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A AGA pode ser feita pelo médico em seu consultório, no entanto, é melhor realizada por uma
equipe composta por membros da equipe interdisciplinar, nos diferentes locais de
atendimento ao idoso, como pronto-socorro, enfermaria, centro de reabilitação, ambulatório
e em programas de atendimento domiciliar. Os componentes da equipe variam de um
programa para outro, conforme o protocolo estabelecido.
Vários estudos confirmam os benefícios da AGA. Dentre eles, encontram-se maior precisão
diagnóstica; melhora do estado funcional e mental; redução da mortalidade, diminuição de
internação hospitalar e de institucionalização; além de maior satisfação com o atendimento.
Por outro lado, ajuda a estabelecer critérios para a internação hospitalar ou em instituições de
longa permanência (ILP); orienta adaptações ambientais, reduzindo as hostilidades dos locais
em que vivem com a colocação de rampas, adequação de pisos, barras de apoio em corredores
e banheiros etc.; avalia o grau de comprometimento mental, motor ou psíquico; estabelece
metas nutricionais e de otimização terapêutica; além de ser elemento fundamental para a
criação de políticas públicas de ação na saúde e de destinação de recursos. Apesar de o maior
benefício ser identificado entre os idosos frágeis e os doentes, a maioria dos pacientes é
beneficiada pela AGA, especialmente nos programas que incluem a avaliação, a reabilitação e
o acompanhamento a longo prazo.
A AGA faz parte do exame clínico do idoso, sendo fundamental nos pacientes portadores de
polipatologias e em uso de vários medicamentos. A avaliação clínica detalhada faz parte desse
processo, devendo ser fundamentada em uma anamnese criteriosa e com peculiaridades que
são indispensáveis à boa comunicação entre o médico e o paciente.
Os componentes da AGA foram sendo incorporados aos elementos habituais do exame clínico,
considerando-se a procura de condições específicas comuns nos idosos capazes de determinar
importante impacto sobre a função e que podem passar despercebidas nos exames
convencionais.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) conceitua três domínios específicos que definem os
objetivos da AGA:
Avaliação clínica
O conceito da “doença única”, na qual todos os sinais e sintomas seriam explicados por um
único problema, não vale para o idoso, que se apresenta com a soma dos sinais e sintomas de
uma ou mais doenças agudas ou subagudas e uma ou mais doenças crônicas.
O uso das escalas de autoavaliação de saúde é útil, e já foi demonstrado que o idoso que avalia
seu estado como ruim realmente tem pior prognóstico.
Diversos indicadores de gravidade de doenças podem ser utilizados, como a classe funcional
da NYHA (New York Heart Association) para avaliação da incapacidade na insuficiência cardíaca
e a escala APACHE (Acute Physiology and Chronic Health Evaluation) para quantificar a
gravidade da doença em pacientes agudos. Várias escalas foram desenvolvidas para quantificar
o nível de função, a disfunção e a incapacidade para cada doença em particular; algumas são
puramente quantitativas (como o peak flow expiratório) e outras são qualitativas, como a
escala de qualidade de vida.
Exame físico
- Deficiências sensoriais
Os déficits sensoriais são muito comuns nos idosos e representam motivo de perda de
qualidade de vida, tornando-se empecilho para a realização das AVD. Essas limitações
sensoriais podem levar ao isolamento social, ao risco maior de quadros confusionais e a
quedas.
- Visão
O método padrão de triagem da acuidade visual é feita por meio de testes, os quais podem ser
realizados em consultório. O Teste de Snellen é o sistema universal padrão para avaliar a visão.
- Audição
Para a avaliação auditiva, o teste mais utilizado é o do sussurro, que avalia a compreensão de
sons de alta e de baixa frequência.
- Incontinência urinária
Capacidade funcional
A capacidade funcional é definida como a aptidão do idoso para realizar determinada tarefa
que lhe permita cuidar de si mesmo e ter uma vida independente. A funcionalidade do idoso é
determinada pelo seu grau de independência e pode ser avaliada por instrumentos
específicos.
As atividades básicas são aquelas que se referem ao autocuidado, ou seja, são as atividades
fundamentais necessárias para realizá-lo: tomar banho, vestir-se, promover higiene, transferir-
se da cama para a cadeira e vice-versa, ter continência e capacidade de alimentar-se. Essas
atividades foram denominadas atividades básicas de vida diária, ou, simplesmente, atividades
de vida diária (AVD), avaliadas pela Escala de Katz.
