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 CRIME- Pena de reclusão ou detenção (isoladamente,

alternativa ou cumulativamente ou não com multa).


 CONTRAVENÇÃO - Isoladamente prisão simples, prisão
simples + multa, ou apenas multa.

RECLUSÃO x DETENÇÃO x PRISÃO SIMPLES –

Na prática, não existe hoje diferença essencial entre re-


clusão e detenção. A lei, porém, usa esses termos como
índices ou critérios para a determinação dos regimes de
DIREITO PENAL – NOÇÕES INTRODUTÓRIAS cumprimento de pena.

Conceito¹- De acordo com o autor José Frederico Mar-  Na Reclusão, a pena é cumprida em regime fechado,
ques, o Direito Penal “é o conjunto de normas que ligam semiaberto ou aberto.
ao crime, como fato, a pena como consequência, e disci-  Na Detenção, cumpre-se em regime semiaberto ou
plinam também as relações jurídicas daí derivadas, para aberto, salvo a hipótese de transferência excepcional
estabelecer a aplicabilidade de medidas de segurança e a para o regime fechado.
tutela do direito de liberdade em face do poder de punir do  A Prisão Simples é prevista para as contravenções
Estado”. penais e não para crimes. Pode ser cumprida nos re-
gimes semiaberto ou aberto, não sendo cabível o re-
Conceito²- Conjunto de normas jurídicas que tem por gime fechado.
objeto a determinação de infrações de natureza penal e No
suas sanções correspondentes – penas e medidas de Dizemos que o Direito Penal é um ramo do direito público
segurança. (Cezar Bitencourt, p. 2). por ser composto de regras aplicáveis a todas as pessoas
e por ter como titular exclusivo do direito de punir o ES-
Conceito ³- É o segmento do ordenamento jurídico que TADO.
detém a função de selecionar os comportamentos huma-
nos mais graves e perniciosos à coletividade, capazes de CONCEITO FORMAL e MATERIAL DE DIREITO PENAL-
colocar em risco valores fundamentais para a convivência
social, e descrevê-los como infrações penais, cominando- Formalmente, o Direito Penal se caracteriza pelo conjunto
lhes, em consequência, as respectivas sanções, além de de NORMAS (tipo penal incriminador) que descrevem
estabelecer todas as regras complementares e gerais condutas (ações ou omissões) criminosas e seus efeitos
necessárias à sua correta e justa aplicação. (Fernando jurídicos.
Capez, pág. 19, 2010).
Materialmente, o Direito Penal se caracteriza pelas condu-
Direito Penal é o ramo do direito público que se destina a tas reprováveis que afetam os bens jurídicos indispensá-
combater os crimes e as contravenções penais, através veis à sociedade, e portanto, passível de sansão penal.
da imposição de uma sanção penal. Aqui, surge um pri-
meiro questionamento importantíssimo: Sob o enfoque Sociológico, Direito Penal é mais um ins-
trumento de controle social de comportamentos desvia-
QUAL A DIFERENÇA ENTRE CRIME E CONTRAVENÇÃO? dos, visando assegurar a necessária disciplina social.

CRIME X CONTRAVENÇÃO O conceito ANALÍTICO leva em conta os elementos do


crime. Ele depende da teoria adotada. Vejamos:
Para encontrar a diferenciação entre estes dois termos
tão utilizados, devemos recorrer à Lei de Introdução ao  Para a Teoria CCausalista, o crime é fato típico + ilícito
Código Penal, que dispõe em seu artigo 1º: + culpável. Para esta teoria, o dolo e culpa estão na
CCULPABILIDADE.
Art. 1º Considera-se crime a infração penal que a lei co-  Para teoria Finalista, o crime é fato típico + ilícito +
mina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, culpável. Para esta teoria, o dolo e culpa estão na TI-
quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; PICIDADE.
contravenção, a infração penal a que a lei comina, isolada-  Para Teoria Finalista Dissidente, o crime é composto
mente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alter- de Fato típico + Ilicitude. Para esta teoria, o dolo e cul-
nativa ou cumulativamente. pa estão na TIPICIDADE.

Logo, do exposto, podemos resumir:


O Direito Penal é um dos ramos do direito, se diferencian- Aquele que se recusa a entrar num estado de cidadania
do dos demais por sua consequência jurídica mais drásti- não pode usufruir das prerrogativas inerentes ao conceito
ca, devendo ser utilizado como última razão. Somente se de pessoa. Se um indivíduo age dessa forma, não pode
socorre ao direito penal, quando outros ramos do direito ser visto como alguém que cometeu um "erro", mas como
forem ineficazes para pacificação social. Ele não age no aquele que deve ser impedido de destruir o ordenamento
mesmo tempo, aguardando a atuação dos demais. jurídico, mediante coação.

FUNÇÃO DO DIREITO PENAL-  CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PENAL DO INIMIGO

A doutrina moderna discute qual é a função do Direito De acordo com Jakobs, são as seguintes:
Penal, nascendo, assim, o movimento do funcionalismo. O
funcionalismo se divide em duas escolas: 1. Seu objetivo não é a garantia da vigência da norma,
mas a eliminação de um perigo;
a) funcionalismo teleológico;
b) funcionalismo sistêmico ou radical. Entre nós, o regime disciplinar diferenciado, previsto nos
arts. 52 da Lei de Execução Penal, projeta-se nitidamente
Funcionalismo teleológico ou racional (Roxin) - A função à eliminação de perigos.
do direito penal é assegurar bens jurídicos indispensáveis,
valendo-se das medidas de política criminal. Ele se vale 2. A punibilidade avança em boa parte para a incrimina-
de princípios positivados ou não, de política criminal, e, ção de atos preparatórios;
consequentemente, concorda com o princípio da insigni-
ficância (ex: furto de caneta é irrelevante). Inspirando-se num exemplo de Jakobs, pode-se notar
essa tendência no Brasil, onde uma tentativa de homicídio
Funcionalismo radical ou sistêmico (Jakobs)- simples, que pressupõe atos efetivamente executórios,
pode vir a ser punida de modo mais brando do que a for-
A função do direito penal é resguardar o sistema, a norma mação de quadrilha para prática de crimes hediondos ou
e o direito posto (o império da lei). Os sistêmicos não assemelhados (art. 8.º da Lei n. 8.072, de 1990), na qual
admitem princípios não-positivados, visto que não se se tem a incriminação de atos tipicamente preparatórios.
encontram no ordenamento jurídico. Desse modo, não
adotam o princípio da insignificância, pois se preocupam 3. A sanção penal, baseada numa reação a um fato pas-
com a aplicação da norma, e não com o bem jurídico tute- sado, projeta-se também no sentido da segurança con-
lado. tra fatos futuros, o que importa aumento de penas e
utilização de medidas de segurança. O aumento de
No furto de uma caneta, para Roxin, há irrelevância desta penas tem sido recurso frequente em nosso País.
ação, se valendo de medidas de política criminal. Não
prejudica de maneira intolerável o bem jurídico, logo, não Exemplos: Lei dos Crimes Hediondos, Lei de Lavagem de
é função do direito penal resguardar bens jurídicos irrele- Capitais e Lei n. 9.677, de 1998, que dispõe sobre falsifi-
vantes. cação de produtos alimentícios ou medicinais.

Para Jakobs, o agente que furta um veículo ou uma cane- DIREITO PROCESSUAL PENAL DO INIMIGO
ta, está ferindo o sistema da mesma forma. Ao ferir o
sistema, o agente torna-se inimigo do sistema. Por isso é No campo do processo penal também se mostram refle-
denominado DIREITO PENAL DO INIMIGO. xos da concepção do indivíduo como "inimigo":

Damásio de Jesus, no artigo intitulado “Direito penal do 1. A prisão preventiva, medida cautelar utilizada no curso
inimigo. Breves considerações”, assim destaca o conceito de um processo, funda-se no combate a um perigo (de
de inimigo para Jakobs, as características do Direito Pe- fuga, de cometimento de outros crimes, de alteração
nal do Inimigo e as críticas a esta corrente: das provas etc.);

Inimigo é todo aquele que reincide persistentemente na 2. Medidas processuais restritivas de liberdades funda-
prática de delitos ou que comete crimes que ponham em mentais, como a interceptação das comunicações te-
risco a própria existência do Estado, apontando como lefônicas, cuja produção se dá sem a comunicação
exemplo maior a figura do terrorista. prévia ao investigado ou acusado, e a gravação ambi-
ental;
3. Possibilidade de decretação da incomunicabilidade de OBJETO JURÍDICO é o bem ou o interesse protegido pela
presos perigosos etc. norma penal.

As críticas de Cancio Meliá ao Direito Penal do Inimigo OBJETO MATERIAL É A COISA sobre a qual recai a ação
podem assim ser sintetizadas: do agente, podendo tratar-se tanto de um bem material
como de uma pessoa no sentido corporal.
a. O Direito Penal do Inimigo ofende a Constituição, pois
esta não admite que alguém seja tratado pelo Direito Os bens protegidos pelo Direito Penal não interessam
como mero objeto de coação, despido de sua condição exclusivamente ao indivíduo, e sim à sociedade como um
de pessoa (ou de sujeito de direitos). todo. A relação entre criminoso e vítima é secundária,
pois esta não tem o direito de punir.
b. O modelo decorrente do Direito Penal do Inimigo não
cumpre sua promessa de eficácia, uma vez que as leis Finalidade Preventiva: as normas penais visam evitar a
que incorporam suas características não têm reduzido prática dos crimes.
a criminalidade.
Falhando a função motivadora (motivar o indivíduo a não
c. O fato de haver leis penais que adotam princípios do se afastar da ordem jurídica), a prevenção genérica, desti-
Direito Penal do Inimigo não significa que ele possa nada a todos, torna-se uma realidade em relação ao infra-
existir conceitualmente, i.e., como uma categoria váli- tor, caracterizando a PREVENÇÃO ESPECIAL (manifesta-
da dentro de um sistema jurídico. ção do caráter coercitivo do Direito Penal).

d. Os chamados "inimigos" não possuem a "especial pe- Classificação do Direito Penal em OBJETIVO e SUBJETI-
riculosidade" apregoada pelos defensores do Direito VO:
Penal do Inimigo, no sentido de praticarem atos que
põem em xeque a existência do Estado. O risco que a) Direito Penal Objetivo: é o conjunto de leis penais em
esses "inimigos" produzem dá-se mais no plano simbó- vigor no país (ex: Código Penal).
lico do que no real. b) Direito Penal Subjetivo: é o direito de punir do Estado.

e. A melhor forma de reagir contra o "inimigo" e confirmar Objetivamente, o Direito Penal se caracteriza pelo conjun-
a vigência do ordenamento jurídico é demonstrar que, to de normas que definem os delitos e cominam as res-
independentemente da gravidade do ato praticado, ja- pectivas sanções.
mais se abandonarão os princípios e as regras jurídi-
cas, inclusive em face do autor, que continuará sendo Subjetivamente, é o direito do Estado de aplicar a tutela
tratado como pessoa (ou "cidadão"). penal. O Estado, como ente dotado de SOBERANIA, de-
tém, exclusivamente, o direito de punir (jus puniendi).
f. O Direito Penal do Inimigo, ao retroceder excessiva- Esta classificação carece de qualquer utilização prática,
mente na punição de determinados comportamentos, pois ambos se complementam, não existindo separada-
contraria um dos princípios basilares do Direito Penal: mente. O direito penal objetivo é expressão (se expressa)
o princípio do DIREITO PENAL DO FATO, segundo o ou emanação do direito penal subjetivo.
qual não podem ser incriminados simples pensamen-
tos (ou a "atitude interna" do autor). LIMITES AO DIREITO DE PUNIR:

No DIREITO PENAL DO FATO, adotado pelo BRASIL, pune- a) LIMITE TEMPORAL: exemplo clássico é a prescrição.
se a conduta praticada pelo agente, independentemente Há duas exceções (imprescritíveis), que são o crime de
de sua personalidade. racismo e a atividade de grupo armado, civil ou militar,
contra o Estado Democrático e a ordem constitucional
 OBJETO DO DIREITO PENAL (conforme art. 5.º, XLII e XLIV, CF/88).

O Direito Penal dirige seus comandos legais ao homem, b) LIMITE ESPACIAL: princípio da territorialidade (art. 5º
pois somente este é capaz de executar ações com cons- do CP), pois em regra, somente se punem fatos ocorri-
ciência do fim. dos no território nacional.

O âmbito da normatividade jurídico-penal limita-se às c) LIMITAÇÃO MODAL (LIMITE QUANTO AO MODO): prin-
atividades finais humanas. cípio da Dignidade da pessoa humana ou humaniza-
ção das penas. Este limite não pode encontrar exce-
ções.
A ação penal privada não é exceção ao direito de punir do  OBS:
Estado, uma vez que ao ofendido se transfere apenas a
PERSECUÇÃO (ou perseguição) PENAL, e não efetivamen- O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL, de que o Brasil é
te o direito de punir. Estado-parte, não é uma exceção ao monopólio estatal
do direito de punir.
O direito de punir é monopólio Estatal. Excepcionalmente,
permite-se a aplicação de sanções penais pelos grupos O Tribunal Penal Internacional tem competência subsi-
tribais (índios), desde que respeitado o princípio da digni- diária em relação às jurisdições nacionais de seus Esta-
dade da pessoa humana, proibido em qualquer caso pena dos-partes. Consagrou-se o Princípio da Complementari-
de caráter cruel ou infamante, ou pena de morte (art. 57 dade, isto é, o Tribunal Penal Internacional não pode
da Lei 6.001/73 - Estatuto do Índio). É o Estado respeitan- intervir indevidamente nos sistemas judiciais nacionais,
do os costumes e a cultura indígenas. salvo nos casos em que os Estados se mostrem incapa-
zes ou não demonstrem efetiva vontade de punir os seus
O Estado, como ente dotado de soberania, detém, exclusi- criminosos (resumo: intervém somente se e quando a
vamente, o direito de punir (jus puniendi). Tratando-se de justiça repressiva interna não funcione).
manifestação de poder soberano, esse direito é exclusivo
e indelegável. Mesmo na ação penal de iniciativa privada, FONTES DO DIREITO PENAL
o particular possui apenas a prerrogativa de dar início ao
processo, por meio da queixa. O jus puniendi, no entanto, Quando se fala em fonte, fala-se em origem jurídica (de
continua com o Estado, tanto que é possível a ele conce- onde vem e como se revela) o Direito Penal.
der anistia em crime de ação privada (ora, só quem detém
o jus puniendi pode a ele renunciar). Esse direito existe FONTE MATERIAL, DE PRODUÇÃO, SUBSTANCIAL OU DE
abstratamente, independentemente de vir a ser praticada CRIAÇÃO se preocupa com o órgão encarregado da cria-
a infração penal, se impõe a todos, indistintamente. O ção do Direito Penal. Em regra, somente a União está au-
Estado não tem o poder de punir fulano ou beltrano, mas torizada a criar o Direito Penal (art. 22 da CF). É compe-
simplesmente tem o poder de punir (qualquer eventual tente de forma privativa (e não exclusiva) para elaboração
infrator). da lei penal. Assim, a União poderá, por meio de lei com-
plementar, autorizar os Estados-membros a legislar sobre
No momento em que um crime é praticado, esse direito questões específicas de interesse local (art. 22, p. único,
abstrato e impessoal concretiza-se e volta-se especifica- da CF). A fonte material do Direito Penal, portanto, é o
mente contra o delinquente. Nesse instante, de direito Estado, já que compete à UNIÃO legislar sobre matéria
passa a pretensão. penal.

Pretensão é a disposição de submeter um interesse FONTE FORMAL, DE COGNIÇÃO OU DE CONHECIMENTO


alheio a um interesse próprio. O Estado passa a ter o inte- (VEÍCULOS DE REVELAÇÃO DAS NORMAS PENAIS) é o
resse de submeter o direito de liberdade daquele crimino- processo de exteriorização da fonte material. É meio de
so ao seu direito de punição. Surge uma relação jurídico- revelar o direito penal criado. É fonte de conhecimento. A
punitiva com o delinquente, pela qual o direito de punir sai fonte FORMAL, por sua vez, pode ser:
do plano abstrato e se concretiza, voltando-se contra o
autor da infração penal. Essa pretensão individual e con- - IMEDIATA: Lei – é a norma penal que descreve a con-
creta, na qual o direito abstrato se transformou, denomi- duta e a pena cominada;
na-se punibilidade. Punibilidade é a possibilidade de efeti-
vação concreta da pretensão punitiva. - MEDIATA: costumes e princípios gerais do direito.
Devem ser aplicados com bastante cautela, em face
O direito de punir é, portanto, uma manifestação da sobe- do princípio da reserva legal.
rania de um Estado, consistente na prerrogativa, in abs-
tracto, de se impor coativamente a qualquer pessoa que Doutrina clássica Doutrina Moderna
venha a cometer alguma infração penal, desrespeitando a
- Fonte material: União - Fonte material: União
ordem jurídica vigente e colocando em perigo a paz soci-
al. A Pretensão Punitiva, disposição concreta que surge
- Fonte formal imediata: - Fonte formal imediata:
para o Estado, consiste em submeter alguém que efeti-
Lei. - Lei (única capaz de criar infra-
vamente praticou uma infração penal a uma punição pre-
ção penal),
vista em lei. (CAPEZ, Fernando. Execução penal simplifi-
- Fonte formal mediata: - CF,
cado. 14. Ed. São Paulo: Saraiva, 2011).
Princípios Gerais do - Tratado Internacional de Direi-
Direito e Costumes. tos Humanos
- Jurisprudência (ex.: art. 71, CP: 3ª) Não existe costume abolicionista. Enquanto não revo-
“condição de tempo”, a jurispru- gada por outra lei, a lei será aplicada. Para essa cor-
dência diz que é de 30 dias) rente o costume não revoga infração penal, tendo em
- Complemento de norma penal vista que a LICC (aplicável ao Direito Penal) dispõe que
em branco uma lei terá vigor até que outra lei a modifique ou re-
- Princípios Gerais de Direito (o vogue (art. 2º). Essa corrente é a prevalecente
STF declara inconstitucionali-
dade de lei baseado em PGD) O adultério não é exemplo de costume que revogou a lei,
- Fonte formal mediata: Doutrina pois foi revogado pela teoria penal de intervenção míni-
ma.
Obs: Costume é fonte informal de
direito e PGD foram transferidos O costume interpretativo é admitido. Presta-se para inter-
para fonte imediata. pretar ou aclarar o significado das expressões. (ex.: re-
pouso noturno previsto no art. 155, p. 1º, do CP: período
Se o tratado internacional de direitos humanos foi ratifi- que a comunidade costumeiramente se recolhe para o
cado antes da EC 45/2004, terá status de norma supra- descanso diário).
legal. Se for ratificado depois da EC 45/2004 terá status
de norma constitucional, desde que tenha quórum de EC  PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
(3/5 dos votos); e de norma supra-legal, quando aprovada
por maioria simples. Segundo o doutrinador Celso Antônio Bandeira de Mello:
“Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um
O conceito de drogas tem previsão na portaria do SUS, sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental
que traz o rol das substâncias entorpecentes. Desse mo- que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o
do, se tem os atos administrativos como fonte formal espírito e servindo de critério para a sua exata compreen-
imediata, já que, neste caso, são complementos de norma são e inteligência, exatamente por definir a lógica e a ra-
penal em branco. cionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a
tônica e lhe dá sentido harmônico. É o conhecimento dos
 COSTUMES: princípios que preside a intelecção das diferentes partes
componentes do todo unitário que há por nome sistema
Costumes são comportamentos uniformes e constantes jurídico positivo". Vamos, a partir de agora, analisar os
pela convicção de sua obrigatoriedade e necessidade princípios do Direito Penal que serão importantes para a
jurídica. sua PROVA:

Espécies de costume: incriminador, revogador (abolicio- 01) PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL:


nista) e interpretativo.
Uma das características de vital importância do Direito
Não se admite o costume incriminador, pois somente lei Penal brasileiro é o chamado princípio da reserva legal, o
cria crime e comina pena (princípio da legalidade) (art. 1º, qual encontra previsão não só no art. 1º, do Código Penal,
CP). Exclui-se o direito consuetudinário para fundamenta- mas também na Constituição Federal. Observe:
ção ou agravação da pena. Não se admite o COSTUME
INCRIMINADOR, pois somente LEI cria CRIME e comina Art. 5º [...]
PENA (princípio da LEGALIDADE). XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal;
NO QUE TANGE AO COSTUME REVOGADOR (ABOLICIO-
NISTA) HÁ TRÊS CORRENTES: O princípio da reserva legal não é sinônimo do princípio da
legalidade, senão espécie. A doutrina não raro confunde
1ª) É possível, aplicado nos casos em que a infração penal ou não distingue suficientemente o princípio da legalida-
não mais contraria o interesse social. Para essa cor- de e o da reserva de lei. O princípio da reserva legal signi-
rente, a contravenção penal de jogo do bicho foi revo- fica a submissão e o respeito à lei, ou a atuação dentro da
gada. esfera estabelecida pelo legislador. O segundo consiste
em estatuir que a regulamentação de determinadas maté-
2ª) Não existe costume abolicionista, mas quando o fato rias devem ser feitas, necessariamente, por lei formal.
já não é mais indesejado pelo meio social, a lei não de-
ve ser aplicada. Para essa corrente, a contravenção Segundo o Professor DAMÁSIO E. DE JESUS:
penal de jogo do bicho não foi revogada, mas não será
aplicada.
"(...) O princípio da ou de reserva legal tem significado Realmente peguei pesado, mas acho que agora você não
político, no sentido de ser uma garantia constitucional esquece mais que a o pequeno valor do objeto do furto
dos direitos do homem. não se traduz, automaticamente, na aplicação do princí-
pio da insignificância!!!
Constitui a garantia fundamental da liberdade civil, que
não consiste em fazer tudo o que se quer, mas somente Vamos ver o que diz o STJ sobre o tema:
aquilo que a lei permite. À lei e somente a ela compete
fixar as limitações que destacam a atividade criminosa da Para finalizar este importante princípio, é importante res-
atividade legítima. Esta é a condição de segurança e li- saltar que, obviamente, ele não se aplica só aos delitos
berdade individual. (...) Assim, não há crime sem que, contra o patrimônio, mas A QUALQUER CRIME. Durante o
antes de sua prática, haja uma lei descrevendo-o como curso voltaremos a tratar deste tema.
fato punível. É lícita, pois, qualquer conduta que não se
encontre definida em lei penal incriminadora.” STJ - HC 60949 PE – DJ 17.12.2007
HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. FURTO DE PULSOS
02) PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE: TELEFÔNICOS. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNI-
FICÂNCIA. POSSIBILIDADE. ORDEM CONCEDIDA.
Este princípio tem base no já citado art. 5º, XXXIX, da
Carta Magna e estabelece a necessidade de que o CRIME 1. O pequeno valor da res furtiva (objeto do furto) não se
e a PENA estejam PREVIAMENTE definidos em LEI. Aqui traduz, automaticamente, na aplicação do princípio
cabe um importante questionamento: Durante o chamado da insignificância. Há que se conjugar a importância
“vacatio legis”, período entre a publicação da lei e a sua do objeto material para a vítima, levando-se em con-
entrada em vigor, já pode um indivíduo ser punido? sideração a sua condição econômica, o valor senti-
mental do bem, como também as circunstâncias e o
A resposta é negativa, e para o nosso curso lembre-se resultado do crime, tudo de modo a determinar, sub-
sempre de que: jetivamente, se houve relevante lesão. Precedente
desta Corte.
Lei penal produz efeitos a partir de sua entrada em vigor. 2. Consoante se constata dos termos da peça acusató-
não pode retroagir, salvo se beneficiar o réu. ria, a paciente foi flagrada fazendo uma única ligação
clandestina em telefone público. Assim, o valor da res
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA -Este princípio surgiu furtiva pode ser considerado ínfimo, a ponto de justi-
com a ideia de afastar da esfera do Direito Penal situa- ficar a aplicação do Princípio da Insignificância ou da
ções com pouca significância para a sociedade. Observe Bagatela, ante a falta de justa causa para a ação pe-
um pronunciamento do STF sobre o tema: nal.

STF - HC 92961/SP – DJe 07/02/2008- A mínima ofen-


sividade da conduta, a ausência de periculosidade social 03) PRINCÍPIO DA ALTERIDADE:
da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do compor-
tamento e a inexpressividade da lesão jurídica constitu- Este princípio é interessante e de fácil entendimento. Va-
em os requisitos de ordem objetiva autorizadores da mos compreendê-lo através de um exemplo:
aplicação do princípio da insignificância. Imagine que Felipe, após assistir a um jogo de futebol,
fica desesperado com seu time e começa a bater em seu
Mas e se, por exemplo, Felipe furta um grão de arroz de próprio corpo. Felipe poderá ser condenado criminalmen-
Caio, podemos afirmar que o princípio será aplicado e, te por algo?
portanto, a tipicidade afastada?
A resposta é NÃO, pois, segundo o princípio da alteridade,
A resposta é negativa, pois o simples fato de um objeto ninguém pode ser punido por causar mal APENAS A SI
ter um reduzido valor patrimonial não quer dizer que ele PRÓPRIO.
não é importante para quem o detém. Explico: Imagine
que o supracitado grão de arroz tenha sido dado a Caio 04) PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA-
por um parente próximo, poucos instantes antes de mor-
rer. Não será valioso para ele? Segundo este princípio, o Direito Penal deve ser utilizado
com muito critério, devendo o legislador fazer uso dele
Ok, grão de arroz no leito de morte... SOMENTE nas situações realmente NECESSÁRIAS de
serem rigidamente tuteladas. Veja como o STF trata o
assunto:
STF - HC 92463/RS – DJ 30.10.2007 cazes, pois não possuem sanções capazes de inibir esta
[...] conduta. Em abstrato, o Direito Penal tipifica esta conduta
O sistema jurídico há de considerar a relevantíssima como furto (é, então, subsidiário). Ocorre que diante do
circunstância de que a privação da liberdade e a restri- furto de uma caneta bic o Direito Penal não pode intervir
ção de direitos do indivíduo somente se justificam quan- no caso concreto. Ao selecionar a atuação no caso con-
do estritamente necessárias à própria proteção das pes- creto, implicará a fragmentariedade.
soas, da sociedade e de outros bens jurídicos que lhes
sejam essenciais, notadamente naqueles casos em que 05) PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA:
os valores penalmente tutelados se exponham a dano,
efetivo ou potencial, impregnado de significativa lesivi- Segundo este princípio, ninguém pode ser responsabiliza-
dade. O direito penal não se deve ocupar de condutas do por um fato que foi cometido por um terceiro. Tal prin-
que produzam resultado, cujo desvalor - por não impor- cípio tem base constitucional. Veja:
tar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes -
não represente, por isso mesmo, prejuízo importante, Art. 5º [...]
seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integrida- XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
de da própria ordem social. podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
[...] perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
O direito só deve ser aplicado quando estritamente ne- patrimônio transferido;
cessário, mantendo-se subsidiário e fragmentário.
06) Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos:
O direito penal não tem interesse em fatos da natureza,
somente em fatos humanos. Ademais, não tem interesse Impede que o Estado venha a utilizar o Direito Penal para
em qualquer fato humano, apenas nos fatos humanos a proteção de bens ilegítimos. Ex: não compete ao direito
indesejáveis. penal proteger uma religião, tendo em vista que o Estado
é laico.
Como visto, o direito penal é um dos ramos voltados a
garantir a pacificação social. Ou seja, serve como instru- 07) P. da insignificância ou bagatela.
mento para inibir comportamentos humanos desviados
ou indesejáveis. No entanto, em observância ao princípio Visão dos tribunais - STF e STJ-
da intervenção mínima, o direito penal somente esta legi-
timado a agir quando houver o fracasso dos demais ra- Critérios/ requisitos necessários para configuração do
mos do direito, acrescido da relevante lesão ou perigo de delito de bagatela (princípio da insignificância) no enten-
lesão ao bem jurídico tutelado. dimento de ambos os tribunais supramencionados:

O princípio da intervenção mínima tem como característi- a) conduta minimamente ofensiva;


ca a subsidiariedade e fragmentariedade. Ou seja, só deve b) ausência de periculosidade do agente;
intervir quando estritamente necessário, mantendo-se c) reduzido grau de reprovação do comportamento;
subsidiário e fragmentário. d) lesão jurídica inexpressiva.

No que tange à subsidiariedade, esta norteia a interven- O p. da insignificância recai sobre o fato, assim, não tem
ção em abstrato, quando os demais ramos do direito fra- nada a ver atentar para as condições pessoais do agente.
cassarem (ineficazes) no controle social. Deve ser a ulti- Somente critérios objetivos podem nortear tal princípio e
ma ratio, derradeira trincheira no combate ao comporta- nada de consideras os antecedentes da pessoa. OBS.:
mento humano indesejado. O Direito Penal é subsidiário
porque tem consequência jurídica mais drástica. Crime de moeda falsa - ambos não admitem a aplicação
de tal princípio nos crimes contra a fé pública.
Com relação à fragmentariedade, ela norteia a intervenção
no caso concreto. Assim, o Direito Penal somente inter- Já o crime de descaminho - ambos aceitam a aplicação
vém no caso concreto quando presente relevante e intole- do princípio em tela.
rável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
Agora vejamos AS DIVERGÊNCIAS entre os posiciona-
Exemplo dado por Rogério: Imagine todos os Direitos mentos dos tribunais:
reunidos, com exceção do Direito Penal, com a finalidade
de buscar a solução para a subtração de coisa alheia
móvel. Neste caso, os outros ramos do direito são inefi-
O STF aplica o Princípio da insignificância nos crimes do fato, sendo dele exigível um comportamento ou condu-
contra a administração pública Existem julgados avalian- ta adversa.
do a capacidade econômica da vítima.
11) Presunção de inocência ou da não culpa:
O STJ não aplica o Princípio da insignificância nos crimes
contra a administração pública. Postulado que garante ao cidadão, até o trânsito em jul-
gado de sentença condenatória penal, a presunção de
Ou seja, o direito penal não pode punir o agente pelo o que inocência (art. 5º, inc. LVII, da CF).
ele é, pelo que ele pensa ou por seu estilo de vida. Associ-
ar com o filme EASY RIDER... Seus pensamentos, desejos, 12) Proibição da pena indigna:
meras cogitações ou estilo de vida, não são puníveis. É o
direito penal do fato e não direito penal do autor. A ninguém pode ser imposta uma pena ofensiva à digni-
dade da pessoa humana. Está ligado ao princípio da dig-
A aplicabilidade do Princípio da insignificância pode ser nidade da pessoa humana. Este princípio tem previsão no
aplicado ao criminoso reincidente? art. 5º, item 1, da CADH.

O fato para ser insignificante tem que ter requisitos obje- 13) Humanização das penas ou humanidade das penas:
tivos, e não requisitos subjetivos, que constituiria neste
caso a aplicação do direito penal, segundo os critérios do Não se admite pena desumana, cruel ou degradante. Este
direito penal do autor, o que é vedado, sendo este o en- princípio tem previsão no art. 5º, item 2, da CADH. Assim,
tendimento prevalecente. Entretanto, há julgados no STJ proíbe – se a prisão perpétua e, em regra, a pena de mor-
condicionando a aplicação do Princípio da insignificância te. Excepcionalmente admitimos a pena de morte (caso
aos bons antecedentes do agente. de guerra declarada – executada por meio de fuzilamen-
to).
08) Princípio da responsabilidade pessoal:
14) Proporcionalidade:
Proíbe-se o castigo penal pelo fato de outrem, não se ad-
mite a responsabilidade coletiva. O STF tem anulado o A pena deve ser proporcional à gravidade do fato/delito
processo por inépcia da inicial, em especial, crimes previ- desconsiderando as qualidades pessoais do agente***
denciários e societários, não basta apontar os diretores, (princípio implícito no princípio da individualização de
mas dizer o que cada um fez. É difícil individualizar, mas pena – a doutrina moderna nem fala mais em p. da indivi-
tem de dizer como o ser concorreu com o crime. Enfim, a dualização da pena e tão somente em proporcionalidade.)
denúncia genérica é proibida com fundamento no princí-
pio da responsabilidade pessoal. OBS: O direito penal do fato determina que o tipo penal só
deve incriminar fatos, comportamentos humanos voluntá-
09) Responsabilidade subjetiva: rios. No entanto, no momento da individualização da pena
é imprescindível considerar o rol de qualidades do agente
Não basta que o fato seja materialmente causado pelo (positivas ou negativas) a fim de obedecer à responsabili-
agente, só podendo ser responsabilizado se ele foi queri- dade penal individual.
do (dolo direto), aceito (dolo eventual) ou previsível (cul-
pa). Trata-se de princípio diametralmente oposto a res- 15) Vedação do bis in idem:
ponsabilidade objetiva. Somente há punição a fatos dese-
jados, desejáveis ou previsíveis. Ou seja, não há respon- Ninguém pode ser punido mais de uma vez pela prática
sabilidade penal sem dolo ou culpa. Tem prova/concurso do mesmo ato. Deve ser analisado a partir do tripé:
pedindo exceções do CP (não de lei especial – como o
caso da pessoa jurídica). a) Material: ninguém pode ser condenado pela segunda
vez em razão do mesmo fato;
10) Culpabilidade:
b) Processual: ninguém pode ser processado duas vezes
Basta dissertar sob os elementos/requisitos da culpabili- pelo mesmo crime, por tal ângulo; e
dade. Trata-se de postulado limitador do direito de punir.
Assim, só pode o Estado punir agente imputável com po- c) Execucional: ninguém pode ser executado duas vezes
tencial consciência da ilicitude, quando dele exigível con- por condenações relacionadas ao mesmo fato.
duta diversa. Enfim, não há responsabilidade penal sem
um agente capaz, com potencial consciência da ilicitude
16) Da legalidade: Art. 1º do CP - diz que não há pena sem prévia cominação
legal, como ficam as medidas de segurança, aplica-se o
Vejamos o artigo abaixo: p. da legalidade?

Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não Há duas correntes:
há pena sem prévia cominação legal.
a) não se estende às medidas de segurança o princípio
A primeira corrente diz que adotamos o p. da legalidade ( da legalidade, vez que não se pretende punir, mas sim
= sinônimo da reserva legal) – não prevalece. curar – caráter curativo (Francisco de Assis Toledo); e

Já a segunda corrente diz que adotamos do Princípio da b) se estende, vez que a medida de segurança é uma es-
Reserva Legal, porque a lei tomada em sentido ampla pécie de sanção penal, logo, não se pode negar seu ca-
abrange todas as espécies normativas. Já tomada no seu ráter aflitivo (corrente majoritária e posição do STF).
sentido restrito abrange somente LO e LC. O artigo primei-
ro toma a lei no sentido restrito (esta que adotamos). PARTE GERAL- DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
Uma terceira corrente diz que trata do p. da legalidade
que é o é reserva mais anterioridade legal. Anterioridade da Lei

O princípio da Legalidade (reserva legal mais anteriorida- Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não
de): constitui uma real limitação ao poder estatal de inter- há pena sem prévia cominação legal.
ferir na esfera individual das liberdades. Em síntese, é a
limitação ao poder punitivo do Estado. MEDIDA PROVISÓRIA NÃO PODE CRIAR CRIME NEM CO-
MINAR PENA?
A legalidade tem previsão:
Primeira Corrente- diz que NÃO. Para esta corrente MP
a) no art.5º, XXXIX, da CF; não combina com dir. penal, ainda que convertida em lei.
b) no art. 1º do CP; Com base na CF, art. 62, par.1º:
c) no art. 9º da Convenção Americana de Direitos Huma-
nos – CADH; Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da
d) no Estatuto de Roma – criou a o TPI – art. 22. República poderá adotar medidas provisórias, com força de
lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
Base legal do p. da legalidade: § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre ma-
téria:
CF art. 5º, XXXIX I – relativa a:
b) direito penal, processual penal e processual civil;
Fundamentos do p. da legalidade
Segunda Corrente- Contudo, outra corrente (adotada pelo
1. Político: exigência de vinculação do executivo e do STF) discorda da primeira, no sentido de que a MP quan-
judiciário a lei abstrata a fim de impedir poder punitivo do versar sobre direito penal não incriminador pode ser
com base no livre arbítrio; adotada. Destaca o RE 254.818 do Paraná discutindo os
2. Democrático: respeito ao p. da divisão de poderes ou efeitos benéficos trazidos pela MP 1.571/97 (permitiu o
funções, ou seja, o parlamento representante do povo parcelamento de débitos previdenciários e tributários com
deve ser responsável pela criação dos tipos penais; efeito extintivo da punibilidade).
3. Jurídico: uma lei prévia e clara produz importante efei-
to intimidativo. Lei delegada- incabível – art. 68, par. 1º, CF

OBS: Art. 1º, CP e as contravenções penais Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presiden-
te da República, que deverá solicitar a delegação ao Con-
O CP (ART.1º) não menciona as contravenções penais gresso Nacional.
quanto à observância da legalidade. Mas a doutrina é § 1º - Não serão objeto de delegação os atos de compe-
pacífica no sentido de que o princípio da legalidade se tência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência
aplica aos crimes, bem como às contravenções penais. privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a
matéria reservada à lei complementar, nem a legislação so-
Art. 1º, CP e as medidas de segurança bre:
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos
e eleitorais;
Resolução do TSE, CNJ e CNMP (a resolução não é lei em Mas o que é "tesouro"? Para a correta complementação
sentido estrito), também não podem criar crime ou comi- do art. 169, parágrafo único, I, do CP (norma penal em
nar pena, pois têm força meramente normativa. branco), devemos recorrer ao Código Civil que em seu art.
1264 leciona que tesouro é:
LEI COMPLETA OU INCOMPLETA
Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto
A lei penal poderá ser completa se dispensar outra espé- e de cujo dono não haja memória [...].
cie normativa ou interpretação valorativa do juiz.
Neste exemplo, temos uma LEI, editada pelo LEGISLATI-
Ex: art. 121. Contudo a lei penal poderá ser incompleta - VO, complementando norma de mesma especificação.
depende de complemento normativo ou valorativo. 1.
Completa; e 2. Incompleta STJ, HC 98113/MS, DJ 15.06.2009
O art. 1°, I, da Lei 8.176/91, ao proibir o comércio de
A INCOMPLETA pode ser do tipo - NORMA PENAL EM combustíveis em desacordo com as normas estabeleci-
BRANCO – isto é depende de outra espécie legislativa. A das na forma da lei, é norma penal em branco em senti-
norma penal em branco é aquela com preceito secundário do estrito, porque não exige a complementação median-
(pena) determinado, porém, com preceito primário (conte- te lei formal, podendo sê-lo por normas administrativas
údo) indeterminado, dependendo, para sua exeqüibilidade infralegais, estas sim, estabelecidas "na forma da lei".
(eficácia), de complementação por outra norma ou ato
administrativo. A complementação pode se dar por uma OBSERVAÇÃO
norma da mesma espécie normativa (lei) ou por uma
norma de outra espécie normativa (ato normativo). Ade- Alguns autores referem-se à chamada lei penal em branco
mais, temos as espécies de norma penal em branco: inversa ou ao avesso. Trata-se de situação em que o pre-
ceito primário é completo, mas o secundário necessita de
NORMA PENAL EM BRANCO EM SENTIDO ESTRITO, complementação. Neste caso, o complemento só pode
PRÓPRIA OU HETEROGÊNEA- o complemento normativo ocorrer por lei sob pena de afronta ao princípio da reserva
não emana do legislador. A lei é complementada por ato legal.
normativo diverso de lei – emana do executivo.
Trata-se de uma
Ex: art. 33 da Lei 11.343/06 (lei de drogas) é complemen-
tado por uma portaria do Ministério da Saúde. Portaria A norma penal em branco fere o princípio da taxatividade?
344 de 98 -traz o que é droga.
Não, pois apesar de formular proibição genérica comple-
NORMA PENAL EM BRANCO EM SENTIDO AMPLO, IM- mentável, a norma penal em branco não fere o princípio
PRÓPRIA OU HOMOGÊNEA: a lei é complementada pela da taxatividade, vez que sua eficácia fica sustada até que
mesma espécie normativa (lei). completada seja.

São aquelas em que o complemento é determinado pela E o respeito ao fundamento democrático do p. da legali-
mesma fonte formal da norma incriminadora, ou seja, o dade?
complemento tem a mesma natureza jurídica e provém do
mesmo órgão que elaborou a lei penal incriminadora. Ex: portaria que diz o que é drogas. Não foi o parlamento
que fez, mas sim o executivo.
Exemplo: Observe o art. 169, parágrafo único, I, do Código
Penal: A norma penal em branco em sentido estrito (complemen-
to não é dado pelo legislador) é inconstitucional. Esta
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao modalidade ofende o p. da reserva legal, visto que o seu
seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: conteúdo poderá ser modificado sem que haja uma dis-
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. cussão amadurecida da sociedade (Rogério Greco).
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no Já outra corrente diz que na norma penal em branco em
todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do sentido estrito existe um tipo penal incriminador que tra-
prédio; duz os requisitos básicos do delito (verbo do tipo, sujei-
tos, objetos jurídico e material, etc.). O que a autoridade
administrativa pode fazer é explicitar um dos requisitos
típicos dado pelo legislador (corrente majoritária – LFG,
p.ex.)
 LEI PENAL

CONCEITO

A lei penal é a fonte formal imediata do Direito Penal e é


classificada pela doutrina majoritária em incriminadora e ANALOGIA
não incriminadora.
Dizemos “incriminadoras” aquelas que criam crimes e A analogia jurídica consiste em aplicar a um caso não
cominam penas como, por exemplo: previsto pelo legislador a norma que rege caso análogo,
semelhante. Por exemplo, a aplicação de dispositivo refe-
Art. 121. Matar alguém: rente à empresa jornalística a uma firma dedicada à edi-
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. ção de livros e revistas.

Sua estrutura apresenta dois preceitos, um primário (que A analogia não diz respeito à interpretação jurídica pro-
expõe a conduta) e um secundário (que determina a pe- priamente dita, mas à integração da lei, pois sua finalida-
na): de é justamente SUPRIR LACUNAS DESTA. A analogia se
apresenta nas seguintes espécies:
Diferentemente, as leis penais não incriminadoras são as
que não criam delitos e nem cominam penas, e subdivi- a) Analogia in malam partem –
dem-se em:
É aquela em que se supre a lacuna legal com algum dis-
a) PERMISSIVAS - Autorizam a prática de condutas típi- positivo prejudicial ao réu. Isto não é possível no nosso
cas. Exemplo: ordenamento jurídico e desta forma já se pronunciou o
STJ e o STF. Observe:
Art. 23 do CP.
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: STJ - REsp 956.876/RS - 2007/0124539-5
I - em estado de necessidade; Não cabe ao Julgador aplicar uma norma, por assemelha-
II - em legítima defesa; ção, em substituição a outra validamente existente, sim-
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício plesmente por entender que o legislador deveria ter regula-
regular de direito. do a situação de forma diversa da que adotou; não se pode,
por analogia, criar sanção que o sistema legal não haja
b) EXCULPANTES - Estabelecem a não culpabilidade do determinado, sob pena de violação do princípio da reserva
agente ou caracteriza a impunidade de algum crime. legal.
Observe:
STF - INQUÉRITO: Inq 1145 PB – 19.12.2006
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, Não é possível abranger como criminosas condutas que
valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de não tenham pertinência em relação à conformação estri-
que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito ta do enunciado penal. Não se pode pretender a aplica-
próprio ou alheio: ção da analogia para abarcar hipótese não mencionada
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. no dispositivo legal (analogia in malam partem). Deve-se
[...] adotar o fundamento constitucional do princípio da lega-
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o cri- lidade na esfera penal. Por mais reprovável que seja a
me de outrem: lamentável prática da "cola eletrônica", a persecução
Pena - detenção, de três meses a um ano. penal não pode ser legitimamente instaurada sem o
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, atendimento mínimo dos direitos e garantias constituci-
se precede à sentença irrecorrível, EXTINGUE A PUNIBILIDA- onais vigentes em nosso Estado Democrático de Direito.
DE; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
b) Analogia in bonam partem –
c) INTERPRETATIVAS- Explicam determinado conceito,
tornando clara a sua aplicabilidade. É o caso do artigo Neste caso, aplica-se ao caso omisso uma norma favorá-
327 do CP, que explica o conceito de funcionário públi- vel ao réu. Este tipo de analogia é aceito em nosso orde-
co para fins penais: namento jurídico e desta forma já se posicionou o STF em
diversos julgados.
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efei-
tos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remune- Observe:
ração, exerce cargo, emprego ou função pública.
HC/97676 - HABEAS CORPUS – 03/08/2009 LEI ABOLICIONISTA PODE RETROAGIR NA VACATIO LE-
Assim, é perfeitamente aplicável a analogia in bonam GIS?
partem, a fim de extinguir a punibilidade do réu, garan-
tindo-se a aplicação do princípio da isonomia, pois é Primeira corrente: é possível, sabendo que a finalidade
defeso ao julgador conferir tratamento diverso a situa- primordial da vacatio legis é tornar a lei conhecida não faz
ções equivalentes. sentido que aqueles que já se inteiraram do seu teor fi-
quem impedidos de lhe prestar obediência, em especial,
ABOLITIO CRIMINIS quando o preceito é mais brando. - Art. 28, Lei de Drogas,
usuário. (adotar prova Defensoria pública).
O instituto da abolitio criminis ocorre quando uma lei nova
trata como lícito fato anteriormente tido como criminoso, Segunda corrente: não é possível, pois é desprovida de
ou melhor, quando a lei nova descriminaliza fato que era eficácia jurídica e social devendo imperar a lei vigente.
considerado infração penal. Encontra embasamento no
artigo 2º do Código Penal, que dispõe da seguinte forma: Fazendo-se um confronto entre a lei anterior e a lei poste-
rior, a segunda tem uma parte mais benéfica e outra mais
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posteri- gravosa em relação à primeira. Desse modo, aplica-se
or deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a uma “terceira lei” (lex tertia), resultado da combinação
execução e os efeitos penais da sentença condenatória. das duas leis. É possível?

Não se confunde a descriminalização com a despenaliza- Não é admissível a combinação de leis, pois, ao proceder
ção, haja vista a primeira delas (descriminalização) retirar assim, o juiz ofende o princípio da separação dos Pode-
o caráter ilícito do fato, enquanto que a outra é o conjunto res, penetra em campo exclusivo e privativo do legislador,
de medidas que visam eliminar ou suavizar a pena de tornando-se legislador positivo, que é absolutamente pro-
prisão. Assim, na despenalização a conduta ainda é con- ibido (Nelson Hungria e a 1ª turma do STF - RHC 94802).
siderada um crime.
Como tratar a sucessão de lei penal no caso de continui-
Segundo os princípios que regem a lei penal no tempo, a dade delitiva?
lei abolicionista É NORMA PENAL RETROATIVA, atingindo
fatos pretéritos, ainda que acobertados pelo manto da Apesar de cometido o delito em continuidade delitiva,
coisa julgada. Isto porque o respeito à coisa julgada é para fins da pena, considera-se que só um crime foi prati-
uma garantia do cidadão em face do Estado. Logo, a lei cado.
posterior só não pode retroagir se for prejudicial ao réu.
Se quando ele começou a praticar o crime ‘A’ com pena
Entende a maioria da doutrina, inclusive o Supremo Tribu- de 1 a 4 anos e quando do 3º crime (crime continuado) a
nal Federal, que é perfeitamente possível abolitio criminis lei era ‘B’ com pena de 2 a 8 anos. Esse crime sofre as
por meio de medida provisória. Cite-se como exemplo o penas da lei A ou B?
seguinte julgado do STF:
1ª C – se vários crimes em continuidade delitiva (art. 71,
STF - AI 680.361/SC - DJ 9.03.2010 CP) são praticados sob a égide de duas leis, sendo
Medida provisória: sua inadmissibilidade em matéria uma mais grave, o conflito resolve-se pela aplicação
penal – extraída pela doutrina consensual - da interpre- do princípio da retroatividade ou ultratividade da lei
tação sistemática da Constituição -, não compreende a mais benéfica.
de normas penais benéficas, assim, as que abolem cri-
mes ou lhes restringem o alcance, extingam ou abran- 2ª C – aplica-se a lei vigente ao término da cessação da
dem penas ou ampliam os casos de isenção de pena ou continuidade. O agente que prosseguiu na continuida-
de extinção de punibilidade. de delitiva após o advento da lei nova tinha a possibili-
dade de motivar-se pelos imperativos desta ao invés
Para finalizar, exemplo claro de abolitio criminis em nosso de persistir nas práticas de seus crimes. Submete-se,
ordenamento jurídico foi o que aconteceu com o adultério, portanto, ao novo regime, ainda que mais grave, sem
que desde 2005 não é mais considerado crime. violação ao princípio da legalidade.

A 2ª corrente hoje está sumulada no STF - Súmula 711 - A


lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao
crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessa-
ção da continuidade ou da permanência.
LEI PENAL MAIS BENÉFICA Lei excepcional: É a que atende as transitórias necessi-
dades estatais, tais como guerras, calamidades, epidemi-
Imaginemos que Felipe cometeu um delito. Meses depois, as etc. Perdura por todo o tempo excepcional.
após sua condenação transitada em julgado, a lei penal é
modificada, tornando-se mais benéfica. Para este caso, Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorri-
ela retroagirá? do o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias
que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua
Para obter a resposta você deve verificar o parágrafo úni- vigência.
co do artigo 2º do Código Penal, que dispõe:
 OBS.:
Art. 2º[...] A ultratividade do art. 3º é necessária, pois do contrário
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo se sancionaria o absurdo de reduzir as disposições des-
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que tas leis a uma espécie de ineficácia preventiva em rela-
decididos por sentença condenatória transitada em julgado. ção aos fatos, por elas validamente vetados, que fossem
cometidos na eminência do vencimento.
Para ficar bem claro, vamos aplicar o regramento legal em
um caso prático: 1ª C – sabendo que a CF/88 não traz qualquer exceção à
proibição da ultratividade maléfica, Zaffaroni entende
Em 2006 tivemos o advento da lei nº. 11.343, conhecida que o art. 3º não foi recepcionado. A CF prevê a regra e
como Lei de Drogas. Até então, caso determinado indiví- não a exceção. Rogério Greco, Mauricio Antônio Ribei-
duo fosse encontrado com drogas, mesmo para consumo ro Lopes também concordam.
próprio, estaria cometendo um crime e poderia, inclusive,
ser preso. 2ª C – esta prevalece: não se vislumbra ofensa ao princí-
pio da retroação mais benéfica (art. 5º, XL, CF), pois a
A nova lei veio despenalizar a conduta, ou seja, hoje, se norma penal (temporária em sentido estrito ou amplo)
um indivíduo estiver com drogas para consumo pessoal, possui, como elemento do tipo, o fator ‘tempo’ de mo-
não pode ser preso do que ao deixar de viger, não lhe sucede nenhuma lei
nova, mas apenas existe um retorno daquela que regu-
 OBS: lava a situação anteriormente. (Nucci, Damásio, LFG).
A retroatividade é automática, dispensa cláusula expres-
sa e alcança inclusive os fatos definitivamente julgados! Do exposto, podemos resumir:

Atenção, agora, para um importante detalhe: Tratamos RETROATIVIDADE- Fenômeno jurídico em que se aplica
que a lei mais favorável é RETROATIVA. Sendo assim, uma norma a fato ocorrido ANTES do início da vigência da
somente podemos falar em RETROATIVIDADE quando lei nova lei.
posterior for mais benéfica ao agente, em comparação
àquela que estava em vigor quando o crime foi praticado. ULTRATIVIDADE- Fenômeno jurídico pelo qual há a apli-
cação da norma APÓS a sua revogação.
Observe:
 OBS.:
Mas imaginemos que Caio comete um delito sob a égide Alguns autores referem-se à chamada lei penal em bran-
de uma LEI “A”. Meses depois uma LEI “B” revoga a LEI co inversa ou ao avesso. Trata-se de situação em que o
“A”, trazendo regras mais gravosas ao crime cometido por preceito primário é completo, mas o secundário necessi-
Caio. O que fazer neste caso? ta de complementação. Neste caso, o complemento só
pode ocorrer por lei sob pena de afronta ao princípio da
Para esta situação, em que um delito é praticado durante reserva legal.
a vigência de uma lei que posteriormente é revogada por
outra prejudicial ao agente, ocorrerá a ULTRATIVIDADE da  CONFLITO APARENTE DE LEIS
lei. Quando se diz que uma lei penal é dotada de ultrativi-
dade, quer-se afirmar que ela, apesar de não mais vigente, "Ocorre o conflito aparente de normas penais quando o
continua a vincular os fatos anteriores à sua saída do mesmo fato se amolda a duas ou mais normas incriminado-
sistema. ras. A conduta, única, parece subsumir-se em diversas nor-
mas penais. Ou seja, há uma unidade de fato e uma plurali-
Lei temporária em sentido estrito: é aquele que tem prazo dade de normas contemporâneas identificando aquele fato
pré-fixado em seu texto o tempo de sua vigência. Geral- como criminoso."
mente é de curta duração.
Resumindo, o conflito aparente de leis penais ocorre Como exemplo, compete citar o crime de perigo para a
quando a um só fato, aparentemente, duas ou mais leis vida ou saúde de outrem (art. 132, CP):
são aplicáveis, ou seja, o fato é único, no entanto, existe
uma pluralidade de normas a ele aplicáveis. "Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo dire-
to e iminente:
Como diz a própria expressão, o conflito é aparente, pois Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, se o fato não consti-
se resolve com a correta interpretação da lei. Para Nélson tuir crime mais grave".
Hungria:
Como se retira do preceito secundário do artigo transcrito,
"Não é admissível que duas ou mais leis penais ou dois ou somente "se o fato não constituir crime mais grave" é que
mais dispositivos da mesma lei penal se disputem, com igual a pena relativa ao delito descrito no art. 132 será aplicada
autoridade, exclusiva aplicação ao mesmo fato. Para evitar a ao agente.
perplexidade ou a intolerável solução pelo bis in idem, o direi-
to penal (como o direito em geral) dispõe de regras, explícitas No caso da subsidiariedade tácita a norma nada diz, mas,
ou implícitas, que previnem a possibilidade de competição diante do caso concreto, verifica-se seu caráter secundá-
em seu seio." rio.

A doutrina, regra geral, indica 04 princípios a serem apli- Exemplo claro é o do crime de roubo em que a vítima,
cados a fim de solucionar o conflito aparente de leis pe- mediante emprego de violência, é constrangida a entregar
nais, são eles: a sua bolsa ao agente.

1. SUBSIDIARIEDADE; Aparentemente, incidem o tipo definidor do roubo (norma


2. ESPECIALIDADE; primária) e o do constrangimento ilegal (norma subsidiá-
3. CONSUNÇÃO; ria), sendo que o constrangimento ilegal, no caso, foi ape-
4. ALTERNATIVIDADE nas uma fase do roubo, além do fato de este ser mais
grave.
O conhecimento destes 04 princípios é importante para a
sua PROVA e, para lembrá-los, observe que juntos formam 03) PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO
a palavra SECA!!!
Conhecido também como PRINCÍPIO DA ABSORÇÃO, é
Vamos conhecê-los: um princípio aplicável nos casos em que há uma suces-
são de condutas com existência de um nexo de depen-
01) PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE dência. De acordo com tal princípio, o crime mais grave
absorve o crime menos grave.
Estabelece que a lei especial prevalece sobre a geral.
Considera-se lei especial aquela que contém todos os Ao contrário do que ocorre no princípio da especialidade,
requisitos da lei geral e mais alguns chamados especiali- aqui não se reclama a comparação abstrata entre as leis
zantes. penais. Comparam-se os fatos, inferindo-se que o mais
grave consome os demais, sobrando apenas a lei penal
Exemplo: O crime de infanticídio, previsto no artigo 123 do que o disciplina. Mas como assim?
Código Penal, tem um núcleo idêntico ao do crime de ho-
micídio, tipificado pelo artigo 121, qual seja, "matar al- Para uma melhor compreensão, pensemos, por exemplo,
guém". Torna-se figura especial, ao exigir elementos dife- no crime de furto qualificado (art. 155, § 4°, do Código
renciadores: A autora deve ser a mãe e a vítima deve ser o Penal). Veja:
próprio filho, nascente ou neonato, cometendo-se o delito
durante o parto ou logo após, sob influência do estado Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
puerperal. móvel:
[...]
02) PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE Furto qualificado
§ 4° - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se
Subdivide-se em expresso e tácito. o crime é cometido:

Ocorre a subsidiariedade expressa, quando a própria I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtra-
norma reconhece seu caráter subsidiário, admitindo inci- ção da coisa;
dir somente se não ficar caracterizado o fato de maior II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada
gravidade. ou destreza;
III - com emprego de chave falsa; Ao menos em linhas gerais, se a pessoa transita com o
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. veículo na calçada, na ciclovia e depois no acostamento,
não cometerá tantas infrações quantos forem os deveres
Simplesmente olhando para o tipo penal, não posso dizer violados. Trata-se de ilícito administrativo de "condutas
que ele sofre consunção, pois que dele, em si, nada posso múltiplas" e ele sofrerá única sanção em face do princípio
aferir quanto a sua correspondência íntima com outro da alternatividade. Finalizando este tópico, cabe pela im-
crime. Assim, o que importa para sua PROVA é que ABS- portância ressaltar:
TRATAMENTE É IMPOSSÍVEL SABER SE UM CRIME É, OU
NÃO, CONSUNTIVO. O conflito de normas é aparente, ou seja, sempre pode
ser solucionado através de uma correta interpretação.
No entanto, se digo que o agente Felipe, com o intuito de
furtar bens de uma residência, escala o muro que a cerca  TEMPO DO CRIME
e, utilizando-se de chave falsa, abrelhe a porta e penetra
em seu interior, subtraindo-lhe os bens e fugindo logo em Guerreiro, imagine que Felipe atira em Caio no dia 15 de
seguida, posso, com toda a certeza, afirmar que o princí- março de 2011, quando possuía 17 anos, 28 dias e 6 ho-
pio da consunção se faz presente. ras. Caio é socorrido, levado ao hospital e vem a falecer
no dia 03 de abril de 2011, em virtude dos disparos.
Neste caso, o furto qualificado pela escalada e pelo em-
prego de chave falsa (art. 155, § 4°, II, 3a figura, e III, do Neste caso, Felipe poderá ser condenado?
Código Penal) ABSORVE a violação de domicílio qualifica-
da (art. 150, § 1°, 1a figura, do Código Penal), que lhe ser- Perceba que temos a ação ocorrendo em uma data (dis-
viu de meio necessário. paros) e o resultado em outra. Como encontrar a solução
para este questionamento?
04) PRINCÍPIO DA ALTERNATIVIDADE
Para determinar o tempo do crime, a doutrina criminal
Ocorre quando uma norma jurídica prevê diversas condu- tem apresentado três teorias, quais sejam, a teoria da
tas, alternativamente, como modalidades de uma mesma atividade, do resultado e da ubiquidade (mista).
infração. Para estes casos, mesmo que o infrator cometa
mais de uma dessas 'condutas alternativas', isto é, se, Teoria da Atividade O crime ocorre no lugar em que foi
acaso, violar mais de um dever jurídico, será apenado praticada a ação ou omissão, ou seja, a conduta crimino-
somente uma vez. sa. Ex.: o crime de homicídio é praticado no lugar em que
É comum no Direito Ambiental a norma jurídica determi- o agente dispara a arma de fogo com a intenção de matar
nar várias modalidades de conduta para a mesma infra- a vítima;
ção. Por exemplo, o artigo 11do Decreto 3.179, de
21.9.1999, que regulamenta a Lei 9.605/1998, estabelece: Teoria do Resultado - O crime ocorre no lugar em que
ocorreu o resultado.
"Art. 11. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espéci-
mes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a Ex.: o crime de homicídio é praticado no lugar em que a
devida permissão, licença ou autorização da autoridade vítima morreu, ainda que outro tenha sido o lugar da ação;
competente, ou em desacordo com a obtida: multa de (...)."
Teoria da Ubiquidade - Também conhecida por teoria mis-
O infrator será apenado apenas uma vez, ainda que realize ta, já que para esta teoria o crime ocorre tanto no lugar
diversos comportamentos estabelecidos na norma. Por em que foi praticada a ação ou omissão (atividade) como
exemplo, se a pessoa caça e depois mata determinado onde se produziu, ou deveria se produzir o resultado
animal silvestre, sofrerá apenas uma reprimenda. (resultado).

Para ficar bem claro, vamos analisar outro exemplo: As- O Código Penal adota claramente, em seu artigo 4°, a TE-
sim dispõe o artigo 193 da Lei 9.503, de 23.9.1997, que ORIA DA ATIVIDADE para determinar o tempo do crime.
institui o Código de Trânsito Brasileiro: Observe:

"Art. 193. Transitar com o veículo em calçada, passeios, Art. 4° - Considera-se praticado o crime no momento da
passarelas, ciclovias, ciclofaixas, ilhas, refúgios, ajardina- ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resul-
mentos,canteiros centrais e divisores de pista de rolamento, tado Desta forma, fica claro que em nosso exemplo inicial
acostamentos, marcas de canalização, gramados e jardins Felipe não poderá ser condenado com base no Código
públicos: Penalidade: multa (...)". Penal, pois era menor quando da ação do delito. Serão
cabíveis para o caso as disposições do Estatuto da Crian-
ça e do Adolescente.
EFEITOS DA TEORIA DA ATIVIDADE PARA O TEMPO DO SÚMULA 711 DO STF
CRIME- A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou
ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à
A adoção da teoria da atividade para a determinação do cessação da continuidade ou da permanência.
tempo do crime apresenta algumas consequências, den-
tre as quais as seguintes são importantes para a sua 5. No Crime Habitual em que haja sucessão de leis, deve
PROVA: ser aplicada a nova, ainda que mais severa, se o agen-
te insistir em reiterar a conduta criminosa.
1. Aplica-se a lei em vigor ao tempo da conduta, exceto
se a do tempo do resultado for mais benéfica. LEI PENAL NO ESPAÇO

2. Apura-se a imputabilidade NO MOMENTO DA CONDU- O Código Penal trata de maneira detalhada da aplicação
TA. da Lei Penal no espaço e, assim, torna claro para a socie-
dade onde as normas definidas pelo Legislador Brasileiro
CRIME PERMANENTE * é o crime cujo momento Consumati- serão aplicadas.
vo se prolonga no tempo. exemplo: CP, art. 148 - sequestro
e cárcere privado. Sabendo que um fato punível pode, eventualmente, atingir
os interesses de 2 ou mais Estados igualmente sobera-
CRIME CONTINUADO * o instituto do crime continuado é nos, o estudo da lei penal no espaço visa a descobrir qual
uma ficção jurídica que, exigindo o cumprimento de requisi- é o âmbito territorial de aplicação da lei penal brasileira,
tos objetivos (mesma espécie, condições de tempo, lugar, bem como de que forma o Brasil se relaciona com outros
maneira de execução e outras semelhantes), equipara a países em matéria penal.
realização de vários crimes a um só. exemplo: caixa de su-
permercado que, dia após dia, e na esperança de que o seu Um fato atingindo vários Estados soberanos.
superior exerça as suas funções negligentemente, tira pe-
queno valor diário do caixa, que pode tornar-se considerável A REGRA para dirimir conflitos e dúvidas é a utilização do
com o passar do tempo. princípio da TERRITORIALIDADE, ou seja, aplica-se a lei
penal aos crimes cometidos em território nacional. Tal
CRIME HABITUAL * consoante Capez, "é o composto pela preceito encontra-se no Código Penal, observe:
reiteração de atos que revelam um estilo de vida do agente,
por exemplo, rufianismo (CP, art. 230), exercício ilegal da Art. 5° - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de conven-
medicina; só se consuma com a habitualidade na conduta. ções, tratados e regras de direito internacional, ao crime
cometido no território nacional.
Prosseguindo:
Há exceções que ocorrem quando o brasileiro pratica
3. Nos crimes permanentes, enquanto perdura a ofensa crime no exterior ou um estrangeiro comete delito no Bra-
ao bem jurídico (Exemplo: extorsão mediante seques- sil. Fala-se, assim, que o Código Penal adotou o princípio
tro), o tempo do crime se dilatará pelo período de per- da TERRITORIALIDADE TEMPERADA OU MITIGADA.
manência. Assim, se o autor, menor, durante a fase de
execução do crime vier a atingir a maioridade, respon- Dito isto, vamos esmiuçar a regra e as exceções:
derá segundo o Código Penal e não segundo o Estatu-
to da Criança e do Adolescente — ECA (Lei n. PRINCÍPIO DE TERRITORIALIDADE
8.069/90).
O CP adotou a territorialidade RELATIVA ou TEMPERADA
4. Nos crimes continuados em que os fatos anteriores PELA INTRATERRITORIALIDADE (“sem prejuízo de con-
eram punidos por uma lei, operando-se o aumento da venções, tratados e regras de direito internacional”).
pena por lei nova, aplica-se esta última a toda unidade
delitiva, desde que sob a sua vigência continue a ser Em termos jurídicos, território é o espaço em que o Estado
praticado. exerce sua soberania política. Para a sua PROVA você
não precisa saber exatamente o que compreende o terri-
A importantíssima súmula 711 do STF resume os itens 03 tório brasileiro, bastando apenas o conhecimento do dis-
e 04. Observe: posto nos parágrafos 1° e 2° do artigo 5°, que dispõe:
Art. 5° [...] PRINCÍPIOS QUE MITIGAM A TERRITORIALIDADE
§ 1° - Para os efeitos penais, consideram-se como exten-
são do território nacional as embarcações e aeronaves brasi- Vimos que o Código Penal adota o princípio da territoriali-
leiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro dade temperada ou mitigada por haverem exceções ao
onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as princípio da territorialidade. Vamos conhecê-las:
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade priva-
da, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo corres- 01) PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE OU DA PERSONALI-
pondente ou em alto mar. DADE
§ 2° - É também aplicável a lei brasileira aos crimes prati-
cados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de Autoriza a submissão à lei brasileira dos crimes pratica-
propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no terri- dos no estrangeiro por autor brasileiro ou contra vítima
tório nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e brasileira.
estas em porto ou mar territorial do Brasil.
Este princípio se subdivide em outros dois:
Territorialidade: o Extraterritorialidade: Intraterritorialidade:
crime é praticado o crime é praticado o crime é praticado a) Princípio da Personalidade Ativa –
no Brasil e a lei no exterior, porém, no Brasil, porém,
aplicada é a brasi- aplica-se a lei brasi- aplica-se a lei es- Só se considera a nacionalidade do autor do delito, ou
leira. leira. trangeira (ex: imuni- seja, independentemente da nacionalidade do sujeito
dade diplomática). passivo e do bem jurídico ofendido, o agente é punido de
acordo com a lei brasileira. Encontra-se disposto no art.
Com base nos supracitados parágrafos, imagine que Feli- 7.°, I, alínea "d" e II, "b" do Código Penal:
pe, brasileiro, está na Argentina e confere lesões corporais
graves em um "Hermano". Diante de tal fato, Felipe, per- Art. 7° - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos
seguido por policiais, corre para um navio da marinha de no estrangeiro:
guerra do Brasil e o adentra. Neste caso, Felipe poderá ser I - os crimes: [...]
preso pelos policiais Argentinos? d) de genocídio, quando o agente for brasileiro [...]
II - os crimes: [...]
A resposta é negativa, pois o navio será considerado ex- b) praticados por brasileiro;b)
tensão do território Brasileiro e não poderá ser penetrado
peles policiais Argentinos. b) Princípio da Personalidade Passiva Considera-se so-
mente a nacionalidade da vítima do delito. Encontra
Agora outra situação... Caio, Americano, está em um cru- previsão no art. 7.°, § 3°, do Código Penal:
zeiro que passará pelas belas praias do Rio de Janeiro.
Nas proximidades de Copacabana, Caio atira em Caio. § 3° - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido
Diante desta situação, o que fazer? Caio pode ser preso por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas
segundo as leis brasileiras? as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
A resposta é positiva, pois, com base no parágrafo 2° do b) houve requisição do Ministro da Justiça.
artigo 5°, para crimes praticados a bordo de embarcações
privadas estrangeiras, achando-se estas em porto ou mar 02) PRINCÍPIO DA DEFESA REAL OU DA PROTEÇÃO
territorial do Brasil, aplica-se a lei brasileira.
A lei penal é aplicada independente da nacionalidade do
Como percebe, as regras são de fácil aplicação, mas o bem jurídico atingido pela ação delituosa, onde quer que
correto entendimento é fundamental para sua PROVA. ela tenha sido praticada e independente da nacionalidade
do agente. O Estado protege os seus interesses além das
A imunidade diplomática dos que se encontram no Brasil fronteiras. Observe o preceituado no Código Penal:
a serviço do Estado estrangeiro, tem natureza jurídica de
causa funcional de isenção de pena (excludente de puni- Art. 7° - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos
bilidade), não sendo causa de atipicidade, excludente de no estrangeiro:
ilicitude ou de culpabilidade, pois, se assim o fosse, a I - os crimes:
imunidade diplomática agasalharia co-autores não deten- a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repúbli-
tores de imunidade diplomática. ca;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distri- no brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as
to Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou funda- propriedade privada, que se achem, respectivamente, no
ção instituída pelo Poder Público; espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. Em alto-
c) contra a administração pública, por quem está a seu mar ou no espaço aéreo correspondente nenhum país
serviço; exerce soberania, por isso se aplica a lei brasileira.

03) PRINCÍPIO DA JUSTIÇA UNIVERSAL A embaixada e o consulado brasileiro no exterior, para


efeitos penais, não são considerados territórios por ex-
As leis penais devem ser aplicadas a todo e qualquer fato tensão. São considerados territórios por extensão apenas
punível, seja qual for a nacionalidade do agente, do bem para fins constitucionais e políticos, pois uma embaixada
jurídico lesado ou posto em perigo e em qualquer local norte-americana no Brasil não poderá ser invadida pelo
onde o fato foi praticado. governo brasileiro (garantia da inviolabilidade), sendo
inviolável.
A lei penal deve ser aplicada a todos os homens, indepen-
dentemente do local onde se encontrem. Sendo o crime praticado em avião particular a serviço do
Governo, independentemente do espaço aéreo onde se
É um princípio baseado na cooperação penal internacio- encontre ou da nacionalidade do sujeito ativo e passivo,
nal e permite a punição, por todos os Estados, da totali- aplica-se a lei brasileira.
dade dos crimes que forem objeto de tratados e de con-
venções internacionais. Fundamenta-se no dever de soli- Pelo princípio da reciprocidade, previsto no art. 5º, p. 2º,
dariedade na repressão de certos delitos cuja punição do CP, também se aplica a lei brasileira aos crimes prati-
interessa a todos os povos. Exemplos: Tráfico de drogas, cados em embarcações ou aeronaves estrangeiras priva-
comércio de seres humanos, genocídio etc. das, que se encontre em pouso ou vôo no espaço aéreo
brasileiro, ou em porto ou mar territorial brasileiro. Se a
Encontra previsão no art. 7°, II, "a", do Código Penal: embarcação ou aeronave for pública ou estiver a serviço
de Governo estrangeiro, mesmo estando em mar territori-
Art. 7° [...] al ou espaço aéreo brasileiro, aplica-se a lei do estrangei-
[... ] ro.
II - os crimes
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a re- Suponha que um navio brasileiro naufragou em alto-mar,
primir; onde um americano veio a matar um holandês. Neste
caso concreto, aplica-se a lei brasileira, pois os destroços
04) PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO do navio continuam ostentando a lei brasileira.

Segundo este princípio, deve ser aplicada a lei penal brasi- Imagine que uma embarcação brasileira em alto-mar coli-
leira aos crimes cometidos em aeronaves ou embarca- de com uma embarcação chilena. Os sobreviventes cons-
ções brasileiras, mercantes ou de propriedade privada troem uma jangada com os destroços de ambos os navi-
quando estiverem em território estrangeiro e aí não sejam os. Suponha que nesta jangada um português matou um
julgados. Está previsto no artigo 7°, II, "c", do Código Pe- argentino. Qual será a lei aplicável ao caso? A lei não re-
nal: solve este problema, aplicando-se o princípio da naciona-
lidade ativa.
Art. 7° [...]
II - os crimes Se um navio esta atracado na costa brasileira, e um co-
[... ] lombiano que estava a bordo, desce do navio e estupra
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, uma brasileira, será julgado pela lei brasileira, desde que
mercantes ou de propriedade privada, quando em território não esteja a serviço do governo colombiano. Se ele des-
estrangeiro e aí não sejam julgados. ceu da embarcação em dia que se encontrava de folga,
aplica-se a lei brasileira.
A lei está delimitada pelo território, mas o que é território?
Suponha uma aeronave que sai de Portugal com destino à
Espaço físico + espaço jurídico Argentina, onde ocorre um homicídio no momento em que
sobrevoa o espaço aéreo brasileiro. Neste caso, não se
Segundo o art. 5º, par. 1º, do CP, consideram-se como aplica a lei penal brasileira, mas sim o instituto da passa-
extensão do território nacional as embarcações e aerona- gem inocente (passagem necessária para chegar ao seu
ves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do gover- destino).
Já se entendeu na doutrina e na jurisprudência que crime O Código Penal, ao tratar do tema, dispõe:
cometido dentro do território nacional, a bordo de avião,
que apenas sobrevoa o país, sem pousar aplica-se a lei Art. 6° - Considera-se praticado o crime no lugar em que
penal brasileira. ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
Hoje, porém, se adota a chamada TEORIA DA PASSAGEM
INOCENTE, não se aplicando a lei brasileira quando o na- Mnemônico: LUTA
vio ou a aeronave passa pelo território nacional apenas Lugar Ubiquidade
como passagem necessária para chegar ao seu destino Tempo Atividade
(aqui não atracará ou aterrissará). Logo, é mais uma hipó-
tese de intraterritorialidade. Obs.: se em território brasileiro unicamente ocorre o plane-
jamento ou preparação do crime, o fato não interessa ao
Havendo dúvida quanto à bandeira da embarcação em direito brasileiro.
alto mar, aplica-se o princípio da nacionalidade ativa. Se,
por exemplo, a embarcação holandesa em alto mar rece- O Código Penal adotou a TEORIA DA UBIQUIDADE, valen-
be brasileiros para a prática de aborto, não haverá crime, do ressaltar que na própria previsão do art. 6° do Código
tendo em vista que é permitido o aborto na Holanda. Res- Penal esta incluída o lugar da tentativa, ou seja, "[...] onde
salta-se que, em alto mar aplica-se a lei da bandeira. se produziu ou deveria produzir-se o resultado". Busca-se,
com a teoria mista do lugar do delito, solucionar o pro-
Não há aplicação da lei brasileira nas contravenções pe- blema dos conflitos negativos de competência (Dentro do
nais cometidas no estrangeiro. Ou seja, não existe aplica- Território Nacional) e o problema dos crimes à distância
ção do princípio da extraterritorialidade para contraven- (Brasil - Exterior), em que ação e o resultado se desenvol-
ções. vem em lugares diversos.

LUGAR DO CRIME Como exemplo, podemos citar o seguinte caso:

Até agora falamos bastante da territorialidade, mas para Imagine que Felipe, residente no Brasil, envia uma carta
sabermos se um delito operou-se no território Nacional bomba para um cidadão residente na Grécia (vou parar
precisamos aprender como determinar o lugar do crime. com esse negócio de citar só argentinos), cujo nome é
Maradona. Maradona, grego, vem a falecer em virtude da
Quando falamos sobre o tempo do crime, ou seja, o mo- carta. Neste caso, segundo a norma penal, o lugar do cri-
mento em que o crime é cometido, tratamos de três teori- me tanto pode ser o Brasil quanto a Grécia.
as: ATIVIDADE, RESULTADO e MISTA ou da UBIQUIDADE.
Está lembrado? Ou seja, para que o Brasil seja competente na apuração e
julgamento de determinada infração penal, basta que
Naquela oportunidade, afirmamos que para definir o mo- porção dessa conduta delituosa tenha ocorrido no territó-
mento do crime adotou-se a teoria da atividade. Portanto, rio nacional.
tem-se como praticado o crime NO MOMENTO da ATIVI-
DADE. ATENÇÃO!!!

Aqui, a questão é saber ONDE se tem como cometido o EXISTEM ALGUMAS SITUAÇÕES PARA AS QUAIS NÃO SE
delito. O problema é o lugar (espaço) e não o tempo. De- APLICA A TEORIA DA UBIQUIDADE. A ÚNICA QUE IMPOR-
vemos, mais uma vez, para solucionar qualquer conflito, TA PARA A SUA PROVA DIZ RESPEITO AOS CRIMES DO-
recorrer às três teorias: LOSOS CONTRA A VIDA, OCORRIDOS NO TERRITÓRIO
NACIONAL QUE, SEGUNDO PACÍFICA JURISPRUDÊNCIA,
TEORIA DA ATIVIDADE * O CRIME É COMETIDO NO LU- A FIM DE FACILITAR A INSTRUÇÃO CRIMINAL E A DES-
GAR ONDE FOI PRATICADA A ATIVIDADE (CONDUTA= COBERTA DA VERDADE REAL, SEGUE A TEORIA DA ATI-
AÇÃO OU OMISSÃO). VIDADE.

TEORIA DO RESULTADO * O LUGAR DO CRIME É ONDE Sendo assim, imagine que Caio atira em Caio em São Paulo.
OCORREU O RESULTADO, INDEPENDENTEMENTE DE Este é socorrido e levado para um hospital no Rio de Janeiro,
ONDE FOI PRATICADA A CONDUTA. onde vem a falecer.

TEORIA MISTA (OU DA UBIQUIDADE) * CONSIDERA, POR Temos, para este caso, a atividade em São Paulo e o resulta-
SUA VEZ, QUE O CRIME É COMETIDO TANTO NO LUGAR do no Rio de Janeiro. Pela regra geral, seriam competentes
DA ATIVIDADE QUANTO NO LUGAR DO RESULTADO. tanto o Juízo do Rio quanto o de São Paulo, MAAAAAS, como
neste caso estamos tratando de crime doloso contra a vida, Analisando cada item:
aplica-se a teoria da ATIVIDADE e não da UBIQUIDADE, sendo
competente, portanto, o Juízo de São Paulo. 1 - Extraterritorialidade INCONDICIONADA

EXTRATERRITORIALIDADE Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos


no estrangeiro:
Extraterritorialidade é a aplicação da legislação penal I - os crimes: contra a vida ou a liberdade do PRESIDENTE
brasileira aos crimes cometidos no exterior. DA REPÚBLICA;

Conforme já tratamos, justifica-se pelo fato de o Brasil ter Vida do presidente? Homicídio 121 ou instigação ao sui-
adotado, relativamente à lei penal no espaço, o princípio cídio 122 – ambos CP. Liberdade? Artigos 146 a 154, do
da territorialidade mitigada, o que autoriza, excepcional- CP.
mente, a incidência da lei penal brasileira a crimes prati-
cados fora do território nacional. Vítima de roubo? É crime contra o patrimônio. Logo, não
se aplica a tal hipótese.
A extraterritorialidade pode ser incondicionada ou condi-
cionada e são estas duas espécies que veremos a partir Lesão corporal também não, pois não é crime contra a
de agora. Apresentarei primeiramente as regras gerais e vida, mas sim a PESSOA. Aplica-se a lei brazuca pelo
depois colocarei o que é importante em um esquema, a PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO REAL OU DA DEFESA. Aplica-
fim de facilitar a assimilação. se a lei brasileira porque atinge interesse nacional, ou
seja, nosso chefe de governo.
NÃO SE ADMITE A APLICAÇÃO DA LEI PENAL BRASILEI-
RA ÀS CONTRAVENÇÕES PENAIS OCORRIDAS FORA DO 2 - Extraterritorialidade
TERRITÓRIO NACIONAL.
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos
OBSERVE O DISPOSTO NA LEI DAS CONTRAVENÇÕES no estrangeiro:
PENAIS: I - os crimes:
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do DF, de
Observação: Estados, de Território, de Municípios, de empresa pública,
sociedade de economia mista, autarquia ou fundação institu-
Art. 2° A lei brasileira só é aplicável à contravenção prati- ída pelo Poder Público;
cada no território nacional.
Crime contra patrimônio ou fé pública da A.P. Direita ou
 EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA Indireta. Arts 155 a 180, CP (patrimônio) e art. 289 a 301
do CP (fé pública) Aplica-se a lei brazuca pelo PRINCÍPIO
Como o próprio nome diz, são hipóteses em que a lei bra- DA PROTEÇÃO REAL OU DA DEFESA, pois atinge interes-
sileira é aplicada, independentemente de qualquer CON- se nacional.
DIÇÃO. Encontra previsão do art. 7°, I do Código Penal,
que dispõe: 3 - Extraterritorialidade

Art. 7° - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos
no estrangeiro: no estrangeiro:
I - os crimes: I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repúbli- c) contra a administração pública, por quem está a seu
ca; serviço;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distri-
to Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa Contra a adm púb, mas somente para quem ESTÁ A SER-
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou funda- VIÇO. Art. 312 a 359, CP – crimes contra a AP. Aplica-se a
ção instituída pelo Poder Público; lei brazuca pelo PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO REAL OU DA
c) contra a administração pública, por quem está a seu DEFESA, pois atinge interesse nacional.
serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domici- 4 - Extraterritorialidade
liado no Brasil;
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos
no estrangeiro:
I - os crimes:
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domici- Dito tudo isto sobre a extraterritorialidade, vamos esque-
liado no Brasil; matizar:

1ª corrente: p. da justiça universal (adotada hoje); 5 - Extraterritorialidade CONDICIONADA

2ª corrente: p. da defesa ou real (antes); e Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos
no estrangeiro:
3ª corrente: p. da nacionalidade ativa. II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a re-
Se o genocida for brasileiro ou gringo que more aqui no primir;
Brasil. É o crime praticado com a intenção de destruir
total ou parcialmente étnico, racial religioso, tal crime Tráfico transnacional de drogas. O Brasil já assinou vários
está na Lei 2.889 de 56. docs. nacionais a fim de reprimir o tráfico internacional.

Ex: 5 ingleses que moram aqui no Brasil; viajam para Bolí- Ex1: um traficante manda cocaína da Bolívia para um
via e mata um monte de índio. Aplica a lei brasileira? traficante para o Paraguai. É possível aplicar a lei brasilei-
Sim, porque eles moram no Brasil. Aplica-se o PRÍN- ra? Sim, mas não significa que será (há condições).
CIPIO DA JUSTIÇA UNIVERSAL, porque o crime de ge-
nocídio atinge interesse da humanidade. Pune-se o in- Ex2: tráfico de crianças entre países e pessoas A e C.
frator onde ele estiver. PRINCÍPIO DA JUSTIÇA UNIVERSAL, pois atinge interesse
da humanidade. Pune-se o infrator onde ele for encontra-
 EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA do.

Relaciona-se aos crimes indicados no art. 7°, II, e § 3°, do 6 - Extraterritorialidade


Código Penal.
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos
Art. 7°[...] no estrangeiro:
II - os crimes: II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a re- b) praticados por brasileiro;
primir;
b) praticados por brasileiro; Brasileiro nato ou naturalizado. Em qualquer lugar do
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mundo o brazuca cometeu crime em qualquer lugar do
mercantes ou de propriedade privada, quando em território mundo, está sujeito a lei penal brazuca. PRINCÍPIO DA
estrangeiro e aí não sejam julgados. NACIONALIDADE ou PERSONALIDADE ATIVA, pois é obri-
§ 3° - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido gação de cada Estado punir os seus cidadãos.
por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas
as condições previstas no parágrafo anterior: 7 - Extraterritorialidade
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça. Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos
no estrangeiro:
A aplicação da lei penal brasileira aos crimes cometidos II - os crimes:
no exterior se sujeita às condições descritas no art. 7°, § c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
2°, alíneas "a", "b", "c" e "d", e § 3°, do Código Penal. mercantes ou de propriedade privada, quando em território
estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 2° - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira
depende do concurso das seguintes condições: Mercantes – comerciais ou privadas. Em tese, aplica a lei
a) entrar o agente no território nacional; da gringa, mas se o país gringo nada fizer, aí sim aplica-se
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; a lei brasileira.
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei
brasileira autoriza a extradição; Ex: navio VS brazucas brigam e o país da gringa nada faz.
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO ou SUBSIDIARIEDADE.
ter aí cumprido a pena;
8 - Por fim, a última hipótese de extraterritorialidade da
Tratando-se de extraterritorialidade condicionada, a lei Lei Penal é o art. 7, par. terceiro, vejamos:
penal brasileira é subsidiária em relação aos crimes prati-
cados fora do território nacional, aqui já descritos.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime come- Crime cometido por estrangeiro x brasileiro, hipótese de
tido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, extraterritorialidade que exige, para aplicação da lei brasi-
reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: leira, a reunião das condições acima acrescidas das se-
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; guintes:
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
6ª) não pedida ou negada a extradição e
Requisitos para a EXTRATERRITORIALIDADE
7ª) se houve requisição do Ministro da Justiça.
- Será incondicionada nos casos previstos no art. 7º, I,
do CP.
- Será condicionada nos casos previstos no art. 7º, II, do OBS.: se o presidente da república sofrer latrocínio no
CP: estrangeiro, não será caso de extraterritorialidade incon-
dicionada, eis que o crime não é contra a vida ou liberda-
São condições cumulativas / concurso de condições para de, mas sim contra o patrimônio. Neste caso se aplica a
o julgamento desses crimes: extraterritorialidade condicionada com base no §3°.

1ª) entrar o agente em território nacional. Entrar é diferen- OBS.: Há uma hipótese de extraterritorialidade prevista
te de permanecer, basta entrar ainda que não perma- em lei especial, mais precisamente, no art. 2° da lei de
neça. Ex: passou o natal aqui e depois foi embora. Sem tortura.
problemas, pois o requisito já está preenchido. Enfim,
não há necessidade de permanência, basta entrar no Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o cri-
território físico ou jurídico. Ex: alto-mar. Natureza jurí- me não tenha sido cometido em território nacional, sendo a
dica? É condição de PROCEDIBILIDADE, ou seja, não vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob
poderá haver processo sem a prova do ingresso do jurisdição brasileira.
agente no território nacional;
OBS.: aqui não exige aquelas condições ...
2ª) dupla tipicidade, isto é, ser o fato punível também no
país em que o crime foi praticado (natureza jurídica? Ex: um brasileiro em NY matou um gringo num hotel, logo
condição objetiva de punibilidade); após o crime o brasileiro vem para o Brasil e aí?

3ª) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais o a) Brazuca entrou aqui
Brasil autoriza extradição. Natureza jurídica? condição b) Homicídio também é crime nos EUA
objetiva de punibilidade. Os requisitos em apertada c) Homicídio está entre os crimes pelo qual o Brasil auto-
síntese são: reclusão e pena superior a um ano. Art. riza extradição
67, Lei 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro)***, ou seja, d) Não foi perdoado nem houve causa extintiva de punibi-
as mesmas condições exigidas para extradição; lidade.
Logo, caso de aplicação de lei brasileira.
***Art. 67. Desde que conveniente ao interesse nacional, a
expulsão do estrangeiro poderá efetivar-se, ainda que haja Competência? Em regra, da Justiça Estadual.
processo ou tenha ocorrido condenação.
Na capital do estado-membro onde o homicida more ou
4ª) não ter o agente sido absolvido no estrangeiro ou não tenha morado. Caso nunca tenha residido no Brasil, será
ter aí cumprido pena. Natureza jurídica? condição ob- ajuizada na capital da república, isto é, no DF, conforme o
jetiva de punibilidade; art. 88 do CPP.

5ª) não ter o agente sido perdoado no estrangeiro ou, por Art. 88. No processo por crimes praticados fora do terri-
outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo tório brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado
a lei mais favorável. Natureza jurídica? condição obje- onde houver por último residido o acusado. Se este nunca
tiva de punibilidade. tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da
República.
- SERÁ HIPERCONDICIONADA nos casos previstos no
art. 7º, parágrafo 3º, do CP: Neste caso o cara pode estar sendo processado aqui e lá
na gringa. Mas como fica o princípio da vedação do BIS IN
IDEM?
Art. 8º, CP. Art. 8° - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena
imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou
Dois princípios são importantes nesse artigo. nela é computada, quando idênticas.

1. Ne bis in idem; Sendo assim, concluímos que a pena cumprida no es-


2. Princípio da compensação. trangeiro atenua a pena imposta no brasil pelo mesmo
crime, quando diversas, ou nela é computada quando
O princípio do ne bis in idem possui três significados: idênticas.

1. Processual: ninguém pode ser processado duas vezes EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA
pelo mesmo crime;
A sentença judicial é proferida pelo ESTADO com base na
2. Material: ninguém pode ser condenado pela segunda
sua soberania e confere efeitos no local em que foi deci-
vez em razão do mesmo fato; e
dida. Assim, regra geral, uma sentença judicial brasileira
3. Execucional: ninguém pode ser executado por conde- vale para o Brasil, uma sentença judicial paraguaia vale
nações relacionadas ao mesmo fato. no Paraguai, e assim por diante.

Tal princípio é excepcionado pela EXTRATERRITORIALI- Contudo, existem determinadas situações em que deci-
DADE hipóteses em que pode levar pau aqui e no Exterior. sões judiciais de outras nações são recepcionadas pelo
estado Brasileiro através de sua homologação, mediante
O princípio da compensação suavizou ou suaviza essa o procedimento constitucionalmente previsto, a fim de
dupla condenação. constituí-la em título executivo com validade em território
nacional.
OBS.: FRANCISCO TOLEDO DE ASSIS diz que aplica o BIS
IN IDEM, mas na verdade há atenuação deste. A pena Encontramos as hipóteses de possibilidade de utilização
cumprida lá atenua a pena daqui. Ex: da sentença estrangeira no art. 9° do Código Penal, que
leciona:
Penas idênticas: 5 anos de prisão no Brasil e 2 anos de
prisão na Argentina – subtrai os 2 anos dos 5 anos. Aqui Art. 9° - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei
ele irá cumprir 3. brasileira produz na espécie as mesmas consequências,
pode ser homologada no Brasil para:
Penas não idênticas: multa na Argentina e prisão no Bra- I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restitui-
sil, como se faz a compensação? Isso se faz por equida- ções e a outros efeitos civis;
de. Usa o senso de justiça que fica por conta do juiz. Aí o II - sujeitá-lo a medida de segurança.
juiz considera a multa para atenuar a pena privativa de Parágrafo único - A homologação depende:
liberdade. a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte
interessada;
 PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO b) para os outros efeitos, da existência de tratado de ex-
tradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a
Imaginemos que Felipe cometeu um crime contra a vida sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da
da presidenta Dilma em solo argentino e lá foi condenado Justiça.
à pena de seis anos de reclusão, dos quais já cumpriu três
anos. Durante uma rebelião, Felipe foge e consegue che- Diante do que vimos até agora, responda-me: Imagine que
gar ao Brasil. Felipe foi condenado a determinada pena do estrangeiro.
Esta sentença, seja ela qual for, pode ser homologada e
Conforme já vimos, e quanto a isso não deve haver dúvi- utilizada pelo Brasil, nos termos do art. 9°?
das, a sentença estrangeira não faz coisa julgada no Bra-
sil. Logo, o autor da infração deverá ser novamente julga- É claro que NÃO!!!!!
do.
Observe que o artigo 9° só traz duas possibilidades de
Pensemos que Felipe foi condenado aqui no Brasil a 15 homologação, que são:
anos de reclusão. O que ocorrerá com aqueles três anos
já cumpridos? Não valerão de nada? Claro que valerão. E a 1. OBRIGAR O CONDENADO A REPARAÇÃO DO DANO, A
resposta para este questionamento está no artigo 8° do RESTITUIÇÕES E A OUTROS EFEITOS CIVIS.
Código Penal, que, com base no já conhecido princípio do 2. SUJEITÁ-LO A MEDIDA DE SEGURANÇA.
"ne bis in idem", dispõe:
A homologação de sentença estrangeira hoje é de compe- O prazo sempre terá natureza penal quando guardar per-
tência do STJ (artigo 105, I, i, da CF). Antes da Emenda tinência com o jus puniendi, ou seja, a pretensão punitiva
Constitucional de número 45/04, a competência era do do Estado.
STF.
É o caso, por exemplo, da prescrição e da decadência.
 CONTAGEM DE PRAZO Como a sua ocorrência importa na extinção da punibilida-
de, está relacionada com a contagem de prazo penal que
O artigo 10 do Código Penal trata da contagem do PRAZO difere do prazo processual, definido no Código de Proces-
PENAL nos seguintes termos: so Penal e que, obviamente, não importa para a sua PRO-
VA.
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário co- LEGISLAÇÃO ESPECIAL
mum.
Vamos analisá-lo por partes: Segundo o Código Penal:

1. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo * Imagi- Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fa-
nemos que determinado indivíduo é preso no dia 15 de tos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de
janeiro, às 23:59h, após sua condenação a 01(UM) dia modo diverso.
de prisão. Pergunto: Quando ele será liberado?
As regras gerais do Código Penal devem ser aplicadas às
Ele estará livre às 00:00h do dia 16, ou seja, ficará UM leis especiais quando estas não tratarem de modo diver-
MINUTO preso e isto será considerado UM DIA. so. Assim, as regras gerais do CP têm caráter subsidiário.
Serão elas aplicadas quando a legislação especial não
É exatamente isso!!! dispuser de forma diversa.

Como o dia do começo inclui-se no cômputo do prazo e, VALIDADE / EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS
segundo o artigo 11 do Código Penal, não há que se falar PESSOAS IMUNIDADES
em frações de dia, teremos 1 minuto valendo 24 horas.
Observe o disposto no citado art. 11 do CP: Como tratar disso se a CF garante a isonomia (art. 5º, II)?
A imunidade não viola o princípio da isonomia, eis que
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade não é pessoal, não se refere à pessoa, mas sim, ao cargo,
e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de é uma prerrogativa ou proteção funcional. Só seria in-
multa, as frações de cruzeiro. (leia-se real). constitucional se for tido como privilégio e não prerrogati-
va. Ademais, o art. 5º da CF cuida da chamada isonomia
PARA CÁLCULOS EM PROVA, É IMPORTANTE OBSERVAR SUBSTANCIAL.
A SEGUINTE REGRA:
Privilégio Prerrogativa
SEMPRE DEVE SER CONSIDERADA NA OPERAÇÃO A DI- Exceção da lei comum. É conjunto de precaução que rodei-
MINUIÇÃO DE UM DIA EM RAZÃO DE SER COMPUTADO O Deduzida da situação de am a função e servem para o exercí-
DIA DO COMEÇO. DESTA FORMA, SE A PENA É DE UM superioridade das pessoas cio desta.
ANO E TEVE INÍCIO EM 20 DE SETEMBRO DE 2009, ES- que a desfrutam.
TARÁ INTEGRALMENTE CUMPRIDA EM 19 DE SETEM- É subjetivo e anterior à lei. É objetiva e deriva da lei.
BRO DE 2010. Tem essência pessoal. É uma qualidade do órgão.
É poder frente à lei. É conduto para que a lei se cumpra.
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário co-
Aristocracias das ordens Aristocracias das instituições gover-
mum - No prazo penal, os dias, os meses e os anos são
sociais. namentais.
contados de acordo com o calendário comum, também
chamado de gregoriano. Os meses são calculados com o
Imunidades: veremos apenas duas (as outras serão vistas
número de dias característicos de cada um deles, e não
noutras disciplinas, p. ex., proc. penal). Imunidades di-
como um período de 30 dias. Assim, se um indivíduo é
plomática e parlamentar.
preso por um mês em 10 fevereiro, quando será solto? Em
9 de março. E se for preso em 10 de março? Será liberado
Diplomática: prerrogativa funcional de direito público
em 9 de abril. Bem fácil, concorda?!
internacional de que desfrutam:
Para finalizar este tópico, faz-se necessário tecer um im-
a) os chefes de governo ou de Estado estrangeiro e sua
portante comentário:
família e membros de sua comitiva;
b) embaixador e sua família; Absoluta, material, inviolabilidade, real, substancial ou
c) funcionários do corpo diplomático e família; indenidade (ZAFFARONI) (art. 53, caput, da CF) – se refe-
d) funcionários das organizações internacionais, quando rem aos delitos de opinião (por opiniões, palavras ou vo-
em serviço (ex.: ONU etc.). tos no exercício do mandato) e abrangem a esfera civil e
penal (o STF acrescentou ao rol da constituição, imunida-
Tal imunidade garante o quê? A lei penal é constituída de de administrativa, disciplinar e política). A natureza jurídi-
um preceito primário e outro secundário. Consequências ca desta imunidade é extremamente controversa, haven-
disso? do 06 correntes distintas:

Ex: o embaixador deve obediência às leis brasileiras. a) Pontes de Miranda: trata-se de causa excludente de
crime;
Embaixador desobedece? Aplica-se as consequências de b) Basileu Garcia, trata-se de causa que se opõe à forma-
seu país. ção do crime;
c) Anibal Bruno, trata-se de causa pessoal de exclusão
Enfim, apesar de todos deverem obediência ao preceito de pena;
primário da lei em que se encontra (generalidade da lei d) Magalhães Noronha: causa de irresponsabilidade pe-
penal), os diplomatas (e afins citados) escapam da sua nal;
consequência jurídica (punição), permanecendo sob a e) Frederico Marques: causa de incapacidade penal por
eficácia da lei penal do Estado a que eficácia da lei penal razões políticas; e
do Estado a que pertence (CASO DE INTRATERRITORIA- f) Zaffaroni/LFG/ STF: causa de atipicidade.
LIDADE).
A relevância da discussão acerca da natureza jurídica da
As imunidades referem-se a qualquer delito e se esten- imunidade absoluta, reside na necessidade de se saber
dem a todos os agentes diplomáticos (embaixador, secre- como se dará a punibilidade do partícipe que não goza da
tários da embaixada, pessoal técnico e administrativo das mesma imunidade. Nesse sentido, considerando que o
representações), aos componentes das respectivas famí- Brasil adotou a “Teoria da Acessoriedade Limitada”, se-
lias e aos funcionários das organizações internacionais gundo a qual, para se punir o partícipe, este deve concor-
quando em serviço. Essas imunidades ainda alcançam o rer com um fato principal típico e ilícito, e ainda, que o
chefe de Estado estrangeiro que visita o país, bem como STF entende que a imunidade parlamentar é causa de
os membros de sua comitiva. Estão excluídos da imuni- atipicidade (Zaffaroni), o partícipe não responde por qual-
dade os empregados particulares dos agentes diplomáti- quer crime em caso de imunidade material do parlamen-
cos, ainda que da mesma nacionalidade deles. A imuni- tar.
dade alcança qq crime, ou seja, funcional ou não.
Seria contraditória a Súmula 245, do STF que dispõe que
A imunidade diplomática não impede investigação policial “a imunidade parlamentar não se estende ao co-réu sem
(não podemos deixar os vestígios desaparecem, p.ex.). essa prerrogativa.”? Não, tendo em vista que aplica-se tal
súmula para os casos de IMUNIDADE RELATIVA não
O diplomata não poderá renunciar à imunidade diplomáti- abrangendo para hipóteses absolutas.
ca, mas o país a que ele serve pode retirá-la de seu servi-
dor!!! Limites necessários para diferencias dois casos:

Os agentes consulares têm a imunidade? Tem doutrina - Quando a opinião ocorra no interior da Casa Legislati-
que diz que não, pois eles exercem ativ. administrativa. va respectiva, a imunidade material se presume, de-
Mas o correto é falar seguinte: os agentes consulares, em vendo o ofendido comprovar a ausência de nexo cau-
razão das suas funções meramente administrativas não sal funcional. ABSOLUTA.
desfrutam da imunidade diplomática, salvo em relação
aos atos de ofício. - Quando a opinião ocorra fora da Casa Legislativa res-
pectiva, não há presunção de imunidade, assim, é o
Embaixada não é extensão do território que representa, Parlamentar quem deverá comprovar o nexo funcional.
PORÉM é inviolável. RELATIVA.

Parlamentares: as imunidades podem ser absolutas ou Assim, a imunidade do Parlamentar não tem limites terri-
relativas. Vejamos: toriais, havendo alteração apenas em relação ao ônus da
prova do nexo causal funcional.
Relativas, formal ou processual (art. 53, §§3º, 4º e 5º, da d) servir como testemunha (art. 53, §6º): não serão obri-
CF) – se referem: gados a testemunhar sobre informações recebidas ou
prestadas em razão do exercício do mandato, apenas.
a) à prerrogativa de foro (art. 53, §1º, da CF): desde a ex-
pedição do diploma serão submetidos a julgamento Deputados e Senadores investigados mantém a prerroga-
perante o STF, sendo irrelevante se o crime ou o pro- tiva do art. 121, do CPP (inquirição em local, dia e hora
cesso era preexistente ao mandato. Esta prerrogativa previamente ajustados entre eles e o juiz)? Não, essa prer-
alcança crimes cometidos antes ou após a diploma- rogativa abrange apenas Parlamentares, que sejam tes-
ção, e por outro lado, não alcança atos extrapenais, temunhas, e não réus. Essa é a posição do STF.
como por exemplo, atos de improbidade administrati-
va. Com o fim do mandato, o processo é devolvido ao  A imunidade permanece no estado de sítio?
foro ordinário, eis que a imunidade é em relação à fun-
ção, e não à pessoa; Art. 53, parágrafo 8º, CF.

b) à prisão (art. 53, §2, da CF): cabe prisão provisória con- Regra: permanece. Exceção: pode ser suspensa por voto
tra parlamentares? Em regra, não cabe. Temos uma de 2/3 dos membros da casa respectiva. Mas tal suspen-
exceção: flagrante de crime inafiançável (ex.: racismo) são deve ser analisada da seguinte forma:
– neste caso, os autos serão remetidos dentro de 24
horas à Casa respectiva para que resolva sobre a pri-  A suspensão da imunidade diz respeita a imunidade
são, a custódia. A casa realiza um juízo político e não FORA DO CN.
técnico. Se é conveniente e oportuno. Não será jurídi-  Dentro do CN mantém sempre a imunidade.
co.
Imunidades Parlamentares:
Assim, nunca poderá o parlamentar ser preso por crime
afiançável, sendo certo que, para o crime inafiançável,  Absoluta (indenidade)
somente caberá a prisão em flagrante, descabendo qual-  Relativa
quer tipo de prisão penal cautelar ou civil. Esta imunidade,
segundo posição do STF, apenas se aplica no caso de a) à prerrogativa de foro
prisão penal provisória, não se aplicando à prisão definiti- b) à prisão
va (após sentença penal condenatória transitada em jul- c) ao processo
gado); d) servir como testemunha

 Alimentos – prisão civil? Não cabe. Imune à prisão


civil.
O parlamentar (deputado e senador) que se licencia para
exercer cargo no Poder Executivo mantém as imunidades
c) ao processo: por crime ocorrido após a diplomação (o
supramencionadas?
STF dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa
de partido político nela representado e pelo voto da
Não, perde todas as imunidades (relativas e absolutas),
maioria de seus membros, poderá, até decisão final,
pois a imunidade não é pessoal, mas sim funcional. Não e
sustar o andamento da ação). Esta imunidade não im-
privilégio, mas sim prerrogativa.
pede investigação contra Parlamentar, não se esten-
dendo, portanto, ao Inquérito (entendimento do STF).
Frisa-se, ainda, que a súmula 4 do STF está REVOGADA.
Logo, deve-se ler a súmula a contrário sensu.
Antes da EC 35/01 Após a EC 35/01
O STF, para iniciar o proces-O STF não precisa de autoriza- Por fim, o Ministro Joaquim Barbosa, disse que tal parla-
so, demandava autorização ção da Casa respectiva para mentar licenciado mantém o foro penal, isto é, continua
da Casa Legislativa, respecti-
iniciar o processo (obs.: a Casa, sendo julgado perante o STF, na seara criminal.
va. no entanto, tem o poder de sus- QUANTO AOS PARLAMENTARES ESTADUAIS (até então
tar o processo). estudamos as imunidades dos parlamentares federais):
A imunidade alcançava cri- A imunidade só alcança crimes
mes realizados antes ou após praticados após a diplomação. Os deputados estaduais, pelo princípio da simetria (art.
a diplomação. 27, CF), têm as mesmas prerrogativas dos deputados
Enquanto não autorizado não Sustação do processo suspende federais (imunidade material e imunidade formal). Mas
corria a prescrição. também a prescrição. com uma diferença importante  o foro aqui é no TJ ou
TRF (caso o crime seja federal).
Art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legislativa PONTOS PRINCIPAIS TRATADOS NA AULA
corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câ- DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
mara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis,
será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Fede- 01) Princípio da legalidade (reserva legal): não há crime
rais acima de doze. sem lei que o defina; não há pena sem cominação le-
§ 1º - Será de quatro anos o mandato dos Deputados Es- gal.
taduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição so- 02) Princípio da anterioridade: não há crime sem lei "an-
bre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remunera- terior" que o defina; não há pena sem "prévia" impo-
ção, perda de mandato, licença, impedimentos e incorpora- sição legal.
ção às Forças Armadas. (...)
Eficácia Temporal da Lei Penal
OBS.: a imunidade do deputado estadual aplica-se em
todo estado brasileiro ou restringe-se a seu Estado? A 03) Tempo do crime: Tempo do crime é o momento em
súmula 3 do STF entendia ser restrita, porém, esta súmula que ele se considera cometido.
foi cancelada. Portanto, ele possui prerrogativa em todo 04) Teoria da atividade (art.4°): Atende-se ao momento
território nacional. da prática da ação (ação ou omissão); Considera-se
praticado o crime no momento da ação ou omissão,
IMUNIDADES QUANTO AOS VEREADORES: ainda que seja outro o momento do resultado. * É a
teoria adotada pelo CP.
Em regra, o vereador somente possui imunidade absoluta, 05) Teoria do resultado: Considera o tempo do crime o
porém limitada à circunscrição do município (onde exerce momento da produção do resultado.
a vereança). 06) Teoria mista (ubiquidade): Considera o momento da
ação ou do resultado.
É certo que não possui imunidade RELATIVA, mas obser-
va-se que a Constituição Estadual pode prever ao verea- Eficácia da Lei Penal no Espaço
dor foro por prerrogativa de função (o foro especial e tão-
somente na seara criminal), sendo julgado pelo Tribunal 07) Princípio da territorialidade: A lei penal só tem apli-
de Justiça. cação no território do Estado que a determinou, sem
atender à nacionalidade do sujeito ativo do delito ou
do titular do bem jurídico lesado.
PARLAMENTARES X CRIME CONTRA A VIDA: 08) Princípio da nacionalidade: A lei penal do Estado é
aplicável a seus cidadãos onde quer que se encon-
A CF pode prever foro especial e ela traz a competência trem; divide-se em:
do Tribunal do Júri. Ademais, temos a CE que pode prever a) Princípio da nacionalidade ativa (aplica-se a lei naci-
foro especial. onal ao cidadão que comete crime no estrangeiro, in-
dependentemente da nacionalidade do sujeito passi-
 Federal  STF, conforme a CF. No caso de crime dolo- vo);
so contra a vida continua sendo o STF. A CF excepcio- b) Princípio da personalidade passiva (exige que o fato
nando a si mesma. praticado pelo nacional no estrangeiro atinja um bem
jurídico do seu próprio Estado ou de um co-cidadão).
 Estadual  TJ/TRF, conforme a CF. No caso de crime
doloso contra a vida continua sendo o TJ ou TRF. A 09) Princípio da defesa: Leva em conta a nacionalidade
também CF excepcionando a si mesma. do bem jurídico lesado pelo crime, independentemen-
te do local de sua prática ou da nacionalidade do su-
 Vereador  em 1º grau / TJ/TRF (caso a CE tenha jeito ativo.
previsão). Mas aqui a CF não excepciona o caso de 10) Princípio da justiça penal universal: Preconiza o po-
crime doloso contra a vida. Assim, o vereador que co- der de cada Estado de punir qualquer crime, seja qual
mete crime doloso contra a vida é julgado pelo Tribu- for a nacionalidade do delinqüente e da vítima ou o
nal do Júri, ainda que a CE tenha previsão de foro por local de sua prática.
prerrogativa junto ao TJ. Vejamos a súmula do STF: 11) Princípio da representação: Nos seus termos, a lei
penal de determinado país é também aplicável aos
delitos cometidos em aeronaves e embarcações pri-
vadas, quando realizados no estrangeiro a aí não ve-
nham a ser julgados.
* O CP adotou o princípio da territorialidade como regra;
os outros como exceção.
12) Lugar do crime: Lugar do crime é o lugar onde ele se
considera praticado.
13) Teoria da atividade: De acordo com ela, é considera-
do lugar do crime aquele em que o agente desenvol- 01. (FCC / Titular de Serviços - TJ-AP / 2011) Um navio
veu a atividade criminosa, onde praticou os atos exe- mercante brasileiro de propriedade privada naufragou
cutórios. em alto mar. Os tripulantes passaram para barcos sal-
14) Teoria do resultado: O local do crime é o lugar da va-vidas. Num desses barcos, houve uma briga, tendo
produção do resultado. um tripulante inglês matado um tripulante francês e
15) Teoria da ubiquidade (art. 6°, CP): Nos termos dela, ferido um colombiano. A competência para processar
lugar do crime é aquele em que se realizou qualquer julgar esses delitos é da justiça
dos momentos do iter criminis, seja da prática dos A) francesa, por ter sido o francês a vítima do crime
atos executórios, seja da consumação. É a teoria mais grave.
adotada pelo Código Penal. B) brasileira, por tratar-se de barco remanescente do
16) Extraterritorialidade: ressalva a possibilidade de re- navio mercante.
núncia de jurisdição do Estado, mediante "conven- C) do país em cujo porto o barco salva-vidas aportar.
ções, tratados e regras de direito internacional"; o art. D) da Inglaterra, por ter sido o tripulante inglês o au-
7° prevê uma série de casos em que a lei penal brasi- tor dos delitos.
leira tem aplicação a delitos praticados no estrangei- E) da Inglaterra ou da França, a ser definida pela pre-
ro. Não esqueça de rever o citado artigo. venção.

Disposições Finais do Título I da Parte Geral GABARITO: B

17) Contagem de prazo: O art. 10 do CP estabelece re- COMENTÁRIOS: No caso apresentado, considera-se como
gras a respeito. se o ato tivesse sido cometido no próprio navio mercante.
Assim, conforme o § 1° do art. 5°, para os efeitos penais,
Determina a primeira regra que o dia do começo inclui-se consideram-se como extensão do território nacional as
no cômputo do prazo; embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública
ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se en-
Já a segunda determina que no prazo penal, os dias, os contrem, bem como as aeronaves e as embarcações bra-
meses e os anos são contados de acordo com o calendá- sileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se
rio comum, também chamado de gregoriano. achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente
ou em alto-mar.
Os meses são calculados com o número de dias caracte-
rísticos de cada um deles, e não como um período de 30
02. (FCC / Analista - MPE-SE / 2010) Considere a hipótese
dias.
de um crime de extorsão em andamento, em que a ví-
tima ainda se encontra privada de sua liberdade de lo-
PARA CÁLCULOS EM PROVA, É IMPORTANTE OBSERVAR
comoção. Havendo a entrada em vigor de lei penal no-
A SEGUINTE REGRA:
va, prevendo aumento de pena para esse crime,
A) terá aplicação a lei penal mais grave, cuja vigência
SEMPRE DEVE SER CONSIDERADA NA OPERAÇÃO A DI-
é anterior à cessação da permanência do crime.
MINUIÇÃO DE UM DIA EM RAZÃO DE SER COMPUTADO O
B) terá aplicação a lei nova, em obediência ao princí-
DIA DO COMEÇO. DESTA FORMA, SE A PENA É DE UM
pio da ultratividade da lei penal.
ANO E TEVE INÍCIO EM 20 DE SETEMBRO DE 2009, ES-
C) não poderá ser aplicada a lei penal nova, que só re-
TARÁ INTEGRALMENTE CUMPRIDA EM 19 DE SETEMBRO
troage se for mais benéfica ao réu.
DE 2010.
D) será aplicada a lei nova, em obediência ao princí-
pio tempus regit actum.
18) Frações não computáveis da pena: Desprezam-se,
E) não será aplicada a lei penal mais grave, pois o di-
nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de
reito penal não admite a novatio legis in pejus.
direito, as frações de dias e, na pena de multa, as fra-
ções de cruzeiro (art. 11).
GABARITO: A
19) Legislação especial: As regras gerais do CP são apli-
COMENTÁRIOS: A questão exige o conhecimento da sú-
cáveis aos fatos incriminados por lei especial, se es-
mula n° 711 do STF.
ta não dispõe de modo diverso; regras gerais do Có-
digo são as normas não incriminadoras, permissivas
Relembre:
ou complementares, previstas na Parte Geral ou Es-
pecial (art. 12).
Súmula 711, do STF: 'A lei penal mais grave aplica-se ao cri- 05. (FCC / Analista Judiciário - TRT / 2010) João cometeu
me continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é um crime para o qual a lei vigente na época do fato
anterior à cessação da continuidade ou da permanência'. previa pena de reclusão. Posteriormente, lei nova es-
tabeleceu somente a sanção pecuniária para o delito
03. (FCC / Analista Judiciário - TRE-RN / 2011) O prazo de cometido por João. Nesse caso,
natureza penal fixado em um mês, inicia- do no dia 13 A) a aplicação da lei nova depende da expressa con-
de janeiro de 2010, quarta-feira, expirou-se no dia cordância do Ministério Público.
A) 15 de fevereiro de 2010, segunda-feira. B) aplica-se a lei nova somente se a sentença conde-
B) 14 de fevereiro de 2010, domingo. natória ainda não tiver transitado em julgado.
C) 13 de fevereiro de 2010, sábado. C) não se aplica a lei nova, em razão do princípio da
D) 12 de fevereiro de 2010, sexta-feira. irretroatividade das leis penais.
E) 11 de fevereiro de 2010, quinta-feira. D) aplica-se a lei nova, mesmo que a sentença con-
dena tória já tiver transitado em julgado.
GABARITO: D E) a aplicação da lei nova, se tiver havido condena-
ção, depende do reconhecimento do bom compor-
COMENTÁRIOS: Como vimos, no prazo penal inclui-se o tamento carcerário do condenado.
dia de começo e exclui-se o final. Assim, no caso, 12 de
fevereiro é a resposta correta. Observação: Existem algu- GABARITO: D
mas divergências com relação a este tema. Todavia, nas
provas da FCC, para não errar a questão, apenas exclua COMENTÁRIOS: Analisando:
um dia (13-1 = 12) e inclua o mês seguinte (Fevereiro).
A - ERRADA - A aplicação de lei nova não depende de
04. (FCC / Secretário de Diligências - MPE-RS / 2010) Em concordância do MP, pois decorre de preceitos constitu-
tema de aplicação da lei penal, é INCORRETO afirmar: cionais e de determinação expressa do Código Penal.
A) Na contagem do prazo pelo Código Penal, não se
inclui no seu cômputo, o dia do começo, nem se B - ERRADA- O art. 2°., parágrafo único do CP prevê ex-
desprezam na pena de multa, as frações de Real. pressamente que o benefício é estendido também aos
B) Considera-se praticado o crime no lugar em que casos com sentença transitada em julgado.
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte,
bem como onde se produziu ou deveria produzir-se C - ERRADA- O princípio da irretroatividade das leis pe-
o resultado. nais é regra geral, EXCEPCIONADA expressamente na
C) O princípio da legalidade compreende os princípios Constituição Federal para os casos em que o réu for bene-
da reserva legal e da anterioridade. ficiado.
D) A regra da irretroatividade da lei penal somente se
aplica à lei penal mais gravosa. E - ERRADA- A aplicação de lei nova independe de conde-
E) As leis temporárias ou excepcionais são autorre- nação do réu, tampouco de seu comportamento carcerá-
vogáveis e ultrativas. rio.

GABARITO: A 06. (FCC / Analista Judiciário - TRT / 2010) José, brasilei-


ro, cometeu crime de peculato, apropriando- se de va-
COMENTÁRIOS: Para a correta resolução da questão o lores da embaixada brasileira no Japão, onde traba-
candidato deve ter conhecimento dos arts. 10 e 11 do lhava como funcionário público. Em tal situação,
Código Penal: A) somente se aplica a lei brasileira se José não tiver
sido absolvido no Japão, por sentença definitiva.
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. B) somente se aplica a lei brasileira se José não tiver
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário co- sido processado pelo mesmo fato no Japão.
mum. C) aplica-se a lei brasileira, independentemente da
existência de processo no Japão e de entrada do
Frações não computáveis da pena agente no território nacional.
D) a aplicação da lei brasileira, independe da existên-
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e cia de processo no Japão, mas está condicionada
nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de à entrada do agente no território nacional.
multa, as frações de cruzeiro. E) aplica-se a lei brasileira, somente se for mais favo-
rável ao agente do que a lei japonesa.
GABARITO: C Art. 7° - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos
no estrangeiro:
COMENTÁRIOS: Trata-se de extraterritorialidade incondi- I - os crimes:
cionada, isto é, a lei penal brasileira será aplicada inde- a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repúbli-
pendentemente de satisfação de requisitos. ca;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distri-
José, por ser funcionário público e por estar a serviço da to Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa
Administração Pública e por ter cometido crime contra pública, sociedade de economia mista, autarquia ou funda-
ela, sofrerá a aplicação da lei brasileira. ção instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu
07. (FCC / Procurador - TCE-RO / 2010) No tocante à apli- serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
cação da lei penal, domiciliado no Brasil;
A) a lei brasileira adotou a teoria da ubiquidade quan-
to ao lugar do crime. Os crimes praticados em embarcações ou aeronaves
B) a lei penal mais grave não se aplica ao crime con- quando em território estrangeiro serão aplicados à lei
tinuado ou ao crime permanente, se a sua vigência brasileira quando lá (no estrangeiro) não forem julgados e
é anterior à cessação da continuidade ou da per- DEPENDE das condições do paragrafo 2° do Art 7°. Sendo
manência, segundo entendimento sumulado do portanto caso de EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIO-
Supremo Tribunal Federal. NADA.
C) a lei brasileira adotou a teoria do resultado quanto
ao tempo do crime. 09. (FCC / Procurador-SP / 2008) A retroatividade de lei
D) o dia do fim inclui-se no cômputo do prazo, con- penal que não mais considera o fato como criminoso:
tando- se os meses e anos pelo calendário comum, A) exclui a imputabilidade.
desprezados os dias. B) afasta a tipicidade.
E) N.R.A C) extingue a punibilidade.
D) atinge a culpabilidade.
GABARITO: A E) é causa de perdão judicial.

COMENTÁRIOS: Analisando: GABARITO: C

A) Certa - Art. 6° - Considera-se praticado o crime no lugar COMENTÁRIOS: O instituto da abolitio criminis surge
em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, quando uma lei nova trata como lícito fato anteriormente
bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o re- tido como criminoso ou, em outras palavras, quando a lei
sultado. nova descriminaliza fato que era considerado infração
B) Errada - Contraria a súmula 711 do STF. penal.
C) Errada - O CP adotou, quanto ao tempo do crime, a
teoria da atividade. Quando ocorre esta situação, com base no preceituado no
D) Errada - Inclui-se o dia do começo e exclui-se o dia do art. 2° do Código Penal, o Estado perde o direito de punir o
final. agente, ou seja, opera-se a extinção da punibilidade.

08. (FCC / Analista Judiciário - TRE-RS / 2010) Dentre os Observe o texto legal:
casos de extraterritorialidade incondicionada da lei
penal, previstos no Código Penal, NÃO se incluem os Art. 2° - Ninguém pode ser punido por fato que lei poste-
crimes cometidos: rior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a
A) contra a fé pública da União. execução e os efeitos penais da sentença condenatória. (gri-
B) contra o patrimônio de autarquia ou fundação ins- fei)
tituída pelo Poder Público.
C) contra a administração pública, por quem está a 10. (FCC/ISS-SP/2007) Na contagem dos prazos penais,
seu serviço. A) Inclui-se o dia do começo.
D) em aeronaves ou embarcações brasileiras. B) Considera-se como termo inicial a data da intima-
E) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Re- ção.
pública. C) Considera-se como termo inicial a data da juntada
do mandado aos autos.
GABARITO: D D) Considera-se como termo inicial o dia seguinte ao
COMENTÁRIOS: Questão que exige o conhecimento da da intimação.
literalidade do art. 7°. Veja: E) Descontam-se os feriados.
GABARITO: A Sendo assim, segundo o CP, as embarcações e aeronaves
mercantes só estarão sujeitas à lei brasileira se estiverem
COMENTÁRIOS: Esta questão não apresenta muita difi- no país ou em alto-mar (ou no espaço aéreo correspon-
culdade, pois exige apenas o conhecimento do disposto dente), o que torna incorretas as alternativas "A", "B", "C" e
no artigo 10 do Código Penal, que dispõe que o prazo "D".
penal inclui no cômputo do prazo o dia do começo.
Na alternativa "E" tem-se a situação em que uma embar-
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. cação estrangeira, de natureza privada, encontra-se em
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário co- mar territorial brasileiro. Para este caso, haverá aplicabili-
mum. dade do princípio da territorialidade e, portanto, da lei
penal brasileira.
11. (FCC / SEFAZ - RO / 2006) Na definição do local onde
a ação criminosa é desenvolvida, o ordenamento penal 13. (FCC / MPDF / 2008) Com relação à aplicação da lei
brasileiro abraçou a seguinte teoria: penal, é correto afirmar-se que:
A) Da intenção A) a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o
B) Da interação agente, aplica-se somente a fatos anteriores ainda
C) Da atividade não decididos por sentença.
D) Do resultado B) ninguém pode ser punido por fato que a lei poste-
E) Da ubiquidade rior deixa de considerar crime, cessando em virtu-
de dela a execução, preservando-se, no entanto, os
GABARITO: E efeitos penais da sentença condenatória.
C) a lei excepcional ou temporária, decorrido o perío-
COMENTÁRIOS: O Código Penal adota a teoria da ubiqui- do de sua duração ou cessadas as circunstâncias
dade quando, ao tratar do tema, dispõe: que a determinaram, perde a sua eficácia, mesmo
com relação aos fatos praticados durante a sua
Art. 6° - Considera-se praticado o crime no lugar em que vigência.
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como D) considera-se praticado o crime no momento da
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. ação ou omissão, ainda que outro seja o momento
do resultado.
12. (FCC / MPU / 2007) É certo que se aplica a lei brasilei- E) ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos
ra aos crimes praticados a bordo de: no estrangeiro, os crimes contra a vida ou a liber-
A) embarcações mercantes brasileiras que estejam dade de governador de Estado brasileiro.
em mar territorial estrangeiro.
B) embarcações mercantes brasileiras que estejam GABARITO: D
em porto estrangeiro.
C) aeronaves mercantes brasileiras que estejam em COMENTÁRIOS:
espaço aéreo estrangeiro.
D) aeronaves mercantes brasileiras que estejam em Alternativa "A" - Incorreta - A lei posterior que de qualquer
pouso em aeroporto estrangeiro. modo favorece o agente será aplicada ainda que os fatos
E) embarcação estrangeira de propriedade privada já tenham sido decididos por sentença penal transitada
que esteja em mar territorial brasileiro. em julgado. É o que prevê o artigo 2°, parágrafo único, do
CP.
GABARITO: E
Além disso, não é qualquer lei que por favorecer o agente
COMENTÁRIOS: O parágrafo 1° do artigo 5° do Código RETROAGE, mas somente as leis com EFEITOS PENAIS.
Penal considera como extensão do território nacional:
• As embarcações e aeronaves brasileiras de natureza Alternativa "B" - Incorreta - Trata da abolitio criminis pre-
pública; vista no artigo 2°, caput, do CP. Sabemos que a abolitio
• As embarcações e aeronaves brasileiras a serviço do criminis faz cessar a execução da pena bem como os
governo brasileiro; efeitos penais da sentença penal condenatória.
• As aeronaves e as embarcações brasileiras, mercan-
tes ou de propriedade privada que se achem, respecti- Alternativa "C" - Incorreta - A lei excepcional ou temporária
vamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto- continua a reger os fatos ocorridos sob sua vigência,
mar. mesmo depois de auto-revogadas (artigo 3°, do CP).
Alternativa D - Correta - De acordo com o artigo 4°, do CP, A) Apenas a assertiva III está correta.
considera-se praticado o crime no momento da conduta B) Apenas as assertivas III e IV estão corretas.
(atividade), independentemente de quando vem a ocorrer C) Apenas a assertiva I está correta.
o resultado. D) Apenas as assertivas I e III estão corretas.
E) N.R.A
Alternativa E - Incorreta - Aplica-se a lei penal brasileira, de
forma incondicionada, quando praticado o fato no exterior GABARITO: A
em detrimento da VIDA ou LIBERDADE do Presidente da
República e não do Governador de Estado. COMENTÁRIOS: Vamos analisar as assertivas:
Assertiva I - ERRADA: Contraria o art. 3° do Código Penal:
14. (FCC / Secretário de Diligências - MPE-RS / 2010) Em
tema de aplicação da lei penal, é INCORRETO afirmar: Art. 3° - A lei excepcional ou temporária, embora decorri-
A) Na contagem do prazo pelo Código Penal, não se do o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias
inclui no seu cômputo, o dia do começo, nem se que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua
desprezam na pena de multa, as frações de Real. vigência.
B) Considera-se praticado o crime no lugar em que
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, Assertiva II - ERRADA: A teoria aplicada é da atividade,
bem como onde se produziu ou deveria produzir-se nos termos do art. 4° do CP:
o resultado.
C) O princípio da legalidade compreende os princípios Art. 4° - Considera-se praticado o crime no momento da
da reserva legal e da anterioridade. ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resul-
D) A regra da irretroatividade da lei penal somente se tado.
aplica à lei penal mais gravosa.
E) As leis temporárias ou excepcionais são autorre- Assertiva III - CORRETA: Está em conformidade com o
vogáveis e ultrativas. parágrafo único do art. 2° do Código Penal.

GABARITO: A Assertiva IV - ERRADA: Contraria o art. 3° do Código Pe-


nal:
COMENTÁRIOS: A questão exige do candidato o conhe-
cimento dos arts. 10 e 11, do Código Penal. Art. 3° - A lei excepcional ou temporária, embora decorri-
do o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias
Segundo os citados dispositivos, o dia do começo inclui- que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua
se no cômputo do prazo penal. Contam-se os dias, os vigência.
meses e os anos pelo calendário comum e desprezam-se,
nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de di- 16. (AFT / 2010) Camargo, terrorista, tenta explodir agên-
reitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações cia do Banco do Brasil, na França. Considerando o
de cruzeiro. princípio da extraterritorialidade incondicionada, pre-
visto no Código Penal brasileiro, é correto afirmar que:
15. (TJ-PR / Juiz - TJ-PR / 2010) Dadas as assertivas A) Camargo só pode ser processado criminalmente
abaixo, escolha a alternativa CORRETA. na França.
I. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o B) O Estado brasileiro não tem interesse em delitos
agente, aplica-se aos fatos anteriores, inclusive ocorridos fora do Brasil.
sobre os afetados por leis temporárias ou excepci- C) Caso Camargo tenha sido condenado e encarcera-
onais. do na França, não poderá ser preso no Brasil.
II. CONSIDERA-se tempo do crime o momento da D) O fato deve ser julgado no local onde ocorreu o
ação ou omissão, porém se o resultado ocorrer em crime: na França.
outro momento, nesta ocasião considerar-se-á o E) Mesmo Camargo tendo sido julgado na França,
mesmo praticado. poderá ser julgado no Brasil.
III. A lei POSTERIOR que, de qualquer modo, favorecer
o agente, aplica-se aos fatos anteriores, mesmo GABARITO: E
tendo sido decididos por sentença irrecorrível.
IV. A lei EXCEPCIONAL ou temporária, depois de de- COMENTÁRIOS: Questão que exige o conhecimento do
corrido o tempo de sua duração ou cessadas as art. 7° no tocante a extraterritorialidade.
circunstâncias que a determinaram, não mais se
aplica ao fato praticado durante a sua vigência.
Observe que o art. 7°, I, "b", atribui a aplicabilidade da lei Item III - Incorreto - Não há qualquer obrigatoriedade de
brasileira aos crimes contra o patrimônio de sociedade de provocação por parte do réu. Os efeitos de uma lei mais
economia mista instituída pelo poder público. Assim, no benéfica atingem AUTOMATICAMENTE os que por ela
caso em tela, mesmo Camargo tendo sido julgado na forem abrangidos.
França, poderá ser julgado no Brasil.
Item IV - Correto - O instituto da abolitio criminis ocorre
Art. 7° - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos quando uma lei nova trata como lícito fato anteriormente
no estrangeiro tido como criminoso, ou melhor, quando a lei nova des-
I - os crimes: criminaliza fato que era considerado infração penal.
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distri-
to Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa 18. (TCM - RJ / 2008) A organização não-governamen-tal
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou funda- holandesa Expanding minds, dirigida pelo psicólogo
ção instituída pelo Poder Público; holandês Johan Cruiff, possui um barco de bandeira
holandesa que navega ao redor do mundo recebendo
17. (PGFN / 2007) À luz da aplicação da lei penal no tem- pessoas que desejam consumir substâncias entorpe-
po, dos princípios da anterioridade, da irretroatividade, centes que alteram a percepção da realidade. O prefei-
retroatividade e ultratividade da lei penal, julgue as to de um município decide embarcar para fazer uso
afirmações abaixo relativas ao fato de Caio ter sido recreativo da substância Cannabis sativa, popular-
processado pelo delito de adultério em dezembro de mente conhecida como maconha. Na ocasião em que
2004, sendo que a Lei n. 11.106, de 28 de março de ele fez uso dessa substância, o barco estava em alto-
2005, aboliu o crime de adultério: mar, além do limite territorial brasileiro ou de qualquer
I. Caso Caio já tenha sido condenado antes de mar- outro país. Sabendo que a lei brasileira pune crimi-
ço de 2005, permanecerá sujeito à pena prevista nalmente o consumo de substância entorpecente e
na sentença condenatória. que a maconha é considerada pela legislação brasilei-
II. A lei penal pode retroagir em algumas hipóteses. ra uma substância entorpecente, ao passo que a Ho-
III. Caso Caio não tenha sido condenado no primeiro landa admite esse consumo para fins recreativos, as-
grau de jurisdição, poderá ocorrer a extinção de sinale a alternativa correta a respeito do crime prati-
punibilidade desde que a mesma seja provocada cado pelo prefeito.
pelo réu. A) nenhum crime
IV. Na hipótese, ocorre o fenômeno da abolitio crimi- B) crime de consumo de substância entorpecente
nis. C) crime de responsabilidade
D) improbidade administrativa
A) Todas estão corretas. E) crime contra a fé pública
B) Somente I está incorreta.
C) I e IV estão corretas. GABARITO: A
D) I e III estão corretas.
E) II e IV estão corretas. COMENTÁRIOS: A regra, segundo o Código Penal, é a
aplicação do princípio da territorialidade. Logo, no caso
GABARITO: E apresentado, se o navio, com bandeira holandesa, está em
alto mar, além do limite territorial brasileiro ou de qual-
COMENTÁRIOS: quer outro país, não há que se falar em aplicabilidade da
Lei Penal Brasileira.
Vamos analisar as alternativas:
19. (Analista - MPE-SP / 2010) Considere que um indiví-
Item I - Incorreto - O fato de Caio já ter sido condenado duo, de nacionalidade chilena, em território argentino,
não importa no caso em tela, pois, segundo o art. 2° do contamine a água potável que será utilizada para dis-
CP, a retroação atinge os efeitos penais da sentença con- tribuição no Brasil e Paraguai. Considere, ainda, que
denatória. neste último país, em razão da contaminação, ocorre a
morte de um cidadão paraguaio, sendo que no Brasil é
Art. 2° - Ninguém pode ser punido por fato que lei poste- vitimado, apenas, um equatoriano. De acordo com a
rior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a regra do art. 6.°, do nosso Código Penal ("lugar do
execução e os efeitos penais da sentença condenatória. crime"), considera-se o crime praticado
A) na Argentina, apenas.
Item II - Correto - Conforme estudamos exaustivamente, B) no Brasil e no Paraguai, apenas.
em alguns casos há possibilidade da retroação. C) no Chile e na Argentina, apenas.
D) na Argentina, no Brasil e no Paraguai, apenas.
E) no Chile, na Argentina, no Paraguai, no Brasil e no COMENTÁRIOS: Extrai-se do caput do art. 2°, do Código
Equador. Penal, que havendo a descriminalização e uma vez ces-
sados os efeitos penais da sentença condenatória, deverá
GABARITO: D ser providenciada a retirada do nome do agente do rol dos
culpados, não podendo a sua condenação ser considera-
COMENTÁRIOS: O crime é considerado praticado no lugar da para fins de reincidência ou mesmo antecedentes pe-
em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, nais. Os efeitos civis, ao contrário, não serão atingidos
bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o re- pela abolitio criminis (extingue a punibilidade do agente
sultado. Daí extrai-se a teoria da ubiquidade. em virtude de uma nova lei).
Dado isso, notamos na questão que o crime (contamina-
ção da água) foi praticado na Argentina e o resultado 22. (FCC / MPU / 2007) Luiz foi condenado à pena de 1
(morte de quem tomou a água contaminada) ocorreu no (um) ano de reclusão em outro país por crime cometi-
Brasil e no Paraguai. do no Brasil. Após ter cumprido integralmente a pena,
retornou ao território nacional e foi preso para cumprir
20. (Investigador Policial - PC-RJ / 2007) É compatível pena de 2 (dois) anos de reclusão que lhe fora impos-
com o Estado de direito e o princípio da legalidade: ta, pelo mesmo fato, pela Justiça Criminal brasileira.
A) proibir incriminações vagas e indeterminadas. Nesse caso, a pena cumprida no estrangeiro:
B) proibir edição de normas penais em branco. A) será somada à pena imposta no Brasil e o resulta-
C) criar crimes e penas com base nos costumes. do dividido por dois, apurando-se o saldo a cum-
D) fazer retroagir a lei penal para agravar as penas de prir.
crimes hediondos. B) não será descontada da pena imposta no Brasil,
E) criar crimes, fundamentar ou agravar penas atra- por se tratarem de condenações impostas em dife-
vés da aplicação de analogia. rentes países.
C) será considerada atenuante da pena imposta no
GABARITO: A Brasil, podendo o sentenciado cumpri-la em regime
menos rigoroso.
COMENTÁRIOS: Como vimos em nossa aula, todos os D) será descontada da pena imposta no Brasil e res-
delitos devem ser definidos em lei. Assim, com base no ponderá o sentenciado pelo saldo a cumprir.
princípio da legalidade, devem ser proibidas as incrimina- E) isentará o autor do delito de cumprir qualquer pena
ções vagas e indeterminadas. no Brasil, por já tê-la cumprido no estrangeiro.
Observação: Como vimos, normas penais em branco são
aquelas em que há uma necessidade de complementação GABARITO: D
para que se possa compreender o âmbito da aplicação de
seu preceito primário. COMENTÁRIOS: Segundo o art. 8°, do Código Penal, a
pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no
21. (Oficial de Justiça - TJ-RO / 2009) Felipe cometeu um Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é
delito contra Caio. Com o advento de uma nova lei pe- computada, quando idênticas.
nal que descriminaliza a conduta de Felipe, é INCOR-
RETO afirmar que: Como na questão as penas aplicadas são idênticas (RE-
A) O magistrado deve rejeitar a denúncia oferecida CLUSÃO = RECLUSÃO), o tempo já cumprido deverá ser
contra Felipe. descontado do período ainda a cumprir e, portanto, a al-
B) Caio não pode mais receber indenização de Felipe, ternativa correta é a "D".
na esfera cível, eis que o fato não é mais conside-
rado delituoso.
C) Felipe retornará à condição de réu primário, caso
esteja condenado apenas pela prática desse deli-
to. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
D) Felipe, se já estiver condenado e cumprindo pena B A D A D C A D C A
privativa de liberdade, deverá deixar de cumprir a
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
reprimenda imposta.
E) O inquérito policial contra Felipe, tendo sido ins- E E D A A E E A D A
taura do, deverá ser arquivado. 21 22 — — — — — — — —
B D — — — — — — — —
GABARITO: B
Seus defeitos são definidos por Machado: "É evidente
que, pela sua amplitude conceitual, a definição material
de crime tem sabor prélegislativo, de orientação e parâ-
metro à liberdade legislativa de criação de delitos... Não
presta à formulação dogmática pela sua volatilidade e
CONCEITO insegurança conceituais".
O conceito de crime é o ponto inicial para a compreensão
2) CRITÉRIO LEGAL
dos principais institutos do Direito Penal. Embora aparen-
temente simples, a sua definição completa apresenta
Segue exatamente a definição apresentada pelo legisla-
questões complexas que acarretam várias consequências
dor no art. 1° da Lei de Introdução ao Código Penal. Ob-
ao estudo dos principais pontos para sua PROVA.
serve:
Segue exatamente a definição apresentada pelo legisla-
dor no art. 1° da Art. 1° Considera-se crime a infração penai que a lei
comina pena de reclusão ou de detenção, quer isola-
Lei de Introdução ao Código Penal. Observe: damente, quer alternativa ou cumulativamente com a
pena de multa; contravenção, a infração penal a que
Art. 1° Considera-se crime a infração penai que a lei a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples
comina pena de reclusão ou de detenção, quer isola- ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativa-
damente, quer alternativa ou cumulativamente com a mente.
pena de multa; contravenção, a infração penal a que
a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples Sendo assim, pelo critério legal, como você vai diferenciar,
ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativa- na sua prova, se é crime ou não? BASTA LER A PENA!!! Se
mente. lá estiver escrito:

Sendo assim, pelo critério legal, como você vai diferenciar, RECLUSÃO OU DETENÇÃO... Pronto! É CRIME SEGUNDO
na sua prova, se é crime ou não? BASTA LER A PENA!!! Se O CRITÉRIO LEGAL.
lá estiver escrito:
Mas e se viesse uma nova lei e inserisse na Lei de Contra-
O crime pode ser conceituado levando em conta três as-
venções Penais uma conduta punível com Detenção...
pectos. Vamos conhecê-los.
Seria Crime ou Contravenção?
CRIME!!! Como eu falei anteriormente, PARA SUA PROVA,
1) CRITÉRIO MATERIAL (SUBSTANCIAL)
considere:
Crime segundo o critério material é toda ação ou omissão
humana que lesa ou expõe a perigo bens jurídicos tutela- Se na penalização houver a palavra detenção ou
dos pelo direito. Segundo este conceito, não basta a lei reclusão é crime segundo o critério legal.
dispor sobre uma conduta ilícita, mas também há que ser
verificado a relevância do mal produzido pelo ato. O legislador achou por bem criar dois dispositivos dife-
renciados para tratar dos crimes e das contravenções.
Quando Felipe mata Caio, há relevância quanto ao mal os crimes estão definidos no código penal, enquanto as
causado? Claro que sim, logo, segundo o critério material contravenções, na lei de contravenções penais. em ter-
é crime. Em um primeiro momento, parece uma definição mos práticos, a diferença entre crimes e contravenções é
simples, mas agora pergunto, caríssimo aluno: " Imagi- a gravidade que o legislador atribui à conduta e, conse-
nemos uma lei criada que comina penalização de 3 a 8 quentemente, à penalização. o que você acha que é mais
anos de reclusão aos indivíduos que rasparem a cabeça grave: começar a gritar às 23:00 e acordar os vizinhos ou
no estilo Ronaldinho na copa de 2002." Segundo o critério passear nú na avenida paulista às 17:00? creio que você
material, a simples lei bastará para caracterizar a ilicitude respondeu passear nú, correto? exatamente por isso o
da conduta? legislador classificou tal conduta como crime e enqua-
drou a segunda como contravenção. "mas profes-
A resposta é negativa, pois segundo a análise do delito sor...então a única diferença é essa? as penalizações?"
pelo critério material não basta, e nem é necessária, uma sim, para a sua prova, esta é a única diferença!!!
lei para que qualquer conduta seja considerada penal-
mente ilícita. É preciso, simplesmente, que o ato crimina- OBS.: contravenção penal VS sinônimos:
lizado apresente relevância jurídico-penal, mediante a • Crime anão – Nelson Hungria;
provocação de dano ou ao menos exposição à situação • Delito liliputiano; e
de perigo em relação a bens jurídicos penalmente relevan- • Crime vagabundo. (ISSO CAIU NUMA PROVA ORAL!)
tes.
A diferença entre crime e contravenção penal é de grau, O STF não concorda com essa cria-
puramente axiológica, não ontológica. Os fatos mais gra- ção da jurisprudência, eis que o que
ves são crimes ou delitos, os menos graves considerados determina a espécie de ação, não é
contravenções penais. sua gravidade, mas sim a conveniên-
cia de se passar a iniciativa desta
O que é mais grave ou menos grave depende de opção para o particular.
política e ainda de percepção política. Vejamos o exemplo
absurdo:
Tentativa é punível Tentativa impunível (art. 4º, da LCP)
Porte ilegal de arma de fogo: antes era crime vagabundo,
mas houve uma mudança axiológica, após 97, e tornaram-
se crimes. E, por fim, a partir de 2003 o mesmo compor- Admite extraterritoriali- Não admite extraterritorialidade
tamento passou a ser tido como inafiançável. dade
A intraterritorialidade, que é a aplica-
Frisa-se ainda a manifestação do STF acerca de tais mu- A intraterritorialidade, ção da lei penal estrangeira ao crime
danças: mudar de contravenção penal para crime, ok, tudo que é a aplicação da lei cometido no Brasil, é admitida tanto
bem, mas mudar para inafiançável é caso de afronta ao p. penal estrangeira ao para crime, quanto para contraven-
da razoabilidade/proporcionalidade. crime cometido no ção.
Brasil, é admitida tanto
3) CRITÉRIO ANALÍTICO (TAMBÉM CHAMADO FORMAL / para crime, quanto para
DOGMÁTICO) contravenção.
Pode ser competência Sempre será competência da Justiça
Esse critério de conceituação do crime tem o foco princi- da Justiça Estadual ou Estadual (art. 109, IV, da CF) – JESP,
pal nos elementos (caracteres) que vão compor a estrutu- Federal salvo no caso de contravenção penal
ra do delito e aqui surge uma grande divergência doutriná- praticado por detentor de foro por
ria, talvez a maior da teoria geral do crime. prerrogativa de função federal.
Ressalta-se que, o
De forma bem objetiva, o que acontece é o seguinte: Os crime federal cometido Como por exemplo, o juiz federal que
autores definiram alguns elementos que podem compor o em conexão com a pratica contravenção penal.
conceito de crime segundo o critério analítico e, a partir contravenção gera a
da combinação de dois ou mais destes caracteres, cria- separação dos proces-
ram suas teorias. sos. OBS.: Havendo concurso entre crime
e contravenção, a prisão simples,
OBS: A infração penal no Brasil é dualista (ou bipartido, imposta cumulativamente com de-
binário), pois prevê duas espécies: crime e contravenção tenção ou reclusão, será executada
penal. por último, na forma do art. 76, do CP
(“No concurso de infrações, executar-
DIFERENÇAS ENTRE CRIME E CONTRAVENÇÃO PENAL se-á primeiramente a pena mais gra-
ve”).
CRIME CONTRAVENÇÃO OU CRIME ANÃO
OU OU DELITO LILIPUTIANO
O limite de cumprimen- O limite de cumprimento de pena
DELITO OU CRIME VAGABUNDO
to de pena será de 30 será de 05 anos (art. 10, da LCP)
Segundo a lei de intro- A contravenção penal será punida anos (art. 75, CP)
dução ao código penal, com pena de prisão simples (estabe-
o crime é punido com lecimento adequado, longe de crimi-
pena de reclusão ou de nosos, com menor rigor carcerário) Sursis – o período de Sursis – o período de prova é de 01 a
detenção + multa – ou multa (art. 6º, da LCP) prova do sursis varia de 03 anos
sendo esta facultativa 02 a 04 ou de 04 a 06
anos
Admite Ação Penal Só é perseguida por ação penal pú-
pública ou privada blica incondicionada (art. 17, LCP),
Regime de cumprimen- Jamais será cumprida no regime
exceto as vias de fato, que será per-
to da pena: O crime fechado, nem mesmo por meio de
seguida por ação penal pública con-
punido com detenção, regressão, sendo seu regime mais
dicionada a representação, eis que a
por meio da regressão, rigoroso o semi-aberto.
lesão corporal leve, que é mais grave,
poderá ser cumprido no
depende de representação.
regime fechado.
Os seguintes elementos compõem as teorias que em se- A lógica é clara. Imaginemos que Felipe mata Caio e de-
guida veremos: pois se mata. Podemos dizer que pela ausência da punibi-
lidade não existe crime? Claro que não!!!
1. TIPICIDADE;
2. ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE); 3) TEORIA BIPARTIDA OU FINALISTA DA AÇÃO –
3. CULPABILIDADE; E
4. PUNIBILIDADE Considera-se crime o FATO TÍPICO E ILÍCITO. Nesta teoria,
para a configuração do delito bastam o fato típico e a
No decorrer do nosso curso trataremos minuciosamente ilicitude, ao passo que a presença ou não da culpabilidade
de cada um destes caracteres, mas, antes de seguir, pelo importará somente na possibilidade ou não da pena ser
menos um conhecimento básico do significado destas imposta.
palavras você tem que ter.
Obs.:
OBS: TIPICIDADE * adequação entre o fato e a conduta Teoria finalista da ação- fato típico + ilícito
definida em lei.
Exemplo: quando Felipe mata Caio adequa-se perfeita-  SUJEITOS DO CRIME
mente ao fato tipificado no art. 121 do cp - matar al-
guém. Sujeitos do crime são as pessoas ou entes relacionados a
ILICITUDE * conduta definida em lei como ilícita. pratica e aos efeitos da empreitada criminosa. Dividem-se
EXEMPLO: se Felipe mata caio, podemos dizer que a em sujeito ativo e sujeito passivo. Vamos conhecê-los a
conduta é típica. Mas é ilícita sempre? A resposta é ne- partir de agora.
gativa, pois se ele matou em legítima defesa, por exem-
plo, ela passa a ser lícita. SUJEITO ATIVO
CULPABILIDADE * juízo de reprovação sobre determina-
da conduta que contraria a norma penal. exemplo: Caio É quem pratica a figura típica descrita na norma penal
diz para caio: "ou você bate em Felipe ou eu estupro sua incriminadora. É o personagem (autor) que pratica a in-
mulher". Diante da situação, caio gera lesões corporais fração penal.
em Felipe. Neste caso, caio teve "culpa"? claro que não,
pois estava mediante coação. logo, a conduta não é cul- Somente o ser humano, isoladamente ou associado a
pável. outros, possui capacidade para delinquir (autoria ou co-
PUNIBILIDADE * possibilidade do estado punir o infrator. autoria). Aqui temos que definir importantes conceitos:
Exemplo: caio mata Caio e depois se mata. para esta
situação, há como punir caio? claro que não, pois ele já AUTOR - Toda a pessoa que pratica o núcleo do tipo
está morto. penal.

Agora que você já tem ao menos uma noção dos concei- Por Exemplo: art. 121, cp: "matar alguém...". Tipo
tos, vamos tratar das teorias. Neste momento inicial, ate- ou tipo penal é um modelo abstrato que descre-
nha-se em entender cada uma delas, não se preocupan- ve um comportamento proibido no meio social. O
do, efetivamente, com discussões doutrinárias e jurispru- núcleo do tipo revela-se por um ou mais verbos,
denciais. por exemplo: "matar" (121, cp), "solicitar ou rece-
ber" (357, cp). Em suma, quem pratica o verbo do
1) TEORIA QUADRIPARTIDA- ] tipo, pratica o seu núcleo.

Considera que o crime é composto pelo FATO TÍPICO + Co-Autor - Pode ser entendido como aquele agente que
ILICITUDE + CULPABILIDADE + PUNIBILIDADE. Sem en- mais se aproxima do núcleo do tipo penal, juntamente
trar em explicações desnecessárias para sua PROVA, esta com o autor principal, podendo sua participação ser
teoria é adotada pela doutrina minoritária e, hoje, não parcial ou direta.
encontra aplicabilidade prática.
Exemplo: "a" e "b" esfaqueiam a vítima até a mor-
TEORIA QUADRIPARTIDA te". (barros, 2003, pág. 406).
FATO TÍPICO + ILÍCITO + CULPÁVEL + PUNÍVEL
PARTÍCIPE - É aquele indivíduo que não participa dos
2) TEORIA CLÁSSICA DA AÇÃO Para esta teoria o crime é atos de execução, mas auxilia o autor (ou co-autor) na
um FATO TÍPICO + ILÍCITO E CULPÁVEL, não sendo realização do fato típico. Esta participação pode ser
necessário que seja punível. moral ou material. A participação moral pode ocorrer
quando o partícipe induzir o autor a realizar um fato ilíci-
to (ou antijurídico), "até então inexistente". O partícipe almente. Essa perspectiva permite a criação de um con-
pode ainda instigar o autor a realizar a ideia pré- ceito denominado 'ação delituosa institucional', ao lado
existente na sua cabeça, reforçando-a. Na participação das ações humanas individuais".
material, como o próprio nome sugere, o agente participa
materialmente com a conduta. A PESSOA JURÍDICA RESPONDE NA ÁREA CIVIL, TRABA-
LHISTA, TRIBUTÁRIA. ENTÃO, POR QUE NÃO RESPON-
Ex: Felipe fornece uma arma para Caio matar seu DER TAMBÉM PENALMENTE?
desafeto, logo, é partícipe do delito.
A pessoa jurídica não é um ser artificial, criado pelo Esta-
O sujeito ativo do crime recebe, de acordo com a situação do, mas sim um ente real, independente dos indivíduos
processual em que se encontra, a terminologia de indicia- que a compõem. Sustenta que ela tem personalidade real,
do (no inquérito policial), agente (sentido geral), acusado com vontade própria e com capacidade de ação e de pra-
(após a denúncia do Ministério Público), denunciado, réu, ticar ilícitos penais. É assim capaz de responsabilidade
sentenciado, dentre outros. Neste ponto, para sua PROVA, civil e penal.
não há necessidade de você conhecer a diferença jurídica
de indiciado para réu ou mesmo de acusado para agente. Diante disso, entende-se que a pessoa jurídica possa de-
Basta apenas que você saiba que se aparecer uma das linquir. Tal entendimento é o adotado pelas bancas e
supracitadas denominações, a banca estará se referindo também pelo Superior Tribunal de Justiça nos seguintes
ao SUJEITO ATIVO. termos:

Ainda dentro do tema, para que um indivíduo seja consi- STJ - RECURSO ESPECIAL: REsp 889528 SC 2006/
derado sujeito ativo, é necessário que ele detenha capaci- 0200330-2
dade penal, que nada mais é do que o conjunto de condi- PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. CRIMES
ções exigidas para que um sujeito possa se tornar titular CONTRA O MEIO AMBIENTE. DENUNCIA REJEITADA
de direitos ou obrigações no campo do direito penal. Exa- PELO E. TRIBUNAL A QUO. SISTEMA OU TEORIA DA
tamente por isso que os mortos ou os animais e entes DUPLA IMPUTAÇAO.
inanimados não podem ser SUJEITOS ATIVOS, podendo,
entretanto, ser objetos ou instrumentos do crime (ex: su- Admite-se a responsabilidade penal da pessoa jurídica
jeito que treina cão para matar alguém. O cão é instru- em crimes ambientais desde que haja a imputação si-
mento do crime e não sujeito ativo). multânea do ente moral e da pessoa física ( teoria da
Dupla Imputação) que atua em seu nome ou em seu
Bom, Guerreiro, até aqui falamos das pessoas FÍSICAS, benefício, uma vez que "não se pode compreender a
mas e as PESSOAS JURÍDICAS, podem se enquadrar co- responsabilização do ente moral dissociada da atuação
mo SUJEITO ATIVO de um delito? de uma pessoa física, que age com elemento subjetivo
próprio" cf. Resp n° 564960/SC, 5a Turma, Rel. Ministro
1. TEORIA DA FICÇÃO- Gilson Dipp, DJ de 13/06/2005 (Precedentes). Recurso
especial provido.
A personalidade jurídica somente existe por determinação
da lei e dentro dos limites por ela fixados. Não tem a pes- 1ª. CORRENTE- A pessoa jurídica não pode praticar cri-
soa jurídica consciência e vontade próprias. É uma ficção mes ou ser responsabilizada penalmente. Para tal corren-
legal. Para esta corrente, A PESSOA JURÍDICA NÃO PODE te, a responsabilidade penal da pessoa jurídica ofende os
SER SUJEITO ATIVO DO CRIME, POIS NÃO TEM CAPACI- seguintes princípios: da responsabilidade subjetiva, da
DADE PENAL. Quem atua por ela são seus membros, seus culpabilidade, da responsabilidade pessoal e da persona-
diretores, que serão responsabilizados pelo delito cometi- lidade das penas.
do em nome da pessoa jurídica. Assim, somente os res-
ponsáveis concretos pelo delito (gerentes, diretores) são 2ª. CORRENTE- A pessoa jurídica pode ser autora de
responsabilizados penalmente. crimes ambientais e, portanto, responsabilizada penal-
mente. Trata-se de responsabilidade objetiva autorizada
2. TEORIA DA REALIDADE (PREDOMINANTE) pela própria CF/88. A pessoa jurídica deve responder por
seus atos, adaptando-se o juízo de culpabilidade às suas
Existe o entendimento de que a pessoa jurídica é um ser características. Sua punição não viola o princípio da per-
natural e que tem vontades próprias. Conforme Nucci, sonalidade, transmitindo-se, eventualmente, efeitos da
"porque elas fazem com que se reconheça, modernamen- condenação.
te, sua vontade, não no sentido próprio que se atribui ao
ser humano, resultante da própria existência natural, mas
em um plano pragmático-sociológico, reconhecível soci-
3ª. CORRENTE- Apesar de a pessoa jurídica ser um ente criminalidade, nossa CF, em seus art. 225, §3° (as condu-
autônomo e distinta de seus membros, dotado de vontade tas e atividades consideradas lesivas ao MEIO AMBIENTE
própria não pratica crimes nem mesmo ambientais, mas sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a
pode ser responsabilidade penalmente nas infrações con- sanções PENAIS e administrativas, independentemente
tra o meio ambiente (art. 3º da Lei 9.605/98). da obrigação de reparar os danos causados) e 173, §5° (a
lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos diri-
Assim, sendo propositalmente repetitivo: gentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilida-
de desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua
A adoção deste entendimento tem por base diversos dis- natureza, nos atos praticados CONTRA A ORDEM ECO-
positivos que deixam clara a opção do legislador em apli- NÔMICA E FINANCEIRA E CONTRA A ECONOMIA POPU-
car a Teoria da realidade em nosso ordenamento jurídico. LAR), previu a responsabilização da pessoa jurídica em
todas as esferas do direito por atos cometidos CONTRA A
A CF/88, nos artigos 173, §5° e 225, §3°, determinou que a ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA E CONTRA O MEIO
legislação ordinária estabelecesse a punição da pessoa AMBIENTE.
jurídica nos atos cometidos contra a economia popular, a
ordem econômica e o meio ambiente. OBS.4: O BRASIL ADOTOU A TEORIA DA REALIDADE DA
PESSOA JURÍDICA, mas junto dela deve haver a TEORIA
Veja: DA DUPLA IMPUTAÇÃO ou do SISTEMA PARALELO, se-
Art. 173 gundo a qual a responsabilidade das PESSOAS FÍSICAS
[...] (funcionários ou diretores) não interfere na responsabili-
§ 5° - A lei, sem prejuízo da responsabilidade indivi- dade da PESSOA JURÍDICA que praticou o crime. É o que
dual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá se chama sistema paralelo de imputação: há um sistema
a responsabilidade esta, sujeitando-a às punições de imputação para a pessoa física e outro para a pessoa
compatíveis com sua natureza, nos atos praticados jurídica. A responsabilidade das pessoas jurídicas não
contra a ordem econômica e financeira e contra a exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou parti-
economia popular. cipes do mesmo fato, o que demonstra a adoção do sis-
tema da dupla imputação.
ADMITE-SE A RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA
JURÍDICA OBS.5: Ambos os artigos (art. 225, §3° e art. 173, §5°) são
NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA, ou
A Lei n° 9.605/98, referente aos delitos cometidos em seja, requerem regulamentação infralegal para que se
desfavor do meio ambiente, fez com que essa teoria ga- tornem eficazes. Apenas o art. 225 foi regulamentado, por
nhasse força, uma vez que, em seu artigo 3°, dispôs: meio da Lei 9.650/98 (LEI DE CRIMES AMBIENTAIS), que
prevê penas específicas para pessoas jurídicas. Essa lei
Art. 3° As pessoas jurídicas serão responsabilizadas adotou o SISTEMA DA DUPLA IMPUTAÇÃO, de acordo
administrativa, civil e PENALMENTE conforme o dis- com o qual a responsabilidade da pessoa jurídica não
posto nesta Lei, nos casos em que a infração seja exclui a do ser humano que comete o crime. Hoje a PES-
cometida por decisão de seu representante legal ou SOA JURÍDICA somente pode ser SUJEITO ATIVO DE
contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse CRIMES praticados contra o MEIO AMBIENTE (Lei
ou benefício da sua entidade. 9.605/98).

