trás com força e não grite, está bem?
—Ok.
Ela obedece e se segura em mim, puxo seus cabelos enrolando meus
dedos neles, saio e entro dentro dela com força, seu corpo salta e repito de
novo, e de novo, a quentura me tomando, ela está molhadinha, toda molhada
só para mim.
Do jeito que eu gosto.
A boca dela fica entreaberta, e os seios pulam enquanto meto com
força em sua buceta, olho para baixo, e as sensações se intensificam, ela me
faz querer mais que isso, ainda que seja suficiente, quero ela por inteiro para
mim.
—Quero a sua bunda.
Toco o rabo sem receio, Maria se contorce e seu corpo se enche de
prazer, meto com mais intensidade, e ela se move debatendo-se com o prazer,
suas unhas se enfiam nas minhas coxas enquanto se segura em mim, não
consigo controlar o gemido.
Puta que pariu.
—Cacete, Maria, não faz isso — protesto.
—Tem certeza que era submisso? — Ela me provoca.
Puxo seus cabelos e meto com força, ela grita, e sufoco com as
sensações que seu corpo causam no meu.
—Não, nem sempre, eu já disse que adoro bater também, Maria, não
me tente.
—Isso é injusto.
—O que é injusto? — eu a olho, ela morde os lábios, fico ainda mais
tentado. —Você me deixa louco.
—Deixo? — Ela segura minha mão, e a desliza por seu corpo até
chegar onde gosto. —Por favor.
—Ah, Maria!
Eu a toco, seu prazer se contorcendo em mim, seu clítoris, coberto e
molhado pelo gozo que lhe proporciono, ela me acompanha, retraída, quente,
meus dedos se movem em gestos circulares, ela adora.
—Isso amor, goze para mim, só para mim.
Ela estremece e eu saio, tento não antecipar nada, mas isso se torna
difícil, Maria se abaixa de repente e tira a camisinha, ela me segura e me
chupa toda apressada, meus quadris se movem, e a porra sai, ela me lambe
todo, e meu corpo todo reage a isso, incontrolável, intenso, eu a observo e
chupo os dedos que a alguns segundos estavam tocando ela um a um.
Maria arfa se erguendo, mas não espero por nenhuma reação, empurro
ela contra a parede e a penetro mais uma vez, ela estremece.
—Ah, Jack!
—Goze comigo, sim?
Aperto sua perna mantendo-a erguida enquanto a penetro, a olho, ela
morde o lábio inferior com força, desejosa, quente, lambo o canto de seu
queixo e subo por sua bochecha, ela é tão deliciosa.
—Quero ver. —Ela se move comigo rapidinho, mete comigo ligeiro.
—Vida, deixa!
Pede cabisbaixa.
—Ah Maria, veja, sim? Quero que veja isso.
Ela nos observa, mas não consigo me sentir intimidado, pelo
contrário, isso me excita ainda mais, ela geme baixinho, meu pau entra e sai
dela, a bunda bate na parede com força enquanto fazemos, isso me causa
ainda mais prazer, desejo, não sei explicar.
Nunca saberei.
—Gosta de ver? —pergunto tentado. —Gosta de me ver metendo?
—Sim.
Me apoio na parede e seus quadris estão me consumindo muito
rápido, metendo comigo na mesma intensidade, os quadris serpenteando com
os meus.
—Ah Maria!
Não consigo segurar.
Saio de dentro dela, meu corpo todo queimando com as sensações,
contudo, ela não me dá tempo, me chupa nesse momento, é maravilhoso
gozar na boca dela assim, ela é maravilhosa.
Sorrio, dou outro tapa na bunda dela, os quadris dela insinuam o gozo,
e ela geme enquanto os orgasmos que a tomam se intensificam.
Eu a puxo mais uma vez e a beijo, o gosto da porra é compartilhada,
mas não tenho nenhum pingo de receio ou nojo, Maria me toca, mas não é
algo apenas sexual, eu sei que não.
—Vamos para a cama, vida, quero aproveitar o nosso dia da melhor
forma.
Ao menos, até que eu vá embora.
Nível 15 da atração
—Qual foi a maior loucura que você já cometeu na vida? —
questiono.
Quero saber tantas coisas sobre ela, quero descobrir quais são seus
medos, seus receios e seus desejos para o futuro, eu quero construir algo mais
sólido com Maria, quero que ela aprenda a confiar mais e mais em mim,
ainda que nosso relacionamento pareça louco, quero lhe mostrar que pode ser
como qualquer outro.
Porque tudo o que estou vivendo com ela é, a coisa mais louca que sei
que já vivi na minha vida, e a mais linda.
Ela é linda.
—Me casar bêbada em Las Vegas.
—Boa resposta —digo. —E... se arrepende?
—Acho que no começo tinha um pouco de medo, mas agora não, não
me arrependo.
—Muito bem. —Eu a beijo. —Qual é o seu maior medo?
—Tenho medo de altura!
—E subiu numa cobertura num prédio de trinta andares de olhos
vendados?
—É, as vezes tudo o que eu faço é confiar no meu marido de Las
Vegas.
—Boa resposta —beijo de novo, é parte do trato, a cada resposta um
beijo. —Você prefere loiros ou morenos?
—Você é loiro ou moreno?
—Excelente resposta!
E mais um beijo, Maria é sagaz, ri com o que disse, ela está mais à
vontade agora, relaxada, viemos para cama, fizemos amor, agora ela está
mais a vontade, seguro sua cintura e Maria vem para cima do meu corpo com
um sorriso lindo nos lábios.
—Gosto quando me toca, você é muito carinhosa.
—Me acho meio seca e fria as vezes.
—Acho que eu sou frio, você só tem vergonha demais de que as
pessoas se aproximem de você.
—Acho que pagaria uma sessão com você, Doutor Carsson.
—Pagaria? E tiraria muito proveio?
—Muito.
Toco sua face, seus cabelos, Maria se inclina e nos beijamos mais
uma vez, o estalo do beijo nos faz rir.
—Você é engraçada.
—Você também.
—Te machuquei?
—Você me obrigou do começo ao fim, teve um momento em que eu
achei que sei lá, você estava tirando proveito da minha inexperiência.
Acabo rindo da insinuação.
—Disse que se acostumaria não, disse?
—Obrigada por insistir.
—É?
—Eu reagi muito mal a tudo, ainda tenho um pouco de medo da sua
doença, quero entendê-la.
—Eu também.
—Eu sei que é verdade, Jack, você fica apavorado quando minha
família está aqui.
—Precisava ver no primeiro dia de Olaf.
—Trabalham há muito tempo juntos?
—Três anos mais ou menos, já me acostumei com ele, Olaf é
segurança e motorista, e nas horas vagas, um grande amigo.
—Mesmo?
—Ele me aconselha muito.
Por mais que não pareça, as vezes Olaf é insistente, um
verdadeiro pé no saco.
—É um bom homem.
—Você também é um bom homem... meu bom homem.
—Uou!
Ela toca minha nuca, sorridente, os lábios cheios de felicidade, sei que
aos poucos ela vai entender como as coisas funcionam, e eu, quem sabe, não
consiga lidar mais com a minha doença? Bem como meus irmãos e meu pai
tentam lidar? Tenho certeza de que terei coragem para que ela me veja, para
permitir que Maria me conheça, quem realmente sou, quem sabe um dia não
consigo lhe contar tudo o que houve na minha merda de vida para que ela
entenda sobre a Escopofobia?
Melhor nem pensar nisso.
—Acha que Alejandro foi precipitado?
—Ele gosta dela?
—Alejandro colocou na cabeça que está apaixonado por Sarah, já
tentei explicar para ele que as coisas não são assim, mas ele é muito,
complicado.
—Tem medo dele fazer uma loucura?
—Ele já passou dessa época, hoje ele supera bem o termino de um
namoro, mas o problema é que ele é muito ingênuo, se apega com facilidade.
—Ele tem 21 anos.
—É.
—Ele vai a alguma psicóloga também?
—Às vezes ele vai para sessão comigo, mas ele tem o psicólogo dele.
Alejandro conhece a Lane, inclusive, ele e a Júlia a conhecem a algum
tempo, ela já até conversou com o Alejandro uma vez, nada invasivo demais,
algo bem superficial.
—Por que ele tem depressão?
—Mal de família.
—Não entendi.
—Eu... ele... Júlia, somos os filhos problema.
Maria está surpresa, acho que ela pensa que os Carsson são uma
família composta por pessoas ricas e felizes, pior, normais, mal sabe ela, que
toda a família, é cheia de podres e problemas tão ou mais sujos do que os
problemas de qualquer ser humano na face da terra.
—Não diria que Júlia é depressiva, mas ela é muito instável, tem
alguns momentos que ela é mimada e infantil demais.
—Ela é muito jovem.
—Ela precisa entender que todos crescem um dia, até ela.
—Mas ela só tem dezoito anos.
—A questão é que Mirna a mima muito, Júlia é muito volátil as vezes,
isso me irrita.
—Alejandro tem crises contínuas?
—Não, hoje ele é mais controlado, ele apenas é muito só, isso o torna
mais deprimido.
—Por que ele é só?
—Ele não gosta de sair, dedicou-se aos estudos em período integral,
agora ele sente como se tivesse perdido a adolescência, tem crises intensas de
existência, fica bêbado, e tenta pular de alguma ponte.
—Acha isso normal?
—Não, ele já tentou isso três vezes e, se eu não tivesse ninguém para
vigiar, ele teria morrido.
Alejandro é difícil, não tanto quanto eu, mas ele tem os problemas
dele, parece uma praga.
—Ele tem algumas crises de insônia também, desde que terminou
com a namorada.
—Por que eles terminaram?
—Ela o traiu.
—Coitado.
—Eu também trairia.
—Por quê?
—Ele é virgem!
—Virgem?
—É, ele fala que está esperando a garota certa.
—Ele é bem tímido.
—Tivemos uma educação muito rígida, Maria, acho que eu ainda
meio que sai disso porque me envolvi com Condessa, mas Alejandro não,
depois que saiu do internato, ele se enfiou nos estudos, queria provar para o
meu tio que cresceu, sua autonomia.
—Acho que Sah não vai gostar disso.
—Eu também acho que não, ela é uma mulher bem para frente, não
parece gostar de homens como ele, eu disse isso.
—E o que ele falou?
—Ela é minha e eu vou me casar com ela.
Os lábios dela se enrijecem, logo em seguida eu a vejo rir, também
confesso que acho engraçado, Alejandro é possessivo, ciumento, mesmo que
não admita.