A Escala de Katz é baseada na conclusão de que a perda funcional segue um padrão igual de
declínio, isto é, primeiro se perde a capacidade de banhar-se, seguida pela incapacidade de
vestir-se, transferir-se e alimentar-se e, quando há recuperação, ela ocorre em ordem inversa.
Entretanto, a Escala de Katz tem a grande limitação de não avaliar a deambulação, ou seja,
afere os cuidados pessoais, a mobilidade e a continência.
Outra escala muito utilizada é a Escala de Barthel, que avalia dez funções: tomar banho, vestir-
se, promover higiene, usar o vaso sanitário, transferir-se da cama para cadeira e vice-versa,
manter continências fecal e urinária, capacidade para alimentar-se, deambular e subir e descer
escadas. Essa escala permite ainda uma gradação mais ampla na classificação da dependência,
indo desde a dependência total (0 ponto) a independência máxima (100 pontos).
Existem ainda atividades que podem ser consideradas avançadas de vida diária, como dirigir
automóvel, praticar esporte, pintar, tocar instrumento musical, participar de serviços
voluntários ou atividades políticas, entre outras. Essas atividades não são fundamentais para
uma vida independente, porém, demonstram maior capacidade e podem contribuir para
melhor saúde física e mental e, por conseguinte, melhor qualidade de vida. Sua realização
depende de vontade, desejo, motivação e fatores culturais e educacionais.
Equilíbrio e mobilidade
Saúde mental
Por meio da avaliação cognitiva podem ser identificadas as principais alterações da saúde
mental do idoso – os quadros demenciais e os depressivos. As síndromes demenciais são
causas importantes de dependência e de institucionalização. O desempenho físico e social
depende da boa função cognitiva. Avanços consideráveis têm sido obtidos no diagnóstico e no
tratamento das demências, e, para o seu diagnóstico, deve haver um comprometimento das
atividades sociais, laborais e/ou nas relações interpessoais. A instituição da terapêutica pode
trazer, inicialmente, alguma melhora para o paciente e possibilita retardar sua progressão,
cabendo, portanto, uma busca ativa, principalmente aos pacientes nos estágios iniciais.
Existem várias escalas para avaliar o estado cognitivo, sendo a mais utilizada o Miniexame do
Estado Mental (MEEM). Por ser de fácil e rápida aplicação, além de testar os principais
aspectos da função cognitiva, o MEEM tornou-se um importante instrumento de rastreio.
A depressão tem maior prevalência; a duração costuma ser mais longa e tem mais recorrências
nos idosos, o que justifica o uso rotineiro de escalas para sua detecção. Na maioria das vezes,
está mascarada em sintomas físicos, os quais não melhoram, apesar de inúmeros tratamentos,
levando à frustração o paciente, os familiares e o médico. Se o diagnóstico for feito e o
tratamento correto for instituído, há melhora significativa para o paciente e suas relações
familiares. A escala de depressão geriátrica (GDS) é uma das mais utilizadas, porém, o
diagnóstico não deve depender apenas de um número obtido.
Avaliação nutricional
Informações sobre o estado nutricional são importantes na avaliação da condição de saúde de
um indivíduo. A heterogeneidade dessa população dificulta a uniformização da avaliação
geriátrica, determinando que esse processo adote critérios para os idosos entre 60 e 70 anos,
próximos dos adotados pelos adultos mais jovens, e outros para os mais idosos. Assim,
principalmente para estes últimos, não existe um método único e eficiente para estabelecer as
condições nutricionais, carecendo de valor preditivo para a mortalidade. Inúmeros motivos
podem levar o idoso ao quadro de desnutrição. Viver sozinho desestimula o indivíduo a
preparar alimentos, restrições funcionais podem incapacitá-lo de ir às compras e de cozinhar,
por exemplo. As condições sociais adversas e o sexo masculino são mais suscetíveis aos
quadros de desnutrição.
Fatores socioambientais
Essa talvez seja a dimensão mais complexa e difícil de ser quantificada, provavelmente pela
heterogeneidade dos seus componentes. Devem ser avaliadas as relações e as atividades
sociais, os recursos disponíveis de suporte (social, familiar e financeiro), sabendo com que tipo
de ajuda o idoso pode contar, caso necessite. Esses fatores influenciam diretamente o
planejamento terapêutico.
