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1

Governo do Estado do Pará


Universidade do Estado do Pará
Centro de Ciências Naturais e Tecnologia
Curso de Graduação em Engenharia de Produção

MONIKE GABRIELLE PEREIRA DE SOUSA


VANESSA TESTA RODRIGUES

O COMPORTAMENTO DA CRISE ECONÔMICA INTERNACIONAL E


SEUS REFLEXOS PARA A ECONOMIA BRASILEIRA NO PERÍODO
COMPREENDIDO ENTRE 2009 A 2016

Redenção – PA
2018
2

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

MONIKE GABRIELLE PEREIRA DE SOUSA


VANESSA TESTA RODRIGUES

O comportamento da crise econômica internacional e seus reflexos


para a economia brasileira no período compreendido entre 2009 e 2016

Redenção – PA
2018
3

MONIKE GABRIELLE PEREIRA DE SOUSA


VANESSA TESTA RODRIGUES

O comportamento da crise econômica internacional e seus reflexos


para a economia brasileira no período compreendido entre 2009 e 2016

Projeto de pesquisa apresentado ao


Centro de Ciências Naturais e Tecnologia da
Universidade do Estado do Pará como requisito
avaliativo parcial da disciplina Projeto de
Engenharia de produção I do Curso de
Graduação em Engenharia de Produção.

Orientador: Prof. MSc. Educélio Gaspar


Lisbôa.

Redenção – PA
2018
4

MONIKE GABRIELLE PEREIRA DE SOUSA


VANESSA TESTA RODRIGUES

O comportamento da crise econômica internacional e seus reflexos


para a economia brasileira no período compreendido entre 2009 e 2016

Projeto de pesquisa apresentado ao


Centro de Ciências Naturais e Tecnologia da
Universidade do Estado do Pará como requisito
avaliativo parcial da disciplina Projeto de
Engenharia de produção I do Curso de
Graduação em Engenharia de Produção.
Orientador: Prof. MSc. Educélio Gaspar
Lisbôa.

Banca Avaliadora:
Prof. _________________________
UEPA

Prof. _________________________
UEPA

Apresentado em:___/ ___/ _____.


Conceito: ______________

Redenção – PA
2018
5

Dedico esse trabalho primeiramente a Deus por ser a luz do meu caminho,
meu protetor, defensor e autor do meu destino.

E a minha família que é a minha base, e que não mediram esforços para que
eu chegasse até esta etapa da minha vida.

Monike Gabrielle P. de Sousa

À minha família, a quem eu devo eterna gratidão.

À minha sobrinha, pela renovação de alegria em nossa


família.

Ao meu amor, sempre tão gentil e paciente.

Vanessa Testa Rodrigues


6

AGRADEÇO

Primeiramente agradeço a Deus que permitiu que este


momento fosse vivido por mim. Por ser o guia do meu caminho
e por ter planejado cada detalhe da minha existência.

A Universidade do Estado do Pará – UEPA e todo o


seu corpo docente pela dedicação e compromisso com o
ensino de qualidade. Em especial aos excelentes professores
que compartilharam seus conhecimentos comigo contribuindo
para a minha formação.

Ao meu professor orientador, MRs. Educélio Gaspar


Lisbôa, por ter abraçado a idéia desse trabalho com tanta
dedicação, pela paciência, esforço e ensinamentos que
possibilitaram a realização desse trabalho. Mostrando o
verdadeiro significado de mestre.

A minha parceira de trabalho, pela paciência e


conhecimentos compartilhados. Pelo suporte nos momentos de
dificuldade.

Agradeço também a minha família e amigos, que


sempre acreditaram em mim e incentivarem o meu sucesso.
Em especial aos meus pais Marcolino (o meu herói), Francisco,
Agueda e Maria, que são a minha fonte de inspiração, e meus
melhores amigos Larissa, Giovanna, Sayna, Idalene e Gustavo
por todo o carinho e incentivo ao longo desse período.

E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da


minha formação, o meu muito obrigada!

Monike Gabrielle P. de Sousa


7

AGRADEÇO

A Deus, por me proporcionar força e sabedoria para


enfrentar e vencer os desafios ao longo do caminho. Por
permitir que eu tivesse saúde e determinação suficiente para
seguir os meus sonhos. Por me ensinar a ser resiliente e
persistente. Por ser sempre tão presente em minha vida,
mesmo nos pequenos detalhes.

A minha família, que sempre me apoiou e me ajudou a


superar as dificuldades. Sempre presentes e pacientes. Em
especial, à minha mãe, exemplo de força e determinação. À
minha irmã e minha sobrinha por todo o carinho.

Dedico especial agradecimento ao nosso professor


orientador MSc. Educélio Gaspar Lisbôa, por tanta paciência
na orientação, pelo suporte e incentivos. Por abraçar a nossa
ideia e tornar o nosso projeto tão possível.

Aos excelentes professores que tanto contribuíram


para a minha formação.

A minha parceira de trabalho, pela paciência e alegria.


Por me ajudar a enfrentar os momentos de dúvidas e
dificuldades.

A todos amigos e colegas que conquistei ao longo


desta jornada, por sempre estarem me apoiando e
incentivando, em especial aos meus amigos de graduação.

Aos amigos queridos, que compreenderam minha


ausência durante os períodos difíceis e sempre torceram por
mim.

Vanessa Testa Rodrigues


8

“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém


viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre
aquilo que todo mundo vê.”

Arthur Shopenhauer
9

“A verdadeira dificuldade não está em


aceitar idéias novas, mas escapar das antigas.”

John Maynard Keynes


10

RESUMO

A crise econômica internacional que começou em 2008 no mercado


imobiliário dos Estados Unidos e alastrou-se rapidamente afetando as grandes
economias mundiais, também afetou os setores da economia brasileira, gerando
uma retraída nos investimentos, pelo acréscimo de incertezas do mercado
financeiro. A base para esta pesquisa constituiu em avaliar de forma quantitativa os
impactos no cenário econômico brasileiro causado pela crise dos Estados Unidos. A
análise foi feita através da aplicação de um modelo econométrico que identificou o
grau de correlação e significância entre as variáveis, com a finalidade de quantificar
as variáveis explicativas, medindo sua sensibilidade. Os resultados se mostraram
positivos, em relação ao modelo aplicado, sendo possível identificar forte relação
positiva entre a variável dependente Taxa de Câmbio e relação à Taxa de
Exportações e de maneira menos significativa em relação à bolsa de valores, de
forma que o período estudado retratou exatamente os efeitos da crise internacional
sobre a economia brasileira. A metodologia utilizada mostrou-se eficiente para o
estudo do comportamento dos mercados, o qual constitui de uma ferramenta
importante de auxílio no processo de decisões de investimento.

Palavras-Chave: Crise Econômica. Gestão Financeira.Investimentos.


11

ABSTRACT

The international economic crisis that began in 2008 in the United States real
estate market and spread rapidly affecting the world's major economies also affected
the sectors of the Brazilian economy, generating a decline in investments, due to the
increase of uncertainties in the financial market. The basis for this research was to
evaluate quantitatively the impacts in the Brazilian economic scenario caused by the
crisis in the United States. The analysis was done through the application of an
econometric model that identified the degree of correlation and significance among
the variables, with the purpose of quantifying the explanatory variables, measuring
their sensitivity. The results were positive, in relation to the applied model, and it was
possible to identify a strong positive relation between the dependent variable
Exchange Rate and relation to the Exports Rate and in a less significant way in
relation to the stock exchange, so that the period studied portrayed precisely the
effects of the international crisis on the Brazilian economy. The methodology used
proved to be efficient for the study of market behavior, which is an important aid tool
in the investment decision process.

Keywords: Economic Crisis. Financial Management.Investments.


12

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Organograma do Sistema Financeiro Nacional 26

Figura 2 - Estrutura do Mercado Financeiro 29


13

LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS

Tabela 1 - Índices Econômicos extraídos do IPEAData para análise 48

Tabela 2 - Análise de Correlação de Pearson 54

Tabela 3 - Resultados da análise de regressão linear múltipla 55

Tabela 4 - Coeficientes resultantes da análise de regressão linear 56


múltipla

Gráfico 1 - Variação da Taxa de Câmbio Real Bilateral – Brasil / EUA 49

Gráfico 2 - Variação da Taxa de Câmbio de Exportações 49

Gráfico 3 - Variação da Taxa de Câmbio de Importações 50

Gráfico 4 - Variação dos Índices de Ações da Bolsa de Valores - 50


IBovespa

Gráfico 5 - Plotagem de resíduos para taxa de câmbio de exportações 57

Gráfico 6 - Plotagem de resíduos para taxa de câmbio de importações 57

Gráfico 7 - Plotagem de resíduos para índice de ações da Bovespa 58


14

LISTA DE SIGLAS

Ibovespa - Índice da Bolsa de Valores de São Paulo

IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

IPEAData Base de Dados Macroeconômicos do IPEA


-

CVM Comissão de Valores Mobiliários


-

SFN Sistema Financeiro Nacional


-

CMN Conselho Monetário Nacional


-

BCB - Banco Central do Brasil

BACEN Banco Central do Brasil


-

BB Banco do Brasil
-

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social


-

FGTS - Fundo de a do Tempo de Serviço

SUSEP Superintendência de Seguro Previdenciário


-

SPC - Secretaria de Previdência Complementar

IRR - Taxa Interna de Retorno

VPN - Valor Presente Líquido


15

LISTA DE SÍMBOLOS

Y- Variável dependente

X- Variável Independente

n- Número de pares das observações

⃒- Módulo

=- Igual

< - Menor

≤ - Menor ou igual

< - Maior

≥ - Maior ou igual

±- Mais ou menos

% - Porcentagem

∑❑ - Soma dos valores

❑2 - Valor elevado ao quadrado

√ - Raiz Quadrada

α- Coeficiente linear

β- Coeficiente angular

ε- Erro aleatório

Ro - Coeficiente de correlação
16

Cov - Covariância

S - Desvio padrão

SUMÁRIO

RESUMO........................................................................................................10

ABSTRACT....................................................................................................11

LISTA DE ILUSTRAÇÕES............................................................................12

LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS.............................................................13

LISTA DE SIGLAS.........................................................................................14

LISTA DE SÍMBOLOS...................................................................................15

1. INTRODUÇÃO........................................................................................19
17

1.1 FORMULAÇÃO DO PROBELMA...........................................................20

1.2 JUSTIFICATIVA..................................................................................21

1.1. OBJETIVOS.........................................................................................23
1.1.1. Objetivo Geral.................................................................................23
1.1.2. Objetivos Específicos....................................................................23

1.2. ESTRUTURA GERAL DA MONOGRAFIA.........................................24

2. REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................25

2.1. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA.......................................................25

2.2 . A CRISE ECONÔMICA DE 2008......................................................26

2.3 . A ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO..................................27