—Nada possessivo, deve ser mal de família.
—Eu sou obcecado, não possessivo.
—Você é minha, Maria, e eu vou te possuir até me cansar!
Lhe dou um tapa na bunda, porque mesmo sabendo que as coisas são
assim, não quero que Maria veja isso como algo ruim, é, é a merda da loucura
que me faz pensar assim.
—Não me teste —ordeno, seguido de um arrependimento latente,
acaricio o local. —Você gostou do que viu?
—Sim.
—Perdi o controle.
Maria cora até as orelhas, contudo, não quero nenhuma barreira na
hora do sexo com ela, não mais dos que as que temos no dia a dia.
—Vida.
—Hum.
—Às vezes eu sou um pouco agressivo, você se importa?
—Não, nenhum pouco.
Ela me beija, e sei que a minha vida terá muitos outros motivos para
tentar prosseguir, coisas mais importantes nas quais irei pensar, ela e o
Fernando, uma nova vida!
—Estou muito feliz que tenha aceitado vir morar no meu
apartamento.
—Eu também.
—Ele estará pronto em uma semana para te receber, você vai na
frente com o Fernando, está bem?
—Ok.
Quero que seja mais concreto, que ela saiba que a máscara nunca
limitará nosso relacionamento em nada apesar de todos os pesares, beijo sua
face, a máscara que a impede de me ver, quero que isso mude logo, logo.
—Me desculpe por isso, você merece bem mais que alguém com essa
coisa toda.
—Eu não quero outra pessoa, eu quero você.
Seus dedos entrelaçam os meus, e ela ergue a minha mão, a beija.
—Estou bem aqui, Jack, tudo bem, eu não preciso te ver agora, já
disse, quando estiver pronto, está bem?
—Está bem.
Não só me alivia como me conforta, estar com ela, saber que mesmo
longe, Maria será fiel aos meus sentimentos, por mais que não me ame, por
mais que tudo isso seja uma grande merda, o possível maior erro da vida
dela, eu quero que ela saiba que eu nunca a machucaria propositalmente
nesse sentido, e que logo que estiver pronto, ou bem, eu deixarei ela me ver,
de todas as formas possíveis.
Física e emocionalmente.
Toco seus seios observando-os, a cabeça encostada entre eles, as
batidas leves e calmas de seu coração, beijo seu seio devagar, a pele se
arrepia, o mamilo fica ouriçado, a pele dela também, mas está calma, toco o
outro com a língua, então, vejo a marca que deixei em seu seio, em seu
ombro, me sinto um bocado dividido.
—Você merece ser tratada com carinho.
—Sou como qualquer outra mulher, Jack.
—Não, não é, você é diferente de todas.
Desço, minha boca se enroscando em seu umbigo, seu ventre, e mais
embaixo, eu a olho, me ergo, não consigo conter a curiosidade.
—Posso fazer uma pergunta?
—Claro.
—Você se importa de usarmos brinquedos durante o sexo?
—Brinquedos?
Me deito em cima dela novamente, Maria toca minha nuca, acho que
já podemos dar esse passo no nosso relacionamento, quero que ela entenda
como as coisas funcionam para mim nesse sentido.
—Vibradores, algemas, plugs.
Maria endurece, contudo, não vejo nada demais na proposta, é algo do
qual gosto, e que não posso negar, não irei machucar ela, eu tentarei.
—Não seria para você, seria para mim, é claro —esclareço. —
Algumas coisas para você, é claro, mas a maioria para mim.
Sei que ela se assusta.
—Não vou te machucar —garanto, mas vou para o lado, porque o
clima vai passando rapidamente.
Isso assusta ela, e eu não quero isso.
—Quer que eu domine você? —Maria pergunta. —Quer que eu seja a
sua dominadora?
—Os dois!
Ela fica calada, e sei que não gosta do que acabo de afirmar, o que
posso falar? Não tem como eu esconder quem sou, nem evitar ser eu mesmo,
uma parte de mim quer estar perto da normalidade, de Maria, do Nando, mas
a outra parte ainda está aqui, e ela quer muito isso.
Quer ser dominada, controlada, dominar e controlar também.
—Fale algo —exijo.
—É algo do que precisa?
Maria tem medo, é isso, e fico irritado de repente, porque sei que o
que peço não é algo impossível, mas que não posso cobrar dela de forma tão
direta, nem obriga-la a isso, a verdade é que me irrito com a possibilidade
dela não concordar, porque sei que mais cedo ou mais tarde, talvez apenas
estes momentos não sejam suficiente para mim.
Sou um merda egoísta e mesquinho que só pensa em si mesmo, não
tem jeito.
Por mais que fuja, sempre esse lado meu retorna, querendo mais e
mais, muito mais do que as pessoas possam oferecer.
—Preciso de você, mas não posso ignorar a mim mesmo, eu sou
assim —respondo. —Eu não machucarei você.
Ela se incomoda com a minha resposta, as feições se contraem, e
Maria está séria.
—Maria, não se assuste, prometeu que não reagiria mal quando fosse
começando a me conhecer.
—Você quer me bater?
—Sim.
—E quer que eu concorde com isso como se fosse normal?
—Quero.
—Por quê?
—Porque eu me apaixonei por você.
Ela fica calada, se ergue e me dá as costas, e fica claro nesse instante
que talvez não seja recíproco, ela pode até sentir algo por mim, gostar de
como somos na cama, do que fazemos, mas não o suficiente para poder
querer me aceitar como sou, e isso me machuca, muito mais do que ouvir um
"não".
Se ela falasse "não" isso me destruiria, mas seu silêncio é
desolador, porque a amo, a amo muito mais do que ela poderia imaginar.
—Maria, eu... eu nunca falei algo assim para ninguém.
—Não preciso que minta para me manter na sua cama, Jack.
Gostaria que tudo não passasse de uma grande mentira, mas não
é.
—Não estou mentindo —respondo. —Você é quem eu quero, mas
também a minha esposa, a mulher que escolhi para ficar comigo até o fim dos
meus dias, não me ofenda falando isso, estou falando sobre o que sinto.
—Me pedindo para me submeter a algo assim?
—Você me perguntou por que eu quero que faça isso comigo e eu
estou respondendo, é porque eu gosto muito de você.
—E gostava das outras também.
—Não, elas eram apenas um meio para um fim.
—Qual era o fim?
—Me satisfazer, era o que eu usava para despejar a minha frustração,
por isso eu as machucava física e emocionalmente, assim como elas me
machucavam fisicamente.
Maria não se vira, permanece de costas para mim, ignorando quem
sou, o que sou e o que peço, aos poucos, parece que machucam meu coração,
a falta de compreensão dela é algo tão estranho.
—Quero estar com você, quero que viva isso comigo porque é algo
em mim que eu talvez nunca mude e não vou conseguir prosseguir sem que
esteja do meu lado nesse sentido também. —Jack toca as minhas costas. —
Não sofra com isso, Maria, em nenhum momento você ficara ferida, garanto.
—Eu não o satisfaço assim?
—Muito —reafirmo. —Mais que qualquer outra, você é a única que
me satisfaz por completo.
—Então, por que...
—Eu já disse que é parte da minha vida —interrompo ela porque fico
irritado com as perguntas. —Pare de fazer perguntas, você aceita ou não?
—Não — diz ela e se levanta. —Eu não quero isso.
—Por que não?
Maria permanece calada, de costas para mim, distante, desvio o olhar,
e não sei o que falar, neste momento, um estranho silêncio toma o quarto,
leva alguns instantes até que eu a veja respirar com força, me levanto da
cama ao perceber que ela procurar apoio e se desequilibra, então Maria
desmaia, assim, do nada, eu a ergo nos braços, meu coração acelera, tiro a
máscara de seus olhos assim que a coloco na cama, desesperado, procuro
alguma roupa pelo chão do quarto.
—Merda!
Se alguma coisa acontecer a ela eu nunca, nunca me perdoarei!
Medos e partidas
Não estava bem quando saí da casa dela, só ficou pior quando o avião
decolou e fiquei me lembrando que me despedi do Fernando nas pressas,
porque eu tinha medo de que se Maria acordasse tudo ali ficasse muito mais
complicado do que já estava e porque eu realmente não queria ter que ir, mas
vim, porque dentro de mim sabia que se continuasse lá tudo talvez acabasse.
Prometi ao garoto que voltarei logo e é isso o que farei, mas espero
mesmo que esses dias sejam suficientes para Maria ao menos pensar em se
acalmar.
Ela precisa de um tempo para respirar, para pensar e com certeza já
ficou provado que Maria fica muito bem sem mim por perto, aconselhei o
Alejandro a levar ela e a Sarah com o Fernando para viajar, ela ainda está de
férias, Sarah tem conhecidos que tem ilhas, eles foram para Angra, no final
das contas foi melhor assim.
Mesmo que para eu tenha sido uma das piores experiências da minha
vida, não fossem tantos problemas, ainda recebi uma ligação da Bea me
avisando que um dos meus clientes importantes queria me ver em Paris, ele
adiantou a viagem, veio a calhar devido a situação.
Estou bastante frustrado e com medo de como Maria reagirá quando
eu a chamar no chat, estou arrependido do jeito como encarei tudo, mas
também porque sei que ela não merecia aquilo, eu sei que não é normal, eu
não sou normal e isso está machucando muito ela.
É difícil se ter consciência das coisas e saber que não se pode mudar
tudo de uma hora para outra, desde que eu a conheci tem sido assim, tenho
tentado dar o meu melhor para ela só que nunca parece que é suficiente,
quando tento ser eu mesmo ela sempre sai machucada, como foi ontem, como
foi das outras vezes.
Acho que ela sentiu tanto nojo do fato de eu praticar BDSM que não
conseguiu processar a ideia de que pode em algum momento do nosso
relacionamento entregar-se a mim dessa forma, eu sei que foi por isso que ela
passou mal.
Penso em enviar algumas mensagens enquanto saio do avião, sei que
ela não vai respondê-las logo de imediato, a ilha para a qual eles foram é
longe, eu nem sei como começar, ligo os dados móveis e vejo as mensagens
de Alejandro.
“Mano, já estamos a caminho e estamos muito bem, a Duda está
melhor e o Nando também, espero notícias suas, Alê”
Alê?!
Rio meio que com deboche do apelido, isso é coisa da Sarah eu acho,
logo que entro no carro, começo a enviá-las.