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas ju- QUESTÃO 1: (DELEGADO POLÍCIA CIVIL TO 2008 CES-
rídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co- PE/UNB) A pessoa jurídica poderá ser alcançada adminis-
autoras ou partícipes do mesmo fato. trativa, civil e penalmente nos casos em que a conduta ou
atividade lesiva ao meio ambiente seja cometida por de-
E, para tanto, eis os requisitos para responsabilizar a pes- cisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu
soa jurídica: órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entida-
de.
a) Praticado por decisão de seu representante le-
gal ou contratual; QUESTÃO 2: (PROCURADOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO
b) A seu mando; JUNTO AO TCM DO ESTADO DE GOIÁS 2008 CESPE/UNB)
c) Em seu benefício/interesse. A pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de crime, depen-
dendo da sua responsabilização penal, consoante enten-
OBS. 3- Considerando que é dever do Estado proteger o dimento do STJ, da existência da intervenção de uma
bem jurídico, bem como que há necessidade de o Direito pessoa física que atue em nome e em benefício do ente
Penal modernizar-se, acompanhando as novas formas de moral.
R.: Corretas! Nesse sentido é a orientação do Superior
OBS.: Advogado que induz testemunha prática de falso
Tribunal de Justiça (STJ). A previsão legal encontrava-se
testemunho – art. 342, CP. pratica qual crime?
no art. 3.º da Lei n.º 9.605/1998 (Lei Ambiental); e no §
3.º, do art. 225 da CF/88. Da mesma forma o Superior
Assim, tal advogado seria partícipe de tal crime. Contu-
Tribunal Federal (STF) orienta-se favoravelmente à res-
do, o STF excepcionou tal crime, disse que o advogado é
ponsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes ambi-
coautor deste crime. O STF está admitindo excepcio-
entais.
nalmente a coautoria em crime de mão própria neste
caso.
QUESTÃO 3: (OAB 2006.2 CESPE/UNB) É impossível atri-
buir a pessoa jurídica capacidade penal para a prática de
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA
crimes ambientais.

Supremo Tribunal Federal


R.: Errada! É possível.

“No caso concreto, discute-se hipótese de condenação


SUJEITO ATIVO QUALIFICADO
por prática de CRIME SOCIETÁRIO (Lei nº 7.492/1986, art.
Conforme vimos, a maioria dos crimes podem ser cometi-
4º, c/c o art. 25). A rigor, trata-se de delitos que ADMITEM
dos por qualquer pessoa, bastando apenas a capacidade
COMETIMENTO POR MAIS DE UM SUJEITO ATIVO.” (HC
penal geral.
85017 / MG).
Entretanto, há crimes que reclamam determinada capaci-
“CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO. ART. 17 DA
dade especial penal por parte do sujeito ativo, ou seja,
LEI 7.492/1986. CIRCUNSTÂNCIA DE CARÁTER PESSOAL.
certa posição jurídica (Ex: Ser funcionário público para
ELEMENTAR DO CRIME. ART. 30 DO CÓDIGO PENAL. RE-
cometer o crime de peculato), ou posição de fato (Ex: Ser
JEITADA A ALEGAÇÃO DE QUE O CRIME TIPIFICADO NO
gestante para cometer auto-aborto - infanticídio).
ART. 17 DA LEI 7.492/1986 É PRÓPRIO QUANTO AO SU-
JEITO ATIVO. Aplicação do art. 30 do Código Penal.” (HC
Nesses casos, os sujeitos ativos são chamados de "sujei-
84238 / BA).
tos ativos qualificados", os quais praticam os crimes pró-
prios.
Circunstâncias incomunicáveis - Art. 30 - Não se comuni-
cam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal,
Crime próprio quanto ao sujeito ativo é aquele que exige salvo quando elementares do crime.
do agente certos requisitos naturais ou sociais que o
torna capaz de figurar como sujeito executor daquele SUJEITO PASSIVO-
crime. exemplifica-se com os crimes que exigem a con-
dição de "funcionário público" para que possa o indiví- É o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado. É o coita-
duo perpetrar a infração. do que morre no crime de homicídio, o marido que sofre
lesões corporais graves de sua mulher, ou mesmo o pos-
suidor da coisa no furto.
CRIME COMUM- O tipo não exige condição especial do
agente. Admite coautoria e participação.
Nada impede que, em um determinado delito, dois ou
mais sujeitos passivos existam, desde que estes tenham
CRIME PRÓPRIO- O crime exige condição especial do
sido lesados ou ameaçados em seus bens jurídicos defi-
agente (p.ex. – peculato – art. 312, CP). Admite coautoria
nidos no tipo penal.
e participação.
Pode ser denominado de vítima ou de ofendido e divide-se
CRIME DE MÃO PRÓPRIA- O crime exige condição espe-
em duas espécies:
cial do agente. Só admite participação (não admite a co-
autoria).
1 - Sujeito passivo formal ou mediato ou constante: É O
ESTADO!
Crime de atuação pessoa ou crime da conduta do tipo de
infungível é SINÔNIMO DE crime de mão própria.
"Mas, como assim, professor, um indivíduo é vítima de
roubo, por exemplo, e o sujeito passivo é o Estado?".
Ex.: falso testemunho – art. 342, CP.
Exatamente, o Estado é o sujeito passivo mediato, pois,
por ser o titular do mandamento proibitivo não observado
pelo sujeito ativo, é sempre lesado pela conduta do sujei-
to ativo.
2 - Sujeito passivo (eventual): MATERIAL OU IMEDIATO- Nascituro - O nascituro pode ser sujeito passivo, pois o
É o titular do interesse penalmente protegido. É aquele feto tem direito à vida, sendo esta protegida pela punição
que sofre a lesão do bem jurídico de que é titular, como a do aborto.
vida, a integridade física, a honra.
Podem ser sujeito passivo material: Animais e coisas inanimadas- Os animais e as coisas não
são vítimas de crime, figurando apenas como objeto ma-
• AS PESSOAS FÍSICAS * Ex: Homicídio: terial. Daí resulta que em caso de lesão a coisas ou ani-
mais, os sujeitos passivos são os seus proprietários ou a
Art. 121. Matar alguém: coletividade.
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
MAS E NOS CRIMES CONTRA A FAUNA?
• O ESTADO- Ex: Crimes contra a Administração Pública:
Como já disse, é a coletividade que figura como vítima. De
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de di- fato, ela é a titular do interesse de ver preservado todo o
nheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público patrimônio ambiental.
ou particular, de que tem a posse em razão do cargo,
ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio Agora, Guerreiro, um questionamento:

• A PESSOA JURÍDICA – PODEMOS AFIRMAR QUE O SUJEITO PASSIVO DO DELI-


TO É O PREJUDICADO PELO CRIME?
Ex.: A companhia de seguro, como pessoa jurídica
(art. 171, § 2°, V, CP - fraude para o recebimento A reposta é negativa, pois, ainda que muitas vezes tais
de indenização ou valor de seguro - Estelionato) características se reúnam na mesma pessoa, as situa-
ções são diversas.
• A COLETIVIDADE *(art. 286, CP - incitação ao crime).
Sujeito passivo é o titular do bem lesado, enquanto o pre-
Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime: judicado é qualquer pessoa a quem o crime traga danos,
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. patrimoniais ou não. Imagine que Felipe, casado com
Mévia, tem a sua aliança roubada.
3 - SUJEITO PASSIVO - CASOS ESPECIAIS
Quem é o sujeito passivo?
Existem determinados casos, comumente exigidos em
PROVA que, embora não saiam da regra, são importantes Felipe, pois ele era o titular do bem jurídico protegido.
de serem citados para que você não precise nem pensar
para marcar a resposta correta: E a maior prejudicada? A esposa, é claro, pois Felipe não
exibe mais o símbolo de seu enlace matrimonial.
Incapaz- O incapaz pode ser sujeito passivo de delitos,
pois é também titular de direitos, como a vida e a liberda- OBS.: Sujeito passivo de crime NÃO SE CONFUN-
de (entre outros). DE com pessoa prejudicada pela infração.

Há delitos em que somente podem figurar como sujeitos Crime de DUPLA SUBJETIVIDADE PASSIVA- É aquele que
passivos os incapazes. obrigatoriamente tem pluralidade de sujeito passivo, de
vítimas
Ex: recém-nascido ser vítima de infanticídio (art.
123, CP); menor de idade ser sujeito passivo de Ex.: violação de correspondência( 151, CP)- Sujei-
abandono intelectual (art. 246, CP). tos Passivos: Remetente e Destinatário.
aborto não consentido, etc.
Morto - O ser humano morto não pode ser sujeito passivo
de nenhum delito, pois não é titular de direitos, podendo OBS.: Homicídio com duas vítimas não é crime de
ser simplesmente o objeto material do delito. Caso seja dupla subjetividade passiva.
praticada alguma conduta atentando contra eles, restará
configurado um crime contra o respeito aos mortos (arts.
209 a 212, CP) e a vítima, neste caso, será sua família ou
a coletividade, e não o morto em si.
PESSOA JURÍDICA PODE SER VÍTIMA DO DELITO EXTOR- DA JUSTIÇA MILITAR PARA O JULGAMENTO (CF, artigo
SÃO MEDIANTE SEQÜESTRO? 124)”. (HC 82142 / MS).

SIM, por meio de privação da liberdade de um diretor, on- OBJETO DO CRIME


de o resgate é exigido da pessoa jurídica, que será lesada
em seu patrimônio. Ressalta-se que, na extorsão median- É o bem ou objeto contra o qual se dirige a conduta crimi-
te sequestro, vítima é a pessoa que tem a sua liberdade e nosa. Pode ser:
o seu patrimônio atingido.
a) JURÍDICO-
PESSOA JURÍDICA PODE SER VÍTIMA DE CRIME CONTRA
A HONRA (CALÚNIA, DIFAMAÇÃO OU INJÚRIA)? Objeto jurídico do crime é o interesse protegido pela lei
penal ou, como diz Nuvolone, "o bem ou interesse que o
1ª corrente: pessoa jurídica pode ser vítima so- legislador tutela, em linha abstrata de tipicidade (fato
mente de difamação. Não pode ser vítima de ca- típico), mediante uma incriminação penal".
lúnia, pois não pratica crime e também não pode
ser vítima de injúria, pois não possui honra subje- b) MATERIAL-
tiva (dignidade e decoro). STF e STJ
Objeto material ou substancial do crime é a pessoa ou
2ª corrente: a pessoa jurídica não pode ser vítima coisa sobre a qual recai a conduta criminosa, ou seja,
de nenhum crime contra a honra, pois o capítulo aquilo que a ação delituosa atinge. Está ele direta ou indi-
do código penal só protege honra de pessoa físi- retamente indicado na figura penal. Assim, "alguém" (o
ca. - Mirabete ser humano) é objeto material do crime de homicídio (art.
121), a "coisa alheia móvel" o é dos delitos de furto (art.
A PESSOA JURÍDICA pode ser SUJEITO PASSIVO, desde 155) e roubo (art. 157), etc. Art. 121. Matar alguém [...]
que sua natureza se adéque ao CRIME. Uma EMPRESA
pode ser vítima dos crimes de FURTO e de DANO, mas Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
não do crime de HOMICÍDIO ou de ESTUPRO. móvel [...]

JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA Agora, para finalizar, um questionamento que inclusive já


foi objeto de prova:
Supremo Tribunal Federal
Há crime sem objeto?
“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO CRIMINAL. HO- A resposta é... DEPENDE, pois:
MICÍDIO. CRIME PRATICADO POR ÍNDIO CONTRA ÍNDIA.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM. Não havendo dispu- Não há crime sem objeto jurídico, pois qualquer crime
ta sobre direitos indígenas, a competência para processar viola uma lei. Entretanto é possível um delito sem objeto
e julgar as causas em que envolvido indígena, seja como material. exemplo: ato obsceno (artigo 233 do código
sujeito ativo ou sujeito passivo do delito, é da Justiça penal).
estadual.” (AI-AgR 496653 / AP).
OBS: O que é crime pluriofensivo?
“CRIMINAL. HABEAS CORPUS. ART. 342, § 2º, DO CÓDIGO
PENAL BRASILEIRO. ‘TERMO DE DECLARAÇÕES’. CA- É o que lesa ou expõe a perigo mais de um bem jurídico.
RACTERIZAÇÃO DE FALSO TESTEMUNHO. Circunstâncias
do caso pelas quais se afasta a alegação de que o pacien- Ex1: extorsão mediante sequestro (patrimônio e liberdade).
te, ao narrar fatos em INQUÉRITO POLICIAL, fizera-o na Ex2: latrocínio.
condição de mero declarante: EQUIPARAÇÃO DE DECLA-
RANTE A TESTEMUNHA.” (HC 83254 / PE). Não existe crime sem objeto jurídico, pois a lei penal tem
de tutelar algum interesse.
“EMENTA: HABEAS-CORPUS. POLICIAL MILITAR. CON-
DUTA RELACIONADA COM ATUAÇÃO FUNCIONAL. CRI- CRIME: CLASSIFICAÇÕES
MES TAMBÉM DE NATUREZA PENAL MILITAR. COMPE- A partir de agora começaremos a tratar das diversas clas-
TÊNCIA RECONHECIDA. 1. Policial militar. Existência de sificações aplicáveis aos crimes, assunto esse que
delitos tipificados ao mesmo tempo no CP e no CPM. acompanhará você até a nossa última aula, ou melhor...
Condutas que guardam relação com as funções regulares ATÉ A PROVA!!!
do servidor. CRIME MILITAR IMPRÓPRIO. COMPETÊNCIA
Sendo assim, forme uma base forte e entenda bem os CRIMES INSTANTÂNEOS, PERMANENTES E INSTANTÂ-
conceitos, para construir, até o final do curso, uma forta- NEOS DE EFEITOS PERMANENTES
leza abrangendo todo o Direito Penal.
1) CRIME INSTANTÂNEO-
Dito isto, vamos começar:
É aquele que, quando consumado, encerra-se. A consu-
A classificação dos crimes se subdivide em legal e dou- mação ocorre em determinado momento e não mais se
trinária: prossegue.

LEGAL - É a qualificação, ou seja, o nome atribuído ao Exemplo: Furto.


delito pela lei penal. Na Parte Especial do Código Penal,
todo crime é acompanhado por sua denominação legal 2) CRIME PERMANENTE-
(nomem iuris). Sendo assim, diante desta definição, como
Existe quando a consumação se prolonga no tempo, de-
sabermos o nome do crime previsto no artigo 165 do Có-
pendente da ação ou omissão do sujeito ativo. Não se
digo Penal?
admite a tentativa.
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tom-
Exemplo: Cárcere Privado
bada pela autoridade competente em virtude de valor
artístico, arqueológico ou histórico.
3) DELITO INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES-
A resposta é fácil. Basta abrir o código no artigo 165 e
É aquele em que a permanência do efeito não depende do
encontrar a denominação: "Dano em coisa de valor artísti-
prolongamento da ação do sujeito ativo, ou seja, ocorre
co, arqueológico ou histórico".
quando, consumada a infração em dado momento, os
efeitos permanecem, independentemente da vontade do
• DOUTRINÁRIA- É o nome dado por estudiosos do direito
sujeito.
a determinadas espécies de crime. Vamos ater nossos
estudos à classificação doutrinária e, dentre as incontá-
Exemplo: Crime de bigamia previsto no artigo 235 do CP.
veis existentes, somente àquelas que importam para a
SUA PROVA.
Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo ca-
samento:
CRIMES COMUNS, CRIMES PRÓPRIOS E DE MÃO PRÓ-
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
PRIA
Se um indivíduo já é casado e casa novamente, no mo-
1) CRIMES COMUNS- São os delitos que podem ser pra-
mento do segundo matrimônio já é consumado o delito
ticados por qualquer pessoa. Exemplo: Homicídio, fur-
(instantâneo), mas, independentemente da vontade dele,
to, etc.
o efeito do crime permanecerá enquanto estiver casado.

2) CRIMES PRÓPRIOS- São aqueles que exigem ser o


CRIMES COMISSIVOS, OMISSIVOS PRÓPRIOS E OMISSI-
agente portador de capacidade especial. Exemplo: Pe-
VOS IMPRÓPRIOS
culato (só pode ser praticado por funcionário público).
1) CRIMES COMISSIVOS-
3) CRIMES DE MÃO PRÓPRIA- São passíveis de serem
cometidos por qualquer pessoa, mas não podem ser São os que exigem, segundo o tipo penal objetivo (descri-
praticados por intermédio de outrem, ou seja, tais cri- ção abstrata de um comportamento), em princípio, uma
mes não admitem o-autoria, mas apenas a participa- atividade positiva do agente, ou seja, uma ação.
ção. Exemplo: Falso testemunho.
Exemplo: Roubo.
Para ficar ainda mais claro: Um advogado pode induzir ou
instigar uma testemunha a faltar com a verdade, mas 2) CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS OU PUROS-
jamais poderá, em juízo, mentir em seu lugar ou junta-
mente com ela. Sendo assim, quem pode cometer o delito São os que objetivamente são descritos com uma condu-
de falso testemunho? ta negativa, ou seja, de não fazer o que a lei determina,
consistindo a omissão na transgressão da norma jurídica.
Qualquer pessoa QUANDO for testemunha. É a omissão do autor quando deve agir. Exemplo típico é a
omissão de socorro prevista no artigo 135 do Código Pe-
nal.
Observe: CRIMES MATERIAIS, FORMAIS E DE MERA CONDUTA

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando pos- 1) CRIME MATERIAL - É aquele em que o tipo penal
sível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandona- guarda em seu interior uma conduta e um resultado
da ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao naturalístico, sendo a ocorrência deste último neces-
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não sária para a consumação.
pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública.
Exemplo: É o caso do homicídio, cuja consumação é
Observe que nos crimes próprios existe uma caracterizada pelo falecimento da vítima.
norma penal que tipifica a omissão. Sendo as-
sim, para sua prova, se estiver presente no códi- 2) CRIME FORMAL- É aquele crime que se tem como
go penal uma tipificação para uma omissão, consumado independente do resultado naturalístico,
afirme: é omissivo próprio. não exigindo para sua consumação o resultado pre-
tendido pelo agente. Ressalto que neste tipo de delito
3) CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS OU COMISSIVOS o resultado pode até ocorrer, mas, para a consumação
POR OMISSÃO- do crime, é indiferente.

Existem quando a omissão consiste na transgressão do Exemplos: No delito de ameaça, a consumação


dever jurídico de impedir o resultado, praticando-se o cri- dá-se com a prática do fato, não se exigindo que a
me que, abstratamente, é comissivo. Nestes casos, a lei vítima realmente fique intimidada. No de injúria, é
descreve uma conduta de fazer, mas o agente se nega a suficiente que ela exista, independentemente da
cumprir o dever de agir. A obrigação jurídica de agir deve reação psicológica do indivíduo.
existir, necessariamente.
NO CRIME DE MERA CONDUTA –
As hipóteses de dever jurídico de agir foram previstas no
parágrafo 2° do artigo 13 do Código Penal nos seguintes A lei não exige qualquer resultado naturalístico, conten-
termos: tando-se com a ação ou omissão do agente. Em outras
palavras, o tipo não descreve o resultado, consumando-se
Art. 13. a infração com a simples conduta.
[...]
§ 2° - A omissão é penalmente relevante quando o Exemplos: Violação de domicílio, ato obsceno,
omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O omissão de notificação de doença e a maioria das
dever de agir incumbe a quem: contravenções.

a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou OS CRIMES MATERIAIS, FORMAIS E DE MERA CONDUTA
vigilância; SÃO CLASSIFICADOS EM RELAÇÃO AO SEU RESULTA-
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de DO.
impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da CRIMES SIMPLES, QUALIFICADOS E PRIVILEGIADOS
ocorrência do resultado.
1) CRIME SIMPLES
IMAGINE QUE FELIPE ESTÁ NA PRAIA QUANDO MÉVIA
PERGUNTA A ELE SE Pode olhar seu filho enquanto ela Ocorre quando o tipo legal é único. Neles, a lesão jurídica
entra na água. é una e seu conteúdo não apresenta qualquer circunstân-
cia que aumente ou diminua sua gravidade.
Felipe, impressionado com os atributos corporais de
mévia, Aceita a responsabilidade e, enquanto acompa- Exemplo: homicídio simples.
nhava com seu Olhar o trajeto mévia-água, a criança vai
para o mar e morre Afogada. 2) CRIME QUALIFICADO

Neste caso, existe alguma norma penalizadora em que Quando o legislador, ao tipo básico ou fundamental, agre-
Felipe irá se enquadrar pela omissão? ga situação que eleva ou majora a pena, tal qual se dá
com o homicídio (art. 121 e par. 2°).
A resposta e negativa. Ticio será enquadrado em homi-
cídio Culposo. Logo, com base no artigo 13, § 2°, "b" co- Art. 121 [...]
meteu um crime omissivo Impróprio. § 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou Exemplo- Felipe esfaqueia Caio, que vem a falecer
por outro motivo torpe; devido às lesões –
II - por motivo fútil; Enquadramento de Felipe na conduta definida no
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, artigo 121 do Código Penal:
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que
possa resultar perigo comum; Art. 121. Matar alguém[...]
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimula- Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
ção ou outro recurso que dificulte ou torne impossí-
vel a defesa do ofendido; fato atípico é aquele que não se enquadra em nenhum
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impu- dispositivo da lei penal.
nidade ou vantagem de outro crime:
Exemplo: Caio, pai de Tícia (22 anos), mantém relações
Não surge a formação de um novo tipo penal, mas apenas sexuais com a filha, que consente que tal ato aconteça.
uma forma mais grave de ilícito.
INDAGA-SE: Neste caso, há crime?
3) CRIME PRIVILEGIADO –
Resposta- Claro que não! A conduta pode até ser conside-
É aquele em que, ao tipo básico e fundamental, a lei agre- rada imoral, mas, por haver consentimento de ambas as
ga circunstâncias que o torna menos grave. partes, não se enquadra em nenhuma norma penal e,
consequentemente, é atípico.
Exemplo- O homicídio praticado por relevante va-
lor moral e o furto de pequeno valor praticado por Sempre os quatro elementos ( Conduta; Resultado; Nexo
agente primário. causal; Tipicidade penal) estarão simultaneamente pre-
sentes para a caracterização de um fato típico???
CRIMES COMPLEXOS-
Resposta- Errado! Pois só estarão presentes,
Quando encerra dois ou mais tipos em uma única descri- concomitantemente, nos crimes materiais con-
ção legal (ex.: roubo = furto + ameaça) ou quando, em sumados, pois eles guardam em si uma conduta e
uma figura típica, abrange um tipo simples acrescido de um resultado naturalístico, exigindo a produção
fatos ou circunstâncias que, em si, não são típicos (ex.: deste para a sua consumação.
constrangimento ilegal = crime de ameaça + outro fato,
que é a vítima fazer o que não quer ou não fazer o que Na tentativa e nos crimes de mera conduta, diferentemen-
deseja). te, não há resultado naturalístico e nem nexo causal, limi-
tando-se o fato típico aos elementos
 CRIME:
 CONDUTA
FATO TÍPICO
Segundo o Conceito Analítico, a conduta é o primeiro ele-
Conceito analítico: é primeiro substrato do crime (Bettiol); mento do fato típico, sendo necessariamente imprescin-
dível, visto que não há crime sem conduta. Este é um dos
Conceito material: É o fato humano, indesejado (norteado argumentos necessários para se negar a responsabilida-
pelo princípio da intervenção mínima) consistente numa de penal objetiva da pessoa jurídica. O conceito material
conduta produtora de resultado com ajuste formal e ma- de conduta varia a depender da teoria do crime adotada
terial ao tipo penal. (realista ou funcionalista), podendo ser composta por
elementos subjetivos ou não.
Elementos do fato típico:
1. Conduta para Teoria Causalista- Para a Teoria Cau-
1. Conduta; salista, crime é composto de fato típico, ilicitude e
2. Resultado; culpabilidade (composta de imputabilidade e tem
3. Nexo causal; duas espécies: dolo e culpa). O FATO TÍPICO, assim,
4. Tipicidade penal. é TRIPARTITE. A conduta, para esta teoria, está den-
tro da culpabilidade.
Fato típico é o comportamento humano (positivo ou nega-
tivo) que se enquadra perfeitamente nos elementos des-
critos na norma penal.
2. Teoria Causalista ou Naturalista ou Causal – a con- b. Elementos Normativos- que têm que ser valorados.
duta é neutra, desprovida de qualquer valoração. O
Dolo e a Culpa estão situados na culpabilidade, e não c. Elementos Subjetivos- que espelham a finalidade es-
no fato típico. Na conduta, não existe qualquer análi- pecífica do agente.
se de ordem subjetiva. O fato típico se configura com
a simples identificação do nexo causal existente en- CRÍTICAS À TEORIA CAUSALISTA:
tre o resultado causado pelo agente e sua previsão
na norma penal. A análise do dolo ou da culpa so- 1. Não abrange os crimes omissivos, visto que considera
mente seria abordada quando fosse aferida a culpa- conduta somente a ação humana.
bilidade do agente. 2. traz o dolo e a culpa na culpabilidade.
3. não há como se negar a presença de elementos não-
Ex.: Motorista, dirigindo seu veículo au- objetivos no tipo penal.
tomotor, com todos os cuidados devidos, 4. separa a conduta da vontade do agente (contradição
atropela e mata um bêbado imprudente absurda).
que atravessara a rua abruptamente.
 CONDUTA e TIPICIDADE.
Observações:
E NOS CRIMES FORMAIS?
1. Para os adeptos da Teoria Causalista, o motorista
causou fisicamente (naturalisticamente) um resultado Nos crimes formais, o resultado pode até acontecer, mas
previsto na norma penal, havendo, portanto, fato típico, não é necessário para a consumação. Sendo assim, po-
independentemente da finalidade de sua conduta no demos afirmar que será necessário para caracterizar um
caso concreto. A análise do dolo e da culpa somente fato típico proveniente de um delito formal, somente a
irá interessar quando for analisada a culpabilidade. conduta e a tipicidade.

2. A conduta na teoria causalista consiste no movimento Um dos mais fascinantes temas do direito penal é o estu-
corporal voluntário (somente ação), causador de modi- do da conduta ou ação, não só pelas suas próprias carac-
ficação no mundo exterior. Para o causalismo, a con- terísticas, mas mais pelas divergências que cria em rela-
duta é um mero processo causal, desprovida de qual- ção ao estudo do crime.
quer finalidade (DOLO E CULPA). A conduta é objetiva
não admitindo qualquer valoração. Realmente, qualquer espécie de crime, seja doloso ou
culposo, somente tem sua exteriorização no mundo natu-
3. O dolo e a culpa não estão no fato típico; dolo e culpa ral através da realização de uma conduta e há muito já se
estão na culpabilidade. dizia que "nullum crimem sine actione", ou seja, não há
crime sem uma respectiva ação humana. O estudo da
4. A teoria causalista não reconhece, como normal, ele- conduta é feito com base em teorias que você verá logo
mentos não objetivos no tipo. Para a teoria causalista, após o quadro abaixo:
só existem elementos objetivos, não reconhecendo os
subjetivos e normativos, visto que, para ela, o dolo e a Dolo e culpa - qual a diferença?
culpa não estão no fato típico.
Quando alguém quer cometer um delito ou assume o
Exemplo de tipo penal desejado pelo causalista: art. 121, risco de Cometê-lo, ele estará agindo dolosamente. Mas
CP: matar alguém. Este tipo penal é chamado de tipo se ele cometeu o Crime apenas por negligência, impru-
normal (constituído somente de elementos objetivos). dência ou imperícia, ele estará Agindo culposamente.
Assim, se Felipe dá um tiro em Caio, ele agiu dolosamen-
Já um exemplo de tipo penal indesejado para os causalis- te, pois quis Matá-lo. Mas, e se Felipe deixa só um projé-
tas é o art. 299, CP (falsidade ideológica): “documento”, til e, brincando de "roleta russa", Coloca-o contra a cabe-
“com o fim de prejudica direito”. Este tipo penal é deno- ça de Caio, aperta o gatilho e o mata? Neste caso, ele
minado de tipo anormal, constituído de elementos objeti- pode até não ter querido matá-lo, mas assumiu o Risco
vos, subjetivos e/ou normativos. de fazê-lo e, por isso, terá agido dolosamente. Por outro
lado, se caio deixa seu revólver cair da bolsa sem Querer
O TIPO PENAL TEM TRÊS ELEMENTOS (TIPICIDADE DAS e ao bater no chão ele dispara e mata tícia, será doloso?
NORMAS): A resposta é negativa. Será um delito culposo, pois ele
não desejou E nem assumiu o risco de matar tícia, mas
a. Elemento Objetivo- que é aquele percebido pelo senti- agiu com imprudência, pois Ninguém deveria andar com
do do homem (tato, visão). uma arma destravada em uma bolsa. Finalizando:
Imperícia é quando alguém que deveria dominar uma Para esclarecer melhor a teoria causal, partimos de um
técnica não a Domina. É o caso do médico que erra na exemplo: Imagine uma pessoa que, ao sair de um restau-
hora de suturar um Paciente. Depois de seis anos estu- rante, dirija-se ao depósito para retirar seu guarda-chuva
dando medicina, ele deveria saber Suturar. Se não sabe, e, por engano, retira guarda-chuva alheio.
é imperito. Negligência é quando aquele que deveria
tomar conta para que uma Situação não acontecesse, Para a teoria causal da ação, essa pessoa praticou fato
não presta a devida atenção e a deixa Acontecer. É o típico (furto), visto que subtraiu para si coisa alheia mó-
caso da mãe que deveria tomar conta do neném Quando vel. Mesmo que tal pessoa não tenha agido com dolo,
está dando banho nele, vai atender o telefone e o neném praticou fato típico, ou seja, a conduta descrita em lei
Acaba se afogando. Ela não queria e nem assumiu o como crime. Outro exemplo seria o caso do "Sr. Certinho",
risco de matá-lo, mas não tomou conta o suficiente para que estava dirigindo a 40 Km/h em uma via cuja velocida-
evitar sua morte. de máxima preceituada era de 60 Km/h.

Imprudência é quando a pessoa não toma os cuidados Em determinado momento, uma criança solta a mão de
que uma Pessoa normal tomaria. É aquela que, ao dar sua mãe, passa na frente de um caminhão (que impedia a
marcha-ré com o Carro, esquece de olhar para trás e visão dos motoristas) e acaba sendo morta pelo carro do
acaba atropelando alguém. Sr. Certinho que, naquele momento, dirigia com a máxima
atenção possível.
TEORIA CLÁSSICA, MECANICISTA, NATURALÍSTICA OU
CAUSAL Neste caso, o Sr. Certinho praticou um FATO TÍPICO?

A ideologia dessa teoria nasceu com o intuito de abrandar Para responder a pergunta, temos que pensar segundo o
a sensação vivida na época do Império, quando a vontade nome da teoria, ou seja, de forma MECÂNICA.
do Rei prevalecia e era ele quem ditava as regras de con-
duta. Em contraposição a essa fase, surgiu a teoria clás- QUAL FOI A CAUSA DA MORTE DA CRIANÇA?
sica, para que a sociedade ficasse inteiramente adstrita à
vontade da lei e não mais à do monarca. Foi a AÇÃO do Sr. Certinho, LOGO...É fato típico!

Para os defensores dessa teoria, ficar vinculado literal- O principal defeito desta teoria é separar a conduta prati-
mente ao texto legal era mais seguro. Interpretar a lei cada no mundo exterior da relação psíquica do agente,
seria muito arriscado, não se podia dar margens a inter- deixando de analisar sua vontade.
pretações, pois essas causariam a insegurança de regre-
dir para a época Imperial, quando prevalecia a arbitrarie- Fica claro, portanto, que esta teoria não distingue a con-
dade. duta dolosa da conduta culposa, pois ambas são analisa-
das objetivamente, uma vez que não se faz nenhuma in-
Portanto, a única interpretação possível do texto legal era dagação sobre a relação psíquica do agente para com o
a literal, devia-se seguir à risca a junção do fato à norma. resultado.

Para a teoria causal da ação, pratica fato típico aquele Bastante adotada em décadas passadas, essa teoria foi
que pura e simplesmente dá causa ao resultado, indepen- ao longo do tempo cada vez mais abandonada, encon-
dente de dolo ou culpa na conduta do agente, elementos trando, hoje, poucos seguidores.
esses que, segundo essa teoria, serão analisados apenas
na fase de averiguação da culpabilidade, ou seja, não  TEORIA FINAL OU FINALISTA
pertencem à conduta.
Conduta para a teoria finalista: A teoria finalista nasceu
Para saber se o agente praticou fato típico ou não, deve- triparte, considerando crime o fato típico, ilícito e culpável.
se apenas analisar se ele foi o causador do resultado, se A culpabilidade é composta de imputabilidade, potencial
praticou a conduta descrita em lei como crime. Não se consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diver-
analisa o conteúdo da conduta, a intenção do agente na sa. A conduta continua no fato típico.
ação, trabalha-se com o mero estudo de relação de causa
e efeito. Crime, para essa teoria, é fato típico, antijurídico OBS.: TEORIA FINALISTA – a conduta é entendida como a
e culpável, pois o dolo e a culpa, que são imprescindíveis ação ou omissão voluntária e consciente, que se volta a
para a existência do crime, pertencem à culpabilidade, uma finalidade. A ação humana é o exercício da atividade
logo, esta (a culpabilidade) deve fazer parte do conceito finalista. Não é possível separar o dolo e a culpa da con-
de crime para os seguidores dessa teoria. duta típica, como se fossem fenômenos distintos.
Diferentemente da teoria causalista, não basta a análise Hans Welzel foi o grande defensor dessa teoria que surgiu
do nexo causal para determinar-se a configuração do fato entre 1920 e 1930, diante das constatações neoclássicas,
típico. É preciso analisar se o dolo e a culpa estão presen- nas quais se observou elementos finalísticos nos tipos
tes. penais. Pela corrente neoclássica, também denominada
neokantista, foi possível determinar elementos subjetivos
A teoria finalista, adotada pelo código penal brasileiro, é a no próprio tipo penal, e não somente na culpabilidade.
corrente majoritária. A principal crítica dos finalistas aos
causalistas é a impossibilidade de se separar a vontade Esta teoria tem como ideia inicial a concepção do homem
da conduta, uma vez que esta se origina justamente da como ser livre e responsável pelos seus atos. Para esta
vontade. Separar a conduta da vontade seria uma contra- teoria, conduta é o comportamento humano voltado a um
dição absurda. fim. Logo, há que ser analisada a FINALIDADE do agente
em sua conduta.
A CONDUTA NA TEORIA FINALISTA é o comportamento
humano voluntário, psiquicamente dirigido a um fim (ilíci- Para a teoria finalista da ação, que foi a adotada pelo
to). nosso Código Penal, será típico o fato praticado pelo
agente se este atuou com dolo ou culpa na sua conduta.
OBS¹.: Os institutos do dolo e da culpa migram da cul- Se ausente tais elementos, teremos a atipicidade.
pabilidade para o fato típico.
Concluindo, a vontade do agente não poderá mais ser
OBS².: Reconhece como normais elementos objetivos, separada da sua conduta, ambas estão ligadas entre si,
subjetivos e normativos do tipo. devendo-se fazer uma análise de imediato no "animus"
do agente para fins de tipicidade.
A conduta deixa de ser concebida como mero processo
causal para ser enfocada como exercício de uma ativida- Para a teoria finalista, crime é um fato típico e antijurídico,
de finalista (exercício vidente). sendo a culpabilidade mero pressuposto de aplicação da
pena. Sendo assim, analisa-se a conduta do agente se foi
O Causalista é cego, o Finalismo é vidente, pois enxerga o dolosa ou culposa, se tal conduta é típica e, por final, co-
que o agente queria já na tipicidade, e não somente na mo pressuposto de aplicação da pena, verifica-se a cul-
culpabilidade. pabilidade do agente.

CRÍTICAS À TEORIA FINALISTA: A referida teoria adotada leva em conta o valor da ação, o
motivo que levou alguém a praticar o delito, ao contrário
1) A finalidade não explica os crimes culposos. da teoria causal que se contenta em apenas ver a relação
2) Centralizou a teoria no desvalor da conduta, ignorando de causa e efeito da conduta.
o desvalor do resultado.
A teoria finalista se preocupa com o conteúdo da conduta
Questão: (escrivão da polícia federal 2002 - Cespe/Unb) A e da norma, pois muitos tipos penais no seu próprio corpo
fim de evitar acusações indesejáveis contra o cidadão, a descrevem elementos que exigem uma finalidade especí-
teoria da tipicidade das normas aceita pelo vigente código fica, portanto, não poderíamos ignorar essa vontade da
penal (CP) inclui nos tipos penais unicamente elementos lei. Um exemplo de tipo penal que exige finalidade é o
objetivos, isto é, aqueles que se referem aos fatos concre- artigo 216-A do Código que descreve em seu preceito
tos que configuram a lesão à norma penal, e não elemen- primário:
tos subjetivos nem de nenhuma outra natureza.
Art.216-A. Constranger alguém com o intuito de
R.: Errada! A teoria finalista, adotada pelo código penal obter vantagem ou favorecimento sexual, prevale-
brasileiro, de acordo com a tipicidade das normas, reco- cendo-se o agente de sua condição de superior
nhece como normais os elementos objetivos, subjetivos e hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício
normativos do tipo. Os elementos subjetivos se espelham de emprego, cargo ou função.
na finalidade específica do agente. Os elementos norma-
tivos são tipos penais que têm que ser valorados. Diferen- Ora, está claro que o tipo penal incriminador estabelece
temente desta, na teoria causalista (minoritária) a condu- uma finalidade especial do agente para que este se en-
ta é neutra, desprovida de qualquer valoração. Para o quadre no mesmo, exigindo-se a finalidade de "obter van-
causalismo, a conduta é um mero processo causal, des- tagem ou favorecimento sexual", concluindo que não se
provida de qualquer finalidade (dolo e culpa). A conduta é pode separar a conduta do agente de sua vontade, dei-
objetiva não admitindo qualquer valoração. xando claro que nosso Código Penal adotou a teoria fina-
lista da ação.
Resumindo: Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos ante-
cedentes, à conduta social, à personalidade do agen-
Para a teoria finalista, importa saber se o agente atuou te, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências
com dolo ou culpa. Não estando presente tais elementos, do crime, bem como ao comportamento da vítima,
sua conduta será atípica. Por outro lado, para a teoria estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente
causal, sua conduta seria típica, porém ele não seria cul- para reprovação e prevenção do crime:
pável por ausência de dolo e culpa, elementos estes que, I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
para a teoria causal, fazem parte da culpabilidade. II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites
previstos;
 TEORIA SOCIAL III - o regime inicial de cumprimento da pena privati-
va de liberdade;
A teoria social da ação tem como fundamento a relevân- IV - a substituição da pena privativa da liberdade
cia da conduta perante a sociedade. Para essa teoria, não aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
basta saber se a conduta foi dolosa ou culposa para ave-
riguação do fato típico, mas, também, fazer uma análise EXCLUSÃO DA CONDUTA
de tal comportamento e classificá-lo como socialmente
permitido ou não. Não constituem conduta os atos em que não intervém a
vontade. São exemplos de hipóteses de ausência de con-
Se a conduta do agente for considerada social, ou seja, duta:
aceita pela sociedade, será atípica.
1. Caso fortuito e forca maior- São acontecimentos im-
Para os adeptos da teoria social não podemos taxar como previsíveis e inevitáveis que fogem do domínio da von-
crime uma conduta que é perfeitamente aceitável perante tade do ser humano. Se não há vontade, não há dolo
a sociedade e que não gera danos consideráveis. ou culpa.

A referida teoria alega ser inútil punir alguém por um fato Ex.: Felipe estava em uma praça, ao lado
que a própria sociedade aceita, ou seja, deve-se observar de uma senhora. Após uma forte rajada de
um elemento social que estaria contido implicitamente no vento, Felipe é arremessado contra a mu-
tipo penal. Para essa teoria, só será típico o fato que re- lher, ferindo-a. Neste caso, houve VONTA-
percute negativamente na sociedade. DE de Felipe? É claro que não, logo, não
houve conduta.
Em um primeiro momento, Guerreiro, a Teoria Social pode
até parecer boa para a sociedade, mas devemos, antes de 2. Atos ou movimentos reflexos- Consiste em reação
pensar na "idéia" da teoria, responder à seguinte pergunta: automática em consequência de uma excitação dos
sentidos.
"Quem vai decidir o que é aceito ou não pela sociedade?"
Exemplo: Você lembra daquele martelinho de ortopedis-
Resposta: Somente o Juiz, e aqui é que começam os pro- ta?....Isso mesmo, aquele que bate no joelho e, automati-
blemas. camente, nossa perna se mexe. Então, imagine que o mé-
dico bate com este martelinho em seu joelho e, por impul-
Os críticos da teoria social alegam que esta implica num so, a perna acaba atingindo o médico. Como não há von-
risco à segurança jurídica, pois caberia ao magistrado tade de atingir o ortopedista, também não há
decidir se tal conduta é típica ou não de acordo com os conduta.
costumes.
Obs.:
Assim, analisando o caso em concreto, se o juiz entender O reflexo proposital (premeditado, previsível) não exclui
que a ação do agente foi absolutamente sociável, classi- a conduta e o agente responderá pelo crime doloso ou
ficará aquela como atípica, ignorando, assim, o direito culposo Ex.: o agente com o dedo no gatilho encosta
positivo. numa tomada para tomar um choque propositalmente.

Tal teoria não foi concebida pela nossa legislação, entre- 2. Coacão física irresistível- Imagine que Felipe é amar-
tanto, não se deixa de avaliar a sociabilidade da ação, rado enquanto vê Caio sofrer lesões corporais graves.
podendo esta ser utilizada pelo magistrado como critério Neste caso, será enquadrado na hipótese de omissão
de fixação da pena base, com fundamento no artigo 59 do de socorro prevista no artigo 135 do Código Penal? É
Código Penal. claro que não, pois está sob coação física irresistível.
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, Obs.:
quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à Não há crime sem resultado jurídico, pois Qualquer crime
criança abandonada ou extraviada, ou à viola uma lei. Entretanto é Possível um delito sem resul-
pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou tado naturalístico.
em grave e iminente perigo; ou não pedir,
nesses casos, o socorro da autoridade pú-  NEXO CAUSAL OU RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
blica
Conceito: vínculo entre conduta e resultado. O estudo da
4. RESULTADO- Resultado é a consequência provocada causalidade busca concluir se o resultado, como um fato,
pela conduta do agente. Pode ser: ocorreu da ação e se pode ser atribuído, objetivamente, ao
sujeito ativo, inserindo-se na sua esfera de autoria por ter
a) JURÍDICO -É, simplesmente, a violação da lei pe- sido ele o agente do comportamento.
nal, mediante a agressão do valor ou interesse por
ela tutelado. A relação de causalidade ou nexo causal ou nexo de cau-
b) NATURALÍSTICO OU MATERIAL - É a modificação salidade é a forma segundo a qual se verifica o vínculo
do mundo exterior provocada pela conduta do entre a conduta do agente e o resultado ilícito. Sobre o
agente. tema, estabelece o artigo 13 do Código Penal:

5. ESTADO DE INCONSCIÊNCIA: Exclui a voluntariedade Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do


(vontade) do movimento. Ex.: sonambulismo, efeito de crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
hipnose. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
resultado não teria ocorrido.
 Observações:
A doutrina considera que a palavra "resultado" prevista no
1. Na embriaguez voluntária ou culposa, o estado de início do artigo 13 refere-se somente ao resultado natura-
inconsciência não exclui a tipicidade, pois segundo a lístico. Sendo assim, para ser determinado o autor de um
teoria actio libera in causa, não se considera a volunta- crime, sempre teremos que verificar o NEXO CAUSAL,
riedade quando da ação ou omissão, retroagindo para correto? CLARO QUE NÃO!!!!
considerar a voluntariedade no momento em que o
agente era livre para optar em se embriagar ou não. Para que se vai verificar o nexo causal em delitos formais
Vai ser analisada na CULPABILIDADE e não no fato tí- ou de mera conduta? Nesses tipos de crimes importa o
pico. resultado ou só a conduta? Só a conduta! Sendo assim, o
estudo da relação de causalidade tem pertinência apenas
2. O estado puerperal não tira da mulher a responsabili- nos crimes MATERIAIS.
dade pelo crime (infanticídio), salvo em caso de doen-
ça mental (inimputável). O art. 13, caput, adotou a causalidade simples, generali-
zando as condições, é dizer, todas as causas concorren-
3. A emoção e a paixão não excluem a imputabilidade. a tes se põem no mesmo nível de importância, equivalendo-
emoção é o sentimento repentino e passageiro; en- se em seu valor (é a TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS AN-
quanto a paixão equivale a uma emoção constante, TECEDENTES CAUSAIS ou da CONDITIO SINE QUO NON).
perdurando no tempo. Podem servir apenas como ate-
nuantes genéricas (art. 65, III, A, CP); ou, em determi- Causa? Toda ação ou omissão sem a qual o resultado não
nados delitos, como circusntância minorante. Porém, teria ocorrido c/ ocorreu MORTE
caso a paixão se torne doença mental, poderá ser ex-
cluída a imputabilidade.
saber se influiu no resultado – tem de somar a outro teo-
4. Teoria da “actio libera in causa” (ação livre na causa): ria, qual seja: TEORIA DA ELIMINAÇÃO HIPOTÉTICA DOS
se o agente se embriaga com o fim de cometer crimes ANTECEDENTES CAUSAIS.
ou mesmo prevendo a possibilidade de cometê-los
(embriaguez preordenada), não pode no momento da Essa teoria deve ser analisada juntamente com a TEORIA
ação alegar estado de inconsciência ou mesmo au- DA ELIMINAÇÃO HIPOTÉTICA DOS ANTECEDENTES, se-
sência de dolo, porque havia o dolo antes da embria- gundo a qual, no campo mental da suposição e da cogita-
guez. Diz-se da ação “livre na causa”, por ser conside- ção, o aplicador deve proceder à eliminação da conduta
rado o momento da embriaguez e não o momento da do sujeito ativo para concluir pela persistência ou desapa-
ação criminosa. recimento do resultado. Persistindo, não é causa; desapa-
recendo, é causa.
Tal teoria poderia retroagir de forma infinita. Daí surgiu Já pensou esta teoria aplicada na época em que o adulté-
um instituto a fim de impedir barbáries (ex: punir pais do rio era crime? Ia para cadeia o vendedor da cama, o dono
bandido – sem os quais o malando não teria surgido nes- da indústria de espuma....Enfim, é melhor passarmos para
te mundo), qual seja: a próxima.

Contra o regresso infinito da causa surge a TEORIA DA 2) DA CAUSALIDADE ADEQUADA-


IMPUTAÇÃO OBJETIVA; surgiu para frear a causa; não
deixa a causa regressar ao infinito. Esta teoria considera causa do evento apenas a ação ou
omissão do agente apta e idônea a gerar o resultado.
Teoria da
Causalidade tradicional
Imputação Objetiva Segundo o que dispõe essa corrente, a venda lícita da
Imputação objetiva do evento Imputação objetiva do evento arma pelo comerciante não é considerada causa do resul-
tado morte que o comprador produzir, pois vender licita-
• Nexo físico (relação de • Nexo físico mente a arma, por si só, não é conduta suficiente para
causa e efeito) + gerar a morte. Ainda é preciso que alguém efetue os dis-
• Nexo normativo*** paros que a causarão.

*** que consiste em Criação Portanto, a causa adequada é aferida de acordo com o
ou incremento de risco não juízo do homem médio e com a experiência comum. Não
permitido e Realização do basta contribuir de qualquer modo para o resultado: A
risco no resultado. CONTRIBUIÇÃO DEVE SER EFICAZ!

TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL


Teoria da imputação subjetiva Teoria da imputação subjetiva
do evento do evento O Código Penal adotou a teoria da equivalência dos ante-
• dolo; e • dolo; e cedentes, conforme é possível perceber ao observar com
• culpa • culpa atenção o artigo 13 do Código Penal. Veja:

OBS.: a teoria da imputação objetiva não substitui o nexo causal Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do
clássico, apenas o complementa. Ela não nega a causalidade crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
tradicional, mas apenas complementa a fim de obstar o regresso Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
infinito. resultado não teria ocorrido.

Sendo assim, para a PROVA, causa é todo o comporta-


 TEORIAS
mento humano, comissivo ou omissivo, que, de qualquer
modo, concorreu para a produção do resultado naturalís-
Podem-se destacar as principais teorias na busca para
tico, pouco importando o grau de contribuição.
definir a relação de causalidade. São elas:

"Mas, professor, quer dizer que o vendedor de arma, se-


1) DA EQUIVALÊNCIA DAS CONDIÇÕES OU EQUIVALÊN-
gundo o sistema Brasileiro, pode ser responsabilizado
CIA DOS ANTECEDENTES OU SINE QUA NON-
pelo homicídio?"
Segundo esta teoria, quaisquer das condutas que com-
A resposta é: Depende!
põem a totalidade dos antecedentes é causa do resultado,
como, por exemplo, a venda lícita da arma pelo comerci-
Segundo a jurisprudência dominante, ao interpretar o
ante que não tinha idéia do propósito homicida do crimi-
artigo 13, para que um acontecimento ingresse na relação
noso comprador. Essa teoria costuma ser lembrada pela
de causalidade, não basta a mera dependência física.
"profunda" frase:
Exige-se ainda a causalidade psíquica, ou seja, reclama-se
a presença do dolo ou da culpa por parte do agente em
A CAUSA DA CAUSA TAMBÉM É CAUSA DO QUE FOI
relação ao resultado.
CAUSADO.

Como já vimos, a ausência de dolo ou culpa afasta a con-


Contudo, recebe críticas por permitir o regresso ao infini-
duta, a qual, por seu turno, afasta a configuração do nexo
to, já que, em última análise, até mesmo o inventor da
causal.
arma seria causador do evento, visto que, se a arma não
existisse, tiros não haveria. Na verdade, a responsabilida-
de de todo delito incidiria em "Adão e Eva".
Logo, na pergunta acima, se o vendedor sabia da intenção Exemplo:
do comprador e, por não gostar do "futuro" ofendido, faci-
litou a venda da arma, sua conduta será considerada cau- “A” e “B”, não agindo em concurso de pessoas, querem
sa do crime de homicídio, cometido posteriormente. Se matar “C”.
nada sabia, tal responsabilização ficará afastada.
“A” envenena “C”, e “B” lhe dá um tiro.
Resumindo, pelo que vimos até agora o artigo 13 do Códi-
go Penal adotou a teoria da equivalência dos anteceden- É certo que “C” morre em razão do envenenamento.
tes. Fácil, concorda? Fácil até demais....E como vida de
concurseiro não é nada fácil (E eu sei muito bem...), ex- Assim, nessa situação, “A” responde por homicídio (autor
cepcionalmente, a teoria da causalidade adequada tam- da causa efetiva), e “B”, responde pelo que (a causa para-
bém é adotada no nosso sistema pátrio. lela)?

TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA: É o que pretende responder a concausa. Analisemos as


espécies de concausas:
Insurgindo-se contra o regresso ao infinito da causalidade
simples, a teoria da imputação objetiva enriquece a rela- a) CAUSA DEPENDENTE-
ção de causalidade acrescentando o nexo normativo, este
composto de: É aquela que é dependente da conduta. Só acontece por
causa da conduta e, assim, não exclui a relação de causa-
a) Criação ou incremento de um risco não permitido (não lidade. Ocorre como uma verdadeira sucessão de aconte-
tolerável pela sociedade); e cimentos previsíveis.
b) Realização do risco no resultado (resultado na linha de
desdobramento causal normal da conduta). Exemplo: A morte em um homicídio advém da hemorragia
interna que foi causada pelo impacto) da bala que veio da
Ex: isso impede a acusação de uma boleira que fez um explosão provocada pela arma feita pela conduta da pes-
bolo soa que pressionou o gatilho.

 o qual posteriormente foi alterado (com veneno)  por b) CAUSA INDEPENDENTE –


outra pessoa (o agente criminoso) que não a boleira  e,
por fim, causou a morte de uma pessoa. É aquela que acontece por motivos diversos da conduta.
Apresenta um resultado inesperado e não usual. É inde-
Dessa forma, mais adequado seria que a teoria fosse de- pendente porque tem a capacidade de produzir, por si só,
nominada de “Teoria da não imputação objetiva”. o resultado. Pode ser de natureza absoluta ou relativa,
dependendo de sua origem.
Conclusões (Rogério Greco):
c) ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE - Quando não tem
1. A imputação objetiva é uma analise que antecede a nenhuma relação com a conduta. Por serem indepen-
imputação subjetiva. Quer evitar que sejam analisados dentes, produzem por si sós o resultado naturalístico.
dolo e culpa;
- pré-existente: a causa efetiva antecede a causa parale-
2. Aplica-se a imputação objetiva no comportamento e la.
no resultado;
edra
3. Foi criada para se contrapor aos dogmas da teoria da e
equivalência, criando um nexo normativo; Como responsabilizar cada um?

4. Uma vez concluída pela não imputação objetiva, afas- Envenenador - “A” – responde por homicídio – causa efe-
ta-se o fato típico. tiva; e O da pedrada - “B” – responde por tentativa de ho-
micídio – concausa absolutamente independente pré-
CONCAUSAS existente

Paralelamente à causa, existe o que se denomina, doutri- - concomitante: a causa efetiva é simultânea a causa
nariamente, concausa. Ou seja, são outras causas que paralela.
concorrem juntamente no fato então praticado e dão for-
ça, de uma forma ou de outra, ao resultado.
Ex.: Suponha que no exemplo anterior a pedrada e o en- B) CONCOMITANTES - Ocorrem concomitantemente à
venenamento foram simultâneos. E “C” morre em razão prática da conduta e aqui valem os mesmos comentá-
da pedrada. rios quanto às causas relativamente independentes
preexistentes, ou seja, responde o agente pelo resulta-
Consequência: O que deu a pedrada - responde por homi- do naturalístico.
cídio – causa efetiva; e o que deu o veneno – responde
por tentativa de homicídio – concausa absolutamente Exemplo: Caio, com ânimo de matar Felipe, aponta uma
independente pré-existente. arma para ele. Felipe, desesperado, tenta fugir e no mo-
mento em que é efetuado o disparo, Felipe é atropelado
-superveniente: a causa efetiva é posterior a causa para- por um caminhão.
lela.
C) SUPERVENIENTES - Encontram previsão no artigo 13,
Ex.: “ parágrafo 1° do Código Penal. Observe:
morreu Às 20h em razão da queda de um lustre (causa
efetiva) são concausas absolutamente independentes, Art. 13
a- [...]
§ 1° - A superveniência de causa relativamente inde-
pendente exclui a imputação quando, por si só, pro-
• Conclusão: Sendo as causas absolutamente indepen- duziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto,
dentes, o agente que concorreu com o resultado pratican- imputam-se a quem os praticou.
do a conduta que não foi sua causa efetiva, responderá
sempre por tentativa. Através da análise atenta do supracitado dispositivo, per-
cebe-se que o legislador optou por criar duas espécies do
d) RELATIVAMENTE INDEPENDENTE gênero causas relativamente independentes supervenien-
tes. São elas:
Originam-se da própria conduta efetuada pelo agente. São
relativas, pois não existiriam sem a atuação do agente. 1. CAUSAS SUPERVENIENTES RELATIVAMENTE INDE-
PENDENTES QUE NÃO PRODUZEM POR SI SÓS O RE-
Entretanto, tais causas são independentes e, assim, são SULTADO *
capazes de produzir por si sós o resultado, já que não se
situam no normal trâmite do desenvolvimento causal. Imagine que Felipe, querendo matar Caio, por possuir uma
péssima mira, erra o coração e acerta em seu braço. Caio
Perceba que em todas as modalidades o resultado acon- é levado ao hospital e, por imperícia médica, vem a fale-
teceria independentemente da conduta. Desta forma, há cer.
um afastamento do nexo causal entre a conduta e o resul-
tado desejado. Pergunto: Felipe responderá pela morte de Caio? Para
responder a esta pergunta, Guerreiro, você deve se per-
"Mas, professor, isto quer dizer que o agente ficará impu- guntar: "Se ele não tivesse levado o tiro teria morrido?" É
ne?" Não! Devem ser imputados ao agente os atos prati- claro que não, pois nem para o hospital teria ido.
cados e não o resultado naturalístico, devido à ausência
da relação de causalidade. Nos exemplos mencionados, Sendo assim, nas CAUSAS SUPERVENIENTES RELATI-
via de regra, responderá o agente por tentativa de homicí- VAMENTE INDEPENDENTES QUE NÃO PRODUZEM POR
dio e não por homicídio consumado. A partir de agora, SI SÓS O RESULTADO, o agente RESPONDE pelo resulta-
voltaremos o estudo para as causas relativamente inde- do naturalístico.
pendentes, que podem ser:
Neste sentido já se pronunciou o STJ:
A) PREEXISTENTES A causa já existe antes da conduta
do agente, entretanto, por si só, não produziria o resul- STJ - HABEAS CORPUS: HC 42559 PE 2005/0042920-6
tado. Assim, o agente responderá integralmente pelo Processual penal. Habeas corpus. Homicídio qualificado.
resultado naturalístico. Novo interrogatório. Faculdade do julgador. Prova em-
prestada.
Exemplo: Felipe atira em Caio e o acerta de raspão. Entre- Inexistência de constrangimento ilegal quando existem
tanto Caio, por ser hemofílico, vem a falecer em virtude outros elementos que sustentam a condenação. Causa
dos ferimentos. Perceba que a hemofilia é preexistente ao superveniente relativamente independente. Inexistência.
fato, entretanto, o resultado só foi possível devido à atua- Teoria da equivalência dos antecedentes causais. Legí-
ção de Felipe. tima defesa.
Impossibilidade de reconhecimento pela via estreita do  RELEVÂNCIA DA OMISSÃO
writ por exigir exame do conjunto fático-probatório. Or-
dem parcialmente conhecida e, nessa parte, denegada. CRIME OMISSIVO: Nasce de um tipo mandamental (no
[...] tipo mandamental o direito penal protege bens jurídicos
4. O fato de a vítima ter falecido no hospital em decor- determinando a realização de condutas valiosas).
rência das lesões sofridas, ainda que se alegue eventual
omissão no atendimento médico, encontra-se inserido Conceito de crime omissivo: é a inação; a não realização
no desdobramento físico do ato de atentar contra a vida de condutas valiosas determinadas pelo ordenamento
da vítima, não caracterizando constrangimento ilegal a jurídico. Um crime omissivo infringe um tipo mandamen-
responsabilização criminal por homicídio consumado, tal.
em respeito à teoria da equivalência dos antecedentes
causais adotada no Código Penal e diante da comprova- A norma mandamental pode decorrer:
ção do animus necandi do agente.
a) Do próprio tipo penal (trazem a expressão “deixar de”),
2. CAUSAS SUPERVENIENTES RELATIVAMENTE INDE- dando origem aos crimes omissivos próprios (omissão
PENDENTES QUE PRODUZEM POR SI SÓS O RESUL- própria – ex: CP, 135); ou Omissão relevante para o Di-
TADO - É exatamente a situação trazida no parágrafo reito Penal é o não cumprimento de um dever jurídico
1° do artigo 13. de agir em circunstâncias tais que o omitente tinha a
possibilidade física ou material de realizar a atividade
Segundo o texto legal, a superveniência de causa relati- devida. Consequentemente, a omissão passa a ter
vamente independente exclui a imputação quando, por si existência jurídica desde que preencha os seguintes
só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, pressupostos:
imputam-se a quem os praticou.
Perceba que aqui temos a clara aplicação da teoria da 1 - Dever jurídico que impõe uma obrigação de agir ou
causalidade adequada, não mais sendo considerada cau- uma obrigação de evitar um resultado proibido;
sa qualquer evento que tenha concorrido para o resultado.
2 - Possibilidade física, ou material, de agir.
A partir deste dispositivo, não cabe para ser responsabili-
zado apenas uma contribuição, mas sim uma contribui- Sobre o tema, dispõe o Código Penal:
ção ADEQUADA ao resultado naturalístico.
Art. 13
Vamos exemplificar para facilitar o entendimento: Felipe [... ]
efetua um disparo e acerta no braço de Caio. Caio é leva- § 2° - A omissão é penalmente relevante quando o
do de ambulância para o hospital. Entretanto, durante o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O
trajeto ocorre um acidente, a ambulância bate e Caio mor- dever de agir incumbe a quem:
re em razão da batida. Neste caso, estamos diante de a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
uma causa superveniente relativamente independente vigilância;
que por si só produziu o resultado e, consequentemente, o b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de
agente não será responsabilizado pela morte e, somente, impedir o resultado;
pelos atos anteriores. c) com seu comportamento anterior, criou o risco da
ocorrência do resultado.
"Mas, professor...Agora minha cabeça ficou uma bagun-
ça....Aqui não é a mesma situação anteriormente apresen- O supra dispositivo só é aplicado aos crimes omissivos
tada em que ele morria no hospital? impróprios (comissivos por omissão), isto é, aqueles em
que a lei penal não cria um tipo penal para a omissão,
Não posso pensar que ele só estava na ambulância devi- mas diz que se deixar de agir para impedir um resultado
do aos disparos efetuados?" tutelado penalmente, estará cometendo o delito.

Perceba, Guerreiro, que há uma grande diferença. No caso Esta dedução sobre a aplicabilidade do parágrafo 2° é
em que ele vai para o hospital e morre por imperícia médi- obvia, pois, se para os crimes omissivos próprios temos
ca, ele morre devido ao agravamento dos ferimentos pro- uma norma que tipifica a omissão, é claro que eles não
venientes do disparo. Diferentemente, a causa da morte irão se enquadrar no supracitado dispositivo e serão
no caso da ambulância não há qualquer relação DIRETA sempre penalmente relevantes.
com os ferimentos.
Sei que já tratamos da classificação dos crimes, mas só A subsunção (fato/norma) é A subsunção é indireta. O dever
para ter certeza que você entendeu, pergunto: É possível direta, eis que o dever de agir de impedir o resultado deriva
um homicídio por omissão? A resposta é positiva, pois se está na própria norma (a omis- de uma cláusula geral (a omis-
o indivíduo tinha o dever de impedir o resultado e não o são está prevista no tipo incri- são não está no tipo incrimina-
fez, será responsabilizado pela morte. minador). dor, está no art. 13, §2º - o tipo
penal na verdade descreve uma
E o crime é omissivo próprio ou impróprio se o indivíduo ação – o fato consiste numa
tinha o poder e o dever de agir? Resposta: Omissivo im- omissão).
próprio.
Tipo – omissão Tipo – ação
Subsunção DIRETA Subsunção INDIRETA
Segundo o Código Penal, o dever de agir incumbe a quem:
Fato – omissão Fato – omissão

a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigi-


lância.
Responde por omissão de Responde pelo crime comissi-
socorro. vo, que traz o resultado que
Exemplo: Pai que intencionalmente deixa de alimentar seu
deveria ter evitado.
filho recém-nascido, causando sua morte, responde por
"homicídio doloso";
É unissubsistente, logo, não É plurissubsistente, logo, admi-
admite tentativa. te tentativa.
b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir
o resultado *
Natureza jurídica: ausência de Natureza jurídica: uma realida-
ação esperada. de onde falta a causalidade. O
Pode resultar de relação contratual, profissão ou quando,
agente responde porque não
por qualquer outra forma, assumiu a pessoa a posição de
age para evitar o resultado
garantidora de que o resultado não ocorreria; o dever jurí-
naturalístico.
dico não decorre da lei, mas de uma situação fática.

Exemplo: Salva-vidas que zela pela segurança dos banhis-


Ex: pessoa sendo jogada janela.
tas de um clube;

Era o pai da criança sendo jogada  nada faz  responde


c) Com seu comportamento anterior, criou o risco da
por homicídio.
ocorrência do resultado.

Terceiro que não tem nada a ver com a pessoa que está
Exemplo: Aquele que, por brincadeira, joga uma pessoa na
sendo jogada  nada faz  responde por omissão de
piscina e, posteriormente, percebe que esta não sabe
socorro.
nadar, tem o dever de salvála; se não o fizer, responde
pelo crime.
Se a pessoa não sabe da norma mandamental?
Estamos diante do erro de tipo mandamental
Omissivo próprio (puro) Omissivo impróprio (impuro)
OBS.: CRIME COMISSIVO POR OMISSÃO: é sinônimo de
O agente tem o dever genérico O agente tem o dever jurídico
crime omissivo impróprio (art. 13, par. 2º, CP) e não se
de agir (recai sobre todos). (específico) de impedir o resul-
confunde com o crime abaixo:
tado (recai sobre determinadas
pessoas) – o qual atinge so-
CRIME COMISSIVO OMISSIVO - crime de conduta mista –
mente o “garante” ou “garanti-
ação seguida de omissão – é possível?
dor”. Figura que existe para agir
ou para evitar o resultado.
Sim, para ocorrer precisa dos dois comportamentos: ação
e omissão. Os dois comportamentos devem estar descri-
tos no núcleo do tipo.

Ex.: art. 169, parágrafo único, II (apropriação indébita de


A norma mandamental decorre A norma mandamental decorre coisa achada). Ação seguida de omissão.
do próprio tipo. de cláusula geral (art. 13, par.
2º, CP – o qual prevê quem é o
garante ou garantidor).
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao Consequências: adotando-se a tipicidade conglobante, o
seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: ... estrito cumprimento de um dever legal, bem como o exer-
Parágrafo único - Na mesma pena incorre: .... Apropria- cício regular de um direito incentivado, deixam de excluir
ção de coisa achada - II - quem acha coisa alheia perdida a ilicitude para servirem como causas de exclusão da
e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de tipicidade.
restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la
à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias Frisa-se, ainda, que o estado de necessidade e a legítima
continuam como causas excludentes da ilicitude, pois
TIPICIDADE nenhum deles é determinado ou fomentado. São atos
permitidos por lei. Logo, continuando sendo antinormati-
Como último elemento do fato típico tem-se a TIPICIDA- vos.
DE, que é a correspondência exata, a adequação perfeita
entre o fato natural, concreto e a descrição contida na lei. Consoante o mestre, espera-se de um ordenamento jurídi-
co ordem, isto é, os vários ramos do direito determinando
EVOLUÇÃO DA TIPICIDADE e incentivando os mesmos comportamentos (é uma inco-
erência o direito penal julgar típico comportamento que
TEORIA DA TEORIA DA TEORIA DA outros ramos determinam ou incentivam).
TIPICIDADE TIPICIDADE TIPICIDADE
TRADICIONAL MODERNA CONGLOBANTE • Tipicidade formal (espécies)

Fato típico: Fato típico: Fato típico: a) Adequação típica direta ou imediata: existe perfeita e
imediata operação de ajuste do fato à lei incriminado-
Conduta Conduta Conduta ra. É uma hipótese de adequação típica imediata. O fa-
to se ajusta ao fato penal sem necessidade de disposi-
Resultado Resultado Resultado tivo complementar.

Nexo causal Nexo causal Nexo causal Ex.: Lei incriminadora: art. 121 – “matar alguém”.
Fato ocorrido: “A” matou “B”
Tipicidade penal * Tipicidade penal * Tipicidade penal * Esse fato se ajusta de forma direta ao artigo.

*Entende que a *Entende que a *Porém, a tipicidade b) Adequação típica indireta ou mediata: não existe per-
tipicidade é formal tipicidade é a penal não é mais feito ajuste do fato à lei incriminadora, pressupondo
(mero ajuste fa- soma da tipicidade uma mera tipicidade normas de extensão (adequação típica mediata). Aqui
to/tipo incrimina- formal (mero ajus- formal. Mas sim o fato se ajusta ao tipo penal com auxílio de dispositi-
dor). te fato/tipo incri- uma tipicidade for- vo complementar.
minador) com a mal com uma tipici-
tipicidade material dade conglobante. Ex: Lei incriminadora: art. 121 – “matar alguém”.
(relevância da Fato (1): “A” tentou matar “B”
lesão ou perigo de
lesão ao bem Esse fato não se ajusta de forma direta ao artigo. Preciso
jurídico). me socorrer em outra norma. Preciso do chamado ajuste
indireto. Logo, antes da punição, deve-se passar pelo art.
14, II (norma de extensão temporal*, já que estende a
Vamos aprofundar tipicidade conglobante (a mais exigida incriminação no tempo). Tal norma serve para a adequa-
nos concursos): tipicidade conglobante nada mais é do ção típica indireta.
que uma tipicidade material (relevância da lesão) mais a
presença de ato antinormativo (não determinado ou não *Trata-se de um exemplo o art. 14, II, ainda há outros dis-
incentivado por lei). positivos que cuidam da adequação típica indireta, quais
sejam:
Tipicidade conglobante (Zaffaroni): trata-se de um corre-
tivo da tipicidade penal, que tem como requisitos a tipici- Art. 29, CP (norma de extensão pessoal – serve
dade material (relevância da lesão ou perigo de lesão ao para punir o participe); e Art. 13, par. 2º, CP (norma de
bem jurídico) e a antinormatividade do ato (ato não de- extensão causal – serve para punir o garantidor).
terminado ou não incentivado por lei).
Exemplos: i) PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA – embora o fato este-
ja formalmente previsto em lei, não será típico materi-
“A” matou “B” e “C” ficou de vigia. Logo, em relação à “A”, almente, pois não houve lesão grave para o bem jurídi-
há uma hipótese de adequação típica imediata, entretan- co tutelado. O fato é atípico.
to, quanto à “C”, aplica-se a norma de extensão do art. 29
referente ao concurso de pessoas (norma de extensão  CRIME DOLOSO
pessoal, tendo em vista que se estende à pessoa).
Ao se examinar a conduta, verifica-se que, segundo a teo-
Art. 13, §2º (norma de extensão causal) - São ria finalista, é ela um comportamento voluntário e que o
elementos do tipo: . núcleo – descreve a conduta proibida conteúdo da vontade é seu fim.
pela lei penal (ex.: matar); . sujeito ativo; . sujeito passivo;
. objeto material – é a coisa ou pessoa contra a qual recai Para a teoria finalista da ação, a conduta é composta de
a conduta criminosa do agente (ex.: objeto furtado). Al- ação/omissão somada ao dolo perseguido pelo autor, ou
gumas vezes coincide com o sujeito passivo, como no à culpa em que ele tenha incorrido por não observar dever
caso do homicídio. objetivo de cuidado. Antes da proposição dessa teoria, a
teoria clássica, Adotada até a reforma do código penal de
OBS.: prevalece que o delegado é norteado pelo p. da 1984 no Brasil, considerava elementos da conduta apenas
legalidade, assim, está vinculado à tipicidade formal. Cer- a ação/omissão e o resultado.
to que o “senhor” da tipicidade material é do autor da
ação. Nessa concepção, a vontade é o componente subjetivo da
conduta, faz parte dela e dela é inseparável.
DICA – São hipóteses de EXCLUSÃO DA TIPICIDADE:
Se Felipe mata Caio, não se pode dizer de imediato que
a) CASO FORTUITO e FORÇA MAIOR; praticou um fato típico (homicídio), embora essa descri-
ção esteja no art. 121 do CP ("matar alguém").
b) HIPNOSE;
Isto porque o simples fato de causar o resultado (morte)
c) SONAMBULISMO; não basta para preencher o tipo penal objetivo. É indis-
pensável que se indague o conteúdo da vontade do autor
d) MOVIMENTO REFLEXO; do fato, ou seja, o fim que estava contido na ação, já que
ela (a ação) não pode ser compreendida sem que se con-
e) COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL – aquela que exclui o sidere a vontade do agente.
controle dos movimentos do corpo – um empurrão por
exemplo; Toda ação consciente é dirigida pela consciência do que
se quer e pela decisão de querer realizá-la, ou seja, pela
f) ERRO DE TIPO INEVITÁVEL, INVENCÍVEL, ESCUSÁVEL vontade. A vontade é querer alguma coisa e o dolo é a
– exclui tanto o dolo, quanto a culpa – torna o fato atí- vontade dirigida à realização do tipo penal.
pico. Já o erro de tipo evitável, vencível ou inescusável
somente exclui a tipicidade dolosa, mantém, se previs-  TEORIAS DO DOLO-
to em lei, o crime culposo;
Existem três teorias que tratam do dolo. São elas:
g) ARREPENDIMENTO EFICAZ e DESISTÊNCIA VOLUN-
TÁRIA – são excludentes de tipicidade mediata da ten- 1) TEORIA DA REPRESENTAÇÃO –
tativa, permite que o agente seja punido pelo que ele
causou. Por exemplo: tinha o dolo de matar, iniciou os Para esta teoria, se o agente prevê o resultado como pos-
atos executórios, desistiu e com isso não houve a mor- sível e ainda assim opta por continuar a conduta, já está
te. Não responde por tentativa de homicídio, mas por caracterizado o dolo. Aqui, pouco importa se o agente
qualquer resultado que a vitima tenha sofrido, como quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
uma possível lesão corporal;
Sendo assim, imagine que Felipe sai de casa em sua moto
h) CRIME IMPOSSÍVEL – exclui a tentativa quando por para ir a uma entrevista de emprego. Durante o percurso,
ineficácia absoluta do meio ou absoluta impropriedade devido a um congestionamento, resolve "cortar" pela cal-
do objeto o crime jamais se consumaria. Não há qual- çada e, logo em um momento inicial, depara-se com inú-
quer punição; meros pedestres. Certo de sua perícia na moto, Prossegue
e acaba atropelando Caio.
Segundo a teoria da representação, o ato será considera- O dolo inclui não só o objetivo que o agente pretende al-
do doloso, pois, ao subir na calçada e se deparar com cançar, mas também os meios empregados e as conse-
pessoas, Felipe já poderia prever o resultado como possí- quências secundárias de sua atuação.
vel, mesmo que não o desejasse sinceramente.
. EXPLICANDO ....
2) Teoria da Vontade - Esta teoria engloba o concei-
to da teoria da representação no que diz respeito Há duas fases na conduta: uma interna e outra externa.
à necessidade da previsão do resultado, entretan-
to, amplia os "requisitos" para a caracterização do Fase interna- opera-se no pensamento do autor (e se não
dolo, incluindo, também, a obrigatoriedade da passa disso, é penalmente indiferente), e consiste em:
vontade de produzir o resultado.
a) Propor-se a um fim (matar um inimigo, por exem-
3) Teoria do Assentimento - Segundo esta teoria, há plo);
dolo não só quando o agente quer o resultado, b) Selecionar os meios para realizar essa finalidade
mas também quando realiza a conduta assumin- (escolher um explosivo, por exemplo); e
do o risco de produzi-lo c) Considerar os efeitos concomitantes que se unem
ao fim pretendido (a destruição da casa do inimi-
TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL go, a morte de outras pessoas que estejam com
ele etc.).
O Código Penal dispõe a respeito do crime doloso em seu
artigo 18, nos seguintes termos: Fase externa-A segunda fase consiste em exteriorizar a
conduta, numa atividade em que se utilizam os meios
Art. 18 - Diz-se o crime: selecionados conforme a normal e usual capacidade hu-
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou as- mana de previsão.
sumiu o risco de produzi-lo;
Caso o sujeito pratique a conduta nessas condições, age
Teorias adotadas: com dolo e a ele se podem atribuir o fato e suas conse-
quências diretas (morte do inimigo e de outras pessoas, a
A teoria da vontade (quando o inciso I diz "o agente quis demolição da casa, o perigo para os transeuntes etc.).
o resultado") e a do assentimento (quando o supra inciso
dispõe "ou assumiu o risco de produzi-lo").  ESPÉCIES DE DOLO

Assim, podemos resumir que o dolo é, primordialmente, A doutrina subdivide o dolo em diversas espécies. Tratarei
vontade de produzir o resultado. Entretanto, também há aqui das que são importantes para a sua prova. Vamos
dolo na conduta de quem, após prever e estar ciente de conhecê-las.
que pode provocar o resultado, assume o risco de produzi-
lo. 1) DOLO DIRETO- Também denominado dolo determina-
do, o dolo direto ocorre quando o agente quer atingir
ELEMENTOS DO DOLO um resultado específico com a conduta.

São elementos do dolo: Exemplo- Matador profissional que, após receber


uma determinada quantia em dinheiro, mata a ví-
I - Consciência do ato e do resultado- O sujeito ativo deve tima com um tiro certeiro.
saber exatamente o que está fazendo ou deixando de
fazer. Ademais, deve relacionar sua ação/omissão com o 2) DOLO INDIRETO – Também denominado indetermina-
resultado desejado, ou seja, o nexo causal deve ser tam- do é aquele que não se dirige a um resultado certo.
bém percebido pelo agente. A esta percepção dá-se o Subdivide-se em:
nome de momento intelectual do dolo, quando ele sabe
que, com tal conduta, o resultado típico será alcançado. a) Dolo Alternativo –

II - Vontade de agir, ou se omitir, e produzir o resultado- Verifica-se quando o agente não possui previsão de um
Este elemento é dito momento volitivo, ou seja, o agente resultado específico, satisfazendo-se com um ou outro,
tem o desejo de realizar a conduta. Assim, no anterior indistintamente.
(consciência) ele sabe o que faz; neste (vontade), quer
fazer isso.
Dá-se o dolo alternativo, por exemplo, quando a namorada causar o resultado, além de reputá-lo como possível. Obser-
ciumenta surpreende seu amado conversando com outra vou-se que para a configuração do dolo eventual não é ne-
e, revoltada, joga uma granada no casal, querendo matá- cessário o consentimento explícito do agente, nem sua
los ou feri-los. consciência reflexiva em relação às circunstâncias do even-
to, sendo imprescindível, isso sim, que delas (circunstân-
Perceba que ela quer produzir um resultado e não "o" re- cias) se extraia o dolo eventual e não da mente do autor.
sultado.
Cabe o dolo eventual a todos os delitos que com ele te-
No exemplo acima, se o resultado for a morte, responderá nham compatibilidade. Digo isto porque em alguns casos,
a agente por homicídio. como na previsão do artigo 180 do Código Penal, só é
cabível o dolo direto, não sendo possível o eventual. Ob-
MAS E SE O RESULTADO FOR FERIMENTOS? serve:
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
RESPONDERÁ POR LESÃO CORPORAL OU TENTATIVA DE ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe
HOMICÍDIO? ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de
boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
Resposta- Em caso de dolo alternativo, o agente sempre
responderá pelo resultado mais grave, ou seja, pela tenta- A expressão "que sabe" traz a obrigatoriedade da vontade
tiva de homicídio. imediata de cometer o delito, ou seja, o dolo direto.

b) Dolo Eventual – Obs.: Portanto, se aparecer na prova a expressão "que


sabe", você já sabe que não é cabível o dolo eventual.
No dolo eventual, o sujeito prevê o resultado e, embora
não o queira propriamente atingir, pouco se importa com 3) DOLO CUMULATIVO: O agente pretende alcançar plura-
a sua ocorrência ("eu não quero, mas se acontecer, para lidade de resultados, em sequência (tal dolo está pre-
mim tudo bem; não é por causa desse risco que vou parar sente num típico caso de progressão criminosa).
de praticar minha conduta; não quero, mas também não
me importo com a sua ocorrência"). 4) DOLO DE DANO: A vontade do agente é causar efetiva
lesão ao bem jurídico tutelado.
Seria o exemplo do indivíduo que coleciona armas e, em
determinado dia, resolve testar seu armamento. Prosse- 5) DOLO DE PERIGO: A vontade do agente é colocar o
guindo no intento, aponta um fuzil na direção de uma bem jurídico em risco. Ex: jogar pedra numa pessoa
estrada na qual "quase nunca passa alguém". para assustar pessoa (vontade de assustar e não acer-
tar a cabeça do ser e este morrer).
Pensa: "Aqui quase nunca passa alguém, então, se passar
bem na hora que eu atirar, azar de quem estava no lugar 6) DOLO GENÉRICO: O agente tem vontade de realizar a
errado na hora errada". Perceba que o indivíduo assumiu o conduta descrita no tipo sem finalidade específica. Ex:
risco. o homicídio – ele se contenta com a vontade de matar.
Não interessa o fim que levou a matar (se for por ódio,
Efetua o disparo e acerta uma pessoa, matando-a. amor, etc. – pode até servir de qualificadora ou privilé-
gio).
Neste caso, responderá o indivíduo por homicídio doloso,
pois presente se encontra o dolo eventual. Observe o inte- 7) DOLO ESPECÍFICO: O agente tem a vontade de realizar
ressante julgado do STF sobre o tema: a conduta descrita no tipo visando um fim específico.
Ex: 299 do CP – falsidade ideológica. Ele quer um dolo
HC 91159/MG, rel. Min. Ellen Gracie, 2.9.2008. (HC- com um fim especial.
91159)
Salientou-se que, no Direito Penal contemporâneo, além do A doutrina moderna nega estas classificações. Não se
dolo direto — em que o agente quer o resultado como fim de fala mais em dolo genérico e dolo especifico. Hoje tudo é
sua ação e o considera unido a esta última — há o dolo dolo, mas quanto ao dolo especifico hoje é o dolo mais
eventual, em que o sujeito não deseja diretamente a realiza- elemento subjetivo do tipo.
ção do tipo penal, mas a aceita como possível ou provável
(CP, art. 18, I, in fine). Relativamente a este ponto, aduziu-se
que, dentre as várias teorias que buscam justificar o dolo
eventual, destaca-se a do assentimento ou da assunção,
consoante a qual o dolo exige que o agente aquiesça em
ABERRATIO CAUSAE (DOLO GERAL) Quanto ao João – responde por homicídio com DOLO DE
PRIMEIRO GRAU; já com relação ao Paulo – responde por
Aberratio causae é o erro na causa que produz o delito. homicídio com dolo de consequências necessárias (dolo
Ocorre quando o sujeito, pensando ter atingido o resulta- de segundo grau).
do que queria, pratica uma nova conduta com finalidade
diversa e, posteriormente, constata-se que o resultado foi OBS.: NÃO SE CONFUNDE DOLO DE SEGUNDO GRAU
ocasionado pela segunda conduta. COM O DOLO EVENTUAL.

Para exemplificar, imagine que Felipe, pensando em ma- DOLO DE DOLO


tar Caio, bate com um pedaço de ferro em sua cabeça. SEGUNDO GRAU EVENTUAL
Certo de ter matado Caio, coloca-o dentro de um saco e O resultado paralelo é certo O resultado paralelo é incerto,
lança o corpo dentro de um rio, a fim de ocultar o delito. e necessário. eventual, possível e desneces-
sário.
Dias depois, o saco é encontrado por policiais e o exame
do cadáver determina que a morte foi causada por asfi- QUESTÃO: Doente mental tem dolo? Tem, pois o crime é
xia, e não pela pancada. fato típico + ilícito + culpabilidade. O dolo está no fato
típico. Caso não tenha dolo nem fato típico será. Aqui o só
Neste caso, temos um erro na relação de causalidade, não é culpável. Por fim, a doutrina diz que ele tem consci-
mas este erro, para o Direito Penal, é irrelevante, pois o ência e vontade dentro de seu precário mundo valorativo.
que importa é se o agente queria um resultado e o alcan-
çou.  CRIME CULPOSO

8) DOLO GERAL (OU ERRO SUCESSIVO): Ocorre quando o A lei, por sua vez, limita-se a prever as modalidades da
agente, supondo já ter alcançado um resultado por ele culpa e dispõe sobre o assunto da seguinte forma:
visado, pratica nova conduta que efetivamente o pro-
voca. Ex: duas pessoas num penhasco – um cai; acha Art. 18 - Diz-se o crime:
que matou; aí arrasta o corpo e joga num rio (aí sim o [... ]
cara morre). Ex: no caso Isabela, em que o pai achando II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado
(em tese) que a filha já se encontrava morta por asfi- por imprudência, negligência ou imperícia.
xia, vem a atirá-la do 6º andar do apartamento.
Conceito- Ocorre quando o agente, deixando de observar
9) DOLO DE PRIMEIRO GRAU (DOLO DIRETO): O agente o dever objetivo de cuidado, por imprudência, negligência
prevê determinado resultado, dirigindo a sua conduta ou imperícia, realiza voluntariamente uma conduta que
na busca de realizá-lo. produz resultado naturalístico indesejado, não previsto e
nem querido, que podia, com a devida atenção, ter evita-
10) DOLO DE SEGUNDO GRAU (DOLO DE CONSEQÜÊN- do.
CIAS NECESSÁRIAS): Não tem nada a ver com dolo
eventual. Consiste na vontade do agente dirigida a de- Dentro de uma concepção finalista, culpa é o elemento
terminado resultado, efetivamente desejado, em que a normativo da conduta, pois sua constatação depende da
utilização dos meios para alcançá-lo, inclui, obrigato- valoração do caso concreto.
riamente, efeitos colaterais de verificação praticamen-
te certa. O agente não deseja imediatamente os efei- Os crimes culposos, normalmente, são previstos no cha-
tos colaterais, mas tem por sua ocorrência. mado tipo penal aberto, pois a lei não diz expressamente
no que consiste o comportamento culposo, reservando
Ex: quero matar meu desafeto e este vai viajar de avião; esta avaliação ao Juiz.
coloco uma bomba no avião e este explode; meu desafeto
morre (quanto ao meu desafeto – dolo direto); quanto aos Obs.:
demais tripulantes (dolo de segundo grau). “Tipo penal aberto- Fala-se em tipo aberto quando o legisla-
dor, em razão da Impossibilidade de prever todas as condu-
Exemplo de prova: crime praticado contra XIFÓPAGOS tas passíveis de acontecer na sociedade, cria tipos nos
(IRMÃOS SIAMESES OU INDIVÍDUOS DUPLOS). Paulo e quais não descreve de forma completa e precisa o compor-
João são irmãos siameses. Eu odeio o João, mato o João, tamento considerado proibido e criminoso, o que impõe a
mas o Paulo também morre, pela natureza da deformida- necessidade de complementação pelo intérprete da norma.
de física dos dois. Quantos crimes há aí? Duplo homicídio Nessa linha, tipo aberto é aquele que traz em seu bojo re-
- responde por crimes em concurso formal impróprio. quisitos normativos, de forma a exigir do aplicador do Direi-
to a realização de juízo normativo.”
Ex.: praticar ato obsceno. A norma penal O crime culposo é praticado na modalidade da imprudên-
não especifica o que seja ato obsceno, ca- cia quando o agente desenvolve uma ação positiva (+). A
bendo ao intérprete Buscar a sua definição. imprudência sempre é um fazer. Está marcada por um
excesso, exagero, descuido na conduta.
Entretanto, é importante ressaltar que nada impede a
definição de um crime culposo em um tipo fechado, tal Ex.: Empurrar um amigo na borda da piscina, du-
como ocorre no delito de receptação culposa previsto no rante uma brincadeira de confraternização, cau-
Código Penal. Observe: sando-lhe a morte; Dirigir em alta velocidade, cau-
sando a morte de um ciclista.
Art. 18 [...]
§ 3° - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza O crime culposo se configura na modalidade da negligên-
ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela cia quando o agente deixa de fazer (-) algo a que estava
condição de quem a oferece, deve presumir-se obti- obrigado por questão de segurança ou diligência. está
da por meio criminoso. marcada por um esquecimento, omissão de cautela na
conduta.
Segundo o conceito doutrinário, o crime culposo consiste
em conduta voluntária que realiza um fato ilícito não que- Ex.: Piloto de avião deixa de ligar o transponder e
rido pelo agente, nem aceito, mas que foi por ele previsto acaba colidindo com outra aeronave, causando a
(culpa consciente) ou lhe era previsível (culpa inconscien- morte da tripulação; Não trocar o óleo do carro,
te), e que podia ser evitado se o autor atuasse com o de- deixar de realizar a revisão no veículo antes de
vido cuidado. uma viagem, causando a morte dos passageiros.

O que caracteriza a CULPA é a AUSÊNCIA DE UM DEVER O crime culposo é praticado na modalidade da imperícia
OBJETIVO DE CUIDADO, que todas as pessoas normais quando o agente comete uma falha relacionada a normas
devem ter. É o denominado “DEVER DE DILIGÊNCIA” que técnicas básicas que deveria conhecer, em virtude da sua
as pessoas comuns, médias, normais possuem para pre- profissão, atividade ou ofício. a imperícia está ligada a
ver o resultado de suas condutas. A determinação da uma inobservância de dever de cuidado do profissional.
culpa consiste na comparação entre o comportamento Está marcada por uma Falta de habilidade na conduta do
realizado pelo agente com aquele que teria a pessoa dili- profissional.
gente, na mesma situação.
Ex.: Engenheiro erra no cálculo da elaboração de
No crime culposo o que importa não é o fim do agente uma obra, causando o seu desabamento e a con-
(que é normalmente lícito), mas o modo e a forma impró- seqüente morte dos que ali estavam; Atirador de
pria com que atua. Os tipos culposos proíbem, assim, elite erra o tiro, acertando um inocente; Cirurgião
condutas em decorrência da FORMA DE ATUAR DO causa a morte do paciente por falhar na execução
AGENTE para um fim proposto e não pelo fim em si. das normas básicas de procedimento cirúrgico.

Ex.: O cidadão de bem, dirigindo seu carro com OBS. 1: o CPM, no seu art. 33, inc. II, traz um conceito
certa velocidade, numa via de grande fluxo de veí- mais rico que o trazido pelo art. 18, inc. II, do CP. Assim,
culos e pedestres, com o fim de chegar a tempo numa segunda fase, caso o aluno não decore o conceito
em seu trabalho, atropela e mata um pedestre. O da doutrina, lançar mão do CPM.
fim lícito em si não importa, porque deixou de ob-
servar um dever objetivo de cuidado, causando OBS. 2: O crime CULPOSO somente existe em caso de
um resultado não pretendido. A inobservância do previsão EXPRESSA DO TIPO PENAL. Em não estando
cuidado devido torna a conduta típica. especificada a forma culposa na lei, o crime só será puni-
do como DOLOSO (Parágrafo único do art. 18, CP). Crime
O crime é culposo quando uma pessoa, inobservando um doloso é a regra; crime culposo é excepcional – PREVI-
dever de cuidado objetivo, ocasiona um resultado não SÃO EXPRESSA EM LEI PARA SER CRIME.
pretendido. A inobservância do dever de cuidado pressu-
põe a ausência de previsão, apesar de ser o resultado OBS. 3: NÃO EXISTE COMPENSAÇÃO DE CULPAS. Assim,
previsível, pois, se houvesse plena consciência por parte a IMPRUDÊNCIA de um bêbado ao atravessar uma aveni-
do agente de que a sua conduta causaria o resultado, o da em meio ao tráfego de veículos NÃO EXCLUI A RES-
crime seria então doloso, não cabendo assim a forma PONSABILIDADE PENAL do motorista que dirigia em alta
culposa. velocidade. Entretanto, existe CONCORRÊNCIA DE CUL-
PAS e CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA. Na CONCORRÊN-
CIA DE CULPAS, leva-se em consideração a participação
da vítima na fixação da pena, constituindo um dos crité- 1) Conduta Humana -
rios do art. 59 do CP (COMPORTAMENTO DA VÍTIMA). Na
CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA, prova-se que o AGENTE Como já estudamos, nos crimes dolosos a vontade do
NÃO AGIU COM IMPRUDÊNCIA, NEGLIGÊNCIA E IMPERÍ- agente está focada na realização de resultados objetivos
CIA. ilícitos. O FIM ALMEJADO OU ACEITO É ILÍCITO.

Observações: Diferentemente, nos crimes culposos o que importa não é


o fim do agente (que é normalmente lícito), mas o modo e
1. Não existe tentativa em crime culposo. a forma imprópria com que atua. Os tipos culposos proí-
bem, assim, condutas em decorrência da forma de atuar
2. Ato errado; manobra errada no veículo: do agente para um fim proposto, e não pelo fim em si.

a. Motorista sem carteira de habilitação = imprudente; Se um motorista, por exemplo, dirige velozmente para
b. Motorista com carteira de habilitação = imperito. chegar a tempo de assistir à missa domingueira e vem a
atropelar um pedestre, o fim lícito não importa, pois agiu
3. Causas de aumento de pena no homicídio culposo (art. ilicitamente ao não atender ao cuidado necessário a que
121, § 4.º, 1ª parte) - Se o crime resulta de inobser- estava obrigado em sua ação, dando causa ao resultado
vância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou lesivo (lesão, morte).
se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima,
não procura diminuir as consequências do seu ato, ou Essa inobservância do dever de cuidado faz com que essa
foge para evitar prisão em flagrante, a pena é aumen- sua ação configure uma ação típica. Para ficar ainda mais
tada de 1/3 (um terço). claro, podemos dizer que no crime culposo a vontade do
agente se limita a pratica de uma conduta perigosa, por
4. O perdão judicial - Aplicado no crime de homicídio (art. ele aceita e desejada.
121, § 5.º), ocorre por um ato de imprudência, negli-
gência ou imperícia do agente, quando as consequên- "Mas professor, nos vimos que no dolo eventual o agente
cias do ato atingem-no de forma tão grave que a san- também não quer diretamente atingir o fim ilícito. Qual a
ção penal se torna desnecessária. Tem-se reconhecido diferença?"
como causa para a não aplicação da pena o grave so-
frimento, decorrente do fato, passado pelo réu (ex.: pai Perceba que no dolo eventual ele prevê o resultado e,
mata o filho por um ato de imprudência). embora não o queira propriamente atingir, pouco se im-
porta com a sua ocorrência.
QUESTÃO: (TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTA-
DO DE SERGIPE 2009 FCC) O médico que, numa cirurgia, Diferentemente, na culpa, o agente, sinceramente, não
sem intenção de matar, esqueceu uma pinça dentro do quer e acredita que o resultado não vai ocorrer. Isso ainda
abdome do paciente, ocasionando-lhe infecção e a morte, ficará mais claro no decorrer da aula. Fique tranquilo(a).
agiu com:
Para finalizar, é importante citar que o crime culposo pode
a) CULPA, POR IMPERÍCIA ser praticado por ação ou omissão.
b) DOLO DIRETO
c) CULPA, POR NEGLIGÊNCIA 2) Violação do dever objetivo de cuidado
d) CULPA, POR IMPRUDÊNCIA
e) DOLO EVENTUAL Sabemos que uma das principais características da vida
em sociedade é a impossibilidade de se fazer tudo o que é
ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO almejado, pois os interesses de terceiras pessoas e da
própria comunidade impõem barreiras que não podem ser
Após estes conceitos iniciais, vamos aprofundar o assun- afrontadas.
to verificando os elementos que compõem o crime culpo-
so. São eles: Mais quais são essas barreiras?

1. CONDUTA HUMANA; Há algum tempo falava-se muito da necessidade de se


2. VIOLAÇÃO DO DEVER OBJETIVO DE CUIDADO; utilizar o cinto de segurança, entretanto, poucas pessoas
3. RESULTADO NATURALÍSTICO; usavam.
4. NEXO CAUSAL;
5. TIPICIDADE; e Após a normatização da conduta, trazendo previsão de
6. PREVISIBILIDADE. penalização, o que aconteceu? Todos começaram a usar.
Neste sentido, fica claro que estas barreiras são impostas IMPRUDENTE é a pessoa que não toma os cuidados que
pelo próprio ordenamento jurídico a todas as pessoas, uma pessoa Normal tomaria. É a pessoa que, ao dar
visando regular o pacífico convívio social e garantir o marcha-ré com o carro, Esquece de olhar para trás e
dever objetivo de cuidado. acaba atropelando alguém.

E O QUE É ESSE DEVER OBJETIVO DE CUIDADO? 3) RESULTADO NATURALÍSTICO

Quem vive em sociedade não deve causar dano a terceiro, No crime culposo, o resultado naturalístico funciona co-
sendo-lhe exigido o dever de cuidado, indispensável para mo elementar do tipo penal. Sendo assim, podemos con-
evitar tais lesões. cluir que:

Assim, se o agente não observa esses cuidados, causan- Em si mesma, a inobservância do dever de cuidado não
do com isso dano a bem jurídico alheio, responderá por constitui conduta típica porque é necessário outro ele-
ele. mento do tipo culposo: o resultado.

Como muitas das atividades humanas podem provocar Só haverá ilícito penal culposo se da ação contrária ao
perigo para os bens jurídicos, sendo inerentes a elas um cuidado resultar lesão a um bem jurídico. Se, apesar da
risco que não pode ser suprimido inteiramente sob pena ação descuidada do agente, não houver resultado lesivo,
de serem totalmente proibidas (dirigir um veículo, operar não haverá crime culposo.
um maquinismo, lidar com substâncias tóxicas etc.), pro-
cura a lei estabelecer quais os deveres e cuidados que o O resultado não deixa de ser um "componente de azar" da
agente deve ter quando desempenha certas atividades conduta humana no crime culposo (dirigir sem atenção
(velocidade máxima permitida nas ruas e estradas, utili- pode ou não causar colisão e lesões em outra pessoa).
zação de equipamento próprio em atividades industriais,
exigência de autorização para exercer determinadas pro- Não existindo o resultado (não havendo a colisão), não se
fissões etc.). responsabilizará por crime culposo o agente que inobser-
vou o cuidado necessário, ressalvada a hipótese em que a
Em razão de existir em todo delito culposo essa violação conduta constituir, por si mesma, em um ilícito penal (a
ao dever objetivo de cuidado, alguns doutrinadores refe- contravenção de direção perigosa de veículo, prevista no
rem-se a ele como o objeto central de estudo do "Direito art. 34 da LCP, por exemplo).
Penal da Negligência", o gênero que teria como espécies
as seguintes A exigência do resultado lesivo para a existência do crime
culposo justifica-se pela função política garantidora que
MODALIDADES: deve orientar o legislador na elaboração do tipo penal.

• NEGLIGÊNCIA; Não haverá crime culposo mesmo que a conduta contra-


• IMPERÍCIA ; rie os cuidados objetivos e se verifique que o resultado se
• IMPRUDÊNCIA. produziria da mesma forma, independentemente da ação
descuidada do agente.
RELEMBRANDO!!!
Assim, se alguém se atira sob as rodas do veículo que é
IMPERÍCIA é quando alguém que deveria dominar uma dirigido pelo motorista na contramão de direção, não se
técnica não a Domina. É o caso do médico que erra na pode imputar a este o resultado (morte do suicida). Trata-
hora de suturar um Paciente. se, no caso, de mero caso fortuito. Evidentemente, deve
Depois de seis anos estudando medicina, ele deveria haver no crime culposo, como em todo fato típico, a rela-
saber suturar. Se não sabe, é imperito. ção de causalidade entre a ação e o resultado, obedecen-
do-se ao que dispõe a lei brasileira no art. 13 do CP.
NEGLIGÊNCIA é quando aquele que deveria tomar conta
para que Uma situação não aconteça, não presta a devi- 4) NEXO CAUSAL
da atenção e a deixa Acontecer.
Como se trata de crime material há que ser verificado a
É o caso da mãe que deveria tomar conta do neném relação entre a conduta e o resultado a fim de caracterizar
quando está Dando banho nele, vai atender o telefone e o delito, ou seja, em consonância com a teoria da equiva-
o neném acaba se Afogando. Ela não queria e nem as- lência dos antecedentes causais, deve ser provado que o
sumiu o risco de matá-lo, mas não Tomou conta o sufi- resultado adveio da conduta.
ciente para evitar sua morte.
5) TIPICIDADE Assim, só é típica a conduta culposa quando se puder
estabelecer que o fato era possível de ser previsto pela
Sendo elemento do fato típico nos crimes materiais con- perspicácia comum, normal dos homens. Esse indivíduo
sumados, a tipicidade precisa estar presente para a con- comum, de atenção, diligência e perspicácia normais à
figuração do crime culposo. Como já vimos, nada mais é generalidade das pessoas é o que se convencionou cha-
do que a adequação do fato concreto ao descrito na lei. mar de HOMEM MÉDIO.

6) PREVISIBILIDADE OBJETIVA Os homens, porém, são distintos no que concerne à inte-


ligência, sagacidade, instrução, conhecimentos técnicos
É a possibilidade de uma pessoa comum, com inteligên- específicos etc., variando a condição de prever os fatos
cia mediana, prever o resultado. Com você já sabe, o tipo em cada um.
culposo é diverso do doloso. Há na conduta não uma von-
tade dirigida à realização do tipo, mas apenas um conhe- Assim, a previsibilidade, segundo a doutrina, deve ser
cimento potencial de sua concretização, vale dizer, uma estabelecida também conforme a capacidade de previsão
possibilidade de conhecimento de que o resultado lesivo de cada indivíduo. A essa condição dá-se o nome de pre-
pode ocorrer. Esse aspecto subjetivo da culpa é a possibi- visibilidade subjetiva.
lidade de conhecer o perigo que a conduta descuidada do
sujeito cria para os bens jurídicos alheios e a possibilida- Verificado que o fato é típico diante da previsibilidade
de de prever o resultado conforme o conhecimento do objetiva (do homem razoável), só haverá reprovabilidade
agente. A essa possibilidade de conhecimento e previsão ou censurabilidade da conduta (culpabilidade) se o sujeito
dá-se o nome de previsibilidade. pudesse prevê-la previsibilidade subjetiva).

A previsibilidade, conforme o Professor Damásio, "é a Vamos exemplificar:


possibilidade de ser antevisto o resultado, nas condições em
que o sujeito se encontrava. José, um exímio atirador, realiza a conduta voluntária de
limpar sua pistola em um quarto onde seus sobrinhos
Exige-se que o agente, nas circunstâncias em que se encon- estão brincando. Age com inobservância do cuidado objeti-
trava, pudesse prever o resultado de seu ato. A condição vo manifestado através da imprudência, que é a prática de
mínima de culpa em sentido estrito é a previsibilidade; ela um ato perigoso. Como assim?
não existe se o resultado vai além da previsão."
Embora saiba dos riscos de acidente que a limpeza de
Mas qual fato não pode ser previsto pelo homem? arma de fogo traz, espera levianamente que nada ocorra,
pois confia na sua perícia no trato com armas. Dessa
Não se pode prever que existe a possibilidade de um lou- forma, dá um golpe de segurança na arma para que se
co se jogar na frente de um carro? houvesse algum cartucho na câmara este fosse ejetado,
retira o carregador e começa a limpeza da arma apontan-
Claro que sim, há louco para tudo neste mundo! do-a sempre no sentido oposto do que brincam seus so-
brinhos.
É evidente, porém, que não é essa previsibilidade em abs-
trato de que se fala, pois, se não se interpreta o critério de Durante a limpeza, a arma dispara, o projétil atinge a jane-
previsibilidade informadora da culpa com certa flexibili- la, ricocheteia e lesiona seu sobrinho.
dade, o resultado lesivo sempre seria atribuído a seu cau-
sador. Ocorre que José deveria, antes de dar o golpe de seguran-
ça, ter retirado o carregador, pois da forma como agiu,
Não se pode confundir o dever de prever, fundado na dili- colocou um projétil na câmara da arma.
gência ordinária de um homem qualquer, com o poder de
previsão. Diz-se, então, que estão fora do tipo penal dos Percebe-se, no exemplo citado, que o homem prudente e
delitos culposos os resultados que estão fora da previsibi- de discernimento (homem médio) colocado nas condi-
lidade objetiva de um homem razoável, não sendo culpo- ções de José não agiria como ele agiu, pois não precisa
so o ato quando o resultado só teria sido evitado por pes- ser um atirador perfeito para saber do perigo existente na
soa extremamente prudente. limpeza de um armamento.

Dessa forma, configurada está a previsibilidade objetiva.


Quando, ao comparar a conduta do sujeito com o dever de Abaixo apresento a resposta (Com uma linguagem bem
cautela genérico, observa-se que ele não agiu da forma clara!!!):
imposta pelo cuidado objetivo, facilmente conclui-se que
o fato é típico. CULPA PRÓPRIA X CULPA IMPRÓPRIA

 ESPÉCIES DE CULPA Esta classificação baseia-se na intenção de produzir o


resultado naturalístico.
Quanto às espécies, podemos classificar a culpa em:
Na culpa própria ou propriamente dita- o agente não quer
CULPA CONSCIENTE X CULPA INCONSCIENTE e nem assume o risco de produzir o resultado. É, por as-
Essa divisão tem como fator distintivo a previsão do sim dizer, a culpa propriamente dita.
agente acerca do resultado naturalístico provocado pela
sua conduta. Na culpa consciente o agente prevê o resul- Contrariamente, na culpa imprópria ou por extensão ou
tado, mas espera que ele não ocorra. Acredita o agente por assimilação ou por equiparação, o agente por erro,
que pode evitá-lo com suas habilidades (culpa com previ- fantasia ou outra situação fática, que se real justificaria
são). sua conduta, provoca intencionalmente um resultado
ilícito.
Exemplo clássico dessa espécie de culpa é dada pelo
Professor Mirabete, no qual o caçador, avistando um Cuida-se, na verdade, de dolo, eis que o agente quer a
companheiro próximo ao animal que deseja abater, confia produção do resultado, mas, por motivos da política cri-
em sua habilidade de exímio atirador para não atingi-lo, minal, no entanto, o Código Penal aplica a um crime dolo-
mas, quando dispara, acaba causando a morte da vítima. so a punição correspondente a um crime culposo. (art. 20,
par. 1°, CP).
Diferentemente, na culpa inconsciente, o resultado não é
previsto pelo agente, embora previsível. É a culpa comum, Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo
que se manifesta pela imprudência, negligência ou impe- legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição
rícia. por crime culposo, se previsto em lei.
§ 1° - É isento de pena quem, por erro plenamente
Então agora pergunto um dos principais questionamentos justificado pelas circunstâncias, supõe situação de
trazidos pelas bancas. fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não
há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o
EXISTE DIFERENÇA ENTRE CULPA CONSCIENTE E DOLO fato é punível como crime culposo
EVENTUAL?
Vamos exemplificar a culpa imprópria:
Resposta: Claro que sim!!! A culpa consciente se diferen-
cia do dolo eventual. Mévia, 16 anos, é proibida pelos pais de se encontrar com
Felipe, seu namorado. Triste com tal situação, e sem po-
No dolo eventual o agente tolera a produção do resultado, der sair de casa pela porta no período noturno, resolve
o evento lhe é indiferente, tanto faz que ele ocorra ou não. sair pela janela. Prosseguindo no seu intento, desce pela
Ele assume o risco de produzi-lo. janela até o quintal, passa pelos quatro cachorros da casa
que, por conhecerem a menina, não latem e, por fim, vai
Na culpa consciente, ao contrário, o agente não quer o ao encontro do amado.
resultado, não assume o risco e nem ele lhe é tolerável ou
indiferente. O evento lhe é representado (previsto), mas Aproximadamente às 2 da manhã, Mévia volta para sua
confia em sua não-produção. casa, passa pelos cachorros, que novamente não latem, e
começa a subir na sacada para entrar pela janela.
Para resumir tudo isso e você NÃO ERRAR EM PROVA,
imagine que Felipe comete uma conduta que ocasiona Caio, pai de Mévia, avista um vulto tentando entrar em
um resultado naturalístico penalmente punível. sua casa e atira certeiramente. Ao descer para ver o cor-
po, percebe que alvejou sua filha. O agente efetuou os
Qual será a frase adequada para Felipe no caso de dolo disparos com arma de fogo, com intenção de matar.
eventual?
Tinha dolo direto. Agiu, contudo, com o chamado "ERRO
E no caso de culpa consciente? INESCUSÁVEL QUANTO À ILICITUDE DO FATO", pois foi
imprudente.
"Mas como assim imprudente?" R.: Errado! No direito penal, EXISTE CONCORRÊNCIA DE
CULPAS. Consiste em considerar a culpa da vítima na
Ele poderia ter sido mais cauteloso, já que o vulto não fixação da pena do criminoso. Conforme o art. 59 do Có-
trazia ameaça e, com o silêncio dos cachorros, somente digo Penal, a participação da vítima é um dos critérios que
poderia ser pessoa da casa. Desta forma, responde por o juiz deve levar em consideração, quando da dosimetria
homicídio culposo. da pena. Somente NÃO SE ADMITE COMPENSAÇÃO DE
CULPAS, isto é, não poderá o agente excluir a sua culpa
PREVISÃO E VONTADE NO CRIME CULPOSO pela culpa da vítima. A concorrência de culpas deve ser
considerada, na aplicação da pena, justamente porque
Consciência Vontade assim como existem vítimas ocasionais, também se en-
Dolo direto - Tem previsão. - Quer o resultado. contram vítimas provocadoras e agressoras. O juiz não
Dolo eventual - Tem previsão. - Assume o risco de pode deixar de considerar a participação da vítima na
Foda-se produzir. pena aplicada.
Culpa - Tem previsão. - Não quer nem assume
consciente o risco (culpa própria); QUESTÃO 2: (PROCURADOR DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA
Fodeu e pensa poder evitar o 2007 – CESPE/UNB) Suponha que o motorista de um
resultado com suas veículo, por negligência, deixe de observar a má conser-
habilidades ou que se vação do sistema de freios de seu carro e, ao trafegar em
quer vai ocorrer. via pública, atropele e mate um pedestre que tenha cruza-
Culpa inconsci- - Não tem previ- - Não quer nem assume do a pista em local inadequado. Nessa situação, caso se
ente são, mas sim o risco (culpa própria). comprove que o evento danoso tenha decorrido da falta
previsibilidade. Não aceita. de freios no veículo atropelador, responderá culposamen-
Não prevê o te o seu condutor pela morte do pedestre, mesmo diante
que era previsí- da imprudência da vítima.
vel.
R.: Correto! NÃO EXISTE COMPENSAÇÃO DE CULPAS no
A diferença entre os dois primeiros está na INTENSIDADE. direito penal. Assim, a IMPRUDÊNCIA de um pedestre ao
cruzar uma pista em local inadequado NÃO EXCLUI A
A diferença entre os dois últimos está no campo da VON- RESPONSABILIDADE PENAL do motorista NEGLIGENTE
TADE. que dirigia seu veículo com freios em estado de má con-
servação. Entretanto, existe CONCORRÊNCIA DE CULPAS
Questões pontuais: e CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA. Na CONCORRÊNCIA DE
CULPAS, leva-se em consideração a participação da víti-
 No atropelamento provocado por motorista embriaga- ma na fixação da pena, constituindo um dos critérios do
do, surge a discussão entre a existência de dolo even- art. 59 do CP (COMPORTAMENTO DA VÍTIMA). Na CULPA
tual e culpa consciente? Os tribunais superiores têm EXCLUSIVA DA VÍTIMA, prova-se que o AGENTE NÃO
entendido que é culpa consciente. AGIU COM IMPRUDÊNCIA, NEGLIGÊNCIA E IMPERÍCIA.

 Quanto ao ”racha”: em recente julgado do STJ, enten-  COMPENSAÇÃO DE CULPAS


deu-se que a disputa automobilística não autorizada
em que resulta homicídio, é caso de dolo eventual (e Vamos começar este tópico exemplificando para facilitar
não culpa consciente). o entendimento:

 No Direito Penal existe compensação de culpa (agente Imagine que Felipe avança o semáforo no sinal vermelho
com culpa e vítima com culpa)? NÃO SE ADMITE e, concomitantemente, um carro trafega na contramão.
COMPENSAÇÃO DE CULPAS NO DIREITO PENAL, na Os dois batem e ficam com lesões corporais.
modalidade de concorrência. Porém, a culpa concor- Neste caso, como fica claro, os dois foram imprudentes e
rente da vítima pode atenuar a responsabilidade do se enquadram no delito de lesão corporal culposa. Será
agente. possível a compensação de culpas?

QUESTÃO 1: (DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL 1997 – A resposta é NEGATIVA, ou seja:


CESPE/UNB) Não há concorrência de culpas no direito
penal. Obs.: Não se admite a compensação de culpas no direito
penal brasileiro, uma vez que prevalece o caráter público
da sanção penal como fundamento para a sua proibição.
EXCEPCIONALIDADE DO CRIME CULPOSO

O parágrafo único do artigo 18 do Código Penal deixa


claro que só haverá penalização para um delito cometido 01.(ESAF / Auditor Fiscal - RFB / 2009) Com relação à
de forma culposa quando houver previsão legal. Observe: aplicação da lei penal, analise o caso abaixo e o en-
quadre na teoria do crime prevista no Código Penal
O furto, por exemplo, por não trazer previsão, não existe Brasileiro, assinalando a assertiva correta.
na modalidade culposa. Para complementar, veja as im-
portantes palavras do STJ: Carlos atira em João com a intenção de matá-lo. En-
tretanto, a bala passa de raspão no braço de João. Es-
STJ - HABEAS CORPUS: HC 12161 SP te é socorrido e levado para o hospital. Tragicamente,
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDI- o hospital é incendiado por Abelardo que deseja matar
NÁRIO. DENÚNCIA. INÉPCIA. EX-PREFEITO MUNICIPAL. todos os pacientes do hospital e João morre carboni-
CRIME DE RESPONSABILIDADE. zado.
A) Carlos deverá ser denunciado por tentativa de ho-
DECRETO-LEI N° 201/67. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA micídio.
PARA A AÇÃO PENAL. EXAME APROFUNDADO DE PRO- B) Abelardo não pode ser denunciado pelo homicídio
VAS. Súmula 164-STJ:"O prefeito municipal, após a ex- de João.
tinção do mandato, continua sujeito a processo por cri- C) Abelardo não cometeu crime algum em relação a
me previsto no art. 1°, do Decreto-Lei n° 201, de 27.2.67. " João.
De acordo com o princípio da excepcionalidade dos cri- D) Carlos deverá ser denunciado por homicídio.
mes culposos (parágrafo único do art. 18 do CP) a puni- E) Carlos e Abelardo deverão ser denunciados em
ção por dolo é a regra, enquanto a sanção por culpa é concurso de agentes como coautores do homicídio
excepcional, só sendo admitida quando a lei textualmen- de João.
te o prevê.
GABARITO: A
 TENTATIVA NO CRIME CULPOSO
COMENTÁRIOS: Nesta questão, estamos diante de uma
O crime se diz tentado quando o agente não o consuma causa superveniente relativamente independente que por
por circunstâncias alheias à sua vontade. O intento do si só produziu o resultado. Com relação a este tema dis-
agente era consumar a infração, atingir o bem jurídico põe o código penal em seu artigo 13, parágrafo 1°: § 1° - A
protegido na extensão pretendida, todavia, é interrompido, superveniência de causa relativamente independente exclui a
mas não por vontade própria. imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos
anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. Con-
Essa vontade qualifica-se como dolosa, porque a intenção sequentemente, o agente não será responsabilizado pela
do agente era consumar a infração penal ou produzir o morte e, somente, pelos atos anteriores, ou seja, a TEN-
resultado criminoso. TATIVA DE HOMICÍDIO.

Nos crimes culposos, não se admite a tentativa porque a 02.(FCC / Juiz - TJ-PE / 2011) Nos chamados crimes de
vontade inicial é dirigida ao descumprimento único e ex- mão própria, é
clusivo do dever objetivo de cuidado, mas não se vincula, A) incabível o concurso de pessoas.
em momento algum, a vontade com a realização do resul- B) admissível apenas a participação.
tado, sob pena de se verificar a modalidade dolosa. Então C) admissível a coautoria e a participação material.
se cair na prova que a TENTATIVA nunca é aceita para D) incabível a participação.
delitos culposos, está correto??? E) admissível apenas a coautoria.

NÃÃÃÃÃÃÃOOOOO, pois: GABARITO: B

É admitida a tentativa na hipótese de culpa imprópria!!! COMENTÁRIOS: Como vimos, nos crimes de mão própria
é admissível a participação, mas não a co-autoria.
"O mundo está nas mãos daqueles que têm a coragem de
sonhar e de correr o risco de viver seus sonhos." 03.(FCC / Promotor de Justiça - Ceará / 2008) A tentativa
é incompatível com o crime:
A) permanente D) de perigo
B) instantâneo E) complexo
C) de dano
GABARITO: A- 07.(ESAF / Auditor / 2004) Diz-se que o crime é:
A) formal, quando depende do resultado para se con-
COMENTÁRIOS: O crime permanente não admite tentati- sumar;
va. É só pensar: existe maneira de uma tentativa de se- B) material, quando o resultado, se ocorrer, é mero
questro se prolongar no tempo? Claro que não. exaurimento;
C) de mera conduta, aquele que pode ou não ter resul-
04.(ESAF / Fiscal do Trabalho / 2003) "Abandonar pessoa tado;
que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autori- D) omissivo próprio, aquele que depende de resultado
dade e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se para se consumar;
dos riscos resultantes do abandono" (CP. art. 133), E) comissivo por omissão, aquele que não dispensa o
quanto ao sujeito ativo, é crime: resultado para se consumar.
A) coletivo
B) impróprio GABARITO: E
C) de concurso necessário
D) impossível a co-autoria COMENTÁRIOS:
E) próprio Alternativa "A" - Incorreta - O crime formal pode até ter um
resultado, mas não depende dele para a consumação.
GABARITO: E Alternativa "B" - Incorreta - O crime material DEPENDE da
ocorrência do resultado naturalístico.
COMENTÁRIOS: Como vimos, crime próprio é aquele que
Alternativa "C" - Incorreta - O crime de mera conduta não
exige uma característica especial do sujeito ativo. No
tem resultado.
caso apresentado, o artigo 133 exige para a tipificação
Alternativa "D" - Incorreta - No crime omissivo próprio, a
que a pessoa tenha alguém sob sua guarda, logo exige
conduta omissiva já está prevista em lei e, portanto, a
uma característica particular.
simples omissão, independentemente de qualquer resul-
tado, já é capaz de ser considerada crime.
05.(FCC / TCE - MG / 2005) A coação física irresistível
Alternativa "E" - Correta - No omissivo impróprio ou co-
exclui a:
missivo por omissão, por não haver tipificação expressa,
A) conduta.
o "não agir" só será punido se dele provier um resultado
B) culpabilidade.
negativo.
C) tipicidade.
D) ilicitude.
08.(FCC / Auditor-Fiscal / 2007) Adotada a teoria finalista
E) antijuridicidade.
da ação, o dolo e a culpa integram a:
A) punibilidade.
GABARITO: A
B) tipicidade.
COMENTÁRIOS: Como vimos em nossa aula, a coação C) culpabilidade.
física irresistível exclui a conduta por ausência de vonta- D) imputabilidade.
de. E) antijuridicidade.

06.(FCC / TCE-PI / 2008) Segundo a teoria finalista, em GABARITO: B


sua versão hoje dominante, a classificação técnica e COMENTÁRIOS: Mais uma, só para que você perceba a
analítica mais rigorosa dos elementos subjetivos do importância do tema e NÃO ESQUEÇA MAIS!!! O dolo e a
crime dispõe que o: culpa integram o tipo.
A) dolo integra o tipo a culpa integra a culpabilidade
B) dolo e culpa integram o tipo 09.(ESAF/Auditor-Fiscal / 2008)A relação de causalidade:
C) dolo e a culpa integram a culpabilidade A) não é excluída por concausa superveniente absolu-
D) dolo integra a antijuridicidade e dolo integra a culpa tamente independente.
integra o tipo. B) não é normativa, mas fática, nos crimes omissivos
E) dolo e a culpa integram a antijuridicidade. impróprios ou comissivos por omissão.
C) é imprescindível nos crimes de mera conduta.
GABARITO: B D) é excluída pela superveniência de causa relativa-
mente independente que, por si só, produz o resul-
COMENTÁRIOS: Segundo a teoria finalista, o crime classi-
tado, não se imputando também ao agente os fatos
fica-se em fato típico e ilícito, sendo a culpabilidade pre-
anteriores, ainda que típicos.
suposto de aplicação da pena. Conforme vimos, os ele-
E) é regulada, em nosso sistema, pela teoria da condi-
mentos subjetivos culpa e dolo inserem-se no tipo penal,
tio sine qua non.
especificamente quanto à conduta.
GABARITO: E GABARITO: C

COMENTÁRIOS: COMENTÁRIOS: Os crimes formais, omissivos próprios e


Alternativa "A" - Incorreta - Contraria a característica pri- de mera conduta têm como característica não depende-
mordial das causas supervenientes absolutamente inde- rem do resultado.
pendentes, ou seja, estas causas rompem o nexo causal. GUARDE BEM ISSO PARA SUA PROVA!!!
Alternativa "B" - Incorreta - A relação de causalidade nos Vamos analisar:
crimes omissivos impróprios é normativa e encontra-se Alternativa "A" - Há crimes habituais (Ex: curandeirismo) e
prevista no parágrafo 2° do artigo 13 do Código comissivos (Ex: homicídio) que dependem de resultado.
Penal. Os crimes de mera conduta independem.
Alternativa "C" - Incorreta - Se os crimes de mera conduta OBS: A doutrina majoritária considera que os crimes habi-
não possuem resultado, não há que se falar em nexo cau- tuais são formais.
sal. Alternativa "B" - Novamente cita o crime comissivo que
Alternativa "D" - Incorreta - Imputa-se ao agente os fatos assim como os permanentes podem ou não depender de
anteriores. um resultado. Diferentemente, como vimos na aula, os
Alternativa "E" - Correta - A teoria da conditio nine qua non crimes formais independem.
nada mais é, conforme vimos, que a teoria da equivalência Alternativa "C" - É a alternativa correta, pois todas as es-
dos antecedentes. pécies de crimes apresentadas INDEPENDEM do resulta-
do. Tirando como exemplo o caso do crime omissivo pró-
10.(FCC / TJ - PE / 2007) Em tema de relação de causali- prio, basta a simples inércia da prestação do socorro para
dade, é INCORRETO afirmar que: que se consume o delito, independentemente do que
A) concausa superveniente absolutamente indepen- aconteceu com a vítima.
dente é aquela que nenhuma ligação tem com o No que diz respeito ao crime formal e de mera conduta se
procedimento inicial do agente. diferem do material, justamente pela desnecessidade de
B) a omissão é penalmente irrelevante quando o omi- um resultado para sua consumação: Exemplo: Ato obsce-
tente devia e podia agir para evitar o resultado, tor- no.
nando-se uma "não causa" a isentar o agente de Alternativa "D" - Já falamos dos comissivos e dos formais.
responsabilidade. Com relação aos crimes culposos sabemos que depen-
C) concausa superveniente relativamente independen- dem de um resultado naturalístico para sua consumação.
te que, por si só, produziu o resultado, é a que for- Alternativa "E" - Já tratamos de todas as espécies aqui
ma novo processo casual, que se substitui ao pri- apresentadas.
meiro, não estando em posição de homogeneidade
com o comportamento do agente. 12.(FCC / MPE-SE / 2009) Considere:
D) caso fortuito equivale a uma "não causa", pois im- I. O agente fere a vítima, diabética, que, levada ao
pede a tipificação de qualquer fato humano a que o hospital vem a falecer em decorrência de diabete
resultado lesivo poderia prender-se, por ser causa agravada pelo ferimento.
independente. II. O agente fere a vítima num morro coberto de gelo, a
E) o Código Penal adotou a teoria da equivalência dos qual, impossibilitada de locomover-se pela hemor-
antecedentes causais, pelo qual tudo quanto con- ragia, vem a falecer em decorrência de congela-
corre para o evento é causa. mento.
III. O agente fere a vítima com um disparo de arma de
GABARITO: B fogo e esta, levada ao hospital, vem a falecer em
decorrência de veneno que havia ingerido antes da
COMENTÁRIOS: A omissão, diferentemente do exposto no lesão.
item "B", é penalmente RELEVANTE quando o omitente IV. O agente fere a vítima com disparo de arma de fo-
podia e devia agir para evitar o resultado. go. A vítima, levada ao hospital, vem a falecer em
decorrência de incêndio.
11.(FCC / TJ-PA / 2009) O artigo 13, do Código Penal
Brasileiro, que trata do resultado, ou seja, do efeito Tendo em conta a relação de causalidade física, o
material da conduta humana, não se aplica aos crimes: agente responderá por homicídio consumado na situa-
A) habituais, comissivos e de mera conduta. ção indicada SOMENTE em
B) permanentes, formais e comissivos. A) IV.
C) formais, omissivos próprios e de mera conduta. B) I e II.
D) comissivos, culposos e formais. C) I e III.
E) omissivos próprios, habituais e culposos. D) III.
E) III e IV.
GABARITO: B GABARITO: C

COMENTÁRIOS: COMENTÁRIOS: Como vimos, dizemos ser crime comple-


Item I - Causa relativamente independente preexistente. xo quando este encerra dois ou mais tipos em uma única
Responde o agente por homicídio consumado. descrição legal (ex.: roubo = furto + ameaça) ou quando,
Item II - Causa superveniente relativamente independente em uma figura típica, abrange um tipo simples acrescido
que não produz por si só o resultado. Responde o agente de fatos ou circunstâncias que, em si, não são típicos (ex.:
por homicídio consumado. constrangimento ilegal = crime de ameaça + outro fato,
Item III - Causa absolutamente independente preexistente. que é a vítima fazer o que não quer ou não fazer o que
Responde o agente pelos atos anteriormente praticados. deseja)
Item IV - Causa superveniente relativamente independente
que produz por si só o resultado. Responde o agente pe- 16.(FCC/TJ-PA/2009) Adotada a teoria finalista da ação,
los atos anteriormente praticados. A) o dolo e a culpa integram a culpabilidade.
B) a culpa integra a tipicidade e o dolo a culpabilidade.
13.(FCC / MPE-SE / 2009) Fato típico é C) o dolo integra a punibilidade e a culpa a culpabili-
A) a modificação do mundo exterior descrita em nor- dade.
ma legal vigente. D) a culpa e o dolo integram a tipicidade.
B) a descrição constante da norma sobre o dever jurí- E) o dolo integra a tipicidade e a culpa a culpabilidade.
dico de agir.
C) a ação esperada do ser humano em face de uma si- GABARITO: D
tuação de perigo.
D) o comportamento humano descrito em lei como COMENTÁRIOS: A questão exige a característica funda-
crime ou contravenção. mental da teoria finalista da ação: A CULPA E O DOLO
E) a possibilidade prevista em lei do exercício de uma INTEGRAM A TIPICIDADE.
conduta ilícita.
17.(ESAF / Procurador / 2006) O resultado é prescindível
GABARITO: D para a consumação nos crimes
A) materiais e de mera conduta.
COMENTÁRIOS: Questão que exige do candidato o con- B) formais e materiais.
ceito de FATO TÍPICO que nada mais é que o comporta- C) formais e omissivos impróprios.
mento humano descrito em lei como crime ou contraven- D) omissivos próprios e materiais.
ção. E) de mera conduta e formais.

14.(FCC / MPE-SE / 2009) A respeito da conduta, como GABARITO: E


elemento do fato típico, é correto afirmar que são rele-
vantes para o Direito Penal COMENTÁRIOS: A questão pergunta quais são os delitos
A) as omissões humanas voluntárias. em que o resultado é prescindível, ou seja, não é necessá-
B) os atos de seres irracionais. rio. Como já tratamos em outras questões, os delitos for-
C) o pensamento e a cogitação intelectual do delito. mais e de mera conduta não dependem de resultado.
D) os atos realizados em estado de inconsciência.
E) os atos produzidos pelas forças da natureza. 18.(ESAF / Analista Ministerial / 2006) A respeito dos
elementos do fato típico, é correto afirmar:
GABARITO: A A) É possível a ocorrência de fato típico quando o re-
sultado lesivo é decorrente de coação física irresis-
COMENTÁRIOS: As alternativas "B", "C", "D","E" trazem
tível.
situações em que fica clara a ausência de vontade que,
B) É possível a ocorrência de fato típico quando o re-
conforme vimos, é essencial para a conduta.
sultado lesivo é decorrente de caso fortuito.
Na alternativa "A" temos o caso da omissão relevante.
C) É possível a ocorrência de fato típico quando o re-
sultado lesivo é decorrente de força maior.
15.(FCC / MPE-SE / 2009) Denomina-se crime complexo
D) A superveniência de causa relativamente indepen-
A) o que exige que os agentes atuem uns contra os
dente sempre exclui a imputação.
outros.
E) se não assumiu o risco de produzir, mas tão-só agiu
B) se enquadra num único tipo legal.
com negligência, houve dolo eventual e não culpa
C) é formado pela fusão de dois ou mais tipos legais
consciente.
de crime.
D) exige a atuação de dois ou mais agentes.
E) atinge mais de um bem jurídico.
§ 2° - A omissão é penalmente relevante quando o omitente Observe:
devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir Alternativa "E" * O agente não responde pelo resultado,
incumbe a quem: mas sim pelos fatos já praticados.
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o 21.(ESAF / Técnico Administrativo - MPU / 2004) No to-
resultado; cante à relação de causalidade, prevista no art. 13 do
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocor- Código Penal, pode-se afirmar que
rência do resultado. (grifo nosso) A) a superveniência de causa relativamente dependen-
te exclui a imputação quando, por si só, produziu o
19.(ESAF / Técnico Ministerial / 2006) Quem instiga ou- resultado.
trem, fazendo nascer neste a idéia de praticar um cri- B) a omissão é penalmente relevante quando o omi-
me, é considerado. tente não podia e não devia agir para evitar o resul-
A) autor principal. tado.
B) partícipe. C) a superveniência de causa relativamente indepen-
C) co-autor. dente não exclui a imputação quando, por si só,
D) autor mediato. produziu o resultado.
E) autor imediato. D) o resultado, de que depende a existência do crime,
somente é imputável a quem lhe deu causa.
GABARITO: B E) se considera causa somente a ação sem a qual o
resultado teria ocorrido.
COMENTÁRIOS: Ainda não aprofundamos o tema, mas
essa você já sabe responder. Quem instiga outrem é par- GABARITO: B
tícipe.
COMENTÁRIOS:
20.(FCC / Promotor / 2007) A respeito da relação de cau- Alternativa "A" - Incorreta - Como vimos, o Código Penal
salidade, é certo que adota a teroria da Equivalência dos Antecedentes. Para
A) nem todos os fatos que concorrem para a eclosão esta teoria, causa é TODO fato humano sem o qual o re-
do evento devem ser considerados como causa sultado não teria ocorrido, ou seja, causa são todos os
deste. fatos que concorrem para a eclosão do evento.
B) a causa superveniente relativamente independente Alternativa "B" - Correta - Traz regra prevista no parágrafo
só exclui a imputação quando, por si só, produziu o 1° do artigo 13.
resultado. § 1° - A superveniência de causa relativamente independente
C) a causa superveniente totalmente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os
exclui a imputação e o agente não responde sequer fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
pelos fatos anteriores. Alternativa "C" - Incorreta - O agente responde pelos fatos
D) o resultado, de que depende a existência do crime, anteriores.
pode ser imputado a quem não lhe deu causa. Alternativa "D" - Incorreta - Contraria o artigo 13 do Código
E) A omissão é penalmente relevante quando o agen- Penal que dispõe:
te, com seu comportamento anterior, criou o risco
da ocorrência do resultado. Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime,
somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se
GABARITO: E causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria
ocorrido. (grifo nosso)
COMENTÁRIOS:
Alternativa "A" - Incorreta - Na coação física irresistível 22.(ESAF / Auditor Fiscal - RFB) Na legislação brasileira,
não há vontade, logo, não há conduta. o conceito de contravenção penal é fixado pela(o)
Alternativa "B" - Incorreta - No caso fortuito não há vonta- A) gravidade da conduta D) conduta
de, logo, não há conduta. B) resultado E) pena aplicada
Alternativa "C" - Incorreta - No força maior não há vontade, C) pena cominada
logo, não há conduta.
Alternativa "D" - Incorreta - As causas supervenientes rela- GABARITO: C
tivamente independentes que não produzem por si sós o
resultado não excluem a imputação do ato consumado. COMENTÁRIOS: Conforme já analisamos, a diferenciação
Alternativa "E" - Correta - Exige o conhecimento do pará- entre crime e contravenção baseia-se na PENA COMINA-
grafo 2° do artigo 13. DA (PRISÃO SIMPLES / RECLUSÃO + DETENÇÃO).
23.(ESAF / MPU / 2004) A diferença entre dolo eventual e não se interessando pelo resultado que advirá de sua
culpa consciente consiste no fato de que: conduta.
A) no dolo eventual a vontade do agente visa a um ou A alternativa "E" é só para quem nunca viu Penal na vida
outro resultado; e na culpa consciente o sujeito não errar... Imprudência, Negligência e Imperícia são MODA-
prevê o resultado, embora este seja previsível. LIDADES da Culpa.
B) no dolo eventual a vontade do agente não visa a um
resultado preciso e determinado; e na culpa cons- 25.(FCC / TRE-AM / 2010) Quando o agente não quer
ciente o agente conscientemente admite e aceita o diretamente a realização do tipo, mas a aceita como
risco de produzir o resultado. possível, ou até provável, assumindo o risco da produ-
C) no dolo eventual, não é suficiente que o agente te- ção do resultado, há:
nha se conduzido de maneira a assumir o resulta- A) preterdolo.
do, exige-se mais, que ele haja consentido no resul- B) dolo direto de segundo grau.
tado; já na culpa consciente, o sujeito prevê o resul- C) dolo imediato.
tado, mas espera que este não aconteça. D) dolo mediato.
D) se o agente concordou em última instância com o E) dolo eventual.
resultado, não agiu com dolo eventual, mas com
culpa consciente. GABARITO: E

GABARITO: C COMENTÁRIOS: A questão enuncia o conceito do dolo


eventual.
COMENTÁRIOS: Mais uma sobre dolo eventual e culpa
consciente. Esse tipo de questão aparece muito em pro- 26.(FCC / TJ - PA / 2009) O artigo 18, I, do Código Penal
va. A alternativa C trata de forma perfeita sobre estes dois Brasileiro indica duas espécies de dolo, ou seja, dolo
institutos. A) direto e indireto.
Alternativa "A" - Na culpa consciente, o agente prevê o B) de dano e de perigo.
resultado, mas espera sinceramente não atingí-lo. Quando C) determinado e genérico.
o agente não prevê o resultado, temos a culpa comum. D) genérico e específico.
Alternativa "B" - Insere o conceito de dolo indireto na cul- E) normativo e indeterminado.
pa consciente.
Alternativa "D" - Se o agente concorda com o resultado, GABARITO: A
age com dolo e não com culpa.
COMENTÁRIOS: O artigo 18, I, dispõe:
24.(ESAF / SEFAZ - PI / 2002) No que diz respeito ao Art. 18 - Diz-se o crime:
elemento subjetivo do tipo, é correto afirmar que: I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o
A) o crime de furto só é punido a título de dolo. risco de produzi-lo;
B) o crime de furto admite as modalidades dolosa e O início trata do dolo direto: "O agente quis o resultado..."
culposa. O término do dolo indireto: "Assumiu o risco de produzí-
C) há dolo direto quando a vontade do agente não visa lo."
a um resultado preciso e determinado. Com relação às outras alternativas, não se importe, para
D) há dolo eventual quando o agente não assume o SUA PROVA, com as definições que não foram tratadas.
risco de produzir o resultado.
E) imprudência, negligência e imperícia são modalida- 27.(FCC / TJ - PA / 2009) Para a configuração do crime
des do dolo. culposo, além da tipicidade, torna-se necessária a prá-
tica de conduta com:
GABARITO: A A) observância do dever de cuidado e vontade consci-
ente.
COMENTÁRIOS: Questão que exige conceitos amplamen- B) inobservância do dever de cuidado que causa um
te tratados na aula. resultado cujo risco foi assumido pelo agente.
Vimos que o crime de furto não traz a tipificação para a C) observância do dever de cuidado que causa um re-
culpa, logo, como o crime culposo tem caráter excepcio- sultado desejado, mas previsível.
nal, ou seja, precisa estar previsto para ser considerado D) inobservância do dever de cuidado que causa um
crime, só é punido a titulo de dolo. resultado desejado, mas previsível.
A alternativa "C" traz o conceito de dolo indireto. E) inobservância do dever de cuidado que causa um
A alternativa "D" tenta confundir o candidato com o con- resultado não desejado e imprevisível.
ceito de culpa consciente atribuído ao dolo eventual. Con-
forme vimos, no dolo eventual o agente assume o risco, GABARITO: E
COMENTÁRIOS: A questão trata do crime culposo de ma- Alternativa "B" - Tenta confundir os conceitos de dolo
neira genérica, não se referindo especificamente a ne- eventual e culpa consciente, já amplamente tratados.
nhuma espécie. (MAIS UMA VEZ!!! CUIDADO PARA A SUA PROVA!!!).
Alternativa "C" - Não há compensação de culpas no Direito
Como vimos, para o crime culposo é essencial a ocorrên- Penal Brasileiro.
cia de um resultado derivado da inobservância do dever Alternativa "D" - O dolo indireto compreende o dolo even-
de cuidado, não desejado pelo agente. tual e o dolo alternativo.
Alternativa "E" - A conduta, para ser dolosa ou culposa,
28.(FCC / MPE - SE / 2009) O médico que, numa cirurgia, precisa ser VOLUNTÁRIA, ou seja, deve haver VONTADE.
sem intenção de matar, esqueceu uma pinça dentro do
abdômen do paciente, ocasionando-lhe infecção e a 30.(FCC / TJ - PE / 2006) Em relação ao Dolo e a Culpa, é
morte, agiu com: INCORRETO afirmar que:
A) culpa, por imperícia. A) age com culpa por negligência, o agente que por
B) dolo direto. inércia psíquica ou indiferença, podendo tomar as
C) culpa, por negligência. cautelas exigíveis, não o faz por displicência.
D) culpa, por imprudência. B) salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser
E) dolo eventual. punido por fato previsto como crime, senão quando
o pratica dolosamente.
GABARITO: C C) a quantidade da pena para o crime não varia se-
gundo a espécie de dolo.
COMENTÁRIOS: O médico agiu com culpa e foi NEGLI- D) na culpa consciente o agente prevê o resultado,
GENTE em sua atuação. Mas não seria imperícia? mas espera, sinceramente, que não ocorra, enquan-
A resposta é negativa. Precisa ser médico para saber que to na culpa inconsciente o agente não prevê o re-
não se deve deixar uma pinça dentro do abdômen de um sultado que é previsível.
indivíduo? Claro que não, logo o erro não foi derivado de E) no dolo eventual ou também chamado de culpa
um "saber profissional" e sim de um esquecimento, uma própria, o agente realiza a conduta com a vontade
falta de cuidado do médico. firme e definida de obter o resultado pretendido.

29.(FCC / TJ - PE / 2007) Quanto ao dolo e a culpa é cor- GABARITO: E


reto afirmar que: COMENTÁRIOS:
A) a forma típica da culpa é a culpa inconsciente, em Alternativa "A" - Está perfeita. Trata da hipótese de negli-
que o resultado previsível não é previsto pelo agen- gência relacionada à culpa.
te. É a culpa sem previsão. Alternativa "B" - Como vimos, regra geral, o indivíduo só é
B) no dolo eventual, o evento é previsto, mas o agente punido pelo fato em que atua com DOLO, SALVO aqueles
confia em que não ocorra; já na culpa consciente, o em que a LEI expressamente prevê a modalidade culposa.
resultado não é previsto, mas o agente se conduz Alternativa "C" - A quantidade da pena não varia segundo
de modo a assumir o risco de produzi-lo. a espécie de dolo como previsto no art. 18, inciso I.
C) no caso de dois agentes concorrerem culposamen- Assim, em homicídio simples, a pena será a cominada
te para um resultado ilícito, nenhum deles respon- abstratamente para o crime (reclusão de 6 a 20 anos),
derá pelo fato, diante da teoria da compensação de quer ocorra o dolo direto, quer tenha o agente atuado com
culpas adotada pelo nosso ordenamento penal. dolo eventual.
D) o dolo direto ou determinado compreende o dolo Alternativa "D" - Define corretamente a culpa consciente e
eventual e o dolo alternativo, no qual o agente quer a inconsciente.
um ou outro entre dois ou mais resultados. Alternativa "E" - Está incorreta, pois além do dolo eventual
E) no crime culposo o agente realiza uma conduta in- não ser chamado de culpa própria, nesta espécie o agente
voluntária que produz um resultado não querido, pratica o delito sendo para ele indiferente o resultado
imprevisível e excepcionalmente previsível, que po- advindo da conduta.
dia, com a devida atenção, ser evitado.

GABARITO: A
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
COMENTÁRIOS: A B A E A B E B E B
Alternativa "A" - Quando falamos em culpa de maneira 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
genérica, estamos tratando da culpa inconsciente que C B D A C D E E B B
encontra previsão no artigo 18, II, do Código Penal. 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
D C C A E A E C A E
DO CRIME – PARTE 02 No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena
aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena
 CRIMES QUALIFICADOS PELO RESULTADO cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço.

Quando estudarmos a parte do Código Penal referente 3 – CULPA NO ANTECEDENTE E DOLO NO CONSEQÜENTE
aos crimes e respectivas cominações, você perceberá que - A primeira conduta é culposa, mas a segunda, que a
existem determinados delitos que possuem uma penali- agrava, é cometida dolosamente.
zação definida para uma conduta básica e outras penas
mais rigorosas previstas para resultados mais graves Exemplo: Sem querer, o agente causa lesões corporais,
advindos da conduta. mas, propositalmente, deixa de prestar socorro (art. 129, §
7º).
Têm-se denominado tais infrações de crimes qualificados
pelo resultado. Observe um exemplo: 4 – DOLO NO ANTECEDENTE E CULPA NO CONSEQÜENTE
(CRIME PRETERDOLOSO OU PRETERINTENCIONAL) -
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para Neste caso, o agente produz mais do que pretende. Na
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pes- primeira conduta, tem a intenção de praticá-la, mas o re-
soa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzi- sultado acaba sendo mais grave do que esperava ou que-
do à impossibilidade de resistência: ria. Esse é o chamado crime preterdoloso, pois o resulta-
do foi pior do que pretendido.
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
[...] Exemplo: Tendo a intenção de provocar lesões à vítima,
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a dá-lhe um soco; ela cai, bate a cabeça numa pedra e mor-
pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da re.
multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta
anos, sem prejuízo da multa. Também existe no caso de latrocínio, se a morte após o
CURSO OPROFESSOR PEDRO IVO roubo não era desejada (art. 157, § 3º).
São quatro as espécies de crimes qualificados pelo resul-
tado: OBS: Se o agente do roubo assume o risco da qualificado-
ra morte, teremos dolo no antecedente e dolo no conse-
1 – DOLO NO ANTECEDENTE E DOLO NO CONSEQÜENTE - quente. Observe o elucidativo julgado do supremo tribunal
Há intenção do agente de praticar tanto a conduta típica Federal:
quanto produzir o resultado agravador. CURSO ON-LIN
STJ, RESP 418.183/DF
Exemplo: O agente espanca vítima com a intenção de PENAL. RECURSO ESPECIAL. LATROCÍNIO. CONCURSO
provocar-lhe aborto (art. 129, § 2º, V). Tem dolo de lesões DE AGENTES. PARTICIPAÇÃO DOLOSAMENTE DISTIN-
corporais e dolo de provocar, como consequência, o abor- TA. INAPLICABILIDADE.
to. I - O roubo com morte é delito qualificado pelo resultado,
sendo que este plus, na melhor dicção da doutrina, pode
2 – CULPA NO ANTECEDENTE E CULPA NO CONSEQÜEN- ser imputado na forma de dolo ou de culpa.
TE - A prática do tipo dá-se de forma culposa, assim como II - No roubo, mormente praticado com arma de fogo,
seu resultado. respondem, de regra, pelo resultado morte, situado evi-
dentemente em pleno desdobramento causal da ação
Exemplo: Acidentalmente causa lesões corporais a ou- delituosa, todos que, mesmo não agindo diretamente na
trem que, devido a elas, corre risco de vida (art. 129, § 1º, execução da morte, contribuíram para a execução do
II). tipo fundamental (Precedentes). Se assumiram o risco,
pelo evento respondem. Recurso provido
Outro exemplo é o caso dos crimes culposos de perigo E – DIREITO PENAL PARA AFTPROFESSOR PEDRO I
comum, resultando lesão corporal grave ou morte. Veja: Obs. 1: Se o RESULTADO for IMPREVISÍVEL, o agente
NÃO responde pelo crime.
Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum re-
sulta lesão corporal de natureza grave, a pena priva- Obs. 2: Só admite a TENTATIVA a espécie de N.º 1 (Crime
tiva de liberdade é aumentada de metade; se resulta DOLOSO agravado DOLOSAMENTE). Os crimes CULPO-
morte, é aplicada em dobro. SOS e os crimes PRETERDOLOSOS NÃO ADMITEM A
TENTATIVA.
VO
Vamos agora tratar especificamente desta quarta espécie Desta forma, o resultado mais grave, se culposo, deve ser
qualificadora que, como já visto, recebe a denominação objetivamente previsível, ou seja, previsível ao HOMEM
de crime preterdoloso. MÉDIO para que possa ser imputado ao agente.

CRIME PRETERDOLOSO Elementos do crime PRETERDOLOSO:

Preterdolo é uma expressão que advêm do latim praeter a) Conduta dolosa visando determinado resultado;
dolum, ou seja, além do dolo. Grosso modo, podemos dizer b) Provocação de resultado culposo mais grave que
que o crime preterdoloso, também chamado de preterin- o originalmente projetado; e
tencional, é aquele que ocorre quando a conduta dolosa c) Nexo causal entre conduta e resultado.
gera a produção de um resultado mais grave do que o
efetivamente desejado pelo agente. Quando o resultado mais grave é fruto de CASO FORTUI-
TO ou FORÇA MAIOR o agente responderá somente pela
O crime preterdoloso é um crime misto, em que há uma conduta, e não pelo resultado. Não se atribui a qualifica-
conduta que é dolosa, por dirigir-se a um fim típico, e que dora ao agente.
é culposa pela geração de outro resultado, ocorrido pela
inobservância do cuidado objetivo, que não era objeto do OBS.: A PREVISIBILIDADE SUBJETIVA, analisada sob o
crime fundamental. prisma subjetivo do autor, levando em consideração seus
dotes intelectuais, sociais e culturais, não é elemento da
Não há aqui um terceiro elemento subjetivo ou forma culpa (segundo a doutrina), mas será considerada pelo
nova de dolo ou mesmo de culpa. Como bem acentua magistrado no juízo da culpabilidade. Será analisado no
Pimentel, "é somente a combinação de dois elementos - elemento de exigibilidade de conduta diversa.
dolo e culpa - que se apresentam sucessivamente no de-
curso do fato delituoso: a conduta inicial é dolosa, en-  ERRO DE TIPO
quanto o resultado final dela advindo é culposo. Há, como
se tem afirmado, dolo no antecedente e culpa no conse- Para começar este tópico, e a fim de que você entenda
qüente. corretamente o assunto, é preciso que se faça uma per-
gunta: “Erro e ignorância são palavras sinônimas? “Em
Exemplo típico é o apresentado no artigo 129, parágrafo um primeiro momento, podemos dizer que não, mas para
3º, do Código Penal, que dispõe da seguinte forma: a SUA PROVA a resposta é SIM.

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde “Mas como assim, professor?”
de outrem: Vamos compreender:
Pena - detenção, de três meses a um ano. [...]
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam O erro é um acontecimento humano de estado positivo,
que o agente não quis o resultado, nem assumiu o ou seja, o erro é a falsa representação da realidade, é a
risco de produzi-lo: crença de ser A, sendo B, é o equivocado conhecimento
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. (grifei) de um elemento.
Perceba, Guerreiros, que o legislador tipifica a condu-
ta de gerar lesões corporais (caput) e adiciona um Para o Direito, o erro é o vício de consentimento e, sendo
resultado agravador que é a morte este um acontecimento humano, não podia o Direito Pe-
da vítima produzida a título de culpa. nal deixar de tratar da matéria.

DISPOSIÇÃO DO CÓDIGO PENAL SOBRE O TEMA A ignorância, por sua vez, é um acontecimento humano de
estado negativo.
De forma bem objetiva para a sua PROVA, guarde o se-
guinte: A ignorância difere do erro por ser a falta (e não a falsa)
de representação da realidade, o total desconhecimento,
PELO RESULTADO QUE AGRAVA A PENA, SÓ RESPONDE isto é, a ausência do saber de determinado objeto.
O AGENTE QUE O HOUVER CAUSADO AO MENOS CULPO-
SAMENTE, conforme leciona o artigo Na ciência jurídica, no entanto, não cabe a diferenciação
19 do Código Penal: entre estado negativo e estado positivo do acontecimento
humano. Para nossa disciplina legal, predomina uma tese
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a unificadora.
pena, só responde o agente que o houver causado ao
menos culposamente.
Ambos, erro e ignorância, no Direito Penal, são semelhan- O erro de tipo encontra previsão no artigo 20 e parágrafos
tes em suas consequências ou, como nas palavras de do CP:
Alcides Munhoz Neto: Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo
legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição
“incidem sobre o processo formativo da vontade, viciando-lhe por crime culposo, se previsto em lei.
o elemento intelectivo, ao induzir o sujeito a querer coisa
diversa da que teria querido, se houvesse conhecido a reali- Consequências:
dade.
 Não exclui dolo e não exclui culpa; e
Sendo assim, podemos resumir que, para o Código Penal  Não isenta o agente de pena. Responde pelo cri-
Brasileiro: me cometido (no exemplo citado o agente res-
ponde por furto).
ERRO E IGNORÂNCIA SE EQUIVALEM!!!
Indaga-se: Responde pelo furto do relógio de latão (atin-
CONCEITO gido) ou do de ouro (visado)?

Erro de tipo é a falsa percepção da realidade acerca dos Responde considerando o objeto EFETIVAMENTE ATIN-
elementos constitutivos do tipo penal. GIDO. Logo, no exemplo em tela, responderá do relógio de
latão, podendo se valer do p. da insignificância ou privilé-
É o que incide sobre as elementares ou circunstâncias da gio.
figura típica, sobre os pressupostos de fato de uma causa
de justificação ou dados secundários da norma penal Obs.: ZAFFARONI aplica o princípio in dubio pro reu. Na
incriminadora.R dúvida, o juiz deve considerar o objeto que mais favorece
SO ON-LINE – o réu.
É o que faz o sujeito supor a ausência de elemento ou
circunstância da figura típica incriminadora ou a presença Antes de prosseguirmos, alguns conceitos são necessá-
de requisitos da norma permissiva. rios.
O erro de tipo pode ser:
• TIPO PENAL - É O CONJUNTO DOS ELEMENTOS DO
a) ESSENCIAL - O erro recai sobre dados principais do CRIME DESCRITOS NA NORMA PENAL. TODO TIPO
tipo. PENAL POSSUI, NO MÍNIMO, UM NÚCLEO, QUE VEM
A SER O “VERBO” QUE REPRESENTA A CONDUTA
Exemplo: Felipe vai caçar na floresta e, para isso, escon- (AÇÃO OU OMISSÃO) HUMANA DESCRITA.
de-se atrás de uma árvore. A fim de abater sua caça,
• ELEMENTOS OBJETIVOS - OS ELEMENTOS OBJETI-
aponta sua arma para uma moita, que não para de mexer
VOS DO TIPO REFEREM-SE AO ASPECTO MATERIAL
(para frente e para trás).
DA INFRAÇÃO PENAL, DIZENDO RESPEITO À FORMA
DE EXECUÇÃO, TEMPO, MODO, LUGAR, ETC.
Acreditando ser uma onça, atira e acerta uma pessoa que
estava lá. A pessoa morre. Ocorre erro de tipo, pois não • ELEMENTOS SUBJETIVOS - OS ELEMENTOS SUBJE-
sabia Felipe que atirava em um ser humano. TIVOS DO TIPO PENAL, TAMBÉM CONHECIDOS NA
DOUTRINA POR ELEMENTOS SUBJETIVOS DO IN-
É erro de tipo essencial, pois recaiu sobre dado principal JUSTO, DIZEM RESPEITO AO ESTADO PSICOLÓGICO
do tipo (art. 121: matar alguém). DO AGENTE, OU SEJA, À SUA INTENÇÃO.

b) ACIDENTAL – O erro recai sobre dados periféricos do • ELEMENTOS NORMATIVOS - OS TIPOS PENAIS PO-
tipo. Exemplo: Caio vai a um supermercado para furtar DEM CONTER ELEMENTOS NA SUA FORMAÇÃO QUE
sal. Chegando em casa com o produto do furto, perce- NÃO SÃO DE COMPREENSÃO IMEDIATA, COMO OS
be que é açúcar. É erro de tipo, pois não sabia que es- ELEMENTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS, EM RAZÃO
tava subtraindo açúcar. É erro de tipo acidental, pois o DA NECESSIDADE DE UM JUÍZO DE VALOR SOBRE
fato de ser sal ou açúcar é periférico ao tipo. OS MESMOS. NESTES TIPOS PENAIS QUE CONTÉM
ELEMENTOS NORMATIVOS, ALÉM DE O LEGISLADOR
NO ERRO DE TIPO ESSENCIAL, O AGENTE, SE AVISADO INCLUIR EXPRESSÕES COMO MATAR, SUBTRAIR,
DO ERRO, PARA IMEDIATAMENTE O QUE IA FAZER. NO OFENDER, ETC., INCLUI AINDA EXPRESSÕES COMO
ERRO DE TIPO ACIDENTAL, O AGENTE, SE AVISADO DO SEM ‘JUSTA CAUSA’, ‘INDEVIDAMENTE’, ‘FRAUDU-
ERRO, O CORRIGE E CONTINUA A AGIR ILICITAMENTE. LENTAMENTE’, ETC., QUE SÃO CONSIDERADOS
ELEMENTOS NORMATIVOS.
• ELEMENTARES - DENOMINAM-SE ELEMENTARES AS DICA 3 – a MÃE QUE SOB INFLUÊNCIA DO ESTADO PU-
EXPRESSÕES (PALAVRAS OU SIGNOS LINGÜÍSTI- ERPERAL mata o recém nascido ERRADO, ACREDITANDO
COS) QUE DESCREVEM O CONTEÚDO BÁSICO DO TI- SE TRATAR DO PRÓPRIO FILHO, responde por INFANTI-
PO PENAL, SEM AS QUAIS A DESCRIÇÃO RESTA IN- CÍDIO, na forma do art. 20, § 3.º, CP (ERRO SOBRE A PES-
COMPLETA. SÃO ELEMENTARES DO TIPO PENAL SOA).
DESCRITO NO ARTIGO 155 DO CP (CRIME DE FUR-
TO): “SUBTRAIR PARA SI OU PARA OUTREM, COISA d) ERRO DE TIPO ACIDENTAL NA EXECUÇÃO - ABERRA-
ALHEIA MÓVEL”. TIO ICTUS

c) ERRO DE TIPO ACIDENTAL SOBRE A PESSOA Previsão legal: art. 73, CP.

