Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Vivemos uma era pós moderna marcada por uma sequência de eventos,
transformações e mudanças de pensamento e comportamento social
acorrentados ao ritmo acelerado do desenvolvimento da tecnologia, do
capitalismo, das atividades econômico- financeiras e da difusão de
informações, oriundos do modelo globalizante. Talvez nunca se viu uma
alteração tão veloz de um quadro social em pouquíssimas décadas que, por
sinal, está longe de cessar.
Esse cenário aliado a outros fatores favoreceu o surgimento de uma
nova escala de antissocialismo que, à beira da criminalidade clássica, deram
origem à formação de uma criminalidade mais evoluída, capaz de extrapolar os
limites do território nacional, uma vez que se move por razões econômicas à
nível global e envolve a participação de pessoas jurídicas ou se serve de sua
estrutura empresarial. Com efeito, essa criminalidade se revela como
macroeconômica, ante a sua extensa lesão à ordem econômica que por seu
turno se apresenta como um bem jurídico supraindividual posto que engloba
uma série de valores sociais.
Isso provocou profundamente o Direito Penal, pois até meados do
século XXI se ocupava da missão de combater uma criminalidade que se
restringia a ofender interesses individuais e agora precisa encontrar meios para
responder a essa nova realidade.
Enquanto isso, no mundo dos negócios, vem se destacando o
compliance que consiste em um instrumento administrativo de gestão que foi
introduzido no esquema de governança corporativa para que no ambiente
interno das pessoas jurídicas, junto ao gerenciamento de riscos, controladoria e
auditoria, se construísse um modelo com procedimentos e processos que
permitisse afastar da empresa as condutas indesejadas.
A preocupação das empresas com as condutas indesejadas é pela
potencialidade de desencadearem em crimes. O compliance é uma ferramenta
que auxilia a repeli-los, reduzindo a probabilidade de sua ocorrência no espaço
empresarial. Para tanto, desenvolve por meios preventivos toda uma estrutura
administrativa de gestão, em comunicação com outros setores da corporação,
a partir de um programa ou sistema de compliance onde nele é possível
identificar não somente a cultura da empresa como a sua construção em
observância às normas do ordenamento jurídico aplicadas ao segmento
empresarial para evitar, justamente, que suas atividades recaiam em delitos.
Com o compliance, caminha o tripé da prevenção, detecção e reação.
Este instrumento nasceu para prevenir, se empenhando em impedir o desvio
de condutas dentro de uma organização, evitando que cheguem perto de um
delito; mas caso encontre dificuldades para evitá-las, avistando a aproximação
do delito, procura investigá-las e remediá-las para, em tempo, conter o delito ou
pelo menos minimizar os riscos.
Nota-se, assim, que não se trata um sistema jurídico, mas uma estrutura
administrativa de gestão pertencente ao âmbito corporativo. No entanto, essa
forma como trabalha o compliance exerce uma grande influência na órbita
jurídica e desperta o interesse do Direito Penal, porque parte de uma análise ex
ante do delito, demonstrando sua vinculação a uma questão penal.
O criminal compliance, por assim dizer, se apresenta como uma
proposta para auxiliar o Direito Penal no enfrentamento da criminalidade
econômica e na sua tarefa de proteger efetivamente os bens jurídicos de
natureza supraindividual. Constitui um mecanismo político-criminal alicerçado a
uma prevenção, disposto a otimizar no âmbito corporativo a implementação de
um sistema de organização eficiente que evite a prática de condutas delitivas.
DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO
Autorregulação regulada