“Oi, bom dia”
Penso em mais coisas para falar, mas nada me ocorre, sei que tenho
que me desculpar, mas não faço ideia de como elaborar um pedido de
desculpas. Digito as mensagens imaginando que já tenham chegado e ela
esteja cansada.
“Espero que já tenham chegado”
“Tive que sair mais cedo, me desculpe”
“Espero que esteja bem”
“Alejandro cuidará de vocês na minha ausência”
Maria não visualiza, o motorista manobra o carro para longe da pista e
antes que eu continue a mandar as mensagens, meu celular toca, atendo
começando a ficar irritado.
—O que quer Condessa?
—Ai, que grosseria!
—Se continuar a me ligar eu vou ter que trocar de número, já disse
para não ficar me ligando.
—Você está muito estressado, o que foi? Brigou com a gordinha?
—Sabe Soraya eu estou começando a entender aquela frase que eu li
esses dias.
—Qual frase meu amor?
—Às vezes satanás passa dos limites.
Ela ri do outro lado da linha, me chateio, acho que já passou da hora
da Soraya viver a vida dela e me deixar viver a minha, odeio quando ela fica
me tratando como uma criança que precisa de ser vigiada, ok fiz muita merda
no passado mas hoje eu estou melhor, cada dia melhorando e tentando não
cair de novo no poço, fiz muita merda quando era um pouco mais novo por
causa dela, por causa dos meus problemas de depressão, mas isso não quer
dizer que eu vá fazer novamente.
—Eu só liguei para saber se está bem.
—Estou ótimo.
—Já contou para sua gordinha que você é louco para dar umas
palmadas nela?
—Morre Soraya.
Desligo, ela liga e ignoro a ligação, depois de mais de 11 horas de
voo, eu basicamente ter vindo embora brigado com a minha mulher ainda
tenho que suportar ela?
Tem momentos em que Condessa é insuportável.
Volto para o chat, Alejandro está online.
“Já estamos aqui, tudo bem por aqui e com você mano?”
—Ah vai para porra você também Alejandro.
Nem respondo porque sei que um pico de estresse me toma todo,
respiro fundo e volto a enviar mensagens para Maria, ela é o que realmente
importa nisso tudo, ela e o Nando.
Minha família!
“Já chegaram”
“Desculpe, estou nervoso”
“Queria poder ter ido com vocês”
“Vida, me desculpe por ontem, acho que te fiz um grande mal com a
proposta”
“Esqueça isso, por favor”
“Apenas quis te mostrar o meu mundo, mas esse mundo ficou para
trás quando te conheci, você me mostrou isso, você e o Fernando, não
preciso disso, tenho você”
“Vida, responde”
Mas não visualiza nenhuma das minhas mensagens.
“Está bem, depois falamos”
Decido enviar áudios.
—Estou em Paris, queria que estivesse aqui comigo, vocês dois.
— Sinto falta de vocês, acho que te trago na próxima, mesmo que não
queira.
Estamos a caminho da reunião, aponto para a torre Eiffel e tiro uma
foto, mesmo longe daqui dá para ter uma visão prestigiada do lugar.
“Na próxima será ao vivo”
Maria não visualiza, checo o relógio de pulso, então envio uma
mensagem para Sarah, ela está offline também, o jeito e mandar para o
Alejandro.
“Pede para Maria ligar a internet”
“Já está de mal humor tão cedo?”
“Foda-se, faz o que eu to mandando”
“Acontece que chegamos a algumas horas e eu estou arrumando o
moldem”
“Pago sua conta de internet para que? Roteia para ela caralho”
“Ela está ocupada com o Fernando e a Sah”
Fico imaginando o quanto o Alejandro tem sorte por não ser tão
problemático como eu e estar lá desfrutando de férias com a mulher que ele
gosta, enquanto eu mal sei como lidar com a minha.
“Anda logo Alejandro”
“Você tem que entender que as coisas não são na hora que você quer,
vou arrumar o moldem e já aviso para ela”
Que legal!
“Reze para quando eu te ver não quebrar os dentes da sua boca”
“Faria isso com seu irmão?”
Nem me dou ao trabalho de responder, deixo o chat e respondo alguns
e-mails da Joanne, durante o percurso até o hotel onde me reunirei com o
cliente fico imaginando como teria sido trazê-la comigo, eu aposto que ela
teria adorado.
Fecho os olhos e me lembro do sorriso dela, do jeito como ela me
toca, dos seus beijos, abraços, sinto que aos poucos me entrego cada dia a
mais aos sentimentos, ao amor que sinto por aquela mulher, porque ela é tudo
o que tenho de mais precioso e não quero perdê-la por nada nesse mundo.
Eu não quero perder a Maria para meus medos, nem para minha
doença, muito menos para tudo isso que me tonei durante o passar dos anos,
mas é tão difícil tentar me adequar a ela e ela a mim, não posso mudar o que
sou de um dia para o outro.
Chegamos ao hotel, entro no lugar e sou recebido pelo gerente logo na
porta, Bea quem cuida dessas formalidades, eu o sigo depois de um breve
aperto de mãos, as apresentações, coloquei uma touca porque aqui é muito
frio essa época do ano, luvas, um casaco, sou conduzido a uma sala de
reuniões do lugar, meu celular vibra assim que me sento e logo de cara checo
a mensagem.
“Tá tudo ok Jack”
É da Sarah.
“Pede por favor para Maria me responder no chat? Por que ela não
ligou a internet?”
“Maria sendo Maria Jack, até parece que você não conhece ela”
Não respondo, conto mentalmente os segundos até ela começar a
visualizar tudo o que mandei, meu sorriso é automático, digito rapidamente a
mensagem.
“Ainda está furiosa comigo? Por favor, diga que não”
“Não, não estou”
“Você demorou muito”
“É longe de onde eu moro, em outra cidade”
“Eu sei, cadê o Nando?”
Uma foto é carregada, Nando e Alejandro nos fundos do lugar
pegando cocos, meu coração fica pequeno demais com a cena, eu quem
deveria estar ali com o garoto, eu sou o pai dele, o único pai que ele deve ter.
Um pai de merda, mas um pai!
“Inveja desse merda”
“Não fale assim do seu irmão”
“Desculpe, você está melhor?”
“Sim, estou bem, sinto sua falta”
Ah, Maria se você soubesse da merda que me sinto desde que sai da
sua casa.
“Eu sinto sua falta também, conversei com Sarah, achei melhor que
vocês ficassem por aí essa semana, Sandy irá com Joseph para que não
perca as aulas”
Foi o combinado.
“É bom que você desliga de tudo, pensa com calma”
“Uma semana é muito, Jack”
“Sem discussões”
“Jack, a Sandy e o Joseph tem as vidas deles para cuidar...
“Não discuta, Sandy é minha prima, ela é muito bem paga para isso,
o seu padrasto está por conta da academia, Joseph é um grande amigo, ele
está no Brasil somente para isso, por favor, não discuta”
Maria não digita nada, sei que não gosta da ideia, mas o que posso
fazer? Ao menos que fique na companhia de pessoas que irão ajudá-la da
melhor forma.
“Vida?”
“Ok.”
Recebo um emoji de olhos revirados e envio um emoji mostrando os
dentes, tenho certeza absoluta de que ela não quer isso, mas é assim que vai
ser, ao menos até eu voltar.
—Senhor Carsson...
Me levanto para cumprimentar o cliente, hora dos negócios, mais
tarde me entendo com a senhora Carsson... assim espero.
Ela me ama
Ela me enviou uma foto do belo lugar onde está, mais cedo Alejandro
me mandou fotos do Nando correndo na praia, em outras épocas da minha
vida eu posso imaginar que me julgaria um louco por me pegar imaginando
que um dia poderia sim me permitir ter uma família, mas então o garoto
estava sorrindo e eu fiquei com vontade de jogar bola com ele.
Nunca joguei bola na vida, mas foi a primeira coisa que me veio a
mente.
Enquanto o dia fluiu eu imaginei uma casa com a Maria, com um
bebê ou dois e todas aquelas coisas que só ela me faz sonhar, querer, coisas
que nunca tive e que não queria, ela e uma família para sempre.
Tenho medo dos meus sentimentos pela Maria as vezes, mas com
certeza amar ela é a melhor decisão que eu poderia tomar na minha vida, eu
sei que pedir que ela mude por mim é errado, ao menos quanto a minha
doença não me permitir ir além, mas quero sim construir algo sólido com ela.
Os devaneios me fizeram pensar também que talvez eu esteja indo
meio longe com o meu silêncio, com todo o medo de dizer para ela tudo o
que sinto, porque não quero que ela pense que é só sexo, que é só um fetiche,
não é, ela nunca seria só isso na minha vida, eu a amo muito.
Talvez eu só não saiba como expressar ou dizer porque nunca vivi
isso, eu tento bastante fazer com que as coisas deem certo mas sei que nunca
é o suficiente, que ela merece mais, o Nando merece mais, só que não sei de
uma forma diferente de fazer tudo funcionar.
E se de repente ela me olhar nos olhos e ver o quão monstruoso posso
ser? Deprimente? Doente? Psicopata?
Eu odiaria que Maria me visse e sentisse nojo de mim, que soubesse
do meu passado e fizesse julgamentos a meu respeito, mas pior que tudo isso
seria que ela me olhasse e percebesse que não sou nada do que ela possa
imaginar, porque a minha vida toda foi assim.
Sempre insuficiente para todos, para os Carsson, para meus meios
irmãos, para Condessa, para toda e qualquer pessoa que me tivesse por perto,
sempre fui rejeitado, sei que não aguentaria ser rejeitado por ela.
Pego o celular e checo as mensagens, estou numa reunião, tinha
respondido a alguns momentos a Maria pela foto, disse que a vista era bonita
e que estava trabalhando, também perguntei se ela estava bem, mas ela não
respondeu.
Olho para as pessoas aqui na sala e todas estão ocupadas mexendo em
seus notebooks ou celulares enquanto um analista de risco fala sobre um
gráfico sem graça e que apresenta uma margem de erro bem grande.
Seria tão mais prático se ele tivesse usado uma calculadora
científica...
"Vida, estou com saudades"
Depois que envio fico esperando ela responder, mas ela só visualiza,
já posso imaginar por quê.
Sei que está magoada comigo, por meu pedido, se eu soubesse que
isso a machucaria tanto nem teria cogitado aquilo.
"O que houve?"
"Jack, você me ama?"
Claro que sim.
Digito sem nem ver direito, é automático.
