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Temática da Investigação:
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2. RESUMO
A visão é o sentido mais importante para o ser humano, fornecendo 80% das
informações do ambiente em que vive e mediando o desenvolvimento neuropsicomotor
e o aprendizado durante a infância, pois grande parte da comunicação é estabelecida
pelo contato visual (Kara-José, Alves, 1994; Glass, 2002; Lopes et al, 2004).
Desta forma, a cegueira congênita ou adquirida na infância representa prejuízos
emocionais, sociais e econômicos na vida da criança, de sua família e também para a
sociedade (Gilbert, Foster, 2001).
Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que 500.000 crianças
se tornam cegas a cada ano, das quais aproximadamente 3/4 vivem nas regiões mais
pobres da África e da Ásia (Gilbert, Foster, 2001; Gilbert, Rahi, 2012). Em 1999,
somavam-se 1,4 milhão de crianças cegas no mundo (Gilbert, Foster, 2001). Em 2010,
este número caiu para 1,26 milhão, o que corresponde à redução de 10% ao longo dos
últimos 10 anos (Gilbert, Rahi, 2012). Com base em estudo da OMS (Resnikoff et al,
2008), para a região da América que inclui Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai
e Venezuela, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia estima que há no Brasil 23
milhões de crianças na faixa etária de 5 a 15 anos com problemas refracionais
(Ottaiano et al, 2019), e ainda cerca de 26 mil crianças cegas por doenças oculares que
poderiam ser evitadas ou tratadas precocemente.
No Brasil há singulares processos sobre o acesso à escolarização da pessoa com
deficiência. Mesmo com políticas específicas e legislações definidas para a área nos
últimos anos, estados e municípios se organizaram de diferentes formas e com distintas
propostas educacionais para os alunos com deficiência. Com base nesse contexto, o
objetivo dessa pesquisa foi descrever e analisar as trajetórias e expectativas de vida
escolar de pessoas com deficiência visual, que frequentaram um curso comunitário
preparatório para o vestibular e almejavam ingressar no ensino superior.
Especificamente neste texto, o foco selecionado foi a trajetória escolar do aluno com
deficiência visual, da educação infantil até o final do ensino fundamental. Participaram
do estudo quatro pessoas com deficiência visual que concluiram o ensino médio,
fizeram o curso comunitário preparatório para o vestibular em 2011 e almejavam
ingressar no ensino superior. Optou-se, neste artigo, por trabalhar com a história de vida
dos sujeitos pesquisados, pois a compreendemos como síntese do tempo histórico e
lugar social. Um dos pontos discutidos neste estudo se refere às consequências das
mudanças políticas da educação especial na história de vida escolar desses alunos,
principalmente em relação à sala de recursos e sala comum. Relatos sobre a falta de
preparo das escolas e professores para possibilitar o aprendizado dos conteúdos
escolares se cruzam com memórias de professores e funcionários que buscaram suas
próprias estratégias para ensinar esses alunos na década de 1990.
O Brasil é um país com disparidades regionais e socioeconômicas, em que estudos
populacionais são caros e demorados e geralmente não contemplam áreas
menos privilegiadas e/ou rurais. O primeiro estudo de base populacional em escolares
foi realizado em escolas públicas da cidade de São Paulo em 2005 (Salomão et al,
2008), incluiu crianças de 11 a 14 anos e adotou o protocolo Refractive Error
Study in Children utilizado anteriormente em pesquisas realizadas no Nepal, China,
Chile, Índia, África do Sul e Malásia (Maul et al, 2000; Pokharel et al, 2000; Zhao et al,
2000 ; Dandona et al, 2002; Murthy et al, crianças usavam óculos e a prevalência de
erro refrativo não corrigido, especialmente miopia (5,5%), como causa de deficiência
visual foi substancialmente pequena. A prevalência de acuidade visual (AV) pior ou
igual a 20/40 no melhor olho foi 4,82% para AV não corrigida, 2,67% para AV
apresentada e 0,41% para AV melhor corrigida. Embora de magnitude
relativamente pequena quando comparada à problemática da cegueira e deficiência
visual em adultos, é importante ressaltar que as crianças que nascem ou ficam cegas
conviverão com tal incapacidade por toda a vida (Gilbert, Foster, 2001).
Os erros de refração não corrigidos são a principal causa tratável de deficiência visual
entre as crianças brasileiras, sendo os principais obstáculos para o tratamento a
falta de conhecimento dos pais e da comunidade, a dificuldade de acesso aos serviços
de saúde, o custo para a aquisição dos óculos, além de questões culturais (Kara-
José, Alves, 1994; Siaulys, 2011).
