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Ultra-Som: Princípios Básicos

Sons muito graves ou muito agudos passam despercebidos por


nosso aparelho auditivo.

Infra-som: até 20Hz (frequência muito baixa).


ULTRA - SOM Ultra-som: acima de 20kHz (frequência muito alta).

Um som produzido em um ambiente qualquer:

Reflete-se ou reberbera-se nas paredes do ambiente

Pode ainda ser transmitido a outro ambiente.

Ultra-Som: Princípios Básicos Ultra-Som: Princípios Básicos

Primeiro uso do ultra-som como END: A onda ultra-sônica reflete ao incidir em um anteparo qualquer.

A onda ultra-sônica reflete ao incidir uma descontinuidade


Testes de eixos ferroviários e sinos com o martelo. ou falha interna a este meio considerado.

Som produzido na peça denunciava presença de rachaduras ou


trincas grosseiras devido ao som característico. Pelo uso de aparelhos especiais pode-se detectar as reflexões
vindas do interior da peça examinada.

Permite localizar e interpretar as descontinuidades na peça.

Ultra-Som: Princípios Básicos Finalidade do Ensaio:

Detecção de descontinuidades internas em materiais ferrosos e não


ferrosos tais como:

Bolhas de gás em fundidos e soldas

Dupla laminação em produtos laminados

Micro-trincas em forjados

Escória e falta de penetração em juntas soldadas

Visa diminuir o grau de incerteza no uso de materiais ou


peças de responsabilidade

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Campo de Aplicação:
Tipos de Materiais Inspecionados por U-S:

Desde 1945 U-S vem sendo usado em escala industrial

Hoje: U-S constitui ferramenta indispensável para garantia Maioria dos casos: Aços carbono.
da qualidade de peças de alta responsabilidade.
Aços Inoxidáveis em menor porcentagem.
Principalmente: Caldeiraria, estruturas marítimas e nuclear.

Materiais não-ferrosos: difíceis de serem examinados.


Peças de grande espessura Requerem técnicas especiais.
Geometria complexa de juntas soldadas.

Chapas.

Vantagens em relação a outros métodos de END:


Inspeção por Ultra-Som:
O método ultra-sônico possui alta sensibilidade para detectar
pequenas descontinuidades internas, por exemplo:

Trincas devido a tratamento térmico, fissuras e outros defeitos de


difícil detecção por ensaio de radiografia ou gamagrafia.

Para interpretação das indicações, dispensa processos


intermediários, agilizando a inspeção.

No caso de radiografia ou gamagrafia, existe a


necessidade do processo de revelação do filme, que via
de regra demanda tempo do informe de resultados.

Vantagens em relação a outros métodos de END: Limitações em relação a outros métodos de END:

Não requer planos especiais de segurança ou acessórios para sua Requer grande conhecimento teórico e experiência por parte do
inspetor.
aplicação (Comparar com R-X).

Permite localizar, avaliar o tamanho e interpretar o tipo de O registro permanente do teste não é facilmente obtido.
descontinuidades encontradas.
Peças de espessura muito fina constitui uma dificuldade para
Outros exames não definem tais fatores.
aplicação do método.
Exemplo: um defeito mostrado num filme radiográfico define o
tamanho mas não sua profundidade na peça. Requer o preparo da superfície para sua aplicação. Em alguns
casos de inspeção de solda, requer remoção total do reforço da
Em muitos casos este é um fator importante para proceder um reparo. solda, que demanda tempo de fábrica

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Vibrações Mecânicas – Tipos de Ondas Vibrações Mecânicas – Tipos de Ondas

U-S usa ondas mecânicas ou acústicas colocadas no meio de inspeção.


Assumindo que o meio de estudo é elástico, ou seja:
Ondas mecânicas: compostas de oscilações de partículas
discretas no meio em que se propaga.
Partículas que compõem o meio são rigidamente ligadas.

A passagem de energia acústica no meio: Podem oscilar em qualquer direção.

Partículas executem movimento de oscilação em torno da Pode-se classificar ondas acústicas em 3 tipos:
posição de equilíbrio.
Ondas longitudinais (ondas de compressão)
Amplitude do movimento: diminui com o tempo devido a
Ondas transversais (ondas de cizalhamento)
energia adquirida pela onda.
Ondas superficiais

Ondas Longitudinais (Ondas de Compressão) Ondas Longitudinais (Ondas de Compressão)

Devido a este tipo característico de propagação:


Partículas oscilam na direção de propagação da onda.

Podem ser transmitidas a sólidos, líquidos e gases. Onda longitudinal possui alta velocidade de propagação
È uma propriedade característica do meio onde se propaga.
Partícula vibra e transfere sua
energia cinética para os próximos
planos de partículas, que passam a
oscilar.