"Sim"
Maria merece isso, ela merece muito mais do que estou oferecendo,
quero que fique claro para ela meus sentimentos, mesmo que me sinta
receoso, sei que ela não me ama, mas quem sabe não aprenda a me amar? A
me compreender?
"O que está acontecendo?"
"Eu gosto muito de você, mas não sei se quero isso"
"Isso o que?"
"Que façamos essas coisas"
Sabia!
"Já disse para esquecer"
"Se eu não fizer, você vai me largar"
Nunca farei isso sob qualquer circunstância.
"Maria, eu não vou te largar"
"Você não ficará satisfeito"
"Você não sabe o que está falando"
E não sabe mesmo, porque eu farei tudo para que aprenda a entender
que aos poucos estou deixando meu passado de lado, que depois que a
conheci tudo tem sido um pouco melhor na minha merda de vida.
Mas preciso saber de algo.
"Me desculpe, então"
"Você, me ama?"
"Claro que amo"
Claro que ama?
Arregalo os olhos ao reler a mensagem, nego com a cabeça.
—Com licença senhores — peço e me ergo, me afasto da mesa
discando o número dela, minha mão treme, Maria atende de imediato — Não
demore —determino.
—Desculpe.
Sua voz está chorosa e isso me deixa triste, ela está chorando por
minha culpa.
—Por que está chorando?
—Porque eu não quero fazer essas coisas.
—Não faremos se não quiser.
Ela fica calada.
Acho que esperei toda a minha vida para escutar alguém falando que
me ama de verdade, do jeito que eu sou, com os cem por cento dos defeitos e
a margem de erro de menos um por cento, mas saber que ela me ama é algo
do qual não esperei que fosse ouvir tão rápido.
Estou nervoso e ao mesmo tempo espantado.
—Estou esperando, Maria! — Ela sabe o que eu quero.
—Eu amo você!
Porra!
Estava na expectativa de ouvir isso, mas ouvir assim, não sei explicar,
respiro fundo olhando envolta de um jeito apressado.
Nunca me senti amado na vida a não ser pela minha mãe então ainda
é estranho saber que ela me ama, ainda mais porque pensei que Maria só
sentia um breve gostar por mim.
—Estou numa reunião —digo quase sem voz. —Eu te chamo assim
que sair.
—Está bem.
—Fala mais uma vez?
Só para eu ter certeza.
—Pedante!
—Maria?
—Eu te amo, Jack, até mais.
Então ela desliga a ligação e a essas alturas, meu coração está pulando
no peito, estou sorrindo feito um trouxa apaixonado, retorno a mesa.
Ela me ama!
Isso é o que importa.
Farei o possível e o impossível para voltar o mais rápido que posso
para Maria, para minha Maria.
A mulher que eu amo e que me ama.
Dias sem ela
Recebi várias ligações do meu pai durante esses dias, ele me pediu
que fosse vê-lo antes de voltar ao Brasil no início da semana, mas logo
desmarcou dizendo que teria algumas palestras para dar, não queria que ele
ficasse perambulando por ai do jeito que ele está, mas ele não combina muito
com a palavra “obediência”.
Tentei agilizar o máximo os negócios para poder voltar para a minha
mulher, até evitei ficar olhando muito o chat, porque eu sabia que quanto
mais eu conversasse com ela, mais ficaria agitado e irritado por não estar lá.
Acho também que a Maria precisa desse tempo, eu a sufoco e isso não
é bom para ela, quero poder voltar e poder conversar com ela sobre tudo, ter a
certeza de que meus sentimentos são correspondidos me deixou mais
empolgado durante esses dias, ainda que longe dela.
Júlia me telefonou dizendo que já sabia que eu iria ao Brasil e que por
isso queria uma carona, ela quer ver o Alejandro, e mesmo eu sabendo que é
desculpa esfarrapada para que apenas venha bisbilhotar não me recusei, eu
não queria acabar afastando ela de mim como da última vez.
Então avisei para que me esperasse no aeroporto em Nova York para
que possamos fazer um embarque tranquilo, foram dias bem puxados, mal
dormi, estava pensando e pensando em várias formas de começar a permitir
que a Maria me veja, quero falar olhando nos olhos dela o quanto a amo, o
quanto é especial para mim, pela primeira vez na vida não senti tanto medo
de permitir que ela supostamente me olhasse.
Meu telefone toca, atendo, é a Júlia.
—Eu já estou chegando, o que você quer?
—É que tem uma coisa, melhor, uma pessoa.
—Fala logo Júlia.
—É que a Gil, ela tá meio que de licença do hospital e quer ver a
Duda, você se importa de que eu a leve?
—Não.
—E tem outra coisa, não consegui ainda ir para o aeroporto, passa
aqui e nos pega?
Reviro os olhos.
—Tá, tá, fica pronta que já te pego.
—Obrigada Jack.
—Tem dez minutos.
Desligo, eu desembarquei a duas horas no aeroporto mas precisei ir a
uma última reunião na filial da empresa aqui, encontrei apenas Joanne e um
investidor, uma das grandes vantagens de se ter uma prima nos negócios é
essa, ela é competente, deixou tudo pronto, foi uma decisão rápida e prática.
Me peguei pensando também no Nando, ele me mandou algumas
mensagens e fotos dela, deles na praia, Maria parecia mais feliz e alegre
durante esses dias, eu sabia que era porque eu não estava ali porque se
estivesse ela provavelmente estaria angustiada e irritada, por isso decidi que
vou tentar tomar todos os remédios e antidepressivos de forma correta agora,
eu quero estar bem para ela, para nosso relacionamento.
Eu sei que nunca serei normal, mas dentro do possível vou tentar.
Me peguei pensando também em uma nova casa, eu quero poder
morar com a Maria e oficializar nosso casamento em breve no civil, ela
merece morar numa casa maior e melhor, segura, o Fernando precisa de uma
escola melhor também, quero fazer tantas coisas por eles dois, os planos
fervilham a minha mente, eu sei que ela provavelmente vai tentar me impedir
de dar o melhor mas é isso o que eu farei.
Pedi a Alejandro que a segurasse lá por mais alguns dias pois sei que
ela ainda está de férias, quero poder tirar esses dias para que sejamos eu e ela,
para que possamos nos resolver.
Quando estou com ela nada mais parece me causar dor, pensamentos
negativos, Maria me leva para esse canto que me trás paz e calma, nunca
ninguém conseguiu me trazer calma, ela me ouve, conversa comigo, ainda
que note um medo e julgamento em sua forma de se referir a mim ela não me
rejeita, eu tenho certeza absoluta que é ela.
Não sei explicar o porquê, mas é ela, ela é a mulher que é perfeita
para mim.
O carro mal para diante dos portões do prédio onde papai mora e vejo
a Júlia vindo correndo, o porteio trás suas malas cor de rosa, atrás dela a Gil
usando um vestido marrom e sapatos baixos, destravo a porta e Júlia entra,
Olaf sai do carro e vai ajudar o porteiro a guardar as malas.
—Oieee! — Júlia fala toda sorridente — Papai disse para você não
ficar “nervoso”.
—Ah é — digo com deboche.
Nem sei sobre ao que o papai fala, mas já imagino que seja por causa
da Júlia mesmo, Gil entra no carro e se senta no banco da frente, ela é mais
discreta, mas acho que no fundo papai deve tê-la mandado para cuidar da
Júlia.
—Aí, eu vou amar Andra — diz minha irmã entusiasmada.
—É Angra! — corrijo.
—Que seja, Andra, Angra, eu vou amar.
Eu meio que percebi que durante esses dias o Olaf está mais calado,
na dele, mais do que já é, não conversou muito nem falou nada, tiro o cinto.
—Gil, pode vir aqui atrás com a minha irmã?
—Está bem—Gil fala e abre a porta.
Não costumo ter um interesse profundo pela vida do meu motorista,
mas sei reconhecer quando as coisas não vão bem, saio do carro depressa e
espero que a Gil se acomode no banco de trás, então me sento e puxo o cinto.
—Está acontecendo algo que eu deva saber? — pergunto para o Olaf.
—Não senhor. — Ele fala e liga o carro.
Não acredito.
—O que foi Olaf? Alguém em Paris te disse alguma coisa?
—Não senhor — Olaf mal me olha na cara e manobra o carro. — É
que essa semana fez dez anos desde a morte dos meus filhos, não é algo que
se esqueça senhor Carsson.
Um silêncio desconfortante se instala no carro, fico realmente sem
saber exatamente o que falar, o Olaf tinha dois filhos, mas os perdeu em um
acidente de carro a alguns anos, eram ainda crianças, a mãe das crianças já
era divorciada dele, eu sei disso porque consta na ficha dele, ele serviu ao
exército por anos e é aposentado, mas se aposentou mesmo por conta disso.
—Eles estão num lugar melhor Olaf — digo e dou duas batidas de
leve em seu ombro. — Eles sabem que você os ama, onde quer que estejam,
você foi um excelente pai.
—Obrigado senhor Carsson — Olaf diz ainda emburrado.
—Nós somos sua família agora né Jack? — Júlia pergunta. — E a
Duda e o Nando, nós vamos cuidar de você Olaf.
—Sim — concordo.
Olaf permanece calado, sei que sofre com isso, numa proporção bem
complexa e ruim, eu também sei o que é perder pessoas, perdi meus pais
ainda muito pequeno, e um filho... bem, acho que posso chamar o bebê que a
Soraia perdeu de filho, era meu.
Não sei se haveria espaço na minha vida para criar uma criança ainda
adolescente, mas sofri muito quando ela me disse que perdeu o bebê, não é
como perder um filho já nascido e criado, mas foi muito ruim.
Espero que eu e Maria saibamos como cuidar do Nando, eu quero
poder ser uma figura paterna na vida do garoto, confesso que estou animado
com isso, animado de saber que enfim vou voltar para ela, sempre que me
afasto é como sentir que algo fica para trás, algo que é parte de mim.
Chegamos ao aeroporto alguns momentos depois, Olaf estaciona o
carro perto da pista de voo, meu avião está no mesmo canto de sempre, já
deve estar abastecido.
—Jack — escuto a Gil chamar — Porque chamou o Ph para a
viagem?
Ph?
Vejo além do para brisa a figura alta segurando um bebê conforto, ao
lado dele a mulher do Jonas e o próprio Jonas usando boné, jeans e camisa
folgada.
—Lembre-se — Júlia se inclina e coloca um beijo no meu rosto. —
Não fique “nervoso”.
Merda, o que essa gente faz aqui?
Não consigo ficar longe
—Onde ela está?