Uma potencial estratégia para a redução dos índices de cegueira e deficiência visual
na infância é a inserção do atendimento oftalmológico na escola com a participação de
professores na triagem visual, porém tal ação depende de fatores econômicos,
socioculturais, geográficos e políticos (IAPB, 2013; Ottaiano et al, 2019).
4. JUSTIFICATIVA
6. REVISÃO DE LITERATURA
6.1 BAIXA VISÃO NA PRIMEIRA INFÂNCIA
A baixa visão se caracteriza por uma perda irreversível da visão que não pode ser
corrigida por tratamento clínico e/ou cirúrgico (Carvalho et al, 2002). Segundo a 10ª
estudante vivenciar experiências significativas, para que consiga lidar com seus limites,
frustrações e capacidades, e também obter sucesso no desempenho escolar
(Maruyama et al, 2009).
O decreto 3.298 de 20 de dezembro de 1999 foi estabelecido para assegurar o pleno
exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas com deficiência e garantir seu
acesso em todos os serviços oferecidos à comunidade para o pleno exercício dos
direitos básicos, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico (Brasil, 1999).
Desde então houve um grande aumento no número de alunos com necessidades
especiais matriculados na rede pública de ensino regular (Maruyama et al, 2009).
Apesar das estratégias governamentais direcionadas às crianças com deficiência,
boa parte das crianças com baixa visão possuem poucas oportunidades de vivenciar
situações favoráveis ao seu aprendizado (Siaulys et al, 2011). A presença de crianças
com deficiência visual (cegueira e baixa visão) em escolas de ensino regular vem
acontecendo desde a década de 50, mas poucos dados têm sido divulgados sobre a
inclusão educacional desses escolares (Masini, 2010).
O aluno com deficiência visual, cego e com baixa visão, frequenta a rede regular de
ensino e pode ter o apoio em Salas de Recursos Multifuncionais por meio do
Atendimento Educacional Especializado – AEE, nos Centros de Atendimentos
Especializados à Deficiência Visual – CAEDVs. No estado do Paraná os cinco
Centros de Apoio Pedagógico para Atendimento à Pessoa com Deficiência Visual –
CAPs, que produzem materiais em Braille e contribuem para formação de seus
professores, dentre outros serviços oferecidos.
O Estado do Paraná sempre teve o atendimento da pessoa com deficiência visual no
Ensino Regular, exceto os alunos cegos matriculados no Instituto Paranaense de
Cegos, que foi fundado em 1939, sendo a escola especial institucionalizada em 1940.
Mais recentemente, nos ajustes da política de inclusão, o Estado transformou
instituições de educação especial em Escolas de Educação Básica na Modalidade de
Educação Especial, a princípio na área intelectual e mais recentemente na área visual.
5 Dados fornecidos por e-mail pelo Departamento de Educação Especial e Inclusão –
DEEIN. 6 Sassaki (2003, IN: SILVA, 2013, p. 24) informa que, após 1981, as
nomenclaturas começaram a sofrer mudanças e passou-se a utilizar expressões tais
como “deficiente” e “pessoa deficiente”. A partir de meados de 1990, os documentos
oficiais e a sociedade civil começaram a usar o termo “pessoa com deficiência”.
A Secretaria de Educação no Estado do Paraná, citada nos documentos da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996), vem trabalhando em uma concepção
histórico-cultural de homem e de educação, é necessário que haja suporte teórico-
metodológico pautado nesses mesmos fundamentos, a fim de que se busquem novos
métodos, estratégias e recursos que favoreçam a relação interpessoal. O objetivo é que
se contribua com a melhoria das condições de educação para a pessoa com deficiência
visual em consequência de terem asseguradas as necessidades educacionais
específicas. A pessoa com deficiência também precisa se relacionar com todos no
ambiente escolar e ter participação efetiva na escola e na sociedade. Atender às
necessidades especiais desses alunos supõe-se, portanto, contribuir para a mudança
da concepção na escola, a adequação do espaço físico, da escola aos conteúdos
curriculares e à dinâmica das relações humanas presentes no ambiente educacional, o
qual promove desenvolvimento cognitivo, social e educacional pelo processo de ensino
e aprendizagem de conhecimentos científicos.
