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Brazilian Journal of Development 73633

ISSN: 2525-8761

Ligação Pilar-fundação através de cálices com colarinho

Pillar- foundation connection through cholesters with collar

DOI:10.34117/bjdv7n7-507

Recebimento dos originais: 07/06/2021


Aceitação para publicação: 23/07/2021

Yanka Gomes Ferreira


Engenheira Civil, Fundação Hermínio Ometto

Rúbia Mara Bosse


Prof. Engenharia Civil – UTFPR Guarapuava

Gustavo de Miranda Saleme Gidrão


Prof. Engenharia Civil – UTFPR Guarapuava

RESUMO
Os cálices de fundação são elementos de ligação muito importantes na transferência
correta de esforços para a fundação de estruturas pré-moldadas. O presente artigo trata-
se do dimensionamento de cálices de fundação com colarinho que possuem interfaces
lisas/rugosas e interfaces com chaves de cisalhamento. Foram apresentadas
recomendações da literatura técnica, que englobam o processo de dimensionamento e
disposições construtivas. Os modelos de cálices foram dimensionados para dois pilares
distintos característicos do projeto estrutural de uma loja da Havan, executada na cidade
de Pato Branco, Paraná, Brasil, em 2015. Como resultado do dimensionamento, é
apresentado o quantitativo e a comparação dos materiais necessários para a execução e o
detalhamento de cada modelo de cálice. Os cálices com interfaces em chaves de
cisalhamento mostraram-se mais econômicos com relação ao consumo de materiais,
apresentando taxas de aço até 38% menores que as encontradas para os cálices com
paredes lisas no caso de pilar central. A aplicação deste tipo de cálice deve levar em conta
as dificuldades construtivas na execução das chaves de cisalhamento e também a
vantagem de que, com menor taxa de aço a qualidade da concretagem é assegurada.

Palavra-Chave: pré-moldado, cálice, área de aço, colarinho, concreto .

ABSTRACT
The alliance chalices are very important linking elements in stock prices for a foundation
of precast structures. The present article deals with the design of foundation cups with
collar that has smooth / rough interfaces and interfaces with shear keys. They were
excluded from the technical literature, which encompasses the dimensioning process and
construction elements. The calculation models were designed for two distinct pillars
characteristic of the structural design of a Havan store in the city of Pato Branco, Paraná,
Brazil, in 2015. A central pillar with great normal force and the small plots of the acting
moment were chosen: in the base and a corner pillar with smaller vertical size and greater
working moments. As a result of the sizing, the quantitative and one of the components
necessary for the execution and detailing of each chalice model is presented. The calices
with shear key interfaces were more favorable for the consumption of raw materials,

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especially the exchange rates up to 38%. The application of this type of cup should take
into account difficulties in the execution of the shear keys and also the advantage of
having a lower steel rate in the quality of the embodiment is ensured.

Keywords: precast, chalices, steel area, collar, concrete.

1 INTRODUÇÃO
Segundo El Debs (2017), a construção civil apresenta baixa produtividade,
vagarosidade, grande perda de materiais e baixo controle de qualidade, portanto se
comparado a outros ramos industriais, é considerada atrasada.
Uma das formas de reduzir este atraso industrial recorrente na construção civil se
dá pelo emprego da pré- moldagem, desde que o tipo de estrutura seja adequado a
utilização deste método de construção. O uso do concreto pré-moldado é uma forma de
industrialização no setor da construção, pois reduz o desperdício produzindo as peças fora
do seu local de utilização. Com a pré-moldagem, pode-se assegurar maior controle de
qualidade na produção dos elementos (compostos de concreto armado) e desta forma,
reduz-se o desperdício de materiais e de estruturas temporárias como formas e
cimbramentos, além disso o cronograma da obra pode ser acelerado, representando
produtividade no setor (CAMPOS, 2010; EBELING, 2006).
Campos (2010) explica que a principal diferença na concepção estrutural de
construções pré-moldadas está na necessidade de se dimensionar as ligações entre
elementos e de se verificar situações de montagem e transporte no dimensionamento das
peças.
Existem ligações entre viga-pilar, viga-viga e pilar-fundação. As ligações pilar-
fundação podem ser realizadas por emenda da armadura com graute e bainha, chapa de
base, por emenda de armaduras salientes e através de cálices.
A ligação pilar-fundação através de cálices é muito utilizada e pode ser do tipo
externo com colarinho, semi embutido com colarinho, ou ainda totalmente embutido,
conforme a figura 1. Para estes tipos de ligações, a região entre o cálice e o pilar pré-
moldado deve ser preenchida com graute. Para o posicionamento adequado do pilar faz-
se uso de dispositivos de centralização, sendo a consolidação e alinhamento assegurados
pela utilização de cunhas de madeira provisórias.

