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Tema: IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO E DO DIREITO PARA QUE AS CONDIÇÕES DE CIDADÃO

E DE CONSUMIDOR SE UNIFIQUEM NO BRASIL


A relação entre produção e consumo é vigente no mundo desde a Antiguidade, com o Código
de Hamurabi, o qual estabelecia certo respaldo ao contratante, passando pela Idade Média na
qual era exigido cada vez mais qualidade dos equipamentos de guerra, e pela Primeira e
Segunda Revolução Industrial nas quais o trabalhador buscava melhores condições de
trabalho, aumento salarial e direitos trabalhistas e, finalmente, a partir da crise de 1929 o
assalariado é introduzido na relação de consumo.

No século XX, com o advento do Estado de bem estar social e do modelo de produção
fordista, o proletariado não é somente importante para produção, mas também é transformado
em consumidor e, para além disso, o Estado possui o objetivo de promover o bem estar da
classe trabalhadora, ao mesmo tempo em que assegurava a produtividade e a lucratividade da
classe burguesa. Nesse contexto, o keynesianismo incorpora um modelo de planejamento da
economia financiando, conjuntamente com instituições financeiras, o fordismo com o objetivo
de fomentar a economia e a produtividade. Ademais, promoveu crédito para produtores,
manipulou juros em seu benefício, estimulou a ocupação plena da mão de obra e,
principalmente, produziu propagandas de estímulo ao consumo. Tais ideias configuraram o
estilo de vida americano o qual progressivamente influenciou diversos países do globo. A
equação produção em massa mais consumo em massa em dado momento da história, mais
precisamente a partir da década de 1970, passou a mostrar diversos erros à medida que
ocorreu a queda da produtividade e, por consequência, do lucro, sendo necessárias medidas,
tais como a obsolescência programada e a exportação desse excedente produtivo.
Ao final do século XX, aconteceu a Revolução Digital, termo empregado pelo Ministro do
Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, em seu livro “Data vênia” no qual o
Barroso caracteriza esse processo com o avanço da indústria eletrônica e dos grandes
computadores, com a substituição da tecnologia analógica pela digital e a conexão de bilhões
de pessoas através da internet. Essa conjuntura, aliada aos problemas que se prolongaram ao
longo dos anos, promove nos dias atuais diversos entraves para a relação produção e
consumo, entre eles a falta de informação das massas populares que está diretamente ligado à
ineficaz do estado em promover educação financeira e estudo sobre os direitos e deveres do
cidadão, e a negligência dos comerciantes e das indústrias os quais em muitas situações
apelam para a má fé.
Primeiramente, é importante ressaltar que o modelo neoliberal inaugurado em 1990 no
governo Collor levou a um ciclo de expropriação dos espaços públicos e da renda familiar
brasileira, o que, consequentemente, acarretou ao endividamento permanente dos cidadãos em
razão da necessidade de compra daquilo que deveria ser garantido pelo Estado, porém a
população necessitava pagar. Esse cenário se perdurou até os dias atuais no qual o cidadão
brasileiro, por falta de informação e por influência da cultura consumista capitalista, se
encontra diante de situações de endividamento. Além disso, segundo o IBGE, a taxa de
investimento brasileiro é de 20%, índice inferior a outros países latino-americanos como
Chile, Colômbia e Peru os quais possuem taxas de 22,2%, 25% e 26,8%, respectivamente. Tal fato
mostra que as camadas populares da sociedade não possuem informação acerca da importância de um
planejamento financeiro, de uma reserva de emergência e da necessidade de se ter uma poupança.
Convém, ainda, destacar que apesar da Revolução digital ter trazido diversos benefícios para a
população, muitos indivíduos utilizam os meios digitais parar aplicar golpes, se aproveitando do
precário entendimento dos cidadãos acerca de seus direitos. Atualmente, os estelionatários utilizam as
redes sociais, como Instagram, WhatsApp e Facebook as quais, segundo o laboratório de segurança
digital - DFNDR Lab, são as três redes sociais mais usadas do mundo e respondem por 91%
dos golpes virtuais, a fim de divulgar produtos de abaixo custo atraindo os usuários que, por
impulso, realizam compras de alto valor, as quais nunca chegarão aos consumidores. Para mais, os
golpistas utilizam sites que prometem grandes descontos em marcas conhecidas no mercado e ao
efetuar o pagamento o consumidor novamente paga por algo que não chegará em sua casa. Nesse
contexto, diversos cidadãos, apesar de possuírem conhecimento da existência do Procon, muita das
vezes deixam de exigir seus direitos por mero desconhecimento deles, inclusive, vale destacar
que inúmeros golpes poderiam ser evitados através de uma rápida busca no Google com o
intuito de descobrir a existência do CNPJ da empresa ou averiguando nos sites oficiais das
grandes marcas se as promoções são verídicas.
Diante do exposto, conclui-se que o acesso à informação constitui um dos principais direitos,
já que ele capacita os cidadãos e possibilita que eles executem decisões mais sensatas. Dessa
forma, cabe ao Estado promover uma educação financeira e uma breve introdução básica dos
direitos dos cidadãos, por meio do ensino nas escolas, com o objetivo de orientar e
coiscientizar os cidadãos sobre seus direitos e deveres. Além disso, há diversos canais no
YouTube, como o “Me Poupe" da Natália Arcuri, os quais proporcionam o acesso
democrático ao planejamento financeiro e aos meios de investimento. Ademais, o poder
judiciário detém a responsabilidade de estar atento a sociedade, isto é, assegurar que o
consumidor, ao ser lesado, seja respaldo pela lei. É de sua incumbência, também, punir os
infratores com a finalidade de propiciar a ideal justiça no mercado de consumo.

Referências bibliográficas:
https://www.infomoney.com.br/colunistas/terraco-economico/por-que-a-taxa-de-investimento-no-
brasil-e-tao-baixa/

https://www.aceop.com.br/noticia/894/conheca-os-principais-golpes-em-redes-sociais-e-como-
evita-los

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