De acordo com Vigotski, o desenvolvimento da pessoa com deficiência estava
fundamentado com outros pressupostos teóricos que não estavam centrados no
aspecto biológico. Com essa nova perspectiva educacional, ocorreu um marco
importante na vida das pessoas cegas. Essa teoria possibilitou maior compreensão do
desenvolvimento dos processos psicológicos superiores, a qual explicita as
potencialidades desses, cujas possibilidades são como as de qualquer pessoa no que
tange à capacidade de se apropriar do conhecimento científico, da vida social, da
cultura. Esse pode, portanto, tornar-se uma pessoa produtiva e participativa, de pleno
valor no aspecto social. É esse acesso à cultura, ao conhecimento que pretendo que se
materialize. Consciente de que isso ocorrerá somente pelo acesso à educação da
pessoa com deficiência visual, pela compreensão da pessoa sem deficiência, do que
essa condição humana e como devem se relacionar com elas. A escola de Vigotski
procurou trazer a compreensão de como os indivíduos com algum ‘defeito’ e/ou
deficiência se desenvolvem, e Barroco lembra-nos da Escola de Vigotski e afirma: [...]
olho para a Escola de Vigotski não como uma possibilidade de reedição, mas como
recurso para compreender os caminhos tomados na defesa do atendimento
educacional aos indivíduos que se desenvolvem, porém com percursos diferentes da
grande maioria. Entendo, assim, que é preciso tomar emprestado dessa escola
psicológica soviética o espírito de lucidez presente na teorização e proposição prático-
metodológica (BARROCO, 2007, p. 21). Vigotski nos auxilia na compreensão do
processo de transformar um sujeito natural em sujeito social. Em se tratando de
pessoas cegas, ele explica o desenvolvimento das potencialidades deste sujeito, não
pela debilidade ou defeito, mas pela psicologia do cego e por explicar como os homens
formam a sua conduta propriamente humana. E que essa transformação ocorre pela
mediação da atividade levando-o à apropriação de conhecimentos tácitos e científicos.
Vigotski (1997) não se contentou com as explicações dadas até então sobre a cegueira.
Foi além e tentou compreender o significado social e individual que a cegueira pode
causar como também a forma dessas pessoas viverem sem o sentido da visão. Para
ele, a psicologia do cego está dirigida à superação do defeito por meio de sua
compensação social, com o auxílio do conhecimento das pessoas mais experientes. A
linguagem é o principal instrumento de comunicação, e é pela palavra que a cegueira é
vencida, no sentido de apropriação de informações, conhecimento científico e interação
social, ou seja, nas palavras de Vigotski, “a palavra vence a cegueira”. Ainda sobre a
cegueira, esse teórico afirma:
Cegueira não é apenas a falta da visão, meramente a ausência da visão (o defeito de
um órgão específico), senão que assim mesmo provoca uma grande reorganização de
todas as forças do organismo e da personalidade. A cegueira, ao criar uma formação
peculiar de personalidade, reanima novas forças, altera as direções normais das
funções e, de uma forma criadora e orgânica, refaz e forma a psique da pessoa.
Portanto, a cegueira não é somente um defeito, uma debilidade, senão também, em
certo sentido, uma fonte de manifestação das capacidades, uma força (por estranho e
paradoxal que seja!) (VIGOTSKI, 1997, p. 74)7 .
Apresentamos até o momento alguns apontamentos teóricos assentados em Vigotski
por considerar importante a forma de como este pesquisador encaminhou e defendeu o
processo educacional da pessoa cega. Esse demonstrou o quanto a cegueira não é
impedimento para que o cego aprenda e se desenvolva como as demais pessoas.
Também trouxemos informações de como é realizado o atendimento da pessoa com
deficiência visual no Brasil e no Estado do Paraná. E para dar maior sustentação
teórica, também lembramos Heller (1972), pesquisadora que apesar de não tratar
especificamente da educação de cegos, segue na mesma direção de Vigotski e
Barroco, quanto à defesa do pleno desenvolvimento de todos. Esse respaldo teórico
permite-me defender a importância de as pessoas compreenderem a especificidade da
cegueira e de como se relacionar com pessoas com deficiência visual.
7. METODOLOGIA DA PESQUISA
7.1 Procedimentos
7.1.1 Busca de informações sobre o acesso e o ingresso no ensino infantil público
As informações referentes ao acesso e ingresso do aluno com baixa visão na
educação infantil e das redes pública:
- Governo do Estado do Paraná (www.saopaulo.sp.gov.br);
(www.gov.br/mec/pt-br);
- Secretaria da Educação do Governo do Estado do Paraná
(www.educacao.sp.gov.br);
- cap
8. CRONOGRAMA
9. REFERÊNCIAS
Indicar as referências citadas no Anteprojeto de Pesquisa (segundo as normas da ABNT)
Formatação: papel A4; espaço 1,5; fonte Arial 12; margens de 2 cm.
OBS: O Anteprojeto deverá ter, no máximo, 10 páginas (excluindo-se as referências e anexos). Os projetos
em que se constatarem plágios serão sumariamente desclassificados.