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SEGUNDO REINADO

1840 - 1889

Prof.ª Raquel Pellacani


Aspectos Políticos
o Monarquia centralizada que contava com o apoio da elite agrária brasileira, gerando um período
de estabilidade política;

o D. Pedro II tinha uma postura bem menos autoritária do que de seu pai. Desse modo, era figura
querida e respeitada até mesmo pelos seus inimigos políticos;

o O bom momento da economia (cafeicultura) também gerou estabilidade política, pacificando a


relação entre o Executivo federal e o Legislativo;

o A elite agrária, após vivenciar a ameaça à unidade territorial brasileira, devido às rebeliões
regenciais, compreendeu a importância da centralização política.

Professora Raquel Pellacani


Quadro Político Partidário
O Partido Conservador possuía interesses agrários, uma vez
que seus membros formavam um grupo economicamente poderoso
ligado à lavoura e a pecuária, plantadores de cana-de-açúcar,
cafeicultores, criadores de gado. O Partido Liberal, mesmo havendo
nele grandes proprietários de terra, recebia o apoio da maioria dos
profissionais urbanos e comerciantes, ou seja, da burguesia. Os dois
partidos se atacavam publicamente, pois cada um possuía seu órgão
de imprensa oficial. O imperador não permitia censuras nos jornais,
levando à público as disputas dos dois grupos.
Numa tentativa de pacificar as relações políticas, o Imperador
mantinha-se neutro entre os dois partidos, embora sempre vigilante,
aconselhando a conciliação. Para tal, era promovido um rodízio
entre eles no cargo de Primeiro Ministro (chefe do Parlamento). A
respeito disso, Oliveira Viana, historiador e sociólogo, proferiu a
famosa frase: “Nada mais conservador que um liberal no poder.
Nada mais liberal que um conservador na oposição.”
Professora Raquel Pellacani
Parlamentarismo às Avessas
Adoção de um parlamentarismo no Brasil que funcionava de maneira oposta ao
modelo clássico inglês, e por isso foi apelidado de “parlamentarismo às avessas”. Esse
mecanismo inverso só foi possível devido à presença do Poder Moderador.

Professora Raquel Pellacani


Cafeicultura
O café foi introduzido no Rio de Janeiro, mais especificamente na região do Vale do Paraíba,
respeitando os padrões da agricultura colonial (plantation). Além disso, não eram empregadas técnicas
agrícolas. O solo era bom, mas não excelente, porém, ainda assim o café foi prosperando com o passar dos
anos.
Com a proliferação de fazendas, a cafeicultura acabou alcançando o Oeste paulista. Lá o café
encontrou a terra roxa, um tipo de solo avermelhado muito fértil, caracterizado por ser o resultado de milhões
de anos de erosão de rochas basálticas. Devido ao tom avermelhado, os italianos, que representavam a maioria
da mão de obra nessa área, chamavam o solo de terra rossa, ao passo que os brasileiros acabaram
decodificando o som como “terra roxa”. Nessa época o Brasil já contava com a mão de obra imigrante, que
era mais qualificada tecnicamente. Sem os elevados gastos com a compra dos escravos, os fazendeiros
puderam investir em novas técnicas agrícolas. Assim, o café paulista apresentava mais qualidade, vencendo o
café fluminense na concorrência. A cafeicultura do Rio de Janeiro começou a entrar em decadência.

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Professora Raquel Pellacani
Era Mauá - intenções
O Barão de Mauá era um político e negociante
Brasileiro que promoveu algumas ações com o objetivo
de acelerar o cenário industrial no país. Para isso, Mauá
foi o responsável por atrair investidores para o Brasil,
com a finalidade de criar uma infraestrutura favorável à
criação de indústrias. Naquele momento o Brasil era um
país que concentrava seus interesses nas áreas rurais. A
aristocracia brasileira, além de agrária, não estava
acostumada a investir. Os negócios mais ousados que se
dedicavam a fazer era a compra de terras. Além disso, a
maior parte da mão de obra era de escravos, o que
prejudica a obtenção de um mercado consumidor
potente.

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Era Mauá – origem do capital
Essa modernização, promovida por Mauá, ocorreu principalmente na região Sudeste do Brasil, sendo
possível a partir de capitais de diferentes origens, aplicadas em infraestrutura, indústrias e setores de
serviços.

o Capital oriundo da cafeicultura: capital privado da elite agrária brasileira;


o Capital que até 1850 (proibição do tráfico de escravos pela Lei Euzébio de Queirós) era destinado ao
tráfico negreiro: capital privado dos traficantes de escravos brasileiros e estrangeiros;
o Capital arrecadado nas Tarifas Alves Branco (1844): capital estatal nacional. Essas Tarifas não tinham
objetivo protecionista, mas acabaram estimulando a produção de bens de consumo (primeiro surto
industrializante do Brasil);
o Capital externo investido no Brasil através da instalação de empresas prestadoras de serviços no
contexto do Imperialismo (luz elétrica, bonde, água e esgoto, ferrovia): capital privado estrangeiro.

