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COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS

VI SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE PEQUENAS E MÉDIAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS


BELO HORIZONTE, MG, 21 A 25 DE ABRIL DE 2008
T.24 – A08

AUDITORIA EM SEGURANÇA E CONTROLE DE BARRAGENS

Ruben José Ramos CARDIA


Consultor - RJC Engenharia / Bauru, SP

RESUMO

Apresentação de procedimentos para realização de Auditoria em Segurança e


Controle de Barragens. Foram citadas ainda, providências necessárias para
atendimento ás exigências de órgãos fiscalizadores (usando como exemplo, FEAM-
COPAM), e ao Cadastramento dos Aproveitamentos, em Órgãos Fiscalizadores
(FEAM, MI-ANA) e Entidade da Comunidade Internacional (CBDB). Ainda, é
salientada a vantagem em se associar à Fundação COGE.

ABSTRACT

Procedures related to the Audit in Safety and Control for Civil Structures of Dams,
had been presented. Necessary steps to be taken regarding the requirements from
Regulatory Agencies (namely FEAM-COPAM) as well as the inclusion of Dams in the
Dams Inventory (FEAM, MI-ANA, CBDB) were also addressed. And the membership
to the Fundação COGE has been also highlighted.

VI Simpósio Brasileiro Sobre Pequenas e Médias Centrais Hidrelétricas 1


1. INTRODUÇÃO

Independente das condições e da capacidade de Geração de ‘Pequenas e Médias


Centrais Hidrelétricas’, existe sempre a preocupação com a Segurança das
Barragens (incluindo aquelas destinadas ao Controle de Cheias, Abastecimento
d’Água, etc, mesmo sem finalidade de Geração). Isso porque, em muitos casos, as
características dos barramentos, de acordo com a definição do ICOLD/CBDB, são
caracterizadas como ‘Grandes Barragens’, ou o potencial de danos (em caso de
catástrofes) é considerado elevado, e requer cuidados específicos. [1], [2]

Enquanto no exterior, vários países já adequaram sua legislação, aqui no Brasil, já


tivemos a aprovação de Lei Estadual paulista (sancionada em 1977, mas que até
hoje ainda não foi regulamentada). E continuamos aguardando a aprovação do PL-
1181/2003 Procedimentos Para Segurança de Barragens e Reservatórios.

Em Portugal, já existe, há mais de dez anos, legislação específica (recentemente


revisada), para dois casos:

 Regulamento de Segurança de Barragens;


 Regulamento de Pequenas Barragens;

E lá, também existem as respectivas Normas de Projeto, de Construção, de


Operação, de Observação e Inspeção de Barragens.

Seguindo-se às rupturas de barragens (principalmente as de contenção de rejeito),


os órgãos fiscalizadores federais e estaduais brasileiros, promovem a cobrança aos
Proprietários de Barragens, na apresentação de documentação referente à situação
da Segurança de Barragens, de seus Aproveitamentos. [1], [4], [5]

Este texto procura servir de orientação para os representantes de Empresas


Proprietárias de Barragens, os quais (na condição de Usuário de Recursos Hídricos
e Naturais) devem providenciar condições adequadas de Manutenção e Segurança
de Barragens, mediante Auditoria Externa especializada. E também, atender às
exigências quanto à atualização cadastral e comprovação das condições de
segurança, junto aos órgãos fiscalizadores (estaduais e federais).

Assim, tendo em vista a importância no conhecimento e aplicação desse tipo de


controle, apresenta-se em linhas gerais, para facilidade, como exemplo, uma
seqüência de aplicação feita, seguindo as exigências e recomendações de um dos
órgãos estaduais, a FEAM/COPAM-MG. [4] Notar entretanto, que esse órgão em
particular, é responsável e está exigindo o controle adequado, dos aproveitamentos
em mineração e industriais, com contenção de rejeitos, os quais possuem risco de
catástrofes ambientais. Para barragens de abastecimento de água, hidrelétricas, etc,
ainda não existe obrigação definida. Deve-se aguardar a aprovação da Lei Federal
(PL-1181/2003), para ser definida a atuação de cada uma das diversas Agências
Reguladoras/Órgãos Fiscalizadores.