Previsão legal: art. 20, par.3º, CP. Erro na execução - Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no
uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a
Art. 20, Erro sobre a pessoa - § 3º - O erro quanto à pessoa pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, res-
contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se ponde como se tivesse praticado o crime contra aquela,
consideram, neste caso, as condições ou qualidades da víti- atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No
ma, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar caso de ser também atingida a pessoa que o agente preten-
o crime. dia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.

CONCEITO: o agente representa equivocadamente a pes- CONCEITO: o agente por acidente ou erro no uso dos mei-
soa visada, atingindo com sua conduta, pessoa diversa. os de execução, atinge pessoa diversa da pretendida e
corretamente representada.
CUIDADO: não há erro na execução do crime, mas na re-
presentação da vítima. CUIDADO: a vítima é corretamente representada; o crime
é mal executado. Ex: o agente utilizando de forma desas-
Ex: o agente pesando estar atirando contra o próprio pai, trosa arma de fogo, atinge pessoa postada ao lado da
por erro de representação, mata o tio. vítima pretendida.

CONSEQUÊNCIAS: Ex.1: Felipe e Caio se associam para praticar o crime de


LATROCÍNIO (art. 157, § 3.º, CP) contra a vítima Patrícia.
 Não exclui dolo e não exclui culpa; Durante a ação do delito, Felipe atinge seu parceiro Caio
 Não isenta o agente de pena. Assim, responde pelo por acidente (ERRO NA EXECUÇÃO ou ABERRATIO ICTUS),
crime cometido. quando na verdade pretendia atingir Patrícia com o fim de
subtrair seus bens. Caio vem a falecer em virtude do tiro
Indaga-se: considerando assassinado o próprio pai ou o desferido por Felipe. Felipe irá responder por LATROCÍNIO,
tio? como se estivesse atingido a vítima Patrícia, pois este era
Responde considerando as qualidades da vítima PRE- o seu verdadeiro dolo. Atingindo também a vítima Patrícia,
TENTIDA. Responde por parricídio mesmo com o pai vivo. Felipe responderá por CONCURSO FORMAL dos crimes.

DICA 1 – Quando o agente QUER PRATICAR UM CRIME Ex.2: Felipe está na sua casa com sua namorada Patrícia,
contra uma determinada pessoa e POR CONFUSÃO prati- quando o bandido Caio invade o recinto apontando uma
ca contra outra pessoa, ACHANDO QUE ERA AQUELA QUE arma para Felipe. Felipe age em legítima defesa, sacando
QUERIA ATINGIR (ERRO SOBRE A PESSOA), responde sua arma e atirando contra Caio, com a intenção de repelir
como se tivesse praticado o crime CONTRA QUEM QUE- a injusta agressão do ladrão. Durante a ação, Felipe, por
RIA ATINGIR (leva-se em conta o elemento subjetivo – erro na execução (aberratio ictus), atinge acidentalmente
DOLO DO AGENTE). A mesma coisa acontece no ABERRA- Patrícia, vindo esta a falecer. Felipe NÃO RESPONDERÁ
TIO ICTUS (ERRO NA EXECUÇÃO), que ocorre quando o PELO HOMICÍDIO de Patrícia, tendo em vista que ocorreu
agente por ERRO ou ACIDENTE no uso dos MEIOS DE um acidente na execução de causa genérica de exclusão
EXECUÇÃO atinge pessoa diversa da que queria atingir. da antijuridicidade, resultante na exclusão do crime e,
consequentemente, da responsabilidade penal do agente,
DICA 2 – Cabe CONCURSO DE PESSOAS no crime de IN- pois, agir em LEGÍTIMA DEFESA era a intenção pretendida
FANTICÍDIO entre a MÃE, SOB INFLUÊNCIA DO ESTADO por Felipe (atingir Caio e não Patrícia).
PUERPERAL, e o TERCEIRO que adere ao dolo dela de
matar o próprio filho.
CONSEQÜÊNCIAS: responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo;
se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra
 Não exclui dolo e não exclui culpa; e do art. 70 deste Código.
 Não isenta o agente de pena.
Conceito: o agente, por erro ou acidente na execução,
Responde pelo crime cometido, considerando as qualida- provoca lesão em bem jurídico diverso do pretendido. Ex:
des da vítima PRETENTIDA; não da vítima atingida, mas o agente querendo atingir um carro joga uma pedra, mas
da pretendida. esta atinge na verdade o motorista do carro. Queria atingir
coisa, mas atingiu pessoa.
OBS.: se atingida também a vítima pretendida temos con-
curso formal de delitos (art. 70, CP). Consequências:

ERRO SOBRE A PESSOA ERRO NA EXECUÇÃO  Não isenta o agente de pena;


O alvo é mal representado. O alvo é bem representado.  Responde pelo resultado diverso do pretendido ( = pelo
A execução do crime foi correta A execução do crime é errada. resultado produzido) na forma culposa.
São opostos, mas com as mesmas consequências: responde
pelo crime, porém com as qualidades da vítima pretendida. OBS.: se provocar também o resultado pretendido temos
concurso formal de delitos (art. 70, CP).
A aberratio ictus pode ocorrer de duas maneiras. Temos
duas espécies: Parafraseando o exemplo dado:
Resultado pretendido: dano à coisa.
a) por acidente; e Resultado produzido: morte (na modalidade culposa se
b) por erro no uso dos meios de execução. houver) – no caso do homicídio há a forma culposa.
Responde pelo mais na forma culposa.
Por acidente Por erro no uso dos meios de
execução Agora o agente tinha a intenção de matar o motorista,
- O agente usa corretamente - O agente usa incorretamen- mas tão-somente danificou o carro.
os meios de execução, mas te os meios de execução. Resultado pretendido: morte.
algo sai diferente do planeja- - A vítima encontra-se no Resultado produzido: dano à coisa. Contudo, inexiste da-
do. local do crime no início da no culposo (salvo no C.P.M.).
- A vítima não necessariamen- execução. Respondo pelo mais na forma tentada.
te está no local no início da
execução. Ex: no erro de pontaria, agente Alerta Zaffaroni não se aplicar o art. 74 do CP, se o resul-
acerta seu tio, ao invés de tado produzido é menos grave que o resultado pretendido,
Ex: suponha que a esposa, acertar o seu pai, haverá aber- sob pena de prevalecer a impunidade. Neste caso, deve o
pretendendo matar o marido, ratio ictus por erro no uso dos agente responder pela tentativa do resultado não alcan-
coloca veneno em sua marmi- meios de execução. çado.
ta. Ocorre que, o marido es-
quece a marmita em casa,
Diferença entre erro na execução e resultado diverso do
vindo o filho a digeri-la. Neste
pretendido: ambos são erro na execução.
caso, haverá aberratio ictus por
acidente. Não houve falta de
Aberratio criminis
perícia, pois ela colocou o Aberratio ictus
Resultado diverso
veneno de forma perfeita. Erro na execução
do pretendido
Porém, por acidente, o filho
- O agente, apesar do erro, - O agente em razão do erro
acabou se envenenando.
atinge o mesmo bem jurídi- atinge bem jurídico diverso.
co de pessoa diversa.
- Relação: pessoa-pessoa. - Relação: coisa – pessoa.
e) ERRO DE TIPO ACIDENTAL NO RESULTADO DIVERSO
DO PRETENDIDO – ABERRATIO CRIMINIS
- Não exclui dolo ou culpa; - Não isenta de pena.
nem isenta de pena.
Previsão legal: art. 74, CP
- Responde pelo resultado - Responde pelo resultado
Resultado diverso do pretendido - Art. 74 - Fora dos casos do considerando a vítima pre- diverso do pretendido a título
artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do tendida. de culpa, salvo se o resultado
crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente pretendido for mais grave.
f) ERRO DE TIPO ACIDENTAL SOBRE O NEXO CAUSAL 3ª corrente: aplica-se princípio do in dubio pro reo (Zaffa-
(DESVIOS CAUSAIS) roni).

Previsão legal: inexiste. Trata-se de criação doutrinária.


Questões relevantes sobre erro acidental
Espécies:
O agente que falsifica uma folha de cheque do Banco
a) Erro sobre o nexo causal em sentido estrito: o agente HSBC pensando estar cometendo falsificação de docu-
mediante um só ato provoca o resultado pretendido, mento privado, comete erro de subsunção, pois comete
porém com nexo de causal diverso. Um só ato. Ex: falsidade de documento público (art. 297, p. 2º, do CP).
empurra vítima de um penhasco para morrer afogada, Não configura erro de tipo (pois sabe o que faz) nem erro
mas durante a queda bate a cabeça e morre em razão de proibição (pois sabe que o fato é ilícito). O ERRO DE
da cabeça estourada. SUBSUNÇÃO não tem previsão legal, sendo uma criação
doutrinária. Este retrata uma situação jurídica penalmente
b) Dolo geral (aberratio causae): o agente mediante con- irrelevante, recaindo sobre conceitos jurídicos, valorações
duta desenvolvida em dois ou mais atos, provoca o re- jurídicas equivocadas, o agente interpreta erroneamente o
sultado pretendido, porém com nexo causal diverso. sentido jurídico do seu comportamento. Neste caso, não
Pluralidade de atos. Ex: é o caso da menina Isabela, se exclui dolo nem culpa, e nem isenção de pena. Res-
onde o pai, achando que a filha estava morta, por ter ponderá pelo crime, podendo o erro gerar, no máximo,
sido esganada, joga a menina pela janela. uma atenuante genérica (art. 66, CP).

 um só ato x pluralidade de atos Atirador  policial civil x policial federal. Queria matar o
policial civil, mas matou o federal. Responde: aberratio
Consequências: ictus (art. 73, CP) – levando qualidades do civil. Compe-
tência: justiça federal. Material não se confunde com pro-
 Não exclui dolo e não exclui culpa; e cessual.
 Não isenta o agente de pena. O agente responde pelo
crime cometido (vontade).
g) ERRO DETERMINADO POR TERCEIROS
Qual o nexo que será considerado, o nexo pretendido ou o
nexo efetivo (ocorrido)?
Previsão legal: art. 20, p. 2º, do CP.

1ª corrente: responde considerando-se o nexo pretendido


Erro determinado por terceiro - § 2º - Responde pelo crime o
e não o nexo produzido, para evitar responsabilidade pe-
terceiro que determina o erro.
nal objetiva;
OBS.: no erro de tipo erra por conta própria, o erro é es-
2ª corrente: o agente responderá pelo nexo efetivo. A
pontâneo.
segunda corrente não enxerga a responsabilidade objeti-
va? Não, pois o dolo se dirige ao resultado, e o resultado
Conceito: no erro determinado por terceiros existe alguém
foi atingido (corrente majoritária);
induzindo a erro outrem para pratica o crime (erro não
espontâneo).
DICA – Diferença fácil entre ERRO DE TIPO e ERRO DE
PROIBIÇÃO em questões de caso concreto:
Ex: médico faz com que enfermeira ministre no paciente
droga letal.
a) se o agente NÃO SABE O QUE ESTÁ FAZENDO, ou seja,
acha que está fazendo uma coisa, mas na verdade es-
Consequência: quem determina dolosamente o erro res-
tá fazendo outra (esta prevista como crimes), estará
ponde por crime doloso (autoria mediata); quem determi-
em ERRO DE TIPO. NINGUÉM PODE QUERER FAZER
na culposamente responde por crime culposo. O engana-
ALGO, SEM SABER O QUE ESTÁ FAZENDO, por isso o
do, se não age com dolo ou culpa, ficará isento de pena
erro de tipo exclui o dolo – TIPICIDADE.
(ex: suponha que o médico troca a ampola para que a
enfermeira aplicar no paciente. Neste caso, o médico será
b) Se o agente SABE O QUE ESTÁ FAZENDO , QUER FA-
considerado autor mediato, respondendo pelo homicídio).
ZER, MAS NÃO SABE QUE É CRIME, erra quanto a PRO-
A enfermeira responderá se sabia da intenção do médico.
IBIÇÃO, quanto a ILICITUDE DO FATO. O erro será por-
tanto de PROIBIÇÃO, pois o agente não tem consciên-
cia da ilicitude – CULPABILIDADE.
ESPÉCIES - Erro de tipo acidental: recai
sobre dados periféricos do tipo
O erro de tipo essencial pode ser de duas espécies: (avisado do erro, o agente corri-
ge, agindo ilicitamente – conti-
nua agindo ILICITAMENTE). Ex:
1) INESCUSÁVEL, VENCÍVEL OU INDESCULPÁVEL –
vai furtar açúcar e furta sal. O
erro de tipo acidental pode ser
Neste caso, apesar do erro, fica claro que tal poderia ter de cinco espécies:
sido evitado. É a mesma situação que já vimos quando
tratamos do conceito de HOMEM MÉDIO relacionado com 1. Objeto;
a culpa. 2. Pessoa;
3. Execução;
2) ESCUSÁVEL, INVENCÍVEL, DESCULPÁVEL- 4. Resultado diverso do preten-
dido;
5. Sobre o nexo causal.
É o erro que não advêm da CULPA do agente, ou seja,
qualquer pessoa MÉDIA, naquela situação, incidiria na-
quele erro.  DESCRIMINANTES PUTATIVAS

A partir da análise destas duas espécies no caso concreto Guerreiros, neste tópico vou adentrar somente no que
serão definidos os efeitos de erro de tipo. Desde já é im- importa para sua PROVA, não abordando assim aspectos
portante citar que, nos termos do “caput” do artigo 20 do referentes à culpabilidade.
CP, seja o erro INESCUSÁVEL ou ESCUSÁVEL, ele
Sobre as descriminantes putativas, preceitua o Código
SEMPRE EXCLUI O DOLO. Mas e a culpa? Penal:

Aí sim vai depender da espécie, ou seja, o erro escusável Art. 20 [...]


EXCLUI O DOLO E A CULPA, gerando a impunidade total § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente
do fato. justificado pelas circunstâncias, supõe situação de
fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não
Diferentemente, o erro inescusável exclui o dolo, mas há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o
permite a punição por crime culposo. fato é punível como crime culposo.

Desta forma, podemos afirmar que, se Felipe, por não Putativo significa algo que se supõe verdadeiro, embora,
olhar a placa do veículo, leva o carro alheio para sua casa, na verdade, não o seja. Há uma incongruência ou contra-
ele será punido a título de culpa, por tratar-se de crime dição entre a representação fática do agente e a situação
inescusável, correto? ERRADO!!!!! objetiva ou real.

Como vimos, a penalização por crime culposo tem caráter No momento da conduta, o autor imagina ser esta não-
excepcional e como a lei não tipifica a conduta CULPOSA ilícita, pois supõe existir uma situação que na verdade
para o crime de furto, independentemente de ser escusá- não há. Se tal situação realmente existisse, a conduta do
vel ou inescusável, permanecerá o agente impune. agente tornar-se-ia lícita.

ERRO DE TIPO ERRO DE PROIBIÇÃO Portanto, dois pontos extremos são as chaves para a
(ART. 20 DO CP) (ART. 21 DO CP) compreensão das descriminantes putativas: o mundo real
- O agente não sabe o que faz - A realidade é percebida, ou e o mundo imaginário. As condutas praticadas na realida-
(ex: subtrai coisa pensando ser seja, o agente sabe o que faz, de apresentam sua ilicitude. Porém, no plano das ideias
sua). mas desconhece a sua proibi- do agente as mesmas teriam seu caráter lícito.
ção, imaginando ser lícito (ex:
marido que estupra a mulher).
em síntese, descriminante putativa é uma causa exclu-
Espécies de erro de tipo: Espécies de erro de proibição:
dente de ilicitude, erroneamente imaginada pelo agente.
- Erro de tipo essencial: recai - Erro de proibição evitável ela não existe na realidade, mas o agente pensa que sim,
sobre dados principais do tipo (inescusável); e pois está errado.
(avisado do erro, o agente deixa - Erro de proibição inevitável
de agir ilicitamente). Ex: vai (escusável). Ainda estudaremos a fundo as excludentes de ilicitude,
caçar veado e mata um ser mas por enquanto é importante ao menos uma noção
humano. básica:
OBS: exclusão de ilicitude é uma causa excepcional que Art. 20
retira o caráter antijurídico de uma conduta tipificada [...]
como criminosa. No código penal brasileiro, são causas § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina
excludentes de ilicitude: o erro.

• estado de necessidade - quando o autor pratica a Há determinadas situações nas quais o agente não erra
conduta para salvar de perigo atual direito próprio ou por conta própria, mas sim de forma provocada, isto é,
alheio. determinada por outrem (agente provocador). Este erro
• legítima defesa - consiste em repelir moderadamente provocado pode ser doloso ou culposo.
injusta agressão a si próprio ou a outra pessoa.
• estrito cumprimento de dever legal - quando o autor Quando o agente provocador atua com dolo, a ele será
tem o dever de agir e o faz de acordo com determina- imputado o delito.
ção legal.
• exercício regular de direito - consiste na atuação do Suponha-se que o médico, desejando matar o paciente,
agente dentro dos limites conferidos pelo ordena- entrega à enfermeira uma injeção que contém veneno,
mento legal. afirma que se trata de um anestésico e faz com que ela a
aplique.
A doutrina admite três hipóteses de descriminantes puta-
tivas: A enfermeira agiu por erro determinado por terceiro, e não
dolosamente, respondendo apenas o médico.
a) Erro sobre os pressupostos fáticos (supor situações de
fato) de uma causa de exclusão da ilicitude.- Imagi- Ocorre que também pode o provocador agir culposamente
nemos que Felipe está na rua e avista Caio, seu desa- e, nestes casos, teremos um efeito diferenciado.
feto. Ao se aproximar, Caio coloca a mão no bolso e
Felipe, imaginando que Caio tiraria uma arma, efetua 3 Imagine que um vendedor de carro, por engano, fornece
disparos certeiros, matando Caio. Posteriormente, Fe- um veículo sem freios para que um pretenso comprador
lipe, que pensou estar agindo em legítima defesa, veri- realize um “test drive”. Ao sair da loja, o comprador atro-
fica que Caio não possuía arma e iria somente tirar um pela dois indivíduos.
isqueiro do seu bolso. Ocorreu a chamada LEGITIMA
DEFESA PUTATIVA. Neste caso, responde o agente provocador e também o
provocado, desde que seu erro seja inescusável.
b) Erro relativo aos limites da causa de justificação -
Caio, fazendeiro, fica o dia todo em sua janela com ERRO DE TIPO ACIDENTAL SOBRE A PESSOA
uma espingarda apontada para a entrada de sua pro-
priedade. Sempre que um posseiro tenta invadir sua Guerreiros, sabe aquele indivíduo que tudo que faz, faz
propriedade, ele, certeiramente, atira e mata o indiví- errado? Então, é exatamente dele que trataremos agora.
duo. Cuida-se da figura do excesso, pois a defesa da No erro sobre a pessoa, o sujeito, não satisfeito em deci-
propriedade não permite esse tipo de reação despro- dir matar alguém, ainda ERRA a pessoa.
porcional.
É o caso de Felipe, que querendo atirar em Caio, confunde
c) Erro sobre a existência da causa de justificação (supor a pessoa visada e mata Caio.
estar autorizado)- Caio encontra sua mulher pratican-
do adultério com Caio. Sem pensar, pega sua arma e Atenção que aqui não estamos tratando de um indivíduo
mata os dois. Imagina estar agindo de acordo com a que erro o alvo e sim daquele que, por confusão, acredita
LEGÍTIMA DEFESA DA HONRA, que não é causa de ex- estar matando A e acaba matando B.
clusão de ilicitude aceita em nosso ordenamento jurí-
dico. Sobre o tema, preceitua o Código Penal:

O agente errou quanto à existência da descriminante. Art. 20


[...]
O artigo 20, parágrafo 1º, trata unicamente da situação de § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é
praticado não isenta de pena. Não se consideram,
ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO neste caso, as condições ou qualidades da vítima,
senão as da pessoa contra quem o agente queria
Sobre o tema, dispõe o Código Penal: praticar o crime.
Perceba que o final do supra-exposto parágrafo diz que se Imaginemos um indivíduo que, lendo a lei de drogas, “in-
deve considerar a qualidade da vítima contra quem o deli- terpreta” ser possível a plantação em sua casa da planta
to seria cometido. Sendo assim, imaginemos que Felipe da maconha para fins medicinais. Este indivíduo poderá
quer matar seu pai, mas o confunde com seu tio, irmão alegar o TOTAL DESCONHECIMENTO DA LEI?
gêmeo, matando-o. Neste caso, a agravante, cometer
crime contra ascendente, prevista no artigo 61, será apli- A resposta é negativa, pois como vimos o desconheci-
cada? mento da lei é inescusável. Entretanto, poderá alegar um
erro quanto ao entendimento da ilicitude do fato, ou seja,
A resposta é positiva, pois não importa o que ocorreu e um ERRO DE PROIBIÇÃO.
sim o que o agente queria que ocorresse.
O erro de proibição pode ser definido como a falsa per-
“Mas, professor, como vamos saber exatamente, na reali- cepção do agente acerca do caráter ilícito do fato típico
dade, o que o agente estava pensando?” por ele praticado, de acordo com um juízo profano, isto é,
possível de ser alcançado mediante um procedimento de
Boa pergunta... Depois que você passar na prova eu tento simples esforço de sua consciência.
responder. Por enquanto, atenha-se à teoria!!!
O indivíduo conhece a existência da Lei penal, mas des-
ERRO DE TIPO ACIDENTAL NA EXECUÇÃO (ABERRATIO conhece ou interpreta mal seu conteúdo, ou seja, não
ICTUS) compreende adequadamente seu caráter ilícito.

Neste tipo de erro, diferentemente do ocorrido no erro SE ESSE DESCONHECIMENTO FOR INEVITÁVEL, ISENTA
sobre a pessoa, o agente não se confunde quanto à pes- DE PENA. DIFERENTEMENTE, SE EVITÁVEL, PODE RE-
soa, mas erra o alvo e acaba acertando outra. DUZIR A PENA.

Exemplo: Felipe mira em Caio, mas acerta uma criança.  ITER CRIMINIS
Neste caso, responderá pelo homicídio doloso, mas não
de forma qualificada (crime cometido contra criança), Iter criminis é uma expressão em latim, que significa "ca-
pois, como vimos no item anterior, vale o que ele quer minho do delito", utilizada no direito penal para se referir
fazer e não o que ele fez. ao processo de evolução de um crime, ou seja, descre-
vendo as etapas que se sucederam desde o momento em
ERRO DE PROIBIÇÃO (ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FA- que surgiu a ideia do delito até a sua consumação.
TO) X DESCONHECIMENTO DA LEI.
O Iter criminis costuma ser divididos em duas fases: A
Para começar este tema cabe uma importante pergunta: fase interna e a fase externa.

O não conhecimento da lei pode ser utilizado pelo agente 1) FASE INTERNA
como forma de ficar isento de pena?
Na fase interna, dá-se a cogitação do crime.
A resposta é negativa e o efeito deste desconhecimento
A cogitação refere-se ao plano intelectual acerca da práti-
encontra previsão no artigo 21 do Código Penal, que dis-
ca criminosa, com a visualização do resultado querido.
põe:
Essa fase é interna ao sujeito, está em sua mente, em sua
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O cabeça, logo, não é punível. De fato, a conduta penalmen-
erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de te relevante é somente aquela praticada por seres huma-
pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um nos e projetada no mundo exterior.
terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o 2) FASE EXTERNA
agente atua ou se omite sem a consciência da ilici-
tude do fato, quando lhe era possível, nas circuns- A fase externa engloba os atos preparatórios, os atos de
tâncias, ter ou atingir essa consciência. execução e a consumação do delito.

Mas todos interpretam as leis da mesma forma? Claro a) ATOS PREPARATÓRIOS - São atos externos ao agente,
que não. que passam da cogitação à ação objetiva, como, por
PROFESSOR PEDRO IVO exemplo, a aquisição da arma para a prática de homi-
cídio. Os atos preparatórios, regra geral, não são puní-
veis. Com relação às exceções, não se preocupe para
sua PROVA.
b) ATOS DE EXECUÇÃO - São aqueles dirigidos direta- • Formal: o tipo penal descreve a conduta. O resultado
mente à prática do crime. No Brasil, o Código Penal, naturalístico é prescindível. Também é chamado de
em seu artigo 14, inciso II, definiu que o crime se diz consumação antecipada. Ex.: art. 158, CP – tem súmu-
tentado quando iniciada a execução e esta não se la no STJ: 96. O resultado naturalístico se acontecer é
consuma por circunstâncias alheias à vontade do mero exaurimento que será considerado na pena (O
agente. Assim, exige-se que o autor tenha realizado de crime de extorsão consuma-se independentemente da ob-
maneira efetiva uma parte da própria conduta típica, tenção da vantagem indevida).
adentrando no núcleo do tipo. É o caso, por exemplo,
de efetuar disparos de arma de fogo contra uma pes- • Mera conduta: o tipo penal descreve uma mera condu-
soa ta. Ex.: violação de domicílio (art. 150, CP).

c) CONSUMAÇÃO - É aquela na qual estão presentes os • Consumação formal: ocorre com o resultado naturalís-
elementos essenciais que constituem o tipo penal. É, tico nos crimes materiais ou com a concretização da
por isso, um crime completo ou perfeito, pois a condu- conduta descrita no tipo nos delitos formais e de mera
ta criminosa se realiza integralmente. Para exemplifi- conduta.
car, em um homicídio em que a conduta é “matar al-
guém”, dizemos que o crime foi consumado com a • Consumação material: ocorre com a relevante intole-
morte de um ser humano provocado por outra pessoa. rável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. Há uma
coincidência entre uma consumação material e a tipi-
CRIME CONSUMADO cidade material.

Previsão legal: art. 14, I, CP.  TENTATIVA

Conceito: considera-se crime consumado a realização do CONCEITO


tipo penal por inteiro, nele encerrando o iter criminis.
Como vimos, o crime possui um caminho que se denomi-
A súmula 610, STF: Há crime de latrocínio quando o homicí- na “iter criminis”.
dio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração
de bens da vítima. Ele é composto da cogitação, preparação, execução e
consumação, das quais apenas as duas últimas têm im-
Para Rogério Greco, a súmula 610 ofende o conceito de portância para o estudo da tentativa.
crime consumado. Digo isto, pois o legislador deixa claro no Código Penal
que tentativa é o início da execução de um crime que so-
Qual é a diferença de crime consumado e crime exaurido? mente não se consuma por circunstâncias alheias à von-
tade do agente.
cogitação preparação execução consumação exaurimento
________|____________|___________|____________|_____________ Art. 14 - Diz-se o crime:
[...]
Considera-se CRIME EXAURIDO ou ESGOTADO PLENA- II - tentado, quando, iniciada a execução, não se con-
MENTE os acontecimentos posteriores ao término do suma por circunstâncias alheias à vontade do agen-
ITER CRIMINIS. te.

O EXAURIMENTO interfere na pena. Natureza jurídica da tentativa: o art. 14, II, é norma de exten-
são temporal (adequação típica mediata), ela amplia o conte-
No crime permanente a consumação se protrai no tempo. údo proibitivo da norma.

A tentativa, muitas vezes, recebe outras denominações,


CONT. CRIME CONSUMADO tais como crime imperfeito ou crime incompleto, em opo-
sição ao crime consumado, reconhecido como completo
Classificação ou perfeito.

Quanto ao momento consumativo: A TENTATIVA É A REALIZAÇÃO INCOMPLETA DO TIPO


PENAL, DO MODELO DESCRITO NA LEI.
• Material: o tipo penal descreve conduta + resultado NA TENTATIVA, HÁ PRÁTICA DE ATO DE EXECUÇÃO,
naturalístico. É imprescindível o resultado. MAS NÃO CHEGA O SUJEITO À CONSUMAÇÃO POR
CIRCUNSTÂNCIAS INDEPENDENTES DE SUA VONTADE.
ELEMENTOS DA TENTATIVA Na aplicação da pena reduzida ao crime tentado, o legis-
lador adotou o critério subjetivo ou objetivo? O crime con-
De forma bem objetiva, pode-se dizer que 03 elementos sumado, subjetiva ou objetivamente, é completo (pois se
compõem a estrutura do crime tentado. São eles: consuma). No crime tentado, ele é subjetivamente com-
pleto (o agente possui a mesma vontade do crime con-
1. INÍCIO DA EXECUÇÃO; sumado), porém, é objetivamente incompleto.
2. AUSÊNCIA DE CONSUMAÇÃO POR CIRCUSTÂNCIAS
ALHEIAS À VONTADE; No crime consumado há perfeita correspondência do
3. DOLO DE CONSUMAÇÃO. plano físico com o psíquico. Na tentativa, o agente fica
aquém do que desejava, não havendo correspondência do
Observe, Guerreiros, que uma característica fundamental plano físico com o psíquico. Se o legislador olhasse o
da tentativa é o dolo da consumação, ou seja, o agente aspecto subjetivo, não haveria motivo para aplicar pena
QUERIA, TINHA VONTADE de alcançar a consumação, menor, tendo em vista que a vontade é a mesma. Porém,
mas por circunstâncias que não havia previsto, não con- objetivamente falando, o crime tentado é menor, pois
segue atingir seu objetivo. percorreu um caminho menor do crime, não chegando a
consumar.
Aqui surge um importante questionamento que deve ser
estudado com muita atenção: É cabível a tentativa no Portanto, em regra, o critério objetivo do crime é que defi-
dolo eventual? ne a pena. É adotada pelo CP a teoria objetiva moderada
ou temperada no que concerne à punibilidade da tentati-
NO DOLO EVENTUAL, O SUJEITO PREVÊ O RESULTADO va. Esta teoria lembra que a tentativa é menor que a con-
E, EMBORA NÃO O QUEIRA PROPRIAMENTE ATINGIR, sumação, merecendo uma pena também menor. (parágra-
POUCO SE IMPORTA COM A SUA OCORRÊNCIA (“EU fo único, art. 14)
NÃO QUERO, MAS SE ACONTECER, PARA MIM TUDO
BEM, NÃO É POR CAUSA DESSE RISCO QUE VOU PARAR Excepcionalmente, o legislador adotou o critério subjetivo,
DE PRATICAR MINHA CONDUTA; NÃO QUERO, MAS quando aplica a mesma pena ao crime tentado e consu-
TAMBÉM NÃO ME IMPORTO COM A SUA OCORRÊNCIA”) mado. É o chamado crime de atentado ou de empreendi-
mento. O exemplo comum é o crime de evasão mediante
A doutrina é extremamente divergente neste ponto, mas, violência contra a pessoa (art. 352, CP), genocídio e abuso
com foco na sua PROVA, o que é necessário conhecer é o de autoridade.
entendimento das bancas segundo o qual É CABÍVEL A
TENTATIVA NOS CASOS DE DOLO EVENTUAL. Crime que só se pune a tentativa, pois em caso de con-
sumação torna-se fato atípico: arts. 11 e 17, Lei n.
Este é o entendimento que vem sendo seguido pela maio- 7.170/83 – crime de lesa pátria.
ria dos Tribunais. Veja:
 ESPÉCIES DE TENTATIVA
TJMA - RECURSO EM SENTIDO ESTRITO: RSE 137722007 MA
Não cabe a desclassificação do crime de tentativa de homi- A tentativa apresenta a seguinte divisão:
cídio, quando presente o dolo eventual na conduta do acu-
sado, porquanto, o tipo penal não faz diferenciação em rela- 1) TENTATIVA BRANCA OU INCRUENTA-
ção ao dolo direto.
O agente não atinge o objeto material. Imagine
TJDF - RECURSO EM SENTIDO ESTRITO : RECSENSES que Felipe está com uma blusa branca, perfeitamente
20030510017029 DF PROCESSUAL PENAL. TENTATIVA lavada pela sua mãe. Ao encontrar Caio, este começa a
DE HOMICÍDIO SIMPLES. [...] 2. AO DESFERIR TIROS NO atirar e Felipe começa a correr. Nenhum tiro é acertado,
TÓRAX DA VÍTIMA, REGIÃO DE LETALIDADE IMEDIATA, FICA logo o que era branco permanece branco, pois o objeto
EVIDENCIADO, NO MÍNIMO, O DOLO EVENTUAL, RAZÃO não foi atingido.
PELA QUAL IMPOSSÍVEL EXCLUIR ANTECIPADAMENTE O
ÁNIMO DO DELITO. 2) TENTATIVA VERMELHA OU CRUENTA-

O crime tentado é conhecido também por tipo manco. Diferentemente da tentativa branca, aqui a vítima é atin-
gida, mas o delito não se consuma.
A consequência do crime tentado tem previsão no pará-
grafo único do art. 14, em que se pune a tentativa com a
pena do crime consumado diminuída de 1/3 a 2/3. Quanto
mais próximo da consumação, menor será a redução;
quanto menos próximo da consumação, maior a redução.
3) TENTATIVA PERFEITA- d) Contravenção penal: não é punível a tentativa de con-
travenção (art. 4º, LCP). Admite-se tentativa, porém,
Neste tipo de tentativa fica caracterizada a INCOMPE- não é punível.
TÊNCIA do agente, ou seja, o autor do delito utiliza TODOS
os meios executórios disponíveis e, mesmo assim, não e) Crime de atentado ou de empreendimento: a tentativa
atinge a consumação. É o caso do indivíduo que, portando é punida com a mesma pena da consumação. Segun-
um revolver com 06 cartuchos, utiliza todos, mas não do Rogério Greco, o crime de atentado admite a tenta-
consegue atingir a vítima em um ponto letal. tiva, ficando o crime impedido quanto à redução de
pena.
4) TENTATIVA IMPERFEITA(TENTATIVA INACABADA): –
f) Crime habitual: este depende de reiteração de atos, ou
O agente inicia a execução, mas não utiliza todos os mei- seja, depende de uma pluralidade de atos, não haven-
os de que dispõe. É o caso do indivíduo que começa a do possibilidade de se fracionar em um ato e meio. Pa-
atirar e, no 3º disparo, é interrompido pela chegada de ra a doutrina majoritária, o assédio sexual admite a
policiais que estavam passando pelo local. tentativa, tendo em vista que não se trata de crime ha-
bitual. Para corrente minoritária (mais correta), não
5) Tentativa idônea: o resultado não alcançado era possí- admite tentativa, visto que é crime habitual.
vel. Se o resultado não alcançado era relativamente
impossível, trata-se de tentativa idônea. g) Crimes que só são puníveis quando há determinado
resultado: crime material somado a crime plurissubsis-
6) Tentativa inidônea (crime impossível ou quase crime tente (ex: participação em suicídio).
ou crime oco): o resultado não alcançado era absolu-
tamente impossível, em face da ineficácia do meio ou h) Dolo eventual: este ENTENDIMENTO É DIVERGENTE. O
impropriedade do objeto. agente dispara visando ferir a vítima, mas aceita matá-
la. Vamos supor que ele atira e consegue ferir. Porque
ele vai responder por tentativa de algo que tentou (ma-
INFRAÇÕES PENAIS QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA tar) e não responde pelo que realmente quis? Esta cor-
rente não admite tentativa de dolo eventual. Há outra
a) Crime culposo: na culpa não há vontade de praticar a corrente que defende a possibilidade de tentativa no
conduta, sendo o resultado involuntário. Não há dolo dolo eventual, porque o artigo 18, CP quando fala em
de consumação. Há doutrina admitindo tentativa na vontade que abrange querer e aceitar.
culpa imprópria, porque nela há dolo de consumação:

b) Crime preterdoloso: o agente não quer o resultado NÃO ADMITEM TENTATIVA:


qualificador. Segundo LFG, não se admite tentativa
quanto ao resultado, que é alheio a vontade do agente. 1. P RETERDOLOSOS
Porém, se o resultado ocorre e a conduta dolosa resta 2. U NISUBSISTENTES
tentada, poderá haver tentativa na ação e culpa no re- 3. C ULPOSOS;
sultado (ex: tentativa de aborto qualificado pelo resul- 4. C ONTRAVENÇÕES PENAIS;
tado morte). O que ficou frustrado neste caso foi o do- 5. A TENTADO
lo; e não o resultado culposo que se consumou. 6. C ONDICIONADOS
OBS.: admite a tentativa se a parte culposa, apesar de 7. H ABITUAIS
completa, tem a parte dolosa incompleta. O crime pre- 8. O MISSIVOS PRÓPRIOS;
terdoloso tem o antecedente doloso e o consequente
culposo.
PUNIBILIDADE DA TENTATIVA
c) Crime unissubsistente: a execução não pode ser fraci-
onada, logo, não se admite tentativa (apenas um ato Ao punir a tentativa, o Direito está protegendo um bem
executório). Ocorre nos crimes omissivos puros e de jurídico, ainda que este não tenha corrido perigo de ma-
mera conduta. A exceção ocorre no crime de violação neira efetiva, mas pelo simples fato de a tentativa poder
de domicílio na modalidade “tentar entrar”, onde o cri- vir a proporcionar a vivência do perigo. A ordem jurídica
me de mera conduta deixa de ser unissubsistente e teme pelo sujeito passivo, mesmo que este não tenha
admite tentativa. sentido temor algum e nem tenha percebido a ameaça.
Duas teorias existem a respeito da punibilidade da tenta-  DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E RREPENDIMENTO EFI-
tiva. A subjetiva prega a aplicação da mesma pena que a CAZ
do delito consumado, fundamentando-se na vontade do
autor, contrária ao direito. São espécies de tentativa qualificada ou tentativa aban-
donada. Segundo o art. 15 do CP, o agente que, voluntari-
Diferentemente, a objetiva propõe para a tentativa pena amente, desiste de prosseguir na execução (desistência
menor que a do crime consumado, já que a lesão é menor voluntária) ou impede que o resultado se produza (arre-
ou não ocorreu qualquer resultado lesivo ou perigo de pendimento eficaz), só responde pelos atos até então
dano. Foi esta a adotada pelo Código Penal ao determinar praticados (consequência).
que:
Imagine que Felipe, a fim de ocupar a vaga de presidente
Art. 14 em uma empresa, ministra veneno para Caio. Este ingere
[...] o veneno e começa a perder os sentidos.
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pu-
ne-se a tentativa com a pena correspondente ao cri- Se neste momento Felipe já respondesse, de qualquer
me consumado, diminuída de um a dois terços forma, pela execução, o que o levaria a interromper o feito,
dando, por exemplo, um antídoto para Caio?
A redução da pena concernente à tentativa deve resultar
das circunstâncias da própria tentativa. Isto quer dizer Exatamente para estimular esta interrupção e impedir o
que não devem ser consideradas na redução da pena as resultado naturalístico advindo da execução, o legislador
atenuantes ou agravantes porventura existentes, mas sim optou por colocar um dispositivo no Código Penal pre-
o iter criminis percorrido pelo agente em direção à con- vendo que caso haja a desistência do prosseguimento na
sumação do delito. ação ou o impedimento do resultado, responderá o agente
SOMENTE pelos seus atos já praticados. Observe:
A diminuição entre os limites legais deve ter como fun-
damento elementos objetivos, ou seja, a extensão do iter Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de
criminis percorrido pelo agente, graduando-se o percentu- prosseguir na execução ou impede que o resultado
al em face da maior ou menor aproximação da meta obje- se produza, só responde pelos atos já praticados.
tivada. Ou seja, quanto mais o agente se aprofundou na
execução, quanto mais se aproximou da consumação, Deste supracitado artigo, surgem os conceitos da desis-
menor a redução. tência voluntária e do arrependimento eficaz, que são
formas da chamada tentativa abandonada, assim deno-
Na hipótese de homicídio, tem-se considerado em especi- minada porque a consumação do crime não ocorre em
al a redução máxima para a tentativa branca e também a razão da VONTADE DO AGENTE.
maior ou menor gravidade da lesão efetiva para a dosa-
gem da pena na tentativa. Vamos estudar cada um destes institutos:

A lei prevê exceções à regra geral no art. 14, parágrafo 1. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA –
único, cominando a mesma pena para a consumação e a
tentativa do resultado lesivo. É cominada a mesma san- O agente, por ato voluntário, interrompe a execução do
ção, por exemplo, para a evasão ou tentativa de evasão crime, abandonando a prática dos demais atos necessá-
com violência do preso (art. 352), para a conduta de votar rios e que estavam à sua disposição para a consumação.
ou tentar votar duas vezes (art. 309 do Código Eleitoral)
etc. Veja: Observe, Guerreiro, que em nenhum momento ocorre de o
agente NÃO PODER PROSSEGUIR na execução, e este
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o entendimento é importantíssimo para a sua PROVA.
indivíduo submetido a medida de segurança detenti-
va, usando de violência contra a pessoa: Imagine que Felipe prende Caio (esse Caio sofre...) em
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da uma parede e começa a atirar de uma distância de 50
pena correspondente à violência. metros, errando o primeiro disparo. Efetua o segundo
disparo de 25 m e também erra. Nervoso, resolve se posi-
Afora as exceções expressas, é obrigatória a redução da cionar a 1 metro de Caio e, ao encostar a arma em sua
pena entre os limites de um e dois terços. cabeça, vê a foto da filha da vítima caída no chão. Como-
vido, e ainda com 05 cartuchos no revólver, desiste da
ação. Neste caso, temos a desistência voluntária.
Sendo assim, entenda e GUARDE PARA SUA PROVA: Em regra, a tentativa simples tem como consequência a
CURSO ON-LINE – DIREIT diminuição de pena, salvo no crime de atentado ou de
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA - QUANDO O AGENTE DIZ: empreendimento. Já na desistência voluntária, não há
“POSSO PROSSEGUIR, MAS NÃO QUERO”. redução de pena, porém, o agente responde somente pe-
TENTATIVA - QUANDO O AGENTE DIZ: “QUERO PROS- los atos até então praticados.
SEGUIR, MAS NÃO POSSO”.
O PENAL PARA AFT Como deve ser tratado o adiamento da execução? O adi-
2. ARREPENDIMENTO EFICAZ - Diferentemente do que amento da execução configura a desistência voluntária?
ocorre na desistência voluntária, o agente pratica to- Para primeira corrente, a desistência momentânea é irre-
dos os atos suficientes à consumação do delito, mas levante, pois deve ser sempre definitiva. Ou seja, o sim-
adota providências para impedir o resultado. ples adiamento não descaracteriza a tentativa (Heleno
Fragoso). Para segunda corrente, se o agente suspende a
É o caso do exemplo que vimos no início deste tópico em execução, e nunca mais volta a praticá-la (não renova os
que Felipe dá veneno para Caio. Ao ingerir o veneno, Caio atos executórios), configurado esta a desistência voluntá-
só não morre se Felipe der a ele o antídoto. Se Felipe age ria. Ou seja, o adiamento pode caracterizar a desistência
desta forma e impede a morte, operou-se o arrependimen- voluntária. Suponha que o agente escale uma casa e após
to eficaz. remover parte das telhas, deixa para terminar a conduta
delituosa num outro dia. Neste caso, trata-se de adiamen-
É importante ressaltar que o arrependimento eficaz só é to de execução.
possível nos crimes materiais, pois o CP é claro o dizer “
impede que o resultado se produza”. Logo, se o resultado
é relevante ao fato, obviamente, não há que se falar em Natureza jurídica da tentativa abandonada ou qualificada:
delitos formais ou de mera conduta. qual a natureza jurídica do art. 15 do CP?

REQUISITOS Para 1ª CORRENTE, trata-se de hipótese de causa de ex-


clusão da tipicidade penal indireta (Miguel Reale Junior):
Ainda dentro do assunto desistência voluntária e arre- o abandono exclui a norma de extensão. Suponha que “A”
pendimento eficaz, é preciso citar que existem dois requi- matou “B”; este comportamento tem uma adequação
sitos a serem cumpridos para que o agente seja benefici- típica direta com o art. 121; porém, se “A” tentou matar
ado pelo disposto no artigo 15. São eles: “B”, como se irá subsumir um tipo penal que somente
prevê a conduta matar alguém?! Para se chegar a sub-
1. VOLUNTARIEDADE - Ideia originada da mente do agente. sunção da tentativa deve-se passar pelo art. 14, inc. II, que
2. EFICÁCIA - Tem que impedir o resultado. Se tentou prevê a tentativa por circunstâncias alheias a sua vontade
impedir, mas não conseguiu...Azar o dele... (adequação indireta). Porém, para se chegar a tentativa
qualificada de homicídio, não é necessária a passagem
EFEITOS pelo art. 14, inc. II, do CP. Desse modo, configurada está a
atipicidade da tentativa.
A desistência voluntária e o arrependimento eficaz não
são causas de diminuição da pena e sim de atipicidade. Já para uma 2ª CORRENTE, é hipótese de causa de extin-
ção da punibilidade da tentativa simples: o abandono
“Mas como assim professor? Quer dizer que ele não vai dispensa a punição da tentativa, por razões de política
ser punido?” Claro que vai, mas não de forma tentada pelo criminal. É a ponte de ouro que o direito dá, para evitar
delito, mas somente pelos atos já praticados. Nos exem- que o agente deixe de praticar o crime (Nelson Hungria e
plos citados referentes a disparo de arma de fogo, por LFG). Esta corrente prevalece.
exemplo, não responderá o agente por tentativa de homi-
cídio e sim por lesões corporais.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Elementos da tentativa simples: Elementos da desistência voluntária:
a) início da execução; a) início da execução; CONCEITO
b) não consumação por cir- b) não consumação por circuns-
cunstâncias alheias a sua tâncias inerentes a vontade do Sobre o tema, dispõe o Código Penal da seguinte forma:
vontade; agente;
c) a consequência, em regra, é c) a consequência é a de que o Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou gra-
a diminuição da pena; agente responderá pelos atos ve ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a
d) o agente quer prosseguir, até então praticados;
coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa,
mas não pode. d) o agente pode prosseguir, mas
por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de
não quer.
um a dois terços.
O chamado arrependimento posterior é CAUSA DE DIMI- REQUISITOS
NUIÇÃO DA PENA, diferentemente do que vimos na desis-
tência voluntária e no arrependimento eficaz. Ocorre Para que o arrependimento posterior seja aceito, os se-
quando o agente, nos crimes cometidos sem violência ou guintes requisitos devem ser cumpridos, CUMULATIVA-
grave ameaça à pessoa, voluntariamente e até o recebi- MENTE:
mento da denúncia ou queixa, restitui a coisa ou repara o
dano provocado por sua conduta. 1. CRIME SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA- Imagine
que Felipe, querendo furtar uma loja, quebra uma jane-
Segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial, o la de vidro, depois explode duas portas de madeira,
arrependimento posterior pode ocorrer em qualquer espé- mata três cachorros e, por fim, estrangula o gato da
cie de crime e não somente nos delitos contra o patrimô- dona da loja. Neste caso, será possível a aplicação do
nio. Basta, como deixa claro o texto legal, que exista um instituto do arrependimento posterior? Claro que sim,
dano passível de reparação. Observe o que diz sobre o pois houve violência contra a COISA e não contra a
tema o STJ, deixando claro o que é arrependimento poste- pessoa.
rior e a OBRIGATORIEDADE da diminuição da pena:
2. REPARAÇÃO VOLUNTÁRIA, PESSOAL E INTEGRAL - O
STJ - RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS: RHC agente não pode ser coagido a reparar o dano, o que
20051 RJ 2006/0181741-0 não quer dizer que não pode ter sido induzido por outra
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. DIREITO PRO- pessoa a tal ato.
CESSUAL PENAL. CRIMES DE ESTELIONATO E FORMAÇÃO
DE QUADRILHA. ARREPENDIMENTO POSTERIOR. DEPOI- Aqui não importa se a ideia surgiu ou não da mente do
MENTO CONTIDO NOS AUTOS PELA PRÓPRIA VÍTIMA QUE agente. Basta que a reparação seja voluntária.
ATESTA QUE O DANO FOI REPARADO VOLUNTARIAMENTE
PELO PACIENTE. INCIDÊNCIA OBRIGATÓRIA DA CAUSA DE A reparação deve ser pessoal, ou seja, não pode o pai do
DIMINUIÇÃO DE PENA. criminoso querer restituir, por exemplo, uma quantia fur-
1. O arrependimento posterior é causa de diminuição de tada.
pena objetiva, bastando para a sua configuração seja volun-
tário e realizado antes do recebimento da denúncia, median- “Mas professor, como saber se não foi o pai do agente
te a devolução ou reparação integral do bem jurídico lesado. que deu o dinheiro para ele devolver?”
2. Na hipótese, observa-se, mormente da leitura do termo de
declarações prestado pela própria vítima, que o recorrente, Boa pergunta, mas com certeza a banca não vai cobrar
voluntariamente e logo após os fatos narrados na denúncia, este “subjetivo conhecimento” de você! Fique tranquilo
restituiu, relativamente ao crime de estelionato, os bens (a).
havidos de forma indevida e fraudulenta 3. Recurso provido
para, mantida a condenação do recorrente, determinar ao Por fim, não basta reparar ou restituir parcela do que foi
juízo sentenciante que realize nova dosimetria da pena, lesado.
relativamente ao crime de estelionato a ele imputado, na
qual deverá incidir a causa de diminuição da pena do arre- 3. LIMITE TEMPORAL- A reparação do dano ou restitui-
pendimento posterior prevista no art. 16, do Código Penal. ção da coisa deve ocorrer antes do RECEBIMENTO da
denúncia ou queixa.
Antes de prosseguirmos, uma pequena observação:
Agora que já conhecemos a desistência voluntária, o ar-
A DENÚNCIA E A QUEIXA SÃO OS PEDIDOS INICIAIS rependimento eficaz e o arrependimento posterior,
PARA QUE O ESTADO PROMOVA UMA AÇÃO PENAL.
ARREPENDIMENTO EFICAZ ARREPENDIMENTO POSTERIOR
DIANTE DOS ELEMENTOS APRESENTADOS PELO IN- a) Abandono ao término dos a) Abandono após a consuma-
QUÉRITO POLICIAL OU PELAS INFORMAÇÕES QUE RE- atos de execução, porém, ção.
CEBEU, O ÓRGÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO FORMA A impede a consumação.
SUA CONVICÇÃO E PROMOVE A AÇÃO PENAL PÚBLICA b) Não é cabível nos crimes b) Cabível em todas modalida-
COM O OFERECIMENTO DA DENÚNCIA. formais e de mera condu- des de crimes.
ta.
A QUEIXA É A DENOMINAÇÃO DADA PELA LEI À PETI- c) Consequência: responde c) Consequência: diminui a
ÇÃO INICIAL DA AÇÃO PENAL PRIVADA INTENTADA pelos atos até então prati- pena.
PELO OFENDIDO OU SEU REPRESENTANTE LEGAL. cados.
d) Natureza jurídica de causa d) Natureza jurídica de causa de
extintiva de punibilidade. diminuição de pena.
O arrependimento de um é comunicável aos outros agen- O renomado jurista Antonio José Miguel convencionou
tes? chamar de crime impossível "a atitude do agente, quando
o objeto pretendido não pode ser alcançado dada a inefi-
1ª corrente: exigindo voluntariedade o arrependimento é cácia absoluta do meio, ou pela absoluta impropriedade
personalíssimo, incomunicável aos demais agentes. do objeto".

2ª corrente: o arrependimento é circunstância objetiva Por sua vez, para reforçar as definições aqui apresenta-
comunicável aos demais concorrentes. Esta prevalece. das, o art. 17 do Código Penal dispõe que:

"Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficá-


Crime sem violência ou grave ameaça que não se aplica o cia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade
art. 16: estelionato na modalidade de cheques sem fun- do objeto, é impossível consumar-se o crime."
dos, pois há súmula mais benéfica (que o art. 16) que
manda o juiz extinguir a punibilidade (Súmula 554, STF). Diante dos conceitos apresentados, Guerreiro, existe al-
Crimes contra ordem tributária também. guma semelhança entre o crime tentado e o crime impos-
sível? A resposta é positiva, pois nos dois a execução da
DICA 1 – O ARREPENDIMENTO POSTERIOR – é causa de conduta criminosa não alcança a consumação.
diminuição de pena – art. 16 – ATENÇÃO – não pode ser
confundido com o arrependimento eficaz (este evita a Entretanto, as diferenças são bem claras.
consumação, enquanto o posterior é depois de consuma-
do). O arrependimento posterior tem quatro requisitos: 1 Na tentativa, a consumação é plenamente possível, a qual
– crime sem violência ou grave ameaça; 2 – reparação só não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do
integral dos danos; 3 – a reparação deve ser feita até o agente. Diferentemente, no crime impossível a consuma-
RECEBIMENTO da denúncia ou da queixa; 4 – por ato ção nunca pode ocorrer, seja em razão da ineficácia abso-
VOLUNTÁRIO do agente. luta do meio, seja por força da impropriedade absoluta do
objeto.
DICA 2 – Na DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA e no ARREPEN-
DIMENTO EFICAZ (art.15), bem como no ARREPENDI- TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL
MENTO POSTERIOR (art.16) a lei exige VOLUNTARIA-
MENTE, mas NÃO exige que seja ESPONTÂNEO, ou seja, O Código Penal, ao tratar do crime impossível, resolveu
se o agente não pode ser forçado a desistir ou se arre- adotar a chamada teoria objetiva temperada ou interme-
pender, mas a idéia pode partir de terceira pessoa, até da diária. Segundo esta teoria, para a configuração do crime
própria vítima. impossível, os meios empregados e o objeto do crime
devem ser ABSOLUTAMENTE inidôneos a produzir o re-
sultado. Inidoneidade absoluta é aquela em que o crime
nunca poderia chegar a ser consumado.
O PAGAMENTO DE CHEQUE EMITIDO SEM PROVISÃO DE
FUNDOS, APÓS O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA, NÃO OBSTA
Exemplo tradicional na doutrina é o indivíduo que falsifica
AO PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO PENAL.
grosseiramente uma nota e tenta comprar algo com ela.
Embora seja falsa, a diferenciação não é possível por um
simples olhar.Logo, não caracteriza o crime impossível.
 CRIME IMPOSSÍVEL Neste sentido já se pronunciou o STJ:

CONCEITO STJ - HC 45.616/SP – 09/08/2007


PENAL. HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE FURTO. CRIME
Diz-se impossível o crime quando o comportamento do IMPOSSÍVEL. ORDEM DENEGADA.
agente é inapto à consumação do crime, quer em razão
dos meios empregados, quer por falta do objeto material. 1. O crime impossível somente se caracteriza quando o
agente, após a prática do fato, jamais poderia consumar o
Também denominado de “quase crime”, “delito oco” ou crime pela ineficácia absoluta do meio empregado ou pela
“tentativa inidônea”. absoluta impropriedade do objeto material, nos termos do
art. 17 do Código Penal.
Crime impossível, também chamado pela doutrina de 2. A ação externa alheia à vontade do agente, impedindo a
quase-crime, tentativa inadequada ou inidônea, na concei- consumação do delito após iniciada a execução, caracteri-
tuação de Fernando Capez, "é aquele que, pela ineficácia za a tentativa (art. 14, II, do CP).
total do meio empregado ou pela impropriedade absoluta
do objeto material é impossível de se consumar".
Elementos do crime impossível Neste caso, como Felipe tentou pegar o celular em um
bolso que nada tinha, é caso de crime impossível?
a) Início da execução;
b) Não consumação por circunstâncias alheias a vontade A resposta é negativa, pois o objeto material existia e,
do agente; nesta situação, estamos diante de uma impropriedade
c) Dolo de consumação; RELATIVA do objeto. Como o Código Penal exige impro-
d) Resultado absolutamente impossível por ineficácia do priedade ABSOLUTA, não será caso de crime impossível,
meio ou improbidade do objeto. mas tentado.

ESPÉCIES DE CRIME IMPOSSÍVEL E no caso do roubo, se o indivíduo não possui nenhum


A leitura atenta do artigo 17 nos traz duas espécies de bem a ser roubado?
crime impossível:
É crime impossível? Não, pois para a sua PROVA, deve-se
1) POR INEFICÁCIA ABSOLUTA DO MEIO; seguir o entendimento do STJ:
2) POR IMPROPRIEDADE ABSOLUTA DO OBJETO.
STJ - REsp 897.373/SP – 03/04/2007
Ocorre o primeiro caso, segundo o Ilustre DAMASIO, RECURSO ESPECIAL. PENAL. ROUBO. CRIME COMPLEXO.
“quando o meio executório empregado pelo insciente AUSÊNCIA DE BENS. TENTATIVA. INEXISTÊNCIA DE CRIME
pseudo autor, pela sua natureza, é absolutamente incapaz IMPOSSÍVEL. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL COMPRO-
de causar o resultado (ausência de potencialidade lesi- VADA.
va)”.
1. A divergência jurisprudencial restou devidamente com-
O exemplo por ele apresentado é do sujeito que, por erro, provada.
desejando matar a vítima mediante veneno, coloca açúcar 2. Tratando-se o crime de roubo, tem-se por iniciada a exe-
em sua alimentação, pensando tratar-se de arsênico. cução tão-logo praticada a violência ou grave ameaça à
vítima. O fato de inexistir bens materiais em poder da víti-
Outro exemplo clássico na doutrina é o da tentativa de ma, não desnatura a ocorrência do crime em sua modalida-
homicídio com a utilização de revólver sem munição ou de tentada.
de armas cujas cápsulas já foram deflagradas.
Para finalizar, um último caso prático. Imaginemos que
Inclui-se nessa hipótese, ainda, a chamada tentativa irreal Felipe entra em um supermercado repleto de câmeras e
ou supersticiosa, cujo exemplo é do agente que deseja seguranças. Mesmo assim, resolve colocar um produto
matar a vítima mediante ato de magia ou bruxaria. no bolso a fim de não ser cobrado por ele. Devido ao mo-
nitoramento, é descoberto e levado à polícia. Neste caso,
Na segunda parte do artigo 17, encontra-se a segunda devido ao monitoramento, é caso de crime impossível?
hipótese de ocorrência do crime impossível: o objeto ma-
terial sobre o qual deveria incidir o comportamento não A resposta é negativa e novamente o STJ já se pronunci-
existe ou, pela sua situação ou condição, torna-se absolu- ou sobre o caso:
tamente impossível a produção do resultado visado, por
circunstâncias desconhecidas pelo agente. STJ - REsp 911.756/RS – 17/04/2008

Assim, há integral impropriedade do objeto quando o bem 1. Cinge-se a controvérsia à configuração ou não de crime
jurídico é inexistente. Ocorre, por exemplo, quando a mu- impossível na hipótese em que o agente, ao tentar sair do
lher erroneamente acredita estar grávida e, desejando se estabelecimento comercial com produtos pertencentes a
livrar do feto, faz uso de práticas abortivas. este, é detido por seguranças, em decorrência da suspeita
de funcionários da empresa.
Outro exemplo bastante utilizado na doutrina é o caso do
sujeito que, desejando matar a vítima, efetua disparos em 2. No caso dos autos, o fato de o agente ter sido vigiado
direção a um cadáver. Fica claro, neste caso, que o bem pelo segurança do estabelecimento não ilide, de forma ab-
jurídico protegido, a vida, já não existe. solutamente eficaz, a consumação do delito de furto, pois
existiu o risco, ainda que mínimo, de que o agente lograsse
Agora, pergunto, Guerreiros: Imaginemos que Felipe tenta êxito na consumação do furto e causasse prejuízo à vítima,
furtar Caio, mas ao colocar a mão no bolso direto, não restando frustrado seu intento por circunstâncias alheias à
consegue pegar o objeto, pois este estava no esquerdo. sua vontade.
3. Desta maneira, não se pode reconhecer, nesta situação, a O que ele deveria fazer? Deixar a esposa morrer? A res-
configuração de crime impossível pela absoluta ineficácia posta, obviamente, é negativa.
do meio empregado, mas sim a tentativa de furto. O crime
impossível somente se caracteriza quando o agente, após a Sendo assim, existem determinadas situações que exclu-
prática do fato, jamais poderia consumar o crime pela inefi- em a ilicitude da conduta, e a elas, IMPORTANTÍSSIMAS
cácia absoluta do meio empregado ou pela absoluta impro- PARA SUA PROVA, dá-se o nome de CAUSAS DE EXCLU-
priedade do objeto material, nos termos do art. 17 do Códi- SÃO DA ILICITUDE.
go Penal.
Relação entre tipicidade e ilicitude
OBS:
1ª Corrente: é a teoria da autonomia (absoluta indepen-
Há doutrinadores que diferenciam CRIME IMPOSSÍVEL ( o dência) entre tipicidade e ilicitude, ou seja, a tipicidade
crime buscado pelo agente quer seja pela impropriedade não gera qualquer juízo de valor no campo da ilicitude.
do objeto ou ineficácia do meio é impossível de ser alcan- Tipicidade não tem qualquer relação com ilicitude (BE-
çado) de DELITO PUTATIVO (o agente pratica uma condu- LING, 1906). Assim, fato típico é analisado absolutamente
ta supondo erroneamente ser típica quando na verdade é independentemente da ilicitude. OBS.:  legítima de de-
atípica). Vejamos: fesa é o fato típico justificado (continua típico).

1ª corrente: diz que eles são sinônimos; 2ª Corrente: é a teoria da indiciariedade (ratio cognoscen-
di) para a qual a tipicidade presume a ilicitude que deve
2ª corrente: diz que eles não se confundem; e ser afastada mediante prova em sentido contrário (MA-
YER, 1915). Assim, o fato típico gera indícios de ilicitude.
3ª corrente: diz que crime impossível é espécie de delito OBS.:  a legítima defesa é um fato típico justificado
putativo. (mas não deixa de ser típico); e  o ônus da prova da
O que é delito de ensaio ou delito putativo por obra do legítima defesa é do réu. Assim, o juiz na dúvida deve
agente provocador? O sujeito imagina que está praticando condená-lo.
um crime, mas na verdade está participando de um jogo
de cena montado pela autoridade estatal que já tomou as 3ª Corrente: é a teoria da absoluta dependência (ratio
providências no sentido de resguardar o bem jurídico. essendi). Para esta corrente, a ilicitude é a essência da
tipicidade, assim, não havendo ilicitude, não haverá tipici-
Ex.: policial passando-se por consumidor de drogas (a dade (MEZGER, 1930). Aqui temos o tipo total do injusto. O
venda para o policial é crime impossível nos termos da fato típico só permanece típico se também for ilícito.
súmula 145, STF). OBS.:  a legítima defesa é um fato justificado (só fato
justificado; aqui não se fala em fato típico justificado); e
STF, Súmula, 145. Não há crime, quando a preparação do  o ônus da descriminante deixa de ser da defesa
flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.
RO IVO 4ª Corrente: Conhecida como “Teoria dos elementos ne-
 ILICITUDE gativos do tipo”. Chega à mesma conclusão da ratio es-
sendi, mas por caminhos diversos. Para essa teoria o tipo
CONCEITO penal é composto por: a) elementos positivos (explícitos):
elementos que devem ocorrer para que o fato seja típico;
Ilicitude é a relação de antagonismo que se estabelece e b) elementos negativos (implícitos): elementos que não
entre a conduta humana voluntária e o ordenamento jurí- podem ocorrer para que o fato seja típico. Por isso nega-
dico, de modo a causar lesão ou perigo de lesão a um tivo. Exemplos:
bem jurídico tutelado.
 Elementos positivos: art. 121, CP. “matar alguém”.
Entretanto, nem toda conduta que se enquadra perfeita- Para que o elemento seja típico deve ocorrer os ele-
mente no ordenamento jurídico penal deve ser punida. mentos positivos “matar alguém”.
Imagine, por exemplo, que Felipe chega em casa e perce-
be que há um bandido com uma arma, prestes a assassi-  Elementos negativos: são exatamente as causas de
nar sua esposa. Diante de tal fato, pega sua arma e mata exclusão da ilicitude (legítima defesa, estado de ne-
o invasor. cessidade, exercício regular de um direito e estrito
cumprimento de dever legal). Ex: matar alguém, salvo
Nesta situação, podemos dizer que Felipe deve ser puni- em razão de legítima defesa.
do? Claro que não, pois a conduta dele é aceitável.
No Brasil prevalece a 2ª Corrente  teoria da indiciari- Observe:
edade (ratio cognoscendi). Conclusão: Ônus da prova
da descriminante é da defesa. Isso até a lei 11. 690/08. Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação puní-
vel:
Antes da lei Após a lei – hoje I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa,
pela parte ou por seu procurador;
Art. 386, III, CPP - deixava Art. 386, VI, CPP – diz que II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística
claro que o juiz deveria o juiz deve absolver no ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de
condenar caso tivesse caso de dúvida fundada. injuriar ou difamar;
dúvida III - o conceito desfavorável emitido por funcionário
público, em apreciação ou informação que preste no
Assim, o artigo com a nova redação, relativizou o ônus cumprimento de dever do ofício.
da prova da defesa; temperou esse ônus da prova. Des-
configurou um pouco a teoria ratio cognoscendi. Além das causas legais, a doutrina e a jurisprudência vêm
admitindo causas de exclusão da ilicitude que não encon-
tram previsão direta em lei, conhecidas como supralegais.
Na verdade, aqui não se trata de uma atuação extralegal,
mas de uma extensão das normas, pois, nas lições de
Causas de exclusão da ilicitude (descriminantes ou justi- Mezger, “Nenhuma lei esgota a totalidade do direito”.
ficantes)
Para os que admitem as causas supralegais, a que é acei-
As excludentes da ilicitude se encontram na parte geral
ta por todos e importa para sua PROVA diz respeito ao
do CP, no art. 23.. consentimento do ofendido.

Também temos excludentes da parte especial do CP, co- Sendo assim, um indivíduo que faz uma tatuagem em
mo por exemplo, no art. 128 (aborto permitido). outro não comete lesão corporal, pois está amparado no
consentimento do ofendido como causa supralegal de
E também da legislação penal especial, como por exem- exclusão da ilicitude.
plo, na lei dos crimes ambientais Lei 9605/98, que tam-
bém tem descriminantes especiais.  abordado no IN- Do exposto, podemos resumir:
TENSIVO II.
Excludentes de Ilicitudes Legais e Supralegais.
Ademais, temos excludente supralegal (não prevista em
lei, não positivada), como o caso do consentimento do As Legais são subdividias em:
ofendido.
a) Genéricas:
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE
• ESTADO DE NECESSIDADE
A maioria das causas excludentes de ilicitude está pre- • LEGÍTIMA DEFESA
sente no Código Penal. Estas causas recebem a denomi- • ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL
nação de LEGAIS e dividem-se em genéricas e específi- • EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO
cas.
b) Específicas:
As causas genéricas são aquelas presentes no artigo 23
do CP, as quais iremos estudar uma a uma. São elas: Previstas na parte especial do código penal. exemplo:
Art. 128, CP- Aborto Necessário e Aborto nos casos de
a) ESTADO DE NECESSIDADE; Gravidez Resultando de estupro.
b) LEGÍTIMA DEFESA;
c) ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL; a) ESTADO DE NECESSIDADE
d) EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO.
Estado de necessidade é o sacrifício de um interesse juri-
As chamadas causas específicas, que não são de grande dicamente protegido para salvar de perigo atual e inevitá-
relevância para concursos públicos, são aquelas que es-
vel o direito do próprio agente ou de terceiros. É causa de
tão previstas na parte especial do Código Penal e são exclusão de ilicitude, desde que outra conduta, nas cir-
referentes a delitos específicos, como no caso do artigo cunstâncias reais, não fosse razoável exigir.
142 que versa sobre a injúria e a difamação.
Existem duas teorias adotadas mundialmente quanto ao SITUAÇÃO DE NECESSIDADE
Estado de Necessidade.
Existência de perigo atual - Perigo é a exposição do bem
Uma delas é a chamada "Teoria Unitária", adotada no Bra- jurídico a uma situação de probabilidade de dano. Sua
sil, que determina um Estado de necessidade excludente origem pode vir de um fato da natureza, de seres irracio-
da antijuridicidade. A outra é conhecida por "Teoria Dife- nais (como um cachorro) ou mesmo da atividade huma-
renciadora", segundo a qual o Estado de Necessidade ora na.
exclui a antijuridicidade, ora a culpabilidade.
Atual é o que está acontecendo, é o perigo concreto, ime-
Um exemplo de estado de necessidade amplamente tra- diato, não se admitindo o uso de tal excludente quando se
tado na doutrina é o dos dois náufragos que avistam uma trata de perigo remoto, ou seja, de perigo passado.
tábua de madeira capaz de suportar o peso só de um indi-
víduo. Durante a “briga” pela madeira, A deixa B morrer Proteção de direito próprio ou alheio- É necessário que o
afogado a fim de se salvar. Neste caso, podemos dizer bem a ser salvo esteja protegido pelo ordenamento jurídi-
que A agiu em estado de necessidade. co, pois, do contrário, não poderá alegar estado de neces-
sidade.
Perceba que no estado de necessidade não há, como
vemos, uma agressão a um direito, mas um choque, em Exemplo: Um preso não pode matar o carcereiro sob o
que alguém, na defesa de direito próprio ou alheio, se vê pretexto de exercício do seu direito de liberdade.
na contingência de praticar fato considerado criminoso, a
fim de salvá-lo de perigo atual e iminente que não provo- Perigo não provocado voluntariamente - A pessoa que
cou por sua vontade, não sendo justo exigir-se o sacrifício deu origem ao perigo não pode invocar a excludente para
desse direito. sua própria proteção, pois seria injusto e despropositado.
É o caso, por exemplo, do indivíduo que põe fogo em uma
Encontra-se disposto no artigo 24 do Código Penal, nos lancha por imprudência e depois mata o outro viajante
seguintes termos: afogado a fim de ficar com a única boia existente.

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo - Deve
quem pratica fato para salvar de perigo atual, que inexistir o dever legal de enfrentar o perigo, pois caso a lei
não provocou por sua vontade, nem podia de outro o determine, este deve tentar salvar o bem ameaçado sem
modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, destruir qualquer outro, mesmo que para isso tenha que
nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. correr os riscos inerentes à sua função.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem
tinha o dever legal de enfrentar o perigo. Exemplificativamente, não pode um bombeiro, para salvar
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do um morador de uma casa em chamas, destruir a residên-
direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um cia vizinha, quando possível fazê-lo de forma menos lesi-
a dois terços. va, ainda que mais arriscada à sua pessoa.

A análise do artigo supracitado revela a existência de dois FATO NECESSITADO


momentos distintos QUE DEVEM SER SOMADOS para a
correta verificação da ocorrência do estado de necessi- Inevitabilidade do perigo - Somente se admite o sacrifício
dade. São eles: do bem quando o perigo for inevitável, bem como seja
necessário a lesão a bem jurídico de outrem para escapar
1) Situação de Necessidade - Que depende de: da situação perigosa.

a) Perigo atual; Exemplo: Se para fugir do ataque de um boi bravio de


b) Perigo não provocado voluntariamente; R$500.000,00 o agende puder facilmente pular uma cerca,
c) Ameaça a direito próprio ou alheio; não está autorizado a matar o animal.
d) Ausência de dever legal de aceitar o perigo.
Proporcionalidade do sacrifício - Exige que o agente aja
2) Fato necessitado - A conduta típica em face do perigo de acordo com a razoabilidade do sacrifício, ou seja, deve-
tem como requisitos: se buscar sacrificar um bem de menor importância para
salvar um bem de maior ou igual valor. Exemplo: Entre
a) Inevitabilidade do perigo por outro modo; uma vida e o patrimônio, sacrifica-se o patrimônio.
b) Proporcionalidade.
Mas e se o indivíduo, visando proteger bem próprio ou de  Que haja a subtração de coisa capaz de direta-
terceiro, sacrifica outro bem jurídico de maior valor? mente contornar a emergência (assim, deve sub-
trair comida – e não um objeto para ser vendido,
Neste caso, não há exclusão do crime. É mantida a tipici- por exemplo);
dade, mas é possível a diminuição de pena nos termos do
parágrafo 2º do artigo 23:  Insuficiência de recursos auferidos ou inexistên-
cia de recursos, ou seja, mesmo que a pessoa es-
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do teja empregada pode valer-se de furto famélico,
direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um consoante decisão do STF; o que se leva em con-
a dois terços. ta é a insuficiência dos recursos adquiridos pelo
agente; também se leva em conta a impossibili-
Observe que no supra dispositivo legal não há OBRIGA- dade de trabalhar, ainda que momentânea – caso
TORIEDADE da diminuição de pena, mas simplesmente a do desempregado.
POSSIBILIDADE do magistrado, avaliando o caso, aplicar
tal redução. - Espécies do estado de necessidade:

No estado de necessidade de terceiro é indispensável o a) Quanto à titularidade: próprio (o agente protege bem
consentimento ou ratificação do terceiro? Para agir em jurídico próprio) ou de terceiro (protege bem jurídico
estado de necessidade de terceiro é necessária a autori- alheio). Prevalece ser desnecessário o consentimento
zação deste? do terceiro.

1ª Corrente (majoritária): o consentimento do terceiro é b) Quanto ao elemento subjetivo: temos o estado de ne-
dispensável (se a lei não exige, não cabe ao intérprete cessidade real (o perigo existe efetivamente - exclui a
fazê-lo). O agente não depende de autorização do terceiro ilicitude) ou o estado de necessidade putativo (o peri-
nem de ratificação posterior. go é fantasiado pelo agente, não existe – não exclui a
ilicitude, mas poderá conforme o caso excluir a tipici-
2ª Corrente: o consentimento do terceiro só é dispensável dade ou a culpabilidade, mas jamais exclui a ilicitude).
quando o bem em perigo é indisponível, como a vida. Por
outro lado, se o bem em perigo for dispensável, é impres- c) Quanto ao terceiro que sofre a ofensa: estado de ne-
cindível o consentimento do terceiro, eis que este pode cessidade defensivo (o agente sacrifica bem jurídico
estar dispondo do bem. do próprio causador do perigo) ou estado de necessi-
dade agressivo (o agente sacrifica bem jurídico de
Bem DISPONÍVEL  depende de autorização /ratificação pessoa alheia à provocação do perigo). OBS.: o estado
do 3º. de necessidade defensivo não é ilícito penal nem civil
Bem INDISPONÍVEL  independe de autorização / ratifi- (não se repara dano), já no estado de necessidade
cação do 3º. agressivo, inexiste ilícito penal, mas há ilícito civil (re-
para o dano; pode se valer de ação regressiva contra o
Questões pontuais: próprio causador do perigo).

- É possível estado de necessidade em crime habitual ou  LEGÍTIMA DEFESA


permanente (ex.: manutenção de casa de tolerância)?
A legítima defesa é a segunda causa de exclusão da anti-
 Exigindo a lei, como requisito, a INEVITABILIDADE juridicidade prevista pelo artigo 23 do Código Penal, e
DO PERIGO referindo “às circunstâncias do fato” está regulada no artigo 25 do mesmo ordenamento:
não se tem admitido estado de necessidade nos re-
feridos delitos. Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usan-
do moderadamente dos meios necessários, repele in-
- Furto famélico é caso de estado de necessidade? Confi- justa agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de
gura estado de necessidade desde que presentes os se- outrem.
guintes requisitos:
Segundo NUCCI, “é a defesa necessária empreendida
 Que o fato seja praticado para mitigar a fome; contra agressão injusta, atual ou iminente, contra direito
próprio ou de terceiro, usando, ara tanto, moderadamente,
 Que seja o único e derradeiro comportamento do os meios necessários.” E continua:
agente (inevitabilidade do comportamento lesivo);
“Valendo-se da legítima defesa, o indivíduo consegue AGRESSÃO ATUAL OU IMINENTE
repelir as agressões a direito seu ou de outrem, substi-
tuindo a atuação da sociedade ou do Estado, que não A ação de defesa promovida em face da agressão deve
pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo, através ser praticada com vontade de defesa. Isto indica a inten-
dos seus agentes. A ordem jurídica precisa ser mantida, ção do agredido de se defender ou de defender um bem
cabendo ao particular assegurá-la de modo eficiente e jurídico de terceiro.
dinâmico”.
Agora me responda: A vida é um bem jurídico? Claro que
A análise do artigo 25 revela que a legítima defesa deve sim... Sendo assim, imagine que Felipe, médico, percebe
atender, CUMULATIVAMENTE, aos seguintes requisitos: que Caio vai injetar uma quantidade tão grande de drogas
que facilmente o levaria a morte. Visto isso, tentando
a. Agressão injusta; impedir a situação, bate em Caio a fim de que este des-
b. Agressão atual ou iminente; maie e deixe de ingerir a substância.
c. Defesa de direito próprio ou alheio;
d. Reação com os meios necessários; Neste caso, está configurada a LEGÍTIMA DEFESA?
e. Uso moderado dos meios necessários.
A resposta é POSITIVA, pois Felipe está defendendo um
AGRESSÃO INJUSTA bem jurídico de terceiro (A VIDA) que no momento sofre
agressão.
Agressão é o comportamento humano capaz de gerar
lesão ou provocar um perigo concreto dano. Trata-se de REAÇÃO COM OS MEIOS NECESSÁRIOS-
atividade exclusiva do ser humano, não podendo ser efe-
tuada por um animal, por exemplo. Meios necessários são todos aqueles suficientes a repul-
sa da agressão injusta que está ocorrendo ou prestes a
Sendo assim, se um indivíduo é atacado por um animal e ocorrer.
o mata, regra geral, pode ser caracterizado o estado de
necessidade, mas não a legítima defesa. Dito isto, pergun- Ensina a doutrina majoritária que os meios necessários,
to: Imagine que Felipe faz um treinamento intensivo para além de suficientes, devem estar disponibilizados no
que seu cachorro aprenda a atacar os outros quando or- momento da agressão, existindo, em todo caso, a obser-
denado. Em determinado momento, ao encontrar Caio, vância da proporcionalidade entre o bem jurídico a que se
ordena ao cão o ataque. visa resguardar e a repulsa contra o agressor.

Caio, utilizando seu canivete, mata o cachorro. Neste ca- Se um indivíduo joga uma pedra e como resposta obtêm
so, está caracterizado o estado de necessidade ou a legí- um tiro de bazuca na testa, obviamente que não há pro-
tima defesa? porcionalidade. Corroborando tal posicionamento, vem a
calhar a opinião sempre abalizada do professor Heleno
Para esta situação particular, temos a LEGÍTIMA DEFESA, Cláudio Fragoso: “Empregar moderadamente os meios
pois Felipe utiliza o cachorro como se fosse uma arma e necessários significa usar os meios disponíveis, na medi-
obriga Caio a repelir injusta agressão. da em que são necessários para repelir a agressão.

AGRESSÃO ATUAL OU IMINENTE Deverão aqui considerar-se as circunstâncias em que a


agressão se fez, tendo-se em vista a sua gravidade e os
A agressão humana injusta e real deve ser marcada pela meios de que o agente podia dispor.”
atualidade ou pela iminência. Significa que a mesma de-
verá estar ocorrendo ou prestes a acontecer, e nunca É importante ressaltar que o meio necessário, desde que
quando já terminada. seja o único disponível ao agente para repelir a agressão,
pode ser desproporcional em relação a ela, se empregado
Aqui encontramos uma diferença com relação ao disposi- MODERADAMENTE. É o caso, por exemplo, do indivíduo
tivo que trata do estado de necessidade. Neste, temos a que, ao ser atacado com uma barra de ferro, utiliza uma
obrigatoriedade do perigo ATUAL, enquanto na legítima arma de fogo, meio de defesa que estava ao seu alcance.
defesa pode ser ATUAL ou iminente.
USO MODERADO DOS MEIOS NECESSÁRIOS

Além do emprego do meio adequado, é imprescindível que


se faça o uso com moderação, a fim de não se incorrer no
chamado excesso de legítima defesa.
LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA (IMAGINÁRIA) LEGÍTIMA DEFESA x ESTADO DE NECESSIDADE

É aquela em que, devido a um erro, o agente acredita exis- Estado de necessidade Legítima defesa
tir injusta agressão, atual ou iminente a direito seu ou de Há conflitos entre vários bens Há a ameaça ou ataque a um
outrem. jurídicos diante de uma situação bem jurídico
de perigo
É o exemplo mais do que já tratado em que Caio coloca a Ex. 2 náufragos disputando um Ex: uma pessoa é atacada por
mão no bolso para pegar um lenço e Felipe, achando que colete salva-vidas outra pessoa
ele vai retirar uma arma, efetua disparos. O perigo decorre de fato humano, Trata-se de uma agressão
natural, ou comportamento de humana injusta
Neste caso, NÃO OCORRE A EXCLUSÃO DA ILICITUDE. um animal.
O perigo não tem destinatário A agressão tem destinatário
LEGÍTIMA DEFESA REAL X LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA certo – como p. ex. um carro certo
desgovernado que vai atropelar
A legítima defesa putativa, tecnicamente, não caracteri- uma multidão, outra pessoa bate
za legítima defesa, isto é, causa de exclusão da antijuri- com seu carro contra o carro
dicidade. Na verdade, a denominada legítima defesa desgovernado para que não
putativa caracteriza erro de tipo, ou seja, o agente tem atropele a multidão. Por não ter
uma falsa percepção da realidade que faz com que o destinatário certo, o outro age
mesmo pense que está agindo em uma situação de legí- em estado de necessidade de
tima defesa, quando, de fato, não está sofrendo agres- terceiro.
são alguma. Os interesses em conflitos são Os interesses do agressor não
legítimos – por isso, é possível são legítimos – por isso, não
A legítima defesa putativa excluirá o dolo, isto é, o fato Estado de necessidade de um é possível a legítima defesa
típico, mas não a antijuridicidade da conduta. Estado de Necessidade. de legítima defesa

Classificação doutrinária da legítima defesa ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL

1. Legítima defesa real - A agressão injusta existe; Diferentemente do que fez com o "estado de necessidade"
e com a "legítima defesa", o Código Penal não definiu o
2. Legítima defesa putativa – a agressão era imaginária, conceito de "estrito cumprimento de dever legal", limitan-
fantasiosa. Essa legitima defesa putativa não exclui a do-se a dizer que:
ilicitude, sendo um comportamento injusto. Por isso, é
possível a legítima defesa de Legítima defesa putativa; Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato:
[...]
3. Legítima defesa defensiva – a reação não constitui III – em estrito cumprimento de dever legal...
fato típico. O agente se limita a imobilizar o agressor;
Sua conceituação, porém, é dada pela doutrina, como, por
4. Legítima defesa agressiva – a reação constitui fato exemplo, Fernando Capez, que assim define o estrito
típico. Não se limita a imobilizar o agressor, mas repe- cumprimento do dever legal: "É a causa de exclusão da
le a agressão por um fato típico; ilicitude que consiste na realização de um fato típico, por
força do desempenho de uma obrigação imposta por lei,
5. Legítima defesa subjetiva – é o excesso escusável na nos exatos limites dessa obrigação". Em outras palavras,
Legítima defesa, pois qualquer pessoa nas mesmas a lei não pode punir quem cumpre um dever que ela im-
circunstâncias se excederia (elimina a culpabilidade); põe.

6. Legítima defesa sucessiva – ocorre na repulsa contra Dentro desse conceito, importante atentar para duas ex-
o excesso abusivo do agente. Não são simultâneas – pressões: "dever legal" e "cumprimento estrito".
mas uma após a outra (não existe Legítima defesa si-
multânea). O que vem a ser "dever legal"?

Como a própria expressão sugere, é uma obrigação im-


posta por lei, significando que o agente, ao atuar tipica-
mente, não faz nada mais do que cumprir uma obrigação.
Mas para que esta conduta, embora típica, seja lícita, é Os agentes públicos, no desempenho das suas atividades
necessário que esse dever derive, direta ou indiretamente, não raras vezes devem agir interferindo na esfera privada
de "lei". do cidadão exatamente para assegurar o cumprimento da
lei. Essa intervenção redunda em agressão a bens jurídi-
O que significa, por sua vez, o "cumprimento estrito"? cos como a liberdade, a integridade física e até mesmo a
própria vida.
Quando a lei impõe determinada obrigação, existem limi-
tes, parâmetros, para que tal obrigação seja cumprida, Dentro de limites aceitáveis, tal intervenção é justificada
isto é, a lei só obriga ou impõe dever até certo ponto e o pelo Estrito cumprimento do dever Legal – está ligada aos
agente obrigado só dever proceder até esse exato limite comportamentos dos agentes públicos, como o flagrante
imposto pela lei. compulsório do art. 301 do CPC:

Dessa forma, exige-se que o agente tenha atuado dentro “Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades
dos rígidos limites do que obriga a lei ou determina a or- policiais e seus agentes deverão prender quem quer
dem que procura executar o comando legal. Fora desses que seja encontrado em flagrante delito.”
limites, desaparece a excludente, surgindo, então, o abuso
ou excesso. Por isso, se necessário pode-se empregar a força neces-
sária para prender o agente em flagrante delito.
Exemplo clássico de estrito cumprimento de dever legal é
o do policial que priva o fugitivo de sua liberdade ao pren- O termo Estrito cumprimento do dever Legal deve ser
dê-lo em flagrante. Nesse caso, o policial não comete tomada em seu sentido mais amplo – como no art. 59 CF.
crime de constrangimento ilegal ou abuso de autoridade,
por exemplo, pois que ao presenciar uma situação de Requisitos do Estrito cumprimento do dever Legal
flagrante delito, a lei obriga que o policial efetue a prisão
do respectivo autor, preenchido, portanto, o requisito do a. Proporcionalidade
dever legal. b. Razoabilidade
c. Conhecer a situação de fato justificante – é um requi-
Por outro lado, é necessário também que o policial se sito subjetivo.
limite a cumprir exatamente o que a lei lhe impõe, isto é,
que o cumprimento desse dever cinja-se estritamente ao OBS.: Para os adeptos da tipicidade conglobante, o Estri-
imposto por tal lei. to cumprimento do dever Legal NÃO EXCLUI A ILICITUDE,
mas a própria tipicidade, por ser um ato normativo deter-
Assim, basta que o policial prenda o agente flagrado, pri- minado por lei.
vando sua liberdade. Haveria abuso ou excesso se o poli-
cial, depois de contido o sujeito, continuasse desnecessa- ELEMENTO SUBJETIVO
riamente a fazer uso da força ou de ofensas físicas contra
aquele. Assim como as demais excludentes de ilicitude, o estrito
cumprimento do dever legal exige que o agente tenha
Outro exemplo tradicional é o do oficial de justiça que consciência de que age sob essa causa de justificação.
retira da casa de alguém objetos de sua propriedade em
cumprimento de mandado de penhora contra aquela pes- Em outras palavras, é preciso que o agente que praticou a
soa. Ora, por um lado, há o dever legal de assim agir, pois conduta típica tenha atuado querendo praticá-la, mas
que o mandado judicial entregue ao oficial de justiça im- com a consciência de que cumpria um dever imposto pela
põe-lhe o dever de cumpri-lo, não havendo, portanto, crime lei.
de roubo, embora a conduta seja típica.
Dessa forma, se, por exemplo, o delegado de polícia, que-
Da mesma forma, necessário que o oficial de justiça per- rendo vingar-se de seu desafeto, prende-o sem qualquer
maneça nos limites rígidos do que lhe impôs o mandado. justificativa, amedrontando-o pelo fato de "ser delegado" e
descobre, posteriormente, que já existia mandado de pri-
Assim, haveria o excesso por parte do servidor se, por são preventiva contra aquele cidadão, cabendo a ele, de-
exemplo, além da penhora e sequestro de um quadro vali- legado, cumpri-lo, nem por isso sua conduta deixa de ser
oso, de propriedade do executado, aquele resolvesse pe- criminosa, porque atuou sem a consciência e sem a in-
nhorar e sequestrar também outro bem do executado não tenção de cumprir o seu dever.
relacionado no "mandado judicial", apenas por imaginar
que futuramente teria que voltar àquela residência para
fazer "reforço de penhora".
É pela necessidade desses elementos subjetivos que não Embora sejam considerados, por parte da doutrina, como
é possível a ocorrência do estrito cumprimento de dever legítima defesa, são, na verdade, exercício regular de um
legal na prática de condutas típicas culposas, mas ape- direito, pois faltaria o elemento subjetivo da defesa à
nas em condutas dolosas. Aliás, todas as excludentes de agressão.
ilicitude só podem ser verificadas em crimes dolosos.
Também se consideram exercício regular de direito as
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO lesões ocorridas na prática de esportes violentos, desde
CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT que toleráveis e dentro das regras do esporte.
Trataremos agora da última excludente de ilicitude, pre-
sente no final do artigo 23 do CP nos seguintes termos: Natureza Jurídica dos Ofendículos

Art. 23 - Não há crime quando o agente pra- 1ª corrente – diz ser um exercício regular de direito, por
tica o fato: [...] III – [...] no exercício regular proteger o patrimônio;
de direito.
2ª corrente – diz ser uma legítima defesa, por repelir a
O exercício regular de direito pressupõe uma faculdade de injusta agressão;
agir atribuída, regra geral, pelo ordenamento jurídico a
alguma pessoa, pelo que a prática de uma ação típica não 3ª corrente – diz ser: enquanto não acionado é um exercí-
configuraria um ilícito. cio regular de direito, mas quando acionado: legítima de-
fesa;- PREVALECE
Mirabete cita como exemplos de exercício regular de di-
reito: 4ª corrente – diferencia ofendículo de defesa mecânica
pré disposta
a) A correção dos filhos por seus pais;
b) Prisão em flagrante por particular; Ofendículo Defesa mecânica pré disposta
c) No expulsar, quando da invasão da propriedade. É um aparato aparente É um aparato oculto
Configura exercício regular de Configura legítima defesa
Em qualquer caso, não se pode ultrapassar os limites que direito
a ordem jurídica impõe ao exercício do direito. Caso os
pais, a pretexto de corrigir os filhos, incorram em maus- O que prevalece é a 3ª corrente – mas pouco importa a
tratos, responderão pelo crime. corrente que se adota, porque se evitado o excesso é um
fato atípico.
O exercício regular de direito compreende ações do cida-
dão comum autorizadas pela existência de direito defini- Se o uso do ofendículo traduz um direito do cidadão em
da e condicionadas ao regular exercício desse direito. defender seu patrimônio, tal direito deve ser utilizado com
prudência e consciência, para que não sejam ultrapassa-
São requisitos dessa justificante: das as raias do razoável, colocando-se em risco a segu-
rança das pessoas.
a. Indispensabilidade – é a indisponibilidade de recurso
útil aos meios coercitivos normais para a perda do di- Excesso nas justificantes
reito;
b. Proporcionalidade – Art. 23 p. único.
c. Conhecer a situação de fato justificante –
Classificação doutrinária:
OBS.: O estrito cumprimento de dever legal está ligado
aos agentes públicos. O exercício regular de direito está I. Excesso crasso – ocorre quando o agente desde o
ligado ao cidadão comum. princípio já atua completamente fora dos limites le-
gais. Ex. matar criança que furta laranja;
OFENDÍCULOS
II. Excesso extensivo – também chamado de excesso na
Ofendículos são aparatos defensivos da propriedade (ca- causa. Ocorre quando o agente reage antes da efetiva
cos de vidro no muro, cercas de arame farpado, maçane- agressão (agressão futura e esperada). Não exclui a
tas eletrificadas etc.). ilicitude, podendo conforme o caso, excluir a culpabili-
dade. A agressão futura, porém incerta, é uma suposi-
ção é um fato típico; mas se esta agressão for certa e
esperada é uma legítima defesa esperada (é uma hipó- a) o estado de necessidade, há um conflito entre dois
tese de inexigibilidade de conduta diversa); bens jurídicos expostos a perigo; na Legítima defesa,
uma repulsa a ataque;
III. Excesso Intensivo – ocorre quando o agente, que inici-
almente agia dentro do direito, diante de uma situação b) no estado de necessidade, o bem jurídico é exposto a
fática agressiva intensifica a ação justificada e ultra- perigo; na legítima defesa, o direito Sofre uma agres-
passa os limites permitidos. Passa de uma ação mo- são atual ou iminente;
derada para uma ação imoderada, passando do campo
da licitude para a ilicitude. Se ultrapassa os limites do- c) no estado de necessidade, o perigo pode ou não advir
losamente, será crime doloso (o agente responde por da conduta humana; na legítima defesa, a agressão só
dolo). Se foi culposo, o agente responde por culpa. Se pode ser praticada por pessoa humana;
não agiu com dolo nem culpa, é o EXCESSO EXCUL-
PANTE (QUE EXCLUI A CULPABILIDADE). d) no estado de necessidade, a conduta pode ser Dirigida
contra terceiro inocente; na legítima Defesa, somente
IV. Excesso acidental – o agente ao agir moderadamente, contra o agressor;
causa lesão além da reação moderada.
e) no estado de necessidade, a agressão não Precisa ser
 Estrito Cumprimento De Dever Legal X Exercício Regu- injusta; na legítima defesa, por outro lado, só existe se
lar Do Direito houver injusta agressão (exemplo: dois náufragos dis-
putando a tábua de salvação. um agride o outro para
Sabemos que tanto o estrito cumprimento de dever legal ficar com ela, mas nenhuma agressão é injusta).
quanto o exercício regular do direito são causas excluden-
tes de ilicitude. Todavia, estes dois importantes institutos Estado de necessidade Legítima defesa
do Direito Penal possuem diferenças claras. São elas: Há conflito entre vários bens Há ataque ou ameaça a um
CURSO ON-LINE – D jurídicos diante da situação de bem jurídico.
ESTRITO EXERCÍCIO perigo. Ex: dois náufragos dispu- Ex: “A” agride “B”.
DIFERENCIAÇÕES CUMPRIMENTO REGULAR tando um colete salva-vidas.
DO DEVER LEGAL DO DIREITO O perigo decorre de fato huma- Temos a agressão injusta.
COMPULSÓRIA - O FACULTATIVA - O no, animal ou da natureza.
AGENTE ESTÁ AGENTE ESTÁ AUTO- O perigo não tem destinatário Tem destinatário certo.
OBRIGADO A RIZADO A AGIR PELO certo.
CUMPRIR O ORDENAMENTO JU- Os interesses em conflito são O interesse do agressor é
NATUREZA
MANDAMENTO RÍDICO, MAS A ELE legítimos. ilegítimo.
LEGAL PERTENCE A OPÇÃO
DE EXERCER O DIREI-  CONCLUSÕES ACERCA DE TAIS DIFERENÇAS:
TO ASSEGURADO.
O DEVER DE AGIR O DIREITO CUJO É possível estado de necessidade VS estado de necessi-
TEM ORIGEM EXER-CÍCIO SE AUTO- dade, pois os dois têm interesses legítimos.
EXCLUSIVAMENTE RIZA PODE ADVIR DA
NA LEI LEI, DE REGU- Não se admite legítima defesa recíproca, eis que um dos
NATUREZA
LAMENTOS E, PARA agentes (o agressor) tem interesse ilegítimo.
PARTE DA DOUTRINA,
ATÉ MES-MO DOS É inadmissível a legítima defesa real VS legítima defesa
COSTUMES. real.

 LEGÍTIMA DEFESA X ESTADO DE NECESSIDADE É possível legítima defesa real de legítima defesa putati-
va, eis que nesta existe interesse ilegítimo, enquanto
Dentre as várias questões que aparecem em PROVA exi- aquele que dela se defende, tem interesse legítimo.
gindo o conhecimento das causas excludentes de ilicitu-
de, sem dúvida, uma que disputa a preferência dos exa- É possível, de acordo com a doutrina, legítima defesa
minadores é a que tenta confundir os candidatos com os putativa de legítima defesa putativa, embora ambos se-
conceitos de legítima defesa e estado de necessidade. jam ilegítimos, respondendo, em princípio, pelo crime.
Nenhum dos dois terá excluída a ilicitude do comporta-
Para que você não erre em prova, vou apresentar essas mento; são agressões injustas.
diferenças neste tópico a fim de que você não se confun-
da. Vamos começar:
É POSSÍVEL LEGÍTIMA DEFESA EM FACE DE UMA OMIS- A expressão “em qualquer das hipóteses deste artigo”
SÃO INJUSTA? Sim, ocorre, por exemplo, no caso de pre- indica a penalização do excesso, doloso ou culposo, em
so que agride carcereiro que se recusa a cumprir alvará de todas as causas legais genéricas de exclusão de ilicitude.
soltura. Assim, a ação injusta ou a omissão injusta, am- Podemos exemplificar:
bas são motivos para a legítima defesa.
A) EXCESSO NO ESTADO DE NECESSIDADE- O indivíduo,
QUEM DEVE TER CONHECIMENTO DA AGRESSÃO INJUS- tentando fugir do ataque de um cão feroz, quebra o vi-
TA? É o agredido. Ele que tem de reagir sabendo que rea- dro de um carro, quando podia resguardar-se em uma
ge a uma agressão injusta. Assim, é perfeitamente possí- casa que tinha à sua disposição. O excesso no estado
vel legitima defesa na agressão de um doente mental. de necessidade recai na expressão “nem podia de ou-
Não importa a ciência de quem agride. É possível argui- tro modo evitar”, presente no artigo 24 do CP.
ção de legítima defesa contra inimputáveis, uma vez que
a injustiça da agressão deve ser analisada sob a óptica do B) EXCESSO NA LEGÍTIMA DEFESA -Caio, começa a jo-
agredido, e não do agressor. gar pedras em Felipe. Este por sua vez, pega a arma e
efetua 14 disparos sendo 05 na cabeça. O excesso na
AGRESSÃO INJUSTA CORRESPONDE, NECESSARIAMEN- legítima defesa ocorre quando o agente utiliza meios
TE, A FATO TÍPICO? Não, como no caso de um dono de desnecessários ou emprega os meios sem moderação.
supermercado que repele o furto de coisa insignificante
(claro que a repulsa deve ser proporcional), ou ainda no C) EXCESSO NO ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER
caso de repulsa a furto de uso. O furto de coisa insignifi- LEGAL – Felipe, policial, usa a força para prender Caio
cante e o furto de uso, apesar de atípicos, não deixam de e continua agredindo o agente depois de preso. O ex-
corresponder a uma agressão injusta (permanecem injus- cesso no estrito cumprimento do dever legal resulta da
tos), autorizando a legítima defesa. Enfim, é possível a não observância, pelo agente, dos limites definidos pe-
legítima defesa em face de fato atípico. la lei.
PEDRO IVO
D) EXCESSO NO EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO –
A AGRESSÃO DEVE SER ATUAL (PRESENTE) OU IMINEN- Felipe, visando à boa educação de seu filho, Caio, re-
TE (PRESTES A OCORRER): assim, revidar uma agressão solve, no exercício regular do direito de corrigir o com-
for passada, haverá vingança, e não legítima defesa. Já portamento da criança, utilizar uma barra de ferro a tí-
em caso de agressão futura, há mera suposição, não se tulo de castigo físico. O excesso no exercício regular
pode falar em legítima defesa, mas tão-somente em ex- de direito decorre da utilização abusiva do direito con-
clusão da culpabilidade por inexigibilidade de conduta sagrado pelo ordenamento jurídico. Do exposto até
diversa, desde que além de futura seja certa. É causa su- agora, podemos resumir:
pralegal de exclusão da culpabilidade.
EXCESSO
Lembrava Nelson Hungria “que o meio necessário não se • NO ESTADO DE NECESSIDADE, RECAI NA EXPRESSÃO
pesa ‘em balança de farmácia’, mas se conclui diante do caso “NEM PODIA DE OUTRO MODO EVITAR”.
concreto”. • NA LEGÍTIMA DEFESA, OCORRE QUANDO O AGENTE
UTILIZA MEIOS DESNECESSÁRIOS OU EMPREGA OS
O meio necessário deve ser usado moderadamente, ou MEIOS SEM MODERAÇÃO.
seja, sem excessos. • NO ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL, RE-
SULTA DA NÃO OBSERVÂNCIA, PELO AGENTE, DOS
EXCESSO LIMITES DEFINIDOS PELA LEI.
• NO EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO, DECORRE DO
Há determinadas situações nas quais o agente, baseado EXERCÍCIO ABUSIVO DO DIREITO CONSAGRADO PELO
em uma excludente de ilicitude, age com excesso, ou seja, ORDENAMENTO JURÍDICO.
ultrapassa as barreiras do aceitável.
ESPÉCIES DE EXCESSO
Sendo assim, o Código Penal, depois de apresentar as
excludentes de ilicitude, dispõe, no parágrafo único do 1) DOLOSO OU CONSCIENTE –
artigo 23, que:
É o excesso voluntário. O agente dolosamente extrapola
Art.23[...] os limites legais. É o caso, por exemplo, de um indivíduo
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóte- que desarma um bandido e, posteriormente, com o ladrão
ses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou já imobilizado, dispara dois tiros em sua cabeça.
culposo.
2) CULPOSO OU INCONSCIENTE – 04) Objeto do delito: É aquilo contra que se dirige a condu-
ta humana que o constitui.
É o excesso que deriva de culpa (negligência, imperícia ou
imprudência) em relação à moderação e, para alguns dou- 05) Crimes comuns e especiais: Comuns são os descritos
trinadores, também quanto à escolha dos meios necessá- no Direito Penal comum; especiais, os definidos no Di-
rios. reito Penal especial.

O agente, assim, responde por crime culposo. Exemplo: 06) Crimes comuns e próprios: Comum é o que pode ser
Felipe, visando defender-se de tapas efetuados por uma praticado por qualquer pessoa; Ex: furto, estelionato,
mulher, empurra Mévia que tropeça, cai e bate com a ca- homicídio, etc.; Crime próprio é o que só pode ser co-
beça, vindo a falecer. metido por uma determinada categoria de pessoas,
pois pressupõe no agente uma particular condição ou
Para finalizar, observe o que o STF dispõe sobre o tema: qualidade pessoal. Ex: Crimes praticados por funcio-
nários contra a Administração Pública.
Depois da Reforma Penal em 1984, segundo o parágrafo
único do art. 23 do CP, o agente responderá pelo excesso 07) Crimes materiais, formais e de mera conduta: Os cri-
doloso ou culposo em qualquer das causas de exclusão de mes materiais, formais e de mera conduta são assim
ilicitude. classificados em relação ao seu resultado.

Desde então, tornou-se obrigatório o questionamento do Crime material é aquele em que há necessidade de um
excesso doloso ou culposo, sempre que o Conselho de Sen- resultado externo à ação, descrito na lei, e que se destaca
tença negar, na excludente da legítima defesa, o uso dos lógica e cronologicamente da conduta (ex.: no homicídio:
meios necessários ou a moderação no emprego dos meios. morte).

Pela ordem de precedência, questiona-se em primeiro lugar Crime formal é aquele em que não há necessidade de
o excesso doloso, porquanto o Júri, até ali, negou a legítima realização daquilo que é pretendido pelo agente e o resul-
defesa, prevalecendo ainda a prática do fato criminoso a tado jurídico previsto no tipo ocorre em concomitância
título de dolo, pois ação é única. Respondido afirmativa- com o desenrolar da conduta (ex: no delito de ameaça, a
mente, estará o réu condenado por crime doloso. consumação dá-se com a prática do fato, não se exigindo
que a vítima realmente fique intimidada; no de injúria, é
Negado, questiona-se o excesso culposo. Negado ambos, o suficiente que ela exista, independentemente da reação
réu estará absolvido, pois o Júri reconheceu o excesso ca- psicológica do indivíduo).
sual. Se o Juiz Presidente deixa de questionar o excesso CURSO ON
doloso, indagando apenas o excesso culposo, ocorrerá nuli- No crime de mera conduta, a lei não exige qualquer resul-
dade por deficiência dos quesitos, independentemente de tado naturalístico, contentando-se com a ação ou omis-
protesto no momento próprio, pois se trata de quesito obri- são do agente. Em outras palavras, o crime é classificado
gatório. Tem incidência a Súmula 156 do STF" (nº como sendo de mera conduta quando não é relevante o
697023711, Rel. Des. Danúbio Edon Franco. j. 25.6.97, DJ resultado material (ex.: violação de domicílio, ato obsce-
8.8.97, p. 31).” no, omissão de notificação de doença e a maioria das
contravenções).
RESUMO!
08) Crimes comissivos: São os praticados mediante ação;
TEORIA GERAL DO CRIME o sujeito faz alguma coisa.

01) Sujeito ativo do crime: É quem pratica o fato descrito 09) Crimes omissivos: São os praticados mediante ina-
na norma penal incriminadora; só o Homem possui a ção; o sujeito deixa de fazer alguma coisa; podem ser:
capacidade para delinquir.
a) omissivos próprios: São os que se perfazem com a
02) Capacidade penal: É o conjunto das condições exigi- simples abstenção da realização de um ato, inde-
das para que um sujeito possa tornar-se titular de di- pendentemente de um resultado posterior.
reitos ou obrigações no campo de Direito Penal.
b) omissivos impróprios: São aqueles em que o sujei-
03) Sujeito passivo do crime: É o titular do interesse cuja to, mediante uma omissão, permite a produção de
ofensa constitui a essência do crime. um resultado posterior, que os condiciona.
10) Crimes permanentes: São os que causam uma situa- Crime Doloso
ção danosa ou perigosa que se prolonga no tempo; o
momento consumativo se protrai no tempo. Ex: Se- 15) Conceito: Dolo é a vontade de concretizar as caracte-
questro, cárcere privado; rísticas objetivas do tipo; constitui elemento subjetivo
do tipo (implícito).
11) Crime continuado: Diz-se que há crime continuado
quando o agente, mediante mais de uma ação ou 16) Elementos do dolo: Presentes os requisitos da consci-
omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma es- ência e da vontade, o dolo possui os seguintes ele-
pécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de mentos:
execução e outras semelhantes, devem os subseqüen-
tes ser tidos como continuação do primeiro . a) consciência da conduta e do resultado;
b) consciência da relação causal objetiva entre a
12) Crimes habitual e profissional: Habitual é a reiteração conduta e o resultado;
da mesma conduta reprovável, de forma a constituir c) vontade de realizar a conduta e produzir o resulta-
um estilo ou hábito de vida. Ex: curandeirismo. do.

13) Elementos do fato típico (de forma geral): Para a inte- 17) Dolo direto e indireto: No dolo direto, o sujeito visa a
gração do fato típico, concorre, primeiramente, uma certo e determinado resultado. Ex: o agente desfere
ação ou omissão, uma vez que, consistindo na viola- golpes de faca na vítima com intenção de matá-la, pro-
ção de um preceito legal, supõe um comportamento jetando-se de forma direta no resultado morte; Há dolo
humano; indireto quando a vontade do sujeito não se dirige a
certo e determinado resultado; possui duas formas:
A ação humana, porém, não é suficiente para compor o
primeiro requisito do crime; é necessário um resultado; a) dolo alternativo: quando a vontade do sujeito se di-
rige a um outro resultado; ex: o agente desfere
Todavia, entre a conduta e o resultado se exige uma rela- golpes de faca na vítima com intenção alternativa
ção de causalidade; finalizando, para que um fato seja de ferir ou matar;
típico, é necessário que os elementos acima expostos b) dolo eventual: ocorre quando o sujeito assume o
estejam descritos como crime. risco de produzir o resultado, isto é, admite e a
aceita o risco de produzi-lo.
RESUMINDO:
18) Dolo genérico e específico: dolo genérico é a vontade
Elementos do fato típico: de realizar fato descrito na norma penal incriminadora;
dolo específico é a vontade de praticar o fato e produzir
1 - Conduta - é toda ação humana ou omissão consciente um fim especial.
e dirigida a uma finalidade; dolosa ou culposa. A prin-
cípio, pune-se apenas quando há vontade (dolo), po- Crime Culposo
rém, como exceção, pune-se quando não há vontade,
mas há negligência. 19) Noção: Quando se diz que a culpa é elemento do tipo,
faz-se referência à inobservância do dever de diligên-
2 - Nexo Causal - é a relação de causa e efeito entre a cia;
conduta e o resultado;
A todos no convívio social é determinada a obrigação de
3 - Resultado - é a modificação do mundo exterior causa- realizar condutas de forma a não produzir danos a tercei-
da pela conduta. ros; é o denominado cuidado objetivo. A conduta torna-se
típica a partir do instante em que não se tenha manifes-
4 - Tipicidade - é a correspondência exata, a adequação tado o cuidado necessário nas relações com outrem, ou
perfeita entre o fato natural, concreto e a descrição seja, a partir do instante em que não corresponda ao
contida na norma penal incriminadora. comportamento que teria adotado uma pessoa dotada de
discernimento e prudência, colocada nas mesmas cir-
14) Tipo: É o conjunto dos elementos descritivos do crime cunstâncias que o agente.
contidos na lei penal; varia segundo o crime conside-
rado. A inobservância do cuidado necessário objetivo é o ele-
mento do tipo.
20) Elementos do fato típico culposo: São seus elementos Erro de Tipo
a conduta humana e voluntária de fazer ou não fazer,
a inobservância do cuidado objetivo manifestada 28) Conceito: É o que incide sobre as elementares ou cir-
através da imprudência, negligência ou imperícia, a cunstâncias da figura típica, sobre os pressupostos de
previsibilidade objetiva, a ausência de previsão, o re- fato de uma causa de justificação ou dados secundá-
sultado involuntário, o nexo de causalidade e a tipici- rios da norma penal incriminadora.
dade.
É o que faz o sujeito supor a ausência de elemento ou
21) Imprudência: É a prática de um fato perigoso; ex: diri- circunstância da figura típica incriminadora ou a presença
gir veículo em rua movimentada com excesso de velo- de requisitos da norma permissiva.
cidade.
Ex: Sujeito dispara um tiro de revólver no que supõe ser
uma animal bravio, vindo a matar um homem; o erro
22) Negligência: É a ausência de precaução ou indiferença
de tipo pode ser essencial e acidental.
em relação ao ato realizado; ex: deixar arma de fogo
ao alcance de uma criança.
29) Efeito: O erro de tipo exclui sempre o dolo, seja evitá-
vel ou inevitável; como o dolo é elemento do tipo, a
23) Imperícia: É a falta de aptidão para o exercício de arte
sua presença exclui a tipicidade do fato doloso, po-
ou profissão.
dendo o sujeito responder por crime culposo, desde
que seja típica a modalidade culposa.
24) Culpa consciente e inconsciente: Na inconsciente, o
resultado não é previsto pelo agente, embora previsí-
30) Descriminantes putativas: Ocorrem quando o sujeito,
vel; é a culpa comum que se manifesta pela impru-
levado a erro pelas circunstâncias do caso concreto,
dência, negligência ou imperícia. Na consciente, o re-
supõe agir em face de uma causa excludente de ilici-
sultado é previsto pelo sujeito, que espera leviana-
tude.
mente que não ocorra ou que pode evitá-lo.
É possível que o sujeito, por erro plenamente justificado
25) Culpa própria e imprópria: Culpa própria é a comum,
pelas circunstâncias, suponha encontrar-se em face de
em que o resultado não é previsto, embora seja previ-
estado de necessidade, de legítima defesa, de estrito
sível; nela, o agente não quer o resultado nem assume
cumprimento do dever legal ou do exercício regular de
o risco de produzi-lo; na imprópria, o resultado é pre-
direito; quando isso ocorre, aplica-se o disposto no art. 20,
visto e querido pelo agente, que labora em erro de tipo
§ 1º, 1ª parte: “é isento de pena quem, por erro plenamen-
inescusável ou vencível.
te justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato
que, se existisse, tornaria a ação legítima”.
26) Compensação e concorrência de culpas: A compensa-
ção de culpas é incabível em matéria penal; não se
31) Erro provocado por terceiro: Responde pelo crime o
confunde com a concorrência de culpas; Suponha-se
terceiro que determina o erro (20, § 2º).
que 2 veículos se choquem num cruzamento, produ-
zindo ferimentos nos motoristas e provando-se que
32) Erro sobre objeto: Ocorre quando o sujeito supõe que
agiram culposamente; trata-se de concorrência de
sua conduta recai sobre determinada coisa, sendo que
culpas; os dois respondem por crime de lesão corporal
na realidade incide sobre outra. É o caso do sujeito
culposa.
subtrair açúcar supondo tratar-se de farinha.

Crime Preterdoloso
33) Erro sobre pessoa: Ocorre quando há erro de represen-
tação, em face do qual o sujeito atinge uma pessoa
27) Conceito: Podemos conceituar como crime preterdo-
supondo tratar-se da que pretendia ofender; ele pre-
loso aquele em que há dolo na conduta inicial do
tende atingir certa pessoa, vindo a ofender outra ino-
agente e o resultado desta é diverso do almejado por
cente, pensando tratar-se da primeira.
este, em outras palavras, o agente ao agir dolosamen-
te obtém um resultado lesivo diferente do almejado,
34) Erro na execução (aberratio ictus): Ocorre quando o
mais gravoso - é o que ocorre quando o agente quer o
sujeito, pretendendo atingir uma pessoa, vem a ofen-
mínimo de dano à vítima, contudo lhe causa dano de-
der outra. Há disparidade entre a relação de causali-
sastroso, como, por exemplo, uma lesão corporal se-
dade pretendida pelo agente e o nexo causal realmen-
guida de morte. Portanto, ao final, concluímos que nos
te produzido. Ele pretende que, em consequência de
crimes preterdolosos há um misto de dolo na conduta
seu comportamento, seja produzido um resultado
inicial e a culpa no resultado.
contra Antônio. Realiza a conduta e causa evento con-
tra Pedro.
Crime Consumado 45) Tentativa perfeita e imperfeita: Quando o processo
executório é interrompido por circunstâncias alheias à
35) Conceito: Determina o art. 14, I, do CP, que o crime se vontade do agente, fala-se em tentativa imperfeita ou
diz consumado quando nele se reúnem todos os ele- tentativa propriamente dita.
mentos de sua definição legal; A noção da consuma- PROFESSOR
ção expressa total conformidade do fato praticado pe- Quando a fase de execução é integralmente realizada pelo
lo agente com a hipótese abstrata descrita pela norma agente, mas o resultado não se verifica por circunstâncias
penal incriminadora. alheias à sua vontade, diz-se que há tentativa perfeita ou
crime falho.
36) A consumação nos crimes materiais: Nos crimes ma-
teriais, de ação e resultado, o momento consumativo é 46) Infrações que não admitem tentativa:
o da produção deste; assim, consuma-se o homicídio
com a morte da vítima. 1. Crimes culposos;
2. Crimes preterdolosos;
37) Crimes culposos: A consumação ocorre com a produ-
3. Crimes unisubsistentes;
ção do resultado; assim, no homicídio culposo, o mo-
4. Crimes omissivos próprios;
mento consumativo é aquele em que se verifica a mor-
5. Contravenções penais;
te da vítima.
6. Crimes condicionados;
7. Crimes habituais.
38) Crimes de mera conduta: A consumação se dá com a
simples ação; na violação de domicílio, uma das for-
47) Aplicação da pena: Pune-se a tentativa com a pena
mas de consumação é a simples entrada.
correspondente ao crime consumado, diminuída de
39) Crimes formais: A consumação ocorre com a conduta um a dois terços.
típica imediatamente anterior à fase do evento, inde-
pendentemente da produção do resultado descrito no A diminuição de um a dois terços não decorre da culpabi-
tipo. lidade do agente, mas da própria gravidade do fato consti-
tutivo da tentativa. Quanto mais o sujeito se aproxima da
40) Crimes permanentes: A consumação se protrai no consumação, menor deve ser a diminuição da pena (1/3).
tempo desde o instante em que se reúnem os seus
elementos até que cesse o comportamento do agente. Quanto menos ele se aproxima da consumação, maior
deve ser a atenuação (2/3).
41) Crime omissivo próprio: Tratando-se de crime que se
perfaz com o simples comportamento negativo (ou 48) Desistência voluntária: Consiste numa abstenção de
ação diversa), não se condicionando à produção de atividade: o sujeito cessa o seu comportamento deli-
um resultado ulterior, o momento consumativo ocorre tuoso; assim, só ocorre antes de o agente esgotar o
no instante da conduta. processo executivo.

42) Crime omissivo impróprio: A consumação se verifica


49) Arrependimento eficaz: Tem lugar quando o agente,
com a produção do resultado, visto que a simples
tendo já ultimado o processo de execução do crime,
conduta negativa não o perfaz, exigindo-se um evento
desenvolve nova atividade impedindo a produção do
naturalístico posterior.
resultado.
43) Iter Criminis: É o conjunto das fases pelas quais passa
50) Arrependimento posterior: Nos termos do art. 16 do
o delito; compõe-se das seguintes etapas:
CP, “nos crimes cometidos sem violência ou grave
a) cogitação; ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coi-
b) atos preparatórios; sa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por
c) execução; ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a
d) consumação. dois terços”.

Tentativa 51) Crime impossível: É também chamado de quase-


crime; tem disciplina jurídica contida no art. 17 do CP:
44) Conceito: É a execução iniciada de um crime que não “não se pune a tentativa quando, por ineficácia abso-
se consuma por circunstâncias alheias à vontade do luta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto,
agente. Seus elementos são o início da execução e a é impossível consumar-se o crime”.
não-consumação por circunstâncias alheias à vontade
do agente.
Há dois casos de crime impossível: 56) Estrito cumprimento do dever legal e exercício regular
de direito:
a) por ineficácia absoluta do meio; Determina o art. 23, III, do CP, que não há crime quando o
b) por impropriedade absoluta do objeto; sujeito pratica o fato em estrito cumprimento do dever
legal. É causa de exclusão da antijuricidade.
Dá-se o primeiro quando o meio empregado pelo agente,
pela sua própria natureza, é absolutamente incapaz de O art. 23, III, parte final, do CP, determina que não há crime
produzir o evento; Ex.: o agente, pretendendo matar a quando o agente pratica o fato no exercício regular de
vítima mediante veneno, ministra açúcar em sua alimen- direito. Desde que a conduta se enquadre no exercício de
tação, supondo-o arsênico. um direito, embora típica, não apresenta o caráter de anti-
jurídica.
Dá-se o segundo caso quando inexiste o objeto material
sobre o qual deveria recair a conduta ou quando, pela
situação ou condição, torna-se impossível a produção do
resultado visado pelo agente.
01.(FCC / Analista Judiciário - TRE-RN / 2011) Quando o
Nos dois casos, não há tentativa por ausência de tipicida- agente dá início à execução de um delito e desiste de
de. prosseguir em virtude da reação oposta pela vítima,
ocorre
Para que ocorra o crime impossível, é preciso que a inefi- A) arrependimento eficaz.
cácia do meio e a impropriedade do objeto sejam absolu- B) crime consumado.
tas; se forem relativas, haverá tentativa C) fato penalmente irrelevante.
D) desistência voluntária.
52) Antijuricidade: É a contradição do fato, eventualmente E) crime tentado.
adequado ao modelo legal, com a ordem jurídica,
constituindo lesão a um interesse protegido. GABARITO: E
COMENTÁRIOS: No caso em tela o agente desiste da
53) Causas de exclusão da antijuricidade: A antijuricidade ação por circunstâncias alheias a sua vontade. Assim,
pode ser afastada por determinadas causas, as de- trata-se de crime tentado.
terminadas causas de exclusão de antijuricidade.
Quando isso ocorre, o fato permanece típico, mas não 02.(FCC / Defensor - DPE-RS / 2011) Miro, em mera dis-
há crime. Excluindo-se a ilicitude, e sendo ela requisito cussão com Geraldo a respeito de um terreno disputa-
do crime, fica excluído o próprio delito e, em conse- do por ambos, com a intenção de matá-lo, efetuou três
quência, o sujeito deve ser absolvido. golpes de martelo que atingiram seu desafeto. Imedia-
tamente após o ocorrido, no entanto, quando encerra-
São causas de exclusão de antijuricidade, previstas no dos os atos executórios do delito, Miro, ao ver Geraldo
art. 23 do CP: desmaiado e perdendo sangue, com remorso, passou a
socorrer o agredido, levando-o ao hospital, sendo que
1 - ESTADO DE NECESSIDADE; sua postura foi fundamental para que a morte do ofen-
2 - LEGÍTIMA DEFESA; dido fosse evitada, pois foi providenciada a devida
3 - ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL; transfusão de sangue. Geraldo sofreu lesões graves,
4 - EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO. uma vez que correu perigo de vida, segundo auto de
exame de corpo de delito. Nesse caso, é correto afir-
54) Estado de necessidade: É uma situação de perigo mar:
atual de interesses protegidos pelo direito, em que o A) Miro responderá pelo crime de lesão corporal gra-
agente, para salvar um bem próprio ou de terceiro, não víssima previsto no art. 129, § 2º, do Código Penal,
tem outro meio senão o de lesar o interesse de ou- em vista da sua vontade inicial de matar a vítima e
trem; perigo atual é o presente, que está acontecendo; da quantidade de golpes, circunstâncias que afas-
iminente é o prestes a desencadear-se. tam a validade do auto de exame de corpo de deli-
to.
55) Legítima defesa: Nos termos do art. 25 do CP, enten- B) Incidirá a figura do arrependimento eficaz e Miro
de-se em legítima defesa quem, usando moderada- responderá por lesões corporais graves.
mente os meios necessários, repele injusta agressão, C) Incidirá a figura do arrependimento posterior, com
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. redução de eventual pena aplicada.
D) Incidirá a figura da desistência voluntária e Miro
responderá por lesões corporais graves.
E) Miro responderá por tentativa de homicídio simples, Desta forma, fica caracterizado o crime tentado, conforme
já que o objetivo inicial era a morte da vítima. o artigo 14, II, do Código Penal.

GABARITO: B Art. 14 - Diz-se o crime:


COMENTÁRIOS: Questão interessante e que exige do [...]
candidato o conhecimento do art. 15 do CP que define, II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por
inclusive, o arrependimento eficaz: circunstâncias alheias à vontade do agente.
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir
na execução ou impede que o resultado se produza, só res- 05.(FCC / MPE – SE / 2009) Pedro efetuou disparo de
ponde pelos atos já praticados. arma de fogo contra Paulo. Em seguida, arrependido, o
levou até um hospital, onde, apesar de atendido e me-
03.(Juiz - TJ-SP / 2011) Antônio, durante a madrugada, dicado, veio a falecer. Nesse caso, houve:
subtrai, com o emprego de chave falsa, o automóvel de A) arrependimento posterior.
Pedro. Depois de oferecida a denúncia pela prática de B) desistência voluntária.
crime de furto qualificado, mas antes do seu recebi- C) arrependimento eficaz.
mento, por ato voluntário de Antônio, o automóvel fur- D) crime tentado.
tado é devolvido à vítima. Nesse caso, pode-se afirmar E) crime consumado.
a ocorrência de
A) arrependimento posterior. GABARITO: E
B) desistência voluntária. COMENTÁRIOS: Esta é uma questão típica de prova e
C) arrependimento eficaz. ainda vejo muitos concurseiros errando.
D) circunstância atenuante. Como vimos em nossa aula, o arrependimento eficaz só é
E) causa de extinção da punibilidade. válido quando o indivíduo consegue EFICAZMENTE impe-
dir o resultado. No caso em tela, o resultado naturalístico
GABARITO: A acontece, logo, não há que se falar em qualquer outro
COMENTÁRIOS: Trata-se de exemplo de Arrependimento crime que não o consumado.
Posterior já que o autor, não tendo empregado violência Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir
ou grave ameaça, antes do recebimento da denún- na execução ou impede que o resultado se produza, só res-
cia/queixa, restituiu o objeto furtado por ato voluntário. A ponde pelos atos já praticados.
pena neste caso será reduzida de 1/3 a 2/3.
06.(FCC / MPE – SE / 2009) No estado de necessidade,
04.(FCC / MPE – SE / 2009) Considere: A) o agente pode responder pelo excesso doloso, mas
I. Felipe resolveu matar seu desafeto. Elaborou um não pelo culposo.
plano de ação, apanhou uma faca e o atacou, des- B) a situação de perigo não pode ter sido provocada
ferindo- lhe golpes. Este, no entanto, conseguiu por vontade do agente.
desviar-se e, utilizando técnicas de defesa pessoal, C) a reação contra agressão humana deve ser atual.
dominou e desarmou o agressor. D) a ameaça só pode ser a direito próprio.
II. Caio resolveu matar seu desafeto. Adquiriu uma E) há extinção da punibilidade.
arma e efetuou diversos disparos em sua direção,
errando o alvo e acabou sendo preso por policiais GABARITO: B
que acorreram ao local. COMENTÁRIOS: O estado de necessidade encontra-se
disposto no artigo 24 do Código Penal, nos seguintes
Nas situações indicadas, deve ser reconhecida a ocor- termos:
rência de: Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem prati-
A) fatos penalmente irrelevantes. ca o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por
B) crime tentado e crime consumado, respectivamen- sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio
te. ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável
C) crimes consumados. exigir-se.
D) crimes tentados. § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o
E) crime consumado e crime tentado, respectivamen- dever legal de enfrentar o perigo.
te. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT
Do supra artigo retiramos que para caracterizar o estado
GABARITO: D de necessidade devemos ter:
COMENTÁRIOS: Nas duas situações o agente não atinge • PERIGO ATUAL;
o seu objetivo por fatores ALHEIOS À SUA VONTADE. • PERIGO NÃO PROVOCADO VOLUNTARIAMENTE;
• AMEAÇA A DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO;
• AUSÊNCIA DE DEVER LEGAL DE ACEITAR O PERIGO. COMENTÁRIOS: Essa é fácil! As causas legais excluden-
• INEVITABILIDADE DO PERIGO POR OUTRO MODO; tes de ilicitude são:
• PROPORCIONALIDADE. • ESTADO DE NECESSIDADE;
• LEGÍTIMA DEFESA;
Analisando as alternativas, verifica-se que a que se en- • ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL;
quadra dentro dos requisitos é a alternativa “B”, deixando • EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO.
claro que não há caracterização do estado de necessida- Logo, a única resposta correta é a alternativa “B”.
de quando o agente cria a situação de perigo.
09.(OAB 2007 - Adaptada) Com relação às causas exclu-
É importante lembrar que o estado de necessidade extin- dentes de ilicitude (ou antijuridicidade), assinale a op-
gue a ILICITUDE, pode ser alegado para direito próprio ou ção correta.
de terceiro e a AGRESSÃO deve ser atual. A) Agem em estrito cumprimento do dever legal poli-
ciais que, ao terem de prender indiciado de má fa-
07.(CESPE / PC – PB / 2009) Um indivíduo, portador do ma, atiram contra ele para dominá-lo.
vírus da AIDS, manteve regularmente relações sexuais B) O exercício regular do direito é compatível com o
com sua namorada, com a intenção de matá-la por homicídio praticado pelo militar que, em guerra ex-
meio do contágio da doença. A namorada não tinha terna ou interna, mata o inimigo.
conhecimento do estado patológico de seu parceiro. C) Considera-se em estado de necessidade quem pra-
Dias após, foi constatado, por meio de exames médi- tica o fato para salvar-se de perigo atual ou futuro
cos e laboratoriais, que houve efetivamente a trans- que não provocou por sua vontade ou era escusá-
missão do vírus, apesar de os efeitos da doença ainda vel.
não terem se manifestado, não impedindo, portanto, o D) A legítima defesa putativa é causa de exclusão da
desempenho das atividades cotidianas da pessoa in- ilicitude
fectada. Nessa situação hipotética, o indivíduo porta- E) N. R. A
dor do vírus:
A) não cometeu ilícito penal, uma vez que se trata de GABARITO: E
crime impossível. COMENTÁRIOS:
B) cometeu tentativa de homicídio. Alternativa “A” - Está errada, porque não existe dever legal
C) cometeu o crime de perigo para a vida ou saúde de de matar ou para matar. A Lei não poderia determinar a
outrem. destruição da vida de uma pessoa. Conforme a orientação
D) cometeu o crime de perigo de contágio venéreo. da doutrina penal pátria, havendo a agressão de determi-
E) cometeu o crime de perigo de contágio de moléstia nada pessoa contra um policial, poderá este reagir em
grave. legítima defesa. Não é o caso de estrito cumprimento do
dever legal, mas sim de situação de legítima defesa. Afora
GABARITO: B isso, outro argumento considerado para descaracterizar o
COMENTÁRIOS: Esta situação não é muito comum em dever legal na ação é o excesso da mesma, justamente
provas, mas, como abrange uma parte importante da ma- porque não é necessário, nem aceitável, atirar num indici-
téria, resolvi colocá-la. ado com o intuito de dominá-lo.
Qual era a VONTADE do agente? MATAR A NAMORADA. Alternativa “B” - O homicídio praticado pelo militar em
Ele conseguiu? Não, por fatores alheios à sua vontade guerra externa ou interna caracteriza situação de estrito
(não importa quais são esses fatores). cumprimento do dever legal, e não de exercício regular de
Logo, responde por: direito. Excepcionalmente (caso de guerra) se aceita, no
TENTATIVA DE HOMICÍDIO!!! Direito Penal, a ação de matar como estrito cumprimento
Este deve ser o raciocínio utilizado em sua prova. do dever legal.
Alternativa “C” - Está errada, porque o estado de necessi-
08.(FCC / MPE – PE / 2006) Inclui-se dentre as causas dade enseja o perigo atual, e não o futuro.
excludentes da antijuridicidade: Alternativa “D” - A legitima defesa putativa não é causa
A) o erro inevitável sobre a ilicitude do fato. excludente de ilicitude.
B) o exercício regular de um direito. Alternativa “E” - É a resposta correta, pois todas as alter-
C) a obediência à ordem, não manifestamente ilegal, nativas estão erradas.
de superior hierárquico.
D) a embriaguez fortuita completa. 10.(FCC / Promotor – CE / 2008) A, imputável, inicia a
E) a coação irresistível. execução de um crime; antes da consumação, por de-
liberação própria, deixa de prosseguir os atos delituo-
GABARITO: B sos. A hipótese caracteriza:
A) arrependimento eficaz 12.(FCC / PC – MA / 2006) Salvo disposição em contrário,
B) tentativa pune-se a tentativa com a pena correspondente ao
C) desistência voluntária crime consumado, diminuída de um a dois terços. A
D) consumação redução de pena decorrente da tentativa deve resultar:
E) exaurimento A) do iter criminis percorrido pelo agente em direção à
consumação do delito.
GABARITO: C B) da prevalência das circunstâncias atenuantes so-
COMENTÁRIOS: Mais uma questão que exige o conheci- bre as circunstâncias agravantes.
mento do conceito de desistência voluntária. C) da maior ou menor periculosidade do agente, tendo
em conta os dados constantes do processo.
11.(FCC / BACEN / 2006) A tentativa: D) da valoração dos antecedentes do agente, especi-
A) constitui causa geral de diminuição da pena, de- almente da primariedade e da reincidência.
vendo o respectivo redutor corresponder à culpabi- E) da intensidade do dolo, do grau da culpa, e dos mo-
lidade do agente. tivos determinantes da conduta delituosa.
B) é impunível nos casos de ineficácia absoluta do
meio e de relativa impropriedade do objeto. GABARITO: A
C) exige comportamento doloso do agente. COMENTÁRIOS: Mais uma questão que exige o conheci-
D) não prescinde da realização de atos de execução, mento do fator que deve ser levado em consideração na
ainda que se trate de contravenção penal. mensuração da redução da pena a ser aplicada no caso
E) dispensa o exaurimento da infração, necessário de tentativa. Como já vimos, quanto mais próximo da
apenas para que se reconheça a consumação. consumação, menor será a redução.

GABARITO: C 13.(FCC / PC – MA / 2006) Considere:


COMENTÁRIOS: I. Paulo deseja matar José, mas desiste de seu inten-
Alternativa “A” � A redução da pena concernente à tentati- to.
va deve resultar das circunstâncias da própria tentativa. II. João deseja matar José, adquire veneno, mas se ar-
Isto quer dizer que não devem ser consideradas na redu- repende e também desiste.
ção as atenuantes ou agravantes porventura existentes e III. Luiz deseja matar José, adquire veneno, coloca na
sim tendo-se em vista o iter criminis percorrido pelo agen- xícara de café deste, mas se arrepende e impede o
te em direção à consumação do delito. mesmo de ingeri-lo.
Alternativa “B” � A impropriedade do objeto não deve ser IV. Pedro deseja matar José, adquire veneno, coloca na
relativa e sim absoluta. Observe o que dispõe o Código xícara de café deste; José toma o veneno, mas é le-
Penal: vado por sua empregada a um hospital, onde os
médicos conseguem salvá-lo.
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia abso-
luta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é im- Há tentativa de homicídio nas hipóteses indicadas
possível consumar-se o crime. APENAS em:
Alternativa “C” � É a alternativa correta, pois não há que se A) IV.
falar em tentativa para o crime culposo (salvo a culpa B) III.
imprópria). Desta forma, deve-se exigir um comportamen- C) III e IV.
to DOLOSO para a caracterização da tentativa. D) II, III e IV.
Alternativa “D” � Está completamente incorreta. Primeiro E) I e II.
porque para as contravenções não cabe tentativa, segun-
do porque será necessário o início da fase de execução GABARITO: A
para caracterização do instituto penal. Veja: COMENTÁRIOS: Vamos analisar cada item:
Art. 14 - Diz-se o crime: Item “I” � Neste primeiro item temos um indiferente penal,
[...] ou seja, não há nenhum delito. Estamos no início do iter
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por criminis, na fase do desejo, da cogitação.
circunstâncias alheias à vontade do agente. Item “II” � Ainda estamos tratando de um indiferente pe-
Alternativa “E” � Na tentativa, o indivíduo vai até o final em nal. O agente está na fase dos atos preparatórios e desis-
busca do resultado almejado, mas é interrompido por te de seu intento.
circunstâncias alheias à sua vontade. Item “III” � Aqui a fase de execução tem início, mas o
agente se arrepende (desistência voluntária). Neste caso,
responderá somente pelos atos já praticados que, no ca-
so em tela, não caracterizam crime.
Item “IV” � Agora sim!!! Aqui temos a tentativa de homicí- C) o erro quanto à pessoa contra a qual o crime é pra-
dio. O agente só não obtêm o resultado naturalístico por ticado não isenta de pena o agente.
fatores alheios à sua vontade. D) não há isenção de pena quando o erro deriva da
culpa e o fato é punível como crime culposo.
14.(FCC / PC – MA / 2006) Inclui-se dentre as causas E) o erro sobre o elemento constitutivo do tipo legal
excludentes da ilicitude: do crime, não exclui o dolo, mas impede a punição
A) a coação física irresistível. por crime culposo, ainda que previsto em lei.
B) o estado de necessidade.
C) a legítima defesa putativa. GABARITO: E
D) a coação moral irresistível. COMENTÁRIOS: Questão que exige o conhecimento do
E) o desconhecimento da lei. artigo 20, 21 e seus parágrafos.
Alternativa “A” - Reproduz o final do artigo 21. Observe:
GABARITO: B Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro so-
COMENTÁRIOS: Como já vimos, o ESTADO DE NECESSI- bre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitá-
DADE é uma excludente de ilicitude. vel, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Alternativa “B” - Reproduz o início do parágrafo 1º do arti-
15.(FCC / Defensor Publico – MA / 2003) A tentativa: go 20. Veja:
A) é impunível nos casos de ineficácia absoluta do § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado
meio e de relativa impropriedade do objeto. pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existis-
B) dispensa o exaurimento da infração, necessário se, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando
apenas para que se reconheça a consumação. o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo
C) não prescinde, para seu reconhecimento, da reali- Alternativa “C” - Reproduz o início do parágrafo 3º do arti-
zação de atos de execução, ainda que se trate de go 20.
contravenção penal. § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é pratica-
D) exige comportamento doloso do agente. do não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as
E) constitui causa geral de diminuição da pena, de- condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa con-
vendo o respectivo redutor corresponder à culpabi- tra quem o agente queria praticar o crime.
lidade do agente. Alternativa “D” -� Reproduz o final do parágrafo 1º, acima
reproduzido.
GABARITO: D Alternativa “E” - Contraria o “caput” do artigo 20 ao dizer
COMENTÁRIOS: Questão bem parecida com a número 14 que impede a punição por crime culposo. Observe:
e aqui valem os mesmos comentários, ou seja, a tentativa Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de
exige comportamento DOLOSO do agente. crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo,
se previsto em lei.
16.(FCC / ISS–SP / 2007) Exclui a ilicitude da conduta:
A) a coação irresistível. 18.(FCC / MPE – CE / 2009) No crime preterdoloso , tem-
B) a obediência hierárquica. se:
C) a desistência voluntária. A) dolo no antecedente e dolo no conseqüente
D) o estrito cumprimento do dever legal. B) culpa no antecedente e culpa no conseqüente
E) o arrependimento posterior. C) culpa no antecedente e dolo no conseqüente
D) dolo no antecedente e culpa no conseqüente
GABARITO: D E) responsabilidade objetiva
COMENTÁRIOS: O estrito cumprimento do dever legal é
uma EXCLUDENTE DE ILICITUDE. GABARITO: D
COMENTÁRIOS: Como vimos, o crime preterdoloso é ca-
17.(FCC / TJ – PE / 2007) Quanto ao erro sobre os ele- racterizado pelo dolo no antecedente e culpa no conse-
mentos do tipo, o erro determinado por terceiro, o erro quente.
sobre a pessoa e o erro sobre a ilicitude do fato, trata-
dos no Código Penal, é INCORRETO afirmar que: 19.(TJ-SP / 2009) Depois de haver saído do restaurante
A) o erro do agente sobre a ilicitude do fato, se inevi- onde havia almoçado, Felipe, homem de pouco cultivo,
tável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la percebeu que lá havia esquecido sua carteira e voltou
de um sexto a um terço. para recuperá-la, mas não mais a encontrou. Acredi-
B) é isento de pena quem, por erro plenamente justifi- tando ter o direito de fazer justiça pelas próprias mãos,
cado pelas circunstâncias, supõe situação de fato tomou para si objeto pertencente ao dono do referido
que, se existisse tornaria a ação legítima. restaurante, supostamente de valor igual ao seu preju-
ízo. Esse fato pode configurar:
A) erro determinado por terceiro. GABARITO: D
B) erro de tipo.
C) erro de permissão. COMENTÁRIOS: Agiu o Holandês com erro de proibição,
D) erro de proibição. ou seja, sabia o que estava fazendo (fumando droga), mas
E) N.R.A. imaginava lícito (porque na Holanda é liberado).
CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PARA AFT
GABARITO: D 22.(Juiz - TJ-SP / 2011 - Adaptada) Analise as proposi-
COMENTÁRIOS: Perceba, Guerreiro, que no caso em tela ções seguintes.
fica claro que Felipe tem conhecimento da ilicitude do ato I. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de
de furtar, mas, através de um juízo próprio, julga ser seu crime exclui o dolo, mas não permite a punição por
ato plenamente lícito por ter o “direito de fazer justiça crime culposo, ainda que previsto em lei.
pelas próprias mãos”. Assim, estamos diante do ERRO DE II. Responde pelo crime o terceiro que determina o er-
PROIBIÇÃO. ro.
III. O desconhecimento da lei é inescusável, mas o erro
20.(Juiz Substituto / 2008) Mulher na rodoviária é abor- sobre a ilicitude do fato, se inevitável, poderá dimi-
dada por um sujeito que pede que ela leve uma caixa nuir a pena de um sexto a um terço.
de medicamento para um amigo seu que estará espe-
rando no local de destino. Inocentemente, a mulher Assinale as proposições corretas.
pega a caixa, entra no ônibus e segue viagem. Che- A) I, II, apenas.
gando ao local, é abordada por policiais que, ao abrir a B) II, III, apenas.
caixa de remédios verifica que há 200 gramas de pó de C) I, apenas.
cocaína. A mulher cometeu: D) I, II e III.
A) erro determinado por terceiro. E) II, apenas
B) erro de tipo.
C) erro de permissão. GABARITO: E
D) erro de proibição.
E) N.R.A. COMENTÁRIOS: Analisando as assertivas:

GABARITO: B Assertiva I - Incorreta - O erro sobre elemento constitutivo


COMENTÁRIOS: A mulher agiu com erro de tipo, ou seja, do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a puni-
entendia ausente um elemento típico presente, qual seja, ção por crime culposo, se previsto em lei, nos termos do
levar consigo drogas. art. 20 do CP;

“Mas professor...Eu marquei erro determinado por tercei- Assertiva II - Correta - Responde pelo crime o terceiro que
ro...Porque está errado?” determina o erro, nos termo do art. 20, parágrafo 2º, do
CP;
Observe que no caso a pessoa pensa estar levando medi-
camento (Lícito) quando na verdade leva drogas (Ilícito). Assertiva III - Incorreta - O desconhecimento da lei é
Não há qualquer PROVOCAÇÃO para que o agente erre. inescusável, mas o erro sobre a ilicitude do fato, “se evitá-
Não há qualquer obrigação de se levar algo que outrem vel”, poderá diminuir a pena de 1/6 a 1/3. No caso de “ser
pede. inevitável” isenta de pena.

Desta forma, fique tranquilo que se a banca quiser exigir o


conhecimento de um erro determinado por terceiro ela
será BEM CLARA quanto à existência de uma real provo-
cação. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
E B A D E B B B E C
21.(Analista Judiciário / 2007) Holandês é pego no aero-
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
porto de Guarulhos/SP fumando seu cigarrinho de ma-
conha, pois pensa ser lícita a conduta com base no or- C A A B D D E D D B
denamento de seu país. Comete o Holandês: 21 22 — — — — — — — —
A) erro determinado por terceiro. T D E — — — — — — — —
B) erro de tipo.
C) erro de permissão.
D) erro de proibição.
E) N.R.A.
CONCEITO

Segundo Damásio E. de Jesus a imputabilidade penal é o


conjunto de condições pessoais que dão ao agente capa-
cidade para lhe ser juridicamente imputada a prática de
A imputabilidade penal é um dos elementos da culpabili- um fato punível.
dade. Mas o que exatamente é a culpabilidade?
Sobre outro enfoque temos o conceito de Heleno Cláudio
A culpabilidade é a possibilidade de se considerar alguém Fragoso que define a imputabilidade como condição pes-
culpado pela prática de uma infração penal. Por essa ra- soal de maturidade e sanidade mental que confere ao
zão, costuma ser definida como juízo de censurabilidade agente a capacidade de entender o caráter ilícito do fato
e reprovação, exercido sobre alguém que praticou um fato ou de se determinar segundo esse entendimento.
típico e ilícito.
Na imunidade diplomática ou parlamentar absoluta, os
Não se trata de elemento do crime, mas pressuposto para diplomatas e parlamentares são imputáveis, porém, não
imposição de pena, pois, sendo um juízo de valor sobre o são responsáveis. Portanto, todo imputável é responsável
autor de uma infração penal, não se concebe que se pos- penalmente, salvo os detentores de imunidades materiais.
sa ao mesmo tempo estar dentro do crime, como seu
elemento, e fora, como juízo externo de valor do agente. Do exposto, podemos afirmar que a imputabilidade de-
pende de dois elementos:
A culpabilidade é objetiva ou subjetiva?
1) INTELECTIVO - Diz respeito à integridade mental do
Para LFG, a culpabilidade é do fato (objetiva), repudiando indivíduo;
direito penal do autor.
2) VOLITIVO - Refere-se ao domínio da vontade, ou seja, o
A culpabilidade (imputabilidade, potencial consciência da agente controla e comanda seus impulsos relativos à
ilicitude e exigibilidade de conduta diversa) é subjetiva, compreensão do caráter ilícito do fato.
ligada ao agente do fato (e não ao fato do agente). Isso
não significa direito penal do autor, pois continua se in- Esses dois elementos devem coexistir para que o indiví-
criminando somente fatos. duo seja considerado imputável.

SÃO REQUISITOS DA CULPABILIDADE: Por fim, cabe ressaltar que o legislador penal optou por
inserir no Brasil um critério cronológico para aferição da
A) IMPUTABILIDADE; imputabilidade, ou seja, presume-se imputável o indivíduo
no dia em que ele completa 18 anos.
B) POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE - Para mere-
cer uma pena, o sujeito deve ter agido na consciência MOMENTO PARA CONSTATAÇÃO DA IMPUTABILIDADE
de que sua conduta era ilícita. Se não detiver o neces-
sário conhecimento da proibição (que não se confun- O código penal, ao começar a dispor sobre a imputabili-
de com desconhecimento da lei, o qual é inescusável), dade, dispõe em seu art. 26:
sua ação ou omissão não terá a mesma reprovabilida- CURSO ON
de. Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou re-
C) EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA- Está relacio- tardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, intei-
nada, primordialmente, com a coação moral irresistível ramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato
e com a obediência hierárquica à ordem manifesta- ou de determinar-se de acordo com esse entendi-
mente ilegal. mento.

Na coação moral irresistível, há fato típico e ilícito, mas o Observe que o Código Penal é claro ao fixar o tempo da
sujeito não é considerado culpado, em face da exclusão ação ou omissão como o momento para a aferição da
da exigibilidade de conduta diversa. imputabilidade. Neste ponto, cabe ressaltar que qualquer
alteração posterior, como a superveniência de doença
Na obediência hierárquica, se a ordem é aparentemente mental, por exemplo, será IRRELEVANTE para fins penais,
legal e o subordinado não podia perceber sua ilegalidade, influenciando apenas na esfera processual.
exclui-se a exigibilidade de conduta diversa, e ele fica
isento de pena.
SISTEMAS PARA AFERIÇÃO DA INIMPUTABILIDADE Neste sistema há uma conjugação entre a atuação do
perito e do magistrado. Enquanto o primeiro analisa os
Sistema de imputabilidade: O conceito de imputabilidade aspectos biológicos, o segundo verifica a situação psico-
no CP é um conceito negativo, pois define o que é inimpu- lógica do agente.
tável (não imputável). Para tanto, o CP se vale de critérios
de definição da inimputabilidade. Exceção ao sistema biopsicológico- Faz-se importante
ressaltar que, excepcionalmente, o Sistema biológico é
Para aferição da inimputabilidade existem três sistemas, adotado no tocante aos menores de 18 anos, ou seja,
sendo que um deles é adotado como regra em nosso país. não importa a capacidade mental, Bastando a simples
Vamos analisar qualificação como menor para Caracterizar a inimputabi-
lidade.
1) SISTEMA BIOLÓGICO-
CAUSAS DE INIMPUTABILIDADE
Entende que inimputáveis são aquelas pessoas que têm
determinadas doenças, não se fazendo maiores questio- O legislador penal definiu as seguintes hipóteses de inim-
namentos. putabilidade:

Nesse caso, não se discute os efeitos da doença nem o 1. Menoridade;


momento da ação ou omissão, só sendo examinada a 2. Desenvolvimento mental retardado;
causa (moléstia). Em síntese, esse sistema considera 3. Desenvolvimento mental incompleto;
apenas as alterações fisiológicas no organismo do agen- 4. Doença mental;
te. 5. Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou
força maior.
O principal problema deste sistema é que não há qualquer
margem de liberdade ao julgador, ficando este “refém” de Vamos agora começar a conhecer as particularidades de
um laudo. Para ficar bem claro, imaginemos que em de- cada uma destas espécies:
terminado processo penal é apresentado ao juiz um laudo
constatando a doença mental do indivíduo. 1) MENORIDADE

Para o magistrado, será irrelevante se ao tempo da ação o Como já vimos, para a aferição da menoridade utiliza-se o
agente se mostrava completamente lúcido de entender o critério biológico.
ilícito, pois pelo sistema biológico a doença mental ocasi-
ona presunção ABSOLUTA de inimputabilidade. Assim, não importa o quanto é inteligente, perspicaz ou
entendedor de seus atos o menor de 18 anos, pois há
2) SISTEMA PSICOLÓGICO- presunção absoluta de inimputabilidade.

Neste sistema, pouco importa se o indivíduo apresenta ou Nos termos do art. 27 do CP temos:
não deficiência mental. Será inimputável o agente se, no
momento da ação ou omissão, mostrar incapacidade de Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são pe-
entender um ilícito. Atenção que não se exige doença de nalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas
qualquer tipo para a constatação da inimputabilidade, estabelecidas na legislação especial.
mas sim INCAPACIDADE DE ENTENDER UM ILÍCITO. O
problema deste sistema é dar uma liberdade muito grande MAS COMO PROVAR AO JUIZ QUE O INDIVÍDUO É ME-
ao julgador. NOR DE 18 ANOS?

3) SISTEMA BIOPSICOLÓGICO – Segundo a súmula 74 do STJ, para efeitos penais, o reco-


nhecimento da menoridade do réu requer prova por do-
É o adotado pelo Brasil e resulta da união entre os dois cumento hábil, ou seja, preferencialmente deve ser apre-
sistemas que acabamos de tratar. Segundo o sistema sentada a certidão de nascimento. Todavia esta pode ser
biopsicológico, é inimputável aquele que, ao tempo da suprida por qualquer outro documento tais como a cartei-
conduta, apresenta um problema mental e, em razão dis- ra de identidade, certidão de batismo etc.
so, não possui capacidade para entender o caráter ilícito
do fato. OBSERVAÇÃO 01: A emancipação na esfera civil não
atinge a penal, ou seja, se o indivíduo for emancipado,
para fins penais, continuará sendo considerado inimpu-
tável quanto à aspectos penais.
O critério utilizado pelo legislador para se chegar ao limite Cabe por fim ressaltar que, como já vimos, o legislador
de 18 anos, foi de política criminal (vontade do legislador) penal optou por adotar o sistema biopsicológico, o que
e não postulados científicos. nos leva a concluir que pelo simples fato de o indivíduo
possuir doença mental, já podemos afirmar que ele é
O TPI não terá jurisdição sobre pessoas que não tenham inimputável, correto??? CLARO QUE NÃO!!!
ainda completado 18 anos. Abaixo desta idade não pode
ser julgado perante o TPI. Pelo critério biopsicológico, se o “doente mental” apresen-
tar lucidez no momento do ato, mesmo que seja portador
Segundo art. 228 da CF, são penalmente inimputáveis os de alguma enfermidade, responderá este pelo ato ilícito
menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legisla- sendo considerado imputável.
ção especial.
3) DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO
Mesmo que o agente tenha se emancipado civilmente,
não perderá a inimputabilidade. Segundo a doutrina, os silvícolas e os menores possuem
desenvolvimento mental incompleto.
“Mas, professor, agora surgiu uma dúvida: E como é que
ficam os crimes permanentes em que o agente começa o Os silvícolas, que nada mais são do que os índios, nem
delito como menor e termina como maior?” sempre serão inimputáveis, dependendo do grau de assi-
milação dos valores sociais, a ser revelado por exame
Excelente pergunta! Nessas espécies de crimes o menor pericial.
só poderá ser responsabilizado pelos fatos cometidos
após ter atingido a maioridade. Da conclusão da perícia, o silvícola pode ser:

Imaginemos, por exemplo, a seguinte situação: Felipe, a. imputável - Se integrado à vida em sociedade.
menor, sequestra Mévia. Ainda com 17 anos tortura a b. semi-imputável - No caso de estar dividido entre o
vítima e, um dia após completar 18 anos é descoberto convívio na tribo e na sociedade; e
pela polícia. c. INIMPUTÁVEL- Quando está completamente INADAP-
TADO, ou seja, fora da sociedade.
Primeira pergunta: Poderá Felipe responder pela tortura?
A resposta é negativa, pois há presunção absoluta de A fim de exemplificar o tema, observe o interessante jul-
inimputabilidade. gado:

Segunda pergunta: Felipe poderá responder pelo seques- STJ, HC 30.113/MA, DJ 16.11.2004
tro? A resposta é positiva, pois a permanência cessou
após o agente haver completado 18 anos. I. Hipótese em que o paciente, índio Guajajara, foi con-
denado, juntamente com outros três co-réus, pela
OBSERVAÇÃO 02: CONSIDERA-SE COMPLETADOS OS 18 prática de tráfico ilícito de entorpecentes, em associ-
ANOS ÀS 00:00H DO DIA EM QUE O INDIVÍDUO COM- ação, e porte ilegal de arma de fogo, pois mantinha
PLETA SEU 18º ANOS DE VIDA, OU SEJA, PARA EFEITOS plantio de maconha na reserva indígena Piçarra Pre-
PENAIS É INDIFERENTE A HORA DE NASCIMENTO. ta, do qual era morador.
CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL
2) DOENÇA MENTAL II. Não é indispensável a realização de perícia antropo-
lógica, se evidenciado que o paciente, não obstante
A expressão “doença mental”, sem dúvida, possui um ser índio, está integrado à sociedade e aos costumes
caráter bem subjetivo. Todavia, no que diz respeito ao da civilização.
tema imputabilidade penal, entende a doutrina que deve
ser interpretada em sentido amplo, ou seja, abrangendo III. Se os elementos dos autos são suficientes para afas-
não só os problemas patológicos, mas também os de tar quaisquer dúvidas a respeito da inimputabilidade
origem toxicológica. do paciente, tais como a fluência na língua portugue-
sa, certo grau de escolaridade, habilidade para con-
Quanto a este ponto, é irrelevante o fato de a doença duzir motocicleta e desenvoltura para a prática cri-
mental ser permanente ou transitória. O que importa é minosa, como a participação em reuniões de trafican-
que ela esteja presente no momento da ação ou omissão. tes, não há que se falar em cerceamento de defesa
decorrente da falta de laudo antropológico.
4) DESENVOLVIMENTO MENTAL RETARDADO b. Demais inimputáveis - Submetem-se à justiça penal
sendo processados e julgados como qualquer outro
O art. 26 do Código Penal, ao tratar do tema, dispõe: indivíduo.