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Era Mauá - crise
Alguns fatores, no entanto, começaram a frear o sucesso da empreitada liderada por
Mauá: as elites agrárias se incomodaram ao perceberem que o governo priorizava, naquele
momento, aspectos mais urbanos do que rurais; a existência da escravidão provocava uma não
estabilização no mercado interno brasileiro, que era bem reduzido; os países industrializados
(Estados Unidos, Inglaterra, França, Holanda) começaram a se incomodar pela concorrência
que começavam a enfrentar contra os produtos brasileiros. Estes fatores levaram este surto de
modernização e progresso econômico ao fim, levando ainda Mauá à falência.

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Lei de Terras
Esta lei entrou em vigor em setembro de 1850 e estabelecia que toda posse sobre a terra deveria ser feita por
meio de compra. Desta forma, inviabilizou os sistemas de posse ou doação para transformar uma terra em
propriedade privada. Os objetivos do governo imperial para esta lei eram muitos. Observe:
o O governo imperial pretendia arrecadar mais impostos e taxas com a criação da necessidade de registro e
demarcação de terras. Esses recursos tinham como destino o financiamento da imigração estrangeira,
voltada para a geração de mão-de-obra, principalmente, para as lavouras de café. Vale lembrar que o tráfico
de escravos já era uma realidade que diminuía cada vez mais a disponibilidade de mão-de-obra escrava.
o Dificultar a compra ou posse de terras por pessoas pobres, favorecendo o uso destas para fins de produção
agrícola voltada para a exportação.
o Favorecer os grandes proprietários rurais, que passavam a ser os únicos detentores dos meios de produção
agrícola, principalmente a terra.
A Lei de Terras acabou trazendo como consequência para o Brasil a manutenção da concentração de terras
nas mãos da elite, aumentando ainda mais o poder desta elite. Dificultou o acesso de pessoas de baixa renda
às terras, fazendo com que muitas perdessem suas terras e sua fonte de subsistência. Restou a elas apenas o
trabalho como empregadas nas grandes propriedades rurais, aumentando assim a disponibilidade de mão-de-
obra.
Professora Raquel Pellacani
Legislação Abolicionista
Desde os primeiros momentos do Segundo Reinado
o Brasil foi alvo das pressões da Inglaterra para o fim da
escravidão. A potência, que já havia passado pela
Revolução Industrial, desejava ampliar seus negócios, e o
fim da escravidão no Brasil significaria a ampliação do
seu mercado consumidor. Em 1845 a Inglaterra cria a
Lei Bill Aberdeen, proibindo o tráfico atlântico de
escravos, ameaçando a captura e o confisco de navios
negreiros pela Marinha inglesa (entre 1845 e 1850 a
Inglaterra capturou cerca de 400 navios no Oceano
Atlântico). Neste sentido, cedendo a estas pressões,
foram criadas as chamadas “leis para inglês ver”, uma
legislação abolicionista que, na prática, não funcionava,
até porque desagradar a elite agrária naquele momento
não era objetivo da Coroa.

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Lei Eusébio de Queiroz - 1850
Proibição do tráfico atlântico de escravos. Não funcionou, pois a fiscalização nos portos era
fraca e o tráfico interprovincial continuou.

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Lei do Ventre Livre - 1871
Filhos de escravos nascidos a partir desta data estariam livres. Não funcionou porque as crianças
eram dependentes de suas mães e por isso permaneciam nas fazendas.

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Lei dos Sexagenários - 1885
Escravos estariam livres ao completarem
60 anos de idade. Não funcionou porque
poucos escravos conseguiam completar
esta idade, já que o nível de qualidade de
vida destas pessoas era baixíssimo. No
entanto, caso um escravo completasse 60
anos ainda em boas condições para o
trabalho, o senhor alterava sua idade para
não precisar libertá-lo. Por outro lado, os
escravos já sem condições de trabalho que
ainda não tivessem completado 60 anos,
tinham sua idade também alterada para
que o senhor, assim, reduzisse seus gastos.

Professora Raquel Pellacani


Lei Áurea - 1888
Abolição da escravidão. Não funcionou
porque o governo não ofereceu nenhuma
estrutura mínima para que o ex escravo
pudesse ser inserido no mercado de trabalho.
Como a sociedade brasileira era
extremamente racista, muitos deles acabavam
voltando para seus antigos senhores,
oferecendo a eles sua força de trabalho em
troca de abrigo e alimentação.