—Ali perto daquelas rochas, mas você não vai entrar e se trocar...
—Não, eu prefiro ver a Maria primeiro.
—Tá, mas...
Deixo Alejandro falando sozinho.
É que viajar com os meus irmãos não estava sendo nada bom, agora
só para piorar constatar que eles vão ficar aqui durante minha estadia no
Brasil é algo que consegue me deixar ainda mais irritado.
Eu queria dizer poucas e boas, mas a Júlia ficou entrando na frente da
conversa e a Gil estava muito nervosa com tudo, não querida deixá-la ainda
mais desconfortável do que ela já estava porque sei o quanto o divórcio dela
com o PH foi complicado.
Eu tentei afrontar o Jonas por duas vezes durante o voo, mas sempre
que me aproximava ele se afastava, percebia seu esforço em se manter longe
de mim, eu liguei para papai antes de embarcarmos, ele disse que pediu que
eles viessem e que eu deveria me acertar com os meus irmãos, mas acabou
que acho que nós três estamos bem longe de nos aproximarmos.
Porque não devemos nem queremos!
Claro que isso foi ideia do papai.
Enquanto me afasto até o local que Alejandro me indicou, sinto o
vibrador do celular no bolso, desbloqueio me mantendo longe da areia
molhada, é uma mensagem da Maria, no entanto antes que eu a visualize,
meu celular toca, é o meu pai, respiro fundo tentando achar paciência, atendo.
—Ah, agora quer dizer que o senhor quer falar comigo?
—Sabia que estava furioso, ainda estão os três vivos?
—Não graças ao senhor.
—Jack, tem que se acertar com seus irmãos.
—Por quê?
—Eu estou velho, doente do coração...
—Vira essa boca para lá papai, o senhor não vai morrer e sabe muito
bem que não quero eles dois por perto.
—Filho...
—Foi errado o que o senhor fez.
—Quero que se reaproximem.
—As custas de quem papai? O senhor sabe que eles me odeiam, me
rejeitam, que nunca vão me aceitar como irmão legítimo, é desperdício de
tempo tentar fazer o Jonas e o Ph se aproximarem de mim, eles só ligam
para si mesmos.
—Eu espero que você tenha paciência, eu comprei este lugar para
Maria.
—A Ilha?
—Sim.
Enquanto caminho sinto vontade de quebrar alguma coisa, papai as
vezes é tão impulsivo, eu sei que ele fez merda demais no passado com a
velha Mirna, mas ele sempre foi uma pessoa bem generosa.
Não mede esforços para agradar as noras.
—Está bravo?
—Papai a Maria não vai aceitar.
—Por que não?
—Papai, a mulher nem um carro tem para dirigir, o que te faz pensar
que ela iria querer uma ilha?
—Bom, eu já transferi, trate de se manter na linha filho, eu preciso...
—Pai, pai não desliga...
Mas antes que eu fale escuto ele rindo e então ele desliga.
—Merda!
Tento respirar fundo, sem paciência alguma, então leio a mensagem
dela.
“Oi Jack, sou eu, bem, estou com saudades e espero te ver em breve,
aqui tem sido um lugar bom e de grande reflexão, mas ainda assim desejo
muito que esteja conosco, mesmo que isso não me ajudasse a pensar no que
me pediu, sinto que amo você e estou pronta para ficar ao seu lado. Se me
aceitar assim, prometo que vou tentar entender tudo isso, mas é muito
repentino, então, tenha um pouco de calma. Com amor, SUA ESPOSA,
DUDA”
Claro que eu aceito, porra, se não aceitasse o que estaria fazendo aqui
debaixo desse sol usando terno e gravata? Por que viria?
Minhas necessidades não estão acima das necessidades da minha
mulher, mas seu tom de insegurança me faz perceber que ela tem muito medo
disso tudo, entendo que ela não queira nada disso, que não seja fácil, mas
ainda sim acho que seja questão de tempo até ela aprender a lidar com esse
meu lado.
Decido que não quero falar disso agora, me aproximo e passo por
algumas rochas, tão logo chego perto, vejo ela sentada na areia de costas para
mim, meu coração quase vem a boca.
“Também estou com saudades, como está o tempo aí?”
“Está nevando, Senhor Carsson, bom dia”
E eu quem sou temperamental não é mesmo?
Me aproximo querendo rir de sua postura, os ombros dela sobem e
descem enquanto ela digita, está mais bronzeada, os cabelos presos, usa um
biquíni, cada curva do corpo dela vai me fazendo sorrir, pensar em várias
coisas...
“Não está não”
“Está”
“Não está”
“Está sim, muita neve, Senhor Carsson”
Fico bem atrás dela.
—Não está, Senhora Carsson.
Maria respira fundo, ainda de costas, mas sei que está contrariada, ela
digita.
“Jack, eu digo que está nevando, agora pare de me assombrar”
—Não está nevando, querida!
Ela se levanta toda irritada, observo o quanto seu corpo mudou nesses
poucos dias, abaixo o olhar e me sinto um pouco idiota por conta da situação,
burro e cego pela vaidade que os Carsson me fizeram ter durante boa parte da
minha vida, Maria emagreceu, ela fez isso por si mesma e pela saúde, mas sei
que se ela soubesse meus motivos ficaria muito magoada.
Eu a amo de toda e qualquer forma, seja ela rechonchuda ou mais
magra, aprecio seu corpo como ele é, natural, ela se aproxima do mar e dou
dois passos ouvindo seus fungados cheios de raiva.
—Já chega com isso, eu não preciso disso para viver, fique aí com a
sua Condessa, seu merda!
Sua voz é chorosa e cercada de soluços, se ela soubesse que eu se
quer cheguei perto de falar com Condessa durante esses dias, que desde que
eu a conheci ela tem tomado e preenchido todo e qualquer pensamento que eu
tenha.
—Você é muito ciumenta!
Ela sabe que sim.
Mas não resisto mais por um segundo, eu a abraço, aperto ela, não
penso duas vezes antes de virá-la para mim e dar um beijo, não importa se ela
me ver, não importa se ela quer me ver, o que importa é que ela me ama, ela
me aceita do jeito que eu sou e eu a amo por isso, acima de tudo e qualquer
coisa.
Maria me vê de uma forma que ninguém nunca viu ainda que desde
nosso primeiro encontro juntos, ela não tenha mais me visto. Ela me enlaça
pelo pescoço toda sem ar, os olhos fechados, mas chora, odeio isso.
—Vida! — Ela me toca as faces como se não acreditasse.
—Também senti sua falta. —Beijo toda sua face porque não consigo
resistir aos próprios impulsos.
É bom estar aqui, é bom estar com ela, enquanto a aperto percebo o
quanto minha ausência a afeta, ela me quer por perto e eu a quero só para
mim.
—Você está mais magra.
—Te amo.
Ah, porra Maria, não fala isso assim logo de cara.
Provo de novo seus lábios com vontade, também amo essa mulher,
bem mais talvez do que ela imagina, eu a puxo para cima e ela se pendura em
mim, sentir ela entre meus braços, provar seus lábios, ter seu corpo colado ao
meu ainda é a sensação mais prazerosa do mundo, a mais deliciosa eu diria.
—Acabei de chegar —informo. —Não aguentava mais.
—Nem eu. — Ela encosta a testa na minha. —Você não disse que
viria semana que vem?
—Fiz de tudo para vir antes — dou outro beijo. —Não suporto ficar
longe de você.
—Você já viu o Nando?
—Ainda não, o iate acabou de zarpar.
Não conseguia pensar em mais nada desde que desci do iate, só queria
ver ela.
—Vamos para casa, fiz uma viagem muito longa.
—Você está com fome?
—Também.
Maria vai para o chão e pego seu celular, passo o braço envolta de sua
cintura e ganho um abraço, mal vejo a hora de estarmos sós, só eu e ela,
quero ver o garoto e dar um abraço nele também, estar com eles me traz
aquela sensação que eu nunca experimentei perto da minha própria família,
estive perto de sentir isso quando minha mãe era viva, meu pai não tinha nada
a me oferecer além de um sorriso cansado e olhos profundos, mamãe era só
uma mulher que abandonou tudo para viver seu grande amor com um
jardineiro, mas sempre que estávamos nós quatro naquela pequena casa numa
comunidade do Rio, eu estava bem, seguro, vestido.
Estar perto de Maria e do Nando me faz sentir isso, algo próximo do
significado de lar, de estar feliz por eles estarem por perto. Eu a olho e a olho,
ela sorri abraçada a mim, tão feliz que eu esteja aqui que me sinto lisonjeado.
—Aliás, você fica deliciosa nesse biquíni.
Ela nem responde, fica constrangida é claro.
—Como foram esses dias?
—Bons.
—Você está bem?
—Dentro do possível sim, Sah e Sandy estão me mantendo na linha,
nem sorvete eu posso tomar.
—Bom, você precisa controlar as suas taxas.
Isso me faz lembrar uma coisa, porque estamos deixando o mar para
trás e começando a ir no rumo da casa onde meus odiados irmãos nos
esperam.
—Temos muito o que falar.
—Eu sei.
—Gil veio, e a minha irmã, e os meus irmãos mais velhos.
Maria não deveria se preocupar com isso, mas me irrito em pensar
que eles estão aqui, esse deveria ser um momento só nosso e do Nando, por
mim nem o Alejandro e a Sarah estariam aqui, mas eu precisei muito deles
porque sei que a Maria não aceitaria ficar aqui sozinha com o Nando.
—Meu tio vê isso como uma chance de aproximação, eu chamo isso
de merda!
—Calma.
—Calma? —pergunto chateado. —Você não conhece essa gente.
—Jack, são a sua família, pelo amor de Deus.
—Grande família, tudo o que eu precisava era minha semana com a
minha mulher, não um bando de merdas que adoram se exibir.
—Você os trouxe?
—Eu não trouxe, só trouxe a Júlia e a Gil, quando chegamos no
aeroporto eles dois estavam lá, Phelipe com um bebê e Jonas com a esposa
babaca dele.
—Eles querem se aproximar de você.
—Para que?
—Jack, eles são seus irmãos.
—Não foram meus irmãos quando a minha mãe morreu, eles mal me
queriam por perto.
Nos odiamos e isso é um fato.
—Calma —escuto seu berro nervoso. —Nada se resolve assim, não
adianta ficar se estressando, são seus irmãos eu já disse que não precisa odiá-
los.