2.3.1. O Sistema Financeiro Nacional........................................................27
2.3.1.1. Conselho Monetário Nacional (CMN)............................................28
2.3.1.2. Banco Central do Brasil (BCB ou BACEN)....................................28
2.3.1.3. Comissão de Valores Mobiliários (CMV).......................................29
2.3.1.4. Instituições Auxiliares de Regulação e Fiscalização do Sistema
Financeiro................................................................................................................29
2.3.1.5. Órgãos Reguladores e Fiscalizadores das Atividades de
Previdência Privada.................................................................................................30

2.4. A DINÂMICA DO SISTEMA FINANCEIRO ATUAL..............................30

2.5. MERCADOS FINANCEIROS..................................................................31


2.5.1. Mercado Monetário........................................................................31
2.5.2. Mercado de Câmbio.......................................................................32
2.5.3. Mercado de Crédito........................................................................33
2.5.4. Mercado de Capitais......................................................................33
2.5.4.1. Mercado de Títulos........................................................................34
2.5.4.2. Mercado de Ações.........................................................................35
2.5.4.3. Bolsa de Valores............................................................................36
2.5.4.4. Mercado de Derivativos.................................................................36
18

2.5.4.5. Mercado a Termo..........................................................................37


2.5.4.6. Mercado Futuro.............................................................................38
2.5.4.7. Mercado de Swap..........................................................................39
2.5.4.8. Mercado de Opções......................................................................39

2.6. ANÁLISE DE INVESTIMENTOS.........................................................40


2.6.1. Contribuições para a evolução do investimento........................40
2.6.2. Decisões de investimento.............................................................41

2.7. MODELOS QUANTITATIVOS DE ANÁLISE.....................................42

3. MÉTODO DE PESQUISA.......................................................................47

3.1. LOCALIZAÇÃO DO ESTUDO............................................................47

3.2. FONTES DO ESTUDO........................................................................47

3.3. OPERACIONALIZAÇÃO DOS DADOS..............................................50

3.4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................50

4. ANÁLISE E RESULTADOS...................................................................53

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................59

REFERÊNCIAS..............................................................................................60

ANEXOS.........................................................................................................62
19

1. INTRODUÇÃO

Quando a globalização chegou ao setor da economia, levou os países a


diminuição do protecionismo econômico, pois a conexão entre eles levaria a
vantagens financeiras. Porém, com os mercados mundiais conectados, uma crise
que tem início em um desses países pode interferir diretamente na economia
mundial.
Foi o que aconteceu quando os Estados Unidos passaram por uma crise em
2008, iniciada no setor imobiliário, e atingiu a economia global. Seus efeitos também
foram sentidos pela a economia brasileira, como na redução do crédito no mercado
e a alta do dólar, seguido da retratação dos mercados externos e dos investimentos
estrangeiros, paralelamente à queda brusca nos preços dos principais produtos de
exportação, gerando desemprego setorial e revisão completa dos planos de
investimentos na base produtiva nacional, também interrompeu o crescimento da
bolsa de valores de São Paulo (Ibovespa) afastando possíveis investidores
internacionais.
20

Dessa forma, podemos observar que a vulnerabilidade é um dos efeitos


colaterais da globalização dos mercados. Os investimentos de longo prazo têm seu
nível de risco aumentado em situações de crise.
Modelos matemáticas normalmente utilizadas na avaliação de riscos têm se
mostrado deficientes em cenários de crise nos mercados, apresentando movimentos
bruscos sem um padrão.
Ao longo desse trabalho apresentamos uma análise da crise econômica
internacional, em um período compreendido entre 2009 a 2016, tendo em vista seus
reflexos para a economia brasileira durante esse período.
A análise por objetivo identificar os efeitos econômicos sofridos pelo Brasil
durante a crise econômica iniciada em 2008, atravésda aplicação de modelos
econométricos e análise comparativa sobre índices econômicos, com o foco de
compreender o comportamento dos mercados financeiros, como um fator de risco
nas decisões de investimento, utilizando-se de ferramentas de análise capazes de
estimar e prever comportamentos futuros.

1.1 FORMULAÇÃO DO PROBELMA

Uma crise financeira é evidenciada pela falta de liquidez momentânea de um


sistema. “Ou seja, desequilíbrio num sistema financeiro graças a supervalorização
da moeda, déficit público incompatível com a arrecadação, grande dependência de
capital estrangeiro, descredibilidade internacional.” (PINHEIRO, p.122, 2014)

O mesmo autor enfatiza ainda que a descredibilidade internacional causada


em função da crise, fragiliza as relações com osinvestidores e especuladores,
gerando dúvidas e incertezas levando-os a retirar os investimentos.

“Uma economia com dívidas privadas é especialmente vulnerável às


mudanças no ritmo do investimento, pois são os gastos de investimentos que
determinam a demanda agregada e a viabilidade da estrutura financeira das
dívidas”.(CARVALHO, 2014, p. 180)
21

As mudanças no valor da moeda decorrentes da inflação, produzem ao longo


do tempo diversas consequências sociais, assim como afirma CARVALHO (2014, p.
582):

Quando a inflação avança e o valor real da moeda corrente flutua


incontrolavelmente de um mês para o outro, então todas as relações
contratuais permanentes entre devedores e credores, que formam a
essência da produção e da troca do capitalismo moderno, se tornam tão
completamente desordenadas que perdem o sentido de ser. Dos vários
propósitos sociais do dinheiro alguns dependem essencialmente da
suposição de que seu valor real se mantém relativamente estável ao longo
de um período. Os mais relevantes desses propósitos são aqueles que
estão associados às transações realizadas mediante contratos para
investimentos de dinheiro e de compra de ativos financeiros.

Baseado em todo o contexto discutido anteriormente foi proposto o seguinte


problema para esta pesquisa:

Qual é o impacto da crise iniciada em 2008 nos Estados Unidos para os


investimentos econômicos no Brasil?

1.2 JUSTIFICATIVA

“O ambiente inflacionário tem grande influência sobre as finanças corporativas


e provoca desequilíbrios estruturais que são motivados pela erosão do poder
aquisitivo”. (ASSAF e LIMA, 2012).

Os autores ressaltam ainda que:

Diante da crescente complexidade que o mercado e os negócios


vêm apresentando, o administrador financeiro hoje não pode ater-se
exclusivamente aos modelos mais teóricos e restritivos de solução dos
problemas. É cada vez mais relevante que desenvolva uma visão crítica
mais acurada e global da empresa. Suas atividades tornam-se mais
importantes, assumindo maiores níveis de responsabilidade, prevendo-se
grandes desafios para o futuro.
22

Para Carvalho (2014), o aumento no ritmo de investimento está diretamente


ligado ao desempenho econômico da economia capitalista. A instabilidade financeira
é um fato importante dessa economia de endividamento porque ajuda a explicar a
instabilidade do sistema.

O mesmo autor afirma ainda que, avaliar se a lucratividade futura da empresa


pode sustentar as decisões financeiras que geram obrigações contratuais de dívidas
a longo prazo é um recurso chave.

Ainda para o mesmo Autor, depois da II Guerra Mundial os governos


passaram a ter um papel ativo na economia por uso das políticas econômicas, e
hoje são com frequência unidades financeiras especulativas que operam por
intermédio de rolagem de suas dívidas de curto prazo.

Lagioia (2011) afirma que, “os mercados de renda variável operam com doses
variáveis de incerteza. As probabilidades quanto ao futuro são ditadas por
sensações de otimismo ou pessimismo” e, racionalizar essas sensações a números
auxilia na tomada de decisão de investimento.

Segundo o mesmo autor, o investidor prudente deve avaliar constantemente


as informações divulgadas, buscando complementar a análise individual das ações
com uma visão panorâmica das tendências de mercado.

Os estudos da área financeira e econômica do mundo contemporâneo tem


apresentado uma posição mais questionadora e reveladora em relação ao
comportamento dos mercados em geral e ao processo de tomada de decisões
empresariais. Esse posicionamento tem contribuído bastante para o fornecimento de
explicações mais lógicas e completas dos vários fenômenos financeiros; tornando
mais evidente sua compreensão e ampliando sobremaneira sua esfera de atuação e
importância.
23

1.1. OBJETIVOS

1.1.1. Objetivo Geral

Analisar como a crise financeira iniciada em 2008 nos Estados Unidos


refletiu na economia brasileira.

1.1.2. Objetivos Específicos


 Analisar o comportamento do mercado financeiro nacional durante o
período de crise econômica.
 Apresentar um modelo de análise de dados compatível com o cenário
contextualizado neste trabalho.
 Estabelecer relação entre as variáveis a fim de estimar seu grau de
significância para interpretação dos resultados.
24

1.2. ESTRUTURA GERAL DA MONOGRAFIA

O primeiro bloco está relacionado ao capítulo introdutório, responsável


principalmente pela delimitação do tema, problema e objetivos de pesquisa. Para a
formulação da problemática de pesquisa, foi realizada uma pesquisa descritiva
acerca do tema proposto. Tal pesquisa objetivou conhecer como a crise financeira
iniciada em 2008 no Estados Unidos e como refletiu na economia brasileira. No
decorrer do referencial teórico foi delineada a visão e comentários dos principais
autores vinculados a economia. Nasequência,foi apresentada a metodologia com a
descriçãodos processos da pesquisa, os quais são de caráter quantitativo e indutivo,
a fonte de extração dos dados utilizados, IPEADATA, e a apresentação do modelo
equacional utilizado para a análise dos dados. Nos resultados foram expostos os
dados estimados, bem como o grau de significância e influência entre as variáveis
analisadas. Na última seção, foram apresentadas as considerações finais.
25

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Para Assaf Neto (2012), a administração financeira é uma área da economia


teórica e prática que estuda qual a forma mais segura de investir e alocar recursos
financeiros, tendo o foco para a maximização do valor de mercado das empresas,
para que assim a riqueza de seus proprietários (acionistas de sociedades por ações
e sócios de sociedades por cotas), seja aumentada.

O mesmo autor (2012, p. 5) ressalta ainda que:

Os proprietários de empresas privadas esperam que seu


investimento produza um retorno compatível com o risco assumido, por
meio de geração de resultados econômicos e financeiros (lucros e caixa)
adequados por longo prazo, ou melhor, indefinidamente, pois o investimento
é feito em caráter permanente.
26

As decisões de investimento compõem o planejamento estratégico da


empresa e voltam para a empresa a longo prazo, como um compromisso com a
continuidade do empreendimento.

Já as direções de financiamento têm como objetivo escolher o recurso que


melhor proporcione equilíbrio entre o capital de terceiros e o capital próprio da
empresa.

Ross, Westerfield e Jordan (2000), enfatizam que o Administrador financeiro


tem o controle sobre a tesouraria, custos e finanças da empresa, devido isso a sua
função é frequentemente associada a um alto executivo da empresa.

Hoji (2012), acrescenta que as atividades de operações existem em função do


negócio da empresa e não é da competência do administrador financeiro determinar
como elas devem ser conduzidas. Porém com conhecimento técnico, visão global da
empresa, pode contribuir para decisivamente para a melhor forma de conduzir as
atividades operacionais.