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Figura 1 – Tipos de cálices. (EL DEBS (2017))

A principal finalidade das ligações é a transferência dos esforços entre os


elementos para que haja a interação entre as partes da estrutura. Neste sentido, a
resistência e estabilidade destes dispositivos durante seu tempo de utilização devem ser
asseguradas. Ligações são regiões de irregularidade onde ocorrem acúmulos de tensões e
por isso necessitam de uma atenção especial no que se refere ao dimensionamento e
montagem das estruturas de concreto pré-moldado. O projeto das ligações deve obedecer
uma série de critérios com relação à produção e execução, para que seja possível alcançar
a qualidade e o sucesso da pré-fabricação (CAMPOS, 2010). Assim, verifica-se a
importância dos estudos a respeito das ligações, para que a segurança estrutural seja
garantida.
Esse estudo colabora com informações didáticas referentes ao dimensionamento
de cálices externos, os mais comuns empregados na indústria da pré-fabricação. O artigo
mostra as diferenças nos critérios de dimensionamento para cálices e seu impacto nos
quantitativos de armaduras para cálices que possuem interfaces lisas/rugosas e também
para casos de cálices com interfaces com chaves de cisalhamento. O estudo apresenta o
dimensionamento e detalhamento dos dois modelos para dois pilares distintos (pilar
central e de canto). Assim, contribui na seleção do modelo de cálice a ser utilizado em
diferentes condições de esforços solicitantes nos pilares (força normal predominante e
momentos fletores predominantes) e expõe o quantitativo de materiais obtidos em cada
caso. Desta forma, espera-se contribuir na área de dimensionamento de estruturas pré-
moldadas, desenvolvendo material acessível e prático para fins de dimensionamento
destes elementos de ligação, uma vez que o assunto não é abordado nas grades usuais dos
cursos de Engenharia Civil.

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2 CÁLICES EXTERNOS
O tipo de interface de contato entre as faces do pilar e as faces das paredes do
cálice tem grande importância na eficiência da transmissão dos esforços da estrutura
principal para a fundação e assim para o solo. Neste sentido quanto mais lisa a interface
de ligação, mais desfavorável a situação de projeto e a transferência de esforços pelas
paredes do cálice. Segundo El Debs (2017), devido a vastidão dos cálices rugosos,
intermediário aos cálices lisos e com chaves de cisalhamento, para projeto compete se
fazer a classificação dos cálices em: cálices de interfaces lisas/rugosas e cálices de
interfaces com chaves de cisalhamento. É considerado rugoso quando possuir uma
rugosidade mínima de 3 mm a cada 30 mm na superfície interna e na face da base do
pilar, por toda a extensão do comprimento de embutimento. Quando esse estado não for
garantido, considera-se interface lisa. Quando possuir chaves com profundidade mínima
de 10 mm a cada 100 mm na face interna e na base do pilar, ao longo do comprimento de
embutimento, é chamado de cálice com chaves de cisalhamento. Os modelos descritos
estão representados pela figura 2.

Figura 2- Classificação dos cálices. Vista frontal (El Debs (2017))

A NBR 9062 (2017), indica os comprimentos de embutimento (𝑙𝑒𝑚𝑏 ) do pilar na


fundação apresentados na tabela 1.

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Tabela 1 – Comprimento mínimo de embutimento do pilar na fundação


A NBR 9062 (2017), indica os comprimentos de A NBR 9062 A NBR 9062
embutimento (𝑙𝑒𝑚𝑏 ) do pilar na fundação apresentados na (2017), indica os (2017), indica os
tabela 1. comprimentos de comprimentos de
embutimento embutimento
(𝑙𝑒𝑚𝑏 ) do pilar na (𝑙𝑒𝑚𝑏 ) do pilar na
fundação fundação
apresentados na apresentados na
tabela 1. tabela 1.
A NBR 9062 (2017), indica os comprimentos de A NBR 9062 A NBR 9062
embutimento (𝑙𝑒𝑚𝑏 ) do pilar na fundação apresentados (2017), indica os (2017), indica
na tabela 1. comprimentos de os
embutimento comprimentos
(𝑙𝑒𝑚𝑏 ) do pilar na de
fundação embutimento
apresentados na (𝑙𝑒𝑚𝑏 ) do
tabela 1. pilar na
fundação
apresentados
na tabela 1.
A NBR 9062 (2017), indica os comprimentos de A NBR 9062 A NBR 9062
embutimento (𝑙𝑒𝑚𝑏 ) do pilar na fundação apresentados (2017), indica os (2017), indica
na tabela 1. comprimentos de os
embutimento comprimentos
(𝑙𝑒𝑚𝑏 ) do pilar na de
fundação embutimento
apresentados na (𝑙𝑒𝑚𝑏 ) do
tabela 1. pilar na
fundação
apresentados
na tabela 1.