Me irrito ainda mais em escutar isso, porque sei que se desde o início
meus irmãos não tivessem me rejeitado eu nunca teria ido para casa da Clair,
eu moraria com meus avós, tudo o que aconteceu comigo de ruim na vida foi
culpa deles dois.
Nunca passaram metade do que eu passei na vida.
—Você concorda com isso?
—Acho que o seu tio não merece ver a família tão separada, ele já é
velho, pare com isso.
É só que ela está coberta de razão e eu sei que a conversa evoluiu para
uma discussão bem rápido por minha culpa, não quero que Maria se veja
nessa briga e acabar magoando-a, já temos problemas demais, vou me
resolver com os dois idiotas depois.
—Sabe, se não fosse por você, eu não concordaria com tudo isso. —
Eu a puxo para mim. —Não quero brigar.
—Nem eu —diz ela e me abraça. —Tenha um pouco de paciência.
—Ah Maria. —Eu a beijo. —Só você mesmo para me suportar.
—Vamos para o nosso quarto. — Ela convida, sua língua se enrosca
na minha. —Quero você só para mim.
—Nosso quarto? —apalpo ela. —Não sabe o quanto estou me
segurando agora.
—Não segure então.
—Ah, Maria, preciso disso.
—Eu também.
Chegada
Concordamos que ambos precisamos disso.
Ela vem subindo enquanto procuro algum lugar mais longe do campo
de visão da casa, caminho com ela até uma parte atrás de algumas rochas,
minha boca não sai da dela, seus quadris sobem e descem e ela vem se
esfregando toda em mim.
Ela está pedindo.
Seus quadris sobem e sei que ela está pronta para mim, puxo o zíper
da calça vendo sua boca entreaberta, posso sentir seu desejo esquentando seu
corpo, puxo o pau para fora da calça e não penso duas vezes antes de deixar
ela deslizar sob ele, escuto seu gemido, ela crava as unhas nos meus ombros e
me beija mais uma vez com vontade.
Enfio o pau todo dentro dela adorando sentir o calor de sua carne,
Maria sobe e desce se segurando em mim, eu a olho e aperto sua bunda
vendo ela descer e subir assim em mim, meu pau entrando e saindo de dentro
dela bem rápido, observo seus seios pulando no biquíni e puxo a peça
abocanhando o mamilo ouriçado, a cabeça do meu pau começa a latejar mais
e mais.
Chupo o peito e mordisco o biquinho ouvindo-a gemer ainda mais
alto, seus olhos estão fechados quando nos beijamos, ela gosta, ela não tem
vergonha, ela adora uma trepada improvisada.
Ah porra, que mulher do caralho!
Seguro sua face deixando que ela se mova sozinha no meu pau, latejo
observando seus lábios cheios e vermelhos, da vontade de morder eles com
força, devorá-los, ela abre a boca e lambo seus lábios ouvindo o som da
buceta dela batendo em mim, lambo sua língua e ela parece impaciente, ela
geme ainda mais alto e não resisto a beijo mais uma vez sem saber como lidar
com os meus próprios impulsos.
Vou fazer merda antes do tempo, não vou aguentar.
—Porra Maria, vou gozar.
Ela treme toda para mim, ela enfia a língua na minha boca e não
consigo controlar, meto com força dentro dela ouvindo os gritos altos, as
pernas dela ficam tremendo enquanto seu orgasmo se intensifica, os gritos
vão se espalhando e em minha cabeça ecoam me dando ainda mais prazer.
Eu a olho e a puxo para cima, a porra se espalha pela barriga dela,
tento respirar, encosto a cabeça entre seus seios deixando que saia todo o
prazer frustrado dentro de mim, queria que durasse mais, queria poder
arrancar mais suspiros e gemidos, mas sou incapaz.
Não conseguiria com ela pulando assim no meu pau.
—Te amo! —Maria sussurra.
Fecho os olhos, ouvir isso ainda é e sempre será a coisa mais
maravilhosa que alguém poderia me dizer na face da terra.
—Amo você!
Ela sabe que sim, que faço tudo por ela, que eu amo acima de
qualquer outra coisa na face da terra, ela é tudo o que eu tenho desde que a
conheci, adoro cada momento com ela e estar longe machuca.
Nos acalmamos, sei que teremos bastante tempo e um lugar mais
decente para transar em alguns momentos.
—Melhor limpar isso, Senhora Carsson.
Maria me solta e fica de pé, eu a vejo um pouco constrangida pelo que
fizemos, mas tem muito mais satisfação nela do que vergonha, ela arruma o
biquíni e pego um lenço no meu bolso, limpo a barriga dela imaginando o
quanto seria muito pior se fôssemos pegos por alguém aqui, dobro o lenço e
jogo no mar, eu a beijo e a puxo para mim, Maria passa o braço envolta da
minha cintura e começo a conduzi-la para o rumo da casa.
Não consigo pensar em nada para falar, nem explicar, senti muita falta
dela, achei que os dias não passariam e que não conseguiria ter paciência para
saber lidar com a minha depressão, minha ansiedade e todos os meus
conflitos internos, mas eu consegui.
Tenho conseguido muitas coisas depois que ela entrou na minha vida.
—Jack!
O Garoto vem correndo na nossa direção, a perna lenta, mas ele vem,
vou sentindo aquela coisa dentro de mim que não sei explicar, ele sorri todo
feliz, os cabelos bagunçados e aquela coisa que me diz claramente que de
alguma forma eu sempre serei ligado ao garoto, que ele é minha
responsabilidade e que devo a ele tanto quanto devo a mãe dele.
Eu o ergo no colo assim que ele chega perto, Nando se agarra a mim e
me abraça com tanta força que faz meu coração transbordar, me seguro para
não acabar chorando e passando uma vergonha na qual não quero ter.
—Não corra —digo. —Está bem?
—Tudo bem —o garoto correu tanto que está arfante. —Que bom que
veio, cara.
—Você cresceu um pouco garoto!
—Você achou?
—Claro que achei, e esse cabelo?
Passo o braço envolta dela, Maria sorri toda contente, é bom poder
voltar para eles, me sentir amado e querido por alguém que faz questão de
mim.
—Mamãe quer que eu corte, hei, eu terminei a câmara Secreta.
—Você está cuidando da sua mãe como pedi?
—Claro que sim, cara, eu não deixei nenhum homem chegar perto.
—Legal.
E é bom mesmo que nenhum tenha se aproximado.
—Eu disse que compensaria esperar até a quarta, Duda — escuto a
voz da Sarah falando.
Mas vê-la se aproximando me faz lembrar dos meus irmãos e eu não
estou nenhum pouco a fim.
—Preciso de um banho —confesso. —Pode preparar algo para eu
comer?
—Aham, você quer um sanduíche ou comida? Sandy está fazendo o
almoço hoje.
—O que fizer está bom, vou subir com o Fernando, você não demore.
—Está bem.
Dou um beijo em sua testa,
Melhor subir mesmo, acho que a Maria é melhor em ter que lidar com
eles, sei que ela os receberá muito bem a contragosto e mesmo que não
mereçam, papai jogou essa bomba para mim e agora terei de lidar com isso
mesmo que não queira, mas não importa, o que importa é que eu enfim estou
em casa.
Estresse
—Ainda bem que você chegou cara, a minha mãe já estava deprimida.
—Ela não deveria ficar.
—É que ela sente sua falta, mesmo que não demonstre né.
—Eu também senti falta de vocês garoto.
E você não sabe o quanto.
—Você vai viver viajando?
—Eu espero que não.
Fernando está encostado na janela do quarto, subimos a pouco,
observo a vista daqui o mar e toda a ilha, eu nem quero imaginar como a
Maria vai reagir quando souber que papai comprou esse lugar para ela.
—Seria legal se você ficasse mais com a gente — Nando comenta. —
Estou feliz que tenha voltado.
—Eu também estou Fernando — admito. — Eu quero sempre poder
ficar o máximo de tempo com vocês.
—Aquelas pessoas lá embaixo são seus outros irmãos?
—Infelizmente.
Nando ri, analiso o semblante contente desse garoto, se um dia Maria
tiver filhos comigo quero que se pareçam um pouco com ele porque ele é
como ela quando sorri.
—Você não gosta muito da sua família né Jack?
—Não, nenhum pouco e quem disser o contrário está mentindo.
—Mamãe fala que não devemos odiar as pessoas, é pecado.
—Sua mãe é uma boa pessoa.
—Você também ora.
Gosto do otimismo na voz do garoto, me faz sorrir, mexo nos cabelos
dele.
—Você é um bom garoto Fernando, pode contar comigo para tudo o
que precisar, vou pedir que o Olaf compre uns brinquedos para você.
—Eu não quero brinquedos Jack — Nando nega. — Já está bom que
esteja conosco, ver a mamãe feliz assim me deixa até alegre porque assim ela
não pega no meu pé.
—Garoto esperto.
Ele ri e sai correndo do quarto, enfio as mãos no bolso da calça e fico
por alguns momentos refletindo sobre as palavras do Fernando em não odiar
meus irmãos, isso é tão inevitável quanto somar dois mais dois e dar cinco,
eu os odeio e é recíproco, não acho que a minha vida melhoraria nem pioraria
com o fato de que sou afastado deles.
Decido tomar um banho rápido, Olaf já trouxe a minha mala para o
quarto, pego uma roupa qualquer e vou para o banheiro, Maria deixou
shampoo, condicionador e sabonete dentro do box, a casa é muito grande e
bem espaçosa, acredito que não seja nenhum problema acomodar mais
pessoas.
Enquanto tomo banho sinto o corpo mais relaxado e calmo, próximo
de uma paz que não sinto a dias. Não demoro, termino e me seco logo, me
visto, fico um pouco sentado na cama esperando que ela suba, mas ela não
sobe, Percebo a demora da Maria, também começo a sentir um pouco de
fome, quero descansar, mas sinto que preciso dela mais perto, quero ela
comigo, olho para a cama e já começo a pensar num bocado de besteira.
Desço e vou para a cozinha ciente de que todos estão lá, sei que a
Maria quer ser muito gentil e receptiva com todos, mas não quero ela
andando de biquíni perto dos meus irmãos e da Patrícia, quem sabe o que eles
falariam? Eu conheço muito bem os Carsson para saber como podem ser
cruéis com quem quer que seja.
Foram comigo e com o Alejandro, somos sangue do sangue, carne da
carne e ainda assim não fomos aceitos, imagino que não entendam que eu
gosto de mulheres como Maria, me sinto atraído por ela, eu já passei da
época de me importar com o que eles pensam.