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença “Mas, professor, agora enrolou tudo...o indivíduo é inimpu-
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou tável e mesmo assim é processado e julgado?”
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, in-
teiramente incapaz de entender o caráter ilícito do Exatamente isso. Você se lembra da teoria finalista que
fato ou de determinar-se de acordo com esse enten- estudamos quando vimos o conceito de crime? Na ocasi-
dimento. ão dissemos que crime é fato típico e ilícito sendo a CUL-
PABILIDADE MERO PRESSUPOSTO DE APLICAÇÃO DA
O desenvolvimento mental retardado compreende o esta- PENA.
do mental dos oligofrênicos (nos graus de debilidade
mental, imbecilidade e idiotia) e as pessoas que, por au- Como a imputabilidade integra a culpabilidade, podemos
sência ou deficiência dos sentidos, possuem deficiência dizer, com certeza, que o agente cometeu um crime, mas,
psíquica (Ex: surdo-mudo). com base na culpabilidade, a pena não poderá ser impos-
ta.
Segundo Ramos MARANHÃO, “o retardo mental é uma
condição de desenvolvimento interrompido ou incompleto Trata-se da chamada sentença de absolvição imprópria,
da mente, especialmente caracterizada por um compro- pois o réu é absolvido no tocante a pena( em sentido pe-
metimento de habilidades manifestadas durante o perío- nal), mas contra ele é aplicada uma medida de segurança.
do de desenvolvimento, as quais contribuem para o nível
global da inteligência e compreensão”. A MEDIDA DE SEGURANÇA é tratamento a que deve ser
submetido o autor de crime com o fim de curá-lo ou, no
“Mas professor, quer dizer então que o indivíduo com caso de tratar-se de portador de doença mental incurá-
desenvolvimento mental retardado será sempre inimputá- vel, de torná-lo apto a conviver em sociedade sem voltar
vel?” a delinquir (cometer crimes). Não tem natureza de pena
e o tratamento deverá ser feito em hospital de custódia e
A resposta é negativa e, para caracterizar a inimputabili- tratamento, nos casos em que é necessária internação
dade deve-se verificar o ocorrido no momento da ação ou do paciente ou, quando não houver necessidade de in-
omissão. Analisando: ternação, o tratamento será ambulatorial (a pessoa se
apresenta durante o dia em local próprio para o atendi-
1. AGENTE CAPAZ DE ENTENDER O CARÁTER ILÍCITO DO mento), dando-se assistência médica ao paciente.
ATO NO MOMENTO DA AÇÃO OU OMISSÃO: IMPUTÁ-
VEL! 5) SEMI-IMPUTABILIDADE

2. AGENTE PARCIALMENTE CAPAZ DE ENTENDER O Sobre o tem dispõe o parágrafo único do art. 26 da se-
CARÁTER ILÍCITO DO ATO NO MOMENTO DA AÇÃO OU guinte forma:
OMISSÃO: SEMIIMPUTÁVEL!
Art. 26
3. AGENTE INTEIRAMENTE INCAPAZ DE ENTENDER O [...]
CARÁTER ILÍCITO DO ATO NO MOMENTO DA AÇÃO OU Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a
OMISSÃO: INIMPUTÁVEL! dois terços, se o agente, em virtude de perturbação
de saúde mental ou por desenvolvimento mental in-
EFEITOS DA INIMPUTABILIDADE completo ou retardado não era inteiramente capaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
Um erro muito comum entre as pessoas é pensar que se de acordo com esse entendimento.
nada ocorre com o inimputável. Seria justo que um menor
cometesse um homicídio e o Estado nada fizesse? É claro O supracitado dispositivo legal cuida da semi-imputabili-
que não, logo de uma conduta ilícita sempre advém um dade que ocorre quando o agente não era inteiramente
determinado efeito. Vamos conhecê-los: capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determi-
nar-se de acordo com esse entendimento em virtude de:
a. Para os menores de 18 anos - Ficam sujeitos ao Esta-
tuto da Criança e do Adolescente. 1. Perturbação de saúde mental;
2. Desenvolvimento mental incompleto;
3. Desenvolvimento mental retardado.
Neste caso não ocorre a exclusão da culpabilidade e, por- EXCEÇÃO: EMOÇÃO E PAIXÃO PATOLÓGICAS
tanto, estará sujeito à pena o agente. Entretanto, o legis-
lador achou por bem definir uma causa OBRIGATÓRIA de Existem determinadas situações em que a emoção ou
diminuição de pena, devendo o juiz reduzir esta de um a paixão configuram um estado patológico, ou seja, carac-
dois terços. terizam uma verdadeira psicose, indicativa de doença
mental.
Por fim, cabe ressaltar que se o magistrado julgar conve-
niente poderá substitui a pena por medida de segurança. Caso seja comprovado através da perícia que se trata
desta modalidade de emoção ou paixão, que é capaz de
6) EMOÇÃO E PAIXÃO retirar do agente o entendimento do caráter ilícito da situ-
ação, restará caracterizada a inimputabilidade ou se-
Para começar este tópico imaginemos a seguinte situa- miimputabilidade, dependendo do caso.
ção: Felipe torcedor do Fluminense é casado com Mévia.
Determinado dia, ao entrar em casa, encontra Mévia ves- 7) EMBRIAGUEZ
tida com uma camisa do Flamengo e, acometido de uma
cólera imensa, comete o crime de homicídio. Ensina Luiz Régis Prado que “a embriaguez consiste em
um distúrbio físicomental resultante de intoxicação pelo
Neste caso, poderá ser Felipe condenado? álcool ou substâncias de efeitos análogos, afetando o
sistema nervoso central, como depressivo/narcótico”.
Claro que sim, pois nos termos do art. 28, I do Código
Penal: FASES DA EMBRIAGUEZ

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: 1) Fase de excitação (fase do macaco) –


I - a emoção ou a paixão;
CURSO ON-LINE – O indivíduo apresenta um comportamento inquieto, falan-
Para uma correta compreensão, vamos começar definin- te, mas ainda consciente de seus atos e palavras e além
do as duas palavras: disso as vezes consegue atingir níveis de persuasão - por
estar mais eloquente - que talvez não fosse capaz antes.
• Emoção: É o estado afetivo que acarreta na perturba-
ção transitória do equilíbrio psíquico, tal como no me- 2) Fase de confusão (fase do leão) –
do, ira, cólera, ansiedade, alegria, surpresa, prazer eró-
tico e vergonha. Quando o embriagado torna-se eventualmente (depen-
dendo do temperamento da pessoa) nocivo: fica volunta-
• Paixão: É a emoção mais intensa e duradoura do equi- rioso, age irrefletida e violentamente. Caracteriza-se por
líbrio psíquico. Exemplos: Ciúme, vingança, ódio, am- perturbações psicossensoriais profundas.
bição etc.
3) Fase superaguda ou comatosa (fase do porco) –
Nas lições de Nélson Hungria, pode dizer-se que a paixão
é a emoção que se protrai no tempo, incubando-se, intro- Inicialmente há sono e o coma se instala progressivamen-
vertendo-se, criando um estado contínuo e duradouro de te. Nessa terceira fase o ébrio somente pode praticar cri-
perturbação afetiva em torno de uma ideia fixa, de um mes omissivos.
pensamento obsidente.
ESPÉCIES DE EMBRIAGUEZ
A emoção dá e passa; a paixão permanece, alimentando-
se de si própria. Mas a paixão é como o borralho que, a • Quanto à intensidade:
um sopro mais forte, pode chamejar de novo, voltando a
ser fogo crepitante, retornando a ser estado emocional 1. COMPLETA: É a embriaguez que chegou à segunda ou
agudo. terceira fase.
2. INCOMPLETA: É a embriaguez que está na primeira
Portanto, resumindo o que até agora vimos, podemos fase.
dizer que a diferença entre a emoção e a paixão repousa
na duração e que na ocorrência de qualquer das duas • Quanto à origem:
situações não ocorre a inimputabilidade. 1. VOLUNTÁRIA: É a forma de embriaguez em que o indi-
víduo ingere bebidas com a intenção de embriagar-se.
Neste caso ele não quer praticar infrações penais, mas
quer exceder os limites.
2. CULPOSA: Este é o caso daquele indivíduo que não [...]
sabe beber, ou seja, ele não quer embriagar-se, mas, II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool
por não conhecer seus limites, acaba embriagado. ou substância de efeitos análogos.
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez
3. PREORDENADA OU DOLOSA: Essa é a forma de embri- completa, proveniente de caso fortuito ou força mai-
aguez do sujeito que além de “mal-caráter” é covarde, or, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramen-
ou seja, ele quer cometer uma infração e se embriaga te incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
para que os efeitos do álcool tornem mais fácil sua determinar-se de acordo com esse entendimento.
atuação. § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços,
se o agente, por embriaguez, proveniente de caso
4. ACIDENTAL OU FORTUITA: É a embriaguez resultante fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da
de caso fortuito ou força maior: ação ou da omissão, a plena capacidade de entender
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acor-
a) Caso fortuito: Ocorre quando o indivíduo não percebe do com esse entendimento.
ser atingido pelo álcool ou desconhece determinada
situação fisiológica que potencializa os efeitos da be- Do supracitado texto legal extraímos que a embriaguez
bida. Exemplo: Felipe toma determinado medicamento acidental ou fortuita, SE COMPLETA, é capaz de ao tempo
que faz com que fiquem mais fortes os efeitos do ál- da conduta tornar o agente inteiramente incapaz de en-
cool e, devido a isso, acaba embriagado. tender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento, exclui a imputabilidade
b) Força maior: Ocorre em situações em que o indivíduo é penal.
obrigado a beber. Exemplo: Mévio, trabalhador de uma
destilaria, cai em um tonel cheio de bebida e acaba Todavia, a embriaguez acidental ou fortuita INCOMPLETA,
embriagado. isto é, aquela que no momento da conduta retira do agen-
te apenas parte do entendimento do caráter ilícito do fato,
Caso fortuito – o Completa – isenta o autoriza a diminuição de pena de um a dois terços, ou
agente ignora o agente de pena. seja, equivale à semi-imputabilidade.
caráter inebriante Incompleta – diminui
EMBRIAGUEZ da substância; a pena (art. 28, §2º). Podemos resumir o tema da seguinte forma:
ACIDENTAL Força maior – o CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL
agente é forçado a TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA
ingerir a substân-
cia. Denomina-se "actio libera in causa" a ação de quem usa
Voluntária – o Completa; deliberadamente um meio para colocar-se em estado de
agente quer se Incompleta. incapacidade física ou mental, parcial ou plena, no mo-
EMBRIAGUEZ embriagar. Não excluem a impu- mento da ocorrência do fato criminoso.
NÃO ACIDENTAL Culposa – o agente tabilidade (art. 28, II,
exagerou, foi ne- CP). É também a ação de quem, apesar de não ter a intenção
gligente. de praticar o delito, podia prever que tal meio o levaria a
Doentia – pode Art. 26, caput cometê-lo.
configurar anoma- ou
EMBRIAGUEZ
lia psíquica. Art. 26, parágrafo A teoria da "actio libera in causa" foi adotada na Exposi-
PATOLÓGICA
único ção de Motivos original do CP, de modo que se considera
(doente mental) imputável quem se põe em estado de inconsciência ou de
Voluntária + querer Art. 61, II, ‘l’ incapacidade de autocontrole, seja dolosa ou culposa-
praticar o crime – Não importa se com- mente, e nessa situação comete o crime.
EMBRIAGUEZ PRÉ
meio de que o pleta ou incompleta
ORDENADA Ao adotar tal orientação, o Código Penal adotou a doutri-
agente se vale para serve como agravan-
praticar o delito. te de pena. na da responsabilidade objetiva, pela qual deve o agente
responder pelo crime.
CONSEQUÊNCIAS DA EMBRIAGUEZ
Portanto, essa teoria leva em conta os aspectos mera-
O Código Penal ao tratar do tema dispõe da seguinte for- mente objetivos do delito, sem considerar o lado subjetivo
ma: deste.

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:


Considera-se a responsabilidade penal objetiva quando o ATO ANTECEDENTE ATO TRANSITÓRIO
CONSEQUÊNCIA
agente é considerado culpado apenas por ter causado o (LIVRE NA VONTADE) (INCONSCIENTE)
resultado. Quando bebia previu Atropelamento com Homicídio doloso
+ quis morte
Quando bebia previu Atropelamento com Homicídio doloso
Como já vimos, frente ao princípio constitucional do esta-
+ aceitou morte (dolo eventual)
do de inocência e à teoria finalista adotada pelo Código
Quando bebia previu Atropelamento com Homicídio culposo
Penal, é inadmissível a responsabilidade penal objetiva, + acreditou poder morte (com culpa conscien-
salvo nos casos da "actio libera in causa". evitar te)
Quando bebia não Atropelamento com Homicídio culposo
Assim, no que diz respeito à embriaguez, invoca-se esta previu, mas era previ- morte (com culpa inconsci-
teoria para justificar a penalização do indivíduo que ao sível ente)
tempo da conduta encontrava-se em estado de inconsci- Quando bebia ele não Atropelamento com Aqui não se pode
ência. O dolo ou culpa é analisado no momento da embri- previu e era imprevi- morte aplicar a teoria da
aguez e não no instante da ação ou omissão. sível actio libera in causa,
pois resultaria em
responsabilidade
A teoria da actio libera in causa no só é aplicável para justi-
penal objetiva, pois
ficar a punição no caso de embriaguez, mas também nos aqui não há dolo, nem
demais estados de inconsciência. culpa.

Na embriaguez não acidental e pré-ordenada, somente POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE


será possível condenar o agente, ainda que completamen-
te embriagado, por meio da aplicação da actio libera in A única hipótese de exclusão da potencial consciência da
causa. Segundo esta teoria, o ato transitório revestido de ilicitude é o erro de proibição que estava previsto no art.
inconsciência decorre de ato antecedente que foi livre na 21, CP.
vontade, transferindo-se para este momento anterior a
constatação da imputabilidade. Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O
erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de
Não se analisa o querer no momento da conduta, mas sim pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um
no momento em que o agente era livre para escolher entre terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
se embriagar ou não. Para parte da doutrina, eis aqui um Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o
resquício de responsabilidade penal objetiva. agente atua ou se omite sem a consciência da ilici-
tude do fato, quando lhe era possível, nas circuns-
Imagine o condutor embriagado (embriaguez não aci- tâncias, ter ou atingir essa consciência. (Redação
dental), que atropela uma vítima que vem a falecer. dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Neste caso, segundo a teoria da actio libera in causa,
deve-se analisar o momento em que o agente bebeu, É a possibilidade de conhecer que o comportamento é
podendo ocorrer 5 hipóteses: proibido, desviado daquele esperado pela sociedade.

- O agente bebe e prevê o - Responderá por homicídio Para que o comportamento seja penalmente reprovável é
risco (tem previsão) doloso, decorrente de dolo necessário que o agente tenha a possibilidade concreta
direto. de saber que seu comportamento contraria o direito.
- O agente bebe e assume o - Responderá por homicídio
risco de atropelar alguém doloso, decorrente de dolo Segundo o art. 21 do CP, o desconhecimento da lei é ines-
(tem previsão). eventual. cusável (evitável). O erro sobre a ilicitude do comporta-
- O agente bebe e acredita - Responde por homicídio mento, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá
que não causará qualquer culposo, a título de culpa diminuí-la de um sexto a um terço.
acidente (tem previsão). consciente.
- O agente não tem previsão, - Responde por homicídio Desta regra, surgem 3 situações:
porém, há previsibilidade e culposo, a título de culpa in-
punibilidade. consciente. a) O agente ignora a lei sem desconhecer a ilicitude do
- Não há sequer previsibili- - Não há dolo e culpa. Aplicar a fato (ex: ignora que adultério é crime, mas não ignora
dade (ex: tinha uma pessoa teoria da actio libera in causa que o adultério é um comportamento desviado daquele
deitada na rodovia 3 horas é aplicar a responsabilidade esperado pela sociedade, ou seja, ele conhece a ilicitu-
da manhã). penal objetiva. de do fato): não é caso de erro de proibição, servindo
apenas como mera causa atenuante de pena;
b) O agente ignora a lei e desconhece a ilicitude do fato Para teoria psicológica normativa, seja ou não evitável o
(ex: agente fabrica açúcar em sua residência), havendo erro de proibição, o agente não tem a atual consciência da
erro de proibição. Conclusão: havendo erro quanto à ilicitude; sendo assim, sempre estaria excluído o dolo (a
ilicitude do fato (comportamento desviado daquele es- culpabilidade). Para teoria normativa pura, a potencial
perado pela sociedade), haverá erro de proibição; no consciência da ilicitude só desaparece se o erro de proibi-
entanto, havendo somente a ignorância da lei isolada- ção for inevitável.
mente, haverá mera atenuante de pena, tendo em vista
que o desconhecimento da lei é evitável. Na prática, se passou a punir o erro de proibição evitável,
anteriormente impunível, tendo em vista que a atual
c) O agente não ignora a lei, porém, desconhece a ilicitu- consciência da ilicitude desaparece com o erro, mas a
de do fato (ex: o agente sabe que furtar é crime, mas potencial consciência da ilicitude, não.
acha estar autorizado a furtar o agente que o furtou ou
que lhe deve), havendo erro de proibição; EXIGIBILIDADE DE CONDUTA ADVERSA

A ignorância da lei não se confunde com o erro de proibi- Não é suficiente que o sujeito seja imputável e tenha co-
ção. No primeiro, se tem um desconhecimento total da lei. metido o fato com possibilidade de lhe conhecer o seu
No erro de proibição, o agente ignora a ilicitude do fato. caráter ilícito para que surja a reprovação social (culpabi-
Na ignorância da lei, em regra, quem desconhece a lei, lidade). Além da imputabilidade (capacidade de se impu-
desconhece a ilicitude do fato. No erro de proibição, nem tar um crime a alguém) e da potencial consciência da
sempre quem desconhece a ilicitude do fato ignora a lei ilicitude (capacidade de compreender a ilicitude do fato),
(ex: o caso do marido que estupra sua esposa). exige-se que nas circunstâncias de fato, tenha o agente a
possibilidade de realizar outra conduta de acordo com o
A potencial consciência da ilicitude é excluída somente ordenamento jurídico.
pelo erro de proibição (art. 21 do CP).
Hipóteses de inexigibilidade de conduta diversa:
Erro de proibição (erro profano) pode ser evitável ou inevi-
tável. Considera-se evitável (inescusável), quando era Há duas causas de exclusão de culpabilidade por inexigi-
possível ao agente, pelas circunstâncias do fato, possuir bilidade de conduta adversa:
essa consciência. Neste caso há mera diminuição de pe-
na. É inevitável (escusável), quando a consciência da ilici- a) coação moral irresistível;
tude do fato era impossível. Neste caso, há isenção de b) estrita obediência não manifestamente ilegal de ordem
pena. hierarquicamente superior.

A doutrina clássica utiliza o homem médio para medir a Segundo o art. 22 do CP, se o fato é cometido sob coação
possibilidade de consciência. Para doutrina, o homem moral irresistível ou em estrita obediência a ordem não
médio é aquele de diligência mediana. A doutrina moder- manifestamente ilegal de superior hierárquico, só é puní-
na tem preferência pela análise do caso concreto, para se vel o autor da coação ou da ordem.
concluir pela evitabilidade ou inevitabilidade da potencial
consciência da conduta, analisando circunstâncias, como Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou
por exemplo, a idade, o grau de instrução, o momento em em estrita obediência a ordem, não manifestamente ile-
que agiu, etc. gal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coa-
ção (que responde também pela tortura) ou da ordem.
A importância prática da passagem da atual consciência (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
da ilicitude (teoria psicológica normativa), para a poten-
cial consciência da ilicitude (adotada pela teoria normati- A. Coação moral irresistível
va pura) é:
Requisitos:
Teoria normativa pura- (poten-
Teoria psicológica normativa
cial consciência da ilicitude) 1. A coação deve ser MORAL. A coação física irresistível
- A atual consciência da ilici- - O dolo migra para a tipicidade exclui a conduta (fato atípico).
tude esta dentro do dolo (dolo (dolo natural). A potencial
normativo), juntamente com a consciência da ilicitude torna- Quem age sob coação moral irresistível, evidentemente
consciência e a vontade. O se elemento da culpabilidade. não age com culpabilidade ou reprovabilidade.
dolo encontra-se dentro da
culpabilidade. 2. A coação deve ser IRRESISTÍVEL.
Se a coação for resistível, a culpabilidade permanece,  Que a ordem deve ser oriunda de superior hierár-
tendo o agente direito a uma atenuante de pena (art. 65, quico: ordem de superior hierárquico é a manifes-
III, “c”, CP). Ressalta-se que, a potencial consciência da tação de vontade do TITULAR DE UMA FUNÇÃO
ilicitude, quando evitável, é causa de diminuição da pena, PÚBLICA a um funcionário que lhe é subordinado,
e não mera atenuante. no sentido de que realize uma conduta positiva ou
negativa. O subordinado deve limitar-se ao cum-
Não é necessário que o mal prometido pelo coator se primento da ordem.
dirija contra o coato, podendo ser dirigida a terceiros
(seus parentes). Neste caso, só é punível o coator. OBS.: só possível no âmbito da AP. A subordinação do-
méstica (pai e filho), a privada (diretor e secretária) e reli-
No homicídio, se a coação é irresistível, o coator respon- giosa ou eclesiástica (bispo e sacerdote).
derá pelo homicídio cometido pelo coato, cumulado com
o crime de tortura (art. 1º, I, “b”, Lei de Tortura).
- Consequências:
Se a coação era resistível, o coator e o coato responderão
pelo crime de homicídio. Só é punível o autor da ordem (como autor mediato), do
subordinado é inexigível conduta diversa.
Existe coação moral irresistível imposta pela sociedade?

A sociedade não pode delinquir, pois onde ela existe, ali


- Situações:
está o direito. Dizer que a sociedade está coagindo al-
guém, é dizer que o próprio direito é que está coagindo.
1ª) Ordem manifestamente ilegal:
Assim, a coação irresistível deve partir de uma pessoa ou
grupo; nunca da sociedade (RT 477.342).
Superior: responde pelo crime como autor mediato –
agravante do art. 62, CP.
B. Obediência hierárquica (ordem de superior hierárquico)
Subordinado: responde pelo crime como autor imediato –
atenuante do art.65, CP.
Art. 22, 2ª parte, CP:
OBS.: caso o subordinado tenha ciência de que é ilegal
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou
responde da mesma forma que o superior.
em estrita obediência a ordem, não manifestamente ile-
gal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coa-
2ª) Ordem legal:
ção ou da ordem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Superior: estrito cumprimento de um dever legal.
Subordinado: estrito cumprimento de um dever legal.

. Obediência hierárquica 3ª) Ordem não manifestamente ilegal:


mais exigida nas provas

- Previsão legal: Superior: responde pelo crime com agravante do art. 62,
CP.
CP, Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou Subordinado: inexigibilidade de conduta diversa (impuní-
em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, vel).
de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou
da ordem.
OBS.:
- Requisitos:
 Imputabilidade
 Que a ordem não seja manifestamente/ claramen-
Hipóteses de exclusão: artigos 26, caput, 27, 28, § 1º são
te ilegal (deve ser entendida segundo as circuns-
hipóteses taxativas.
tâncias do fato e as condições de inteligência e
cultura do subordinado – análise do caso concre-
 Potencial consciência de ilicitude
to).
Hipótese de exclusão: art. 21, CP (rol taxativo).

OBS.: deve a execução limitar-se à estrita observância da


 Exigibilidade de conduta diversa
ordem, sob pena de o subordinado responder pelo exces-
Hipóteses de exclusão - art. 22 (rol meramente exemplifi-
so.
cativo).
Por mais previdente que seja o legislador, não pode prever
todos os casos em que a inexigibilidade de outra conduta
deve excluir a culpabilidade, assim, é possível a existência
de um fato não previsto pelo legislador como causa de
exclusão da punibilidade que apresente todos os requisi-
tos da não exigibilidade de comportado lícito, devendo o Dificilmente tomamos conhecimento de crimes cometi-
juiz analisar o caso concreto. dos por um só indivíduo.

Enfim, há outras hipóteses excludentes figurando como Muitas vezes, ainda na fase da cogitação do delito, já
causas supralegais. Exemplos de causas supralegais: ocorre a ideia de “chamar” alguém para participar do in-
tento, seja diretamente, cometendo o delito principal, ou
Conforme a Cesar Roberto - mãe que realiza aborto de indiretamente, auxiliando ou participando para o sucesso
feto em caso de anencefalia; e de acordo com a doutrina, do crime.
a desobediência civil é um fato que objetiva, em última
instância, mudar o ordenamento sendo, no final das con- Assim, para o correto entendimento da aplicação da lei
tas, mais inovador que destruidor. Para atuar como causa penal para estes casos, torna-se necessário conhecer as
de exclusão supralegal da culpabilidade tem dois pressu- normas que definem as consequências do chamado
postos: desobediência fundada na proteção de direitos CONCURSO DE PESSOAS que nada mais é do que a cola-
fundamentais; e que o dano causado não seja relevan- boração empreendida por duas ou mais pessoas para a
te. Ex.: invasões de terras pelo MST, desde que não gere realização de um crime ou de uma contravenção penal.
dano relevante.
REQUISITOS-
DICA – EXCLUDENTES DE CULPABILIDADE:
Para que seja possível a ocorrência do concurso de pes-
a) INIMPUTABILIDADE PENAL – art. 26, caput – por do- soas será necessário a conjugação de 05 requisitos:
ença mental que afasta a capacidade integralmente,
torna absolutamente incapaz de se auto-controlar; art. 1. Pluralidade de agentes e condutas;
27 – pela menoridade penal (menos de 18 anos); art. 2. Relevância causal das condutas;
28, § 1.º – por embriaguez completa, proveniente do 3. Identidade de infração;
caso fortuito ou força maior – ATENÇÃO – esta embri- 4. Vínculo subjetivo; e
aguez deve excluir completamente a capacidade do 5. Existência de fato punível.
agente, se somente reduz ele será punido;
BIZU- PRIVE
b) ERRO DE PROIBIÇÃO INEVITÁVEL, INVENCÍVEL OU
ESCUSÁVEL – que o ocorre quando o agente sabe o 1) PLURALIDADE DE AGENTES E CONDUTAS-
que está fazendo, quer fazer, mas não sabe, nem tinha
como saber, que era proibido (que era ilícito). Se o erro Para que seja possível a ocorrência do concurso de pes-
de proibição for vencível, evitável ou inescusável não soas há necessidade de pelo menos dois agentes e, con-
exclui a culpabilidade, mas diminuirá a pena (art.21, p. sequentemente, duas ou mais condutas.
Único);
c) COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL (a física exclui a tipici- Essas condutas podem ser principais, o que ocorre no
dade) e OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA, desde que a or- caso da coautoria, ou um principal e outra secundária,
dem do superior hierárquico não seja manifestamente como na situação em que se associam um autor e um
ilegal – ATENÇÃO – somente há hierarquia em rela- partícipe.
ções laborativas PÚBLICAS; em relações privadas, fa-
miliares ou religiosas NÃO HÁ hierarquia; pode haver Autor - Toda a pessoa que pratica o núcleo do tipo penal.
coação, mas nunca hierarquia. OBS – vale lembrar que
a embriaguez VOLUNTÁRIA e a CULPOSA não excluem Ex: art. 121, CP: “matar alguém...”. o autor será
a imputabilidade, aplica-se a teoria da ACTIO LIBERA aquele que mata.
IN CAUSA.
Tipo ou tipo penal é um modelo abstrato que descreve
CRIME um comportamento proibido no meio social. O núcleo do
Fato Típico Ilicitude Culpabilidade tipo revela-se por um ou mais verbos, por exemplo:
CONCEITO CONCEITO CONCEITO
CAUSAS DE CAUSAS DE EXCLUSÃO CAUSAS DE EXCLUSÃO “matar” (121, cp), “solicitar ou receber” (357, cp). em
EXCLUSÃO (DESCRIMINANTES OU (DIRIMENTES OU suma, quem pratica o verbo do tipo, pratica o seu núcleo
JUSTIFICANTES) EXCULPANTES) e, consequentemente é autor do crime.
Coautor - Pode ser entendido como aquele agente que Ex.:
mais se aproxima do núcleo do tipo penal, juntamente
com o autor principal, podendo sua participação ser Imaginemos que Felipe diz a Márcio que vai assassinar
parcial ou direta. Caio e solicita que Márcio fique do lado de fora, com o
carro ligado, a fim de possibilitar a fuga.
Ex: Felipe e Caio esfaqueiam a vítima até a mor-
te. são coautores do delito de homicídio Neste caso, se tudo ocorrer conforme o planejado, haverá
concurso de pessoas?
Partícipe- É aquele indivíduo que não participa dos atos
de execução, mas auxilia o autor (ou coautor) na realiza- A resposta é positiva, pois há relevância causal das con-
ção do fato típico. Esta participação pode ser moral ou dutas, ou seja, ocorreu um ajuste prévio para que tudo
material. acontecesse daquela forma.

A participação moral pode ocorrer quando o partícipe Agora, vamos analisar outra situação:
induzir o autor a realizar um fato ilícito (ou antijurídico),
“até então inexistente”. Felipe mata Caio e, ao sair da residência deste último,
encontra, por acaso, Mévio, que o ajuda na fuga.
O partícipe pode ainda instigar o autor a realizar a ideia
pré-existente na sua cabeça, reforçando-a. Agora, pergunto caro aluno, haverá nesta situação o con-
curso de pessoas?
Na participação material, como o próprio nome sugere, o
agente participa materialmente com a conduta. A resposta é negativa e Mévio não responderá por ser
partícipe do crime de homicídio, mas sim por ser AUTOR
Ex.: Felipe fornece uma arma para Caio matar do delito de favorecimento pessoal (CP,
seu desafeto, logo, é partícipe do delito. art. 348).

Por fim, ainda tratando da pluralidade de agentes, cabe 3) IDENTIDADE DE INFRAÇÃO


ressaltar que essa pluralidade exige que os coautores ou
partícipes sejam culpáveis sob pena de caracterização da Para a caracterização do concurso de pessoas, os sujei-
chamada autoria mediata. tos de um crime, unidos pelo vínculo psicológico, devem
querer praticar a mesma infração penal.
AUTORIA MEDIATA OU INDIRETA- Ocorre quando o agen-
te realiza o crime sem executar a conduta típica, ou seja, Assim, se em um homicídio tivermos cinco indivíduos que
ele realiza o crime sem utilizando de terceira pessoa que esfaquearam a vítima, duas pessoas que ficaram do lado
age sem dolo ou culpa. Esta terceira pessoa é o “instru- de fora da residência verificando se os policiais chega-
mento do crime.’’ vam e um outro indivíduo que forneceu as facas (sabendo
que seriam utilizadas no crime), teremos os oito respon-
Ex.: Médico quer matar inimigo que está hospitalizado dendo pelo homicídio.
e usa a enfermeira para ministrar injeção letal no pa-
ciente. 4) VÍNCULO SUBJETIVO

2) RELEVÂNCIA CAUSAL DAS CONDUTAS Para a ocorrência do concurso de pessoas todos os agen-
tes devem estar ligados por um vínculo subjetivo (tam-
Para que seja caracterizado o concurso de pessoas há bém chamado de concurso de vontades), ou seja uma
que se verificar a relevância das condutas para que o vontade homogênea visando o resultado.
crime acontecesse exatamente como ocorreu, ou seja,
não se pode considerar coautor ou partícipe de um crime E se não houver o vínculo subjetivo?
quem não da causa ao crime, quem não realiza qualquer
conduta sem a qual não ocorreria o resultado, ou mesmo Neste caso, estaremos diante da chamada autoria colate-
quem assume uma atitude meramente negativa. ral.

É exigido no concurso de pessoas que o coautor ou partí- AUTORIA COLATERAL


cipe haja antes, durante ou depois, mas em prol do delito,
devido a um ajuste prévio. Ocorre quando NÃO HÁ CONSCIÊNCIA da cooperação na
conduta comum.
Ex.: Felipe e Caio, ao mesmo tempo, sem conhe- a) Monossubjetivo: crime que pode ser praticado por
cerem a intenção um do outro, efetuam disparos uma ou mais pessoas (crime de concurso eventual).
sobre Márcio. Neste caso, responderão cada um Quando a doutrina estuda o concurso de pessoas, ela
por um crime. estuda somente o crime monossubjetivo, pois no plu-
rissubjetivo o concurso faz parte do tipo penal, não
Se os disparos de ambos forem causa da morte, respon- necessitando de doutrina.
derão os dois por homicídio.
b) Plurissubjetivo: crime que somente pode ser pratica-
Se a vítima morreu apenas em decorrência da conduta do por número plural de agentes (crime de concurso
de um, o outro responderá por tentativa de homicídio. necessário).

Havendo dúvida insanável quanto à causa da morte, ou Espécies de Crimes Plurissubetivos.:


seja, sobre a autoria, a solução deverá obedecer ao prin-
cípio in dúbio pro réu, punindo-se ambos por tentativa de  Condutas paralelas: as condutas auxiliam-se
homicídio. mutuamente (Ex.: quadrilha);

OBS.: PARA QUE HAJA VÍNCULO SUBJETIVO, NÃO HÁ  Condutas contrapostas: as condutas se con-
NECESSIDADE DE AJUSTE PRÉVIO. trapõe, se voltam umas contra as outras (Ex.:
rixa); e
Ex.: Felipe decide matar Márcio. Pouco antes do delito
conta por telefone sua pretensão para sua noiva e Caio  Condutas convergentes: o encontro das con-
escuta a conversa. dutas que nasce o tipo penal (Ex.: revogado
crime de adultério; crime de bigamia).
Assim, na hora que Márcio sai da faculdade, Felipe fica a
espreita, aguardando o momento certo para cometer o Coautor: é a pluralidade de autores.
delito. Ocorre que Márcio percebe a intenção Felipe e
começa a fugir. Durante a fuga, Caio, que havia por acaso Para a teoria restritiva, coautoria é a reunião de
escutado a conversa telefônica, derruba dolosamente vários autores, praticando cada qual, ainda que
Márcio e Felipe consegue alcançá-lo e matá-lo. em parte, o núcleo do tipo. Ex.: A e B matam;

Neste caso, caio será partícipe do crime cometido por Para a teoria extensiva, coautor é a pluralidade de
Felipe, pois para a caracterização do vínculo subjetivo é agentes concorrendo para o crime, não necessa-
suficiente a atuação do partícipe no sentido de auxiliar a riamente praticando o núcleo típico; e
conduta do autor, mesmo que este desconheça a colabo-
ração. Para a teoria do domínio do fato, coautoria é a
reunião de vários autores que detém o domínio do
5) EXISTÊNCIA DE FATO PUNÍVEL fato, ou seja, pluralidade de agentes com poder de
decisão.
Quanto a este requisito não há muito o que comentar,
pois obviamente, para que haja o concurso de pessoas, o Coautor sucessivo: a regra é que todos os coautores ini-
fato cometido deve ser passível de punição. ciem juntos a empreitada criminosa. Mas pode acontecer
que alguém ou mesmo um grupo já tenha começado a
Qual a diferença do concursus delinquentium (concurso percorrer o caminho do crime, ingressando na fase de
de pessoas) para o concursus delictorum (concurso de execução, quando outra pessoa adere à conduta crimino-
crimes)? sa daquele (coautor sucessivo) e, agora, unidos pelo vín-
culo subjetivo, passam juntos a praticar a infração penal.
Concursus delinquentium é nada mais que pluralidade de
agentes concorrendo para o mesmo crime. Já Concursus É aquele que adere a empreitada criminosa de outrem
delictorum é um agente praticando vários crimes. após o início das atividades, porém, antes da consuma-
ção. Se o crime está consumado, não se fala mais em
Classificação doutrinária do crime quanto ao concurso de coautoria sucessiva, pois adesão posterior ao delito con-
pessoas: sumado não gera concurso de agentes.
Ocorre a coautoria sucessiva quando, após iniciada a A teoria monista, também conhecida como unitária, pre-
conduta típica por um agente, houver a adesão de um ceitua que todos os participantes (autores ou partícipes)
segundo agente à empreitada criminosa, sendo que as de uma infração penal responderão pelo mesmo crime,
condutas praticadas por cada um, dentro de um critério isto é, o crime é único. Haveria, assim, uma pluralidade de
de divisão de tarefas e união de desígnios (mesma inten- agentes e unidade de crimes.
ção), devem ser capazes de interferir na consumação da
infração penal (questão da CESPE). Nas palavras de Damásio E. de Jesus:

Suponha que “A” e “B” furtam um veículo. “C” ao transpor- “(...) É predominante entre os penalistas da Escola Clássica.
tar o veículo para outro Estado, é flagrado pela PF Rodo- Tem como fundamento a unidade de crime. Todos os que
viária. Neste caso, “A” e “B” praticaram o crime previsto contribuem para a integração do delito cometem o mesmo
no art. 155, §5º, CP. Assim: se de qualquer modo “C” con- crime. Há unidade de crime e pluralidade de agentes.”
correu para o furto (induzindo, instigando ou prometendo
conduzir o veículo), responderá pelo §5º; ou .se não con- Já a TEORIA DUALISTA estabelece que haveria um crime
correu para o furto, aderindo sua vontade após a consu- único entre os autores da infração penal e um crime único
mação do furto, entretanto, sabia da origem do veículo, entre os partícipes.
responderá pela receptação do art. 180, CP. Se “C” desco-
nhecia a origem criminosa do veículo, responderá por Há, portanto, uma distinção entre o crime praticado pelos
receptação culposa (art. 180, §3º, CP), em caso de negli- autores daquele cometido pelos partícipes. Haveria, as-
gência; ou incorrerá em fato atípico, se escusável o erro. sim, uma pluralidade de agentes e uma dualidade de cri-
mes.
Coautoria em crime próprio e crime de mão própria: o
crime comum não exige condição especial do agente, Manzini, defensor desta teoria, sustentava que:
admitindo coautoria e participação. O crime próprio, ape-
sar de exigir condição especial do agente, admite coauto- “(...) se a participação pode ser principal e acessória, primária
ria e participação. O crime de mão própria, além de exigir e secundária, deverá haver um crime único para os autores e
condição especial do agente, somente admite participa- outro crime único para os chamados cúmplices stricto sen-
ção, pois ninguém pode praticar o crime a não ser a pes- su. A consciência e vontade de concorrer num delito próprio
soa referida no tipo penal (crime de conduta infungível). conferem unidade ao crime praticado pelos autores; e a de
participar no delito de outrem atribui essa unidade ao prati-
Há exceções a regra, admitindo coautoria em crime de cado pelos cúmplices.”
mão-própria, com fundamento na teoria do domínio do
fato. Por fim, para a TEORIA PLURALÍSTICA haverá tantas in-
frações quantos forem o número de autores e partícipes.
O STF tem admitido coautoria em falso testemunho, entre Existe, assim, uma pluralidade de agentes e uma plurali-
a testemunha e o advogado da parte. Neste caso, o advo- dade de crimes.
gado é considerado coautor, pois instrui a testemunha a
mentir. Para Cezar Roberto Bitencourt:

O STF aplica a teoria do domínio do fato, pois autor não é “(...) a cada participante corresponde uma conduta própria,
apenas aquele que mente (pratica o verbo do tipo penal), um elemento psicológico próprio e um resultado igualmente
mas também aquele que possui o domínio do fato (HC particular. À pluralidade de agentes corresponde a pluralida-
74.395). de de crimes. Existem tantos crimes quantos forem os parti-
cipantes do fato delituoso.”
Há exceções previstas também em lei, como por exemplo,
a falsa perícia de peritos não oficiais no processo penal, O Código Penal Brasileiro adotou a teoria monista ou uni-
que deve ser realizada por dois. tária.
CURSO O
TEORIAS SOBRE O CONCURSOS DE PESSOAS OBSERVAÇÃO:
De acordo com o professor Damásio, apesar de o nosso
Existem três teorias que surgiram com relação ao concur- Código Penal ter adotado a teoria monista ou unitária,
so de agentes, são elas: existem exceções pluralísticas a essa regra.

1. Teoria monista ou unitária; É o caso, por exemplo: do crime de corrupção ativa (art.
2. Teoria dualista; 333 do CP) e passiva (art. 317 do CP); do falso testemu-
3. Teoria pluralística. nho (art. 342 do CP) e corrupção de testemunha (art. 343
do CP); o crime de aborto cometido pela gestante (art. Perceba com base no supra texto legal que Felipe res-
124 do CP) e aquele cometido por terceiro com o con- ponderá pelo latrocínio, enquanto Marcio responderá pela
sentimento da gestante (art. 126 do CP); dentre outros. tentativa de furto, pois o vínculo subjetivo só existia em
N- relação ao delito menos grave.
 PUNIÇÃO NO CONCURSO DE AGENTES
Veda-se, portanto, a responsabilidade penal objetiva, pois
O Código Penal, ao começar a tratar do concurso de pes- não se permite a punição de um agente por crime pratica-
soas, dispõe em seu art. 29: do exclusivamente por outrem, frente ao qual não agiu
com dolo ou culpa.
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o
crime incide nas penas a este cominadas, na medida Aproveitando o mesmo exemplo, imagine que Marcio
de sua culpabilidade. soubesse que Felipe andava constantemente armado e
que já havia matado mais de vinte.
Este artigo deixa claro, como já tratamos, que o legislador
penal optou por adotar a teoria monista, ou seja, todos os SERIA PREVISÍVEL QUE PUDESSE OCORRER UMA MOR-
indivíduos envolvidos na infração responderão por ela. TE CASO O DONO CHEGASSE?
Claro que sim! Logo, para estes casos A PENA DO CRIME
MAS ISSO QUER DIZER QUE TODOS OS ENVOLVIDOS MENOS GRAVE deverá ser aumentada até a metade.
TERÃO A MESMA PENA?
PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA
A resposta é negativa, pois o que prega a teoria monista é
a unidade de infração e não de pena. Assim, a penalização A participação, quando analisada como espécie do gênero
será aplicada na medida da CULPABILIDADE de cada concurso de pessoas, deve ser compreendida como uma
agente. intervenção voluntária e consciente de um terceiro a um
fato alheio, revelando-se como um comportamento aces-
Ex.: Um homicídio em que Felipe empresta sua sório que favorece a execução da conduta principal.
arma a Marcio e este desfere 10 tiros em Caio.
Nessa situação tanto Felipe quanto Marcio res- É nesse cenário que pode surgir a participação de menor
ponderão pelo homicídio, todavia a penalização importância que encontra previsão no parágrafo 1º do art.
de Marcio, bem provavelmente, será superior a de 29 do Código Penal. Observe:
Felipe.
Art. 29. [...]
PARTICIPAÇÃO EM CRIME MENOS GRAVE § 1º - Se a participação for de menor importância, a
pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
Ex.: Felipe e Marcio resolvem se unir para furtar CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL
um veículo. Chegando ao local, iniciam a conduta Trata-se de uma contribuição ínfima, que comparada com
típica, mas logo percebem a chegada do dono do a conduta praticada pelo autor ou coautor, se mostra
carro. Marcio, assustado, começa a correr para insignificante, ou seja, quando a instigação, o induzimen-
fugir do local, mas Felipe resolve pegar sua arma to ou o auxílio não forem determinantes para a realização
e efetua diversos disparos no dono do veículo. do delito.

PERGUNTO: RESPONDERÃO FELIPE E MÉVIO PELO LA- Ressalte-se que somente é possível aplicar essa causa de
TROCÍNIO? diminuição de pena ao partícipe, não alcançando o coau-
tor. Não se cogita, portanto, a existência de uma "co-
Para responder a este questionamento, deve-se recorrer autoria de menor importância", vez que o co-autor executa
ao parágrafo 2º do art. 29 que dispõe: a conduta típica.

Art. 29.[...] Outro aspecto relevante a ser analisado: a diminuição


§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de prevista nesse § 1º é facultativa ou obrigatória?
crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste
(crime menos grave); essa pena será aumentada até É caso de aplicação obrigatória, desde que comprovada a
metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado diminuta participação.
mais grave.
CIRCUNSTÂNCIAS INCOMUNICÁVEIS Caio responderá por Homicídio QUALIFICADO- Mediante
paga ou promessa de Recompensa.
As denominadas circunstâncias incomunicáveis são
aquelas que não se transmitem aos coautores e partíci- • Comunicam-se as elementares:
pes. Sobre o tema dispõe o Código Penal:
Imagine que Felipe, funcionário público, pratica o delito de
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as peculato junto com Marcio, que não faz parte do quadro
condições de caráter pessoal, salvo quando elemen- da Administração.
tares do crime.
Poderá Marcio, sendo particular, responder pelo citado
CONDIÇÕES DE CARÁTER PESSOAL - São qualidades crime (PECULATO)?
pessoais de determinado indivíduo.
A resposta é positiva, pois na hipótese de concurso de
Ex.: Menor de 18 anos. pessoas, a elementar “funcionário público” é comunicável,
desde que cumprido um requisito essencial: É necessário
CIRCUNSTÂNCIAS - São dados subjetivos ou objetivos que o terceiro (particular) tenha conhecimento de que
que fazem parte do fato delituoso, agravando ou atenu- pratica o delito juntamente com um funcionário público.
ando a penalidade, sem modificação de sua essência.
Assim, as circunstâncias são elementos que se agregam Para exemplificar, imagine que Caio é convidado por Feli-
ao delito, sem alterá-lo substancialmente, embora pro- pe, funcionário público, para cometer um furto. Sem saber
duzam efeitos e consequências relevantes. da qualidade especial de Felipe, Caio pratica o delito. Nes-
ta situação, responderá Felipe por peculato-furto e Caio
Ex.: Um furto praticado por um maior produz por furto.
efeitos penais diversos daquele produzido por
um menor confesso (a menoridade e a confissão É importante ressaltar que não há necessidade de que o
são atenuantes genéricas da pena). terceiro conheça EXATAMENTE o que o funcionário públi-
co faz, ou seja, aqui vale o dolo eventual, bastando que
ELEMENTARES - São dados essenciais para a ocorrência saiba que o “companheiro do delito”, também chamado
de determinado delito. executor primário, exerce serviço de natureza pública.

Ex.: a condição de funcionário público no crime CO-AUTORIA


de peculato, o verbo “matar” e a palavra “alguém”
no crime de homicídio. Ocorre a coautoria quando dois ou mais agentes execu-
tam o núcleo do tipo.
OBS.: Excluindo-se uma elementar o fato se torna atípico
ou ocorre a desclassificação para um outro delito. Esta pode ser:

Visto isso, vamos aprofundar a análise do art. 30: 1. Parcial- Quanto os atos de execução não são
iguais, mas somados produzem o resultado.
• Não se comunicam as circunstâncias e as condições de
caráter pessoal- Ex.: Felipe segura Mévia para que esta se-
ja estuprada por Caio.
Imagine que Márcio percebe que sua filha foi violentada
por Felipe. Diante da situação de relevante valor moral 2. Direta - Todos os autores executam a mesma
contrata Caio para matar o estuprador. Caio pratica o conduta criminosa.
homicídio.
Ex.: Caio e Felipe efetuam disparas contra
Sabendo que o relevante valor moral é circunstância que Mévio.
atenua a pena, pergunto:
É possível a co-autoria em todos os tipos de delito? Para
TAL CIRCUNSTÂNCIA APLICÁVEL À MÉVIO SERÁ ESTEN- responder corretamente, vamos analisar
DIDA À CAIO?
• CRIMES PRÓPRIOS - São aqueles que exigem uma ca-
Nos termos do art. 30 não se comunicam as circunstân- racterística particular do sujeito. Nesta espécie de delito é
cias, logo não recairá sobre caio a circunstância atenuan- admissível a coautoria.
te, mesmo havendo coautoria.
Ex. 01: dois funcionários públicos se unem para a. Em crime omissivo próprio- Ex: "A" induz "B" a não
cometer o delito de corrupção passiva. pagar pensão alimentícia. "A" será partícipe de "B",
no crime de abandono material (artigo 244 do CP)
Ex. 02: um funcionário público e um particular que
conhece a qualidade especial do agente se unem b. Nos delitos omissivos impróprios- Ex: "A" instiga
para cometer o crime de peculato. "B", que ele não conhece, a não alimentar o filho.
"B" cometerá o crime de homicídio por omissão, já
• CRIMES DE MÃO PRÓPRIA- São os que embora não que "B" tem o dever jurídico de evitar o resultado.
exijam uma qualidade especial só podem ser praticados "A" será partícipe.
pelo próprio indivíduo que se encontra em determinada
situação. 2. Participação sucessiva - É admissível em nosso orde-
namento jurídico. Ocorre quando, presente o induzi-
Ex.: Falso Testemunho. mento ou instigação do executor, se sucede outro in-
duzimento ou instigação.
Nesta espécie de delito NÃO é admissível a coautoria.
Ex.: Felipe instiga Marcio a matar Caio. Mário,
CRIMES CULPOSOS- Segundo o entendimento do STF e sem saber da instigação de Felipe, também insti-
STJ, admite-se a coautoria nos crimes culposos. Observe ga Marcio a cometer o homicídio.
o julgado:
3. Participação da participação - Esse tipo de participa-
STJ, HC 40.474/PR, DJ 13.02.2006 ção é melhor compreendido através de exemplos: Feli-
É perfeitamente admissível, segundo o entendimento dou- pe instiga Mévio a instigar Caio para que este mate
trinário e jurisprudencial, a possibilidade de concurso de Mário ou Mévio induz Felipe que induz Caio a matar
pessoas em crime culposo, que ocorre quando há um víncu- Mário.
lo psicológico na cooperação consciente de alguém na con-
duta culposa de outrem. O que não se admite nos tipos 4. Participação em crimes culposos - O entendimento
culposos, ressalve-se, é a participação. Precedentes desta majoritário é de que pode haver nos crimes culposos a
Corte. co-autoria, mas não participação.

PARTICIPAÇÃO Sendo o tipo do crime culposo aberto, composto sempre


de imprudência, negligência ou imperícia, segundo o dis-
Como já tratamos brevemente, o partícipe é aquele que posto no artigo 18 do CP, não é aceitável dizer que uma
efetivamente colabora para a prática de uma conduta pessoa auxiliou, instigou ou induziu outrem a ser impru-
delituosa, todavia, sem realizar diretamente o núcleo do dente, sem ter sido igualmente imprudente. Portanto,
tipo penal incriminador. quem instiga outra pessoa a tomar uma atitude impru-
dente está inserido no mesmo tipo penal.
Podemos dividir a participação em:
A teoria extensiva não reconhece a figura do partícipe.
1. Participação moral - Nesta forma de participação não
ocorre colaboração através de meios materiais. Suponha que “A” induz “B” a auxiliar “C” a se suicidar.

Pode ocorrer quando o partícipe induzir o autor a realizar “B” pratica crime de participação em suicídio previsto no
um fato ilícito (ou antijurídico), “até então inexistente” ou art. 122, CP.
quando o partícipe instigar o autor a realizar a idéia pré-
existente na sua cabeça, reforçando-a. “A” praticou o tipo penal do art. 122, CP na condição de
partícipe.
2. Participação material- Consiste em auxiliar material-
mente a ocorrência de determinado delito. O partícipe Se “A” induz “B” a furtar, e “B” pratica a subtração, ocorre
que presta auxílio material é chamado de cúmplice. a subsunção direta ao art. 155, CP.

A participação apresenta as seguintes espécies: Com relação a “A”, ocorre a subsunção indireta, pois para
se chegar até o art. 155, deve-se utilizar o art. 29, CP, que
1. Participação por omissão - Embora haja muita diver- é norma de extensão pessoal, pois ela consegue estender
gência quanto a este ponto, para sua PROVA, entenda à punição as pessoas que não praticaram o núcleo do
que é cabível a participação: tipo.
O comportamento do partícipe é de um coadjuvante, sen- Visando definir os pressupostos mínimos necessários
do acessório em relação ao autor (segue o principal). Por- para a punição do partícipe, especificamente no que diz
tanto, prevalece que a natureza jurídica da participação é respeito à sua relação com o autor, a doutrina elaborou as
acessória. seguintes teorias da acessoriedade:

TEORIAS DA ACESSORIEDADE • ACESSORIEDADE MÍNIMA;


• ACESSORIEDADE LIMITADA;
Como vimos, a condutas do partícipe tem natureza aces- • ACESSORIEDADE MÁXIMA; E
sória em relação à conduta principal. Essa acessoriedade • HIPERACESSORIEDADE.
encontra previsão no Código Penal nos seguintes termos:
CURSO ON-LINE – D Sob a perspectiva da acessoriedade mínima, concebeu-se
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o que, para a responsabilização do partícipe, bastaria que o
auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não autor principal realizasse uma conduta típica.
são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser
tentado. Ex.: Felipe contrata Marcio para matar Caio. Mar-
cio caminha pela calçada e repentinamente é ata-
Do exposto, podemos concluir que para que o partícipe cado por Caio que porta uma faca. Marcio, diante
possa ser punido é necessário ao menos o início da exe- de tal situação, mata Caio em legítima defesa.
cução e, para tratarmos da punição do agente que partici-
pa de um delito, precisamos estudar as teorias da acesso- Neste caso, embora Mévio tenha agido em legítima defe-
riedade. sa, como cometeu uma conduta típica, Felipe deveria ser
responsabilizado.
Observe a seguinte questão:
A teoria da acessoriedade limitada exige, para a punição
(JUIZ SUBSTITUTO – TJ-PI / 2007) No concurso de pessoas, do partícipe, que o autor, no mínimo, pratique conduta
há quatro teorias que explicam o tratamento da acessorieda- típica e ilícita.
de na participação. De acordo com a teoria da hiperacessori-
edade, para se punir a conduta do partícipe, é preciso que o Esta teoria visa superar as dificuldades da teoria da aces-
fato principal seja: soriedade mínima, incluindo a exigência de ser ilícito o
fato realizado em conjunto com o autor.
I. típico.
II. antijurídico. Agora, a punição do partícipe depende de que a sua con-
III. culpável. duta preste auxílio à realização de fato ilícito.
IV. punível.
É a teoria adotada majoritariamente pela doutrina e pelas
A quantidade de itens certos é igual a: bancas.

A) 0. Ex.: Felipe instiga Mévio, INIMPUTÁVEL, a matar


B) 1. Caio e este assim o faz. Neste caso, como o fato
C) 2. cometido por Mévio é típico e ilícito, está configu-
D) 3. rado o concurso de pessoas no qual Felipe é par-
E) 4. tícipe e Mévio é autor.

COMENTÁRIOS: A participação pressupõe sempre a ocor- A teoria da acessoriedade máxima exige, para a punição
rência de um fato principal. O partícipe presta auxílio à do partícipe, que o autor realize um fato típico, ilícito e
conduta do autor. Por isso, hoje, é amplamente dominante culpável.
o entendimento segundo o qual a participação é acessó-
ria, auxiliar em relação aos atos de autoria. No exemplo acima apresentado, como Mévio é inimputá-
vel e, portanto, não culpável, não seria Felipe partícipe.
A teoria da acessoriedade da participação estabelece um
sistema valorativo que impõe tratamento distinto entre os Por fim, a teoria da hiperacessoriedade exige, para a puni-
atos de autoria e de participação. ção do partícipe, que o autor realize uma conduta típica,
ilícita, culpável e punível.

Ex.: Felipe contratou Mévio para matar Caio. Mé-


vio mata caio e suicida-se.
Neste caso, como a morte do agente extingue a punibili- 3. TEORIA OBJETIVA OU DUALISTA - Apresenta uma
dade, Felipe não seria partícipe do delito. clara diferenciação entre o autor e o partícipe. Subdivi-
de-se em:
Como a questão trata da teoria da hiperacessoriedade, a
resposta correta é a alternativa “E”. a. Teoria objetivo-formal - Segundo esta teoria autor é
quem realiza o núcleo do tipo enquanto o partícipe é
ACESSORIEDADE MÉDIA (pune a conduta se a conduta do quem de qualquer modo colabora para a conduta típi-
Autor for Típica e Ilícita) E IMUNIDADE PARLAMENTAR: ca. Nesta teoria o autor intelectual, ou seja, aquele que
apesar de existir uma Súmula do STF em sentido contrá- planeja a conduta criminosa é PARTÍCIPE, pois não
rio, a Suprema Corte entende que a imunidade parlamen- executa o núcleo do tipo penal.
tar é causa de atipicidade.
b. Teoria objetivo-material - Para esta teoria autor é
Por entender assim, contraria a teoria da acessoriedade aquele que contribui fundamentalmente para a ocor-
limitada, pois não haveria como punir a conduta do as- rência do resultado, ou seja, aquele que presta a con-
sessor que colaborou com o parlamentar. tribuição mais importante para a ocorrência do crime.
Diferentemente, o partícipe é aquele que atua de forma
Porém, se entender que a imunidade parlamentar exclui a menos relevante.
culpabilidade ou a punibilidade, pode-se punir o assessor
do parlamentar. Perceba que segundo esta teoria, não necessariamente
para ser autor é necessário realizar o núcleo do tipo.
Ressalta-se que, apesar do STF adotar a teoria da acesso-
riedade limitada/média, entende que o assessor do par- c. Teoria do domínio do fato- Essa teoria foi criada por
lamentar responderá pelo delito, pelo crime praticado por Hans Welzel e procura ocupar uma posição intermedi-
parlamentar que possui imunidade, contrariando, deste ária entre a teoria subjetiva e a objetiva.
modo, a própria teoria adotada.
Segundo ela, autor é quem possui controle sobre o domí-
“A” induz o menor inimputável “B” a matar “C”: nio do fato. Podemos dizer que segundo a teoria do domí-
nio fato considera-se autor:
“A” é autor de homicídio; coautor ou partícipe? • Aquele que pratica o núcleo do tipo;
Autor ele não é. • Autor intelectual;
• Autor mediato;
Logo, não poderá ser coautor, pois ele não realizou nem o • Coautores.
núcleo do tipo (autor), nem parte dele (coautor).
Segundo essa teoria, também é admissível a figura dos
Também não é partícipe, pois o comportamento de “A”, partícipes que, neste caso, seriam aqueles que além de
valendo-se do menor como instrumento, não é acessório. não praticar o núcleo do tipo, também não detém o domí-
nio sobre o fato.
“A” é autor mediato.
Faz-se necessário ressaltar que esta teoria só tem aplica-
AUTORIA – TEORIAS bilidade nos crimes dolosos, pois não há como se admitir
domínio do fato no caso de delitos culposos.
Como último tópico de nossa aula, vamos estudar as di-
versas teorias que buscam fornecer o conceito correto de Para finalizar, cabe ressaltar que o código penal, a doutri-
AUTOR. na majoritária, a FCC, a ESAF, e praticamente todas as
outras bancas de prova adotam a teoria objetivo formal,
1. TEORIA SUBJETIVA OU UNITÁRIA - Os defensores todavia, no que diz respeito ao conceito de autor intelec-
dessa teoria não diferenciam autor de partícipe, ou se- tual.
ja, autor é aquele que de QUALQUER FORMA contribu-
iu para o resultado. O CESPE, particularmente, tem adotado em suas provas a
teoria do domínio do fato. Observe:
2. TEORIA EXTENSIVA - Também não diferencia o autor
do partícipe, todavia admite a diminuição de pena nos (CESPE / Promotor de Justiça Substituto / 2006) É
casos em que a autoria é menos importante para o re- coautor quem, à distância, ajusta a execução de um
sultado. homicídio, fornecendo os recursos necessários para
aquisição dos instrumentos para o cometimento do
crime, mas não participa.
CO-AUTORIA – PESSOAS FÍSICAS X PESSOAS JURÍDI- Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídi-
CAS cas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-
autorascou partícipes do mesmo fato".
Sabemos que as pessoas jurídicas são entidades dotadas
de personalidade jurídica, ou seja, sujeitos de direito e Autor mediato: considera-se autor mediato aquele que,
obrigação. sem realizar diretamente a conduta prevista no tipo, co-
mete o fato punível por meio de outra pessoa, usada co-
Todavia, a jurisprudência majoritária, quanto a aspectos mo instrumento.
penais, tem adotado a teoria da dupla imputação, segun-
do a qual se responsabiliza não somente a pessoa jurídi- Aproxima-se do conceito de participe, mas com ele não se
ca, mas também a pessoa física que agiu em nome do confunde, pois o seu comportamento não é acessório,
ente coletivo, ou seja, há a possibilidade de se responsabi- mas principal.
lizar simultaneamente a pessoa física e a jurídica.
AUTOR MEDIATO PARTÍCIPE
Ex.: Segundo a lei de crimes ambientais, quando o Não realiza o verbo típico Não realiza o verbo típico
poluidor é pessoa jurídica, a denúncia deve incluir
no polo passivo da ação, não apenas a pessoa ju- Personagem principal Personagem coadjuvante
rídica infratora, mas, também, as pessoas físicas
que contribuíram para o delito ambiental.
São hipóteses legais de autoria mediata:
Essa tese foi referendada pelo STJ, no REsp 564.960, rel.
Min. Gilson Dipp, que sublinhou: a) Erro determinado por terceiro (art. 20, §2º, CP);
b) Coação moral irresistível (art. 22, primeira parte, CP);
"Os critérios para a responsabilização da pessoa jurídica c) Obediência hierárquica (art. 22, segunda parte, CP);
são classificados na doutrina como explícitos: d) Caso de instrumento impunível, onde se instiga ou
determina que outrem, sujeito a sua autoridade ou não
1) que a violação decorra de deliberação do ente coletivo; punível em razão de sua condição pessoal (art. 62, III,
2) que autor material da infração seja vinculado à pessoa CP).
jurídica; e
3) que a infração praticada se dê no interesse ou benefí- É POSSÍVEL AUTORIA MEDIATA EM CRIME DE MÃO-
cio da pessoa jurídica; PRÓPRIA?

e implícitos no dispositivo: Ao crime de mão própria não se admite autoria mediata,


pois o crime somente pode ser cometido por determinada
1) que seja pessoa jurídica de direito privado; pessoa, não podendo utilizar outra como instrumento (ex:
2) que o autor tenha agido no amparo da pessoa jurídica; não pode a testemunhas enviar outra em seu lugar).
3) que a atuação ocorra na esfera de atividades da pes-
soa jurídica. É POSSÍVEL AUTORIA MEDIATA EM CRIME PRÓPRIO?

Disso decorre que a pessoa jurídica, repita-se, só pode ser Uma primeira corrente entende que cabe autoria mediata
responsabilizada quando houver intervenção de uma pes- em crime próprio. Para uma segunda corrente (LFG, Paulo
soa física, que atua em nome e em benefício do ente mo- Queiroz e Alexandre de Carvalho), somente é admissível a
ral, conforme o art. 3º da Lei 9.605/98. coautoria em crime próprio, se o autor mediato reúne as
mesmas qualidades pessoais e condições do autor ime-
Luís Paulo Sirvinskas ressalta que 'de qualquer modo, a diato (doutrina moderna).
pessoa jurídica deve ser beneficiária direta ou indireta-
mente pela conduta praticada por decisão do seu repre- Assim, para primeira corrente, homem e mulher poderiam
sentante legal ou contratual ou de seu órgão colegiado.' ser autores mediatos do crime de estupro. Para segunda
Essa atuação do colegiado em nome e proveito da pessoa corrente, mulher não poderia ser autora mediata do crime
jurídica é a própria vontade da empresa. Porém, tendo de estupro, tendo em vista que não possui as condições
participado do evento delituoso, todos os envolvidos se- pessoais de um estuprador.
rão responsabilizados na medida se sua culpabilidade. É o
que dispõe o parágrafo único do art. 3º da Lei 9.605/98, Ressalta-se que, a Lei 12.015/09 revogou o crime de aten-
que institui a coresponsabilidade, nestes termos: tado violento ao pudor, o colocando dentro do tipo penal
de estupro, pondo fim a discussão relacionada à possibi-
lidade da mulher praticar o crime de estupro.
O QUE SE ENTENDE POR AUTOR DE ESCRITÓRIO? AUTORIA INCERTA E AUTORIA COLATERAL- ocorre auto-
ria colateral quando dois agentes, embora convergindo
É forma especial de autoria mediata, pressupondo uma suas condutas para a prática de determinado fato crimi-
máquina de poder determinando a ação de funcionários, noso, não atuam unidos pelo liame subjetivo
que, no entanto, não podem ser considerados como me-
ros instrumentos nas mãos dos “chefões”. O autor de Ex.: “A” e “B” atiram contra “C”, sem qualquer lia-
escritório tem poder hierárquico sobre seus “soldados”. me subjetivo; “C” vem a falecer pelo tiro disparado
(Zaffaroni). É autoria mediata dentro do Poder Público por “A”. Desse modo, “A” responderá pelo crime
(ex.: PCC – Marcola é autor de escritório). consumado; e “B” responderá pelo crime tentado).
Na autoria colateral o resultado pode ser atribuído
Quadro sinóptico a alguém, porque se conhece o autor do delito.

AUTORIA AUTORIA INCERTA nada mais é do que uma espécie de


COAUTORIA PARTICIPAÇÃO
MEDIATA autoria colateral, porém, não se consegue determinar qual
Crime - Cabível  - Cabível  - Cabível  dos comportamentos causou o resultado.
comum
Ex.: se não se sabe quem matou “C”, ambos res-
Crime - Cabível  - Cabível  - Cabível. Uma ponderão por homicídio tentado, aplicando-se o in
próprio segunda corrente dubio pro reu. Na autoria incerta é indeterminado
entende que so- o agente causador do delito.
mente é cabível se
o autor mediato Não confundir autoria colateral e autoria incerta com au-
possuir as mes- toria desconhecida e ignorada. Autoria desconhecida ou
mas condições ignorada é matéria de processo penal (trata de prova da
pessoais do autor autoria), não se apurando a identidade do autor do crime.
imediato.

Crime de - Não é cabível. - Não é cabível.  QUADRO SINÓPTICO


mão  - Cabível 
própria  Porém, ado- AUTORIA
tando a teoria do CONCURSO
AUTORIA AUTORIA DESCONHECIDA
domínio do fato, DE
COLATERAL INCERTA OU
será cabível em PESSOAS
IGNORADA
determinadas
situações (STF). - Há nexo - Não há nexo - Não há nexo - Não há neces-
psicológico: psicológico, psicológico, sariamente plura-
Crime - Não é cabível. - Não é cabível. consciência porém, há porém, há lidade de agen-
omissivo   _________ do agente de convergência convergência tes, sendo maté-
que coopera de condutas. de condutas. ria de processo
Cada omitente  Porém, há
com o ilícito. penal.
comete seu divergência
próprio crime. doutrinária (ex:
instigar o ga-
- Não exige - Não exige - Não exige _____
rantidor a se
acordo pré- acordo prévio acordo prévio
omitir).
vio

Crime - É cabível.  - Não é cabível. Não é cabível. 


- É apurada a - Não é apu- - Não há prova da
culposo 
A violação de identidade do rada a identi- autoria do crime.
um dever obje- _______ autor do dade do autor
tivo de cuidado crime. do crime,
importa sem- onde todos
pre em autoria. respondem
pelo crime
tentado.
4. Teoria preventiva especial

A teoria preventiva especial está direcionada ao delin-


quente concreto castigado com uma pena. Têm por de-
nominador comum a ideia de que a pena é um instrumen-
CONCEITO to de atuação preventiva sobre a pessoa do delinquente,
com o fim de evitar que, no futuro ele cometa novos cri-
Podemos conceituar a pena como uma espécie de sanção mes. Deste modo, deve- se falar de uma finalidade de
penal, ao lado da medida de segurança, consistente na prevenção da reincidência.
privação ou restrição de um bem jurídico ao autor de um
fato punível não atingido por causa extintiva de punibili- 5. Teoria mista (ou eclética)
dade.
As teorias mistas ou unificadoras tentam agrupar em um
FINALIDADES DA PENA conceito único os fins da pena. Essa corrente tenta reco-
lher os aspectos mais destacados das teorias absolutas e
Através dos tempos o Direito Penal tem dado respostas relativas.
diferentes a questão de como solucionar o problema da
criminalidade. Essas soluções são chamadas Teorias da Deste modo, entende-se que a retribuição, a prevenção
pena, que são opiniões científicas sobre a pena, principal geral e a prevenção especial são distintos aspectos de
forma de reação do delito. um mesmo complexo fenômeno que é a pena.

Constituem teorias oficiais de reação à criminalidade: de Agora, Guerreiros, com base nas teorias acima tratadas,
um lado, as teorias absolutas, ligadas essencialmente às pergunto:
doutrinas da retribuição ou da expiação; e de outro lado,
as teorias relativas, que se analisam em dois grupos de Qual a teoria da pena adotada no Brasil?
doutrinas (as doutrinas da prevenção geral e as doutrinas
da prevenção especial ou individual). E por fim, as teorias Segundo o entendimento majoritário, o Código Penal não
mistas ou unificadoras. Vamos analisar: adotou cabalmente nenhuma das supracitadas teorias,
pois, hodiernamente, entende-se que a pena tem tríplice
1. Teoria absoluta (ou retribucionista) – finalidade:

Teoria retributiva considera que a pena se esgota na ideia


de pura retribuição, tem como fim a reação punitiva, ou
seja, responde ao mal constitutivo do delito com outro
mal que se impõe ao autor do delito.

Esta teoria somente pretende que o ato injusto cometido


pelo sujeito culpável deste, seja retribuído através do mal
que constitui a pena.

2. Teorias preventivas da pena (relativas)


TIPOS DE PENA
As teorias preventivas da pena são aquelas teorias que
atribuem à pena a capacidade e a missão de evitar que no O art. 5º, XLVII da Constituição Federal estabelece as
futuro se cometam delitos. Podem subdividir-se em teoria penas proibidas no Brasil. Dentre elas, podemos destacar
preventiva especial e teoria preventiva geral. a pena de morte e as penas de caráter perpétuo.

3. Teoria preventiva geral Vamos passar à análise das penas permitidas no Brasil:

A teoria preventiva geral está direcionada à generalidade Penas Privativas de liberdade -Dividem-se em:
dos cidadãos, esperando que a ameaça de uma pena, e
sua imposição e execução, por um lado, sirva para intimi- o Reclusão -Será cumprida em regime fechado, semi-
dar aos delinqüentes potenciais (concepção estrita o ne- aberto ou aberto.
gativa da prevenção geral), e, por outro lado, sirva para o Detenção -Cumprida em regime semi-aberto ou aberto,
robustecer a consciência jurídica dos cidadãos e sua con- salvo necessidade de transferência a regime fechado
fiança e fé no Direito (concepção ampla ou positiva da no caso de regressão de regime.
prevenção geral). o Prisão simples (Lei das Contravenções Penais)
Penas restritivas de direitos - As penas restritivas de direi- II - proibição do exercício de profissão, atividade ou
tos são autônomas e substituem as privativas de liberda- ofício que dependam de habilitação especial, de li-
de, quando: cença ou autorização do poder público;
III - suspensão de autorização ou de habilitação para
I – Aplicada pena privativa de liberdade não superior dirigir veículo.
a quatro anos e o crime não for cometido com vio- IV – proibição de frequentar determinados lugares.
lência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que
seja a pena aplicada, se o crime for culposo; o Prestação pecuniária;
II – O réu não for reincidente em crime doloso; o Perda de bens e valores.
III – A culpabilidade, os antecedentes, a conduta so-
cial e a personalidade do condenado, bem como os FIXAÇÃO DA PENA
motivos e as circunstâncias indicarem que essa
substituição seja suficiente. A partir de agora, iniciaremos o estudo da forma de fixa-
ção da pena. Antes de adentrarmos neste vasto assunto,
Dividem-se em: teremos que definir alguns conceitos, mais especifica-
mente, a diferenciação entre o concurso formal e o con-
Art. 33 [...] curso material:
§ 1º - Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabele- Concurso material - a prática pelo agente criminoso, me-
cimento de segurança máxima ou média; diante mais de uma ação ou omissão, de dois ou mais
b) regime semi-aberto a execução da pena em colô- crimes, idênticos ou não. Nesse caso,
nia agrícola, industrial ou estabelecimento
similar; I - proibição do exercício de cargo, função ou ativida-
c) regime aberto a execução da pena em casa de al- de pública, bem como de mandato eletivo;
bergado ou estabelecimento adequado. II - proibição do exercício de profissão, atividade ou
ofício que dependam de habilitação especial, de li-
o Prestação de serviços à comunidade; cença ou autorização do poder público;
III - suspensão de autorização ou de habilitação para
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a dirigir veículo.
entidades públicas é aplicável às condenações supe- IV – proibição de freqüentar determinados lugares.
riores a seis meses de privação da liberdade.
§ 1º A prestação de serviços à comunidade ou a en- Aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liber-
tidades públicas consiste na atribuição de tarefas dade em que haja incorrido.
gratuitas ao condenado.
§ 2º A prestação de serviço à comunidade dar-se-á Na situação de aplicação cumulativa de penas de reclu-
em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfa- são e de detenção, executa-se primeiro aquela. Encontra
natos e outros estabelecimentos congêneres, em previsão no art. 69, do Código Penal.
programas comunitários ou estatais.
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma
o Limitação de fim-de-semana; ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idên-
ticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas
Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na privativas de liberdade em que haja incorrido. No ca-
obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, so de aplicação cumulativa de penas de reclusão e
por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou de detenção, executa-se primeiro aquela.
outro estabelecimento adequado. § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente ti-
Parágrafo único - Durante a permanência poderão ver sido aplicada pena privativa de liberdade, não
ser ministrados ao condenado cursos e palestras ou suspensa, por um dos crimes, para os demais será
atribuídas atividades educativas. incabível a substituição de que trata o art. 44 deste
Código.
o Intervenção temporária de direitos; § 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de
direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as
Art. 47 - As penas de interdição temporária de direi- que forem compatíveis entre si e sucessivamente as
tos são: demais.
I - proibição do exercício de cargo, função ou ativida-
de pública, bem como de mandato eletivo;
Concurso formal - É a prática pelo agente criminoso, me- Parágrafo único - No concurso de causas de aumen-
diante uma só ação ou omissão, de dois ou mais crimes, to ou de diminuição previstas na parte especial, pode
idênticos ou não. o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só dimi-
nuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais au-
Na sistemática do Código Penal, aplica-se a mais grave mente ou diminua.
das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas
aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. Assim, a pena será fixada em três fases, a saber: uma
primeira fase na qual são analisadas as circunstâncias do
As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a art. 59 do CP, e ao final dessa é fixada uma pena provisó-
ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resul- ria denominada pena-base.
tam de desígnios autônomos. Encontra previsão no art.
70, do Código Penal. Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos ante-
cedentes, à conduta social, à personalidade do agen-
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou te, aos motivos, às circunstâncias e consequências
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou do crime, bem como ao comportamento da vítima,
não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente
ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, para reprovação e prevenção do crime:
em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas
aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resul- II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites
tam de desígnios autônomos, consoante o disposto previstos;
no artigo anterior. III - o regime inicial de cumprimento da pena privati-
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que va de liberdade;
seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. IV - a substituição da pena privativa da liberdade
aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
CONCURSO MATERIAL- MAIS DE UMA AÇÃO/OMISSÃO
COM MAIS DE UM RESULTADO SOMAM-SE AS PENAS. Em seguida, havendo quaisquer das circunstâncias agra-
CONCURSO FORMAL- UMA AÇÃO/OMISSÃO COM DOIS vantes ou atenuantes previstas nos arts. 61 e seguintes
do Código Penal, a pena será aumentada e diminuída,
GRAVE AUMENTADA DE UM SEXTO ATÉ A METADE. conforme o caso e uma nova pena provisória será fixada.

Passemos agora ao regramento para a fixação da pena. Por fim, sobre esta nova pena provisória incidirá as cha-
madas causas de aumento ou diminuição de pena, encon-
A primeira regra fundamental na fixação de uma pena é: tradas tanto na parte geral como na parte especial do
para cada réu uma análise; para cada crime uma análise. Código e que se caracterizam por serem expressas por
frações (aumenta-se da metade, diminui-se de dois terços
Assim, se dois delitos (homicídio e ocultação de cadáver, etc.). A pena resultante deste processo será a pena final
por exemplo) foram praticados por dois réus em concurso do réu.
de agentes, o procedimento de fixação da pena será reali-
zado 4 vezes (1º réu - homicídio, 1º réu - ocultação de Vamos analisar, especificamente, cada fase:
cadáver, 2º réu - homicídio, 2° réu - ocultação de cadáver).
1ª FASE
Ao final da fixação da pena para cada um dos delitos, ela
deverá ser unificada de acordo com o tipo de concurso, A fixação da pena-base se dá com estrita observância das
nos termos dos arts. 69, 70 ou 71 do CP. circunstâncias do art. 59 do CP. Estas circunstâncias são
Vamos esmiuçar o tema: chamadas circunstâncias judiciais, pois são frutos de
uma análise quase sempre bastante subjetiva por parte
CRITÉRIO TRIFÁSICO - Código Penal adotou em seu art. do magistrado da causa. Tal subjetividade, porém, não se
68 o chamado critério trifásico de fixação das penas. confunde com arbítrio e alguns elementos devem ser
muito bem esclarecidos.
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao
critério do art. 59 deste Código; em seguida serão Em princípio, vale frisar que a culpabilidade a que se refe-
consideradas as circunstâncias atenuantes e agra- re o art. 59 do CP, não é aquela que é elemento constituti-
vantes; por último, as causas de diminuição e de vo do tipo. Não se trata, pois, de uma inexigibilidade de
aumento. conduta diversa, mas sim do grau de reprovabilidade so-
cial da conduta criminosa.
Assim expressões comuns em sentenças condenatórias Cl J1 C2 J2  REINCIDÊNCIA
como "o réu conhecia o caráter ilícito de sua conduta", C1 C2 J1 J2 MAUS ANTECEDENTES
"era exigido do agente uma conduta diversa", não podem
ser justificativas válidas para o aumento da pena, pois Em J2 o agente será considerado reincidente no primeiro
constituem circunstâncias comuns a todo e qualquer caso, porém tecnicamente primário e de maus anteceden-
crime. tes no segundo.

A culpabilidade a ser analisada na fixação da pena é um É bom frisar que tanto a reincidência quanto os maus
“plus” de reprovação social do delito em análise em rela- antecedentes só podem ser comprovados por certidão
ção aos demais crimes da mesma espécie. emitida pelo escrivão judicial em que conste não só a
data da condenação, mas também e principalmente a
Os maus antecedentes, por outro lado, não se confundem data do trânsito em julgado e, se for o caso, da extinção
com a reincidência. da punibilidade.

O art. 63 do CP dispõe que: "verifica-se a reincidência A ausência da certidão, bem como a certidão apócrifa,
quando o agente comete novo crime, depois de tran- impede o aumento da pena tanto pela reincidência quanto
sitar em julgado a sentença que, no país ou no es- pelos maus antecedentes.
trangeiro, o tenha condenado por crime anterior".
A condenação anterior por contravenção penal não gera
Assim, só haverá reincidência quando: reincidência, pois o art. 63 do CP é expresso em sua refe-
rência a crime.
1) houver sentença penal condenatória com trânsito em
julgado; Vale frisar que, de acordo com o art. 64 do CP, se entre a
2) o novo crime for praticado após o trânsito em julgado data do cumprimento ou extinção da pena e a infração
da primeira sentença condenatória. posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5
anos, não há falar em reincidência.
Os maus antecedentes, por outro lado, não podem ser
meras acusações contra o réu (como inquéritos ou pro- Prosseguindo na análise do art. 59 do CP, temos a condu-
cessos em andamento), pois o art. 5o, LVII, da CF consa- ta social e a personalidade do agente como elementos a
grou o princípio da presunção de não culpabilidade ao serem levados em conta pelo magistrado.
afirmar que:
Trata-se de circunstâncias que somente poderão ser ana-
"ninguém será considerado culpado até o trânsito em lisadas para diminuir a pena do réu, pois o seu uso para
julgado de sentença penal condenatória". aumentar a pena constitui flagrante violação do princípio
constitucional da legalidade consagrado no art.
Ora, se meras acusações não podem ser consideradas
maus antecedentes e a sentença transitada em julgado 5º, XXXIX, da CF: "não há crime sem lei anterior que
gera a reincidência, então o que seriam os maus antece- o defina, nem pena sem prévia cominação legal".
dentes?
Senão vejamos: dois indivíduos munidos de arma de fogo
Ocorre que, muitas vezes, a sentença condenatória transi- resolvem roubar um banco em concurso de agentes. Am-
tada em julgado é posterior ao segundo crime, ainda que bos realizam as mesmas condutas, rendem o caixa, apon-
anterior a seu julgamento. tam-lhe a arma, recolhem o dinheiro, dividem-no em par-
tes iguais e saem em fuga.
Assim, na data do julgamento do segundo crime já há
uma sentença penal condenatória transitada em julgado Durante a instrução criminal as testemunhas afirmam que
contra o réu, porém não se trata de reincidência, pois o o primeiro deles é ótimo pai de família, excelente vizinho,
segundo crime foi praticado antes do trânsito em julgado. bom empregado e que trabalha durante os finais de se-
Neste caso - e somente neste - poder-se-á falar em maus mana em entidades beneficentes tendo inclusive adotado
antecedentes. cinco crianças de rua.

De uma forma esquemática poderíamos dizer que, sendo O outro acusado, porém, tem personalidade e conduta
C1 primeiro crime, C2 o segundo, J1 o primeiro julgamen- social oposta: bate na esposa, briga constantemente com
to com trânsito em julgado e J2 o segundo: a vizinhança, chega bêbado no trabalho e há fortes co-
mentários de que trafique drogas.
Não é difícil imaginar que o juiz fixará a pena do primeiro Por fim, deverá o juiz analisar também o comportamento
no mínimo legal e aumentará a pena do segundo em cer- da vítima. Trata-se evidentemente de conduta ativa por
ca de um ano. parte da vítima que induza o réu à prática do crime.

Ao proceder desta forma, o magistrado, na prática, estará Não justifica a diminuição de pena nos crimes contra os
condenado ambos pelo roubo a banco e suplementarmen- costumes a mera roupa provocante com a qual desfila a
te estará condenando o segundo a um ano de prisão por moça em local ermo, pois ninguém é obrigado a trajar-se
bater na esposa, brigar constantemente com a vizinhança, com recato.
chegar bêbado no trabalho e supostamente traficar dro-
gas. Por outro lado, a moça que aceita ir a um motel com um
rapaz e lá, após as tradicionais preliminares, desiste da
Trata-se de violação clara de dois princípios constitucio- cópula no último momento, certamente contribui com seu
nais: legalidade e devido processo legal. Ao condenar o comportamento para a prática de estupro naquele mo-
réu a um ano de prisão com base em alguns fatos absolu- mento.
tamente atípicos sob o argumento de ser uma "conduta
social imprópria" ou "personalidade deturpada", nada A clara diferença entre os dois comportamentos das víti-
mais estará fazendo do que desprezar completamente um mas está na absoluta passividade do primeiro e na ativi-
dos mais tradicionais princípios de Direito Penal. dade do segundo.

Ofenderá também o princípio do devido processo legal, 2ª FASE


pois se o indivíduo foi acusado de roubar um banco, irá
defender-se deste fato tão-somente e não de supostas Analisadas as circunstâncias judiciais do art. 59, em se-
lesões corporais à esposa e tráfico de drogas alegado guida serão consideradas as causas agravantes e atenu-
pelas testemunhas. antes previstas nos arts. 61, 62, 65 e 66 do CP.

O aumento da pena com base em supostos crimes que As agravantes e atenuantes são chamadas causas legais
mesmo provados nos autos não foram objeto de processo de fixação da pena, pois sua previsão é bastante objetiva
para apurá-lo é absolutamente inconstitucional, pois, em na lei penal, não merecendo uma análise subjetiva mais
última análise, configura em condenação sem o devido apurada pelo magistrado.
processo legal.
As circunstâncias agravantes são somente aquelas pre-
Segue o art. 59 do CP, afirmando que os motivos do cri- vistas nos arts. 61 e 62 do CP, enquanto as atenuantes
me, suas circunstâncias e consequências também deve- são aquelas previstas no art. 65 do mesmo diploma legal,
rão ser levados em conta na fixação da pena. havendo ainda no art. 66 do CP a previsão de uma atenu-
ante genérica.
Vale frisar: o que se pune aqui não é o motivo, as circuns-
tâncias e consequências já previstas pela própria leitura A circunstância inominada do art. 66 do CP tem conteúdo
do tipo penal, mas um “plus” de reprovabilidade. variável e deverá ser aplicada pelo magistrado quando as
circunstâncias do delito indicarem uma menor necessi-
Assim, absurdas são as justificativas que alegam para dade de reprovação do crime não prevista pelas atenuan-
majorar a pena: "o motivo do furto foi muito reprovável, tes do art. 65 do CP.
pois buscou o ganho fácil, o enriquecimento ilícito etc.",
"as consequências do crime de homicídio (ou de latrocí- 3ª FASE
nio) foram muito graves, pois resultou na morte da víti-
ma". As causas de aumento e diminuição de pena são os últi-
mos elementos a serem levados em conta na fixação da
Afirmações como esta constituem um flagrante bis in pena.
idem, pois o "ganho fácil" é, em última análise, elemento
motivacional de todo crime patrimonial e a "morte da ví- Apesar de encontrarem-se dispersas no Código, são fa-
tima" é sempre consequência dos homicídios e latrocí- cilmente identificáveis por virem sempre expressas por
nios. uma fração (aumenta-se da metade, diminui-se de 1 a 2/3
terços etc.).
A motivação que deve ser valorada não é a comum aos
crimes da espécie, mas aquela que se diferencia da média Primeiramente são aplicadas as causas de aumento de
dos crimes praticados demonstrando uma maior reprova- pena e, em seguida, as causas de diminuição de pena. As
bilidade da conduta. principais causas de aumento de pena da parte geral são
o concurso formal (art. 70 do CP) e a continuidade delitiva O número de dias-multa varia de 10 a 360.
(art. 71 do CP).
O juiz, porém, deve ficar atento, pois isto vale para todo e
A fração do aumento da pena deverá ser calculada com qualquer crime.
base no número de crimes praticados: se apenas 2,1/6, se
3,1/5, se 4,1/4 e assim sucessivamente. Assim, crimes de pequeno potencial ofensivo como o
furto e o estelionato devem ter suas penas de multa fixa-
As principais causas de diminuição de pena da parte geral das próximas ao mínimo legal (10 dias-multa) enquanto
são a tentativa (art. 14, II, do CP), o arrependimento poste- crimes graves, como o latrocínio, devem ter multas fixa-
rior (art. 16 do CP), o erro inevitável sobre a ilicitude do das próximo ao máximo (360 dias-multa).
fato (art. 21 do CP) e a participação de menor importância
(art. 29, § 1º, do CP). Fixados na primeira fase, o número de dias-multa a serem
pagos, caberá ao juiz, na segunda fase, a fixação do valor
As causas de aumento e diminuição de pena da parte unitário de cada um destes dias-multa.
especial estão relacionadas no tipo penal que descreve o
crime em análise. Vale ressaltar que não se pode aplicar Neste momento o juiz deverá levar em conta a capacida-
duas causas de aumento ou diminuição de pena da parte de socioeconômica do agente devendo variar de 1/30 do
especial para o mesmo crime. salário mínimo a 5 vezes esse salário.

Assim, o roubo praticado em concurso de agentes e com A multa não paga não pode se converter em prisão, pois
emprego de arma só terá a pena aumentada na terceira não há prisão por dívidas no ordenamento jurídico brasi-
fase por uma das circunstâncias: ou pelo concurso de leiro salvo nos casos previstos pela Constituição Federal.
agentes ou pelo emprego de armas.
SENTENÇA CONDENATÓRIA
A fração do aumento da pena não será determinada pelo
número de circunstâncias, mas pela gravidade de cada A sentença condenatória é aquela que reconhece a res-
uma delas: número de agentes no caso de concurso de ponsabilidade criminal do réu em virtude de infração a
pessoas e potencialidade ofensiva da arma no caso de uma norma penal incriminadora, imputando- lhe, em con-
emprego dessa. sequência, uma pena.

Vale lembrar que, em qualquer hipótese, a causa de dimi- Exige, assim, comprovação plena acerca da autoria e da
nuição de pena em razão da tentativa (art. 14, II, do CP) materialidade do crime imputado, não bastando mero
será sempre a última a ser aplicada. juízo de possibilidade ou probabilidade.

PENA DE MULTA EFEITOS SENTENÇA CONDENATÓRIA

A fixação da pena de multa não obedece ao rito previsto A sentença penal condenatória produz, como efeito prin-
para a pena corporal. Após a fixação da pena privativa de cipal, a imposição da sanção penal ao condenado, ou, se
liberdade e do seu regime de cumprimento, passará o inimputável, a aplicação da medida de segurança. Produz,
magistrado a um novo procedimento que determinará a todavia, efeitos secundários, de natureza penal e extrape-
pena pecuniária do agente (evidentemente que se – e nal.
somente se - o tipo penal trouxer a previsão da pena de
multa). Os efeitos penais secundários encontram-se espalhados
por diversos dispositivos no CP (Código Penal), no CPP
A pena de multa será fixada em duas fases distintas. Na (Código Processual Penal) e na LEP (Lei de Execução
primeira fase, não será considerada a situação econômica Penal), tais como a revogação do sursis e do livramento
do réu, devendo ser a multa fixada proporcionalmente à condicional, a caracterização da reincidência no caso de
gravidade do tipo de crime praticado e às circunstâncias cometimento de novo crime, a impossibilidade de benefí-
que foram levadas em conta na fixação da pena corporal. cios em diversos crimes (art. 155, § 2º, 171, § 1º), inscri-
ção no rol dos culpados, etc.
A pena na primeira fase não será fixada em unidades mo-
netárias, mas em uma unidade denominada dia-multa, Os efeitos extrapenais secundários estão dispostos nos
cujo valor será estabelecido na segunda fase de fixação arts. 91 (efeitos genéricos) e 92 (efeitos específicos), am-
da pena pecuniária com base na condição socioeconômi- bos do CP.
ca do réu.
Os efeitos genéricos decorrem da própria natureza da Ressalta-se que tudo aquilo que o agente, direta ou indire-
sentença condenatória, abrangem todos os crimes e não tamente, tenha obtido em decorrência da prática do crime,
dependem de pronunciamento judicial (são automáticos); deverá ser, em princípio, restituído ao lesado ou ao tercei-
já os efeitos específicos limitam-se a alguns crimes, de- ro de boa-fé, só se operando o confisco em favor da União
pendendo de pronunciamento judicial a respeito, e não se do valor que sobejar, ou quando inexistir lesado ou tercei-
confundem com as penas de interdição temporária de ro de boa-fé.
direitos, visto que estas são sanções penais, substituindo
a pena privativa de liberdade pelo tempo de sua duração, Este confisco somente se aplica aos crimes e prescreve
enquanto aqueles são consequências reflexas do crime, com a condenação, mas não é suspenso com a conces-
permanentes e de natureza extrapenal. são do sursis. A pena restritiva de direito de perdimento
de bens, acrescida pela Lei 9.714/98 tem preferência, pois
EFEITOS GENÉRICOS - São efeitos genéricos da condena- se trata de pena, efeito principal da condenação.
ção (art. 91):
EFEITOS ESPECÍFICOS - Os efeitos específicos não são
A) TORNAR CERTA A OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR -A sen- automáticos, devendo ser motivadamente impostos na
tença penal condenatória vale como título executivo sentença. São efeitos específicos da condenação (art.
judicial (CPC, art. 584, II). 92):

Dispõe o CPP, art. 63, que “transitada em julgado a sen- A) PERDA DO CARGO, FUNÇÃO PÚBLICA OU MANDATO
tença condenatória, poderão promover a execução, no ELETIVO -Aplica-se:
juízo cível, para efeito de reparação do dano, o ofendido,
seu representante legal e seus herdeiros.” Assim, no juízo 1. Quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo
Cível, não precisará o interessado obrigado a comprovar, igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com
autoria, materialidade e ilicitude. Pode a vítima partir dire- abuso de poder ou violação de dever para com a Ad-
tamente para a execução, que deverá ser movida contra a ministração Pública;
pessoa que figura no título, na sentença (em outras pala-
vras, o Réu na ação criminal). 2. Quando for aplicada pena privativa de liberdade por
tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos.
O responsável civil que não consta do título (que não foi
condenado no processo crime) não poderá ser executado, B) INCAPACIDADE PARA O EXERCÍCIO DO PÁTRIO PO-
sendo necessária uma ação de conhecimento anterior; se DER, TUTELA OU CURATELA em caso de crimes dolo-
ela não quiser aguardar o desfecho da ação penal, pode sos, apenados com reclusão, praticados contra filho,
ajuizar uma ação civil ex delicto, sendo que, por se tratar tutelado ou curatelado. Tal incapacidade poderá ser
de obrigação de indenizar, transmite-se aos herdeiros do eliminada pela reabilitação, contudo esta somente
agente, até as forças da herança; de ver-se que uma sen- atinge os outros filhos, tutelados ou curatelados, não
tença absolutória não impede a ação civil ex delicto, des- se estendendo àquele contra o qual o crime foi come-
de que não baseada em inexistência do fato, negativa de tido.
autoria ou que o agente atuou sob o manto de uma exclu-
dente de ilicitude. C) INABILITAÇÃO PARA DIRIGIR VEÍCULO UTILIZADO
PARA A PRÁTICA DE CRIME DOLOSO.
B) PERDA EM FAVOR DA UNIÃO DOS INSTRUMENTOS
DO CRIME, DESDE QUE CONSISTAM EM COISAS CUJO Não se confunde com a proibição temporária aplicável
FABRICO, ALIENAÇÃO, USO, PORTE OU DETENÇÃO aos autores de crimes culposos de trânsito, que é pena
CONSTITUA FATO ILÍCITO E DO PRODUTO DO CRIME restritiva (art. 43, III, CP). Pode atingir inclusive quem não
OU DE QUALQUER BEM OU VALOR QUE CONSTITUA tenha habilitação; pode tal efeito ser eliminado com a
PROVEITO AUFERIDO PELO AGENTE COM A PRÁTICA reabilitação.
s-
trumentos cujo fabrico, alienação, uso, porte ou deten-
ção constitua fato ilícito fiquem na posse do condena-
dos. Assim como efeito automático da condenação,
esses bens serão confiscados (e o lesado ou terceiro 01.(FCC / DP-SP / 2009) Em razão da prática de roubo
de boa fé deverão ter autorização especial para pode- duplamente qualificado, o juiz fixou a pena-base no
rem ficar com tais instrumentos – ex: colecionador de mínimo legal e, após, aumentou- a em razão da gravi-
armas de guerra). dade do crime. O aumento é:
A) inadmissível porque a gravidade abstrata do delito III. A teoria retributiva parte da ideia da compensação
já foi considerada pelo legislador para cominação da culpa, do pressuposto de que a justa retribuição
das penas mínima e máxima. ao fato cometido se dá através da individualização
B) inadmissível porque implica aumento de pena em e diferenciação da pena.
razão da culpabilidade do autor, segundo a qual se
pune pelo que se é e não pelo que se fez. Está correto o que se afirma SOMENTE em:
C) admissível porque em razão do próprio caráter re- A) I.
tributivo da pena, quanto mais grave o fato, maior B) II.
deve ser o aumento da pena base. C) III.
D) admissível porque implica em punição em razão da D) I e II.
culpabilidade do fato. E) II e III.
E) admissível porque a gravidade do delito explicita a
intensidade do dolo. GABARITO: D
COMENTÁRIOS: Analisando os itens:
GABARITO: A
COMENTÁRIOS: O Código Penal Brasileiro adotou, em seu Item I -Este item está correto, pois de acordo com a teoria
art. 68, o chamado critério trifásico de fixação das penas. da prevenção geral negativa, a pena deve produzir efeitos
Assim, a pena será fixada em três fases, a saber: de intimidação sobre a generalidade das pessoas, atemo-
rizando os possíveis infratores a fim de que estes não
Na primeira fase são analisadas as circunstâncias do art. cometam quaisquer delitos. Segundo esta teoria, a apli-
59, do Código Penal. Ao final da primeira fase, é fixada cação da pena não serve somente para punir o criminoso,
uma pena provisória que é denominada pena-base. Para a mas também para conter a criminalidade de maneira ge-
fixação da pena-base, a gravidade em abstrato do delito é ral.
valorada.
Item II- Conforme apresentado neste item, a teoria da
Em seguida, havendo quaisquer das circunstâncias agra- prevenção especial é direcionada exclusivamente à pes-
vantes ou atenuantes previstas nos arts. 61 e seguintes, soa do delinquente, no sentido de reeducar o criminoso. A
do Código Penal, a pena será aumentada ou diminuída, ideia principal não é a de aplicar o direito, mas inserir va-
conforme o caso, e uma nova pena provisória será fixada. lores morais ao agente de um ato contrário aos padrões
sociais. Item correto.
Por fim, sobre esta nova pena provisória incidirá as cha-
madas causas de aumento ou diminuição de pena, encon- Item III - a teoria retributiva não traz a ideia de individuali-
tradas tanto na parte geral como na parte especial do zação e diferenciação da pena. Esta teoria considera que
Código, e que se caracterizam por serem expressas por a pena se esgota na ideia de pura retribuição. A pena atua
frações (aumenta-se da metade, diminui-se de dois terços, como instrumento de vingança do estado contra o crimi-
etc.). A pena resultante deste processo será a pena final noso, com a finalidade única de castigá-lo. Item incorreto.
do réu.
Como só estão corretos os itens I e II, conclui-se que o a
Como a gravidade abstrata do delito é considerada na resposta da questão é a alternativa “D”.
primeira fase, para a fixação da pena-base, não poderá
fazer parte das fases subsequentes, sob pena de repre- 03.(FCC / Assistente de Promotoria-RS / 2008) A respeito
sentar bis in idem. Correta a alternativa “A”. do concurso de crimes considere:
I. Não existe concurso material entre crime doloso e
02.(FCC / DP-SP / 2009) Considere as seguintes afirma- crime culposo.
ções: II. No concurso formal, as penas de multa são aplica-
I. É com base na teoria da prevenção geral negativa das distinta e integralmente para cada fato delituo-
que o legislador aumenta penas na crença de con- so.
ter a criminalidade com a ajuda do Código Penal. III. É possível o reconhecimento da continuidade deliti-
II. Além de atribuir à pena privativa de liberdade a va entre crimes tentados e crimes consumados.
inalcançável finalidade reeducadora, atrás das idei-
as utilitárias da prevenção especial sempre há uma Esta correto o que se afirma APENAS em:
confusão entre direito e moral e entre crime e pe- A) II e III.
cado. B) I e II.
C) I e III.
D) I.
E) III.
GABARITO: A Observe que o supracitado parágrafo trata de descum-
COMENTÁRIOS: Esta questão exige o conhecimento do primento INJUSTIFICADO, o que nos permite, fazendo
candidato acerca do tema concurso de crimes, que nada uma interpretação a contrario sensu, concluir que caso a
mais é do que a ocorrência de uma ou várias condutas recusa seja JUSTIFICADA, não ocorrerá a conversão. Por-
produzindo duas ou mais infrações penais. Analisando os tanto, correta a alternativa “D”.
itens:
05.(FCC / TJ-RR / 2008) Segundo construção jurispru-
Item I- Embora não seja um tema pacífico, o entendimento dencial amplamente aceita, em delitos dolosos sem
majoritário e o da FCC é o de que é cabível concurso ma- violência ou grave ameaça à pessoa, praticados contra
terial entre crime doloso e culposo. Item incorreto. a mesma vítima, o aumento pelo crime continuado de-
ve decorrer:
Item II - está correto, pois conforme o art. 72, do Código A) das circunstâncias do art. 59 do Código Penal.
Penal, no concurso de crimes, as penas de multa são apli- B) do número de infrações praticadas.
cadas distinta e integralmente. C) da incidência de circunstâncias agravantes ou ate-
nuantes.
Item III - Continuidade delitiva é a modalidade de concur- D) da gravidade dos crimes praticados.
so de crimes que ocorre quando o criminoso, por meio de E) da primariedade ou não do acusado.
duas ou mais condutas, comete dois ou mais crimes da
mesma espécie e, pelas condições de tempo, local, modo GABARITO: B
de execução e outras semelhantes, devem os subsequen- COMENTÁRIOS: Diz-se que há crime continuado quando o
tes ser considerados como continuação do primeiro. agente, mediante mais de uma conduta, comete mais de
um crime da mesma espécie. Necessário também que os
A jurisprudência vem aceitando, ainda que com relação a crimes guardem liame no que diz respeito ao tempo, ao
delitos nas formas tentada e consumada, a possibilidade lugar, à maneira de execução e a outras características
de configuração da continuidade delitiva. Item correto. que façam presumir a continuidade delitiva.
Como só estão corretos os itens II e III, conclui-se que o a
resposta da questão é a alternativa “A”. Neste caso, será aplicada a pena de um só dos crimes, se
idênticas, e a pena mais grave, se diversas. Em qualquer
04.(FCC / Secretário de Diligências-RS / 2008) A pena de das situações, a pena será aumentada de um sexto (1/6)
prestação de serviços à comunidade NÃO será conver- a um terço (1/3) para o crime continuado.
tida em privativa de liberdade se o condenado:
A) sofrer condenação por outro crime à pena privativa A questão trata da forma como o Juiz deve valorar o au-
de liberdade, cuja execução não tenha sido suspen- mento da pena e está correta a alternativa “B”, pois, se-
sa. gundo pacífico entendimento jurisprudencial, em delitos
B) não for encontrado por estar em lugar incerto e não dolosos sem violência ou grave ameaça à pessoa, prati-
sabido. cados contra a mesma vítima, o aumento pelo crime con-
C) praticar falta grave. tinuado deve decorrer do número de infrações praticadas.
D) recusar-se, justificadamente, a prestar o serviço
que lhe foi imposto. Cabe ressaltar que prevê o Código Penal, no art. 71, pará-
E) desatender a intimação por edital. grafo único, o chamado crime continuado específico. Esta
espécie de delito, além dos requisitos do crime continua-
GABARITO: D do “comum”, exige mais:
COMENTÁRIOS: Questão fácil, mas que exige do candida-
to a leitura atenta das alternativas. 1. crime doloso;
2. vítimas diferentes; e
O Código Penal, ao tratar da conversão da pena restritiva 3. violência ou grave ameaça à pessoa.
de direitos em privativa de liberdade, dispõe:
Na aplicação da pena em casos de crime continuado es-
Art. 44 pecífico, o juiz levará em consideração:
[...]
§ 4º A pena restritiva de direitos converte-se em privativa a culpabilidade;
de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustifi- os antecedentes;
cado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa a conduta social;
de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido a personalidade; e
da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo os motivos e outras circunstâncias do crime.
de trinta dias de detenção ou reclusão.
Poderá, então, o magistrado aumentar a pena de um só 07.(FCC / TJ-RR / 2008) A pena de prestação pecuniária:
dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até A) não pode exceder a trezentos e sessenta salários
o triplo, observadas as regras do parágrafo único, art. 70 e mínimos.
art. 75, do Código Penal. B) não pode ser deduzida de eventual condenação em
ação de reparação civil, ainda que coincidente os
06.(FCC / TJ-RR / 2008) No cálculo da pena: beneficiários.
A) a redução pela menoridade do acusado deve incidir C) é cabível apenas em favor da vítima ou de seus
após o acréscimo pelo crime continuado. descendentes.
B) o aumento pelo concurso formal deve preceder a D) não é substitutiva da privativa de liberdade.
diminuição pela confissão espontânea. E) é fixada em dias-multa.
C) o acréscimo pela má antecedência do acusado de-
ve incidir antes da redução pela tentativa. GABARITO: A
D) o aumento pela reincidência deve ser posterior à COMENTÁRIOS: De forma tênue, o examinador tenta con-
redução pela participação de menor importância. fundir o candidato associando conceitos de MULTA com
E) a diminuição pelo arrependimento posterior deve a pena de PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA, substitutiva da pri-
incidir antes do aumento em razão de o crime haver vativa de liberdade.
sido praticado contra ascendente.
A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinhei-
GABARITO: C ro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou
COMENTÁRIOS: Inicialmente, para a correta resolução da privada com destinação social, de importância fixada pelo
questão, é necessário o conhecimento do art. 68, do Có- juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo e nem superior a
digo Penal, segundo o qual a pena-base será fixada aten- 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. Desde já,
dendo-se as circunstâncias judiciais, em seguida as cir- percebe-se que a alternativa “A” está correta e é a respos-
cunstâncias atenuantes e agravantes e, por último, as ta da questão.
causas de diminuição e de aumento.
O valor pago será deduzido do montante de eventual con-
Analisando as alternativas: denação em ação de reparação civil, se coincidentes os
beneficiários.
Alternativa “A” -A menoridade do acusado é circunstância
atenuante prevista no art. 65, I, do Código Penal. Por outro 08.(FCC / METRO-SP / 2008) Considere as seguintes
lado, o acréscimo pelo crime continuado é causa de au- penas:
mento de pena. Logo, a alternativa está incorreta, pois, I. reclusão.
com base no art. 68, do Código Penal, as circunstâncias II. limitação de fim de semana.
atenuantes/agravantes devem ser aplicadas ANTES das III. multa.
causas de aumento/diminuição de pena. IV. perda de bens e valores.
V. prestação pecuniária.
Alternativa “B” -Diferentemente do apresentado na alter-
nativa, a confissão espontânea, por ser circunstância São penas restritivas de direito SOMENTE:
atenuante, deve ser aplicada anteriormente à causa de A) I e II.
aumento de pena cabível devido a concurso formal. B) III e V.
C) I, II e IV.
Alternativa “C” - Está perfeita a alternativa. A verificação
D) I, II e III.
dos antecedentes é realizada na fase de análise das cir-
E) II, IV e V.
cunstâncias judiciais que, com base no art. 68, do Código
Penal, constituem a pena antes das causas de aumen-
GABARITO: E
to/diminuição.
COMENTÁRIOS: O art. 43, do Código Penal, define que as
penas restritivas de direito são:
Alternativa “D” -A reincidência é circunstância agravante e
a redução pela participação de menor importância é cau-
1. Prestação pecuniária;
sa de diminuição de pena. Como a alternativa afirma que
2. Perda de bens e valores;
esta última deverá ser aplicada antes da circunstância
3. Prestação de serviço à comunidade ou a entidades
agravante, está incorreta.
públicas;
Alternativa “E” - 4. Interdição temporária de direitos;
praticado contra ascendente agrava a pena e, portanto, 5. Limitação de fim de semana.
deve ser valorada anteriormente a uma causa de diminui-
ção.
Dos itens apresentados na questão, somente o II, IV e V te, desde que não seja reincidente específico em crime
se enquadram na lista acima apresentada. Logo, correta a doloso.
alternativa “E”.
É importante ressaltar que se a condenação for superior a
09.(FCC / TRF-2ª Região – Analista Judiciário / 2007) um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída
Sobre as penas restritivas de direitos, é absolutamente por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas
correto afirmar que são dessa espécie: restritivas de direitos, as quais serão cumpridas simulta-
A) perda de bens e valores; multa e prestação de ser- neamente, se compatíveis, ou sucessivamente, nos de-
viços à comunidade. mais casos. Observação: É entendimento majoritário que
B) internação em Casa de Custódia; recolhimento do- o art. 44, § 2º, 1ª parte, do Código Penal, mais recente e
miciliar e prestação pecuniária. mais favorável ao réu, revogou o art. 60, § 2o, do Código
C) prestação pecuniária; perda de bens e valores e li- Penal. Desta forma, para concursos públicos, deve-se
mitação de fim de semana. levar o entendimento segundo o qual para as condena-
D) limitação de fim de semana; permissão para saída ções superiores a seis meses, mas iguais ou inferiores a
temporária e internação em escola agrícola. um ano, É POSSÍVEL a substituição da pena privativa de
E) cesta básica; prestação pecuniária e multa. liberdade por multa.

GABARITO: C 11.(FCC / TRE-PB / 2007) De acordo com o Código Penal,


COMENTÁRIOS: Questão que, assim como a acima apre- quando o agente mediante uma só ação culposa prati-
sentada, exige o conhecimento do art. 43, do Código Pe- ca dois ou mais crimes não idênticos e não resultantes
nal. de desígnios autônomos, configura-se hipótese de
concurso:
Dentre as alternativas, a única que apresenta penaliza- A) material de crimes e aplica-se a mais grave das pe-
ções descritas no citado artigo é a alternativa “C”, pois a nas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas
prestação pecuniária, a perda de bens e valores e a limi- aumentada, em qualquer caso, de um terço.
tação de fim de semana são penas restritivas de direitos.. B) material de crimes e aplicam-se cumulativamente
as penas privativas de liberdade em que haja incor-
10.(FCC / TJ-AL / 2007) A pena de multa substitutiva: rido.
A) só cabe nos crimes culposos. C) formal de crimes e aplicam-se cumulativamente as
B) cabe isoladamente quando a pena privativa de li- penas privativas de liberdade em que haja incorrido.
berdade for igual ou inferior a um ano. D) material de crimes e aplica-se a mais grave das pe-
C) não cabe para o condenado reincidente. nas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas
D) não cabe quando a pena privativa de liberdade for aumentada, em qualquer caso, de um sexto até me-
superior a um ano, ainda que aplicada cumulativa- tade.
mente com restritiva de direitos. E) formal de crimes e aplica-se a mais grave das pe-
E) só cabe quando a pena privativa de liberdade não nas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas
for superior a seis meses. aumentada, em qualquer caso, de um sexto até me-
tade.
GABARITO: B
COMENTÁRIOS: A pena substitutiva de multa é tratada GABARITO: E
pelo Código Penal no § 2º , do art. 44. COMENTÁRIOS: A questão exige do candidato a correta
diferenciação entre o concurso formal e material. Esclare-
Segundo o dispositivo legal, conforme apresentado pela cendo:
banca na alternativa “B”, é cabível esta substituição
quando a pena privativa de liberdade for igual ou inferior a Concurso material -É a prática pelo agente criminoso,
um ano. Observe: mediante mais de uma ação ou omissão, de dois ou mais
crimes, idênticos ou não. Nesse caso, aplicam-se cumula-
§ 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substi- tivamente as penas privativas de liberdade em que haja
tuição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva incorrido.
de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de li-
berdade pode ser substituída por uma pena restritiva de Na situação de aplicação cumulativa de penas de reclu-
direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. são e de detenção, executa-se primeiro aquela. Encontra
previsão no art. 69, do Código Penal.
Para esta situação em que a pena aplicada é igual ou
inferior a um ano, é irrelevante se o crime é doloso ou
culposo e a substituição é aplicável também ao reinciden-
Concurso formal - É a prática pelo agente criminoso, me-
diante uma só ação ou omissão, de dois ou mais crimes, Alternativa “D” -Contrariando o apresentado pela banca, o
idênticos ou não. Código Penal, no parágrafo único, do art. 70, deixa claro
que não poderá a pena do concurso formal exceder a que
Na sistemática do Código Penal, aplica-se a mais grave seria cabível pelo concurso material. Portanto, incorreta a
das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas alternativa.
aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade.
Alternativa “E” -Está errada, pois o aumento é de no má-
As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ximo metade da pena mais grave.
ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resul-
tam de desígnios autônomos. Encontra previsão no art. 13.(FCC / TRF-4ª Região – Analista Judiciário / 2008) Na
70, do Código Penal. aplicação da pena-base, o juiz deve considerar:
A) a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social,
Resumindo: a personalidade do agente, os motivos, as circuns-
tâncias e as conseqüências do crime, bem como o
Concurso Material -MAIS DE UMA AÇÃO/OMISSÃO COM comportamento da vítima.
MAIS DE UM RESULTADO -Somam-se as penas. B) a culpabilidade, os antecedentes, a repercussão do
crime para o agente, a idade do réu, os motivos, as
Concursos Formal -UMA AÇÃO/OMISSÃO COM DOIS OU circunstâncias, a gravidade e as conseqüências do
MAIS CRIMES, IDÊNTICOS OU NÃO Pena mais grave au- crime.
mentada de um sexto até a metade. C) os antecedentes da vitima, a conduta social e a
personalidade do agente, a natureza, a gravidade e
Do exposto, percebe-se que a única alternativa correta é a as conseqüências do crime, bem como a idade da
“E” que trata do concurso formal. vítima.
D) o comportamento do agente, a idade e os antece-
12.(FCC / Juiz Substituto-AL / 2007) O concurso formal: dentes da vítima, a conduta social do agente, a gra-
A) ocorre quando o agente, mediante mais de uma vidade e as conseqüências do crime, bem como as
ação, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. circunstâncias atenuantes.
B) não permite que se fixe a pena acima do máximo E) a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social,
legal. a personalidade do agente, a idade do agente, a
C) deve levar a aumento proporcional de acordo com o gravidade e a natureza do crime, bem como as cir-
número de vítimas ou de crimes cometidos, segun- cunstâncias agravantes.
do construção jurisprudencial amplamente aceita.
D) pode conduzir à imposição de pena superior à que GABARITO: A
resultaria do concurso material. COMENTÁRIOS: Na aplicação da pena-base, o juiz aplica
E) pode provocar a elevação da pena em até dois ter- as circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do Código
ços. Penal, não valorando neste primeiro momento circuns-
tâncias agravantes ou
GABARITO: C atenuantes. Observe o texto legal:
COMENTÁRIOS: Analisando as alternativas:
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos anteceden-
Alternativa “A” - Nesta alternativa, claramente incorreta, a tes, à conduta social, à personalidade do agente, aos mo-
banca tenta inserir o conceito de concurso material (mais tivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem
de uma ação/omissão e mais de um resultado) ao con- como ao comportamento da vítima, estabelecerá, con-
curso formal (uma ação/omissão e mais de um resulta- forme seja necessário e suficiente para reprovação e pre-
do). venção do crime:

Alternativa “B” - No concurso formal, aplica-se a pena [...]


mais grave aumentada de um sexto até metade. Nada II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites pre-
obsta que, com o aumento determinado pelo Código Pe- vistos. (grifei)
nal, a pena seja fixada acima do máximo legal. Alternativa
incorreta. Dentre as alternativas, a única que só reproduz as cir-
cunstâncias judiciais previstas no art. 59 é a
Alternativa “C”- Está correta a alternativa, pois segundo
“A”.
orientação jurisprudencial, o juiz, para fixar o aumento da
pena, deve levar em consideração o número de vítimas ou
de crimes cometidos.
14.(FCC / Procurador-BA / 2006) Levando-se em conta os 16.(FCC / TCE-GO / 2009) Considere:
princípios do direito penal, aponte a alternativa que se I. Carta dirigida ao chefe de repartição pública.
relaciona, diretamente, com o princípio da personali- II. Cheque.
dade. III. Testamento particular.
A) A pena não deve ser padronizada, devendo aplicar- IV. Livro Mercantil.
se individualmente a cada condenado.
B) Não há crime sem lei anterior que o defina. Equiparam-se a documento público, para os efeitos
C) Nenhuma pena passará da pessoa do acusado. penais, os indicados APENAS em:
D) As penas devem se ajustar à gravidade da infração A) I e III.
penal cometida, devendo existir equilíbrio entre sua B) I, II e IV.
cominação legal e todo o sistema penal. C) I e IV.
E) Ninguém pode ser penalmente responsabilizado se D) II e III.
não houver agido, ao menos, com culpa. E) II, III e IV.

GABARITO: C GABARITO: E
COMENTÁRIOS: Tal princípio está previsto no art. 5º, XLV, COMENTÁRIOS: Conforme o parágrafo 2º, do art. 297, do
da Constituição Federal, que assim dispõe: Código Penal, os livros mercantis, o testamento particular
e os títulos transmissíveis por endosso, como o cheque e
"nenhuma pena passará da pessoa do condenado, poden- a nota promissória, por exemplo, são equiparados a do-
do a obrigação de reparar o dano e a decretação do per- cumentos públicos para fins penais, o que tornam corre-
dimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos tos os itens II, III, IV. O disposto no item I: “Carta dirigida
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor ao chefe de repartição pública”, não é e nem equipara-se a
do patrimônio transferido". documento público, o que torna correta a alternativa “E”.

Diante do exposto, percebe-se que, segundo o princípio da 17.(FCC / ANALISTA JUDICIÁRIO / 2008) João alterou
personalidade, a responsabilidade deve ser individual, documento verdadeiro emanado de entidade paraesta-
posto que ninguém pode responder criminalmente além tal. João responderá por crime de:
dos limites da própria culpabilidade. Portanto, correta a A) falsificação de documento público.
alternativa ”C”. B) falsificação de documento particular.
C) falsidade ideológica.
15.(FCC / MPE-PE / 2006) Na fixação da pena, o juiz obe- D) falsificação de selo ou sinal público.
decerá às seguintes etapas: E) supressão de documento.
A) circunstâncias judiciais, circunstâncias atenuantes,
circunstâncias agravantes, causas de diminuição GABARITO: A
de pena e causas de aumento de pena. COMENTÁRIOS: O crime de falsificação de documento
B) circunstâncias atenuantes, circunstâncias agravan- público encontra previsão no art. 297, do Código Penal,
tes, causas de diminuição de pena, causas de au- nos seguintes termos:
mento de pena e circunstâncias judiciais.
C) circunstâncias agravantes, causas de aumento de Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento pú-
pena, circunstâncias judiciais, circunstâncias ate- blico, ou alterar documento público verdadeiro.
nuantes e causas de diminuição de pena.
D) causas de aumento de pena, circunstâncias judici- Segundo o parágrafo 2º, do supracitado artigo, para os
ais, circunstâncias atenuantes, causas de diminui- efeitos penais equiparam-se a documento público:
ção de pena e circunstâncias agravantes.
E) circunstâncias agravantes, circunstâncias atenuan- 1. O emanado de entidade paraestatal;
tes, causas de aumento de pena, causas de dimi- 2. O título ao portador ou transmissível por endosso;
nuição de pena e circunstâncias judiciais. 3. As ações de sociedade comercial;
4. Os livros mercantis ; e
GABARITO: A 5. O testamento particular.
COMENTÁRIOS: A alternativa “A” está correta, pois, con-
forme o art. 68 do Código Penal, a pena-base será fixada Estes documentos equiparados a documentos públicos
atendendo-se ao critério do art. 59, que trata das circuns- são constantemente exigidos em provas da FCC e o co-
tâncias judiciais. Em seguida, serão consideradas as cir- nhecimento é essencial. Como a questão trata da falsifi-
cunstâncias atenuantes e agravantes e, por último, as cação de documento emanado de entidade paraestatal e
causas de diminuição e de aumento. este equipara-se a documento público, a resposta da
questão é a alternativa “A”.
Complementando o tema: D) a pena pode ser reduzida de 1/3 até metade se o
funcionário tiver mais de dez anos de serviço.
Comete este crime também quem insere ou faz inserir: E) a pena pode ser reduzida de 1/6 até metade se o
funcionário tiver mais de dez anos de serviço e não
1. Na folha de pagamento ou em documento de informa- tenha sofrido nenhuma punição administrativa
ções que seja destinado a fazer prova perante a previ- nesse período.
dência social, pessoa que não possua a qualidade de
segurado obrigatório; GABARITO: B
2. Na Carteira de Trabalho e Previdência Social do em- COMENTÁRIOS: A falsificação de documento público
pregado ou em documento que deva produzir efeito encontra previsão no art. 297, do Código Penal, nos se-
perante a previdência social, declaração falsa ou di- guintes termos:
versa da que deveria ter sido escrita;
3. Em documento contábil ou em qualquer outro docu- Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento pú-
mento relacionado com as obrigações da empresa pe- blico, ou alterar documento público verdadeiro:
rante a previdência social, declaração falsa ou diversa Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
da que deveria ter constado.
Também incide no tipo penal definidor da falsificação de Trata-se de crime comum que se consuma com a falsifi-
documento público quem omite, nos documentos menci- cação ou alteração do objeto material, independentemen-
onados acima, nome do segurado e seus dados pessoais, te de outro resultado.
a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de
prestação de serviços. O parágrafo 1º do supracitado artigo trata do tipo qualifi-
cado da seguinte forma:
Para efeitos penais, documento público é todo documen-
to expedido na forma prescrita em lei, por funcionário § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime
público no exercício de suas atribuições. Sendo assim, prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta
são considerados documentos públicos, por exemplo, as parte .
cópias autenticadas, as certidões e as fotocópias autenti-
cadas ou conferidas com os documentos originais. Do texto legal acima apresentado, percebe-se que a alter-
nativa correta é a “B”. Todavia, é importante ressaltar que
18.(FCC / MPE-PE / 2008) A conduta do agente que alte- não basta que o agente seja funcionário público para que
ra, em parte, testamento particular, configura crime de: incida a qualificadora, fazendo-se necessário que o com-
A) corrupção ativa. portamento tenha sido realizado com base na facilidade
B) falsificação de documento particular. advinda do exercício da função.
C) corrupção passiva.
D) favorecimento pessoal. 20.(FCC / Procurador do Município - SP / 2008) A aposi-
E) falsificação de documento público. ção de assinatura falsificada em cheque de terceiro
configura, em tese, crime de:
GABARITO: E A) uso de documento falso.
COMENTÁRIOS: Conforme o parágrafo 2º, do art. 297, do B) falsificação de documento público.
Código Penal, o testamento particular equipara-se a do- C) falsidade ideológica.
cumento público. D) falsa identidade.
E) falsificação de documento particular.
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento
público o emanado de entidade paraestatal, o título ao GABARITO: B
portador ou transmissível por endosso, as ações de soci- COMENTÁRIOS: Nesta questão, a FCC deixa de lado a
edade comercial, os livros mercantis e o testamento par- exigência da literalidade do Código Penal e exige do can-
ticular. didato um maior raciocínio do disposto no parágrafo 2º,
do art. 297. Analisando:
19.(FCC / MPE-PE / 2008) No crime de falsificação de
documento público, se o agente é funcionário público O cheque nada mais é do que um título ao portador. Desta
e comete o crime prevalecendo-se do cargo, forma, como o Código Penal equipara esta espécie de
A) aumenta-se a pena de um terço. documento à documento público, no caso de o agente
B) aumenta-se a pena de um sexto. falsificar a assinatura, tem- se o crime de falsificação de
C) a pena não sofre alteração em razão da função pú- documento público. Correta a alternativa “B”.
blica do agente.
Assim, por exemplo, pode-se dar início a uma ação contra
um indivíduo que matou alguém porque o código penal
diz que MATAR ALGUÉM é fato típico.

Diferentemente, não posso iniciar uma ação contra um


Sabemos que no mundo onde vivemos existem determi- indivíduo que usa camisa amarela pelo simples fato de eu
nados delitos que, por mais que pensemos, não conse- não gostar da cor...a não ser que a camisa seja minha e
guimos imaginar uma razão pelo menos compreensível. ele a tenha furtado...

Imagine que existisse no Brasil alguém tão “doente” a INTERESSE DE AGIR- Constitui a presença de elementos
ponto de jogar uma criança pela janela. Neste caso, se mínimos que sirvam de base para o Juiz concluir no sen-
você pudesse escolher qualquer coisa, o que faria com tido de que se trata de acusação factível.
este indivíduo?...Então, exatamente para evitar que, moti-
vados por instintos próprios, fujamos do preceituado no Imaginemos a seguinte situação: Mévio, paulista, tem um
ordenamento jurídico existente, existe a AÇÂO PENAL, relacionamento de 04 anos com Tícia e é aprovado em um
através da qual o Estado será capaz de aplicar o direito concurso, com previsão de trabalhar em Brasília.
penal, na mensuração cabível, ao caso concreto.
Tícia, com medo de perder seu amado, tenta complicar a
CONCEITO admissão de Mévio oferecendo uma queixa completa-
mente sem provas, alegando o delito de calúnia.
FERNANDO CAPEZ define ação penal como o direito de
pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito objetivo a um Neste caso o Juiz deverá rejeitar a inicial acusatória sob
caso concreto. Segundo o renomado autor é também o pena de
direito público subjetivo do Estado-Administração, único caracterizar-se hipótese de constrangimento ilegal im-
titular do poder-dever de punir, de pleitear ao Estado-Juiz pugnável mediante habeas corpus.
a aplicação do direito penal objetivo, com a consequente
satisfação da pretensão punitiva. O interesse de agir encontra embasamento no código de
processo penal:
CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quan-
Existem determinadas situações em que o direito de ação do:[...]
não pode ser exercido por não cumprir determinado re- III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.
quisito.
LEGITIMAÇÃO PARA AGIR- Em uma ação penal, devemos
Só para exemplificar, imaginemos que um determinado atentar para a legitimação ativa e passiva.
indivíduo resolve dar início a uma ação penal exigindo a
prisão de seu desafeto pelo fato de ele torcer para o Fla- No caso da ativa, estamos tratando da pessoa correta
mengo. para dar início à ação penal, o que em nosso país, via de
regra, é feito pelo Ministério Público e, em algumas hipó-
É claro que nesta situação a ação não será possível, pois teses, pelo próprio ofendido (veremos isto mais na frente).
torcer para determinado time não é crime, certo? Assim,
podemos citar as seguintes condições da ação: No pólo passivo, estamos tratando de quem está sendo
acusado, ou seja, do Réu.
1. POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO;
2. INTERESSE DE AGIR; Imaginemos que Tício, no seu aniversário de 30 anos,
3. LEGITIMAÇÃO PARA AGIR; resolve dizer para Mévio, 16 anos, que ele é mais feio que
4. JUSTA CAUSA. indigestão de torresmo. Mévio, inconformado com tal
declaração, desfere golpes em Tício ocasionando lesões
Vamos analisá-las: corporais. Tício tenta iniciar um processo penal comuni-
cando ao Ministério Público as inúmeras lesões.
POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO- Para que haja a
possibilidade do início da ação, faz-se necessário a carac- Nesta situação, Mévio está protegido pelo art. 27 do CP e
terização da tipificação da conduta, ou seja, a demonstra- art. 228 da CF, sendo inimputável, ou seja, não podendo
ção de que o caso concreto se enquadra em um fato típi- figurar no pólo passivo de um processo penal.
co em abstrato (situação descrita no código penal).
JUSTA CAUSA- Torna-se necessário ao regular exercício É importante ressaltar que a regra geral é a ação penal
da ação penal a demonstração, prima face, de que a acu- pública, sendo a privada, a exceção. Assim dispõe o Códi-
sação não é temerária ou leviana, por isso que é lastreada go Penal:
em um mínimo de prova.
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei
Este suporte probatório mínimo se relaciona com indícios expressamente a declara privativa do ofendido.
da autoria, existência material de uma conduta típica e
alguma prova de sua antijuridicidade e culpabilidade. Vamos agora tratar especificamente de cada forma de
ação penal e veremos que a aplicabilidade de cada uma
Podemos resumir o assunto da seguinte forma: está relacionada com o quanto determinado delito impor-
ta para a sociedade.
 ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL
Desde já, cabe ressaltar que seja qual for o crime, quando
No nosso país as ações penais são divididas em dois praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da
grandes grupos: União, Estados e Municípios, a ação penal será pública.

1. AÇÃO PENAL PÚBLICA Vamos começar:


2. AÇÃO PENAL PRIVADA
1) AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA
Essa divisão atende a razões de exclusiva política crimi-
nal e é isso que entenderemos agora através de exem- Conceito
plos.
É a ação que pode ser iniciada mediante DENÚNCIA, logo
Imaginemos que um indivíduo comete um homicídio. Este que o titular para impetrá-la tiver conhecimento do fato,
delito, obviamente, importa sobremaneira a toda socieda- não necessitando de qualquer manifestação do ofendido.
de, pois, a partir de tal fato, fica claro que há um indivíduo É a forma de ação adotada em regra no Brasil.
no mínimo desequilibrado solto na sociedade.
A denúncia nada mais é do que um documento no qual o
Desta forma, a ação recebe a classificação de pública promotor requere ao Juiz o início da ação penal para a
Incondicionada e não depende de qualquer pedido ou apuração de determinado crime. Cabe ressaltar que qual-
condição para ser iniciada bastando o conhecimento do quer omissão neste documento inicial pode ser sanada
fato pelo Ministério Público. até a sentença.

Pensemos agora em outra situação em que uma mulher Exemplos de crimes perseguidos por ação pública incon-
chega para um homem e diz que ele é “mais feio que briga dicionada: roubo, corrupção, sequestro.
de foice no escuro”. TITULARIDADE

Neste caso, temos claramente um crime contra a honra e Dispõe o Código Penal:
eis a pergunta: O que este delito importa para a socieda-
de? Art. 100 [...]
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério
Na verdade, ele fere a esfera íntima do indivíduo e, devido Público, dependendo, quando a lei o exige, de repre-
a isto, o Estado concede a possibilidade de o ofendido sentação do ofendido ou de requisição do Ministro
decidir se inicia ou não a ação penal, atribuindo a este a da Justiça.
titularidade. Temos ai a ação privada.
Conforme o CP, a titularidade da ação pública incondicio-
Em um meio termo entre a Pública Incondicionada e a nada é do Ministério Público, podendo este instaurar o
Privada temos a Pública Condicionada. processo criminal independente da manifestação de von-
tade de qualquer pessoa e até mesmo contra a vontade
Neste caso, o fato fere imediatamente a esfera íntima do da vítima ou de seu representante legal.
indivíduo e mediatamente (secundariamente) o interesse
geral. Desta forma, a lei atribui a titularidade da ação ao PRINCÍPIOS
Estado, mas exige que este aguarde a manifestação do
ofendido para que possa iniciar a ação. Tal fato ocorre, Agora trataremos de princípios específicos da ação penal
por exemplo, no delito de ameaça. pública incondicionada. Vamos conhecê-los:
A) PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE - Segundo este Será que neste caso será interessante para a ofendida o
princípio, o titular da ação está obrigado a propô-la início da ação e a correspondente publicidade dos atos? E
sempre que presente os requisitos necessários. para os moradores do prédio, é interessante que o portei-
ro seja denunciado?
B) PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE - após oferecida a
denúncia, o Ministério Público não pode desistir da Se você respondeu para a primeira indagação que NÂO e
ação. para a segunda que SIM, você está pensando da mesma
forma que o legislador, pois este definiu o crime de viola-
C) PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE - ação será promovida ção de correspondência como de ação pública, devido ao
por órgão oficial (Ministério Público), independente de fato de afrontar mediatamente a sociedade (moradores
manifestação da vítima. do prédio), mas CONDICIONADA à representação do ofen-
dido, pois primordialmente, imediatamente, a esfera ínti-
D) PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA -A ação penal é ma da vítima esta sendo atacada.
proposta apenas contra quem se imputa a prática da
infração. Ainda que em decorrência de um crime, outra Após este exemplo, podemos conceituar que a represen-
pessoa tenha a obrigação de reparar um dano, a ação tação é a manifestação de vontade do ofendido ou de seu
penal não pode abarcá-la. A reparação deverá ser exi- representante legal a fim de permitir o desencadeamento
gida na esfera cível. da ação penal.

AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA Assim, no exemplo acima, se todos os moradores fossem
comunicar o fato ao Ministério Público, nada poderia ser
Conceito feito, pois a REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO é condição
objetiva de procedibilidade, ou seja, o início da ação de-
É a ação PÚBLICA cujo exercício está subordinado a uma pende dela.
condição. Essa condição tanto pode ser a demonstração
de vontade do ofendido ou de seu representante legal FORMA DA REPRESENTAÇÃO: O STF e o STJ têm enten-
(REPRESENTAÇÂO), como a REQUISIÇÃO do Ministro da dido que não existe a necessidade de formalismo na re-
Justiça, conforme veremos um pouco mais a frente. presentação, sendo suficiente a simples manifestação de
vontade da vítima em processar o autor do fato.
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei
expressamente a declara privativa do ofendido. TULARES DO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO – Podemos
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério classificar os titulares da seguinte forma:
Público, dependendo, quando a lei o exige, de repre-
sentação do ofendido ou de requisição do Ministro 1. OFENDIDO E MAIOR CAPAZ- Sendo o indivíduo maior
da Justiça. de 18 anos e capaz mentalmente, somente ele poderá
decidir pelo exercício ou não do direito de representa-
Neste tipo de ação, a TITULARIDADE, assim como na ção.
ação pública incondicionada, é do Ministério Público.
2. REPRESENTANTE LEGAL - Sendo o indivíduo menor de
São exemplos previstos no Código Penal: Perigo de con- 18 anos ou mentalmente enfermo, o direito de repre-
tágio venéreo (art. 130), ameaça (art. 147), violação de sentação será exercido pelo representante legal (pais,
correspondência comercial (art. 152), divulgação de se- tutor etc.).
gredo (art. 153), furto de coisa comum (art. 156) etc.
Mas e se o menor não possuir representante legal?
REPRESENTAÇÃO
Não há forma rígida para a representação, bastando a
Para começarmos a entender este conceito, imaginemos manifestação de vontade da ofendida para que fosse
a seguinte situação: Tícia, ao sair de casa para pegar sua apurada a responsabilidade do paciente (STJ, HC
correspondência, verifica que todas haviam sido violadas 48.692/SP, DJ 02.05.2006)
pelo porteiro do prédio.
Neste caso, será nomeado um curador pelo Juiz.
Conhecedora do Direito, ela diz ao porteiro que o proces-
sará pelo crime de violação de correspondência. Entretan- OBSERVAÇÕES:
to, após a ameaça de Tícia, o porteiro cita que viu fotos
comprometedoras dentro dos envelopes. 1 – E se o ofendido for declarado morto ou ausente?
Dispõe o CP no seu art. 100, § 4o que no caso de morte do Se a ação já tiver sido ajuizada, não há mais a possibili-
ofendido ou quando declarado ausente por decisão judi- dade de retratação. Diferentemente, caso o MP ainda não
cial, o direito de representação passará ao cônjuge, as- tenha se pronunciado, o indivíduo poderá se retratar. Des-
cendente, descendente ou irmão. ta forma dispõe o CP:

Segundo entendimento jurisprudencial, esta lista é TAXA- Art. 102 - A representação será irretratável depois de
TIVA, ou seja, não pode ser ampliada. oferecida a denúncia.

A única exceção a esta regra seria a figura da companhei- NÃO VINCULAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO – Ministério
ra ou companheiro que, atualmente, por força constituci- Público não será obrigado a iniciar uma ação pelo simples
onal, se equipara ao cônjuge. fato do ofendido apresentar uma representação. O MP,
conhecedor do Direito, analisará as informações e se po-
Então, caro concurseiro, para efeito de prova temos os sicionará pelo oferecimento ou não da denúncia.
seguintes indivíduos podendo exercer o direito de repre-
sentação no caso de morte ou ausência: REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA

PRAZO PARA A REPRESENTAÇÃO - prazo para a apre- Segundo Tourinho Filho, “há certos crimes em que a con-
sentação da representação não é ilimitado. Quanto ao veniência da persecução penal está subordinada à con-
tema, dispõe o CP da seguinte forma: veniência política”. Exatamente para estes delitos, a lei
exige a requisição do Ministro da Justiça para que seja
ATENÇÃO! possível a ação penal.

Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o São raras as hipóteses previstas em nosso ordenamento
ofendido decai do direito de queixa ou de represen- de crimes em que se exige a requisição ministerial para a
tação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) deflagração da ação penal. São elas:
meses, contado do dia em que veio a saber quem é o
autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste 1. Crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro
Código, do dia em que se esgota o prazo para ofere- fora do Brasil (art. 7º, § 3º, b, CP);
cimento da denúncia. 2. Crimes contra a honra cometidos contra o Presidente
da República ou Chefe de Governo estrangeiro (art.
Observe que o CP nos traz um prazo decadencial de seis 141, I, c/c art. 145, parágrafo único, CP);
meses para que a representação possa ser feita, CONTA-
DO DA DATA EM QUE O AUTOR DO CRIME VIER A SER PRAZO DA REQUISIÇÃO - CP não trata do assunto e, as-
CONHECIDO. sim, entende-se que não existe um prazo determinado,
podendo ser realizada a qualquer momento, desde que
OBSERVAÇÃO não extinta a punibilidade.
O PRAZO DEFINIDO PARA A REPRESENTAÇÃO NÃO SE
INTERROMPE, NÃO SE SUSPENDE E NÃO SE PRORRO- AÇÃO PENAL PRIVADA EXCLUSIVA
GA. ASSIM, CASO O PRAZO TERMINE EM UM FERIADO,
NO SÁBADO OU NO DOMINGO, NÃO HÁ PRORROGAÇÃO Conceito
PARA O DIA SEGUINTE.
A partir de agora trataremos da ação penal privada e, nes-
RETRATABILIDADE OU IRRETRATABILIDADE? te tipo de ação, o delito afronta tão intimamente o indiví-
duo que o ESTADO transfere a legitimidade ativa da ação
Imaginemos que determinado indivíduo sofre uma amea- para o ofendido. Perceba que nesta transferência de legi-
ça e oferece uma representação. Dias depois fica saben- timidade reside a diferença fundamental entre a ação
do que o causador do dano é, na verdade, um irmão que penal PÚBLICA E PRIVADA.
ele não conhecia (bem coisa de novela).
Neste tipo de ação o Estado visa impedir que o escândalo
Neste caso, ele vai poder se retratar, ou seja, retirar a do processo provoque um mal maior que a impunidade de
representação? quem cometeu o crime.

A resposta correta é DEPENDE! Na ação penal pública, quando o Ministério Público vai
iniciar uma ação dizemos que este vai oferecer denúncia.
Diferentemente, na ação penal privada o ofendido exerce
o direito de queixa para dar início à ação.
Art. 100 [...] uma beleza das mais generosas e que trocava de homem
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida medi- como quem troca de meias (isso mesmo, pegou pesa-
ante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade do!!!).
para representá-lo. Faz-se necessário ressaltar que o
CP atribui ao indivíduo que promove a ação a deno- Meses depois CAIO se casa com Tícia e os dois viajam
minação de querelante e chama o ofensor de quere- felizes para a lua de mel. Neste caso teria cabimento
lado. imaginar que Tícia realmente iniciaria uma ação?

PRINCÍPIOS Poderíamos dizer que houve Renúncia ou Perdão? É exa-


tamente isto que começaremos a estudar agora.
Agora veremos alguns princípios específicos da ação
penal privada: RENÚNCIA

PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE - Na ação penal privada o Podemos conceituar a renúncia como o ato UNILATERAL,
titular (ofendido) pode analisar critérios de conveniência e ou seja, que não depende da concordância da outra parte,
oportunidade e decidir pela ação ou não. que ocorre ANTES da ação penal, impedindo o aconteci-
mento desta. A renúncia pode ser expressa ou tácita.
PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE- O ofendido pode desis- Observe:
tir da ação a qualquer momento, bastando para isto, por
exemplo, o não comparecimento a um ato processual. Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido
quando renunciado expressa ou tacitamente.
PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE - Esta espécie de ação Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito
deve ser proposta contra todos os que cometeram o deli- de queixa a prática de ato incompatível com a vonta-
to. de de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de re-
ceber o ofendido a indenização do dano causado pe-
PRAZO PARA EXERCER O DIREITO DE QUEIXA lo crime.

Segue a regra do art. 103 do CP que, pela importância, Podemos citar como exemplos de renúncia tácita:
novamente reproduzo:
• Deixar o ofendido transcorrer o prazo decadencial para
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ajuizar a queixa-crime;
ofendido decai do direito de queixa ou de represen- • Deixar o indivíduo de cumprir determinação essencial
tação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) para a validade da queixa. Exemplo: Imaginemos que
meses, contado do dia em que veio a saber quem é o um delito foi cometido por cinco pessoas e o indivíduo
autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste entregou a petição para dar início a uma ação contra
Código, do dia em que se esgota o prazo para ofere- apenas duas delas. Antes do recebimento da queixa
cimento da denúncia. pela autoridade judicial, o MP, observando tal fato, in-
tima o querelante para incluir os outros responsáveis.
Observe que no início do supracitado artigo temos a ex- Nesta situação, caso o ofendido não compareça tere-
pressão SALVO DISPOSIÇÃO EM CONTRÁRIO, deixando mos outro caso de renúncia tácita.
claro que leis especiais poderão trazer prazos diferentes.
Finalizando, como afirma Júlio Fabbrini Mirabete, a re-
É importante ressaltar que os prazos citados são deca- núncia, tanto expressa quanto tácita, "deve tratar-se de
denciais, computando-se o dia do começo e excluindo-se atos inequívocos,
o dia final. Também aqui não há que se falar em sábado, conscientes e livres, que traduzam uma verdadeira recon-
domingo ou feriado como justificativa para deixar a quei- ciliação, ou o propósito de não exercer o direito de quei-
xa para o dia seguinte. Assim, se o prazo termina no do- xa".
mingo, o ofendido deverá procurar um Juiz de plantão e
fazer a queixa-crime. PERDÃO

RENÚNCIA AO DIREITO DE QUEIXA E PERDÃO DO OFEN- Para começarmos a tratar deste tema pergunto: Alguém
DIDO pede perdão sem ter feito nada?

Imaginemos que nossa amiga Tícia diz aos amigos que NÃO!!!...Logo, o perdão só pode ocorrer APÓS um deter-
iniciará uma ação penal privada contra CAIO pelo delito de minado ato que, no caso, trata-se do início da ação penal.
injúria e difamação, pois ele disse que ela não possuía
Agora um outro questionamento: Você é obrigado a acei- Neste tipo de ação o ofendido assume TEMPORARIA-
tar um pedido de perdão? É claro que não, pois é um ato MENTE o processo, cabendo ao MP retomá-lo e prosse-
BILATERAL. guir como legitimo titular. É importante ressaltar que o
prazo para que o indivíduo possa iniciar a ação subsidiá-
Assim, em uma ação penal, caso o ofendido queira perdo- ria da pública é de até SEIS MESES do término do prazo
ar o querelado, dependerá do consentimento deste último. do Ministério Público.
Observe:
AÇÃO PENAL NOS CRIMES COMPLEXOS
Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, ex-
presso ou tácito: Crime complexo é aquele que atinge vários bens jurídicos
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos penalmente tutelados( direitos ou interesses individuais
aproveita; ou sociais de extrema relevância, por isso penalmente
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica protegidos, já que o Direito Penal é a "ultima ratio" ), é a
o direito dos outros; fusão de vários crimes contidos num mesmo tipo penal.
III - se o querelado o recusa, não produz efeito.
. Latrocínio ( roubo + homicídio), extorsão mediante se-
Assim como na renúncia, o perdão pode ser expresso ou questro ( extorsão + sequestro), extorsão mediante se-
tácito. questro qualificado pelo resultado morte ( extorsão + se-
questro + homicídio) são exemplos notórios de crimes
OBSERVAÇÕES: complexos.

1. Caso haja dois ofendidos e um deles conceda o per- Segundo artigo 101 do Código Penal, quando a lei consi-
dão, o outro poderá prosseguir com a ação. dera como elemento ou circunstâncias do tipo legal fatos
que, por si mesmo, constituem crimes, cabe ação pública
2. Caso o ofendido conceda o perdão a um dos querela- em relação àquele, desde que, em relação a qualquer des-
dos, este perdão será estendido aos outros, não se tes, se deva proceder por iniciativa do Ministério Público.
produzindo efeito, todavia, aos que não aceitarem. Ou seja, quando o tipo penal for um crime complexo e
contra qualquer dos tipos penais que o compõem caiba
AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA ação penal pública, o Ministério Público será o titular da
ação penal.
Assim como temos um prazo decadencial para o exercício
do direito de queixa, a lei também define um lapso tempo-
ral para que o Ministério Público possa oferecer a denún-
cia. Este prazo para o oferecimento da denúncia está
previsto no Código de Processo Penal nos seguintes ter-
mos:

Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, es-


tando o réu preso, será de 5 dias, contado da data
em que o órgão do Ministério Público receber os au-
tos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver
solto ou afiançado. No último caso, se houver devo-
lução do inquérito à autoridade policial (art. 16), con-
tar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministé-
rio Público receber novamente os autos.

Entretanto, nem sempre o Ministério Público age nestes


prazos e não seria justo com o ofendido que ele tivesse
que ver, de mãos atadas, o criminoso livre da ação. Pen-
sando nisso o legislador inseriu no Código Penal o art.
100 § 3º que define a chamada ação subsidiária da públi-
ca:

§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se


nos crimes de ação pública, se o Ministério Público
não oferece denúncia no prazo legal.
Vamos começar a compreender melhor e esmiuçar estes
conceitos!

DISPOSIÇÕES LEGAIS

O Brasil, como nação democrática, tem em sua Constitui- DIREITO DE REPRESENTAÇÃO CONTRA ABUSO DE AU-
ção Federal que: TORIDADE

Art.5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção A Lei dos Crimes de Abuso de Autoridade, Lei n°4.898/65,
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e vem regular o direito de representação e o processo de
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade responsabilidade administrativa civil e penal nos casos de
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à seguran- abuso de autoridade, ou seja, a violação à presente lei
ça e a propriedade. poderá acarretar responsabilidade nas três esferas (ad-
ministrativa, civil e penal). Observe:
Portanto, nenhuma forma de abuso de autoridade pode
ser aceito impunemente em um país defensor das garan- Art.1°. O direito de representação e o processo de
tias individuais como o Brasil. responsabilidade administrativa civil e penal, contra
as autoridades que, no exercício de suas funções,
E o que vem a ser um crime de abuso de autoridade? cometerem abusos, são regulados pela presente lei.