Muitas vezes, um bom suporte social e familiar pode manter o idoso na comunidade e evitar a
institucionalização. O isolamento social é um fator de risco para a morbidade e a mortalidade.
Outros aspectos que devem ser avaliados são as necessidades especiais e a adaptação do
ambiente. A residência do idoso deve ser adaptada às suas limitações, de forma a preservar ou
recuperar a independência, além de evitar quedas e todas as suas consequências.
Conclusão
Na Avaliação Geriátrica Ampla, são encontradas duas grandes barreiras que interferem
diretamente nos resultados da análise. A primeira está intimamente ligada à falta de uma
abordagem sistemática, com protocolo padrão, e a segunda decorre da falta de tempo. Desse
modo, configura-se a questão fundamental: como avaliar um paciente idoso, frequentemente
frágil, portador de múltiplas doenças, em uso de diversos medicamentos, para o
dimensionamento exato das suas condições clínicas, funcionais e mentais, rápida e
efetivamente? A AGA tem por objetivo detectar as deficiências, incapacidades e desvantagens
apresentadas pelo paciente e quantificá-las. A AGA introduz o conceito da promoção de vida
saudável para o idoso, por meio de uma abordagem diagnóstica multifacetada dos problemas
físicos, psicológicos e funcionais, focalizando a preservação e/ou a recuperação funcional, ao
contrário da tradicional medicina curativa. O ideal é que fosse executada rotineiramente por
uma equipe interdisciplinar em todos os pacientes com 60 anos de idade ou mais. A família
deve ser envolvida, sempre que possível, no processo de avaliação do paciente, e sua
contribuição é, muitas vezes, imprescindível. Os instrumentos de avaliação, como relatado
anteriormente, são fundamentais no balizamento da rotina diagnóstica. A AGA, mesmo que
com pequenas modificações entre os diversos grupos, precisa ser incorporada como rotina na
moderna prática clínica, possibilitando uma ação preventiva e de reabilitação, contribuindo
para uma expectativa de vida saudável e maior.
Autonomia: É a habilidade de controlar, lidar e tomar decisões pessoais sobre como se deve
viver diariamente, de acordo com suas próprias regras e preferências.
Qualidade de vida: É “a percepção que o indivíduo tem de sua posição na vida dentro do
contexto de sua cultura e do sistema de valores de onde vive, e em relação a seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações. É um conceito muito amplo que incorpora de uma
maneira complexa a saúde física de uma pessoa, seu estado psicológico, seu nível de
dependência, suas relações sociais, suas crenças e sua relação com características
proeminentes no ambiente”. À medida que um indivíduo envelhece, sua qualidade de vida é
fortemente determinada por sua habilidade de manter autonomia e independência.
Os fatores culturais também influenciam na busca por comportamentos mais saudáveis; por
exemplo, as atitudes relacionadas ao tabagismo estão mudando, gradativamente, em vários
países. As políticas e programas precisam respeitar culturas e tradições e, ao mesmo tempo,
desmistificar estereótipos ultrapassados e informações errôneas. Além disto, há valores
universais essenciais que transcendem a cultura, tais como a ética e os direitos humanos.
O gênero é uma “lente” através da qual considera-se a adequação de várias opções políticas e
o efeito destas sobre o bem estar de homens e mulheres. Em muitas sociedades, as mulheres
jovens e adultas têm status social inferior e acesso mais restrito a alimentos nutritivos,
educação, trabalho significativo e serviços de saúde. O papel tradicional das mulheres como
responsáveis pelos cuidados com a família também pode contribuir para um aumento da
pobreza e de problemas de saúde quando ficam mais velhas. Algumas mulheres são forçadas a
largar o trabalho remunerado para assumir os cuidados com a família. Outras nunca têm
acesso ao trabalho remunerado, já que cuidam de filhos, pais idosos, cônjuges e netos em
tempo integral. Por outro lado, homens jovens e adultos estão mais sujeitos a lesões
incapacitantes ou morte devido à violência, aos riscos ocupacionais e ao suicídio. Também
assumem comportamentos de maior risco, como fumar, consumir bebidas alcoólicas e drogas
e se expor desnecessariamente ao risco de lesões.