Entro na cozinha vendo Maria com Blair no colo, Ph sentado ao lado
de Jonas tomando café e a mulher dele, essa garota sem sal que não entende
que o que ele não gosta de mulher, é um casamento de conveniência eu
realmente nem sei porque ela não desiste logo dele, nenhum deles presta para
nada essa é a verdade, acho que de nós o menos pior é o Alejandro quando
não está tentando pular de uma ponte de um metro de altura eu acho.
—Você não subiu —falo. —O que está havendo?
—Ela precisa tomar banho —Maria não me olha, cora.
—Ela não é nossa responsabilidade.
—Ela é a sua sobrinha. Gil, pode preparar um sanduiche para esse
mal-amado?
—Claro — Gil sorri.
Mal amado? Porra! Cadê a ajuda? Não era na alegria e na tristeza?
—Eu vou preparar um banho para a Blair, e você espera aqui, Jack.
Júlia, você me ajuda?
—Aham.
Maria vai para o terraço e coloca Blair dentro da pia de lavar roupas
do lado de fora da casa, nos fundos tem uma vegetação extensa e com
plantações de coco e manga, Ph fica me olhando com cara de merda enquanto
Jonas me ignora.
—O que foi? Nunca me viu não? — pergunto com uma ponta de
estresse.
Ph não responde, me afasto e vou até onde Maria está.
—Não sou mal-amado!
Eu a abraço, beijo seu pescoço, quero ela comigo agora, não quero
esperar, foram muitos dias longe, é injusto que deixe de ficar comigo para
ficar com eles.
—Ela não tem nada a ver com essa rixa.
—Eu sei, só estou cansado, quero que suba logo.
—Pode deixar que eu assumo por aqui —Gil pede. —Cuido dela.
—Gil, sei que pode ser... — Maria começa.
—Maria, eu sei separar as coisas, pode ficar tranquila, sou enfermeira
também, sei cuidar de bebês.
O Ph nunca mereceu a Gil, talvez nunca mereça ser realmente feliz,
sou um lixo de pessoa, não presto, sou abusivo um fodido na vida, mas nunca
fui desleal com nenhuma das mulheres com quem me envolvi, pelo contrário
acho que foi justamente meu excesso de lealdade a Soraia que me fez sofrer,
ela é outra que não merece nem o trabalho de ser lembrada. Puxo Maria para
longe deles e vamos caminhando para a escada.
—Cuidado com o degrau — comunico quando nos aproximamos.
Ela vem subindo, mas é lenta, não tenho muita paciência então a pego
no colo, subo os degraus com pressa, eu a beijo, resistir é difícil.
—Fernando já desceu, quero você só para mim agora.
—Estava morrendo de saudades.
—Eu também.
Chuto a porta do quarto assim que entramos, eu a carrego para o
banheiro.
—Te dou um banho vida.
—Sem tirar proveito?
—Eu não prometo não tentar.
Beijo os lábios sem pressa agora, observo o biquíni e isso me faz
lembrar de algo.
—Não quero você andando assim perto deles.
—Não sabia que eles viriam.
Eu também não queria que eles viessem de nenhuma forma, não vejo
propósito nisso, me estresso de pensar que vieram sem a minha permissão,
coloco Maria no chão diante do box, ela está cabisbaixa com os olhos
fechados.
—Estou nervoso, entre no box.
Começo a tirar a roupa que a pouco coloquei, não queria que isso
fosse um estresse para nós dois, de nenhuma forma. Observo ela tirar o
biquíni e ligar o chuveiro, os cabelos já estão soltos, a bunda redonda e
volumosa.
—Não fique brava.
—Eu não estou brava —afirma. —Entendo que tem o direito de odiar
os seus irmãos, mas isso não faz mal para eles, faz mal para você.
E você não sabe o quanto.
Coisas ótimas
Sei que prometi não tirar proveito, mas é algo que se torna bem
difícil.
Coloco a camisinha com pressa, ela está distraída, fico calado
observando-a enquanto ela toca os cabelos, puxo os laços que prendem a peça
do biquíni inferior e caí no chão, eu a abraço com toda a intensidade e toco a
buceta sem pensar duas vezes, é quente, ainda quente e toda minha.
Me inclino abaixando e meu pau lateja mais uma vez enquanto
encontro o caminho dela, toco seu ponto sensível querendo não machucá-la,
mas parece inevitável, cada gesto meu é descontrolado.
Me deixo levar pelos instintos.
—Senti falta de você —lambo seu pescoço sem receio algum. —Você
me deixa descontrolado, vida.
Ela tem um gosto meio salgado, a pele está mais morena, entro mais
dentro da cavidade feminina apreciando cada segundo dela, suas mãos vem
para o meu corpo e ela toca a minha bunda causando ainda mais excitação,
Maria sobe enquanto meto mais fundo, tento manter a calma, mas é
complicado.
Suas mãos se encostam na parede e meus dedos estão pressionando
seus quadris, vou metendo assim dentro dela ouvindo-a gemer baixinho um
simples:
—Mais, quero mais.
A buceta treme e é quente, receptiva, esfrego o saco nela enfiando até
o talo do meu pau, e meus dedos se enfiam em seus cabelos, Maria súplica e
isso é maravilhoso.
—Por favor, por favor, mais!
A voz é de uma gata chorosa, seus olhos fechados se contraem, os
seios dela sobem e descem e a visão da bunda enquanto enterro nela me
causa arrepios pelo corpo todo.
Não respeito os meus ímpetos, não controlo meu desejo, com ela não
dá.
Puxo seus cabelos ouvindo soluços baixos, meto um pouco mais de
pressa, mas percebo que o que quero fazer não é para ser feito aqui,
impaciente e apressado começo a puxar ela pelos cabelos para o rumo do
quarto, escuto o som do gemido de dor e isso incrivelmente também me
excita.
Tudo com ela é excitante, desde um simples beijo até essa trepada
maravilhosa.
Eu a empurro para o rumo da cama, Maria cai de bruços e a bunda
fica exposta, sinto vontade de morder ela toda, morder com força, judiar...
Porra!
—Preciso disso, Maria — dou um tapa bem servido na bunda, ela
aperta a colcha de cama se encolhendo. —Vem cá.
Quero muito mais.
Seguro suas pernas e a viro na cama, as separo e começo a chupar a
buceta do jeito que gosto, chupo o ponto sensível e me ergo, então fodo com
força na buceta, as mãos dela estão fixadas em meus ombros, franzo a testa
me sentindo apertado pela buceta dela, respiro fundo e vou metendo como
quero.
Meu corpo está quente demais, puxo ela pela cintura preso a visão do
prazeroso sorriso que se forma em seus lábios, ela se segura em mim e sei
que lhe dou prazer, seus quadris vem se movendo mais uma vez para mim
bem depressa, olho para a buceta e ver ela metendo assim comigo me faz
sentir como se fosse um louco.
Como se quisesse fugir e estivesse preso e somente com seu
consentimento pudesse sair.
Ela tenta me beijar, mas não é algo do qual queira agora, quero trepar
com ela, quero matar a ânsia que me queima todo desde que fui embora,
aproveitar cada segundo ao seu lado, mordo seus lábios.
—Rebola para mim, isso, querida, assim.
Maria obedece metendo comigo, me deito na cama segurando ela
firme pelos quadris e movo ela em mim adorando o jeito como ela se senta no
meu pau, ela desliza e fica sentada até o talo, e então se move rebolando nele
num vai e vem bem gostoso.
Ela quer gozar, esquenta e esquenta mais em mim, começa a
estremecer, seu movimento é mais curto e rápido.
—Jack, por Deus, pare... eu... aí....
Não!
Eu a observo se contorcer toda e estremecer, eu não a solto e dou um
tapa na buceta, ela pula e libera todo seu orgasmo só para mim, seus quadris
param e alcanço bem depressa o clímax também, sinto cada músculo do meu
corpo latejando, pulando, sorrio vendo-a morder os lábios e gozo.
A porra sai bem rápido e fica presa na camisinha, Maria permanece
com os olhos fechados, depois de alguns instantes ela caí em cima de mim,
me ajeito deixando que o gozo saia todo.
Ela se esfrega em mim e se aquieta. Fico imaginando como as coisas
serão de hoje em diante e a abraço.
Serão ótimas.
Novidades
—Você já acordou?
Sei que sim.
Ela se estica toda preguiçosa, beijo sua cabeça, vai para o lado na
cama, eu a olho e ainda a quero comigo ela passa o braço envolta do meu
corpo e toca minha nuca com carinho.
—Te machuquei?
—Não.
Não me convenço, sei que sai do controle e é algo que não queria,
odeio sentir que a machuca.
—Puxei seu cabelo.
—Tudo bem, Jack, foi tudo ótimo.
—Tem certeza?
—Tenho.
—Senti muito sua falta.
—Eu sei, é inevitável, as pessoas me conhecem e sei lá, elas não
desgrudam de mim.
Mesmo que seja verdade me faz sorrir e eu a beijo por isso, eu a
adoro, é inevitável mesmo, mas tudo o que ela representa para mim.
—Já entardeceu, tem que comer alguma coisa.
—Não quero.
—Você tem que se alimentar.
—Você já desceu?
—Não, pensei em te pedir para buscar alguma coisa para gente.
—Vamos acender uma fogueira, você não quer vir junto?
Me chateia a ideia de que seja ideia de alguém da minha família.
—Isso é ideia do meu irmão?
—Sah e Sandy, vamos?
—Melhor não.
—Está bem.
Maria me beija e se levanta, pouco se importa com o que eu quero,
acho que nem passa pela cabeça dela que essa situação toda é bem complexa,
que meus irmãos já me julgam demais e que se agora ela tem que se sujeitar a
ficar vendada perto deles também será julgada severamente por eles, pior,
sem que entendam.
Eu a puxo e a aperto desejando que tudo isso chegue perto de ser
normal, que as coisas se encaixem e tudo encontre um rumo, sei que não será
fácil, mas me afastar dela se torna um desafio doloroso todos os dias desde
que a conheci, posso deixá-la mesmo ficar longe de mim e perto dos meus
irmãos?
Não!
—Você não vai sozinha.
Seus lábios tremem e ela oprime o sorriso.
—Vamos logo, convidei Joseph também.
—Tem certeza de que não será constrangedor?
Ela sabe que me refiro a máscara.
—Não quer ir por causa disso?
—Também porque não suporto olhar para cara dos meus irmãos.
—Então fique.
—Não quero você perto deles.
