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Processo e defesa de direitos

Definição de processo civil romano: conjunto de regras que o cidadão romano deve seguir para
realizar seu direito. Direito e ação são conceitos estritamente conexos no sistema jurídico
romano. Durante toda a época clássica, o direito romano é mais um sistema de ações e de
meios processuais do que de direitos subjetivos.

Chama-se ação o direito de perseguir em juízo o que a si é devido (D. 44, 7, 51). Mediante o
actio o particular procura concretizar a defesa de direitos, pondo em movimento o
aparelhamento judiciário do Estado.

Fases do processo civil romano:

 Processo das ações da lei;


 Processo formular;
 Processo extraordinário.

Ações da lei:

 Dividido em duas fases: in jure e in judicio;


 Excesso de formalismo, obedece a rituais imutáveis, a gestos e a palavras solenes,
predeterminadas. Uma palavra dita errada põe o processo a perder.
 Cinco tipos:
o Legis actio per sacramentum
o Judicis postulatio Reconhecem direitos
o Condictio
o Manus injectio
Funções executivas
o Pignoris capio

Legis actio per sacramentum é utilizada sempre que a lei não recomenda outro tipo especial
de ação. É o processo do direito comum, sendo, no início, o único modo de propor ação. Pode
ser intentada contra uma pessoa (in persona) ou contra uma coisa (in rem).

Judicis postulatio é uma ação especial e concreta, que não comina pena para o litigante
temerário, acrescendo que é a ação na qual o judex ou arbiter é imediatamente designado
pelo magistrado, sem o intervalo de 30 dias fixado pela Lex Pinaria. O autor afirmava que o réu
lhe devia algo; o réu podia confirmar ou negar; caso negasse, era designado um juiz ou árbitro.

Condictio era usada para os casos de dívida em dinheiro. O autor dizia in jure: “digo que me
deves entregar 100. Peço-te que confesses ou negues”. Se o réu negasse, era intimado a
comparecer dentro de 30 dias in jure.

Manus injectio é o processo solene e formalista que consiste no aprisionamento ou


agarramento do devedor por parte do credor. O magistrado autoriza o credor a deitar a mão
sobre o devedor e leva-lo preso caso não pague a quantia devida, imediatamente, quando tal
soma é reclamada oralmente. Se a dívida não é paga nos 60 dias que se seguem, o devedor
pode ser morto ou vendido como escravo.
Pignoris capio é a ação da lei pela qual o credor, empregando formas especiais, mas sem
autorização preliminar do magistrado, faz a apreensão de objeto pertencente ao devedor e o
conserva como garantia até que a dívida seja paga.

Processo formular: substituiu o sistema das ações da lei, que era excessivamente formalista.
Criado pela atuação pretoriana.

 Também dividido em duas fases:


o In jure: o autor comparece em frente ao magistrado e expõe suas pretensões
(postulatio). O réu é notificado (editio actionis) e pode confessar (confessio in
jure) ou negar (infitiatio).
o Apud iudicem: análise das provas e sentença pelo juiz.
 Partes da fórmula:
o Demonstratio = explicação (“tendo A vendido um homem a B”)
o Intentio = pretensão (“se parecer que B deva dar 100 a A”) – pode ser coisa ou
quantia certa ou incerta. Se pedir a mais do que lhe é devido, perde a ação; se
pedir a menos, pode pedir novamente na próxima pretura.
o Adjuticatio = autorização ao juiz para entrega da coisa litigiosa (“juiz, é preciso
adjudicar a Tício tudo que lhe deva ser adjudicado”).
o Condemnatio = condenação ou absolvição
o Exceptio = defesa do réu
o Praescriptio = defesa do autor contra possível exceptio injusta do réu
 Litis contestatio: aceitação dos litigantes em relação à fórmula apresentada pelo juiz.

Processo extraordinário

Tem sua fonte no hábito do imperador em julgar pessoalmente os processos, desprezando por
completo as formas tradicionais, bem como as normas jurídicas em vigor, confiando aos
funcionários imperiais a tarefa de julgarem os litígios entre particulares quando se referissem
direta ou indiretamente à administração.

O processo extraordinário continua a ganhar terreno sem cessar, por causa da administração
imperial e da decadência dos magistrados de origem republicana que aplicavam o processo
formular.

Nesse período, não são os magistrados simples particulares indicados pelas partes, e sim
agentes categorizados pertencentes ao Estado. Desaparece a divisão em duas fases e a
mesma pessoa passa a reunir os atributos de magistrado e juiz.

A oralidade do processo é substituída por outro sistema em que prevalecem os atos escritos,
redigidos pelos auxiliares da justiça e pelos advogados.

 Partes do processo extraordinário:


o Libellus conventionis = escrito feito pelo autor e remetido ao juiz, resumindo
as pretensões que julga de seu direito.
o Litis denuntiatio = citação do réu por via administrativa. É substituída
posteriormente pela citação ex officio. O réu tem 10 dias (mais tarde
aumentado pra 20) pra contestar as alegações do autor.
o Libellus contradictionis = contestação feita pelo réu.
 No baixo império, os recursos são restitutio in integrum, meio excepcional de recorrer,
e a apelação, meio normal de recurso.
 A sentença é proferida pelo magistrado de maneira mais livre que na época clássica.
No processo formular, os poderes do juiz ficavam limitados à fórmula; já no processo
extraordinário, o magistrado se vincula à lei.
 O processo extraordinário foi criado, inicialmente, para um tipo de ação e depois
passou a ser usado pra tudo. É muito parecido com o que utilizamos hoje.

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