onde: ℎ é a dimensão da seção transversal do pilar paralela ao plano de momento


𝑀, e 𝑁 é a força normal. Quando houver valores de excentricidade intermediários,
recomenda-se fazer a interpolação linear dos resultados para grande e pequena
excentricidades. O comprimento de embutimento do pilar na fundação deve ser maior ou
igual a 40 cm.
A espessura mínima das paredes do cálice ℎ𝑐 é calculada como descrito na
equação seguinte, levando-se em conta a menor dimensão interna do colarinho:
15 𝑐𝑚
ℎ𝑐 ≥ {1 } (Equação1)
ℎ𝑖𝑛𝑡 𝑜𝑢 𝑏𝑖𝑛𝑡
4
Além disso, a espessura da parte do cálice, abaixo da base do pilar deve ser no
mínimo 20 cm e a soma das armaduras dispostas na direção horizontal e a soma das
armaduras dispostas na direção vertical, deve ser maior ou igual a 0,25 hc .

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2.1 CÁLICES COM INTERFACES LISAS/RUGOSAS


El Debs (2017) apresenta as equações dos esforços e pontos de aplicação da tabela
2, indicados para o caso de pequena excentricidade, com o coeficiente de atrito 𝜇 = 0.

Tabela 2 – Esforços e ponto de aplicação para o caso de pequena excentricidade

𝐻𝑠𝑓𝑑 𝐻𝑠𝑝𝑑 𝑒𝑛𝑏 𝑦 = 𝑦′ 𝑁𝑏𝑓

𝑀𝑑 𝑀𝑑
1,5 + 1,25 𝑉𝑑 1,5 + 0,25 𝑉𝑑 0 0,167 𝑙𝑒𝑚𝑏 𝑁𝑑
𝑙𝑒𝑚𝑏 𝑙𝑒𝑚𝑏

Em El Debs (2017), Canha (2004), Campos (2005) e NBR 9062 (2017), são
encontrados modelos que ilustram o comportamento dos esforços do pilar no colarinho
em cálices com interfaces lisas/rugosas, como o da figura 3.

Figura 3- Transferência dos esforços em cálices com interfaces lisas/rugosas com grande excentricidade.
(EL DEBS (2017))

Da figura 3, tem-se as equações (2) (3) e (4), que representam as resultantes que
atuam no cálice para o caso de grande excentricidade. A resultante 𝐻𝑠𝑓𝑑 é calculada
considerando a excentricidade da força normal na base da fundação em relação ao centro
ℎ 𝑙𝑒𝑚𝑏
de gravidade do pilar 𝑒𝑛𝑏 = 4 e ponto de aplicação 𝑦 = 𝑦 ′ = . É sugerido coeficiente
10

de atrito 𝜇 = 0,3 para interfaces lisas e 𝜇 = 0,6 para interfaces rugosas.


0,1 𝑙𝑒𝑚𝑏 −0,75𝜇.ℎ 0,1 𝑙𝑒𝑚𝑏 −0,75𝜇.ℎ
[𝑀𝑑 −𝑁𝑑 .[0,25ℎ+𝜇( )]+𝑉𝑑 .[𝑙𝑒𝑚𝑏 −( )]]
1+𝜇2 1+𝜇2 (Equação 2)
𝐻𝑠𝑓𝑑 = 0,8𝑙𝑒𝑚𝑏 +𝜇.ℎ

(𝑉𝑑 + 𝜇. 𝑁𝑑 ) (Equação 3)
𝐻𝑠𝑝𝑑 = 𝐻𝑠𝑓𝑑 −
1 + 𝜇2

(𝑁𝑑 − 𝜇. 𝑉𝑑 )
𝑁𝑏𝑑 =
1 + 𝜇2 (Equação 4)

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Assim como para o comprimento de embutimento, recomenda-se fazer a


interpolação linear das forças atuantes no cálice e seus respectivos pontos de aplicação
para o caso de excentricidade intermediária, onde 0,15 ≤ 𝑀/(𝑁. ℎ) ≤ 2,0.

2.1.1 Armaduras em cálices com interfaces lisas/rugosas


Segundo El Debs (2017), resultados experimentais expostos em Canha et al.
(2009), mostram que a parede frontal do colarinho está sujeita a ocorrência de flexo-
tração. As simulações indicam que 85% da tensão na armadura é resultante da tração e
15% resultado da flexão. Como apontado em Campos (2010), a diferença na área das
armaduras é irrelevante, portanto pode-se analisar apenas a tração. A resultante das
pressões atuantes na parede frontal é repassada para a fundação através das paredes
longitudinais.
Na maioria dos cálices usuais, o cálculo da armadura vertical principal 𝐴𝑠𝑣𝑝 e a
verificação do esmagamento do concreto são efetuados considerando as paredes
longitudinais como consolos curtos ( 0,5 ≤ 𝑡𝑔𝛽 ≤ 1,0), conforme mostrado na figura 4.
A armadura horizontal principal é calculada pela equação:
𝐻𝑠𝑓𝑑 (Equação 5)
𝐴𝑠ℎ𝑝 =
2𝑓𝑦𝑑

sendo, 𝑓𝑦𝑑 a resistência de cálculo da armadura.

