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162 ARTIGO ORIGINAL | ORIGINAL ARTICLE

Ações voltadas ao controle do Diabetes


Mellitus na Atenção Básica: proposta de
modelo avaliativo
Actions aimed at the Diabetes Mellitus control in Primary Health
Care: a proposal of evaluative model

Daiani de Bem Borges1, Josimari Telino de Lacerda2

RESUMO O artigo corresponde à apreciação da viabilidade para avaliação das ações voltadas
ao controle do Diabetes Mellitus (DM) na Atenção Básica (AB) e apresenta uma proposta de
modelo avaliativo. Análises documentais, revisão de literatura e reuniões com especialistas
orientaram a elaboração do modelo. Para sua validação, utilizou-se a técnica de conferência de
consenso. A matriz de análise e julgamento é composta por 19 indicadores agregados em duas
dimensões. As ações voltadas ao controle do DM na AB são passíveis de avaliação. A aplicação
do modelo avaliativo proposto permitirá ampliar o conhecimento dos mecanismos e proces-
sos implicados na operacionalização das ações, contribuindo para seu aperfeiçoamento.

PALAVRAS-CHAVE Avaliação em saúde. Diabetes Mellitus. Atenção Primária à Saúde.

ABSTRACT The article corresponds to the assessment of the feasibility to evaluate the actions
directed to the control of Diabetes Mellitus (DM) in Primary Health Care (PHC), and presents
a proposal of an evaluation model. Documental analysis, literature review and meetings with
experts guided the elaboration of the model. For its validation, the consensus conferencing tech-
nique was used. The matrix of analysis and judgment is composed of 19 indicators aggregated in
two dimensions. Actions aimed at the control of DM in PHC are susceptible to evaluation. The
application of the proposed evaluative model will increase the knowledge of the mechanisms and
processes involved in the operationalization of the actions, contributing to its improvement.

KEYWORDS Health evaluation. Diabetes Mellitus. Primary Health Care.

1 Universidade Federal
de Santa Catarina
(UFSC), Programa de
Pós-Graduação em Saúde
Coletiva – Florianópolis
(SC), Brasil.
daianiborges@gmail.com

2 Universidade Federal
de Santa Catarina
(UFSC), Programa de
Pós-Graduação em Saúde
Coletiva – Florianópolis
(SC), Brasil.
jtelino@gmail.com

SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 42, N. 116, P. 162-178, JAN-MAR 2018 DOI: 10.1590/0103-1104201811613
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Introdução O DM é um problema de saúde considera-


do Condição Sensível à Atenção Primária. As
O Diabetes Mellitus (DM) é uma das doenças evidências demonstram que o bom manejo
crônicas mais prevalentes no mundo e se desse agravo na AB evita hospitalizações e
constitui em um dos maiores desafios de mortes por complicações cardiovasculares
saúde pública do século XXI. Nos anos e cerebrovasculares8. Para que as ações vol-
2000, havia 151 milhões de pessoas com DM tadas ao controle do DM se desenvolvam de
em todo o mundo. Em 2015, o número total forma efetiva e eficiente, a AB deve atuar
de pessoas com diabetes já chegou a 415 como porta de entrada no sistema de saúde
milhões, o que corresponde a uma preva- e coordenadora do cuidado. Práticas centra-
lência de 8,8%. Além das taxas crescentes de das no modelo biomédico; no precário fun-
mortalidade, o DM preocupa devido ao custo cionamento dos mecanismos de referência
econômico associado à doença. Se a epide- e contrarreferência; no desconhecimento
mia global de DM continuar aumentando, dos profissionais da AB quanto aos fluxos de
haverá, muito provavelmente, um cresci- acesso aos demais pontos de atenção; em dé-
mento maciço das despesas de saúde nos ficits na formação das equipes, descompro-
próximos anos. Atualmente, cerca de 12% misso dos profissionais com o cumprimento
das despesas globais em saúde já são atribu- das normas técnicas e com os resultados
ídas ao cuidado das pessoas com diabetes e esperados; em condições de trabalho precá-
suas complicações1. Vários estudos compro- rias, incluindo a instabilidade dos vínculos
vam que o diabetes impõe um grande fardo trabalhistas, salários precários, problemas
econômico aos indivíduos e às famílias, aos na relação quantitativa de equipe/população
sistemas nacionais de saúde e aos países2,3. e a falta de equipamentos e outros insumos
O Brasil já ocupa a quarta posição entre são alguns dos fatores impeditivos para uma
os países com maior número de pessoas adequada atenção à saúde9,10.
vivendo com DM, com, aproximadamente, Para compreender de que forma e em que
14,3 milhões, atrás apenas da China, da Índia medida as ações voltadas ao controle do DM
e dos USA4. Em 2011, a prevalência do DM estão implantadas, identificar os fatores con-
autorreferido em adultos (maiores de 18 textuais que influenciam o grau de implan-
anos) residentes nas capitais brasileiras foi tação e reconhecer os fatores facilitadores
de 6,3% (95% IC: 5,9-6,7), aumentando signi- e principais obstáculos enfrentados para o
ficativamente com idade, sobrepeso e obesi- desenvolvimento de ações efetivas, há de se
dade5. O DM faz parte do grupo das Doenças desenvolver processos avaliativos pertinen-
Crônicas não Transmissíveis (DCNT) e é tes e oportunos. Diante da importância de
responsável pela primeira causa de mor- estudos avaliativos para a tomada de decisão
talidade no País, com 61,85% do total de e da responsabilidade da gestão municipal
óbitos, segundo Capítulo do CID-10, em sobre a implantação das ações voltadas ao
20156. Nas últimas décadas, tem-se obser- controle do DM, torna-se oportuna a pro-
vado uma redução da taxa de mortalidade posição de um modelo avaliativo que possa
por DCNT, principalmente com relação subsidiar o planejamento, a implementação
às doenças cardiovasculares e respirató- de ações, a organização e a reorientação
rias crônicas. Essa redução é atribuída à dessa intervenção nos municípios.
implementação de políticas de saúde que O presente artigo corresponde à aprecia- Este é um artigo publicado em
acesso aberto (Open Access)
levaram à expansão do acesso à Atenção ção da viabilidade para avaliação das ações sob a licença Creative Commons
Attribution, que permite uso,
Básica (AB) em saúde e à redução do taba- voltadas ao controle do DM na AB e tem como distribuição e reprodução em
qualquer meio, sem restrições,
gismo. Entretanto, a taxa de mortalidade objetivo apresentar uma proposta de modelo desde que o trabalho original seja
por diabetes continua aumentando7. avaliativo, constituída por: modelo teórico, corretamente citado.

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modelo lógico e uma matriz de análise e serem realizadas; modelagem do programa


julgamento, bem como recomendações para com os interessados, considerando os re-
pesquisas avaliativas subsequentes. sultados esperados, os impactos previstos e
os determinantes; entendimento preliminar
de como o programa opera; desenvolvimen-
Metodologia to de uma matriz de análise e julgamento;
identificação dos utilizadores da avaliação;
Este estudo está baseado na metodologia obtenção de um acordo quanto ao procedi-
proposta por Thurston e Ramaliu11, com mento de uma avaliação.
abordagem qualitativa, em pesquisa realiza- Inicialmente, foi realizada análise documen-
da entre agosto de 2014 e julho de 2015, que tal e revisão da literatura para delimitar o pro-
compreendeu: revisão da literatura e dos grama e identificar seus objetivos. No quadro 1,
documentos oficiais sobre o objeto avaliado; são apresentadas as políticas de saúde, legisla-
delimitação do programa através da identi- ções e normas relacionadas ao objeto de pes-
ficação de seus objetivos e das atividades a quisa utilizadas na análise documental.

Quadro 1. Leis, portarias, diretrizes e protocolos utilizados na elaboração dos modelos teórico e lógico das ações voltadas
ao controle do DM na AB

Ano Legislação Deliberações/Objetivos


2001 Portaria nº 95, de 26 de janeiro Aprova a Norma Operacional da Assistência à Saúde – Noas-SUS
de 2001 01/2001.
Plano de Reorganização da Aten- Subsidia tecnicamente os profissionais da rede de Atenção Básica na
ção à Hipertensão arterial e ao perspectiva de reorganizar a atenção à hipertensão arterial e ao Diabe-
Diabetes Mellitus tes Mellitus.
2002 Institui o Programa Nacional de Assistência Farmacêutica para Hiper-
Portaria nº 371/GM, em 04 de tensão Arterial e Diabetes Mellitus, parte integrante do Plano Nacional
março de 2002 de Reorganização da Atenção a Hipertensão Arterial e Diabetes Melli-
tus.
2006 Lei nº 11.347, de 27 de setembro Dispõe sobre a distribuição gratuita de medicamentos e materiais ne-
de 2006 cessários à sua aplicação e à monitoração da glicemia capilar aos porta-
dores de diabetes inscritos em programas de educação para diabéticos.
Cadernos de Atenção Básica n°16 Protocolo baseado em evidências científicas mundiais dirigido aos
profissionais de saúde, sobretudo às equipes de saúde da família, para o
enfrentamento do DM.
2007 Portaria nº 2.583, de 10 de outubro Define elenco de medicamentos e insumos disponibilizados pelo Siste-
de 2007 ma Único de Saúde, nos termos da Lei nº 11.347, de 2006, aos usuários
portadores de Diabetes Mellitus.
2008 Diretrizes e Recomendações para Promove a reflexão sobre o modelo de assistência orientado para res-
o Cuidado Integral de DCNT (Série ponder às necessidades das pessoas com DCNT.
Pacto pela Vida, v.8)
2010 Portaria nº 4.279, de 30 de de- Estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde
zembro de 2010 no âmbito do SUS.
2011 Portaria nº 2.488, de 21 de outubro Aprova a Política Nacional de Atenção Básica.
de 2011
2012 Plano de ações estratégicas para o Promove o desenvolvimento e a implementação de políticas públicas
enfrentamento das DCNT no Brasil efetivas para a prevenção e o controle das DCNT e seus fatores de risco
2011-2022 e fortalece os serviços de saúde voltados às doenças crônicas.

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Quadro 1. (cont.)

2013 Portaria nº 1.555, de 30 de julho Dispõe sobre as normas de financiamento e de execução do Compo-
de 2013 nente Básico da Assistência Farmacêutica no âmbito do SUS.
Diretrizes para o cuidado das Estabelece as diretrizes para o cuidado às pessoas com doenças crôni-
pessoas com doenças crônicas nas cas na Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas.
Redes de Atenção à Saúde e nas
Linhas de Cuidado Prioritárias
Caderno de Atenção Básica n° 36 Estratégias para o enfrentamento das DCNT: Diabetes Mellitus.

Para a modelagem do programa, foi elabo- Para a validação do modelo avaliativo


rado um Modelo Teórico (MT) e um Modelo proposto, constituído pelos modelos teórico,
Lógico (ML) das ações voltadas ao controle lógico e pela MAJ, e considerando o conteúdo
do DM na AB. O MT é um sistema hipotéti- e a plausibilidade das relações causais esta-
co-dedutivo que representa a teoria do ob- belecidas entre os seus vários componentes,
jeto-modelo, explicitando como o programa foram realizadas duas oficinas com a parti-
idealmente funciona. Sua operacionalização cipação de informantes-chave, orientadas
é expressa através do ML, esquema visual pela técnica de conferência de consenso17.
que apresenta o funcionamento do progra- Para compor as oficinas de consenso, foram
ma e fornece uma base objetiva a respeito da convidados gestores e profissionais de saúde
relação causal entre seus elementos12,13. vinculados ao serviço no âmbito da AB, es-
Os modelos teórico e lógico preliminares colhidos em virtude de sua área de atuação e
foram estruturados a partir do referencial experiência com relação ao objeto de estudo,
teórico adotado, levando em consideração e pesquisadores com experiência na área de:
o contexto social no qual o objeto está inse- avaliação em saúde, diabetes/doenças crôni-
rido. As propostas iniciais dos dois modelos cas não transmissíveis e pesquisa qualitativa.
foram apresentadas e extensamente dis- Ao todo, participaram das oficinas, enquanto
cutidas em oficinas com a participação informantes-chave: (02) médicos de família
dos integrantes do Núcleo de Extensão e e comunidade; (03) odontólogos; (02) enfer-
Pesquisa em Avaliação em Saúde (Nepas), meiros; (01) farmacêutico; (01) nutricionista.
do Programa de Pós-Graduação em Saúde Os informantes-chave receberam a pro-
Coletiva da Universidade Federal de Santa posta preliminar dos MT, ML e da MAJ, via
Catarina (UFSC), constituído por professo- correio eletrônico, e foi solicitado que se
res do departamento, profissionais de saúde manifestassem quanto à concordância ou
de diversas áreas e alunos de mestrado e discordância no tocante ao modelo avalia-
doutorado da área de avaliação em saúde. tivo proposto. Após essa etapa, foi marcada
À luz dos modelos teórico e lógico consen- uma reunião presencial onde o resultado da
suados, foi elaborada a Matriz de Análise e primeira etapa foi apresentado com o intuito
Julgamento (MAJ), contendo indicadores, de promover o debate aberto sobre cada uma
medidas, parâmetros, a pontuação máxima das dimensões e subdimensões pré-estabe-
esperada, bem como as respectivas fontes lecidas, juntamente com os critérios, indica-
de evidência. A revisão da literatura também dores e medidas propostas. Nesse momento,
auxiliou na seleção dos componentes da a partir da reflexão e do debate conjunto,
matriz de análise e na identificação de indi- ficou estabelecido que o modelo avaliativo
cadores utilizados em estudos anteriores14-16. tinha como foco a gestão municipal e que os

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principais utilizadores da avaliação seriam Catarina/CCS, de acordo com as normas es-


os profissionais responsáveis pela imple- tabelecidas pela Resolução nº 466/2012, do
mentação do programa, ou seja, gestores e Conselho Nacional de Saúde, com Certificado
profissionais de saúde da AB. Após o encon- de Apresentação para Apreciação Ética
tro presencial, todas as contribuições foram (CAAE) n° 45623615.3.0000.0121.
analisadas e sistematizadas, identificando-se
os pontos de maior acordo e desacordo en-
contrados nas respostas. Algumas sugestões Resultados e discussão
foram incorporadas ao modelo avaliativo
inicialmente proposto. Também ocorreram As ações voltadas ao controle do DM não
supressões, acréscimos ou complementação estão estruturadas como um programa espe-
de critérios ou indicadores baseados nos cífico, como o Programa Nacional de Controle
argumentos das discussões e justificativas da Tuberculose, por exemplo. Todavia, os do-
apresentadas. Na terceira e última etapa, cumentos analisados possibilitaram a iden-
os participantes receberam, novamente, via tificação dos objetivos; do público-alvo; das
correio eletrônico, os modelos propostos e a atividades a serem realizadas; dos recursos
MAJ, agora com as alterações/modificações e da infraestrutura necessários para garantir
resultantes das etapas anteriores. Aqui, os a operacionalização dessas atividades; e dos
especialistas tiveram a oportunidade de se resultados esperados. As metas a serem alcan-
manifestar quanto à manutenção ou não de çadas, no entanto, dependem das característi-
suas opiniões iniciais. Os itens que apresen- cas e da realidade local.
taram maior consenso passaram a compor o O DM é considerado uma das Linhas de
modelo avaliativo definitivo. Cuidado (LC) do Sistema Único de Saúde
A MAJ elaborada permite a análise descri- (SUS). As LC podem ser entendidas como
tiva de todos os seus componentes. Cada in- recomendações sistematicamente desenvol-
dicador recebeu entre uma e quatro medidas, vidas, orientadas por diretrizes clínicas, com
considerando-se dados quantitativos e quali- o objetivo de garantir a atenção à saúde. Elas
tativos. Os parâmetros de julgamento foram definem as ações e os serviços que devem
fundamentados em aspectos normativos, na ser desenvolvidos nos diferentes pontos de
revisão da literatura e nos acordos firmados atenção (primário, secundário e terciário)
com os especialistas. A atribuição dos pontos de uma Rede de Atenção à Saúde (RAS) e
foi discutida entre os pesquisadores envol- expressam os fluxos assistenciais que devem
vidos, a partir do ML e da leitura dos dados ser garantidos ao usuário, no sentido de
primários e secundários obtidos no estudo. atender às suas necessidades de saúde18.
Todos os informantes-chave concordaram O MT das ações voltadas ao controle do
em participar da pesquisa, expressando sua DM na AB proposto está apresentado na
anuência através da assinatura do Termo de figura 1. A implantação das LC deve se dar a
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). partir das Unidades Básicas de Saúde (UBS),
A pesquisa foi submetida e aprovada pelo que têm a responsabilidade pela coordena-
Comitê de Ética em Pesquisa com Seres ção do cuidado e pelo ordenamento da RAS.
Humanos da Universidade Federal de Santa

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Figura 1. Modelo Teórico das ações voltadas ao controle do Diabetes Mellitus na Atenção Básica

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

Linhas de Cuidado / Redes de Atenção à Saúde

Atenção Básica/Unidade Básica de Saúde

Lei nº 11347/2006 Diretrizes p/ organização das RAS no âmbito


Portaria nº 1583/2007 do SUS (2010)

Caderno de Atenção Básica Plano de ações estratégicas p/ o


(2006; 2013) Diabetes Mellitus enfrentamento das DCNT no Brasil 2011/22

Financiamento do Componente Básico Diretrizes p/ o cuidado das pessoas com doenças


da Assistência Farmacêutica (2013) crônicas nas RAS e nas LC prioritárias (2013)

Ações voltadas ao controle do DM na AB

Político-organizacional Técnico-Assistencial
Aporte dos aspectos estruturais e
organizacionais Provimento das ações

Condições adequadas para a Ações realizadas conforme o


realização das ações preconizado

Garantia do direito à saúde e redução da morbimortalidade associada


ao DM e suas complicações

Compromisso Outras modalidades Vulnerabilidade Influência da mídia e da Indústria


político assistenciais Social indústria alimentícia farmacêutica

Desse modo, a AB desempenha um papel terem sido estabelecidas as diretrizes para


central nesse processo por ser o ponto de o cuidado às pessoas com doenças crônicas
atenção com maior capilaridade dentro da nas redes de atenção à saúde e nas linhas de
RAS. No MT, são apresentadas as várias ini- cuidado19-21.
ciativas governamentais para normatizar as Para que as ações desenvolvidas na AB im-
ações voltadas ao controle do DM no âmbito pactem a situação de saúde, em seus deter-
da AB. Inicialmente, por meio de algumas minantes e condicionantes, é fundamental
estratégias e medidas que possibilitaram a que a infraestrutura dos serviços, o processo
ampliação do acesso e da qualidade da AB, de trabalho dos profissionais de saúde e a
através do cadastramento e da vinculação oferta diagnóstica e terapêutica respondam
dos usuários às UBS, possibilitando o acom- de forma efetiva às necessidades de saúde da
panhamento sistemático dos casos, a pre- população adscrita e estejam articulados com
venção das complicações e a atualização dos os demais pontos da rede21. No MT proposto,
profissionais de saúde. Mais recentemente, as ações voltadas ao controle do DM na AB
foi publicado o Plano de Ações Estratégicas estão divididas em duas dimensões: Político-
para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Organizacional (PO) e Técnico-Assistencial
Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil, 2011- (TA). A dimensão PO contempla as áreas
2022, com o objetivo de promover o desen- em que a gestão da saúde deve atuar para
volvimento e a implementação de políticas garantir o aporte dos aspectos estruturais
públicas efetivas e fortalecer os serviços e organizacionais necessários à realização
de saúde para a prevenção e o controle das adequada das ações. A TA está relacionada
DCNT e de seus fatores de risco, além de com o provimento das ações por parte dos

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profissionais de saúde que atuam nas UBS. no sistema de saúde, na esfera municipal,
Para que as ações voltadas ao controle do dá-se pela falta de clareza quanto às com-
DM alcancem os resultados esperados, além petências e responsabilidades dos gestores
de condições adequadas, é necessário que para a garantia do direito à saúde na agenda
as equipes de saúde organizem seu processo governamental22.
de trabalho e realizem as ações conforme o A segmentação do sistema de saúde e
preconizado. As ações da gestão municipal da a descrença nele levam muitas pessoas a
saúde e dos profissionais de saúde que atuam procurar seguradoras de saúde privadas. O
nas UBS estão inter-relacionadas e são fun- setor privado oferece planos de saúde com
damentais para que a atenção às pessoas com diferentes níveis assistenciais, sendo es-
DM seja resolutiva. O conjunto das ações vol- tratificado em função das diferentes situa-
tadas ao controle do DM na AB visa a garantir ções socioeconômicas dos usuários, o que o
o direito à saúde às pessoas com diabetes e torna altamente fragmentado e centrado em
a redução da morbimortalidade associada à procedimentos. Esses planos muitas vezes
doença e suas complicações. oferecem serviços paralelos aos ofertados
A incidência e a prevalência do DM, assim pelo SUS, com superposição de consumo.
como o grau de implantação das ações volta- Com isso, as seguradoras de saúde acabam
das ao controle do DM na AB e o alcance dos aumentando o gasto total em saúde sem
resultados esperados estão condicionados substituir o financiamento público. Além
a fatores contextuais. O cenário brasileiro disso, os detentores de planos de saúde fre-
apresenta diferenças sociais, econômicas e quentemente recorrem ao SUS para receber
culturais marcantes que repercutem sobre as vacinas, medicamentos, serviços de alto
necessidades de saúde da população entre as custo e procedimentos de alta complexi-
diversas regiões e municípios. Esse cenário é dade. A oferta desordenada de assistência
agravado pelos interesses da oferta privada e médica ambulatorial no setor privado difi-
pelas pressões do mercado na área da saúde. culta o planejamento e a programação local
Entre os fatores contextuais que podem em saúde no serviço público, uma vez que a
influenciar a implantação das ações e seus gestão municipal da saúde é responsável não
resultados, destacam-se: o compromisso só por quem usa os serviços públicos, mas
político, a existência de outras modalidades para todo o conjunto da sociedade23,24.
assistenciais, a influência da mídia, da indús- Os hábitos e práticas alimentares do
tria alimentícia e farmacêutica e as vulnera- mundo contemporâneo são construídos
bilidades sociais. com base em determinações socioculturais
O compromisso político é entendido sobre as quais a mídia e a indústria exercem
como a responsabilidade da gestão pública grande influência. Ao mesmo tempo que es-
municipal pelo desenvolvimento de estra- timulam o consumo de produtos industriali-
tégias que operacionalizem as políticas e os zados ditos ‘leves, saudáveis e ricos em uma
programas considerados prioritários para variedade enorme de nutrientes’, vendem
o município. Para que os princípios e as a imagem de pessoas bonitas, magras e
diretrizes do SUS sejam cumpridos, as es- também saudáveis, instigam o consumo de
truturas administrativas e organizacionais lanches tipo fast food, ricos em carboidratos
das Secretarias Municipais de Saúde (SMS) e gorduras saturadas. As mudanças verifica-
devem ser entendidas como uma responsa- das nos padrões alimentares, associadas ao
bilidade primária e intransferível dos gesto- sedentarismo, podem ser consideradas as
res municipais e estar coerentes com o Plano grandes responsáveis pelo aumento da inci-
Municipal de Saúde e a Programação Anual dência e da prevalência de doenças como a
de Saúde. Parte dos problemas enfrentados obesidade e o diabetes25,26.

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Dado o expressivo mercado de medica- de saúde devem ser planejadas priorizando


mentos e insumos farmacêuticos existen- indivíduos e famílias em situação de maior
te no País, o SUS trabalha com a Relação necessidade e vulnerabilidade, para poten-
Nacional de Medicamentos Essenciais cializar os recursos disponíveis e propor in-
(Rename), lista que norteia a oferta de me- tervenções condizentes com as necessidades
dicamentos para o tratamento dos princi- identificadas29,30.
pais problemas de saúde da população. No O impacto econômico do DM sobre a
entanto, o lobby da indústria e do comércio sociedade atual é enorme. Ele incide não
de produtos farmacêuticos muitas vezes faz apenas sobre os sistemas de saúde, mas,
com que usuários e prescritores passem a também, sobre os indivíduos e suas famílias,
considerar imprescindível o uso dos novos e tem gerado perda de qualidade de vida,
produtos lançados no mercado, tornando-se com alto grau de limitação nas atividades de
frequente a reivindicação dos mesmos via trabalho e de lazer3. Foi consenso entre os
sistema judiciário. A solicitação dos análogos especialistas que as ações voltadas ao contro-
de insulina e dos novos agentes antidiabéti- le do DM na AB são de responsabilidade da
cos orais (metiglinidas, glitazonas, gliptinas gestão municipal da saúde. Para que sejam
etc.) é um exemplo dessa situação. A judi- desenvolvidas de forma efetiva e eficiente,
cialização da saúde tem quebrado a lógica os aspectos estruturais e organizacionais ne-
da integralidade das ações ao retirar parte cessários ao funcionamento das UBS, assim
dos recursos destinados à compra de medi- como a garantia das condições adequadas
camentos essenciais para o atendimento das ao provimento das ações por parte dos pro-
demandas judiciais, afetando de forma signi- fissionais de saúde devem ser considerados
ficativa os orçamentos públicos municipais prioritários para a prevenção desse agravo,
em todo o País27,28. para a redução da morbimortalidade e dos
A desigualdade nas condições de vida em custos associados à doença.
nossa sociedade favorece o surgimento de Com o intuito de expor como deve ser im-
pessoas ou populações em situação de maior plantada a intervenção objeto deste estudo e
vulnerabilidade social, pois elas se veem ex- quais os resultados esperados, além de for-
cluídas do sistema e dos benefícios sociais necer uma base objetiva a respeito da relação
básicos, como saúde, educação, trabalho e causal entre os elementos desta intervenção
lazer, e perdem a liberdade de escolha diante (dimensões, subdimensões, recursos, ativi-
da reduzida gama de oportunidades. Quanto dades, produtos, resultados intermediários
maior o número de pessoas vivendo em si- e final), é apresentada uma proposta de ML
tuações de vulnerabilidade, maior a morbi- das ações voltadas ao controle do DM na AB
dade e a mortalidade. Dessa forma, as ações (figura 2).