Ainda segundo o mesmo autor, todas as atividades de uma empresa


envolvem recursos, portanto devem ser direcionadas para a obtenção de lucros. As
funções comuns aos administradores financeiros são: análise, planejamento e
controle financeiro, tomadas de decisões de investimentos e tomadas de decisões
de financiamentos.

2.2 A CRISE ECONÔMICA DE 2008

Geralmente confunde-se crise econômica e crise financeira, cabe esclarecer


que uma crise financeira é a que possui como características a liquidez momentânea
de um país, a crise econômica por sua vez é a incapacidade de um sistema gerar
riquezas. (PINHEIRO, 2014)

Neste trabalho como objeto de estudo teremos a crise econômica inicia em


2008 nos Estados Unidos, tendo em vista seus reflexos para a economia brasileira.

Como os bancos emprestavam dinheiro para a compra de casas sem a


necessidade de comprovar renda, o que gerou muitas inadimplências que levaram
em 2006 a quebra de instituições de crédito dos Estados Unidos, arrastando vários
bancos para uma situação de insolvência e repercutindo sobre a bolsa de valores de
todo o mundo. A crise ganhou destaque em 2008. Os Estados Unidos sofreram
27

maior impacto econômico, porém a crise alastrou-se para o resto da economia


mundial. (PINHEIRO, 2014)

As consequências da crise chegaram a ser sentidas também pelos países


emergentes, como o Brasil, que eram considerados pelos especialistas, até o
momento, inalcançáveis pelas crise no sistema. O setor de venda de veículos foi o
primeiro a sentir os efeitos, que caiu de forma intensa. (PINHEIRO, 2014)

Contudo, a partir de janeiro de 2008, o Brasil passou a adotar medidas para


diminuir os efeitos da crise, como:

 O Banco Central aperta a liquidez com a criação de um depósito


compulsório sobre debêntures de empresas de leasing;

  JP Morgan compra a Bear Sterns;

 Banco Central inicia aperto monetário;

 Corrida bancária no Brasil e no exterior;

 Banco Central lança circular liberando o depósito compulsório de


bancos que socorressem instituições menores com depósitos interfinanceiros.

 Banco Central anuncia a compra da Nossa Caixa.

Já em 2009:

 Banco Central anuncia a compra do Banco Votorantim;

 Banco Central baixa os juros;

 E finalmente, o Banco Central retoma a liderança no mercado.

Sendo assim as principais medidas adotadas pelo país para solucionar a


crise foram: pacotes de governo e diminuição das taxas de juro. (PINHEIRO, 2014)

2.3 . A ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO

O sistema financeiro é um conjunto de instituições e instrumentos que


viabilizam o fluxo financeiro entre os poupadores e os tomadores na economia.
(CVM, 2014, p. 30).
28

Segundo Franklin e Gale (2000), “sistemas financeiros são cruciais para a


alocação de recursos em uma economia moderna. Eles canalizam as poupanças
das famílias para o setor produtivo e alocam fundos de investimento entre as firmas”.
A determinação da oferta monetária em uma economia moderna depende em parte
do comportamento dos bancos comerciais e de seus depositantes. As reservas
bancárias são mantidas pelos bancos em seus cofres, em vez de circularem entre o
público, e assim não são consideradas como parte da oferta monetária. Porém, os
saldos dos depósitos bancários, que podem ser utilizados para fazer transações, são
considerados como dinheiro.

Frank e Bernanke (2000), ressaltam ainda que o Federal Reserve System é


uma das mais importantes agências do governo. Os bancos centrais possuem duas
funções principais, são elas: primeiro, são responsáveis pela política monetária, o
que quer dizer que o banco central do país determina quanto dinheiro deve circular
na economia. Em segundo, junto com órgãos governamentais, têm a importante
responsabilidade de supervisionar e regulamentar os mercados financeiros,
estabelecendo normas e regras para todos os agentes financeiros que operam no
mercado.

2.3.1. O Sistema Financeiro Nacional

Alexandre Assaf Neto e Fabiano Guasti Lima (2014),descrevem o Sistema


Financeiro Nacional (SFN), como sendo “constituído por um conjunto de instituições
financeiras públicas e privadas que atuam através de diversos instrumentos
financeiros, na captação de recursos, distribuição e transferências de valores entre
os agentes econômicos”.
29

Fonte: Cartilha BACEN, 2013.

2.3.1.1. Conselho Monetário Nacional (CMN)

Segundo Furlani (2013), o Conselho Monetário Nacional tem a finalidade de


formulação de toda a política da moeda e do crédito, com o objetivo de atender aos
interesses econômicos e sociais do país.

Para Hoji (2012), é o órgão mais importante do Sistema Financeiro Nacional,


é um órgão normativo sem funções executivas, responsável pela fixação das
diretrizes das políticas monetárias, creditícia e cambial. É esta sobre a
responsabilidade do Ministério da Fazenda.

2.3.1.2. Banco Central do Brasil (BCB ou BACEN)

Segundo Hoji (2012), a missão institucional do BCB é a de zelar pela


estabilidade do poder de compra da moeda e a solidez do sistema financeiro. O
Bacen é o órgão executivo central do Sistema Financeiro Nacional, responsável pela
fiscalização e cumprimento das disposições que regulam o funcionamento do
Sistema Financeiro Nacional de acordo com as normas expedidas pelo CMV.

Ainda segundo o mesmo autor, as atribuições do Bacen são: emitir normas,


autorizar o funcionamento das instituições financeiras, fiscalizar e fazer
30

intervenções; receber depósitos compulsórios e voluntários, e fazer operações de


redesconto; comprar e vender títulos públicos federais; emitir papel-moeda, controlar
e sanear o meio circulante e administrar a dívida pública interna e externa, e gerir as
reservas internacionais.

2.3.1.3. Comissão de Valores Mobiliários (CMV)

A principal função da CVM é a regulação e fiscalização da emissão e


negociação de títulos pelas companhias abertas. Pois é uma autarquia vinculada ao
Ministério da Fazenda, é responsável pelo desenvolvimento, disciplina e fiscalização
do mercado de valores mobiliários. (HOJI,2012)

Para Furlani (2013), outras atribuições importantes da CVM são: incentivar a


poupança no mercado acionário, estimular o funcionamento das Bolsas de Valores e
das instituições operadoras do mercado acionário, assegurar a lisura nas operações
de compra/venda de valores mobiliários, promover a expansão do mercado
acionário e proteção aos investidores.

2.3.1.4. Instituições Auxiliares de Regulação e Fiscalização do Sistema


Financeiro

Para Hoji (2012), as instituições auxiliares de regulação e fiscalização atuam


também como agente auxiliar de normatização e fiscalização do Sistema Financeiro
Nacional. Sendo elas:

Banco do Brasil (BB), é responsável pela gestão da Câmara de


Compensação de Cheques e Outros Papéis, é um banco múltiplo que opera também
como agente financeiro do Governo Federal, executando a política oficial de crédito
rural;

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é


responsável pela política de investimentos de longo prazo do Governo Federal e
principal instituição de fomento do país;

Caixa Econômica Federal é um banco múltiplo, porém possuí a função social,


pois é a principal agende do Sistema Financeiro da Habitação e possui os direitos de
administrar os recursos do FGTS e das lotéricas federais.
31

2.3.1.5. Órgãos Reguladores e Fiscalizadores das Atividades de Previdência


Privada

Superintendência de Seguros Privados (Susep) é o órgão responsável pela


normatização, controle e fiscalização dos mercados de seguros, resseguro,
previdência privada aberta e capitalização.

Secretaria de Previdência Completar (SPC), é um órgão do Ministério da


Previdência Social responsável pela fiscalização das atividades das entidades
fechadas de previdência privada. (HOJI, 2012).

2.4. A DINÂMICA DO SISTEMA FINANCEIRO ATUAL

Segundo Frank e Bernanke(2012), o sistema financeiro de países como os


Estados Unidos melhora a alocação de poupanças de duas maneiras. Primeiro,
ajudando a direcionar a poupança para seu melhor uso, visto que a experiência em
coleta de informações aplicadas pelas instituições financeiras ajudam a oferecer
melhores retornos financeiros para os poupadores e investidores e, em segundo,
ajuda a compartilhar os riscos de projetos e investimentos individuais.

Eles especificam que o sistema bancário americano é formado por diversos


bancos comerciais recebedores de depósitos de empresas e pessoas, e usam desse
dinheiro para fazer investimentos. Assim tornando-se um intermediador financeiro,
assim como associações de poupança e cooperativas de crédito. Os bancos
realizam essa função de intermediador financeiro por possuir métodos
especializados de avaliação dos tomadores de empréstimos e o monitoramento dos
mesmos durante o período equivalente ao empréstimo, a fim de evitar possíveis
calotes e torna o investimento seguro.

Segundo a BM&FBovespa, o Sistema Financeiro Nacional é composto de


instituições responsáveis pela captação de recursos financeiros, pela distribuição e
circulação de valores e pela regulação desse processo”, presidido pelo Conselho
Monetário Nacional (CMN), que é quem define as diretrizes de atuação do sistema.
Ligados diretamente a eles está o Banco Central do Brasil, que atua como órgão
executivo, e a Comissão de Valores Mobiliários (CMV), responsável pela
32

regulamentação, desenvolvimento e controle do mercado de valores mobiliários (de


bolsa e balcão).

O modelo tradicional de intermediação financeira modificou-se ao longo do


tempo, a fim de suprir as demandas exigidas pelo mercado, e sofreu mudanças em
suas características operacionais em razão da demanda de cada ativo financeiro
desenvolvido. O mercado financeiro divide-se em quatro grandes mercados:
mercado monetário, mercado de crédito, mercado de câmbio e mercado de capitais.

2.5. MERCADOS FINANCEIROS

Para Hoji (2012),o mercado financeiro pode ser subdividido em quatro


mercados específicos, porém pode ocorre sobreposição entre eles:

Fonte: Curso de Administração Financeira, 2012.

2.5.1. Mercado Monetário

“Trata-se de um mercado utilizado basicamente para controle da liquidez da


economia, no qual o Banco Central intervém para a condução da Política Monetária”
(CVM, 2014, p. 32). Ou seja, o Banco Central intervém, de modo a restaurar a
liquidez que deseja, inserindo e/ou retirando moeda no mercado através da compra
e venda de títulos.
Segundo Hoji (2012), no mercado monetário são negociadas, basicamente,
operações de curto e curtíssimo prazos, e quando há necessidades de reduzir a
liquidez do mercado financeiro, o Banco Central coloca os títulos à venda e quando
também houver necessidade de aumentar a liquidez do mercado financeiro, o Banco
Central resgata os títulos antes do vencimento.
33

Para Frank e Bernanke(2012), o comportamento dos bancos centrais e de


seus depositantes ajuda a determinar a oferta monetária, já que parte da oferta
monetária consiste dos depósitos nos bancos comerciais privados, em moeda ou
ativos similares, chamados de reservas bancárias.
Os mesmos autores afirmam que os bancos centrais são responsáveis pela
política monetária, ou seja, são os bancos que determinam quanto dinheiro deve
circular na economia e, além disso, são também responsáveis pela supervisão e
regulamentação dos mercados financeiros, desempenhando um papel
extremamente importante durante os períodos de crise.