Trata-se de um crime que pode ser praticado por pratica- “Mas quem pode representar contra abusos de autorida-
mente todos os integrantes da Administração Pública, de?”
estando em um cargo de autoridade ou não, desde que
tenham poder funcional para determinar alguma conduta. Qualquer pessoa pode pleitear perante as autoridades
competentes a punição dos responsáveis por abuso. Tra-
Portanto, é um delito amplo, com grandes possibilidades ta-se do direito de representação previsto na Constituição
de punição aos autores das condutas típicas. Federal nos seguintes termos:

Apesar dessa amplitude, notamos que os abusos de auto- Art.5°


ridade que ocorrem com mais freqüência são os pratica- [...]
dos pelas autoridades policiais, principalmente os ligados XXXIV - O direito de petição aos Poderes Públicos em
à liberdade individual, como no caso de buscas e apreen- defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de
sões, abordagens pessoais e operações policiais fora dos poder.
parâmetros legais.
“Como vai ser exercido esse direito de representação?”
O abuso será caracterizado quando a autoridade praticar,
omitir ou retardar ato, no exercício da função pública, para O artigo 2º da lei de Abuso de Autoridade disciplina o
embaraçar ou prejudicar os direitos fundamentais do ci- exercício do direito constitucional de representação.
dadão garantidos na Constituição Federal, como, por
exemplo, a liberdade individual, a integridade física e mo- Assim, qualquer pessoa que for vítima de abuso de auto-
ral, a intimidade, a vida privada e a inviolabilidade do do- ridade poderá, direta, pessoalmente e SEM A NECESSI-
micílio. DADE DE ADVOGADO, encaminhar sua delação à autori-
dade civil ou militar competente para a apuração e a res-
É necessário ressaltar, desde já, que o abuso de autorida- ponsabilização do agente.
de é um delito de atentado.
Art.2° O direito de representação será exercido por
“Mas, professor... O que isso quer dizer?” meio de petição.
a) dirigida à autoridade superior que tiver competên-
Bom, de uma maneira geral, quando um fato ilícito não se cia legal para aplicar, à autoridade civil ou militar
completa, dizemos que houve uma tentativa de praticar o culpada, a respectiva sanção;
crime, cuja conduta, é claro, tem pena menor que o crime b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver
consumado. competência para iniciar processo-crime contra a au-
toridade culpada.
O mesmo não se dá com os crimes descritos como abuso Parágrafo único. A representação será feita em duas
de autoridade, pois o simples ato de atentar contra os vias e conterá a exposição do fato constitutivo do
direitos e liberdades das pessoas já é suficiente para ca- abuso de autoridade, com todas as suas circunstân-
racterizar a consumação do crime.
cias, a qualificação do acusado e o rol de testemu- AUTORIDADE
nhas, no máximo de três, se as houver.
Guerreiros, até agora falamos muito na palavra “AUTORI-
A representação deverá ser encaminhada para a autori- DADE”. Mas o que vem a ser, juridicamente, “autoridade”?
dade superior, ou seja, para a autoridade que tiver compe-
tência para aplicar sanção ao indivíduo que cometeu o ato Na conceituação legal, considera-se autoridade quem
ilícito. exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza
civil ou militar, ainda que transitoriamente e sem remune-
Além disso, deve também ser encaminhada ao Ministério ração.
Público a fim de que as providências criminais sejam
tomadas. É necessário que a pessoa esteja no exercício da função
pública, ainda que não perceba remuneração dos cofres
REPRESENTAÇÃO – FORMALIDADES públicos. Veja:

A lei exige uma série de formalidades para a confecção da Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos des-
representação. Segundo o dispositivo legal, será feita em ta lei, quem exerce cargo, emprego ou função públi-
duas vias, contendo os seguintes requisitos: ca, de natureza civil, ou militar, ainda que transitori-
amente e sem remuneração.
1. EXPOSIÇÃO DO FATO COM TODAS AS CIRCUNSTÂN-
CIAS; Através do conceito, podemos citar como “autoridades”:
2. QUALIFICAÇÃO DO ACUSADO; E
3. ROL DE TESTEMUNHAS.
GUARDA-CIVIL MUNICIPAL; O SERVENTUÁRIO DA JUSTI-
Bom, Guerreiros, estamos falando constantemente em ÇA; ETC.
representação e, com certeza, você que já estudou ou tem
ao menos uma noção de Processo É importante citar que o conceito não abrange os que
exercem múnus e não função pública.
Penal deve estar pensando:
MÚNUS PÚBLICO
“Essa representação é necessária para que a correspon- EXPRESSÃO USADA, SOBRETUDO NO MEIO JURÍDICO,
dente ação penal seja iniciada, ou seja, estamos aqui tra- PARA DESIGNAR UM CARGO PÚBLICO QUE, COMO RE-
tando de delitos de ação penal pública condicionada ou FERE O DICIONÁRIO AURÉLIO, IMPLICA ENCARGOS EM
incondicionada?” BENEFÍCIO DA SOCIEDADE.
É O QUE PROCEDE DE AUTORIDADE PÚBLICA OU DA LEI
Pela leitura inicial do dispositivo, temos a nítida impres- E QUE OBRIGA O INDIVÍDUO A CERTOS ENCARGOS EM
são de ser a representação condição objetiva de procedi- BENEFÍCIO DA COLETIVIDADE OU DA ORDEM SOCIAL.
bilidade, tal qual ocorre nas ações penais públicas condi-
cionadas. Podemos citar os seguintes agentes:

Mas a resposta para este questionamento é encontrada a)


na Lei nº 5.249/67, que dispõe em seu artigo 1º: b)
c)
Art. 1º A falta de representação do ofendido, nos ca- d)
sos de abusos previstos na Lei nº 4.898, de 9 de de- e)
zembro de 1965, na obsta a iniciativa ou o curso de
ação pública. CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE

Assim, diante do supra exposto, fica claro que a ação é Os crimes de abuso de autoridade encontram-se dispos-
pública incondicionada, ou seja, pode ser iniciada pelo tos nos arts. 3° e 4° da lei nº 4.898/65.
Ministério Público, independentemente da vontade da
vítima do abuso. Esses crimes consumam-se com o atentado aos direitos
e às garantias fundamentais previstos no art. 3º e por
meio das ações ou omissões descritas pelo art. 4º, bas-
tando o perigo de dano.
O art. 3º dispõe que: A autoridade entra em contato com algum
parente para comunicar o fato e o mantém
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer aten- em lugar seguro até que alguém venha
tado: buscá-lo. É claro que nesse caso não há
a) à liberdade de locomoção; nenhum abuso de autoridade por parte da
b) à inviolabilidade do domicílio; autoridade que o deteve.
c) ao sigilo da correspondência; A INVIOLABILIDADE De acordo com o artigo 5º da Constituição
d) à liberdade de consciência e de crença; DE DOMICÍLIO Federal, temos:
e) ao livre exercício do culto religioso;
f) à liberdade de associação; XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo,
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao ninguém nela podendo penetrar sem con-
exercício do voto; sentimento do morador, salvo em caso de
h) ao direito de reunião; flagrante delito ou desastre, ou para pres-
i) à incolumidade física do indivíduo; tar socorro, ou, durante o dia, por determi-
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao nação judicial;
exercício profissional. (Incluído pela Lei nº 6.657,de
05/06/79) Para alcançarmos o conceito de casa,
recorremos ao Código Penal, que dispõe:
Vamos analisar cada caso:
Art.150 [...]
CONSTITUI ABUSO OBSERVAÇÕES: §4°. A expressão “casa” compreende:
O ATENTADO I – qualquer compartimento habitado;
CONTRA: II – aposento ocupado de habitação cole-
tiva;
A LIBERDADE DE De acordo com o artigo 5º da Constituição III – compartimento não aberto ao público,
LOCOMOÇÃO Federal, temos: onde alguém exerce profissão ou ativida-
LXI - ninguém será preso senão em fla- de.
grante delito ou por ordem escrita e fun- Assim, segundo a Constituição, podemos
damentada de autoridade judiciária com- afirmar ser possível entrar na casa de
petente, salvo nos casos de transgressão outrem, sem ser considerado abuso de
militar ou crime propriamente militar, autoridade, nas seguintes hipóteses:
definidos em lei; Do exposto, retiramos
que a regra no nosso país é a NÂO PRI- a) Consentimento do morador;
SÃO, sendo admitida, a privação nos casos b)
de: c)
d)
• Prisão em flagrante; e) (durante o
• Ordem Judicial; dia).
• Prisão administrativa do Militar.
Portanto, segundo o que determina o
Assim, caro concurseiro, qualquer questão parágrafo acima, a casa, o quarto e a
de prova que demonstre a privação de pensão, o hotel ou o motel, o consultório
liberdade fora das possibilidades admiti- de um médico, o atelier de um artista, o
das constituirá ABUSO DE AUTORIDADE. escritório de um advogado são alguns
exemplos de locais que, caso violados fora
Observação: Existem alguns casos de das possibilidades definidas
detenção momentânea para a manutenção O SIGILO DA De acordo com o artigo 5º da Constituição
da ordem pública e o bem do cidadão, que CORRESPONDÊNCIA Federal, temos:
não se configura como uma prisão.
XII - é inviolável o sigilo da correspondên-
É o caso, por exemplo, de desordeiros sob cia e das comunicações telegráficas, de
efeito de álcool que são detidos para que dados e das comunicações telefônicas,
passe o efeito da substância e se previna salvo, no último caso, por ordem judicial,
problemas à sociedade. nas hipóteses e na forma que a lei estabe-
lecer para fins de investigação criminal ou
instrução processual penal;
Existem hipóteses nas quais esta regra O DIREITO DE Dispõe o artigo 5º da Carta Magna:
pode ser excepcionada, como no caso dos REUNIÃO
que cumprem pena, cuja correspondência XVI - todos podem reunir-se pacificamen-
pode ser censurada pelo diretor do estabe- te, sem armas, em locais abertos ao públi-
lecimento penal (STF). co, independentemente de autorização,
desde que não frustrem outra reunião
Observação: Quem violar o sigilo da co- anteriormente convocada para o mesmo
municação telefônica não responderá por local, sendo apenas exigido prévio aviso à
crime de abuso e sim pela Lei 9.296/96. autoridade competente;
A LIBERDADE DE De acordo com o artigo 5º da Constituição
CONSCIÊNCIA E DE Federal, temos: A reunião é a presença de várias pessoas
CRENÇA / AO LIVRE em um local determinado para delibera-
EXERCÍCIO DO VI - é inviolável a liberdade de consciência ções ou manifestações em conjunto, e
CULTO RELIGIOSO e de crença, sendo assegurado o livre pela Constituição Federal deverá ser reali-
exercício dos cultos religiosos e garantida, zada em locais abertos ao público e de
na forma da lei, a proteção aos locais de modo pacífico, sem presença de armas.
culto e a suas liturgias; Obviamente que Não será considerado abuso de autoridade
esta liberdade não atinge um grau absolu- proibir:
to, sendo excepcionada pela doutrina e a) Reuniões com fins ilícitos
pela jurisprudência, em situações tais b) Reuniões com fins bélicos
como: c) Reuniões de membros armados
d) Reuniões em locais proibidos
• A proibição de eventos religiosos simul- e) Reuniões realizadas sem prévio aviso à
tâneos que possam causar conflito en- autoridade
tre seus integrantes. A INCOLUMIDADE Ao falamos na incolumidade física do
• A proibição ou restrição de manifesta- FÍSICA DO indivíduo, pensamos logo na violência
ções religiosas contrárias à ordem pú- INDIVÍDUO como forma de violação a esse direito.
blica, à moral e à tranqüilidade, como no
No caso do abuso é cabível tanto a violên-
caso de cultos com potentes alto-
cia real, ou seja, as que causam lesões,
falantes que incomodem o entorno.
(sejam elas leves ou graves) quanto a
• A designação/determinação pelas auto-
violência moral, isto é, aquela que não
ridades competentes do trajeto a ser fei-
provoca danos externos visíveis, como a
to por procissões religiosas.
tortura psicológica ou o uso de substân-
A LIBERDADE DE De acordo com o artigo 5º da Constituição
cias do tipo do “soro da verdade”, gazes
ASSOCIAÇÃO Federal, temos:
tóxicos etc.
OS DIREITOS E AS Sobre o tema, trata a Constituição:
XVIII - a criação de associações e, na
GARANTIAS LEGAIS
forma da lei, a de cooperativas indepen- XIII - é livre o exercício de qualquer traba-
ASSEGURADOS AO
dem de autorização, sendo vedada a inter- lho, ofício ou profissão, atendidas as quali-
EXERCÍCIO
ferência estatal em seu funcionamento; ficações profissionais que a lei estabele-
PROFISSIONAL
cer;
Perceba que a Carta Magna não atribui
A Constituição garante ao indivíduo, desde
restrições ao de associação, diferente-
que legalmente regulamentado para o
mente do que faz com as cooperativas.
exercício de sua profissão, o direito de
exercê-la livremente.
Associar-se é unir-se para um determina-
do fim comum, com a liberdade excepcio- Qualquer impedimento nesse sentido será
nada pela própria Constituição Federal no considerado um crime de abuso de autori-
que diz respeito a associações de caráter dade.
paramilitar e associações com fins não
Como exemplos tirados da jurisprudência,
lícitos.
temos o caso de um juiz de direito da
OS DIREITOS E AS Aqui não há muito o que se comentar, pois
comarca que baixou uma portaria impe-
GARANTIAS LEGAIS sabemos que o voto é um direito de todo
dindo advogado de ingressar no fórum,
ASSEGURADOS AO cidadão e, qualquer violação a este direito,
conduta de policial que proíbe ou dificulta
EXERCÍCIO DO VO- constituirá abuso de autoridade.
a comunicação do advogado com seu
TO;
cliente, e muitos outros casos.
Continuando com a enumeração dos delitos, dispõe o Obrigar detento a dar entrevista à
artigo 4º da Lei de Abuso de Autoridade: imprensa, colocar grilhões em preso
ou mantê-lo em cela escura são
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: alguns exemplos de condutas que
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade podem caracterizar abuso de autori-
individual, sem as formalidades legais ou com abuso dade.
de poder;
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a Neste sentido, dispõe a Carta Magna
vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; em seu artigo 5º:
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz com-
petente a prisão ou detenção de qualquer pessoa; XLIX - é assegurado aos presos o
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão respeito à integridade física e moral;
ou detenção ilegal que lhe seja comunicada; DEIXAR DE COMUNI- De acordo com o artigo 5º da Consti-
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se CAR, IMEDIATAMENTE, tuição Federal, temos:
proponha a prestar fiança, permitida em lei; AO JUIZ COMPETENTE
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade polici- A PRISÃO OU DETEN- LXII - a prisão de qualquer pessoa e o
al carceragem, custas, emolumentos ou qualquer ou- ÇÃO DE QUALQUER local onde se encontre serão comu-
tra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio PESSOA nicados imediatamente ao juiz com-
em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu va- petente e à família do preso ou à
lor; pessoa por ele indicada;
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade poli-
cial recibo de importância recebida a título de carce- Repare na expressão “imediatamen-
ragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra te” usada na sanção acima.
despesa;
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa A comunicação é obrigação legal e
natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou deverá ser feita AO JUIZ logo após o
desvio de poder ou sem competência legal; término da lavratura do auto de
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pe- prisão em flagrante.
na ou de medida de segurança, deixando de expedir
em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente Atenção: Se logo após a prisão de
ordem de liberdade. (Incluído pela Lei nº 7.960, de um indivíduo sua família não for
21/12/89) comunicada, imediatamente, a auto-
ridade infringirá o crime da alínea “a”,
Segundo o entendimento majoritário, em caso de conflito que é o de não seguir as formalida-
aparente de normas, os tipos definidos no art. 4º prevale- des legais ao ordenar
cem sobre os do art. 3º, pois são considerados mais es- DEIXAR O JUIZ DE Crime próprio praticado unicamente
pecíficos. ORDENAR O RELAXA- pelo juiz, que tem o dever constituci-
MENTO DE PRISÃO onal de fazê-lo. Segundo a Constitui-
Vamos analisar: OU DETENÇÃO ILEGAL ção:
QUE LHE SEJA
CONSTITUI TAMBÉM OBSERVAÇÕES: COMUNICADA Art.5
ABUSO DE [...]
AUTORIDADE LXV- A prisão ilegal será imediata-
ORDENAR OU EXECU- Conforme comentários anteriores, mente relaxada pela autoridade
TAR MEDIDA PRIVATI- qualquer prisão sem a devida obser- judiciária.
VA DA LIBERDADE vação das normas legais se constitui LEVAR À PRISÃO E Segundo o art. 5º da CF, temos:
INDIVIDUAL, SEM AS em uma prática de crime de abuso de NELA DETER QUEM
FORMALIDADES LE- autoridade. QUER QUE SE PROPO- LXVI - ninguém será levado à prisão
GAIS OU COM ABUSO NHA A PRESTAR FIAN- ou nela mantido quando a lei admitir
DE PODER ÇA, PERMITIDA EM a liberdade provisória, com ou sem
SUBMETER PESSOA Qualquer tipo de constrangimento, LEI. fiança;
SOB SUA GUARDA OU humilhação ou restrição não autori-
CUSTÓDIA A VEXAME zada em lei é considerado vexame e Mas e se a autoridade não nega a
OU A CONSTRANGI- sua prática é punida como crime de fiança, mas a arbitra de maneira
MENTO NÃO AUTORI- abuso. abusiva?
ZADO EM LEI
Neste caso, será penalizado pelo No caso de medida de segurança, a
crime tipificado na alínea “a”, já que obrigação de soltar o preso será do
não se pode dizer que, claramente, a diretor do estabelecimento, que
autoridade negou a possibilidade de deverá fazê-lo assim que receber a
fiança. ordem judicial.
COBRAR O CARCEREI- A cobrança de valores dos presos é
RO OU AGENTE DE indevida, caracterizando esta prática Observação: Lembre-se de que nos
AUTORIDADE POLICIAL o abuso de autoridade. crimes hediondos a prisão temporá-
CARCERAGEM, CUS- ria é de 30 dias, com possível prorro-
TAS, EMOLUMENTOS gação de mais 30 dias(Lei 8.072/90).
OU QUALQUER OUTRA
DESPESA, DESDE QUE SANÇOES APLICADAS NO CRIME DE
A COBRANÇA NÃO ABUSO DE AUTORIDADE
TENHA APOIO EM LEI,
QUER QUANTO À ES- Até agora falamos dos muitos dos crimes, mas e as pena-
PÉCIE QUER QUANTO lizações? Vamos começar a conhecê-las a partir de agora.
AO SEU VALOR.
O ATO LESIVO DA HON- A aplicação arbitrária de multas, As sanções aplicadas aos crimes de abuso de autoridade
RA OU DO PATRIMÔNIO apreensão ilegal de veículo, despejo são determinadas em três esferas diferentes e autôno-
DE PESSOA NATURAL violento e humilhante e detenção mas, a civil, a administrativa e a penal.
OU JURÍDICA, QUANDO ilícita de documentos pessoais são
PRATICADO COM ABU- algumas das modalidades de realiza- Sendo assim, fica claro que um indivíduo pode só sofrer
SO OU DESVIO DE PO- ção da figura típica. uma sanção administrativa e não sofrer uma penal ou
DER OU SEM COMPE- mesmo ter aplicada apenas uma penalização civil em
TÊNCIA LEGAL. determinado caso.
PROLONGAR A EXECU- Essa alínea foi acrescentada em
ÇÃO DE PRISÃO TEM- 1989 pela Lei 7.960, que dispõe Por esta razão, desde já é importante deixar claro que não
PORÁRIA, DE PENA OU sobre a prisão temporária. se trata a Lei que dispõe sobre o Abuso de Autoridade de
DE MEDIDA DE SEGU- um diploma exclusivamente penal, mas predominante-
RANÇA, DEIXANDO DE Determina a lei que a prisão tempo- mente. Observe:
EXPEDIR EM TEMPO rária só pode ser decretada durante o
OPORTUNO OU DE inquérito policial e terá duração Art.6° O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à
CUMPRIR IMEDIATA- máxima de cinco dias, passível de sanção administrativa civil e penal.
MENTE ORDEM DE uma prorrogação de igual período.
LIBERDADE. SANÇOES ADMINISTRATIVAS
A Lei que dispõe sobre a prisão tem-
porária determina que, quando o As sanções administrativas estão dispostas no § 1º
prazo de cinco dias tiver terminado, do art. 6° e serão aplicadas de acordo com a gravi-
cabe ao próprio delegado que preside dade do abuso cometido. Veja:
o inquérito andar expedir o alvará de § 1º A sanção administrativa será aplicada de acor-
soltura, caso não tenha sido decre- do com a gravidade do abuso cometido e consistirá
tada a prisão preventiva. em:
a) advertência;
Atente que este item não trata só de b) repreensão;
prisão temporária. O mesmo disposi- c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de
tivo vale também nos casos de pri- cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimen-
são e de medida de segurança. tos e vantagens;
d) destituição de função;
No caso de término de cumprimento e) demissão;
de pena, caso o juiz da execução não f) demissão, a bem do serviço público.
providencie a ordem e liberdade, vai
incidir no crime de abuso. Da mesma Podemos resumir:
forma incidirá o diretor da penitenci-
ária, caso não execute e solte o pre- A) ADVERTÊNCIA- A MAIS AMENA DAS SANÇÕES, ME-
so, imediatamente, após recebimen- RAMENTE VERBAL.
to da ordem de soltura.
B) REPREENSÃO - DIFERE DA ADVERTÊNCIA POR SER Atente para o fato de que não existe na Lei uma regra
FORMALIZADA POR ESCRITO. objetiva para as sanções penais, cabendo ao juiz analisar
C) SUSPENSÃO DO CARGO - O AGENTE FICA PREJUDI- e escolher a pena que julgar justa ao crime.
CADO EM RELAÇÃO AO VENCIMENTO E BENEFÍCIOS
DURANTE O PERÍODO DE SUSPENSÃO. Cabe ressaltar que, segundo a Lei, as penalizações podem
D) DESTITUIÇÃO DE FUNÇÃO (DE CONFIANÇA OU CARGO ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.
COMISSIONADO) – O AGENTE, CASO EFETIVO, PER-
MANEÇE INTEGRANDO OS QUADROS DA ADMINIS- Finalmente, o último parágrafo do art. 6° traz uma pena
TRAÇÃO. específica para autoridade policial, civil ou militar, de
E) DEMISSÃO - SAÍDA COMPULSÓRIA DOS QUADROS DA qualquer categoria, que tenha praticado o crime de abuso.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
F) DEMISSÃO A BEM DO SERVIÇO PÚBLICO - USADA Caso se confirme o crime, o agente não poderá exercer
NOS CASOS MAIS GRAVES, COMO CORRUPÇÃO, PE- funções de natureza policial ou militar no município onde
CULATO ETC. vinha prestando serviço, por um prazo de 01 a 05 anos.
Observe:
SANÇÃO CIVIL
§ 5º Quando o abuso for cometido por agente de au-
Apresentada no art. 6°, §2°, a sanção civil não tem mais toridade policial, civil ou militar, de qualquer catego-
aplicabilidade “nos termos da lei”, pois este parágrafo ria, poderá ser cominada a pena autônoma ou aces-
determina que: sória, de não poder o acusado exercer funções de na-
tureza policial ou militar no município da culpa, por
Art. 6º prazo de um a cinco anos.
[...]
§2° A sanção civil, caso não seja possível fixar o va- REPERCUSSÃO DA SENTENÇA PENAL
lor do dano, consistirá no pagamento de uma indeni-
zação de quinhentos a dez mil cruzeiros. A regra diz que cada instância deve seguir o procedimen-
to que lhe é peculiar, porem é correto afirmar que há inte-
Esse parágrafo foi escrito há 44 anos e logicamente a ração entre as esferas Penal, Civil e Administrativa.
moeda corrente não é mais o “cruzeiro”.
Primeiramente, para a análise dos efeitos, há de se notar
Como não sabemos quanto significa o citado valor na que a sentença penal condenatória pode determinar a
moeda atual e a doutrina e jurisprudência entendem pelo condenação criminal do servidor, ou, a sua absolvição,
não cabimento de correção monetária, não é possível o que pode se fundamentar em três situações distintas:
cálculo do valor para a imposição desta sanção.
A) NEGATIVA DE AUTORIA OU DO FATO,
Atenção que isso não quer dizer que não há mais penali-
dades civis para o crime de abuso de autoridade. Hoje em B) AUSÊNCIA DE CULPABILIDADE PENAL;
dia, a vítima deverá ser levada ao juízo cível onde o dano
sofrido será analisado e, caso cabível, mensurado mone- C) AUSÊNCIA DE PROVAS.
tariamente pelo Magistrado.
Assim, conforme ensina o professor Hely Lopes Meirelles,
SANÇÃO PENAL "Direito Administrativo Brasileiro", tem-se quatro hipóte-
ses a serem analisadas. São elas:
As possíveis sanções penais estão dispostas no §3° do
art. 6°, tendo sua aplicação de acordo com as regras do A primeira, que trata da condenação penal, produz efeitos
Código Penal. diretos em relação ao processo administrativo, fazendo
coisa julgada relativamente à culpa do agente, sujeitando-
Consistirão em: o à reparação do dano e às punições administrativas.

A) MULTA DE CEM A CINCO MIL CRUZEIROS, QUE PASSA Na segunda hipótese, qual seja de absolvição por negati-
A USAR O SISTEMA DO CÓDIGO PENAL DE DIAS- va da autoria ou do fato, a sentença criminal também
MULTA. (ARTS. 49 E SEGUINTES) produz efeitos na esfera administrativa e civil, eis que
B) DETENÇÃO DE 10 DIAS A 06 MESES; impede a responsabilização ao funcionário.
C) PERDA DO CARGO E INABILITAÇÃO PARA O EXERCÍ-
CIO DE QUALQUER OUTRA FUNÇÃO PÚBLICA POR
PRAZO DE ATÉ TRÊS ANOS.
Quanto à terceira hipótese - absolvição ou ausência de
culpabilidade penal - a absolvição criminal não produz
efeito algum nos âmbitos civis e administrativos, sendo
que a Administração poderá ajuizar ação de regresso de
indenização e condená-lo à infração disciplinar adminis-
trativa, já que houve apenas a declaração de não existên- Com a prática do crime, o direito de punir do Estado, que
cia de ilícito penal, o que não afasta a punição civil e ad- era abstrato, torna-se concreto, surgindo a punibilidade,
ministrativa. que é a possibilidade jurídica de o Estado impor
a sanção.
Por fim, na quarta hipótese, a absolvição criminal também
não produz qualquer efeito no juízo cível e administrativo, O art. 107 do Código Penal prevê diversas formas de ex-
já que a insuficiência de prova da ação penal não impede tinção da punibilidade em rol meramente exemplificativo.
que se comprovem a culpa administrativa e a civil. Observe:

Tal entendimento está há tempos consolidado na súmula Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
18 do STF nos seguintes termos: I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo III - pela retroatividade de lei que não mais considera
juízo criminal, é admissível a punição administrativa do o fato como criminoso;
servidor público. IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão
USO DE ALGEMAS aceito, nos crimes de ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei
A possibilidade do uso de algemas sempre foi assunto a admite;
controverso em nosso país. IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
Vamos analisar agora os diversos casos de extin-
Que podia ser utilizada em algumas situações, ninguém ção:
discordava, mas quando o uso seria tipificado como abu-
so de autoridade? 1) MORTE DO AGENTE

Devido à falta de um disciplinamento claro, situações Prevista no artigo 107, I, do Código Penal, a morte do
problemáticas começaram a ocorrer, como em 07 de agente é uma das causas de extinção da punibilidade e,
agosto de 2008, quando o uso de algemas durante um sendo assim, extingue a punibilidade a
Júri Popular em São Paulo gerou a anulação da condena- qualquer tempo.
ção de um indivíduo. Anulação essa proferida pelo STF.
O fundamento para esta afirmação reside no Princípio da
A fim de acabar com estes problemas e disciplinar clara- Pessoalidade da pena (Personalidade da pena, Respon-
mente o assunto, o Supremo Tribunal Federal, através da sabilidade penal ou Intranscendência da pena) que impe-
súmula vinculante nº11, proposta em sessão realizada de a punição por fato alheio. Em outras palavras, somente
em 13.08.08 no STF, impôs o seguinte regramento quanto o autor da infração penal pode ser apenado.
ao uso de algemas:
Como consequência, a morte extingue todos os efeitos
penais da condenação, porém, os efeitos civis permane-
SÓ É LÍCITO NO CASO DE RESISTÊNCIA E DE FUNDADO
cem. Este princípio é uma garantia constitucional previsto
RECEIO DE FUGA OU DE PERIGO À INTEGRIDADE FÍSICA
no artigo 5º, XLV:
PRÓPRIA OU ALHEIA, POR PARTE DO PRESO OU DE
TERCEIROS, JUSTIFICADA A EXCEPCIONALIDADE POR
Art. 5º: [...]
ESCRITO, SOB PENA DE RESPONSABILIDADE DISCIPLI-
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do conde-
NAR CIVIL E PENAL DO AGENTE OU DA AUTORIDADE, E
nado, podendo a obrigação de reparar o dano e a de-
DE NULIDADE DA PRISÃO OU DO ATO PROCESSUAL A
cretação do perdimento de bens ser, nos termos da
QUE SE REFERE, SEM PREJUÍZO DA RESPONSABILIDA-
lei, estendidas aos sucessores e contra eles execu-
DE CIVIL DO ESTADO.
tadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.
A morte deve ser comprovada com a certidão de óbito. Se A diferença entre a graça e o indulto reside no fato de que
a extinção for baseada em certidão falsa, pode ser reaber- a graça é concedida individualmente, enquanto o indulto
to o processo, pois não fez coisa julgada em sentido estri- de maneira coletiva a determinados fatos impostos pelo
to, e o fato em que se funda é juridicamente inexistente, Chefe do Poder Executivo, daí a opção de alguns doutri-
não produzindo qualquer efeito (STF, HC 84.525/MG, DJ nadores em denominar a graça de indulto individual.
03.12.2004).
A anistia, como visto, pode ser própria ou imprópria (con-
2) ANISTIA, GRAÇA E INDULTO cedida antes ou depois da condenação criminal), o que a
distingue da graça e do indulto, pois estes institutos pres-
A anistia, a graça e o indulto são, nos dizeres de Rogério supõem condenação.
Sanches, espécies de renúncia estatal ao direito de punir O indulto pode ser pleno ou parcial, sendo que o indulto
do Estado. pleno extingue totalmente a pena, enquanto que o indulto
parcial impõe a diminuição da pena ou a sua comutação.
A anistia advém de ato legislativo federal (artigos 21, inci- Veja-se, assim, que a comutação da pena é a substituição
so XVII e 48, inciso VIII, da CF/88), ou seja, tem status de de uma sanção por outra menos gravosa, uma espécie de
lei penal, sendo devidamente sancionada pelo executivo. indulto parcial. A este respeito, a Lei de Execuções Penais
dispõe:
Através desse ato, o Estado, em razão de clemência, polí-
tica social e outros fatores “esquece” um fato criminoso, Art. 192. Concedido o indulto e anexada aos autos
perdoando a prática de infrações penais o que acarreta a cópia do decreto, o Juiz declarará extinta a pena ou
exclusão dos seus efeitos penais (e não civis). ajustará a execução aos termos do decreto, no caso
de comutação.
Para Rogério Greco, a anistia, em regra, dirige-se a crimes
políticos, o que não impede que ela também seja conce- 3) RETROATIVIDADE DA LEI – ABOLITIO CRIMINIS
dida a crimes comuns.
Conforme o art. 2º do Código Penal, ninguém pode ser
De acordo com a Lei de Execuções Penais, concedida a punido por fato que lei posterior deixa de considerar cri-
anistia, o juiz declarará extinta a punibilidade de ofício, a me, cessando em virtude dela a execução e os efeitos
requerimento do MP ou do interessado, por proposta ad- penais da sentença condenatória.
ministrativa ou do Conselho Penitenciário. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL
4) RENÚNCIA DO DIREITO DE QUEIXA OU PERDÃO ACEI-
Para a doutrina é possível falar-se em anistia: TO, NOS CRIMES DE AÇÃO PRIVADA
URSO ON-LINE –
Própria e imprópria: própria é aquela concedida antes da A renúncia, ato unilateral, é a desistência do direito de
condenação e a imprópria é a concedida depois da con- ação por parte do ofendido. Assim, o direito de queixa não
denação; pode ser exercido quando renunciado expressa ou taci-
tamente (art. 104, do CP).
Restrita e irrestrita: irrestrita é aquela que atinge todos os
autores do fato criminoso indistintamente, enquanto que A renúncia pode ser expressa ou tácita. A renúncia ex-
a restrita impõe condições pessoais para a concessão do pressa deve constar de declaração assinada pelo ofendi-
beneficio, como a primariedade, por exemplo; do, por seu representante legal ou por procurador com
poderes especiais, não obrigatoriamente advogado, nos
Condicionada e incondicionada: a depender da imposição termos do artigo 50 do CPP.
de requisitos, como a reparação do dano, por exemplo.
Não se perfaz a renúncia expressa quando firmada por
Comum ou especial: diz-se comum quando atingir delitos procurador sem poderes especiais para esse fim, formali-
comuns. Fala-se em especial quando beneficiar agentes dade prevista no artigo 50 do CPP.
que praticaram crimes políticos.
A renúncia é tácita quando o querelante pratica ato in-
Vamos, agora, tratar da graça e do indulto: compatível com a vontade de exercer o direito de queixa
(art.104, parágrafo único, primeira parte, do CP).
A graça e o indulto são concedidos pelo Presidente Repú-
blica, por meio de decreto presidencial e consubstanciam- Deve tratar-se de atos inequívocos, conscientes e livres,
se, assim como a graça, em forma de extinção da punibi- que traduzam uma verdadeira reconciliação, ou o positivo
lidade. propósito de não exercer o direito de queixa. São exem-
plos de renúncia tácita o reatamento de amizade com o
ofensor, a visita amigável, a aceitação de convite para a) Decadência- É a perda do direito de ação, por não
uma festa etc. havê-lo exercido o ofendido durante o prazo legal.
b) Perempção - É a perda, causada pela inércia processu-
O perdão do ofendido, diferentemente da renúncia, tem al do querelado, do direito de continuar a movimentar a
como condição a aceitação do querelado. O perdão será ação penal exclusivamente privada
processual ou extraprocessual. c) Prescrição - É a perda do direito de punir do Estado,
pelo decurso de certo tempo.
O perdão processual se dá mediante declaração expressa
nos autos. Vamos, a partir de agora, conhecer um pouco mais sobre
os aspectos relacionados à prescrição:
Já o extraprocessual, se divide em tácito e expresso, sen-
do tácito quando o querelante pratica ato incompatível No Código Penal, encontramos dois grandes grupos de
com a intenção de prosseguir na ação, admitindo qual- prescrição:
quer meio de prova, e expresso quando declarado pelo
querelante o perdão, devendo o querelado aceitar, sendo 1 – A PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA –
que essa aceitação conste de declaração assinada por
este, seu representante legal ou procurador com poderes Subdividida em:
especiais, nos termos do art. 59, do Código de Processo CURSO ON-LINE
Penal. • PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PROPRIA-
MENTE DITA;
5) RETRATAÇÃO DO AGENTE • PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE; E
• PRESCRIÇÃO RETROATIVA.
A retratação do agente é um ato jurídico unilateral, não
dependendo de aceitação do suposto ofendido, devendo 2 – A PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA.
ser reduzida a termo pelo juiz.
Mas qual a principal diferença entre os dois grandes gru-
Poderá ser feita pelo próprio suposto ofensor ou por pro- pos? A linha divisória entre os dois é o TRÂNSITO EM
curador com poderes especiais. JULGADO DA CONDENAÇÃO, ou seja, na prescrição da
pretensão punitiva, não há trânsito em julgado para acu-
Luiz Régis Prado ensina que para a retratação “é irrele- sação e defesa ou para uma das partes. Diferentemente,
vante a espontaneidade da declaração, bem como os na prescrição da pretensão executória, a sentença penal
motivos que a fundaram, mas é imprescindível sua volun- condenatória já transitou em julgado para as duas partes.
tariedade”.
CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PROPRIAMENTE
A retratação do agente só é possível, como mencionado, DITA
nos casos em que a lei a admite. A título de exemplo po-
demos citar: Na prescrição da pretensão punitiva propriamente dita,
não há trânsito em julgado para acusação nem para defe-
• Art. 143 do CP (calúnia e difamação); sa. A prescrição da ação penal é calculada com base no
• Art. 342, § 2º, do CP (falso testemunho e falsa perícia); máximo da pena privativa de liberdade ABSTRATAMENTE
COMINADA ao crime.
6) PERDÃO JUDICIAL
A pena em abstrato cominada é a que o legislador de-
Sob determinadas circunstâncias, deixará o juiz de aplicar terminou na elaboração da infração penal, ou seja, a
a pena ao réu que comprovadamente é o autor do delito. pena material prevista no Código penal.
Cabe o perdão apenas nas situações previstas expressa- Já a pena em concreto, é aquela aplicada pelo magistra-
mente na lei penal (vedada a analogia in bonam partem). do ao caso concreto, após a análise do mérito do caso.

Nos termos da súmula 18 do STJ, a sentença concessiva A prescrição da pretensão punitiva propriamente dita está
do perdão judicial é declaratória da extinção da punibili- disciplinada no art. 109, caput, do CP, nos seguintes ter-
dade, não subsistindo qualquer efeito condenatório. mos:
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado
7) DECADÊNCIA, PEREMPÇÃO E PRESCRIÇÃO a sentença final, salvo o disposto no § 1º do art. 110
deste Código, regula-se pelo máximo da pena privati-
Podemos definir os institutos da seguinte forma: va de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
(Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010):
SE A PENA COMINADA É: A PRESCRIÇÃO OCORRERÁ EM: O termo inicial da prescrição intercorrente ou superveni-
Maior que 12 anos 20 anos ente é a publicação da sentença condenatória.
Maior que 08 e até 12 anos 16 anos
Maior que 04 e até 08 anos 12 anos PRESCRIÇÃO RETROATIVA
Maior que 02 e até 04 anos 08 anos
De 01 até 02 anos 04 anos Recentemente, a Lei nº 12.234, de 2010 alterou os aspec-
Menor que 01 ano 03 anos tos pertinentes à prescrição retroativa. Vamos analisar:

O termo inicial de contagem do prazo prescricional encon- Quando a prescrição é observada após o trânsito em jul-
tra-se disposto no art. 111 do CP: gado para a acusação, ou depois de improvido seu recur-
so, refazendo-se a contagem com base na pena imposta,
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado em concreto, diz-se que há prescrição retroativa, intercor-
a sentença final, começa a correr: rente ou superveniente, cujo termo inicial podia ter data
I - do dia em que o crime se consumou; anterior à do recebimento da denúncia ou da queixa (CP,
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a ati- art. 110, §§ 1º e 2º, com a redação anterior à nova lei).
vidade criminosa;
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a Nesses termos, a prescrição retroativa só pode ser reco-
permanência; nhecida após sentença condenatória, diferente da pres-
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração crição abstrata, que leva em conta, como se viu, a pena
de assentamento do registro civil, da data em que o máxima prevista na lei.
fato se tornou conhecido.
Será necessário, então, rever todo o percurso temporal,
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE, SUPERVENIENTE OU desde o recebimento da denúncia, segundo a nova lei, até
SUBSEQUENTE a sentença penal condenatória recorrível.

A prescrição intercorrente encontra previsão no parágrafo No exemplo do furto simples, cuja pena máxima em abs-
1º do art. 110 do Código Penal: trato é 04 (quatro) anos, suponha-se que foi aplicada a
pena mínima, ou seja, 01 (um) ano.
Art. 110
[...] Tendo transitado para a acusação, essa pena não poderá
§ 1º A prescrição, depois da sentença condenatória ser aumentada, correspondendo a um prazo prescricional
com trânsito em julgado para a acusação ou depois hoje fixado em 03 anos.
de improvido seu recurso, regula-se pela pena apli-
cada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por Segundo a regra anterior, se entre a data do fato e o rece-
termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa. bimento da denúncia houvesse o transcurso, nesse
(Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). exemplo, de 04 anos, deveria ser declarada a extinção da
punibilidade. Note-se que, levando em conta a pena em
É a modalidade de prescrição da pretensão punitiva que abstrato, não há prescrição. Contudo, com a imposição da
se verifica entre a publicação da sentença recorrível e o pena, deveria ser revista tal situação, aplicando-se a pres-
trânsito em julgado para ACUSAÇÃO. Daí o nome super- crição retroativa.
veniente, ou seja, posterior à sentença.
Com a alteração na redação do § 1º, do art. 110 do CP, “a
É calculada com base na pena concreta, nos termos da prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito
súmula 146 do STF, que dispõe: em julgado para a acusação ou depois de improvido seu
CURSO ON- recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em
A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da
na sentença, quando não há recurso da acusação. denúncia ou queixa.”

A prescrição intercorrente começa a fluir com a publica- A análise da prescrição retroativa, então, dar-se-á tão so-
ção da sentença condenatória recorrível, embora condici- mente a partir do recebimento da denúncia, é dizer, a par-
onada ao trânsito em julgado para a acusação. tir da fase judicial da persecução criminal.

A prescrição superveniente pode ocorrer por dois motivos: No exemplo dado, o fato de ter transcorrido prazo superior
a 03 (três) anos entre a prática do crime e o recebimento
1. Demora em comunicar (intimar) o réu da sentença; e da denúncia não mais ocasionará o reconhecimento da
2. Demora no julgamento do recurso de defesa. prescrição com base na pena em concreto imposta.
De outro lado, se já decorreram 3 (três) anos entre o rece- Análise segundo a regra atual:
bimento da denúncia e a prolação de sentença condena-
tória, deverá haver o reconhecimento da prescrição retro- a) não houve prescrição com base na pena em abstrato,
ativa, ainda vigente no ordenamento pátrio (mas, repita- pois entre os marcos temporais da interrupção (crime
se, somente aplicável durante a fase processual penal). x denúncia, denúncia x sentença) não decorreu o prazo
de 08 anos.
O objetivo principal do autor do projeto de lei que culmi-
nou na Lei 12.234/2010, Deputado Antônio Carlos Biscaia, b) não houve prescrição retroativa, já que o novo prazo,
era acabar com a prescrição retroativa que, segundo ele, com base na pena aplicada, passou a ser de 04 anos, e
só existe no Brasil. Não teve aprovada sua entre 02/01/2006 e 02/01/2008 decorreu prazo inferior
proposta original, mas foi esse um importante passo nes- a esse. Não mais se apura qualquer prescrição retroa-
sa direção. Em resumo temos o seguinte: tiva anterior à denúncia. Nesse caso, a pena deve ser
cumprida.
1 – ENTRE O COMETIMENTO DO CRIME E O RECEBIMEN-
TO DA DENÚNCIA: Como se percebe, a modificação buscou impedir a ocor-
rência da prescrição em face da demora na fase policial.
APLICA-SE A PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA, Em determinados crimes, a investigação é demasiada-
COM BASE NA PENA MÁXIMA EM ABSTRATO PREVISTA mente complexa, o que, combinada com um prazo pres-
PARA O DELITO. NÃO OCORRENDO A PRESCRIÇÃO SE- cricional curto, culminava por gerar impunidade a uma
GUNDO ESSE CRITÉRIO, TAL PERÍODO NUNCA MAIS SE- infinidade de casos concretos.
RÁ OBJETO DE ANÁLISE, QUALQUER QUE SEJA A PENA
NO FUTURO IMPOSTA. Eis as razões do autor da proposta:

2 - ENTRE O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA E A SENTEN- O projeto de lei em tela propõe a revogação do disposto
ÇA CONDENATÓRIA: no artigo 110, § 2°, do Código Penal, dispositivo legal que
consagrou o instituto da "prescrição retroativa".
INICIALMENTE SERÁ AVERIGUADA A PRESCRIÇÃO DA CURSO ON-LINE
PRETENSÃO PUNITIVA NOS MESMOS MOLDES SUPRA A prática tem demonstrado, de forma inequívoca, que o
INDICADOS. APÓS A CONDENAÇÃO, SERÁ APURADA A instituto da prescrição retroativa, consigne-se, uma inicia-
INCIDÊNCIA OU NÃO DA PRESCRIÇÃO RETROATIVA, tiva brasileira que não encontra paralelo em nenhum ou-
TENDO EM CONTA A PENA EM CONCRETO FIXADA, SEM- tro lugar do mundo, tem se revelado um competentíssimo
PRE DA DENÚNCIA EM DIANTE. instrumento de impunidade, em especial naqueles crimes
perpetrados por mentes preparadas, e que, justamente
Exemplo prático: por isso, provocam grandes prejuízos seja à economia do
particular, seja ao erário, ainda dificultando sobremaneira
1 – DATA DO CRIME: 02/01/2000. Pena: de 1 a 4 anos. a respectiva apuração.
Prescrição (pena em abstrato): 8 anos.
É sabido que essa casta de crimes (p. ex. o estelionato e o
2 – RECEBIMENTO DA DENÚNCIA: 02/01/2006. peculato) reclama uma difícil apuração, em regra exigindo
que as autoridades se debrucem sobre uma infinidade de
3 – SENTENÇA CONDENATÓRIA: 02/01/2008. Pena fixa- documentos, reclamando, ainda, complexos exames peri-
da: 2 anos. Prescrição (pena em concreto): 4 anos. ciais, o que acaba redundando, quase sempre, em extin-
ção da punibilidade, mercê da prescrição retroativa, que
Análise segundo a regra antiga do CP: geralmente atinge justamente o período de investigação
extraprocessual.
a) não houve prescrição com base na pena em abstrato,
pois entre os marcos temporais da interrupção (crime Pior, os grandes ataques ao patrimônio público, como
x denúncia, denúncia x sentença) não decorreu o prazo temos visto ultimamente, dificilmente são apurados na
de 8 anos. gestão do mandatário envolvido, mas quase sempre aca-
bam descortinados por seus sucessores. Assim, nesse
b) houve prescrição retroativa, já que o novo prazo, com tipo de crime específico, quando apurada a ocorrência de
base na pena aplicada, passou a ser de 04 anos, e en- desfalque do erário, até quatro anos já se passaram,
tre 02/01/2000 e 02/01/2006 decorreu prazo superior quando, então, tem início uma intrincada investigação
a esse. Nesse caso, dever-se-ia reconhecer a prescri- tendente a identificar os protagonistas do ilícito penal, o
ção, e sequer seria necessária a verificação relativa ao que pode consumir mais alguns anos, conforme a experi-
prazo seguinte, entre a denúncia e a sentença. ência tem demonstrado.
Outrossim, o instituto em questão é potencial causa ge- Enquanto na prescrição da pretensão punitiva, o agente
radora de corrupção, podendo incitar autoridades a retar- nada sofre em relação ao efeito da pena, na prescrição da
dar as investigações, providências, ou decisões, a fim de pretensão executória, resta-lhe o lançamento no rol dos
viabilizar a causa extintiva da punibilidade. culpados, custas, reincidência etc. Na verdade, o indivíduo
FOI CONDENADO, só não vai ficar PRESO.
Por último, a pena diminuta de vários crimes, aliado ao
grande número de feitos que se acumulam no Poder Judi- A PRESCRIÇÃO PELA PENA EM CONCRETO É SOMENTE
ciário - considerando-se, inclusive, a possibilidade de re- DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA DA PENA PRIVATIVA DE
cursos até os Tribunais Superiores, bem como o entendi- LIBERDADE.
mento de que as suas decisões confirmatórias da conde-
nação não interrompem o curso do prazo prescricional, Isso quer dizer que se operar a prescrição da pretensão
tornando tais crimes, na prática, não sujeitos a qualquer punitiva e o agente praticar um novo delito, a conduta
punição, o que seguramente ofende o espírito da lei penal. anterior não será considerada a título de reincidência, por
exemplo. Todavia, na prescrição da pretensão executória,
Desse modo, o dispositivo de lei mencionado tem benefi- a sentença condenatória gera título executivo e a reinci-
ciário determinado: o grande fraudador ou o criminoso de dência será considerada.
alto poder aquisitivo, capaz de manipular autoridades e
normas processuais, por meio de infindáveis recursos. FORMAS ESPECIAIS DE PRESCRIÇÃO

Ademais, o instituto da prescrição retroativa, além de 1 – PRESCRIÇÃO DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
estar protagonizando uma odiosa impunidade, cada vez
mais tem fomentado homens mal intencionados a enve- Nos termos do parágrafo único do art. 109 do CP, apli-
redarem pelo ataque ao patrimônio público, cônscios de cam-se às penas restritivas de direitos os mesmos prazos
que se eventualmente a trama for descoberta a justiça previstos para as privativas de liberdade. Veja:
tardará e, portanto, não terá qualquer efeito prático.
TEORIA Art. 109 [...]
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de
direito os mesmos prazos previstos para as privati-
É a perda, em razão da inércia do Estado, do direito de vas de liberdade.
executar uma sanção penal definitivamente aplicada pelo
judiciário. Encontra previsão no art. 110, 2 – PRESCRIÇÃO NO CONCURSO DE CRIMES
do CP:
Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado Conforme dispõe o art. 119 do CP, no caso de concurso
a sentença condenatória regula-se pela pena aplica- de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena
da e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, de cada um, isoladamente. Observe o texto legal:
os quais se aumentam de um terço, se o condenado
é reincidente. Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção
da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um,
É calculada com base na pena concreta, fixada na sen- isoladamente.
tença ou no acórdão, pois já existe trânsito em julgado da
condenação para a acusação e para a defesa. É o que 3 – PRESCRIÇÃO DA PENA DE MULTA
consta na súmula 604 do STF, que dispõe: Tem seu termo
inicial definido no art. 112 do Código Penal: A pena de multa é prevista no Código Penal e é aplicada
de acordo com a capacidade econômica do agente. A
Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a pres- prescrição desta penalização encontra previsão no art.
crição começa a correr: 114 do Código Penal, e ocorrerá:
I - do dia em que transita em julgado a sentença
condenatória, para a acusação, ou a que revoga a 1. Em 02 (dois) anos, quando a multa for a única comina-
suspensão condicional da pena ou o livramento con- da ou aplicada;
dicional;
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo 2. No mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena
quando o tempo da interrupção deva computar-se na privativa de liberdade, quando a multa for alternativa
pena. ou cumulativamente cominada ou cumulativamente
aplicada.
PRESCRIÇÃO NO CASO DE EVASÃO DO CONDENADO OU Cabe, por fim, ressaltar que as regras aqui apresentadas
DE REVOGAÇÃO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL também são cabíveis no caso de fuga (evasão) do preso.

Conforme o art. 113 do Código Penal: PRESCRIÇÃO DA PENA MAIS LEVE

Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de De acordo com o art. 118 do Código Penal, as penas mais
revogar-se o livramento condicional, a prescrição é leves prescrevem com as mais graves. Assim, por exem-
regulada pelo tempo que resta da pena. plo, a pena de suspensão da habilitação para dirigir veícu-
lo automotor imposta cumulativamente com a privativa
Vamos compreender o supracitado dispositivo: de liberdade prescreve no prazo desta.

O livramento condicional consiste na antecipação da li- CAUSAS DE INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DA PRESCRI-


berdade ao condenado que cumpre pena privativa de li- ÇÃO
berdade, desde que cumpridas determinadas condições
durante certo tempo. A prescrição admite a interrupção nos termos do art. 117
do CP e a suspensão, conforme previsão do art. 116. Va-
Serve como estímulo à reintegração na sociedade daque- mos compreender estes dois institutos:
le que aparenta ter experimentado uma suficiente regene-
ração. Traduz-se na última etapa do cumprimento da pe- A interrupção do prazo se verifica quando, depois de inici-
na privativa de liberdade no sistema progressivo, repre- ado seu curso, em decorrência de um fato previsto em lei,
sentando uma transição entre o cárcere e a vida livre. tal prazo se reinicia, ou seja, todo o prazo decorrido até
então é desconsiderado.
Sendo assim, imagine que Felipe foi condenado a uma
pena de 4 anos de reclusão e, após 3 anos, obteve a con- Em se tratando de suspensão, o prazo pára de correr, fica
cessão do livramento condicional. O que isto quer dizer? paralisado, mas, com o fim da suspensão, retoma seu
curso e deve ser considerado em seu cômputo o prazo
Quer dizer que Felipe deixará de cumprir a pena privativa anteriormente decorrido.
de liberdade e estará livre, mas sujeito ao cumprimento de
determinadas condições (que não são importantes para a Para finalizar, observe abaixo as causas de interrupção e
prova). suspensão:

Imagine agora que Felipe não cumpriu as “regras” deter- INTERRUPÇÃO SUSPENSÃO
minadas pelo Código Penal e pelo Magistrado e, após 06
meses de liberdade, teve revogado o livramento condicio- Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
nal. Eis que surge o importante questionamento: “Como I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
será regulada a contagem do prazo prescricional?” II - pela pronúncia;
III - pela decisão confirmatória da pronúncia;
Resposta: Nos termos do art. 113, pelo tempo que resta IV - pela publicação da sentença ou acórdão conde-
da pena, ou seja, 01 ano. natórios recorríveis;
V - pelo início ou continuação do cumprimento da
Assim, pela tabela que já analisamos na página 16, o pra- pena;
zo de um ano de pena corresponde a um prazo prescrici- VI - pela reincidência.
onal de 04 anos.
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença fi-
“Mas professor, se ele já havia cumprido 03 anos e per- nal, a prescrição não corre:
maneceu 06 meses em liberdade, não restariam apenas I - enquanto não resolvida, em outro processo, ques-
06 meses e, consequentemente, teríamos um prazo pres- tão de que dependa o reconhecimento da existência
cricional de 02 anos?” do crime;
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.
A resposta é negativa, pois, se revogado o livramento Parágrafo único - Depois de passada em julgado a
condicional, o tempo que o indivíduo ficou em liberdade sentença condenatória, a prescrição não corre du-
NÃO É CONTADO para efeito de prescrição. rante o tempo em que o condenado está preso por
outro motivo.
PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS NA AULA CÓDIGO PE- § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime
NAL menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena
será aumentada até metade, na hipótese de ter sido pre-
Inimputáveis visível o resultado mais grave.

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental Circunstâncias incomunicáveis
ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era,
ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condi-
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de ções de caráter pessoal, salvo quando elementares do
acordo com esse entendimento. crime.

Redução de pena Casos de impunibilidade

Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxí-
terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde lio, salvo disposição expressa em contrário, não são puní-
mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou veis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
retardado não era inteiramente capaz de entender o cará-
Extinção da punibilidade
ter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento. Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
Menores de dezoito anos I - pela morte do agente;
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente II - pela anistia, graça ou indulto;
inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas
na legislação especial. III - pela retroatividade de lei que não mais considera o
fato como criminoso;
Emoção e paixão
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão acei-
I - a emoção ou a paixão; to, nos crimes de ação privada;
Embriaguez VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a
admite;
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou
substância de efeitos análogos. IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez Prescrição antes de transitar em julgado a sentença
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era,
ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de sentença final, salvo o disposto no § 1º do art. 110 deste
acordo com esse entendimento. Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liber-
dade cominada ao crime, verificando-se: (Redação dada
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o pela Lei nº 12.234, de 2010).
agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou
força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omis- I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
são, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendi- II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a
mento. oito anos e não excede a doze;

Regras comuns às penas privativas de liberdade III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a qua-
tro anos e não excede a oito;
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime
incide nas penas a este cominadas, na medida de sua IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois
culpabilidade. anos e não excede a quatro;

§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano
pode ser diminuída de um sexto a um terço. ou, sendo superior, não excede a dois;
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 Prescrição da multa
(um) ano. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).
Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:
Prescrição das penas restritivas de direito
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada
Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direi- ou aplicada;
to os mesmos prazos previstos para as privativas de li-
berdade. II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena
privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou
Prescrição depois de transitar em julgado sentença final cumulativamente cominada ou cumulativamente aplica-
condenatória da.

Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a Causas impeditivas da prescrição


sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e
verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a
se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. prescrição não corre:

§ 1º A prescrição, depois da sentença condenatória com I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de
trânsito em julgado para a acusação ou depois de impro- que dependa o reconhecimento da existência do crime;
vido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não po-
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.
dendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data
anterior à da denúncia ou queixa. (Redação dada pela Lei Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sen-
nº 12.234, de 2010). tença condenatória, a prescrição não corre durante o
tempo em que o condenado está preso por outro motivo.
Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado
a sentença final Causas interruptivas da prescrição
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
sentença final, começa a correr:
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
I - do dia em que o crime se consumou;
II - pela pronúncia;
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade
criminosa; III - pela decisão confirmatória da pronúncia;

III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenató-
permanência; rios recorríveis;

IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
assentamento do registro civil, da data em que o fato se
tornou conhecido. VI - pela reincidência.

Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo,
irrecorrível a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente
a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que
Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais
começa a correr: a interrupção relativa a qualquer deles.

I - do dia em que transita em julgado a sentença condena- § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inci-
tória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão con- so V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamen-
dicional da pena ou o livramento condicional; te, do dia da interrupção.

II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais
o tempo da interrupção deva computar-se na pena. graves.

Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revo- Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da
gação do livramento condicional punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isolada-
mente.
Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revo-
gar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada
pelo tempo que resta da pena.
03.(FCC / Analista Judiciário - TRE-AP / 2011) De acordo
com o Código Penal NÃO é causa de extinção da puni-
bilidade a
01.(FCC / Analista Judiciário - TRE-AP / 2011) Exclui a A) reparação do dano posterior à sentença irrecorrível
imputabilidade penal, nos termos preconizados pelo no crime de peculato culposo.
Código Penal, B) morte do agente.
A) a embriaguez voluntária pelo álcool ou substância C) anistia.
de efeitos análogos. D) prescrição.
B) a emoção e a paixão. E) retroatividade de lei que não mais considera o fato
C) a embriaguez culposa pelo álcool ou substância de como criminoso.
efeitos análogos.
D) se o agente, em virtude de perturbação de saúde GABARITO: A
mental ou por desenvolvimento mental incompleto COMENTÁRIOS: Esta questão ficará mais clara quando
ou retardado, não era inteiramente capaz de enten- analisarmos os crimes contra a Administração Pública.
der o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de Todavia, com base em nossa aula, você já deve saber que
acordo com esse entendimento. de acordo com o art. 107 do CP, as alternativas "B" à "D"
E) a embriaguez completa proveniente de caso fortui- constituem formas de extinção da punibilidade.
to ou força maior, se o agente era, ao tempo da
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de en- 04.(FCC / Analista - TRE-AM / 2010) De acordo com o
tender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se Código Penal, são inimputáveis
de acordo com esse entendimento. A) os que cometem o crime sob emoção ou paixão.
B) aqueles que cometem o crime em legítima defesa,
GABARITO: E estado de necessidade ou estrito cumprimento do
COMENTÁRIOS: Analisando: dever legal.
Alternativa "A" � Incorreta � A embriaguez voluntária não C) apenas os menores de 18 (dezoito) anos.
exclui a imputabilidade. D) aqueles que, por embriaguez completa, proveniente
Alternativa "B" � Incorreta � A emoção e a paixão não ex- de caso fortuito ou força maior, eram inteiramente
cluem a imputabilidade. incapazes de determinarem-se de acordo com o en-
Alternativa "C" � Incorreta � Nos termos do art. 28, do CP, a tendimento da ilicitude do fato.
embriaguez culposa não exclui a imputabilidade. E) aqueles que, em virtude de perturbação de saúde
Alternativa "D" � Incorreta � O fato de o agente não ser in- mental, não eram inteiramente capazes de entender
teiramente capaz não exclui a imputabilidade. o caráter ilícito do fato.
Alternativa "E" � Correta � Está de acordo com o parágrafo
1º do art. 28. GABARITO: D
COMENTÁRIOS: Com base em nossa aula fica claro que a
02.(FCC / Técnico Judiciário - TRT / 2011) João instigou única hipótese de inimputabilidade está descrita na alter-
José a praticar um crime de roubo. Luiz forneceu-lhe a nativa "D" da questão. Atenção com a palavra APENAS na
arma. Pedro forneceu-lhe todas as informações sobre alternativa "C", pois uma leitura apressada pode confundir
a residência da vítima e sobre o horário em que esta fi- o candidato.
cava sozinha. No dia escolhido, José, auxiliado por
Paulo, ingressou na residência da vítima. José apon- 05.(FCC / Procurador - TCE-RO / 2010) Em matéria de
tou-lhe a arma, enquanto Paulo subtraiu-lhe dinheiro e concurso de pessoas,
jóias. Nesse caso, são considerados partícipes APE- A) todos os concorrentes respondem pelo mesmo
NAS crime, independentemente da culpabilidade de cada
A) Luiz e Pedro. qual, pois adotada em nossa legislação a teoria
B) João, Luiz, Pedro e Paulo. monista.
C) João, Luiz e Pedro. B) o concurso é necessário quando o crime é pluris-
D) José, Pedro e João. subjetivo.
E) João, José, Luiz e Pedro. C) a participação de menor importância constitui cir-
cunstância atenuante.
GABARITO: C D) a coautoria prescinde da execução de comporta-
COMENTÁRIOS: No caso em tela João instigou, Luiz for- mento que a lei define como crime.
neceu a arma e Pedro forneceu informações. Assim, há E) é desnecessário vínculo subjetivo ou psicológico
ausência de cooperação ativa e, portanto, são classifica- entre os concorrentes.
dos como partícipes.
GABARITO: B 07.(FCC / Auditor - TCE-RO / 2010) No tocante às causas
COMENTÁRIOS: Analisando: de extinção da punibilidade, é correto afirmar que
A) Errada � É certo que foi adotada a teoria monista, mas A) a concessão de anistia é atribuição exclusiva do
ela não diz “independente da culpabilidade”, mas sim Presidente da República.
“na medida de sua culpabilidade”. O significado do tex- B) o dia do começo inclui-se no cômputo do prazo da
to da questão violaria o princípio da individualização decadência.
da pena. O crime é o mesmo para todos, mas a pena C) são previstas exclusivamente na parte geral do Có-
não será necessariamente a mesma (art. 29). digo Penal.
B) Certa � Crime plurissubjetivo é sinônimo de crime de D) a concessão do indulto restabelece a condição de
concurso necessário. São aqueles crimes que exigem, primário do beneficiado.
necessariamente, dois ou mais sujeitos ativos. E) é cabível o perdão judicial em qualquer crime.
C) Errado � Constitui causa geral de diminuição de pena, e
não circunstância atenuante (Art. 29, §1º, CP). GABARITO: B
D) Errado � É imprescindível, na coautoria, um comporta- COMENTÁRIOS: Analisando:
mento típico, pois o art. 29 assim dispõe: "quem, de Alternativa "A" � Incorreta � A concessão de anistia é com-
qualquer modo, concorre para o crime". petência do Congresso Nacional, com a sanção do Presi-
E) Errado � O vínculo subjetivo é necessário, sendo des- dente da República, conforme o art. 48, VIII da CF/88.
necessário o prévio ajuste. Alternativa "B" � Correta � Diferentemente da seara proces-
sual penal, o Código Penal estabelece que os prazos terão
06.(FCC / Advogado - METRO-SP / 2010) A respeito do o dia de começo como marco temporal inicial (art. 10).
concurso de pessoas, é correto afirmar que Alternativa "C" � Incorreta � O artigo 107 não esgota o rol
A) é necessária a presença in loco do comparsa para a das causas de extinção de punibilidade, que estão presen-
configuração da co-autoria. tes em outros artigos do código tanto na parte geral como
B) é admissível o concurso de pessoas nos crimes de na especial.
mera conduta. Alternativa "D" � Incorreta � Ao contrário da anistia, o indul-
C) responde por co-autoria quem presta auxílio ao au- to não restabelece a primariedade do beneficiado, pois
tor do crime, após a consumação do delito essa somente extingue a punibilidade (art. 107, II).
D) não é punível o partícipe se incerto ou inimputável o Alternativa "E" � Incorreta � O perdão judicial só é cabível
autor principal. nos casos previstos em lei.
E) não há concurso de pessoas se não houver prévio
ajuste entre os autores do crime. 08.(FCC / Analista - TRE-TO / 2011) De acordo com o
Código Penal brasileiro, são penalmente inimputáveis:
GABARITO: B A) os menores de dezoito anos.
COMENTÁRIOS: Analisando: B) os maiores de dezoito e menores de 21 anos.
Alternativa "A" � Incorreta � Não se exige a presença, no C) os que praticam fato definido como crime em esta-
local do crime, de todos os coautores. Basta que haja do de violenta emoção.
uma divisão de tarefas e que a função exercida pelo agen- D) os que praticam fato definido como crime em esta-
te seja relevante e necessária para a execução do crime, do de embriaguez, sendo esta voluntária ou culpo-
para que se possa considerá-lo coautor. sa.
E) os maiores de setenta anos.
Alternativa "B" � Correta � Não há impedimento para a exis-
tência de concurso nesta espécie de crime. GABARITO: A
COMENTÁRIOS: A questão cobra a literalidade do Art. 27
Alternativa "C" � Incorreta � Considerando o momento de do Código Penal: "Os menores de 18 (dezoito) anos são
formação do concurso de pessoas (até a CONSUMAÇÃO penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas
do delito), o liame subjetivo formado no EXAURIMENTO estabelecidas na legislação especial."
configura DELITO AUTÔNOMO.
09.(FCC / Analista Judiciário - TRE-TO / 2011) No concur-
Alternativa "D" � Incorreta � Mesmo que incerto ou inimpu- so de pessoas,
tável o autor principal, é possível a punição do partícipe. A) se a participação for de menor importância, a pena
Exemplo: Emprestar arma para que um menor pratique pode ser diminuída de metade.
um homicídio. B) quem, de qualquer modo, concorre para o crime in-
cide nas penas a este cominadas, na medida de sua
Alternativa "E" � Incorreta � O prévio ajuste não é exigido, culpabilidade.
mas si o liame subjetivo.
C) se algum dos concorrentes quis participar de crime entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
menos grave, ser-lhe-á aplicada apena do crime acordo com esse entendimento.
cometido, reduzida de um a dois terços.
D) as circunstâncias e as condições de caráter pesso- 11.(FCC / TRE – MS / 2007) João ingeriu bebidas alcoóli-
al se comunicam, sejam, ou não, elementares do cas numa festa sem a intenção de embriagar-se. To-
crime. davia, ficou completamente embriagado e, nesse esta-
E) a instigação e o auxílio, em qualquer hipótese, são do, tornou-se violento e ficou totalmente incapaz de
puníveis mesmo que o crime não ocorra. entender o caráter criminoso do fato, situação em que
agrediu e feriu várias pessoas. Nesse caso, João
GABARITO: B A) não é isento de pena porque a embriaguez foi dolo-
COMENTÁRIOS: Analisando as alternativas: sa.
Alternativa "A" - ERRADA � Conforme o art. 29, § 1º, do CP, B) é isento de pena porque a embriaguez foi proveni-
se a participação for de menor importância, a pena pode ente de caso fortuito.
ser diminuída de um sexto a um terço. C) é isento de pena porque a embriaguez foi proveni-
Alternativa "B" - CERTA � Esta em conformidade com o art. ente de força maior.
29, do CP. D) não é isento de pena porque a embriaguez foi cul-
Alternativa "C" - ERRADA � De acordo com o art. 29, § 2º, posa.
do CP, se algum dos concorrentes quis participar de crime E) não é isento de pena pois a embriaguez jamais ex-
menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena clui a imputabilidade penal.
será aumentada até metade, na hipótese de ter sido pre-
visível o resultado mais grave. GABARITO: D
Alternativa "D" - ERRADA � Segundo o art. 30, do CP, não COMENTÁRIOS: O enunciado trata da embriaguez culpo-
se comunicam as circunstâncias e as condições de cará- sa, situação em que o indivíduo começa a beber, mas por
ter pessoal, salvo quando elementares do crime. exagero no consumo do álcool acaba embriagado.
Alternativa "E" - ERRADA � Conforme o art. 31, do CP, o
ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo 12.(FCC / ISS-SP / 2007) A doença mental, a perturbação
disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o de saúde mental e o desenvolvimento mental incom-
crime não chega, pelo menos, a ser tentado. pleto ou retardado:
A) refletem na culpabilidade, de modo a excluí-la ou a
10.(VUNESP / DEFENSORIA PÚBLICA – MS / 2008) De atenuá-la.
acordo com regra da Parte Geral do Código Penal, a B) excluem a ilicitude da conduta.
pena pode ser reduzida de um a dois terços se o agen- C) isentam sempre de pena.
te, por embriaguez D) extinguem a punibilidade.
A) culposa, por álcool ou substância análoga, era intei- E) excluem a tipicidade.
ramente incapaz de compreender o caráter ilícito
do ato. GABARITO: A
B) completa, decorrente de força maior, era, ao tempo COMENTÁRIOS: A culpabilidade é a possibilidade de se
da ação ou omissão, inteiramente incapaz de en- considerar alguém culpado pela prática de uma infração
tender o caráter ilícito do fato ou de comportar-se penal. Por essa razão, costuma ser definida como juízo de
de acordo com esse entendimento. censurabilidade e reprovação, exercido sobre alguém que
C) proveniente de caso fortuito, não possuía, ao tempo praticou um fato típico e ilícito. Não se trata de elemento
da ação ou omissão, a plena capacidade de enten- do crime, mas pressuposto para imposição de pena, pois,
der o caráter ilícito do fato ou de comportar-se de sendo um juízo de valor sobre o autor de uma infração
acordo com esse entendimento. penal, não se concebe que se possa ao mesmo tempo
D) preordenada, por álcool ou substância análoga, não estar dentro do crime, como seu elemento, e fora, como
era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito juízo externo de valor do agente.
do fato ou de comportar-se de acordo com esse en- São requisitos da culpabilidade:
tendimento.
E) NRA A) IMPUTABILIDADE;
B) POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE � Para mere-
GABARITO: C cer uma pena, o sujeito deve ter agido na consciência
COMENTÁRIOS: Segundo disposição expressa no pará- de que sua conduta era ilícita. Se não detiver o neces-
grafo 2º do artigo 28 do Código Penal, a pena pode ser sário conhecimento da proibição (que não se confunde
reduzida de um a dois terços se o agente, por embriaguez com desconhecimento da lei, o qual é inescusável),
proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, sua ação ou omissão não terá a mesma reprovabilida-
ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de de.
C) EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA � Está relaciona E) Ao jovem com idade inferior a 18 anos, que seja
da, primordialmente, com a coação moral irresistível e emancipado, não persiste a presunção legal de
com a obediência hierárquica. inimputabilidade.

Na coação moral irresistível, há fato típico e ilícito, mas o GABARITO: C


sujeito não é considerado culpado, em face da exclusão COMENTÁRIOS: Vamos verificar as alternativas.
da exigibilidade de conduta diversa; Alternativa “A” � Incorreta � O direito penal segue o princí-
pio do “in dubio pro reo”, ou seja, na dúvida a decisão de-
Na obediência hierárquica, se a ordem é aparentemente verá ser a favor do réu.
legal e o subordinado não podia perceber sua ilegalidade, Alternativa “B” � Incorreta � A maioridade penal é alcança-
exclui-se a exigibilidade de conduta diversa, e ele fica da com 18 anos.
isento de pena; Alternativa “C” � Correta � Para a determinação da maiori-
dade penal, é irrelevante o horário de nascimento, ou seja,
13.(CESGRANRIO / INVESTIGADOR POLICIAL / 2006) às 00:00 do 18º ano do dia de nascimento terá o indivíduo
Considere os seguintes elementos: completado a maioridade penal.
I – imputabilidade; Alternativa “D” � Incorreta � Nos termos do artigo 26 do CP,
II – potencial consciência sobre a ilicitude do fato; a imputabilidade deve ser analisada NO MOMENTO da
III – exigibilidade de conduta diversa; ação ou omissão e não do resultado.
IV – culpa ou dolo; Alternativa “E” � Incorreta � A emancipação produz efeitos
V – conduta comissiva. na esfera CIVIL, mas persiste, na esfera penal, a presun-
ção legal de inimputabilidade.
Segundo a concepção finalista, constituem os elemen-
tos da culpabilidade: 15.(FCC / TJ – PA / 2009) São causas que excluem o
A) III, IV e V, apenas. crime e a culpabilidade, respectivamente:
B) III e V, apenas. A) legítima defesa e inimputabilidade.
C) I, II e IV, apenas. B) omissão da lei e arrependimento eficaz.
D) I, II e III, apenas. C) estado de necessidade e legítima defesa.
E) II e III, apenas. D) desconhecimento da lei e exercício regular de direi-
to.
GABARITO: D E) erro de proibição inevitável e erro de tipo.
COMENTÁRIOS: Para a teoria finalista, adotada pelo Có-
digo Penal, os elementos que integram a culpabilidade GABARITO: A
são: imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e COMENTÁRIOS: Como você já sabe, de acordo com a
exigibilidade de conduta diversa. teoria FINALISTA, crime é fato típico e ilícito, sendo a cul-
Não presente algum desses elementos, estará isento de pabilidade mero pressuposto de aplicação da pena. Sen-
pena o agente, ou seja, praticou crime, mas não é culpável do assim, para assinalarmos a alternativa correta deve-
e, portanto, não lhe é aplicada a sanção. mos buscar inicialmente algum excludente de tipicidade
ou ilicitude e, posteriormente, uma excludente de culpabi-
14.(ESAF / BACEN / 2002) Quanto à imputabilidade penal lidade. A única alternativa que preenche essas condições
pode-se afirmar que: é a letra “A”, pois traz a legítima defesa, que é uma exclu-
A) Na hipótese de dúvida séria e fundada quanto à dente de ilicitude e, posteriormente, a ininputabilidade,
menoridade ou não do agente, deve-se optar pela que exclui a culpabilidade.
responsabilização penal.
B) Se considera alcançada a maioridade penal a partir 16.(FCC / TJ – PA / 2009) O erro de proibição quando
do dia em que o jovem completa os 21 anos, inde- escusável exclui a:
pendentemente da hora do nascimento. A) conduta.
C) Se considera alcançada a maioridade penal a partir B) imputabilidade.
do dia em que o jovem completa os 18 anos, inde- C) culpabilidade.
pendentemente da hora do nascimento. D) punibilidade.
D) Se na véspera de completar 18 anos um jovem atira E) antijuridicidade.
em alguém, e este entra em estado de coma, aca-
bando por falecer meses depois, o autor do delito GABARITO: C
será responsabilizado criminalmente, pois o resul- COMENTÁRIOS: A errada compreensão de uma determi-
tado morte aconteceu após a sua maioridade. nada regra legal pode levar o agente a supor que certa
conduta injusta seja justa, a tomar uma errada por certa, a
encarar uma anormal como normal, e assim por diante.
Nesse caso, surge o que a doutrina convencionou chamar Para que fique claro o disposto no supra artigo, vamos
de “erro de proibição”. O erro de proibição sempre exclui a exemplificar: Imagine que Felipe, funcionário público, pra-
atual consciência da ilicitude, pois naquele momento o tica o delito de peculato junto com Mévio, que não faz
agente acha que age licitamente. No entanto, somente parte do quadro da Administração. Poderá Mévio, sendo
aquele INEVITÁVEL (ESCUSÁVEL) elimina a POTENCIAL particular, responder pelo citado crime (PECULATO)?
CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE e, consequentemente, a
CULPABILIDADE A resposta é positiva, pois na hipótese de concurso de
pessoas, a elementar “funcionário público” é comunicável,
17.(CESGRANRIO / POLÍCIA CIVIL – RJ / 2006) Conside- desde que cumprido um requisito essencial: É necessário
ra-se partícipe de um crime aquele que: que o terceiro (particular) tenha conhecimento de que
A) auxilia a subtrair-se à ação de autoridade pública pratica o delito juntamente com um funcionário público.
autor de crime a que é cominada pena de detenção
ou reclusão. Imagine agora que Caio é convidado por Felipe, funcioná-
B) pratica a conduta descrita no tipo penal, juntamen- rio público, para cometer um furto. Sem saber da qualida-
te com seu comparsa. de especial de Felipe, Caio pratica o delito. Nesta situa-
C) pratica a conduta descrita no tipo penal sob o efei- ção, responderá Felipe por peculato-furto e Caio por furto.
to de substância entorpecente. Alternativa “D” � Incorreta � Contraria o parágrafo 2º do
D) induz, instiga ou auxilia na prática do crime, embora artigo 29, segundo o qual se algum dos concorrentes quis
não pratique conduta típica. participar em crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a
E) executa o comportamento que a lei define como pena deste.
crime.
Alternativa “E” � Incorreta � Trata da participação de menor
GABARITO: D importância prevista no parágrafo 1º do artigo 29. Segun-
COMENTÁRIOS: O conceito de partícipe está perfeitamen- do o dispositivo legal, a pena pode ser diminuída de UM
te expresso na alternativa “D”. SEXTO A UM TERÇO. Observe:

18.(MP-SP/MP–SP/2008) Assinale a alternativa correta. Art. 29ORIA


A) Não se admite co-autoria em crime culposo. § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena
B) Admite-se a participação em crime de mera condu- pode ser diminuída de um sexto a um terço.
ta.
C) As circunstâncias de caráter pessoal, quando ele- A participação de menor importância aplica-se apenas
mentares do crime, comunicam-se ao partícipe que para o partícipe e quanto mais a conduta se aproxima do
delas não tinha conhecimento. núcleo do tipo, maior deve ser a pena.
D) O partícipe que quis colaborar com a prática de
crime menos grave responde pelo crime mais grave Um possível exemplo de participação de menor importân-
executado pelo autor, reduzida a pena até a meta- cia é o da faxineira que informa a um assaltante de casas
de. a localização e a quantidade de joias existentes no local
E) Configurada a participação de menor importância em que trabalha.
na infração, pode o juiz diminuir apena de um terço
a dois terços. É importante ressaltar que a participação de menor im-
portância não se trata de uma exceção à teoria monista,
GABARITO: B mas de uma causa de diminuição de pena.
COMENTÁRIOS: Vamos analisar as alternativas.
Alternativa “A” � Incorreta � Há uma grande divergência 19.(TJ-DFT / JUIZ SUBSTITUTO TJ – DF / 2008) No con-
doutrinária quanto a este ponto e isto faz com que muitos curso de pessoas, se a participação for de menor im-
candidatos bem preparados errem este tipo de questão. portância:
Para a sua PROVA, o posicionamento adotado deve ser o A) A pena pode ser diminuída de dois terços.
da JURISPRUDENCIA majoritária, segundo a qual: B) A pena pode ser diminuída de um terço.
Alternativa “B” � Correta � A doutrina e a jurisprudência C) A pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
admitem a participação nos crimes de mera conduta. D) Não pode, porquanto não constitui causa especial
Alternativa “C” � Incorreta � Tenta confundir o candidato, de diminuição.
inserindo a palavra “não” no final do texto do artigo 30,
que dispõe: GABARITO: C
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições COMENTÁRIOS: Mais uma vez é exigido o conhecimento
de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. do quanto pode ser reduzida a pena no caso da participa-
ção de menor importância.
Art. 29 A) autor imediato.
[...] B) partícipe.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena C) co-autor.
pode ser diminuída de um sexto a um terço. D) autor mediato.
E) autor principal.
20.(FCC / PROCURADOR – RE / 2008) Sobre o concurso
de agentes, considere: GABARITO: B
I. quem executa, juntamente com outras pessoas, a COMENTÁRIOS: Como João colabora com o delito sem
ação ou omissão que configura o delito; participar diretamente dele, temos que é PARTÍCIPE.
II. quem colabora para a conduta do autor com a prá-
tica de uma ação que, em si mesma, não é penal- A questão coloca nas alternativas as figuras do autor
mente relevante. imediato, mediato e principal. Vamos relembrar:
CURSOCIOS
Os conceitos acima se referem, respectivamente, a: O autor imediato ou principal é aquele que realiza o nú-
A) autor e autor mediato. cleo do tipo. Ocorre autoria mediata quando o autor do-
B) crime de multidão e co-autor. mina a vontade alheia e, desse modo, serve-se de outra
C) co-autor e partícipe. pessoa que atua como instrumento. Exemplo: Médico
D) cooperação dolosamente distinta e co-autor even- quer matar inimigo que está hospitalizado e usa a enfer-
tual. meira para ministrar injeção letal no paciente.
E) participação culposa e autor mediato.
23.(FCC / MPU / 2007) Maria, enfermeira, por ordem do
GABARITO: C médico João, ministrou veneno ao paciente, supondo
COMENTÁRIOS: Quem executa, juntamente com outras tratar-se de um medicamento, ocasionando-lhe a mor-
pessoas, a ação ou omissão que configura o delito é CO- te. Nesse caso,
AUTOR. A) não há concurso de agentes, mas apenas um autor
Diferentemente, quem colabora para a conduta do autor, mediato, pela realização indireta do fato típico.
com a prática de uma ação que, em si mesma, não é pe- B) há concurso de agentes, sendo João autor principal
nalmente relevante, é partícipe. e Maria co-autora.
C) há concurso de agentes, sendo João autor principal
21.(FCC / TRF – 2ª REGIÃO / 2007) No caso de crime e Maria partícipe.
praticado em concurso de pessoas, se algum concor- D) há concurso de agentes, figurando tanto João co-
rente quis praticar crime menos grave, não sendo pre- mo Maria na condição de autores.
visível o resultado mais grave, ele receberá a pena E) há concurso de agentes, figurando Maria como au-
A) do crime menos grave. tora e João como co-autor.
B) igual a dos outros comparsas.
C) do crime mais grave, reduzida de metade. GABARITO: A
D) do crime menos grave aumentada de metade. COMENTÁRIOS: No caso apresentado, não há concurso
E) do crime mais grave reduzida de dois terços. de pessoas e sim a caracterização da chamada AUTORIA
MEDIATA. Maria é utilizada como instrumento para o re-
GABARITO: A sultado morte.
COMENTÁRIOS: Esta questão não é difícil, mas tenta con-
fundir o candidato com os conceitos de participação de 24.(FCC / MPE-CE / 2009) Nos chamados crimes monos-
menor importância e vontade de praticar crime menos subjetivos,
grave. A) o concurso de pessoas é eventual.
A participação de menor importância encontra previsão B) o concurso de pessoas só ocorre no caso de auto-
no artigo 29, parágrafo 1º do CP e é causa de diminuição ria mediata.
de pena. C) o concurso de pessoas é necessário.
Diferentemente, os efeitos da vontade de praticar crime D) não há concurso de pessoas.
menos grave estão dispostos no artigo 29, parágrafo 2º E) há concurso de pessoas apenas na forma de parti-
do CP, com a previsão de que o agente responderá pelo cipação.
CRIME MENOS GRAVE.
GABARITO: A
22.(FCC / TRE – MS / 2007) João, ciente de que José COMENTÁRIOS: Os crimes unissubjetivos, monossubjeti-
pretende matar seu desafeto, empresta-lhe uma arma vos ou de concurso eventual são aqueles que, apesar de
para esse fim. Consumado o homicídio, João será poderem ser cometidos por uma única pessoa, eventual-
considerado: mente são cometidos por duas ou mais pessoas.
É o caso, por exemplo, do homicídio, furto, estupro etc.,
que podem ser cometidos por uma só pessoa ou por duas
ou mais. Nota-se que nesses crimes a pluralidade de
agentes não é elementar do tipo.

Já os crimes plurissubjetivos ou de concursos necessá- Primeiramente, é relevante ressaltar que dos crimes con-
rios são aqueles que só podem ser cometidos por mais de tra a pessoa, evidenciam-se os crimes contra a vida, o
uma pessoa, como, por exemplo, os crimes de quadrilha bem jurídico mais importante do ser humano. Nesse sen-
ou bando e rixa. A pluralidade de agentes é, assim, ele- tindo, o Código Penal inicia a parte especial com o crime
mentar do tipo. de Homicídio, no qual a vida é abordada tanto na acepção
intrauterina quanto extrauterina.

O direito à vida está consagrado no Art. 5º da Constitui-


ção federal com direito fundamental do ser humano. Tra-
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
ta-se de direito supraestatal, inerente a todos os homens
E C A D B B B A B C e aceito por todas as nações, imprescindível para a manu-
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 tenção e para o desenvolvimento da pessoa humana.
D A D C A C D B C C
21 22 23 24 — — — — — — É um direito fundamental em duplo sentido:
A B A A — — — — — —
Formal: porque é enunciado e protegido por normas com
valor constitucional formal.

Material: porque seu conteúdo se refere à estrutura do


Estado, à organização dos poderes e aos direitos e garan-
tias fundamentais.

Como exemplo dos demais direitos possui caráter relati-


vo, haja vista que a própria Constituição autoriza a priva-
ção da vida humana quando admite a pena de morte em
tempo de guerra.

Os direitos e garantias individuais não têm caráter abso-


luto. Não há, no sistema constitucional brasileiro, direi-
tos ou garantias que se revistam de caráter absoluto,
mesmo porque razões de relevante interesse público ou
exigências derivadas do princípio da convivência das
liberdades legitimam, ainda que excepcionalmente, a
adoção, por parte dos órgãos estatais, de medidas res-
tritivas das prerrogativas individuais e coletivas, desde
que respeitados os termos estabelecidos pela própria
Constituição. O estatuto constitucional das liberdades
públicas, ao delinear o regime jurídico a que estas estão
sujeitas - e considerando o substrato ético que as in-
forma – permite que sobre elas incidam limitações de
ordem jurídica, destinadas, de um lado, a proteger a
integridade do interesse social e, de outro, a assegurar a
coexistência harmoniosa das liberdades, pois nenhum
direito ou garantia pode ser exercido em detrimento da
ordem pública ou com desrespeito aos direitos e garan-
tias de terceiros.
STF MS 23.452/RJ, rel. Min. Celso de Mello, Pleno, j.
16.09.1999
CAPÍTULO I  Elemento subjetivo
DOS CRIMES CONTRA A VIDA
Dolo: animus necandi ou animus occidendi. O motivo pode
caracterizar uma qualificadora ou causa de diminuição de
O Código Penal afasta a ilicitude do fato típico praticado
pena.
em legítima defesa, justificando, exemplificadamente, a
morte daquele que agride pessoa com a intenção de
 Consumação e Tentativa
matá-la, além de apontar expressamente as hipóteses em
que o aborto é permitido. Em tais casos, uma vida pode Consuma-se com a morte (cessação da atividade encefá-
ser sacrificada para preservar outra, em face da ausência lica). A prova da materialidade realiza-se pelo exame ne-
momentânea do estado para proteção de bens jurídicos, croscópico que, além de atestar a morte, indica também
ou então para preservar a vida da gestante ou a a sua suas causas.
dignidade, quando a gravidez resulta de estupro.
CRIME INSTANTÂNEO: se consuma em um tempo deter-
No tocante à competência, salvo o homicídio culposo, minado, sem continuidade no tempo.
cuja ação penal tramita perante o juízo singular, todos os
demais crimes são julgados pelo Tribunal do Júri, em Admite-se a tentativa (conatus) nas modalidades perfeita
atendimento à regra prevista no Art 5º, inciso XXXVIII, e imperfeita; e na branca e vermelha.
alínea d, da Constituição Federal.
 Ação penal
O crime de genocídio tutela a diversidade humana e, por
isso, tem caráter coletivo ou transindividual, não atrain- Pública Incondicionada.
do, por si só, a competência do Tribunal do Júri. O STF,
ao julgar o RE 351.487/RR sublinhou que havendo con- 1.1) HOMICÍDIO SIMPLES
curso formal entre genocídio e homicídio doloso, com-
pete ao Tribunal do Júri da Justiça Federal o julgamento Art. 121. Matar alguém:
dos crimes de homicídio e genocídio, quando cometidos Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
no mesmo contexto fático.
Em regra, não é crime hediondo. Contudo, se praticado em
1) HOMICÍDIO atividade típica de grupo de extermínio, ainda que por um
só agente, recebe a rotularização de crime hediondo.
Homicídio: supressão da vida humana extrauterina prati-
cada por outra pessoa. (A vida extrauterina começa com 1.2) CASO DE DIMINUIÇÃO DE PENA
o início do parto). Para identificarmos o limite entre o
crime de aborto e de homicídio, temos que saber o início § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de
do parto. Se praticada a conduta contra o bebê antes do relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta
início do parto, é aborto. Se praticada depois, será homi- emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o
cídio. Para fins de medicina legal, se o parto for normal, juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
inicia-se com o rompimento do saco amniótico (“bolsa”).
Se o parto for cirúrgico (cesariana), considera-se como A denominação “homicídio privilegiado” é fruto de
início do parto o momento das incisões abdominais para criação doutrinária e jurisprudencial. Não se trata
a retirada do bebê. de privilégio, mas de causa de diminuição da pe-
na. As hipóteses legais de privilégio apresentam
 Objetividade jurídica caráter subjetivo, relaciona-se ao agente, logo não
se comunica aos demais coautores ou partícipes,
Bem jurídico protegido: vida humana. em consonância com a regra prevista no art. 30
do Código Penal.
 Núcleo do tipo Motivo de relevante valor social: quer-se dizer aos
interesses de toda uma coletividade, ou seja, um
Matar. CRIME DE FORMA LIVRE. Admite qualquer meio de motivo nobre / altruístico.
execução e pode ser praticado por ação ou omissão, de Motivo de relevante valor moral: ligado a interes-
forma direta ou indireta. ses precipuamente individuais , particulares do
agente.
 Sujeitos Domínio de violenta emoção: quer dizer que a
emoção não deve ser passageira ou momentânea.
Ativo: CRIME COMUM. Admite participação e coautoria.
Passivo: CRIME COMUM.
Reação imediata: prevalece o entendimento que a II - por motivo fútil;
reação imediata se configura enquanto perdurar o
efeito de domínio da violenta emoção. É o insignificante, de pouca importância, completamente
Injusta provocação da vítima: compreende todas desproporcional à natureza do crime praticado. A ausên-
e quaisquer condutas incitantes, desafiadoras e cia de motivo não deve ser equiparada ao motivo fútil,
injuriosas. pois todo crime tem sua motivação.

O homicídio praticado como intuito de livrar um doente, STJ: “A anterior discussão com a vítima e o autor do
irremediavelmente perdido, dos sofrimentos que o homicídio, por si só, não afasta a qualificadora do moti-
atormentam (eutanásia) aufere de privilégio da atenua- vo fútil”.
ção da pena que §1º consagra.
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia,
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que
1.3) HOMICÍDIO QUALIFICADO possa resultar perigo comum;

Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Meio insidioso: consiste no uso de estratagema, de perfí-
dia, de uma fraude para cometer um crime sem que a
É crime hediondo em qualquer qualificadora. (Lei vítima o perceba. Exemplo: retira o óleo de direção do
8.072/90). automóvel para provocar um acidente fatal contra seu
proprietário.
Os incisos I e II relacionam-se aos motivos do crime e os
incisos III e IV (com exceção da traição, são de natureza Meio cruel: proporciona à vítima um intenso e desneces-
objetiva) se referem aos meios e modos de execução. O sário sofrimento físico ou mental, quando a morte poderia
inciso V concerne à conexão que pode ser consequencial ser provocada de forma menos dolorosa. Exemplo: matar
ou teleológica. O VI (feminicídio) vincula-se ao sexo da alguém lentamente com inúmeros golpes de faca, com
vítima e também ao motivo do crime. Finalmente, o inciso produção inicial dos ferimentos em região não letal do
VII liga-se ao delito cometido contra integrantes dos ór- seu corpo.
gãos de segurança pública ou a pessoas a ele vinculadas
pelo casamento, pela união estável ou pelo parentesco. Meio de que possa resultar perigo comum: aquele que
expõe não somente a vítima, mas também um número
§ 2° Se o homicídio é cometido: indeterminado de pessoas a uma situação de probabili-
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou dade de dano. Exemplo: conduzir um veículo automotor
por outro motivo torpe; em via pública a 165 km/h.

Homicídio mercenário ou homicídio por mandato remune- A doutrina entende que o homicídio será qualificado pelo
rado, motivado pela ambição desmedida, pelo desejo envenenamento apenas quando a vítima desconhecer
imoderado de riquezas. Na paga, o recebimento é prévio; estar ingerindo a substância tóxica, ou seja, ignorar estar
na promessa, o pagamento é convencionado para mo- sendo envenenada. Caso seja forçada a ingerir a substân-
mento posterior à execução do crime. CRIME PLURIS- cia sabidamente venenosa, estaremos diante de outro
SUBJETIVO, de concurso necessário. meio cruel alcançado pela expressão genérica.

Motivo torpe é o vil, repugnante, moralmente reprovável. A Quanto ao emprego de tortura, somente qualifica o homi-
vingança não caracteriza automaticamente a torpeza. O cídio se o resultado morte era perseguido pelo agente,
ciúme, por si só, sem outras circunstâncias, não caracte- tendo escolhido o sofrimento atroz como meio de alcan-
riza o motivo torpe. ça-lo. No caso de o agente atuar com dolo apenas com
relação à tortura, derivando a morte de culpa, responderá
STJ: “A verificação se a vingança constitui ou não moti- pelo crime de tortura qualificado pela resultado.
vo torpe deve ser feita com base nas peculiaridades de
cada caso concreto, de modo que não se pode estabe- HOMICÍDIO TORTURA
lecer um juízo a priori, positivo ou negativo. QUALIFICADO PELA QUALIFICADA PELA
TORTURA. MORTE
STJ: “A vingança, por si só, não substancia o motivo DISPOSITIVO ART 1, §3, LEI
ATR 121, §2º, III, CP
torpe; a sua afirmativa, contudo, não basta para elidir a LEGAL 9.455/97
imputação de torpeza do motivo do crime, que há de ser MATAR/ MEIO: TORTURAR
DOLO
aferida à luz do contexto do fato.” TORTURA (MORTE CULPOSA)
CRIME PROGRESSIVO PRETERDOLOSO
RECLUSÃO, 12-30 RECLUSÃO, 8-16 I - violência doméstica e familiar;
PENA
ANOS ANOS
TENTATIVA CABE NÃO CABE Encontra-se definida no Art 5º da lei Maria da Penha
EQUIPARADO A (11.340/06)
HEDIONDEZ HEDIONDO
HEDIONDO
COMPETÊNCIA TRIBUNAL DO JÚRI JUSTIÇA COMUM Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou
omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão,
IV - à traição, de emboscada, ou mediante
dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou
impossível a defesa do ofendido; patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida
Traição é crime próprio, pois somente pode ser cometido como o espaço de convívio permanente de pessoas, com
ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente
pela pessoa em que a vítima depositava uma especial
agregadas;
confiança. Pode ser física ou moral.
II - no âmbito da família, compreendida como a co-
munidade formada por indivíduos que são ou se conside-
Emboscada é a tocaia. O agente aguarda escondido, em
ram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade
determinado local, a passagem da vítima, para mata-la
ou por vontade expressa;
quando ali passar.
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o
Dissimulação é a atuação disfarçada que oculta a real agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, in-
intenção do agente. Pode ser material ou moral. dependentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas
neste artigo independem de orientação sexual.
Outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa
do ofendido: fórmula genérica indicativa de meio análogo
II - menosprezo ou discriminação à condição de mu-
à traição, à emboscada e à dissimulação.
lher.
É imprescindível a prova de que o agente teve por propó-
Pode ser entendido no sentido de desprezo, sentimento
sito efetivamente surpreender a pessoa visada, enganan-
de aversão, repulsam repugnância a uma pessoa do sexo
do-a, impedindo-a de se defender ou, ao menos, dificul-
tando-lhe a reação. É a presença do elemento subjetivo feminino; discriminação tem o sentido de tratar de forma
abrangente. diferente, distinguir pelo fato da condição de mulher da
vítima.
V - para assegurar a execução, a ocultação, a
A mulher homossexual quando vítima de ataque perpe-
impunidade ou vantagem de outro crime:
trado pela parceira, no âmbito da família encontra-se sob
a proteção do diploma legal em estudo.
Conexão teleológica: o homicídio é praticado para asse-
gurar a execução de outro crime. O sujeito primeiro mata
1.3.2) HOMICÍDIO FUNCIONAL
alguém e depois pratica outro delito.

VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e


Conexão consequencial: o homicídio é cometido para
144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional
assegurar a ocultação, a impunidade ou a vantagem de
e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
outro crime. O sujeito comete um crime e só depois o
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, com-
homicídio.
panheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em ra-
zão dessa condição.
1.3.1) FEMINICÍDIO

Integrantes do sistema prisional: nessa categoria ingres-


VI - contra a mulher por razões da condição de sexo
sam todos aqueles que atuam na esfera administrativa da
feminino:
execução da pena privativa de liberdade e da medida de
segurança detentiva, ou seja, em estabelecimento ade-
É o homicídio doloso cometido contra a mulher por razões
quado.
da condição de sexo feminino. Não se confunde com fe-
micídio, que consiste em qualquer homicídio contra a
Integrantes da Força Nacional de Segurança Pública:
mulher. Para o STJ possui natureza objetiva.
formada por policiais e bombeiros dos grupos de elite dos
o Estados, que se submetem a treinamento especial na
§ 2 -A Considera-se que há razões de condição de
Academia Nacional da Polícia Federal.
sexo feminino quando o crime envolve:
Será possível, ainda, o reconhecimento da qualificadora, 1.6) AUMENTO DE PENA
mesmo na hipótese em que a autoridade ou o agente
o
descrito nos Arts. 142 e 144 da CF já esteja aposentado, § 4 No homicídio culposo, a pena é aumentada de
desde que, o homicídio se dê em razão da função que 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância
exercia anteriormente. Assim, não é incomum que, por de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o
exemplo, alguém venha a matar um policial que acabara agente deixa de prestar imediato socorro à vítima,
de se aposentar, pelo simples fato de haver exercido suas não procura diminuir as conseqüências do seu ato,
funções na polícia militar, na policia civil, etc. ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo dolo-
so o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um ter-
Informativo 557, STF: a jurisprudência do STF é assente ço) se o crime é praticado contra pessoa menor de
no sentido da conciliação entre homicídio objetivamen- 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
te qualificado e, ao mesmo tempo, subjetivamente privi-
legiado. Dessa forma, salientou que, tratando-se de cir- Quanto à inobservância de regra técnica de profissão, arte
cunstância qualificadora de caráter objetivo (meios e ou ofício, prevalece o entendimento e que esta causa de
modos de execução do crime), seria possível o reconhe- aumento só tem aplicação na hipótese de crime culposo
cimento do privilégio, o qual é sempre de natureza sub- praticado por profissional capacitado tecnicamente para
jetiva. o exercício de profissão, arte ou ofício. É a chamada culpa
profissional. Quando ao homicídio doloso, é indispensável
Homicídio privilegiado – qualificado = homicídio híbrido. que a idade do ofendido ingresse na esfera de conheci-
mento do agente, sob pena de responsabilizá-lo objetiva-
1.4) HOMICÍDIO CULPOSO mente.

o
§ 3º Se o homicídio é culposo: § 6 A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a
Pena - detenção, de um a três anos. metade se o crime for praticado por milícia privada,
sob o pretexto de prestação de serviço de segurança,
Configura-se o homicídio culposo quando o sujeito realiza ou por grupo de extermínio.
uma conduta voluntária, com violação do dever objetivo
de cuidado a todos imposto, por imprudência, negligência Milícia privada: agrupamento armado e estruturado de
ou imperícia, e assim produz um resultado naturalístico civis (inclusive com a participação de militares fora das
(morte) involuntário, não previsto nem querido, mas suas funções) com a pretensa finalidade de restaurar a
objetivamente previsível, que podia com a devida atenção segurança em locais controlados pela criminalidade, em
ter evitado. face de inoperância e desídia do Poder Público.

1.5) PERDÃO JUDICIAL Sob o pretexto de prestação de serviço de segurança: é


suficiente a alegação de prestar segurança em determi-
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz nado local, ainda que os assassinos não tenham sido
poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências realmente contratados para desempenhar esta função.
da infração atingirem o próprio agente de forma tão
grave que a sanção penal se torne desnecessária. Grupo de extermínio: associação de matadores, composta
de particulares e muitas vezes também por policiais au-
Trata-se de causa de extinção da punibilidade (Art. 107, IX tointitulados de “justiceiros”, que buscam eliminar pesso-
CP) aplicável nos casos em que o sujeito produz culpo- as deliberadamente rotuladas como perigosas ou incon-
samente a morte de alguém, mas se as consequências venientes aos anseios da coletividade.
desse crime lhe são tão graves que a punição desponta
o
como desnecessária. Em outras palavras, o próprio resul- § 7 A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um
tado naturalístico já exerceu a função retributiva da san- terço) até a metade se o crime for praticado:
ção penal. I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteri-
ores ao parto;
Súmula 18, STJ: A sentença concessiva do perdão judi- II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior
cial é declaratória da extinção da punibilidade, não sub- de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora
sistindo qualquer efeito condenatório. de doenças degenerativas que acarretem condição
limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;
III - na presença física ou virtual de descendente ou
de ascendente da vítima
IV - em descumprimento das medidas protetivas de  Núcleos do tipo
urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do
art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. A vítima realizará o ato material de, ao menos tentar o
suicídio ou de automutilar-se após ser induzida, instigada
Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o ou auxiliada para tal pelo autor do crime.
Agressor (Lei Maria da Penha):
CRIME TIPO MISTO ALTERNATIVO OU MULTINUCLEAR:
Art. 22. Constatada a prática de violência domésti-
ca e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz INDUZIR: é o ato de colocar na vítima, pela primeira vez, a
poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou ideia do suicídio ou da automutilação. O induzimento
separadamente, as seguintes medidas protetivas de ur- deve ser direto, direcionado a uma pessoa determinada.
gência, entre outras:
I - suspensão da posse ou restrição do porte de INSTIGAR: é reforçar uma ideia que já existe dentro da
armas, com comunicação ao órgão competente, nos ter- cabeça da vítima. Assim como na indução, o ato de insti-
mos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 ; gar também necessita ser direcionado a uma pessoa es-
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convi- pecífica.
vência com a ofendida;
III - proibição de determinadas condutas, entre as AUXILIAR: prover e disponibilizar meios materiais para a
quais: execução do suicídio ou da automutilação, sem nunca
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e realizar nenhum ato executório (a vítima é quem deve
das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância praticar todos os atos). Se o agente praticar algum ato,
entre estes e o agressor; será punido por homicídio ou lesão corporal (tentados ou
b) contato com a ofendida, seus familiares e teste- consumados).
munhas por qualquer meio de comunicação;
c) freqüentação de determinados lugares a fim de  Sujeitos
preservar a integridade física e psicológica da ofendida;
Ativo: CRIME COMUM.
O descumprimento de decisão judicial que defere medi- Passivo: CRIME COMUM.
das protetivas de urgência constitui, por si só, o delito
tipificado no Art. 24-A da Lei 11.340/2006, punido com  Elemento subjetivo
detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. Em que pese
a absorção deste crime, ao agente será imputado o femi- Dolo: Direto ou eventual. O agente deve, para ser punido,
nicídio, com a pena aumentada de 1/3 até a metade. Não praticar a conduta descrita no artigo de forma a querer o
há falar em concurso entre o feminicídio majorado e o resultado (o suicídio ou a automutilação da vítima) ou a
deito capitulado no Art. 24-A da lei Maria da Penha, sob ser tão irresponsável ao induzir, instigar ou auxiliar, de
pena de caracterização do bis in idem. modo que transpareça que não se importa com a produ-
ção do resultado.
2) INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUI-
 Consumação e Tentativa
CÍDIO OU A AUTOMUTILAÇÃO
Consuma-se com o mero induzimento, a instigação ou o
Suicídio é a destruição deliberada da própria vida. É tam- auxílio ao suicídio ou a automutilação. Com as alterações
bém chamado de autocídio ou autoquíria. No Brasil, a da Lei nº 13.968/19 passa a ser um crime FORMAL, dei-
conduta suicida não é criminosa, pois, como corolário do xando de exigir que haja uma alteração no mundo exteri-
princípio da alteridade, o Direito Penal só está autorizado or.
a punir os comportamentos que transcendem a figura do
seu autor. Não são puníveis as condutas que lesionam ou Admite-se a tentativa.
expõem a perigo bens jurídicos pertencentes exclusiva-
mente a quem a praticou. Ainda assim, com sua morte  Ação penal
estaria extinta sua punibilidade, nos termos do Art. 107, I,
CP. Pública Incondicionada.

 Objetividade jurídica Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou


a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio mate-
Bem jurídico protegido: vida humana. rial para que o faça:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio  Núcleo do tipo
resulta lesão corporal de natureza grave ou gravís-
sima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Matar.
Código:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.  sob a influência do estado puerperal: conjunto de alte-
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutila- rações físicas e psíquicas que acometem a mulher em
ção resulta morte: decorrências das circunstâncias relacionadas ao parto.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. Não basta, porém, seja o crime cometido durante o perío-
do de estado puerperal. Exige-se relação de causalidade
FORMA MAJORADA subjetiva entre a morte do nascente ou recém-nascido e o
§ 3º A pena é duplicada estado puerperal, pois a conduta deve ser criminosa sob
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe sua influência. Ausente essa elementar, o crime será de
ou fútil; homicídio.
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qual-
quer causa, a capacidade de resistência.  durante o parto ou logo após: indica o momento a
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é partir do qual o fato deixa de ser considerado aborto e
realizada por meio da rede de computadores, de rede passa a ser entendido como infanticídio. Dessa forma, o
social ou transmitida em tempo real. marco inicial para o raciocínio correspondente à figura
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é lí- típica do infanticídio é, efetivamente, o início do parto.
der ou coordenador de grupo ou de rede virtual.
Informativo 507, STJ: Iniciado o trabalho de parto, não
FORMA QUALIFICADA há crime de aborto, mas sim homicídio ou infanticídio,
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resul- conforme o caso. Para configurar o crime de homicídio
ta em lesão corporal de natureza gravíssima e é co- ou infanticídio, não é necessário que o nascituro tenha
metido contra menor de 14 (quatorze) anos ou con- respirado, notadamente quando, iniciado o parto, exis-
tra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem outros elementos para demonstrar a vida do ser
tem o necessário discernimento para a prática do nascente, por exemplo, os batimentos cardíacos.
ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode ofe-
recer resistência, responde o agente pelo crime des-  Sujeitos
crito no § 2º do art. 129 deste Código.
Ativo: CRIME PRÓPRIO, apenas a mãe pode praticar
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é
Passivo: CRIME PRÓPRIO
cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou
contra quem não tem o necessário discernimento
Infanticídio putativo: quando a mãe, influenciada pelo
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra cau-
estado puerperal e logo após o parto, mata outra criança,
sa, não pode oferecer resistência, responde o agente
que acreditava ser seu filh0 (vítima cirtual).
pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 des-
te Código.
 Elemento subjetivo
Dolo: direto ou eventual.
3) INFANTICÍDIO
Não se admite a modalidade culposa.

Trata-se na verdade de uma modalidade especial de ho-


 Consumação e Tentativa
micídio, que é cometido levando-se em consideração de-
terminadas condições particulares do sujeito ativo, que Consuma-se com a morte do nascente ou neonato.
atua influenciado pelo estado puerperal, em meio a certo Admite-se a tentativa.
espaço de tempo, pois o delito deve ser praticado durante
o parto ou logo após.  Ação penal

Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerpe- Pública Incondicionada.


ral, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos. 4) ABORTO

 Objetividade jurídica É a interrupção da gravidez, da qual resulta a morte do


produto da concepção. A proteção penal ocorre desde a
Bem jurídico protegido: vida humana. fase em que as células germinais se fundem, com a cons-
tituição do ovo ou zigoto, até aquela que se inicia o pro-
cesso de parto, pois a partir de então o crime será de ho- Ocorrendo o nascimento com vida e verificando-se a mor-
micídio ou infanticídio. te posterior do recém-nascido, decorrência de nova ação
ou omissão do agente, o delito a e cogitar é o de homicí-
Espécies de aborto: dio ou infanticídio (se presente as elementares) e não
mais o aborto, vez que a conduta criminosa recaiu sobre
- natural: interrupção espontânea da gravidez. Não há vida extrauterina.
crime.
- acidental: interrupção da gravidez provocada por Admite-se a tentativa.
traumatismos, tais como choque e quedas. Não há
crime.  Ação penal
- criminoso: interrupção dolosa da gravidez. Artigos 124
a 127, CP. Pública Incondicionada.
- legal ou permitido: interrupção da gravidez de forma
voluntária e aceita por lei. Não há crime por expressa 4.1.1) ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE OU COM
previsão legal. Art. 128, CP. SEU CONSENTIMENTO
- eugênico ou eugenésico: interrupção da gravidez para
evitar o nascimento da criança com graves deformida- Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir
des genéticas. Não contempla regra permissiva. É cri- que outrem lho provoque:
me. Pena - detenção, de um a três anos.
- econômico ou social: mata-se o feto para não agravar
a situação de miserabilidade enfrentada pela mãe ou  Núcleos do tipo
por sua família. É crime.  Provocar aborto em si mesma: auto aborto. A ges-
tante efetua contra si própria o procedimento
4.1) ABORTO CRIMINOSO: Arts. 124 – 127 abortivo por qualquer modo capaz de levar à mor-
te do feto.
 Objetividade jurídica  Consentir que outrem lho provoque: a gestante
não pratica em si mesma, mas autoriza um tercei-
Bem jurídico protegido: vida humana. ro qualquer, que não precisa ser médico, a fazê-lo.
Exceção da Teoria Monista em que a gestante
 Sujeitos responde pelo art. 124, 2ª parte e o terceiro res-
ponde pelo Art. 126.
Ativo:
4.1.2) ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO
CRIME DE MÃO PRÓPRIA. Somente a gestante pode pro-
vocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da
provoque. Não admite coautoria, mas apenas participa- gestante:
ção. Pena - reclusão, de três a dez anos.

CRIME COMUM: Art. 125, 126. O sujeito passivo é a gestante e o feto: dupla subjetivida-
de passiva. Se a mulher estiver grávida de gêmeos ou
Passivo: trigêmeos, e essa circunstância for do conhecimento de
terceiro, haverá dois ou mais crimes em concurso formal
CRIME PRÓPRIO: somente e sempre o feto. No aborto impróprio ou imperfeito. Contudo, se ele ignorar esse fato,
provocado por terceiro sem o consentimento da vítima: o responderá por um único crime, afastando-se a responsa-
feto e a gestante (dupla subjetividade passiva). bilidade penal objetiva.

 Elemento subjetivo Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da


gestante:
Dolo: direto ou eventual. Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Não existe aborto culposo. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior,
se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é ali-
 Consumação e Tentativa enada ou débil mental, ou se o consentimento é obti-
do mediante fraude, grave ameaça ou violência.
Consuma-se com a morte do feto. É prescindível a expul-
são do produto da concepção.
É possível o concurso de agentes nas duas formas de
coautoria e participação.
Dissenso presumido: o parágrafo único do Art. 126 des- Encontra seu fundamento de validade na dignidade da
considera a vontade positiva da gestante quando menor pessoa humana. O legislador entendeu que seria atenta-
de 14 anos, alienada ou débil mental, ou se o seu consen- tório à mulher exigir a aceitação em manter uma gravidez
timento foi obtido mediante fraude, grave ameaça ou vio- e criar um filho decorrente de uma situação trágica e co-
lência. Nessas hipóteses, aplica-se ao terceiro provocador varde que somente lhe traria traumas e péssimas recor-
a pena do Art. 125, ficando a gestante isenta de sanção dações.
penal. O dolo do agente provocador deve compreender as
qualidades da grávida ou o modo pelo qual o consenti- É indispensável o preenchimento de três condições: abor-
mento foi dado, evitando-se, assim, responsabilidade pe- to praticado por médico; que a gravidez seja resultante de
nal objetiva. estupro; e o prévio consentimento da gestante ou seu
representante legal, de preferência que esse consenti-
FORMA QUALIFICADA: mento seja o mais formal possível (acompanhado de bo-
letim de ocorrência), inclusive com testemunhas.
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos ante-
riores são aumentadas de um terço, se, em conse- 4.3) ABORTO DO FETO ANENCÉFALO
quência do aborto ou dos meios empregados para
provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natu- O Supremo Tribunal Federal publicou, no dia 30 de abril,
reza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas o acórdão da decisão que permitiu a interrupção da gravi-
causas, lhe sobrevém a morte. dez de feto anencéfalo. O julgamento ocorreu em abril de
2012. No julgamento, os ministros decidiram que médicos
Crimes de natureza preterdolosa. É dispensável que o que fazem a cirurgia e as gestantes que decidem inter-
aborto se consume. Basta que a gestante sofra lesão romper a gravidez não cometem qualquer espécie de cri-
corporal ou venha a morrer. me. Com a decisão, para interromper a gravidez de feto
anencéfalo, as mulheres não precisam de decisão judicial
4.2 ) ABORTO LEGAL que as autorize. Basta o diagnóstico de anencefalia. O
laudo terá que ser assinado, obrigatoriamente por dois
Duas causas especiais de exclusão da ilicitude. médicos. Em seu voto, o ministro Marco Aurélio afirmou
que “anencefalia e vida são termos antitéticos”. O minis-
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médi- tro afirmou que existe, no caso, um conflito apenas apa-
co: rente entre direitos fundamentais, já que não há qualquer
possibilidade de o feto sem cérebro sobreviver fora do
4.2.1) ABORTO NECESSÁRIO (ou terapêutico) útero da mãe. A interrupção da gravidez poderá ser reali-
zada em hospital público ou privado e em clínicas desde
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante. que haja estrutura adequada.

Há conflito entre dois valores fundamentais: a vida da


gestante e a vida do feto. E o legislador dá preferência CAPÍTULO II
àquela, por se tratar de pessoa madura e completamente
formada, sem a qual dificilmente o próprio poderia seguir
DAS LESÕES CORPORAIS
adiante.
Lesão corporal é a ofensa humana direcionada à integri-
dade corporal ou à saúde de outra pessoa, isto é, como
É indispensável o preenchimento de três condições: abor-
to praticado por médico; o perigo de vida da gestante, não todo e qualquer dano ocasionado à normalidade funcio-
basta o de saúde; e a impossibilidade do uso de outro nal do corpo humano, quer do ponto de vista anatômico,
meio mais cômodo. quer do ponto de vista fisiológico ou mental.

Não há necessidade do consentimento da gestante, basta Depende da produção de algum dano no corpo da vítima,
que o profissional entenda ser indispensável fazê-lo. Des- interno ou externo, englobando qualquer alteração preju-
necessário, ainda, autorização judicial. dicial à sua saúde, inclusive problemas psíquicos. É
prescindível a produção de dores ou a irradiação de san-
4.2.2) ABORTO SENTIMENTAL (ou humanitário ou ético) gue do organismo do ofendido. E a dor, por si só, não ca-
racteriza lesão corporal.
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é
precedido de consentimento da gestante ou, quando Não se exige o emprego de meio violento: o crime pode
incapaz, de seu representante legal. ser cometido com emprego de grave ameaça (exemplo:
promessa de morte que provoca perturbações mentais na
o
pessoa intimidada) ou ainda mediante ato sexual con- § 2 Se o exame tiver por fim precisar a classifica-
o
sentido. Também não é necessário seja a vítima portado- ção do delito no art. 129, § 1 , I, do Código Penal, de-
ra de saúde perfeita. O crime consiste tanto em prejudicar verá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias,
uma pessoa plenamente saudável, bem como em agravar contado da data do crime.
o
os problemas de saúde de quem já se encontrava enfer- § 3 A falta de exame complementar poderá ser su-
mo. prida pela prova testemunhal.

Além dessas, por intermédio da Lei nº 10.886/2004, foi  Sujeitos


introduzida outra modalidade de lesão corporal, denomi-
Ativo: CRIME COMUM.
nada violência doméstica, qualificando o delito caso ve-
Passivo: CRIME COMUM.
nha a ser praticado contra ascendente, descendente, ir-
mão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou
 Elemento subjetivo
tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das
relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade,
Dolo: animus laedendi ou animus nocendi.
conforme se verifica no §9º do Art. 129, CP.
Modalidade culposa:
 Objetividade jurídica
§ 6° Se a lesão é culposa:
Bem jurídico protegido: a incolumidade física em sentido Pena - detenção, de dois meses a um ano.
amplo: a integridade corporal e a saúde da pessoa huma-
na. Preterdoloso:

 Núcleo do tipo § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam


que o agente não quís o resultado, nem assumiu o
Ofender: prejudicar alguém no tocante à sua integridade risco de produzi-lo:
corporal (corpo humano) ou à sua saúde (funções e ativi- Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
dades orgânicas, físicas e mentais da pessoa).
Consumação e Tentativa
Pode ser praticado por ação ou omissão (exceção). Admi-
te qualquer meio de execução (crime de forma livre). Consuma-se com a efetiva lesão à integridade corporal ou
à saúde da vítima (crime material ou causal e de dano).
Sendo um crime que deixa vestígios, há necessidade de
ser produzida prova pericial, comprovando-se a natureza Admite-se a tentativa, porém é incabível na lesão culposa
das lesões, isto é, grave ou gravíssima. Os peritos, ao e na modalidade preterdolosa.
avaliarem a vítima, devem confeccionar um diagnóstico
correspondente ao estado em que ela se encontra no Não confundir a tentativa com a contravenção penal vias
momento em que é submetida ao exame de corpo de deli- de fato. Naquela, o dolo do agente é de ofender a integri-
to. Isso significa que devem retratar a realidade daquilo dade física ou a saúde de outrem, não alcançando esse
que efetivamente verificaram como lesões corporais so- resultado por circunstâncias alheias à sua vontade
fridas pela vítima, não se podendo, contudo, produzir (exemplo: desferir um soco, mas não atingir a pessoa
prognósticos, que significa “juízo médico, baseado no visada); nesta, por sua vez, sua vontade limita-se a agredir
diagnóstico e nas possibilidades terapêuticas, acerca da o ofendido, sem lesioná-lo (exemplo: empurrão).
duração, evolução, ou termo de uma doença.”
 Ação penal
Segue o texto do Artigo 168 do Código de Processo Penal:
Lesão corporal leve e culposa: ação penal condicionada à
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro representação.
exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a
exame complementar por determinação da autorida- Demais espécies: Pública Incondicionada.
de policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento
do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou Lei 9.099/95: Art. 88. Além das hipóteses do Código
de seu defensor. Penal e da legislação especial, dependerá de represen-
o
§ 1 No exame complementar, os peritos terão pre- tação a ação penal relativa aos crimes de lesões corpo-
sente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a rais leves e lesões culposas.
deficiência ou retificá-lo.
Súmula 542, STJ: A ação penal relativa ao crime de le- Não basta o potencial, aferido pela natureza e sede das
são corporal resultante de violência doméstica contra a lesões, para caracterizar a qualificadora prevista o inci-
mulher é pública incondicionada so II do aludido dispositivo do Código Penal. O perigo de
vida somente deve ser reconhecido segundo critérios
 Princípio da insignificância objetivos comprobatórios do perigo real a que ficou
sujeita a vítima, mesmo que por um pequeno lapso de
É possível sua incidência na lesão corporal dolosa de tempo.
natureza leve e na lesão corporal culposa, quando a con- STF: RE 92.449, rel. Min, Cunha Peixoto, 1ª Turma, j.
duta acarreta em ofensa ínfima à integridade corporal ou 17.06.1980
à saúde da pessoa humana.
III - debilidade permanente de membro, sentido ou
Exemplos: pequenas lesões derivadas de um acidente de função;
trânsito; espetar a vítima com um alfinete.
Debilidade é a diminuição ou enfraquecimento da capaci-
1) LESÃO CORPORAL LEVE dade funcional. Há de ser permanente, isto é, duradoura e
de recuperação incerta.
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde
de outrem: Membros: são os braços, pernas, mãos e pés. Os dedos
Pena - detenção, de três meses a um ano. integram os membros, e a perda ou a diminuição funcio-
nal de um ou mais dedos acarreta na debilidade perma-
Ingressa no conceito toda e qualquer lesão corporal dolo- nente das mãos ou pés.
sa que não seja grave, gravíssima ou praticada com vio-
lência doméstica e familiar contra a mulher. Sentidos: são os mecanismos pelos quais a pessoa hu-
mana constata o mundo à sua volta: visão, olfato, audi-
Infração de menor potencial ofensivo: admite transação ção, tato e paladar.
penal e seu processos e julgamento seguem o rito suma-
ríssimo. (Lei nº9.099/95) Função: é a atividade inerente a um órgão ou aparelho do
corpo humano.
2) LESÃO CORPORAL GRAVE
Na hipótese de órgãos duplos, a perda de um deles carac-
§ 1º Se resulta: teriza lesão grave pela debilidade permanente, enquanto a
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por perda de ambos configura lesão gravíssima pela perda ou
mais de trinta dias; inutilização.

A expressão “ocupação habitual” compreende qualquer A recuperação do membro, sentido ou função por meio
atividade, física o mental, do cotidiano da vítima e não cirúrgico ou ortopédico não acarreta a exclusão da quali-
apenas o seu trabalho. É suficiente tratar-se de ocupação ficadora, pois a vítima não é obrigada a submeter-se a tais
concreta, pouco importando se lucrativa ou não. Crime a procedimentos.
prazo: pois somente se verifica depois do decurso do
prazo estabelecido em lei. São exigidos dois exames peri- IV - aceleração de parto:
ciais: o inicial, realizado logo após o crime, e um comple-
mentar, efetuado logo que decorra o prazo de 30 dias. É a antecipação do parto ou parto prematuro, que ocorre
quando o feto nasce antes do período normal estipulado
II - perigo de vida; pela medicina, em decorrência da lesão corporal produzi-
da na gestante. A criança nasce viva e continua a viver.
É a possibilidade grave, concreta e imediata de a vítima Exige-se o conhecimento, pelo sujeito, da gravidez da
morrer em consequência das lesões sofridas. Trata-se de vítima.
perigo concreto comprovado por perícia médica. A
doutrina alerta que a região da lesão não justifica, por si Pena - reclusão, de um a cinco anos.
só, a presunção do perigo.
3) LESÃO CORPORAL GRAVÍSSSIMA
Esta qualificadora só admite o preterdolo. Se o ofensor
considerou, por um momento apenas, a possibilidade de § 2° Se resulta:
matar a vítima teremos configurado o homicídio tentado. I - Incapacidade permanente para o trabalho;
A expressão “incapacidade permanente” compreende 4) LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE
toda e qualquer incapacidade longa e duradoura, isto é,
que não permita fixar seu limite temporal. A expressão § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenci-
“para o trabalho” relaciona-se com a atividade remunera- am que o agente não quís o resultado, nem assumiu
da exercida pela vítima , que resta prejudicada em seu o risco de produzi-lo:
aspecto financeiro em razão da conduta criminosa. Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

II - enfermidade incurável; Crime exclusivamente preterdoloso. É também chamado


de homicídio preterintencional ou homicídio preterdoloso.
É a alteração prejudicial da saúde por processo patológi- Exige-se a comprovação de casualidade entre a lesão
co, físico ou psíquico, que não pode ser eficazmente corporal e a morte. Com efeito, se esta originar-se de mo-
combatida com os recursos da medicina à época do cri- tivo diverso da agressão, não poderá ser imputada ao
me, pressupondo um processo patológico que afeta a agente. Não admite tentativa.
saúde em geral.
Imagine-se a hipótese em que A se encontre com seu
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou desafeto B numa praia. Assim que o vê, agindo com dolo
função; de lesão, desfere-lhe uma “rasteira”, fazendo com que ele
caia e bata com a cabeça na areia. Para infelicidade da
Perda: ablação, destruição ou privação de membro, senti- vítima, no local onde caiu, havia ocultam por debaixo da
do ou função. Pode concretizar-se por mutilação ou por areia, uma pedra de grandes proporções, sendo que a
amputação. vítima nela bate a cabeça e sofre traumatismo craniano,
vindo a morrer. Pergunta-se: era previsível que por debai-
Inutilização: falta de aptidão do órgão para desempenhar xo daquela areia estivesse oculta uma pedra na qual a
sua função específica. O membro ou o órgão continua vitima, caindo, nela pudesse bater a cabeça? A resposta
ligado ao corpo da vítima, mas incapacitado para desem- só pode ser negativa, razão pela qual crime a ser imputa-
penhar as atividades que lhe são inerentes. do ao agente seria o de lesão corporal (leve, grave ou gra-
víssima), dependendo do resultado que nela fora produzi-
IV - deformidade permanente; do antes da sua morte, afastando-se, contudo, o §3º do
art. 129 do CP, em face da ausência de previsibilidade.
Deformar é alterar a forma de algo. Consiste no dano du-
radouro de alguma parte do corpo da vítima , que não A título de raciocínio, se mudássemos o local da agres-
pode ser retificado por si próprio ao longo do tempo. são, por exemplo, para o interior de um restaurante, modi-
ficaríamos, também, a conclusão do nosso problema?
A realização de cirurgia estética que repare os efeitos Sim, visto que seria previsível que a vítima, caindo, pudes-
da lesão não afasta a qualificadora da deformidade se bater com a cabeça no chão, vindo a sofrer, devido ao
permanente, pois o fato criminoso é valorado no mo- impacto, traumatismo craniano, razão pela qual o delito a
mento de sua consumação, não o afetando providên- ser imputado ao agente seria o de lesão corporal seguida
cias posteriores, notadamente quando não usuais ( pelo de morte.
risco ou pelo custo, como cirurgia plástica ou de trata-
mento prolongados, dolorosos ou geradores do risco de 5) DIMINUIÇÃO DE PENA
vida) e promovidas a critério exclusivo da vítima.
HC 306.677/ RJ, rel. Min. Ericson Maranhão (Desembar- § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo
gador convocado do TJ-SP), Rel para acórdão Min. Nefi de relevante valor social ou moral ou sob o domínio
Cordeiro, dje 28/05/2015 de violenta emoção, logo em seguida a injusta pro-
vocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um
V - aborto: sexto a um terço.

Prevalece o entendimento de que a interrupção da gravi- É a aplicação do privilégio à lesão corporal dolosa em
dez, com a consequente morte do feto, deve ter sido pro- qualquer de suas modalidades: leve, grave ou gravíssima.
vocada culposamente, uma vez que se trata de crime Não é cabível na lesão corporal culposa.
preterdoloso. É indispensável que o agente tenha conhe-
cimento da gravidez da vítima (ou que sua ignorância
6) SUBSTITUIÇÃO DA PENA
tenha sido inescusável), jamais querendo ou aceitando o
resultado mais grave, caso em que haveria o abortamento
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda
criminoso do Art. 125,CP.
substituir a pena de detenção pela de multa, de du-
zentos mil réis a dois contos de réis:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo an- 9) VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
terior;
o
§ 9 Se a lesão for praticada contra ascendente,
No caso de lesão corporal leve, e uma vez comprovado o descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou
privilégio, o magistrado pode optar entre dois caminhos a com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
seguir: reduzir a pena de 1/6 a 1/3 (§4º) ou substitui-la prevalecendo-se o agente das relações domésticas,
por multa. de coabitação ou de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
o o
II - se as lesões são recíprocas. § 10. Nos casos previstos nos §§ 1 a 3 deste arti-
go, se as circunstâncias são as indicadas no §
o
Lesões recíprocas são as que ocorrem quando duas pes- 9 deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um ter-
soas injustamente se agridem. O agressor ataca a vítima, ço).
o
e é simultaneamente por ela agredido. Essa situação não § 11. Na hipótese do § 9 deste artigo, a pena será
se confunde com legítima defesa, pois se a vítima ferir o aumentada de um terço se o crime for cometido con-
ofensor apenas para se defender, não cometerá crime tra pessoa portadora de deficiência.
nenhum.
Aplica-se à hipótese de lesão corporal leve. Se a lesão for
Nenhuma das hipóteses acima se aplica aos casos de grave, gravíssima ou seguida de morte, incidirá o texto do
violência doméstica ou familiar contra a mulher. §10º.

7) AUMENTO DE PENA Súmula 600, STJ: Para a configuração da violência do-


méstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei n.
o
§ 7 Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabi-
o o
qualquer das hipóteses dos §§ 4 e 6 do art. 121 tação entre autor e vítima. (Súmula 600, TERCEIRA SE-
deste Código ÇÃO, julgado em 22/11/2017, DJe 27/11/2017)

Art. 121. Matar alguém: A prática de crime ou contravenção penal contra a mu-
lher com violência ou grave ameaça no ambiente do-
o
§ 4 No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 méstico impossibilita a substituição da pena privativa
(um terço), se o crime resulta de inobservância de regra de liberdade por restritiva de direitos. (Súmula 588,
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/09/2017, DJe
de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir 18/09/2017)
as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão
em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumen- Deficiência: toda perda ou anormalidade de uma estrutura
tada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pes- ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere
soa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) incapacidade para o desempenho de atividade dentro do
anos. padrão considerado normal para o ser humano. Podem
ser: física, auditiva, visual e mental.
o
§ 6 A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade
se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto 10) LESÃO CORPORAL CONTRA INTEGRANTES DOS
de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA
extermínio.
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou
8) PERDÃO JUDICIAL agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º Nacional de Segurança Pública, no exercício da fun-
do art. 121 ção ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro
Art. 121. Matar alguém: grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada
de um a dois terços.
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá
deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração Aplica-se somente à lesão corporal dolosa em todas as
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a modalidades.
sanção penal se torne desnecessária.
CAPÍTULO III 2) PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem
moléstia grave de que está contaminado, ato capaz
1) PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO de produzir o contágio:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexu-  Objetividade jurídica
ais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia
venérea, de que sabe ou deve saber que está conta- Bem jurídico protegido: a incolumidade física da pessoa
minado: em sentido amplo, compreendendo sua vida e sua saúde.
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:  Núcleo do tipo
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º - Somente se procede mediante representação. Praticar: admite qualquer meio de execução dotado de
capacidade para transmitir a moléstia grave, que pode ser
 Objetividade jurídica direto, relativo ao contato físico ou indireto, referente ao
uso de objetos em geral.
Bem jurídico protegido: a incolumidade física da pessoa
em sentido amplo, compreendendo sua vida e sua saúde.  Sujeitos

 Núcleo do tipo Ativo: CRIME PRÓPRIO


Passivo: CRIME COMUM.
Expor: colocar alguém ao alcance de determinada situa-
ção de perigo (contaminação) mediante a prática de rela-  Elemento subjetivo
ções sexuais ou qualquer outro ato libidinoso capaz de
contagiá-lo com a moléstia venérea. É incompatível com a Dolo (direto).
omissão. Não se admite a modalidade culposa.

 Sujeitos  Consumação e Tentativa

Ativo: CRIME PRÓPRIO e CRIME DE MÃO PRÓPRIA, pois Consuma-se no momento da prática do ato capaz de pro-
sua autoria não pode ser delegada a qualquer pessoa. É duzir o contágio, independentemente da efetiva transmis-
incompatível com a coautoria embora admita a participa- são.
ção.
Admite-se a tentativa quando plurissubsistente.
Passivo: CRIME COMUM.
 Ação penal
 Elemento subjetivo
Pública Incondicionada.
Dolo (direto ou eventual).
3) PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM
 Consumação e Tentativa
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo
Consuma-se com a prática da relação sexual ou do ato
direto e iminente:
libidinoso, independentemente da contaminação da víti-
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato
ma.
não constitui crime mais grave.
Admite-se a tentativa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a
um terço se a exposição da vida ou da saúde de ou-
 Ação penal
trem a perigo decorre do transporte de pessoas para
Pública Condicionada à representação do ofendido. a prestação de serviços em estabelecimentos de
qualquer natureza, em desacordo com as normas le-
gais.
 Objetividade jurídica  Objetividade jurídica

Bem jurídico protegido: a incolumidade física da pessoa Bem jurídico protegido: a vida, a saúde e a segurança da
em sentido amplo, compreendendo sua vida e sua saúde. pessoa humana.

 Núcleo do tipo  Núcleo do tipo

Expor: colocar alguém ao alcance de determinada situa- Abandonar: ideia de desamparar, descuidar. O abandono é
ção de perigo (contaminação). Admite qualquer meio de físico no sentido de deixar o incapaz sozinho, sem a devi-
execução, mas também é admissível a modalidade omis- da assistência. Pode ser praticado por ação ou omissão.
siva. O abandono deve ser real: depende de separação física,
distanciamento entre o responsável e o incapaz.
 Sujeitos
 Sujeitos
Ativo: CRIME COMUM.
Passivo: CRIME COMUM. Ativo: CRIME PRÓPRIO.
Passivo: aquela pessoa que se encontra sob os cuidados,
 Elemento subjetivo guarda, vigilância ou autoridade do sujeito ativo.

Dolo (direto ou eventual).  Elemento subjetivo


Não se admite a modalidade culposa.
Dolo (direto ou eventual).
 Consumação e Tentativa Não se admite a modalidade culposa.

Consuma-se no instante em que ocorre a produção do  Consumação e Tentativa


perigo concreto para a vítima.
Consuma-se no momento do abandono, desde que resulte
perigo concreto. Crime instantâneo de efeitos permanen-
Admite-se a tentativa somente na modalidade comissiva.
tes, pois se consuma em um momento determinado, mas
seus efeitos se arrastam no tempo, persistindo enquanto
 Ação penal
o incapaz não for devidamente assistido.
Pública Incondicionada.
Admite-se a tentativa somente na modalidade comissiva.
4) ABANDONO DE INCAPAZ
 Ação penal
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cui- Pública Incondicionada.
dado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qual-
quer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resul-
5) EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO
tantes do abandono:
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de
ocultar desonra própria:
natureza grave:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
§ 2º - Se resulta a morte:
grave:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Pena - detenção, de um a três anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Aumento de pena
Pena - detenção, de dois a seis anos.
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-
se de um terço:
 Objetividade jurídica
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
II - se o agente é ascendente ou descendente,
Bem jurídico protegido: a vida e a saúde da pessoa huma-
cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.
na.
III - se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos
 Núcleo do tipo

Expor: transferir a vítima para lugar diverso daquele em


que lhe é prestada a assistência.
Abandonar: desamparar a vítima no tocante aos cuidados  Núcleo do tipo
necessários
Deixar de prestar assistência: não socorrer quem se en-
O recém-nascido é submetido a uma situação de perigo contra em perigo.
tanto quando é levado para local diverso daquele em que
habitualmente recebe a atenção devida como quando é Não pedir: deixar de solicitar auxílio da autoridade pública
descuidado no lugar em que normalmente recebe a assis- para socorrer quem está em perigo.
tência necessária.
Crime omissivo próprio ou puro.
Pode ser praticado por ação ou omissão e reclama uma
situação de perigo concreto.  Sujeitos

Ativo: CRIME COMUM.


 Sujeitos
Passivo: rol taxativo: criança abandonada, criança extra-
Ativo: CRIME PRÓPRIO. viada, pessoa inválida e ao desamparo, pessoa ferida e ao
Passivo: o recém-nascido, que para a medicina é definido desamparo e pessoa em grave e iminente perigo.
como a pessoa que nasce com vida, até a queda do cor-
dão umbilical.  Elemento subjetivo

 Elemento subjetivo Dolo (direto ou eventual).


Não se admite a modalidade culposa.
Dolo (direto).
Não se admite a modalidade culposa.  Consumação e Tentativa

Consuma-se no momento da omissão, daí advindo o peri-


 Consumação e Tentativa
go presumido ou concreto, conforme o caso.
Consuma-se no momento em que a vítima é submetida ao
perigo concreto. Crime instantâneo de efeitos permanen- Não admite-se a tentativa.
tes, pois depois de abandonado, o recém-nascido conti-
nua correndo perigo, situação que somente cessa quando  Ação penal
socorrido por alguém.
Pública Incondicionada.
Admite-se a tentativa somente na modalidade comissiva.
7) CONDICIONAMENTO DE ATENDIMENTO MÉDICO-
 Ação penal HOSPITALAR EMERGENCIAL

Pública Incondicionada. Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória


ou qualquer garantia, bem como o preenchimento
6) OMISSÃO DE SOCORRO prévio de formulários administrativos, como condi-
ção para o atendimento médico-hospitalar emergen-
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando pos- cial
sível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandona- Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
da ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao multa.
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se
pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: da negativa de atendimento resulta lesão corporal de
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. natureza grave, e até o triplo se resulta a morte.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se
da omissão resulta lesão corporal de natureza grave,  Objetividade jurídica
e triplicada, se resulta a morte.
Bem jurídico protegido: a vida e a saúde da pessoa huma-
 Objetividade jurídica na.

Bem jurídico protegido: a vida e a saúde da pessoa huma-  Núcleo do tipo


na. Além disso, tutela mediatamente a solidariedade hu-
Exigir: ordenar ou impor algo, de modo autoritário e capaz
mana, pois todos os indivíduos devem auxiliar-se para a
de intimidar. Não há emprego de violência à pessoa ou
regular convivência em sociedade.
grave ameaça. O agente se aproveita do quadro de penú-
ria do doente ou acidentado para condicionar o atendi- § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é
mento médico – hospitalar emergencial à entrega do praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.
cheque-caução, nota promissória ou qualquer outra ga-
rantia, ou então ao preenchimento prévio de formulários  Objetividade jurídica
administrativos, seja por ele próprio, seja pelos seus fami-
liares ou pessoas próximas. Em síntese, o sujeito ativo Bem jurídico protegido: a vida e a saúde da pessoa huma-
deixa de dispensar o atendimento especializado enquanto na.
o enfermo (ou alguém em seu nome) não atender à condi-
ção por ele imposta.  Núcleo do tipo

 Sujeitos Expor: colocar alguém em perigo.

Ativo: CRIME COMUM: qualquer funcionário ou adminis- Tipo misto alternativo. O sujeito pode praticar o delito
trador do estabelecimento de saúde que realiza atendi- expondo a vida ou a saúde da pessoa humana mediante
mento médico-hospitalar emergencial, e também o médi- uma única conduta (exemplo: privando-a dos cuidados
co que se recusa a atender um paciente sem o forneci- necessários) ou por meio de variadas condutas (exemplo:
mento de garantia ou o preenchimento prévio de formulá- privando-a de alimentação e sujeitando-a a trabalho ex-
rio administrativo. cessivo).

Passivo: pessoa acometida de problema em sua saúde, e  Sujeitos


por esta razão necessitada de atendimento médico-
hospitalar emergencial. Ativo: CRIME PRÓPRIO, pois é necessário que haja uma
vinculação especial entre o autor e a vítima dos maus
 Elemento subjetivo tratos.

Dolo (direto ou eventual). Passivo: somente aquela que se encontrar sob autorida-
Não se admite a modalidade culposa. de, guarda ou vigilância do agente, para fim de educação,
ensino, tratamento ou custódia.
 Consumação e Tentativa
 Elemento subjetivo
Consuma-se com a exigência do cheque-caução, nota
promissória ou qualquer outra garantia, bem como o pre- Dolo (direto ou eventual).
enchimento prévio de formulários administrativos, inde- Não se admite a modalidade culposa.
pendente da superveniência do resultado naturalístico.
 Consumação e Tentativa
Admite-se a tentativa em face do caráter plurissubsisten-
te. Consuma-se com a exposição da vítima ao perigo. Não se
reclama o dano efetivo.
 Ação penal
Admite-se a tentativa na modalidade comissiva
Pública Incondicionada.
 Ação penal
8) MAUS-TRATOS
Pública Incondicionada.
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa
sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de
educação, ensino, tratamento ou custódia, quer pri- CAPÍTULO IV
vando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, DA RIXA
quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequa-
do, quer abusando de meios de correção ou discipli- 1) RIXA
na:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza contendores:
grave: Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou
Pena - reclusão, de um a quatro anos. multa.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal ra arrolados pelo Código Penal têm natureza subsidiária
de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participa- ou residual, ou seja, somente serão aplicados quando não
ção na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois se verificar nenhuma das hipóteses excepcionalmente
anos. elencadas pela legislação extravagante.

 Objetividade jurídica Honra: é o conjunto de qualidades físicas, morais e inte-


lectuais de um ser humano, que o fazem merecedor de
Bem jurídico protegido: a vida e a saúde das pessoas respeito no meio social e promove sua autoestima. É um
envolvidas na rixa. sentimento natural, inerente a todo homem e cuja ofensa
produz uma dor psíquica, um abalo moral, acompanhados
 Núcleo do tipo de atos de repulsão ao ofensor. Representa o valor social
do indivíduo, pois está ligada à sua aceitação ou aversão
Participar: tomar parte nas agressões. Os três ou mais dentro de um dos círculos sociais em que vive, integrando
rixosos devem combater ente si. Participa da rixa quem seu patrimônio. Um patrimônio moral que merece prote-
nela pratica, agressivamente, atos de violência material. ção. Cuida-se de direito fundamental do homem
Pode ser comissivo ou por omissão.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
 Sujeitos qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
Cada participante é ao mesmo tempo sujeito ativo e pas-
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
sivo da rixa. Sujeito passivo não da própria ação, mas da
propriedade, nos termos seguintes:
ação dos outros, ou ainda da situação de perigo que com
a formação da rixa se criou. Crime plurissubjetivo ou de
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e
concurso necessário. Basta um imputável. É, ainda, crime
a imagem das pessoas, assegurado o direito a indeniza-
de condutas contrapostas, pois os rixosos atuam uns
ção pelo dano material ou moral decorrente de sua vio-
contra os outros.
lação;
 Elemento subjetivo
Espécies de honra:
Dolo (direto). Animus rixandi (vontade de participar da rixa)
- Objetiva: é a visão que a sociedade tem acerca das qua-
Não se admite a modalidade culposa.
lidades físicas, morais e intelectuais de determinada pes-
soa. É a reputação de cada indivíduo no seio social em
 Consumação e Tentativa
que está imerso. Trata-se, em suma, do julgamento que as
Consuma-se com a prática de vias de fato ou violências pessoas fazem de alguém. Crimes de calúnia e difama-
recíprocas. É nesse momento que se produz o perigo abs- ção: reclamam a atribuição da prática de um fato a ou-
trato de dano à vida ou à saúde da pessoa humana. trem, descrito em lei como crime (calúnia) ou simples-
mente de um fato ofensivo à reputação (difamação).
Admite-se a tentativa quando três ou mais pessoas acer-
tam uma rixa, mas não conseguem consumá-la por cir- - Subjetiva: é o sentimento que cada pessoa possui acer-
cunstâncias alheias às suas vontades, tal como em razão ca das suas próprias qualidades físicas, morais e intelec-
da intervenção policial. tuais. É o juízo que cada um faz de si mesmo (autoesti-
ma). Subdivide-se em honra-dignidade e honra-decoro.
 Ação penal Injúria: não há atribuição de fato, mas imputação de qua-
lidade negativa à vítima, no tocante aos seus aspectos
Pública Incondicionada. físicos, intelectuais e morais.

O tipo de calúnia exige a imputação de fato específico,


CAPÍTULO V que seja criminoso, e a intenção de ofender a honra da
DOS CRIMES CONTRA A HONRA vítima, não sendo suficiente o animus defendendi. O tipo
de difamação exige a imputação de fato específico. A
atribuição da qualidade de irresponsável e covarde é
Os crimes deste capítulo, além de estarem previstos no
suficiente para adequação típica ao delito de injúria.
Código Penal, encontram-se também tipificados por leis
STF, Inq 1.937/DF, rel. Min. Joaquim Barbosa, Tribunal
especiais, tais como o Código Penal Militar (Decreto – Lei
Pleno , j. 24.09.2003
1.001/1969), a Lei de Segurança Nacional (Lei nº
7.170/1983) e o Código Eleitoral ( Lei 4.737/1965). É pos-
sível, por esse motivo, concluir que os crimes contra hon-
1) CALÚNIA  Sujeitos

 Objetividade jurídica ATIVO: CRIME COMUM. Existem alguns sujeitos dotados


de imunidade: deputados federais e senadores, deputados
Bem jurídico protegido: a honra objetiva, isto é, a reputa- estaduais e vereadores.
ção da pessoa na sociedade.
PASSIVO: CRIME COMUM.
 Núcleo do tipo
 Elemento subjetivo
Caluniar: atribuir a alguém a prática de um determinado
fato que deve ser previsto em lei como criminoso. Esse Dolo (direto). Art 38, §1º - subtipo da calúnia: admite o
crime pode ser em qualquer de sua espécie: doloso ou dolo eventual.
culposo, punido com reclusão ou com detenção, de ação
penal pública (condicionada ou incondicionada) ou priva- Não se admite a modalidade culposa.
da. Além disso, é imprescindível a imputação da prática
de um fato determinado, isto é, de uma situação concreta,  Consumação e Tentativa
contendo autor, objeto e suas circunstâncias. O fato deve
ser também verossímil, pois em caso contrário não há Consuma-se quando a imputação falsa de crime chega ao
calúnia. É fundamental que a ofensa se dirija contra pes- conhecimento de terceira pessoa, sendo irrelevante se a
soa certa e determinada. vítima tomou ou não ciência do fato. Não é necessário
que um numero indeterminado ou elevado de pessoas
Vale ressaltar que o Direito Penal não admite analogia in tome conhecimento do fato, sendo suficiente que uma
malam partem, logo, não se aplica as imputações falsas de única pessoa saiba da atribuição falsa.
contravenções penais. De igual modo, se uma lei posterior
retirar o caráter criminoso do fato imputado ao agente Admite-se a tentativa apenas na forma escrita.
(abolitio criminis), desaparecerá a calúnia.
 Calúnia x denunciação caluniosa.
Elemento normativo do tipo: “falsamente” – pode recair
sobre o fato ou sobre o envolvimento no fato. CALÚNIA DENUNCIAÇAO
CALUNIOSA
 Formas de calúnia. ART. 138, CP ART. 339, CP

- inequívoca ou explícita: a ofensa é direta, manifesta. Trata-se de crime contra a Trata-se de crime contra a
Não deixa dúvida nenhuma acerca da vontade do su- honra adm da Justiça
jeito de atacar a honra alheia. Exemplo: “A” ingressou
ontem na casa de “B”, no período noturno, e, ameaçan- Em regra, é de ação penal Crime de ação penal pública
do-a de morte, estuprou-a. privada incondicionada

- equívoca ou implícita: a ofensa é velada, discreta. O Reclama a imputação falsa de Reclama a imputação falsa de
sujeito, sub-repticiamente, passa o recado no sentido um crime um crime ou de uma contra-
de que a vítima teria praticado um delito. Exemplo: em venção penal (Art 339, §2º)
uma conversa em que falavam sobre a fortuna de “A”,
A imputação falsa de um A conduta não se esgota a
que fora Prefeito, “B” diz que também seria rico se ti-
crime esgosta-se em si mes- ofensa da honra da vítima. O
vesse se apropriado durante anos de verbas públicas.
ma, ou seja, o agente se con- agente ofende a honra da
tenta em macular, em violar a vítima com o fito de movi-
- reflexa: o sujeito, desejando caluniar uma pessoa,
honra objetiva da vítima. mentar a máquina estatal,
acaba na descrição do fato atribuindo falsamente a
gerando instauração de pro-
prática de um crime também a pessoa diversa. Exem-
cesso investigativo.
plo: “A”, policial militar, recebeu de “B” elevada quantia
em dinheiro para não prendê-lo em flagrante. Atribuiu
ao funcionário público o crime de corrupção passiva
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamen-
(Art 317, CP) e o delito de corrução ativa (Art. 333, CP),
te fato definido como crime:
ao particular.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a
imputação, a propala ou divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
A imputação que caracteriza crime de calúnia contra ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao
os morto, obviamente, deve referir-se ao fato corres- exercício de suas funções), desde que dirigida a ofender a
pondente ao período em que o ofendido estava vivo. honra alheia.
Não há regra semelhante no tocante aos demais cri-
mes contra a honra.  Sujeitos

Exceção da verdade ATIVO: CRIME COMUM. Existem alguns sujeitos dotados


§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: de imunidade: deputados federais e senadores, deputados
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação estaduais e vereadores. Além do advogado não consti-
privada, o ofendido não foi condenado por sentença tuindo difamação ou injúria no exercício de sua atividade,
irrecorrível; em juízo ou fora dele, sem prejuízos das sanções discipli-
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indi- nares perante a OAB, pelos excessos que cometer.
cadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o PASSIVO: CRIME COMUM.
ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
 Elemento subjetivo
Só há calúnia quando a imputação é falsa, se esta for
verdadeira é fato atípico. A falsidade da imputação é pre- Dolo (direto).
sumida. Essa presunção, contudo, é relativa (iuris tantum), Não se admite a modalidade culposa.
pois admite prova em sentido contrário. Aquele a quem se
atribui a responsabilidade pela calúnia pode provar a ve-  Consumação e Tentativa
racidade do fato criminoso por ele imputado a outrem. A
exceção da verdade é o instrumento adequado para viabi- Consuma-se quando atinge a honra objetiva, logo, quando
lizar essa prova, e se fundamenta no interesse público em terceira pessoa toma conhecimento da ofensa dirigida à
apurar a efetiva responsabilidade pelo crime para posteri- vítima.
ormente punir seu autor, coautor ou partícipe.
Admite-se a tentativa apenas na forma escrita.
É um incidente processual e prejudicial, pois impede a
análise do mérito do crime de calúnia, devendo ser solu- Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofen-
cionado antes da ação penal. É medida facultativa de sivo à sua reputação:
defesa indireta, pois o acusado pelo delito contra a honra Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
não é obrigado a se valer da exceção da verdade e, pode
defender-se diretamente (exemplo: negativa de autoria) Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se
Na hipótese de autoridade pública com foro especial, a admite se o ofendido é funcionário público e a ofen-
exceção da verdade será decidida pelo Tribunal compe- sa é relativa ao exercício de suas funções.
tente.
Enquanto no crime de calúnia, a regra é o cabimento da
A regra é o cabimento da exceção da verdade, mas exis- exceção da verdade, exceto em 03 hipóteses, na difama-
tem três hipóteses em que ela não é aceita. (incisos I – III ção a regra é o não cabimento da exceção da verdade,
do §3º do Art. 138, CP) somente admitindo-a em hipótese excepcional.

Não basta que a vítima seja funcionário público, é neces-


2) DIFAMAÇÃO
sário que a imputação diga respeito ao exercício de suas
funções. O fundamento dessa permissão legal reside no
 Objetividade jurídica
direito de fiscalização ou crítica dos cidadãos acerca do
Bem jurídico protegido: honra objetiva regular exercício de suas funções desempenhadas por
agentes públicos. Se o ofensor demonstrar a veracidade
 Núcleo do tipo da imputação, será absolvido. A verdade, nesse caos,
funciona como causa específica da exclusão da ilicitude,
Difamar: imputar a alguém um fato ofensivo à sua reputa- uma vez que a falsidade não integra o tipo penal.
ção. Consiste, pois, em desacreditar publicamente uma
pessoa, maculando os atributos que a tornam merecedora 3) INJÚRIA
de respeito no convívio social. Ao contrário do que acon-
tece na calúnia, não existe o elemento normativo do tipo  Objetividade jurídica
“falsamente”. Portanto, subsiste o crime de difamação
ainda que seja verdadeira a imputação (salvo quando o Bem jurídico protegido: honra subjetiva
 Núcleo do tipo Forma reprovável: leva-se em conta as condições dos
envolvidos e as demais circunstâncias correlatas ao
Injuriar: ofender, insultar ou falar mal, de modo a abalar o crime.
conceito que a vítima tem de si própria. Basta a atribuição
de qualidade negativa, prescindindo-se da imputação de II - no caso de retorsão imediata, que consista em
fato determinado. Esse crime, normalmente é comissivo, outra injúria.
mas admite-se também a modalidade omissiva, como por
exemplo, se uma pessoa chega a uma casa, onde várias Retorsão imediata: é o revide, em que tão logo ofendida, a
outras se acham reunidas e cumprimenta-as, recusando, vítima também ataca a honra do seu agressor. Deve ser
entretanto, a mão a uma que lhe estende a destra, injuria- imediata.
a.
3.2) INJÚRIA REAL
Nada impede a injúria indireta (ou reflexa) nas situações
em que a injúria, além de atacar a honra da provocada, § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fa-
alcança reflexamente pessoa diversa. Como, por exemplo, to, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se
chamar um homem de corno importa em injuriar também considerem aviltantes:
sua esposa. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa,
além da pena correspondente à violência.
 Sujeitos
Trata-se da injúria em que o sujeito escolhe como meio
ATIVO: CRIME COMUM. Existem alguns sujeitos dotados para ofender a honra da vítima, não uma palavra, um xin-
de imunidade: deputados federais e senadores, deputados gamento, e sim uma agressão física capaz de envergo-
estaduais e vereadores. Além do advogado não consti- nhá-la. Com efeito, o meio de execução é a violência ou
tuindo difamação ou injúria no exercício de sua atividade, então as vias de fato. Mas não é qualquer agressão física
em juízo ou fora dele, sem prejuízos das sanções discipli- que caracteriza a injúria real. A agressão deve ser aviltan-
nares perante a OAB, pelos excessos que cometer. te, ou seja, humilhante. Elemento normativo do tipo que
pode ser concretizado pela natureza do ato ou pelo meio
PASSIVO: CRIME COMUM. empregado.

 Elemento subjetivo 3.3) INJÚRIA RACIAL (QUALIFICADA)

Dolo (direto). o
§ 3 Se a injúria consiste na utilização de elementos
Não se admite a modalidade culposa. referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiên-
 Consumação e Tentativa cia
Pena - reclusão de um a três anos e multa.
Consuma-se quando atinge a honra subjetiva, logo, quan-
do a ofensa à dignidade ou ao decoro chega ao conheci-
Informativo 710 STF:
mento da vítima. É irrelevante tenha sido a injúria proferia
na presença da vítima (injúria imediata) ou que tenha
Em conclusão de julgamento, a 1ª Turma denegou ha-
chegado ao seu conhecimento por intermédio de terceira
beas corpus em que se alegava a desproporcionalidade
pessoa (injúria mediata).
da pena prevista em abstrato quanto ao tipo qualificado
de injúria. (...) .
Admite-se a tentativa apenas na forma escrita.

Destacou-se que o tipo qualificado de injúria teria como


Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade
escopo a proteção do princípio da dignidade da pessoa
ou o decoro:
humana como postulado essencial da ordem constitu-
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
cional, ao qual estaria vinculado o Estado no dever de
respeito à proteção do indivíduo. Observou-se que o
O crime de injúria é incompatível com a exceção da ver-
legislador teria atentado para a necessidade de se as-
dade.
segurar prevalência desses princípios.
3.1) PERDÃO JUDICIAL

§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:


I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
diretamente a injúria;
INJÚRIA RACIAL RACISMO II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística
DISPOSITIVO ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de
Art. 140, §3, CP Lei 7.716/89 injuriar ou difamar;
LEGAL
Injuriar, ofender, Restringir direitos, III - o conceito desfavorável emitido por funcionário
CONDUTAS público, em apreciação ou informação que preste no
insultar segregar
Pessoa certa e cumprimento de dever do ofício.
Pessoa certa e Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde
SUJEITO PASSIVO determinada e a
determinada pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publici-
coletividade
BEM JURÍDICO Dignidade da dade.
Honra subjetiva
TUTELADO pessoa humana
Não se aplica ao crime de calúnia por falta de previsão
STF / STJ: impres-
legal e porque há o interesse do Estado e da sociedade e
critível Imprescritível
PRESCRIÇÃO apurar a prática de crimes, identificando e punindo seus
CP,CPP E DOUTRI- (CF/88)
responsáveis.
NA: prescritível
FIANÇA Sim Não
4.3) RETRATAÇÃO

4) APONTAMENTOS COMUNS AOS CRIMES CON- Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se re-
TRA A HONRA trata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica
isento de pena.
Os crimes contra honra apresentam diversas característi- Parágrafo único. Nos casos em que o querelado te-
cas é comum. São as que dizem respeito: nha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se
de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se
- à intensidade do mal visado pela conduta; assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em
- à relação entre a conduta e resultado naturalístico; que se praticou a ofensa.
- aos sujeitos do delito;
- aos meios de execução; Retratar-se: retirar o que foi dito. Não se confunde com a
- ao elemento subjetivo; confissão do crime.
- à aplicabilidade de institutos previstos na Lei 9.099/95;
e A retratação deve ser total e incondicional. É ato unilate-
- à classificação doutrinária. ral, razão pela qual prescinde de aceitação do ofendido.

4.1)FORMA MAJORADA
Há de ser anterior à sentença de primeira instância.

Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo au-


Não se aplica ao crime de injúria porque a lei não admite e
mentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é
porque não há imputação de fato, mas de qualidade nega-
cometido:
tiva.
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe
de governo estrangeiro;
Não extingue a punibilidade os crimes de calúnia e de
II - contra funcionário público, em razão de suas
difamação de ação penal pública (exemplo: contra funci-
funções;
onário público)
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que
facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da
Cuida-se de causa extintiva de punibilidade de natureza
injúria.
subjetiva, logo, não se comunica aos demais querelados
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou
que não se retrataram.
portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.
§ 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou pro-
4.4) PEDIDO DE EXPLICAÇÕES
messa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se in-
4.2) EXCLUSÃO DO CRIME
fere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação puní- ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele
vel: que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, satisfatórias, responde pela ofensa.
pela parte ou por seu procurador;
Inferência: processo lógico de raciocínio baseado em uma CAPÍTULO VI
dedução. Parte-se de um argumento para chega a uma DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE
conclusão.
INDIVIDUAL
É medida facultativa, pois a ofensa não precisa vale de
valer para o oferecimento da ação penal. SEÇÃO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
Somente pode ser utilizado antes do ajuizamento da ação
penal. Constrangimento ilegal
Não há procedimento específico.
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qual-
O magistrado não julga o pedido de explicações.
quer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer
o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
O pedido de explicações não interrompe nem suspende
prescrição nem a decadência. Contudo, torna prevento o Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
juízo para futura ação penal.
Aumento de pena
4.5) AÇÃO PENAL § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em
dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo so- de três pessoas, ou há emprego de armas.
mente se procede mediante queixa, salvo quando, no
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as cor-
caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão cor-
poral. respondentes à violência.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do § 3º - Não se compreendem na disposição deste arti-
Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do go:
art. 141 deste Código, e mediante representação do
ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consen-
o
como no caso do § 3 do art. 140 deste Código. timento do paciente ou de seu representante legal, se
justificada por iminente perigo de vida;
A regra geral está na primeira parte do caput: a ação pe- II - a coação exercida para impedir suicídio.
nal é privada. Mas há três exceções:
Ameaça
- ação penal pública incondicionada: injúria real, se da Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou
violência resulta lesão corporal. gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe
mal injusto e grave:
- ação penal pública condicionada à requisição do Mi-
nistro da Justiça: crime contra o Presidente da Repú- Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
blica, ou contra chefe de governo estrangeiro. Parágrafo único - Somente se procede mediante re-
- ação penal pública condicionada à representação do presentação.
ofendido: Art. 145, § único e injúria racial, Art. 140 §3º.
Seqüestro e cárcere privado
Súmula 714 STF
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante
É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante
seqüestro ou cárcere privado: (Vide Lei nº 10.446, de
queixa, e do ministério público, condicionada à repre-
2002)
sentação do ofendido, para a ação penal por crime con-
tra a honra de servidor público em razão do exercício de Pena - reclusão, de um a três anos.
suas funções.
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:

I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou


companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta)
anos; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)

II - se o crime é praticado mediante internação da


vítima em casa de saúde ou hospital;

III - se a privação da liberdade dura mais de quinze


dias.
IV - se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoi- III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;(Incluído
to) anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005) pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)

V - se o crime é praticado com fins libidinosos. (Inclu- IV - adoção ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de
ído pela Lei nº 11.106, de 2005) 2016) (Vigência)

§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou V - exploração sexual. (Incluído pela Lei nº 13.344, de
da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou mo- 2016) (Vigência)
ral:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e mul-
Pena - reclusão, de dois a oito anos. ta. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
o
Redução a condição análoga à de escravo § 1 A pena é aumentada de um terço até a metade
se:(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de
escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a I - o crime for cometido por funcionário público no
jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degra- exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las;
dantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
sua locomoção em razão de dívida contraída com o em-
II - o crime for cometido contra criança, adolescente
pregador ou preposto: (Redação dada pela Lei nº 10.803,
ou pessoa idosa ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº
de 11.12.2003)
13.344, de 2016) (Vigência)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da
III - o agente se prevalecer de relações de parentes-
pena correspondente à violência. (Redação dada pela Lei
co, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de de-
nº 10.803, de 11.12.2003)
pendência econômica, de autoridade ou de superioridade
o
§ 1 Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou
Lei nº 10.803, de 11.12.2003) função; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigên-
cia)
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por
parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de tra- IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do
balho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) território nacional. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
(Vigência)
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho
o
ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do § 2 A pena é reduzida de um a dois terços se o
trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. agente for primário e não integrar organização crimino-
(Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) sa. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
o
§ 2 A pena é aumentada de metade, se o crime é
cometido: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
SEÇÃO II
I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO
nº 10.803, de 11.12.2003)
Violação de domicílio
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia,
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astu-
religião ou origem. (Incluído pela Lei nº 10.803, de
ciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de
11.12.2003)
quem de direito, em casa alheia ou em suas dependên-
Tráfico de Pessoas (Incluído pela Lei nº 13.344, de cias:
2016) (Vigência)
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar,
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em
transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante
lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou
grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a
por duas ou mais pessoas:
finalidade de: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vi-
gência) Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
pena correspondente à violência.
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do cor-
po; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) § 2º - (Revogado pela Lei nº 13.869, de 2019) (Vigên-
cia)
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à
de escravo; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigên- § 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência
cia) em casa alheia ou em suas dependências:
I - durante o dia, com observância das formalidades Correspondência comercial
legais, para efetuar prisão ou outra diligência;
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum de estabelecimento comercial ou industrial para, no todo
crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser. ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir corres-
pondência, ou revelar a estranho seu conteúdo:
§ 4º - A expressão "casa" compreende:
Pena - detenção, de três meses a dois anos.
I - qualquer compartimento habitado;
Parágrafo único - Somente se procede mediante re-
II - aposento ocupado de habitação coletiva; presentação.
III - compartimento não aberto ao público, onde SEÇÃO IV
alguém exerce profissão ou atividade. DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa": SEGREDOS
Divulgação de segredo
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação
coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo
parágrafo anterior; de documento particular ou de correspondência confi-
dencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulga-
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
ção possa produzir dano a outrem:
SEÇÃO III
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, de
DOS CRIMES CONTRA A
trezentos mil réis a dois contos de réis. (Vide Lei nº
INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA
7.209, de 1984)
Violação de correspondência § 1º Somente se procede mediante representa-
Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de ção. (Parágrafo único renumerado pela Lei nº 9.983, de
correspondência fechada, dirigida a outrem: 2000)
o
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 1 -A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilo-
sas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou
Sonegação ou destruição de correspondência não nos sistemas de informações ou banco de dados da
§ 1º - Na mesma pena incorre: Administração Pública: (Incluído pela Lei nº 9.983, de
2000)
I - quem se apossa indevidamente de correspondên-
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mul-
cia alheia, embora não fechada e, no todo ou em parte, a
ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
sonega ou destrói;
o
§ 2 Quando resultar prejuízo para a Administração
Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou
Pública, a ação penal será incondicionada. (Incluído pela
telefônica
Lei nº 9.983, de 2000)
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem
Violação do segredo profissional
ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou
radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônica Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo,
entre outras pessoas; de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício
ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a
III - quem impede a comunicação ou a conversação outrem:
referidas no número anterior;
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa de
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho um conto a dez contos de réis. (Vide Lei nº 7.209, de
radioelétrico, sem observância de disposição legal. 1984)
§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano Parágrafo único - Somente se procede mediante
para outrem. representação.
§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de Invasão de dispositivo informático (Incluído pela Lei
função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou nº 12.737, de 2012) Vigência
telefônico:
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, co-
Pena - detenção, de um a três anos. nectado ou não à rede de computadores, mediante viola-
ção indevida de mecanismo de segurança e com o fim de
§ 4º - Somente se procede mediante representação,
obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem
salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º.
autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou
instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita: (In-
cluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
01. (CESPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO/2019) A cir-
multa. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
cunstância do descumprimento de medida protetiva
o
§ 1 Na mesma pena incorre quem produz, oferece, de urgência imposta ao agressor, consistente na proi-
distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de bição de aproximação da vítima, constitui causa de
computador com o intuito de permitir a prática da condu- aumento de pena no delito de feminicídio.
ta definida no caput. (Incluído pela Lei nº 12.737, de C E
2012) Vigência
o 02. (CESPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO/2019) Situação
§ 2 Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se
hipotética: João, penalmente imputável, dominado por
da invasão resulta prejuízo econômico. (Incluído pela Lei
violenta emoção após injusta provocação de José,
nº 12.737, de 2012) Vigência
ateou fogo nas vestes do provocador, que veio a fale-
o
§ 3 Se da invasão resultar a obtenção de conteú- cer em decorrência das graves queimaduras sofridas.
do de comunicações eletrônicas privadas, segredos co- Assertiva: Nessa situação, João responderá por homi-
merciais ou industriais, informações sigilosas, assim de- cídio na forma privilegiada-qualificada, sendo possível
finidas em lei, ou o controle remoto não autorizado do a concorrência de circunstâncias que, ao mesmo tem-
dispositivo invadido: (Incluído pela Lei nº 12.737, de po, atenuam e agravam a pena.
2012) Vigência C E
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa, se a conduta não constitui crime mais grave. (In- 03. (CESPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO/2019) Na situ-
cluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência ação considerada, em que Paula foi vitimada por Car-
los por motivação torpe, caso haja vínculo familiar en-
o o
§ 4 Na hipótese do § 3 , aumenta-se a pena de um tre eles, o reconhecimento das qualificadoras da moti-
a dois terços se houver divulgação, comercialização ou vação torpe e de feminicídio não caracterizará bis
transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou in idem.
informações obtidos. (Incluído pela Lei nº 12.737, de C E
2012) Vigência
o
§ 5 Aumenta-se a pena de um terço à metade se o 04. (CESPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO/2019) Em um
crime for praticado contra: (Incluído pela Lei nº 12.737, de clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humi-
2012) Vigência lhou injustamente Carlos, também maior e capaz, na
frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva,
I - Presidente da República, governadores e prefei- Carlos foi à sua residência e, sem o consentimento de
tos; (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação
II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Incluí- policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube
do pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência depois de quarenta minutos, armado com o revólver,
sob a influência de emoção extrema e na frente dos
III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Sena-
amigos, Carlos fez disparos da arma contra a cabeça
do Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câ-
de Paula, que faleceu no local antes mesmo de ser so-
mara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Muni-
corrida. Acerca dessa situação hipotética, julgue o
cipal; ou (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
próximo item. Por ter agido influenciado por emoção
IV - dirigente máximo da administração direta e in- extrema, Carlos poderá ser beneficiado pela incidência
direta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal. de causa de diminuição de pena.
(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência C E

Ação penal (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)


05. (CESPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO/2019) Francis-
Vigência
co, maior e capaz, em razão de desavenças decorren-
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, so- tes de disputa de terras, planeja matar seu desafeto
mente se procede mediante representação, salvo se o Paulo, também maior e capaz. Após analisar detida-
crime é cometido contra a administração pública direta mente a rotina de Paulo, Francisco aguarda pelo mo-
ou indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados, mento oportuno para efetivar seu plano. A partir dessa
Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas con- situação hipotética e de assuntos a ela correlatos, jul-
cessionárias de serviços públicos. (Incluído pela Lei nº gue o item seguinte. L Caso Francisco mate Paulo
12.737, de 2012) com o emprego de veneno, haverá, nessa hipótese,
a possibilidade da coexistência desse tipo de homicí-
dio com o homicídio praticado por motivo de relevante 10. (CESPE/STJ/ANALISTA JUDICIÁRIO) Lucas, descui-
valor moral, ainda que haja premeditação. dadamente, sem olhar para trás, deu marcha a ré em
C E seu veículo, em sua garagem, e atropelou culposa-
mente seu filho, que faleceu em consequência desse
06. (CESPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO/2019) De acor- ato. Assertiva: Nessa situação, o juiz poderá deixar de
do com a doutrina e a jurisprudência dominantes, aplicar a pena, se verificar que as consequências da
o chamado homicídio privilegiado-qualificado, carac- infração atingiram Lucas de forma tão grave que a
terizado pela coexistência de circunstâncias privilegi- sanção penal se torne desnecessária.
adoras, de natureza subjetiva, com qualificadoras, de
natureza objetiva, não é considerado crime hediondo. C E
C E
Lia, grávida de 8 meses, pediu ao médico que a atendera
07. (IBADE/PC-AC/AGENTE DE POLÍCIA/2017) Abigail, no hospital, onde chegara em trabalho de parto, que inter-
depois de iniciado parto caseiro, mas antes de com- rompesse a gravidez, pois ela não queria ter mais filhos.
pletá-lo, sob influência do estado puerperal, mata o O médico, então, matou o bebê durante o procedimento
próprio filho. Abigail praticou crime de: cirúrgico para realização do parto. O marido de Lia, Au-
gusto, sob a influência de violenta emoção, matou-a
A) homicídio qualificado. quando recebeu a notícias de que o bebê havia morrido.
B) consentimento para o aborto Depois de matar a esposa, Augusto, decidido a cometer
C) homicídio. suicídio, pediu a Cláudio, seu amigo, que lhe emprestasse
D) autoaborto. sua arma de fogo para que pudesse se matar. Sem cora-
E) infanticídio. gem para cometer o suicídio, Augusto pediu a ajuda de
sua mãe, Severina, que embora concordasse com o ato do
08. (IBADE/PC-AC/AUXILIAR DE NECROPSIA/2017) Te- filho, não teve coragem de apertar o gatilho. Augusto,
rêncio, em razão da condição de sexo feminino, efetua então, incentivado pela mãe, atirou contra si. O tiro, entre-
disparo de arma de fogo contra sua esposa Efigênia, tanto, ocasionou apenas ferimento leve em seu ombro.
perceptivelmente grávida, todavia atingindo, por falta Desesperado, Augusto recorreu novamente a seu amigo
de habilidade no manejo da arma, Nereu, um vizinho, Cláudio, a quem implorou auxílio. Muito a contragosto,
que morre imediatamente. Desconsiderando os tipos Cláudio matou Augusto.
penais previstos no Estatuto do Desarmamento e le-
vando em conta apenas as informações contidas no Considerando a situação hipotética acima, julgue os itens:
enunciado, é correto afirmar que Terêncio praticou
crime(s) de: 11. (CESPE/TJ-RR/AGENTE DE PROTEÇÃO) Augusto tem
direito ao reconhecimento da figura do homicídio privi-
A) homicídio culposo, feminicídio majorado, na forma legiado, pois estava sob a influência de violenta emo-
tentada, e aborto, na forma tentada. ção.
B) homicídio culposo e aborto, na forma tentada. C E
C) aborto, na forma tentada, e feminicídio majorado.
D) aborto, na forma tentada, e homicídio. 12. (CESPE/TJ-RR/AGENTE DE PROTEÇÃO) Como Augus-
E) feminicídio majorado. to sofreu apenas lesão corporal leve quando atirou
contra si, Severina não pode responder pelo crime de
09. (CESPE/STJ/ANALISTA JUDICIÁRIO/ADAPTADA) Tel- instigação ao suicídio.
ma, sabendo que sua genitora, Júlia, apresentava sé- C E
rios problemas mentais, que retiravam dela a capaci-
dade de discernimento, e com o intuito de receber a 13. (CESPE/TJ-RR/AGENTE DE PROTEÇÃO) Cláudio res-
herança decorrente de sua morte, induziu-a a cometer ponderá pelo delito de homicídio, e não pelo delito de
suicídio. Em decorrência da conduta de sua filha, Júlia instigação, induzimento ou auxílio ao suicídio.
cortou os próprios pulsos, mas, apesar das lesões C E
corporais graves sofridas, ela não faleceu. Assertiva:
Nessa situação, Telma cometeu o crime de induzimen- 14. (CESPE/TJ-RR/AGENTE DE PROTEÇÃO) Caso Lia ti-
to, instigação ou auxílio a suicídio, na forma consu- vesse tentado contra a própria vida ingerindo veneno,
mada. responderia por tentativa de aborto, visto que, objeti-
C E vando o suicídio, necessariamente causaria a morte
do feto.
C E
15. (CESPE/TJ-RR/AGENTE DE PROTEÇÃO) Lia praticou o I. o crime ocorrer por motivo egoístico, torpe ou fútil.
crime de aborto, e o médico, de infanticídio. II. a vítima for menor ou tiver diminuída, por qualquer
C E causa, a capacidade de resistência.
III. o suicídio se consumar.
16. (CESPE/TJ-RR/AGENTE DE PROTEÇÃO) Além do cri- IV. da tentativa de suicídio resultar lesão corporal de
me de homicídio contra a esposa, Augusto cometeu o natureza grave.
crime de suicídio.
C E Está correto o que se afirma APENAS em

17. (CESPE/TJ-AC/TÉCNICO JUDICIÁRIO) Patrício, penal- A) III e IV.


mente capaz, matou Joaquim por ter olhado de forma B) II e IV.
libidinosa para a sua namorada e foi processado por C) I e III.
crime de homicídio qualificado por motivo fútil. A de- D) I e II.
fesa de Patrício requereu a redução da pena sob o ar- E) II e III.
gumento de que o réu teria agido por motivo de rele-
vante valor moral. Nessa situação hipotética, a qualifi- 21. (FCC/TRT – 5ª REGIÃO/TÉCNICO JUDICIÁRIO) O autor
cadora por motivo fútil, se reconhecida, será incompa- de homicídio praticado com a intenção de livrar um
tível com a tese da defesa de homicídio privilegiado. doente, que padece de moléstia incurável, dos sofri-
C E mentos que o atormentam (eutanásia), perante a legis-
lação brasileira,
18. (CESPE/TJ-AC/TÉCNICO JUDICIÁRIO) Na cidade de
Rio Branco – AC, Caio, brasileiro, atirou em João, que, A) não cometeu infração penal.
ferido, fugiu em seu veículo para um país vizinho, onde B) responderá por crime de homicídio privilegiado.
morreu em decorrência dos ferimentos produzidos pe- C) responderá por homicídio qualificado pelo motivo
lo projétil. O pai de João, Mário, brasileiro, revoltado torpe.
com a morte do filho, decidiu matar a família de Caio, D) responderá por homicídio simples.
que morava em outro país. Mário, então, sabendo que E) responderá por homicídio qualificado pelo motivo
a esposa de Caio e seu filho recém-nascido estavam fútil.
internados em uma maternidade, sufocou-os com um
travesseiro. Ao encontrar seus familiares mortos, Caio 22. (TJ-PR/TJ-PR/ASSESSOR JURÍDICO) Mévio sofre de
atirou em Mário, matando-o, e resolveu suicidar-se, sonambulismo e seus ataques são frequentes. Em de-
tendo, para isso, contado com a ajuda de uma enfer- terminada noite, durante um desses ataques, Mévio se
meira, que lhe administrou veneno. Com base na situ- levanta, dirige-se ao exterior de sua casa e, tendo um
ação apresentada, julgue o item: Mário praticou o cri- espasmo, acaba empurrando Adolfo de um penhasco,
me de homicídio qualificado contra a esposa de Caio e que é vizinho às residências de ambos. Adolfo falece
o de infanticídio contra o recém-nascido. em virtude de lesões decorrentes da queda. Ao acor-
C E dar, sem ter nenhuma consciência nem lembrança do
que ocorreu, Mévio é informado do episódio e fica bas-
19. (CESPE/TRE-ES/ANALISTA JUDICIÁRIO) Tendo a casa tante feliz com a brutal morte de Adolfo, seu desafeto.
invadida, Braz e toda a sua família ficaram reféns de Diante dos fatos narrados, assinale a alternativa corre-
um assaltante, que se rendeu, após dois dias, aos poli- ta
ciais que participaram das negociações para a sua
rendição. Quando estava sendo algemado, o assaltan- A) Mévio deverá ser condenado por homicídio culposo.
te sorriu ironicamente para Braz, que, sob o domínio B) Mévio deverá ser condenado por homicídio doloso.
de violenta emoção, sacou repentinamente a pistola C) Mévio deverá ser absolvido, já que havia inexigibili-
do coldre de um dos policiais e matou o assaltante. dade de conduta diversa.
Nessa situação, a circunstância em que Braz cometeu D) Mévio não comete crime algum, diante de absoluta
o delito de homicídio constitui causa de redução ausência de conduta humana.
de pena.
C E 23. (FCC/TRF – 2ª REGIÃO/TÉCNICO JUDICIÁRIO) João,
movido por motivo torpe, procurou Pedro, uma criança
20. (FCC/TRT – 2ª REGIÃO/TÉCNICO JUDICIÁRIO) De com de nove anos de idade, e o agrediu a socos, pontapés e
o Código Penal, o crime de induzimento, instigação ou pedradas, causando-lhe ferimentos graves. No mesmo
auxílio a suicídio terá a pena duplicada se contexto, vendo que Pedro continuava vivo, desferiu-
lhe um tiro na cabeça, ocasionando-lhe a morte. João
responderá por:
A) infanticídio.
B) lesão corporal seguida de morte.
C) homicídio qualificado.
D) homicídio simples.
E) lesão corporal agravada.
 FURTO
24. (CESPE/PC-PE/AGENTE DE POLÍCIA/2016) Acerca dos
crimes contra a pessoa, assinale a opção correta. O furto é a subtração de coisa alheia móvel com o fim de
assenhoramento definitivo, ou seja, para se apoderar do
A) Quando o homicídio for praticado por motivo fútil, objeto definitivamente.
haverá causa de diminuição de pena.
B) Sempre que um agente mata uma vítima mulher, Com esta criminalização, visa o Código Penal proteger
tem-se um caso de feminicídio. dois objetos jurídicos: a posse e a propriedade. O delito
C) O homicídio e o aborto são os únicos tipos penais encontra sua previsão fundamental no art. 155 do Código
constantes no capítulo que trata de crimes contra Penal, nos seguintes termos:
a vida.
D) O aborto provocado é considerado crime pelo direi- Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa
to brasileiro, não existindo hipóteses de exclusão alheia móvel:
da ilicitude. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
E) O aborto provocado será permitido quando for pra-
ticado para salvar a vida da gestante ou quando se Ocorre, entretanto, que o furto possui outras figuras típi-
tratar de gravidez decorrente de estupro. cas além da supracitada. Desta forma, podemos resumir o
assunto da seguinte forma:
25. (FUNIVERSA / PC-DF / PAPILOSCOPISTA POLICIAL/
2015) Logo após saber que seu filho fora vítima de TIPOS PENAIS DO CRIME DE FURTO
agressão, Ernane saiu ao encalço do agressor, tendo FURTO SIMPLES Art. 155, caput
disparado vários tiros em direção a este, que veio a fa- FURTO PRIVILEGIADO (FUR- Art. 155, § 2º
lecer em virtude da conduta de Ernane. Nesse caso hi- TO MÍNIMO)
potético, FURTO QUALIFICADO Art. 155, §§ 1º, 4º, 5º

A) configura-se, em tese, homicídio privilegiado, que é TIPOS PENAIS DO CRIME DE FURTO


causa excludente da ilicitude.
B) Ernane responderá, consoante a mais recente po- CARACTERIZADORES DO DELITO
sição do STJ, por crime de homicídio qualificado
por motivo torpe. • SUJEITOS DO DELITO:
C) Ernane responderá pelo crime de homicídio sim-
ples, não havendo previsão legal, em relação à sua 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
conduta, que possa de alguma forma influenciar do por qualquer pessoa. Todavia, há uma exceção a
em sua pena. esta regra, pois o furto não pode ser cometido pelo
D) configura-se, em tese, homicídio privilegiado, que é proprietário do bem.
causa de diminuição da pena.
E) configura-se, em tese, homicídio privilegiado, que é “Mas, professor, o fato de o proprietário do bem não poder
causa excludente da culpabilidade cometer o crime de furto é óbvio, não é?”

Bom, mais ou menos... Vamos exemplificar: Imagine que


em um contrato de penhor o indivíduo, a fim de garantir
uma dívida de R$30.000,00, dá ao credor um anel de ouro
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 como forma de garantia. Próximo ao vencimento do con-
trato, sabendo que não poderia pagar o que devia, penetra
C C C E C C E C E C
na residência do credor e subtrai o anel. Neste caso, po-
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
derá o devedor responder pelo crime de furto?
E E C C E E C E C D
21 22 23 24 25 — — — — — A resposta é NEGATIVA, pois o art. 155 fala em “coisa
B D C E D — — — — — alheia móvel” e, desta forma, o fato praticado pelo deve-
dor não se enquadra na descrição típica do furto.
“Mas professor, quer dizer que ele não responderá por STJ, HC 60.949/PE, DJ 17.12.2007
nenhum delito?” O pequeno valor da res furtiva não se traduz, automatica-
mente, na aplicação do princípio da insignificância. Há que
Responderá sim, mas pelo crime definido no art. 346 do se conjugar a importância do objeto material para a vítima,
Código Penal que agora reproduzo a título de conheci- levando-se em consideração a sua condição econômica, o
mento: valor sentimental do bem, como também as circunstâncias
e o resultado do crime, tudo de modo a determinar, subjeti-
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa vamente, se houve relevante lesão. Precedente desta Corte.
própria, que se acha em poder de terceiro por deter-
minação judicial ou convenção STJ, HC 148.496/DF, DJ 22.02.2010
Para a incidência do princípio da insignificância, são neces-
2. SUJEITO PASSIVO: É a pessoa física ou jurídica titular sários a mínima ofensividade da conduta do agente, ne-
da posse, incluindo a detenção, ou da propriedade. nhuma periculosidade social da ação, o reduzido grau de
reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da
• OBJETO MATERIAL: O objeto do furto é a coisa alheia lesão jurídica provocada.
móvel. Dito isto, vamos analisar alguns casos já exigi-
dos em provas: Precedente do STF No caso do furto, não se pode confundir
bem de pequeno valor com de valor insignificante.
1. PESSOA VIVA - Claramente, não pode ser objeto do
furto, ou seja, ninguém responde pelo furto de uma Este, necessariamente, exclui o crime em face da ausência
pessoa viva, mas sim por sequestro (art. 148), cárcere de ofensa ao bem jurídico tutelado, aplicando-se-lhe o prin-
privado (art. 148) ou subtração de incapazes (art. 249). cípio da insignificância; aquele, eventualmente, pode carac-
terizar o privilégio previsto no § 2º do art. 155 do Código
2. CADÁVER - De maneira geral, também não pode ser Penal.
objeto do furto, respondendo o agente pelo crime con-
tra o respeito aos mortos. Todavia, quando o cadáver OBSERVAÇÃO:
pertence a alguém, como no caso de ser utilizado por Para a caracterização do furto, a coisa deve ser MÓVEL.
um centro de pesquisas médicas, pode ocorrer o furto. Ocorre,
entretanto, que o Código Civil define que são imóveis:
3. A RES NULLIS (COISA DE NINGUÉM) E A RES DERE-
LICTA (COISA ABANDONADA)- Não podem ser objeto 4. AS APÓLICES DA DÍVIDA PÚBLICA ONERADAS COM
do furto, pois não se trata de Coisa ALHEIA móvel. CLÁUSULA DE INALIENABILIDADE (ART. 80, CC);

4. OBJETOS DE VALOR ÍNFIMO (APLICAÇÃO DO PRINCÍ- 5. OS MATERIAIS PROVISORIAMENTE SEPARADOS DE


PIO DA INSIGNIFICÂNCIA) - Regra geral, os objetos de UM PRÉDIO PARA NELE MESMO SE EMPREGAREM
valor muito pequeno, tal qual um alfinete ou um pe- (ART. 81, II, CC);
queno botão, não podem ser objeto do furto. Todavia,
cabe ressaltar que objetos que têm valor sentimental, 6. OS NAVIOS E AS AERONAVES (ART. 1473, CC);
mesmo que sem valor econômico, podem ser objeto de
furto. Será, então, que se o indivíduo subtrai tijolos separados
provisoriamente de um prédio, não poderá responder
Exemplo: Tício tem em seu armário um cadarço de um pelo furto?
tênis que foi utilizado no dia em que ele correu sua primei-
ra Maratona. O cadarço não tem nenhum valor em dinhei- A resposta é: poderá SIM responder pelo furto, pois as
ro, mas para Tício tem um grande valor sentimental. Nes- regras do Código Civil acima descritas não são adotadas
te caso, se for furtado, poderá o agente responder pelo pelo ordenamento jurídico penal.
crime.

Para complementar este ponto, observe abaixo os inte- • ELEMENTOS:


ressantes julgados do STJ que deixam claro que a aplica-
ção do princípio da insignificância depende de outros 1. OBJETIVO: É núcleo do tipo:
requisitos que não só o valor econômico:
• Subtrair - O apossamento pode ser:

i. Direto - Quando o agente, pessoalmente, subtrai o ob-


jeto.
ii. Indireto -Quando o agente utiliza algum meio para efe- Situação 01 - Mévio havia esquecido a carteira no
tuar a subtração. Exemplo: animais adestrados. trabalho -
Neste caso, temos hipótese de CRIME IMPOSSÍVEL.
2. SUBJETIVO:
Situação 02 - Tício coloca a mão no bolso esquerdo,
1. Dolo; mas a carteira está no direito - Trata-se de TENTATI-
2. A expressão “para si ou para outrem” - Para a caracte- VA DE FURTO.
rização do furto não é suficiente que o agente queira
utilizar o bem por poucos instantes. É preciso que aja Na primeira situação, como há inexistência do objeto,
com intenção de apoderamento definitivo (animus fu- não há que se falar em furto devido à ausência da
randi). COISA MÓVEL.

 OBSERVAÇÃO: Diferentemente, no segundo caso, há o objeto materi-


Para a caracterização do dolo, faz-se necessário que o al e o delito só não se consuma por uma circunstân-
agente tenha vontade de subtrair coisa móvel e, além cia ALHEIA à vontade do agente.
disso, que saiba se tratar de coisa alheia. Caso suponha
que o objeto seja próprio, trata-se de erro de tipo capaz OBS:
de excluir o dolo e, portanto, a conduta delituosa.
CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL • Câmeras em supermercado faz do furto crime tentado
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ou impossível? Torna-se tentado, visto que a câmera
apenas torna o meio relativamente ineficaz e não ab-
1. O crime é consumado quando o objeto é retirado da solutamente.
posse e disponibilidade do sujeito passivo, ou seja,
quando este não pode mais exercer as faculdades ine- • Tentativa do furto no bolso que não havia dinheiro: se
rentes à posse ou propriedade do bem. Sendo assim, não havia dinheiro em nenhum dos bolsos, crime im-
pergunto: Imagine que em uma casa a empregada pe- possível; se havia dinheiro no outro bolso, tentativa
ga uma jóia e coloca em seu bolso com o fim de levá-la (posição de Cezar Roberto Bittencourt) – a jurispru-
para sua casa e vendê-la. Neste caso, o furto estará dência entende ser impossível em ambas as situa-
consumado somente quando a empregada sair da ca- ções).
sa em que reside a dona do bem?
• Segundo a teoria da inversão da posse (mansa e pací-
A resposta é negativa, pois no momento em que a jóia é fica), há possibilidade de flagrante no furto? Somente
colocada no bolso, esta já é retirada da disponibilidade da no caso de flagrante presumido do art. 302, IV, do CPP,
dona e, portanto, consumado está o delito. pois nesse caso, há a posse mansa e pacífica e é en-
contrado logo depois.
2. É crime material e instantâneo e é admissível a tenta-
tiva. • Art. 155, § 3º, do CP: além de energia elétrica, são
equiparados à coisa móvel as seguintes energias: me-
OBS: AINDA SOBRE A CONSUMAÇÃO: cânica, térmica, radioativa, genética (sêmen).

Consumação do furto. • Subtração de sinal de TV paga é furto? Primeira cor-


rente: fato atípico (mero ilícito civil), pois merece inter-
Primeira corrente: com a posse mansa e pacífica (teo- pretação restritiva (Cezar Bittencourt). Contudo, o STJ
ria da inversão da posse) – prevalece na doutrina. diz que é furto (aplica-se, também, à subtração de sinal
Segunda corrente: com o apoderamento, dispensando de telefone).
posse mansa e pacífica – prevalece no STJ.
Terceira corrente: com a retirada da coisa da esfera  Furto famélico: não caracteriza o crime por causa do
de disponibilidade da vítima (liderada por Nelson estado de necessidade. A jurisprudência exige três re-
Hungria). O crime de furto admite tentativa. quisitos para ser reconhecido: (1) fome inadiável e ine-
vitável por outro modo; (2) que o objeto furtado seja
 OBSERVAÇÃO: comestível; (3) que o agente não tenha meios financei-
ros para satisfazer a sua
Imagine que Mévio está passeando quando Tício,
sorrateiramente, coloca a mão em seu bolso a fim de
furtar sua carteira.
FURTO DE USO STJ, HC 143.699/MS, DJ 01.02.2010
A causa especial de aumento de pena constante do § 1º
A atual legislação brasileira desconhece o furto de uso do art. 155 do Código Penal (repouso noturno) é perfei-
que ocorre, segundo Hungria, “quando alguém arbitraria- tamente aplicável nos casos em que o furto foi cometido
mente retira coisa alheia infungível, para dela servir-se de madrugada, horário em que há maior facilidade para o
momentaneamente ou passageiramente, repondo-a, a cometimento de delitos em virtude da vulnerabilidade do
seguir, íntegra, na esfera de atividade patrimonial do do- patrimônio da vítima ante a deficiência na vigilância.
no”.
Para finalizar, cabe uma importante ressalva: A qualifica-
A doutrina majoritária e a jurisprudência (STJ, HC dora do repouso noturno só encontra aplicação quando
94.168/MG, DJ 22.04.2008) entendem que o furto de uso se trata de FURTO SIMPLES, não se estendendo ao furto
constitui figura atípica, sendo, portanto, um indiferente qualificado.
penal.
FURTO PRIVILEGIADO OU MÍNIMO
Infungibilidade é o princípio que define os bens móveis
que não podem ser substituídos por outros da mesma Encontra previsão no parágrafo 2º do art. 155 do Código
espécie, quantidade e qualidade. Penal, nos seguintes termos:

Logo, todo bem móvel único é infungível, assim como


Art. 155.[...]
todo bem imóvel. São infungíveis as obras de arte, bens
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor
produzidos em série que foram personalizados, objetos
a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de re-
raros dos quais restam um único exemplar etc.
clusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois ter-
ços, ou aplicar somente a pena de multa.
FURTO NOTURNO
Do supracitado dispositivo legal, percebe-se a necessida-
Encontra previsão no parágrafo 1º do art. 155 do Código
de do cumprimento de dois requisitos para que seja pos-
Penal, nos seguintes termos:
sível a ocorrência da diminuição de pena, quais sejam:

Art. 155 [...]


1. QUE O CRIMINOSO SEJA PRIMÁRIO, ou seja, que não
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
seja reincidente;
praticado durante o repouso noturno.
2. QUE A COISA SEJA DE PEQUENO VALOR - A jurispru-
É importante ressaltar que a qualificadora em questão
dência majoritária vem considerando o salário mínimo
refere-se ao REPOUSO NOTURNO e não a TODOS os fatos
como teto para o “pequeno valor” do privilégio, embora
ocorridos durante a noite. Sendo assim, a aplicação da
tal regra não seja adotada de maneira absoluta.
qualificadora deve ser analisada caso a caso.
Sobre o tema, observe interessantes e elucidativos julga-
Exemplo: Imagine que um delito é cometido às 18h20min
dos:
na Cidade de São Paulo. Neste caso, embora no período
noturno, haverá aplicação do FURTO NOTURNO?
STJ, REsp 207.181/DF, DJ 07.08.2000
Para a determinação do conceito de coisa de pequeno
A resposta é negativa, pois não se considera que neste
valor para fins de caracterização do furto privilegiado, o
horário os moradores de São Paulo estão repousando
salário-mínimo pode ser adotado, em princípio, como
(seria até bom, mas normalmente estamos no trânsito!!!).
parâmetro de referência, não podendo, todavia, ser ado-
tado como critério de rigor aritmético, impondo-se ao juiz
Para finalizar, um importante questionamento: Como se
sopesar outras circunstâncias próprias do caso.
exige o repouso noturno, a qualificadora só pode ser apli-
cada a estabelecimentos residenciais?
STJ, HC 140.542/RS, DJ 14.12.2009
A atitude do paciente revela lesividade suficiente para
A resposta é negativa, cabendo a qualificadora, inclusive,
justificar uma condenação, havendo que se reconhecer a
para locais desabitados. Observe interessantes julgados:
ofensividade do seu comportamento, até porque furtou e
tentou furtar (foram dois crimes, em continuidade deliti-
STJ, REsp 704.828/RS, DJ 26.09.2005
va) peças de vestuário, avaliadas, no total, em R$ 230,00
Aplica-se a majorante prevista no art. 155, § 1º, do Códi-
(duzentos e trinta reais), valor que beira a meio salário-
go Penal, se o delito é praticado durante o repouso no-
mínimo e não pode ser considerado ínfimo.
turno, período de maior vulnerabilidade inclusive para
estabelecimentos comerciais.
No caso do furto, não se pode confundir bem de peque- § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou
no valor com de valor insignificante. Este, necessaria- qualquer outra que tenha valor econômico.
mente, exclui o crime em face da ausência de ofensa ao
bem jurídico tutelado, aplicando-se-lhe o princípio da Nos termos da Exposição de Motivos do CP, “toda energia
insignificância; aquele, eventualmente, pode caracterizar economicamente utilizável e suscetível de incidir no po-
o privilégio previsto no § 2º do art. 155 do Código Penal. der de disposição material e exclusiva de um indivíduo
pode ser incluída, mesmo do ponto de vista técnico, entre
Para finalizar, um importante questionamento: É possível as coisas móveis, a cuja regulamentação jurídica, portan-
definir um valor preciso para a diferenciação entre o furto to, deve ficar sujeita”.
privilegiado e a aplicação do princípio da insignificância?
FURTO QUALIFICADO
A resposta é negativa, ou seja, cada caso deve ser anali-
sado de acordo com suas particularidades. Observe como Nos termos dos parágrafos 4º e 5º do art. 155, considera-
o STF se posiciona sobre o tema: se o furto qualificado quando ocorre com:
CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL
STF, HC 84.424/SP, DJ 07.10.2005 5. Violência contra obstáculo à subtração - A violência
deve ser empregada antes ou durante a retirada, mas
O princípio da insignificância, vetor interpretativo do tipo nunca depois de consumado o furto. É necessário que
penal, é de ser aplicado tendo em conta a realidade bra- a violência seja contra obstáculo, que foi predisposta
sileira, de modo a evitar que a proteção penal se restrinja ou aproveitada pelo homem para a finalidade especial
aos bens patrimoniais mais valiosos, ordinariamente de evitar a subtração.
pertencentes a uma pequena camada da população.
Exemplo: rompimento do cadeado que prende uma lan-
A aplicação criteriosa do postulado da insignificância cha.
contribui, por um lado, para impedir que a atuação esta-
tal vá além dos limites do razoável no atendimento do 6. Abuso de confiança - Neste caso, o sujeito abusa da
interesse público. De outro lado, evita que condutas confiança nele depositada pelo ofendido a fim de co-
atentatórias a bens juridicamente protegidos, possivel- meter o delito. Assim, trata-se a qualificadora de ele-
mente toleradas pelo Estado, afetem a viabilidade da mento subjetivo do tipo, sendo necessário, então, que
vida em sociedade. o agente tenha consciência de que está praticando o
fato com abuso de confiança. Além disso, exige-se que
O parâmetro para aplicação do princípio da insignificân- a coisa esteja na esfera de disponibilidade do sujeito
cia, de sorte a excluir a incriminação em caso de objeto ativo em face dessa confiança.
material de baixo valor, não pode ser exclusivamente o
patrimônio da vítima ou o valor do salário mínimo, pena Observação: A mera relação empregatícia não é suficiente
de ensejar a ocorrência de situações absurdas e injus- para que o furto seja qualificado. É necessário que haja
tas. um real traço subjetivo capaz de gerar confiança e, por
isso, passível de abuso.
No crime de furto, há que se distinguir entre infração de
ínfimo e de pequeno valor, para efeito de aplicação da Exemplo: Para o reconhecimento da qualificadora do abu-
insignificância. Não se discute a incidência do princípio so de confiança no furto, não basta a simples relação de
no tocante às infrações ínfimas, devendo-se, entretanto, emprego existente, sendo necessária a presença de uma
aplicar-se a figura do furto privilegiado em relação às de situação de especial confiança do empregador com rela-
pequeno valor. ção ao empregado, podendo esta ser deduzida da própria
PROFESSOR PEDRO IVO função exercida e de outras circunstâncias do caso con-
FURTO DE ENERGIA creto. Na hipótese, o acusado era motorista da empresa
lesada por quase dois anos, tendo livre acesso ao local
O legislador penal fez questão de deixar claro a possibili- onde os cheques ficavam guardados e foram subtraídos,o
dade do crime de furto no tocante à energia elétrica, ou que evidencia a confiança nele depositada. Outrossim, o
seja, podemos afirmar que para o Direito Penal equipara- fato da gaveta ficar fechada não impede o reconhecimen-
se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que to da qualificadora, porque as chaves eram deixadas li-
tenha valor econômico. Observe o texto legal: vremente na sala em que o acusado tinha acesso livre,
tendo se aproveitado desta condição para pegá-las, abrir
Art. 155. a gaveta e subtrair os cheques, o que ocorreu em vários
[...] dias distintos, sendo reconhecida a continuidade delitiva.
(TJRJ. AC - 2007.050.03357. JULGADO EM 24/07/2007).
7. Fraude – Qualifica o furto, pois se trata de um meio Observação: Se a chave é encontrada na fechadura, não
enganoso capaz de iludir a vigilância do ofendido e há furto qualificado, mas furto simples.
permitir maior liberdade na subtração do objeto mate-
rial. Exemplo:

Exemplo: O agente se fantasia de fiscal da prefeitura a fim STJ, REsp: 915.187/RS, DJ 13.04.2009
de adentrar na residência da vítima e subtrair bens. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de
que o conceito de chave falsa abrange também a "mixa".
8. Escalada – É o acesso a determinado lugar por meio Na hipótese em exame, a qualificadora restou bem ca-
anormal. Atenção, Guerreiroque diferentemente do que racterizada, na medida em que o uso da "mixa" propiciou
muitos pensam, não se trata simplesmente do uso de o acesso ao interior do veículo.
escadas, mas, repetindo, de qualquer acesso por meio
anormal. 7. Concurso de pessoas - Exige-se, no mínimo, a concor-
rência de duas ou mais pessoas na realização do furto,
Exemplo: Saltar o muro, entrar pelo telhado etc. sendo irrelevante que uma delas seja inimputável.

9. Destreza – Trata-se de habilidade desenvolvida pelo 8. Intenção de transportar veículo automotor para outro
sujeito que age sem ser percebido pela vítima. É o tra- Estado ou para o exterior - Às qualificadoras que vimos
dicional “mão leve” ou mesmo os “batedores de cartei- até agora, o Código Penal comina uma penalização de
ra”. dois a oito anos de reclusão e multa.

Agora pergunto: Mévia está dirigindo o carro e deixa a Diferentemente, para esta última que agora estamos ven-
bolsa no banco do carona. Tício, renomado ladrão, quebra do, o legislador penal achou por bem definir uma pena de
o vidro com destreza e pega a bolsa. Neste caso, futuro três a oito anos de reclusão, ou seja, ampliou-se, neste
aprovado, em qual delito você “enquadrará” caso, o mínimo da pena.
o bandido?
Para a incidência da qualificadora, o veículo deve ser au-
(A) furto simples tomotor, o que abrange automóveis, caminhões, lanças,
(B) furto qualificado pela destreza aeronaves, motos etc. Além disso, exige-se a intenção de
(C) roubo transportar o veículo para outro Estado ou para o exterior.
(D) Todas estão incorretas
FURTO QUALIFICADO E PRIVILEGIADO
A resposta é a alternativa “D”, pois neste caso trata-se de
furto qualificado pela violência. Perceba que não há vio- Muito se discute a respeito da possibilidade ou não da
lência contra a pessoa e, portanto, não há roubo. Trata-se ocorrência do furto com incidência de circunstância privi-
de violência contra COISA (vidro do carro). Também não é legiadora e qualificadora.
caso de destreza, pois, obviamente, a ação de Tício foi
prontamente percebida por Mévia. Recentemente, o STF reafirmou o seu entendimento no
sentido da possibilidade da existência de tal espécie de
Para finalizar, um questionamento: No caso em que o delito. Desta forma, para a sua PROVA, adote o mesmo
indivíduo tenta “bater” uma carteira e é percebido, res- sentido e não se preocupe com divergências.
ponderá ele pela tentativa de furto simples ou pela tenta-
tiva de furto qualificado? Observe o entendimento do STF em recente julgado:

A resposta é: DEPENDE!!! Se o agente foi descoberto de- STF, HC 99.581/RS, DJ 02.02.2010


vido ao aviso de um terceiro, por exemplo, temos o caso Furto qualificado e privilegiado. Compatibilidade. Prece-
da tentativa de furto qualificada. Diferentemente, se é a dentes. Ordem concedida. Não há vedação legal ao re-
vítima quem percebe a atuação do agente, tem-se a tenta- conhecimento concomitante do furto qualificado (art.
tiva de furto simples devido à inexistência de destreza do 155, § 4º) e privilegiado (art. 155, § 2º).
criminoso.
FURTO DE COISA COMUM
10. Chave falsa – É todo instrumento, com ou sem forma
de chave, destinado a abrir fechaduras, tais como mi- No crime de furto tipificado pelo artigo 155 do Código
xa, gazuas, grampos, pregos etc. Penal, o agente subtrai coisa alheia móvel de qualquer
pessoa, apossando-se do objeto como se dele fosse o
dono. Já aqui no furto de coisa comum, o agente furta seu
próprio sócio, co-herdeiro ou condômino. Nestes termos é ROUBO
a redação do artigo 156 do Código Penal, vejamos:
O roubo é a subtração de coisa alheia móvel mediante
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, violência, grave ameaça ou qualquer meio capaz de anular
para si ou para outrem, a quem legitimamente a de- a capacidade de resistência da vítima. Encontra previsão
tém, a coisa comum: no Código Penal, nos seguintes termos:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
ou multa. Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pes-
Nesse contexto, vale observar que ao contrário do crime soa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzi-
de furto previsto no artigo 155 do Código Penal, para que do à impossibilidade de resistência:
o agente incorra no crime de furto de coisa comum pre- Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
visto no artigo 156, a coisa móvel subtraída deve ser co-
mum e não alheia. Diz-se comum pela simples razão de a Ainda segundo o Código Penal, incide também no crime
coisa pertencer a mais de uma pessoa, inclusive ao pró- de roubo quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega
prio agente. violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de asse-
gurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para
Assim, é possível entender que a coisa subtraída deve ser, si ou para terceiro.
via de regra, infungível e indivisível, pelo menos no mo-
mento da ação, de modo que seja impossível o agente Da descrição típica do delito extraem-se duas figuras, o
levar apenas a parte do objeto/coisa que lhe pertença. roubo próprio e o roubo impróprio.

Caso seja possível esta divisão, assim dispõe o CP: No roubo próprio, a violência (violência, grave ameaça ou
qualquer outro meio que reduz a vítima à impossibilidade
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum de resistência) é empregada antes ou durante a subtração
fungível, cujo valor não excede a quota a que tem di- e tem como objetivo permitir que a subtração se realize.
reito o agente. -LINE – DIREITO PENAL
No roubo impróprio, a subtração é realizada sem violência
Na medida em que o artigo apenas protege determinadas e esta será empregada depois da subtração, pois tem
categorias de pessoas (condômino, sócio ou co herdeiro), como objetivo assegurar a impunidade pelo crime ou a
e levando-se em consideração que o sujeito passivo tem detenção da coisa.
que ser, obrigatoriamente, uma delas, trata-se de
 OBS:
Crime próprio. No roubo, a violência é contra pessoa, enquanto no furto
qualificado, a violência é contra coisa.
Passivamente podem figurar, além dos condôminos, só-
cios e co herdeiros, um terceiro que detenha legitimamen- Podemos, em resumo, dizer que o roubo impróprio é um
te a coisa comum. Todavia, se a detenção de qualquer furto que deu errado, pois começa com a simples subtra-
dos mencionados for ilegítima, a ação do agente será ção, caracterizadora do furto, mas termina como roubo.
atípica.
Nota-se que a violência posterior não precisa necessari-
Quanto ao elemento subjetivo do tipo, o delito será puní- amente ser contra o proprietário da coisa subtraída, po-
vel apenas se praticado dolosamente. Logo, nesse caso, dendo inclusive ser contra o policial que faz a persegui-
inexiste a modalidade culposa. ção, devendo ser realizada com a finalidade de assegurar
a impunidade do crime ou a detenção da coisa.
O crime se consumará na ocasião em que o agente con-
seguir subtrair a coisa do local em que esteve sob a pro- CARACTERIZADORES DO DELITO
teção e vigilância da vítima. Observa-se, ainda, que não é
exigível que o agente detenha a posse mansa e pacífica • SUJEITOS DO DELITO:
do objeto para que o delito se aperfeiçoe.
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
Assim, como vimos no furto simples, ainda que não haja o do por qualquer pessoa.
deslocamento da coisa, o crime estará concluído quando
o sujeito passivo não mais puder exercer qualquer ação 2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o titular da posse ou
sobre o objeto que anteriormente estava sob sua respon- da propriedade. Excepcionalmente, podemos ter dois
sabilidade. Admite-se a tentativa. sujeitos passivos, situação em que um sofre a violên-
cia, ou grave ameaça, e o outro é o titular do direito de STJ, REsp 1.025.162/SP, DJ 10.11.2008
propriedade. O crime previsto no art. 157, § 1º, do Código Penal con-
suma-se no momento em que, após o agente tornar-se
• OBJETOS MATERIAIS: O roubo possui dois objetos possuidor da coisa, a violência é empregada, não se ad-
materiais: a pessoa humana (sobre a qual recai a vio- mitindo, pois, a tentativa (Precedentes do Pretório Excel-
lência ou grave ameaça) e a coisa móvel (que é efeti- so e desta Corte).
vamente subtraída).
ROUBO QUALIFICADO
• ELEMENTOS:
Segundo o parágrafo 2º do art. 157, a pena do crime de
1. OBJETIVO: É núcleo do tipo: roubo deve ser ampliada de um terço até a metade nas
• Subtrair (mediante violência ou grave ameaça); seguintes situações:

2. SUBJETIVO: 1. Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de


1. Dolo; e arma -
2. A expressão “para si ou para outrem”.
Quanto a este ponto, cabe uma importante ressalva:
Observação: O roubo impróprio exige outro elemento sub- quando o Código Penal refere-se ao emprego de arma
jetivo do tipo, previsto na expressão “a fim de assegurar a como circunstância qualificadora, não se refere ao porte
impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou de arma, mas sim ao uso efetivo da arma durante o roubo.
para terceiro”. Seria o caso, por exemplo, do criminoso que coloca uma
arma na cabeça de sua vítima.
• QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA, CONSUMAÇÃO E TEN-
TATIVA Cabe ressaltar que quanto a este ponto há uma grande
divergência doutrinária e jurisprudencial em relação à
1. É crime material, pois apresenta em seu tipo uma con- incidência da qualificadora no caso de uso de arma de
duta e um resultado. brinquedo. Para a sua PROVA, entenda pelo NÃO cabi-
mento do aumento de pena.
É delito instantâneo, pois se consuma no instante em que
o objeto sai da esfera de disponibilidade da vítima. STJ, HC 127.679/SP, DJ 15.12.2009

 OBS: Esta Corte, com o cancelamento da Súmula 174/STJ,


É complexo, pois é um crime integrado por diversas es- passou a entender que a causa de aumento de pena
pécies: FURTO + LESÃO CORPORAL + AMEAÇA + CONS- prevista no art. 157, § 2o., I do CPB não incide nos rou-
TRANGIMENTO ILEGAL. bos perpetrados com o uso de arma de brinquedo, orien-
tação a ser seguida com a ressalva do ponto de vista do
É delito de forma livre, pois admite qualquer meio de exe- Relator.
cução. É crime de dano, pois exige a lesão do bem.
STJ, 87.630/SP, DJ 14.12.2009
Por fim, é plurissubsistente, pois não se consuma com Com o cancelamento da Súmula n.º 174 do Superior
um único ato, ou seja, deve haver a violência e a subtra- Tribunal de Justiça, ficou assentado o entendimento,
ção. segundo o qual, a simples atemorização da vítima pelo
emprego da arma (de brinquedo) não mais se mostra
2. A consumação ocorre, como vimos, de forma seme- suficiente para configurar a majorante, dada a ausência
lhante ao furto, ou seja, no momento em que o objeto de incremento no risco ao bem jurídico, servindo, ape-
material sai da esfera de disponibilidade da vítima. Ca- nas, a caracterizar a grave ameaça, já inerente ao crime
be ressaltar que o roubo impróprio tem sua consuma- de roubo.
ção quando o sujeito emprega a violência.
2. Se há o concurso de duas ou mais pessoas- Para a
3. É admissível a tentativa no que diz respeito ao roubo incidência da qualificadora, exige-se, no mínimo, a
próprio. Com relação ao impróprio, embora haja diver- concorrência de duas ou mais pessoas na realização
gências, para a sua PROVA não se admite tentativa, do roubo, sendo irrelevante que uma delas seja inim-
pois ou o sujeito emprega a violência e consuma-se o putável.
roubo ou não emprega e responde pelo furto.
3. Se a vítima está em serviço de transporte de valores e
o agente conhece tal circunstância;
4. Se a subtração for de veículo automotor que venha a Art. 157.
ser transportado para outro Estado ou para o exterior – [...]
Para a incidência da qualificadora, o veículo deve ser § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pe-
automotor, o que abrange automóveis, caminhões, na é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa;
lanças, aeronaves, motos etc. Além disso, exige-se a se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos,
intenção de transportar o veículo para outro Estado ou sem prejuízo da multa.
para o exterior.
Vamos agora tratar de cada uma das qualificadoras:
5. Se o agente mantém a vítima em seu poder, restrin-
gindo sua liberdade - O inciso V do § 2º do art. 157 do • LESÕES CORPORAIS GRAVES
CP exige, para a sua configuração, que a vítima seja
mantida por tempo juridicamente relevante em poder A expressão lesão corporal grave indica as lesões graves
do réu, sob pena de que sua aplicação seja uma cons- em sentido amplo, descritas no art. 129, §§ 1º e 2º do
tante em todos os roubos (STJ, REsp 933.584/SP, DJ Código Penal. Veremos este tema em nossa próxima aula,
22.06.2009). bastando aqui que você saiba que se o roubo for cometi-
do com lesão corporal grave, incide a qualificadora.
Exemplo:
A título de conhecimento e já adiantando um pouco do
STJ, RHC 13.529/BA, DJ 17.05.2004 nosso próximo tema, caracterizam-se como lesões corpo-
RECURSO EM HABEAS CORPUS. ROUBO QUALIFICADO rais graves as que resultam em:
Mantida a vítima, mediante grave ameaça, exercida com
o emprego de arma de fogo, sob o poder dos agentes, • Incapacidade para as ocupações habituais, por mais
por cerca de oito horas, na prática do roubo e em garan- de trinta dias;
tia da sua impunidade, impõe-se afirmar que a execução • Perigo de vida;
do delito protraiu-se por todo esse tempo, tocando o • Debilidade permanente de membro, sentido ou função;
audacioso agir delituoso mais de um lugar. • Aceleração de parto;
• Incapacidade permanente para o trabalho;
OBSERVAÇÕES: • Enfermidade incurável;
• Perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
• O STF e o STJ não admitem o roubo privilegiado. • Deformidade permanente;
• Aborto.
• Admite-se arrependimento posterior no roubo? Sim,
quando o agente não usa de violência ou grave amea- “Mas, professor...E as lesões corporais leves?”
ça, mas utiliza-se de qualquer outro meio (Rogério
Greco, Flávio Monteiro de Barros, LFG). Ou seja, no As lesões corporais de natureza leve são absorvidas pelo
crime conhecido como boa noite, Cinderela, cabe arre- crime de roubo e, portanto, não qualificam o crime.
pendimento posterior. Para uma segunda corrente, não
se admite o arrependimento posterior no crime de rou- • LATROCÍNIO
bo (Mirabete, Luiz Régis Prado
O latrocínio exige dolo na conduta antecedente, qual seja,
LESÃO CORPORAL GRAVE E LATROCÍNIO – ROUBO o roubo, e dolo ou culpa na conduta subsequente, qual
QUALIFICADO PELO RESULTADO seja, a morte. É considerado crime hediondo de acordo
com o artigo 1º, inciso II, da Lei nº 8.072/90. Assim, se da
O § 3º do art. 157 do Código Penal apresenta dois tipos violência empregada no crime de roubo resulta a morte da
de roubo qualificado: o primeiro qualifica-se pela lesão vítima, estará configurado o crime de latrocínio, punido
corporal grave, de modo que a pena em abstrato será de com reclusão de vinte a trinta anos, sem prejuízo da mul-
reclusão de sete a quinze anos, além de multa. ta.

O segundo qualifica-se pela morte e é chamado de latro- Vejamos agora algumas importantes situações particula-
cínio, de forma que a pena em abstrato será de reclusão res:
de vinte a trinta anos e multa. As duas formas qualifica-
das se aplicam tanto ao roubo próprio quanto ao roubo 1. Homicídio consumado e subtração patrimonial con-
impróprio. sumada - Responde o agente por latrocínio consuma-
do.
Observe:
2. Homicídio tentado e subtração patrimonial tentada - EXTORSÃO
Responde o agente por tentativa de latrocínio.
Extorsão é o ato de obrigar alguém a fazer ou deixar de
3. Tentativa de homicídio e subtração patrimonial con- fazer alguma coisa por meio de ameaça ou violência, com
sumada - Responde o agente por tentativa de latrocí- a intenção de obter vantagem, recompensa ou lucro.
nio. Veja:
Exemplo: Um empresário, político ou funcionário público é
STJ, REsp 601.871/RS, DJ 02.08.2004 descoberto em um esquema de corrupção por seus cole-
Evidenciado o dolo de matar por parte do réu, não há gas, que passam a exigir dinheiro ou ajuda de qualquer
como se afastar a ocorrência da tentativa de latrocínio. natureza para que não o denunciem. Esta é a prática mais
A subtração consumada, aliada ao homicídio tentado, comumente conhecida e que, na verdade, torna o chanta-
caracteriza a tentativa de latrocínio. A magnitude da gista cúmplice do mesmo crime.
lesão corporal causada é de somenos importância para
a configuração do crime de tentativa de latrocínio. Pre- A objetividade jurídica principal é a inviolabilidade do pa-
cedente do STF. trimônio. Trata-se de crime complexo que tem por objetos
jurídicos a vida, a integridade física, a tranquilidade de
4. Homicídio consumado e subtração patrimonial tentada espírito e a liberdade pessoal.
- Responde o agente por latrocínio consumado.
É crime tipificado no art. 158 do Código Penal Brasileiro:
STF - SÚMULA 610
HÁ CRIME DE LATROCÍNIO, QUANDO O HOMICÍDIO SE Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou
CONSUMA, AINDA QUE NÃO SE REALIZE O AGENTE A grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou pa-
SUBTRAÇÃO DE BENS DA VÍTIMA. ra outrem indevida vantagem econômica, a fazer, to-
lerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:
OBSERVAÇÕES: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e mul-
ta.
a) Neste crime, é imprescindível o fator tempo – durante
o assalto + o fator nexo – em razão do assalto. A mor- A extorsão é um delito bem parecido com o roubo e a
te, no latrocínio, pode atingir terceira pessoa (ex. sub- jurisprudência diferencia as duas espécies de crime da
tração de veículo com morte do passageiro). Se na seguinte forma:
subtração forem mortos o proprietário e o passageiro,
uma primeira corrente entende que as várias mortes TJDF - APELAÇÃO CRIMINAL: ACR 20010110588270 DF
serão consideradas na fixação da pena (Cezar Bitten- – DJ 25.01.2006. ROUBO. Extorsão. Diferença.
court). Para uma segunda corrente, há concurso for- CONFORME PRECEDENTE DO COLENDO STJ, NO ROUBO
mal (tese do MP de SP). E NA EXTORSÃO, O AGENTE EMPREGA VIOLÊNCIA OU
GRAVE AMEAÇA A FIM DE SUBMETER A VONTADE DA
b) Se o assaltante mata o outro para ficar com o produto VÍTIMA. NO ROUBO, O MAL É 'IMINENTE' E O PROVEITO
do crime, não é latrocínio, mas homicídio qualificado 'CONTEMPORÂNEO'. NA EXTORSÃO, O MAL PROMETI-
pela torpeza. DO É 'FUTURO' E 'FUTURA' A VANTAGEM QUE SE VISA.

c) O latrocínio é um crime contra o patrimônio, por isso NO ROUBO, O AGENTE TOMA A COISA OU OBRIGA A
não vai à Júri (Súmula 603, do STF). VÍTIMA (SEM OPÇÃO) A ENTREGÁ-LA.
NA EXTORSÃO, A VÍTIMA PODE OPTAR ENTRE ACATAR
d) O latrocínio se consuma com a subtração da coisa e a A ORDEM OU OFERECER RESISTÊNCIA... (RESP. N.
morte da vítima. 90.097-PR, RELATOR MINISTRO LUIZ VICENTE CERNIC-
CHIARO). LIÇÃO QUE SE ADOTA PARA RETIFICAR O
e) Quando a subtração é consumada e a morte é tentada, TIPO LEGAL CONDENATÓRIO.
o latrocínio é tentado.

f) Quando a subtração é tentada e a morte é consumada, 1 CARACTERIZADORES DO DELITO


o latrocínio é consumado (Súmula 610 do STF).
• SUJEITOS DO DELITO:

1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-


do por qualquer pessoa.
2. SUJEITO PASSIVO: Assim como no roubo, é possível a 4. É cometido mediante restrição da liberdade e ocasiona
existência de dois sujeitos passivos, situação em que lesão corporal grave e a morte da vítima;
um recebe a violência e outro faz, deixa de fazer ou to-
lera que se faça ou deixe de fazer alguma coisa. Art. 158. § 3º Se o crime é cometido mediante a res-
trição da liberdade da vítima, e essa condição é ne-
• ELEMENTOS: cessária para a obtenção da vantagem econômica, a
pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além
1. OBJETIVO: É núcleo do tipo: da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte,
• Constranger (mediante violência ou grave ameaça). aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º,
respectivamente.
2. SUBJETIVO:
1. Dolo; e Observação: Já tratamos destas qualificadoras quando
2. A expressão “com o intuito de obter para si ou para vimos o crime de roubo e, para elas, cabem os mesmos
outrem indevida vantagem econômica”. comentários.

3. NORMATIVO: EXTORSÃO INDIRETA


• O tipo exige um elemento normativo contido na ex-
pressão “vantagem indevida”. Assim, caso devida a O legislador penal fez constar no art. 160 do Código Penal
vantagem, o fato é atípico diante da inexistência do a seguinte previsão de crime:
elemento normativo, passando a constituir exercício
arbitrário das próprias razões (CP, art. 345). Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida,
abusando da situação de alguém, documento que
 OBS: pode dar causa a procedimento criminal contra a ví-
Na extorsão, a vantagem deve ser econômica (bens mó- tima ou contra terceiro:
veis e imóveis). Caso seja moral, desclassifica-se o delito Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
para constrangimento ilegal (cp, art. 146).
Conforme a Exposição de Motivos do Código Penal, a
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA criminalização de tal conduta visa “a coibir os torpes e
opressivos expedientes a que recorrem, por vezes, os
1. Trata-se de crime formal. O crime é consumado com a agentes da usura, para garantir-se contra o risco do di-
ação ou omissão da vítima, no momento em que ela nheiro mutuado. São bem conhecidos esses recursos,
faz, deixa de fazer ou tolera que se faça alguma coisa. como, por exemplo, o de induzir o necessitado cliente a
assinar um contrato simulado de depósito ou a forjar no
STJ - SÚMULA 96 título de dívida a assinatura de um parente abastado, de
O crime de extorsão consuma-se independentemente da modo que, não resgatada a dívida no vencimento, ficará o
obtenção Da vantagem indevida. mutuário sob a pressão da ameaça de um processo por
apropriação indébita ou falsidade”.
2. É admissível a tentativa.
Do exposto, fica claro que é necessário para a ocorrência
• TIPO QUALIFICADO: Responde o agente pelo crime de do delito algum documento que possa dar ensejo ao início
extorsão qualificada quando o crime: de um processo penal (Exemplo: cheque sem fundos,
documento falso etc.). Além disso, exige-se que o sujeito
1. É cometido por duas ou mais pessoas; ativo abuse da situação financeira da vítima.
2. É cometido com emprego de arma;
Quanto à conduta de exigir, trata-se de crime formal e
Art. 158. § 1º - Se o crime é cometido por duas ou atinge a consumação com a simples exigência, indepen-
mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se dentemente de qualquer resultado. Há possibilidade de
a pena de um terço até metade. tentativa como no caso em que uma carta contendo a
exigência é interceptada por autoridade policial.
3. É cometida com violência;
No que diz respeito ao ato de receber, trata-se de crime
Art. 158. § 2º - Aplica-se à extorsão praticada medi- material que somente se consuma com a entrega do do-
ante violência o disposto no § 3º do artigo anterior (§ cumento ao sujeito do delito. É possível a ocorrência do
3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pe- crime na forma tentada.
na é de reclusão, de sete a quinze anos, além da mul-
ta; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta
anos, sem prejuízo da multa)
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO STJ, HC 87.764/SC, DJ 25.05.2009
Extorsão mediante sequestro: a consumação desse deli-
Encontra previsão no art. 159 do Código Penal, nos se- to prescinde da efetiva obtenção da vantagem, pelo que,
guintes termos: com a privação de liberdade, já está consumado o delito.
O curto tempo de privação da liberdade não retira a ati-
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para picidade da conduta.
si ou para outrem, qualquer vantagem, como condi-
ção ou preço do resgate: 2. É admissível a tentativa.
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
• TIPO QUALIFICADO: Segundo o parágrafo 1º do art.
Como se observa, consiste na conduta de privar alguém 159 do Código Penal, responde o agente pelo crime
de liberdade e exigir determinada vantagem a fim de libe- qualificado se o sequestro dura mais de 24 (vinte e
rá-la. quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoi-
to) ou maior de 60 (sessenta) anos ou se o crime é
CARACTERIZADORES DO DELITO cometido por bando ou quadrilha.

• SUJEITOS DO DELITO: • TIPO QUALIFICADO PELO RESULTADO: Nos termos


dos parágrafos 2º e 3º do art. 159 do Código Penal,
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi- caso o fato resulte em lesão corporal de natureza gra-
do por qualquer pessoa. ve, a pena é de reclusão de 16 a 24 anos. Caso resulte
em morte, a reclusão é de 24 a 30 anos.
2. SUJEITO PASSIVO: Assim como na extorsão simples, é
possível a existência de dois sujeitos passivos, situa- Para a sua PROVA, o importante é o conhecimento de que
ção em que um é sequestrado, enquanto a intenção de a lesão corporal grave e a morte agravam a pena prevista
se obter a vantagem atinge outro. É a forma normal para o crime de extorsão mediante sequestro, não sendo
deste delito no qual, por exemplo, o filho é sequestrado necessário o conhecimento exato dos prazos de penali-
e a vantagem é exigida dos pais. zação.

• ELEMENTOS: • CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA – DELAÇÃO PREMI-


ADA: Conforme o parágrafo 4º do art. 159, se o crime é
1. OBJETIVO: É núcleo do tipo: cometido em concurso, o concorrente que o denunciar
• Sequestrar; à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado,
terá sua pena reduzida de um a dois terços.
2. SUBJETIVO:
1. Dolo; e Extorsão indireta
2. A expressão “com o fim de obter para si ou para ou-
trem”. Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida,
abusando da situação de alguém, documento que pode
Observação: Caso ausente este último elemento subjeti- dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou
vo, responderá o agente pelo delito previsto no art. 148 do contra terceiro:
Código Penal: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante


sequestro ou cárcere privado: DA USURPAÇÃO
Pena - reclusão, de um a três anos. Alteração de limites
PENAL Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou
NA EXTORSÃO, A VANTAGEM DEVE SER ECONÔMICA. qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para
DIFERENTEMENTE, NA EXTORSÃO MEDIANTE SEQUES- apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:
TRO, A LEI TRATA DE QUALQUER VANTAGEM.
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
PROFESSOR PEDRO IVO
§ 1º - Na mesma pena incorre quem:
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Usurpação de águas
1. Trata-se de crime hediondo, permanente, complexo e I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem,
formal. O crime é consumado com a privação de liber- águas alheias;
dade da vítima por tempo juridicamente relevante. Esbulho possessório
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, Ação penal
ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu
ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. parágrafo e do art. 164, somente se procede mediante
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na queixa.
pena a esta cominada.
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego CAPÍTULO V
de violência, somente se procede mediante queixa. DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
Supressão ou alteração de marca em animais Apropriação indébita
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que
ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de proprieda- tem a posse ou a detenção:
de:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.

01.Sujeitos do crime, objeto jurídico e objeto material: o


CAPÍTULO IV sujeito passivo é qualquer pessoa que tenha a posse
DO DANO legítima e desprotegida da coisa. Se a posse for vigia-
Dano da pode caracterizar o furto. O sujeito passivo é qual-
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: quer pessoa física ou jurídica.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. O objeto jurídico é o patrimônio e o objeto material é a
coisa alheia móvel. Não existe apropriação indébita de
Dano qualificado
imóvel.
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
02.Elemento subjetivo: na apropriação indébita, o dolo de
II - com emprego de substância inflamável ou explosi- apropriar-se (agir como se fosse dono) é posterior a
va, se o fato não constitui crime mais grave posse da coisa. O agente, de boa fé, recebe a posse ou
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, a detenção lícita da coisa, dada espontaneamente pelo
empresa concessionária de serviços públicos ou socieda- proprietário e só depois quer se apropriar.
de de economia mista; (Redação dada pela Lei nº 5.346, Diante disso, na apropriação indébita, a posse inicial é
de 3.11.1967) lícita, só depois que se torna ilícita. Nos demais crimes
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável contra o patrimônio a posse é ilícita desde o início.
para a vítima:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, 03.Apropriação indébita de uso: se o agente apropriar-se
além da pena correspondente à violência. momentaneamente apenas com a intenção de usar e
Introdução ou abandono de animais em propriedade restituí-la não há crime.
alheia
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade 04.Consumação e tentativa: ocorre a consumação no
alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que momento que o agente pratica algum ato de inversão
o fato resulte prejuízo: da propriedade. Embora com divergências, prevalece
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou mul- que existe a tentativa (agente loca um automóvel e
ta. quando está vendendo o carro é preso pelo dono da
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou his- locadora de automóvel, por exemplo).
tórico
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tomba- Aumento de pena
da pela autoridade competente em virtude de valor artísti- § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o
co, arqueológico ou histórico: agente recebeu a coisa:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. I - em depósito necessário;
Alteração de local especialmente protegido II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competen- inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
te, o aspecto de local especialmente protegido por lei: III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela Lei
nº 9.983, de 2000)
o
01.Crimes contra a previdência social: com o objetivo § 3 É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
claro de forçar as empresas a efetuarem suas contri- aplicar somente a de multa se o agente for primário e de
buições corretamente, o legislador ordinário instituiu bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983,
tipos penais, visando atingir àqueles que não recolhem de 2000)
suas contribuições. I - tenha promovido, após o início da ação fiscal e an-
tes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição
Naturalmente, a tipificação penal visa punir as pesso- social previdenciária, inclusive acessórios; ou (Incluído
as físicas encarregadas pelo recolhimento, e não as em- pela Lei nº 9.983, de 2000)
presas. O direito previdenciário não engloba a responsabi- II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessó-
lidade penal da empresa, mas somente de seus responsá- rios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previ-
veis. dência social, administrativamente, como sendo o mínimo
Até a edição da Lei nº 9.983, de 14 de Julho de 2000, a para o ajuizamento de suas execuções fiscais. (Incluído
tipificação das condutas criminosas constava, na maior pela Lei nº 9.983, de 2000)
parte, do art. 95 da Lei nº 8.212/91. Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou
Após a publicação daquele diploma legal, o art. 95 res- força da natureza
tou revogado (com exceção de seu § 2º) e os ilícitos pe- Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao
nais previdenciários passaram a constar do corpo do Có- seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
digo Penal brasileiro (não houve abolitio criminis). Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Observem que a Lei 8.137/90 continua válida, preven- Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
do os crimes contra a ordem tributária. Ainda que esta lei
Apropriação de tesouro
até faça referência às contribuições, pelo princípio da
especialidade, atualmente aplicamos, para contribuições I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria,
sociais, somente os crimes da Lei nº 9.983/00. Os princi- no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprie-
pais crimes previdenciários estão nos tipos penais dos tário do prédio;
artigos 168-A e 337-A, CP. Apropriação de coisa achada
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria,
contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou
forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade compe-
de 2000) tente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) se o disposto no art. 155, § 2º.
o
§ 1 Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Inclu-
ído pela Lei nº 9.983, de 2000) CAPÍTULO VI
I - recolher, no prazo legal, contribuição ou outra impor- DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
tância destinada à previdência social que tenha sido des- Estelionato
contada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilíci-
ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei nº 9.983, de ta, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em
2000) erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio frau-
II - recolher contribuições devidas à previdência social dulento:
que tenham integrado despesas contábeis ou custos rela- Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
tivos à venda de produtos ou à prestação de serviços;
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
01.Sujeitos do crime: o sujeito ativo é qualquer pessoa e o
III - pagar benefício devido a segurado, quando as res-
sujeito passivo é tanto a pessoa que foi enganada co-
pectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à
mo a que sofreu o prejuízo patrimonial, que pode não
empresa pela previdência social. (Incluído pela Lei nº
ser as mesmas pessoas.
9.983, de 2000)
o
§ 2 É extinta a punibilidade se o agente, espontanea-
mente, declara, confessa e efetua o pagamento das con- A vítima tem que ter capacidade de ser iludida (discer-
tribuições, importâncias ou valores e presta as informa- nimento). Se a vítima não tem capacidade de ser iludida
ções devidas à previdência social, na forma definida em (criança, doente mental, por exemplo) pode caracterizar o
lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. (Incluí- crime é de abuso de incapazes (art. 173, CP).
do pela Lei nº 9.983, de 2000)
02.Crime plurissubsistente: o estelionato é crime pluris- Disposição de coisa alheia como própria
subsistente, ou seja, praticado mediante vários atos, I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou
quais sejam: (1) agente emprega meio fraudulento; (2) em garantia coisa alheia como própria;
com esse meio induz ou mantém a vítima em erro; (3)
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
com isso, obtém vantagem patrimonial indevida; (4) e
causa prejuízo alheio. II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia
coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou
imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante paga-
03.Fraude bilateral: a fraude bilateral, que ocorre quando mento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas
a vítima também imagina que está levando vantagem, circunstâncias;
não exclui o estelionato (no conto do bilhete premiado,
Defraudação de penhor
por exemplo).
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo
credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando
04.Consumação e tentativa: para a consumação do crime tem a posse do objeto empenhado;
é necessário a obtenção de vantagem patrimonial in-
Fraude na entrega de coisa
devida e que a vítima sofra prejuízos. Faltando um
desses requisitos, não há consumação. IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de
coisa que deve entregar a alguém;
Fraude para recebimento de indenização ou valor de
Há tentativa quando o agente consegue iludir a vítima
seguro
com a fraude, mas não consegue obter a vantagem patri-
monial e causar prejuízo. V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa pró-
pria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as
conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de ha-
05.“Cola eletrônica”: o STF decidiu que “cola eletrônica” ver indenização ou valor de seguro;
não caracteriza crime de estelionato, sendo fato atípi-
Fraude no pagamento por meio de cheque
co (Inq 1145).
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos
em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
06.Moeda grosseiramente falsificada: configura o estelio-
nato (súmula 73, STJ). Caso o agente não conseguiu
iludir é tentativa de estelionato (súmula 73, STJ). 01.Condutas: emitir cheque sem fundos (no momento da
emissão já não tem fundos e o agente já sabe que não
tem fundos); frustrar o pagamento (no momento que o
07.Estelionato e falsidade documental: o agente responde cheque é emitido há fundos, mas depois o agente im-
pelos dois crimes, em concurso material, se o docu- pede o pagamento, retirando o dinheiro ou sustando o
mento puder ser utilizado em outros crimes (comprou cheque, por exemplo).
algo com RG falsificado, por exemplo). Entretanto, o
02.Elemento subjetivo: só caracteriza o crime se no mo-
agente responde só pelo estelionato se o documento
mento que o agente emite o cheque já estiver com o
não puder ser utilizado em outros crimes de esteliona-
dolo de fraudar o pagamento. Se emitir de boa-fé e de-
to (compra com cheque falso, por exemplo). Essa con-
pois por um motivo justificado não conseguir honrar o
clusão é extraída da súmula 17 do STJ.
pagamento, não há crime (Súmula 246, STF).
03.Consumação e tentativa: o crime não se consuma no
Para o STF, porém, sempre há concurso formal entre momento da emissão, mas no momento em que o
estelionato e falsidade documental. banco sacado se recusa a pagar, porque antes disso o
emitente pode depositar dinheiro na conta.
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o
prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto Embora difícil, a doutrina admite a tentativa (exemplo:
no art. 155, § 2º. o marido emitiu cheque sem fundos e a mulher indignada
deposita o dinheiro)
08.Estelionato privilegiado: é importante destacar que são
requisitos do estelionato privilegiado ser o criminoso 04.Juízo competente: o juízo competente para julgar esse
primário e o prejuízo de pequeno valor, ao passo que crime e o juízo do local do banco que se recusou ao
no furto privilegiado é réu primário e coisa de pequeno pagamento (Súmula 521, STF).
valor.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
05.Reparação do dano: se o agente repara o dano antes § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a quali-
do recebimento da denúncia, não pode haver ação pe- dade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso,
nal (Súmula 554, STF). Não é arrependimento posteri- pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor;
or. vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso,
metal de ou outra qualidade:
06.Considerações finais: esse crime só se aplica quando Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
o cheque é verdadeiro, emitido pelo próprio titular da § 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
conta e a conta efetivamente existe (se o cheque foi Outras fraudes
furtado, por exemplo, o crime é o estelionato básico).
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em
hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de
Cheque para pagamentos de jogos ilícitos não é crime recursos para efetuar o pagamento:
porque não configuram dívidas tuteladas. Já o cheque Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou mul-
sem fundos para pagamento de jogos lícitos é crime ta.
(exemplo: pagamento de lotérica).
Parágrafo único - Somente se procede mediante repre-
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é sentação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, dei-
cometido em detrimento de entidade de direito público ou xar de aplicar a pena.
de instituto de economia popular, assistência social ou
Fraudes e abusos na fundação ou administração de
beneficência.
sociedade por ações
Duplicata simulada
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação ao
não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou público ou à assembleia, afirmação falsa sobre a consti-
qualidade, ou ao serviço prestado. (Redação dada pela Lei tuição da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato
nº 8.137, de 27.12.1990) a ela relativo:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e mul- Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato
ta. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) não constitui crime contra a economia popular.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle § 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui
que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Re- crime contra a economia popular: (Vide Lei nº 1.521, de
gistro de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968) 1951)
Abuso de incapazes I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de ne- ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou
cessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alie- comunicação ao público ou à assembleia, faz afirmação
nação ou debilidade mental de outrem, induzindo qual- falsa sobre as condições econômicas da sociedade, ou
quer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas
jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro: relativo;
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por
Induzimento à especulação qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros
títulos da sociedade;
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da
inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à so-
de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à ciedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos
especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da as-
devendo saber que a operação é ruinosa: sembleia geral;
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por
conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando
Fraude no comércio
a lei o permite;
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial,
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito
o adquirente ou consumidor:
social, aceita em penhor ou em caução ações da própria
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria sociedade;
falsificada ou deteriorada;
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em
II - entregando uma mercadoria por outra: desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. lucros ou dividendos fictícios;
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta
pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a aprova-
ção de conta ou parecer;
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII; CARACTERIZADORES DO DELITO
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira,
autorizada a funcionar no País, que pratica os atos men- • SUJEITOS DO DELITO:
cionados nos nº. I e II, ou dá falsa informação ao Governo.
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a
do por qualquer pessoa, SALVO o autor, co-autor ou
dois anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vanta-
partícipe do delito antecedente.
gem para si ou para outrem, negocia o voto nas delibera-
ções de assembleia geral.
Observação: Perceba que o tipo penal da receptação utili-
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou za a palavra “coisa” e não a expressão “coisa alheia”. As-
"warrant" sim, nada impede que o proprietário do bem seja sujeito
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, ativo do crime de receptação.
em desacordo com disposição legal:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Exemplo: Tício fornece uma obra de arte como forma de
Fraude à execução garantia de um contrato. Dias depois a obra é roubada e o
bandido oferece a pintura à Tício que, por ser um profun-
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, des-
do conhecedor de artes, prontamente identifica o quadro.
truindo ou danificando bens, ou simulando dívidas:
Tício, a fim de frustrar a garantia, prontamente compra o
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. quadro por um valor bem abaixo do preço.
Parágrafo único - Somente se procede mediante quei-
xa. 2. SUJEITO PASSIVO: É a vítima do crime antecedente.

RECEPTAÇÃO • OBJETO MATERIAL: Somente os bens móveis podem


ser objeto de receptação e aqui surge um importante
O crime de receptação encontra-se definido no art. 180 do questionamento: Para a ocorrência da receptação,
Código Penal, nos seguintes termos: obrigatoriamente o crime anterior que obteve o bem
deve ser contra o patrimônio?
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe A resposta é negativa, pois podemos ter a ocorrência da
ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de receptação recaindo sobre um bem advindo do crime de
boa-fé, a adquira, receba ou oculte: peculato que, como você sabe, é um crime contra a Admi-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. nistração Pública.

Do art. 180 é possível retirarmos duas formas de recepta- Observação: É cabível a receptação da receptação, situa-
ção. São elas: ção em que um indivíduo adquire um bem proveniente de
crime e o revende para outro indivíduo.
1. Receptação dolosa própria � Consiste em receber,
transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio • ELEMENTOS:
ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime.
1. OBJETIVO: São núcleos do tipo:
2. Receptação dolosa imprópria � Consiste em influir para
que terceiro de boa-fé a adquira, receba ou oculte coi- • Na receptação dolosa própria- Adquirir, receber,
sa proveniente de crime. transportar, conduzir ou ocultar (em proveito próprio
ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime)
Ocorre, entretanto, que a receptação possui outras figuras • Na receptação dolosa imprópria- Influir (para que ter-
típicas além da supracitada. Desta forma, podemos resu- ceiro de boa-fé a adquira, receba ou oculte coisa pro-
mir o assunto da seguinte forma: veniente de crime).

2. SUBJETIVO:
TIPOS PENAIS DO CRIME DE RECEPTAÇÃO
RECEPTAÇÃO SIMPLES Art. 180, caput
1. Dolo; e
RECEPTAÇÃO PRIVILEGIADA Art. 180, § 5º, 2ª
2. A expressão “para si ou para outrem”.
parte
RECEPTAÇÃO QUALIFICADA Art. 180, § 6º
Observação: Sem o fim especial de obter vantagem para
RECEPTAÇÃO NO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE Art. 180, § 1º
si ou para outrem, ocorre a desclassificação do delito
COMERCIAL
para o crime de favorecimento real (art. 349).
RECEPTAÇÃO CULPOSA Art. 180, § 3º
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza
ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela
1. Receptação dolosa própria - Trata-se de crime materi- condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida
al. Desta forma, consuma-se com o ato de aquisição, por meio criminoso:
recebimento, transporte, condução ou ocultação. É Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou
admissível a tentativa. ambas as Penas.

2. Receptação dolosa imprópria- Trata-se de crime formal Perceba que o Código Penal só apresenta como núcleo do
que atinge a consumação com a conduta de influir, tipo os verbos adquirir e receber. Isso ocorre, pois o fato
não importando se o terceiro efetivamente adquiriu, de ocultar algo caracteriza dolo e não culpa. Observe
recebeu ou ocultou o objeto material. Não é admissível também que o fato de influir para que terceiro realize a
a tentativa, uma vez que se trata de delito unissubsis- conduta culposa não foi tratada por ser considerada irre-
tente. levante pelo legislador penal.

Por fim, cabe ressaltar o parágrafo 4º do art. 180, que Finalizando este tópico, cabe ressaltar que na 1º parte do
dispõe que a receptação é punível ainda que desconheci- parágrafo 5º do art. 180 há uma hipótese de perdão judi-
do ou isento de pena o autor do crime de que proveio a cial quando ocorre a receptação culposa:
coisa. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário,
RECEPTAÇÃO NO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE COMERCIAL pode o juiz, tendo em consideração as circunstân-
cias, deixar de aplicar a pena.
O delito encontra previsão no art. 180 do Código Penal,
nos seguintes termos: RECEPTAÇÃO QUALIFICADA

Art. 180 [...] O parágrafo 6º do art. 180 determina que, em se tratando


§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, de bens e instalações do patrimônio da União, Estado,
ter em depósito, desmontar, montar, remontar, ven- Município, empresa concessionária de serviços públicos
der, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em ou sociedade de economia mista, a pena prevista no caput
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade do art. 180 aplica-se em dobro.
comercial ou industrial, coisa que deve saber ser
produto de crime: RECEPTAÇÃO PRIVILEGIADA
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
A segunda parte do parágrafo 5º do art. 180 estende à
Trata-se de crime próprio, pois só pode ser cometido por receptação dolosa o privilégio do furto. Tal diminuição de
comerciante ou industrial. Cabe ressaltar, entretanto, o pena não é cabível nos casos de receptação qualificada.
parágrafo 2º do art. 180, que dispõe:
APROPRIAÇÃO INDÉBITA
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito
do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio ir- Mais uma vez, visando proteger o patrimônio, o legislador
regular ou clandestino, inclusive o exercício em resi- penal definiu como crime a conduta de:
dência.
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que
RECEPTAÇÃO CULPOSA tem a posse ou a detenção:

Guerreiro, imagine que Tício apresenta para você um reló- Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
gio rolex (original), todo em ouro, pelo preço de R$ 200,00.
Você desconfiaria da procedência do produto? A apropriação indébita pode ser classificada em:

Claro que a resposta só pode ser positiva e para estas 7. Apropriação indébita propriamente dita - Significa
situações absurdas responderá o indivíduo que comprar o receber a posse ou detenção lícita da coisa e dispor
objeto pelo crime de receptação culposa. Observe a previ- dela como se fosse sua (vendendo, doando etc.).
são legal:
8. Negativa de restituição - Quando o sujeito deixa claro
Art. 180 ao ofendido que não restituirá o objeto material.
[...]
Observação: Existem casos definidos no Código Civil em • Apropriar-se (que significa fazer sua a coisa alheia).
que a negativa de restituição não constitui delito. É o ca-
so, por exemplo, do hotel que retêm a bagagem do hóspe- 2. SUBJETIVO:
de que não apresenta condições de efetuar o pagamento.
1. Dolo;
O pressuposto da apropriação indébita é que inicialmente
o agente recebe a posse ou detenção lícita da coisa, Observação: Se o sujeito já recebe a coisa a título de pos-
mesmo sem ter ainda o propósito de cometer um delito. se ou detenção, com a finalidade de apropriar-se dela,
responde por estelionato, e não por apropriação indébita.
Posteriormente, quando ele teria que devolver a coisa, se
nega a fazê-lo ou passa a agir em relação a ela como se 3. NORMATIVO:
dono fosse (vendendo, doando etc.).
• Encontra-se na expressão “alheia”, referindo-se à coi-
Seria o caso, por exemplo, do indivíduo que aluga dez sa.
filmes em uma locadora e dias depois, a fim de melhorar
sua condição financeira, resolve vendê-las na rua 25 de Tratando-se de coisa própria, a conduta é atípica. Todavia,
março. o fato PODE ser cometido pelo sócio, co-herdeiro ou co-
proprietário.
Podemos dizer que se caracteriza este delito, fundamen-
talmente, pelo abuso de confiança. • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

“Mas professor... Agora surgiu uma dúvida... Qual a dife- 9. Apropriação indébita propriamente dita- Consuma-se
rença do abuso de confiança que constitui elementar da o delito com o ato de dispor a coisa como se fosse
apropriação indébita para o abuso que qualifica o furto?” sua. É cabível a tentativa como, por exemplo, no caso
em que o sujeito é surpreendido no momento em que
Boa pergunta! Segundo leciona Damásio, na apropriação vai vender a coisa.
indébita, o agente tem posse desvigiada do objeto materi-
al; no furto qualificado pelo abuso de confiança, o sujeito 10. Negativa de restituição � Consuma-se quando o sujeito
não tem posse do objeto material que continua na esfera se nega a devolver o objeto material. Neste caso, a
de proteção, vigilância e posse do seu dono. Suponha-se tentativa não é admissível.
que o sujeito, numa biblioteca pública, apanhe o livro que
lhe foi confiado pela bibliotecária e o esconda sob o pale- APROPRIAÇÃO INDÉBITA QUALIFICADA
tó, subtraindo-o.
Nos termos do parágrafo único do art. 168 do Código
Neste caso, responde o agente pelo crime de furto qualifi- Penal, a pena é aumentada de um terço quando o agente
cado pelo abuso de confiança. Suponha-se, agora, que o recebe a coisa:
sujeito, da mesma biblioteca pública, tome emprestado o
livro e, levando-o para casa, venda-o a terceiro. Neste ca- 11. Em depósito necessário - O depósito necessário en-
so, responde por apropriação indébita. contra-se disposto nos arts. 647, 648 e 649 do Código
Civil (a título de conhecimento, reproduzo abaixo).
CARACTERIZADORES DO DELITO
12. Na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
• SUJEITOS DO DELITO: inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;

1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-


do por qualquer pessoa que tenha a posse ou deten- 13. Em razão de ofício, emprego ou profissão.
ção.
APROPRIAÇÃO INDÉBITA PRIVILEGIADA
Observação: No caso de funcionário público, há delito de
peculato. O art. 170 do CP estende à apropriação indébita o privilé-
2. SUJEITO PASSIVO: É o indivíduo que, não cumprida a gio do furto.
relação obrigacional, sofre prejuízo.
Significa que se o criminoso é primário e é de pequeno
• ELEMENTOS: valor a coisa apropriada, deve o juiz substituir a pena de
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços
1. OBJETIVO: É núcleo do tipo: ou aplicar somente a pena de multa.
OUTRAS FIGURAS DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA § 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (In-
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA – Pela impor- I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra im-
tância, trataremos em um tópico separado. portância destinada à previdência social que tenha
sido descontada de pagamento efetuado a segura-
APROPRIAÇÃO DE COISA HAVIDA POR ERRO, CASO FOR- dos, a terceiros ou arrecadada do público; (Incluído
TUITO OU FORÇA DA NATUREZA - pela Lei nº 9.983, de 2000)
II – recolher contribuições devidas à previdência so-
Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder cial que tenham integrado despesas contábeis ou
por erro, caso fortuito ou força da natureza. custos relativos à venda de produtos ou à prestação
de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 647. É depósito necessário: III - pagar benefício devido a segurado, quando as
I - o que se faz em desempenho de obrigação legal; respectivas cotas ou valores já tiverem sido reem-
II - o que se efetua por ocasião de alguma calamida- bolsados à empresa pela previdência social. (Incluí-
de, como o incêndio, a inundação, o naufrágio ou o do pela Lei nº 9.983, de 2000).
saque.
CARACTERIZADORES DO DELITO
Art. 648. O depósito a que se refere o inciso I do arti-
go antecedente, reger-se-á pela disposição da res- • SUJEITOS DO DELITO:
pectiva lei, e, no silêncio ou deficiência dela, pelas
concernentes ao depósito voluntário. 14. SUJEITO ATIVO: É a pessoa que tem o dever de repas-
Parágrafo único. As disposições deste artigo apli- sar valores à Previdência. Trata-se de crime próprio.
cam-se aos depósitos previstos no inciso II do artigo
antecedente, podendo estes certificarem-se por 15. SUJEITO PASSIVO: Primariamente, é a previdência
qualquer meio de prova. social e, de forma secundária, os próprios segurados
lesados pelo não repasse.
Art. 649. Aos depósitos previstos no artigo antece-
dente é equiparado o das bagagens dos viajantes ou • ELEMENTOS:
hóspedes nas hospedarias onde estiverem.
Parágrafo único. Os hospedeiros responderão como 16. OBJETIVO: É elementar do tipo da conduta principal:
depositários, assim como pelos furtos e roubos que
perpetrarem as pessoas empregadas ou admitidas • Deixar de repassar (as contribuições recolhidas dos
nos seus estabelecimentos. contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional)

APROPRIAÇÃO DE TESOURO - Achar tesouro em prédio 17. SUBJETIVO:


alheio e se apropriar, no todo ou em parte, da quota a que
tem direito o proprietário do prédio. Dolo.

APROPRIAÇÃO DE COISA ACHADA - Achar coisa alheia • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA


perdida e dela se apropriar, total ou parcialmente, deixan-
do de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de en- 1. É crime material. Consuma-se o delito na data do tér-
tregá-la à autoridade competente dentro no prazo de 15 mino do prazo convencional ou legal do repasse ou re-
(quinze) dias. colhimento das contribuições devidas ou do pagamen-
to do benefício devido.
APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA 2. Não é admissível a tentativa.

O legislador, também através da lei nº 9.983/00, inseriu o EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE


seguinte dispositivo no Código Penal:
O legislador achou por bem dar uma “chance” ao agente,
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social ou seja, caso aja conforme o parágrafo 2º do art. 168-A,
as contribuições recolhidas dos contribuintes, no não será punido. Veja:
prazo e forma legal ou convencional: (Incluído pela
Lei nº 9.983, de 2000) Art. 168-A [...]
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e mul- § 2º É extinta a punibilidade se o agente, espontane-
ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) amente, declara, confessa e efetua o pagamento das
contribuições, importâncias ou valores e presta as
informações devidas à previdência social, na forma STJ, REsp 888.947/PB, DJ 23.04.2007
definida em lei ou regulamento, antes do início da
ação fiscal. 1. O dolo do crime de apropriação indébita previdenciária é
a consciência e a vontade de não repassar à Previdência,
Do exposto acima, podemos concluir que, para que ocorra dentro do prazo e na forma da lei, as contribuições reco-
a extinção de punibilidade, deve o agente cumprir simul- lhidas, não se exigindo a demonstração de especial fim
taneamente os seguintes requisitos: de agir ou o dolo específico de fraudar a Previdência So-
cial como elemento essencial do tipo penal.
1. PESSOALIDADE- A retratação deve ser feita pelo PRÓ-
PRIO agente. 2. Ao contrário do que ocorre na apropriação indébita co-
mum, não se exige o elemento volitivo consistente no
2. ESPONTANEIDADE- Devem ser espontâneas as condu- animus rem sibi habendi (dolo específico) para a confi-
tas de declarar e confessar. guração do tipo inscrito no art. 168-A do Código Penal.

3. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES DEVIDAS À PREVI- 3. Sendo assim, o registro nos livros contábeis e a declara-
DÊNCIA SOCIAL. ção ao Poder Público dos descontos não recolhidos,
conquanto sejam utilizados para comprovar a inexistên-
4. ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. cia da intenção de se apropriar dos valores arrecadados,
não têm reflexo na apreciação do elemento subjetivo do
5. PAGAMENTO referido delito.

• PERDÃO JUDICIAL 4. Trata-se de crime omissivo próprio, em que o tipo objeti-


vo é realizado pela simples conduta de deixar de reco-
O art. 168-A traz em seu parágrafo 3º uma hipótese de lher as contribuições previdenciárias aos cofres públicos
perdão judicial. no prazo legal, após a retenção do desconto.
Veja o disposto:
5. A alegada impossibilidade de repasse de tais contribui-
§ 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou ções em decorrência de crise financeira da empresa
aplicar somente a de multa se o agente for primário e constitui, em tese, causa supralegal de exclusão da cul-
de bons antecedentes, desde que: pabilidade -inexigibilidade de conduta diversa -, e, para
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e que reste configurada, é necessário que o julgador veri-
antes de oferecida a denúncia, o pagamento da con- fique a sua plausibilidade, de acordo com os fatos con-
tribuição social previdenciária, inclusive acessórios; cretos revelados nos autos, não bastando para tal a refe-
ou rência a meros indícios de insolvência da sociedade.
II – o valor das contribuições devidas, inclusive
acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido 6. O ônus da prova, nessa hipótese, compete à defesa, e
pela previdência social, administrativamente, como não à acusação, por força do art. 156 do CPP.
sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execu-
ções fiscais. ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES

Para os dois casos, além das condições subjetivas (ser O art. 171 do Código Penal define o estelionato nos se-
primário e bons antecedentes), é necessário que o valor guintes termos:
das contribuições devidas seja igual ou inferior ao teto
fixado pela Previdência Social e que o pagamento seja Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem
feito antes de oferecida a denúncia. ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo al-
guém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
Vejamos: outro meio fraudulento:
CURSO Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Para finalizar a apropriação indébita previdenciária, ob-
serve este interessante julgado do STJ que resume gran- Como você pode perceber a partir da análise do supra
de parte do que vimos: dispositivo, a característica fundamental do estelionato é
a fraude. Mas qual a diferença entre a fraude do estelio-
nato e a fraude que qualifica o furto?
No furto, a fraude ilude a vigilância do ofendido. Desta 2. SUBJETIVO:
forma, não tem o sujeito passivo a percepção de que o
objeto está ingressando na esfera de disponibilidade do 1. Dolo; e
criminoso. 2. A expressão “para si ou para outrem” referindo-se à
vantagem indevida.
Diferentemente, no estelionato, a fraude objetiva que a
vítima incida em erro e, a partir deste erro, desfaça-se CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
conscientemente de seus bens, ingressando estes na
esfera de disponibilidade do autor. 1. Trata-se de crime material que obtém sua consumação
com a obtenção da vantagem ilícita, em prejuízo
Exemplo: Tício comparece na casa de Mévio e pergunta alheio.
se ele está interessado em fazer um empréstimo com 2. A tentativa é admissível.
taxas muito vantajosas. Mévio mostra-se animado, diz
que quer R$1.000,00 a título de empréstimo para pagar • TIPO QUALIFICADO: A pena aumenta-se de um terço
em 36 meses. se o crime é cometido em detrimento de entidade de
direito público ou de instituto de economia popular,
Tício entrega para Mévio um formulário e solicita vários assistência social ou beneficência.
documentos.
• TIPO PRIVILEGIADO: O art. 171, parágrafo 1º do CP
Dias depois Tício liga para Mévio e diz que o dinheiro já estende ao estelionato o privilégio do furto. Observe:
está na conta, mas que ocorreu um engano e foram depo-
sitados dez mil ao invés do valor solicitado. Art. 171
[...]
Desta forma, solicita encarecidamente que Mévio transfi- § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor
ra R$ 9.000,00 para a conta XYZ. o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o dis-
posto no art. 155, § 2º.
Mévio verifica o depósito de R$10.000,00 e efetua a trans-
ferência solicitada. OUTRAS FRAUDES:

Tempo depois, Mévio descobre que Tício solicitou ao ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES-
banco, em seu nome, um empréstimo de R$ 10.000,00 e
não de R$1.000,00. Desta forma, não havia dinheiro depo- DISPOSIÇÃO DE COISA ALHEIA COMO PRÓPRIA - vender,
sitado a mais e a conta informada por Tício não era a do permutar, dar em pagamento, em locação ou em garantia
banco, mas a dele mesmo a fim de “embolsar” o dinheiro. coisa alheia como própria.

No caso em tela, Tício claramente induz Mévio ao erro e ALIENAÇÃO OU ONERAÇÃO FRAUDULENTA DE COISA
este, conscientemente, transfere o valor para a conta de PRÓPRIA - vender, permutar, dar em pagamento ou em
Tício. Assim, opera-se o ESTELIONATO. garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou
litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, medi-
CARACTERIZADORES DO DELITO ante pagamento em prestações, silenciando sobre qual-
quer dessas circunstâncias.
SUJEITOS DO DELITO:
DEFRAUDAÇÃO DE PENHOR - defraudar, mediante aliena-
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi- ção não consentida pelo credor ou por outro modo, a ga-
do por qualquer pessoa que induz ou mantém a vítima rantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empe-
em erro, mediante artifício ardil ou qualquer outro meio nhado.
fraudulento.
FRAUDE NA ENTREGA DE COISA – defraudar substância,
2. SUJEITO PASSIVO: É a pessoa enganada. qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a
alguém.
• ELEMENTOS:
FRAUDE PARA RECEBIMENTO DE INDENIZAÇÃO OU VA-
1. OBJETIVO: É núcleo do tipo: LOR DE SEGURO - destruir, total ou parcialmente, ou ocul-
• Obter (para si ou para outrem, vantagem ilícita, em tar coisa própria, ou lesar o próprio corpo ou a saúde, ou
prejuízo alheio). agravar as consequências da lesão ou doença, com o
intuito de haver indenização ou valor de seguro;
FRAUDE NO PAGAMENTO POR MEIO DE CHEQUE - emitir USURPAÇÃO ALTERAÇÃO DE LIMITES (ART. 161, CAPUT)
cheque sem suficiente provisão de fundos em poder do
sacado, ou lhe frustrar o pagamento. Conduta - Consiste em suprimir ou deslocar tapume, mar-
co, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória,
DUPLICATA SIMULADA - emitir fatura, duplicata ou nota para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel
de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em alheia. Atribui o CP pena de detenção, de um a seis me-
quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. ses, e multa para todas as formas de usurpação.

ABUSO DE INCAPAZES - abusar, em proveito próprio ou Busca-se com a prática deste crime, portanto, “apagar as
alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, linhas divisórias”, com a finalidade de se apropriar, no
ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzin- todo ou em parte, de coisa alheia imóvel.
do qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir
efeito jurídico em prejuízo próprio ou de terceiro. Tapume, na lição de Nélson Hungria, é toda cerca (sebes
vivas, cerca de arame, tela metálica, etc.) ou muro (de
INDUZIMENTO À ESPECULAÇÃO - abusar, em proveito pedra, tijolo, madeira, etc.) destinado a indicar o limite
próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou entre dois ou mais imóveis. Marco, por sua vez, é toda
inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de coisa corpórea, natural ou artificial (pedras, piquetes, pos-
jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou merca- tes, árvores, tocos de madeira etc.), que serve como sinal
dorias, sabendo ou devendo saber que a operação é rui- marcatório. Qualquer outro sinal indicativo de limites,
nosa. além destes, podem ser valas, trilhas, cursos d’água, etc.

FRAUDE NO COMÉRCIO - Enganar, no exercício de ativi- Sujeito Ativo - A alteração de limites é o crime cometido
dade comercial, o adquirente ou consumidor: entre vizinhos. Trata-se de crime próprio, de forma que
pode ser sujeito ativo só o proprietário e/ou o possuidor
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria de imóvel limítrofe.
falsificada ou deteriorada;
II - entregando uma mercadoria por outra: Sujeito Passivo - Cuida-se do proprietário e/ou o possui-
dor do imóvel no qual são suprimidos ou deslocados os
OUTRAS FRAUDES - Tomar refeição em restaurante, alo- tapumes, marcos ou demais sinais.
jar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem
dispor de recursos para efetuar o pagamento. Elemento subjetivo- Dolo.

FRAUDES E ABUSOS NA FUNDAÇÃO OU ADMINISTRA- Elemento normativo - Esta contido na expressão “alheia”.
ÇÃO DE SOCIEDADE POR AÇÕES - Promover a fundação Assim, não há crime quando se trata de imóvel próprio.
de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em
comunicação ao público ou à assembleia, afirmação falsa Consumação - Trata-se de crime formal. Consuma-se o
sobre a constituição da sociedade ou ocultando fraudu- crime quando o agente pratica os comportamentos típi-
lentamente fato a ela relativo. cos de suprimir ou deslocar tapume, marco ou qualquer
outro sinal indicativo de linha divisória, com o intuito de
FRAUDE À EXECUÇÃO - Fraudar execução, alienando, se apropriar de coisa alheia imóvel.
desviando, destruindo ou danificando bens ou simulando
dívidas. Tentativa - É admissível.

USURPAÇÃO USURPAÇÃO DE ÁGUAS (ART. 161, § 1º, I)

O delito de usurpação divide-se em quatro espécies: Conduta - Desviar ou represar, em proveito próprio ou de
outrem, águas alheias.
• Alteração de Limites;
• Usurpação de Águas Por águas alheias, entendem-se aquelas de natureza pú-
• Esbulho possessório; blica ou privada, que não pertençam ao agente.
• Supressão ou alteração de Marca em animais.
Sujeito Ativo - Trata-se de crime comum, podendo ser
Vamos analisá-las: qualquer pessoa.

Sujeito Passivo - É o proprietário ou o possuidor, ou ainda


aquele que detém o uso ou o gozo das águas.
Elemento subjetivo - É o dolo, acrescido do especial fim I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
de agir, isto é, da finalidade de atuar em proveito próprio II - com emprego de substância inflamável ou explosiva,
ou alheio. se o fato não constitui crime mais grave;
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, em-
Elemento normativo - Esta contido na expressão “alhei- presa concessionária de serviços públicos ou sociedade
as”. Assim, não há crime quando se trata de águas pró- de economia mista;
prias. IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável
para a vítima.
Consumação- Por se tratar de crime formal, consuma-se
no momento em que ocorre o desvio ou o represamento INTRODUÇÃO OU ABANDONO DE ANIMAIS EM PROPRIE-
de águas alheias, independentemente do fato do agente DADE ALHEIA - Introduzir ou deixar animais em proprie-
ter conseguido obter ou não proveito para si ou para ou- dade alheia, sem consentimento de quem de direito, des-
trem. de que do fato resulte prejuízo.

Tentativa- É admissível. DANO EM COISA DE VALOR ARTÍSTICO, ARQUEOLÓGICO


OU HISTÓRICO - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa
ESBULHO POSSESSÓRIO (ART. 161, § 1º, II) tombada pela autoridade competente em virtude de valor
artístico, arqueológico ou histórico.
Conduta- Invadir, com violência à pessoa ou grave amea-
ça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas, ter- ALTERAÇÃO DE LOCAL ESPECIALMENTE PROTEGIDO -
reno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto
de local especialmente protegido por lei.
Sujeito Ativo- Pode ser qualquer pessoa, exceto o propri-
etário ou o possuidor. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sujeito Passivo- É o possuidor (proprietário, arrendatário, Por questões de política criminal, achou por bem o legis-
locatário etc.). lador definir determinadas situações em que, embora haja
uma conduta delituosa, ocorre a chamada imunidade
Elemento Subjetivo - É o dolo, acrescido do especial fim penal, ou seja, ocorre isenção de pena.
de agir, isto é, do esbulho possessório.
Esta imunidade penal pode ser absoluta ou relativa. Va-
Consumação - Por se tratar de crime formal, consuma-se mos analisar:
no instante em que invade o imóvel, independentemente
do efetivo apossamento almejado. IMUNIDADE PENAL ABSOLUTA

Tentativa- É admissível. Esta definida nos incisos I e II do art. 181 do Código Penal
nos seguintes termos:
SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE MARCA EM ANIMAIS
(ART. 162) Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer
dos crimes previstos neste título, em prejuízo:
Esse delito há tempos não aparece em prova e basta que I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
você saiba que consiste na conduta de suprimir ou alterar, II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco
indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca ou legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
sinal indicativo de propriedade.
Assim, como podemos observar no dispositivo supra,
DANO caso algum crime contra o patrimônio seja cometido em
prejuízo do cônjuge (na constância da sociedade conju-
Trata-se o dano de delito pouco exigido em prova, bas- gal), de ascendente ou descendente, estará o agente isen-
tando, portanto, que você conheça o abaixo descrito: to de pena.

DANO Trata-se de escusa absolutória. Dessa forma, subsiste o


crime em todos os seus aspectos, excluindo-se apenas a
DANO – FORMA SIMPLES – CONDUTA - Destruir, inutili- punibilidade do fato.
zar ou deteriorar coisa alheia.

DANO QUALIFICADO - Se o crime é cometido:


IMUNIDADE PENAL RELATIVA

A imunidade penal relativa não isenta o agente de pena,


mas altera o tipo de ação penal de pública incondicionada
para pública condicionada.
Sentimento religioso: é a convicção, acentuada pelo sen-
Assim, para que a ação penal possa ter início, fica o Mi- timento, da existência de uma ordem universal que se
nistério Público na dependência da manifestação da von- eleva acima do homem.
tade do ofendido, através da chamada REPRESENTAÇÃO.
1) ULTRAJE A CULTO E IMPEDIMENTO OU
As hipóteses de imunidade relativa estão previstas no art. PERTURBAÇÃO DE ATO A ELE RELATIVO
182 do Código Penal, nos seguintes termos:
Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por
Art. 182 - Somente se procede mediante representa- motivo de crença ou função religiosa; impedir ou per-
ção, se o crime previsto neste título é cometido em turbar cerimônia ou prática de culto religioso; vili-
prejuízo: pendiar publicamente ato ou objeto de culto religio-
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; so:
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena
é aumentada de um terço, sem prejuízo da corres-
EXCEÇÕES pondente à violência.

Segundo o art. 183 do Código Penal, não se aplica a imu- Constituição Federal / 88 :
nidade penal absoluta e nem a relativa:
 Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito
1. Se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, Federal e aos Municípios:
quando haja emprego de grave ameaça ou violência à I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-
pessoa; los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com
eles ou seus representantes relações de dependência ou
2. Ao estranho que participa do crime. aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de
interesse público;
3. Se o crime é praticado contra pessoa com idade igual
ou superior a 60 (sessenta) anos.  Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do di-
reito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
culto e a suas liturgias.

A liberdade pública não autoriza excessos ou abusos


capazes de prejudicar outros direitos e garantias indivi-
duais.

 OBJETIVIDADE JURÍDICA:
Liberdade de crença e o livre exercício dos cultos reli-
giosos.

 OBJETO MATERIAL:
Pessoa atingida em sua liberdade de crença, o ato (ce-
rimônia, solenidade ou ação) que integra um culto religio-
so, ou o objeto utilizado para o exercício de uma determi-
nada religião (símbolos, vestuários, imagens de santos,
etc)
 NÚCLEOS DO TIPO: 2. SUJEITO PASSIVO: É o Estado, podendo haver sujeito
passivo mediato representado pela pessoa que supor-
 Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de ta diretamente a conduta criminosa ( exemplo: padre
crença ou função religiosa. ou pastor)

Escanecer: achincalhar, zombar afrontosamente, ridicula-  ELEMENTO SUBJETIVO


rizar sarcasticamente.
DOLO. Não se admite a modalidade culposa.
Crença religiosa: a fé, a convicção da verdade de alguma
doutrina sobre a divindade ouu poderes sobrenaturais.  CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

Função religiosa: ministério exercido ou estado assumido Primeira modalidade: o crime se consuma com o escár-
por quem participa da celebração de um culto ou de uma nio. É possível a tentativa se for praticada por escrito.
organização religiosa.
Segunda modalidade: o crime se consuma quando o su-
Elemento essencial: publicidade do escárnio. Exige-se o jeito impede ou perturba cerimônia ou prática de ato reli-
endereçamento da ofensa a uma pessoa determinada. gioso. É cabível a tentativa

Se o escárnio, além de ofensivo ao sentimento religioso, Terceira modalidade: o crime se consuma com o efetivo
contém lesão à honra individual, este último crime é ab- vilipêndio. . É possível a tentativa se for praticada por
sorvido pelo primeiro. escrito.

 Impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto Em todas as hipóteses o crime é FORMAL, DE RESULTA-
religioso. DO CORTADO OU DE CONSUMAÇÃO ANTECIPADA.

Cerimônia: ato de culto que se reveste de certa solenida-  AUMENTO DE PENA


de
Aplica-se às três modalidades. Trata-se de violência física,
Culto religioso: manifestação coletiva do sentimento reli- tanto contra a pessoa quanto contra a coisa. A lei impõe o
gioso. concurso material obrigatório.

Prática: um ato religioso, sem o aparato da cerimônia.  AÇÃO PENAL

A mera abreviação do ato caracteriza o delito. Pública Incondicionada

Disparo de arma de fogo na frente do estabelecimento  Lei 9099/95


religioso: concurso formal
Cuida-se de infração de menor potencial ofensivo. Aplica-
 Vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religio- se a transação penal e o procedimento sumaríssimo.
so

Vilipendiar: considerar vil, desprezar ou ultrajar injuriosa-


mente.

Exige-se seja a conduta praticada publicamente.

É indispensável que tais objetos estejam consagrados ao


culto.

 SUJEITOS DO DELITO

1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-


do por qualquer pessoa.
É possível a tentativa em ambas as hipóteses.

 AUMENTO DE PENA

Aplica-se às três modalidades. Trata-se de violência física,


O respeito aos mortos reveste-se de sentimento religioso. tanto contra a pessoa quanto contra a coisa. A lei impõe o
O Código Penal protege o sentimento de reverência dos concurso material obrigatório.
vivos para com os mortos. É um relevante valor ético-
social.  AÇÃO PENAL

1) IMPEDIMENTO OU PERTURBAÇÃO DE Pública Incondicionada


CERIMÔNIA FUNERÁRIA
 Lei 9099/95
Art. 209 - Impedir ou perturbar enterro ou cerimônia
funerária: Cuida-se de infração de menor potencial ofensivo. Aplica-
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. se a transação penal e o procedimento sumaríssimo.
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena
é aumentada de um terço, sem prejuízo da corres- 2) VIOLAÇÃO DE SEPULTURA
pondente à violência.
Art. 210 - Violar ou profanar sepultura ou urna fune-
 OBJETIVIDADE JURÍDICA: rária:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Respeito aos mortos.
 OBJETIVIDADE JURÍDICA:
 OBJETO MATERIAL:
Respeito aos mortos.
Cerimônia funerária.
 OBJETO MATERIAL:
 NÚCLEOS DO TIPO:
Sepultura ou a urna funerária.
 Impedir.
 NÚCLEOS DO TIPO:
Interromper ou obstar o prosseguimento.
 Violar.
 Perturbar
Invadir, devassar, abrir sepultura ou urna funerária.
Atrapalhar ou estorvar.
 Profanar.
O delito pode ser praticado por omissão, como no caso de
não fornecer o esquife, a viatura para o transporte, as Equivale a macular, ou seja, tratar com desprezo os obje-
chaves do túmulo, etc. tos materiais do crime.

 SUJEITOS DO DELITO  SUJEITOS DO DELITO

1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi- 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
do por qualquer pessoa. do por qualquer pessoa.
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO. 2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO.

 ELEMENTO SUBJETIVO  ELEMENTO SUBJETIVO

DOLO. Não se admite a modalidade culposa. DOLO. Não se admite a modalidade culposa.

 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA É irrelevante o motivo ideológico. Se o agente com a in-


tenção de violar a sepultura, subtrair algum objeto haverá
Consuma-se com o efetivo impedimento ou perturbação o concurso material de crimes com o crime de furto.
do enterro ou da cerimônia fúnebre.
Se o agente destruir ou danificar o túmulo haverá concur-  Subtrair
so formal com o crime de dano.
Retirá-lo da esfera de proteção jurídica ou da custódia de
Na hipótese de subtração do próprio cadáver, o crime será seus legítimos detentores.
o definido pelo Art 211 que absorve a violação de sepultu-
ra.  Ocultar

Não confundir com a contravenção penal de exumação de Fazê-lo desaparecer, sem destruí-lo.
cadáver, na qual inexiste intenção de violar ou profanar
sepulturas, mas apenas o voluntário descumprimento das  SUJEITOS DO DELITO
formalidades legais relativas à exumação do cadáver.
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA do por qualquer pessoa.
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO.
Consuma-se com a efetiva violação ou profanação da
sepultura ou urna funerária, independentemente da efeti-  ELEMENTO SUBJETIVO
va lesão ao sentimento de respeito aos mortos.
DOLO. Não se admite a modalidade culposa.
É possível a tentativa. Vale destacar que na prática a ten-
tativa de violação poderá constituir-se em profanação Não confundir com a contravenção penal de inumação de
consumada. cadáver, na qual o sujeito procede ao mero sepultamento
com infração das disposições legais.
 AÇÃO PENAL
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Pública Incondicionada
Consuma-se com a destruição total ou parcial; com a
 Lei 9099/95 subtração; ou com o seu desaparecimento ainda que
temporário.
Cuida-se de infração de médio potencial ofensivo. Aplica-
se a suspensão condicional do processo. Na modalidade “ocultar” o crime é permanente.

DECISÃO STJ: “Se encontrado o cadáver após atingida a


3) DESTRUIÇÃO, SUBTRAÇÃO OU OCULTAÇÃO DE maioridade, o agente deve ser considerado imputável para
CADÁVER todos os efeitos penais, ainda que a ação de ocultar tenha
sido quando era menor de 18 anos.”
Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou
parte dele: É possível a tentativa em todas as condutas.
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa
 AÇÃO PENAL
 OBJETIVIDADE JURÍDICA:
Pública Incondicionada
Respeito aos mortos.
 Lei 9099/95
 OBJETO MATERIAL:
Cuida-se de infração de médio potencial ofensivo. Aplica-
É o cadáver ou parte dele. A múmia não ingressa no con- se a suspensão condicional do processo.
ceito de cadáver
4) VILIPÊNDIO A CADÁVER
 NÚCLEOS DO TIPO:
Art. 212 - Vilipendiar cadáver ou suas cinzas:
 Destruir. Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Aniquilar o cadáver, isto é, torná-lo insubsistente como  OBJETIVIDADE JURÍDICA:


tal.
Respeito aos mortos.
 OBJETO MATERIAL:

É o cadáver ou suas cinzas.

Cadáver: corpo humano sem vida


1) MEDIAÇÃO PARA SERVIR A LASCÍVIA DE
Cinzas: resíduos da cremação ou combustão a que foi ele OUTREM
submetido. Incluem-se também as partes do cadáver.
Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de
 NÚCLEOS DO TIPO: outrem:
Pena - reclusão, de um a três anos.
o
 Vilipendiar. § 1 Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de
18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente,
Alvitar, desprezar, ultrajar. A conduta pode ser praticada descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor
por atos, palavras, ou escritos. Se as palavras caracteri- ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para
zam calúnia haverá concurso formal impróprio. fins de educação, de tratamento ou de guar-
da:(Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
São exemplos de vilipêndios: cortar algum membro do Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
cadáver, com o fim de ultrajá-lo, tirar suas vestes, escarrar § 2º - Se o crime é cometido com emprego de vio-
sobre ele, necrofilia, etc. lência, grave ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena
correspondente à violência.
 SUJEITOS DO DELITO § 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro,
aplica-se também multa.
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
do por qualquer pessoa.  OBJETIVIDADE JURÍDICA:
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO.
Moralidade pública sexual
 ELEMENTO SUBJETIVO

DOLO. Não se admite a modalidade culposa.  NÚCLEOS DO TIPO:

A conduta é atípica quando é praticada com fins didáticos Induzir: persuadir, levar, mover.
ou científicos.
A satisfação da lascívia deve ser de um número determi-
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA nado de pessoas e não deve haver a cobrança de um pre-
ço correspondente da vítima, afastando-se as hipóteses
Consuma-se com o efetivo vilipêndio ao cadáver ou suas de prostituição ou de outras formas de exploração sexual.
cinzas independentemente da efetiva lesão ao sentimento
de respeito aos mortos.  SUJEITOS DO DELITO

 AÇÃO PENAL 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-


do por qualquer pessoa.
Pública Incondicionada 2. SUJEITO PASSIVO: É crime comum, podendo ser co-
metido por qualquer pessoa.
 Lei 9099/95
 ELEMENTO SUBJETIVO
Cuida-se de infração de médio potencial ofensivo. Aplica-
se a suspensão condicional do processo. DOLO. Não se admite a modalidade culposa.

 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

Consuma-se com a prática de qualquer ato pela vítima


destinado a satisfazer à lascívia de outrem. Não se exige
efetiva satisfação sexual desse terceiro.

Admite-se a tentativa.
 AÇÃO PENAL II - realiza, em lugar público ou acessível ao público,
representação teatral, ou exibição cinematográfica
Pública Incondicionada de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo,
que tenha o mesmo caráter;
2) CASA DE PROSTITUIÇÃO III - realiza, em lugar público ou acessível ao públi-
co, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, obsceno.
estabelecimento em que ocorra exploração sexual,
haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do  OBJETIVIDADE JURÍDICA:
proprietário ou gerente:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. Pudor público.

 OBJETIVIDADE JURÍDICA:  NÚCLEOS DO TIPO:

Moralidade pública sexual Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda. São
ações relativas a escrito, desenho, pintura, estampa ou
 NÚCLEOS DO TIPO: qualquer outro objeto obsceno.

O enfoque se refere à exploração sexual. A finalidade deve ser lucrativa ou de exposição pública.

Crime habitual. A ação pode ser exercida por conta pró-  SUJEITOS DO DELITO
pria ou de terceiro.
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
 SUJEITOS DO DELITO do por qualquer pessoa.
2. SUJEITO PASSIVO: a coletividade. É crime VAGO.
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
do por qualquer pessoa.  ELEMENTO SUBJETIVO
2. SUJEITO PASSIVO: a coletividade. É crime VAGO.
DOLO. Não se admite a modalidade culposa.
ELEMENTO SUBJETIVO
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
DOLO.
Consuma-se com a efetiva prática do ato, independente
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA de que alguém se sinta ofendido.

Consuma-se com a manutenção, que exige habitualidade. Quanto a tentativa, há divergências.

Não admite-se a tentativa.  AÇÃO PENAL

 AÇÃO PENAL Pública Incondicionada

Pública Incondicionada

3) ESCRITO OU OBJETO OBSCENO

Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter


sob sua guarda, para fim de comércio, de distribui-
ção ou de exposição pública, escrito, desenho, pintu-
ra, estampa ou qualquer objeto obsceno:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
multa.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público
qualquer dos objetos referidos neste artigo;
É necessária a realização de exame pericial.
É possível a tentativa em ambas as hipóteses.

 FORMAS MAJORADAS (somente aos crimes dolosos)

“Incolumidade é o estado de preservação ou segurança Aumento de pena


de pessoas ou coisas em relação a possíveis eventos § 1º - As penas aumentam-se de um terço:
lesivos”. Ao utilizar a expressão ‘ incolumidade pública’, o I - se o crime é cometido com intuito de obter van-
legislador incriminou condutas atentatórias à vida, ao tagem pecuniária em proveito próprio ou alheio;
patrimônio e à segurança de pessoas indeterminadas ou II - se o incêndio é:
não individualizadas. a) em casa habitada ou destinada a habitação;
b) em edifício público ou destinado a uso público
CAPÍTULO I: DOS CRIMES DE PERIGO COMUM ou a obra de assistência social ou de cultura;
c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo
1) INCÊNDIO de transporte coletivo;
d) em estação ferroviária ou aeródromo;
Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
a integridade física ou o patrimônio de outrem: f) em depósito de explosivo, combustível ou infla-
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. mável;
g) em poço petrolífico ou galeria de mineração;
 OBJETIVIDADE JURÍDICA: h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.

Incolumidade pública.  AÇÃO PENAL

 NÚCLEOS DO TIPO: Pública Incondicionada

 Causar incêndio. IMPORTANTE

Provocar combustão de forma a expor perigo a vida, a A conduta de soltar balões que possam provocar incên-
integridade física ou o patrimônio de um numero indeter- dios nas florestas e demais formas de vegetação, em
minado de pessoas. áreas ubanas ou qualquer tipo de assentamento humano
é crime ambiental, previsto no Art. 42 da Lei 9. 605 / 98,
 SUJEITOS DO DELITO punido com pena de detenção de um a três ano ou multa,
ou ambas penas cumulativamente. O referido delito se
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi- consuma independentemente da causação do incêndio,
do por qualquer pessoa. expondo perigo a vida, a integridade física ou o patrimô-
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO. nio de outrem, responderá pelo Art. 250 , considerando o
Bem como as pessoas que tiveram sua vida, sua inte- dolo eventual.
gridade física e seu patrimônio expostos a perigo.
2) EXPLOSÃO
 ELEMENTO SUBJETIVO
Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física
DOLO. Não exige-se o dolo específico. ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arre-
messo ou simples colocação de engenho de dinami-
MODALIDADE CULPOSA te ou de substância de efeitos análogos:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
Incêndio culposo
§ 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção,  OBJETIVIDADE JURÍDICA:
de seis meses a dois anos.
Incolumidade pública.
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
 NÚCLEOS DO TIPO:
Consuma-se no momento em que o incêndio causado
expõe efetivamente a perigo a vida, a integridade física ou  Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patri-
o patrimônio de outrem. mônio de outrem
EXPLOSÃO # INCÊNDIO >>FOGO EXPLOSÃO COM O FIM DE OBTENÇÃO DE VANTAGEM
MEIO DE EXECUÇÃO PECUNIÁRIA (FURTO)
>>EXPLOSÃO
>>ARREMESSO Discute-se a utilização de explosivos durante o furto,
>>COLOCAÇÃO DE ENGENHO DE DINAMITE OU DE como no caso de explosões de caixas eletrônicos, confi-
SUBSTÂNCIA DE EFEITOS ANÁLOGOS gura um só delito (furto qualificado pelo rompimento de
obstáculo) ou se há concurso formal de crimes (furto
 SUJEITOS DO DELITO simples ou qualificado por outra circunstância + explo-
são).
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
do por qualquer pessoa. O Ministério Público do Estado de São Paulo lançou a
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO. tese Institucional nº 383, nos seguintes termos: “EXPLO-
SÃO – FINALIDADE DE OBTENÇÃO DE VANTAGEM PECUNI-
 ELEMENTO SUBJETIVO ÁRIA – FURTO – CRIMES AUTÔNOMOS – PRINCÍPIO DA
CONSUÇÃO – INADMISSIBILIDADE. Os crimes de explosão
DOLO. majorada pela finalidade de obtenção de vantagem pe-
cuniária (artigo 251, §2º do Código Penal) e de furto (
MODALIDADE CULPOSA (Somente explosão) artigo 155 do Código Penal) são autônomos, não admi-
tindo, pois, a aplicação do princípio da consunção para a
§ 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinami- absorção do primeiro pelo segundo.
te ou substância de efeitos análogos, a pena é de de-
tenção, de seis meses a dois anos; nos demais ca- A propósito: “(...) 3. Demonstrado que a conduta delitu-
sos, é de detenção, de três meses a um ano. osa expôs, de forma concreta, o patrimônio de outrem
decorrente do grande potencial destruidor da explosão,
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA notadamente porque o banco encontra-se situado em
edifício destinado ao uso público, ensejando a adequa-
Consuma-se no momento em que a explosão, arremesso ção típica ao crime previsto no art. 251 do CP, incabível a
ou simples colocação de engenho de dinamite ou de incidência do princípio da consunção. 4. Infrações que
substância de efeitos análogos expuser a perigo a vida, a atingem bens jurídicos distintos, enquanto o delito de
integridade física ou o patrimônio de outrem. furto viola o patrimônio da instituição financeira, o crime
de explosão ofende a incolumidade pública” (STJ, 6ª T.,
A explosão não é necessária à configuração do crime, já REsp 1647539/SP, j. 21/11/2017).
que o tipo também pune atos anteriores a ela, como o
mero arremesso ou a simples colocação da dinamite. 3) USO DE GÁS TÓXICO OU ASFIXIANTE

É possível a tentativa nas duas primeiras hipóteses. A Art. 252 - Expor a perigo a vida, a integridade física
simples colocação de dinamite dificilmente aceitará a ou o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou
forma tentada. asfixiante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
 FORMA PRIVILEGIADA (menor potencial de dano)
 OBJETIVIDADE JURÍDICA:
§ 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou
explosivo de efeitos análogos: Incolumidade pública.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
 NÚCLEOS DO TIPO:
 FORMAS MAJORADAS (somente aos crimes dolosos)
 Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patri-
§ 2º - As penas aumentam-se de um terço, se ocor- mônio de outrem usando de gás tóxico ou asfixiante
re qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do ar-
tigo anterior, ou é visada ou atingida qualquer das  SUJEITOS DO DELITO
coisas enumeradas no nº II do mesmo parágrafo.
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
 AÇÃO PENAL do por qualquer pessoa.
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO.
Pública Incondicionada
 ELEMENTO SUBJETIVO  AÇÃO PENAL

DOLO. Admite dolo eventual Pública Incondicionada

MODALIDADE CULPOSA 5) INUNDAÇÃO

Parágrafo único - Se o crime é culposo: Art. 254 - Causar inundação, expondo a perigo a vi-
Pena - detenção, de três meses a um ano. da, a integridade física ou o patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa, no ca-
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA so de dolo, ou detenção, de seis meses a dois anos,
no caso de culpa.
 Consuma-se no momento em que gás tóxico ou asfixi-
ante expuser a perigo a vida, a integridade física ou o pa-  OBJETIVIDADE JURÍDICA:
trimônio de outrem. Admite-se a tentativa.
Incolumidade pública.
 AÇÃO PENAL
 NÚCLEOS DO TIPO:
Pública Incondicionada
 Causar inundação, expondo a perigo a vida, a integri-
4) FABRICO, FORNECIMENTO, AQUISIÇÃO POSSE dade física ou o patrimônio de outrem.
OU TRANSPORTE DE EXPLOSIVOS OU GÁS TÓ-
XICO, OU ASFIXIANTE Requisitos: a quantidade de água e o perigo por elas cau-
sado.
Art. 253 - Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou
transportar, sem licença da autoridade, substância  SUJEITOS DO DELITO
ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou
material destinado à sua fabricação: 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e mul- do por qualquer pessoa.
ta. 2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO.

 OBJETIVIDADE JURÍDICA:  ELEMENTO SUBJETIVO

Incolumidade pública. DOLO.

 NÚCLEOS DO TIPO:  CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

 Crime tipo misto alternativo Consuma-se com o perigo à vida, à integridade física ou
patrimônio de outrem quando já está concretizada a
Elemento normativo do tipo: sem licença da autoridade. inundação.

 SUJEITOS DO DELITO A tentativa do crime de inundação pode corresponder


materialmente ao crime de perigo de inundação consu-
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi- mado(como, por exemplo, na forma de destruição de di-
do por qualquer pessoa. ques ou barragens). A diferença entre um e outro caso
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO. reside no elemento subjetivo, pois no perigo de inundação
o agente não quer o alagamento nem assume o risco de
 ELEMENTO SUBJETIVO produzi-lo

DOLO.  AÇÃO PENAL


Não admite dolo específico e nem a modalidade culposa
Pública Incondicionada
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

Consuma-se na prática dos verbos nucleares do tipo. A


tentativa é de difícil ocorrência por se tratar de crimes de
ação múltipla
6) PERIGO DE INUNDAÇÃO  NÚCLEOS DO TIPO:

Art. 255 - Remover, destruir ou inutilizar, em prédio  Causar desabamento ou desmoronamento, expondo a
próprio ou alheio, expondo a perigo a vida, a integri- perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem
dade física ou o patrimônio de outrem, obstáculo na-
tural ou obra destinada a impedir inundação:  SUJEITOS DO DELITO
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
 OBJETIVIDADE JURÍDICA: do por qualquer pessoa.
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO.
Incolumidade pública.
 ELEMENTO SUBJETIVO
 NÚCLEOS DO TIPO:
 DOLO.
 Remover, destruir ou inutilizar obstáculo natural ou
obra destinada a impedir inundação. É necessário que o agente tenha vontade de provocar
 Remover: transferir, deslocar, afastar. desmoronamento ou desabamento, criando uma situação
 Destruir: ação que recai sobre a coisa de modo que a de perigo a coisas e pessoas indetermináveis. Se o sujeito
faça perder a essência ou forma primitivas, atentando- visa a criar situação de perigo a pessoa ou pessoas de-
se contra a existência, de forma que a coisa deixa de terminadas, configurar-se-á crime contra a pessoa. Se o
existir agente visa a causar desmoronamento ou desabamento a
 Inutilizar: tornar vão, improfícuo e estéril, continuando fim de criar perigo para determinados bens, pode configu-
o objeto a existir, porém não mais possui serventia rar-se o crime de dano, previsto no art. 163 do CP.

 SUJEITOS DO DELITO  MODALIDADE CULPOSA

1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi- Parágrafo único - Se o crime é culposo:
do por qualquer pessoa. Pena - detenção, de seis meses a um ano.
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO.
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
 ELEMENTO SUBJETIVO
Consuma-se desde que criada a situação de perigo à cole-
DOLO. tividade.

 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Admite-se a forma tentada

Consuma-se com a criação de um perigo, quando surge  AÇÃO PENAL


ou se instala a situação perigosa, que pode não ser con-
comitante às ações previstas na lei. Pública Incondicionada
Não admite tentativa.
8) SUBTRAÇÃO, OCULTAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE
 AÇÃO PENAL MATERIAL DE SALVAMENTO

Pública Incondicionada Art. 257 - Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião


de incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre
7) DESABAMENTO OU DESMORONAMENTO ou calamidade, aparelho, material ou qualquer meio
destinado a serviço de combate ao perigo, de socor-
Art. 256 - Causar desabamento ou desmoronamen- ro ou salvamento; ou impedir ou dificultar serviço de
to, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o tal natureza:
patrimônio de outrem: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
 OBJETIVIDADE JURÍDICA:
 OBJETIVIDADE JURÍDICA:
Incolumidade pública.
Incolumidade pública.
 NÚCLEOS DO TIPO:  ART. 19 DO CÓDIGO PENAL: Trata dos delitos qualifi-
cados pelo resultado.
Consiste na condição de que a subtração, a ocultação ou  TIPOS QUALIFICADOS PELO RESULTADO: Estão defi-
a inutilização sejam praticadas por ocasião de incêndio, nidas figuras em que da conduta de perigo comum
inundação, naufrágio ou outro desastre ou calamidade. resulta lesão corporal de natureza grave (CP, art. 129,
§§ 1º e 2º) ou morte.
Indispensável que exista uma situação de fato perigosa à  PRETERDOLO: Só existe na primeira parte da disposi-
incolumidade pública, sem o que o delito não se configu- ção; na segunda, o primeiro delito e o resultado qualifi-
ra. cador são culposos. Várias vítimas: Há um só delito
qualificado pelo resultado, não se aplicando a regra do
A conduta deve recair sobre aparelho, material ou qual- concurso formal. Morte e lesão grave: Aplica-se
quer meio destinado a serviço de combate ao perigo, de somente a qualificadora da morte.
socorro ou salvamento. Também são objetos materiais
aqueles que, embora não especificamente destinados aos 10) DIFUSÃO DE DOENÇA OU PRAGA
serviços que a lei tutela, sejam úteis para tal finalidade.
Art. 259 - Difundir doença ou praga que possa cau-
Impedimento ou dificultação (2ª parte do tipo): sar dano a floresta, plantação ou animais de utilida-
de econômica:
Devem ser em relação a serviço de combate ao perigo, de Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
socorro ou salvamento. As condutas devem ser realiza-
das durante calamidade ou desastre  OBJETIVIDADE JURÍDICA:

 SUJEITOS DO DELITO Incolumidade pública.

1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-  NÚCLEOS DO TIPO:


do por qualquer pessoa.
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO. Consiste na difusão de doença ou praga. Constitui, ainda,
elemento objetivo do tipo, a condição de que a propaga-
 ELEMENTO SUBJETIVO ção de doença ou praga possa causar dano floresta, plan-
tação ou animais de utilidade econômica.
 DOLO.
 SUJEITOS DO DELITO
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
 Consumação: Na primeira forma típica o delito con- do por qualquer pessoa.
suma-se com a subtração, a ocultação ou a inutiliza- 2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO.
ção dos objetos destinados a arrostar o perigo. Na
segunda, com o efetivo impedimento ou dificultação  ELEMENTO SUBJETIVO
da prestação daquele serviço.
 DOLO.
 Admite-se a forma tentada  MODALIDADE CULPOSA

 AÇÃO PENAL Parágrafo único - No caso de culpa, a pena é de de-


tenção, de um a seis meses, ou multa.
Pública Incondicionada
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
9) FORMAS QUALIFICADAS DE CRIME DE PERIGO
 Consumação: Ocorre com a propagação da doença ou
COMUM
praga que exponha a perigo a floresta, a plantação ou
animais de utilidade econômica. É dispensável a
Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum re-
verificação de efetivo dano a tais bens, bastando a
sulta lesão corporal de natureza grave, a pena priva-
potencialidade lesiva da conduta.
tiva de liberdade é aumentada de metade; se resulta
 Admite-se a forma tentada
morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do
fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de
 AÇÃO PENAL
metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada
ao homicídio culposo, aumentada de um terço. Pública Incondicionada
CAPÍTULO II: DOS CRIMES CONTRA A  AÇÃO PENAL
SEGURANÇA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
E TRANSPORTE E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS Pública Incondicionada

1.1 ) DESASTRE FERROVIÁRIO


1) PERIGO DE DESASTRE FERROVIÁRIO
§ 1º - Se do fato resulta desastre:
Art. 260 - Impedir ou perturbar serviço de estrada
Pena - reclusão, de quatro a doze anos e multa.
de ferro:
§ 2º - No caso de culpa, ocorrendo desastre:
I - destruindo, danificando ou desarranjando, total
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
ou parcialmente, linha férrea, material rodante ou de
§ 3º - Para os efeitos deste artigo, entende-se por
tração, obra-de-arte ou instalação;
estrada de ferro qualquer via de comunicação em
II - colocando obstáculo na linha;
que circulem veículos de tração mecânica, em trilhos
III - transmitindo falso aviso acerca do movimento
ou por meio de cabo aéreo.
dos veículos ou interrompendo ou embaraçando o
funcionamento de telégrafo, telefone ou radiotelegra-
 Admite dolo e culpa.
fia;
 Consumação: ocorre com o desastre.
IV - praticando outro ato de que possa resultar de-
 Não admite tentativa.
sastre:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
2) ATENTADO CONTRA A SEGURANÇA DE TRANS-
 OBJETIVIDADE JURÍDICA: PORTE MARÍTIMO, FLUVIAL OU AÉREO.

Incolumidade pública. Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou aeronave,


própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a
 NÚCLEOS DO TIPO: impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou
aérea:
CONDUTAS TÍPICAS: Devem recair sobre serviços de es- Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
trada de ferro. A prática de qualquer dos fatos previstos
nos incisos por si só não caracteriza o delito, devendo, em  OBJETIVIDADE JURÍDICA:
qualquer hipótese, deles resultar perigo de desastre
ferroviário. Sem tal perigo, que deve ser comprovado no Incolumidade pública.
caso concreto, as condutas são atípicas. Obra-de-arte:
túneis, pontes, etc..  NÚCLEOS DO TIPO:

Norma de encerramento: De entender-se que os outros Expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia.
atos de que possa resultar desastre devem ser análogos Exige-se perigo concreto. É irrelevante se no momento da
aos descritos nos incisos anteriores. conduta estejam em funcionamento. É necessário que se
destinem a transporte coletivo de pessoas ou coisas.
 SUJEITOS DO DELITO
Praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar na-
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi- vegação marítima, fluvial ou aérea. Exige-se perigo con-
do por qualquer pessoa. creto.
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO.
 SUJEITOS DO DELITO
 ELEMENTO SUBJETIVO
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
 DOLO. do por qualquer pessoa.
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO.
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
 ELEMENTO SUBJETIVO
 Consumação: Ocorre com a produção do perigo
 DOLO.
decorrente da prática de qualquer dos fatos previstos
 MODALIDADE CULPOSA
nos incisos I a IV.
 Admite-se a forma tentada
§ 3º - No caso de culpa, se ocorre o sinistro:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA  ELEMENTO SUBJETIVO

 Consumação: Ocorre com o perigo concreto.  DOLO.


 Admite-se a forma tentada  MODALIDADE CULPOSA

2.1)SINISTRO EM TRANSPORTE MARÍTIMO, FLUVIAL OU § 2º - No caso de culpa, se ocorre desastre:


AÉREO Pena - detenção, de três meses a um ano.

CRIME QUALIFICADO PELO RESULTADO.


 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
§ 1º - Se do fato resulta naufrágio, submersão ou
encalhe de embarcação ou a queda ou destruição de
 Consuma-se com a ocorrência de perigo à coletivida-
aeronave:
de.
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
 Admite-se a forma tentada

2.2 PRÁTICA DO CRIME COM O FIM DE LUCRO


 FORMA QUALIFICADA
§ 2º - Aplica-se, também, a pena de multa, se o
§ 1º - Se do fato resulta desastre, a pena é de re-
agente pratica o crime com intuito de obter vanta-
clusão, de dois a cinco anos.
gem econômica, para si ou para outrem.

 AÇÃO PENAL
 AÇÃO PENAL

Pública Incondicionada Pública Incondicionada

3) ATENTADO CONTRA A SEGURANÇA DE OUTRO FORMA QUALIFICADA


MEIO DE TRANSPORTE
Art. 263 - Se de qualquer dos crimes previstos nos
Art. 262 - Expor a perigo outro meio de transporte arts. 260 a 262, no caso de desastre ou sinistro, re-
público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamen- sulta lesão corporal ou morte, aplica-se o disposto
to: no art. 258.
Pena - detenção, de um a dois anos.
4) ARREMESSO DE PROJÉTIL
 OBJETIVIDADE JURÍDICA:
Art. 264 - Arremessar projétil contra veículo, em
Incolumidade pública. movimento, destinado ao transporte público por ter-
ra, por água ou pelo ar:
 NÚCLEOS DO TIPO: Pena - detenção, de um a seis meses.

Expor a perigo outro meio de transporte público.  OBJETIVIDADE JURÍDICA:

Impedir ou dificultar o funcionamento de outro meio de Incolumidade pública.


transporte público.
 NÚCLEOS DO TIPO:
Outro meio de transporte público: no sentido de qualquer
meio de transporte não especificado no artigo 261 do Exige-se que o projétil (sólido) seja lançado contra veículo
Código Penal, que não seja marítimo, fluvial ou aéreo e em movimento. Pouco importa a velocidade. É indispen-
que se destine ao atendimento da coletividade, adminis- sável, também, que se destine a transporte público, por
trado pela União, Estado, Município, suas autarquias ou terra, por água ou pelo ar.
por particulares.
Idoneidade lesiva do arremesso: O projétil lançado contra
Meios de execução: ação ou omissão. o veículo em movimento deve ser idôneo a causar danos
a coisas e pessoas.
 SUJEITOS DO DELITO
Trata-se de perigo presumido: não necessita comprova-
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi- ção.
do por qualquer pessoa.
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO.
 SUJEITOS DO DELITO Paralisação do serviço: é desnecessário que o serviço de
utilidade pública seja paralisado. O legislador se contenta
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi- com a prática de qualquer ato atentatório à sua seguran-
do por qualquer pessoa. ça ou funcionamento.
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO.
 SUJEITOS DO DELITO
 ELEMENTO SUBJETIVO
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
 DOLO. do por qualquer pessoa.
 Não admite a modalidade culposa 2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO.

 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA  ELEMENTO SUBJETIVO

 Consuma-se com o lançamento do projétil ao veículo  DOLO.


em movimento, ainda que não o consiga atingir.  Não admite a modalidade culposa
 Não se admite a forma tentada
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
 FORMA QUALIFICADA
 Consuma-se com a realização de qualquer ato idôneo
Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal, a perturbar a segurança ou o funcionamento de
a pena é de detenção, de seis meses a dois anos; se serviço de utilidade pública.
resulta morte, a pena é a do art. 121, § 3º, aumenta-  Não se admite a forma tentada
da de um terço.
 FORMA MAJORADA
 AÇÃO PENAL
Parágrafo único - Aumentar-se-á a pena de 1/3 (um
Pública Incondicionada terço) até a metade, se o dano ocorrer em virtude de
subtração de material essencial ao funcionamento
5) ATENTADO CONTRA A SEGURANÇA DE SERVIÇO dos serviços.
DE UTILIDADE PÚBLICA
 AÇÃO PENAL
Art. 265 - Atentar contra a segurança ou o funcio-
namento de serviço de água, luz, força ou calor, ou Pública Incondicionada
qualquer outro de utilidade pública:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. 6) INTERRUPÇÃO OU PERTURBAÇÃO DE SERVIÇO
TELEGRÁFICO, TELEFÔNICO, INFORMÁTICO, TE-
 OBJETIVIDADE JURÍDICA: LEMÁTICO OU DE INFORMAÇÃO DE UTILIDADE
PÚBLICA
Incolumidade pública.
Art. 266 - Interromper ou perturbar serviço telegrá-
 NÚCLEOS DO TIPO: fico, radiotelegráfico ou telefônico, impedir ou dificul-
tar-lhe o restabelecimento:
Atentar: praticar qualquer ato tendente a tornar insegura a Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
prestação ou funcionamento do serviço. o
§ 1 Incorre na mesma pena quem interrompe ser-
viço telemático ou de informação de utilidade públi-
Perigo presumido. ca, ou impede ou dificulta-lhe o restabelecimento.

É necessário, contudo, que a conduta seja idônea a per-  OBJETIVIDADE JURÍDICA:


turbar a segurança ou o funcionamento do serviço.
Incolumidade pública.
Serviço público: é irrelevante que o serviço de utilidade
pública seja prestado pelo Estado, suas autarquias, entre Regular funcionamento dos serviços telegráficos, radiote-
paraestatais e particulares. Escolas: não estão incluídas legráficos ou telefônicos.
no tipo.
 NÚCLEOS DO TIPO:  OBJETIVIDADE JURÍDICA:

Interromper ou perturbar serviço telegráfico, radiotelegrá- Saúde pública.


fico ou telefônico: o sistema de comunicações se encon-
tra em funcionamento e a conduta se dirige à sua inter-  NÚCLEOS DO TIPO:
rupção ou perturbação.
Provocar doença que surge rapidamente e acomete, su-
impedir ou dificultar-lhe o restabelecimento do serviço cessiva ou simultaneamente, numerosas pessoas.
telegráfico, radiotelegráfico ou telefônico: o serviço se
encontra interrompido e o agente impede ou dificulta seu É necessário que os germes patogênicos disseminados
restabelecimento. acometam doenças infecciosas que atinjam uma ou outra
pessoa, plantas ou animais.
Natureza do serviço: é indispensável que o serviço inter-
rompido ou perturbado seja telegráfico, radiotelegráfico  SUJEITOS DO DELITO
ou telefônico, quer prestado à coletividade pelo Estado,
quer concessionárias. 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
do por qualquer pessoa.
 SUJEITOS DO DELITO 2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO.

1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-  ELEMENTO SUBJETIVO


do por qualquer pessoa.
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO.  DOLO.
 MODALIDADE CULPOSA
 ELEMENTO SUBJETIVO
§ 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de
 DOLO. um a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro
 Não admite a modalidade culposa anos.

 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA  CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

 Consuma-se com a interrupção ou com a perturbação  Consuma-se com o surgimento de inúmeros casos de
de serviço telegráfico, radiotelegráfico ou telefônico ou pessoas acometidas com a doença causada pelos
com o impedimento ou dificultação de seu restabeleci- germes patogênicos.
mento.  Admite a forma tentada
 Não se admite a forma tentada
 FORMA QUALIFICADA
 FORMA MAJORADA

o
§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada
§ 2 Aplicam-se as penas em dobro se o crime é em dobro.
cometido por ocasião de calamidade pública.
 AÇÃO PENAL
 AÇÃO PENAL
Pública Incondicionada
Pública Incondicionada
2) INFRAÇÃO DE MEDIDA SANITÁRIA PREVENTIVA
CAPÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA Art. 268 - Infringir determinação do poder público,
destinada a impedir introdução ou propagação de
1) EPIDEMIA doença contagiosa:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa.
Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação
de germes patogênicos:  OBJETIVIDADE JURÍDICA:
Pena - reclusão, de dez a quinze anos
Incolumidade pública.
 NÚCLEOS DO TIPO:  NÚCLEOS DO TIPO:

Infringir: A determinação pública que pode constar de Consiste em o médico não comunicar à autoridade com-
qualquer ato normativo (portaria, decreto, lei, etc.), que petente a doença, cuja notificação é compulsória. Autori-
deverá conter preceitos imperativos e específicos e não dade competente é a indicada nas leis ou regulamentos.
simples recomendações ou conselhos à população.
Comunicação devida: é dever legal do médico comunicar
Poder público: qualquer autoridade que aja nos limites de às autoridades as doenças cuja notificação constitui
sua competência, podendo ser federal, estadual ou muni- justa causa, afastando a tipicidade.
cipal.
 SUJEITOS DO DELITO
 SUJEITOS DO DELITO
1. SUJEITO ATIVO: Só o médico. CRIME PRÓPRIO.
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi- 2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO.
do por qualquer pessoa.
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO.  ELEMENTO SUBJETIVO
 DOLO.
 ELEMENTO SUBJETIVO
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
 DOLO.
 Não admite a modalidade culposa  Consuma-se com a não comunicação da doença à
autoridade competente no prazo designado nos
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA regulamentos ou atos normativos. No caso de não
constar de atos normativos o prazo dentro do qual a
 Consuma-se com o desrespeito à determinação do notificação deve ser feita, o crime consuma-se com a
Poder Público destinada a impedir introdução ou realização de ato incompatível com a vontade de fazer
propagação de doença contagiosa. Não exige dano comunicação.
efetivo.  Não admite a forma tentada
 Admite a forma tentada
 AÇÃO PENAL
 FORMA MAJORADA
Pública Incondicionada
Parágrafo único - A pena é aumentada de um ter-
ço, se o agente é funcionário da saúde pública ou 4) ENVENENAMENTO DE ÁGUA POTÁVEL OU DE
exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista SUBSTÂNCIA ALIMENTÍCIA OU MEDICINAL
ou enfermeiro.
Art. 270 - Envenenar água potável, de uso comum
 AÇÃO PENAL ou particular, ou substância alimentícia ou medicinal
destinada a consumo:
Pública Incondicionada Pena - reclusão, de dez a quinze anos. (Redação
dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
3) OMISSÃO DE NOTIFICAÇÃO DE DOENÇA § 1º - Está sujeito à mesma pena quem entrega a
consumo ou tem em depósito, para o fim de ser dis-
Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autorida- tribuída, a água ou a substância envenenada.
de pública doença cuja notificação é compulsória:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e mul-  OBJETIVIDADE JURÍDICA:
ta.
Incolumidade pública.
 OBJETIVIDADE JURÍDICA:
 NÚCLEOS DO TIPO:
Incolumidade pública.
Deve recair sobre água potável (a água própria para uso
alimentar), não sendo necessário que seja pura. Pode ser
pública ou particular.
Destinação a consumo: A água potável. A substância  ELEMENTO SUBJETIVO
alimentícia ou medicinal deve ser destinada a consumo
de número indeterminado de pessoas.  DOLO.
 MODALIDADE CULPOSA
 SUJEITOS DO DELITO
Parágrafo único - Se o crime é culposo:
1. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. CRIME COMUM. Pena - detenção, de dois meses a um ano.
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO.
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
 ELEMENTO SUBJETIVO
 Consuma-se com a corrupção ou poluição de água
 DOLO. potável. Não é exigido o dano efetivo às pessoas..
 MODALIDADE CULPOSA  Admite-se a forma tentada

§ 2º - Se o crime é culposo:  AÇÃO PENAL


Pena - detenção, de seis meses a dois anos
Pública Incondicionada
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
6) FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADULTERAÇÃO OU
 Consuma-se no momento em que o objeto material é ALTERAÇÃO DE SUBSTÂNCIA OU PRODUTOS
envenenado, independentemente da superveniência de ALIMENTÍCIOS
qualquer resultado perigoso, que é presumido.
 Admite-se a forma tentada Art. 272 - Corromper, adulterar, falsificar ou alterar
substância ou produto alimentício destinado a con-
 AÇÃO PENAL sumo, tornando-o nociva à saúde ou reduzindo-lhe o
valor nutritivo: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de
Pública Incondicionada 2.7.1998)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e mul-
5) CORRUPÇÃO OU POLUIÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL ta. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
§ 1º-A - Incorre nas penas deste artigo quem fabri-
Art. 271 - Corromper ou poluir água potável, de uso ca, vende, expõe à venda, importa, tem em depósito
comum ou particular, tornando-a imprópria para con- para vender ou, de qualquer forma, distribui ou en-
sumo ou nociva à saúde: trega a consumo a substância alimentícia ou o pro-
Pena - reclusão, de dois a cinco anos. duto falsificado, corrompido ou adulterado. (Incluído
pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
 OBJETIVIDADE JURÍDICA: § 1º - Está sujeito às mesmas penas quem pratica
as ações previstas neste artigo em relação a bebi-
Incolumidade pública. das, com ou sem teor alcoólico.

 NÚCLEOS DO TIPO:  OBJETIVIDADE JURÍDICA:

Consiste em corromper (alterar, adulterar a composição Incolumidade pública.


da água) ou poluir (sujar, conspurcar) água potável (água
própria par uso alimentar), seja de uso comum ou particu-  NÚCLEOS DO TIPO:
lar, tornando-a imprópria para consumo ou nociva à saú-
de. É imprescindível que da corrupção, adulteração ou falsifi-
cação de substância alimentícia ou medicinal decorra
Destinação da água: exige-se que se destine ao uso de nocividade à saúde.
um número determinado de pessoas.
É necessário que a substância alimentícia ou medicinal
 SUJEITOS DO DELITO seja destinada ao consumo de um número determinado
de pessoas.
1. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. CRIME COMUM.
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO. Crime de perigo concreto.
 SUJEITOS DO DELITO II - em desacordo com a fórmula constante do re-
gistro previsto no inciso anterior; (Incluído pela Lei
1. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. CRIME COMUM. nº 9.677, de 2.7.1998)
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO. III - sem as características de identidade e qualida-
de admitidas para a sua comercialização; (Incluído
 ELEMENTO SUBJETIVO pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de
 DOLO. sua atividade; ((Incluído pela Lei nº 9.677, de
 MODALIDADE CULPOSA 2.7.1998)
V - de procedência ignorada; (Incluído pela Lei nº
§ 2º - Se o crime é culposo: 9.677, de 2.7.1998)
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da
autoridade sanitária competente. (Incluído pela Lei
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA nº 9.677, de 2.7.1998)

 Consuma-se com a corrupção, adulteração ou falsifi-  OBJETIVIDADE JURÍDICA:


cação da substância alimentícia ou medicinal, que
torna o objeto material, destinado ao público, nocivo à Incolumidade pública.
saúde. No §1º, o crime consuma-se com a venda,
exposição à venda, a guarda da substância para  NÚCLEOS DO TIPO:
vender ou com a entrega a consumo da substância
alimentícia ou medicinal nociva à saúde. Não é exigido Falsificar: Imitar com o sentido de iludir ou fraudar,
o dano efetivo às pessoas. corromper que tem o sentido de viciar, estragar, tornar
 Admite-se a forma tentada podre.

 AÇÃO PENAL Adulterar e alterar: modificar o produto.

Pública Incondicionada Produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais:


aqueles “próprios para o tratamento, a cura ou a preven-
7) FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADULTERAÇÃO OU ção de enfermidades”.
ALTERAÇÃO DE PRODUTO DESTINADO A FINS
Matérias – primas: as substâncias essenciais para a fa-
TERAPÊUTICOS OU MEDICINAIS
bricação de um produto.

Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar


 SUJEITOS DO DELITO
produto destinado a fins terapêuticos ou medici-
nais: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
1. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. CRIME COMUM.
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO.
multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa,
 ELEMENTO SUBJETIVO
vende, expõe à venda, tem em depósito para vender
ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consu-
 DOLO.
mo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou
 MODALIDADE CULPOSA
alterado. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de
2.7.1998)
§ 2º - Se o crime é culposo:
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refe-
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
re este artigo os medicamentos, as matérias-primas,
os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os sane-
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
antes e os de uso em diagnóstico. (Incluído pela Lei
nº 9.677, de 2.7.1998)
 Consumam-se independentemente de ter sido concre-
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem
tamente usada ou posta em circulação, prejudicando
pratica as ações previstas no § 1º em relação a pro-
indivíduos concretos, tais infrações não se perfazem
dutos em qualquer das seguintes condições: (Incluí-
sempre que se constatar a ineficácia absoluta do meio
do pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
ou a absoluta impropriedade do objeto.
I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigi-
 Admite-se a forma tentada
lância sanitária competente; (Incluído pela Lei nº
9.677, de 2.7.1998)
 AÇÃO PENAL  OBJETIVIDADE JURÍDICA:

Pública Incondicionada Incolumidade pública.

8) EMPREGO DE PROCESSO PROIBIDO OU DE  NÚCLEOS DO TIPO:


SUBSTÂNCIA NÃO PERMITIDA
Indicar, apontar, citar, em invólucro ou recipiente de pro-
Art. 274 - Empregar, no fabrico de produto destina- duto alimentício ou medicinal, a existência de substância
do a consumo, revestimento, gaseificação artificial, que não se encontra em seu conteúdo ou que nele existe
matéria corante, substância aromática, anti-séptica, em quantidade menor que a mencionada.
conservadora ou qualquer outra não expressamente
A lei não exige que o produto seja nocivo à saúde.
permitida pela legislação sanitária:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
 SUJEITOS DO DELITO

 OBJETIVIDADE JURÍDICA:
1. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. CRIME COMUM.
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO.
Incolumidade pública.
 ELEMENTO SUBJETIVO
 NÚCLEOS DO TIPO:
 DOLO.
Empregar: utilizar, no fabrício, de produto destinado a
 Não admite a modalidade culposa.
consumo (objeto material) de um número indeterminado
de pessoas, revestimento (é o revestimento que cobre o
produto).  CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

 SUJEITOS DO DELITO  Consumam-se com a falsa indicação. Não é necessá-


rio que o produto seja entregue ao consumo.
1. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. CRIME COMUM.  Admite-se a forma tentada
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO.
 AÇÃO PENAL
 ELEMENTO SUBJETIVO
Pública Incondicionada
 DOLO.
10) PRODUTO OU SUBSTÂNCIA NAS CONDIÇÕES
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA DOS DOIS ARTIGOS ANTERIORES

 Consumam-se com o emprego, no fabrício de produto, Art. 276 - Vender, expor à venda, ter em depósito
de revestimento, gaseificação artificial, matéria para vender ou, de qualquer forma, entregar a con-
corante, etc., não permitida pela legislação sanitária. sumo produto nas condições dos arts. 274 e 275.
É considerado, portanto, crime instantâneo. Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa
 Admite-se a forma tentada
 OBJETIVIDADE JURÍDICA:
 AÇÃO PENAL
Incolumidade pública.
Pública Incondicionada
 NÚCLEOS DO TIPO:
9) INVÓLUCRO OU RECIPIENTE COM FALSA INDI-
Art 274.: produto destinado a consumo, fabricado
CAÇÃO
com emprego de processo proibido ou de substância
não permitida pela legislação sanitária.
Art. 275 - Inculcar, em invólucro ou recipiente de
produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais, a
Art. 275: produto alimentício ou medicinal, acondi-
existência de substância que não se encontra em
cionado em invólucro ou recipiente com falsa identi-
seu conteúdo ou que nele existe em quantidade me-
ficação das substâncias que o compõem.
nor que a mencionada: (Redação dada pela Lei nº
9.677, de 2.7.1998)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa
 SUJEITOS DO DELITO  CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

1. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. CRIME COMUM.  Consumam-se com a venda, exposição à venda,
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO. depósito ou cessão de substância destinada à
falsificação de produto alimentício ou medicinal.
 ELEMENTO SUBJETIVO  Admite-se a forma tentada

 DOLO.  AÇÃO PENAL


 Não admite a modalidade culposa.
Pública Incondicionada
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
12) OUTRAS SUBSTÂNCIAS NOCIVAS À SAÚDE PÚ-
 Consumam-se com a venda, entrega, exposição à BLICA
venda e depósito para venda.
 Admite-se a forma tentada Art. 278 - Fabricar, vender, expor à venda, ter em
depósito para vender ou, de qualquer forma, entregar
 AÇÃO PENAL a consumo coisa ou substância nociva à saúde, ain-
da que não destinada à alimentação ou a fim medici-
Pública Incondicionada nal:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
11) SUBSTÂNCIA DESTINADA À FALSIFICAÇÃO
 OBJETIVIDADE JURÍDICA:
Art. 277 - Vender, expor à venda, ter em depósito ou Incolumidade pública.
ceder substância destinada à falsificação de produ-
tos alimentícios, terapêuticos ou medicinais:  NÚCLEOS DO TIPO:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
É necessário que a coisa ou substância seja nociva, idô-
 OBJETIVIDADE JURÍDICA: nea e causar dano à normalidade física, orgânica, ou
psicológica de um número indefinido de pessoas. Pouco
Incolumidade pública. importa o grau de nocividade.

 NÚCLEOS DO TIPO:  SUJEITOS DO DELITO

Possui tipo misto, se o sujeito realiza mais de uma con- 1. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. CRIME COMUM.
duta responde por delito único, o objeto material é a 2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO.
substância destinada à falsificação (alteração ou imita-
ção enganosa) de produto alimentício ou medicinal. Não  ELEMENTO SUBJETIVO
caracteriza o delito a venda, exposição etc. De máqui-
nas, utensílios, petrechos destinados à falsificação de  DOLO.
produto alimentício ou medicinal. Destinação da subs-  MODALIDADE CULPOSA
tância: Pode ser exclusivamente destinada à falsificação Parágrafo único - Se o crime é culposo:
ou eventualmente destinada a tal fim. Deve ser destina- Pena - detenção, de dois meses a um ano.
da a várias e indeterminadas pessoas
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
 SUJEITOS DO DELITO
 Consumam-se com a realização de qualquer das
1. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. CRIME COMUM. condutas escritas. Nas modalidades expor a venda e
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO. ter em depósito, a consumação protrai-se no tempo
desde o instante que se reúnem os elementos da
 ELEMENTO SUBJETIVO descrição típica até que cesse o comportamento
delituoso.
 DOLO.  Admite-se a forma tentada
 Não admite a modalidade culposa.
 AÇÃO PENAL

Pública Incondicionada
13) MEDICAMENTO EM DESACORDO COM RECEITA  NÚCLEOS DO TIPO:
MÉDICA
Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico,
Art. 280 - Fornecer substância medicinal em desa- dentista ou farmacêutico, sem autorização legal: o exercí-
cordo com receita médica: cio ilegal é feito sem autorização ilegal.
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa.
Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico,
 OBJETIVIDADE JURÍDICA: dentista ou farmacêutico excedendo-lhe os limites: o
sujeito, tendo seu título, diploma ou licença registrados no
Incolumidade pública. órgão competente, excede os limites no exercício de sua
profissão.
 NÚCLEOS DO TIPO:
 SUJEITOS DO DELITO
Fornecimento da substância medicinal: pode ser a título
gratuito ou oneroso. A lei proíbe a arbitrariedade do for- 1. SUJEITO ATIVO: Sem autorização legal: qualquer pes-
necimento da substância medicinal. soa. CRIME COMUM. Excedendo-lhe os limites: só o
médico, o dentista e o farmacêutico. CRIME PRÓPRIO.
 SUJEITOS DO DELITO
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO. E a
1. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. CRIME COMUM. pessoa em relação à qual tiver sido exercida ilegal-
2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO. mente a profissão de médico, de dentista ou de fama-
cêutico.
 ELEMENTO SUBJETIVO
 ELEMENTO SUBJETIVO
 DOLO.
 MODALIDADE CULPOSA  DOLO.

Parágrafo único - Se o crime é culposo:  CONSUMAÇÃO E TENTATIVA


Pena - detenção, de dois meses a um ano.
 Consumam-se com a caracterização da habitualidade
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA da prática de atos privativos de médico, dentista ou
farmacêutico.
 Consumam-se com a entrega do medicamento em  Não admite-se a forma tentada
desacordo com a receita médica, independentemente
de sua utilização pelo comprador.  AÇÃO PENAL
 Admite-se a forma tentada
Pública Incondicionada
 AÇÃO PENAL
15) CHARLATANISMO
Pública Incondicionada
Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura por meio secre-
14) EXERCÍCIO ILEGAL DA MEDICINA, ARTE DEN- to ou infalível:
TÁRIA OU FARMACÊUTICA Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a pro-  OBJETIVIDADE JURÍDICA:
fissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem au-
torização legal ou excedendo-lhe os limites: Incolumidade pública.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim  NÚCLEOS DO TIPO:
de lucro, aplica-se também multa.
Consiste na inculcação (recomendação, proposta) ou
 OBJETIVIDADE JURÍDICA: anúncio (divulgação, notícia) de cura (restabelecimento
da saúde física ou psíquica) por meio secreto ou infalí-
Incolumidade pública. vel.