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2. CONTROLE E FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL

Após as catástrofes ambientais, devido às rupturas de barragens de contenção de


rejeito, em Minas Gerais, o órgão fiscalizador estadual implantou um programa de
exigências aos Proprietários de Barragens, culminando na obrigatoriedade de
apresentação de documentação referente à Auditoria em Segurança de Barragens.
Tal procedimento é atualmente aplicável às barragens de rejeitos e industriais, mas
seu conteúdo é de grande interesse para todos os proprietários de barragens, para
conhecimento das normas e procedimentos que poderão vir a ser aplicáveis a estes
empreendimentos.

2.1. GENERALIDADES

Normalmente, deve ser efetuada contratação de serviços técnicos de Assessoria


(terceirizada) em Engenharia Civil, para garantir a adequada emissão de documento
técnico, oficializando a Auditoria em Segurança de Barragens.

Os procedimentos adotados nas diversas atividades realizadas, devem atender às


exigências da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas e das Agências
Fiscalizadoras, inclusive nas áreas Ambientais, bem como, aos padrões da
Comunidade Internacional em Segurança de Barragens (principalmente as
recomendações de ICOLD/CBDB, ASDSO, FERC, INAG, etc). Não se justifica um
procedimento inadequado, mesmo na ausência de Norma Brasileira específica, pois,
nesse caso, devem ser adotadas Normas Internacionais (ASTM, CEB, DIM, etc). [2]

2.2. DAS PRINCIPAIS ATIVIDADES

No 2o. SIBRADEN – Simpósio Brasileiro de Desastres Naturais e Tecnológicos (09 a


13DEZ07, Santos, SP, ABGE/Planetaterra) foi bem descrita a ação da Fundação
Estadual do Meio Ambiente – FEAM, MG, no trabalho “Gestão Integrada de
Acidentes Ambientais em Minas Gerais”, de autoria de LANNA de MORAES, A. M. &
VIANNA, L. F. V.

Apesar de não estar diretamente direcionado às barragens de retenção de água, é


útil o conhecimento do trabalho apresentado ao 2o. SIBRADEN, por ,TORQUETTI, Z.
S. C, MACHADO, R. M. G, & ROMANELLI, M. C. M, intitulado Gestão de Barragens
de Rejeitos e Resíduos em Industrias e Minerações em Minas Gerais.

A preocupação quanto à segurança dos barramentos normalmente se dirige aos


problemas estruturais, principalmente em função dos resultados catastróficos, da
perda de geração (ou de capacidade de abastecimento, etc), gastos com
indenizações, custos de recuperação e desvalorização no nome e prestígio da
Empresa. No entanto, existem agora, outras preocupações mais direcionadas aos
aspectos ambientais, tendo em vista os riscos de destruição de ambientes de
preservação permanente, coletividades (na fauna e flora) que possam estar em risco
de extinção, ou, pela garantia de preservação da vida (animal ou vegetal).

Deve-se procurar identificar os riscos para a segurança, na interação do barramento


com o meio-ambiente. Mas, o ideal, é que se busquem também, os possíveis

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problemas, decorrentes da reação, na interação do novo meio-ambiente
(transformado pelo homem) com o barramento. Procura-se identificar os reflexos da
onda de cheia e o risco de danos (pessoais), danos materiais e/ou ambientais, em
caso de cheia extraordinária e/ou eventual ruptura da Barragem, tendo em vista as
condições do reservatório e a situação de suas áreas a jusante. Deve ser
reconhecida também, a importância das conseqüências, quanto ao potencial risco
de danos para as estruturas das Barragens situadas mais a jusante, no mesmo rio.

O desenvolvimento urbano e a atividade humana na região a montante dos


reservatórios, têm contribuído para que as águas dos mesmos estejam se tornado
poluídas, pela existência de materiais originados do esgoto de cidades (residenciais
e industriais), lançados nos rios e reduzindo sua capacidade de uso para fins
potáveis, sem adequado tratamento, com custos cada vez mais elevados. Para fins
de geração hidráulica de energia elétrica, esse fato não apresenta grandes
inconvenientes. Entretanto, quanto à ação agressiva às estruturas (corrosão,
dissolução, erosão, etc) e às pessoas (contaminação, doenças, degenerações, etc),
podem surgir diversos problemas, a médio ou longo prazos. [2]

2.3. DA FISCALIZAÇÃO E DO CADASTRO

Tendo em vista o permanente risco de danos (principalmente ambientais) no


eventual caso de acidente e/ou incidente com Barragens, pela falha das Empresas
Proprietárias, ao não adotarem um competente programa de manutenção e de
monitoração da Segurança de Barragem, foi publicada pela Secretaria de Estado de
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMAD do Estado de Minas
Gerais, a Resolução n. 99 (29JAN02).