Para Milton Friedman(1956), a taxa de inflação e a taxa de crescimento da


oferta estão intimamente ligadas. Assim, uma grande oferta monetária em relação à
oferta de bens tenderá a elevação dos preços, inflacionando a economia.

Frank e Bernanke (2012, p. 602) acrescentam ainda que:

Geralmente, as altas taxas de crescimento monetários são o


resultado de grandes déficits orçamentários do governo. Especialmente nos
países em desenvolvimento, ou nos países que sofrem com a guerra, ou a
instabilidade política, muitas vezes os governos acreditam que não podem
aumentar de maneira suficiente os impostos ou pedir emprestado ao público
o bastante para cobrir as despesas. Nessa situação, o único recurso do
governo pode ser emitir dinheiro novo e utilizar para pagar as suas contas.
Se o resultante aumento na quantidade de dinheiro for muito grande, o
resultado será a inflação.

2.5.2. Mercado de Câmbio

Segundo a CVM (2014, p. 32), mercado de câmbio é a realização de


transações econômicas com o exterior, onde são negociadas as trocas de moedas
estrangeiras por nacional, sendo o Banco Central do Brasil o responsável pela
regulação e fiscalização deste mercado, bem como auxiliar na execução da Política
Cambial.

2.5.3. Mercado de Crédito

“É o segmento do mercado financeiro em que as instituições financeiras


captam recursos dos agentes superavitários e os emprestam a famílias e empresas”
(CVM, 2014, p. 32).
34

As instituições financeiras, são os principais agentes de concessão de crédito


no sistema capitalista atual, pelo seu poder de angariar fundos e porque alcançam
um grau de especialização pelo processo de emprestar e receber empréstimo.

Segundo Frank e Bernanke (2012, p. 580), “a principal razão pela qual os


intermediários financeiros são necessários é que, por meio da especialização, os
bancos e outros intermediários desenvolvem uma vantagem competitiva na
avaliação da qualidade dos tomadores de empréstimos”. Os bancos são capazes de
avaliar, utilizando-se de sua experiência, as potenciais propostas de investimentos,
direcionando os recursos adquiridos a investimentos que atraiam mais retorno.

Ainda, segundo a CMV, a falta ou ineficiência deste sistema, pode prejudicar


as aplicações e empréstimos de recursos, impedindo-os de circular no mercado,
causando uma freada brusca na economia.

2.5.4. Mercado de Capitais

“Mercado de capitais é o segmento do mercado financeiro em que são criadas


as condições para que as empresas captem recursos diretamente dos investidores,
através da emissão de instrumentos financeiros” (CMV, 2014, p. 36).

Ainda segundo a CMV (2014, p. 32), no mercado de crédito as instituições


financeiras assumem o risco das operações captando os recursos dos poupadores e
emprestando aos tomadores. Já no mercado de capitais, os recursos são
diretamente emprestados pelos investidores, através da intermediação de uma
instituição financeira.

“Da mesma maneira que os bancos, os mercados de títulos e ações


proporcionam um meio de canalizar os recursos dos poupadores para os mutuários
com oportunidades produtivas de investimentos” (FRANK e BERNANKE, 2012, p.
587).

Ainda de acordo com Frank e Bernanke (2012, p. 587), existem duas funções
importantes que são atendidas por esses mercados: a coleta de informações sobre
os potenciais tomadores de empréstimos e a ajuda aos poupadores para
compartilhar os riscos dos empréstimos.
35

Ao discorrer sobre a importância do mercado de títulos e ações, Frank e


Bernanke (2012, p. 587) afirmam que:

Os mercados de títulos e ações ajudam a reduzir o risco


fornecendo aos poupadores meios de diversificar seus investimentos
financeiros. A diversificação é a prática de distribuir sua riqueza em
diferentes investimentos financeiros para reduzir os riscos totais. Do ponto
de vista da sociedade, a diversificação torna possível que os projetos
arriscados, mas lucrativos, obtenham recursos sem que os poupadores
individuais tenham que correr muitos riscos.

O mercado de capitais divide-se em mercado primário, com a emissão inicial


de um título, onde o emissor toma e obtém recursos e, o mercado secundário, onde
ocorre a negociação contínua dos papéis emitidos no passado. Dentre os
instrumentos financeiros do mercado de capitais, destacam-se:

2.5.4.1. Mercado de Títulos

“Um título é uma promessa legal de reembolsar uma dívida” (FRANK e


BERNAKE, 2012, p. 582).

Estes autores enfatizam ainda que:

Esses reembolsos geralmente consistem em duas partes.


Primeiro, o montante principal, que é o valor original emprestado, é pago,
em alguma data especifica no futuro, chamada de data de vencimento.
Segundo, o proprietário do título, chamado de detentor de título, recebe
juros periódicos ou pagamento de cupom, até a data de vencimento do
título.

Não há intermediação financeira nesse processo, o banco apenas promove o


encontro entre os tomadores e investidores cobrando uma taxa de corretagem. Os
contratos são padronizados e transmissíveis a terceiros, podendo ser negociados
em mercados secundários. Divide-se em Títulos de Propriedade (Ações) e Títulos de
Dívidas (Debêntures, CommercialPapers, bônus-bond).

2.5.4.2. Mercado de Ações


36

“Uma ação é uma reivindicação de propriedade parcial de uma empresa”


(FRANK e BERNANKE, 2012, p. 584). Ou seja, o investidor em ações é um
coproprietário da sociedade anônima da qual é acionista, participando dos seus
resultados. As ações são títulos de renda variável, emitidos por sociedades
anônimas, que representam a menor fração do capital emitente, podendo ser por
cautelas ou certificados.

O mercado de ações é um ambiente público e organizado para negociação de


alguns títulos mobiliários (ações, opções de ações, fundos imobiliários, etc.). As
transações ocorrem por intermediação das bolsas de valores ou mercados de
balcão.

Segundo Assaf Neto e Fabiano Guasti e Lima (2012), “ação“é um valor


mobiliário representativo de uma parcela (fração) do capital social de uma
sociedade, com prazo de emissão indeterminado e negociável no mercado”. Neste
caso, o acionista têm direitos de decisões sobre a empresa, obedecendo os limites
de sua participação, podendo adquirir bonificação sobre os lucros ou ter direito sobre
novas ações da companhia.

Confere ainda que as ações podem ser emitidas de forma nominativa


(quando há emissão de cautela) e escritural (quando não há emissão de cautela).

O mercado de balcão ocorre de maneira mais informal, realizando operações


diretamente entre as partes “permitindo maior flexibilidade nos contratos, em termos,
principalmente de quantidade de ativos, garantias de pagamentos e entregas dos
ativos, formas de liquidação das operações, etc (ASSAF NETO, 2012, p. 306)

“O preço de uma ação sobre e desce conforme muda a demanda pela ação.
A demanda por ações, por sua vez depende de fatores como as notícias de
perspectivas da empresa”. (FRANK e BERNANKE, 2012, p. 585)

2.5.4.3. Bolsa de Valores


As bolsas de valores são entidades com responsabilidades e funções de
interesse público, que proporcionam um local apropriado para a realização de
negócios com títulos e valores mobiliários, derivativos etc.
37

A principal razão pela existência da bolsa de valores é proporcionar liquidez


aos títulos, permitindo que as negociações sejam realizadas no menor tempo
possível, a um preço justo de mercado, formado pelo consenso de oferta e procura.

A principal bolsa de valores do Brasil é a Bolsa de Valores de São Paulo


(Bovespa). A Bovespa torna disponíveis três mercados: mercados à vista, mercados
a termo e mercado de opções. A diferença básica entre os três mercados reflete-se
ao prazo de liquidação das operações de compra e venda das ações.

A principal contribuição do mercado de opções é a proteção (hedging) contra


o risco. Hedging “é uma estratégia que permite ao investidor defender-se de um
risco de variação desfavorável nos preços”. (ASSAF NETO; LIMA, 2012)

2.5.4.4. Mercado de Derivativos

“Derivativos são operações de compra e venda envolvendo outros ativos em


uma data futura” (ASSAF NETO, 2012, p. 305).

De acordo com José Evaristo dos Santos (1998), “derivativos são


instrumentos financeiros cujo preço de mercado deriva do preço de mercado de um
bem ou de outro instrumento financeiro”, ou seja, são aplicações financeiras,
vendidos e/ou comprados por um preço determinado, o qual deriva de do
comportamento do preço de um outro ativo, tendo o seu vencimento e liquidação
estabelecidos para uma data futura.

Assaf (2012) afirma que, o principal objetivo dos derivativos é a transferência


de risco entre os participantes, pois as operações negociam oscilações de preços
sem a presença física de ativos, demandando um baixo investimento inicial.

São utilizados de diversas formas, mas as duas mais comuns são a proteção
(hedge), o investidor está se protegendo contra o risco de mercado, e a
alavancagem, o investidor está usando o derivativo para aumentar o potencial de
retorno da especulação.

Ao discorrer sobre as características básicas de negociação no mercado de


derivativos, Assaf Neto (2012, p. 306) destaca três importantes participantes:
38

O hedger é um agente cuja atuação no mercado tem por objetivo


básico a proteção perante os riscos de oscilações nos preços dos ativos
negociados. Uma eventual oscilação nos preços de mercado dos ativos
pode ocasionar perdas financeiras aos agentes. A estratégia básica de
proteção dos hedgers é a de adotar nos mercados futuros uma posição
contrária à assumida no mercado à vista. O especulador é motivado pelas
oportunidades de ganhos financeiros no mercado com as flutuações de
preços. Sua atuação é importante para o mercado, fixando-se na compra do
risco do hedger e assumindo, em troca uma compensação financeira, o
risco das oscilações de preços dos ativos. Contribui ainda para elevar a
liquidez do mercado. O arbitrador procura, em suas operações, obter
vantagens financeiras quando verifica que certos ativos encontram-se com
preços em desiquilíbrio em diferentes mercados. A atuação do arbitrador é
importante para o mercado, promovendo uma relação mais previsível entre
os preços no mercado à vista e no mercado futuro.

Existem vários tipos de classificações envolvendo o mercado de derivativos,


mas as mais comuns são “mercado a termo”, “mercado de opções”, “mercado futuro”
e “swaps”.

2.5.4.5. Mercado a Termo

Segundo Assaf (2012), o mercado a termo é quando duas pessoas assumem


um compromisso de compra ou venda de um determinado ativo em data futura a um
preço fixado na data em que o contrato é fechado (os prazos variam de 30 a 180
dias – é uma operação negociada na Ibovespa, e também pode ser negociada no
mercado de balcão).

No mercado a termo o contrato pode ser negociado de maneira particular


entre as partes e não exige padronização, porém apresenta uma data de entrega
constante. Este contrato prevê que as variações nos preços sejam ajustadas
somente quando dê seu vencimento.

