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AULA 7

A Gestão Ambiental e os Aspectos Políticos

A gestão ambiental e os aspectos políticos nos levam aos temas


ambientais, os quais se transformaram em um ponto crítico para os
negócios nos últimos tempos.
Para as organizações, conforme a Lei, regulamentos, decisões
judiciais de responsabilidade financeira por danos ambientais e
aumento da importância dada por parte dos clientes e grupos
interessados aos efeitos ambientais relatados na manufatura do
produto, têm feito do meio ambiente ou do “fator ambiental” uma
variável estratégica, com implicações em produtos, processos e
procedimentos, controle e gerenciamento.
Assim sendo, sob o ponto de vista político institucional, a fim de
garantir uma boa imagem da organização e a manutenção e
ampliação dos seus mercados, tornou-se fundamental agregar ao
sistema de gerenciamento a gestão ambiental.
Dessa forma, o crescimento econômico, aliado à
deterioração ambiental, ao aumento das tendências
em direção à transparência dos processos industriais
e ao crescimento dos custos de desobediência às
regulamentações ambientais, implica na
necessidade de minimizar o impacto ambiental das
atividades organizacionais e, simultaneamente,
manter ou aumentar os níveis de produtividade em
um mercado globalmente competitivo.
Assim sendo, e por essa razão, pode-se dizer que
o desafio imediato das organizações hoje é conciliar
o crescimento econômico com a preservação dos
recursos naturais, a fim de viabilizar os aspectos
políticos institucionais que mantêm a imagem das
organizações no mercado.
Tanto isto é verdade que até a Bolsa de Valores
criou o Índice de Sustentabilidade Empresarial
(ISE).
Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE)

A BM&F Bovespa Iniciativa, em uma ação pioneira na


América Latina, criou o Índice de Sustentabilidade Empresarial
(ISE) para encontrar um ambiente de investimento compatível
com as demandas de desenvolvimento sustentável da sociedade
contemporânea.
Segundo a própria BM&F Bovespa, a ideia é estimular a
responsabilidade ética das corporações. Ela iniciou esse projeto
em 2005, o qual foi financiado pela International Finance
Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial, e seu
desenho metodológico é responsabilidade do Centro de Estudos
em Sustentabilidade (GVCes) da Escola de Administração de
Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-
EAESP).
O ISE é uma ferramenta para análise comparativa
da performance das empresas listadas na BM&F Bovespa sob
o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada em
eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e
governança corporativa.
Também amplia o entendimento sobre empresas e grupos
comprometidos com a sustentabilidade, diferenciando-os em
termos de qualidade, nível de compromisso com o
desenvolvimento sustentável, equidade, transparência e
prestação de contas, natureza do produto, além do
desempenho empresarial nas dimensões econômico-financeira,
social, ambiental e de mudanças climáticas.
Diz a BM&F Bovespa que no Brasil essa
tendência já teve início, e há expectativa de que ela
cresça e se consolide rapidamente.
BM&F Bovespa, em conjunto com várias
instituições, tais como a ABRAPP, ANBIMA,
APIMEC, IBGC, IFC, Instituto ETHOS e
Ministério do Meio Ambiente, decidiu unir esforços
para criar um índice de ações que seja benchmar
para os investimentos socialmente responsáveis.
As referidas organizações formaram, portanto, o
Conselho Deliberativo presidido pela BM&F
Bovespa, que é o órgão máximo de governança do
ISE e tem como missão garantir um processo
transparente de construção do índice e de seleção das
empresas.
Esse Conselho passou a contar também com o
PNUMA, IBRACON e GIFE em sua composição,
sendo certo, pois, que a Bolsa é a responsável pelo
cálculo e pela gestão técnica do índice.
Para as organizações, esse índice garante a elas
visibilidade, adotando, portanto, a gestão ambiental
como referência política institucional, em nosso
entendimento.
Neste sentido, D’Avignon (1995), sobre gestão
ambiental, diz que é a "parte da função gerencial
que trata, determina e implementa a política de
meio ambiente estabelecida para a empresa”.
Portanto, o ISE dará a visibilidade necessária ao
negócio sustentável.
A Gestão Ambiental e os Aspectos Econômicos

Como vimos, segundo D’Avignon (1995), gestão


ambiental é a "parte da função gerencial que trata,
determina e implementa a política de meio ambiente
estabelecida para a empresa". Isso implica nos
aspectos econômicos.
Donaire (1995) fala sobre o contrato social
entre empresa e sociedade, ou seja, a sociedade dá à
organização a liberdade de existir e trabalhar por
um objetivo legítimo. O pagamento dessa liberdade
é a contribuição da empresa com a sociedade.
Sem se esquecer da Constituição Federal e seu artigo 170,
mas, continuando a ideia de Donaire (1995) sobre os termos
deste contrato, estão permanentemente sendo reavaliados de
acordo com as modificações que ocorrem no sistema de
valores da sociedade.
Dentre as mudanças mais evidentes atualmente, no que se
refere à questão ambiental, está a percepção de que
crescimento econômico não está necessariamente relacionado
ao progresso social. Muitas vezes, está associado à
deterioração física do ambiente, condições insalubres de
trabalho, exposição a substâncias tóxicas, discriminação de
certos grupos sociais e outros problemas sociais.
As pressões sociais que impõem à alta
administração a obrigatoriedade de direcionar suas
ações, de modo a ter um comportamento ambiental
correto, contam com a contribuição de diversos
agentes de mudança.
Dentre esses agentes, estão o governo, a
sociedade, as empresas e as organizações
internacionais e nacionais de administração
ambiental, os quais exercem pressões em direção à
mudança. As empresas estão sob uma crescente
pressão para mudar.
De acordo com Kinlaw (1997), as pressões sobre as
empresas para que respondam às questões ambientais incluem:

