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PROCESSOS DE CONFORMAÇÃO
MECÂNICA
Figura 5.3 Estágios de um ensaio de tração de um material uma liga metálica dútil.
5.5- LAMINAÇÃO
É o processo de conformação mecânica que consiste em modificar a seção
transversal de um metal na forma de barra, lingote, placa, fio, ou tira, etc., pela
passagem entre dois cilindros com geratriz retilínea (laminação de produtos planos) ou
contendo canais entalhados de forma mais ou menos complexa (laminação de
produtos não planos), sendo que a distância entre os dois cilindros deve ser menor
que a espessura inicial da peça metálica (figura 1).
É o processo de transformação mecânica de metais mais utilizados, pois
apresenta alta produtividade e um controle dimensional do produto acabado que pode
ser bastante preciso. É o processo de transformação mecânica de metais mais
utilizados, pois, apresenta alta produtividade e um controle dimensional do produto
acabado que pode ser bastante preciso.
A laminação o material é submetido a tensões compressivas elevadas,
resultantes da ação de prensagem dos rolos e a tensões cisalhantes superficiais,
resultantes do atrito entre os rolos e o material. As forças de atrito são também
responsáveis pelo ato de "puxar" o metal para dentro dos cilindros.
Figura 1- Produtos obtidos por laminação.
5.5.1- Laminadores
Um laminador consiste basicamente de cilindros (ou rolos), mancais, uma
carcaça chamada de gaiola ou quadro para fixar estas partes e um motor para fornecer
potência aos cilindros e controlar a velocidade de rotação. As forças envolvidas na
laminação podem facilmente atingir milhares de toneladas, portanto é necessária uma
construção bastante rígida, além de motores muito potentes para fornecer a potência
necessária. O custo, portanto de uma moderna instalação de laminação é da ordem de
milhões de dólares e consomem-se muitas horas de projetos uma vez que esses
requisitos são multiplicados para as sucessivas cadeiras de laminação contínua.
Utilizam-se variadas disposições de cilindros na laminação (figura 3), o mais
simples é constituído por dois cilindros de eixo horizontais, colocados verticalmente um
sobre o outro. Este equipamento é chamado de laminador duo e pode ser reversível ou
não. Nos duos não reversíveis (figura 3a), o sentido do giro dos cilindros não pode ser
invertido e o material só pode ser laminado em um sentido. Nos reversíveis (figura 3b),
a inversão da rotação dos cilindros permite que a laminação ocorra nos dois sentidos
de passagem entre os rolos. No laminador trio (figura 3c), os cilindros sempre giram no
mesmo sentido. Porém, o material pode ser laminado nos dois sentidos, passando-o
alternadamente entre o cilindro superior e o intermediário e entre o intermediário e o
inferior.
A medida que se laminam materiais cada vez mais finos, há interesse em utilizar
cilindros de trabalho de pequeno diâmetro. Estes cilindros podem fletir, e devem ser
apoiados por cilindros de encosto (figura 3d). Este tipo de laminador denomina-se
quádruo, podendo ser reversível ou não. Quando os cilindros de trabalho são muito
finos, podem fletir tanto na direção vertical quanto na horizontal e devem ser apoiados
em ambas às direções. Um laminador que permite estes apoios é o Sendzimir (figura
3e).
Um outro laminador muito utilizado é o universal, que dispõe de dois pares de
cilindros de trabalho, com eixos verticais e horizontais (figura 3f).
Os cilindros de laminação são de aço fundido ou forjado, ou de ferro fundido,
coquilhados ou não. Compõe-se de três partes (figura 4): a mesa, onde se realiza a
laminação, e pode ser lisa ou com canais; os pescoços, onde se encaixam os mancais;
os trevos ou garfos de acionamento. Os cilindros são aquecidos pelo material laminado
à quente e é de grande importância um resfriamento adequado deles, usualmente
através de jatos de água.
Figura 3- ( a) - laminador duo; ( b) - laminador duo reversível; (c) - laminador trio; (d) -
laminador quádruo, (e) - laminador Sendzimir e ( f ) - laminador universal.