2.5.4.6. Mercado Futuro

“No mercado futuro são negociados contratos de compra e venda de ativo-


objeto, envolvendo um preço previamente combinado entre as partes, e prevendo
uma liquidação em uma data futura” (ASSAF NETO, ano, p. 307)
39

Ainda sobre o mercado futuro, Assaf (2012) acrescenta que:

No mercado futuro, os contratos são negociados em bolsa e


necessitam ser padronizados. O contrato de futuro no Brasil é negociado
com diferentes datas de entrega, possuindo prazo constante. O mercado
futuro exige ajustes diários, compensando-se as diferenças nos preços
diariamente. Com o ajuste, os investidores recebem lucros e pagam
prejuízos diariamente até o vencimento do contrato, diluindo o risco.

Para Aiube (2013), a principal característica desse modelo de contrato e o


risco maior que ele possui, pois não tem garantia de recebimento por se tratar de um
contrato bilateral sem mecanismos legais que assegure o pagamento.O contrato
forward pode ser usado na negociação de diferentes tipos de ativos.É bastante usual
na negociação de commodities. Em alguns casos os contratos forwards substituem
as negociações à vista, principalmente para os casos em que a commodity não é
estocável, como a energia elétrica.

Ainda para o mesmo autor, pode-se estabelecer medidas preventivas afins de


diminuir os riscos, estabelecendo condições gerais de transparência para todos os
agente, como a negociação na bolsa de valores com liquidez diária. Esse
mecanismo e usando através da conta margem e denominado de marcação de
mercado.

Com esse mecanismo o agente comprado no mercado futuro recebera a


diferença de preço entre o valor fechado no dia seguinte e o momento que assumiu
a sua posição.

Dessa forma ainda para o mesmo autor, o contrato futuro pode ser definido
como um acordo celebrado entre agentes anônimos e intermediado por bolsa onde o
agente, na posição comprada, está obrigado a adquirir o ativo que será entregue no
vencimento T. A troca de fluxos de caixa ocorre por marcação a mercado definida
pelo mecanismo da conta margem.

2.5.4.7. Mercado de Swap

Assaf(2012) justifica que objetivo do Swap é proteger a operação do tomador


e reduzir os custos financeiros. Nele são trocados os fluxos de caixa (taxas de juros
40

referente a um empréstimo), por um determinado tempo, protegendo o principal.


Existem atualmente dois grandes swaps no mercado: o swap de taxa de juros, que
visa trocar o fluxo de pagamento entre as partes em um determinado tempo, e o
swap de moedas.

2.5.4.8. Mercado de Opções

“O mercado de opções é onde o investidor negocia o direito de vender um


determinado ativo em uma data futura, por um preço previamente estabelecido, em
troca desse direito, o comprador tem de pagar um determinado preço.” (ASSAF,
2012 p. 321)

Para o autor, existem dois tipos de ações negociadas no mercado:

Europeia e americana. A diferença entre elas está no momento do


exercício. A opção europeia prevê que o titular irá exercer seu direito de
compra ou venda somente no vencimento da opção. A opção americana, ao
contrário, permite o exercício em qualquer momento do prazo estabelecido
para a opção.

E define que:

O ativo-objeto é o ativo (moedas, índices de preços, commodities


etc.) a que se refere a negociação. Titular é o comprador da opção
(investidor), ou seja, aquele que detém os direitos de comprar ou vender a
opção. O titular adquire a opção de um lançador, que assume a obrigação
de comprar ou vender o ativo-objeto em caso do titular desejar exercer o
seu direito.

Assim, Assaf (2012, p. 321) exemplifica que “para o titular de uma opção de
compra interessa exercer seu direito sempre que o preço de exercício for menor que
o valor de mercado do ativo-objeto”, enquanto que “para uma opção de venda o
exercício do direito ocorrerá somente quando o preço de exercício for mais alto que
o valor de mercado.

2.6. ANÁLISE DE INVESTIMENTOS


41

2.6.1. Contribuições para a evolução do investimento

As turbulências financeiras são parte da evolução do investimento e foco de


estudo dos economistas desde os tempos de Adam Smith. De fato, a análise do seu
comportamento tem permitido grandes contribuições para a evolução do
investimento(CMV, 2017):

A análise técnica, surgida em 1700, é considerada “a análise mais antiga das


explicações teóricas sobre a existência de grandes tendências no mercado de
capitais” e foi revolucionada pela teoria de Dow, desenvolvida por Charles Dow, na
época colunista do Wall Street Journal, tendo grande influência, até hoje, no modo
como os investidores vêm o mercado financeiro e o comportamento dos preços.
Seus estudos buscavam fazer previsões sobre o comportamento futuro dos preços,
baseando-se nos movimentos passados dos preços e dos volumes de negociação
de ativos financeiros.

Com a nova teoria de finanças, desenvolvida a partir do século XX, passou-se


a estudar mais sobre investimentos financeiros, surgindo os modelos de desconto de
dividendos. A Análise fundamentalista revolucionou a análise de investimento em
ações e ainda hoje possui grande importância. Seu principal objetivo é “avaliar o
comportamento da empresa visando a determinação do valor dela”, que ocorre
através do estudo de toda a informação disponível no mercado sobre determinada
empresa, com o intuito de formular uma recomendação de investimento.

Em 1959, surge a moderna teoria da carteira, como uma proposta de


“administração de carteiras de ativos, com base na relação risco-retorno e na
identificação matemática da “diversificação correta”. Segundo Harry Max
Markowitz(1952), economista americano especializado em análises de
investimentos, era possível “obter combinações mais eficientes de alocação de
recursos por meio da avaliação e compensação do risco dos ativos que comp66tq
unham a carteira”. William Sharpe (1964) e John Lintner (1965) permitiram a
simplificação do cálculo de risco através da teoria da precificação de ativos,
trazendo grande popularidade ao modelo.

A partir de 1990, a análise fundamentalista é incorporada aos modelos


econométricos da análise quantitativa. “Esses modelos buscam a previsibilidade da
rentabilidade futura de um valor baseando-se em variáveis explicativas dela
42

mesma”. Fama (1992), foi grande contribuinte para a análise quantitativa através da
Hipótese dos Mercados Eficientes, que permitiu o desenvolvimentos de modelos
mais adequados.

Atualmente, alguns autores defendem a necessidade de um novo paradigma


que incorpore variáveis nos processos geradores de dados de natureza econômica e
financeira, que não são contemplados nos modelos tradicionais. Modelos que visem
a quantificação do Capital Intangível e deixem de ser puramente quantitativos.

2.6.2. Decisões de investimento

Segundo Assaf Neto e Lima (2014), o processo de decisão de investimento a


médio e longo tem por objetivo produzir retorno dos ativos aos proprietários. Esse
processo deve ser cauteloso e envolver a elaboração, avaliação e seleção das
propostas para aplicação de capital. Esse processo de alocação de capital é
considerado a decisão mais importante das Finanças Corporativas, pois “um
investimento só é atraente quando criar valor aos seus proprietários”.

Segundo os mesmos autores “são os investimentos fixos nas operações que


definem o futuro de uma empresa, sua viabilidade e competitividade”. Tomar uma
decisão de investimento torna-se bastante difícil, visto que uma vez tomada a
decisão fica impossível voltar atrás. Assim, o gestor financeiro deve conhecer todas
as oportunidades disponíveis e selecionar aqueles que possuam melhor poder
atrativo em relação ao seu custo benefício, ou seja, a melhor opção é aquela que
agrega valor.

“Outra fase das decisões de investimento de longo prazo consiste na


utilização de métodos de avaliação econômica, com o objetivo de se apurar os
resultados e atratividades das aplicações de capitais”. (ASSAF NETO; LIMA, 2014 p.
393)

As propostas de investimento, para serem atrativas, devem conter uma taxa


mínima de retorno. Assim, o gestor financeiro deve analisar e selecionar as
melhores oportunidades de investimento através dos critérios mínimos de retorno
para a empresa.

Para Carvalho (2014, p. 412) “O rendimento, a segurança contra o risco e


incerteza devem ser considerados pelo investidor financeiro.”
43

Assaf Neto e Lima (2014, p. 394) dividem os métodos de análise econômica


de investimentos em dois grupos:

1) Modelos quantitativos de análise de viabilidade econômica das


alternativas de investimentos; e
2) Estudo das limitações e contribuições práticas de cada método
de avaliação econômica.

A primeira deve auxiliar diretamente na tomada de decisão enquanto que a


segunda analisa a melhor alternativa entre duas oportunidades mutuamente
excludentes.

Sobre os métodos de análise, Assaf Neto e Lima (2014, p. 394) afirmam:

Os métodos quantitativos de análise econômica de investimentos


podem ser classificados em dois grandes grupos: os que não levam em
conta o valor do dinheiro no tempo e os que consideram essa avaliação por
meio do critério do fluxo de caixa descontado. Em razão do maior rigor
conceitual e da importância para as decisões de longo prazo, dá-se atenção
preferencial para os métodos que compõem o segundo grupo: taxa interna
de retorno (IRR) e valor presente líquido (NPV).

2.7. MODELOS QUANTITATIVOS DE ANÁLISE

Série temporal é qualquer conjunto de observações ordenado no tempo,


podendo ser uma abordagem de domínio do tempo com modelos paramétricos ou
domínio da frequência com modelos não paramétricos. A econometria de séries
financeiras analisa quantitativamente inúmeras propriedades das séries financeiras
estabelecendo os seus fatos estilizados, como o propósito de conhecer o
mecanismo gerador dos dados e realizar previsões da variável que está sendo
estudada. (AIUBE 2013)

Segundo o mesmo autor, as séries temporais podem ser classificadas em:

I. Discretas – quando o conjunto de observações for finito ou infinito


enumerável;
II. Contínuas – quando o conjunto for infinito enumerável;
III. Estocásticas – quando houver um componente aleatório;
IV. Determinística – quando não houver componente aleatório e o modelo
puder ser definido por funções determinísticas;
44

V. Multivariadas – quando a série temporal é representada por um vetor;


VI. Multidimensional – quando t assume dimensão superior a 1.

Na análise de um processo estocástico busca-se modelos capazes de


reproduzir os principais fatos estilizados presentes nas séries financeiras empíricas,
tornando-os aptos a serem utilizados para previsões e/ou simulações; os modelos
de preços para títulos, ações, commodities, entre outros, necessitam ser estimados
(calibrados) para validar sua adequação aos dados empíricos históricos, assim
ajustados a essa realidade pode assim ser útil em simulações e precisões futuras da
variável modelada. (AIUBE, 2013)

Quando comparado à adequação de dois modelos distintos a uma


determinada realização (série histórica da variável de preço) deve considerar
diversos aspectos. Devem ser comparados:

I. Os critérios de informação, tais como AIC e BIC;


II. A verossimilhança dos modelos;
III. Os erros de previsão dentro e fora da amostra;
IV. A estrutura a termo de preços e volatilidade.