O crime não é habitual, basta um ato para configurá-lo.


 SUJEITOS DO DELITO  ELEMENTO SUBJETIVO

1. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. CRIME COMUM.  DOLO.


2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO.  Não se admite a modalidade culposa

 ELEMENTO SUBJETIVO  CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

 DOLO.  Consumam-se com a reiteração dos atos mencio-


 Não se admite a modalidade culposa nados nos incisos. É necessário o efetivo exercício do
. curandeirismo, habitualmente. A lei não exige
 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA nenhum resultado.
 Vários pacientes em uma só oportunidade: há crime.
 Consumam-se com a inculcação ou anúncio da cura,  Não admite-se a forma tentada
independentemente de qualquer resultado. É indife-
rente que ninguém acorra ao charlatão para obter a  AÇÃO PENAL
cura apregoada, uma vez que o perigo à coletividade
é presumido de forma absoluta. Pública Incondicionada
 Admite-se a forma tentada

 AÇÃO PENAL

Pública Incondicionada

16) CURANDEIRISMO

Art. 284 - Exercer o curandeirismo:


I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitu-
almente, qualquer substância;
II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio;
III - fazendo diagnósticos:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante
remuneração, o agente fica também sujeito à multa.

 OBJETIVIDADE JURÍDICA:

Incolumidade pública.

 NÚCLEOS DO TIPO:

Curandeirismo é a atividade grosseira de cura por quem


não possui nenhum conhecimento de medicina. Objeto
das condutas: a prescrição, ministração ou aplicação
devem ter por objeto qualquer substância, podendo ser
do reino animal, vegetal ou mineral. Pouco importa se a
substância é nociva ou não à saúde ou se tem proprie-
dades idôneas à cura pretendida pela pessoa que procu-
ra o curandeiro.

Crime de perigo abstrato

 SUJEITOS DO DELITO

1. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. CRIME COMUM.


2. SUJEITO PASSIVO: É a coletividade. CRIME VAGO. E
quem se submete ao curandeiro.
A resposta é não, pois o documento não possui falhas. O
que o perito terá que fazer (e isso poderia ser feito por
qualquer pessoa) é verificar os FATOS, AS INFORMA-
ÇÕES. Assim, podemos afirmar que é caso de FALSIDADE
IDEOLÓGICA.
Um dos aspectos fundamentais para a vida em sociedade
é a crença na veracidade dos documentos, símbolos e Bom, entendidos estes conceitos, vamos passar às crimi-
sinais que são usados pelo homem no convívio social. A nalizações...
essa presunção relativa de veracidade dá-se o nome de fé
pública. FALSIFICAÇÃO DE SELO OU SINAL PÚBLICO

Passaremos, a partir de agora, a estudar as condutas O delito encontra previsão no art. 296 do Código Penal.
típicas que visam resguardar a credibilidade da sociedade Observe:
nos documentos que fazem parte de nosso dia a dia. As-
sim, com foco na FCC e no seu edital, vamos começar! Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da
DA FALSIDADE DOCUMENTAL União, de Estado ou de Município;
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito
Para começarmos a tratar deste tópico precisamos dife- público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião:
renciar dois importantes institutos: A FALSIDADE MATE- Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
RIAL DA FALSIDADE IDEOLÓGICA. Podemos definir as
duas espécies da seguinte forma: CARACTERIZADORES DO DELITO

• FALSIDADE IDEOLÓGICA: Consiste em omitir em do- SUJEITOS DO DELITO:


cumento público ou particular declaração que dele de- 1. SUJEITO ATIVO: Crime comum podendo ser cometido
via constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração por qualquer pessoa.
falsa ou diversa da que devia ser escrita com o fim de 2. SUJEITO PASSIVO: É o Estado.
prejudicar, criar, obrigações ou alterar a verdade sobre
fato jurídico relevante. ELEMENTOS:
1. OBJETIVO: É núcleo do tipo:
• FALSIDADE MATERIAL: é a que se comete pela fabri- Falsificar;
cação de coisa falsa, elaborando um documento falso, 2. SUBJETIVO:
ou pela alteração da verdade, diverge da falsidade ide- 1. Dolo;
ológica, onde o documento se mostra verdadeiro, mas
não exprime a verdade. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
1. O delito tem-se por consumado com a fabricação ou
Assim, podemos resumir da seguinte maneira: Na falsida- alteração do objeto material.
de ideológica o documento é verdadeiro, mas as informa- 2. É admissível a tentativa.
ções são falsas. Diferentemente, na falsidade material há
falha no próprio documento. Vamos exemplificar: CONDUTAS EQUIPARADAS: As condutas equiparadas ao
tipo fundamental encontram-se presentes no parágrafo 1º
Tício pega a sua identidade e, através da inserção de pe- do art. 296 nos seguintes termos:
quenos pontos pretos, altera a sua data de nascimento.
Neste caso, se a identidade for entregue, por exemplo, a § 1º - Incorre nas mesmas penas:
um perito, ele conseguirá determinar a falsificação? I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verda-
A resposta é sim, pois o perito, através da análise, pode deiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio
detectar os pequenos pontos pretos e constatar a altera- ou alheio.
ção. Assim, trata-se de FALSIDADE MATERIAL. III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de mar-
cas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos
Imaginemos agora que Mévio elabora um currículo em utilizados ou identificadores de órgãos ou entida-
que, com apenas 23 anos, ele diz ser formado em Direito des da Administração Pública.
pela USP, diz ter Mestrado em Direito Penal, e afirma ser
doutor em Direito Processual Penal. Neste caso, se entre-
garmos o currículo a um perito, simplesmente olhando
para o documento poderá ele dizer se o papel é falso ou
verdadeiro?
TIPO QUALIFICADO CARACTERIZADORES DO DELITO

Selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, SUJEITOS DO DELITO:


de Estado ou de Município; 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
do por qualquer pessoa.
Selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, 2. SUJEITO PASSIVO: Primariamente é o Estado e se-
ou a autoridade, ou sinal público de tabelião cundariamente o indivíduo lesado (caso haja).

Se o agente é funcionário público, e comete o crime preva- ELEMENTOS:


lecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte 1. OBJETIVO: São núcleos do tipo:
(ART. 296, § 2º). Falsificar (no todo ou em parte, documento público);
Alterar (documento público verdadeiro).
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO 2. SUBJETIVO: Dolo;

Com o intuito principal de proteger a fé pública, no que diz CONSUMAÇÃO E TENTATIVA


respeito aos documentos de natureza pública, dispõe o 1. Consuma-se no momento da falsificação ou alteração.
Código Penal: 2. Admite-se a tentativa.

Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento TIPO QUALIFICADO


público, ou alterar documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Nos dois casos, para a caracterização do delito, a falsifi-
cação deve ser capaz de ludibriar a vítima. Caso seja
Para que você compreenda corretamente esta tipificação, grosseira inexiste o delito em face da ausência de poten-
cabe um importante questionamento: O que é documento cialidade lesiva.
público?
O tipo qualificado do crime de falsificação de documento
Documento público é aquele elaborado por funcionário público encontra previsão no parágrafo primeiro do art.
público, no exercício de suas funções. São também con- 297. Veja:
siderados documentos públicos os translados, fotocópias
com autenticação e as certidões. Art. 297 [...]
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o
Cabe ressaltar que as cópias não autenticadas não são crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena
consideradas documentos para fins penais. de sexta parte.

Ainda dentro da definição de documento público, é impor- CONDUTAS EQUIPARADAS – FALSIFICAÇÃO DE


tantíssimo para a sua PROVA ter conhecimento do pará- DOCUMENTO PÚBLICO PREVIDENCIÁRIO
grafo 2º do art. 297 que leciona:
Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:
Art. 297 [...]
[...] 1. Na folha de pagamento ou em documento de informa-
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a docu- ções que seja destinado a fazer prova perante a previ-
mento público o emanado de entidade paraestatal, o dência social, pessoa que não possua a qualidade de
título ao portador ou transmissível por endosso, as segurado obrigatório;
ações de sociedade comercial, os livros mercantis e
o testamento particular. 2. Na Carteira de Trabalho e Previdência Social do em-
pregado ou em documento que deva produzir efeito
Assim, do supracitado dispositivo, podemos retirar que perante a previdência social, declaração falsa ou di-
são documentos públicos por equiparação: versa da que deveria ter sido escrita;

6. O EMANADO DE ENTIDADE PARAESTATAL; 3. Em documento contábil ou em qualquer outro docu-


7. O TÍTULO AO PORTADOR OU TRANSMISSÍVEL POR mento relacionado com as obrigações da empresa pe-
ENDOSSO; rante a previdência social, declaração falsa ou diversa
8. AS AÇÕES DE SOCIEDADE COMERCIAL; da que deveria ter constado.
9. OS LIVROS MERCANTIS; E
10. O TESTAMENTO PARTICULAR (HOLÓGRAFO).
Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos Segundo Damásio “documento é o escrito elaborado por
mencionados acima, nome do segurado e seus dados autor certo em que se manifesta a narração de fato ou a
pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de traba- exposição de vontade, possuindo importância jurídica.
lho ou de prestação de serviços. Não tem formalidade especial, é feito por um particular,
não sofrendo a intervenção de funcionário público. Entre-
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO X ESTELIONA- tanto, o documento público, quando nulo por vício de for-
TO ma, é considerado documento particular”.

Trataremos agora de um tema bem controvertido na dou- Podemos resumir que o documento particular apresenta
trina e na jurisprudência. as seguintes características:

Há diversas orientações a respeito da tipicidade do fato 1. Forma escrita;


de o sujeito, após falsificar um documento empregá-lo na 2. Autor determinado (não sofrendo a intervenção de
prática de um delito. Vamos conhecer, a partir de agora, o funcionário público);
que interessa para sua PROVA. 3. Deve conter exposição de fato ou manifestação de
vontade;
Segundo o entendimento do STJ o crime de estelionato 4. Relevância Jurídica
absorve o crime de falsificação de documento público. Tal
posicionamento está estampado na súmula 17 do STJ CARACTERIZADORES DO DELITO
que dispõe:
SUJEITOS DO DELITO:
"Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
potencialidade lesiva, é por este absorvido". do por qualquer pessoa.
2. SUJEITO PASSIVO: Primariamente é o Estado e se-
Ocorre, entretanto, que diferentemente do entendimento cundariamente o indivíduo lesado (caso haja).
supraapresentado, o STF se posiciona no sentido de que
há concurso formal entre o estelionato e a falsificação de ELEMENTOS:
documento público. Segundo a Suprema Corte há unidade 1. OBJETIVO: São núcleos do tipo:
de ação, de desígnio e pluralidade de bens jurídicos viola- Falsificar (no todo ou em parte, documento público);
dos. Alterar (documento público verdadeiro).

Para a sua PROVA, leve como regra o entendimento do Nos dois casos, para a caracterização do delito, a falsifi-
STF, ou seja, há concurso formal entre o estelionato e a cação deve ser capaz de ludibriar a vítima. Caso seja
falsificação de documento público. grosseira inexiste o delito em face da ausência de po-
tencialidade lesiva.
Firme-se na súmula 17 somente nos casos em que a ban-
ca pergunta: 2. SUBJETIVO: Dolo;

Segundo o entendimento do STJ [...]. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA


1. Consuma-se no momento da falsificação ou alteração.
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR 2. Admite-se a tentativa. Ex: O agente é surpreendido no
momento em que está inserindo números no docu-
O legislador penal, visando resguardar a fé publica com mento.
relação à autenticidade dos documentos particulares,
definiu o crime de falsificação de documento particular Nos dois casos, para a caracterização do delito, a falsifi-
que encontra previsão no art. 298 do Código Penal nos cação deve ser capaz de ludibriar a vítima. Caso seja
seguintes termos: grosseira inexiste o delito em face da ausência de poten-
cialidade lesiva.
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento
particular ou alterar documento particular verdadei- FALSIDADE IDEOLÓGICA
ro:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. O art. 299 do Código Penal tipifica a seguinte conduta:

Antes de prosseguirmos, cabe-nos conceituar o objeto Art. 299 - Omitir, em documento público ou particu-
material do delito, ou seja, o documento particular. lar, declaração que dele devia constar, ou nele inserir
ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que
devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, cri- Já na conduta de fazer inserir o agente atua de forma
ar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridi- indireta, utilizando-se de terceiro para introduzir no docu-
camente relevante: mento a declaração falsa.
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
documento é público, e reclusão de um a três anos, e OBSERVAÇÃO
multa, se o documento é particular. Para a caracterização do delito, a falsificação deve ser
capaz de ludibriar a vítima. Caso seja grosseira inexiste
A fim de relembrarmos a falsidade ideológica, diferenci- o delito em face da ausência de potencialidade lesiva.
ando-a da falsidade material, necessário se faz transcre- Além disso, deve recair sobre “fato jurídico relevante”.
ver as palavras do Nobre Jurista, Damásio de Jesus: Observe elucidativo entendimento jurisprudencial:

“Na falsidade material o vício incide sobre a parte exterior do Para a caracterização do delito de falsidade ideológica é
documento, recaindo sobre o elemento físico do papel escrito mister que se configurem os quatro requisitos compo-
e verdadeiro. O sujeito modifica as características originais nentes do tipo penal, a saber:
do objeto material por meio de rasuras, borrões, emendas,
substituição de palavras ou letras, números, etc. (...) Na fal- a) alteração da verdade sobre o fato juridicamente rele-
sidade ideológica (ou pessoa) o vício incide sobre as decla- vante;
rações que o objeto material deveria possuir, sobre o conteú- b) imitação da verdade;
do das idéias. Inexistem rasuras, emendas, omissões ou c) potencialidade de dano;
acréscimos. O documento, sob o aspecto material é verdadei- d) dolo.
ro; falsa é a idéia que ele contém. Daí também chamar-se
ideal. Distinguem-se, pois, as falsidades material e ideológi- Se não há na ação dos agentes entrelaçamento desses
ca.” requisitos, relevância jurídica do falso dano efetivo ou
mesmo potencial e, ainda dolo (porque o falso decorre
Neste sentido, observamos que a falsidade ideológica de simples erro), não está caracterizado tal crime. E o
leva em consideração o conteúdo intelectual do docu- remédio heróico pode validamente ser impetrado para,
mento, não a sua forma. em tais circunstâncias, trancar a ação penal.

CARACTERIZADORES DO DELITO 2. SUBJETIVO: São dois que precisam co-existir para a


caracterização da falsidade ideológica:
SUJEITOS DO DELITO:
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi- Dolo;
do por qualquer pessoa. “Com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou
2. SUJEITO PASSIVO: Primariamente é o Estado e se- alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”
cundariamente o indivíduo lesado (caso haja
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
ELEMENTOS:
1. OBJETIVO: São núcleos do tipo: 1. Consuma-se o delito com a omissão ou inserção direta
Omitir (declaração que devia constar do objeto materi- ou indireta da declaração, no momento em que o do-
al); cumento, já com a falsidade, se completa
Inserir (declaração falsa ou diversa da que devia ser 2. Admite-se a tentativa nas condutas de inserir ou fazer
escrita – inserção direta); inserir. Na omissão, não se admite a forma tentada.
Fazer inserir (declaração falsa ou diversa da que devia
ser escrita – inserção indireta) CAUSAS DE AUMENTO DE PENA

Nota-se que são três as modalidades de condutas prati- O tipo qualificado do crime de falsidade ideológica encon-
cadas pelo agente sendo, a de omitir, inserir ou fazer inse- tra previsão no parágrafo único do art. 299. Assim, a pena
rir declaração falsa no documento. será aumentada de sexta parte nas seguintes situações:

Na omissão de declaração o agente deixa de relatar, não 1 - SE O AGENTE É FUNCIONÁRIO PÚBLICO, E COMETE O
menciona, oculta fato que era obrigado a fazer constar. CRIME PREVALECENDO-SE DO CARGO;

Na conduta de inserir o agente declara de forma falsa ou 2 - SE A FALSIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO É DE ASSENTA-


diversa da que devia ser escrita. MENTO DE REGISTRO CIVIL (EX: INSCRIÇÕES DE
NASCIMENTO, CASAMENTO, ÓBITO ETC.).
FALSIDADE EM FOLHA EM BRANCO Assim, a exigência restringe-se ao conhecimento da con-
duta típica e de pequenas particularidades. Vamos es-
Trataremos agora de mais um caso que gera inúmeras quematizar:
discussões na jurisprudência e doutrina.
CRIME CONDUTA OBSERVAÇÕES
Imagine que uma folha em branco, devidamente assinada, FALSO Reconhecer, como Trata-se de crime próprio
é entregue por Tício à Mévio. Tendo a posse da folha, RECONHECIMENTO verdadeira, no exer- que só pode ser praticado
Mévio a preenche com informações falsas. Neste caso, DE FIRMA OU cício de função por funcionário público.
LETRA pública, firma ou letra É considerado pela doutri-
haverá crime de falsificação?
que o não seja. na uma modalidade típica
de falsidade ideológica.
A pergunta é pertinente, pois nosso Código Penal não Consuma-se com o ato do
define exatamente o fato. Só a título de conhecimento, o reconhecimento, indepen-
código de 1890, por exemplo, deixava claro a conduta dentemente de qualquer
delituosa. Veja: resultado.

"Abusar do papel com assinatura em branco, de que tenha CERTIDÃO OU Atestar ou Certificar Trata-se de crime próprio
se apossado, ou lhe haja sido confiado com obrigação de ATESTADO falsamente, em razão que só pode ser praticado
IDEOLOGICAMENTE de por funcionário público.
restituir, ou fazer dele uso determinado, e nele escrever ou
FALSO função pública, fato É considerado pela doutri-
fazer escrever um ato, que produza efeito jurídico em pre-
ou circunstância que na uma modalidade típica
juízo daquele que o firmou, e ainda no inciso 9° usar de habilite de falsidade ideológica.
qualquer fraude para constituir outra pessoa em obriga- alguém a obter cargo Atinge sua consumação
ção que não tiver em vista, ou não puder satisfazer ou público, isenção de com a entrega da certidão
cumprir". ônus falsa ao terceiro.
ou de serviço de Se o crime é praticado
A dificuldade do atual enquadramento da conduta como caráter público, ou com o fim de lucro, aplica-
crime contra a fé pública reside no fato de que a folha de qualquer outra se, além da pena privativa
vantagem. de liberdade, a de multa.
papel em branco assinada, por não apresentar conteúdo,
não pode ser considerada um documento.
FALSIDADE Falsificar, no todo ou Trata-se de crime comum
MATERIAL DE em parte, atestado ou que pode ser praticado por
A situação, todavia, é resolvida através do entendimento ATESTADO OU certidão, ou alterar o qualquer pessoa.
de que após o preenchimento das informações a folha CERTIDÃO teor Se o crime é praticado
torna-se documento, o que caracteriza o crime. Além dis- de certidão ou de com o fim de lucro, aplica-
so, para a correta definição da forma típica a ser aplicada, atestado se, além da pena privativa
deve-se verificar as circunstâncias em que a folha ingres- verdadeiro, para de liberdade, a de multa.
sou na esfera de disponibilidade do agente. prova de fato ou
circunstância que
habilite alguém a
Assim:
obter cargo público,
isenção de
SE A FOLHA ASSINADA EM BRANCO FOI ENTREGUE E ônus ou de serviço de
CONFIADA AO AGENTE PELA VÍTIMA, SEU PREENCHI- caráter público, ou
MENTO ABUSIVO CONFIGURA A FALSIDADE IDEOLÓGI- qualquer outra van-
CA. SE A FOLHA EM BRANCO ASSINADA FOI APOSSADA tagem.
PELO AGENTE OU OBTIDA POR MEIO DA PRÁTICA DE
ALGUM CRIME (EX. FURTO), SEU PREENCHIMENTO FALSIDADE DE Dar o médico, no Trata-se de crime próprio
CARACTERIZARÁ O FALSO MATERIAL. TAMBÉM HAVE- ATESTADO MÉDICO exercício da sua que só pode ser praticado
profissão, atestado por médico.
RÁ FALSO MATERIAL NO PRIMEIRO CASO QUANDO A
falso. É considerado pela doutri-
AUTORIZAÇÃO ANTERIOR DADA PELA VÍTIMA FOR POR na uma modalidade típica
ELA REVOGADA. de falsidade ideológica.
Atinge sua consumação
com a entrega da certidão
FALSO RECONHECIMENTO DE FIRMA OU LETRA / CERTI- falsa ao terceiro.
DÃO OU ATESTADO FALSO / FALSIDADE DE ATESTADO Se o crime é cometido
MÉDICO com o fim de lucro,

Agora trataremos de alguns delitos que não são muito


exigidos em PROVA.
USO DE DOCUMENTO FALSO SUPRESSÃO DE DOCUMENTOS

O art.304 define o crime de uso de documento falso da Segundo De Plácido e Silva, a supressão de documentos,
seguinte forma: notadamente em sentido do Direito Penal, é a subtração
do documento aos efeitos jurídicos pretendidos, na inten-
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsifica- ção de se favorecer ao supressor, ou a outrem, em prejuí-
dos ou alterados, a que se referem os arts. 297 a zo de alguém.
302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. O crime de supressão de documentos encontra-se previs-
to no art. 305 do Código Penal. Veja:
A conduta passível de punição é a de fazer uso de docu-
mento falso como se fosse verdadeiro. Assim, incrimina- Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício
se o uso de documento público ou particular material ou próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, docu-
ideologicamente falso, de documento com falso reconhe- mento público ou particular verdadeiro, de que não
cimento de firma ou letra, de atestado, certidão ou ates- podia dispor:
tado médico falsos. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa,
se o documento é público, e reclusão, de 1 (um) a 5
Para a caracterização do delito a utilização pode ser tanto (cinco) anos, e multa, se o documento é particular.
na esfera judicial quanto extrajudicial. Exige-se a utiliza-
ção do documento, não caracterizando o crime o uso de O tipo penal tem como objetivo proteger a fé pública, evi-
fotocópia ou cópia. tando que seja atingida, infringida, ofendida com a su-
pressão de determinado documento.
CARACTERIZADORES DO DELITO
Busca-se, aqui, assegurar a proteção ao documento que,
SUJEITOS DO DELITO: via de regra, é imbuído de força probante em relação a
certo fato.
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
do por qualquer pessoa. O objeto material deve reunir as condições de documento
e ser verdadeiro.
2. SUJEITO PASSIVO: Primariamente é o Estado e se-
cundariamente o indivíduo lesado (caso haja). Caso se trate de documento falso, não poderá ser carac-
terizado o delito em tela, podendo surgir outro crime co-
ELEMENTOS: mo, por exemplo, o favorecimento pessoal (art. 348) ou
fraude processual (art. 347).
1. OBJETIVO: É núcleo do tipo:

Fazer (uso);

ATENÇÃO
O uso de documento que o sujeito sabe ou deve saber
falso ou inexato na prática de crime contra a ordem tri-
butária se encontra descrito no art. 1º, IV da lei nº 8.137
(Lei que define os crimes contra a ordem tributária.

2. SUBJETIVO:

Dolo;

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

1. O crime é consumado com o uso do documento falso.


2. Não se admite a tentativa, pois o simples tentar usar já
caracteriza o crime.
Para responder a este questionamento, devemos buscar o
conceito exposto no artigo 327 do Código Penal. Observe:

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os


efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou
CLASSIFICAÇÕES sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função
pública.
Os crimes contra a administração são classificados em
três grupos: CARGO PÚBLICO - Segundo a doutrina, cargo público é a
mais simples unidade de poderes e deveres estatais a
1. Crimes cometidos por funcionário público contra a serem expressos por um agente. Todavia, há conceito
administração em geral (art. 312 a 326); legal de cargo público. O artigo 3º da lei 8112/90 (Estatu-
to dos Servidores Públicos Civis da União) define cargo
2. Crimes praticados por particular contra a administra- público como sendo o conjunto de atribuições e respon-
ção em geral (art. 328 a 337); e sabilidades previstas na estrutura organizacional que
devem ser cometidas a um servidor.
3. Crimes contra a administração da justiça (art 338 a
359). EMPREGO PÚBLICO - De acordo com a doutrina dominan-
te, emprego público tem, substancialmente, a mesma
 CRIME FUNCIONAIS conceituação de cargo público. O que os diferencia é que
no emprego a relação jurídica estabelecida entre seu titu-
Os crimes funcionais pertencem à categoria dos crimes lar e a Administração é regida pela CLT.
próprios, pois só podem ser cometidos por determinada
classe de pessoas. Neste tipo de delito, a lei exige do indi- FUNÇÃO PÚBLICA - De forma residual, conceituamos
víduo uma condição ou situação específica. Os crimes função pública como a atribuição desempenhada por um
funcionais classificam-se em: agente que não se caracteriza como cargo ou emprego
público. Assim, considera-se funcionário aquele que, sem
E) Crimes funcionais próprios – ter cargo ou emprego público, desempenha função públi-
ca extraordinária (contratado extraordinariamente).
São aqueles cuja ausência da qualidade de funcionário
público torna o fato atípico. Exemplo claro de crime funci- Com base no dispositivo supra, para fins de aplicação dos
onal próprio é o delito de prevaricação, previsto no artigo artigos de lei que analisaremos a seguir, devemos enten-
319 do Código Penal. der por funcionários públicos todos aqueles que desem-
penham função, submetidos a uma relação hierarquizada
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevida- para com o ente administrativo, independentemente de
mente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição ser este ente da administração direta ou indireta, bem
expressa de lei, para satisfazer interesse ou senti- como de ser este labor permanente ou temporário, volun-
mento pessoal: tário ou compulsório, gratuito ou oneroso.

Se ficar comprovado que na época do fato o indivíduo não Deste modo, o nosso Código Penal adotou a noção ampli-
era funcionário público, desaparece a prevaricação e não ada do conceito de funcionário público discutido na esfe-
surge nenhum outro crime. Percebe-se que a qualidade do ra do Direito Administrativo. E foi mais longe. Não exige,
sujeito ativo aparece como elemento da tipicidade penal. para caracterizá-lo, nem sequer o exercício profissional ou
permanente da função pública.
Crimes funcionais impróprios ou mistos - A ausência da
qualidade especial faz com que o fato seja enquadrado Verifica-se que o funcionário público, diante do Direito
em outro tipo penal. Exemplo: Penal, caracteriza-se pelo exercício da função pública.
Portanto, o que importa não é a qualidade do sujeito, de
Concussão – Art. 316; se o sujeito ativo não for fun- natureza pública ou privada, mas sim a natureza da fun-
cionário público, o crime é de extorsão – art. 158. ção por ele exercida.
CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL
FUNCIONÁRIO PÚBLICO FUNCIONÁRIO PÚBLICO POR EQUIPARAÇÃO

Durante a aula, falarei por diversas vezes em “funcionário Dispõe o parágrafo 1º do art. 327 do CP:
público”, mas qual o real significado desta expressão?
Art. 327 tância e responsabilidade, devem ser valorados de uma
[...] maneira diferenciada em relação aos demais. Sendo as-
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce sim, fez constar no Código Penal que:
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e
quem trabalha para empresa prestadora de serviço Art. 327
contratada ou conveniada para a execução de ativi- § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando
dade típica da Administração Pública. os autores dos crimes previstos neste Capítulo fo-
rem ocupantes de cargos em comissão ou de função
A lei nº 9.983/2000 estendeu o conceito de funcionário de direção ou assessoramento de órgão da adminis-
público, equiparando a este: tração direta, sociedade de economia mista, empresa
pública
1. QUEM TRABALHA EM ENTIDADE PARAESTATAL - As ou fundação instituída pelo poder público.
entidades paraestatais integram o chamado terceiro
setor, que pode ser definido como aquele composto Resumindo:
por entidades privadas da sociedade civil, que prestam CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL
atividade de interesse social, por iniciativa privada, FUNCIONÁRIO PÚBLICO - Pessoa física que exerce fun-
sem fins lucrativos. ção pública, a qualquer título, com ou sem remuneração.
(administração direta ou indireta)
O terceiro setor coexiste com o primeiro setor, que é o
próprio Estado, e com o segundo setor, que é o mercado. Funcionário público por equiparação- pessoa física que
atua em entidade paraestatal ou em empresa Privada,
2. QUEM TRABALHA EM EMPRESA PRESTADORA DE contratada ou conveniada, para a execução de atividade
SERVIÇO CONTRATADA OU CONVENIADA PARA A típica.
EXECUÇÃO DE ATIVIDADE TÍPICA DA ADMINISTRA-
ÇÃO PÚBLICA- Difere o contrato do convênio porque OBSERVAÇÃO 01- A equiparação aplica-se ao sujeito
naquele é a Administração Pública, mediante conces- Ativo do delito.
são, quem contrata o particular para o exercício de ati-
vidade pública. Já no convênio, verifica-se um acordo OBSERVAÇÃO 02 - NO CASO DE OCUPANTES DE CAR-
de duas ou mais entidades para a realização de um GOS EM COMISSÃO OU DE FUNÇÃO DE DIREÇÃO OU
serviço público de competência de uma delas, que de- ASSESSORAMENTO DE ÓRGÃO DA ADMINISTRAÇÃO
ve ser uma entidade pública. DIRETA OU INDIRETA, A PENA SERÁ AUMENTADA DA
TERÇA PARTE.
O conceito de atividade típica da Administração Pública
vincula-se às tarefas essenciais do Estado, tais como NOS DELITOS PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLI-
saúde, educação, transportes, cultura, segurança, higiene, CO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, DEVE-SE
dentre outras. Observe o julgado: COMPROVAR A UTILIZAÇÃO DO CARGO, DO EMPREGO
OU DA FUNÇÃO; CASO CONTRÁRIO, NÃO HAVERÁ ESSE
STJ - RECURSO ESPECIAL: REsp 902037 SP 2006/ TIPO DE CRIME.
0222308-1
PENAL. RECURSO ESPECIAL. ART. 317, CAPUT, DO CÓDIGO  DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚ-
PENAL. CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO PARA FINS BLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
PENAIS. ADVOGADO CONTRATADO POR MEIO DE CONVÊ-
NIO FIRMADO ENTRE A PROCURADORIA GERAL DO ESTA- 01) PECULATO
DO E A OAB PARA ATUAR EM DEFESA DOS BENEFICIÁRIOS
DA JUSTIÇA GRATUITA. O peculato é o delito em que o funcionário público, arbi-
trariamente, faz sua ou desvia em proveito próprio ou de
O advogado que, por força de convênio celebrado com o terceiro, a coisa móvel que possui em razão do cargo, seja
Poder Público, atua de forma remunerada em defesa dos ela pertencente ao Estado ou a particular, ou esteja sob
agraciados com o benefício da Justiça Pública, enquadra-se sua guarda ou vigilância.
no conceito de funcionário público para fins penais (Prece- Está definido assim no Código Penal:
dentes). Recurso especial provido.
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de di-
CAUSA DE AUMENTO DE PENA nheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público
ou particular, de que tem a posse em razão do cargo,
Para o legislador, determinados cargos, tais como os em ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
comissão ou de direção ou assessoramento, pela impor- Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Observe que se trata de um crime funcional impróprio, CARACTERIZADORES DO DELITO (MUITA ATENÇÃO!!!)
pois se retirarmos a qualidade de funcionário público
passamos a ter o delito de apropriação indébita, previsto SUJEITOS DO DELITO:
no artigo 168 do Código Penal. Veja a semelhança:
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que cometido por funcionário público.
tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o ESTADO, entretan-
to, pode figurar no pólo passivo um particular, caso o
A definição do PECULATO prevista no artigo 312 se sub- objeto material seja de natureza privada.
divide em duas espécies:
Para exemplificar, imagine que Mévio está em um proces-
PECULATO-APROPRIAÇÃO- Definido na 1ª parte do artigo so judicial tentando a posse de um bem. Durante o pro-
312. Ocorre quando o funcionário público APROPRIA-SE. cesso, o Juiz coloca este bem sob a guarda de um funci-
onário público, que o desvia.
PECULATO-DESVIO - Previsto na 2ª parte do artigo 312.
Recebe esta denominação quando o funcionário público Neste caso, figurará no pólo passivo o particular.
DESVIA.
• ELEMENTOS:
Para que haja a caracterização do peculato, faz-se neces-
sário o cumprimento das seguintes condições: Aqui é mais do que necessário que você saiba a diferen-
ciação entre elemento OBJETIVO, SUBJETIVO e NORMA-
1. Que o sujeito tenha a posse lícita do objeto material; TIVO. Embora eu tenha certeza que você já consolidou
2. Que a posse lhe tenha sido confiada em razão do Car- estes conceitos, eu vou ser “chato” e vou relembrar.
go;
3. Que haja uma relação de causa e efeito entre o cargo e • ELEMENTOS OBJETIVOS - os elementos objetivos do
a posse. tipo referem-se ao aspecto material da infração pe-
nal, dizendo respeito à forma de execução, tempo,
Podemos exemplificar o PECULATO com o seguinte caso: modo, lugar, etc.
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Tício, servidor público federal, “subtrai" de dentro da re- • ELEMENTOS SUBJETIVOS - os elementos subjetivos
partição onde trabalha o teclado de seu computador. Para do tipo penal, também conhecidos na doutrina por
tanto, Tício utiliza-se de sua própria chave da repartição, elementos subjetivos do injusto, dizem respeito ao
que só a possuia em razão do cargo. estado psicológico do agente, ou seja, à sua intenção.

Nessa situação, Tício está valendo-se da "qualidade espe- • ELEMENTOS NORMATIVOS- os tipos penais podem
cial de servidor público", pois só tem a chave e o compu- conter elementos na sua formação que não são de
tador porque é servidor. Nese caso, o crime é de "PECU- compreensão imediata, como os elementos objetivos
LATO". e subjetivos, em razão da necessidade de um juízo de
valor sobre os mesmos. nestes tipos penais que con-
TRF4 - APELAÇÃO CRIMINAL: tém elementos normativos, além de o legislador inclu-
ACR 22098 RS 2000.71.00.022098-3 ir expressões como matar, subtrair, ofender, etc., in-
O delito de peculato, para sua configuração, exige a condi- clui ele ainda expressões como sem ‘justa causa’, ‘in-
ção de funcionário público do agente ativo e que ele tenha devidamente’, ‘fraudulentamente’, etc., que são con-
se valido das facilidades que o cargo lhe propicia para pro- siderados elementos normativos.
veito próprio ou alheio, apropriando-se ou desviando valor
ou outro bem móvel. É mister que a posse - entendida em Observe:
sentido amplo, abrangendo não só o poder material de dis-
por da coisa como também sua livre utilização facultada Agora que você já relembrou, vamos voltar a tratar dos
pela função exercida - seja lícita, ou seja, que a entrega do elementos do PECULATO desvio e apropriação:
bem resulte de mandamento legal ou inveterada praxe, não
proibida por lei. 1. OBJETIVO: Conforme você já estudou, a conduta pode
realizar-se através da apropriação ou do desvio.

Na apropriação, ocorre a inversão do título de posse e o


funcionário passa a dispor da “coisa” como se sua fosse.
Diferentemente, no desvio o funcionário não tem a inten- O funcionário A, sabedor de onde o seu colega, B, guarda
ção do apossamento definitivo, mas emprega o objeto em o numerário (dinheiro) recebido diariamente na repartição
fim diverso para proveito próprio. pública, vale-se de tal conhecimento e, na ausência da-
quele, subtrai tal valor.
Imagine que Tício ficou responsável pela guarda de uma
Ferrari e resolve utilizá-la para sair com uma “amiga”. Observe que, “A” não tinha a posse do bem. Todavia, tinha
Neste caso, comete peculato-desvio. conhecimento, decorrente do seu cargo, de onde seu co-
lega de trabalho guardava tal numerário.
2. SUBJETIVO: É o DOLO. Exige-se a intenção de não
devolver o objeto e a vontade de obter proveito próprio Agora pergunto: Se um funcionário arromba a porta da
ou de terceiro. repartição onde trabalha, adentra o recinto e subtrai bens
públicos, é PECULATO-FURTO?
Atenção que aqui estamos tratando unicamente do pecu-
lato A resposta é negativa, pois ele não está valendo-se da
apropriação e desvio. função. Logo, responderá por furto qualificado e não pe-
culato-furto.
3. NORMATIVO: A expressão "proveito próprio ou alheio".
02) PECULATO-CULPOSO
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Está descrito no Código Penal nos seguintes termos:
1. A consumação no peculato-apropriação ocorre quan-
do o indivíduo age como se fosse dono do objeto. Por Art. 312 [...]
sua vez, no peculato-desvio ocorre quando o indivíduo § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o
desvia o bem, sendo irrelevante se consegue ou não crime de outrem:
proveito próprio ou alheio. Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do
Sendo assim, no exemplo da Ferrari, se o indivíduo não dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a
consegue “impressionar” sua amiga e obter o “proveito” punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a
almejado...Azar o dele!!! pena imposta.

2. O Peculato é um delito material e admite a figura da Nesta forma típica, o funcionário, por imperícia, impru-
tentativa. dência ou negligência, concorre para a prática de crime de
outrem. Assim, em face da ausência de cautela que esta-
PECULATO-FURTO va obrigado na preservação de bens do poder público que
lhe são confiados, o sujeito facilita a outrem a subtração,
Ainda no artigo 312 temos a caracterização do chamado apropriação ou desvio dos mesmos.
peculato-furto que, segundo o STF, ocorre quando o fun-
cionário público não detém a posse da coisa (valor, di- O crime se aperfeiçoa com a conduta dolosa de outrem,
nheiro ou outro bem móvel) em razão do cargo que ocupa, havendo necessidade da existência de nexo causal entre
mas sua qualidade de funcionário público propicia facili- os delitos, de maneira que o primeiro (peculato-culposo)
dade para a ocorrência da subtração devido ao trânsito tenha permitido a prática do segundo. Seria o caso, por
que mantém no órgão público em que atua ou desempe- exemplo, do chefe de determinado setor que, negligente-
nha suas funções. mente, esquece o armário com peças de computador
Observe o texto legal: aberto e estas são furtadas.

Art. 312 O instituto do Peculato Culposo, nos termos do § 3º do


[...] art. 312, apresenta uma espécie anômala de arrependi-
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário pú- mento posterior. Normalmente, o arrependimento posteri-
blico, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou or, que só pode ser argüido em crimes praticados sem
bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, violência ou grave ameaça, funciona como atenuante e
em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilida- deve acontecer até o momento do recebimento da denun-
de que lhe proporciona a qualidade de funcionário. cia ou da queixa por parte do magistrado. No caso do
Peculato Culposo, este arrependimento funcionará como
Para melhor compreensão, veja o exemplo: excludente, caso ocorra até a sentença transitar em jul-
gado, ou como atenuante, manifestando-se depois do
trânsito em julgado da sentença penal, situação em que Exemplo 01: Tício comparece no terceiro andar de uma
reduzirá a pena pela metade. repartição a fim de pagar uma determinada dívida, quando
na verdade o pagamento deveria ser feito no quarto an-
OBSERVAÇÕES: dar. Mévio, que já havia trabalhado no quarto andar, apro-
veitando-se do erro de Tício, apropria-se do dinheiro. Nes-
1. Peculato próprio: o particular pode concorrer, desde te caso, temos o Peculato-Estelionato.
que conheça as qualidades funcionais do sujeito ativo.
Se não tiver ciência, é apropriação indébita (art. 168, Exemplo 02: José é intimado a levar seu relógio para perí-
do CP). cia até a delegacia de polícia. Lá chegando, entrega seu
bem a João, o porteiro, sendo que o correto seria entregá-
2. Presidente de sindicato, embora não seja funcionário lo ao Delegado de Polícia. João recebe o bem e, tendo
público, pratica peculato, de acordo com o art. 552, da conhecimento do ato errôneo de José, resolve se apropri-
CLT, que o equiparou. O STF entende que esse artigo ar do bem.
não foi recepcionado pela CF, pois sindicato é entidade
privada (o art. 552 foi elaborado no calor da ditadura, OBSERVAÇÃO!!!
quando os sindicatos eram braço do Estado). O ERRO DE QUEM ENTREGA O OBJETO MATERIAL DEVE
SER ESPONTÂNEO. CASO HAJA PROVOCAÇÃO, NÃO É
3. Se o sujeito ativo for prefeito, vide o Decreto-Lei PECULATO E SIM ESTELIONATO
201/67 – princípio da especialidade.
CARACTERIZADORES DO DELITO
4. Contra o sistema financeiro, o peculato é regulado pela
Lei 7.492/86 – princípio da especialidade SUJEITOS DO DELITO:

5. Nos crimes contra a Administração Pública não se fala 1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser
em princípio da insignificância (STJ). Mas o STF en- cometido por funcionário público.
tende que nesses crimes também se aplica o princípio
da insignificância. 2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o ESTADO, entretan-
to, pode figurar no pólo passivo um particular, caso se-
6. Apropriação com ânimo de uso: se o bem é consumí- ja ele a vítima da fraude.
vel, haverá crime; se não, não, sendo o fato considera-
do atípico (ex. furto de veículo da Administração, mão- • ELEMENTOS:
de-obra etc.); embora seja atípico, o uso de bens não
consumíveis não deixam de ser ato ímprobo (Lei 1. OBJETIVO: São elementares do tipo:
8.429/92). O Decreto-Lei 201/67 diz que, quando se
trata de prefeito, não importa se o bem é, ou não, con- • A apropriação de dinheiro ou qualquer outro bem;
sumível, havendo sempre crimes. • Que a apropriação tenha origem no ERRO de alguém; e
• Seja cometido por funcionário público
03) PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM
2. SUBJETIVO: É o DOLO. Deve abranger a consciência
Também denominado Peculato-Estelionato, encontra do erro de outrem.
previsão no Código Penal nos seguintes termos:
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utili-
dade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de 1. O crime se consuma não no momento em que o funci-
outrem: onário recebe a coisa, mas no momento em que, tendo
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. sua posse, dela se apropria.

A conduta consiste em o funcionário público apropriar-se 2. O Peculato-Estelionato é um delito material e admite a


de dinheiro ou qualquer utilidade mediante aproveitamen- figura da tentativa. Seria o caso, por exemplo, do fun-
to ou manutenção do erro de outrem. cionário público que é surpreendido no momento em
que está abrindo uma carta contendo valor, a ele en-
É imprescindível, para que ocorra o delito, que a entrega tregue por erro de outrem.
do bem tenha sido feita ao sujeito em razão do cargo que
desempenha junto à administração e que o erro tenha
relação com seu exercício.
04) INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE IN- 3. NORMATIVO: Cabe ainda apontar a existência de um
FORMAÇÃO elemento normativo do tipo quando se exige que a
conduta do funcionário seja indevida.
Este delito foi inserido no Código Penal pela lei nº
9.983/00 nos seguintes termos: • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autori- 1. O crime é FORMAL, atingindo a consumação no mo-
zado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir mento em que as informações falsas passam a fazer
indevidamente dados corretos nos sistemas infor- parte do sistema de informações.
matizados ou bancos de dados da Administração
Pública com o fim de obter vantagem indevida para 2. É admissível a tentativa em todos os seus núcleos.
si ou para outrem ou para causar dano:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e mul- MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA EM
ta. SISTEMA DE INFORMAÇÃO

Qualquer sistema de informação de dados sobre empre-


Segundo Damásio, “Essa incriminação tem por objetividade
sas, programa de controle de arrecadação de contribui-
jurídica a Administração Pública, particularmente a seguran-
ções sociais dos segurados, dentre outros, está agora
ça do seu conjunto de informações, inclusive no meio infor-
tutelado pela norma penal.
matizado, que, para a segurança de toda a coletividade, de-
vem ser modificadas somente nos limites legais. Daí se punir
Poder-se-ia até criticar a utilização do Direito Penal para
o funcionário que, tendo autorização para manipulação de
esse tipo de proteção, mas dentro da sistemática moder-
tais dados, vem a maculá-los pela modificação falsa ou in-
na de dados e da fragilidade com que, ainda, os progra-
clusão e exclusão de dados incorretos.”
mas podem ser invadidos por terceiros, o próprio funcio-
nário encarregado de manipulá-los poderá ser tentado à
CARACTERIZADORES DO DELITO
prática do ilícito. Assim, o Direito Penal foi chamado para
dar uma maior proteção ao sistema, dispondo da seguinte
• SUJEITOS DO DELITO
maneira:

1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser Trata-se de um tipo misto Alternativo, em que a ocorrên-
cometido por funcionário público devidamente autori- cia de Mais de um dos núcleos, em um mesmo contexto
zado para a preparação de informações armazenadas, fático, constitui crime Único.
via de regra, em bancos de dados. CURSO ON-LINE DIREITO PENALPROFESSOR PEDRO IVO
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, siste-
2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o ESTADO, entretan- ma de informações ou programa de informática sem
to, pode figurar no pólo passivo um particular, caso se- autorização ou solicitação de autoridade competen-
ja ele prejudicado pela modificação dos dados. te:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e
ELEMENTOS: multa.

1. OBJETIVO: São elementares do tipo: O objeto da tutela penal é a Administração Pública, parti-
CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL cularmente a incolumidade de seus sistemas de informa-
• Inserir, facilitar; ções e programas de informática, que só podem sofrer
• Alterar; modificações ou alterações quando a autoridade compe-
• Excluir tente solicita a determinado funcionário ou o autoriza.
Desta forma, mais precisamente como determina Julio
2. SUBJETIVO: O tipo subjetivo é o DOLO, ou seja, a von- Fabbrini Mirabete protege-se, com o dispositivo, a regula-
tade livre e consciente dirigida à inserção ou à facilita- ridade dos sistemas informatizados ou bancos de dados
ção da inclusão de dados falsos e à alteração ou à ex- da Administração Pública.
clusão indevida em dados corretos em sistema de in-
formações da Administração Pública. CARACTERIZADORES DO DELITO

Além do dolo, o tipo requer um fim especial de agir, o ele- • SUJEITOS DO DELITO:
mento subjetivo do tipo contido na expressão com o fim
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser
de obter vantagem indevida para si ou para outrem, qual-
cometido por funcionário público, sem, no entanto, ha-
quer que seja ela, ou para causar dano à Administração
ver sido autorizado pela autoridade competente para
Pública.
promover alteração no sistema.
2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o ESTADO, entretan- 05) EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO
to, pode figurar no pólo passivo um particular, caso se- OU DOCUMENTO
ja ele prejudicado. CURO ON-LINE – DIREITO PENALPROFESSOR PEDRO IVO
O delito apresenta no CP a seguinte definição:
ELEMENTOS:
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documen-
1. OBJETIVO: São elementares do tipo: to, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-
lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
• Modificar; Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
• Alterar; constitui crime mais grave.

“Mas, professor, modificar e alterar não tem o mesmo Visa o dispositivo supra proteger a Administração no que
significado?” diz respeito à ordem, regularidade e segurança de livros
oficiais e documentação de natureza pública ou privada,
A doutrina entende que não. Diz-se que modificar prende- que devem manter-se íntegros. Exatamente por isso, pu-
se a dados que dizem respeito à estrutura do sistema, já o ne-se o funcionário que, tendo a sua guarda em razão do
alterar vincula-se a informações contidas no sistema. cargo, vem a desviá-los, escondê-los ou inutilizá-los.
Essa diferenciação não é importante para a sua PROVA e
entende-se que a colocação de dois núcleos tão pareci- CARACTERIZADORES DO DELITO
dos teve a finalidade de não deixar dúvidas aos intérpre-
tes e aplicadores da norma penal. • SUJEITOS DO DELITO:

2. SUBJETIVO: Esse crime, para aperfeiçoar-se, não ne- 1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser
cessita senão do dolo genérico, conforme classifica- cometido por funcionário público que tem a guarda do
ção doutrinária, traduzido na vontade livre e conscien- objeto material em razão do cargo.
te de praticar a conduta típica, que é a de modificar ou
alterar o sistema de informações ou o programa de in- 2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o ESTADO, entretan-
formática. to, pode figurar no pólo passivo um particular, caso se-
ja ele prejudicado pela perda do objeto material.
3. NORMATIVO: Presente na expressão sem autorização
ou solicitação de autoridade competente. ELEMENTOS:

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. OBJETIVO: São elementares do tipo:

1. Crime de MERA CONDUTA. Consuma-se com a altera- • Extraviar (dar destino equivocado);
ção ou modificação. • Sonegar (não restituir quando solicitado); e
• Inutilizar (tornar imprestável para o fim ao qual servia).
2. É admissível a tentativa. Exemplo: O funcionário, no
momento em que vai iniciar a modificação, é surpre- 2. SUBJETIVO: É o DOLO.
endido.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
CAUSA DE AUMENTO DE PENA
1. Trata-se de crime de MERA CONDUTA. Consuma-se o
O parágrafo único do art. 313-B dispõe que a penalização delito com a realização das condutas definidas na
prevista será aumentada caso da alteração ou modifica- norma incriminadora, sendo irrelevante a ocorrência de
ção derive dano para a Administração Pública. Observe: dano para a administração pública.
2. É admissível a tentativa nas modalidades de extraviar
Art. 313-B [...] e inutilizar. Com relação à sonegação, não é possível.
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um
terço até a metade se da modificação ou alteração 06) EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚ-
resulta Dano para a Administração Pública ou para o BLICAS
administrado.
Já pensou se o funcionário público pudesse aplicar as
verbas públicas da maneira que achasse mais convenien-
te? Obviamente, seria uma confusão muito grande.
Exatamente por isso, o “ordenador de despesas” está CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
limitado na sua atuação por diversos dispositivos legais.
Desta forma, a fim de proteger a regularidade da atividade 1. O crime é FORMAL. Consuma-se com a aplicação irre-
administrativa no que diz respeito à aplicação de verbas e gular de rendas e verbas públicas, não bastando a
rendas públicas, o conhecido crime de desvio de verbas simples indicação sem execução.
encontra sua previsão no CP. Observe:
2. É admissível a tentativa.
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação
diversa da estabelecida em lei: Caso o agente desvie ou se aproprie de verbas ou ren-
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. das, há o crime de peculato e não o crime de aplicação
irregular de verbas ou rendas públicas.
Com base no dispositivo supra, pergunto: Imagine que a
lei orçamentária de determinado Estado destine verbas 07) CONCUSSÃO
públicas para a construção de um hospital. O Governador, CUSO ON-LINE – DIREITO PENAL
Mévio, acreditando que os problemas começam a ser De acordo com o artigo 316, caput, do Código Penal, cons-
resolvidos com o fornecimento de educação, destina os titui delito o fato de o funcionário público:
recursos para a construção de uma escola, criando o
“CENTRO DE EXCELÊNCIA ESTUDANTIL”. Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou in-
diretamente, ainda que fora da função ou antes de
Neste caso, poderá ser ele processado e preso? assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
A resposta é positiva, pois não importa o fim almejado, a
destinação do recurso. O que é importante é se a destina- Segundo Damásio Evangelista de Jesus, o termo “con-
ção LEGAL foi cumprida ou não e, no caso em tela, não cussão” tem sua origem etimológica derivada do verbo
foi. latino concutere, expressão empregada quando se preten-
de indicar o ato de sacudir a árvore para que os frutos
“Mas professor, coitado do Mévio... Ele só estava queren- caiam.
do ajudar.” Realmente, mas o examinador não está com
nem um pouquinho de pena dele... Também significa “sacudir fortemente, abalar, agitar vio-
lentamente”. Como visto no artigo 316, caput, a concus-
CARACTERIZADORES DO DELITO são materializa-se quando o funcionário exige para si ou
para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
SUJEITOS DO DELITO: função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vanta-
gens indevidas.
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser
cometido por funcionário público que tem poder de É o desvio da função pública para esbulhar. É um dos
disposição de verbas e rendas públicas. É o caso, por crimes mais graves contra a Administração Pública.
exemplo, dos Governadores, Ministros de Estado, Dire-
tores de Autarquias, etc. Assim, o delito de concussão se tipifica quando o funcio-
nário público exige, impõe, ameaça ou intima a vantagem
2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. espúria (este termo já foi utilizado em provas) e o sujeito
passivo cede à exigência pelo temor. Em outros termos, o
ELEMENTOS: crime de concussão é uma espécie de extorsão praticada
pelo funcionário público, com abuso de autoridade, contra
1. OBJETIVO: O núcleo do delito consiste em o funcioná- particular que cede ou virá a ceder em face do metu publi-
rio público dar aos fundos públicos aplicação diversa cae potestatis (medo do poder público).
da determinada ou não autorizada em lei. Obviamente,
surge como elementar imprescindível à tipicidade do Júlio Fabbrini Mirabete, quanto à objetividade jurídica do
fato a existência de lei regulamentando a aplicação do crime de concussão, leciona:
recurso financeiro.
“Objetiva a incriminação do fato tutelar a regularidade da
2. SUBJETIVO: É o DOLO, ou seja, a vontade livre e cons- administração, no que tange à probidade dos funcionários, ao
ciente de aplicar verbas ou rendas públicas de maneira legítimo uso da qualidade e da função por eles exercida. Em
diferente da destinação preceituada em lei. Aqui inde- plano secundário, protegido está também o interesse patri-
pende se o fato ocorreu visando ou não ao lucro. monial de particular, ou mesmo de funcionário, de quem é
exigida a vantagem.”
CARACTERIZADORES DO DELITO 2. SUBJETIVO: Aqui há dois elementos subjetivos. O
primeiro é o dolo. Além dele, exige-se outro, previsto
SUJEITOS DO DELITO: na expressão “para si ou para outrem”.

1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser 3. NORMATIVO: Encontra-se na expressão “indevida”, que
cometido por funcionário público, MESMO QUE AINDA qualifica a vantagem.
NÃO TENHA ASSUMIDO O CARGO, mas desde que aja
em virtude dele. A INDEVIDA VANTAGEM PODE SER QUALQUER UMA OU
PRECISA SER PATRIMONIAL?
2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO e, secundariamente, o Prevalece o entendimento de que pode ser qualquer van-
sujeito passivo vítima da exigência ilegal. tagem. Exemplo: sexual.

• ELEMENTOS: CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

1. OBJETIVO: O núcleo do delito é o verbo EXIGIR. Nesse 1. A concussão é um delito FORMAL e a consumação
sentido, ensina Júlio Fabbrini Mirabete que: ocorre com a exigência, no momento em que esta che-
ga ao conhecimento do sujeito passivo.
“A conduta típica é exigir, impor como obrigação, ordenar,
reclamar vantagem indevida, aproveitando-se o agente do 2. É admissível a tentativa. Exemplo: Uma carta é envia-
medo do poder público, ou seja, do temor de represálias a da com a exigência e é interceptada pela autoridade
que fica constrangida a vítima. Não é necessário que se faça policial. Neste caso, temos a tentativa de concussão.
a promessa de um mal determinado; basta o temor genérico
que a autoridade inspira, que influa na manifestação volitiva 08) EXCESSO DE EXAÇÃO
do sujeito passivo. Há um constrangimento pelo abuso de
autoridade por parte do agente.” Podemos dizer que o excesso de exação é uma espécie
do gênero concussão.
Ainda, sobre o tema, Antônio Pagliaro e Paulo José da
Costa Júnior manifestaram-se a respeito, afirmando que: Digo isto porque a diferença fundamental é que aqui o
indivíduo não visa a proveito próprio ou alheio, mas, no
“O núcleo do tipo acha-se representado pelo verbo exigir. desempenho de sua função, excede-se nos meios de exe-
Exigir é impor, é reivindicar de modo imperioso, é pedir com cução.
autoridade. No caso específico, o agente deve exigir em ra-
zão da função por ele exercida, ou que será por ele assumida. Sobre o excesso de exação dispõe o Código Penal:
A conduta deve comportar a assunção, explícita ou implícita.
Em suma, a exigência deverá relacionar-se com a função que Art. 316
o agente desempenha ou irá desempenhar.” § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição
social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quan-
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: do devido, emprega na cobrança meio vexatório ou
gravoso, que a lei não autoriza:
1 – E SE O AGENTE EXIGE VANTAGEM QUE BENEFICIA A Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
PRÓPRIA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA? CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL
NESTE CASO, NÃO HÁ CONCUSSÃO, PODENDO OCOR- Sendo assim, imagine que um Auditor Fiscal, a fim de
RER O DELITO DE EXCESSO DE EXAÇÃO. obter o pagamento do ISS devido pela construtora “JU-
VENAL S.A”, estaciona dez carros de som em frente à
2 – E SE NÃO HÁ EXIGÊNCIA, MAS MERA SOLICITAÇÃO? empresa e começa a cantar um “jingle” dizendo:
NÃO HÁ CONCUSSÃO, PODENDO HAVER CORRUPÇÃO
PASSIVA (AINDA VEREMOS). “JUVENAL, SEU CARA DE PAU, PAGUE O TRIBUTO E SEJA
LEGAL”.
“MAS PROFESSOR, QUAL A DIFERENÇA ENTRE EXI-
GÊNCIA E SOLICITAÇÃO?” Obviamente há o emprego de um meio vexatório (causa
humilhação, tormento, vergonha) e, consequentemente,
NÃO SE PREOCUPE COM DIFERENÇAS PRÁTICAS E, excesso de exação.
PARA A SUA PROVA, ATENTE PARA O VERBO QUE ESTÁ
SENDO UTILIZADO. SÓ SERÁ CONCUSSÃO SE O VERBO
FOR EXIGIR!!!
CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL
Outra situação: Tício exige contribuição social de deter- Mas e se ele recolher aos cofres públicos e depois se
minada empresa, sabendo que ela é isenta. Claramente apropriar? Neste caso, teremos o PECULATO.
exigiu pagamento que sabe ser indevido. Logo, caracteri-
za o delito de Excesso de Exação. 09) CORRUPÇÃO PASSIVA

CARACTERIZADORES DO DELITO O delito em questão encontra previsão no artigo 317 do


CP nos seguintes termos:
SUJEITOS DO DELITO:
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem,
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
ser cometido por funcionário público. É importante antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem in-
ressaltar que não há obrigatoriedade de o sujeito ativo devida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena –
estar atuando na área tributária ou, mais especifica- reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
damente, na arrecadação de tributos.
Este crime, como você sabe, quase não ocorre em nosso
2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o ESTADO, entretan- país... É a famosa “propina” exigida para “comprar” um
to, pode figurar no pólo passivo um particular, vítima ato de um funcionário público.
da conduta.
CARACTERIZADORES DO DELITO
ELEMENTOS:
• SUJEITOS DO DELITO:
1. OBJETIVO: São elementares do tipo:
• Exigir (tributo ou contribuição social); 1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser
• Empregar (na cobrança meio vexatório ou gravoso); cometido por funcionário público.

2. SUBJETIVO: São três: 2. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO


• Dolo;
• A expressão “que sabe” (indevido); ELEMENTOS:
• A expressão “deveria saber”;
OBJETIVO: São elementares do tipo:
3. NORMATIVO: São dois: • Solicitar (vantagem indevida);
• A expressão “indevido”; • Receber (vantagem indevida);
• A expressão “que a lei não autoriza”, referindo-se à • Aceitar (promessa de vantagem).
cobrança vexatória ou gravosa.
SUBJETIVO: São dois:
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA • Dolo;
1. Trata-se de crime Formal e o delito se consuma no • A expressão “para si ou para outrem”;
momento da exigência ou do emprego do meio vexató-
rio ou gravoso. Observe que no delito não há qualquer exigência quanto à
2. É admissível a tentativa. intenção de realizar ou deixar de realizar o ato de ofício
objeto da corrupção.
• TIPO QUALIFICADO
NORMATIVO:
O Código Penal dispõe no parágrafo 2º do artigo 316: • A expressão “indevidamente”

Art. 316 [...] • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA


§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou 1. Trata-se de crime Formal e o delito se consuma no
de outrem, o que recebeu indevidamente para reco- momento em que a solicitação chega ao conhecimen-
lher aos cofres públicos: Pena - reclusão, de dois a to do terceiro ou quando o funcionário recebe a vanta-
doze anos, e multa gem ou aceita a promessa de sua entrega.
2. É admissível a tentativa no tocante à solicitação.
Neste delito, o funcionário público resolve “chutar o bal-
de”, ou seja, fazer tudo errado. Além de receber indevida- • TIPO QUALIFICADO
mente, ele ainda se apropria do que recebeu.
De acordo com o parágrafo 1º do artigo 317 temos:
Art. 317 CARACTERIZADORES DO DELITO
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em con-
seqüência da vantagem ou promessa, o funcionário • SUJEITOS DO DELITO:
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou
o pratica infringindo dever funcional. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser
cometido por funcionário público. Não qualquer, mas
O parágrafo supra trata de duas situações: aquele a quem é imposto o dever de reprimir ou fiscalizar
o contrabando.
A primeira diz respeito ao retardamento ou à não prática
de qualquer ato. Seria o caso do Auditor Fiscal que retar- Mas e se o funcionário, sem infringir DEVER FUNCIONAL,
da a lavratura de um Auto de Infração a fim de operar-se a concorre para o contrabando?
decadência. Para este tipo de situação, temos a chamada
corrupção passiva imprópria. Neste caso, ele responderá pelo delito previsto no artigo
334 do Código Penal (Analisaremos na próxima aula):
A segunda situação trata da chamada corrupção passiva
própria, na qual o funcionário realiza ato de ofício violan- Art. 334 Importar ou exportar mercadoria proibida ou
do dever funcional. iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou
imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo con-
Para os dois casos temos um aumento de pena de um sumo de mercadoria
terço.
2. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO
• TIPO PRIVILEGIADO
• ELEMENTOS:
Para a chamada corrupção passiva própria privilegiada, a
pena é reduzida. Diferencia-se das outras formas típicas OBJETIVO: É elementar do tipo:
pelo motivo que determina a conduta do funcionário. • Facilitar (o descaminho ou contrabando ).
Aqui, o funcionário não “vende” ato funcional pretendendo
receber uma vantagem, mas atende a pedido de terceiro, SUBJETIVO: São dois:
influente ou não. • Dolo
• A consciência de estar violando dever funcional. - Se o
Sobre o tema, dispõe o Código Penal: indivíduo age com dolo, mas sem esta consciência,
responderá pelo já citado delito previsto no artigo 334.
Art. 317[...]
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou NORMATIVO:
retarda ato de ofício, com infração de dever funcio- • A expressão “com infração de dever funcional”.
nal, cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO Crime FORMAL. Consuma-se o delito com a realização da


conduta de facilitação, seja ela comissiva (Ex: Aconse-
Encontra previsão no artigo 318 do CP: lhar) ou omissiva (Ex: Não criar obstáculos).

Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, É admissível a tentativa.


a prática de contrabando ou descaminho:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. A jurisprudência do STF já se firmou no sentido de ser
possível a aplicação do princípio da insignificância ao
CONTRABANDO- é a entrada ou saída de produto proi- delito de facilitação de descaminho, desde que o valor
bido ou que Atente contra a saúde ou a moralidade. do tributo sonegado não ultrapasse R$ 10.000,00.

DESCAMINHO -É a entrada ou saída de produtos permi- O STJ tinha posição firmada no sentido de que tal limi-
tidos, mas sem Passar pelos trâmites burocráticos- te seria R$ 100,00, mas em recente julgado mudou seu
tributários devidos. entendimento dispondo no seguinte sentido:

DESCAMINHO. PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. A Seção, ao


julgar o recurso repetitivo (art. 543-C do CPC e Res. n.
8/2008-STJ), entendeu que, em atenção à jurisprudência
predominante no STF, deve-se aplicar o princípio da insig- • A expressão “contra disposição expressa em lei”
nificância ao crime de descaminho quando os delitos tri- quando pratica ato de ofício.
butários não ultrapassem o limite de R$ 10 mil, adotando-
se o disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002. O Min. Rela- • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
tor entendeu ser aplicável o valor de até R$ 100,00 para a 1. Crime FORMAL. Consuma-se o delito com a omissão, o
invocação da insignificância, como excludente de tipicida- retardamento ou a realização do ato.
de penal, pois somente nesta hipótese haveria extinção do 2. É admissível a tentativa.
crédito e, consequentemente, desinteresse definitivo na
cobrança da dívida pela Administração Fazendária (art. 18, QUAL A EXATA DIFERENÇA ENTRE OS CRIMES DE PRE-
§ 1º, da referida lei), mas ressaltou seu posicionamento e VARICAÇÃO E DE CORRUPÇÃO PASSIVA?
curvou-se a orientação do Pretório Excelso no intuito de
conferir efetividade aos fins propostos pela Lei n. Na corrupção passiva, o agente atua visando a uma Van-
11.672/2008 (REsp .112.748/TO, Informativo 406). tagem indevida; na prevaricação, não existe a figura da
Vantagem indevida. O interesse pessoal pode ser Patri-
PREVARICAÇÃO monial ou moral, mas restringe-se à esfera subjetiva Do
agente. Caso seja exteriorizado numa vantagem Indevi-
A prevaricação encontra sua definição no artigo 319 do da, passa a existir crime de corrupção passiva.
Código Penal:
• PREVARICAÇÃO IMPRÓPRIA
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevida-
mente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição Consiste na conduta de deixar o Diretor de Penitenciária
expressa de lei, para satisfazer interesse ou senti- e/ou agente público de cumprir seu dever de vedar ao
mento pessoal: preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar,
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. que permita a comunicação com outros presos ou com o
ambiente externo. Encontra previsão no CP. Observe:
Na prática do fato, o funcionário se abstém da realização
da conduta a que está obrigado ou a retarda ou a concre- Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou
tiza contra a lei, com destinação específica de atender a agente público, de cumprir seu dever de vedar ao
sentimento ou interesse próprios. preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou si-
milar, que permita a comunicação com outros presos
CARACTERIZADORES DO DELITO ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº
11.466, de 2007).
• SUJEITOS DO DELITO: Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser QUAL A PRINCIPAL DIFERENÇA ENTRE A PREVARICA-
cometido por funcionário público. ÇÃO PRÓPRIA E A IMPRÓPRIA?

SUJEITO PASSIVO: O ESTADO Na prevaricação própria, existe o elemento especial do


tipo (dolo específico) “para satisfazer interesse ou Sen-
• ELEMENTOS: timento pessoal”.

1. OBJETIVO: São elementares do tipo: Na imprópria, não precisa existir essa finalidade espe-
• Retardar (ato de ofício); cial do agente.
• Deixar de praticar;
• Praticar contra disposição expressa. Em síntese, na própria, o dolo é Específico; na impró-
pria, é genérico.
2. SUBJETIVO: São dois: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL
• Dolo; CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA
• A expressão “para satisfazer interesse ou sentimento
pessoal”. Sem esta finalidade em consonância com o Imagine que Tício ingressa em um cargo público e logo no
dolo, a conduta é atípica. primeiro mês de trabalho, apaixona-se por Mévia, também
recém aprovada.
3. NORMATIVO:
• A expressão “indevidamente” ao retardar ou deixar de Passa-se um ano e, após várias tentativas sem sucesso
praticar ato de ofício. de aproximação, Tício é nomeado para determinado cargo
e Mévia passa a ser sua subordinada.
Algum tempo depois, Tício flagra Mévia recebendo dinhei- • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
ro para retardar ato de ofício, mas resolve tolerar tal atitu-
de, pois, além de seu grande amor, sabe que Mévia vem É CRIME OMISSIVO PRÓPRIO, consumando-se com a
de uma família muito pobre. simples conduta negativa. É crime FORMAL.

Neste caso, responda: Qual delito Tício comete? NÃO ADMITE TENTATIVA.

(A) Prevaricação ADVOCACIA ADMINISTRATIVA


(B) Condescendência criminosa
Caro (a) concurseiro (a), você imaginava que existiam
A resposta correta é a letra “B”, pois no caso em tela Tício tantos delitos? Sei que são muitos, mas o conhecimento
comete o crime que encontra previsão no Código Penal de todos fará uma grande diferença na hora da prova.
nos seguintes termos: Para aliviar um pouco, vou dar um tempinho para você ler
um jornal... MAS NÃO É A PARTE DE ESPORTES E NEM
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de SOBRE AS NOVELAS... É o interessantíssimo texto que eu
responsabilizar subordinado que cometeu infração separei especialmente para você descansar.
no exercício do cargo ou, quando lhe falte competên-
cia, não levar o fato ao conhecimento da autoridade Observe:
competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. “O agente da Polícia Federal de Presidente Prudente, Roland
Magnesi Júnior, foi condenado a um mês de prisão pelo cri-
“Mas, professor... Como diferenciar a condescendência me de advocacia administrativa, como dispõe o artigo 321 do
criminosa da prevaricação?” Código Penal:

Realmente, a diferença é tênue e você entenderá quando Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, inte-
tratarmos dos elementos subjetivos do tipo. resse privado perante a administração pública, va-
lendo-se da qualidade de funcionário:
CARACTERIZADORES DO DELITO Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

• SUJEITOS DO DELITO: A decisão foi do juiz federal Renato Câmara Nigro que enten-
deu que o agente público valeu-se de sua função, e ofendeu a
SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser lisura da administração para garantir vantagem indevida a
cometido por funcionário público. particular.

SUJEITO PASSIVO: O ESTADO Em uma interceptação telefônica, o dono da empresa Madu-


reira Serviço de Vigilância, Silvio César Madureira, conversa
• ELEMENTOS: com Magnesi Junior sobre a obtenção da autorização de
funcionamento e renovação do certificado de segurança da
OBJETIVO: São elementares do tipo: empresa junto à PF.
• Deixar de responsabilizar (subordinado);
• Não levar o fato (cometido por subordinado à autori- As exigências para a obtenção da autorização não haviam
dade competente). sido cumpridas. Segundo a acusação, era nítido o favoreci-
mento prestado pelo agente a Madureira, já que foram pas-
SUBJETIVO: São dois: sadas ao empresário informações ilícitas sobre como conse-
• Dolo; guir a autorização.
• A expressão “por indulgência”. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL
"Revelou-se claro o cometimento de advocacia administrativa
A EXPRESSÃO ‘‘POR INDULGÊNCIA”, No CRIME DE CONDESCEN- por parte de Roland Magnesi Junior, em defesa dos interes-
DÊNCIA CRIMINOSA ,SIGNIFICA QUE O SUPERIOR HIERÁRQUICO ses de Sílvio César Madureira.
DEIXA DE AGIR POR TOLERÂNCIA, CLEMÊNCIA, BRANDURA ETC.
O policial vai muito além do mero dever de informação para
SE A RAZÃO DA CONDUTA É O ATENDIMENTO DE SENTIMENTO aventurar-se em terreno proibido, de forma totalmente parcial
OU INTERESSE PESSOAL, O FATO CONSTITUI PREVARICAÇÃO. e ilícita em favor da mencionada empresa", disse o juiz Rena-
to Nigro.
SE HÁ PRETENSÃO DE OBTER VANTAGEM INDEVIDA, É CASO DE
CORRUPÇÃO PASSIVA.
Observe que no exemplo acima, o agente valeu-se de sua Perceba que, embora o próprio Código Penal atribua o
função, malferindo a lisura administrativa para garantir nome abandono de função ao crime, a tipificação do deli-
vantagem indevida à particular em detrimento do interes- to utiliza a palavra CARGO, que, como já vimos, apresenta
se público que deveria proteger. Neste caso, cometeu um conceito mais restrito que o termo função pública.
advocacia administrativa.
E os cargos em comissão, integram o conceito de cargo?
CARACTERIZADORES DO DELITO A resposta é positiva.

• SUJEITOS DO DELITO: Observe o que dispõe sobre o tema a lei nº 8.112/90 (que
você conhece bem):
SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser
cometido por funcionário público. Art. 3°Cargo público é o conjunto de atribuições e
responsabilidades previstas na estrutura organizaci-
SUJEITO PASSIVO: O ESTADO onal que devem ser cometidas a um servidor.
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a
• ELEMENTOS: todos os brasileiros, são criados por lei, com deno-
minação própria e vencimento pago pelos cofres pú-
OBJETIVO: É elementar do tipo: blicos, para provimento em caráter efetivo ou em
• Patrocinar (interesse privado) Tal termo significa facili- comissão.
tar, advogar etc.
Desta forma, o nome correto do crime deveria ser ABAN-
SUBJETIVO: DONO DE CARGO. E o que isso interessa para você? Abso-
• Dolo; lutamente nada, pois para sua prova o crime denomina-se
ABANDONO DE FUNÇÃO, mas restringe-se a CARGOS
SE O INTERESSE PATROCINADO FOR COMPLETAMEN- públicos.
TE LÍCITO, HAVERÁ ADVOCACIA ADMINISTRATIVA?
Com a tipificação da conduta, o legislador visa resguardar
Sim. O legislador não restringiu a natureza do interesse a Administração Pública, garantindo a continuidade na
privado. Se for legítimo, haverá a forma simples do deli- prestação dos serviços.
to. Caso seja ilegítimo, haverá advocacia administrativa
na forma qualificada, com pena de detenção de 3 (três) CARACTERIZADORES DO DELITO
meses a 1 (um) ano.
CURSO ON-LINE – DIREPROFESSOR PEDRO IV • SUJEITOS DO DELITO:
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser
Consuma-se o delito com a realização do primeiro ato de cometido por funcionário público, MAS este deve estar
patrocínio, independentemente da obtenção do resultado regularmente investido em CARGO PÚBLICO.
pretendido.É crime FORMAL.
É admissível a tentativa. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO.

A ADVOCACIA ADMINISTRATIVA É UM DELITO EMI- • ELEMENTOS:


NENTEMENTE SUBSIDIÁRIO. DESSA FORMA, SE O
FUNCIONÁRIO ESTIVER RECEBENDO VANTAGEM IN- 1. OBJETIVO: É elementar do tipo:
DEVIDA PARA PATROCINAR O INTERESSE PRIVADO,
HAVERÁ DELITO DE CORRUPÇÃO PASSIVA. • Abandonar - Para caracterizar o delito, o abandono
deve ser por um período razoável e deve acarretar ao
ABANDONO DE FUNÇÃO menos a probabilidade de dano ao poder público.

Antes de traçar os aspectos pertinentes ao delito, veja Exemplo: Em um determinado setor, Tício exerce a função
como o conceitua o Código Penal: de chefia e, visando participar de uma festa, abandona o
cargo. Mévio, amigo de Tício, sempre o substituiu quando
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos necessário e, no primeiro dia de ausência do colega, as-
permitidos em lei: sume as funções, dando andamento normal ao expedien-
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. te.
Neste caso, poderá ser caracterizado o delito de abando- 10) EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO
no de cargo? OU PROLONGADO

A resposta é negativa, pois não houve probabilidade de Este delito não é muito exigido em prova, mas é importan-
dano para a Administração. te, ao menos, ter uma noção sobre ele. Encontra previsão
no art. 324 do Código Penal nos seguintes termos:
2. SUBJETIVO:
• Dolo; Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes
de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a
3. NORMATIVO: exercê-la, sem autorização, depois de saber oficial-
• A expressão “fora dos casos permitidos em lei”. mente que foi exonerado, removido, substituído ou
suspenso:
Imagine que Tício resolve viajar para Petrópolis, município Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
do Rio de Janeiro. Chegando lá, uma chuva anormal acon-
tece, gerando o deslizamento de barreiras e impedindo o Segundo Damásio, “o objeto jurídico é a regularidade da
retorno de Tício por um longo período de tempo. Tal fato, Administração Pública. O irregular exercício do cargo público
qual seja a ausência de Tício, gera danos para a Adminis- perturba a normal atividade da máquina administrativa, cau-
tração Pública. sando prejuízo ao poder público em sua missão de prestação
de serviços. Daí a incriminação do fato.”
Neste caso, há crime?
CARACTERIZADORES DO DELITO
Claro que não, pois a lei admite o abandono de cargo nas
ocasiões de força maior, estado de necessidade, doença, • SUJEITOS DO DELITO:
etc.
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser
Diferentemente, se Tício abandona para participar de uma cometido por funcionário público.
festa que dura 60 dias, obviamente teremos a ocorrência
do crime. 2. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO
CURSO ON-LINE – DIRPROFESSOR PEDRO IVO
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA • ELEMENTOS:

1. Delito OMISSIVO PRÓPRIO. Consuma-se com o afas- 1. OBJETIVO: São elementares do tipo:
tamento do cargo por tempo juridicamente relevante. É
crime FORMAL. • Entrar (no exercício de função pública antes de satis-
2. NÃO é admissível a tentativa. feitas as exigências legais)- Imagine que Tício, Auditor
do ICMS-SP, é aprovado para o concurso de AFT. Após
• FORMA QUALIFICADA a nomeação, por já conhecer parte do trabalho, resolve
iniciar o exercício de suas funções, mesmo tendo ple-
O delito de abandono de função apresenta duas situações na consciência de que não está legalmente investido
em que as penas são agravadas. São elas: no cargo. Neste caso, opera-se o delito.

1. QUANDO O ABANDONO EFETIVAMENTE GERA PREJU- Mas quando o servidor está regularmente investido no
ÍZO PARA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: cargo?

Art. 323 [...] Quando toma posse, nos seguintes termos da lei nº
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: 8.112/90:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respec-
2. SE O ABANDONO OCORRE EM ÁREA DE FRONTEIRA. tivo termo, no qual deverão constar as atribuições,
os deveres, as responsabilidades e os direitos ine-
Art. 323 [...] rentes ao cargo ocupado, que não poderão ser alte-
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na fai- rados unilateralmente, por qualquer das partes, res-
xa de fronteira: salvados os atos de ofício previstos em lei.
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
• Continuar (a exercê-la depois de exonerado, substituí- O corregedor da PF, Amaro Ferreira, enquadrou o criador
do, suspenso ou removido) - Se o funcionário volta a da Satiagraha em dois crimes: quebra de sigilo funcional
trabalhar durante as férias, incorre no tipo penal? A e violação da Lei de Interceptações.
resposta é negativa, pois não se trata de EXONERA-
ÇÃO / SUBSTITUIÇÃO / SUSPENSÃO ou REMOÇÃO. Protógenes teria sido responsável pelo vazamento de
dados secretos da Satiagraha, investigação federal contra
APOSENTADORIA COMPULSÓRIA NOS TERMOS DA LEI o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. Tal conduta,
Nº 8.112/90, A APOSENTADORIA COMPULSÓRIA É AU- na avaliação da PF, caracteriza quebra do sigilo funcional:
TOMÁTICA, OPERANDO-SE NO MOMENTO EM QUE O
FUNCIONÁRIO COMPLETA 70 ANOS. SENDO ASSIM, O Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão
FUNCIONÁRIO QUE SE ENQUADRA NESTA SITUAÇÃO do cargo e que deva permanecer em segredo, ou faci-
DEVE AFASTAR-SE DO CARGO SOB PENA DE INCORRER litar-lhe a revelação:
NO DELITO CASO AJA COM DOLO (ELEMENTO SUBJE- Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou mul-
TIVO). ta, se o fato não constitui crime mais grave.”

2. SUBJETIVO: A Administração Pública rege-se pelo princípio da publici-


dade, plasmado este no “caput” do art. 37 da Carta Mag-
• No caso de antecipar o início da atividade � Dolo; na. Entretanto, tal princípio não é absoluto, pois certos
fatos relacionados com o poder público devem ficar a
APOSENTADORIA COMPULSÓRIA coberto do conhecimento geral em razão do interesse
funcional.
• No caso da exoneração, remoção, substituição ou
suspensão - O dolo, somado com a expressão “depois Desta forma, o legislador optou por tutelar penalmente
de saber oficialmente”. estes segredos, punindo o autor da violação de sigilo fun-
cional.
Aqui não cabe a PRESUNÇÃO do conhecimento da exone-
ração, substituição, etc., pelo simples fato de haver sido CARÁTER SUBSIDIÁRIO –
publicado o ato no diário oficial. É indispensável provar SOMENTE HAVERÁ O CRIME DE VIOLAÇÃO DE SIGILO
que o funcionário tomou conhecimento do ato, não sendo FUNCIONAL (ART. 325, CP) SE O FATO NÃO CONSTITUIR
cabível a PRESUNÇÃO DE CONHECIMENTO. CRIME MAIS GRAVE (SUBSIDIARIEDADE EXPRESSA).
ASSIM, SE O FUNCIONÁRIO VIOLOU O SEGREDO, RECE-
3. NORMATIVO: BENDO VANTAGEM INDEVIDA PARA ISSO, HAVERÁ
CRIME DE CORRUPÇÃO PASSIVA E NÃO VIOLAÇÃO DE
• A expressão “sem autorização”. SIGILO (OU SEGREDO) FUNCIONAL.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA CARACTERIZADORES DO DELITO

1. Trata-se de crime FORMAL. Consuma-se o delito no • SUJEITOS DO DELITO:


momento em que o funcionário pratica o primeiro ato
de ofício. 1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser
cometido por funcionário público. E se o indivíduo re-
2. É admissível a tentativa. Seria o caso, por exemplo, de vela segredo depois de uma demissão?
um indivíduo suspenso que está prestes a finalizar um
ato de ofício e é interrompido pelo seu chefe. Inexiste crime, pois falta a qualidade de “funcionário pú-
blico”.
11) VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL
O APOSENTADO PODE SER SUJEITO ATIVO DO CRIME
Com certeza você se lembra do caso abaixo noticiado DE VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL?
amplamente no pelos jornais e tele-jornais.
SIM. É O ENTENDIMENTO MAJORITÁRIO DA DOUTRINA
“O delegado Protógenes Queiroz, mentor da Operação PORQUE O APOSENTADO NÃO SE DESVINCULA TO-
Satiagraha, foi indiciado criminalmente ontem pela Polícia TALMENTE DOS DEVERES PARA COM A ADMINISTRA-
Federal. ÇÃO.
2. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO e, secundariamente, o 12) VIOLAÇÃO DE SIGILO DE PROPOSTA DE CONCOR-
particular, caso seja afetado pela revelação. RÊNCIA
CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL
• ELEMENTOS: Um dos principais aspetos a ser verificado para a garantia
da lisura de um certame licitatório é o sigilo das propos-
1. OBJETIVO: São elementares do tipo: tas.
• Revelar;
• Facilitar a revelação � Exemplo: Deixar uma gaveta Em uma concorrência, a ideia é que os participantes colo-
aberta. quem seus “preços” em um envelope lacrado e, após o
julgamento, caso a licitação seja do tipo menor preço, a
Aqui cabem algumas importantes considerações: empresa com a proposta de menor valor seja declarada
vencedora da licitação.
1 - Se o terceiro já tinha conhecimento do fato, não se
caracteriza o delito, pois o crime exige a possibilidade Obviamente que se as propostas forem violadas antes do
de dano. julgamento, fica fácil manipular o resultado, pois basta
2 - Para a caracterização da violação de sigilo funcional, que determinada empresa, conhecendo as propostas das
há necessidade de que o funcionário tenha tomado outras, apresente um valor inferior. Exatamente para im-
conhecimento do segredo EM RAZÃO DO CARGO. pedir esta situação, o Código Penal preceitua:

EX: Imagine que Tício trabalha no ICMS-RJ e toma conhe- Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concor-
cimento, por circunstâncias alheias à sua função, de um rência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de
informe sigiloso da Polícia Federal. Nesta situação, caso devassá-lo:
revele a informação, não será enquadrado no presente Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
delito.
CARACTERIZADORES DO DELITO
2. SUBJETIVO:
• Dolo; • SUJEITOS DO DELITO:
• A expressão “de que tem ciência em razão do cargo” ROFESSOR PEDRO IVO
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA cometido por funcionário público, MAS não qualquer
funcionário. O tipo exige mais uma qualidade específi-
1. O delito é consumado no momento do ato da revela- ca do autor: Deve ser funcionário público com a função
ção do segredo. Por ser um crime formal, independe da de receber as propostas, guardá-las e permitir o co-
real ocorrência de dano, bastando a potencialidade. nhecimento a quem de direito só no momento ade-
2. É admissível a tentativa. quado.

• SIGILO FUNCIONAL DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 2. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO e, secundariamente, os


participantes prejudicados.
Com o avanço da informática, visando preservar também
o sigilo de sistemas de informações, a lei nº 9.983/00 • ELEMENTOS:
inseriu os seguintes dispositivos no Código Penal:
CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL 1. OBJETIVO: São elementares do tipo:
Art. 325 • Devassar (tomar conhecimento indevido de proposta)
§ 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: • Proporcionar (a terceiro o ensejo do devassamento)
I – permite ou facilita, mediante atribuição, forneci-
mento e empréstimo de senha ou qualquer outra 2. SUBJETIVO:
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sis- • Dolo;
temas de informações ou banco de dados da Admi-
nistração Pública; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. 1. Crime Material. A consumação ocorre no momento em
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Adminis- que o funcionário ou o terceiro toma conhecimento do
tração Pública ou a outrem: conteúdo da proposta.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
2. É admissível a tentativa.
13) VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA A reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível,
extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de meta-
Há uma discussão na doutrina e na jurisprudência, não de a pena imposta.
havendo posição majoritária definida, sobre a vigência do
artigo 322 do CP. Para alguns ele foi revogado em virtude Refere-se aos delitos acima.
da lei que tipifica os delitos de abuso de autoridade. Para
outros não. PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM

Exatamente por isso a cobrança pela FCC sobre o delito, Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no
embora muito pouca, restringe-se a literalidade do Código exercício do cargo, recebeu por erro de outrem. O crime se
Penal que dispõe: consuma não no momento em que o funcionário recebe a
CURSO ON-LPROFESSOR PEDRO coisa, mas no momento em que, tendo sua posse, dela se
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função apropria.
ou a pretexto de exercê-la:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFOR-
pena correspondente à violência MAÇÕES

"A esperança se adquire. Chega-se à esperança através da Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de
verdade, pagando o preço de repetidos esforços e de uma dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados cor-
longa paciência. Para encontrar a esperança é necessário ir retos nos sistemas informatizados ou bancos de dados
além do desespero. Quando chegamos ao fim da noite, en- da Administração Pública, com o fim de obter vantagem
contramos a aurora”. indevida para si ou para outrem ou para causar dano. O
(Georges Bernanos) crime é FORMAL, atingindo a consumação no momento
CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL em que as informações falsas passam a fazer parte do
RESUMO DA MATÉRIA sistema de informações.

CRIME CONDUTA CONSUMAÇÃO TENTATIVA PECULATO MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE


DIVIDE-SE EM: PECULATOAPROPRIAÇÃO E PECULATO- SISTEMA DE INFORMAÇÕES
DESVIO
Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informa-
Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou ções ou programa de informática sem autorização ou
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que solicitação de autoridade competente.
tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito
próprio ou alheio. As penas são aumentadas de um terço até a metade se
da modificação ou alteração resulta dano para a Adminis-
A consumação no peculato-apropriação ocorre quando o tração Pública ou para o administrado.
indivíduo age como se fosse dono do objeto. Por sua vez,
no peculato-desvio ocorre quando o indivíduo desvia o Crime de MERA CONDUTA, consumando-se com a altera-
bem, sendo irrelevante se consegue ou não proveito pró- ção ou modificação.
prio ou alheio.
EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU
PECULATO-FURTO DOCUMENTO

O funcionário público, embora não tendo a posse do di- Extraviar livro oficial ou qualquer documento de que tem
nheiro, valor ou bem o subtrai ou concorre para que seja a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo,
subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de total ou parcialmente.
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Trata-se de crime de MERA CONDUTA. Consuma-se o
Ocorre quando o funcionário público subtrai ou concorre delito com a realização das condutas definidas na norma
para que seja subtraído. incriminadora, sendo irrelevante a ocorrência de dano
para a administração pública.
PECULATO CULPOSO

Quanto aos delitos acima, se o funcionário concorre cul-


posamente para o crime de outrem.
EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU PREVARICAÇÃO
RENDAS PÚBLICAS
Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofí-
Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da cio, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para
estabelecida em lei. satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Consuma-se
o delito com a omissão, retardamento ou realização do
O crime é consumado com a aplicação irregular de rendas ato.
e verbas públicas, não bastando a simples indicação sem
execução. PREVARICAÇÃO IMPRÓPRIA

CONCUSSÃO Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público de


cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho
Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em com outros presos ou com o ambiente externo.
razão dela, vantagem indevida.
O crime se consuma com o acesso do preso ao aparelho
A concussão é um delito FORMAL e a consumação ocorre telefônico, ainda que não consiga utilizá-lo.
com a exigência, no momento que esta chega ao conhe-
cimento do sujeito passivo. CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA

EXCESSO DE EXAÇÃO Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar


subordinado que cometeu infração no exercício do cargo
Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao co-
sabe ou deveria saber indevido ou, quando devido, empre- nhecimento da autoridade competente.
ga na cobrança meio vexatório ou gravoso que a lei não
autoriza; OU se desvia, em proveito próprio ou de outrem, É CRIME OMISSIVO PRÓPRIO, consumando-se com a
o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres simples conduta negativa.
públicos.
ADVOCACIA ADMINISTRATIVA
Trata-se de crime Formal e o delito se consuma no mo-
mento da exigência ou do emprego do meio vexatório ou Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado pe-
gravoso. rante a administração pública, valendo-se da qualidade de
funcionário.
CORRUPÇÃO PASSIVA
Há agravante se o interesse é ILEGÍTIMO.
Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indi-
retamente, ainda que fora da função, ou antes de assumi- Consuma-se o delito com a realização do primeiro ato de
la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar patrocínio, independentemente da obtenção do resultado
promessa de tal vantagem. pretendido.
CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL
A pena é aumentada de um terço se, em conseqüência da ABANDONO DE FUNÇÃO
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de
praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em
dever funcional. lei.

Trata-se de crime Formal e o delito se consuma no mo- Delito OMISSIVO PRÓPRIO. Consuma-se com o afasta-
mento em que a solicitação chega ao conhecimento do mento do cargo por tempo juridicamente relevante.
terceiro ou quando o funcionário recebe a vantagem ou
aceita a promessa de sua entrega. EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO OU
PROLONGADO
FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO
Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas
Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de as exigências legais ou continuar a exercê-la, sem autori-
contrabando ou descaminho. Consuma-se o delito com a zação, depois de saber oficialmente que foi exonerado,
realização da conduta de facilitação, seja ela comissiva removido, substituído ou suspenso.
(Ex: Aconselhar) ou omissiva (Ex: Não criar obstáculos).
Consuma-se o delito no momento em que o funcionário
pratica o primeiro ato de ofício.

VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL

Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo, e que


deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação.
 DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CON-
TRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
O delito é consumado no momento do ato da revelação do
segredo. Por ser um crime formal, independe da real ocor-
O título XI do Código Penal traz em seu capítulo I a previ-
rência de dano, bastando a potencialidade.
são dos delitos praticados por funcionários públicos con-
tra a Administração, os quais já foram estudados na aula
VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL DE SISTEMAS DE IN-
passada.
FORMAÇÃO
Obviamente que apenas tipificar condutas de FUNCIONÁ-
Permitir ou facilitar, mediante atribuição, fornecimento e
RIOS não protege o normal funcionamento da máquina
empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso
administrativa. Sendo assim, no capítulo II o legislador
de pessoas não autorizadas a sistemas de informações
inseriu os delitos que podem ser praticados por PARTI-
ou banco de dados da Administração Pública; Utilizar,
CULARES contra a Administração.
indevidamente, o acesso restrito. O delito é consumado
CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL
no momento da permissão ou facilitação.
Dito isto, podemos afirmar que o funcionário público não
poderá ser enquadrado nos crimes do segundo capítulo?
VIOLAÇÃO DO SIGILO DE PROPOSTA DE CONCORRÊNCIA
Claro que não, pois as denominações “crimes praticados
Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública ou
por funcionários” e “crimes praticados por particular“
proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo.
foram utilizadas pelo legislador para diferenciar o delito
próprio, que exige uma qualidade especial, do comum, que
A consumação ocorre no momento em que o funcionário
pode ser praticado por qualquer pessoa, inclusive pelo
ou o terceiro toma conhecimento do conteúdo da propos-
funcionário que age como particular.
ta.
1) USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA
VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA
Usurpar é derivado do latim USURPARE, que significa
Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de
apossar-se sem ter direito. Usurpar a função pública é,
exercê-la Consuma-se o delito com a prática da violência.
portanto, exercer ou praticar ato de uma função que não
lhe é devida. Encontra previsão no Código Penal nos se-
guintes termos:

Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:


Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.

CARACTERIZADORES DO DELITO

• SUJEITOS DO DELITO:

1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-


do por qualquer pessoa, inclusive por funcionário que
exerce função que não lhe compete.

2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO.

• ELEMENTOS:

1. OBJETIVO: É elementar do tipo:


• Usurpar (o exercício de função pública) - Neste ponto, CARACTERIZADORES DO DELITO
cabe um importante comentário. Imagine que Tício,
particular, diz para todos os seus amigos e familiares • SUJEITOS DO DELITO:
que exerce determinada função pública. Podemos di-
zer que ele comete o delito em tela? 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
do por qualquer pessoa. Regra geral, é cometido pela
A resposta é NEGATIVA, pois o entendimento majoritário é pessoa a quem se dirige o ato, mas nada impede que
o de que para ocorrer usurpação o particular deve realizar seja cometido por terceiros. É o caso, por exemplo, do
ao menos um ato oficial. particular que vai ser preso e sua família tenta impor
resistência.
2. SUBJETIVO:
2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO.
• Dolo (Exige-se o dolo para a caracterização do crime);
• ELEMENTOS:
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
1. OBJETIVO: É elementar do tipo:
1. O crime é consumado com a prática do primeiro ato de • Opor-se (mediante violência ou ameaça);
ofício, independentemente do resultado, ou seja, não
importando se o exercício da função usurpada é gra- OBSERVAÇÕES:
tuito ou oneroso. • A VIOLÊNCIA DEVE SER DIRIGIDA AO FUNCIONÁRIO.
SE FOR DIRIGIDA A ALGUMA “COISA” NÃO CARAC-
2. É admissível a tentativa. TERIZA O DELITO. EXEMPLO: OS FAMILIARES DO
PRESO QUEBRAM O VIDRO DO CARRO DA POLÍCIA.
• TIPO QUALIFICADO
• PERCEBA QUE O TIPO LEGAL NÃO FALA EM “GRAVE
Encontra previsão no parágrafo único do artigo 328, ocor- AMEAÇA”, MAS SOMENTE EM AMEAÇA. DESTA
rendo se o agente obtém vantagem moral ou material em FORMA, QUALQUER AMEAÇA, MESMO QUE BRANDA,
razão da usurpação. ORAL OU POR ESCRITO, CARACTERIZA O CRIME.

Veja: 2. SUBJETIVO:
Art. 328 [...]
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vanta- • Dolo de agir com violência ou ameaçar; e
gem: • Finalidade de impedir ato funcional.
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. 3. NORMATIVO:

2) RESISTÊNCIA • No tipo há dois elementos normativos necessários


para a caracterização do crime: O ato deve ser "legal" e
Imagine que Tício está estudando para fazer prova para cometido por “funcionário competente” para a execu-
Auditor Fiscal e, após a sua aprovação, é designado pelo ção do ato.
seu superior para fazer uma diligência em determinada
empresa. Assim, se a resistência é oposta contra um ato legal que é
executado por servidor incompetente, o fato é atípico.
Você acha que existe alguma empresa que ADORA rece-
ber a visita de um órgão fiscalizador? É claro que não! • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Exatamente por isso, o CP tenta resguardar os agentes do
poder público da conduta de quem, mediante 1. É delito formal, consumando-se no momento da vio-
lência ou ameaça.
VIOLÊNCIA FÍSICA ou GRAVE AMEAÇA, tenta impedir a
execução de ato legítimo. 2. É admissível a tentativa.

Observe o artigo 329: • TIPO QUALIFICADO

Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante Normalmente a resistência não impede o poder público de
violência ou ameaça a funcionário competente para agir, somente dificulta a ação. Caso o ato não seja reali-
executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: zado em virtude da resistência, incide a qualificadora do
Pena - detenção, de dois meses a dois anos. parágrafo 1º do artigo 329:
Art. 329 • ELEMENTOS:
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se exe-
cuta: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo:
Pena - reclusão, de um a três anos. • Desobedecer (ordem legal de funcionário público).

• CONCURSO DE CRIMES 2. SUBJETIVO:


• Dolo - É necessário que o indivíduo saiba que tem o
Na aula anterior, tratamos de alguns crimes que apresen- dever de cumprir e esteja consciente de que não esta
tavam o chamado caráter subsidiário, ou seja, o agente só cumprindo.
seria incriminado caso não houvesse tipo mais grave.
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Com relação à resistência, isto não ocorre. Se da violência 1. O crime é consumado com a ação ou omissão do de-
advêm uma lesão corporal ou até mesmo um homicídio, sobediente.
responde o agente por LESÃO CORPORAL + RESISTÊNCIA 2. É admissível a tentativa.
OU HOMICÍDIO + RESISTÊNCIA. Observe o disposto sobre
o tema no CP: 4) DESACATO

Art. 329 [...] Este é o delito que encontramos escrito em papéis cola-
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem pre- dos na parede da maioria dos órgãos que atendem públi-
juízo das correspondentes à violência. co.

Para este caso, em que as penas de todos os crimes são Encontra previsão no artigo 331 do CP nos seguintes ter-
aplicadas cumulativamente, o Direito Penal dá o nome de mos:
CONCURSO MATERIAL. Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício
da função ou em razão dela:
3) DESOBEDIÊNCIA Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou mul-
ta.
Encontra previsão no artigo 330 do CP nos seguintes ter-
mos: Tutela-se a Administração Pública no que concerne à
dignidade, ao prestígio e ao respeito devidos aos seus
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário agentes no exercício da função.
público:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e mul- NO CRIME DE DESACATO, O FUNCIONÁRIO PÚBLICO
ta. DEVE ESTAR NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO; OU, AINDA
QUE FORA DO EXERCÍCIO, A OFENSA DEVE SER FEITA
Quanto a este delito, o CP é bem claro ao dizer que ele é EM RAZÃO DA FUNÇÃO. É O CASO, POR EXEMPLO, DO
caracterizado pelo não cumprimento de ordem LEGAL do PARTICULAR QUE ENCONTRA UM JUIZ EM UM SUPER-
funcionário público. Vamos analisá-lo: MERCADO E DIZ:
“JUIZ É TUDO LADRÃO, INCLUSIVE VOCÊ”.
CARACTERIZADORES DO DELITO NO DESACATO, A OFENSA NÃO PRECISA SER PRESEN-
CIADA POR OUTRAS PESSOAS
• SUJEITOS DO DELITO:
CARACTERIZADORES DO DELITO
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
do por qualquer pessoa, inclusive por funcionário, des- • SUJEITOS DO DELITO:
de que o objeto da ordem não esteja relacionado com
suas funções. 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
do por qualquer pessoa. Há uma divergência doutriná-
E se estiver relacionado com as funções? ria e jurisprudencial muito grande sobre quando um
funcionário público pode cometer desacato. Não vou
Neste caso, não há que se falar em desobediência, po- esmiuçar o tema, pois é informação inútil para você.
dendo ocorrer, por exemplo, o delito de prevaricação. Para sua PROVA, o funcionário público pode cometer o
delito de desacato quando na posição de PARTICU-
2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. LAR.

2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO.


• ELEMENTOS: A expressão “a pretexto” significa “com a desculpa”, no
sentido de que o agente FAZ UMA SIMULAÇÂO.
1. OBJETIVO: É elementar do tipo:
“Mas, professor... E se ele realmente tiver prestígio frente
• Desacatar (funcionário público no exercício da função) ao funcionário público?” Mesmo assim, persiste o delito,
- O desacato pode ser por gestos, gritos, agressões pois o que caracteriza o tráfico de influência é a FRAUDE,
etc. É indispensável, entretanto, que o fato seja come- ou seja, ele promete que vai influenciar ato com a idéia de
tido na presença do sujeito passivo. Não há desacato não fazer nada.
na ofensa por carta, telefone, televisão etc., podendo
ocorrer o delito de injúria. CARACTERIZADORES DO DELITO

O desacato é um crime formal e, consequentemente, • SUJEITOS DO DELITO:


independe se o funcionário sentiu-se ofendido ou não.
basta que a conduta seja capaz de causar dano à sua 2. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
honra profissional. do por qualquer pessoa.
3. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO.
2. SUBJETIVO:
• ELEMENTOS:
• Dolo
1. OBJETIVO: São elementares do tipo:
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA • Solicitar;
• Exigir;
1. O crime é consumado com o ato ofensivo. • Cobrar;
2. Segundo doutrina majoritária, NÃO é admissível a ten- • Obter;
tativa.
3. Alguns autores dizem ser possível a tentativa, como no 2. SUBJETIVO:
caso de um indivíduo que joga alguma coisa em um • Dolo;
funcionário público e erra. • A expressão “para si ou para outrem”.

Mas, repetindo, para A SUA PROVA siga a doutrina majori- • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
tária e
afirme que não é admissível a figura tentada do delito. 1. No verbo obter, trata-se de CRIME MATERIAL e a con-
sumação ocorre no momento em que o sujeito obtém
5) TRÁFICO DE INFLUÊNCIA a vantagem (ou a promessa). Nos verbos solicitar, exi-
gir e cobrar temos o CRIME FORMAL e a consumação
É o delito praticado por particular contra a Administração opera-se com a simples ação do sujeito.
Pública, no qual determinada pessoa, usufruindo de sua
influência sobre ato praticado por funcionário público no 2. É admissível a tentativa.
exercício de sua função, solicita, exige, cobra ou obtêm
vantagem ou promessa de vantagem para si ou para ter- • CAUSA DE AUMENTO DE PENA
ceiros. Apresenta a seguinte redação típica:
A pena é aumentada se o agente alega ou insinua que a
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou vantagem também é destinada ao funcionário público.
para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a
pretexto de influir em ato praticado por funcionário Sabe aqueles “flanelinhas” que querem exigir valores
público no exercício da função: (vantagem) para que possamos estacionar? Imagine que
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. um deles fale para você:

Para ficar mais claro, podemos dizer que este delito ca- “Mano, aqui num pode para não... Mas, nois têm contexto
racteriza uma forma de fraude, em que o sujeito, alegando com os pulicia e eles libera o local em troca de um dinhei-
ter prestígio junto a funcionário público, engana a vítima ro” (Obs: Copiei exatamente a fala...com uns “pequenos”
através da promessa de poder alterar algum ato praticado errinhos gramaticais).
pelo poder público.
Neste caso, é tráfico de influência com causa de aumento
de pena.
Art. 332 Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou in-
[...] diretamente, ainda que fora da função ou antes de
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida.
o agente alega ou insinua que a vantagem é também
destinada ao funcionário.

VANTAGEM OU PROMESSA DE VANTAGEM

6) CORRUPÇÃO ATIVA

Na aula passada, tratamos de um importante delito cha- 2. SUBJETIVO:


mado corrupção passiva. Você lembra? Claro que sim!!!
Sobre ele dispõe o CP: • Dolo;
• A expressão “para determiná-lo a praticar, omitir ou
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, retardar ato de ofício”.
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem in- Se inexistir qualquer dos dois elementos, o fato é ATÍPI-
devida, ou aceitar promessa de tal vantagem CO.

Perceba que na corrupção passiva o funcionário SOLICI-


TA OU RECEBE vantagem. Diferentemente, na corrupção
ativa o PARTICULAR OFERECE OU PROMETE vantagem.
Observe:

Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a 3. NORMATIVO:


funcionário público, para determiná-lo a praticar,
omitir ou retardar ato de ofício: • Encontra-se na expressão “indevida”, referindo-se à
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e mul- vantagem.
ta.
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
CARACTERIZADORES DO DELITO
1. O crime é FORMAL e consuma-se no momento em que
• SUJEITOS DO DELITO: o funcionário público toma conhecimento da oferta ou
promessa.
2. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi- 2. É admissível a tentativa.
do por qualquer pessoa, inclusive por funcionário pú-
blico, desde que não aja nesta qualidade. • TIPO QUALIFICADO
3. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO.
Art. 333
• ELEMENTOS: [...]
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço,
1. OBJETIVO: São elementares do tipo: se, em razão da vantagem ou promessa, o funcioná-
• Oferecer (vantagem indevida); rio retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infrin-
• Prometer; gindo dever funcional.

Sendo assim, inexiste delito no caso de ausência de ofer-


ta ou promessa de vantagem. Exemplo: Se Tício pede a
Mévio (Funcionário Público) que passe seu processo na
frente sem oferecer qualquer vantagem, obviamente não é
crime.

Mas e se o funcionário EXIGE vantagem? É corrupção


passiva ou ativa?

Nem um nem outro!!! É o delito de CONCUSSÃO que já


vimos aula passada:
7) CONTRABANDO E DESCAMINHO 1. OBJETIVO: São elementares do tipo:

O art. 334 do Código Penal menciona os crimes de con- • Importar / Exportar (mercadoria proibida - Contraban-
trabando e descaminho: do)
• Iludir (o pagamento de tributo exigido - Descaminho)
Art. 334 Importar ou exportar mercadoria proibida ou
iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou 2. SUBJETIVO:
imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo con-
sumo de mercadoria: • Dolo;
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Embora eles estejam no mesmo artigo, são crimes distin-
tos e quase sempre confundidos. Vamos compreender a 1. Se a mercadoria deu entrada ou saída pela alfândega,
diferenciação: a consumação ocorre no momento em que a mercado-
ria é liberada.
Contrabando é a entrada ou saída de produto proibido ou
que atente contra a saúde ou a moralidade. Já o desca- Se a conduta é interrompida e não ocorre a liberação, há
minho é a entrada ou saída de produtos permitidos, mas tentativa.
sem passar pelos tramites burocráticos / tributários devi-
dos. Se a mercadoria entra por outro local que não pela adua-
na, consuma-se o delito no momento da entrada em terri-
Por exemplo, se alguém traz uma televisão ou filmadora tório nacional.
do Paraguai sem pagar os tributos devidos, o crime não é
de contrabando, mas de descaminho. 2. É admissível a tentativa.

Diferentemente, se alguém traz cigarros do Paraguai TIPO QUALIFICADO


(produto cuja importação é proibida pela lei brasileira) ou
armas e munições (produtos que só podem ser importa- O parágrafo 3º do artigo 334 amplia a pena caso o delito
dos se o governo autorizar), o crime é de contrabando. seja cometido via transporte aéreo. Observe:

Sendo assim, diferentemente do que normalmente escu- Art. 334


tamos na televisão, as famosas sacoleiras não cometem [...]
o crime de contrabando, mas de descaminho. § 3º - A pena aplica-se em dobro, se o crime de con-
trabando ou descaminho é praticado em transporte
CARACTERIZADORES DO DELITO aéreo.

• SUJEITOS DO DELITO: A ideia da qualificadora é dar um tratamento especial a


este meio de transporte que acaba por dificultar a fiscali-
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi- zação.
do por qualquer pessoa.
Faz-se mister destacar que só incide o aumento de pena
Quanto ao funcionário público, aqui temos que ter uma quando o transporte aéreo é clandestino. Se o indivíduo
GRANDE atenção: Se este participa do fato com INFRA- pratica contrabando embarcando na TAM ou na GOL, por
ÇÃO DE DEVER FUNCIONAL, comete o delito do artigo 318 exemplo, não há que se falar em tipo qualificado.
que tratamos aula passada:
CONTRABANDO OU DESCAMINHO POR ASSIMILAÇÃO
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a
prática de contrabando ou descaminho Caro aluno, este item praticamente não é exigido em pro-
va. Desta forma, vou tratá-lo de uma maneira geral, não
Diferentemente, se não afronta dever funcional, responde sendo necessário “perder” muito tempo com este item.
por contrabando ou descaminho.
De acordo com o parágrafo 1º do artigo 334:
2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO.
Art. 334
• ELEMENTOS: [...]
§ 1º - Incorre na mesma pena quem:
a) pratica navegação de cabotagem, fora dos casos Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou
permitidos em lei; conspurcar edital afixado por ordem de funcionário
público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado,
Cabotagem é a navegação realizada entre portos por determinação legal ou por ordem de funcionário
interiores do país pelo litoral ou por vias fluviais. público, para identificar ou cerrar qualquer objeto:
A cabotagem se contrapõe à navegação de longo Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
curso, ou seja, aquela realizada entre portos de
diferentes nações.

b) pratica fato assimilado, em lei especial, a contra-


bando ou descaminho;
CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL
A alínea “b” é um exemplo da chamada norma Conforme deixa claro o supracitado artigo, o tipo prevê
penal em branco. duas figuras:
Ela depende de leis especiais que NÃO CAEM NA
SUA PROVA!!! • INUTILIZAÇÃO DE EDITAL;
• INUTILIZAÇÃO DE SELO OU SINAL
c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, EDITAL - GENERICAMENTE, EDITAL É UMA PUBLICAÇÃO
no exercício de atividade comercial ou industrial, PARA CONHECIMENTO DE TERCEIROS. A FINALIDADE É
mercadoria de procedência estrangeira que introdu- TORNAR PÚBLICO DETERMINADO FATO OU ATO, SEJA
ziu clandestinamente no País ou importou fraudulen- POR CAUTELA, SEJA POR PUBLICIDADE OU SEJA PARA
tamente ou que sabe ser produto de introdução CUMPRIR UM REQUISITO LEGAL. OS EDITAIS SÃO PU-
clandestina no território nacional ou de importação BLICADOS NA IMPRENSA E TAMBÉM SÃO AFIXADOS
fraudulenta por parte de outrem; (EM PORTAS OU CORREDORES) NA REPARTIÇÃO OU
SEÇÃO RELACIONADA AO TEMA DO EDITAL.
O indivíduo que pratica contrabando e depois é SELO OU SINAL - É O MEIO UTILIZADO PARA IDENTIFI-
surpreendido vendendo a mercadoria, não res- CAR OU FECHAR QUALQUER COISA (MÓVEL OU IMÓ-
ponde por dois delitos, mas somente pelo con- VEL).
trabando ou descaminho.
CARACTERIZADORES DO DELITO
d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
alheio, no exercício de atividade comercial ou indus- • SUJEITOS DO DELITO:
trial, mercadoria de procedência estrangeira, desa-
companhada de documentação legal, ou acompa- 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi-
nhada de documentos que sabe serem falsos. do por qualquer pessoa, inclusive por funcionário que
exerce função que não lhe compete.
Por fim, o parágrafo 2º estende o conceito de atividade 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO.
comercial nos seguintes termos:
• ELEMENTOS:
Esta última alínea trata da receptação de merca-
dorias objeto do contrabando. Se o sujeito agiu 1. OBJETIVO: São elementares do tipo:
dolosamente, responde pelo delito de contra- • Rasgar;
bando e descaminho. Se culposamente, incide • Inutilizar;
nas penas de receptação culposa. • Conspurcar.
• Violar;
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os • Inutilizar.
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio ir-
regular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, 2. SUBJETIVO:
inclusive o exercido em residências. • Dolo;

8) INUTILIZAÇÃO DE EDITAL OU SINAL • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA


1. Consuma-se o delito com o ato de rasgar, inutilizar,
Visando mais uma vez à proteção da Administração Pú- conspurcar ou violar.
blica, o legislador fez constar no Código Penal que consti- 2. Trata-se de CRIME MATERIAL e admite a tentativa.
tui crime:
9) SUBTRAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCU-
MENTO

Vimos na aula passada o delito de extravio, sonegação ou


inutilização de livro ou documento, tipificado da seguinte
forma: 1) Reingresso de estrangeiro expulso

Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documen- Art. 338 - Reingressar no território nacional o es-
to, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá- trangeiro que dele foi expulso:
lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente. Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo
de nova expulsão após o cumprimento da pena.
Do supra artigo fica óbvio, então, a preocupação do legis-
lador em tutelar, frente à atuação funcional, a guarda de 01.Considerações gerais: o sujeito ativo é o estrangeiro
livros oficiais ou documentos públicos. expulso, não se aplicando ao estrangeiro deportado ou
extraditado.
No mesmo sentido, o Código Penal vem aumentar a tutela
sobre livros e documentos, estendendo também aos par- É crime de mão-própria (não admite co-autoria). A par-
ticulares nos seguintes termos: ticipação é possível (o agente induz, instiga ou auxilia o
estrangeiro expulso a reingressar no país).
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmen-
te, livro oficial, processo ou documento confiado à 02.Consumação e tentativa: o crime se consuma com a
custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de entrada do estrangeiro expulso no país. O STJ tem de-
particular em serviço público: cisão que considera o crime permanente (portanto, ca-
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não be flagrante a qualquer tempo). A tentativa é possível.
constitui crime mais grave.
03.Competência: cabe à justiça federal julgar tal delito.
CARACTERIZADORES DO DELITO
2) Denunciação caluniosa
• SUJEITOS DO DELITO:
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação
1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometi- policial, de processo judicial, instauração de investiga-
do por qualquer pessoa. Se cometido por funcionário ção administrativa, inquérito civil ou ação de improbi-
público, conforme já vimos, incide o tipo especial do dade administrativa contra alguém, imputando-lhe
artigo 314; crime de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei
nº 10.028, de 2000)
2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

• ELEMENTOS: 01.Considerações gerais: a falsidade pode recair sobre a


autoria ou sobre a infração (a infração não existiu ou
1. OBJETIVO: São elementares do tipo: existiu mas foi praticada por terceira pessoa). O sujei-
• Subtrair; to ativo é qualquer pessoa, inclusive autoridades.
• Inutilizar.
Acusar alguém falsamente e não originar a instaura-
2. SUBJETIVO: ção é calúnia (art. 138).
• Dolo; Se o funcionário público acusa falsamente o seu cole-
ga funcionário público de ter trabalhado bêbado dando
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ensejo a instauração de processo administrativo não é
crime porque o tipo penal exige a falsa acusação de crime
1. O crime é consumado com a subtração ou efetivação ou contravenção penal. No caso, houve falsa acusação de
da inutilização. infração administrativa, podendo configurar o crime de
2. Trata-se de crime material e admite a tentativa. difamação (art. 139).

§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o


agente se serve de anonimato ou de nome suposto.
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputa-
ção é de prática de contravenção.
o
3) Comunicação falsa de crime ou de contravenção § 2 O fato deixa de ser punível se, antes da sen-
tença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comuni- se retrata ou declara a verdade.(Redação dada pela Lei
cando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção nº 10.268, de 28.8.2001)
que sabe não se ter verificado: Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. qualquer outra vantagem a testemunha, perito, conta-
dor, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa,
01.Considerações gerais: a falsa comunicação é de crime negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cál-
ou de contravenção penal. Só há o crime se a infração culos, tradução ou interpretação: (Redação dada pela
penal que a pessoa está comunicando não existiu e ela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
sabe que não existiu. Aqui ele não está acusando nin- Pena - reclusão, de três a quatro anos, e mul-
guém. ta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um
4) Auto-acusação falsa sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim de
obter prova destinada a produzir efeito em processo
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime penal ou em processo civil em que for parte entidade
inexistente ou praticado por outrem: da administração pública direta ou indireta. (Redação
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
multa.
6) Coação no curso do processo
01.Diferenças: na denunciação caluniosa o agente de-
nuncia alguém; na comunicação falsa de crime ou Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com
contravenção o agente não acusa ninguém; na auto- o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra
acusação falsa o agente acusa a si mesmo. autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funci-
ona ou é chamada a intervir em processo judicial, poli-
02.Excludente de ilicitude: se o sujeito está sob coação cial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
moral irresistível o coator é quem responde pelo crime. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além
da pena correspondente à violência.
5) Falso testemunho ou falsa perícia
7) Exercício arbitrário das próprias razões
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a
verdade como testemunha, perito, contador, tradutor Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para
ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a
inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada lei o permite:
pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou mul-
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. ta, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Se não há emprego de violência,
01.Sujeitos ativos: testemunha, perito (oficial ou nomea- somente se procede mediante queixa.
do), contador, tradutor ou intérprete. Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa
própria, que se acha em poder de terceiro por determi-
É crime de mão-própria (não admite a co-autoria, mas nação judicial ou convenção:
admite a participação). Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e mul-
ta.
02.Condutas: (1) fazer afirmação falsa (mentir); (2) negar
a verdade (dar respostas falsas); (3) calar a verdade 8) Fraude processual
(saber da verdade e não comunicá-la a autoridade).
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de
O crime, portanto, pode ser praticado por ação ou por processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de
omissão. coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz
o
§ 1 As penas aumentam-se de um sexto a um ou o perito:
terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se Pena - detenção, de três meses a dois anos, e mul-
cometido com o fim de obter prova destinada a pro- ta.
duzir efeito em processo penal, ou em processo civil Parágrafo único - Se a inovação se destina a pro-
em que for parte entidade da administração pública duzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado,
direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, as penas aplicam-se em dobro.
de 28.8.2001)
9) Favorecimento pessoal § 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por
mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pe-
Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autorida- na é de reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
de pública autor de crime a que é cominada pena de § 2º - Se há emprego de violência contra pessoa,
reclusão: aplica-se também a pena correspondente à violência.
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. § 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclu- o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou
são: guarda está o preso ou o internado.
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e § 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da
multa. custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de 3
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, des- (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
cendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento
de pena. 13) Evasão mediante violência contra a pessoa

10) Favorecimento real Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o


indivíduo submetido a medida de segurança detentiva,
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co- usando de violência contra a pessoa:
autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar se- Pena - detenção, de três meses a um ano, além da
guro o proveito do crime: pena correspondente à violência.
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar 14) Arrebatamento de preso
ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comuni-
cação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do
em estabelecimento prisional. (Incluído pela Lei nº poder de quem o tenha sob custódia ou guarda:
12.012, de 2009). Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (In- correspondente à violência.
cluído pela Lei nº 12.012, de 2009).
15) Motim de presos
11) Exercício arbitrário ou abuso de poder
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a or-
Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de li- dem ou disciplina da prisão:
berdade individual, sem as formalidades legais ou com Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
abuso de poder: pena correspondente à violência.
Pena - detenção, de um mês a um ano.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcio- 16) Patrocínio infiel
nário que:
I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procu-
estabelecimento destinado a execução de pena privati- rador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo
va de liberdade ou de medida de segurança; patrocínio, em juízo, lhe é confiado:
II - prolonga a execução de pena ou de medida de Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou
de executar imediatamente a ordem de liberdade; 17) Patrocínio simultâneo ou tergiversação
III - submete pessoa que está sob sua guarda ou cus-
tódia a vexame ou a constrangimento não autorizado Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o ad-
em lei; vogado ou procurador judicial que defende na mesma
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência. causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrá-
rias.
12) Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de
segurança 18) Sonegação de papel ou objeto de valor probatório

Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa le- Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar
galmente presa ou submetida a medida de segurança de restituir autos, documento ou objeto de valor proba-
detentiva: tório, que recebeu na qualidade de advogado ou procu-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. rador:
Pena - detenção, de seis a três anos, e multa.
19) Exploração de prestígio É importante ressaltar que não há necessidade de que o
terceiro conheça EXATAMENTE o que o funcionário públi-
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer co faz, ou seja, aqui vale o dolo eventual, bastando que
outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, ór- saiba que o “companheiro do delito”, também chamado
gão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, executor primário, exerce serviço de natureza pública.
tradutor, intérprete ou testemunha:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um ter- AOS DELITOS FUNCIONAIS
ço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utili-
dade também se destina a qualquer das pessoas referi- O Direito Penal surge para tutelar bens jurídicos importan-
das neste artigo. tes para a sociedade.

20) Violência ou fraude em arrematação judicial Sabemos que existe, por exemplo, o crime de furto a fim
de resguardar o patrimônio das pessoas.
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação
judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou lici- Dito isto, imagine que Tício está passando ao lado de uma
tante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou construtora quando avista um saco cheio de pregos (mais
oferecimento de vantagem: precisamente 100000 pregos).
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa,
além da pena correspondente à violência. Inconformado com um pedaço de carne que havia perma-
necido em local indevido desde o almoço (eu sei... o
21) Desobediência a decisão judicial sobre perda ou sus- exemplo não é dos melhores...), resolve pegar 01(UM)
pensão de direito prego do saco a fim de utilizá-lo como instrumento de
limpeza dental.
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autorida-
de ou múnus, de que foi suspenso ou privado por deci- Neste caso, em sua opinião, Tício deveria ser preso (não
são judicial: estou falando do ato de limpar o dente com pregos, mas
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou mul- sim o de pegar o prego, ok?)?
ta.
Independentemente da sua resposta, é claro que não é
 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE OS CRIMES CONTRA para estes casos ínfimos que o Direito Penal existe. Sen-
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA do assim, para evitar situações absurdas, surge o princí-
pio da insignificância que é utilizado pela jurisprudência
CONCURSO DE PESSOAS em diversos casos.

Imagine que Tício, funcionário público, pratica o delito de Surge, entretanto, dúvida quanto à possibilidade da apli-
peculato junto com Mévio, que não faz parte do quadro da cabilidade do princípio da insignificância aos crimes co-
Administração. Poderá Mévio, sendo particular, responder metidos contra a administração pública, e os não adeptos
pelo citado crime (PECULATO)? defendem que a tipificação de tais delitos não visa res-
guardar somente o patrimônio, mas também a moral da
A resposta é positiva, pois na hipótese de concurso de administração.
pessoas, a elementar “funcionário público” é comunicá-
vel, desde que cumprido um requisito essencial: É neces- Independentemente de qualquer DIVERGÊNCIA doutriná-
sário que o terceiro (particular) tenha conhecimento de ria, para sua PROVA, adote o seguinte entendimento:
que pratica o delito juntamente com um funcionário pú-
blico. Observe o disposto sobre o tema no Código Penal: É POSSÍVEL A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
RSO ON-LINE – DIREITO PENALP INSIGNIFICÂNCIA AOS CRIMES FUNCIONAIS.
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as
condições de caráter pessoal, salvo quando elemen-
tares do crime.

Para exemplificar, imagine que Caio é convidado por Tício,


funcionário público, para cometer um furto. Sem saber da
qualidade especial de Tício, Caio pratica o delito. Nesta
situação, responderá Tício por peculato-furto e Caio por
furto.
A) condescendência criminosa.
B) advocacia administrativa.
C) tráfico de influência.
01.(FCC /Agente Fiscal de Rendas – SEFAZ-SP / 2009) O D) patrocínio infiel.
particular que, em concurso com funcionário público e E) exploração de prestígio.
em razão da função por este exercida, exige vantagem
indevida para ambos, embora não cheguem a recebê- GABARITO: E
la, pratica o crime de: COMENTÁRIOS: Essa questão trata de um crime contra a
A) tentativa de concussão. Administração da Justiça, com previsão no art. 357, do
B) corrupção passiva consumada. Código Penal. Trata-se da Exploração de Prestígio, que é
C) concussão consumada. caracterizada pela conduta de solicitar ou receber dinhei-
D) tentativa de corrupção passiva. ro ou qualquer outra utilidade a pretexto de influir em:
E) corrupção ativa consumada.
• Juiz;
GABARITO: C • Jurado;
• Órgão do Ministério Público; (Alternativa “E”)
COMENTÁRIOS: Esta questão associa o assunto “concur- • Funcionário de justiça;
so de pessoas” com os crimes contra a Administração • Perito;
Pública. • Tradutor;
A conduta descrita na questão consiste em exigir vanta- • Intérprete; ou
gem indevida, o que caracteriza a concussão, delito pre- • Testemunha.
visto no art. 316, do Código Penal:
Neste tipo de questão, é importante ter cuidado com os
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indireta- casos em que a banca coloca dentre as alternativas, além
mente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas da exploração de prestígio, a corrupção passiva. Como a
em razão dela, vantagem indevida. descrição típica é bem próxima, cabe uma análise deta-
lhada do candidato a fim de evitar possíveis confusões.
Em outros termos, o crime de concussão é uma espécie
de extorsão praticada pelo funcionário público, com abu- 03.(FCC / Promotor de Justiça – MPE-CE / 2009) NÃO
so de autoridade, contra particular que cede ou virá a ce- constitui crime contra a administração da justiça:
der em face do metu publicae potestatis (medo do poder A) favorecimento real.
público). B) patrocínio infiel.
C) denunciação caluniosa.
A concussão é um delito FORMAL e a consumação ocorre D) exploração de prestígio.
com a exigência, no momento em que esta chega ao co- E) desobediência.
nhecimento do sujeito passivo. Logo, o fato de o indivíduo
não chegar a receber a vantagem não caracteriza a con- GABARITO: E
cussão na sua forma tentada, o que torna correta a alter-
nativa “C”. COMENTÁRIOS: A FCC exige do candidato o conhecimen-
to da nomenclatura dos delitos contra a administração da
Complementando a questão: justiça. Analisando as alternativas:
Alternativa “A” - O favorecimento real é crime contra a
O fato de o particular conhecer a qualidade de funcionário administração da justiça previsto no art. 349, do Código
público do outro agente e atuar em virtude da função Penal. Consiste em prestar a criminoso, fora dos casos de
exercida por este faz com que ele também responda pela co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar
concussão. Segundo o art. 30, do Código Penal, não se seguro o proveito do crime.
comunicam as circunstâncias e as condições de caráter Alternativa “B” - O patrocínio infiel encontra-se tipificado
pessoal, salvo quando elementares do crime e, no crime no art. 355, do Código Penal, e consiste na conduta de
de concussão, o “ser funcionário público” é uma elemen- trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever
tar. profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em
juízo, lhe é confiado. É crime contra a administração da
02.(FCC / MPE-SE / 2009) Aquele que solicita dinheiro a justiça.
pretexto de influir em órgão do Ministério Público pra- Alternativa “C” - A denunciação caluniosa é crime tipifica-
tica o crime de: do no art. 339, do Código Penal. Consiste em dar causa à
instauração de investigação policial, de processo judicial,
instauração de investigação administrativa, inquérito civil
ou ação de improbidade administrativa contra alguém, Trata-se de crime formal e o delito se consuma no mo-
imputando-lhe crime de que o sabe inocente. É crime con- mento em que a solicitação chega ao conhecimento do
tra a administração da justiça. terceiro, ou quando o funcionário recebe a vantagem ou
Alternativa “D” - A exploração de prestígio, assim como as aceita a promessa de sua entrega. O fato de o funcionário
alternativas anteriores, também é crime contra a adminis- não ter chegado a receber, neste caso, é irrelevante e não
tração da justiça e é caracterizado pela conduta de solici- caracteriza a forma tentada. Correta a alternativa “B”.
tar ou receber dinheiro, ou qualquer outra utilidade, a pre-
texto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Públi- 06.(FCC / Juiz Substituto – TJ-RR / 2008) No crime de
co, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou concussão, a circunstância de ser um dos agentes
testemunha. funcionário público:
Alternativa “E” - A desobediência NÃO é crime contra a A) não é elementar, não se comunicando, portanto, ao
administração da justiça, mas sim delito praticado por concorrente particular.
particular contra a administração pública. Caracteriza o B) é elementar, comunicando-se ao concorrente parti-
crime a conduta de desobedecer à ordem legal de funcio- cular, ainda que este desconheça a condição da-
nário público. É a resposta da questão. quele.
C) é elementar, mas não se comunica ao concorrente
04.(FCC / Procurador do Município de SP / 2008) A con- particular.
cussão e a corrupção ativa são crimes: D) é elementar, comunicando-se ao concorrente parti-
A) permanentes. cular, se este conhecia a condição daquele.
B) formal e material, respectivamente. E) não é elementar, comunicando-se, em qualquer si-
C) materiais. tuação, ao concorrente particular.
D) formais.
E) material e formal, respectivamente. GABARITO: D
COMENTÁRIOS: O art. 30, do Código Penal, determina a
GABARITO: D comunicação das circunstâncias de caráter pessoal,
COMENTÁRIOS: Crime formal é aquele que, embora possa quando elementares do crime, a todas as pessoas que
ter um resultado, independe dele para a consumação. dele participarem.
Diferentemente, no delito material, o resultado é impres-
cindível. Apesar de a concussão ser classificada como delito pró-
prio, exigindo que o agente ostente a condição de funcio-
Na concussão, a consumação ocorre com a simples exi- nário público, a circunstância, como é elementar do tipo,
gência enquanto na corrupção ativa, consuma-se no mo- comunica-se ao co-autor ou partícipe que a conheça.
mento em que o funcionário público toma conhecimento
da oferta ou promessa. Então, a elementar “funcionário público” comunica-se aos
demais que não possuem essa qualidade, desde que te-
Diante do exposto, por não haver dependência de qual- nham praticado o crime juntamente com funcionário pú-
quer resultado para a caracterização dos supracitados blico e que tenham conhecimento de sua presença na
delitos, pode-se afirmar que estamos diante de dois cri- figura do autor principal. O co-autor ou partícipe deve ter
mes FORMAIS. Correta a alternativa “D”. dolo, ou seja, vontade e consciência para agir com o fun-
cionário público. Correta, portanto, a alternativa“D”.
05.(FCC / Procurador – TCE-AL / 2008) A conduta do fun-
cionário público que, em razão da função exercida, so- 07.(FCC / METRO-SP / 2008) Durante um julgamento
licita vantagem indevida para si, sem, contudo, chegar perante o Tribunal do Júri, um jurado, que em sua vida
a recebê-la, caracteriza, em tese, normal exerce a função de vendedor, solicitou R$
A) tentativa de concussão. 10000,00 (dez mil reais) ao advogado do réu para votar
B) corrupção passiva consumada. pela absolvição deste. O jurado:
C) concussão consumada. A) cometeu crime de corrupção ativa.
D) tentativa de corrupção passiva. B) cometeu crime de corrupção passiva.
E) corrupção ativa consumada. C) cometeu crime de concussão.
D) cometeu crime de prevaricação.
GABARITO: B E) não cometeu nenhum crime, pois não era funcioná-
COMENTÁRIOS: A questão diz que o funcionário SOLICI- rio público.
TOU vantagem indevida, logo, caracterizada está a cor-
rupção passiva. GABARITO: B
COMENTÁRIOS: O Código Penal, ao definir o conceito de
funcionário público para fins penais, dispõe que se consi-
dera funcionário público quem, embora transitoriamente GABARITO: C
ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função COMENTÁRIOS: Já foi tratado anteriormente que o único
pública. crime contra a Administração Pública que é punível a
O jurado exerce função pública, transitória e sem remune- título de culpa é o PECULATO.
ração, enquadrando-se no grupo dos chamados agentes
honoríficos. No caso em questão, a banca trata do crime de violação
Deste modo, podemos afirmar que o jurado é considerado de sigilo funcional, que consiste em revelar fato de que
funcionário público para fins penais e, no caso em ques- tem ciência em razão do cargo, e que deva permanecer
tão, como SOLICITA vantagem indevida, comete corrup- em segredo, ou facilitar-lhe a revelação.
ção passiva, delito apresentado pela banca na alternativa
“B”. Como o funcionário age com negligência (culpa) e, para a
caracterização do crime, exige-se o DOLO, não responderá
08.(FCC / Analista Judiciário – TRF-3ª Região / 2007) o agente por nenhum CRIME, o que torna correta a alter-
João, tesoureiro de órgão público, agindo em concurso nativa “C”. Cabe ressaltar que o funcionário poderá ser
com José e em proveito deste, que não é funcionário responsabilizado nas esferas CIVIL e ADMINISTRATIVA.
público mas que sabe que João o é, desvia certa quan-
tia em dinheiro, de que tem a posse em razão do cargo. 10.(FCC / Técnico Judiciário – TRF-3ª Região / 2007) "A"
Por essa conduta: entrou no exercício de função pública antes de satis-
A) José não responde por crime nenhum, já que foi feitas as exigências legais. Sua conduta:
João quem desviou o dinheiro. A) configura crime de concussão.
B) João responde por peculato e José por apropriação B) configura crime de peculato.
indébita. C) configura o crime de exercício funcional ilegalmen-
C) João e José respondem pelo crime de peculato. te antecipado ou prolongado.
D) João não responde por crime porque o dinheiro foi D) não caracteriza infração penal.
todo entregue para José, que é quem deve ser pro- E) não caracteriza infração penal, mas ele não recebe-
cessado. rá o salário até que satisfaça as exigências legais.
E) João e José respondem pelo crime de peculato,
mas este tem a pena reduzida pela metade, porque GABARITO: C
foi João quem desviou o dinheiro. COMENTÁRIOS: Entrar no exercício de função pública
antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a
GABARITO: C exercê-la sem autorização, depois de saber oficialmente
COMENTÁRIOS: Na situação apresentada, João comete o que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso,
PECULATO-DESVIO. caracteriza o crime de exercício ilegalmente antecipado
PROFESSOR PEDRO IVO ou prolongado, definido no art. 324, do Código Penal. Cor-
Como José tem conhecimento de que João é funcionário reta, portanto, a alternativa “C”.
público e como esta “qualidade especial” é elementar do
crime de PECULATO, com base no art. 30, do Código Pe- 11.(FCC / Auditor – TCE-AM / 2007) A respeito dos cri-
nal, responderá também José pelo crime de peculato. mes contra a Administração Pública, considere:
Correta a alternativa “C”. I. Não exclui a responsabilidade penal o fato de ter
sido o agente, acusado da prática de crime de pecu-
09.(FCC / Analista Judiciário – TRF-3ª Região / 2007) lato, inocentado pelo órgão administrativo quando
Agindo com negligência, João esquece sobre o balcão do procedimento necessário ao afastamento do
da repartição onde exerce cargo público documento cargo.
que contém segredo, de forma que terceira pessoa tem II. Comete crime de concussão o funcionário público
acesso a ele. Assim agindo, João: que, mediante grave ameaça de morte com empre-
A) pratica crime de violação de sigilo funcional porque go de arma de fogo, exige vantagem indevida de
o dolo é presumido. particular.
B) só pratica crime se o terceiro que teve conhecimen- III. Não comete crime de peculato o funcionário públi-
to do segredo revelá-lo para outras pessoas. co que se apropria de bem particular, de que tem a
C) não pratica crime, porque o Código Penal não prevê posse em razão do cargo.
a modalidade culposa de violação de sigilo funcio- IV. Só o ocupante de cargo público, criado por lei, com
nal. denominação própria, número certo e pago pelos
D) pratica crime de violação de sigilo funcional porque cofres públicos, ainda que em entidades paraesta-
presente o dolo eventual. tais, pode cometer o crime de abandono de função.
E) pratica crime de condescendência criminosa.
Está correto o que se afirma SOMENTE em:
A) I, II e III. A) no crime de resistência, o dolo é a vontade de se
B) I, II e IV. opor à execução do ato, mediante violência ou
C) I e IV. ameaça, mas é dispensável que o agente tenha
D) II e III, consciência de que está resistindo a ato legal do
E) II, III e IV. funcionário, sendo que o erro quanto à legalidade
do ato, ainda que culposo, não exclui o dolo.
GABARITO: C B) no peculato o sujeito ativo é o funcionário público,
COMENTÁRIOS: Analisando as assertivas: como também o particular que não se reveste des-
Assertiva I - Está correta, pois a esfera penal é indepen- sa qualidade e que concorre para o crime, conhe-
dente da esfera administrativa. O fato do agente ter sido cendo ou não a condição do agente.
inocentado na esfera administrativa não impede o pro- C) na concussão, o agente solicita ou recebe, para si
cesso penal do qual pode advir uma condenação. ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que
fora da função ou antes de assumi-la, mas em ra-
Assertiva II - A concussão é uma forma especial de extor- zão dela, vantagem indevida ou aceita promessa de
são, praticada por funcionário público com abuso de auto- tal vantagem.
ridade. Deve, assim, haver um nexo entre a represália D) para os efeitos penais, equipara-se a funcionário
prometida, a exigência feita e a função exercida pelo fun- público quem exerce cargo, emprego ou função em
cionário público. entidade paraestatal, e quem trabalha para empre-
Por isso, se o funcionário público empregar violência ou sa prestadora de serviço contratada ou conveniada
grave ameaça referente a situação estranha à função para a execução de atividade típica da Administra-
pública, haverá crime de extorsão ou roubo. ção Pública.
Exemplo: Um policial aponta um revólver para a vítima e, E) para a caracterização do crime de desacato é irre-
mediante ameaça de morte, pede que ela lhe entregue o levante que o fato ocorra na presença do funcioná-
carro. Neste caso, não haverá concussão, e sim extorsão. rio público, configurando o ilícito ainda quando a
Assertiva incorreta. ofensa lhe é dirigida em documento, por telefone,
por e.mail ou outro meio.
Assertiva III - O peculato apropriação é cabível tanto para
bem público quanto para bem privado. Portanto, incorreta GABARITO: D
a assertiva. COMENTÁRIOS: Analisando as alternativas:
Alternativa “A” - O crime de resistência encontra-se tipifi-
Assertiva IV - O Código Penal, ao tratar do crime de aban- cado no art. 329, do Código Penal, com a seguinte reda-
dono de função em seu art. 323, dispõe: ção:

Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permiti- Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência
dos em lei. ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a
quem lhe esteja prestando auxílio.
Percebe-se que, embora o próprio Código Penal atribua o Observa-se aqui que é necessário que a oposição do su-
nome abandono de função ao crime, a tipificação do deli- jeito se manifeste por meio de ameaça ou violência física,
to utiliza a palavra CARGO, que representa um conceito em face do funcionário ou da pessoa que o auxilia, no
mais restrito que o termo função pública. exato momento em que o ato esteja sendo praticado, de
modo que se a oposição for exercida em momento anteri-
Desta forma, o nome correto do crime deveria ser ABAN- or ou posterior à prática do ato pelo funcionário público,
DONO DE CARGO e está correto afirmar que só o ocupan- não constitui crime de resistência.
te de cargo público, criado por lei, com denominação pró-
pria, número certo e pago pelos cofres públicos, ainda que Para que o sujeito seja enquadrado no crime em tela, é
em entidades paraestatais, pode cometer o crime de necessária a caracterização do dolo, ou seja, a vontade
abandono de função. livre e consciente de executar a ação.

Do exposto, conclui-se que a resposta da questão é a Caso haja erro quanto à legalidade do ato, haverá também
alternativa “C”, pois somente as assertivas I e IV estão a exclusão do dolo e, portanto, está incorreta a alternati-
corretas. va.

12.(FCC / Oficial de Justiça – TJ-PE / 2007) Em relação Alternativa “B” - Para que o particular também responda
aos crimes contra a administração pública, é correto por peculato em concurso de pessoas, é imprescindível
afirmar que: que ele tenha conhecimento da qualidade de funcionário
público do outro agente. Alternativa incorreta.
Alternativa “C” - A alternativa está errada, pois a banca Usurpar a função pública é, portanto, exercer ou praticar
tenta confundir o candidato associando a definição da ato de uma função que não lhe é devida. Encontra previ-
corrupção passiva ao crime de concussão. são no Código Penal, nos seguintes termos:
Neste último, o funcionário EXIGE; no primeiro, SOLICITA.
Alternativa “D” - Reproduz exatamente o parágrafo 1º, do Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
art. 327, do Código Penal que trata da figura do funcioná- Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
rio público por equiparação. É a resposta da questão.
Alternativa “E” - O Código Penal tipifica como crime no 15.(FCC / MPU / 2007) A respeito dos crimes contra a
art. 331 o fato de desacatar funcionário público no exercí- Administração Pública, é correto afirmar:
cio da função ou em razão dela. O desacato pode ser por A) Não configura o crime de contrabando a exporta-
gestos, gritos, agressões, etc. É indispensável, entretanto, ção de mercadoria proibida.
que o fato seja cometido na presença do sujeito passivo. B) Constitui crime de desobediência o não atendimen-
Não há desacato na ofensa por carta, telefone, televisão, to por funcionário público de ordem legal de outro
etc., podendo ocorrer o delito de injúria. funcionário público.
Alternativa incorreta. C) Comete crime de corrupção ativa quem oferece
vantagem indevida a funcionário público para de-
13.(FCC / Analista Judiciário – TRF-4ª Região / 2007) Dar terminá-lo a deixar de praticar medida ilegal.
às verbas ou às rendas públicas aplicação diversa da D) Pratica crime de resistência quem se opõe, median-
estabelecida em lei: te violência, ao cumprimento de mandado de prisão
A) não constitui crime, sendo somente irregularidade decorrente de sentença condenatória supostamen-
administrativa. te contrária à prova dos autos.
B) constitui crime contra a Administração Pública pra- E) Para a caracterização do crime de desacato não é
ticado por funcionário público. necessário que o funcionário público esteja no
C) configura crime de peculato-furto. exercício da função ou, não estando, que a ofensa
D) caracteriza crime de peculato mediante erro de ou- se verifique em função dela.
trem. CURSO ON-LINE –
E) constitui crime de prevaricação. GABARITO: D
COMENTÁRIOS: Analisando as alternativas:
GABARITO: B Alternativa “A” - O art. 334, do Código Penal, define o cri-
COMENTÁRIOS: A fim de proteger a regularidade da ativi- me de contrabando e descaminho nos seguintes termos:
dade administrativa no que diz respeito à aplicação de
verbas e rendas públicas, o legislador fez constar no Có- Art. 334 Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir,
digo Penal, mais precisamente em seu art. 315, o crime de no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto de-
desvio de verbas, que consiste em dar às verbas ou ren- vido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria.
das públicas aplicação diversa da estabelecida em lei. Tal
delito encontra-se tipificado no capítulo referente aos Do texto legal, conclui-se que o delito ocorre tanto na im-
crimes contra a Administração Pública e, assim, correta portação quanto na exportação da mercadoria proibida, o
está a alternativa “B”. que torna a alternativa incorreta.
PROFESSOR PEDRO IVO
14.(FCC / Analista Judiciário – TRF-4ª Região / 2007) Alternativa “B” - O crime de desobediência, previsto no art.
Túlio assumiu o exercício de função pública sem ser 330, do Código Penal, é crime comum, podendo ser come-
nomeado ou designado, executando ilegitimamente tido por qualquer pessoa, inclusive por funcionário públi-
ato de ofício. Tal conduta caracteriza o crime de: co, desde que o objeto da ordem não esteja relacionado
A) desobediência. com suas funções.
B) tráfico de influência.
C) exercício funcional ilegalmente antecipado ou pro- No caso apresentado na alternativa, como é uma ordem
longado. legal de um funcionário para outro, não há que se falar em
D) advocacia administrativa. desobediência, podendo ocorrer, por exemplo, o delito de
E) usurpação de função pública. prevaricação.

GABARITO: E Alternativa “C” - Segundo a jurisprudência dominante, se


COMENTÁRIOS: A conduta apresentada se enquadra na o particular oferece vantagem a fim de impedir ato ILEGAL
tipificação do crime de usurpação de função pública. Cor- ou fora das competências do agente público, não há a
reta a alternativa “E”. caracterização do delito de corrupção ativa. Incorreta a
Usurpar é derivado do latim usurpare, que significa apos- alternativa.
sar-se sem ter direito.
Alternativa “D” - O crime de resistência é caracterizado Alternativa “B” - O tipo da prevaricação não traz previsão
pela conduta de opor-se à execução de ato legal mediante de violência.
violência ou ameaça a funcionário competente para exe- Observe:
cutá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio. No caso
apresentado na alternativa, que está correta, a contrarie- Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
dade das provas nos autos não é justificativa para a opo- de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para
sição e restará caracterizado o delito de resistência. satisfazer interesse ou sentimento pessoal:

Alternativa “E” - Diferente do apresentado na alternativa, A banca tenta, de forma tênue, confundir a prevaricação
no crime de desacato, o funcionário público deve estar no com violência arbitrária.
exercício da função ou, ainda que fora do exercício, a Incorreta a alternativa.
ofensa deve ser feita em razão da função. É o caso, por
exemplo, do particular que encontra um juiz em um su- Alternativa “C” - Está errada, pois claramente trata do
permercado e diz: “Juiz é tudo ladrão, inclusive você”. delito de PECULATO, e não de prevaricação.
CURSO
16.(FCC/ OAB-ES / 2005) Paulo foi surpreendido por um Alternativa “D” - Incorreta, pois refere-se ao crime de em-
Policial Rodoviário dirigindo seu veículo em excesso prego irregular de verbas ou rendas públicas, e não de
de velocidade, conforme constatado por radar. Ao ser prevaricação.
abordado, Paulo ofereceu ao Policial a quantia de R$
50,00 (cinqüenta reais) para convencê-lo a deixar de Alternativa “E” - É a alternativa correta, pois reproduz a
lavrar a multa correspondente à infração praticada. tipificação da prevaricação, presente no art. 319, do Códi-
Paulo cometeu crime de: go Penal.
A) corrupção passiva.
B) corrupção ativa. 18.(FCC / Auditor – TCE-AL / 2007) Para efeitos penais,
C) concussão. A) considera-se funcionário público quem trabalha pa-
D) exploração de prestígio. ra empresa prestadora de serviços conveniada pa-
ra a execução de atividade típica da administração
GABARITO: B pública.
COMENTÁRIOS: O importante nesta questão é não con- B) não se considera funcionário público quem exerce
fundir a corrupção passiva com a corrupção ativa, abaixo função pública transitória, apesar de remunerada.
reproduzida: C) não se considera funcionário público quem exerce
cargo público não remunerado.
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcio- D) não se considera funcionário público quem exerce
nário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar emprego público transitório e não remunerado.
ato de ofício. E) considera-se funcionário público apenas quem
exerce função em entidade paraestatal.
Como no caso apresentado pela banca Paulo oferece
vantagem indevida a funcionário público, caracterizada GABARITO: A
está a corrupção ativa e, portanto, correta a alternativa “B” CURSO ON-LINE
COMENTÁRIOS: Analisando as alternativas:
17.(FCC / SEFAZ-PI / 2002) No crime de prevaricação: Alternativa “A” - Está em perfeita consonância com o dis-
A) o crime é praticado por particular contra a adminis- posto no final do parágrafo 1º, do art. 327. É a resposta da
tração pública. questão.
B) há a prática de violência no exercício da função.
C) o funcionário público apropria-se de valor de que Alternativa “B” - Está incorreta, pois não importa para a
tem a posse em razão do cargo. definição de funcionário público para fins penais se exer-
D) há a aplicação diversa de verbas ou rendas públi- ce a função pública de forma transitória ou não.
cas, estabelecida em lei.
E) retarda-se ou deixa-se de praticar indevidamente Alternativa “C” - Também não importa para o enquadra-
ato de ofício para satisfação de interesse pessoal. mento como funcionário público se o trabalho é remune-
rado ou não. Incorreta a alternativa.
GABARITO: E
COMENTÁRIOS: Analisando as alternativas: Alternativa “D” - As regras acima citadas valem tanto para
Alternativa “A” - A alternativa está incorreta, pois a preva- cargos quanto para empregos públicos o que torna incor-
ricação é crime praticado por funcionário público contra a reta a alternativa.
Administração, e não por particular.
Alternativa “E” - Contraria claramente o caput, do art. 327, Alternativa “D” - Nesta alternativa, a FCC coloca incorre-
pois não se considera funcionário público APENAS quem tamente como resultado necessário o fato de dar causa à
atua em entidades paraestatais. instauração de licitação ou à celebração de contrato. Tal
delito encontra-se previsto na lei nº. 8.666/93 e não se
19.(FCC / Analista Judiciário – TJ-PA / 2009) Quem pa- confunde com a advocacia administrativa.
trocinar, direta ou indiretamente, interesse privado pe- Alternativa “E” - O delito de advocacia administrativa
rante a administração pública, valendo-se da qualida- independe de o interesse patrocinado ser legítimo ou ile-
de de funcionário público, gítimo. Caso ilegítimo, o crime é qualificado.
A) responderá no máximo por crime culposo.
B) não pratica nenhuma infração, se advogado. 21.(FCC / Polícia Militar-BA / 2009) Paulo, policial no
C) pratica o crime de Advocacia Administrativa. exercício de fiscalização de trânsito, surpreendeu um
D) não pratica nenhum crime, posto que tinha pleno motorista dirigindo alcoolizado e pela contramão de
conhecimento da legalidade do ato. direção. Em seguida, exigiu do infrator a quantia de R$
E) não responderá pela prática se ocupante de cargo 200,00 para deixá-lo prosseguir livremente. Nesse ca-
de comissão ou função de direção. so, Paulo responderá pelo crime de:
A) corrupção ativa.
GABARITO: C B) concussão.
COMENTÁRIOS: A conduta de patrocinar, direta ou indire- C) corrupção passiva.
tamente, interesse privado perante a Administração Pú- D) prevaricação.
blica, valendo-se da qualidade de funcionário, caracteriza E) peculato.
o crime de advocacia administrativa, previsto no art. 321,
do Código Penal. Correta, portanto, a alternativa “C”. GABARITO: B
COMENTÁRIOS: No caso apresentado, Paulo EXIGE van-
20.(FCC / Auditor – TCE-SP / 2008 - Adaptada) O crime tagem indevida e, portanto, fica caracterizado o crime de
de advocacia administrativa previsto no art. 321 do concussão (Alternativa “B”). É importante ressaltar que,
Código Penal: para efeito de PROVA, é indiferente a diferenciação práti-
A) exige que o sujeito ativo seja advogado. ca entre uma solicitação e uma exigência. O importante é
B) ocorre unicamente no caso de o agente patrocinar, verificar qual verbo está sendo utilizado pela banca. Se
direta ou indiretamente, interesse privado perante a for EXIGIR é concussão.
administração fazendária, valendo-se da qualidade
de funcionário público. 22.(FCC / MPE-RS / 2008) Paulo, policial de trânsito, en-
C) consuma-se o delito com a realização do primeiro contrava-se em gozo de férias e observou um veículo
ato de patrocínio, independentemente da obtenção parado em local proibido. Abordou o motorista, de
do resultado pretendido. quem, declinando sua função, solicitou a quantia de
D) ocorre no caso de o agente patrocinar, direta ou in- R$ 50,00 para não lavrar a multa relativa à infração
diretamente, interesse privado perante a Adminis- cometida. Nesse caso, Paulo:
tração, dando causa à instauração de licitação ou à A) responderá pelo delito de concussão.
celebração de contrato, cuja invalidação vier a ser B) responderá pelo delito de corrupção ativa.
decretada pelo Poder Judiciário. C) responderá pelo delito de corrupção passiva.
E) exige que o interesse patrocinado seja ilegítimo. D) não responderá por nenhum delito porque estava
de férias.
GABARITO: C E) responderá pelo delito de prevaricação.
COMENTÁRIOS: Analisando as alternativas:
Alternativa “A” - A advocacia administrativa é crime pró- GABARITO: C
prio, devendo ser praticado por funcionário público. Em- COMENTÁRIOS: No caso em tela, o policial de trânsito,
bora pareça, pelo nome, não tem nenhuma relação com o valendo-se de sua função, SOLICITA determinada quantia.
exercício da advocacia (realizada pelo profissional da Neste caso, há caracterização da CORRUPÇÃO PASSIVA,
área de Direito) e, portanto, está incorreta a alternativa. delito que encontra previsão no art. 317, do Código Penal:
Alternativa “B” - Contraria o art. 321, pois este abrange
toda a Administração Pública, e não apenas a Administra- Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
ção Fazendária. ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de as-
Alternativa “C” - É a alternativa correta. A advocacia ad- sumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar
ministrativa consuma-se com a realização do primeiro ato promessa de tal vantagem.
de patrocínio, independentemente da obtenção do resul-
tado pretendido.
Trata-se de crime formal e o delito se consuma no mo- C) concussão consumada.
mento em que a solicitação chega ao conhecimento do D) tentativa de corrupção passiva.
terceiro ou quando o funcionário recebe a vantagem ou E) corrupção ativa consumada.
aceita a promessa de sua entrega. A alternativa correta,
portanto, é a “C”. GABARITO: B
COMENTÁRIOS: A questão diz que o funcionário SOLICI-
23.(FCC / Auditor – TCE-AL / 2008) Admite a modalidade TOU vantagem indevida, logo, caracterizada está a cor-
culposa o crime de: rupção passiva.
A) advocacia administrativa. Trata-se de crime formal e o delito se consuma no mo-
B) usurpação de função pública. mento em que a solicitação chega ao conhecimento do
C) concussão. terceiro, ou quando o funcionário recebe a vantagem ou
D) prevaricação. aceita a promessa de sua entrega.
E) peculato. O fato de o funcionário não ter chegado a receber, neste
caso, é irrelevante e não caracteriza a forma tentada. Cor-
GABARITO: E reta a alternativa “B”.
COMENTÁRIOS: Dos crimes contra a Administração Pú-
blica, o único que admite a modalidade CULPOSA é o PE- 26.(FCC / Analista Judiciário - TRE-AP / 2011) No que
CULATO. Correta, portanto, a alternativa “E”. concerne aos crimes contra a Administração Pública
praticados por funcionário público é correto afirmar:
24.(FCC / TCE-AL / 2008) Pratica o crime de condescen- A) Equipara-se a funcionário público, para efeitos pe-
dência criminosa: nais, quem trabalha para empresa prestadora de
A) o funcionário público que, para satisfazer interesse serviço contratada ou conveniada para a execução
pessoal, deixa de praticar ato de ofício. de atividade típica da Administração Pública.
B) o funcionário público que, por indulgência, deixa de B) Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente públi-
responsabilizar subordinado que cometeu infração co, de cumprir seu dever de vedar ao preso o aces-
no exercício do cargo. so a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que
C) a pessoa que presta a criminoso, fora dos casos de permita a comunicação com outros presos ou com
co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a o ambiente externo, cometerá crime de condescen-
tornar seguro o proveito do crime. dência criminosa.
D) a pessoa que solicita vantagem para si, a pretexto C) Não comete crime, mas sim infração administrati-
de influir em ato praticado por funcionário público va, o funcionário que modificar ou alterar, sistema
no exercício da função. de informações ou programa de informática sem
E) o funcionário que, valendo-se de sua condição, pa- autorização ou solicitação de autoridade compe-
trocina, direta ou indiretamente, interesse privado tente.
perante a administração pública. D) Comete crime de corrupção passiva o funcionário
público que patrocina indiretamente interesse pri-
GABARITO: B vado perante a administração pública, valendo-se
COMENTÁRIOS: Questão que exige do candidato o co- da qualidade de funcionário.
nhecimento da tipificação do delito de condescendência E) Comete crime de concussão aquele que se apropri-
criminosa previsto no art. 320, do Código Penal: ar de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercí-
cio do cargo, recebeu por erro de outrem.
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsa-
bilizar subordinado que cometeu infração no exercício do GABARITO: A
cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao COMENTÁRIOS: Analisando
conhecimento da autoridade competente. Alternativa “A” - Correta - Segundo o art. 327 do CP, con-
sidera-se funcionário público, para os efeitos penais,
Com base na tipificação acima apresentada, conclui-se quem, embora transitoriamente ou sem remuneração,
que está correta a alternativa “B” que, praticamente, re- exerce cargo, emprego ou função pública.
produz o texto legal. Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem tra-
25.(FCC / Procurador – TCE-AL / 2008) A conduta do fun- balha para empresa prestadora de serviço contratada ou
cionário público que, em razão da função exercida, so- conveniada para a execução de atividade típica da Admi-
licita vantagem indevida para si, sem, contudo, chegar nistração Pública.
a recebê-la, caracteriza, em tese,
A) tentativa de concussão. Alternativa “B” - Incorreta - No caso cometerá o crime de
B) corrupção passiva consumada. prevaricação, previsto no art. 319-A, do CP.
Alternativa “C” - Incorreta - É crime previsto no art. 313-B nessa informação e na legislação penal especial , é
do CP a conduta de modificar ou alterar, o funcionário, correto afirmar que:
sistema de informações ou programa de informática sem A) Sebastião comete o crime de corrupção ativa.
autorização ou solicitação de autoridade competente. B) Sebastião comete o crime de prevaricação.
C) Sebastião comete o crime de excesso de exação.
Alternativa “D” - Incorreta - No caso, o agente comete o D) Sebastião comete o crime de concussão.
crime de advocacia administrativa previsto no art. 321, do E) Sebastião comete o crime de patrocínio infiel.
CP.
GABARITO: D
Alternativa “E” - Incorreta - Comete o crime de peculato COMENTÁRIOS: No caso apresentado pela banca, Sebas-
mediante erro de outrem (Art. 313, do CP). tião EXIGE dinheiro de Caio. Ao realizar esta conduta co-
mete o crime de concussão e, portanto, está correta a
27.(FCC / Técnico Judiciário - TRT / 2011) A respeito dos alternativa “D”.
crimes contra a Administração da Justiça considere: A concussão encontra-se prevista no art. 316 do Código
I. Não constitui crime a conduta de acusar-se perante Penal e caracteriza-se, justamente, pela EXIGÊNCIA de
a autoridade de crime praticado por outrem. vantagem indevida. Observe o texto legal:
II. Não comete crime de falso testemunho a testemu-
nha que simplesmente calar a verdade. Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indireta-
III. Quem, na pendência de processo civil, altera o local mente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas
dos fatos com o fim de induzir em erro o perito, em razão dela, vantagem indevida.
comete crime de fraude processual.
29.(AFRFB / 2009) À luz da aplicação da lei penal, julgue
Está correto o que se afirma APENAS em as afirmações abaixo relativas ao fato de Marcos, fun-
A) I. cionário público concursado, ao chegar na sua nova
B) I e II. repartição, pegar computador da sua sala de trabalho e
C) I e III. levar para casa junto com a impressora e resmas de
D) II e III. papel em uma sacola grande com o fim de usá-los em
E) III. casa para fins recreativos:
I. Na hipótese, Marcos comete crime contra a Admi-
GABARITO: E nistração Pública.
COMENTÁRIOS: II. Marcos comete crime contra a Administração da
Assertiva I - Incorreta - Trata-se do crime de auto- Justiça.
acusação falsa, previsto no art. 341 do CP. III. Marcos comete o crime de peculato-furto, previsto
Assertiva II - Incorreta - O fato de calar a verdade, tam- no § 1º do art. 312 do Código Penal Brasileiro, pois
bém caracteriza o crime de falso testemunho. se valeu da facilidade que proporciona a qualidade
Assertiva III - Correta - O crime de fraude processual en- de funcionário.
contra-se definido no art. 347 nos seguintes termos: Ino- IV. Marcos não cometeria o crime de peculato, descrito
var artificiosamente, na pendência de processo civil ou no enunciado do problema, se o entregasse para
administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, pessoa da sua família utilizar, pois o peculato ca-
com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito. racteriza-se pelo proveito próprio dado ao bem.