Figura 4- Indicações para verificação das paredes longitudinais como consolo curto. (EL DEBS (2017))

Da figura 4, tem-se as equações (6) e (7) para o cálculo da armadura vertical


principal 𝐴𝑠𝑣𝑝 e verificação do esmagamento da biela comprimida 𝜎𝑐 , respectivamente:

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𝐻𝑠𝑓𝑑 (Equação 6)
𝐴𝑠ℎ𝑝 =
2𝑓𝑦𝑑
𝑅𝑐 (Equação 7)
𝜎𝑐 = ≤ 0,85 𝑓𝑐𝑑
ℎ𝑏𝑖𝑒. ℎ𝑐

sendo, 𝑓𝑐𝑑 a resistência de cálculo do concreto.


A NBR: 9062 (2017), prescreve que a armadura horizontal secundária 𝐴𝑠ℎ𝑠 deve
ser no mínimo 50% de 𝐴𝑠ℎ𝑝 e a armadura vertical secundária 𝐴𝑠𝑣𝑠 no mínimo 50% de
𝐴𝑠𝑣𝑝 . Para a verificação da punção da parte da fundação abaixo da base do pilar deve ser
acrescida à armadura vertical a armadura de suspensão, dada pela equação :
𝑁𝑑 (Equação 8)
𝐴𝑠𝑢𝑠 = 0,5
𝑓𝑦𝑑

2.2 CÁLICES QUE POSSUEM INTERFACES COM CHAVES DE CISALHAMENTO


Os esforços do pilar em cálices que possuem interfaces com chaves de
cisalhamento são transferidos por meio de bielas para as paredes internas do cálice.
Estudos experimentais de cálice com grande excentricidade e colarinho confirmam que o
cisalhamento repassado do pilar para as paredes internas é inteiro somente para
comprimento de embutimento de no mínimo 1,6 ℎ, pois para comprimento menor de
embutimento, os resultados obtidos não foram tão eficientes (EL DEBS, 2017).

2.2.1 Armadura em cálices que possuem interfaces com chaves de cisalhamento


A passagem dos esforços do pilar para a parede interna do cálice se dá pelas bielas,
que produzem pressões horizontais. Na parte frontal, as pressões atuam ao longo de toda
a parede e na parte posterior se concentram na parte superior do cálice (CAMPOS, 2005;
EL DEBS, 2017). A figura 5, indica o modelo de cálculo das pressões atuantes.

Figura 5 – Modelo para cálculo das pressões em cálices com chaves de cisalhamento.(CAMPOS (2005)

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Em El Debs (2017), são apresentados valores de inclinação média das bielas para
parede frontal 𝛽𝑓 = 60° e 𝛽𝑝 = 35° para parede posterior, 𝑑𝑐 = ℎ𝑒𝑥𝑡 − ℎ𝑐 ; e 𝑧𝑐𝑐 =
0,9𝑑𝑐 . Tem-se que as pressões horizontais (frontal e posterior) atuantes no cálice
equivalem a:
𝑀𝑑 + 𝑉𝑑 .𝑙𝑒𝑚𝑏 +𝑁𝑑 (0,5𝑑𝑐 ) (Equação 9)
𝐻𝑠𝑓𝑑 =
2,6𝑑𝑐

𝑀𝑑 + 𝑉𝑑 .𝑙𝑒𝑚𝑏 −𝑁𝑑 (0,4𝑑𝑐 ) (Equação 10)


𝐻𝑠𝑝𝑑 =
0,63𝑑𝑐

As armaduras horizontais (principal e secundária) para cálices que possuem


interfaces com chaves de cisalhamento são calculadas de maneira igual aos cálices com
interfaces lisas/rugosas (EL DEBS, 2017; NBR 9062, 2017). Assim:
𝐻𝑠𝑑
𝐴𝑠ℎ𝑝 = (Equação 11)
𝑓𝑦𝑑

𝐴𝑠ℎ𝑠 = 0,5 𝐴𝑠ℎ𝑝 (Equação 12)

em que 𝐻𝑠𝑑 equivale à maior das resultantes das pressões calculadas.


Segundo Campos (2010), pode-se fazer um cálculo simplificado com base no esquema
apresentado na figura 6 para a determinação da armadura vertical total 𝐴𝑠𝑣,𝑡𝑜𝑡 dada pela
equação (13):
𝐴𝑠𝑣,𝑡𝑜𝑡 = 2 𝐴𝑠𝑣𝑝 + 𝐴𝑠𝑣𝑠 (Equação 13)

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Figura 6- Esquema de forças para cálculo e posicionamento das armaduras verticais. (CAMPOS (2010)

O momento fletor 𝑀𝑏𝑑 , a resultante das forças nas armaduras verticais 𝑅𝑠 na altura
útil 𝑑𝑐 e a resultante de compressão 𝑅𝑐 , são calculados respectivamente pelas equações
(14) (15) e (16):
𝑀𝑏𝑑 = 𝑀𝑑 + 𝑉𝑑 . 𝑙𝑒𝑚𝑏 (Equação 14)

