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Cena do Sapateiro – Proposta de resolução do questionário

(Educação Literária/Leitura pp. 248-249)

1.1. “Santo sapateiro honrado.” (v. 309).


1.2. A autocaracterização (“santo” e “honrado”) revela desde logo a falta de humildade do
Sapateiro. Nota: Com o evoluir da cena, perceber-se-á também que se trata de uma
personagem cínica e falsa, que tenta apresentar-se como virtuosa.
2.1. O Sapateiro apresenta os seguintes argumentos: morreu confessado e comungado (vv.
314, 321), ouviu muitas missas (v. 332), rezou pelos defuntos (v. 337) e deu dinheiro à Igreja
(v. 336).
3.1. O Diabo contra-argumenta, dizendo que o Sapateiro morreu excomungado, pois não
confessou todos os seus pecados; era falso religioso, pois frequentava a Igreja e era
desonesto, tendo roubado o povo com a sua profissão.
4.1. O Anjo não o deixa entrar, pois diz que ele traz uma carga muito pesada (carga de
pecados), e acrescenta que na sua barca não entra quem roubou descaradamente enquanto
viveu. Finalmente conclui que ele poderia ter tido o direito de entrar na sua barca, se tivesse
tido uma vida honesta.
4.2. O Sapateiro é acusado de ser ladrão, falso e desonesto no exercício da sua profissão. O
avental e as formas são símbolos do seu ofício e, como tal, da sua desonestidade.
5. b.
5.1. Ao perceber que não há outra solução, o Sapateiro resigna-se e não volta a tentar provar
a sua inocência, o que poderá revelar a consciência da personagem relativamente aos
pecados cometidos e à gravidade das suas ações durante a vida. 6. Nesta cena destacam-se o
cómico de linguagem – “Arrenegaria eu da festa,/e da puta da barcagem!” (vv. 318-319) e de
carácter – “Santo sapateiro honrado.” (v. 309)
6. Nesta cena destacam-se o cómico de linguagem – “Arrenegaria eu da festa,/e da puta da
barcagem!” (vv. 318-319) e de carácter – “Santo sapateiro honrado.” (v. 309)

Cena do Frade – Proposta de resolução do questionário

(Educação Literária/Leitura p. 255)

1.1. a. Broquel; b. Espada; c. Casco; d. Capelo; e. Moça.


2.1. O latim era a língua oficial da Igreja.
2.2. A associação das duas frases resulta numa contradição, já que, na primeira, o Frade
recorre a um cumprimento usado pelos religiosos e, na segunda, se autocaracteriza como
“cortesão”. O Frade não se apresenta comedido nem numa atitude de reflexão (como seria
de esperar de um religioso, consciente do momento que estaria a passar), mas, pelo
contrário, revela-se efusivo, em festa, cantando e dançando, e sempre acompanhado pela
Moça, Florença.
2.3. “E eles fazem outro tanto!” (v. 383).
3. O Frade, em sua defesa, argumenta que devia ser salvo porque era um elemento da Igreja
que usava hábito e rezava. Para além disso, era virtuoso e comportava-se como os restantes
elementos do clero.
4.1. Sugestão de resposta: O silêncio do Anjo não é uma estratégia inocente da parte do
dramaturgo. Há um contraste entre a ausência de resposta do arrais do Paraíso, motivada
pela perversidade e indignidade dos pecados do Frade. A vergonha pelo comportamento do
clero leva o Anjo a nem sequer falar com o Frade.
4.2. O Parvo intervém neste momento, tendo uma função simultaneamente cómica e crítica.
É a ele que cabe a função de apresentar um argumento de acusação, através do cómico. O
Parvo substitui o Anjo na denúncia da quebra do voto de castidade.
5. a. e b. Cómico de linguagem e de carácter; c. Cómico de situação.
6. Exemplos de resposta: a. “Gentil padre mundanal” (v. 391); b. “Devoto padre marido” (v.
415).
6.1. a. A ironia realça o comportamento incorreto e mundanal do Frade.; b. Este paradoxo
realça o comportamento ilícito do religioso (que também era “marido”), que deveria ter
revelado, com o seu comportamento e atitudes, devoção a Deus.
7. O Auto da Barca do Inferno é um auto de moralidade, na medida em que o texto denuncia
os vícios de todas as classes sociais, inclusivamente o clero, com uma intenção pedagógica.

Cena da Alcoviteira – Proposta de resolução do questionário


(Educação Literária/Leitura pp. 257-258)

1.1. “Diz que nom há de vir cá/sem Joana de Valdês.” (vv. 481-482); “Nom quero eu entrar
lá.” (v. 484), “No é essa barca que eu cato.” (v. 486).
2.1. Os objetos encontram-se enumerados nos vv. 490-502.
2.2. a., b., d., e., g., h.
2.3. a. “Seiscentos virgos postiços” (v. 490), “casa movediça;/um estrado de cortiça/com
dous coxins d’encobrir” (vv. 498-500); b. “cinco cofres de enleos” (v. 494); d. “alguns furtos
alheos,/assi em joias de vestir” (vv. 495-496), “guarda-roupa d’encobrir” (v. 497); e.
“Seiscentos virgos postiços” (v. 490), “Três almários de mentir” (v. 493); g. “três arcas de
feitiços”
(v. 491); h. “essas moças que vendia” (v. 502).
3.1. Brísida afirma que merece ir para o Paraíso, pois foi uma mártir durante toda a vida. Foi
açoitada e teve de suportar vários tormentos devido à sua atividade. Chega mesmo a dizer
que, se ela for para o Inferno, toda a gente irá para lá.
4.1. Para agradar ao Anjo, Brísida recorre à estratégia da sedução, ou seja, fala para ele com
uma linguagem elogiosa (“Barqueiro mano, meus olhos”, v. 517, “minha rosa”,
v. 522, “meu amor, minhas boninas”, v. 528), realçando algumas das suas características
(“anjo de Deos”, v. 522, “olho de perlinhas finas!”, v. 529).
5.1. a., d., e.
5.2.1. a. convencer as raparigas a entrarem no mundo da prostituição; b. retirar da vida de
miséria; c. não encontrar “dono”, alguém que tome conta delas.
5.3. Gil Vicente critica o clero normalmente corrupto e os que promovem a prostituição.
6.1. “Ora entrai, minha senhora” (v. 553), “se vivestes santa vida,/vós o sentirês agora” (vv.
555-556). O Diabo é irónico, quer ao tratar Brísida por minha “senhora” (com deferência,
sugerindo a nobreza de carácter e estatuto social) quer ao concluir que, se esta viveu uma
vida santa, depois da morte sentiria os efeitos dessa santidade (o Diabo sabe que a
Alcoviteira não viveu uma vida santa e que vai ser castigada por isso).

Manual (Para)Textos 9.ºano, Porto Editora

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