Somente após a ponderação destes diferentes aspectos, deve-se optar por


um dos modelos. A motivação para os estudo de séries temporais é definir o
processo gerador de dados, fazer previsões futuras da série, identificar ciclos,
tendências ou sazonalidades de forma que a decisão que envolve a variável em
questão seja a mais acurada possível. (AIUBE, 2013)

Na atualidade, a Econometria mostra-se com uma ferramenta indispensável


para gerar modelos empíricos em praticamente todas as áreas de conhecimento.

2.7.1. COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO DE PEARSON

O Coeficiente de Person é um indicador da força de uma relação linear entre


duas variáveis Tratam-se de uma medida de associação que independe das
unidades de medidas das variáveis. Varia entre -1 ou +1 ou, expresso em
porcentagens, entre -100% e +100%. Quanto maior as qualidades do ajuste (ou
associação linear, mais próximo de +1 ou -1 estará o valor do coeficiente r.
(DOMINGUES E MARTINS, 2017)
45

Como apresentam estes autores, o Coeficiente de Correlação como medida


da intensidade da relação linear entre duas variáveis não apresenta nenhum tipo de
causa e efeito. “O fato de duas variáveis aumentarem e diminuírem juntas não
implica que uma delas tenha algum efeito direto, ou indireto, sobre a outra. Ambas
podem ser influenciadas por outras variáveis de maneira que dê origem a uma forte
correlação entre elas.” (DOMINGUES E MARTINS, 2017, p. 252)

Se r > 70% ou r < -70%, e n ≥ 30, diremos que há uma forte correlação linear
entre as variáveis.

Seja (x1, y1), (x2, y2), (x3, y3) ... (xn, yn) uma amostra aleatória das variáveis (X,
Y). O cálculo do coeficiente é dado por:

S xy
r xy =
√ S xx S yy

Onde:

S xy =∑ XY −
∑ X∑ Y S =∑ Y 2−¿ ¿
yy
n

n
S xx =∑ X 2−¿ ¿ Sendo ∑ XY =∑ X i Y i ¿ ¿
i=1

“Este coeficiente pode assumir valores positivos ou negativos, dependendo


do sinal do coeficiente b e deve ser interpretado segundo a seguinte escala:”
(DOMINGUES E MARTINS, 2017, p. 252)

 Se r xy = 0 → Não há correlação linear entre as variáveis


 Se r xy =± 1 → Há correlação linear total entre as variáveis
 Se – 1,0 <r xy< + 1,0 → Correlação parcial entre as variáveis
 Se 0,9 ≤r⃒xy ⃒ < 1,0 → Alta ou ótima correlação
 Se 0,8 ≤r⃒xy ⃒ < 0,9 → Boa correlação
 Se 0,6 ≤r⃒xy ⃒ < 0,8 →Média correlação
 Se 0,4≤r⃒xy ⃒ <0,6→Baixa correlação
 Se 0,0 ≤r⃒xy ⃒ <0,4→Péssima correlação
46

Ainda para o mesmo autor, um coeficiente de relação linear baixo indica que
não há uma grande semelhança de comportamento linear entre as variáveis do
estudo. A existência de uma correlação baixa, entretanto não deve conduzir ao
descarte das variáveis de estudo. Assim, deve-se estudar outro tipo de relações
entre elas, procedendo-se a sua transformação com o emprego de logaritmos ou
outras adaptações possíveis.

2.7.2. REGRESSÃO LINEAR MÚLTIPLA

A análise de regressão é usada com o propósito de previsão, com objetivo de


desenvolver um modelo estatístico que pode ser usado para prever valores de uma
variável dependente (Y) em função de valores de uma variável (X), ou mais variáveis
independentes ( X 1 , X 2 , ..., X p ). (DOMINGUES E MARTINS, 2017, p. 268)

“Quando se tem pares de observações de duas variáveis, é possível avaliar o


relacionamento entre elas fazendo um gráfico de dispersão e assim, indicar como
seria o modelo matemático.” (MILOCA e CONEJO, 2017)

O modelo da regressão linear múltipla pode ser representado da seguinte


maneira:

Y i = α + β 1 X 1 i + β 2 X 2i + …+ β k X ki +ε i

Onde:

Y i – é a variável dependente – variável de estudo;

X 1 i , X 2 i , … X ki – são as variáveis independentes;

β i – determina a contribuição da variável independente X i ;

ε i – é o erro aleatório componente do modelo.

Segundo Bruni (2009), para a aplicação da análise de regressão e correlação


é necessário validar algumas hipóteses fundamentais para os modelos, podendo-se
destacar, dentre eles:

Multicolinearidade: indica que os coeficientes e testes calculados


podem conduzir a conclusões erradas, caso as variáveis exógenas,
independentes, apresentem altas correlações cruzadas. Supondo que a
multicolinearidade seja estável, os valores estimados ou preditos serão não
tendenciosos. Porém, o maior problema existirá em relação ao valor do
47

coeficiente de determinação, r2, que pode ser alto, mesmo que os


coeficientes sejam estatisticamente significantes.

Miloca e Conejo (2017) explicam que uma variável independente tende a


melhorar a previsão da variável dependente, de modo que essa melhoria se
relaciona não somente com a correlação que existe com a variável dependentes,
mas também, com a correlação desta com as demais variáveis independentes do
modelo. Desse modo, é necessário verificar se existem dependências fortes entre os
regressores Xj, pois quando isso acontece, diz-se que existe multicolinearidade.

Conforme as hipóteses fundamentais apontadas por Bruni (2009), destaca-se


ainda as características de homocedasticidade e heterocedasticidade. Para o autor,
é necessário que as variâncias do resíduos presentes nos modelos de regressão e
correlação sejam constantes, ou homoscedásticas. Quando as variâncias
apresentam forte dispersão dos dados em torno da reta, ou seja, os dados não são
uniformes, existe a heterocedasticidade.

“Para modelos simples, bivariados, de regressão linear, a heterocedasticidade


pode ser facilmente percebida no diagrama de dispersão. Porém quando a análise
envolve mais que duas variáveis, devem ser aplicados testes específicos.” (BRUNI,
2009)

3. MÉTODO DE PESQUISA

3.1. LOCALIZAÇÃO DO ESTUDO

O presente estudo faz uma análise temporal dos efeitos da crise internacional
que desencadeou nos Estados Unidos, em 2008, e teve seus efeitos disseminados
por todo o mundo, principalmente nos países emergentes, como o Brasil.
48

A aplicação deste estudo se dará na avaliação da relação entre Estados


Unidos e Brasil, através da análise dos índices econômicos apresentados, num
período compreendido entre 2009 a 2016.

3.2. FONTES DO ESTUDO

Os dados coletados tem como fonte o site do Instituto de Pesquisa


Econômica Aplicada (Ipea), que é uma fundação pública federal ligada ao Ministério
do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. As atividades de pesquisa realizadas
pelo Instituto são utilizadas como suporte técnico e institucional para ações
governamentais de formulação e reformulação de políticas públicas e programas de
desenvolvimento brasileiro. (IPEA, http://www.ipeadata.gov.br)

Inicialmente, foram coletados os valores anuais dos índices econômicos,


referentes ao período amostragem de análise, entre 2009 a 2016, que ofereceriam
maior peso de avaliação para esta pesquisa. Os quais seguem relacionados abaixo:

 Taxa de Juros Nominal - Brasil


 Taxa de Câmbio Efetiva de Exportações - Brasil
 Taxa de Câmbio Efetiva de Importações - Brasil
 Taca de Câmbio Real Bilateral Brasil / Estados Unidos
 Balança Comercial de Importações (Fechamento) - Brasil
 Balança Comercial de Exportações (Fechamento) - Brasil
 PIB per Capta – Brasil
 PIB per Capta – EUA
 Inflação - Índice Geral de Preços (IGP-M) – Brasil
 Índice de Ações Ibovespa (Fechamento)
 Índice de Ações Dow Jones (Fechamento)

Os mesmos serviram de indicadores econômicos para a análise.


Posteriormente, foram escolhidos apenas 4 (quatro) dos índices relacionados acima,
visto que os mesmos se mostraram suficientes e para a análise pretendida. Os
índices escolhidos foram:

 Taxa de Câmbio Real Bilateral Brasil / Estados Unidos


 Taxa de Câmbio Efetiva de Exportações - Brasil
 Taxa de Câmbio Efetiva de Importações - Brasil
49

 Índice de Ações Ibovespa (Fechamento)

As variáveis foram selecionadas de modo a obter informações que


pudessem retratar o comportamento do mercado, inserido dentro do cenário
contextualizado, representado pela crise econômica. As “Taxas de Câmbio de
Importações e Exportações” representam a entrada e saída de capital do país,
mostrando as variações ocorridas durante o período analisado. Em contrapartida, a
“Taxa de Câmbio Real Bilateral” representa a unidade de troca entre Brasil e
Estados Unidos, ponderada pela razão entre preços (inflação) externa e interna.

Levando-se em consideração o enfoque deste trabalho, o qual pretende


relacionar os impactos no setor de investimentos no Mercado de Capitais, também
fora escolhida a variável “Índice de Ações Ibovespa”, assim, correlacionando as
oscilações ocorridas na Bolsa de Valores durante o período de crise com as demais
variáveis.

Taxa de Câmbio Taxa de Câmbio Taxa de Câmbio Índice de Ações


ANO Real Bilateral de Exportações de Importações Ibovespa
Brasil/EUA

2009 110,16 112,14 111,58 5,54

2010 101,16 99,71 99,64 -0,83

2011 105,58 95,71 95,89 -2,97

2012 105,97 109,39 109,29 1,22

2013 110,16 112,45 112,53 -1,87

2014 115,26 112,79 90,63 0,57

2015 140,86 134,26 105,55 -2,5

2016 126,25 122,78 94,58 3,47


Tabela 1 – Índices Econômicos extraídos do IPEAData para análise.
Fonte: Os autores
Segue abaixo a representação gráfica dos dados utilizados, durante o
período compreendido, conforme os índices econômicos extraídos do site oficial de
divulgação de informações IPEAData:
50

TAXA DE CÂMBIO REAL BILATERAL BRASIL/EUA

variação da taxa de câmbio real bilateral - brasil/eUA


160

140

120

100

80

60

40

20

0
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Gráfico 1: Variação da Taxa de Câmbio Real Bilateral – Brasil / EUA


Fonte: Os Autores
Variação da taxa de câmbio de Exportaçções no tempo

TAXA DE CÂMBIO DE EXPORTAÇÕES


160

140

120

100

80

60

40

20

0
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Gráfico 2: Variação da Taxa de Câmbio de Exportações


Fonte: Os Autores
51

o v e s p a da taxa de câmbio de importações no tempo


TAXA DE CÂMBIO DE IMPORTAÇÕES
120

100

80

60

40

20
V a r ia ç ã o n o s ín d i c e s d e a ç õ e s d a b o l s a d e v a l o re s d o e s t a d o d e s ã o p a u lo - i bvariação

0
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Gráfico 3: Variação da Taxa de Câmbio de Importações


Fonte: Os Autores

Í N DI CE DE A ÇÕES I B OVES PA
8

0
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

-2

-4

Gráfico 3: Variação nos Índices de Ações da Bolsa de Valores - Ibovespa


Fonte: Os Autores

3.3. OPERACIONALIZAÇÃO DOS DADOS

Para a operacionalização dos dados foi escolhido o software MS Excel,


versão 2013, pois esse se mostra eficiente para a sinterização dos dados e para
alcançar os resultados esperados.

