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ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO
DESLOCAMENTO DE FLUIDOS
NEWTONIANOS EM CAPILARES
Niterói, 2010
HENRIQUE FIGUEIREDO DE MELLO
DESLOCAMENTO DE FLUIDOS
NEWTONIANOS EM CAPILARES
Niterói
Dezembro/2010
iii
Epígrafe
“Não temos apenas grandes obrigações a cumprir, temos grandes oportunidades para aproveitar”
John Kennedy
iv
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
1.1 Mecanismos de Produção de Petróleo - (a) Capa de Gás; (b) Aquifero Natural;
(c) Gás em solução e (d) Combinado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Diferentes fenômenos de deslocamento de Fluidos - Direita: não há formação
de ângulo de contato. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Regiões em que se divide o estudo - Regiões I e IV possuem escoamento
plenamente desenvolvido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
3.1 Modelo a ser utilizado para discretização do problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4.1 Gráfico do perfil de velocidades do Fluido 2 na Região I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.2 Perfis de Velocidades - Região IV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
5.1 Gráfico Razão de Viscosidades x Fração Residual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
ix
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
1. Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1 Recuperação de Petróleo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Descrição do Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Estado da Arte. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.4 Objetivos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.5 Organização do Trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2. Formulação Matemática. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.1 Hipóteses Simplificadoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.2 Conservação da massa e da quantidade de movimento linear. . . . . . . . . . . .10
2.2.1 Perfis de velocidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.2.2 Vazões dos fluidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.3 Adimensionalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3.1 Grupos Adimensionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3.2 Simplificação das Equações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.4 Balanço de massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.5 Condição Crítica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3. Solução Numérica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.1 Discretização do Problema. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.2 Cálculo da Massa Residual e do Altura da Interface . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.3 Cálculo das Velocidades Pontuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.3.1 Matriz Tri-Diagonal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.4 Cálculo das Vazões. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4. Resultados e Discussões. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.1 Região I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
4.2 Região IV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.3 Variações nos Perfis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
xi
5. Conclusões. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
A. Identidades Matemáticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
xii
NOMENCLATURA
Legenda
dp
variação da pressão na direção longitudinal
dx
dp
variação da pressão na direção longitudinal adimensional
dx AD
I
dp
variação da pressão na região I
dx
IV
dp
variação da pressão na região IV
dx
I
dp
variação da pressão adimensional na região I
dx AD
IV
dp
variação da pressão adimensional na região IV
dx AD
m massa residual
mc massa residual na condição crítica
N quantidade total de pontos
N1 quantidade de pontos no fluido 1
N2 quantidade de pontos no fluido 2
v vetor velocidade do fluido
vx velocidade na direção axial x
^
k vetor unitário z
D tensor taxa de deformação
W tensor vorticidade
G matriz tri-diagonal
U velocidade do tubo
v 2I velocidade do fluido 2 na região I
Sobrescrito
I região I
IV região IV
Subscrito
AD adimensional
* condição crítica
1
1 - Introdução
Fig. 1.1: Mecanismos de Produção de Petróleo - (a) Capa de Gás; (b) Aquifero Natural;
(c)Gás em solução e (d) Combinado.
determinado fluido escoa em contato com outro fluido, gás ou líquido. Muitos desses
escoamentos são estudados numa geometria fechada, que apresenta diversas
configurações.
Uma das aplicações deste estudo é a recuperação secundária do petróleo. Este
processo consiste na injeção de fluido por um poço injetor. O fluido de injeção desloca
o petróleo ocupando seu espaço nos poros da rocha reservatório. Este deslocamento
pode ser estudado como uma injeção de um fluido num capilar, principal razão para esta
pesquisa. Este processo, entretanto, não é em sua totalidade eficiente. Uma parcela de
óleo fica retida no capilar, denominada fração depositada. Outro interesse deste estudo é
determinar a relação desta fração com as propriedades do fluido injetor.
A figura a seguir representa o modelo a ser utilizado na análise do escoamento
do deslocamento de fluidos. H0 é a altura das placas paralelas e Hb é a altura da bolha
semi infinita formada pelo fluído de injeção. A diferença das alturas será a espessura do
filme líquido retido na parede do capilar.