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Figura 2. Modelo Lógico das ações voltadas ao controle do Diabetes Mellitus na Atenção Básica
Resultados Resultado
Dimensão Subdimensão Recursos Atividades Produtos intermediários final

Recursos financeiros: PAB Fixo; PAB Variável (Financiamento da Estratégia Saúde da Família (ESF) e do
Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf); Financiamento da Assistência Farmacêutica Básica; Fundo

Condições adequadas para a realização da atenção ao DM


- Garantia de EqAB completas e com cobertura adequada; Equipe
multiprofissional
- Apoio de nutricionista, educador físico e farmacêutico; adequada e qualificada
Gestão de pessoas - Valorização e capacitação dos profissionais; para atenção às pessoas
- Inclusão das DCNT e/ou do DM na Política de Educação Permanente.

pelas equipes de saúde que atuam na AB


com DM
Político-Organizacional

- UBS com estrutura física adequada ao atendimento;


-Disponibilidade de materiais e equipamentos; Condições físicas e
Infraestrutura

redução da morbimortalidade associada à doença e suas complicações


- Disponibilidade dos medicamentos e insumos para o tratamento do materiais adequadas à
Ações voltadas ao controle do DM na Atenção Básica

DM. realização das ações


voltadas ao controle do
DM nas UBS
- Protocolos e fluxos de acesso aos diferentes pontos da rede

Garantia do direito à saúde às pessoas com DM e


assistencial;
- Mecanismos de otimização da oferta dos serviços de saúde de acordo Garantia da
Integração da rede com as necessidades e os riscos; integralidade do
de atenção - Adequação da oferta de exames laboratoriais e serviços cuidado às pessoas com
especializados. diabetes
Municipal de Saúde

- Consistência no preenchimento dos dados nos Sistemas de Informação Avaliação sistematizada


(SI) específicos; dos dados gerados
Monitoramento e - Seleção de indicadores para monitoramento e avaliação das ações; sobre as ações voltadas
Avaliação - Utilização dos indicadores selecionados para o planejamento e a ao controle do DM
organização das ações.

- Apropriação do território da área de abrangência da equipe; Cuidado organizado

Ações voltadas ao DM realizadas conforme


- Organização da agenda com acesso facilitado ao atendimento; segundo as necessidades
Organização do - Participação do Agente Comunitário de Saúde (ACS) nas reuniões de de saúde do usuário com
cuidado equipe; atuação multiprofissional
- Discussão de casos entre EqAB e os profissionais de apoio. e interdisciplinar
Técnico-Assistencial

- Busca dos fatores de risco para desenvolvimento do DM nas consultas

o preconizado
médicas e de enfermagem; Diagnóstico precoce,
Diagnóstico, tratamento adequado e
Tratamento e - Tratamento adequado das pessoas com DM (incluindo estímulo à acompanhamento
modificação do estilo de vida e orientação farmacoterapêutica); longitudinal às pessoas
Acompanhamento - Plano para acompanhamento periódico e gerenciamento dos casos. com DM

- Realização de atividades coletivas voltadas à prevenção primária do


População com maior
DM; conhecimento sobre o DM
Prevenção do DM e - Realização de atividades de educação em saúde voltadas ao controle e sobre os fatores de risco
suas complicações do DM periodicamente; que interferem na doença
- Avaliação sistemática das complicações associadas ao DM.

No ML proposto, a dimensão PO conta sistemática das ações ofertadas para o alcance


com as subdimensões: ‘Gestão de Pessoas’, de metas estabelecidas.
‘Infraestrutura’, ‘Integração da Rede de A dimensão TA inclui as ações relaciona-
Atenção e Monitoramento e Avaliação’. Para das com o processo de trabalho das Equipes
que as ações voltadas ao controle do DM sejam de Referência da Atenção Básica (EqAB) e
realizadas de forma adequada, a gestão mu- as subdimensões: ‘Organização do Cuidado’;
nicipal da saúde deve dispor de profissionais ‘Diagnóstico, Tratamento e Acompanhamento’;
motivados e qualificados em quantidade su- ‘Prevenção do DM e suas complicações’. Para o
ficiente para garantir a cobertura apropriada planejamento e a execução das ações voltadas
da demanda existente. Deve garantir, também, ao controle do DM, as EqAB devem levar em
que as UBS possuam estrutura física adequada, conta o território de atuação e as característi-
equipamentos e materiais em quantidade sufi- cas da população sob sua responsabilidade. A
ciente para que os profissionais possam exercer abordagem terapêutica empregada e o acom-
suas atividades. Espera-se, ainda, que a gestão panhamento prestado são fundamentais para a
organize os fluxos de acesso para garantir a in- prevenção do DM e suas complicações, assim
tegralidade da atenção em todos os pontos da como para a manutenção da qualidade de vida
rede e realize o monitoramento e a avaliação das pessoas com a doença32.

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Ações voltadas ao controle do Diabetes Mellitus na Atenção Básica: proposta de modelo avaliativo 171