Em decorrência desse documento bem como de outras Deliberações Normativas,


ficou estabelecida a obrigatoriedade para as Empresas Proprietárias de Barragens,
com atividades potencialmente provocadoras de danos ambientais e/ou poluidoras,
para o Cadastramento e apresentação de Relatório Técnico, contendo a Auditoria
em Segurança de Barragens. Em princípio, são Barragens para retenção de rejeitos,
apenas.

Para conhecimento da forma como foram prioritariamente classificadas diversas


Barragens no estado de Minas Gerais, segundo critérios do Conselho Estadual de
Política Ambiental – COPAM na sua Deliberação Normativa n. 062/2002 e estudos
preparados pelo GT Barragens, deve ser consultado:

 “Avaliação do Potencial de Dano Ambiental das Barragens de Contenção de


Rejeitos, de Resíduos e de Reservatório de Água em Empreendimentos
Industriais de Mineração no Estado de Minas Gerais / Relatório Final” (DE
FARIAS, 2004). [4]

Atualmente já há o novo ‘Portal’, mas anteriormente, ao se acessar a página da


Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM, (www.feam.br), encontrava-se a tela
de abertura:

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3.1. TAXA DE CONTROLE E FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL

A Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental foi instituída pela Lei Federal n.º
10.165 (27DEZ00), visando garantir subsídios ao poder de polícia para controle e
fiscalização das atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos
naturais.

Através da Lei n.º 14.940 (29DEZ03), foi instituída a Taxa de Controle e Fiscalização
Ambiental (TFAMG) no Estado de Minas Gerais, a qual passou a ser regulamentada
pelo Decreto n.º 44.045 (13JUN05). Os responsáveis pelos empreendimentos
relacionados nos anexos I e II da Lei 14.940, de 29 de dezembro de 2003, deverão
efetuar o pagamento dessa taxa.

Com a Resolução n.º 3706 (18OUT05), da Secretaria de Estado da Fazenda, foram


determinadas também, disposições sobre os valores devidos e os procedimentos
para o seu recolhimento. Para verificação dos valores, são consideradas as
Atividades, que apresentam potencial de poluição e seu grau de utilização dos
recursos naturais, bem como o porte da Empresa

3.2. ATIVIDADES (CÓDIGO, CATEGORIA, DESCRIÇÃO E PP/GU)

Conforme Anexo I da Lei n. 14.490 (29DEZ03) a Cia Proprietária da Barragem deve


se cadastrar, caso ainda não o tenha feito, verificando em qual categoria que se
inclui:
Código Categoria Descrição PP/GU

OBS: PP - Potencial de Poluição; GU - Grau de Utilização dos Recursos Ambientais.

3.3. PRAZO
Conforme definido pelo FEAM,
“O vencimento da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental de
Minas Gerais (TFAMG) relativa a cada trimestre do ano civil é no
5º dia útil do mês subseqüente ao último mês do trimestre.”

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3.4. LEGISLAÇÃO E DELIBERAÇÕES NORMATIVAS

Através da FEAM, há a possibilidade de ser obtida cópia dos documentos oficiais:

 LEI n. 14.940 (29DEZ03)  LEI FEDERAL n. 10.165 (27DEZ00)


 DECRETO n. 44.045 (13JUN05)  RESOLUÇÃO n. 3.706 (18OUT05)
 COPAM DN n. 62/2002  COPAM DN n. 87/2005 (06SET05)

3.5. CADASTRO TÉCNICO ESTADUAL

O registro no Cadastro Técnico Estadual de Atividades Potencialmente Poluidoras


ou Utilizadoras de Recursos Naturais (instituído pela Lei 14940, de 29 de dezembro
de 2003), é obrigatório para todos aqueles (pessoas físicas ou jurídicas) que sejam
responsáveis por ‘atividades potencialmente poluidoras ou utilizadoras de recursos
ambientais em Minas Gerais’ (empreendimentos relacionados nos Anexos I e II da
Lei 14.940). Tal registro é de caráter permanente, é gratuito e se aplica a cada
empreendimento, sendo efetuado através do fornecimento de Ficha Cadastral.

Conforme informações da FEAM, havia sido estipulado o prazo original de 31DEZ05.


Mas, para novos Empreendimentos, há um prazo de ‘30 dias contados a partir do
início de funcionamento’.