5.6- FORJAMENTO
O forjamento é o mais antigo processo de conformar metais, tendo suas origens
no trabalho dos ferreiros de muitos séculos antes de Cristo. A substituição do braço do
ferreiro ocorreu nas primeiras etapas da Revolução Industrial. Atualmente existe um
variado maquinário de forjamento, capaz de produzir peças das mais variadas formas
e tamanhos, desde alfinetes, pregos, parafusos e porcas até rotores de turbinas e asas
de avião.
Forjamento é o nome genérico de operações de conformação mecânica
efetuadas com esforço de compressão sobre um material dúctil, de tal modo que ele
tende a assumir o contorno ou perfil da ferramenta de trabalho .
Na maioria das operações de forjamento emprega-se um ferramental constituído
por um par de ferramentas de superfície plana ou côncava denominadas matrizes ou
estampos.
A maioria das operações de forjamento é executada a quente, contudo uma
grande variedade de peças pequenas, tais como parafusos, pinos, porcas,
engrenagens, pinhões, etc., são produzidas por forjamento a frio.
O forjamento é dividido em duas categorias: Forjamento em matriz aberta ou livre
e Forjamento em matriz fechada.
5.7- EXTRUSÃO
É um processo de conformação por compressão na qual o metal frio ou aquecido
é forçado a fluir através de uma matriz com forma desejada para produzir um produto
com secção reduzida mais constante. Na extrusão o material é forçado através de uma
matriz, de forma similar ao aperto de um tubo de pasta de dentes.
Praticamente qualquer forma de seção transversal vazada ou cheia pode ser
produzida por extrusão. Como a geometria da matriz permanece inalterada, os
produtos extrudados têm seção transversal constante.
Dependo da ductilidade do material a extrudar o processo pode ser feito a frio ou
a quente, em altas temperaturas. Cada tarugo é extrudado individualmente,
caracterizando a extrusão como um processo semi-contínuo. O produto é
essencialmente uma peça semi- acabada. A extrusão pode ser combinada com
operações de forjamento, sendo neste caso é denominada de extrusão fria.
As aplicações da extrusão são várias como quadros de janelas e portas, trilhos
para portas deslizantes, tubos de várias seções transversais e formas arquitetônicas.
Produtos extrudados podem ser cortados nos tamanhos desejados para gerarem
peças, como maçanetas, trancas e engrenagens, como mostrado na figura abaixo. Em
operação combinada com forjamento podem gerar componentes para automóveis,
bicicletas, motocicletas, maquinário pesado e equipamento de transporte.
Figura 19- Curvas típicas de pressão de extrusão contra o percurso do êmbolo para a
extrusão direta e indireta.
no container. Para a extrusão indireta a pressão de extrusão é praticamente constante
com o avanço do êmbolo. No final do percurso, para ambas as extrusões, direta e
indireta, a pressão cresce que é para introduzir a zona que ficou presa na matriz para
também ser extrudado.
b) Razão de extrusão – É a razão da área inicial da seção transversal do tarugo com a
área final da seção transversal depois da extrusão, R = A0/Af. As razões de extrusão
atingem cerca de 40:1 para a extrusão à quente do aço e podem chegar a 400:1 na
extrusão do alumínio.
c) Temperatura de trabalho – A maioria dos metais são extrudados à quente devido à
vantagem da diminuição da tensão de escoamento. O material não pode aquecer até
uma temperatura próxima a de fusão, pois se existir impurezas com temperaturas de
fusão inferiores a do metal ou liga, essa impurezas fundirão e escoa para os contornos
de grão fragilizando o material e provocando o defeito denominado de “fragilidade à
quente”.
d) Velocidade de extrusão – A pior situação é para extrusão com velocidade infinita,
onde não é dissipado nenhum calor produzido pela deformação. Para velocidades de
extrusão baixas há uma grande dissipação de calor, e a razão de extrusão possível
para uma dada temperatura de pré-aquecimento aumenta. A faixa de extrusão
possível é a região sob a curva de pressão e velocidade de extrusão constantes.