No ML, foram elencadas as atividades con- DM ou das DCNT, com regularidade, são con-
sideradas essenciais em todas as subdimensões sideradas fundamentais32. Os indicadores elen-
propostas e apresentados os produtos espe- cados nessa subdimensão foram: ‘cobertura dos
rados para cada uma delas. Como resultados profissionais da AB’; ‘permanência dos profis-
intermediários e final, espera-se que a gestão sionais’; ‘qualificação profissional’.
municipal da saúde garanta condições ade- A ‘Infraestrutura’ das UBS deve ser adequa-
quadas para que as equipes da AB possam da ao atendimento da demanda local de acordo
realizar as ações voltadas ao controle do DM com as necessidades da população. A ‘estrutura
conforme o preconizado, de modo a garantir física das UBS’ deve permitir a acessibilidade
às pessoas com DM o direito à saúde, com e possuir instalações adequadas à realização
vistas à redução da morbimortalidade relacio- das ações de saúde para toda população. Para
nada à doença e suas complicações. que a atenção às pessoas com DM seja reali-
A matriz de análise e julgamento conta zada adequadamente, são necessárias condi-
com 7 subdimensões e 19 indicadores, lis- ções materiais e aporte tecnológico específico
tados no quadro 2, com suas respectivas para a organização do processo de trabalho e a
medidas, parâmetros, a pontuação máxima efetivação do cuidado. O suprimento e a ma-
esperada para cada um de seus componentes nutenção regular dos ‘materiais e equipamen-
e as fontes de evidências. tos’ necessários à execução do conjunto das
Na subdimensão ‘Gestão de Pessoas’ desta- ações voltadas ao controle do DM, assim
ca-se que a ampliação das políticas públicas e como o fornecimento contínuo do elenco de
a municipalização da atenção à saúde levaram ‘medicamentos e insumos’ necessários ao
à necessidade de um incremento no número tratamento do DM, à aplicação de insulina e
de profissionais com perfil específico para ao Automonitoramento da Glicemia Capilar
atuação nos serviços de saúde pública. Para (AMGC) são considerados essenciais para
que a atenção à saúde seja realizada de forma garantir a continuidade do cuidado e para o
adequada, deve haver EqAB completas e em alcance dos resultados terapêuticos.
quantidade suficiente para atender à demanda A maioria das pessoas com DM pode e deve
existente, seguindo as recomendações do MS. ser acompanhada pelas EqAB, entretanto, os
Além disso, é essencial o apoio de outros profis- casos que extrapolam o limite de atuação no
sionais de saúde – como nutricionista, educador âmbito da AB devem ser encaminhados para
físico e farmacêutico – às EqAB, para ampliar a outros níveis de atenção32. Para a ‘Integração
abrangência e o escopo das ações voltadas ao da Rede de Atenção’, considera-se fundamental
controle do DM na AB. A elevada rotatividade a existência de instrumentos que possibilitem
de profissionais da AB interfere no processo a ‘normatização da atenção’ necessária à co-
de cuidado e dificulta a formação do vínculo, ordenação do cuidado, tais como: protocolos e
aspectos esses considerados fundamentais ao diretrizes terapêuticas voltados ao controle das
acompanhamento longitudinal. Para a fixação DCNT e/ou do DM; fluxos de acesso entre os
dos profissionais nas UBS, considera-se neces- diferentes pontos da rede assistencial; tecno-
sária sua valorização, de modo a promover um logias orientadas para a ‘regulação do acesso
equilíbrio entre as necessidades e expectativas aos serviços especializados’, com estraté-
dos profissionais de saúde e as do serviço. gias para a otimização da oferta. Além disso,
Outro aspecto importante na atenção às é fundamental a ‘adequação da oferta dos
pessoas com DM é a boa gestão da clínica. A serviços especializados’ às necessidade de
qualificação e a atualização dos profissionais da saúde das pessoas com DM, principalmente
AB quanto à organização e ao funcionamento com relação ao provimento dos exames la-
dos fluxos assistenciais da rede municipal e boratoriais e das consultas com especialistas
sobre os cuidados necessários ao controle do focais (endocrinologista e oftalmologista).

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Quadro 2. Matriz de Análise e Julgamento das ações voltadas ao controle do DM na AB, contendo dimensões, subdimensões, indicadores, medidas,
parâmetros e as fontes de evidências

Indicador Medidas Parâmetro Fonte


Cobertura dos N° de pessoas residentes na área de abran- Entre 2500 e 3500 pessoas sem área de interesse AD
profissionais gência da EqAB social (10 pts); Entr
Entre 2500 e 3500 pessoas com área de interesse OD
social (5 pts);
Mais de 3500 pessoas (0 pts)
Percepção da EqAB quanto ao n° de pessoas Adequada e convergente (10 pts);
residentes na área de abrangência Parcialmente convergente (5 pts);
Inadequada ou divergente (0 pts)
Apoio de educador físico, nutricionista, far- Dos 3 profissionais (10 pts);
Gestão de pessoas

macêutico às EqAB De 2 profissionais (5 pts);


De 1 ou nenhum (0 pts)
Percepção sobre a carga horária dos profissio- Adequada e convergente (10 pts);
nais de apoio disponibilizada às EqAB. Parcialmente convergente (5 pts);
Inadequada ou divergente (0 pts)
Permanência dos Tempo de permanência do médico na EqAB Bom: 2 anos ou mais (20 pts); Entr
profissionais Regular: de 1 a 2 anos (10 pts);
Ruim: < de 1 ano (5 pts)
Percepção da EqAB quanto à sua valorização Adequada e convergente (20 pts); Parcialmente con-
profissional vergente (10 pts); Inadequada ou divergente (0 pts)
Qualificação dos Capacitação sobre organização/funciona- Sim (10 pts); Entr
profissionais mento da rede municipal Não (0 pts) OD
Atualização sobre DCNT ou DM Sim (10 pts);
Dimensão Político-Organizacional

Não (0 pts)
Estrutura física das % de itens contemplados no checklist ‘UBS Transformação em escore seguindo a proporção (má- Entr
UBS com acessibilidade aos usuários’ ximo 10 pts). OD
Percepção quanto à acessibilidade dos usuá- Adequada e convergente (10 pts); Parcialmente con-
rios à UBS vergente (5 pts); Inadequada ou divergente (0 pts).
% de itens contemplados no checklist ‘UBS Transformação em escore seguindo a proporção (má-
com estrutura física adequada’ ximo 10 pts).
Percepção sobre a adequação da estrutura Adequada e convergente (10 pts); Parcialmente con-
física da UBS vergente (5 pts); Inadequada ou divergente (0 pts).
Materiais e equi- % de itens contemplados no checklist ‘Mate- Transformação em escore seguindo a proporção (má- Entr
pamentos riais e equipamentos para as ações voltadas ximo 10 pts) OD
ao controle do DM’
Percepção da EqAB quanto aos materiais Adequada e convergente (10 pts); Parcialmente con-
Infraestrutura na UBS

e equipamentos disponíveis para as ações vergente (5 pts); Inadequada ou divergente (0 pts)


voltadas ao controle do DM na UBS
Manutenção periódica dos materiais e equi- Sim (10 pts);
pamentos na UBS Parcial (5 pts);
Não (0 pts)
Medicamentos e % de itens contemplados no checklist ‘Forne- Transformação em escore seguindo a proporção (má- Entr
insumos cimento de medicamentos para tratamento ximo 7,5 pts). OD
do DM na UBS’
% de itens contemplados no checklist ‘Forne- Transformação em escore seguindo a proporção (má-
cimento de insumos para aplicação de insuli- ximo 7,5 pts).
na e AMGC na UBS’
Percepção quanto ao fornecimento dos me- Adequada e convergente (7,5 pts); Parcialmente con-
dicamentos e insumos fornecidos para trata- vergente (3 pts); Inadequada ou divergente (0 pts)
mento do DM
Estratégias adotadas para garantir o forneci- Sim (7,5 pts);
mento de medicamentos e insumos no caso Parcial (3 pts);
de faltas Não (0 pts)

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Ações voltadas ao controle do Diabetes Mellitus na Atenção Básica: proposta de modelo avaliativo 173

Quadro 2. (cont.)