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Imigração
Para implementar a substituição da mão de obra escrava foram trazidos para o Brasil trabalhadores
brancos oriundos da Europa, principalmente. Dentre eles, alemães e italianos estavam em maior quantidade,
pois passavam por seus processos de unificação e a crise econômica acabava afetando os mais pobres. Sendo
assim, trabalharem no Brasil soava como uma promessa de recomeço de vida numa terra distante. A vinda
destes imigrantes fazia parte de um projeto racista de promover um “embranquecimento” da sociedade
brasileira. Representavam mão de obra qualificada e intimidade com o tipo de cultivo e trato com a terra. Os
imigrantes foram os principais responsáveis por disseminarem no Brasil as ideias anarcossindicalistas e
comunistas.

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Revolução Praieira (PE, 1848-1850)
▪ Liderança: jornalistas Liberais Exaltados (trabalhavam em um jornal situado à Rua da
Praia) com apoio das camadas populares.

▪ Motivação: Insatisfação com a falta de autonomia política das províncias e centralização da


monarquia.

▪ Reivindicações:
- Independência dos poderes e fim do poder Moderador;
- Voto livre e Universal;
- Liberdade de imprensa;

▪ Desfecho:
- A rebelião foi derrotada pelas forças oficiais;
- Os revoltosos foram presos e anistiados no ano seguinte.

Professora Raquel Pellacani


Questão Christie
Em 1861 o navio mercante inglês Prince of Wales naufragou na costa do Rio Grande do Sul. A população
gaúcha apoderou-se de sua carga, composta basicamente por louças, tecidos, vinho e azeite. Os sobreviventes
do naufrágio ficaram sem sua carga, e então dirigiram uma reclamação ao embaixador da Inglaterra que ficava
no Rio de Janeiro, o sr. William Dougal Christie, que, por sua vez, levou ao imperador as tais reclamações.
Christie exigia indenizações pela carga perdida e um pedido de desculpas formal aos mercadores ingleses. D.
Pedro II não atendeu a nenhuma das reivindicações.
Em 1862 dois marinheiros brasileiros envolveram-se numa briga com dois marinheiros ingleses. Todos
foram presos. As autoridades jurídicas brasileiras pediram ao embaixador Christie que os marinheiros ingleses
fossem julgados pela justiça brasileira. Indignado com o pedido, Christie encontra-se novamente com D. Pedro
II e aproveita para ratificar suas exigências anteriormente negadas pelo imperador. A resposta foi novamente
negativa.
A mando do embaixador Christie, navios de guerra ingleses bloquearam a Baía de Guanabara, no Rio de
Janeiro e também a costa do Rio Grande do Sul. O povo protestou e praticou represálias contra lojas inglesas.
O rei Leopoldo I, da Bélgica, foi o árbitro numa tentativa de acordo diplomático entre Brasil e Inglaterra,
no entanto, as relações diplomáticas entre os dois países foram rompidas por D. Pedro II em 1863, sendo
restabelecidas em 1865, por pedido inglês.
Professora Raquel Pellacani
Professora Raquel Pellacani
Guerra do Paraguai (1865-1870): antecedentes
Desde sua independência, em 1804, o Paraguai procurou desenvolver uma economia voltada para
o mercado interno, procurando desenvolver as indústrias nacionais e buscando não depender de
capitais externos. Essa postura incomodou muito a Inglaterra, pois desse jeito o Paraguai não seria
dependente do seu capital ou dos seus produtos.
Para garantir uma saída para o mar e assim poder criar uma via de exportação dos seus produtos,
o presidente paraguaio, Solano Lopez, lançou um projeto expansionista denominado “Paraguai
Maior”, que englobaria todo o território paraguaio, o Uruguai, parte da Argentina, partes do Brasil
(Rio Grande do Sul e Mato Grosso) e toda a bacia do Rio da Prata (território desejado pela
Argentina).
Com a Guerra de Secessão, os Estados Unidos reduziram seu consumo de produtos ingleses,
fazendo com que a Inglaterra se encontrasse necessitada de novos mercados consumidores. Nada
satisfeita com a postura protecionista do Paraguai e temendo que outros países da América seguissem
o seu exemplo, a Inglaterra voltou-se contra ele.