Todo o meio elástico vibra na mesma direção de propagação da onda

Aparecem “zonas de compressão” e “zonas diluídas”.

Distância entre 2 zonas de compressão: determina comprimento de onda

Ondas Transversais (Ondas de Cizalhamento) Ondas Transversais (Ondas de Cizalhamento)

Quando as partículas do meio vibram na direção perpendicular ao


de propagação Velocidade de propagação das ondas transversais: muito inferior
ao das ondas longitudinais.
Planos de partículas mantém-se na mesma distância um do
outro, movendo-se apenas verticalmente. Também é uma propriedade característica do meio onde se propaga.

Podem ser transmitidas somente a sólidos.

Incapazes de se propagar em líquidos e


gases devido as características de
ligações entre partículas destes meios.

Comprimento de onda: distância


entre dois “vales” ou “picos”

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Ondas Superficiais (Ondas de Rayleigh) Frequência, Velocidade e Comprimento de Onda:

Frequência:
Característica: propagam-se na superfície dos sólidos.
Ondas acústicas classificadas de acordo com sua frequência

Movimento oscilatório complexo das partículas da superfície. Medidos em ciclos por segundo (número de ondas que
passam por segundo em nossos ouvidos).
Velocidade de propagação: cerca de 10% inferior a de uma onda
transversal. Ciclos por segundo = Hertz (Hz)

Ensaio com ondas superficiais aplicados com restrições.

Frequências > 20.000Hz


Existem processos mais simples para detecção de descontinuidades
são inaudívies, (campo
superficiais e sub-superficiais (PM e LP).
ultra-sônico)

Velocidade de Propagação: Comprimento de Onda ( λ ):

Distância percorrida pela onda sônica por unidade de tempo. Ao atirar uma pedra em um lago com águas calmas:
É uma característica do meio (constante), independente da
frequência. Formam-se ondas superficiais circulares
que se propagam sobre a água.
Depende apenas do “tipo” de onda (longitudinal, transversal ou
superficial).
Frequência: número de ondas que passam por segundo por um
observador fixo.

Velocidade de propagação: distância percorrida por uma


onda sônica em um segundo.

Comprimento de onda: comprimento entre dois picos de ondas


consecutivos.

Relação entre Velocidade, Comprimento de Onda e Frequência: Relação entre Velocidade, Comprimento de Onda e Frequência:

Considerando uma onda sônica propagando-se num determinado Exemplo de aplicação:


material com velocidade “V”, frequência “f” e comprimento de
onda (λ): 20 a 30m
Onda ultra-sônica longitudinal com frequência 2MHz é
usada para examinar uma peça de aço.

V= λ.f Qual o comprimento de onda gerado no material?

Velocidade é em geral conhecida (depende do tipo de 5900 m/s = λ . (2 . 106 Hz)


V= λ.f
onda e do material).
λ = 2,95mm
Frequência: também conhecida, pois depende da fonte emissora.

Relação acima permite calcular o comprimento de onda

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Conhecimento do Comprimento de Onda é de Significante Definições de Bell, Decibell e Ganho:
Importância:
Nível de Intensidade Sonora (NIS):

Relaciona-se diretamente com o tamanho do defeito a ser detectado. Compara as intensidades de dois sons quaisquer:

NIS = log I (B)


λ /2 : menor diâmetro de descontinuidade a ser detectada no material
I0

Intensidade sonora (I e I0): medidas em W/cm2


No exemplo anterior:
Decibell (dB): equivale a 1/10 (B). Normalmente
V = 5900m/s ; f = 2MHz ; λ = 2,95mm usado para medidas do NIS

Menor descontinuidade detectável: 1,48mm NIS = 10 . log I (dB)


I0

Definições de Bell, Decibell e Ganho: Exemplo de Aplicação:

Teoria dos movimentos harmônicos na propagação ondulatória: Quais os ganhos correspondentes a uma queda de 50% e 20%
nas amplitudes de dois sinais na tela do aparelho de ultra-som
Intensidade de vibração é proporcional ao quadrado da mostrados na figura abaixo?
amplitude sonora.

I = (A)2

NAS = Nivel de Amplitude Sonora:

NAS = 10 . log A2 (dB) NAS = 20 . log A (dB)


A02 A0
a) para variação de 50%: G = 20 log 0,50 dB G = - 6 dB
Conhecida com “Ganho”: comparação efetuada por um
sistema eletrônico de duas amplitudes de sinais (emitida e
b) para variação de 20 %: G = 20 log 0,20 dB G = -14 dB
recebida) pelo transdutor ultra-sônico.