O Excel é um aplicativo Windows que fornece ferramentas para organizar,


analisar e interpretar dados, dispondo de funções, tais como: planilhas, banco de
dados e representação gráfica dos dados.
52

O Excel possui ainda, um conjunto de ferramentas para análise de dados com


um limite de 1.6 milhões de observações. (BERNAL e SILVA, 2012)

De acordo com Martins e Domingues (2017), a Planilha Excel possui


ferramenta específica para o cálculo de correlações entre duas ou mais variáveis,
bem como também disponibiliza de ferramenta de análise de dados exclusiva para a
construção de modelos lineares simples a partir de pares ordenados de valores de
duas ou mais variáveis.

3.4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O método de pesquisa descritiva visa descrever as características de


determinada população ou fenômeno, para melhor defini-lo e diferenciá-lo de outros
fenômenos. Utilizando do método indutivo, partindo das observações dos dados
coletados para chegar a um resultado. A pesquisa quantitativa é uma classificação
do método científico que utiliza diferentes técnicas estatísticas para quantificar
opiniões e informações para um determinado estudo. (GANGA, 2012)

3.5. MODELOS ECONOMÉTICOS

Na atualidade, a Econometria mostra-se com uma ferramenta indispensável


para gerar modelos empíricos em praticamente todas as áreas de
conhecimento.Para interpretação dos dados foidesenvolvidoum modelo
econométrico, para determinar a relevância do estudo pelo modelo R2 (Coeficiente
de Determinação).

Para elaboração dos processo de análise e

Primeiramente, os dados obtidos através da fonte geradora, site do IPEAData,


foram estimados com o auxílio do software MS Excel, através de uma análise de
correlação linear múltipla, afim de apurar a significância entre as variáveis no
processo.

Identificadas as variáveis de maior significância através da análise de


correlação, foi desenvolvido um modelo de Regressão Linear Múltipla, extraindo-se
o coeficiente de determinação com o auxílio do software MS Excel, afim de apurar
de maneira mais significativa seus resultados.
53

O processo metodológico de análise econométrica deu-se seguindo os


seguintes requisitos:

I. Especificação dos objetivos da análise de regressão, que inclui a


seleção de variáveis dependentes e independentes;

II. Determinação da amostra;

III. Suposições inerentes à análise de regressão (homocedasticidade,


heterocedasticidade, multicolineardidade e independência dos termos
de erro) testadas individualmente para as variáveis individuais;

IV. Estimação do modelo.

Obtendo-se os resultados, realizou-se:

I. Análises diagnósticas, no sentido de verificar se o modelos geral


atende às suposições de regressão e se nenhuma observação tem
inflência excessiva sobre os dados;

II. Interpretação da variável estatística de regressão, examinando o papel


de cada variável independente na previsão da medida dependente;

III. Os resultados foram validades.


54

4. ANÁLISE E RESULTADOS

Foi feita uma análise de correlação no sentido de apurar a significância entre


as variáveis envolvidas no processo, visando realizar um diagnóstico no tempo das
variáveis que demonstre um maior grau de influência, no horizonte de tempo
estudado. Neste sentido foi feito uma transformação dos indicadores para logaritmo
natural no sentido de diminuir as expectativas de erro na análise. Após a estimação
do modelo constatou-se que as variáveis taxa de câmbio e exportações possui um
coeficiente de correlação alto e positivo, haja vista que o aumento da taxa de cambio
faz variar a variável exportação no mesmo sentido, isto é, são diretamente
proporcionais.

Notadamente isto repercute numa “injeção” de capitais para a economia


brasileira e no aumento da oferta monetária em termos de Liquidez, fomentando
assim o mercado de ações (bolsa de valores), e impulsionando a balança comercial
de forma superavitária. Este fato acelera o crescimento da economia brasileira, e
incentiva a especulação no mercado de capitais (ações e títulos), estimulando as
empresas e os bancos a injetarem mais capitais na bolsa de valores.

Tecnicamente a correlação mostrou um forte crescimento diretamente


proporcional nas variáveis taxa de câmbio e exportação, enquanto que nas demais
variáveis houve um crescimento tímido, (taxa de cambio/IBOVESPA,
exportação/importação, exportação/IBOVESPA e importação/IBOVESPA), que
variaram diretamente mais com um crescimento positivo bem modesto.

Destaca-se que houve uma relação inversa e negativa entre as


variáveis taxa de cambio e importação, retratando exatamente o que diz a teoria
econômica, onde o aumento da taxa de cambio traduz uma diminuição nas
importações brasileiras. Nestas circunstâncias pode-se constatar após a estimação
da correlação feita pelo MS Excel quem o coeficiente de correlação ficou entre taxa
de câmbio e exportações, traduzido pela seguinte equação:

COV E ; X
Ro = =0,92 x 100=92%
SE SX
55

Onde:

Ro = Coeficiente de correlação

COV E ; X = Covariância da taxa de câmbio e das exportações

S E S X =¿ Desvio Padrão da taxa de câmbio e das exportações.

Classificando tecnicamente a correlação entre as variáveis os coeficientes


ficaram:

TXC/EX= Correlação forte positiva

TXC/IM= Correlação forte negativa

TXC/IBOVESPA= Correlação fraca

EX/IM= Correlação Fraca

EX/IBOVESPA= Correlação Fraca

IM/IBOVESPA= Correlação Moderada

Onde:

TXC = Taxa de Câmbio Bilateral

EX = Taxa de Câmbio de Exportações

IM = Taxa de Câmbio de Importações

IBOVESPA = Índice de Ações da Bovespa

Os resultados podem ser melhor percebidos na tabela abaixo:

  LNTXC LNEX LNIM LNIBOVESPA


LNTXC 1
LNEX 0,921910476 1
LNIM -0,092789052 0,157875684 1
LNIBOVESPA 0,281347862 0,233861781 0,365987031 1
Tabela 2 – Análise de correlação.
Fonte: Os autores

A Recessão causada pela crise econômica que vivenciamos desde meados


dos anos de 2000, vetaram de forma significativas um aumento acelerado de
56

“papéis” no mercado de ações levando o mercado imobiliário a crise em


investimentos diretos de curto prazo na bolsa de valores, apesar do crescimento
significativo das exportações. Osempréstimos internacionais feitos pelo Brasil junto
às economias como a norte-americana levaram o Brasil a sair da recessão em 2009
e entrar na fase da recuperação econômica aumentando ainda mais as exportações
pela política de câmbio flutuante, este fato levou uma entrada maior de divisas na
economia brasileira, que repercutiu em uma volatilidade do capital mais significativa
aumentando os investimentos na Bolsa de Valores.

Na aplicação dos resultados da presente pesquisa também foi feito e aplicado


um modelo de Regressão Linear Múltipla, no sentido de apurar de maneira mais
significativa os dados de taxa de câmbio, exportações, importações e índice da
bolsa de valores brasileira(IBOVESPA). Desta maneira após a estimação do modelo
de Regressão feito no MS Excel extraiu-se um coeficiente de determinação (R²),
igual a 93%, portanto um indicador alto para a análise dos resultados.

O modelo de regressão linear múltipla utilizado foi

LNE t =β0 + β 1 LNX t + β2 LNM t + β 3 LNIBt +e t

Onde:

LNE t =Logarítimo Natural da Taxa de Câmbio Real no tempo (t)

β 0= A origem do gráfico ouintercepto .

LNX t=Logarítimo Natural das Exportações no tempo(t )

LNM t =Logarítimo Natural das Importações no Tempo(t)

LNIBt =Logarítimo Natural do IBOVESPA np tempo (t)

e t =Termo de erro no tempo (t)

Através de sua aplicação obtiveram-se os seguintes resultados:

Estatística de regressão
R múltiplo 0,966327873
R-Quadrado 0,933789559
R-quadrado ajustado 0,884131728
Erro padrão 0,036868891
Observações 8
57

Tabela 3: Resultados da análise de regressão linear múltipla


Fonte: Os Autores

A estimação destes dados foi feita com os índices logaritimados no sentido


de diminuir o erro estatístico da Regressão Linear e afastar principalmente o
problema da multicolinearidade. Analisando pelo lado financeiro, comparou-se o R²
da Regressão com o Ro da Correlação e verificou-se que o R² da Regressão foi
maior que o coeficiente de correlação, haja vista que o R² = 93% e o Ro= 92%,
afastando-se assim o principal problema no modelo que é o da multicolinearidade.

  Coeficientes
Interseção 2,127334908
LNEX 0,940338884
LNIM -0,398455666
LNIBOVESPA 0,024757629
Tabela 4: Coeficientes resultantes da análise de regressão linear múltipla
Fonte: Os Autores

Outra análise a ser feita é a nova identidade do Modelo de Regressão


Linear Múltipla, que tem por finalidade quantificar as variáveis explicativas do
modelo no sentido de se medir a sensibilidade de tais variáveis, e isso só pode ser
feito depois de estimado o modelo.

Sendo assim após a estimação do modelo chegou-se a seguinte


identidade do modelo de regressão:

A Nova Identidade

LNE t = 2,12 + 0,94 LNEX – 0,39 LNIM + 0,02 LNIBOVESPA

Sendo assim a nova identidade demonstrou que há uma relação


positiva entre a variável dependente taxa de câmbio com as exportações de maneira
mais intensa e de maneira menos significativa com a bolsa de valores, constatando-
se desta forma que o período estudado retrata exatamente a crise internacional que
58

o Brasil e as empresas passaram neste período e que refletiu de forma decisiva na


queda do índice da bolsa de valores do estado de São Paulo(IBOVESPA), crise esta
que se repercutiu também para a diminuição da liquidez mediata no Brasil como
ações e títulos.

Deve-se ressaltar também que a crise se “arrastou” até meados de 2016


com a entrada de dólares no mercado nacional, diminuindo assim a especulação.
Por outro lado o aumento das exportações brasileiras, provocou um superávit
primário na balança comercial e provocou por um período curto um crescimento
econômico. Entretanto a crise política por qual passa o Brasil desde 2012 levou a
Nação a entrar novamente em um período de recessão econômica novamente.