Para promover o envelhecimento ativo, os sistemas de saúde necessitam ter uma perspectiva
de curso de vida que vise à promoção da saúde, prevenção de doenças e acesso equitativo a
cuidado primário e de longo prazo de qualidade. Os serviços sociais e de saúde precisam ser
integrados, coordenados e eficazes em termos de custos. Não pode haver discriminação de
idade na provisão de serviços e os provedores destes devem tratar as pessoas de todas as
idades com dignidade e respeito.
A adoção de estilos de vida saudáveis e a participação ativa no cuidado da própria saúde são
importantes em todos os estágios da vida. Um dos mitos do envelhecimento é que é tarde
demais para se adotar esses estilos nos últimos anos de vida. Pelo contrário, o envolvimento
em atividades físicas adequadas, alimentação saudável, a abstinência do fumo e do álcool, e
fazer uso de medicamentos sabiamente podem prevenir doenças e o declínio funcional,
aumentar a longevidade e a qualidade de vida do indivíduo.
Em relação à alimentação da pessoa idosa saudável, sem doenças que requeiram cuidados
alimentares específicos, uma orientação adequada pode ser trabalhada por meio dos "Dez
Passos para uma Alimentação Saudável", aqui adaptados para a pessoa idosa. Os profissionais
da Atenção Básica/Saúde da família devem dar orientações gerais relacionadas à alimentação
da pessoa idosa, em especial nas situações de doenças crônicas como diabetes, hipertensão,
obesidade e hipercolesterolemia. Caso sejam necessárias orientações nutricionais específicas,
as equipes do município que possuem nutricionista na Atenção Básica devem desenvolver um
planejamento da ação conjunta. Se o município está organizado de forma a ter o nutricionista
apenas na atenção especializada, deve, quando necessário, ser garantido ao usuário o
atendimento nesse nível de atenção. Um tema importante a ser trabalhado sobre alimentação
saudável é a leitura dos rótulos dos alimentos. A informação nutricional presente nos rótulos é
um instrumento fundamental de apoio à escolha de produtos mais saudáveis na hora da
compra. O uso dos rótulos e da informação nutricional deve ser incentivado pelos profissionais
de saúde, entidades de defesa do consumidor e pela comunidade escolar, entre outros, para
transformar esse instrumento em ferramenta efetiva para escolhas de alimentos mais
saudáveis pela população.
A inatividade física é um dos fatores de risco mais importantes para as doenças crônicas,
associadas a dieta inadequada e uso do fumo. É bastante prevalente a inatividade física entre
os idosos. O estilo de vida moderno propicia o gasto da maior parte do tempo livre em
atividades sedentárias, como por exemplo, assistir televisão. É preciso lembrar que saúde não
é apenas uma questão de assistência médica e de acesso a medicamentos. A promoção de
"estilos de vida saudáveis" é encarada pelo sistema de saúde como uma ação estratégica.
Nesse processo, alguns aspectos são facilitadores para a incorporação da prática corporal/
atividade física, como o incentivo de amigos e familiares, a procura por companhia ou
ocupação, alguns programas específicos de atividade física e, principalmente, a orientação do
profissional de saúde estimulando a população idosa a incorporar um estilo de vida mais
saudável e ativo. Os benefícios da prática corporal/atividade física para a saúde têm sido
amplamente documentados. Os principais benefícios biológicos, psicológicos e sociais
proporcionados pelo desempenho da atividade física/prática corporal podem ser observados
no quadro a seguir:
A pessoa que deixa de ser sedentária diminui em 40% o risco de morte por doenças
cardiovasculares e, associada a uma dieta adequada, é capaz de reduzir em 58% o risco de
progressão do diabetes tipo II, demonstrando que uma pequena mudança no comportamento
pode provocar grande melhora na saúde e qualidade de vida. Recomenda-se que haja sempre
uma avaliação de saúde antes de iniciar qualquer prática corporal/atividade física. No caso de
exercícios leves, pode-se iniciar a prática corporal/atividade física antes da avaliação, para que
essa não se transforme em uma barreira para o engajamento da pessoa idosa na sua