e) Condições de atrito – A pressão necessária para produzir uma extrusão é
dependente da maneira em que o metal escoa no container e na matriz, e isso é
grandemente influenciado pelas condições de lubrificação. A figura 20 mostra os tipos
característicos de deformação de extrusão. A deformação aproximadamente
homogênea está mostrada na fig. 20a. Isso poderia ser caso típico de atrito baixo no
container com um tarugo bem lubrificado, extrusão hidrostática na qual o tarugo é
envolvido por um fluido pressurizado, ou extrusão indireta (fig.20d). A fig. 20b
representa o caso de aumento de atrito nas paredes co container, conforme indicado
pela distorção acentuada do modelo reticulado nos cantos da matriz, que vai produzir
uma zona neutra de metal, estagnado que sofre pequena deformação. Para o atrito
alto na interface container-tarugo, o escoamento é concentrado no centro e se
desenvolve um plano de cisalhamento interno (fig. 20c). Essa condição também pode
ocorrer quando o tarugo aquecido encontra o container frio, resfriando rapidamente a
superfície do tarugo.
Figura 20- Modelos de deformação do metal na extrusão.
5.7.4- Equipamentos
O equipamento básico de extrusão é uma prensa hidráulica. É possível
controlar a velocidade de operação e o curso. A força pode ser mantida constante para
um longo curso, tornando possível à extrusão de peças longas, e aumentando a taxa
de produção.
Prensas hidráulicas verticais são geralmente usadas para extrusão a frio.
Elas tem usualmente menor capacidade daquelas usadas para extrusão a quente, mas
ocupam menos espaço horizontal.
Prensas excêntricas são também usadas para extrusão a frio e por
impacto, e são indicadas para produção em série de pequenos componentes.
Operações de múltiplos estágios, onde a área da seção transversal é
progressivamente reduzida, são efetuadas em prensas especiais.
5.8- TREFILAÇÃO
Trefilação é uma operação em que a matéria-prima é estirada através de uma
matriz em forma de canal convergente (FIEIRA ou TREFILA) por meio de uma força
trativa aplicada do lado de saída da matriz. O escoamento plástico é produzido
principalmente pelas forças compressivas provenientes da reação da matriz sobre o
material (figura 21).
A passagem do fio pela fieira provoca a redução de sua secção e, como a
operação é comumente realizada à frio, ocorre o encruamento com alteração das
propriedades mecânicas do material do fio, sendo, portanto, necessário que se faça
um tratamento térmico de recozimento para que o material volte a ter a ductilidade
necessária ao prosseguimento do processo ou ao atendimento de requisitos finais de
propriedades mec6anicas específicas para o uso do produto trefilado.
A trefilação é recomendada para a fabricação de fios e cabos elétricos, arames
para fabricação de cercas, carrinhos de supermercado, fabricação de barras redondas
para fabricação de parafusos, pregos, etc.
Figura 21- Desenho esquemático do processo de trefilação.
b) Máquina de trefilar com deslizamento – É a máquina mais usada para trefilar fios
metálicos de pequenos diâmetros. O princípio de funcionamento dessa máquina é o
seguinte: o fio parte de uma bobina, num recipiente denominado desbobinadeira,
passa por uma roldana e se dirige alinhado à primeira fieira; na saída da fieira, o fio é
tracionado por um anel tirante, no qual ele dá certo número de voltas, em forma de
hélice cilíndrica de passo igual ao diâmetro do fio, de tal modo que no início da hélice o
fio fique alinhado com a primeira fieira e no fim da hélice alinhado com a segunda
fieira; o segundo anel faz o fio passar pela segunda fieira, porém girando a uma
velocidade maior que a do primeiro anel, para compensar o aumento do comprimento
do fio e assim o sistema prossegue dessa forma para as demais fieiras e anéis (figura
23).
As máquinas de trefilar são classificadas de acordo com o sistema de
lubrificação em:
a) Máquinas com sistema de imersão, em que a fieira e os anéis permanecem imersos
no líquido refrigerante e lubrificante;
b) Máquinas com sistema de aspersão, em que a fieira recebe um jato de líquido
refrigerante e lubrificante.