(Equação 15)

𝑀𝑏𝑑 −𝑁𝑑 (0,5. ℎ𝑒𝑥𝑡 − 0,4𝑥)


𝑅𝑠 =
𝑑𝑐 − 0,4𝑥

(Equação 16)

𝑅𝑐 = 0,8𝑥. ℎ𝑒𝑥𝑡 . 𝜎𝑐𝑑

Levando-se em consideração a resultante das forças nas armaduras verticais e a


resultante de compressão, é possível determinar a posição da linha neutra 𝑥 através da
equação (17):
𝑀𝑏𝑑 − 0,5. 𝑁𝑑 . ℎ𝑒𝑥𝑡 + 𝑁𝑑 . 𝑑𝑐 − 0,8𝑥. ℎ𝑒𝑥𝑡 . 𝜎𝑐𝑑 . 𝑑𝑐 (Equação 17)

+ 0,32 𝑥 2 . ℎ𝑒𝑥𝑡 . 𝜎𝑐𝑑 = 0


A tensão no concreto 𝜎𝑐𝑑 é definida de acordo com o domínio em que está sendo
feito o dimensionamento. No domínio 2, a deformação no concreto 𝜀𝑐 varia de 0‰ a 3,5
‰. No domínio 2 e no domínio 3 com intervalo de deformação de 2‰ a 3,5 ‰, a tensão
corresponde a 0,85𝑓𝑐𝑑 . No intervalo de 0 a 2‰ no domínio 2, a tensão no concreto é dada
pela equação (18):
𝜀𝑐 (Equação 18)
𝜎𝑐𝑑 = 0,85. 𝑓𝑐𝑑 [1 − (1 − ) ²]
2

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A armadura vertical total 𝐴𝑠𝑣,𝑡𝑜𝑡 é dada pela equação (19):


𝑅𝑠 (Equação 19)
𝐴𝑠𝑣,𝑡𝑜𝑡 =
𝑓𝑦𝑑
A NBR: 9062 (2017) indica que a armadura vertical secundária 𝐴𝑠𝑣𝑠 seja
equivalente à 50% da armadura vertical primária 𝐴𝑠𝑣𝑝 . Diante do exposto:

𝐴𝑠𝑣,𝑡𝑜𝑡 (Equação 20)


𝐴𝑠𝑣𝑝 =
2 + 0,5

A NBR 9062 (2017) prescreve que, deve ser disposta uma armadura de suspensão,
considerando que a compressão é transferida pela seção formada pelo pilar e o concreto
de enchimento, equivalente a:
0,2𝑁𝑑 (Equação 21)
𝐴𝑠𝑢𝑠 =
𝑓𝑦𝑑

3 METODOLOGIA
O dimensionamento dos cálices foi fundamentado nas diretrizes apresentadas no
item 2. As variáveis para a realização do dimensionamento dos elementos com interfaces
lisas e com chaves de cisalhamento foram retiradas do projeto estrutural de uma loja
convencional da Havan, executada na cidade Pato Branco, Paraná, Brasil, no ano de 2015.
A edificação foi concebida em elementos pré-moldados de concreto armado e protendido.
Dos 132 pilares dispostos no projeto, foram escolhidos: 01 pilar central com grande área
de influência (320 m²) e 01 pilar localizado no canto com 80m² de área de influência.
Ambos possuem seção retangular de 40 x 50 cm e distam dos pilares vizinhos 10 m na
direção horizontal e 8,0 m na direção vertical, em planta. Foram escolhidos estes por
possuírem os esforços atuantes mais críticos apresentados no projeto. O pilar central
possui grande força normal e pequenas parcelas de momento atuantes na base do pilar, já
o pilar de canto possui menor carga vertical e maiores momentos atuantes. Com estes dois
exemplos espera-se mostrar as diferenças no dimensionamento dos cálices devido ao tipo
de esforço predominante nos pilares. Para o dimensionamento dos cálices foram
desenvolvidas planilhas eletrônicas que permitem o cálculo automatizado para qualquer
caso de pilar, contribuindo para futuros trabalhos.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Tabela 3 apresenta os esforços de cálculo para os pilares estudados, bem como
a resistência de cálculo do aço estrutural 𝑓𝑦𝑑 e do concreto utilizado no projeto 𝑓𝑐𝑑 . Os
esforços levam em consideração os coeficientes de ponderação da resistência no estado
limite último recomendados pela NBR: 6118 (2004) iguais a: 1,4 para o concreto e 1,15
para o aço.