Na Classificação do Estabelecimento (Lei Federal n. 10.406, de 10JAN02) são


considerados:

 Código de atividades potencialmente poluidoras ou utilizadoras de recursos


ambientais.
 Receita bruta anual do estabelecimento, definindo seu Porte.

3.7. PORTARIAS

Através da FEAM, há a possibilidade de ser obtida cópia dos documentos oficiais:

3.7.1. Portaria Conjunta IEF / FEAM n.02 (11FEV05)

Nesse documento estão estabelecidos os procedimentos a serem seguidos para


oficializar o Cadastro Técnico Estadual, para Empresas que utilizem Recursos
Ambientais e/ou tenham atividades potencialmente capazes de provocar poluição.

3.7.2. Portaria Conjunta FEAM / IEF n.03 (31MAIO05)

Nesse documento está garantida a prorrogação do prazo anteriormente fixado, para


providencias de cadastramento, para Empresas que utilizem Recursos Ambientais
e/ou tenham atividades potencialmente capazes de provocar poluição.

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3.7.3. Portaria Conjunta FEAM / IEF n.04 (11AGO05)

Nesse documento está determinado o caráter ‘Permanente’ do Cadastro Técnico


Estadual. Além disso, define que o procedimento está disponibilizado digitalmente,
através do SIAM – Sistema Integrado de Informações Ambientais.

Também foi garantida outra prorrogação do prazo anteriormente fixado, para


providencias de cadastramento, para Empresas que utilizem Recursos Ambientais
e/ou tenham atividades potencialmente capazes de provocar poluição.
Adicionalmente, foi definido ‘o prazo de até 30 dias contados da obtenção da
Licença de Operação ou da Autorização Ambiental de Funcionamento, sob pena de
incorrerem em infração punível com as multas previstas em lei‘, para os novos
Aproveitamentos.

4. AUDITORIA EM SEGURANÇA DE BARRAGEM

Para desenvolvimento das atividades, há necessidade de visitas aos escritórios da


Proprietária, para consulta à documentação existente (referentes às fases de
Projeto, Construção, Operação, Controle e Manutenção).

Adicionalmente, será necessária a realização de Inspeção Visual Formal ou


Especial. Normalmente, o Consultor (ou grupo, de até três engenheiros
especializados) deve ser acompanhado por técnico da Proprietária, sendo que no
Aproveitamento, sempre que possível, se deverá contar com a participação ativa, do
Supervisor local.

Com a Inspeção Visual Formal ou Especial, são documentadas as condições


aparentes das estruturas civis do barramento, conforme verificadas pelo Engenheiro
Civil (especializado), em período específico. São acrescentados eventuais detalhes
importantes, obtidos nos registros de “Checklist” referentes às Inspeções Visuais
Rotineiras e Periódicas, além de eventuais recomendações para confirmações de
anomalias suspeitas e/ou outras providências julgadas necessárias.

Devem ser verificadas a existência e a adequação na documentação do Plano de


Ação Emergencial, inclusive com a forma de serem partilhadas essas informações,
com a Defesa Civil, a qual estará responsável pela organização do Plano de Reação
Emergencial. [2], [3]

A Manutenção Civil Preventiva também é importante fator na Segurança,


contribuindo para a redução ou supressão de gastos excessivos ou até mesmo de
interrupção indesejável da geração ou interferências (catastróficas) com Terceiros.

No caso de não existir nenhum Instrumento de Auscultação instalado, para


complementar a avaliação das condições atuais da estrutura, com base nos dados
obtidos por ocasião da Inspeção Visual, deve ser levada em consideração, a
experiência do Engenheiro Consultor, e também, procurar utilizar o critério ‘SEED’
do US.Bureau of Reclamation - BoR, para definição das condições de Segurança
das Barragens.

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De conformidade com a Resolução SEMAD n. 99 (29JAN02), os Empreendedores
Proprietários de Barragem devem entregar preenchido, à FEAM, o Formulário para
Cadastro de Barragens.

Com a Deliberação Normativa COPAM DN n. 087 (republicada em 06SET05) foi


novamente exigida a apresentação, por parte dos Proprietários de Barragem, de:

 Relatório de Auditoria em Segurança de Barragem.


 Formulário para Cadastro de Barragens – versão 2005 (Anexo I / DN COPAM
n. 87/2005). Este só é necessário com o primeiro Relatório.