A terceira classificação das máquinas de trefilar é segundo o diâmetro dos
produtos trefilados, e os tipos de máquinas são:
a) Para barras redondas (com diâmetro superior a 5 mm) – Essas máquinas são
robustas e permitem grandes reduções, têm poucas fieiras (três ou quatro) e podem
ser do tipo sem deslizamento;
Figura 23- Figura esquemática da máquina de trefilar com deslizamento com duas
fieiras.
b) Para fios grossos (com diâmetros entre 5 a 2 mm), para fios médios (com diâmetros
entre 2 a 0,50 mm) e para fios finos (com diâmetros entre 0,50 a 0,15 mm) –
Geralmente são do tipo com deslizamento, dotados de quatro cones com quatro ou
cinco anéis cada. O número de fieiras é da ordem de vinte e o cálculo da série de
fieiras deve levar em consideração a redução em cada fieira, o desgaste e a tolerância
do furo da fieira.
c) Para fios capilares (com diâmetros inferiores a 0,15 mm) – Nessa máquina os
sistemas mecânicos de acionamento doa anéis e de movimentação dos carretéis
devem ter elevada precisão e também estar praticamente isentos de vibrações
mecânicas. A tensão de bobinamento deve ser controlada e o sistema de lubrificação
permite que o lubrificante toque levemente o fio para atender as condições de pequena
redução e pequeno atrito entre o fio e a fieira.
5.9- ESTAMPAGEM
Conformação de chapas é o processo de transformação mecânica, geralmente
realizado à frio, que consiste em conformar um disco plano ("blank") à forma de uma
matriz, pela aplicação de esforços transmitidos através de um punção.
Na operação ocorrem: alongamento e contração das dimensões de todos os
elementos de volume, em três dimensões. A chapa, originalmente plana, adquire uma
nova forma geométrica, plana ou oca.
A maior parte da produção seriada de partes conformadas a partir de chapas
finas é realizada em prensas mecânicas ou hidráulicas. Nas prensas mecânicas a
energia é geralmente, armazenada num volante e transferida para o cursor móvel no
êmbolo da prensa. As prensas mecânicas são quase sempre de ação rápida e aplicam
golpes de curta duração, enquanto que as prensas hidráulicas são de ação mais lenta,
mas podem aplicar golpes mais longos. As prensas podem ser de efeito simples ou de
duplo efeito. Algumas vezes pode ser utilizado o martelo de queda na conformação
de chapas finas. O martelo não permite que a força seja tão bem controlada como nas
prensas, por isso não é adequado para operações mais severas de conformação.
As ferramentas básicas utilizadas em uma prensa de conformação de peças
metálicas são o punção e a matriz. O punção, normalmente o elemento móvel, é a
ferramenta convexa que se acopla com a matriz côncava. Como é necessário um
alinhamento acurado entre a matriz e o punção, é comum mantê-los permanentemente
montados em uma subprensa, ou porta matriz, que pode ser rapidamente inserida na
prensa.
Basicamente, a estampagem compreende as seguintes operações: corte,
dobramento ou encurvamento e estampagem profunda (figura 27).
5.9.2- Dobramento
Nesta operação, a tira metálica é submetida a esforços aplicados em duas
direções opostas para provocar a flexão e a deformação plástica, mudando a forma de
uma superfície plana para duas superfícies concorrentes, em ângulo, com raio de
concordância em sua junção. A figura 30 mostra os esforços atuantes e a forma
adquirida por uma tira submetida a dobramento.
Para a operação de dobramento existe um raio de dobramento abaixo do qual o
metal trinca na superfície externa. É o raio mínimo de dobramento, expresso
geralmente em múltiplos da espessura da chapa. Um raio de dobramento de 3 vezes a
espessura indica que o metal pode ser dobrado formando um raio de três vezes a
espessura da chapa sem que haja o aparecimento de trincas. O raio mínimo de
dobramento é, portanto um limite de conformação que varia muito para os diversos
metais e sempre aumenta com a prévia deformação a frio do metal.
Figura 30- Definição dos termos usados no dobramento.