Tabela 3- Variáveis de projeto para dimensionamento dos modelos de cálices


𝑁𝑑 𝑉𝑑 𝑓𝑦𝑑 𝑓𝑐𝑑
Pilar 𝑀𝑑 (kN.cm)
(kN) (kN) (kN/cm²) (kN/cm²)
Central 1482,6 329 5740 43,478 2,143
De Canto 264,6 42 13720 43,478 2,143

A Tabela 4 apresenta as dimensões adotadas para comprimento de embutimento


e espessura dos cálices, bem como os esforços calculados.

Tabela 4- Resultados do dimensionamento dos cálices


𝑙𝑒𝑚𝑏 ( ℎ𝑐 𝑀𝑏𝑑 𝐻𝑠𝑓𝑑 𝐻𝑠𝑝𝑑 𝜎𝑐
Pilar/Interface
cm) (cm) (kN.cm) (kN) (kN) (kN/cm²)
Central/Lisa ou Rugosa 75 15 - 526 197 1,332566 ok!
Central/Chaves de
80 15 32060 449,53 262,82 1,366071 ok!
Cisalhamento
Canto//Lisa ou Rugosa 87 15 - 189 143,07 0,467335 ok!
Canto/Chaves de
80 15 17080 138,48 193,48 1,366071 ok!
Cisalhamento

Nota-se que foram adotados os menores valores permitidos para comprimento de


embutimento e espessura das paredes em todos os casos estudados. Na tabela 5 são
apresentadas as áreas de aço calculadas para armaduras horizontais 𝐴𝑠ℎ𝑝 e 𝐴𝑠ℎ𝑠 ,
armaduras verticais 𝐴𝑠𝑣𝑝 , 𝐴𝑠𝑣𝑠 e 𝐴𝑠𝑢𝑠 .

Tabela 5- Armaduras horizontais e verticais secundárias


Pilar Central Pilar de Canto
Área de aço
Chaves de Chaves de
(cm²) Interface Lisa Interface Lisa
Cisalhamento Cisalhamento
𝐴𝑠ℎ𝑝 6,0496 5,1695 2,1753* 2,2251*
𝐴𝑠ℎ𝑠 3,0248 2,5848 1,0877* 1,1126*
𝐴𝑠𝑣𝑝 4,8200 3,6648 2,0986 0,6922*
𝐴𝑠𝑣𝑠 2,4100 1,8324 1,0493 0,3461*
𝐴𝑠𝑢𝑠 17,0500 6,8197 3,0429 1,2172*

Os valores de Ashp e Ashs nos modelos com interfaces lisas


e 𝐴𝑠ℎ𝑝 , 𝐴𝑠ℎ𝑠 , 𝐴𝑠𝑣𝑠 𝑒 𝐴𝑠𝑢𝑠 no modelo com chaves de cisalhamento, destacados na Tabela 5
somados, foram inferiores à área de aço mínima recomendada para ser disposta na direção

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horizontal e vertical. Neste caso adota-se o valor indicado na NBR 9062:2017 de


0,25. hc = 3,75 cm², sendo acrescidos 0,25 𝑐𝑚² em cada tipo de armadura horizontal
para o caso liso, 0,21 𝑐𝑚² para o caso com chaves de cisalhamento e 0,5 𝑐𝑚² no caso
com chaves de cisalhamento na direção vertical.
A Figura 7 apresenta graficamente a diferença entre as armaduras calculadas para
os cálices nos diferentes pilares.

Figura 7 – Quantitativo de armaduras horizontais (Ash) e verticais(Asv). (AUTORA (2018))

Dos resultados apresentados, nota-se que a área de aço necessária para a execução
dos cálices nos modelos com chaves de cisalhamento é inferior aos modelos com
interfaces lisas para os dois casos de pilares estudados. Essa discrepância é ainda mais
visível quando se analisa a área de aço disposta na vertical, devido à armadura de
suspensão que é acrescida às armaduras verticais secundárias. No cálculo das armaduras
de suspensão, a parcela da resultante que chega até a base do pilar equivale a 0,5 𝑁𝑑 para
os cálices lisos/rugosos enquanto que, em cálices com chaves de cisalhamento essa
parcela equivale a 0,2 𝑁𝑑 . Isso explica a grande diferença entre as resultantes das
armadura verticais, principalmente ao analisar o pilar central. Verifica-se também uma
diferença notável na área de aço vertical entre os dois pilares analisando a mesma
interface, apresentando valores de armaduras no pilar central quase 4 vezes maior para
cálices com interfaces lisas e cerca de 3 vezes maior nos modelos com chaves de
cisalhamento. Essa diferença ocorre devido à elevada força normal atuante no pilar
central, equivalente a 1482,6 kN, enquanto que no pilar de canto a força atuante é 264,6
kN. As áreas de aço das armaduras horizontais conforme a formulação foram
proporcionais à pressão atuante na parede do cálice.

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4.1 DETALHAMENTO DOS MODELOS DE CÁLICES


A Figura 8 apresenta a planta e corte com dimensões dos cálices de fundação
projetados. Foi estabelecida uma altura para o bloco de fundação de 100 cm.