Professora Raquel Pellacani


Professora Raquel Pellacani
Guerra do Paraguai (1865-1870): o conflito
Em 1864 o Mato Grosso foi invadido pelo Paraguai; em 1865 é também invadido o território
de Corrientes, na Argentina. Como reação, Brasil, Argentina e Uruguai formaram a Tríplice Aliança,
contando com o apoio da Inglaterra, iniciando um conflito com o Paraguai.
A guerra durou 5 anos. Apenas em 1870 os exércitos de Duque de Caxias derrotaram de vez o
Paraguai, que tinham um exército pequeno, porém muito bem preparado. O exército brasileiro, no
entanto, era grande e nada capacitado. Para conseguir um número maior em suas tropas, o governo
brasileiro criou os “voluntários da pátria”, grupos militares de escravos que ganhariam suas alforrias
caso voltassem vivos da Guerra. A Guarda Nacional também foi incorporada no exército brasileiro.
A economia paraguaia foi mergulhada numa terrível crise econômica. Sua população masculina
foi reduzida a 1/3 da quantidade anterior ao conflito.

Professora Raquel Pellacani


Professora Raquel Pellacani
Revolta do Vintém (1879-1880)
Em dezembro de 1879, quando a companhia de bonde de São Cristóvão anunciou que as passagens
passariam a custar 1 vintém a partir de 1 de janeiro de 1880, a população se revoltou pelas ruas. O protesto durou
cerca de uma semana.
Além de questionar a taxação que aumentava em 10% o valor do bilhete do bonde, a população queria
manifestar o seu descontentamento com os altos níveis de desemprego, falta de moradia e as baixas condições
sanitárias. Na data em que entrou em vigor o novo valor do bilhete, a população se reuniu por volta do meio dia
no chafariz do largo do Paço, no centro do Rio, de onde os grupos partiram e iniciaram uma série de depredações
e confrontos com a polícia. “Em sinal de protesto contra a cobrança do vintém, os manifestantes tomavam os
bondes, espancavam os condutores, esfaqueavam os animais usados como força de tração, despedaçavam os
carros, retiravam os trilhos e, com eles, arrancavam as calçadas. Em seguida, utilizando os destroços construíam
barricadas e passavam a responder à intimidação da polícia com insultos, pedradas, garrafadas e até com tiros de
revólver” (Ronaldo Pereira de Jesus, “A Revolta do Vintém e a Crise da Monarquia”).
Após as manifestações, a cobrança do imposto foi revogada e os principais integrantes do governo ligados de
alguma forma aos episódios foram substituídos. A Revolta do Vintém marca, de maneira incisiva, a
impopularidade do regime e o início de desgaste da imagem de D. Pedro II, além da notória insatisfação popular
por estar tão afastada das decisões políticas.

Professora Raquel Pellacani


Professora Raquel Pellacani
Crise do Império
A expansão do café, as transformações
econômicas e o surgimento de novas classes sociais
(burguesia industrial e operariado), deram origem
ao Partido Republicano, que defendia uma reforma
eleitoral, um Conselho de Estado burguês e um
maior federalismo político. Este partido propunha
ainda a instauração de uma república, fazendo feroz
opressão à Monarquia e, por conseguinte, ao
governo de D. Pedro II.
Nas chamadas “questões”, tratadas adiante, o
Partido Republicano ganha adesões dos mais
poderosos grupos sociais da época, que, por
diferentes motivos, deixam de apoiar o imperador.

Professora Raquel Pellacani


Questão Escravista

Pressionado pela Inglaterra, o imperador


adota um abolicionismo gradual que, embora não
funcionasse plenamente, trouxe algum nível de
prejuízo para a elite agrária, que deixou de apoiar
o governo de D. Pedro II e apoiou a causa
republicana.

Professora Raquel Pellacani


Questão Religiosa

A Igreja Católica, controlada pela


monarquia, perde muitos dos seus privilégios,
tendo ainda dois de seus bispos presos no
Brasil por se envolverem em protestos a favor
da república. Enraivecida, a Igreja deixa
oficialmente de apoiar o governo imperial e
passa a aderir à causa republicana.

Professora Raquel Pellacani


Questão Militar

Fortalecido pela vitória na Guerra do Paraguai e


sedento por maior participação política, o exército
reivindicava direito de voto, fim da Guarda Nacional
e uma liderança de oficiais e não mais de nobres.
Com as reivindicações negadas, a corporação se
volta contra o governo imperial e passa a apoiar a
causa republicana.

Professora Raquel Pellacani


Fim da Monarquia no Brasil
Em 15 de novembro de 1889 os militares, liderados pelo Marechal Deodoro da
Fonseca, invadem o Palácio Imperial e expulsam do Brasil a família real, dando início à
nossa primeira experiência republicana.

Professora Raquel Pellacani


FIM

Professora Raquel Pellacani

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