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VARA CÍVEL
DA COMARCA DE …
Tathiana Gisele dos Santos, [estado civil], [nacionalidade], [profissão], portadora da cédula
de identidade RG nº…, inscrita no Cadastro de Pessoas Físicas sob o nº …, residente e
domiciliada no endereço… e Afra Maria Nogueira de Paula, [estado civil], [nacionalidade],
[profissão], portadora da cédula de identidade RG nº…, inscrita no Cadastro de Pessoas
Físicas sob o nº …, residente e domiciliada no endereço…, vem, por intermédio de seu
advogado (DOC. 1), respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no
artigo 5º, incisos V e XXXV da Constituição Federal e artigos 319 e seguintes do Código de
Processo Civil, propor
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3. Ocorre que a ré constatou que existiam diversas falhas no imóvel, mas
garantiu que seriam realizados os devidos reparos (DOC. 4), a saber:
(i) a porta de entrada estava instalada de maneira incorreta, de modo que havia
um grande feixe por onde entrava luz e ar (DOC. 5);
(ii) havia um cano aberto na parte da lavanderia do imóvel, que exalava cheiro
de esgoto (DOC. 6);
(iii) a pia do banheiro estava mal fixada e chegou a cair no pé de uma das
autoras (DOC. 7);
(v) não havia calha instalada para vazão da água da chuva – o que foi
providenciada pelos próprios condôminos, em rateio e, ainda, o cavalete de
água estava invertido, de modo que o cavalete da unidade 09 é o que pertence
à unidade 11, e vice versa – essa confusão fez com que, por muito tempo, as
autoras pagassem a conta de água da unidade 09 (DOC. 9)
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II. INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final.
9. Nas palavras de Luiz Antonio Rizzatto Nunes, “o CDC incide em toda relação
que puder ser caracterizada como de consumo. Insta, portanto, que estabeleçamos em que
hipóteses a relação jurídica pode ser assim definida. (...) haverá relação jurídica de consumo
sempre que se puder identificar num dos polos da relação o consumidor, no outro, o
fornecedor, ambos transacionando produtos e serviços” 1
1
NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Curso de direito do consumidor. 4ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 71.
2
CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de direito do consumidor, p. 288
3
12. Conforme disposto nas fls. …. , o imóvel possui diversos defeitos e ainda
carece de reparos. Entende-se, portanto, que há o dever legal da ré de assegurar pela perfeição
da obra, pois é essencial ao serviço contratado, sendo certo que deve responder pelos danos
causados, conforme será demonstrado.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.
16. Cumpre salientar que o ato ilícito gera o dever de indenizar, conforme
determina o Código Civil:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para
os direitos de outrem.
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17. A obrigação é de resultado, portanto caberia a ré garantir a salubridade e
segurança da obra, que deveria ter sido entregue em perfeito estado.
20. No presente caso, os defeitos na construção não apresentam riscos que estão
dentro dos limites da normalidade e previsibilidade, razoavelmente esperados pelo
consumidor. Eles consistem em falhas extremamente sérias, que podem repercutir na
3
TJ-SP. Apelação nº 1003327-68.2016.8.26.0100. Relator Des. RÔMULO RUSSO. Julgado em 22/05/2019.
4
TJ-SP. Apelação nº 0058115-52.2011.8.26.0576. Relator Des. CESAR LACERDA. Julgado em 02/05/2019.
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segurança das proprietárias dos imóveis e originaram diversos prejuízos para as autoras,
conforme observado em fls…., como o cheiro de esgoto em razão do cano aberto na
lavanderia, a falta de massa corrida suficiente na estrutura, a laje sem impermeabilização, que
inundou o apartamento, danificando os móveis, dentre outras falhas.
21. Destarte, tem-se como claro o nexo de causalidade, vez que o evento danoso,
decorreu, de forma única e exclusiva, de atos ilícitos praticados pela empresa ré, outrora
mencionados.
21. Por fim, não resta dúvida senão a responsabilidade da ré no presente caso, em
que há de se impor a obrigação de indenizar as autoras.
22. A respeito do tema, Carlos Roberto Gonçalves leciona que “dano moral é o
que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio. É lesão de bem que integra
os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade, intimidade, a imagem, o bom nome,
etc., como se infere dos art. 1º, III, e 5º, V e X, da Constituição Federal, e que acarreta ao
lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação”.5
23. Nesse mesmo sentido, Maria Helena Diniz estabelece o dano moral como “a
lesão de interesses não patrimoniais de pessoa física ou jurídica, provocada pelo ato lesivo”6
5
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 3ª. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 359.
6
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro – Responsabilidade Civil. 19 ed. São Paulo: Saraiva,
2005. p. 84.
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24. No caso em tela, os fatos narrados fogem à normalidade, posto que o bem
imóvel está repleto de defeitos, que certamente causam sensação de frustração, angústia e
estresse nas autoras.
25. Ao adquirir o imóvel, havia diversas expectativas em relação ao bem. Mas este
acabou por causar aflições, pois as autoras ficaram impedidas de utilizar de seu patrimônio
em razão do descumprimento contratual da ré, e isto ocorre desde 2017.
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TJ-SP. Apelação nº 1001686-25.2017.8.26.0451. Relator Des. WALTER BARONE. Julgado em 29/05/2019.
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V. PEDIDOS
Temos em que,
Pede deferimento.
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NOME DO ADVOGADO
OAB nº…
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DOC. 1: Procuração
DOC. 2: Contrato de Compra e Venda
DOC. 3: Contrato de Alienação Fiduciária com a Caixa Econômica Federal
DOC. 4: Ciência da empresa ré em relação aos defeitos.
DOC. 5 a 10: Fotos e laudas referentes aos defeitos sinalizados.