Uma medida adimensional da espessura deste filme retido nos poros usada na
literatura é a fração de massa m, definida como a fração da seção reta do tubo
preenchida pelo fluido original após o deslocamento feito pelo fluido injetor
5
No mesmo ano Taylor [3] publica seu trabalho que analisava a relação entre a
massa de fluido depositada na parede do tubo e o número de capilaridade, numa injeção
de gás. Os resultados obtidos foram condizentes com os resultados apresentados por
Fairbrother e Stubbs, entretanto somente para baixos valores de Ca, 0 < Ca < 0,09. Este
trabalho mostrou que a fração de líquido depositada na parede aumenta com a
velocidade da interface dos fluidos. Taylor ainda sugere três possíveis padrões de linha
de corrente em relação a uma bolha estacionária. Para baixos números de capilaridade o
6
1.4 Objetivos
Este trabalho está dividido em cinco partes que compõe o conteúdo desta
pesquisa. No primeiro capítulo serão discutidos aspectos introdutórios do problema,
além de conceitos fundamentais para melhor compreensão do trabalho.
O segundo capítulo é representado por uma série de deduções tendo em vista a
determinação dos perfis de velocidades dos fluidos confinados. A partir das equações de
balanço de massa e quantidade de movimento linear, será possível determinar os perfis
de velocidades, baseando-se nas condições de contorno que serão estabelecidas.
neste momento, um importante resultado já que fornece dados que devem convergir
com as hipóteses consideradas para resolução do problema. Assim, descobre-se que:
2 – Formulação Matemática
4. Regime permanente;
5. Escoamento laminar;
6. Escoamento bidimensional;
9. Fluidos imiscíveis.
Onde:
v = Vetor de velocidade do fluido;
a = Aceleração do fluido;
T = Componentes do tensor das tensões, e
f = Forças de corpo ao qual o fluido está sujeitado.
Considerando que ambos os fluidos são incompressíveis, tal que ρ = constante,
tem-se que:
^
Tendo em vista que o escoamento é desenvolvido na direção i , ou seja, não há
variações no campo de velocidades nas direções x e z, tem-se que:
Faz-se necessário ressaltar que, tendo em vista que o perfil de velocidade assume
^
única direção j , não consideraremos o índice y para nos referir a esta direção axial.
Neste instante, inicia-se uma série de postulados tendo em vista a simplificação
da equação da quantidade de movimento linear (2.2), tal qual realizado para a equação
de conservação da massa (2.1).
Desprezando-se as forças de corpo (f = 0):
O tensor das tensões T pode ser escrito em tensões normais e cisalhantes, como se
segue:
^
Considerando variações no campo de velocidade apenas na direção j , tem-se que:
Onde:
.
η (γ ) = viscosidade dependente da taxa de deformação;
.
Onde W é o tensor vorticidade, esse não será levado em consideração neste trabalho.
.
Definindo-se γ , intensidade da taxa de deformação, como a seguinte expressão:
Sabe-se que tr (2D)2 é o traço da matriz (2D)2, o primeiro invariante de um tensor, e que
para o presente problema D será:
Tendo em vista que o traço de uma matriz é a soma dos elementos da diagonal
principal, e resolvendo-se a equação (2.14) obtém-se:
15
(2.17).
A iniciar-se pela região IV, temos que dividir a região em dois domínios, o
primeiro que caracteriza o fluido deslocador, onde a equação (2.17) é valida para a
altura variando de 0 ≤ y ≤ Hb e a segunda região que se vale da mesma equação,
entretanto compreende os limites Hb ≤ y ≤ H0. Será desenvolvido o perfil de velocidades
para o fluido 2, ou seja para Hb ≤ y ≤ H0.
∂v y
Visto que > 0 então:
∂y
17
Sabendo-se que as velocidades na interface dos fluidos, para y = Hb, são iguais,
é simples calcular o valor da constante C4:
Vale ressaltar que esta expressão acima é bem similar ao perfil de velocidades
encontrado para o fluido 2 na região IV. Estes se diferem apenas pelo gradiente de
dp
pressão . Esta equação é válida para todo o domínio de y, ou seja 0 ≤ y ≤ H0. A
dx
seguir, a expressão analítica que relaciona os dois perfis e a massa residual.
Assim, foram obtidos as expressões analíticas para os perfis de velocidade de
ambos os fluidos. Sendo a equação (2.19) governante para o fluido newtoniano
deslocado (fluido 2) e a equação (2.21) governante para o fluido newtoniano deslocante
(fluido 1), na região IV, e a equação (2.22) para o fluido newtoniano deslocado na
região I.
A partir de agora, o interesse deste projeto passa a ser a determinação das vazões
dos fluidos 1 e 2, em suas respectivas regiões. Fica fácil o cálculo destas vazões, já que
tem-se em mãos os perfis de velocidade. Assim, a seguinte expressão é válida para a
vazão de um fluido:
Assim, substitui-se o termo vi por v1IV , já que se deseja a expressão para a vazão
do fluido 2 na região I, logo:
Integrando-as:
Desenvolvendo-as:
20
2.3 Adimensionalização
por:
Consequentemente:
Logo:
Dividindo-se por U:
3 – Solução Numérica
Onde:
25
δy1IV = a distância entre cada ponto do domínio para o fluido 1, válido para 0 ≤ y ≤ Hb
e
δy 2IV = a distância entre cada ponto do domínio para o fluido 2, ou seja pra Hb ≤ y ≤ H0.