Propagação das Ondas Acústicas no Material Campo Próximo ou Zona de Fresnel

Campo Próximo ou Zona de Fresnel Nas proximidades do cristal: interferência ondulatória muito grande.

Campo Distante ou Zona de Fraunhofer Afastando-se do cristal: interferência diminui e desaparece.

Imagine um cristal piezelétrico gerador de ondas ultra-sônicas. Campo Próximo: extensão N à frente do cristal
Como uma pedra caindo num lago calmo, produzirá ondas
circulares na superfície. Depende do diâmetro do cristal e do
comprimento de onda λ da vibração.
Cada ponto do cristal se comportará
da mesma forma: produz ondas
esféricas no meio de propagação.

Pontos 1, 2 e 3 do cristal emitem ondas


esféricas que se propagam no meio.

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Cálculo do Campo Próximo: Exemplo de Cálculo do Campo Próximo:

Calcule o campo próximo de um transdutor normal com


diâmetro= 10mm e frequência 4MHz inspecionando o aço.

Def = diâmetro efetivo do cristal. É a área acusticamente


efetiva do cristal, que depende da sua forma geométrica.

Para cristais circulares , Def = 0,97 x diâmetro do cristal. Para a Solução: Necessário que as unidades estejam coerentes
Para cristais retangulares, Def = 0,97 x metade do comprimento
do lado maior do cristal. v= 5900m/s ou 5.900.000mm/s para o aço.

N = Def.2.f / 4.v = 102 x 4.000.000 / 4 x 5900.000 mm


f = frequência ultra-sônica λ = comprimento de onda N = 16 mm
v = velocidade de propagação do som = λ x f

O que representa o Campo Próximo na Prática: Campo Distante ou Zona de Fraunhofer

Região que vem a seguir do campo próximo.

Dificuldade na avaliação ou detecção de pequenas


descontinuidades nesta região.
Onda sônica diverge (como o facho de luz de uma lanterna)
Principalmente descontinuidades < que diâmetro do transdutor.

Diminui de intensidade com o inverso do quadrado da distância.

Inspetor de ultra-som deve estar atento a este problema.

Classificação teórica das zonas do campo sônico Atenuação Sônica

A onda sônica sofre em sua trajetória efeitos de dispersão e absorção.

Resulta na perda de energia da onda ao percorrer um material.

Na prática:

Região 1: pequenas descontinuidades difíceis de serem


detectadas (campo próximo). Pode ser visualizado na tela do aparelho de ultra-som

Região 2: descontinuidades maiores podem ser detectadas. Vários ecos de reflexão de fundo provenientes de uma peça com
superfícies paralelas
Região 3: qualquer descontinuidade pode ser detectada
(compatível com o comprimento de onda usado). As alturas dos ecos diminuem com a distância percorrida pela onda.

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Divergência do Feixe Sônico Divergência do Feixe Sônico

Também responsável pela perda de intensidade ou energia da


onda sônica diferença de sensibilidade (altura do eco de reflexão)

Quanto mais a borda do feixe sônico incide na descontinuidade,


menor será a amplitude do eco

(1) Ao detectar o defeito com o feixe ultra-


sônico central.

(2) Ao detectar o mesmo defeito com a


borda do feixe ultra-sônico

Geração das Ondas Ultra-sônicas Geração das Ondas Ultra-sônicas

Emissor: Efeito Piezelétrico:

Gera ou introduz ondas sônicas no material; vibra com certa


frequência. Capacidade de transformar a energia elétrica alternada em
oscilação mecânica e transformar a energia mecânica em elétrica
Apresenta formas determinadas: circular, retangular.
Cristais
Transdutores: elemento emissor e elemento receptor. Normalmente apresentam efeito piezelétrico.

Materiais Piezelétricos:
Quartzo, Sulfato de Lítio, titanato de bário, Metaniobato de
chumbo.

Tipos de Transdutores
Transdutores:

Montagem dos cristais sobre uma base ou suporte


Reto ou Normal

Angular
Emitem impulso ultra-sônico que atravessa o material a
inspecionar e reflete nas interfaces, originando ecos. Duplo Cristal

Ecos:
retornam ao transdutor e geram o sinal elétrico correspondente

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Transdutor do Tipo Reto Transdutor do Tipo Angular

Usos: Cristal forma um ângulo com a superfície do material

Inspeção de peças com superfícies Ângulo: obtido inserindo uma cunha de plástico entre o cristal
paralelas piezelétrico e a superfície.

Muito usado na inspeção do soldas e quando a


Detectar descontinuidade na direção descontinuidade está perpendicular à superfície da peça
perpendicular à superfície da peça.

Exemplo: chapas, fundidos e forjados.

Acoplantes
Transdutor do Duplo Cristal

Usos: Para evitar camada de ar que forma-se entre o transdutor e a


superfície da peça.
Medição de espessura

Líquidos Acoplantes: atenuam a impedância acústica formada,


Detectar descontinuidades logo abaixo da superfície do material
permitindo a passagem das vibrações à peça.

Diagramas AVG
Diagramas AVG

Facilitam a avaliação de uma série de parâmetros do ensaio U-S. Transdutor Normal de ondas longitudinais, com 2 MHz de
frequência, fabricante Krautkramer.
Função do:

Material Produzido com a resposta


do transdutor (ganho dos
Feixe sônico ecos vindos de vários
tipos de padrões)
Tamanho mínimo de descontinuidade detectável por um
determinado transdutor

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Diagramas AVG
Técnicas de Inspeção
Exemplo de Aplicação:

a) Comprimento do campo próximo: ~50mm Técnica Impulso-Eco ou Pulso-Eco


>50mm curvas com caimento linear.
Técnica de Transparência

Só é possível detectar
defeito de 1mm de
diâmetro equivalente até
600mm de profundidade

Técnica Impulso-Eco ou Pulso-Eco Técnica da Transparência

Somente um transdutor emite e recebe as Dois transdutores são usados: um emite outro recebe ondas ultra-
ondas ultra-sônicas que se propagam no material. sônicas que se propagam no material.

Transdutor é acoplado em somente um lado do material, Necessário acoplar os transdutores nos dois lados da peça , de
forma que estes estejam perfeitamente alinhados.
Pode-se verificar a profundidade da
descontinuidade , suas dimensões, e Não se pode determinar a posição da
localização na peça. descontinuidade, sua extensão, ou
localização na peça.

É somente um ensaio do
tipo passa-não passa.
Inspeção de barras pela técnica pulso-
eco por contato direto, usando transdutor Chapas fabricadas em usinas, barras forjadas
normal de 12mm de diâmetro. ou fundidas, e em alguns casos em soldas.

Aparelhos Medidores de Espessura por Ultra-Som

Analógicos ou digitais

Medem o tempo do percurso sônico no interior do material


(espessura)
Aparelhos Operam com transdutores duplo-cristal
Exatidão de décimos ou centésimos de mm

Medição de espessura em chapas e tubos

Necessário calibrar antes do uso:

Usando padrões do mesmo material e com espessura conhecida

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Aparelho Básico para Ultra-Som Aparelho Básico para Ultra-Som

Transdutor Ultra-Sônico acoplado em peça de espessura 8mm: Transdutor Ultra-Sônico acoplado em peça de espessura 8mm:

1 O cristal piezelétrico do
transdutor transmite à peça uma
onda ultra-sônica perpendicular à
superfície que percorre a
espessura total de 8 mm do metal
2 A onda incide na interface no fundo da peça, retorna ao cristal e
produz um sinal elétrico que será amplificado e registrado na tela O eco na tela do aparelho representa o caminho
do aparelho na forma do pulso ou eco, "E2"; percorrido pelo som, em apenas uma vez a espessura,
denominado “Eco de Fundo”. No caso, 8mm
3 - O caminho do som percorreu a espessura de 8mm de ida + 8mm
na volta. Os circuitos do aparelho compensam este fenômeno
dividindo por 2 os registros na tela.

Aparelho Básico para Ultra-Som Aparelho Básico para Ultra-Som

o som que percorre a espessura do metal se reflete nas Para cada incidência do ultra-som na superfície oposta de
interfaces formadas pela fundo da peça e a superfície da peça, acoplamento do cristal:
de forma contínua.
um sinal será transmitido ao aparelho e um eco correspondente a
o ultra-som emitido pelo cristal do transdutor realiza no este sinal será visualizado na tela. Portanto será possível observar
interior da peça um movimento de zig-zag de ida e volta , se vários ecos de reflexão de fundo correspondente à mesma
refletindo no fundo da peça e superfície, continuadamente. espessura.

Aparelho Básico para Ultra-Som Aparelho Básico para Ultra-Som

Contém circuitos eletrônicos especiais, que permitem Sinais captados no cristal são mostrados na tela do tubo de
transmitir ao cristal piezelétrico, através do cabo coaxial, uma raios catódicos em forma de pulsos luminosos denominados
série de pulsos elétricos controlados, transformados pelo “ecos”
mesmo em ondas ultra-sônicas.
Podem ser regulados tanto na amplitude, como posição na tela
graduada e se constituem no registro das descontinuidades
encontradas no interior do material

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