Análise Gráfica do Modelo de Regressão

LNEX Plotagem de resíduos


0.06
0.04
Resíduos

0.02
0
4.5 4.55 4.6 4.65 4.7 4.75 4.8 4.85 4.9 4.95
-0.02
-0.04
LNEX

Gráfico 5: Plotagem de Resíduos para Taxa de Câmbio de Exportações


Fonte: Os Autores

LNIM Plotagem de resíduos


0.06
0.04
Resíduos

0.02
0
-0.024.45 4.5 4.55 4.6 4.65 4.7 4.75

-0.04
LNIM
59

Gráfico 6: Plotagem de Resíduos para Taxa de Câmbio de Importações


Fonte: Os Autores

LNIBOVESPA Plotagem de resíduos


0.06
0.04
Resíduos

0.02
0
-1 -0.5 -0.02 0 0.5 1 1.5 2
-0.04
LNIBOVESPA

Gráfico 7: Plotagem de Resíduos para Índice de Ações da Bovespa


Fonte: Os Autores

Tecnicamente na análise gráfica do um modelo de regressão constatou-


se algumas oscilações na plotagem dos gráficos acima percebendo maior oscilação
na variável explicativa importação, caracterizando tanto a homocedasticidade quanto
heterocedasticidade. Isso ocorreu porque no horizonte de tempo investigado o
crescimento da taxa de câmbio influenciou de maneira decisiva para uma oscilação
brusca na variável importação.

Por outro lado as variáveis independentes exportações e ibovespa


oscilaram, mas de maneira moderada não causando problemas de
homocedasticidade nem de heterocedasticidade, haja vista que os pontos tenderam
a ficar mais perto da origem ou do intercepto dos gráficos como se pode notar nas
plotagens acima. Entretanto apesar de o R² da Regressão não ser perfeito ou seja
100%, afastou-se o principal problema que foi o da multicolinearidade.
60

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento desse estudo possibilitou analisar o comportamento da
crise econômica iniciada em 2008 e como ela refletiu na economia brasileira.
Além disso, propôs um modelo de analise compatível com o período estudado e
o comportamento dos mercados nesse mesmo período.
Ao aplicar os modelos equacionais verificou-se que o período estudado
retrava os efeitos da crise iniciada em 2008 refletindo de forma decisiva na queda
da bolsa de valores do estado de São Paulo (IBOVESPA) e na diminuição da
liquidez de ações e títulos. Destaca-se ainda que houve um aumento na taxa de
cambio e uma diminuição das importações, retratando exatamente o que diz a
teoria econômica, onde o aumento da taxa de cambio traduz uma diminuição nas
importações.
Os resultados se mostraram positivos, em relação aos modelos aplicados,
enfatizando a importância do uso de ferramentas que auxiliem na tomada de
decisão. Decisões de investimento a longo prazo geralmente envolvem um nível
de risco mais elevado, de forma que torna-se importante para o gestor financeiro
a obtenção doo máximo de informações na hora de decidir.
Apesar de esta pesquisa apresentar resultados satisfatórios, em relação ao
objeto de estudo, o mercado financeiro atual é bastante complexo e dependente
de várias outras variáveis não abordadas neste estudo, sendo importante
reconhecer seu grau de influência sobre atuações do mercado.
Para estudos futuros sugere-se um aprofundamento mais global, incluindo-se
as variáveis externas que apresentam maior grau de influência sobre os
mercados, neste caso, sendo possível fazer uma previsão, com a utilização do
modelo econométrico formulado.
61

REFERÊNCIAS

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commodities. Porto Alegre: Bookman, 2013.

ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor. 6. Ed. São Paulo:


Atlas, 2012.

ASSAF NETO, A.; LIMA, G. F. Curso de Administração Financeira. 3.


Ed. São Paulo: Atlas, 2014.

BLANK, L.; TARQUIN, A. Engenharia Econômica. 6. Ed. Porto Alegre -


RS: AMGH, 2011.

BRUNI, A. L; SPSS aplicado à pesquisa acadêmica. São Paulo – SP:


Atlas, 2009.

CARVALHO, D. F; Macroeconomia Monetária e Financeira da


Produção Capitalista: Da filosofia social de Keynes ao crescimento
impulsionado pelo comércio internacional. Belém – PA: ICSA/UFPA, 2014. Vol III.

CARVALHO, D. F; Macroeconomia Monetária e Financeira da


Produção Capitalista: Da filosofia social de Keynes ao crescimento
impulsionado pelo comércio internacional. Belém – PA: ICSA/UFPA, 2014. Vol IV.

COMISSÃO DE VALORES MOBILIARIOS. O Mercado de Valores


Mobiliários Brasileiros. 3. Ed.Rio de Janeiro: Comissão de Valores Mobiliários,
2014.

FRANK, R. H.; BERNANKE B. S. Princípios de Economia. 4. Ed. Porto


Alegre - RS: AMGH, 2012.

FURLANI, J. R. A; Cada Centavo Conta. BC Universidade:Banco Central


do Brasil, 2013.

GANGA, G. M. D; Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na


Engenharia de Produção:Um guia prático de conteúdo e forma. São Paulo:
Atlas, 2012.
62

HOJI, M; Administração Financeira e Orçamentária. 10.Ed. São Paulo:


Atlas, 2012.

LAPPONI, J. C; Estatística usando Excel. 4. Ed. Rio de Janeiro:


Elsevier, 2005.
MARTINS, G. A.; DOMINGUES, O. Estatística Geral e Aplicada. 6. Ed.
São Paulo: Editora Atlas, 2017.
MILOCA, S. A.; CONEJO, P. D. Multicolinearidade em Modelos de
Regressão. Unioeste – 2017.
O ESTADO DE SÃO PAULO. Modelos de mercados perfeitos criaram
falsa segurança e contribuíram para a crise global. Disponível em:
<http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,modelos-de-mercados-perfeitos-
criaram-falsa-seguranca-e-contribuiram-para-crise-global-imp-,716352>. Acesso
em: 04 out. 2017.
PINHEIRO, J. L; Mercado de Capitais: Fundamentos e técnicas. 7. Ed.
São Paulo: Atlas, 2014.

ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J.; LAMB, R.


Administração Financeira. 10. Ed. Porto Alegre - RS: AMGH, 2015.

VARTANIAN, P. R.; CIA, J. C.; SILVA, W. M. Econometria: Análise dos


dados com regressão linear. 1. Ed. São Paulo: Saint Paul Editora, 2013.
63

ANEXOS

Quadro n° 1.
Índices Financeiros – IPEAData

TAXA DE TAXA DE TAXA DE


TAXA DE CÂMBIO
TAXA DE CÂMBIO CÂMBIO CÂMBIO
EFETIVA INPC
ANO JUROS EFETIVA INPC EFETIVA IPA-EP- EFETIVA IPA-EP-
REAL
NOMINAL REAL DI REAL DI REAL
IMPORTAÇÕES
EXPORTAÇÕES EXPORTAÇÕES IMPORTAÇÕES
2009 9,60 112,14 110,37 111,58 109,9
2010 10,03 99,71 100,03 99,64 99,99
2011 11,54 95,71 94,6 95,89 94,72
2012 8,55 109,39 105,67 109,29 92,59
2013 8,24 112,45 109,05 112,53 109,14
2014 10,79 112,79 109,55 90,63 88,98
64

2015 13.51 134,26 130,18 105,55 102,67


2016 14,15 122,78 110,97 94,58 86,15

Quadro n° 2.
Índices Financeiros – IPEAData

TAXA DE Taxa de câmbio - Balança comercial - Balança comercial -


CÂMBIO efetiva real - INPC - Importações - US$ Exportações - US$
ANO REAL importações - índice (milhões) - Banco (milhões) - Banco
BILATERAL (média 2010 = 100) - Central do Brasil, Central do Brasil,
BRASIL/EUA IPEA Balanço de Pagamentos Balanço de Pagamentos
2009 110,16 24.957,9352 128.651,4890 153.609,4241
2010 101,6 18.490,9998 182.833,1074 201.324,1072
2011 105,58 27.625,0394 227.880,7829 255.505,8223
2012 105,97 17.419,6246 224.863,6181 242.283,2427
2013 110,16 388,5810 241.188,7042 241.577,2852
2014 115,26 -6.629,2483 230.727,0050 224.097,7567
2015 140,86 17.669,8595 172.422,1943 190.092,0538
2016 126,25 45.036,9623 139.415,9425 184.452,9048

Quadro n° 3.
Índices Financeiros – IPEAData

Brasil – PIB (PPC) - Brasil - PIB - (PPC) - Estados Unidos - PIB - Estados Unidos - PIB -
per capita - US$ de per capita - US$ - (PPC) - per capita - (PPC) - per capita -
ANO
2005 - Banco Banco Mundial, US$ - Banco Mundial, US$ de 2005 - Banco
Mundial, (WDI) (WDI) (WDI) Mundial, (WDI)
2009 13.653,01 13.215,43 47.001,56 48.557,87
2010 14.539,08 14.244,98 48.373,88 49.372,62
2011 14.973,10 14.973,10 49.790,67 49.790,67
2012 15.118,14 15.396,62 51.450,12 50.519,53
2013 15.430,27 15.968,29 52.787,03 51.008,46
2014 15.371,00 16.191,74 54.598,55 51.830,99
2015 14.666,02 15.615,34 56.207,04 52.789,97
65

2016 14.023,69 15.127,81 57.466,79 53.272,52

Quadron° 4.
Índices Financeiros – IPEAData

Índice de ações - Ibovespa -


Estados Unidos - índice de
Inflação - IGP - M fechamento - (% a.m.) - Associação
ações - Dow Jones -
ANO Anual (Índice Geral Brasileira das Entidades dos
fechamento - Valor
de Preços - Mercado) Mercados Financeiro e de Capitais
Econômico
(Anbima)
2009 -1,72 5,54 8.836,00
2010 11,32 -0,83 10.627,00
2011 5,10 -2,97 12.180,50
2012 7,82 1,22 15.013,00
2013 5,51 -1,87 16.772,00
2014 3,69 0,57 17.677,00
2015 10,54 -2,50 18.036,00
2016 7,17 3,47 87,59

Quadro n° 5.
Índices utilizados para o Modelo de Regressão Linear
Índice de ações –
TAXA DE CÂMBIO
Ibovespa - Associação
REAL BILATERAL
ANO EXPORTAÇÕES IMPORTAÇÕES Brasileira das Entidades
BRASIL/ESTADOS
dos Mercados
UNIDOS
Financeiro e de Capitais
2009 110,16 112,14 111,58 5,54
2010 101,6 99,71 99,64 0,83
2011 105,58 95,71 95,89 2,97
2012 105,97 109,39 109,29 1,22
2013 110,16 112,45 112,53 1,87
2014 115,26 112,79 90,63 0,57
2015 140,86 134,26 105,55 2,50
2016 126,25 122,78 94,58 3,47
66

Quadro n° 6.
Resultados obtidos com o modelo de Regressão Linear Múltipla
ANO LNTXC LNEX LNIM LNIBOVESPA
2009 4,701934 4,719748 4,714742 1,711995
2010 4,621044 4,602266 4,601564 -0,18633
2011 4,659469 4,561323 4,563202 1,088562
2012 4,663156 4,694919 4,694005 0,198851
2013 4,701934 4,722509 4,72322 0,625938
2014 4,74719 4,725528 4,506785 -0,56212
2015 4,947766 4,899778 4,659185 0,916291
2016 4,838264 4,810394 4,549446 1,244155

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