Normatização da Uso de protocolo e diretrizes voltadas à Sim (10 pts);


Atenção atenção às pessoas com DM (médico e Parcial (5 pts);
enfermeiro) Não (0 pts) Entr
AD
Uso de protocolo e diretrizes voltadas à Sim (10 pts);
atenção às pessoas com DM (médico e Parcial (5 pts);
Integração da rede de atenção

enfermeiro) Não (0 pts)


Regulação do Mecanismos de regulação do acesso aos Sim (10 pts);
acesso aos servi- serviços especializados Não (0 pts) Entr
ços especializados Estratégias para a otimização da oferta aos Sim (10 pts); AD
Dimensão Político-Organizacional

serviços especializados Parcial (5 pts);


Não (0 pts)
Adequação da Percepção sobre o tempo de espera para a Adequada (10 pts), Parcialmente adequada (5 pts);
oferta aos serviços realização dos exames laboratoriais Inadequada (0 pts)
especializados Entr
Percepção sobre o tempo de espera para Adequada (10 pts), Parcialmente adequada (5 pts);
AD
consulta com endocrinologista Inadequada (0 pts)
Percepção sobre o tempo de espera para Adequada (10 pts), Parcialmente adequada (5 pts);
consulta com oftalmo na rede assistencial Inadequada (0 pts)
Disponibilidade de Atualização sistemática do SI para cadastra- Sim (30 pts); Entr
Monitoramento e Avaliação

informação mento dos usuários/famílias Parcial (15 pts); AD


Não (0 pts)
Monitoramento Indicadores de monitoramento das ações vol- Sim (15 pts);
das ações voltadas tadas ao controle do DM na rede municipal Parcial (7 pts);
ao controle do DM Não (0 pts) Entr
AD
Planejamento e organização das ações volta- Sim (15 pts);
das ao controle do DM com base na avalia- Parcial (7 pts);
ção dos indicadores selecionados Não (0 pts)
Apropriação do % de microáreas cobertas pelos ACS Transformação em escore seguindo a proporção (má- Entr
território ximo 20 pts) OD
Percepção da atuação do ACS na apropriação Adequada e convergente (20 pts); Parcialmente con- Pront
do território vergente (10 pts); Inadequada ou divergente (0 pts)
Mapeamento atualizado dos marcadores da Sim (20 pts);
AB, incluindo as pessoas com DM Não (0 pts)
Organização da Priorização no atendimento às pessoas com Sim (20 pts); Entr
Dimensão Técnico-Assistencial

Agenda DM Parcial (10 pts); OD


Organização do cuidado

Não (0 pts) Pront


Garantia de consultas de acompanhamento Sim (20 pts);
para as pessoas com DM Não (0 pts)
Atendimento de urgência às pessoas com Sim (20 pts);
DM em caso de intercorrências Parcial (10 pts);
Não (0 pts)
Atuação interdis- Participação dos ACS nas reuniões de equipe Sempre (20 pts); Entr
ciplinar Às vezes (10 pts); OD
Nunca (0 pts) Pront
Discussão dos casos entre a EqAB e os pro- Sempre (20 pts);
fissionais de apoio. Às vezes (10 pts);
Nunca (0 pts)
Interlocução de diferentes profissionais na Sempre (20 pts);
organização das atividades educativas. Às vezes (10 pts);
Nunca (0 pts)
Diagnóstico preco- Busca dos fatores de risco para desenvolvi- Sempre (20 pts); Entr
ce do DM mento do DM nos atendimentos médicos e Às vezes (10 pts); OD
de enfermagem Nunca (0 pts) Pront

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174 Borges DB, Lacerda JT

Quadro 2. (cont.)

Diagnóstico preco- Solicitação de exames para diagnóstico pre- Sempre (20 pts); Entr
ce do DM coce do DM nas pessoas com 45 anos ou Às vezes (10 pts); OD
mais e/ou com IMC > 25, associado a pelo Nunca (0 pts) Pront
menos mais um fator de risco
Solicitação de exames para diagnóstico pre- Sempre (20 pts);
coce do DM nas gestantes Às vezes (10 pts);
Nunca (0 pts)
Tratamento ade- Orientações sobre Modificação do Estilo de Sempre (20 pts); Entr
quado Vida (MEV) por escrito Às vezes (10 pts); OD
Nunca (0 pts) Pront
Diagnóstico, Tratamento/Acompanhamento

Dispensação com orientação para o uso Adequada (20 pts: com orientação na maioria dos
adequado dos medicamentos para tratamen- casos);
to do DM Parcialmente adequada (10 pts: orientação em parte
dos casos);
Inadequada (0 pts: sem orientação)
Prescrições de insulina R com orientação para Adequado (20 pts: na maioria dos casos);
ajuste de dose conforme HGT Parcialmente adequado (10 pts: em parte dos casos);
Inadequado (0 pts: dose fixa na grande maioria dos
casos)
Dimensão Técnico-Assistencial

Frequência da solicitação de exames labo- Adequada (20 pts: a cada 6 meses, se compensado);
ratoriais (GJ e/ou Hb1Ac) para as pessoas Parcialmente adequada (10 pts: uma vez por ano,
com DM independentemente de se está compensado ou não);
Inadequada (sem uma periodicidade definida)
Acompanhamento Uso de instrumento específico para acompa- Sim (20 pts); Entr
sistemático nhamento das pessoas com DM Parcialmente (10pts); OD
Não (0 pts) Pront
Busca ativa das pessoas faltosas com DM Sim (20 pts);
Parcialmente (10pts);
Não (0 pts)
AMGC entre as pessoas que fazem uso de Adequada (20 pts: maioria sabe interpretar os resul-
insulina tados do HGT);
Inadequada (0 pts: maioria não sabe interpretar os
resultados do HGT)
Atividades de edu- Atividades periódicas voltadas à prevenção Sim (20 pts); Entr
cação em saúde primária do DM Não (0 pts) Pront
Prevenção do DM e suas complicações

Atividades periódicas voltadas ao controle Sim (20 pts);


do DM Não (0 pts)
Prevenção das Avaliação sistemática do pé diabético nas Sim (20 pts); Entr
complicações as- pessoas com DM Parcialmente (10 pts); Pront
sociadas ao DM Não (0 pts)
Avaliação sistemática da cavidade bucal nas Sim (20 pts);
pessoas com DM Parcialmente (10 pts);
Não (0 pts)

Encaminhamento periódico das pessoas com Sim (20 pts);


DM para avaliação de fundo de olho Parcialmente (10 pts);
Não (0 pts)

Fonte: Elaboração própria.