Como na região I há somente um domínio, basta dividir o espaço H0 pelo
número de pontos do domínio:
Assim, a figura abaixo ilustra o mecanismo que será utilizado para discretização
do problema.
IV
dp
Onde as variáveis H0, Nη e são dados de entrada do programa.
dx AD
Logo:
Consequentemente:
Sendo assim:
Por fim, para i = N1, ou seja, na interface dos dois fluidos (y = Hb), as tensões
cisalhantes dos fluidos são iguais ([ τ yx ]1 = [ τ yx ]2), tal que:
Portanto,
Para solução iterativa deste perfil, será usada a matriz tri-diagonal, onde os três
principais elementos representam os coeficientes que multiplicam as velocidades nos
pontos i-1, i e i+1.
Defini-se, então, uma matriz tri-diagonal. Essa matriz que possui elementos
diferentes não nulos na diagonal principal e nas diagonais imediatamente superior e
inferior à diagonal principal. Abaixo é possível visualizar a configuração de uma matriz
tri-diagonal.
30
Tem-se que:
Onde y(i ) é a altura do ponto em questão. E é dado por y(i ) = (i -1) δy1IV .
Para os pontos dentro do fluido 2, ou seja N1+1 ≤ i ≤ N ¡1, da equação (3.10):
Como a vazão do fluido 1 (QIV) é zero será usado esta condição para comprovar
a confiabilidade do programa. Logo, se esta condição for satisfeita, pode-se afirmar que
o programa alcança resultados esperados.
Para a região I:
33
4 – Resultados e Disucussões
4.1 Região I
No capítulo II foi obtida uma função de segundo grau que viabiliza a elaboração
do perfil de velocidades analítico para o fluido II na região I. Esse perfil é dado por:
4.2 Região IV
A região IV é composta por dois fluidos, o que torna esta região um pouco
complexa em relação a primeira. Assim, têm-se as duas equações abaixo que
determinam o perfil analítico de velocidades.
Análogo à região I, a partir das equações acima, poderá ser feito um comparativo
entre o valor da velocidade fornecido pelo programa e o valor analítico. Diferentemente
36
Tendo em vista que se deve atender a condição estabelecida no capítulo II, tal
que:
O cálculo da integral feita por para o perfil de velocidades, admite erro na ordem
e grandeza 10-3, e se aproxima de zero.
Por fim, para ilustrar a apresentação dos resultados, o gráfico a seguir ilustra o
perfil de velocidades numérico.
38
submetida a variações e os resultados serão colocados lado a lado, de forma que será
possível visualizar a interferência desta variável no procedimento a ser realizado.
Para tanto, ampliou-se o estudo acima considerando a razão de viscosidade igual
a Nη = 6 e Nη = 8, e observaram-se os seguintes resultados:
39
5 – Conclusões
6 - Referências Bibliográficas
[1] J.N. Tilton. The stead motion of an interface between two viscous liquid in a
capillary tube. Chem. Eng. Sci, 43:1371–1384, 1987.
[2] F. Fairbrother and A.E. Stubbs. Studies in electro-endosmosis part vi the
“bubbletube" method of measurement. J. Chem. Society, 1:527–539, 1935.
[3] G.I. Taylor. Deposition of a viscous fluid on the wall of a tube. J. Fluid Mech.,
10:161– 165, 1961.
[4] F.P. Bretherton. The motion of long bubble in tubes. J. Fluid Mech., 10:166–188,
1961.
[5] B.G. Cox. On driving a viscous fluid out of a tube. J. Fluid Mech., 20:81–96, 1962.
[6] H.L. Goldsmith and S.G. Mason. The flow of suspensions through tubes. J. Colloid
Sci., 18:237–261, 1963.
[7] E.J. Soares e Roney L. Thompson. Flow regimes near a steady interface between
two immiscible viscous liquids moving through a capillary tube. J. Fluid Mech., 2008.
[8] D.A. Sousa, E.J. Soares, R.S. Queiroz, and Roney L. Thompson. Numerical
investigation on gas-displacement of a shear-thinning liquid and a visco-plastic material
in capillary tubes. J. Non-Newt. Fluid Mech., 144:149–159, 2007.
43
Apêndice A
Identidades Matemáticas
• Para um vetor g:
• Para um escalar φ: