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Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Tecnologia e Geociências


Departamento de Engenharia Química
Curso de Química Industrial
Análise Instrumental
Prof: Eleonora Freire

Absorção Atômica

Aluno: Catarine Alves

Recife,
Agosto 2021
INTRODUÇÃO

A espectrometria de absorção atômica é uma técnica que teve sua origem nos testes
de chama, em experimentos qualitativos na identificação de alguns íons metálicos [1].
Com o passar do tempo, esta técnica foi bastante aprimorada e atualmente é utilizada
para identificar e quantificar íons metálicos em diversos tipos de matrizes como solo,
água, material biológico, alimentos, etc. Os metais estão presentes nessas matrizes na
forma de complexos ou na estrutura dos sólidos, sendo necessário que ocorra um
tratamento da amostra para garantir que estes estejam livres em solução e
posteriormente sejam identificados e quantificados pelo equipamento. A
espectrometria de absorção atômica tem sido o método mais utilizado para a
determinação de elementos individuais em amostras analíticas [2]. Esta técnica permite
determinar quantitativamente, com sensibilidade suficiente, mais de 60 elementos. A
sua aplicação é apropriada a determinações de rotina mesmo com operadores
relativamente pouco treinados [5].
O fenômeno da absorção (equação 1) ocorre quando um átomo no seu estado
fundamental é submetido a uma fonte de energia externa, suficiente para que ocorra
uma transição eletrônica para um nível de maior energia, levando o mesmo para um
estado excitado devido a este fato. A fonte de energia que interage com a matéria é a
radiação eletromagnética, e os métodos baseados nesta interação são denominados
métodos espectroscópicos.
Equação 1. M(g) + h𝜈 → M*(g)

Onde M, é o átomo no estado gasoso, neutro e fundamental, h𝜈 é referente à


radiação eletromagnética e M* é o átomo no estado excitado. O princípio fundamental
da espectrometria de absorção atômica envolve a medida da absorção da intensidade
da radiação eletromagnética, proveniente de uma fonte de radiação primária, por
átomos gasosos no estado fundamental [3]. De modo que, à medida que o número de
átomos existentes no caminho que a luz atravessa aumenta, a quantidade de luz
absorvida também aumenta de uma forma possível de prever, de acordo com os
princípios da lei de Beer. Medindo a quantidade de luz (ou radiação) absorvida, torna-
se possível a determinação quantitativa do analito (elemento) presente (Beaty e Kerber,
1993) [6].
Essa técnica pode utilizar vários métodos para atomização da amostra, como a
atomização por chama indicada para análises elementares em níveis de mg.L-1 e
atomização por vapor frio (temperatura ambiente), utilizado apenas para o mercúrio. A
eficiência e reprodutibilidade do passo de atomização determinam em grande parte a
sensibilidade do método, precisão e exatidão. É por isso, o passo mais crítico da
espectrofotometria atômica [5].
Durante a inserção da amostra até o amplificador do sinal em um espectrômetro de
absorção atômica por chama, a amostra é submetida a vários processos para que ela
seja uniformemente distribuída e que haja uma fração representativa da mesma no
momento da identificação e quantificação.
Para que estes processos ocorram um dos componentes mais importantes do
espectrômetro de absorção atômica é o sistema nebulizador-queimador (figura 1).

Figura 1. Sistema nebulizador-queimador

Quando uma fração da solução do analito é introduzida no equipamento, a mesma


passa pelo sistema do nebulizador que tem a função de transformar a solução em um
spray através do fluxo de oxidante e combustível gasosos, de modo que só chega até o
queimador para ser atomizada, apenas 5% da amostra que foi introduzida. No momento
em que esta porcentagem de amostra chega ao queimador um conjunto de processos
inter-relacionados ocorre na chama. O primeiro processo é a dessolvatação, onde se
evapora o solvente produzindo um aerossol molecular de partículas sólidas finamente
divididas. O aerossol é, então, volatilizado para formar moléculas gasosas. A dissociação
da maior parte dessas moléculas produz um gás atômico [2]. Posteriormente, o gás
atômico é submetido a uma fonte de radiação para que ocorra o processo de
identificação e quantificação.
A atomização por vapor frio é utilizada apenas para o mercúrio, pois, o mesmo é o
único elemento metálico que possui uma pressão de vapor bastante apreciável na
temperatura ambiente. Na técnica do vapor frio, o íon mercúrio contido numa solução
da amostra é reduzido a mercúrio elementar e assim carreado por uma corrente de gás
(ar, N2) borbulhada através da solução para a célula de absorção [4].
Os elementos precisam de diferentes composições na chama para que o mesmo seja
atomizado. Na tabela 1 abaixo estão listados algumas misturas de combustíveis e
oxidantes, e a suas respectivas faixas de temperatura.