E ela não gosta de saber disso também.
—Então vem comigo.
—Está bem.
—Sem ficar estressado.
—Vou tentar não matar ninguém, eu prometo.
Ganho um beijo quente quando ela se deita em cima de mim, toco seu
corpo e rolamos na cama, beijo sua mão e a olho.
—Senti sua falta —toco seus lábios com a língua e arranco mais um
beijo dela.
—Você vai ficar até que dia?
—Até o domingo.
Quero dizer que ficarei com ela todos os dias da minha vida, mas nem
precisa, a mulher fica gritando feito doida no quarto, me beija agitada, quero
rir e compartilhar com ela dessa felicidade, é tão verdadeiro, só que não
consigo ser assim.
—Senhora Carsson, controle-se.
—Não — responde e me aperta com força.
Sorrio e vou para cima dela, estou apaixonado feito um louco por essa
mulher, o que posso fazer? Só não consigo colocar isso em palavras, não sei
mais como explicar.
—Você precisa aprender a se controlar.
—Desculpe—Maria pigarreia e para de sorrir. —Agora já podemos
descer, Jack?
—Não.
Mordisco seu seio, e rolo para o lado, puxo ela.
—Banho, Senhora Carsson?
—Não mesmo.
Ela sabe que não tomaremos outro banho, mas que merda, preciso de
desculpas mais convincentes para transar com ela, ser menos óbvio.
—Vou me trocar no banheiro, desça na frente e providencie para que
tenha algo para o seu marido comer.
Eu a vejo ficar vermelha, dou um beijo na cabeça e me afasto indo
para o banheiro, olho para a cama enquanto isso, sei que se começarmos de
novo ficaremos aqui a tarde toda — que é o que eu quero é claro —, mas não
será “certo”.
Melhor me trocar logo, mais tarde contínuo de onde parei com a
senhora Carsson.
Alejandro não havia visto as crianças antes, mas para ele foi uma
surpresa muito maior me ver segurando a menina, eu acho que sempre será
uma surpresa para as pessoas da minha família me verem demonstrando afeto
para quem quer que seja, não me importo é claro, mas é chato.
Eu consegui a guarda dos dois, também consegui deixar tudo bastante
encaminhado no lar, ontem foi a inauguração, eu quem escolhi o nome e
com a ajuda de um representante da ONU consegui abrir o primeiro Lar
Maria Carsson para crianças desabrigadas da índia, eu estive com pressa no
lugar, mas gostei do que vi.
O prédio está até em bom estado, foi dividido em duas alas, uma
feminina e uma masculina, a maioria das residentes são mulheres então me
senti um pouco mais seguro em um bocado de sentido, Ph ficou surpreso em
me ver com as duas crianças, mas me recebeu bem, explicou sobre os
atendimentos, o prefeito também foi, o embaixador do Brasil no lugar e o dos
Estados Unidos, eu fiz questão que ambos viessem, não teve nenhuma
comemoração, mas foi muito bom sentir que eu saia e tudo estava num bom
caminho.
Joanne estava no celular resolvendo outras coisas, comprou
mantimentos, medicamentos, camas, cobertores e já está providenciando a
reforma, Ph tem outros amigos que chegarão até sábado, foi bom ver aquele
bocado de criança usando roupas decentes, ainda que Radesh o Prefeito,
ficasse torcendo o nariz.
O tradutor nos acompanhou por todo o caminho, as crianças vinham
atrás, me olhavam cheias de esperança e felicidade, já montaram um
refeitório e tem banheiros separados também, o Lar tem atualmente 30
crianças, mas já deixei claro que as portas vão ficar abertas para quantas
quiserem vir, o prefeito irá encaminhar as que encontrar para cá.
Também quero que sirvam refeições para as pessoas que não tem
condições de comprar comida, inclusive adolescentes e adultos, papai disse
que enviará mais pessoas e voluntários para ajudar, fiquei contente de contar
com seu apoio, Jonas doou bastante dinheiro e leiloou um quadro para a
causa, Patrícia pediu ajuda de algumas estilistas, ela conhece muitas pessoas,
logo aquelas crianças também terão mais roupas e bons pares de tênis, aulas,
vou tentar enviar alguns dos meus estagiários para dar aulas para eles,
dobrarei o salário.
Agora estamos no voo a caminho do Brasil, infelizmente chegarei
somente amanhã, porque tive um problema imenso no aeroporto para fazer
embarque das duas crianças, Alejandro teve que recorrer novamente ao
embaixador, não queriam deixar as crianças embarcarem pois não tinha
certidões de nascimento, tudo se resolveu com um telefonema, mas até o
telefonema partir do embaixador, o avião ficou parado.
A menina dorme em meu colo toda empacotada por cobertores e o
menino também na outra poltrona, ela não quer ninguém desde que
decolamos, na verdade, ela não quer ninguém mesmo, o menino é medroso e
ela arisca.
—Você é um bom homem Jack — escuto Alejandro falar do banco da
frente. — Você é um bom homem!
Deve estar delirando ou dormindo.
Pouco me importo, só quero chegar logo e ver a minha mulher, poder
explicar para ela sobretudo, pedir desculpas pelo atraso e abraçá-la, abraçar o
meu filho.
Eu só quero a Duda e o Nando perto de mim, para me sentir melhor,
para me sentir em paz.
Para me sentir feliz.
Fim da atração
Eu realmente achei que me sentiria ansioso ao ponto de começar a
entrar em pânico, mas não pensei que ficaria tão apavorado com meu retorno,
é o que eu mais quero, mas é o que mais me dá medo.
Estive pensando em todas as coisas que vivemos nesse mês cheio de
loucuras, brigas, revelações e amor e acho que não queria estar em mais
nenhum lugar nesse momento, não longe dela, não longe do Nando, porque é
ao lado dela que eu devo estar.
Maria atravessou a rua e eu estava lá observando-a, ela foi para um
hotel e fez amor comigo e eu estava observando-a dormir, ela foi comigo para
Malibu e se entregou ao que eu tinha que oferecer e mais uma vez eu a
olhava e ela não se lembrava de mim, ela não lembrava de tudo o que
vivemos em Vegas, de todas as coisas que fizemos e nem da nossa impulsiva
decisão de nos casarmos.
Vivemos tantas coisas nesse mês.
Olho para o anel preto no meu mendinho antes de conseguir pensar
em me sentir observado mais uma vez por ela, estou atrasado, as crianças
ficaram com o Alejandro na recepção, eu não sabia se deveria trazê-los sem
antes avisar, não assim do nada, sei que iria assustar ela.
Então quero poder falar primeiro para depois mostrar ambos para ela.
Ainda sinto o medo latejando dentro de mim, mas sei que apesar dela
não me ver fisicamente no último mês, Maria me enxerga como eu realmente
sou, mesmo um ferrado emocionalmente que só faz merda atrás de merda, sei
que ela conseguiu me ver como ninguém nunca me viu.
Estou de volta para ela e só para ela, porque sempre foi e sempre será
assim, nunca estive tão convicto disso.
Respiro fundo e toco a campainha, tento esvaziar minha mente, sei
que ela esperou muito por isso, o quanto foi um processo doloroso para ela se
adaptar a escopofobia, nem passou pela minha mente desistir, eu só queria
chegar logo tomado por esse baita aperto no peito causado pela ansiedade e
poder ver ela, ver o garoto.
Tem sido dias bem complicados, cansativos, voltar para casa
representa muito para mim, também porque sei que agora Maria e eu teremos
que nos resolver de vez, precisamos conversar e preciso que ela ao menos me
dê mais essa chance de provar meus sentimentos.
Escuto o som da tranca e logo em seguida ela abre a porta, é tão de
repente que não me dá nem tempo para pensar, Maria não ergue o olhar, está
cabisbaixa, meu primeiro impulso é de querer tocá-la e abraçá-la, mas nem da
tempo.
—Oi, Alejandro, a Sah avisou que você viria, entra aí.
Sua voz está baixa.
Ela usa um vestido preto que a deixa deliciosa, porém não tenho
tempo, Maria me dá as costas e sai andando, levo alguns segundos para ir
atrás, porque não esperava por esse tipo de recepção.
Eu a sigo até nosso quarto, os cabelos soltos e lisos emolduram a
cintura mais fina, ela funga e sei que não está bem, mas só não consigo
entender bem o porquê, ela vai para o quarto e entra no banheiro, vou logo
atrás me perguntando sobre o fato de ela achar que eu sou o Alejandro.
Avisei que viria..., mas não que chegaria tão atrasado.
Não dormi no voo, mas não consegui encontrar tempo nem para
avisar com os problemas que tivemos para embarque das duas crianças, eu só
queria chegar logo em casa, não conseguia parar de pensar nisso.
Olho envolta, a cama está arrumada, todo o quarto cheira a velas
doces ou coisa assim, passo a mão nos cabelos e vou até o banheiro, logo,
observo Maria lavando o rosto, tirando das faces toda a maquiagem que usa.
Ela se arrumou assim para me receber, ela ficou linda só para mim, se
arrumou e se maquiou e eu nem consegui chegar perto de podermos ter
algum reencontro decente.
Fico parado perto da porta sem saber como agir, sei que devo
desculpas por tantas coisas que já nem sei por onde começar, ela está
chorando enquanto escova os dentes, ergo a mão, mas desisto.
Eu a vejo secar as faces e chorar em silêncio, o pé teimoso batendo no
chão enquanto está inclinada no lavatório, penso em me aproximar e abraçar
ela por trás, mas sei que isso assustaria ela, abro a boca para falar, mas não
consigo de repente, porque vejo um reflexo no espelho de um olhar cor de
âmbar.
Ela me viu.
—Oi — é o que eu consigo falar.
De repente me sinto engasgado, sufocado pelo jeito como ela me olha,
Maria fica me encarando através do espelho toda séria, meu coração dispara e
as sensações fortes retornam ao meu corpo, ela me olha e me olha e não fala
nada.
—Jack, você chegou, Cara!
Nando entra correndo no banheiro e vem para cima de mim, eu o ergo
no colo e não consigo parar de olhar para ela, aperto o garoto e meu coração
fica mais tranquilo, me sinto seguro, perto de ambos, eu me sinto em casa
perto da mulher que mais amo, com alívio me aproximo dela, estendo a mão
e não resisto, toco sua nuca, a puxo para mim, Maria estende os braços e me
abraça com força.
Estou onde devo estar, sob o olhar de quem eu amo e confio, eu estou
nos braços da minha esposa.
—Vida!