Os documentos devem ser entregues e protocolados, pelo Representante da Cia


Proprietária da Barragem, na FEAM / Unidade Central de Atendimento Integrado
Sistêmico (Unica).

4.1. RELATÓRIO DE AUDITORIA

Conforme instruções na página da FEAM, o conteúdo mínimo do Relatório de


Auditoria em Segurança de Barragem deve apresentar:
 Laudo Técnico (ou Parecer Técnico) sobre a Segurança da Barragem;
 Recomendações de Melhorias;
 Identificação do(s) Auditor(es), especialistas em Segurança de Barragem,
externos ao quadro da Empresa Proprietária;
 ART junto ao CREA.

4.1.1. A Cia Proprietária da Barragem (em função das condições determinadas)


deverá apresentar quadrimestralmente à FEAM:

”...relatório descritivo e fotográfico das providências para adequações


dos procedimentos de segurança em cada barragem, conforme
recomendações apontadas pelos auditores”.

4.1.2. Periodicidade das Auditorias em Segurança da Barragem

A freqüência da Programação de Auditoria ou de Inspeção Periódica, é estabelecida


de acordo com a Classificação dada à Barragem.

4.2. CLASSIFICAÇÃO DA BARRAGEM / FREQÜÊNCIA DE AUDITORIA

Em função da Classificação, os Proprietários devem adequar os Procedimentos de


Segurança de (cada) Barragem, para minimizar o risco de danos ambientais.

Obtém-se a Classificação da Barragem, de acordo com o Quadro 1 constante da DN


COPAM n. 062/2002, mas que foi revisado e corrigido conforme recomendações do
‘GT Barragens’ (Ver Tabela 4.1). São verificados dois critérios técnicos e três
ambientais de classificação. Para cada um deles, é dada uma pontuação, variando
de 0 (Zero) a 3 (Três), em função das características da barragem.

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Os dois critérios técnicos, indicam:
 Altura da Barragem (m);
 Volume do Reservatório (m3)

Para os três critérios ambientais, são adotados três níveis:

 Ocupação Humana a Jusante da Barragem


Inexistente; Eventual; Grande;
 Interesse Ambiental a Jusante da Barragem
Pouco Significativo; Significativo; Elevado;
 Instalações na Área a Jusante da Barragem
Inexistente; Baixa Concentração; Alta Concentração;

TABELA 4.1. CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS (*)


Altura da Volume do Ocupação Interesse Instalações na
Barragem (m) Reservatório Humana a Ambiental a Área a Jusante
(x106 m3) Jusante Jusante
H<15  V=0 Vr<0,5  V=0 Inexistente Pouco Inexistente
 V=0 Significativo  V=0
 V=0
15<=H<=30 0,5<=Vr<=5 Eventual Significativo Baixa
 V=1  V=1  V=2  V=1 Concentração
 V=1
H>30  V=2 Vr>5  V=2 Grande Elevado Alta
 V=3  V=3 Concentração
 V=2
(*) apud de FARIAS, 2004. [3]

Com o somatório dos Valores Parciais ∑Vi, é obtida a Classificação da Barragem,


quanto ao seu Potencial de Dano Ambiental, e conseqüentemente a freqüência de
Auditoria, estabelecidas em uma das três categorias, conforme Tabela 4.2:

Tabela 4.2. Classificação e Freqüência


CLASSE I = Baixo Potencial de Dano Ambiental
∑Vi <= 2 
Freqüência A cada 3 Anos

CLASSE II = Médio Potencial de Dano Ambiental


2<∑Vi <= 5 
Freqüência A cada 2 Anos

CLASSE III = Alto Potencial de Dano Ambiental


∑Vi > 5 
Freqüência Anual

4.3. FORMULÁRIO PARA CADASTRO

Com o Formulário, a Empresa Proprietária apresenta os valores referentes a:


“Altura da Barragem; Volume do Reservatório; Ocupação Humana a Jusante;
Interesse Ambiental a Jusante e Instalações na Área de Jusante”.

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O preenchimento do novo modelo de Formulário (Anexo I da DN COPAM n.
87/2005) é considerado obrigatório, mesmo nos casos em que anteriormente o
Proprietário já tenha realizado o Cadastro, para a atender às exigências de:

 Resolução SEMAD n. 99/2002.


 COPAM DN n. 62/2002.
 COPAM DN n. 87/2005.