Figura 8- Planta dos modelos de cálices dimensionados.

As armaduras horizontais principais devem ser dispostas no trecho 𝑙𝑒𝑚𝑏 /3 em


cálices com chaves de cisalhamento e a 0,2 𝑙𝑒𝑚𝑏 em cálices com interfaces lisas/rugosas,
conforme mostrado na figura 8. Tanto as armaduras horizontais quanto as verticais,
devem ter espaçamento de 15 a 30 cm. (EL DEBS, 2017; NBR:9062, 2017).
Campos (2010) apresenta modelos de armaduras horizontais principais e
secundárias, escolhidos com base em ensaios realizados por Jaguaribe Jr (2005) e Nunes
(2009) que garantem assim, facilidades construtivas e praticidade. O modelo proposto
divide a armadura horizontal principal em ramos: 1/3 dessa armadura é destinado ao ramo
interno e 2/3 ao ramo externo. A armadura horizontal secundária, responsável pelo
controle da fissuração do cálice e as armaduras verticais (principais e secundárias) que
asseguram boa ancoragem e garantem que todas as tensões das armaduras sejam
transferidas para o concreto, são divididas em ramos iguais.

4.1.1 Detalhamento dos cálices para pilar central


A tabela 6 corresponde à distribuição das armaduras horizontais e verticais em
ramos para os modelos de cálices com interfaces lisas e com chaves de cisalhamento
projetados para o pilar central.

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Tabela 6- Armaduras distribuídas em ramos para os cálices do pilar central


Paredes Lisas Chaves de cisalhamento
Principal Secundária Principal Secundária
𝐴𝑠𝑣,𝑡𝑜𝑡 4,82 2,41+17,05 3,665 1,83+6,82

vertic
Arm.

(cm²)
ais
𝐴𝑠𝑣,1 2,41 1,205+2,13 1,83 0,916+0,8525
𝐴𝑠𝑣,2 2,41 1,205+2,13 1,83 0,916+0,8525
𝐴𝑠ℎ,𝑡𝑜𝑡 6,05 3,025 5,1695 2,5848

ontais
Arm.

(cm²)
horiz 𝐴𝑠ℎ,𝑖𝑛𝑡 2,02 1,51 1,7232 1,29
𝐴𝑠ℎ,𝑒𝑥𝑡 4,03 1,51 3,4463 1,29

A partir da tabela 6, são apresentadas as figuras 9-10 que correspondem ao


detalhamento das armaduras verticais e horizontais do modelo de cálice com interface
lisa para o pilar central. Os detalhamentos das armaduras verticais secundárias
apresentadas neste item contam com as armaduras de suspensão divididas entre as paredes
em cada modelo de cálice.

Figura 10- Detalhamento das armaduras horizontais em paredes lisas.

As figuras 11-12 correspondem ao detalhamento das armaduras verticais e


horizontais para o modelo de cálice com chaves de cisalhamento para o pilar central.

Figura 11- Detalhamento das armaduras verticais em paredes com chaves de cisalhamento.

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Figura 12- Detalhamento das armaduras horizontais em paredes com chaves de cisalhamento.

Do exposto, consegue-se obter o consumo de aço para os cálices do pilar central,


como exibido na tabela 7, que apresenta também o volume de concreto necessário para a
execução dos cálices e a taxa de aço utilizada.

Tabela 7 – Resumo de consumo de aço para os cálices do pilar central


Paredes Lisas Chaves com cisalhamento
Diâmetro nominal (mm) Comprimento (m) Massa (kg) Comprimento (m) Massa (kg)
𝜙8.0𝑚𝑚 14,88 5,88 130,08 51,38
𝜙10.0𝑚𝑚 157,46 97,16 25,88 15,97
𝜙12.5𝑚𝑚 13,28 12,79 9,96 9,59
Massa total de aço (kg) 115,83 76,94
Volume de concreto (m³) 0,315 0,336
Taxa de aço (kg/m³) 367,71 228,99

4.1.2 Detalhamento dos cálices para pilar de canto


A tabela 8 indica a distribuição das armaduras horizontais e verticais em ramos
para os modelos de cálices com interfaces lisas e com chaves de cisalhamento projetados
para o pilar de canto.

Tabela 8- Armaduras distribuídas em ramos para os cálices do pilar de canto


Paredes Lisas Chaves de cisalhamento
Principal Secundária Principal Secundária
𝐴𝑠𝑣,𝑡𝑜𝑡 2,10 1,05+3,04 1,192 0,85+1,72
vertic.
Arm.

(cm²)

𝐴𝑠𝑣,1 1,05 0,52+0,38 0,59 0,42+0,215


𝐴𝑠𝑣,2 1,05 0,52+0,38 0,59 0,42+0,215

𝐴𝑠ℎ,𝑡𝑜𝑡 2,43 1,33 2,43 1,32


horiz.
Arm.