28.(AFT / 2010) Os fins da Administração Pública resu- A) Todas estão incorretas.


mem-se em um único objetivo: o bem comum da cole- B) I e III estão corretas.
tividade administrativa. Toda atividade deve ser orien- C) I e IV estão corretas.
tada para este objetivo; sendo que todo ato adminis- D) Somente I está correta.
trativo que não for praticado no interesse da coletivi- E) II e IV estão corretas.
dade será ilícito e imoral. Assim, temos no Código Pe-
nal o título XI – Dos crimes contra a Administração GABARITO: D
Pública. Analise a conduta abaixo, caracterizando-a COMENTÁRIOS: Analisando as assertivas:
com um dos tipos de crime contra a Administração Assertiva I - Está correta, pois, no caso apresentado, Mar-
Pública. Sebastião, policial militar, exige dinheiro de cos comete o delito de PECULATO. Trata-se de um crime
Caio, usuário de maconha, para que este não seja pre- contra a Administração Pública que se encontra
so. Caio, com medo da função de policial exercida pelo previsto no “caput” do artigo 312 do Código Penal:
funcionário público militar, dá R$ 4.000,00 (quatro mil
reais) a Sebastião, conforme exigido por ele. Com base
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor
ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que
tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito
próprio ou alheio

Assertiva II - Está incorreta, pois, conforme apresentado 100 BIZUS DA PARTE GERAL
acima, Marcos comete crime contra a Administração Pú- (CÓDIGO PENAL)
blica e não contra a Administração da Justiça.
Assertiva III - Para a configuração do peculato-furto o 1. Pelo princípio da ANTERIORIDADE da lei penal (pre-
agente não detém a posse da coisa (valor, dinheiro ou visto também no art. 5.º, XXXIX, CF), NÃO há CRIME
outro bem móvel) em razão do cargo que ocupa, mas sua (ou contravenção penal) sem LEI ANTERIOR que o
qualidade de funcionário público propicia facilidade para defina. NÃO há PENA (ou medida de segurança) sem
a ocorrência da subtração devido ao trânsito que mantém PRÉVIA cominação LEGAL;
no órgão público em que atua ou desempenha suas fun-
2. A LEI deve ESTAR EM VIGOR na DATA em que a con-
ções (STF, HC 86.717/DF, DJ 22.08.2008).
duta criminosa é COMETIDA, portanto ANTERIOR ao
fato criminoso, proibindo-se a retroatividade maléfi-
Como na situação apresentado Marcos detêm a posse
ca;
dos bens, está incorreta a assertiva.
3. Princípio da RESERVA LEGAL: O Estado não pode
Assertiva IV- Está incorreta, pois para a caracterização do punir alguém por uma conduta não prevista anteri-
crime de peculato é irrelevante se o desvio foi para o bem ormente em LEI ORDINÁRIA FEDERAL como CRIME
do próprio indivíduo ou alheio. Tal ensinamento é encon- (LEI em sentido ESTRITO);
trado no final do já apresentado art. 312. 4. Além de PRÉVIA ao fato criminoso, a LEI deve ser
ESCRITA, excluindo-se o direito consuetudinário para
Como somente a assertiva I está correta, a resposta da fundamentação ou agravação da pena. Não se admi-
questão é a alternativa “d”. te o COSTUME INCRIMINADOR, pois somente LEI cria
CRIME e comina PENA (princípio da LEGALIDADE);
30.(Auditor Fiscal - SEPLAG-DF / 2011) Um funcionário
público que, sem apor assinatura e sem receber dire- 5. É PROIBIDA a ANALOGIA para CRIAR tipo incrimina-
tamente vantagem indevida, no exercício do cargo de dor, fundamentar ou agravar pena (in malam partem).
fiscalização, confecciona uma defesa administrativa Entretanto, a analogia in bonam partem (em benefí-
em favor de pessoa autuada pela fiscalização comete cio do acusado) é perfeitamente possível, encontran-
A) crime de advocacia administrativa. do justificativa no Princípio da EQÜIDADE;
B) crime de prevaricação. 6. O princípio da RESERVA LEGAL IMPEDE que MEDIDA
C) crime de exercício funcional ilegal. PROVISÓRIA crie ou exclua tipo penal. A elaboração
D) crime de concussão. de NORMA PENAL INCRIMINADORA é função EX-
E) crime de corrupção ativa. CLUSIVA DE LEI. Porém, o STF decidiu sobre a possi-
bilidade de MEDIDA PROVISÓRIA tratar de DIREITO
GABARITO: A PENAL, desde que não crie ou exclua NORMA PENAL
COMENTÁRIOS: Caracteriza-se a advocacia administrati- INCRIMINADORA. A inadmissibilidade de MEDIDA
va pelo patrocínio (valendo-se da qualidade de funcioná- PROVISÓRIA em matéria penal NÃO compreende a
rio) de interesse privado alheio perante a Administração de NORMAS PENAIS BENÉFICAS (NORMAS PENAIS
Pública. Patrocinar corresponde a defender, pleitear, ad- NÃO INCRIMINADORAS), assim, as que ABOLEM
vogar junto a companheiros e superiores hierárquicos, o CRIMES ou lhes RESTRINGE O ALCANCE, EXTINGAM
interesse particular (TJSP – RJTJESP 13/443-445). ou ABRANDEM PENAS ou AMPLIAM os casos de
ISENÇÃO DE PENA ou de EXTINÇÃO DE PUNIBILIDA-
DE. Normas penais incriminadoras só poderão ser
criadas por LEI, já que não são benéficas ao agente;
7. Em decorrência do princípio da reserva legal, surge o
princípio da TAXATIVIDADE, da DETERMINAÇÃO ou
MANDATO DE CERTEZA: não há crime sem LEI CER-
TA. A conduta deve estar descrita de forma EXATA
na norma penal. Se exige dos tipos penais CLAREZA,
não devendo deixar margens a dúvidas, permitindo à
população em geral o PLENO ENTENDIMENTO do ti-
po penal. São inadmissíveis as expressões vagas, possa compreender o seu âmbito de aplicação. Ape-
equívocas ou ambíguas; sar do CONTEÚDO não ser completo, os elementos
do tipo devem descrever a conduta criminosa de
8. Não há crime sem LEI NECESSÁRIA, desdobramento
forma EXATA;
lógico do princípio da INTERVENÇÃO MÍNIMA, se-
gundo o qual somente se deve recorrer ao DIREITO 16. As FONTES do DIREITO PENAL podem ser MATERI-
PENAL, quando exauridos todos os meios alternati- AIS e FORMAIS. A fonte MATERIAL, de PRODUÇÃO
vos de controle social, EVITANDO assim a INFLAÇÃO ou SUBSTANCIAL é o Estado, já que compete à UNI-
LEGISLATIVA; ÃO legislar sobre matéria penal. A fonte FORMAL, de
COGNIÇÃO ou de CONHECIMENTO, por sua vez, pode
9. Os princípios da IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL
ser IMEDIATA (LEI – é a norma penal que descreve a
MAIS MALÉFICA e da RETROATIVIDADE DA LEI PE-
conduta e a pena cominada) e MEDIATA (costumes e
NAL MAIS BENÉFICA (previstos também no art. 5.º,
princípios gerais do direito. Devem ser aplicados com
XL, CF) não se restringem às PENAS, mas a qualquer
bastante cautela, em face do princípio da reserva le-
norma de natureza penal, que influencie no direito de
gal);
punir do Estado (ex.: norma de execução penal que
torne mais grave o cumprimento de pena); 17. CLASSIFICAÇÃO das NORMAS PENAIS: INCRIMINA-
DORAS (descrevem a conduta criminosa e estabele-
10. A IRRETROATIVIDADE não atinge somente as PE-
cem a pena correspondente) e NÃO INCRIMINADO-
NAS, como também as MEDIDAS DE SEGURANÇA;
RAS. As NORMAS PENAIS NÃO INCRIMINADORAS
11. As LEIS PROCESSUAIS NÃO se submetem ao PRIN- podem ser: PERMISSIVAS (prescrevem causas de
CÍPIO DA RETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS BE- exclusão da ilicitude do fato – arts. 23, 24 e 25, CP);
NÉFICA, conforme prevê o art. 2.º do CPP. A LEI EXPLICATIVAS (esclarecem o significado de outras
PROCESSUAL é aplicada IMEDIATAMENTE no pro- normas – art. 327 e art. 150, § 4.º, CP); COMPLE-
cesso em andamento, não importando se o CRIME MENTARES (fornecem princípios gerais para aplica-
foi cometido ANTES ou APÓS sua entrada em vigor, ção da lei penal – art. 59, CP);
ou se é ou não mais benéfica. As NORMAS PROCES-
18. A ANALOGIA se aplica nos casos de LACUNA DA LEI.
SUAIS refletem diretamente sobre o PROCESSO, não
NÃO se admite ANALOGIA para NORMAS PENAIS
possuindo relação com o direito de punir do Estado.
INCRIMINADORAS, em face do princípio da RESERVA
Somente possuirá natureza PENAL a norma que tor-
LEGAL. Deve ser aplicada somente nas NORMAS
nar mais rigorosa, ou menos rigorosa, a PUNIÇÃO
PENAIS NÃO INCRIMINADORAS PERMISSIVAS e EX-
ESTATAL;
PLICATIVAS. Somente se admite ANALOGIA in bo-
12. O CONCEITO de DIREITO PENAL pode ser FORMAL e nam partem;
MATERIAL. FORMALMENTE, o Direito Penal se carac-
19. Quatro critérios, segundo o STF, a serem levados em
teriza pelo conjunto de NORMAS que descrevem
consideração na aplicação do PRINCÍPIO DA INSIG-
CONDUTAS (ações ou omissões) CRIMINOSAS e
NIFICÂNCIA ou DA BAGATELA: a) MÍNIMA OFENSI-
seus EFEITOS JURÍDICOS. MATERIALMENTE, carac-
VIDADE DA CONDUTA; b) INEXISTÊNCIA DE PERICU-
teriza-se pelas CONDUTAS REPROVÁVEIS que afe-
LOSIDADE SOCIAL DO ATO; c) REDUZIDO GRAU DE
tam os BENS JURÍDICOS indispensáveis à socieda-
REPROVABILIDADE DO COMPORTAMENTO; d) INEX-
de;
PRESSIVIDADE DA LESÃO PROVOCADA;
13. O CONCEITO de DIREITO PENAL pode ser OBJETIVO
20. O reconhecimento da INSIGNIFICÂNCIA DA CONDU-
e SUBJETIVO. OBJETIVAMENTE, o Direito Penal se
TA praticada pelo RÉU não conduz à extinção da pu-
caracteriza pelo conjunto de NORMAS que definem
nibilidade do ato, mas à ATIPICIDADE DO CRIME e à
os DELITOS e cominam as respectivas SANÇÕES.
conseqüente ABSOLVIÇÃO DO ACUSADO. Portanto, o
SUBJETIVAMENTE, é o direito do Estado de APLICAR
FATO É ATÍPICO e, ao ser absolvido, o acusado volta
a TUTELA PENAL;
a ser considerado PRIMÁRIO caso seja réu posteri-
14. São CARACTERÍSTICAS das NORMAS PENAIS: EX- ormente em outra ação ;
CLUSIVIDADE (somente a lei penal pode definir cri-
21. Ninguém pode ser punido por fato que LEI POSTERI-
mes e cominar sanções); ANTERIORIDADE (deve ser
OR DEIXA DE considerar CRIME, CESSANDO em vir-
anterior ao fato delitivo); IMPERATIVIDADE (o seu
tude dela a EXECUÇÃO e os EFEITOS PENAIS da
descumprimento acarreta a imposição da pena); GE-
SENTENÇA CONDENATÓRIA. A LEI POSTERIOR que
NERALIDADE (destina-se a todos); IMPESSOALIDADE
de qualquer modo FAVORECER o AGENTE, aplica-se
(não se refere a pessoas determinadas);
aos FATOS ANTERIORES, ainda que decididos por
15. NORMAS PENAIS EM BRANCO, CEGAS OU ABERTAS sentença condenatória TRANSITADA EM JULGADO
são aquelas de conteúdo incompleto, exigindo com- (art. 2.º, parágrafo único, do Código Penal, com fun-
plementação por outra norma jurídica, para que se damento constitucional no art. 5.º, XL);
22. REGRA: a LEI PENAL NÃO pode RETROAGIR. EXCE- o local da atividade como também o do resultado.
ÇÃO: a LEI PENAL RETROAGIRÁ quando trouxer al- TEMPO DO CRIME = TEORIA DA ATIVIDADE: o mo-
gum BENEFÍCIO AO AGENTE no caso concreto. O mento do crime é o da ação ou omissão;
princípio de que a LEI RETROAGE para BENEFICIAR O
32. TEMPO DO CRIME: considera-se praticado o crime no
ACUSADO restringe-se às normas de caráter PENAL;
momento da AÇÃO ou OMISSÃO, ainda que outro se-
23. Abolitio criminis: verifica-se sempre que LEI POSTE- ja o momento do resultado;
RIOR DEIXA DE considerar uma CONDUTA como
33. LUGAR DO CRIME: considera-se praticado o crime no
sendo CRIMINOSA. Se a LEI POSTERIOR NÃO consi-
lugar em que ocorreu a AÇÃO ou OMISSÃO, no todo
dera mais CRIME o fato ANTERIORMENTE praticado,
ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria
deve a mesma RETROAGIR para EXTINGUIR a PUNI-
produzir-se o RESULTADO;
BILIDADE. Caso o RÉU esteja PRESO, deve imedia-
tamente ser liberado; 34. Princípio da TERRITORIALIDADE é a aplicação das
LEIS BRASILEIRAS aos CRIMES cometidos dentro do
24. A LEI PENAL MAIS BENÉFICA possui EXTRA-
TERRITÓRIO NACIONAL. Esta é uma regra geral, que
ATIVIDADE (retroatividade e ultra-atividade). SEM-
advém do conceito de SOBERANIA;
PRE RETROAGIRÁ quando for mais BENÉFICA. JA-
MAIS RETROAGIRÁ quando for mais MALÉFICA; 35. A LEI BRASILEIRA só é aplicável às CONTRAVEN-
ÇÕES praticadas no TERRITÓRIO NACIONAL;
25. A LEI PENAL MAIS GRAVE aplica-se ao CRIME CON-
TINUADO ou ao CRIME PERMANENTE, se a sua vi- 36. Considera-se TERRITÓRIO NACIONAL: a) o SOLO
gência é ANTERIOR à CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE ocupado pela nação; b) os RIOS, os LAGOS e os MA-
ou DA PERMANÊNCIA. Nos CRIMES CONTINUADOS e RES interiores e sucessivos; c) os GOLFOS, as BAÍAS
nos CRIMES PERMANENTES aplica-se SEMPRE a e os PORTOS; d) o MAR TERRITORIAL; e) a parte que
ÚLTIMA LEI que vigorava no curso da permanência o direito atribui a cada Estado sobre os RIOS, LAGOS
ou continuidade da conduta delitiva, AINDA QUE e MARES FRONTEIRIÇOS; f) os NAVIOS NACIONAIS;
MAIS GRAVOSA AO AGENTE; g) o ESPAÇO AÉREO correspondente ao território; h)
as AERONAVES NACIONAIS;
26. A LEI EXCEPCIONAL ou TEMPORÁRIA, embora DE-
CORRIDO o PERÍODO de sua duração ou CESSADAS 37. TERRITÓRIO BRASILEIRO POR EQUIPARAÇÃO: a)
as CIRCUNSTÂNCIAS que a determinaram, aplica-se EMBARCAÇÕES e AERONAVES BRASILEIRAS de na-
ao fato praticado DURANTE SUA VIGÊNCIA; tureza PÚBLICA ou a serviço do GOVERNO BRASI-
LEIRO onde estiverem; b) EMBARCAÇÕES e AERO-
27. LEI EXCEPCIONAL é aquela que vigora por tempo
NAVES BRASILEIRAS, de propriedade PRIVADA, que
INDETERMINADO, enquanto durar a SITUAÇÃO EX-
estiverem navegando em ALTO-MAR ou SOBREVO-
CEPCIONAL, com vigência durante situações de
ANDO ÁGUAS INTERNACIONAIS;
EMERGÊNCIA (ex.: guerra). LEI TEMPORÁRIA é aque-
la que surge pra vigorar por tempo PREVIAMENTE 38. O Brasil adotou o princípio da TERRITORIALIDADE
FIXADO pelo legislador, isto é, com começo e com TEMPERADA, segundo o qual a LEI PENAL BRASI-
fim pré-estabelecido; LEIRA, em regra, aplica-se ao CRIME COMETIDO NO
TERRITÓRIO NACIONAL, mas EXCEPCIONALMENTE
28. Característica principal das LEIS EXCEPCIONAIS ou
pode ser aplicada a LEI ESTRANGEIRA, quando as-
TEMPORÁRIAS: ULTRATIVIDADE. Significa que a LEI
sim determinarem TRATADOS E CONVENÇÕES IN-
será aplicada a um fato cometido no período de sua
TERNACIONAIS;
VIGÊNCIA, mesmo APÓS SUA REVOGAÇÃO. A UL-
TRATIVIDADE ocorrerá SEMPRE, ainda que PREJU- 39. A JUSTIÇA COMPETENTE para julgar crimes cometi-
DIQUE O ACUSADO; dos a bordo das AERONAVES sempre será a JUSTI-
ÇA FEDERAL (art. 109, IX, CF). Entretanto, no caso
29. LEIS EXCEPCIONAIS ou TEMPORÁRIAS são AUTOR-
das EMBARCAÇÕES, segundo o STJ, a Constituição
REVOGÁVEIS (em regra, uma lei só pode ser revoga-
Federal menciona no mesmo dispositivo a palavra
da por outra, posterior);
“navio”, devendo-se entender como tal somente a
30. A LEI PENAL MAIS BENÉFICA possui ULTRATIVIDA- embarcação de GRANDE PORTE, com potencial para
DE para beneficiar o RÉU. Porém, essa ULTRATIVI- viagens internacionais. Desta forma, é da competên-
DADE é um pouco diferente da ULTRATIVIDADE das cia da JUSTIÇA ESTADUAL os crimes cometidos em
LEIS EXCEPCIONAIS e TEMPORÁRIAS, porque nestas lanchas, botes, dentre outras embarcações de PE-
haverá ULTRATIVIDADE ainda que seja PREJUDICIAL QUENO PORTE;
AO RÉU;
40. Princípio do PAVILHÃO ou da BANDEIRA: conside-
31. TEMPO E LUGAR DO CRIME: LUTA (artifício mnemô- ram-se as EMBARCAÇÕES e AERONAVES como ex-
nico). LUGAR DO CRIME = TEORIA DA UBIQÜIDADE tensões do território do país em que se acham matri-
(OU MISTA): considera-se como lugar do crime tanto culadas, quando estiverem em ALTO-MAR ou no ES-
PAÇO AÉREO CORRESPONDENTE. NÃO serão consi- 46. TEORIA TRIPARTIDA: crime é toda conduta típica
deradas extensão do território brasileiro as NACIO- (FATO TÍPICO), contrária ao direito (ANTIJURÍDICO
NAIS que ingressarem no MAR TERRITORIAL ES- ou ILÍCITO) e sujeita a um juízo de censurabilidade
TRANGEIRO ou o SOBREVOAREM; social sobre o fato e seu autor (CULPABILIDADE).
Nesta teoria, a CULPABILIDADE deixa de ser mero
41. Os NAVIOS DE GUERRA e as AERONAVES MILITA-
pressuposto de aplicação da pena (PUNIBILIDADE),
RES são considerados parte do TERRITÓRIO NACIO-
passando a ser considerada elemento estrutural do
NAL, mesmo quando em ESTADO ESTRANGEIRO. O
crime;
mesmo ocorre com os NAVIOS e AERONAVES MILI-
TARES de outra nação presentes no território brasi- 47. A INFRAÇÃO PENAL(TEORIA DICOTOMICA) é gênero,
leiro; do qual decorrem as espécies CRIME e CONTRA-
VENÇÃO PENAL. A diferença não é em termos de es-
42. Princípios da EXTRATERRITORIALIDADE (crimes
sência, situando-se apenas no campo da PENA. Os
sujeitos à LEI BRASILEIRA, embora cometidos no
CRIMES sujeitam seus autores às penas de RECLU-
ESTRANGEIRO):
SÃO e DETENÇÃO, enquanto as CONTRAVENÇÕES
a) princípio da DEFESA (REAL, ou de PROTEÇÃO) – têm como pena a PRISÃO SIMPLES. As PENAS do
aplica-se a LEI PENAL BRASILEIRA, INDEPEN- CRIME podem ser PRIVATIVAS DE LIBERDADE, isola-
DENTEMENTE de FRONTEIRAS, se o bem jurídi- da, alternativa ou cumulativamente com MULTA; en-
co for de PROTEÇÃO ESPECIAL (art. 7.º, I, a, b, c quanto para as CONTRAVENÇÕES PENAIS, admite-se
e § 3.º, do CP); a possibilidade de fixação unicamente da MULTA,
b) princípio da NACIONALIDADE (ou da PERSONA- embora a penalidade PECUNIÁRIA possa ser comi-
LIDADE) – aplica-se a LEI PENAL BRASILEIRA, nada em conjunto com a PRISÃO SIMPLES ou esta
qualquer que tenha sido o local de sua prática, também possa ser prevista ou aplicada de maneira
ao BRASILEIRO que comete crime no EXTERIOR ISOLADA;
e se refugia no Brasil. Como não é possível EX- 48. TEORIA FINALISTA: CONDUTA é entendida como
TRADIÇÃO, para evitar impunidade, a solução é AÇÃO ou OMISSÃO VOLUNTÁRIA e CONSCIENTE,
aplicar a LEI BRASILEIRA (art. 7.º, II, b, do CP); que se volta a uma FINALIDADE. NÃO é possível se-
c) princípio da JUSTIÇA PENAL UNIVERSAL – é o parar o DOLO e a CULPA da CONDUTA TÍPICA, como
direito de punir determinados delitos, mesmo se fossem fenômenos distintos. Diferentemente da
que praticados fora do território nacional, face à teoria CAUSALISTA, onde o DOLO e a CULPA estão
gravidade dos mesmos, e desde que por TRA- na CULPABILIDADE, não basta a análise do nexo
TADO ou CONVENÇÃO o Brasil se obrigou a re- causal para determinar-se a configuração do FATO
primir (art. 7.º, I, d e II, a, do CP); TÍPICO. É preciso analisar se o DOLO e a CULPA es-
tão presentes no FATO TÍPICO, mais precisamente na
d) princípio da REPRESENTAÇÃO – aplica-se a LEI
CONDUTA;
PENAL BRASILEIRA aos crimes cometidos no
ESTRANGEIRO em EMBARCAÇÕES e AERONA- 49. SUJEITO ATIVO é a pessoa que pratica a conduta
VES BRASILEIRAS PRIVADAS, desde que NÃO criminosa descrita no tipo penal. Seu significado
julgados no LOCAL DO CRIME (art. 7.º, II, c, do abrange também aquele que, apesar de não executar
CP); a AÇÃO NUCLEAR do tipo, contribui de forma SE-
CUNDÁRIA (PARTÍCIPE). De acordo com a TEORIA
43. EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA: são as
MONISTA, adotada pelo Código Penal brasileiro, to-
hipóteses previstas no inciso I do art. 7.º, CP. Diz-se
dos os agentes que concorreram para o MESMO RE-
INCONDICIONADA, porque não se subordina a qual-
SULTADO, deverão responder pelo MESMO CRIME,
quer condição para atingir um crime cometido FORA
na medida de suas CULPABILIDADES. Somente é
do território nacional;
possível afirmar que existe CONCURSO DE AGENTES
44. EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA: são as quando todos respondem pelo mesmo crime;
hipóteses previstas no inciso II e no § 3.º do art. 7.º,
50. Alguns CRIMES podem ser praticados por qualquer
CP. Nesses casos, a LEI NACIONAL só se aplica ao
pessoa (COMUNS), outros exigem características es-
crime cometido no ESTRANGEIRO se satisfeitas as
peciais (PRÓPRIOS). Existem ainda os CRIMES de
condições indicadas no § 2.º e nas alíneas a e b do §
MÃO-PRÓPRIA, que não admitem COAUTORIA, por-
3.º;
que somente a pessoa com características especiais
45. O CONCEITO DE CRIME pode ser MATERIAL (todo estabelecidas pelo legislador pode cometê-los (ex.:
fato humano que lesa ou expõe a perigo determinado falso testemunho, art. 342 do CP). Nos crimes PRÓ-
bem jurídico), FORMAL (tudo aquilo que o legislador PRIOS, o SUJEITO ATIVO pode determinar que al-
descrever como crime) e ANALÍTICO (é todo fato típi- guém execute a ação no seu lugar, nos de MÃO-
co, ilícito e culpável – conceito tripartido); PRÓPRIA, ninguém os comete por intermédio de ter-
ceiro. Terceiros nos crimes de MÃO-PRÓPRIA so- RO, como no caso de o agente que ofende sua pró-
mente podem ser responsabilizados penalmente co- pria INTEGRIDADE CORPORAL, com o intuito de obter
mo PARTÍCIPES; valor de seguro (ESTELIONATO, art. 171, § 2.º, V). O
SUJEITO PASSIVO será a EMPRESA SEGURADORA;
51. A PESSOA JURÍDICA somente pode ser SUJEITO
ATIVO nos delitos praticados contra o MEIO AMBI- 61. OBJETO JURÍDICO DO CRIME é o BEM JURÍDICO
ENTE. O Brasil adota a TEORIA DA REALIDADE DA PROTEGIDO, isto é, o interesse tutelado pela norma
PESSOA JURÍDICA, mas junto dela deve haver a TE- penal (vida, integridade corporal, patrimônio, honra,
ORIA DA DUPLA IMPUTAÇÃO ou do SISTEMA PARA- liberdade sexual, administração pública). OBJETO
LELO – a PJ vai responder penalmente, juntamente MATERIAL DO CRIME é a PESSOA ou COISA sobre as
com as PESSOAS FÍSICAS que em nome dela prati- quais incide a AÇÃO (corpo, coisa subtraída, pessoa
caram a conduta (diretores, gerentes, supervisores); ofendida);
52. SUJEITO PASSIVO é a VÍTIMA ou OFENDIDO. SUJEI- 62. TODO CRIME POSSUI OBJETO JURÍDICO, mas nem
TO PASSIVO MATERIAL é o titular do bem jurídico todo crime possui OBJETO MATERIAL. É o caso, por
protegido. Pode ser pessoa física ou jurídica, a cole- exemplo, dos crimes de injúria verbal, falso testemu-
tividade, o Estado. SUJEITO PASSIVO FORMAL é o nho, dentre outros;
ESTADO, responsável pela tutela penal;
63. FATO TÍPICO é composto por uma CONDUTA HU-
53. Os CRIMES em que os SUJEITOS PASSIVOS MATE- MANA VOLUNTÁRIA POSITIVA (AÇÃO) ou NEGATIVA
RAIS são COLETIVIDADES destituídas de personali- (OMISSÃO), DOLOSA ou CULPOSA, que gera um RE-
dade jurídica (ex.: família, sociedade) são denomina- SULTADO (em regra), estando prevista na norma pe-
dos CRIMES VAGOS; nal (TIPICIDADE). É preciso ainda que haja um liame
entre essa conduta do agente e o resultado causado
54. O INCAPAZ pode ser SUJEITO PASSIVO, porque é
(NEXO CAUSAL);
TITULAR DE DIREITOS;
64. NEXO CAUSAL ou NEXO DE CAUSALIDADE é o elo
55. O MORTO não pode ser SUJEITO PASSIVO, pois NÃO
que se estabelece entre a CONDUTA do agente e o
é TITULAR DE DIREITOS, podendo ser OBJETO DO
RESULTADO, por meio do qual é possível dizer se
CRIME. No delito de CALÚNIA CONTRA OS MORTOS
aquela deu ou não causa a este. Para a configuração
os sujeitos passivos são os FAMILIARES do morto,
do FATO TÍPICO não basta a existência do NEXO
responsáveis por sua memória;
CAUSAL. É necessário comprovar a presença de DO-
56. O SER HUMANO pode ser é SUJEITO PASSIVO mes- LO ou CULPA;
mo ANTES de NASCER. Por exemplo, no crime de
65. O DOLO e a CULPA constituem o chamado ELEMEN-
ABORTO. O FETO tem é DIREITO à VIDA, protegida
TO SUBJETIVO DO TIPO. Para que determinado FATO
pela norma penal;
seja considerado TÍPICO é necessário que o ato te-
57. OS ANIMAIS não podem ser SUJEITO PASSIVO de nha sido praticado com DOLO ou CULPA. Não haven-
crime, pois NÃO são TITULARES DE DIREITOS, mas do DOLO ou CULPA, o ato será INVOLUNTÁRIO e, por
apenas OBJETO MATERIAL DO CRIME. No caso de conseguinte, o FATO será ATÍPICO, como nas hipóte-
subtração de um animal, o SUJEITO PASSIVO será ses de CASO FORTUITO, FORÇA MAIOR, COAÇÃO FÍ-
seu proprietário. No crime de MAUS-TRATOS aos SICA e ATOS DE PURO REFLEXO;
animais, será a COLETIVIDADE;
66. O CRIME é DOLOSO quando o agente QUIS O RESUL-
58. A PESSOA JURÍDICA pode ser SUJEITO PASSIVO, TADO(DOLO DIRETO- TEORIA DA VONTADE) ou AS-
desde que sua natureza se adéqüe ao CRIME. Uma SUMIU O RISCO(DOLO EVENTUAL-TEORIA DO AS-
EMPRESA pode ser vítima dos crimes de FURTO e de SENTIMENTO) de produzi-lo. O CRIME é CULPOSO
DANO, mas não do crime de HOMICÍDIO ou de ESTU- quando o agente deu CAUSA AO RESULTADO por
PRO; IMPRUDÊNCIA, NEGLIGÊNCIA ou IMPERÍCIA;
59. O agente não pode ser SUJEITO ATIVO e PASSIVO ao 67. Salvo os casos EXPRESSOS EM LEI, ninguém pode
mesmo tempo de algum crime em face de sua pró- ser punido por FATO PREVISTO COMO CRIME, senão
pria conduta. A CONDUTA que reflete apenas no di- quando o pratica DOLOSAMENTE;
reito do próprio agente, sem atingir terceiros, NÃO
68. O RESULTADO pode ser NATURALÍSTICO (provoca
CONFIGURA CRIME ALGUM, salvo no crime de RIXA.
modificações no mundo exterior) ou JURÍDICO (al-
O RIXOSO é SUJEITO ATIVO em relação à sua própria
guns crimes não trazem resultado naturalístico, ou
conduta e é SUJEITO PASSIVO em razão da COAU-
seja, alteração no campo dos fatos. Ex.: porte ilegal
TORIA ou PARTICIPAÇÃO dos outros;
de arma de fogo);
60. Em regra, a AUTOLESÃO não é punida. A AUTOLESÃO
69. TIPICIDADE consiste na adequação perfeita da con-
somente terá repercussão PENAL se atingir TERCEI-
duta com a descrição da norma penal. É a adequação
do FATO à DESCRIÇÃO LEGAL. Pode ser FORMAL, 77. LEGÍTIMA DEFESA SUBJETIVA é a hipótese de EX-
com a mera adequação da conduta à norma, ou MA- CESSO no momento de repelir a INJUSTA AGRESSÃO
TERIAL, quando está presente, além da TIPICIDADE (EXCESSO EXCULPANTE), decorrente de ERRO DE
FORMAL, uma GRAVE VIOLAÇÃO AO BEM JURÍDICO PROIBIÇÃO ESCUSÁVEL (INVENCÍVEL), que exclui a
PROTEGIDO; CULPABILIDADE. LEGÍTIMA DEFESA SUCESSIVA é a
REPULSA CONTRA O EXCESSO (ex.: “A” agride “B”;
70. ANTIJURIDICIDADE (ILICITUDE) é a relação de con-
“B” no uso de sua legítima defesa se excede; “A” usa-
trariedade entre a CONDUTA praticada e o ORDENA-
rá de legítima defesa sucessiva em razão do excesso
MENTO JURÍDICO. É uma AÇÃO CONTRÁRIA a uma
de “B”);
norma de DIREITO. O FATO TÍPICO somente é ILÍCITO
quando NÃO DECLARADO LÍCITO por causa de EX- 78. É possível a LEGÍTIMA DEFESA contra INIMPUTÁ-
CLUSÃO DA ANTIJURIDICIDADE. Portanto, NÃO HÁ VEIS, desde que atendidos os seus requisitos, inclu-
CRIME quando o agente pratica o fato em ESTADO sive, a MODERAÇÃO;
DE NECESSIDADE; em LEGÍTIMA DEFESA; em ES-
79. O agente que se utilizar da LEGÍTIMA DEFESA, tanto
TRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL ou no
no EXCESSO DOLOSO como no EXCESSO CULPOSO,
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO;
responderá penalmente pelo resultado, dolosa ou
71. O CONSENTIMENTO DO OFENDIDO é uma CAUSA culposamente;
SUPRALEGAL DE EXCLUDENTE DA ILICITUDE. Para
80. Requisitos para ESTADO DE NECESSIDADE: a) PERI-
que haja o CONSENTIMENTO do OFENDIDO são ne-
GO ATUAL (não haverá se o perigo for futuro); b)
cessários 3 requisitos: a) que o BEM JURÍDICO sobre
AMEAÇA A BEM JURÍDICO PRÓPRIO ou DE TERCEI-
o qual recai a conduta seja DISPONÍVEL; b) que o
RO (ALHEIO); c) SITUAÇÃO DE PERIGO NÃO CAUSA-
OFENDIDO tenha CAPACIDADE JURÍDICA para CON-
DA VOLUNTARIAMENTE PELO AGENTE (pode invocá-
SENTIR (maior de 18 anos mentalmente hígido); c)
lo se o agente der causa culposamente ao perigo); d)
que o CONSENTIMENTO dado pela VÍTIMA seja AN-
INEXISTÊNCIA DE DEVER LEGAL DE ENFRENTAR O
TERIOR AO FATO lesivo;
PERIGO (quem tem o dever legal não pode invocá-lo;
72. A INTEGRIDADE FÍSICA é um bem DISPONÍVEL so- havendo apenas dever contratual é possível alegá-
mente se a lesão for LEVE. Se a LESÃO for de nature- lo); e) INEVITABILIDADE DO COMPORTAMENTO LE-
za GRAVE, o agressor responderá pela AÇÃO mesmo SIVO (não há outro meio de evitar o perigo ao bem ju-
que haja CONSENTIMENTO do AGREDIDO; rídico próprio ou de terceiro); f) EXIGIBILIDADE OU
RAZOABILIDADE DE SACRIFÍCIO DO BEM JURÍDICO
73. Requisitos para a LEGÍTIMA DEFESA: a) AGRESSÃO
(não era razoável exigir o sacrifício); g) ELEMENTO
INJUSTA; b) AGRESSÃO ATUAL (está acontecendo)
SUBJETIVO (consciência de se estar agindo em es-
ou IMINENTE (está prestes a acontecer); c) DIREITO
tado de necessidade);
SEU (PRÓPRIA) ou DE OUTREM (de TERCEIROS); d)
MEIOS NECESSÁRIOS (meios disponíveis no caso 81. ESTADO DE NECESSIDADE PUTATIVO é uma espécie
concreto); e) MODERAÇÃO (apenas para repelir a in- DESCRIMINANTE PUTATIVA, caracterizando-se
justa agressão; o excesso é punível); f) ELEMENTO quando o agente supõe FALSAMENTE a existência
SUBJETIVO (consciência da injustiça da agressão); de uma SITUAÇÃO DE PERIGO. Tecnicamente não
configura ESTADO DE NECESSIDADE, isto é, causa de
74. LEGÍTIMA DEFESA REAL não pode ocorrer contra
EXCLUSÃO da ANTIJURIDICIDADE. Na verdade, trata-
LEGÍTIMA DEFESA REAL. Nessa hipótese não haveria
se de ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO (ERRO DE
a INJUSTA AGRESSÃO;
PROIBIÇÃO), que é causa de EXCLUSÃO DA CULPA-
75. Quem aceita o DUELO não pode alegar LEGÍTIMA BILIDADE;
DEFESA. Não existe LEGÍTIMA DEFESA recíproca. Os
82. Assim como na LEGÍTIMA DEFESA, o EXCESSO NO
DUELISTAS agem de forma INJUSTA, ambos se agri-
ESTADO DE NECESSIDADE pode ser DOLOSO, CUL-
dem de forma recíproca, um contra o outro, a come-
POSO OU EXCULPANTE. No DOLOSO existe CONSCI-
çar por se desafiarem para um duelo;
ÊNCIA do excesso; enquanto no CULPOSO existe
76. LEGÍTIMA DEFESA REAL não deve ser confundida uma IMPRUDÊNCIA. Por fim, no EXCULPANTE a pes-
com LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA. Esta última é soa incorre em ERRO, imaginando ainda haver SITU-
uma DESCRIMINANTE PUTATIVA, caracterizando-se AÇÃO DE ESTADO DE NECESSIDADE, quando na ver-
quando o agente supõe FALSAMENTE a existência dade o PERIGO já havia cessado;
de uma INJUSTA AGRESSÃO. Tecnicamente não
83. Apesar da função prevê RISCOS, na hipótese de ser
configura LEGÍTIMA DEFESA, isto é, causa de EX-
IMPOSSÍVEL salvar o BEM JURÍDICO, não se pode
CLUSÃO da ANTIJURIDICIDADE. Na verdade, trata-se
exigir o sacrifício INÚTIL daquele que tem o DEVER
de ERRO DE PROIBIÇÃO, que é causa de EXCLUSÃO
LEGAL de enfrentar o PERIGO;
DA CULPABILIDADE;
84. EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO consiste na atua- se, neurose, esquizofrenia) ou DESENVOLVIMENTO
ção de alguém conforme as NORMAS DE DIREITO, is- MENTAL INCOMPLETO (menor de 18 anos; silvícola
to é, respaldado pelo ORDENAMENTO JURÍDICO. inadaptado ao convívio social) OU RETARDADO
Apesar da TIPICIDADE APARENTE, a conduta é JU- (atraso na idade mental cronológica; oligofrênicos)
RÍDICA (LÍCITA). Ex.: palmadas leves no bumbum do [SISTEMA BIOLÓGICO], era, ao TEMPO DA AÇÃO OU
seu filho com fim educativo; lesões corporais causa- OMISSÃO, INTEIRAMENTE INCAPAZ de entender o
das na luta de boxe; caráter ILÍCITO do fato ou de determinar-se de acor-
do com esse entendimento [SISTEMA PSICOLÓGICO];
85. ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL é a con-
duta que, embora configure FATO TÍPICO, é JURÍDICA 91. É causa de INIMPUTABILIDADE (EXCLUDENTE DO
(LÍCITA), porque decorre da IMPOSIÇÃO de um DE- CRIME), a EMBRIAGUEZ COMPLETA, por CASO FOR-
VER LEGAL, exercido sempre dentro dos limites da TUITO (o agente escorrega e cai dentro de um tonel
ATIVIDADE FUNCIONAL. É necessária a CONSCIÊN- de cachaça, ingerindo grande quantidade de bebida
CIA da exclusão de ILICITUDE. Estão excluídas da acidentalmente) ou por FORÇA MAIOR (embriaguez
proteção as obrigações meramente morais, sociais decorrente de doença grave, após a ingestão de
ou religiosas. NÃO é admitida essa figura nos crimes grande quantidade de morfina). Se a EMBRIAGUEZ
CULPOSOS, porque LEI nenhuma obriga à IMPRU- ACIDENTAL (caso fortuito ou força maior) NÃO FOR
DÊNCIA, à NEGLIGÊNCIA OU à IMPERÍCIA; COMPLETA, haverá apenas redução de um a dois
terços da PENA;
86. A CULPABILIDADE, composta por IMPUTABILIDADE,
POTENCIAL CONHECIMENTO DA ILICITUDE e EXIGI- 92. A EMOÇÃO E A PAIXÃO NÃO EXCLUEM A IMPUTABI-
BILIDADE DE CONDUTA DIVERSA, é elemento do LIDADE. A EMOÇÃO é o sentimento REPENTINO E
CRIME, e não mero pressuposto da PENA. É o juízo PASSAGEIRO; enquanto a PAIXÃO equivale a uma
de REPROVAÇÃO SOCIAL (CENSURABILIDADE) que EMOÇÃO CONSTANTE, perdurando no tempo. Podem
recai sobre a CONDUTA do agente. Dessa forma, servir apenas como ATENUANTES GENÉRICAS (art.
sendo o FATO TÍPICO e ANTIJURÍDICO, ausente a 65, III, a, CP); ou, em determinados delitos, como
CULPABILIDADE, não será INFRAÇÃO PENAL. Na CIRCUSNTÂNCIA MINORANTE. Porém, caso a PAI-
TEORIA CAUSALISTA (minoritária e não adotada), o XÃO se torne DOENÇA MENTAL, poderá ser excluída
DOLO e a CULPA integram o conceito de CULPABILI- a imputabilidade;
DADE;
93. TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA (AÇÃO LIVRE
87. CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE: a) NA CAUSA): se o agente se embriaga com o fim de
INIMPUTABILIDADE (a exclusão da IMPUTABILIDADE cometer CRIMES ou mesmo prevendo a possibilidade
gera a exclusão da CULPABILIDADE e, conseqüente- de cometê-los (EMBRIAGUEZ PREORDENADA), NÃO
mente, do CRIME); b) COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL PODE no momento da ação ALEGAR ESTADO DE IN-
(vis compulsiva; não pode ser vencida); c) OBEDIÊN- CONSCIÊNCIA ou mesmo AUSÊNCIA DE DOLO, por-
CIA HIERÁRQUICA (ordem de superior hierárquico pa- que havia o DOLO antes da EMBRIAGUEZ. Diz-se da
ra prática de conduta criminosa, não sendo a ordem ação “LIVRE NA CAUSA”, por ser considerado o mo-
manifestamente ilegal; o subordinado executa sem mento da embriaguez e não o momento da ação cri-
perceber sua ilegalidade); minosa;
88. O desconhecimento da ILICITUDE não pode ser con- 94. TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES
fundido com o desconhecimento da LEI. O DESCO- CAUSAIS (conditio sine qua non): toda e qualquer
NHECIMENTO DA LEI É INESCUSÁVEL, isto é, NÃO conduta que, de algum modo, tiver contribuído para a
PODE SER ALEGADO PARA EXCLUIR A RESPONSA- produção do resultado deve ser considerada como
BILIDADE PENAL DO AGENTE. O desconhecimento CAUSA. Dessa forma, a “causa da causa também é
da LEI significa que o agente criminoso não conhece causa do que foi causado” (causa causae est causa
a LEGISLAÇÃO, mas possui a CONSCIÊNCIA DO CA- causati). Não existe distinção entre CONDIÇÃO e
RÁTER ILÍCITO DO SEU ATO; CAUSA, considerada esta como toda AÇÃO ou OMIS-
SÃO sem a qual o RESULTADO não teria ocorrido.
89. Para se configurar a CULPABILIDADE, não basta a
Além do mero NEXO CAUSAL, exige-se o NEXO
IMPUTABILIDADE e a POTENCIAL CONSCIÊNCIA
NORMATIVO: a presença de DOLO e CULPA;
ACERCA DA ILICITUDE DO FATO, mas também cons-
tatar se era possível EXIGIR do agente um COMPOR- 95. A SUPERVENIÊNCIA DE CAUSA RELATIVAMENTE
TAMENTO DIVERSO DAQUELE PRATICADO, com ba- INDEPENDENTE EXCLUI A IMPUTAÇÃO quando, POR
se no HOMEM MÉDIO; SI SÓ, produziu o RESULTADO; os fatos anteriores,
entretanto, imputam-se a quem os praticou;
90. Critério BIOPSICOLÓGICO adotado pelo CÓDIGO PE-
NAL acerca da IMPUTABILIDADE: é ISENTO DE PENA 96. A CONDUTA COMISSIVA é um FAZER, enquanto a
o agente que, por DOENÇA MENTAL (paranóia, psico- CONDUTA OMISSIVA é um DEIXAR FAZER, quando
uma norma jurídica OBRIGAVA a agir. Os CRIMES 100. A DESITÊNCIA VOLUNTÁRIA configura-se quando o
OMISSIVOS podem ser, por sua vez, PRÓPRIOS – agente, por sua VONTADE, DESISTE DE CONTINUAR
quando o legislador descreve uma CONDUTA PURA- NA EXECUÇÃO DO DELITO, impedindo sua CONSU-
MENTE OMISSIVA, consistindo apenas num DEIXAR MAÇÃO. O ARREPENDIMENTO EFICAZ ocorre quan-
DE FAZER, independentemente de qualquer RESUL- do o agente SE ARREPENDE depois de encerrados
TADO (ex.: omissão de socorro, art. 135, CP) – e TODOS OS ATOS EXECUTÓRIOS, impedindo o RE-
OMISSIVOS IMPRÓPRIOS (ou omissivos impuros, ou SULTADO. OBRIGATORIAMENTE, o arrependimento
COMISSIVOS POR OMISSÃO) – quando o OMITENTE precisa ser EFICAZ. Em ambos os casos, o agente
tinha o DEVER JURÍDICO DE AGIR e podia agir, mas NÃO responderá pela FORMA TENTADA, mas somen-
NÃO O FEZ, respondendo pelo RESULTADO PRODU- te pelos ATOS ATÉ ENTÃO PRATICADOS.
ZIDO. O DEVER DE AGIR incumbe a quem: a) tenha
por lei obrigação de CUIDADO, PROTEÇÃO ou VIGI-
LÂNCIA; b) de outra forma ASSUMIU a RESPONSA- 200 E POUCOS BIZUS
BILIDADE de IMPEDIR o resultado; c) com seu com- DE CRIMES CONTRA A VIDA
portamento anterior, CRIOU O RISCO da ocorrência
do resultado; 1. Os CRIMES CONTRA A VIDA tutelam como bem jurí-
dico protegido a VIDA HUMANA;
97. NÃO ADMITEM A TENTATIVA OS CRIMES: OMISSI-
VOS PRÓPRIOS (deixar de fazer); PRETERDOLOSOS 2. São espécies de CRIMES CONTRA A VIDA: (1) HOMI-
(além do dolo); CULPOSOS (ausência de previsão e CÍDIO, (2) INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A
resultado involuntário); UNISSUBSISTENTES (se per- SUICÍDIO, (3) INFANTICÍDIO e (4) ABORTO;
fazem num só ato); HABITUAIS (vários atos pratica- 3. O direito à VIDA é DIREITO FUNDAMENTAL do ho-
dos com habitualidade é que configura o crime); DE mem e encontra amparo constitucional no art. 5º,
ATENTADO (a forma tentada é punida com a mesma caput. É direito fundamental em duplo sentido: FOR-
pena do crime consumado) e as CONTRAVENÇÕES MAL e MATERIALMENTE CONSTITUCIONAL. FOR-
PENAIS (não é punível a tentativa); MALMENTE CONSTITUCIONAL por ter sido elaborado
98. A CULPA CONSCIENTE difere do DOLO EVENTUAL, por meio de um processo legislativo mais complexo
porque neste o agente PREVÊ O RESULTADO, MAS e MATERIALMENTE CONSTITUCIONAL por se tratar
NÃO SE IMPORTA QUE ELE OCORRA. Na CULPA de DIREITO INDIVIDUAL (CLÁUSULA PÉTREA);
CONSCIENTE, EMBORA PREVENDO O QUE POSSA 4. Trata-se de DIREITO SUPRAESTATAL, imprescindível
VIR A ACONTECER, o agente REPUDIA ESSA POSSI- para a manutenção e para o desenvolvimento da
BILIDADE; pessoa humana. Em todos os tempos e em todas as
civilizações, a vida humana sempre foi o primeiro
bem jurídico a ser tutelado. A proteção de tão rele-
99. O ERRO DE TIPO ocorre quando o agente tem uma vante bem é imperativo de ordem constitucional. A
FALSA PERCEPÇÃO DA REALIDADE, fazendo-o errar VIDA é um bem jurídico INDISPONÍVEL. O Estado es-
acerca das elementares ou circunstâncias da FIGU- taria obrigado a proteger a vida humana com inde-
RA TÍPICA. O ERRO DE TIPO SEMPRE EXCLUI O DO- pendência da vontade de morrer ou de viver que te-
LO. Excluído o DOLO, estará também excluído o FATO nha o titular;
TÍPICO, por ser o DOLO elemento SUBJETIVO do TI-
PO. O ERRO ESSENCIAL incide num dos elementos 5. O direito à vida teve sua proteção constitucional ain-
do TIPO. Ocorre quando a falsa percepção impede o da reforçada pelo art. 227, caput (DIREITO À VIDA DA
sujeito de compreender a NATUREZA CRIMINOSA DO CRIANÇA E DO ADOLESCENTE) e art. 230, caput (DI-
FATO. Se o ERRO É VENCÍVEL (INESCUSÁVEL) EX- REITO À VIDA DO IDOSO);
CLUI O DOLO, mas permite a punição por crime CUL- 6. A exemplo dos demais direitos e garantias funda-
POSO, se previsto em LEI (falta do dever de diligên- mentais, o DIREITO À VIDA É RELATIVO. Pode sofrer
cia). Se o ERRO É INVENCÍVEL (ESCUSÁVEL) EXCLUI limitações, desde que não sejam arbitrárias e pos-
O DOLO E A CULPA (qualquer pessoa na mesma si- sam ser sustentadas por interesses maiores do Es-
tuação cometeria o mesmo erro). ERRO ACIDENTAL tado ou mesmo de outro ser humano, como por
é o que não versa sobre os elementos ou circunstân- exemplo, a LEGÍTIMA DEFESA e o ESTRITO CUM-
cias do CRIME, incidindo sobre DADOS ACIDENTAIS PRIMENTO DO DEVER LEGAL, neste último em um
do delito ou sobre a conduta de sua execução. O ER- ÚNICO CASO previsto na Constituição Federal, art.
RO MoroACIDENTAL NÃO EXCLUI O DOLO. São casos 5.º, XLVII – NÃO HAVERÁ PENAS: a) DE MORTE,
de ERRO ACIDENTAL: ERRO SOBRE O OBJETO (error SALVO EM CASO DE GUERRA DECLARADA, nos ter-
in objecto), ERRO SOBRE A PESSOA (error in perso- mos do art. 84, XIX. Nenhum direito é absoluto, so-
na), ERRO NA EXECUÇÃO (aberratio ictus), RESUL- bretudo quando os direitos fundamentais são utiliza-
TADO DIVERSO DO PRETENDIDO (aberratio criminis);
dos como escudo protetivo para salvaguardar práti- 17. O HOMICÍDIO é SIMPLES quando lesiona apenas UM
cas ilícitas; BEM JURÍDICO (VIDA HUMANA);
7. A vida humana subdivide-se em VIDA INTRAUTERINA 18. Conceito: consiste na destruição da vida humana
e VIDA EXTRAUTERINA; EXTRAUTERINA de uma pessoa por outra;
8. Os CRIMES CONTRA A VIDA buscam proteger inte- 19. Objetividade jurídica: a VIDA HUMANA EXTRAUTERI-
gralmente o DIREITO à VIDA do SER HUMANO, desde NA (exterior ao útero materno);
a sua concepção, ou seja, previamente ao seu nas-
20. Objeto material do crime: o CORPO da pessoa que
cimento, até o instante de sua extinção. Atualmente,
sofre a ação da conduta delitiva;
médicos e juristas concordam que o momento da
MORTE ocorre com a cessação IRREVERSÍVEL das 21. Elemento subjetivo: é o DOLO, denominado de ani-
funções CEREBRAIS; mus necandi ou animus occidendi. Consiste na VON-
TADE LIVRE e CONSCIENTE de realizar a conduta di-
9. O critério da MORTE ENCEFÁLICA baseia-se na irre-
rigida à produção da MORTE de outrem. Não se re-
versibilidade da morte. Acolhido expressamente pela
clama nenhuma finalidade específica. Admite a for-
legislação pátria (art. 3.º, Lei 9.434/1997), respeita as
ma DOLOSA (direta ou eventual) e a forma CULPOSA;
garantias de proteção da pessoa humana, já que
pressupõe a perda da consciência e de outras fun- 22. Admite-se o DOLO EVENTUAL quando o agente NÃO
ções superiores, sem as quais o indivíduo não pode quer o resultado MORTE, mas ASSUME O RISCO de
realizar sua condição de pessoa; produzi-lo. É o que se dá no “RACHA” entre veículos
automotores praticado em via pública. Também há
10. A garantia da vida humana NÃO ADMITE RESTRIÇÃO
DOLO EVENTUAL quando a MORTE resulta de aci-
ou DISTINÇÃO de qualquer espécie. Ou seja, protege-
dente de trânsito provocado pela EMBRIAGUEZ do
se a vida humana de quem quer que seja, indepen-
condutor;
dentemente da raça, sexo, idade ou condição social
do sujeito passivo; 23. O MOTIVO que leva o agente a ceifar a vida alheia
pode caracterizar uma QUALIFICADORA (exemplo:
11. Os CRIMES CONTRA A VIDA configuram normas
MEDIANTE PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA,
penais INCRIMINADORAS, tutelam um bem jurídico
MOTIVO TORPE ou FÚTIL) ou CAUSA de DIMINUIÇÃO
consagrado na Constituição Federal, descrevendo a
da PENA (exemplo: RELEVANTE VALOR SOCIAL ou
conduta punível e cominando a respectiva sanção;
MORAL, ou SOB DOMÍNIO de VIOLENTA EMOÇÃO);
12. São normas da PARTE ESPECIAL, ou seja, fontes
24. Aquele que, com a INTENÇÃO DE DESTRUIR, no todo
formais de aplicação IMEDIATA;
ou em parte, GRUPO NACIONAL, ÉTNICO, RACIAL ou
13. Em relação ao resultado, os CRIMES CONTRA A VIDA RELIGIOSO, MATAR membros do GRUPO, pratica
são classificados como CRIMES MATERIAIS (somen- GENOCÍDIO (Lei 2.889/1956, art. 1.º, a). Ao contrário
te se consumam com a ocorrência do RESULTADO do HOMICÍDIO, trata-se de CRIME CONTRA A HUMA-
MORTE); NIDADE, e NÃO CONTRA A VIDA;
14. No tocante à COMPETÊNCIA, salvo o HOMICÍDIO 25. Em relação ao SUJEITO ATIVO do crime, o HOMICÍ-
CULPOSO (art. 121, § 3.º, CP), os CRIMES CONTRA A DIO é classificado como CRIME COMUM, não exigin-
VIDA são julgados pelo TRIBUNAL DO JÚRI, confor- do portando nenhuma qualificação especial do agen-
me art. 5.º, XXXVIII, d), da Constituição Federal; te. Pode ser praticado por QUALQUER PESSOA IM-
PUTÁVEL, ISOLADAMENTE ou em CONCURSO com
15. Quanto ao DIREITO à VIDA, por se tratar de bem jurí-
outro indivíduo;
dico INDISPONÍVEL e IRRENUNCIÁVEL, a AÇÃO PE-
NAL será sempre PÚBLICA INCONDICIONADA, cir- 26. O crime de HOMICÍDIO, em regra, é UNISSUBJETIVO,
cunstância que não exclui, em caso de inércia do Mi- UNILATERAL ou de CONCURSO EVENTUAL: pode ser
nistério Público, a utilização de ação penal privada praticado por uma só pessoa, embora nada impeça a
subsidiária da pública, regra esta prevista na Consti- COAUTORIA (executar a conduta descrita na norma
tuição Federal, art. 5.º, LIX – será admitida ação pri- penal) ou a PARTICIPAÇÃO (contribuir de forma se-
vada nos crimes de ação pública, se esta não for in- cundária, periférica, acessória);
tentada no prazo legal;
27. De acordo com o número de ATOS que compõem a
HOMICÍDIO CONDUTA, o crime de HOMICÍDIO, em regra, é classi-
ficado como PLURISSUBSISTENTE (a conduta de
16. O crime de HOMICÍDIO SIMPLES encontra-se definido matar pode ser fracionada em diversos atos). A
pelo art. 121, caput: “MATAR ALGUÉM”. A conduta é CONDUTA é a realização MATERIAL da VONTADE
composta por um núcleo (MATAR) e um elemento HUMANA, mediante a prática de um ou mais ATOS. O
objetivo (ALGUÉM), cominando pena de RECLUSÃO,
de 6 a 20 anos (crime de elevado potencial ofensivo);
ATO é apenas uma parte da CONDUTA, quando esta 37. A destruição da vida INTRAUTERINA configura o
se apresenta sob a forma de AÇÃO; crime de ABORTO (art. 124, CP). Por outro lado, a
morte dada ao feto DURANTE o PARTO perfaz, em
28. SUJEITO PASSIVO é a pessoa que tem sua vida des-
princípio, o crime de HOMICÍDIO. Se o SUJEITO ATI-
truída. Pode ser qualquer PESSOA HUMANA, após o
VO for a MÃE, sob a influência do estado PUERPE-
NASCIMENTO e desde que esteja VIVA;
RAL, tem-se identificado o crime de INFANTICÍDIO
29. No HOMICÍDIO, o SUJEITO PASSIVO será também o (art. 123, CP). Infere-se daí que o crime de HOMICÍDIO
OBJETO MATERIAL do delito, pois sobre ele recai di- tem como limite mínimo o COMEÇO DO NASCIMEN-
retamente a conduta do agente; TO, marcado pelo início das CONTRAÇÕES EXPULSI-
30. Consumação: dar-se quando o autor realiza a condu- VAS;
ta descrita no tipo de injusto, provocando o RESUL- 38. A VIDA EXTRAUTERINA inicia-se com o PROCESSO
TADO MORTE exigido (CRIME MATERIAL), o qual se RESPIRATÓRIO AUTÔNOMO do organismo da pes-
verifica com a CESSAÇÃO da ATIVIDADE ENCEFÁLI- soa que está nascendo, que a partir de então NÃO
CA. A PROVA da MATERIALIDADE realiza-se pelo DEPENDE MAIS DA MÃE PARA VIVER. Esse aconte-
EXAME NECROSCÓPICO, que, além de ATESTAR a cimento pode ser demonstrado por PROVA PERICIAL,
MORTE, indica também suas CAUSAS; por meio das DOCIMASIAS RESPIRATÓRIAS;
31. Trata-se de CRIME INSTANTÂNEO de EFEITOS PER- 39. Haverá HOMICÍDIO ainda que se prove que a vida do
MANENTES (na forma CONSUMADA), pois se con- ser humano não era viável. É irrelevante a viabilidade
suma no DETERMINADO MOMENTO em que a CON- do ser nascente. Não importa se tinha ou não possi-
DUTA é COMETIDA, sem continuidade no tempo, ge- bilidade de permanecer vivo. Basta o NASCIMENTO
rando efeitos IMUTÁVEIS ou IMODIFICÁVEIS (homi- COM VIDA para autorizar a incidência desse tipo pe-
cídio consumado); nal, ainda que o recém-nascido, em decorrência de
32. Admite-se perfeitamente a TENTATIVA de HOMICÍ- anomalias, apresente características monstruosas;
DIO, salvo na forma CULPOSA. O conatus se verifica 40. Configura crime de HOMICÍDIO a morte dada a
quando, iniciada a EXECUÇÃO do delito, o resultado QUALQUER PESSOA, ainda que moribunda, prestes a
morte NÃO sobrevém por CIRCUNSTÂNCIAS ALHEI- morrer, ou monstruosa. Em razão da INDISPONIBILI-
AS à vontade do agente. Os ATOS meramente PRE- DADE e da INCONTESTÁVEL MAGNITUDE DO BEM
PARATÓRIOS são IMPUNÍVEIS, SALVO SE CONSTI- JURÍDICO PROTEGIDO é IRRELEVANTE, em princípio,
TUIREM CRIMES AUTONOMOS; o CONSENTIMENTO DA VÍTIMA;
33. Se o SUJEITO ATIVO produz LESÕES CORPORAIS, 41. O CONSENTIMENTO DA VÍTIMA somente exclui a
não alcançando a obtenção do evento MORTE, per- ILICITUDE da conduta quando o TITULAR do bem po-
faz-se igualmente o crime de HOMICÍDIO, sob a for- de LIVREMENTE dele DISPOR. Quanto à VIDA, esta é
ma TENTADA, e não o insculpido no art. 129 do Códi- EVIDENTEMENTE IRRENUNCIÁVEL. O CONSENTI-
go Penal (lesão corporal); MENTO quanto ao HOMICÍDIO poderá atenuar a
34. HOMICÍDIO é crime PROGRESSIVO: para alcançar o CULPABILIDADE, mas jamais refletir-se na descarac-
RESULTADO FINAL o agente passa, NECESSARIA- terização da TIPICIDADE. Protege-se a VIDA HUMA-
MENTE, pela LESÃO CORPORAL, crime menos grave NA do início do fenômeno do PARTO até o instante
rotulado nesse caso de “CRIME DE AÇÃO DE PASSA- de sua EXTINÇÃO;
GEM”; 42. Cessada a VIDA, não mais é possível a ocorrência de
35. Na TENTATIVA BRANCA ou INCRUENTA o agente HOMICÍDIO. Trata-se de CRIME IMPOSSÍVEL, por AB-
age contra a vítima, mas esta NÃO É ATINGIDA (o SOLUTA IMPROPRIEDADE DO OBJETO (art. 17, CP),
bem jurídico não é lesionado), enquanto na TENTA- afastando a TIPICIDADE. Se a ação for cometida con-
TIVA VERMELHA ou CRUENTA a vítima é alcançada tra um CADÁVER haverá a figura do CRIME IMPOS-
pela conduta criminosa do agente e SOFRE FERI- SÍVEL;
MENTOS; 43. O NÚCLEO DO TIPO é representado pelo verbo MA-
36. Na TENTATIVA PERFEITA ou COMPLETA (CRIME TAR. Trata-se de CRIME DE FORMA LIVRE (praticado
FALHO ou QUASE-CRIME) o agente ESGOTA todo o através de qualquer meio). A conduta incriminadora
seu POTENCIAL LESIVO, COMPLETA toda a EXECU- consiste em MATAR ALGUÉM – que não o próprio
ÇÃO, sem contudo alcançar o resultado esperado, agente – por QUALQUER MEIO DE EXECUÇÃO: dire-
enquanto na TENTATIVA IMPERFEITA ou INCOM- tos ou indiretos, físicos ou morais, desde que idô-
PLETA o agente é INTERROMPIDO durante os ATOS neos à produção do RESULTADO MORTE;
EXECUTÓRIOS, antes do completo encerramento; 44. São DIRETOS os MEIOS através dos quais se vale o
agente para, PESSOALMENTE, atingir a vítima. O
MEIO DE EXECUÇÃO é manuseado DIRETAMENTE
pelo agente (exemplo: golpes com barra de ferro, dis- posição de GARANTIDOR do BEM JURÍDICO e da
paros, esganadura). O meio de execução é INDIRETO IDENTIDADE entre AÇÃO e OMISSÃO;
quando conduz à morte de forma MEDIATA, manipu-
50. Nessa espécie, o AGENTE tinha o DEVER JURÍDICO
lado INDIRETAMENTE pelo homicida (exemplo: ata-
de AGIR, mas NÃO o fez. O agente que se OMITE não
que por um pit bull);
responde só pela OMISSÃO com simples conduta,
45. Os MEIOS DE EXECUÇÃO ainda podem também ser mas pelo RESULTADO PRODUZIDO;
MATERIAIS, quando assolam a integridade física do
51. Em tese, o ÚNICO MÉDICO PLANTONISTA, procurado
ofendido (exemplo: ferimentos com faca), ou MO-
MAIS de uma vez DURANTE o EXERCÍCIO de sua
RAIS. É possível, neste último caso, a SUPERVENI-
ATIVIDADE PROFISSIONAL na unidade de saúde, CI-
ÊNCIA DA MORTE através do SUSTO, da EMOÇÃO
ENTIFICADO da GRAVIDADE da doença apresentada
VIOLENTA, do MEDO, de outros TRAUMAS PSÍQUI-
pelo paciente que lhe é apresentado (COM RISCO DE
COS ou MORAIS da vítima, agravando uma DOENÇA
VIDA), ao se RECUSAR a atendê-lo, determinando o
PREEXISTENTE que conduz à MORTE (exemplo: por-
RETORNO para CASA, sem ao menos ministrar
tador de distúrbio cardíaco, hemofílico), ou provo-
QUALQUER ATENDIMENTO ou TRATAMENTO, pode
cando-lhe REAÇÃO ORGÂNICA que conduza a EN-
haver DEIXADO de IMPEDIR a ocorrência da MORTE
FERMIDADE e daí à MORTE (exemplo: provocar de-
da VÍTIMA, sendo tal conduta OMISSIVA PENAL-
pressão que acarreta na morte em face do uso ex-
MENTE RELEVANTE devido à sua condição de GA-
cessivo de medicamentos de ação controlada);
RANTE;
46. O HOMICÍDIO também pode ser praticado por meio
52. Pode o delito de HOMICÍDIO POR OMISSÃO realizar-
de RELAÇÕES SEXUAIS ou ATOS LIBIDINOSOS. É o
se também por CULPA, quando a INOBSERVÂNCIA
que ocorre com a AIDS, doença FATAL e INCURÁVEL.
do CUIDADO DEVIDO se verifica em razão da OMIS-
Se o portador do vírus HIV, CONSCIENTE da LETALI-
SÃO do AGENTE. Essa INOBSERVÂNCIA pode surgir,
DADE da moléstia, efetua INTENCIONALMENTE com
por exemplo, de um ERRO VENCÍVEL sobre a assun-
terceira pessoa ATO LIBIDINOSO que TRANSMITE a
ção da posição de GARANTIDOR ou sobre a ocorrên-
doença, MATANDO-A, responderá por HOMICÍDIO
cia da SITUAÇÃO TÍPICA, ou pela crença ERRÔNEA
DOLOSO CONSUMADO. Se a vítima NÃO falecer, a ele
VENCÍVEL sobre a DESNECESSIDADE da INTERVEN-
deverá ser imputado o crime de HOMICÍDIO TENTA-
ÇÃO, pela FALTA de CUIDADO na realização da AÇÃO
DO. Nesse caso, não há falar no crime de perigo de
DEVIDA, sempre que a OMISSÃO for INCONSCIENTE,
contágio venéreo (art. 130, CP), uma vez que o DOLO
bem como pela realização de uma AÇÃO CULPOSA
do agente dirige-se à MORTE da vítima. Igual raciocí-
que ELIMINA a capacidade de AÇÃO;
nio se aplica à hipótese em que alguém, fazendo uso
de SERINGA contendo sangue com o vírus HIV, injeta 53. O HOMICÍDIO SIMPLES, em regra, NÃO é CRIME HE-
o líquido em outra pessoa, CONTAMINANDO-A. Em DIONDO. Será assim entendido, contudo, somente
qualquer dos casos, o crime será de HOMICÍDIO, quando praticado em atividade típica de GRUPO DE
CONSUMADO ou TENTADO, dependendo da produ- EXTERMÍNIO, ainda que por UM SÓ AGENTE. Nessa
ção ou não do RESULTADO NATURALÍSTICO MORTE; hipótese, esse delito é denominado HOMICÍDIO
CONDICIONADO ou CRIME HEDIONDO CONDICIONA-
47. O MEIO DE EXECUÇÃO pode caracterizar uma QUA-
DO. A atividade típica de GRUPO DE EXTERMÍNIO
LIFICADORA, como se dá no emprego de VENENO,
normalmente enseja a aplicação da QUALIFICADORA
FOGO, EXPLOSIVO, ASFIXIA ou outro meio INSIDIO-
do MOTIVO TORPE (exemplo: matança generalizada
SO ou CRUEL, ou de que possa resultar PERIGO CO-
de moradores de rua para valorização de área urba-
MUM (art. 121, § 2.º, III, CP);
na). Nesse caso, o crime será HEDIONDO;
48. Em regra, HOMICÍDIO é CRIME COMISSIVO. No en-
54. Por outro lado, se o agente MATAR outras pessoas
tanto, é perfeitamente admissível o delito de HOMI-
em atividade típica de GRUPO DE EXTERMÍNIO, mas
CÍDIO por OMISSÃO, desde que presente o DEVER DE
com RELEVANTE VALOR SOCIAL, estará caracteriza-
AGIR, por enquadrar-se o agente em alguma das hi-
do o HOMICÍDIO PRIVILEGIADO (art. 121, § 1.º, CP),
póteses previstas pelo art. 13, § 2.º, CP;
que NÃO é CRIME HEDIONDO (exemplo: policial que,
49. Para que se configure o HOMICÍDIO como CRIME durante sua folga, sai à caça de ladrões que aterrori-
OMISSIVO IMPRÓPRIO, ESPÚRIO ou COMISSIVO zam uma pacata cidade, matando-os);
POR OMISSÃO, exige-se a presença de uma SITUA-
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO
ÇÃO TÍPICA (lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico
vida humana), DA NÃO-REALIZAÇÃO da AÇÃO dirigi- 55. HOMICÍDIO PRIVILEGIADO é a modalidade de HOMI-
da a EVITAR o RESULTADO, da CAPACIDADE CON- CÍDIO prevista no art. 121, § 1.º, do Código Penal: “Se
CRETA de AÇÃO (que pressupõe o conhecimento da o agente comete o crime impelido por MOTIVO de
situação típica e do modo de evitar o resultado), da RELEVANTE VALOR SOCIAL ou MORAL, ou SOB o
DOMÍNIO de VIOLENTA EMOÇÃO, logo EM SEGUIDA VÍTIMA (HOMICÍDIO EUTANÁSICO) e a INDIGNAÇÃO
a INJUSTA PROVOCAÇÃO DA VÍTIMA, o juiz pode CONTRA UM TRAIDOR DA PÁTRIA;
REDUZIR a PENA de UM SEXTO a UM TERÇO”;
63. Existem DUAS espécies de EUTANÁSIA: ATIVA e
56. Fruto de criação doutrinária e jurisprudencial. Na PASSIVA. Na ATIVA, também denominada de euta-
verdade, não se trata de PRIVILÉGIO, mas de CASO násia em sentido estrito, homicídio piedoso, homicí-
DE DIMINUIÇÃO DE PENA; dio compassivo, homicídio médico, homicídio carita-
tivo ou homicídio consensual, o MÉDICO realiza uma
57. As hipóteses legais de PRIVILÉGIO apresentam CA-
AÇÃO que causa a MORTE do paciente portador de
RÁTER SUBJETIVO. Relacionam-se ao AGENTE, que
DOENÇA GRAVE, em ESTADO TERMINAL e SEM
atua imbuído por RELEVANTE VALOR SOCIAL ou
PREVISÃO DE CURA ou RECUPERAÇÃO pela ciência
MORAL, ou SOB o DOMÍNIO de VIOLENTA EMOÇÃO,
médica (ex.: ministrar uma substância letal para
logo EM SEGUIDA a INJUSTA PROVOCAÇÃO DA VÍ-
poupar o paciente do sofrimento). Na PASSIVA, tam-
TIMA, e NÃO ao FATO. Por corolário, a CAUSA DE
bém denominada de ortotanásia, eutanásia por
DIMINUIÇÃO DE PENA não se comunica aos demais
omissão, eutanásia omissiva, eutanásia moral ou eu-
COAUTORES ou PARTÍCIPES, em consonância com o
tanásia terapêutica, o MÉDICO ou FAMILIARES DES-
art. 30 do Código Penal: “NÃO SE COMUNICAM as
CUMPREM o DEVER LEGAL DE AGIR, DEIXANDO DE
circunstâncias e as condições de CARÁTER PESSO-
adotar as providências necessárias para PROLON-
AL, salvo quando ELEMENTARES do crime.”;
GAR a VIDA de DOENTE TERMINAL, portador de mo-
58. O juiz DEVE DIMINUIR A PENA, obrigatoriamente. léstia INCURÁVEL e IRREVERSÍVEL (ex.: deixar de
Sua discricionariedade (“pode”) limita-se ao quantum ministrar os medicamentos devidos, em face do es-
da diminuição (“de um sexto a um terço”). Os crimes tágio avançado da doença, poupando o paciente do
DOLOSOS CONTRA A VIDA são de competência do sofrimento prolongado e desnecessário). No campo
TRIBUNAL DO JÚRI. E, se os JURADOS, depois de médico, a ORTOTANÁSIA é disciplinada como PRO-
CONDENAREM o acusado, afirmarem a presença de CEDIMENTO ÉTICO (Resolução 1.805/2006 CFM). No
CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA, como é o caso do Brasil, AMBAS configuram HOMICÍDIO PRIVILEGIADO
PRIVILÉGIO, não restará ao JUIZ presidente outra via pelo RELEVANTE VALOR MORAL (art. 121, § 2.º, CP);
senão a sua aplicação. Entendimento diverso violaria
64. A EMOÇÃO é o sentimento INTENSO e PASSAGEIRO
o princípio constitucional da SOBERANIA DOS VERE-
que altera o estado psicológico do indivíduo, provo-
DICTOS (art. 5.º, XXXVIII, c);
cando ressonância fisiológica (angústia, medo, tris-
59. O HOMICÍDIO PRIVILEGIADO NÃO é CRIME HEDION- teza). A PAIXÃO – chamada emoção-sentimento – é
DO, por ausência de amparo legal. A Lei 8.072/1990 a idéia PERMANENTE ou crônica por algo (cupidez,
– Lei dos Crimes Hediondos, em seu art. 1.º, inciso I, amor, ódio, ciúme). Esses estados psicológicos, sal-
elencou somente as formas SIMPLES e QUALIFICA- vo quando patológicos (art. 26, CP), NÃO têm o con-
DAS do HOMICÍDIO no rol dos crimes alcançados pe- dão de elidir a IMPUTABILIDADE PENAL. Entretanto,
la hediondez, nada dispondo acerca da figura PRIVI- podem, em certas circunstâncias, aparecer como
LEGIADA; ATENUANTES ou CAUSAS DE DIMINUIÇÃO DE PENA
60. MOTIVO de RELEVANTE VALOR SOCIAL é o pertinen- (art. 121, § 1.º, CP);
te a um INTERESSE DA COLETIVIDADE. NÃO diz res- 65. A VIOLENTA EMOÇÃO é a resultante de severo dese-
peito ao AGENTE INDIVIDUALMENTE considerado, quilíbrio psíquico, capaz de eliminar a capacidade de
mas à SOCIEDADE como um todo (exemplo: matar reflexão e de autocontrole. Configura, portanto um
um perigoso estuprador que aterroriza as mulheres e VERDADEIRO IMPULSO DE DESORDEM AFETIVA,
crianças de uma pacata cidade interiorana); porque é DESTRUTIVO DA CAPACIDADE REFLEXIVA
61. MOTIVO de RELEVANTE VALOR MORAL é aquele que DE FRENAGEM. A PAIXÃO, por representar um pro-
se relaciona a um INTERESSE PARTICULAR do agen- cesso afetivo DURADOURO, somente configura PRI-
te, em conformidade com os PRINCÍPIOS ÉTICOS VILÉGIO se geradora de um ESTADO EMOCIONAL VI-
DOMINANTES de uma determinada sociedade, apro- OLENTO;
vado pela MORALIDADE PRÁTICA e considerado NO- 66. Há uma importante diferença entre as CIRCUNS-
BRE e ALTRUÍSTA (exemplo: matar o estuprador da TÂNCIAS ATENUANTES GENÉRICAS (art. 65, III, “a”,
própria filha ou esposa); “c”), no tocante aos crimes em geral, e as CAUSAS DE
62. A Exposição de Motivos do Código Penal (item 39) DIMINUIÇÃO DE PENA (art. 121, § 1.º, CP), tornando o
entende por “MOTIVO DE RELEVANTE VALOR SOCIAL homicídio privilegiado. Na ATENUANTE GENÉRICA é
OU MORAL” aquele que, em si mesmo, é aprovado suficiente ser o crime cometido por motivo de rele-
pela MORAL PRÁTICA, como, por exemplo, a COM- vante valor social ou moral, ou sob a influência de vi-
PAIXÃO ANTE O IRREMEDIÁVEL SOFRIMENTO DA olenta emoção, provocada por ato injusto da vítima,
isto é, há INFLUÊNCIA DO MOTIVO, em menor grau.
No PRIVILÉGIO, por sua vez, o agente atua IMPELIDO HOMICÍDIO QUALIFICADO
POR MOTIVO de relevante valor social ou moral, ou
sob a influência de violenta emoção, isto é, por eles é 72. O § 2.º do art. 121 do Código Penal contém cinco
IMPULSIONADO em elevado grau; incisos. Esses incisos, por sua vez, alojam quatro es-
pécies distintas de QUALIFICADORAS. Os incisos I e
67. A PROVOCAÇÃO, por seu turno, NÃO pode ser equi- II relacionam-se aos MOTIVOS DO CRIME. Os incisos
parada necessariamente à AGRESSÃO. Se aquela III e IV dizem respeito aos MEIOS e MODOS DE EXE-
implicar ofensa à INTEGRIDADE FÍSICA do agente, CUÇÃO do HOMICÍDIO. Finalmente, o inciso V refere-
admite-se a LEGÍTIMA DEFESA. Por PROVOCAÇÃO se à CONEXÃO, caracterizada por uma ESPECIAL FI-
entende-se a atitude DESAFIADORA, manifestada em NALIDADE almejada pelo agente;
OFENSAS DIRETAS ou INDIRETAS, INSINUAÇÕES,
EXPRESSÕES DE DESPREZO etc. A aferição deve ser 73: As QUALIFICADORAS previstas pelos incisos I, II e V
cautelosa, sendo necessária a análise da PERSONA- são de ÍNDOLE SUBJETIVA. Pertencem à esfera IN-
LIDADE do PROVOCADO e das CIRCUNSTÂNCIAS do TERNA do agente, e NÃO ao FATO. Em caso de CON-
fato delituoso. INDISPENSÁVEL a caracterização da CURSO DE PESSOAS, NÃO SE COMUNICAM aos de-
INJUSTIÇA DA PROVOCAÇÃO – causadora de justifi- mais COAUTORES ou PARTÍCIPES, em face da regra
cada indignação – a ser apreciada de modo OBJETI- do art. 30 do Código Penal (exemplo: A e B matam C,
VO. PROVOCAÇÃO INJUSTA É A ILEGÍTIMA, SEM agindo A por motivo FÚTIL, circunstância ignorada
MOTIVO RAZOÁVEL; por B e desvinculada deste. Somente A suportará a
QUALIFICADORA do HOMICÍDIO);
68. Por fim, exige-se que a REAÇÃO EMOTIVA VIOLENTA
do agente seja IMEDIATA, isto é, ocorra LOGO APÓS 74. As QUALIFICADORAS descritas nos incisos III e IV
À INJUSTA PROVOCAÇÃO da vítima (sine intervallo). (MEIOS e MODOS DE EXECUÇÃO) são de ÍNDOLE
Um lapso temporal maior propiciaria possibilidade de OBJETIVA, por serem atinentes ao FATO PRATICADO,
detida ponderação, o que é INCOMPATÍVEL com a e NÃO ao ASPECTO PESSOAL do agente. Em caso de
eclosão de REAÇÃO SÚBITA. Se a ação NÃO for efe- CONCURSO DE PESSOAS, COMUNICAM-SE aos de-
tuada LOGO EM SEGUIDA à INJUSTA PROVOCAÇÃO, mais COAUTORES ou PARTÍCIPES, desde que te-
teremos apenas a configuração de CIRCUNSTÂNCIA nham ingressado na esfera de CONHECIMENTO de
ATENUANTE (art. 65, III, “c”, CP); todos os envolvidos. É possível a CIÊNCIA DE TODOS
os COAUTORES e PARTÍCIPES sobre a circunstância
69. A modalidade do PRIVILÉGIO do DOMÍNIO de VIO- QUALIFICADORA, para AFASTAR a RESPONSABILI-
LENTA EMOÇÃO é COMPATÍVEL com a aberratio ic- DADE PENAL OBJETIVA (exemplo: A e B matam C
tus. Exemplificadamente, admite-se que o sujeito, com emprego de FOGO. A ambos será imputado o
DEPOIS de INJUSTAMENTE PROVOCADO, efetue HOMICÍDIO QUALIFICADO);
disparos de arma de fogo CONTRA O PROVOCADOR,
mas ATINJA TERCEIRA PESSOA. Subsiste o HOMI- 75. MOTIVO TORPE é a motivação REPUGNANTE, IGNÓ-
CÍDIO PRIVILEGIADO, em conformidade com a regra BIL, DESPREZÍVEL, VIL, PROFUNDAMENTE IMORAL.
contida no art. 73 do Código Penal; Sempre que envolve PAGA ou RECOMPENSA é de-
nominada HOMICÍDIO “MERCENÁRIO”;
70. A PREMEDITAÇÃO DO HOMICÍDIO É INCOMPATÍVEL
com essa modalidade de PRIVILÉGIO. A tarefa de ar- 76. VINGANÇA e CIÚME, segundo a jurisprudência, NÃO
quitetar minuciosamente a execução do crime NÃO OBRIGATORIAMENTE caracterizam MOTIVO TORPE.
se coaduna com o DOMÍNIO DA VIOLENTA EMOÇÃO, Dependerá das CIRCUNSTÂNCIAS de cada caso. A
seja pela existência de ânimo CALMO e REFLETIDO, VINGANÇA NÃO caracteriza AUTOMATICAMENTE a
seja pela ausência de relação de IMEDIATIDADE en- TORPEZA, dependendo do MOTIVO que levou o indi-
tre eventual INJUSTA PROVOCAÇÃO DA VÍTIMA e a víduo a vingar-se de alguém. O CIÚME NÃO é consi-
PRÁTICA DA CONDUTA CRIMINOSA; derado MOTIVO TORPE. Quem mata por amor, embo-
ra criminoso, não pode ser taxado de VIL ou IGNÓBIL,
71. O PRIVILÉGIO É COMPATÍVEL com a figura do DOLO e tratado à semelhança de quem mata por questões
EVENTUAL. É o caso daquele que, LOGO DEPOIS de REPUGNANTES, tais como rivalidade profissional,
ser INJUSTAMENTE PROVOCADO pela vítima, e en- pagamento para prática de homicídio etc.;
contrando-se sob o DOMÍNIO de VIOLENTA EMOÇÃO,
decide REAGIR AGRESSIVAMENTE e acaba MATAN- 77. Apesar de ser questão polêmica na doutrina, PREVA-
DO-A (exemplo: filho maior de idade, depois de ser LECE o posicionamento segundo o qual a VANTA-
humilhado injustamente pelo pai, começa a agredi-lo GEM no HOMICÍDIO MERCENÁRIO precisa ser ECO-
em situação de descontrole. Assume o risco de, com NÔMICA;
socos e pontapés, matá-lo, daí resultando a morte do 78. Cuida-se de CRIME PLURISSUBJETIVO, PLURILATE-
genitor); RAL OU DE CONCURSO NECESSÁRIO. Devem existir
ao menos duas pessoas: o MANDANTE (quem paga
ou promete a recompensa) e o EXECUTOR. Por se forma MENOS DOLOROSA. A reiteração de golpes
tratar de circunstância manifestamente SUBJETIVA, considerada isoladamente não configura a QUALIFI-
NÃO SE COMUNICA AO PARTÍCIPE (mandante) nem CADORA do MEIO CRUEL. Depende da produção de
a eventual COAUTOR (art. 30, CP). Contudo, se a si- INTENSO e DESNECESSÁRIO SOFRIMENTO À VÍTI-
tuação CONCRETA revelar que o MOTIVO que levou o MA;
MANDANTE a encomendar o homicídio também é
87. MEIO DE QUE POSSA RESULTAR PERIGO COMUM é
TORPE, incidirá a QUALIFICADORA, não em razão da
aquele que expõe NÃO SOMENTE A VÍTIMA, mas
PAGA ou PROMESSA DE RECOMPENSA, mas sim da
também um número INDETERMINADO DE PESSOAS
TORPEZA GENÉRICA;
a uma situação de PROBABILIDADE DE DANO
79. MOTIVO FÚTIL é a motivação sem importância, AB- (exemplo: diversos tiros certeiros contra a vítima
SOLUTAMENTE BANAL. Para parte da doutrina, a quando se encontrava em movimentada via pública;
AUSÊNCIA DE MOTIVO NÃO CARACTERIZA o MOTI- e conduzir veículo automotor em via pública a 165
VO FÚTIL. Outra corrente defende que DEVE SER Km/h);
CONSIDERADO FÚTIL. Não existe posição majoritária
88. O crime de TORTURA QUALIFICADA PELO RESULTA-
acerca do tema;
DO MORTE encontra-se previsto no § 3.º do art. 1.º
80. O MOTIVO DO CRIME pode ser INJUSTO (ex.: vingan- da Lei 9.455/1997. Apesar de ocorrer o RESULTADO
ça), mas NÃO SER FÚTIL. Esses motivos não se con- MORTE, se a INTENÇÃO DO AGENTE era apenas
fundem, uma vez que TODO CRIME É INJUSTO, pois TORTURAR A VÍTIMA, haverá crime de TORTURA
o sujeito passivo não é obrigado a suportá-lo, embora QUALIFICADA COM RESULTADO MORTE, e não o
nem sempre seja FÚTIL; crime de HOMICÍDIO QUALIFICADO PELA TORTURA
(CP, art. 121, § 2.º, III), que por sua vez, caracteriza-se
81. O CIÚME NÃO pode ser enquadrado como MOTIVO
pela MORTE DOLOSA. O agente utiliza, neste segun-
FÚTIL. Esse sentimento que destrói o equilíbrio do
do caso, a TORTURA COMO MEIO CRUEL, com a IN-
ser humano e arruína sua vida, NÃO deve ser consi-
TENÇÃO de provocar a MORTE DA VÍTIMA (animus
derado INSIGNIFICANTE ou DESPREZÍVEL (STF);
necandi), causando-lhe INTENSO e DESNECESSÁRIO
82. A EMBRIAGUEZ, por sua vez, é INCOMPATÍVEL com SOFRIMENTO FÍSICO OU MENTAL. Depende de dolo
o MOTIVO FÚTIL. O embriagado não tem pleno con- (direto ou eventual) no tocante ao resultado morte.
trole do seu modo de agir, AFASTANDO assim a FU- Esse crime é de COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO
TILIDADE da força que o impele a transgredir o Direi- JÚRI, e apenado com 12 (doze) a 30 (trinta) anos de
to Penal. Mas há quem diga que, em face da norma reclusão;
prevista pelo art. 28, II, do Código Penal (EMBRIA-
89. Já a TORTURA COM RESULTADO MORTE é crime
GUEZ, VOLUNTÁRIA OU CULPOSA, NÃO EXCLUI A
ESSENCIALMENTE PRETERDOLOSO. O sujeito tem o
IMPUTABILIDADE PENAL), essa QUALIFICADORA
DOLO DE TORTURAR a vítima, e da TORTURA resulta
possa ser aplicada ao ÉBRIO;
CULPOSAMENTE sua MORTE. Há DOLO na conduta
83. Por ABSOLUTA INCOMPATIBILIDADE, um MOTIVO ANTECEDENTE e CULPA em relação ao RESULTADO
NÃO pode ser SIMULTANEAMENTE FÚTIL e TORPE. AGRAVADOR (CONSEQUENTE). Essa conclusão de-
Uma motivação EXCLUI a outra. É FÚTIL ou TORPE, corre da pena cominada ao crime: 8 (oito) a 16 (de-
OBRIGATORIAMENTE; zesseis) anos de reclusão. Com efeito, NÃO seria
84. MEIO CRUEL OU MEIO QUE CAUSE PERIGO COMUM adequada uma MORTE DOLOSA, advinda do emprego
caracteriza-se pelo emprego de qualquer meio cruel, de TORTURA, com pena máxima inferior ao HOMICÍ-
que sujeite a vítima a GRAVES e INÚTEIS VEXAMES DIO SIMPLES. Além disso, esse crime é da COMPE-
ou SOFRIMENTOS FÍSICOS ou MORAIS. É o MEIO TÊNCIA DO JUÍZO SINGULAR. A diferença repousa,
BÁRBARO, MARTIRIZANTE, BRUTAL, que aumente, destarte, no ELEMENTO SUBJETIVO DO CRIME;
INUTILMENTE, o sofrimento da vítima (exemplo: em- 90. O HOMICÍDIO praticado com emprego de VENENO é
prego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura); denominado VENEFÍCIO, e depende de PROVA PERI-
85. MEIO INSIDIOSO é o que consiste no uso de ESTRA- CIAL (EXAME TOXICOLÓGICO) para comprovar a
TAGEMA, de PERFÍDIA, de DESLEALDADE, de uma existência da QUALIFICADORA. Determinadas subs-
FRAUDE para cometer um crime sem que a vítima o tâncias INÓCUAS para as PESSOAS EM GERAL, po-
perceba (exemplo: retirar o óleo de direção do auto- dem ser tratadas como VENENO quando, em particu-
móvel para provocar um acidente fatal contra seu lar no organismo da vítima INDIVIDUALMENTE con-
proprietário); siderada, sejam aptas a levar à MORTE, em razão de
alguma DOENÇA ou como resultado de EVENTUAL
86. MEIO CRUEL é o que proporciona à vítima um IN-
REAÇÃO ALÉRGICA. Essa extensão conceitual so-
TENSO e DESNECESSÁRIO SOFRIMENTO FÍSICO ou
mente é possível quando o AUTOR do HOMICÍDIO
MENTAL, quando a MORTE poderia ser provocada de
CONHECER a INCOMPATIBILIDADE entre o ORGA-
NISMO da vítima e a SUBSTÂNCIA por ele ministrada, EMBOSCADA E À DISSIMULAÇÃO. Ocorre essa QUA-
para AFASTAR A RESPONSABILIDADE PENAL OBJE- LIFICADORA quando se utilizar recurso que DIFICUL-
TIVA (exemplo: injetar glicose em diabético; e minis- TE ou IMPOSSIBILITE a DEFESA da vítima. Como
trar anestésicos em alérgico de modo a nele provocar exemplo, destaca-se a conduta de matar a vítima
choque anafilático); com SURPRESA, enquanto DORME, quando se en-
contra em estado de EMBRIAGUEZ, em manifesta
91. Quando empregado de forma SUB-REPTÍCIA, isto é,
SUPERIORIDADE NUMÉRICA DE AGENTES (lincha-
SEM O CONHECIMENTO DO OFENDIDO, o VENENO
mento) etc.;
representará MEIO INSIDIOSO (ex.: colocar veneno
no chá da vítima). De outro lado, se for utilizado com 98. A SURPRESA é INCOMPATÍVEL com o DOLO EVEN-
VIOLÊNCIA, proporcionando ao OFENDIDO um SO- TUAL, pois o sujeito deve dirigir sua VONTADE em
FRIMENTO EXAGERADO, estará caracterizado o uma ÚNICA DIREÇÃO: matar a vítima de modo IM-
MEIO CRUEL (ex.: amarrar a vítima e injetar veneno PREVISÍVEL. Se o crime foi precedido de DESAVEN-
em seu sangue); ÇA, NÃO ocorre SURPRESA;
92. A ASFIXIA pode ser MECÂNICA (estrangulamento, 99. A SUPERIORIDADE DE ARMAS ou o emprego de AR-
esganadura, sufocação, enforcamento, afogamento, MA contra vítima DESARMANA, por si só, NÃO QUA-
soterramento, imprensamento ou sufocação indireta) LIFICA O HOMICÍDIO. Exige-se também a SURPRESA
e TÓXICA (uso de gás asfixiante ou inalação e confi- NO ATAQUE;
namento). Obs.: se a vítima for colocada em um cai-
100. POR CONEXÃO TELEOLÓGICA OU CONSEQUENCIAL
xão e enterrada viva, a causa da morte será asfixia
ocorre quando o HOMICÍDIO é realizado como MEIO
tóxica por confinamento, e não asfixia mecânica por
para executar OUTRO CRIME (CONEXÃO TELEOLÓ-
soterramento (enterrar uma pessoa com vida direta-
GICA) ou para OCULTAR a prática de OUTRO DELITO,
mente em meio sólido);
ou para assegurar a IMPUNIDADE ou VANTAGEM
93. MODO DE EXECUÇÃO QUE DIFICULTA OU TORNA deste (CONEXÃO CONSEQUENCIAL);
IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO são circuns-
101. O PARRICÍDIO, por si só, NÃO constitui QUALIFICA-
tâncias que levam à prática do crime com MAIOR
DORA para o crime de HOMICÍDIO. Porém, configura
SEGURANÇA PARA O AGENTE, que se vale da BOA-
CIRCUNSTÂNCIA AGRAVANTE, prevista no Código
FÉ ou DESPREVENÇÃO DA VÍTIMA, e revela a CO-
Penal, art. 61, II, e (crime cometido contra ASCEN-
VARDIA DO AUTOR;
DENTE, descendente, irmão ou cônjuge);
94. A TRAIÇÃO pressupõe a existência de RELAÇÃO DE
102. A PREMEDITAÇÃO, por si só, NÃO configura QUALI-
CONFIANÇA, que o ofendido depositava previamente
FICADORA para o crime de HOMICÍDIO. O HOMICÍDIO
no agente, para o fim de matá-lo em momento opor-
PREMEDITADO tanto pode ser SIMPLES como QUA-
tuno, quando o ofendido se encontrava DESPREVI-
LIFICADO, dependendo das circunstâncias de cada
NIDO e SEM VIGILÂNCIA. Pode ser FÍSICA (ex.: atirar
caso;
pelas costas) ou MORAL (atrair a vítima para um pre-
cipício). Não será cabível essa QUALIFICADORA no 103. É possível o HOMICÍDIO PRIVILEGIADO-QUALIFI-
caso de ATAQUE FRONTAL, nem, no caso concreto, CADO, desde que a QUALIFICADORA seja sempre
quando a vítima teve tempo para FUGIR. O HOMICÍ- uma circunstância OBJETIVA (MEIO ou MODO DE
DIO QUALIFICADO pela TRAIÇÃO é doutrinariamente EXECUÇÃO DO CRIME), pois, caso contrário, haveria
conhecido como homicidium proditorium; contradição inequívoca com as circunstâncias PRI-
VILEGIADORAS, que serão sempre SUBJETIVAS. NÃO
95. EMBOSCADA é a TOCAIA. O agente aguarda ESCON-
HÁ INCOMPATIBILIDADE, em tese, na coexistência
DIDO em determinado local, a passagem da vítima,
de QUALIFICADORA OBJETIVA com a forma PRIVI-
para matá-la quando ali passar. O HOMICÍDIO QUA-
LEGIADA do HOMICÍDIO, ainda que seja referente à
LIFICADO pela EMBOSCADA é também conhecido
VIOLENTA EMOÇÃO (STJ);
como homicidium ex-insidiis (“agguato” para os itali-
anos ou “guet-apens” para os franceses); 104. Em relação às QUALIFICADORAS, serão SUBJETIVAS
as circunstâncias do MOTIVO TORPE, do MOTIVO
96. DISSIMULAÇÃO é a FRAUDE empregada para DIS-
FÚTIL e da CONEXÃO TELEOLÓGICA ou CONSE-
TRAIR a vítima, a ATUAÇÃO DISFARÇADA, HIPÓCRI-
QUENCIAL; sendo consideradas OBJETIVAS as cir-
TA, que OCULTA A REAL INTENÇÃO DO AGENTE. A
cunstâncias do MODO DE EXECUÇÃO e do MEIO IN-
DISSIMULAÇÃO pode ser MATERIAL (emprego de
SIDIOSO ou CRUEL;
farda policial) ou MORAL (demonstração de simpatia
pela vítima para levá-la a local esmo e matá-la); 105. O HOMICÍDIO PRIVILEGIADO-QUALIFICADO NÃO É
CRIME HEDIONDO. Na ponderação entre as circuns-
97. OUTRO RECURSO QUE DIFICULTE OU TORNE IM-
tâncias OBJETIVAS e SUBJETIVAS, preponderam as
POSSÍVEL A DEFESA DA VÍTIMA é uma fórmula GE-
SUBJETIVAS. NÃO se configura portanto CRIME HE-
NÉRICA indicativa de MEIO ANÁLOGO À TRAIÇÃO, À
DIONDO, porque as circunstâncias de PRIVILÉGIO ra DIMINUIR AS CONSEQUENCIAS DO SEU ATO, ou
prevalecem em face das QUALIFICADORAS OBJETI- FOGE para evitar PRISÃO EM FLAGRANTE, a pena é
VAS. Outro argumento utilizado pelo STJ é o fato de aumentada de 1/3 (um terço);
que o legislador não elencou expressamente no rol
do art. 1.º da Lei 8.072/1990 (rol taxativo ou numerus
clausus) o crime de HOMICÍDIO PRIVILEGIADO- 113. Aplica-se o PERDÃO JUDICIAL (art. 121, § 5.º) se as
QUALIFICADO; CONSEQUENCIAS da infração atingiram o PRÓPRIO
AGENTE de forma tão GRAVE que a sanção penal se
106. Havendo mais de uma QUALIFICADORA, a FIXAÇÃO
torne DESNECESSÁRIA. Tem-se reconhecido como
DA PENA deverá ser feita PROPORCIONALMENTE ao
causa para a NÃO aplicação da pena o GRAVE SO-
número de QUALIFICADORAS;
FRIMENTO, DECORRENTE DO FATO, PASSADO PELO
HOMICÍDIO CULPOSO RÉU (ex.: pai mata o filho por um ato de imprudên-
cia);
107.O HOMICÍDIO é CULPOSO quando uma pessoa,
INOBSERVANDO um DEVER DE CUIDADO OBJETIVO, 114. De acordo com a corrente majoritária, a concessão
ocasiona a DESTRUIÇÃO DA VIDA de outra pessoa. A do PERDÃO JUDICIAL é um DIREITO SUBJETIVO DO
INOBSERVÂNCIA DO DEVER DE CUIDADO pressupõe ACUSADO, e não uma mera faculdade do juiz. Trata-
a AUSÊNCIA DE PREVISÃO, apesar de ser o RESUL- se de DIREITO PENAL PÚBLICO SUBJETIVO DE LI-
TADO PREVISÍVEL, pois, se houvesse PLENA CONS- BERDADE DO INDIVÍDUO, a partir do momento em
CIÊNCIA por parte do agente de que a sua CONDUTA que preenche os REQUISITOS LEGAIS. Se presente
causaria o RESULTADO MORTE, o HOMICÍDIO seria as circunstâncias exigidas pelo tipo, o juiz não pode,
então DOLOSO (direto ou eventual), NÃO cabendo segundo seu puro arbítrio, deixar de aplicá-lo. NÃO é
assim a forma CULPOSA; um FAVOR concedido pelo JUIZ. É um DIREITO do
RÉU;
108. Ocorre quando o agente, agindo com NEGLIGÊNCIA,
IMPRUDÊNCIA ou IMPERÍCIA, produz um RESULTA- 115. A decisão que concede o PERDÃO JUDICIAL é DE-
DO NÃO DESEJADO, mas PREVISÍVEL, de tal modo CLARATÓRIA DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. Se-
que podia, COM A DEVIDA ATENÇÃO, ser EVITADO. gundo o art. 120 do Código Penal, “a sentença que
Se existiu PREVISÃO por parte do agente e, ainda as- conceder PERDÃO JUDICIAL NÃO será considerada
sim o mesmo agiu, haverá HOMICÍDIO DOLOSO; para efeitos de REINCIDÊNCIA.” Segundo a Súmula
18 do STJ, “a sentença concessiva do PERDÃO JU-
109. O HOMICÍDIO CULPOSO é praticado na modalidade DICIAL é DECLARATÓRIA DA EXTINÇÃO DA PUNIBI-
da IMPRUDÊNCIA quando o agente desenvolve uma LIDADE, NÃO subsistindo QUALQUER EFEITO CON-
AÇÃO POSITIVA. A IMPRUDÊNCIA sempre é um FA- DENATÓRIO”;
ZER (ex.: empurrar um amigo na borda da piscina,
durante uma brincadeira de confraternização, cau- 116. NÃO é possível, em hipótese alguma, a COMPENSA-
sando-lhe a morte); ÇÃO DE CULPAS. Se restar COMPROVADA a CULPA
DO AGENTE, NÃO pode ele alegar a CONDUTA DA VÍ-
110. O HOMICÍDIO CULPOSO se configura na modalidade TIMA para EXCLUIR a sua FALTA DE DILIGÊNCIA;
da NEGLIGÊNCIA quando o agente DEIXA DE FAZER
algo a que estava obrigado por questão de segurança 117. É possível a CONCORRÊNCIA DE CULPAS. Porém,
ou diligência (ex.: piloto de avião deixa de ligar o NÃO PARA EXCLUIR A RESPONSABILIDADE PENAL
transponder e acaba colidindo com outra aeronave, DO AGENTE. Servirá apenas como circunstância ju-
causando a morte da tripulação); dicial para a FIXAÇÃO DA PENA-base de forma MAIS
FAVORÁVEL pra o agente (art. 59, CP);
111. O HOMICÍDIO CULPOSO é praticado na modalidade
da IMPERÍCIA quando o agente comete uma FALHA 118. A Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) alterou a reda-
relacionada a NORMAS TÉCNICAS BÁSICAS que de- ção do § 4.º, do art. 121 do Código Penal, acrescen-
veria conhecer, em virtude da sua PROFISSÃO, ATI- tando uma nova CAUSA DE AUMENTO DE PENA ao
VIDADE ou OFÍCIO. A IMPERÍCIA está ligada a uma crime de HOMICÍDIO DOLOSO, quando praticado
INOBSERVÂNCIA DE DEVER DE CUIDADO do PRO- CONTRA MAIOR DE 60 (sessenta) anos. Segundo o
FISSIONAL (ex.: engenheiro erra no cálculo da elabo- mesmo dispositivo, a pena também será aumentada
ração de uma obra, causando o seu desabamento e a de 1/3 (um terço) se o crime for praticado contra
consequente morte dos que ali estavam); pessoa MENOR DE 14 (quatorze) anos, sendo o HO-
MICÍDIO DOLOSO;
112. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA NO HOMICÍDIO
CULPOSO (art. 121, § 4.º, 1ª parte). Se o crime resul-
ta de INOBSERVÂNCIA DE REGRA TÉCNICA de PRO-
FISSÃO, ARTE ou OFÍCIO, ou se o agente DEIXA DE
PRESTAR IMEDIATO SOCORRO à vítima, NÃO procu-
INDUZIMENTO, AUXÍLIO OU INSTIGAÇÃO AO 129. Em relação ao número de ATOS que compõem a
SUICÍDIO OU A AUTOMUTILAÇÃO CONDUTA, o crime de PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO ,
em regra, é classificado como PLURISSUBSISTENTE
119. SUICÍDIO é a DESTRUIÇÃO DELIBERADA DA PRÓ- (as condutas previstas no tipo são divisíveis em di-
PRIA VIDA. É também chamado de AUTOCÍDIO ou versos atos);
AUTOQUIRIA;
130. Pode ser SUJEITO PASSIVO do crime QUALQUER
120. Conceito: A conduta consiste na PARTICIPAÇÃO EM PESSOA que possua um MÍNIMO DE CAPACIDADE
SUICÍDIO, ou seja, INDUZIR, INSTIGAR ou AUXILIAR DE RESISTÊNCIA E DISCERNIMENTO quanto à con-
alguém a DESTRUIR a PRÓPRIA VIDA, ocasionando duta criminosa. Se a VÍTIMA apresentar RESISTÊN-
MORTE ou LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE; CIA NULA, o crime será de HOMICÍDIO;
121. No Brasil, a destruição da própria vida, por si só, NÃO 131. Quando o SUICIDA é DOENTE MENTAL, ou pessoa
É CRIME. Pelo PRINCÍPIO DA AUTERIDADE, o Direito com RETARDO MENTAL, ou ainda MENOR SEM CA-
Penal só está autorizado a punir os comportamentos PACIDADE ALGUMA DE PENSAR NA DESTRUIÇÃO
que transcendam a figura do seu autor. NÃO SÃO DA PRÓPRIA VIDA, não ocorrerá o delito em estudo,
PUNÍVEIS as condutas que lesionam ou expõem a diante da capacidade de RESISTÊNCIA NULA DA VÍ-
perigo bens jurídicos PERTENCENTES EXCLUSIVA- TIMA, mas sim um HOMICÍDIO. Se a vítima MENOR
MENTE a quem a praticou. Embora NÃO SEJA CRI- DE 18 ANOS POSSUIR alguma capacidade para dis-
MINOSO, o SUICÍDIO É ILÍCITO, em face da INDISPO- por da própria vida, haverá PARTICIPAÇÃO EM SUI-
NIBILIDADE DO DIREITO À VIDA. Essa é a inteligência CÍDIO. No entanto, se o MENOR NÃO POSSUIR capa-
do Código Penal, ao estatuir em seu art. 146, § 3.º, II, cidade alguma, haverá crime de HOMICÍDIO (ex.: in-
que NÃO caracteriza CONSTRANGIMENTO ILEGAL a duzir uma criança de cinco anos de idade ou um dé-
coação exercida para IMPEDIR SUICÍDIO; bil mental a pular do alto de um edifício, convencen-
122. Objetividade jurídica: a VIDA HUMANA EXTRAUTERI- do-o que assim agindo poderia voar);
NA (exterior ao útero materno); 132. O CONSENTIMENTO DA VÍTIMA é IRRELEVANTE, em
123. Objeto material do crime: o CORPO da pessoa que se face da INDISPONIBILIDADE do bem jurídico penal-
AUTODESTRÓI; mente tutelado. Protege-se a VIDA HUMANA do início
do fenômeno do PARTO até o instante de sua EX-
124. Elemento subjetivo: é o DOLO consistente na VON- TINÇÃO;
TADE LIVRE e CONSCIENTE de INSTIGAR, INDUZIR
ou AUXILIAR alguém a SE MATAR. Não se reclama 133. A destruição da vida humana por seu TITULAR deve
nenhuma finalidade específica. NÃO se admite o cri- ser VOLUNTÁRIA. Se alguém elimina sua PRÓPRIA
me na forma CULPOSA. Pode ser praticado com DO- VIDA INCONSCIENTEMENTE, por ter sido manipulado
LO EVENTUAL (ex.: pai que expulsa de casa o filho por outra pessoa (FRAUDE), ou em decorrência de
que constantemente anuncia suicídio); VIOLÊNCIA ou GRAVE AMEAÇA, estará tipificado o
crime de HOMICÍDIO. A FRAUDE para destruir a vida
125. A PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO é crime SIMPLES de uma pessoa, ou seja, levar uma pessoa à MORTE
(ofende um único bem jurídico, a VIDA HUMANA); mediante FRAUDE, caracteriza HOMICÍDIO QUALIFI-
126. Em relação ao resultado, a PARTICIPAÇÃO EM SUI- CADO POR MEIO INSIDIOSO, e não participação em
CÍDIO é classificada como CRIME MATERIAL (exige a suicídio;
produção do RESULTADO NATURALÍSTICO MORTE 134. O NÚCLEO DO TIPO compreende a PARTICIPAÇÃO
ou LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE. Caso a MORAL, representada nos núcleos INDUZIR e INSTI-
vítima sofra LESÕES DE NATUREZA LEVE, o agente GAR alguém a suicidar-se ou a automutilar-se, e a
não responderá pelo crime, sendo FATO ATÍPICO); PARTICIPAÇÃO MATERIAL, representada na conduta
127. Em relação ao SUJEITO ATIVO do crime, a PARTICI- de AUXILIAR alguém ao SUICÍDIO ou a AUTOMUTI-
PAÇÃO EM SUICÍDIO é classificada como CRIME LAÇÃO;
COMUM, não exigindo portando nenhuma qualifica- 135. INDUZIR significa incutir, introduzir, semear na mente
ção especial do agente. Pode ser praticado por alheia a ideia do suicídio, até então INEXISTENTE;
QUALQUER PESSOA IMPUTÁVEL, ISOLADAMENTE
ou em CONCURSO com outro indivíduo; 136. INSTIGAR é reforçar o propósito suicida PREEXIS-
TENTE. A vontade suicida, que já habitava a mente
128. O crime de PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO , em regra, é da vítima, é ESTIMULADA pelo agente;
UNISSUBJETIVO, UNILATERAL ou de CONCURSO
EVENTUAL (cometido por uma só pessoa, mas admi-
te o concurso);
137. Nessas duas espécies de PARTICIPAÇÃO MORAL 143. No crime de INDUZIMENTO, AUXÍLIO OU INSTIGA-
exige-se SERIEDADE na conduta do agente. Se em ní- ÇÃO AO SUICÍDIO, a ação deve ser direcionada a
tido tom de brincadeira alguém sugere a outrem o PESSOA DETERMINADA ou PESSOAS DETERMINA-
suicídio, que de fato ocorre, o fato é ATÍPICO por au- DAS, não ocorrendo o delito quando for algo INDE-
sência de DOLO. Não se admite o crime na forma TERMINADO (PARTICIPAÇÃO GENÉRICA). Por exem-
culposa; plo, NÃO HAVERÁ CRIME se um escritor ou diretor de
película cinematográfica, ou mesmo compositor de
138. AUXILIAR é concorrer MATERIALMENTE para a práti-
uma música, levam pessoas ao SUICÍDIO, sob IN-
ca do suicídio. O auxílio deve ser EFICAZ, isto é, pre-
FLUÊNCIA DE SUAS OBRAS;
cisa contribuir EFETIVAMENTE para o SUICÍDIO. Este
AUXÍLIO, porém, deve constituir-se em atividade 144. PACTO DE MORTE ou AMBICÍDIO consiste na delibe-
ACESSÓRIA, SECUNDÁRIA. O sujeito não pode, em ração de duas ou mais pessoas em morrer ao mes-
hipótese alguma, realizar uma conduta apta a elimi- mo tempo. Em regra, caracteriza INSTIGAÇÃO ao
nar a vida da vítima. É o ofendido quem deve destruir suicídio. Porém, se um dos pactuantes executar a
sua própria vida. Dessa forma, se o agente, atenden- ação de “MATAR” contra os outros, haverá em rela-
do aos anseios suicidas de outra pessoa, provoca a ção a este HOMICÍDIO. Por exemplo, local fechado
morte desta, responde por HOMICÍDIO, e não por com torneira de gás aberta. A regra é a seguinte: o
PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO. De fato, realizou a agente que abre a torneira de gás responde por crime
conduta capaz de MATAR ALGUÉM, nada obstante o de homicídio; enquanto os outros, por instigação ao
INVÁLIDO CONSENTIMENTO DO OFENDIDO; suicídio;
139. É possível o AUXÍLIO POR OMISSÃO, embora o as- 145. ROLETA-RUSSA e DUELO AMERICANO são exemplos
sunto seja polêmico. A primeira corrente (MINORI- típicos de crime de INSTIGAÇÃO AO SUICÍDIO. Na ro-
TÁRIA) defende que a expressão “PRESTAR AUXÍLIO” leta-russa, os agentes deverão disparar sucessiva-
pressupõe uma AÇÃO (FAZER ALGO), indicativa de mente contra si uma arma de fogo municiada com
conduta COMISSIVA. Responderia o agente, mesmo apenas um único projétil, sempre girando o tambor
quando presente o DEVER DE AGIR, por OMISSÃO DE para testar a “sorte” de cada participante. No duelo
SOCORRO COM RESULTADO MORTE (CP, art. 135, p. americano, encontramos duas armas de fogo, uma
único). A segunda corrente (MAJORITÁRIA) defende carregada e a outra descarregada, devendo cada
ser possível, desde que exista o DEVER LEGAL DE agente escolher uma para apontar contra a própria
IMPEDIR O RESULTADO, na forma do art. 13, § 2.º, cabeça, acionando posteriormente o gatilho, desco-
CP (ex.: pai que deixa o filho, sob o seu pátrio poder, nhecendo a que está municiada;
suicidar-se; psiquiatra que presta serviços em um
146. Se no contexto da ROLETA-RUSSA ou do DUELO
manicômio e, consciente da intenção suicida de um
AMERICANO, porém, um dos envolvidos, que NÃO
dos pacientes, nada faz para preservar sua vida);
SABIA se a arma de fogo estava ou não apta a efetu-
140. Em relação aos meios de execução, a PARTICIPAÇÃO ar o disparo, aciona seu gatilho, apontando-a a DIRE-
EM SUICÍDIO é classificada como CRIME DE FORMA ÇÃO DE OUTREM, e assim agindo provoca sua MOR-
LIVRE (admite QUALQUER MEIO DE EXECUÇÃO); TE, O crime será de HOMICÍDIO, com DOLO EVENTU-
AL;
141. NÃO é possível a forma TENTADA, porque se trata de
CRIME DE AÇÃO VINCULADA. Havendo a MORTE ou 147. A PENA É DUPLICADA (I) se o crime é praticado por
a LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE do suici- MOTIVO EGOÍSTICO e (II) se a VÍTIMA é MENOR ou
da, o crime é CONSUMADO. A lei só pune o crime se tem DIMINUÍDA, por QUALQUER CAUSA, a CAPACI-
o SUICÍDIO se CONSUMA. Caso não existam lesões DADE DE RESISTÊNCIA. São CAUSAS DE AUMENTO
ou se estas forem LEVES, não haverá crime algum. DE PENA (art. 122, §3º I e II, CP) e incidem na terceira
Cuida-se de CRIME CONDICIONADO, em que a PUNI- fase da aplicação da pena privativa de liberdade;
BILIDADE está sujeita à produção de um RESULTADO
148. MOTIVO EGOÍSTICO é o que revela INDIVIDUALISMO
LEGALMENTE EXIGIDO. A hipótese de AUTODES-
EXAGERADO, ou seja, aquele que evidencia excessivo
TRUIÇÃO na forma CONSUMADA deve ser SEMPRE
apego próprio em detrimento dos interesses alheios
objeto de INVESTIGAÇÃO em INQUÉRITO POLICIAL,
(nesse caso, a VIDA HUMANA DE TERCEIRA PES-
visando-se a apurar a PARTICIPAÇÃO de TERCEIRA
SOA). Justifica-se a mais rigorosa punição porque o
PESSOA;
agente almeja alcançar algum PROVEITO, ECONÔMI-
142. Trata-se de CRIME INSTANTÂNEO (consuma-se com CO OU NÃO, como consequência do suicídio da víti-
a MORTE DO SUICIDA ou a LESÃO CORPORAL DE ma;
NATUREZA GRAVE, no momento DETERMINADO em
149. VÍTIMA MENOR é a pessoa MAIOR DE 14 ANOS e
que a CONDUTA é COMETIDA, sem continuidade no
MENOR DE 18 ANOS de idade. Possui capacidade de
tempo);
DISCERNIMENTO, embora REDUZIDA em face do IN-
COMPLETO DESENVOLVIMENTO MENTAL. A causa 158. Consumação: ocorre com a EFETIVA DESTRUIÇÃO
de aumento de pena fundamenta-se na MAIOR FACI- DA VIDA DO NASCENTE ou RECÉM-NASCIDO (NEO-
LIDADE que pessoas nessa faixa etária apresentam NATO);
para serem CONVENCIDAS por outrem a SUICIDA-
159. Tentativa: é admitida a FORMA TENTATA (conatus).
REM-SE. Obs.: Se a conduta for praticada contra in-
Estará configurado CRIME IMPOSSÍVEL, por IMPRO-
divíduo com IDADE IGUAL OU INFERIOR A 14 ANOS,
PRIEDADE ABSOLUTA DO OBJETO MATERIAL, nos
o crime será de HOMICÍDIO;
moldes do art. 17 do Código Penal, se a criança é
150. VÍTIMA QUE, POR QUALQUER CAUSA, TEM DIMINUÍ- EXPULSA MORTA DO ÚTERO, e a MÃE, supondo-a
DA A CAPACIDADE DE RESISTÊNCIA é a pessoa, VIVA, realiza os atos de MATAR;
MAIOR DE 18 ANOS, MAIS PROPENSA a ser INFLU-
160. Conceito: consiste no ato da MÃE, sob a influência de
ENCIADA pela PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO. Essa
ESTADO PUERPERAL, de MATAR o PRÓPRIO FILHO,
MENOR RESISTÊNCIA pode ser provocada por EN-
DURANTE O PARTO (NASCENTE) ou LOGO APÓS
FERMIDADE FÍSICA ou MENTAL, e também por efei-
(NEONATO);
tos de DROGAS ou EMBRIAGUEZ. Deve, todavia ser
de CONHECIMENTO DO AGENTE, para afastar a 161. ESTADO PUERPERAL é o CONJUNTO DE ALTERA-
RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA. Se, por outro ÇÕES FÍSICAS E PSÍQUICAS que acometem a MU-
lado, o ÉBRIO estiver COMPLETAMENTE INCONSCI- LHER em decorrência das circunstâncias relaciona-
ENTE, o crime será de HOMICÍDIO. Se a vítima ainda das ao PARTO, tais como CONVULSÕES e EMOÇÕES
NÃO ATINGIU 18 ANOS, desde que seja MAIOR DE 14 PROVOCADAS PELO CHOQUE CORPORAL, as quais
ANOS, a CAUSA DE AUMENTO DE PENA será a da hi- afetam sua SAÚDE MENTAL. Prevalece entendimen-
pótese anterior (a vítima é MENOR); to no sentido de ser DESNECESSÁRIA PERÍCIA para
contestação do ESTADO PUERPERAL, por se tratar
INFANTICÍDIO de EFEITO NORMAL e INERENTE A TODO e QUAL-
151. O INFANTICÍDIO, que em seu sentido etimológico QUER PARTO. A MULHER, obviamente, ainda que
significa a MORTE DE UM INFANTE, é uma FORMA SOB A INFLUÊNCIA DO ESTADO PUERPERAL, é tra-
PRIVILEGIADA DE HOMICÍDIO. Aqui a conduta tam- tada como pessoa IMPUTÁVEL;
bém consiste em “MATAR”, mas o legislador decidiu 162. NÃO BASTA, entretanto, SER O CRIME COMETIDO
criar uma nova figura típica, com PENA sensivelmen- DURANTE O PERÍODO DO ESTADO PUERPERAL. Exi-
te MENOR, pelo fato de ser praticado pela MÃE con- ge-se RELAÇÃO DE CAUSALIDADE SUBJETIVA entre
tra seu PRÓPRIO FILHO, NASCENTE ou RECÉM- a MORTE DO NASCENTE ou NEONATO e o ESTADO
NASCIDO, DURANTE O PARTO ou LOGO APÓS, influ- PUERPERAL, pois a conduta deve ser criminosa SOB
enciada pelo ESTADO PUERPERAL; SUA INFLUÊNCIA. É o que se extrai da leitura do art.
152. O PARTO tem início com a DILATAÇÃO, instante em 123 do CP. AUSENTE essa ELEMENTAR (“sob a in-
que se evidenciam as características das dores e da fluência do estado puerperal”), o crime será de HO-
dilatação do colo do útero. Em seguida, passa-se à MICÍDIO;
EXPULSÃO, na qual o nascente é impelido para fora 163. Classificação: o INFANTICÍDIO é CRIME PRÓPRIO
do útero. Finalmente, há a EXPULSÃO DA PLACENTA, (deve ser praticado pela MÃE, mas permite o CON-
e o parto está terminado. A MORTE DO OFENDIDO, CURSO DE PESSOAS); DE FORMA LIVRE (admite
em QUALQUER DESSAS FASES, tipifica o crime de QUALQUER MEIO DE EXECUÇÃO); COMISSIVO ou
INFANTICÍDIO. Daí falar, com razão que “O INFANTI- OMISSIVO; MATERIAL (somente se consuma com a
CÍDIO É A DESTRUIÇÃO DE UMA PESSOA, O ABORTO MORTE); INSTANTÂNEO (consuma-se em MOMENTO
É A DESTRUIÇÃO DE UMA ESPERANÇA”; DETERMINADO, sem continuidade no tempo); UNIS-
153. Objeto jurídico: a VIDA HUMANA do NASCENTE (em SUBJETIVO, UNILATERAL ou de CONCURSO EVEN-
processo de parto) ou RECÉM-NASCIDO (NEONATO); TUAL (pode ser cometido por UMA ÚNICA PESSOA,
mas admite o CONCURSO); PLURISSUBSISTENTE
154. Objeto material: o CORPO do NASCENTE ou NEONA- (conduta divisível em vários atos); e PROGRESSIVO
TO, contra quem se dirigiu a conduta criminosa; (antes de alcançar a MORTE, a vítima NECESSARIA-
155. SUJEITO ATIVO é a MÃE em ESTADO PUERPERAL MENTE suporta FERIMENTOS);
(CRIME PRÓPRIO); 164. De acordo com posicionamento amplamente MAJO-
156. SUJEITO PASSIVO é o NASCENTE ou RECÉM- RITÁRIO, responde por INFANTICÍDIO, o TERCEIRO
NASCIDO; que AUXILIA a MÃE a MATAR o PRÓPRIO FILHO, e
NÃO POR HOMICÍDIO. O art. 30 do CP determina a
157. Elemento subjetivo: é o DOLO, consistente na VOL-
COMUNICABILIDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS DE CA-
TADE DE MATAR O PRÓPRIO FILHO. NÃO EXISTE IN-
RÁTER PESSOAL, quando ELEMENTARES do crime
FANTICÍDIO CULPOSO;
(TODOS OS TERCEIROS QUE CONCORREM PARA UM
INFANTICÍDIO POR ELE TAMBÉM RESPONDEM), choques e quedas. Não caracteriza crime, por ausên-
desde que a lei não disponha de forma contrária; cia de dolo); CRIMINOSO (é a interrupção dolosa da
gravidez, provocada pela vontade de causar o aborto.
165. O Código Penal adota a TEORIA MONISTA, pela qual
Encontra previsão nos arts. 124 a 127 do CP); LEGAL
TODOS os que colaborarem para o COMETIMENTO
OU PERMITIDO (é a interrupção da gravidez de forma
de um crime incidem nas PENAS a ele destinadas.
voluntária e aceita por lei. Hipóteses de exclusão do
No caso presente, COAUTORES e PARTÍCIPES res-
crime. Não há crime por expressa previsão legal. Art.
pondem igualmente por INFANTICÍDIO;
128 do CP); EUGÊNICO OU EUGENÉSICO (é a inter-
166. Embora presente uma injustiça, que poderia ser cor- rupção da gravidez para evitar o nascimento da cri-
rigida pelo legislador, tanto a MÃE QUE MATA O FI- ança com graves deformidades genéticas. Discute-se
LHO sob a influência do ESTADO PUERPERAL, quan- se configura ou não crime de aborto); ECONÔMICO
to o PARTÍCIPE que a auxilia, RESPONDEM POR IN- OU SOCIAL (mata-se o feto para não agravar a situa-
FANTICÍDIO; ção de miserabilidade enfrentada pela mãe ou por
167. O mesmo ocorre quando a MÃE AUXILIA, sob a in- sua família. Trata-se de modalidade criminosa, pois
fluência do ESTADO PUERPERAL, o TERCEIRO QUE não foi acolhida pelo direito penal brasileiro);
TIRA A VIDA DO SEU FILHO e ainda se AMBOS (MÃE 173. Objeto jurídico: VIDA HUMANA INTRAUTERINA;
e TERCEIRO) MATAM A CRIANÇA NASCENTE OU
174. Objeto material: EMBRIÃO ou FETO, em todas as
RECÉM-NASCIDA (RESPONDEM POR INFANTICÍDIO).
modalidades do ABORTO CRIMINOSO. O Código Pe-
A doutrina é AMPLAMENTE PREDOMINANTE nesse
nal não estabelece qualquer distinção entre ÓVULO
sentido;
FECUNDADO, EMBRIÃO ou FETO. Todos são mere-
168. O TERCEIRO deve conhecer a CIRCUNSTÂNCIA DE cedores da TUTELA PENAL. Deve haver PROVA DA
CARÁTER PESSOAL – elementos atinentes ao sujeito GRAVIDEZ, decorrente de normal desenvolvimento
(“ser mãe”) e à motivação do crime (“estado puerpe- fisiológico, pois o ABORTO depende da MORTE do
ral”) – para que esta possa se COMUNICAR. Caso FETO. Em todas as espécies de ABORTO CRIMINOSO
contrário, haverá crime de HOMICÍDIO; é IMPRESCINDÍVEL A PROVA DA GRAVIDEZ;
169. Essa situação é criticável, porque fere o PRINCÍPIO 175. Se a mulher NÃO ESTAVA GRÁVIDA, ou se o FETO JÁ
DA PROPORCIONALIDADE DAS PENAS no Direito Pe- HAVIA MORRIDO por outro motivo qualquer, está
nal. O TERCEIRO é beneficiado por uma pena BEM configurado CRIME IMPOSSÍVEL por ABSOLUTA IM-
MENOS GRAVE do que a pena do crime de HOMICÍ- PROPRIEDADE DO OBJETO (CP, art. 17). Além disso,
DIO; o FETO deve estar alojado no ÚTERO MATERNO. Lo-
ABORTO go, não haverá ABORTO, por exemplo, na DESTRUI-
ÇÃO de um TUBO DE ENSAIO que contém um ÓVULO
170. ABORTO é a interrupção da gravidez, da qual resulta fertilizado in vitro. Não se exige ter o FETO VIABILI-
a MORTE do produto da concepção. É a INTERRUP- DADE. Basta que esteja VIVO ANTES da prática da
ÇÃO VIOLENTA e ILEGÍTIMA da GRAVIDEZ, com a conduta criminosa;
DESTRUIÇÃO DA VIDA HUMANA INTRAUTERINA,
176. SUJEITO ATIVO é a GESTANTE, nas modalidades
mediante o ASSASSÍNIO de um FETO IMATURO,
tipificadas pelo art. 124, CP (CRIME PRÓPRIO); e
DENTRO ou FORA do ÚTERO MATERNO;
QUALQUER PESSOA, nos demais casos (CRIMES
171. É com a FECUNDAÇÃO que se inicia a GRAVIDEZ. A COMUNS);
partir de então já existe uma NOVA VIDA EM DESEN-
177. Os crimes de AUTOABORTO e CONSENTIMENTO
VOLVIMENTO, merecedora da tutela do Direito Penal.
PARA O ABORTO, previstos pelo art. 124 do CP, são
Há ABORTO qualquer que seja o momento da EVO-
CRIMES DE MÃO PRÓPRIA, pois somente a GES-
LUÇÃO FETAL. A proteção PENAL ocorre desde a fa-
TANTE pode provocar ABORTO em si mesma ou
se em que as CÉLULAS GERMINAIS SE FUNDEM,
CONSENTIR que outrem lho provoque. NÃO admitem
com a constituição do OVO ou ZIGOTO, até aquela
COAUTORIA, mas apenas PARTICIPAÇÃO;
em que se inicia o PROCESSO DE PARTO, pois a par-
tir de então o crime será de HOMICÍDIO ou INFANTI- 178. SUJEITO PASSIVO é sempre o FETO, ou seja, o PRO-
CÍDIO. Após o PROCESSO DE PARTO, não há que se DUTO DA CONCEPÇÃO. No ABORTO PROVOCADO
falar em ABORTO; POR TERCEIRO SEM O CONSENTIMENTO DA GES-
TANTE (CP, art. 125), há DUAS VÍTIMAS: o FETO e a
172. São ESPÉCIES de ABORTO: NATURAL (é a interrup-
GESTANTE (CRIME DE DUPLA SUBJETIVIDADE PAS-
ção espontânea da gravidez, provocada por fatores
SIVA). Alguns autores entendem que o SUJEITO
biológicos. O organismo da mulher, por questões pa-
PASSIVO é o ESTADO e a SOCIEDADE em geral;
tológicas, elimina o feto. Não há crime); ACIDENTAL
(é a interrupção da gravidez provocada por erro hu-
mano ou por eventualidades, traumatismos, como
179. Elemento subjetivo: é o DOLO, consistente na VON- 187. O CRIME DE AUTOABORTO (art. 124) divide-se em
TADE DE PROVOCAR ABORTO, EM SI MESMA ou EM duas situações: a) provocar aborto em si mesma
OUTREM, ou de CONSENTIR QUE TERCEIRA PESSOA (AUTOABORTO); b) dar consentimento para que ou-
LHO PROVOQUE. Somente existe o crime na sua trem realize o aborto (CONSENTIMENTO PARA O
forma DOLOSA, não havendo hipótese de ABORTO ABORTO);
CULPOSO. A AUSÊNCIA DE GRAVIDEZ afasta o crime
188. Na primeira situação, a GESTANTE é a AUTORA do
de ABORTO;
AUTOABORTO. Na segunda parte, a GRÁVIDA não
180. Consumação: com a MORTE DO FETO, resultante da pratica em si mesma o ABORTO, mas autoriza um
interrupção DOLOSA da gravidez. Pouco importa te- TERCEIRO QUALQUER, que não precisa ser médico, a
nha a MORTE se produzido no ÚTERO MATERNO ou fazê-lo. O Código Penal abre uma exceção à TEORIA
depois da PREMATURA EXPULSÃO provocada pelo MONISTA ou UNITÁRIA adotada pelo art. 29, caput,
agente. É PRESCINDÍVEL A EXPULSÃO DO PRODUTO no tocante ao CONCURSO DE PESSOAS, criando figu-
DA CONCEPÇÃO. ras distintas: a GESTANTE é AUTORA DO CRIME tipi-
ficado na 2.ª parte do art. 124 (PRESTA O CONSEN-
181. Tentativa: admite-se a FORMA TENTADA (conatus)
TIMENTO), enquanto o TERCEIRO QUE PROVOCA O
em todas as modalidades de ABORTO CRIMINOSO.
ABORTO é AUTOR do crime definido pelo art. 126, CP.
Se, praticada a conduta criminosa tendente ao
Decidiu-se tratar a MULHER de forma mais BRANDA
ABORTO, o FETO for EXPULSO COM VIDA, o crime se-
em decorrência dos ABALOS FÍSICOS e MENTAIS
rá de TENTATIVA DE ABORTO;
que ele enfrenta com o ABORTO, nada obstante CRI-
182. Se a INTENÇÃO DO AGENTE era FERIR A GESTANTE, MINOSO;
e não provocar o aborto, o crime será de LESÃO
189. Prevalece a posição que entende que o CONCURSO
CORPORAL GRAVE EM FACE DA ACELERAÇÃO DO
DE AGENTES somente pode ocorrer caso o TERCEI-
PARTO (art. 129, § 1.º, IV, CP);
RO RESPONDA COMO PARTÍCIPE (induzir, instigar ou
183. Se o PROCEDIMENTO ABORTIVO acarretar na EX- auxiliar, de forma secundária, a gestante a provocar
PULSÃO DO FETO COM VIDA e, em seguida, o AGEN- aborto em si mesma). Caso TERCEIRO pratique ATOS
TE REALIZAR NOVA CONDUTA CONTRA O RECÉM- EXECUTÓRIOS DO ABORTO, responderá por CRIME
NASCIDO, para MATÁ-LO, haverá CONCURSO MATE- AUTÔNOMO, previsto no art. 126 do CP (aborto com
RIAL entre TENTATIVA DE ABORTO e HOMICÍDIO (ou consentimento da gestante);
INFANTICÍDIO, se presentes as ELEMENTARES do
190. Existe a possibilidade da prática do crime de ABOR-
art. 123, CP);
TO POR OMISSÃO. Apesar de o assunto ser CON-
184. Se o AGENTE praticar a conduta ABORTIVA e o FETO TROVERSSO, essa é a posição MAJORITÁRIA, justa-
for EXPULSO COM VIDA, morrendo POSTERIORMEN- mente porque a MÃE GESTANTE POSSUI O DEVER
TE EM DECORRÊNCIA DA MANOBRA REALIZADA, o LEGAL DE PROTEGER O FETO, NÃO PODENDO SE
crime será de ABORTO CONSUMADO; OMITIR;
185. Conceito: É a INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ com a 191. No CRIME DE ABORTO PROVOCADO SEM O CON-
DESTRUIÇÃO DA VIDA HUMANA INTRAUTERINA; SENTIMENTO DA GESTANTE (art. 125), o criminoso
186. Classificação: ABORTO é crime MATERIAL (somente pode agir com FORÇA, AMEAÇA OU FRAUDE (ex.:
se consuma com a MORTE DO FETO); PRÓPRIO E DE criminoso agride namorada com VIOLÊNCIA FÍSICA,
MÃO PRÓPRIA (art. 124) ou COMUM (arts. 125 e obrigando-a ao aborto; ou AMEAÇA-A DE MORTE; ou
126); INSTANTÂNEO (consumação em momento DE- ainda a leva ao ERRO, colocando substância abortiva
TERMINADO, sem continuidade no tempo); COMIS- na alimentação desta). O SUJEITO PASSIVO neste
SIVO OU OMISSIVO; UNISSUBJETIVO, UNILATERAL caso é a GESTANTE e o FETO (CRIME DE DUPLA
OU DE CONCURSO EVENTUAL (em regra praticado SUBJETIVIDADE PASSIVA);
por uma ÚNICA PESSOA, mas admite o concurso); ou 192. Presume-se INEXISTENTE O CONSENTIMENTO DA
então PLURISSUBJETIVO OU DE CONCURSO NE- GESTANTE, aplicando-se esta norma penal, quando a
CESSÁRIO (no ABORTO provocado COM O CONSEN- GESTANTE NÃO É MAIOR DE 14 ANOS, ou quando é
TIMENTO DA GESTANTE, nada obstante a diversida- DOENTE MENTAL, conforme o parágrafo único do
de de crimes para os envolvidos: art. 124 para a art. 126, CP. Neste caso, o AGENTE TEM QUE SABER
GESTANTE e art. 126 para o TERCEIRO); em regra que a VÍTIMA é MENOR de 14 ANOS ou ALIENADA
PLURISSUBSISTENTE (conduta DIVISÍVEL em vários MENTAL;
ATOS); DE FORMA LIVRE (admite QUALQUER MEIO
193. Ocorre CRIME DE ABORTO PROVOCADO COM O
DE EXECUÇÃO); e PROGRESSIVO (o FETO é FERIDO
CONSENTIMENTO DA GESTANTE (art. 126) quando
NECESSARIAMENTE antes de MORRER);
TERCEIRO realiza o PROCEDIMENTO ABORTIVO,
COM o consentimento da GESTANTE (ex.: médico);
194. O ABORTO QUALIFICADO (art. 127) é crime PRETER- 200. Como a lei se refere apenas ao MÉDICO, caso o
DOLOSO. A conduta DOLOSA do agente se direciona ABORTO seja praticado por OUTRA PESSOA SEM A
exclusivamente para CAUSAR O ABORTO (DOLO NO ESPECIALIDADE MÉDICA, provando-se o SACRIFÍCIO
ANTECEDENTE), porém, sobrevém um resultado LE- ÚLTIMO para salvar a VIDA DA GESTANTE, haverá
SÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE ou MORTE, ESTADO DE NECESSIDADE, conforme art. 24, CP;
não desejado e não previsto (CULPA NO CONSE-
201. No ABORTO SENTIMENTAL, HUMANITÁRIO, ÉTICO,
QUENTE);
PIEDOSO ou ABORTO NO CASO DE GRAVIDEZ RE-
195. O RESULTADO MAIS GRAVE (lesão corporal grave ou SULTANTE DE ESTUPRO, o Código Penal encontra
morte) NÃO DEVE TER SIDO QUERIDO pelo agente, FUNDAMENTO de validade na DIGNIDADE DA PES-
pois NESSES CASOS deverá ele RESPONDER por SOA HUMANA (CF, art. 1.º, inc. III). O ABORTO em
crimes de LESÕES CORPORAIS ou HOMICÍDIO, em decorrência de crime de ESTUPRO somente pode ser
CONCURSO COM O ABORTO. Em outras palavras, realizado com a AUTORIZAÇÃO DA GESTANTE, ou
havendo também DOLO DE CAUSAR A LESÃO COR- quando incapaz, de seu REPRESENTANTE LEGAL;
PORAL DE NATURAZA GRAVE ou a MORTE DA GES-
202. Na hipótese do ABORTO SENTIMENTAL, o MÉDICO
TANTE, responderá o agente pelo CONCURSO DE
NÃO PRECISA DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. Para a
CRIMES DE ABORTO E LESÃO CORPORAL GRAVE ou
realização do PROCEDIMENTO ABORTIVO, basta o
ABORTO E HOMICÍDIO;
registro do BOLETIM DE OCORRÊNCIA PELO CRIME
196. A LESÃO LEVE constitui RESULTADO NATURAL da DE ESTUPRO, isto é, NÃO SE EXIGE ORDEM JUDICI-
prática ABORTIVA e o CP só pune a OFENSA COR- AL, ou SENTENÇA CONDENATÓRIA CONTRA O ES-
PORAL GRAVE. Por isso, o crime do art. 129, caput, TUPRADOR, nem mesmo a INSTAURAÇÃO de IN-
fica absorvido pelo ABORTO (PRINCÍPIO da CON- QUÉRITO POLICIAL;
SUNÇÃO ou PRINCÍPIO DA ABSORÇÃO);
203. NÃO SE ADMITE ABORTO por SUSPEITA de que o
197. Se em decorrência do PROCEDIMENTO ABORTIVO a FETO possui DEGENERAÇÕES ou ANOMALIAS GRA-
GESTANTE MORRE, mas o FETO SOBREVIVE, haverá VES; ou ABORTO SOCIAL, ECONÔMICO ou MISERÁ-
crime de ABORTO QUALIFICADO CONSUMADO, uma VEL realizado pela GESTANTE por FALTA de condi-
vez que os crimes PRETERDOLOSOS NÃO ADMITEM ções ECONÔMICAS ou SOCIAIS para sustentar a cri-
A FORMA TENTADA, pouco importando que o abor- ança; muito menos o ABORTO HONORIS CAUSA, pa-
tamento não se tenha efetivado. Não cabe mesmo fa- ra proteger a HONRA;
lar em TENTATIVA DE CRIME PRETERDOLOSO, pois
204. O direito brasileiro NÃO contempla regra PERMISSI-
neste o resultado agravador NÃO É QUERIDO, sendo
VA DO ABORTO nas hipóteses em que os exames
IMPOSSÍVEL ao agente TENTAR PRODUZIR ALGO
médicos pré-natais indicam que a criança nascerá
QUE NÃO QUIS;
com GRAVES DEFORMIDADES FÍSICAS ou PSÍQUI-
198. O ABORTO LEGAL ou PERMITIDO arrola duas CAU- CAS. Não autoriza, pois, o ABORTO EUGÊNICO ou
SAS ESPECIAIS DE EXCLUSÃO DA ILICIDUTE. Embo- EUGENÉSICO. O FUNDAMENTO dessa opção é a TU-
ra o ABORTO praticado em tais situações constitua TELA da VIDA HUMANA no MAIS AMPLO SENTIDO. A
FATO TÍPICO, não há crime pelo fato de serem hipó- MAIORIA DA DOUTRINA é favorável à EXCLUSÃO DA
teses admitidas pelo ordenamento jurídico, com ILICITUDE nessas hipóteses excepcionais, desde que
FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL. São DUAS as es- atendidos requisitos rígidos;
pécies de ABORTO LEGAL (art. 128, I e II, CP): o
205. No tocante à ANENCEFALIA, relevante parcela do
ABORTO NECESSÁRIO e o ABORTO SENTIMENTAL;
Poder Judiciário tem permitido a prática do ABORTO,
199. No ABORTO NECESSÁRIO ou TERAPÊUTICO há con- EXCLUSIVAMENTE POR MÉDICO, quando COMPRO-
flito entre dois valores FUNDAMENTAIS: a VIDA DA VADA. De fato, o produto da concepção somente
GESTANTE e a VIDA DO FETO. O legislador deu prefe- subsiste ao longo de DIAS ou MESES em razão da
rência à GESTANTE, por se tratar de PESSOA MADU- sua ligação com o organismo da GESTANTE, de mo-
RA e COMPLETAMENTE FORMADA, sem a qual difi- do que com o corte do cordão umbilical a MORTE É
cilmente o PRÓPRIO FETO poderia seguir adiante. INEVITÁVEL. A posição atual do STJ vem sendo no
Cabe ao MÉDICO decidir sobre a NECESSIDADE DO sentido de desconsiderar a ILICITUDE DO ABORTO
ABORTO a fim de ser PRESERVADO o BEM JURÍDICO nos casos de FETOS ANENCEFÁLICOS. No STF, a
que a LEI considera MAIS IMPORTANTE (A VIDA DA matéria vem sendo discutida, em sede de Ação de
MÃE) em prejuízo do BEM MENOR (A VIDA INTRAU- Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF),
TERINA). O MÉDICO NÃO PRECISA DE AUTORIZAÇÃO com uma tendência FAVORÁVEL AO ABORTO nos
DA GESTANTE. Assim, deverá realizar o PROCEDI- casos de ANENCEFALIA.
MENTO ABORTIVO mesmo CONTRA A VONTADE
DESTA;
A) estelionato.
B) corrupção passiva.
C) concussão.
D) extorsão.
E) extorsão indireta.
01.(FCC / Analista - Bahiagás / 2010) O ato de receber,
como garantia de dívida, abusando da situação de al- GABARITO: D
guém, documento que pode dar causa a procedimento
criminal contra a vítima, constitui crime de COMENTÁRIOS: No estelionato, o agente não se utiliza de
A) fraude na entrega de coisa. violência ou ameaça para obter a vantagem ilícita almeja-
B) estelionato. da, mas sim de meio fraudulento, através do qual ele in-
C) fraude no comércio. duz a vítima a erro. A vítima, ludibriada pela fraude, DESE-
D) extorsão indireta. JA entregar o dinheiro ou outro bem qualquer ao agente,
E) furto qualificado pela fraude. que, repita-se, não a obriga a tanto mediante ameaça ou
violência, apenas a engana.
GABARITO: D
No caso em tela, o fato de o agente ter se apresentado
COMENTÁRIOS: Trata-se do crime de extorsão indireta. falsamente como policial não descaracteriza o crime de
Vide o CP no art. 160: extorsão, pois o meio fraudulento, aí, serviu para tornar
plausível a ameaça.
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusan-
do da situação de alguém, documento que pode dar causa a 04.(FCC / Analista - TRE-AM / 2010) Não constitui causa
procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro: de aumento da pena do roubo, prevista no Código Pe-
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. nal
A) a participação de organização criminosa.
02.(FCC / Assessor Jurídico - TJ-PI / 2010) Pedro ingres- B) a restrição de liberdade da vítima, mantida em po-
sou numa joalheria e afirmou que pretendia adquirir der do agente.
um anel de ouro para sua esposa. A vendedora colocou C) o emprego de arma para o exercício da violência ou
sobre a mesa diversos anéis. Após examiná-los, Pedro grave ameaça.
disse que lhe agradou mais uma peça que estava ex- D) a subtração de veículo automotor que venha a ser
posta no canto da vitrine e que queria vê-la. A vende- transportado para outro Estado ou para o exterior.
dora voltou-lhe as costas, abriu a vitrine e retirou o E) o concurso de duas ou mais pessoas.
anel. Valendo-se desse momento de descuido da ven-
dedora, Pedro apanhou um dos anéis que estava sobre GABARITO: A
a mesa e colocou-o no bolso. Em seguida, examinou o
anel que estava na vitrine, disse que era bonito, mas COMENTÁRIOS: A participação de organização criminosa
muito caro, agradeceu e foi embora, levando no bolso não está elencada nos casos de aumentativo de pena do
a joia que havia apanhado. Nesse caso, Pedro respon- roubo.
derá por
A) furto simples. 05.(FCC / TJ-GO / 2009) Determinada pessoa recebeu em
B) estelionato. proveito próprio coisa alheia móvel cuja subtração es-
C) furto qualificado pela fraude. pecífica previamente encomendara a outrem. Assim,
D) apropriação indébita. cometeu o delito de
E) roubo. A) furto simples.
B) receptação dolosa.
GABARITO: C C) furto qualificado pelo concurso.
D) favorecimento real.
COMENTÁRIOS: No caso em tela opera-se o furto qualifi- E) favorecimento pessoal.
cado pela fraude. O agente engana a vítima através da
distração e, com isso, furta o objeto. GABARITO: C

03.(FCC / Assessor Jurídico - TJ-PI / 2010) O meliante COMENTÁRIOS: No caso em tela houve o furto qualifica-
que, se Intitulando falsamente agente policial, exige do pelo CONCURSO DE PESSOAS, onde o adquirente da
quantia em dinheiro de particular, sob a ameaça de coisa alheia móvel enquadra-se como partícipe, pois não
prendê-lo por ter adquirido veículo produto de furto, realizou elementos do tipo, mas contribuiu para a realiza-
responderá pelo crime de ção do crime (encomendando previamente e especifica-
damente o bem a ser subtraído ao autor), atitude esta que COMENTÁRIOS: Analisando as alternativas:
configura um dos requisitos do concurso de pessoas, ou
seja, o LIAME SUBJETIVO entre autor e partícipe. Alternativa “A” - O legislador, visando proteger os direitos
patrimoniais, trata do crime de estelionato, que encontra
Art. 29 - Quem, de qualquer modo (encomendando um bem ao previsão no art. 171, do Código Penal:
autor), concorre para o crime (roubo ou furto) incide nas
penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, me-
06.(FCC / TJ-GO / 2009 - Adaptada) No que concerne aos diante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento
crimes contra o patrimônio, possível assegurar que No parágrafo 1º, do supracitado artigo, tem-se a previsão
A) admitem, em alguns casos expressos, o perdão ju- da figura privilegiada do delito, o que torna a alternativa
dicial. incorreta.
B) a intimidação feita com arma de brinquedo autoriza Observe:
o aumento da pena no crime de roubo, consoante § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o preju-
entendimento sumulado do Superior Tribunal de ízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art.
Justiça. 155, § 2º.
C) não há previsão legal de infração culposa. Para o perfeito entendimento, faz-se necessária a análise
D) a ação penal é sempre pública incondicionada. do parágrafo 2º, art. 155, do Código Penal, citado no texto
E) N.R.A. legal acima apresentado. Observe:
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa
GABARITO: A furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de
detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente
COMENTÁRIOS: Analisando: a pena de multa.

Alternativa "A" - Correta - O perdão judicial é admissível, Alternativa “B” - O delito de extorsão é caracterizado pelo
em alguns casos, nos crimes contra o patrimônio. Um ato de constranger alguém, mediante violência ou grave
exemplo é a possibilidade do perdão no caso da recepta- ameaça, e com o intuito de obter, para si ou para outrem,
ção (art. 180) indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça
ou deixar fazer alguma coisa.
Alternativa "B" - Errada - Conforme vimos em nossa aula, o A alternativa contraria o art. 158, parágrafo 1º, do Código
STJ cancelou a súmula 174 que autorizava o aumento da Penal, que dispõe que se o crime de extorsão é cometido
pena nos delitos cometidos com arma de brinquedo. por duas ou mais pessoas ou com emprego de arma, au-
menta-se a pena de um terço até metade.
Alternativa "C" - Errada - Há previsão de infração culposa,
como, por exemplo, a receptação (Art. 180, § 3º). Alternativa “C” - Esta é a alternativa correta, pois a atual
legislação brasileira desconhece o furto de uso. Este
Alternativa "D" - Errada - Nem todos os delitos são de ocorre quando alguém arbitrariamente retira coisa alheia
ação penal pública incondicionada (art. 176). infungível para dela servir-se momentaneamente ou pas-
sageiramente, repondo-a, a seguir, íntegra, na esfera de
07.(FCC / MPE-SE / 2009) Quanto aos crimes contra o atividade patrimonial do dono.
patrimônio, é correto afirmar que: A doutrina majoritária entende que o furto de uso consti-
A) o estelionato não admite a figura privilegiada do de- tui figura atípica, sendo, portanto, um indiferente penal.
lito.
B) a pena, na extorsão, pode ser aumentada até dois Alternativa “D” - A alternativa contraria entendimento
terços se praticada por duas ou mais pessoas. firmado pelo STF segundo o qual há crime de latrocínio
C) o chamado "furto de uso", se aceito, não constituiria quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o
crime por falta de tipicidade. agente a subtração de bens da vítima. Portanto, incorreta
D) há latrocínio tentado no caso de homicídio consu- a alternativa.
mado e subtração tentada, segundo entendimento
sumulado do Supremo Tribunal Federal. Alternativa “E” - Até 2001 esta alternativa estaria correta,
E) o emprego de arma de brinquedo qualifica o roubo, pois havia previsão expressa desta possibilidade na sú-
de acordo com Súmula do Superior Tribunal de Jus- mula 174 do STJ. Entretanto, com o cancelamento da
tiça. referida súmula, o entendimento atual e pacífico é de que
o emprego de arma de brinquedo NÃO qualifica o roubo, o
GABARITO: C que torna a alternativa incorreta.
08.(FCC / Defensor Público-MA / 2009) Há previsão legal A) tentativa de roubo.
de escusa absolutória nos delitos patrimoniais desde B) furto qualificado pela destreza.
que seja cometido contra cônjuge, na constância da C) roubo consumado.
sociedade conjugal, D) furto simples.
A) ascendente, excluídos os crimes de roubo ou de ex- E) tentativa de furto qualificado pela destreza.
torsão, ou, em geral, quando haja emprego de vio-
lência ou grave ameaça somente contra a pessoa. GABARITO: C
B) ascendente, descendente, excluídos os crimes de
roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja COMENTÁRIOS: No caso apresentado, não resta dúvida
emprego de violência ou grave ameaça somente de que a intenção do agente era a de furtar a carteira de
contra a pessoa. José . Entretanto, para obter o proveito do crime, João
C) ascendente, excluídos os crimes de roubo ou de ex- precisou utilizar a violência, o que caracteriza o roubo
torsão, ou, em geral, quando haja emprego de vio- consumado. Correta a alternativa “C”. Cabe ressaltar que
lência ou grave ameaça contra a pessoa e ao estra- incorre no crime de furto aquele que subtrai, “para si ou
nho que participa do crime. para outrem, coisa alheia móvel”.
D) ascendente, descendente, excluídos os crimes de
roubo, extorsão e latrocínio. Pratica o crime de roubo aquele que subtrai “coisa móvel
E) ascendente, descendente, excluídos os crimes de alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja violência à pessoa, ou depois de havê-lo, por qualquer
emprego de violência ou grave ameaça contra a meio, reduzido à impossibilidade de resistência”.
pessoa e ao estranho que participa do crime.
Observa-se que a diferença entre os dois crimes reside no
GABARITO: E fato de que no roubo o agente pratica violência, grave
COMENTÁRIOS: O art. 181, do Código Penal, estabelece a ameaça ou reduz à impossibilidade de resistência da ví-
escusa absolutória, confirmando a existência do crime, tima, enquanto no crime de furto nenhuma destas condu-
mas isentando de pena o sujeito ativo que cometa crime tas ocorrem.
contra o patrimônio:
10.(FCC / defensor - DPE-MT / 2009) O funcionário públi-
1. De seu cônjuge, na constância da sociedade conjugal; co que, mediante grave ameaça com arma de fogo,
2. De ascendente ou descendente seu, seja o parentesco subtrai um automóvel de um particular, utiliza- o para
legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. viagem de turismo e depois o abandona em frente à
residência da vítima, comete
Todavia, a aplicabilidade do art. 181 não é absoluta, não A) violência arbitrária.
sendo aplicado: B) roubo de uso.
C) roubo simples.
• Se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, D) peculato.
quando haja emprego de grave ameaça ou violência à E) roubo qualificado.
pessoa;
GABARITO: E
• Ao estranho que participa do crime;
COMENTÁRIOS: No caso em tela, o funcionário não detém
• Se o crime é praticado contra pessoa com idade igual
o bem em virtude do cargo, logo, não há que se cogitar a
ou superior a 60 (sessenta) anos.
possibilidade do Peculato, mas sim de roubo.
Diante do exposto, a única alternativa que completa corre-
tamente o enunciado é a “E”. De acordo com o art. 157, §2º, do CP, configura roubo
qualificado quando há utilização de arma de fogo.
09.(FCC / Polícia Militar-BA / 2009) João aproximou-se
de José numa via pública, enfiou a mão no bolso tra- Art. 157 - [...] § 2º - A pena aumenta-se de um terço até meta-
seiro de sua calça e subtraiu-lhe a carteira. José, no
de:
entanto, percebeu a ação de João e agarrou-lhe a mão.
João desferiu vários socos e pontapés em José, cau-
sando-lhe ferimentos leves, conseguiu desvencilhar- I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de ar-
se e fugir de posse do produto do crime. Nesse caso, ma.
João responderá por:
*****

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