O processo é considerado dinâmico e assim, agora está sendo atualizada a


Classificação da Barragem, quanto ao Potencial de Dano Ambiental. Para Barragens
ainda não cadastradas na FEAM, o Proprietário deverá enviar, além do Formulário,
os seguintes documentos:

4.3.1. Memoriais Descritivos (simplificados) das Barragens, contendo: geologia local


e sua influência; tratamento da fundação; relação dos projetos e alterações
efetuadas (datas, nome e número do registro no CREA dos responsáveis);
descrição da rotina de monitoramento e registro de acidentes;

4.3.2. Mapa de localização, com indicação da hidrografia e os principais aspectos


de uso e ocupação do solo;

4.3.3. Registro Fotográfico (atualizado) da Barragem (consta do Relatório de


Inspeção Visual);

4.3.4. Curriculum Resumido (Resumé) e Anotação de Responsabilidade Técnica –


ART do(s) responsável (ou responsáveis) técnico(s) pela Operação da
Barragem;

4.3.5. Desenhos Técnicos: planta com arranjo geral (Barragem e Reservatório);


Seção Transversal; Seção Longitudinal pelo eixo da Barragem; Planta e
Seções da Instrumentação de Auscultação.

4.3.6. É salientado que o simples envio do Formulário para Cadastro de Barragens


não significa que esteja sendo providenciada a regularização do
Licenciamento Ambiental. Para esse procedimento, deverá ser preenchido e
entregue o Formulário Integrado de Caracterização do Empreendimento.

5. COMENTÁRIOS ADICIONAIS

5.1. Com relação aos resultados da Inspeção Visual, devem ser citadas nos diversos
relatos, algumas providências que devem ter sua realização programada, para
período mais adequado (priorizando aquelas que podem afetar a Segurança das
estruturas).

Para cada caso deve ser estabelecida uma prioridade, de acordo com a situação
aparente, contando-se a partir de uma “data zero”, com dia pré-determinado. É
sugerida, na Tabela 5.1, a seguinte definição:

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TABELA 5.1. PRIORIZAÇÃO
Prioridade Condição Prazo OBS
0 DE IMEDIATO 30 Dias < P < 180 Dias Depende do caso
1 CURTO PRAZO 180 Dias < P < 3 Anos
2 MÉDIO PRAZO 3 Anos < P < 5 Anos Depende do caso
3 LONGO PRAZO P > 5 Anos
4 PERMANENTE Indeterminado

5.2. CLASSIFICAÇÃO DAS BARRAGENS / FEAM

Para as Barragens da Cia Proprietária, no Relatório de Auditoria em Segurança de


Barragens são determinadas:

 Classificação quanto ao Potencial de Dano Ambiental;


 Condições para Definição da Área a Jusante da Barragem;
 Periodicidade das Auditorias em Segurança da Barragem

Quando a Proprietária possui mais de um Aproveitamento e deseja obter apenas um


Relatório Geral de Auditoria em Segurança de Barragens, nos relatos individuais em
Anexo ao final do Relatório de Auditoria, são apresentados os valores para cada um
dos Aproveitamentos, relacionados em ordem alfabética de nome.

Conforme informações da FEAM, o Relatório de Gerenciamento de Barragens –


2006, traz o banco de dados da classificação de 606 Barragens cadastradas.

5.3. CADASTRAMENTO DAS BARRAGENS / ANA

Como finalidade básica prioritária, do Relatório de Auditoria e dos demais


documentos preparados, está previsto o uso para (atualização de) cadastramento
das Barragens para contenção de Rejeitos da Cia proprietária, junto ao FEAM,
conforme exigido em Lei.

Caso ainda não tenha sido atendida a solicitação da Agência Nacional das Águas –
ANA, do Ministério da Integração Nacional - MI, recomenda-se que também seja
providenciado o cadastramento junto a essa Agência. Na página www.mi.gov.br
pode ser obtida cópia do ‘Manual de Preenchimento da FICHA DE CADASTRO de
Barragem’. A inclusão das informações na Ficha de Cadastro, também pode ser feita
no formulário eletrônico disponível no endereço www.ana.gov.br . [8], [10]. Apesar de
estar previsto o cadastramento de todas as Barragens disponíveis no país,
inicialmente o Cadastro está priorizando apenas as ‘Grandes Barragens’.