Tabela 1. Propriedades das Chamas

Combustível Oxidante Faixa de Temperatura (ºC)


Gás Natural Ar 1700 – 1900
Gás Natural Oxigênio 2700 – 2800
Hidrogênio Ar 2000 – 2100
Hidrogênio Oxigênio 2550 – 2700
Acetileno Ar 2100 – 2400
Acetileno Oxigênio 3050 – 3150
Acetileno Óxido Nitroso 2600 – 2800

Em misturas de combustão que utilizam o ar como o agente oxidante, a ionização de


átomos e moléculas ocorre em baixa quantidade, tornando-se desprezível [2]. Porém,
quando utiliza-se oxigênio ou óxido nitroso como agente oxidante a chama atinge
temperaturas bastante altas, logo, a mesma tem energia suficiente para ionizar o átomo
no seu estado fundamental, fazendo com que a ionização seja um fator importante,
visto que passa a existir uma concentração considerada significativa de elétrons, devido
ao equilíbrio da molécula ou átomo neutros com o seu íon. Esse fato, trás a tona alguns
inconvenientes como a diminuição da concentração de átomos no estado neutro, o que
ocasiona uma diminuição da absorção em chamas mais quentes. Uma das estratégias
utilizadas para que este efeito seja eliminado é a adição de um supressor de ionização á
amostra, padrões e ao branco. Os mais comuns são K, Na, Rb e Cs, metais alcalinos que
se ionizam facilmente e tornam a chama rica em elétrons, desfavorecendo a formação
de outros cátions.
Teoricamente, a absorção atômica deveria seguir a lei de Beer (equação 2 ) com a
absorbância sendo diretamente proporcional à concentração [2].
Porém, é comum a presença de desvios da linearidade, não sendo confiável fazer
uma análise de absorção atômica sem se certificar, experimentalmente, se esta relação
é ou não linear.
Equação 2. A = abc
Onde, A é absorbância, a é a absortividade e a sua magnitude depende das
unidades dos parâmetros b e c. O b é a largura da cela em centímetros e c é a
concentração em g L-1. Quando c é considerado em mol L-1 a absortividade é chamada
de absortividade molar que tem como símbolo o 𝜀. Portanto, as unidades da
absortividade é L g-1cm-1 ou L mol-1cm-1 [7].

METODOLOGIA

Para analisar a presença de Cobre em uma amostra, utilizou-se o


epectrofotômetro de absorção atômica Shimadzu modelo AA-6300.
Na tabela 2 abaixo seguem algumas particularidades e parâmetros que foram
ajustados no software do equipamento.

Tabela 2. Parâmetros da Análise

Analito Cobre (Cu0)


Comprimento de Onda 234,93nm
Inserção da amostra Manual
Segmento de Leitura Sequencial
Pontos da curva de calibração 1, 2, 3, 4 e 5mg.L-1
Branco Água purificada
Background Ligado ( λ < 350nm)

Após os ajustes dos parâmetros realiza-se os ajustes dos feixes luminosos com o
queimador. Em seguida, verifica-se os gases e liga-se o exaustor para em seguida
acender a chama, sendo necessário verificar se a mesma está contínua e laminar, para
que não haja falha por possíveis incrustações no queimador. Após a leitura do branco
do equipamento e branco da análise, faz-se a curva de calibração e por último a amostra.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A amostra analisada apresentou o resultado de 1,15mg.L-1 de Cu0.


A mesma está dentro da faixa de trabalho proposta pela curva de calibração.

CONCLUSÃO

O experimento agregou muito conhecimento, relembrando e abrangendo vários


conceitos importantes da absorção atômica na prática. Além de mostrar a importância
de planejar o experimento, bem como, executá-lo de forma eficiente para obter
resultados precisos e confiáveis.
REFERÊNCIAS

[1] Castro, G. R. 2012. UNESP – Acesso em 08 de Jan.2013, Disponível em:


www.dfq.feis.unesp.br/.../Espectrometria_de_absorcao_atomica.pdf

[2] Skoog, Douglas A.; Niemam, F. James Holler e Timoty A.; trad. Ignez Caracelli...[et al.].
Princípios de Análise Instrumental 5ª edição, Porto alegre, Bookmam, 2002.

[3] Krug, F.J. et al. Espectrometria de Absorção Atômica. São Paulo, 2004.

[4]Takase Iracema – Takase, I. et al. Quim.Nova, v.25, p.1132-1144, 2002.

[5] Skoog DA, West DM, Holler FJ. Fundamentals of Analytical Chemistry. Saunders
college publishing, International edition, 6th ed., 1992.

[6]Mustra, C. J. Aplicação da técnica de espectrofotometria de absorção atômica na


análise de metais e metaloides em amostras biológicas.Lisboa, 2009.

[7]Skoog,West, Holler, Crouch. Fundamentos de Química Analítica. Tradução da 8ª


edição norte-americana. Editora Thomson, São Paulo, 2006.

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