(cm²)

𝐴𝑠ℎ,𝑖𝑛𝑡 0,81 0,67 0,81 0,66


𝐴𝑠ℎ,𝑒𝑥𝑡 1,62 0,67 1,62 0,66

As figuras 13-14 mostram o detalhamento das armaduras verticais e horizontais


para os modelos de cálice com interfaces lisas para o pilar de canto.

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Figura 13- Detalhamento das armaduras verticais em paredes lisas.

Figura 14- Detalhamento das armaduras horizontais em paredes lisas.

Figura 15- Detalhamento das armaduras verticais em paredes com chaves de cisalhamento.

Figura 16- Detalhamento das armaduras horizontais em paredes com chaves de cisalhamento.

Com base nos quantitativos e comprimentos das armaduras apresentadas nas


imagens de detalhamento deste item, foi determinado o consumo de aço para os modelos
de cálice do pilar de canto, dispostos na tabela 9. A figura 19 apresenta a comparação das
taxas de aço requeridas em cada projeto de cálice estudado.

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Tabela 9 – Resumo de consumo de aço para os cálices do pilar de canto


Paredes Lisas Chaves com cisalhamento
Diâmetro Nominal (mm) Comprimento (m) Peso (kg) Comprimento (m) Peso (kg)
𝜙6.3𝑚𝑚 0 0 102,18 25,03
𝜙8.0𝑚𝑚 55 21,72 3,72 1,47
𝜙10.0𝑚𝑚 33,64 20,76 0 0
𝜙12.5𝑚𝑚 6,64 6,39 6,64 6,39
Massa total de aço (kg) 48,87 32,89
Consumo de concreto (m³) 0,36 0,33
Taxa de aço (kg/m³) 135,75 99,67

As taxas de aço necessárias para os cálices com interfaces em chaves de


cisalhamento foram 38% (pilar central) e 27% (pilar de canto) menores que os resultados
obtidos para paredes lisas, indicando que esta solução é mais econômica em ambos os
casos. Estas diferenças são bastante significativas e podem representar economia na
produção dos cálices de fundação, sendo que nos casos em que o pilar possui maior
parcela de carga normal atuante (pilar central), a redução na taxa de aço mostrou-se maior.

Figura 17- Comparativo para a taxa de aço requerida em cada projeto.

5 CONCLUSÃO
Este estudo teve como objetivo apresentar as diretrizes de dimensionamento dos
modelos de cálices com colarinho que possuem interfaces lisas/rugosas e os que possuem
interfaces com chaves de cisalhamento segundo recomendações da literatura.
Com esta finalidade, foram desenvolvidas planilhas eletrônicas para o dimensionamento
dos cálices em casos distintos de pilares de interesse de um projeto estrutural. Do
dimensionamento, constatou-se que o consumo de aço para os modelos lisos se
apresentou maior que nos modelos com chaves de cisalhamento (13,28 cm² a mais no
pilar central e 2,44 cm² no pilar de extremidade). Os resultados mostram que a taxa de

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aço necessária para o projeto dos cálices é sempre menor quando se utilizam paredes com
chaves de cisalhamento, sendo que para o caso de pilar central esta diferença foi de 37%.
Conclui-se que os modelos com chaves de cisalhamento para os dois pilares nesse
estudo, mostraram-se mais vantajosos e econômicos quanto ao consumo de materiais. Os
cálices com interfaces de chaves de cisalhamento apresentaram menor taxa de armadura
para ambos os casos estudados, o que pode significar maior facilidade na execução destes
elementos, uma vez que a menor densidade de armaduras propicia melhor qualidade da
concretagem.
Este trabalho desenvolveu um material didático a partir da literatura e normas
disponíveis para guiar o dimensionamento de cálices externos que são elementos
fundamentais à construção com elementos pré-moldados de concreto.

REFERÊNCIAS

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.7, p. 73633-73652 jul. 2021


Brazilian Journal of Development 73652
ISSN: 2525-8761

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execução de estruturas de concreto pré-moldado, Rio de Janeiro, 2017.

CAMPOS, G.M. Recomendações para o projeto de cálices de fundação.183 f. Dissertação


(Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2010.

CANHA, R.M.F. Estudo teórico- experimental da ligação pila-fundação por meio de


cálice em estruturas de concreto pré-moldado. Tese (Doutorado) Escola de Engenharia
de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2004.

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Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2006.

EL DEBS, Mounir Khalil. Concreto pré-moldado: fundamentos e aplicações - 2. ed. - São


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JAGUARIBE JR., K. B. Ligação pilar-fundação por meio de cálice em estruturas de


concreto pré-moldado com profundidade de embutimento reduzida. 2005.177 f.
Dissertação (Mestrado)- Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo,
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NUNES, V. C. P. Análise experimental de cálice de fundação com ênfase nos esforços


nas paredes transversais do colarinho.2009. 132 f. Dissertação(Mestrado)- Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2009.

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.7, p. 73633-73652 jul. 2021

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