ACS – Agente Comunitário de Saúde; AD – Análise Documental; AMGC – Automonitoramento da Glicemia Capilar; DCNT – Doenças Crônicas Não Transmissíveis; DM
– Diabetes Mellitus; Entr – Entrevista; EqAB – Equipe de Referência da Atenção Básica; GJ – Glicemia de Jejum; Hb1Ac – Hemoglobina glicada; HGT – Hemoglicoteste; IMC –
Índice de Massa Corporal; MEV – Modificação do Estilo de Vida; OD – Observação Direta; Pront – Prontuário; pts – pontos
SI – Sistema de Informação
UBS – Unidade Básica de Saúde

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Ações voltadas ao controle do Diabetes Mellitus na Atenção Básica: proposta de modelo avaliativo 175

Monitoramento e avaliação das ações vol- o grau de risco de cada pessoa. A base do
tadas ao controle do DM têm como objetivo tratamento consiste no estímulo à adoção
dar suporte aos processos decisórios, subsi- de hábitos de vida mais saudáveis, quase
diar a identificação de problemas e auxiliar sempre acrescida de tratamento farmaco-
na reorientação das ações desenvolvidas lógico. A implementação de um plano para
no âmbito da AB. A avaliação da situação acompanhamento periódico e gerenciamen-
de saúde da população e dos resultados das to dos casos é fundamental para avaliar a
intervenções realizadas decorre em grande evolução da doença e a adesão ao tratamento
parte do monitoramento das atividades prescrito. Nessa subdimensão, foram elen-
realizadas no cotidiano dos serviços. Para cados os seguintes indicadores: ‘diagnósti-
tanto, consideram-se necessários o registro co precoce do DM’; ‘tratamento adequado
e a qualificação das informações no Sistema das pessoas com DM’; ‘acompanhamento e
de Informação (SI) da AB, além da definição monitoramento’.
de indicadores para o acompanhamento das Para a ‘Prevenção do DM e suas
ações desenvolvidas voltadas ao controle do Complicações’, a realização de ‘atividades
DM e para o planejamento e a organização da coletivas’ que estimulem a adoção de hábitos
atenção de acordo com os perfis demográfi- de vida mais saudáveis devem ser vistas
co, clínico e epidemiológico da comunidade. pelas EqAB como uma tecnologia de baixa
Na análise da ‘Organização do cuidado’, densidade efetiva à prevenção primária do
foram considerados os aspectos relaciona- DM, assim como de outras DCNT. Além
dos à ‘apropriação do território’ por parte disso, diante da dificuldade das pessoas com
das EqAB e às características da população DM em seguir o tratamento prescrito, tanto
sob responsabilidade destas, necessários à o medicamentoso quanto o não medicamen-
implementação das ações voltadas ao con- toso, as atividades de ‘educação em saúde
trole do DM. A ‘organização da agenda’ dos voltadas ao controle do DM’ devem ser con-
profissionais de saúde deve garantir o acesso sideradas parte do tratamento integral. Essas
facilitado às pessoas com DM para tratamen- atividades visam a aumentar a compreensão
to e acompanhamento e o atendimento às in- das pessoas sobre a doença, ajudá-las no de-
tercorrências, de modo a promover o vínculo senvolvimento de uma maior autonomia e
e possibilitar a continuidade e a longitudi- na superação dos vários obstáculos que di-
nalidade do cuidado. Considera-se, também, ficultam o controle da doença. Considera-se
que as EqAB e os profissionais de apoio fundamental, também, que as EqAB incluam
devem atuar interdisciplinarmente e de na rotina de acompanhamento das pessoas
forma multiprofissional no planejamento e com DM a ‘avaliação sistemática do pé dia-
no desenvolvimento das atividades, de modo bético, da cavidade bucal e de fundo de olho’.
a favorecer a interlocução de conhecimentos Esta última, na impossibilidade de ser rea-
e experiências para ajudar na resolução das lizada na UBS, deve ser encaminhada para
situações vivenciadas no cotidiano da UBS. que seja realizada em outro nível de atenção.
Na subdimensão ‘Diagnóstico, Tratamento Essas ações são necessárias à prevenção das
e Acompanhamento’, espera-se que as EqAB complicações associadas à doença e à manu-
estejam atentas à presença dos fatores de tenção da qualidade de vida das pessoas com
risco para o desenvolvimento da doença e a DM.
detecção precoce do DM na população ads- A distribuição dos pontos na MAJ foi re-
crita ao território. O tratamento da pessoa alizada de modo que a dimensão TA tivesse
com DM tem como objetivo o controle me- um peso 50% maior do que a PO, devido à
tabólico e a prevenção das complicações importância das ações assistenciais no con-
associadas ao DM, levando em consideração trole do DM. Para a emissão de juízo de valor

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176 Borges DB, Lacerda JT

e análise dos indicadores, subdimensões e di- intervenção possui para alcançar os resulta-
mensões estabelecidas, será calculada a dife- dos esperados. Nesse sentido, a realização de
rença percentual entre a pontuação máxima um estudo de caso para a avaliação das ações
esperada e a observada, considerando-se voltadas ao controle do DM na AB apresen-
os seguintes pontos de corte: (1) crítico: ta-se como opção metodológica interessan-
<50,0%; (2) insatisfatório: ≥ 50,0 e < 70,0%; te, pois permite ampliar o conhecimento
(3) satisfatório: ≥ 70,0 e < 85,0%; (4) adequa- dos mecanismos e processos implicados na
do ≥ 85,0%. Tais percentuais possibilitam o operacionalização do programa, de modo a
cumprimento dos critérios de julgamento contribuir para o aperfeiçoamento deste.
propostos para cada um dos componentes Como benefício maior, verificou-se a ela-
que constituem a MAJ e permitem a avaliação boração de ferramentas avaliativas com a
do grau de implantação das ações voltadas ao participação ativa dos interessados, havendo
controle do DM na AB. troca de experiências entre as diferentes ca-
tegorias profissionais. A obtenção do grau de
implantação das duas dimensões propostas,
Considerações finais considerando o contexto no qual estão inse-
ridas, poderá subsidiar a decisão dos gesto-
A metodologia adotada para a construção do res municipais e as práticas dos profissionais
modelo avaliativo das ações voltadas ao con- da EqAB, uma vez que permite a identifica-
trole do DM na AB possibilitou uma rica dis- ção dos aspectos a serem priorizados para o
cussão entre os participantes sobre o objeto alcance dos resultados esperados. O modelo
e a relação causal entre seus componentes, avaliativo foi elaborado para ser aplicável em
aumentando o conhecimento de todos os municípios de médio e grande porte, com a
envolvidos a respeito da operacionalização intenção de investigar casos de maior com-
do programa. Os resultados obtidos reve- plexidade na gestão pública, em virtude das
laram que as ações voltadas ao controle do singularidades e diversidades dos municí-
DM na AB são passíveis de avaliação, uma pios com tal conformação e de se estabele-
vez que os elementos identificados no ML cer comparação interna entre os resultados
são condizentes com as condições que a encontrados. s

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Ações voltadas ao controle do Diabetes Mellitus na Atenção Básica: proposta de modelo avaliativo 177

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Recebido em 16/09/ 2017
Aprovado em 18/02/2018
Conflito de interesses: inexistente
25. Claro RM, Santos MAS, Oliveira TP, et al. Consumo
Suporte financeiro: não houve
de alimentos não saudáveis relacionados a doenças

SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 42, N. 116, P. 162-178, JAN-MAR 2018

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