realização. Não está claro ainda qual o melhor tipo e nível de prática corporal/atividade física,
uma vez que esses variam acentuadamente em diferentes estudos. Existe discordância sobre
qual seria o melhor exercício para provocar efeito benéfico no idoso. De uma forma geral,
deve-se procurar desenvolver exercícios de flexibilidade, equilíbrio e força muscular. A prática
corporal/atividade física deve ser de fácil realização e não provocar lesões. Deve ser de baixo
impacto e ocorrer em intensidade moderada (percepção subjetiva de esforço, aumento da
frequência cardíaca e/ou da frequência respiratória, permitindo que o indivíduo respire sem
dificuldade e com aumento da temperatura do corpo). Recomenda-se iniciar com práticas
corporais / atividades físicas de baixa intensidade e de curta duração, uma vez que a pessoa
idosa, geralmente, não apresenta condicionamento físico e pode ter limitações músculo-
esqueléticas. Sugere-se a prática de 30 minutos de prática corporal/atividade física regular (ao
menos três vezes por semana). Uma das vantagens dessa prática é a fácil adesão por aqueles
que têm baixa motivação para a prática de exercícios. Ao indicar uma prática
corporal/atividade física para uma pessoa idosa, deve-se considerar vários aspectos, como:
prazer em estar realizando esta ou aquela atividade, suas necessidades físicas, suas
características sociais, psicológicas e físicas. As atividades mais comuns envolvem: caminhada,
ciclismo ou o simples pedalar da bicicleta, natação, hidroginástica, dança, ioga, Tai Chi Chuan²,
Lian Gong³, entre outras. A caminhada merece maior destaque, por ser acessível a todos e não
requer habilidade especializada ou aprendizagem. Recomenda-se andar em locais planos,
prestando atenção à temperaturas extremas (muito elevadas ou muito baixas) e umidade
muito baixa, nesses casos, ingerir maior quantidade de líquidos. Os exercícios de resistência ou
treinamento da força muscular, além de contribuir na diminuição da incidência de quedas,
incrementa a densidade óssea. Esse tipo de atividade pode ser concomitante às atividades
aeróbicas ou ocorrer em dias intercalados. O treinamento deve ser dirigido aos grandes grupos
musculares e realizado lentamente. Qualquer tipo de resistência pode (e deve) ser utilizado.
Pode-se utilizar pesos simples como garrafas, latas, sacos ou qualquer objeto doméstico,
colocados nos membros superiores ou inferiores, fixando-os com faixas, com o cuidado de não
garrotear. A principal recomendação na realização desses exercícios é a de manter a
respiração constante enquanto executa o exercício, evitando a manobra de Valsalva, que
representa aumento da pressão arterial em função da execução de um exercício de força com
a respiração presa. Os exercícios de força são os que realmente podem diminuir ou reverter
alguma forma de perda de massa muscular (sarcopenia) e óssea (osteoporose), sendo,
portanto, as atividades de preferência na manutenção da capacidade funcional e
independência.
Estatuto do idoso, Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa e Política Nacional do Idoso;
Manual de Alimentação Saudável para a Pessoa Idosa.
O desenvolvimento de políticas públicas para a pessoa idosa tem sido destaque na agenda de
organizações internacionais de saúde com relação à proposição de diretrizes para nações que
ainda precisam implantar programas sociais e assistenciais para atender às necessidades
emergentes desse grupo populacional. No Brasil, apesar de iniciativas do Governo Federal nos
anos 70 em prol das pessoas idosas, apenas em 1994 foi instituída uma política nacional
voltada para esse grupo.
Sabe-se que as ações governamentais em políticas públicas de saúde tratam do estudo dos
programas básicos de saúde, ao observar sua organização e suas práticas profissionais na
comunidade e sua intervenção profissional na garantia dos direitos humanos. Assim, cabe
revisão constante dos objetivos propostos das políticas públicas de saúde, para buscar
estratégias institucionais que visem a promoção social, a prevenção da saúde e a garantia dos
direitos humanos nos segmentos mais vulneráveis da população.