Na página do Ministério da Integração Nacional, pode-se verificar o seguinte texto:

“SECRETARIA DA INFRAESTRUTURA HÍDRICA

Levantamento da Situação das Barragens

O Ministério da Integração Nacional coloca em prática, ações para prevenir e minimizar os


riscos de acidentes com barragens em todo País. Em parceria com Estados, Municípios e
proprietários, o Governo Federal faz levantamento para acompanhar permanente e

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sistematicamente a situação dessas obras, já concluídas ou em andamento. Órgãos da
administração federal, os governos estaduais e agentes da iniciativa privada participam do
processo de cadastramento e avaliação da situação das construções.

Os dados técnicos reunidos no levantamento sobre a situação das barragens no País


orientam a adoção de providências para a melhoria da segurança das obras. O Governo
Federal faz o trabalho de prevenção em consonância com o Artigo 21 da Constituição
Federal, que prevê a competência da União para planejar e promover a defesa permanente
contra calamidades públicas e, ainda, com base nos Artigos 1º e 2º do Decreto nº 895, de 16
de agosto de 1993, que dispõe sobre a organização do Sistema Nacional de Defesa Civil.

A Secretaria de Infra-Estrutura Hídrica (SIH), do Ministério da Integração Nacional,


acompanha o levantamento e faz o cadastramento dos dados técnicos sobre as barragens.
Para a coleta das informações, a SIH preparou e coloca à disposição os formulários:
ficha cadastral – PDF
manual e listas para inspeção de barragens - PDF
que devem ser preenchidos, assinados e remetidos por correio para o seguinte endereço:
Secretaria de Infra-Estrutura Hídrica - Esplanada dos Ministérios - Bloco E - 9º andar
Brasília/DF - CEP: 70067-901. continua 

continuação 
Barragens que apresentem pelo menos uma das seguintes características
devem ser objeto de comunicação prioritária à SIH:
I – riscos inaceitáveis em termos econômicos, sociais, ambientais ou de
perda de vidas humanas, decorrentes de mau funcionamento da barragem ou
de sua ruptura;
II – altura do maciço maior ou igual a quinze metros, contada do nível do
terreno natural à crista;
III – capacidade total do reservatório maior ou igual a cinco milhões de metros
cúbicos; e
IV – reservatório que contenha resíduos tóxicos.
....
O trabalho de prevenção e minimização dos riscos de acidentes com barragens pressupõe a
definição dos seguintes conceitos:
a) Barragem: qualquer obstrução em um curso permanente ou temporário de água, ou
talvegue, para fins de retenção ou acumulação de substâncias líquidas ou misturas de
líquidos e sólidos, compreendendo a estrutura do barramento, suas estruturas
associadas e o reservatório formado pela acumulação. Diques para proteção contra
enchentes e aterros-barragem de estradas também incluem-se nessa definição;
b) Empreendedor: agente privado, paraestatal ou governamental, com título de
propriedade das terras onde se localiza a barragem, ou que explore a barragem para
benefício próprio ou da coletividade;
c) Segurança de Barragem: condição em que a ocorrência de ameaças impostas por
uma barragem à vida, à saúde, à propriedade ou ao meio ambiente se mantém em
níveis de risco aceitáveis;

d) Risco: probabilidade de ocorrência de evento adverso, geralmente associada com a


magnitude de suas conseqüências;

e) Órgão Fiscalizador: autoridade do poder público responsável pelo ato administrativo


de outorga de direito de uso dos recursos hídricos, de regime de aproveitamento de
recursos minerais, de licenciamento ambiental, de autorização de uso de potencial
hidráulico e de outras autorizações exigidas para a construção e operação da barragem,
que deverá exigir do empreendedor o atendimento dos padrões necessários à
segurança da obra.

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Cadastro Nacional de Barragens

O Cadastro Nacional de Barragens (CNB) é um projeto inter-institucional, envolvendo o


Ministério da Integração Nacional (MI), a Agência Nacional de Águas (ANA), governos
estaduais, governos municipais e agentes da iniciativa privada. São objetivos deste projeto o
levantamento e o cadastramento de dados técnicos de barragens no âmbito do território
brasileiro, visando à identificação dessas obras e a conscientização dos proprietários sobre
a necessidade de inspeções de segurança e manutenções periódicas, almejando a
prevenção de acidentes.
Para a realização deste cadastramento foi elaborado um formulário eletrônico, em MS
Access, que permite:
• facilidade no preenchimento e no envio das informações;
• uniformização das informações remetidas pelos diversos responsáveis pelo
cadastramento nos estados;
• maior controle das informações recebidas;
• o envio das informações em meio digital, eliminando a necessidade de retrabalho
com digitação;
• a organização das informações em bancos de dados relacional.
....”

Para cadastrar as Barragens na ANA, há a janela, com o Formulário:

5.4. CADASTRAMENTO DAS BARRAGENS / CBDB (www.cbcb.org.br)

Entende-se que ainda não há grande interação com a Comunidade em Segurança


de Barragem, principalmente com o Comitê Brasileiro de Barragens – CBDB.
Normalmente, o Proprietário particular de Empreendimentos Hidrelétricos de
pequeno porte (normalmente referidos como PCH), pode não considerar necessário
ou útil, tal conexão. Porém, pode ser obtido apoio para ampliar seus conhecimentos
quanto à Supervisão de Barragens, mantendo um padrão atualizado de atuação.

Assim, considera-se de grande utilidade a troca de informações técnicas e


experiências, promovidas pelo CBDB, recomendando-se também o cadastramento
junto a essa Organização. Apesar de estar previsto o cadastramento de todas as
Barragens disponíveis no país, inicialmente o Cadastro prioriza apenas as ‘Grandes

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Barragens’. A inclusão das informações na Ficha de Cadastro, pode ser feita em
cópia do formulário impresso, bem como por envio da cópia em formato eletrônico:

5.4. APOIO TECNOLÓGICO / FUNDAÇÃO COGE

A Fundação Comitê de Gestão Empresarial – Fundação COGE www.funcoge.org.br,


é outro recurso disponível, aparentemente não bem usado pelos Proprietários de
Pequenos Aproveitamentos Hidrelétricos. Entretanto, com baixo custo e/ou baixo
investimento para integrar essa entidade, pode ser obtido apoio de órgãos e
profissionais especializados, para desenvolvimento de diversas atividades.

6. CONCLUSÕES

Para os procedimentos federais de controle e principalmente avaliar as condições de


risco para Segurança de Barragens, a Agência Nacional de Águas – ANA (do
Ministério da Integração Nacional – MI), desenvolveu: o “Manual de Cadastramento
de Barragens” e o “Manual de Segurança e Inspeção de Barragens”.

Também, é recomendada a inclusão no Cadastro do Comitê Brasileiro de Barragens


– CBDB, sempre que tenha altura superior a 15 (Quinze) metros, sendo considerada
como “Grande Barragem”, na Classificação do ICOLD/CBDB, conforme prática
normal da Comunidade em Segurança de Barragens.

Ao se associar à Fundação COGE, a Empresa Proprietária de PCH, pode contar


com apoio para providencias de mão-de-obra capacitada, para desenvolvimento de
manutenções, e treinamento específico em diversas áreas e faixas de atuação.

Finalmente, considera-se que os procedimentos de Auditoria e Controle em


Segurança de Barragens, já adotados em Minas Gerais, pela FEAM, para Barragens
de Contenção de Rejeitos, deveriam ser oficializados e estendidos também aos
órgãos reguladores dos outros estados, para padronização.

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7. PALAVRAS-CHAVE

Auditoria, Emergência, Instrumentação e Segurança.

8. REFERÊNCIAS

[1] ANEEL (2001), “Manual de Fiscalização das Empresas de Geração de Energia


Elétrica – Diagnóstico dos Procedimentos de Operação e Manutenção”, Versão
01/02/2001, ANEEL, Brasília, DF;

[2] COMISSÃO REGIONAL DE SEGURANÇA DE BARRAGENS (1999) - Guia


Básico de Segurança de Barragens, São Paulo, SP, NRSP-CBDB, 77 pág;

[3] DE FARIAS, R. S (2004), “Avaliação do Potencial de Dano Ambiental das


Barragens de Contenção de Rejeitos, de Resíduos e de Reservatório de Água em
Empreendimentos Industriais de Mineração no Estado de Minas Gerais”, Anexo 4.
Relatório Final , FEAM, BH, MG;

[4] PIERRE, L. F (2003) - “Avaliação da Segurança de Pequenas Barragens em


Operação”, in Seminário Nacional de Grandes Barragens, XXV, Anais, vol. II,
pág.260-268, CBDB, Salvador, BA;

[5] PROÁGUA Semi-Árido Obras (UGPO) (2002), “Manual de Segurança e Inspeção


de Barragens”, Ministério da Integração Nacional, Brasília, DF;

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