No final da década de 90, a Organização Mundial de Saúde (OMS) passou a utilizar o conceito
de “envelhecimento ativo” buscando incluir, além dos cuidados com a saúde, outros fatores
que afetam o envelhecimento. Pode ser compreendido como o processo de otimização das
oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de
vida à medida que as pessoas ficam mais velhas. Envolve políticas públicas que promovam
modos de viver mais saudáveis e seguros em todas as etapas da vida, favorecendo a prática de
atividades físicas no cotidiano e no lazer, a prevenção às situações de violência familiar e
urbana, o acesso à alimentos saudáveis e à redução do consumo de tabaco, entre outros. Tais
medidas contribuirão para o alcance de um envelhecimento que signifique também um ganho
substancial em qualidade de vida e saúde. Sua implementação envolve uma mudança de
paradigma que deixa de ter o enfoque baseado em necessidades e que, normalmente, coloca
as pessoas idosas como alvos passivos, e passa a ter uma abordagem que reconhece o direito
dos idosos à igualdade de oportunidades e de tratamento em todos os aspectos da vida à
medida que envelhecem. Essa abordagem apoia a responsabilidade dos mais velhos no
exercício de sua participação nos processos políticos e em outros aspectos da vida em
comunidade. O Ministério da Saúde, em setembro de 2005, definiu a Agenda de Compromisso
pela Saúde que agrega três eixos: o Pacto em Defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), o Pacto
em Defesa da Vida e o Pacto de Gestão. Destaca-se aqui o Pacto em Defesa da Vida que
constitui um conjunto de compromissos que deverão tornar-se prioridades inequívocas dos
três entes federativos, com definição das responsabilidades de cada um. Foram pactuadas seis
prioridades, sendo que três delas têm especial relevância com relação ao planejamento de
saúde para a pessoa idosa. São elas: a saúde do idoso, a promoção da saúde e o
fortalecimento da Atenção Básica. Em relação à promoção da saúde da população idosa as
implementações de ações locais deverão ser norteadas pelas estratégias de implementação,
contempladas na Política Nacional de Promoção da Saúde – Portaria 687/GM, de 30 de março
de 2006, tendo como prioridades as seguintes ações específicas:
b) Alimentação saudável;
• Ter caráter substitutivo em relação à rede de Atenção Básica tradicional nos territórios em
que as Equipes Saúde da Família atuam;
A Atenção à Saúde da pessoa idosa na Atenção Básica/Saúde da Família, quer por demanda
espontânea, quer por busca ativa – que é identificada por meio de visitas domiciliares, deve
consistir em um processo diagnóstico multidimensional. Esse diagnóstico é influenciado por
diversos fatores, tais como o ambiente onde o idoso vive, a relação profissional de
saúde/pessoa idosa e profissional de saúde/ familiares, a história clínica - aspectos biológicos,
psíquicos, funcionais e sociais - e o exame físico. Na Atenção Básica espera-se oferecer à
pessoa idosa e à sua rede de suporte social, incluindo familiares e cuidadores (quando
existente), uma atenção humanizada com orientação, acompanhamento e apoio domiciliar,
com respeito às culturas locais, às diversidades do envelhecer e à diminuição das barreiras
arquitetônicas de forma a facilitar o acesso conforme proposto no Manual de Estrutura Física,
do Ministério da Saúde, 2006. A adoção de intervenções que criem ambientes de apoio e
promovam opções saudáveis são importantes em todos os estágios da vida e influenciarão o
envelhecimento ativo. Cabe ressaltar que, com base no princípio de territorialização, a
Atenção Básica/Saúde da Família deve ser responsável pela atenção à saúde de todas as
pessoas idosas que estão na sua área de abrangência, inclusive, aquelas que encontram-se em
instituições, públicas ou privadas. Diante do envelhecimento populacional, muitas ações estão
sendo planejadas para atender às demandas emergentes. Nesse contexto, a Organização
Mundial de Saúde propôs, em 2004, um projeto denominado “Towards Age-friendly Primary
Health Care”, cuja proposta é adaptar os serviços de atenção básica para atender
adequadamente às pessoas idosas, tendo como objetivo principal a sensibilização e a
educação no cuidado primário em saúde, de acordo com as necessidades específicas dessa
população.
3. Adequação do ambiente físico: tornando-o mais acessível para as pessoas que possuam
alguma limitação funcional.
- Contra difteria e tétano (dupla adulto): a cada 10 anos ou se houver algum ferimento grave
em um intervalo entre 5 e 10 anos da última dose.
- Contra pneumonia causada por pneumococo: a 23 é a única oferecida pelo SUS; ela é
tomada, após os 60 anos, uma dose e o reforço após 5 anos (65 anos); pode ser usada antes se
o paciente tiver algum problema pulmonar, como DPOC. A 13 é particular e em dose única;
pode ser feita a partir dos 50 anos e induz melhor a imunidade do que a 23.
- Contra febre amarela: a cada 10 anos, se for residente em regiões onde a doença ocorre ou
quando for viajar para essas regiões.
- Hepatite B
Fornecidas na rede pública: influenza (anual), pneumocócica (0, 6 e 60), tríplice bacteriana (a
cada 10 anos), hepatite B (0, 1 e 6).