1. Observância da Lei: a quantidade e o rigor cada vez


maiores das leis e regulamentos.
2. Multas e custos punitivos: as multas por não
cumprimento da lei e custos incorridos com respostas
a acidentes estão crescendo em frequência e número.
3. Organizações ativistas ambientais: tem havido uma
proliferação desses grupos em níveis internacional,
nacional, estadual e local.
4. Cidadania despertada: os cidadãos estão
ficando informados e estão buscando uma
série de canais pelos quais possam expressar
seus desejos ao mundo empresarial.
5. Sociedades e associações: associações de
classe, de comércio e várias coalizões estão
dando início a programas que possam
influenciar um comportamento empresarial
voltado ao meio ambiente.
6. Códigos internacionais de desempenho
ambiental: os "Princípios Valdez", publicados pela
Coalization for Environmentally
ResponsibleEconomies, e a "Carta do Meio
Empresarial pelo Desenvolvimento Sustentável",
desenvolvida pela International Chamber of
Commerce, estão criando pressões globais para o
desempenho ambiental responsável.
7. Investidores: o desempenho ambiental das
empresas e o potencial risco financeiro do
desempenho fraco (multas, custos de despoluição e
custas de processos) ajudarão a determinar o quão
atraente serão suas ações para os investidores.
8. Consumidores: os consumidores estão em
busca de produtos e serviços que preservem o
meio ambiente e se tornando informados o
bastante para questionar as campanhas
maciças de propaganda ambiental.
9. Mercados globais: a concorrência
internacional existe hoje no contexto de uma
enorme gama de leis ambientais que não mais
permitirão que empresas de países desenvolvidos
exportem sua poluição para países em
desenvolvimento.
10. Política global e organizações internacionais:
uma variedade de organizações e fóruns
internacionais exerce uma pressão direta sobre as
nações, o que afeta o mundo empresarial.
11. Concorrência: a pressão que se coloca na
interseção de todas as outras provém da concorrência
e daquelas empresas que estão adotando o
desempenho sustentável, reduzindo seus resíduos e
custos e descobrindo novos segmentos de mercado.
Importante observar que nenhuma pressão existe
independente de outras, e todas elas têm um impacto
na capacidade de competir.
A ampliação do conceito da qualidade (incluindo
a qualidade ambiental), a mudança de paradigma
(representada pela gestão ambiental) e as pressões
para mudança levaram ao questionamento
crescimento econômico atual.
Surge então o conceito de desenvolvimento
sustentável.
Desenvolvimento Sustentável

A gestão ambiental tem sido tradicionalmente vista como


um dispendioso impedimento à produtividade.
De acordo com Porter (1995), a visão que prevalece ainda
é:

Ecologia x Economia

É como se de um lado estivessem os benefícios sociais que


se originam de rigorosos padrões ambientais, e do outro os
custos que, neste enfoque, conduzem a altos preços e baixa
competitividade.
No entanto, Porter reconhece que os padrões ambientais
podem desencadear inovações que venham a diminuir o custo
total de um produto ou mesmo aumentar o seu valor.
As referidas inovações permitem às empresas utilizar
suas entradas de forma mais produtiva, compensando os
custos de diminuição dos impactos ambientais e
acabando com o impasse entre economia e proteção
ambiental.
Assim sendo, surge o conceito de desenvolvimento
sustentável.
É importante considerar que o conceito de
desenvolvimento sustentável surgiu em 1987, no
relatório da Comissão Mundial das Nações Unidas para
o Meio Ambiente e Desenvolvimento (World
Commission on Environment and Development).
Os termos de requisição para o desenvolvimento
do relatório eram:
1. Propor uma estratégia ambiental de longo
prazo para o alcance do desenvolvimento
sustentável por volta do ano 2000 em diante.
2. Identificar como as relações entre as
pessoas, recursos, ambiente e
desenvolvimento poderiam ser incorporados
em políticas nacionais e internacionais.
A Comissão se concentrou no desenvolvimento
sustentável como uma abordagem que utiliza os recursos
naturais sem comprometer a capacidade de futuras
gerações atenderem às suas necessidades. Isso significa o
equilíbrio do crescimento econômico com a proteção
ambiental.
De acordo com Maimon (1996), o desenvolvimento
sustentável é mais do que um novo conceito, é um processo
de mudança, no qual a exploração de recursos, a orientação
dos investimentos, os rumos do desenvolvimento ecológico
e a mudança institucional devem levar em conta as
necessidades das gerações futuras.
A ênfase na ecologia está na origem do termo
sustentável, quando há procura do equilíbrio entre os
ritmos de extração que assegurem um mínimo de
renovabilidade para o recurso.
A ênfase no econômico acarreta na busca de
estratégias que visem à sustentabilidade do sistema
econômico.
A ênfase no social visa criar as condições sócio-
econômicas da sustentabilidade, ou seja, o
atendimento às necessidades básicas, melhoria do
nível de instrução etc.
Além disso, o desenvolvimento sustentável não
questiona a ideologia do crescimento econômico,
que é a principal força motriz das atuais políticas
econômicas e, tragicamente, da destruição do
ambiente global.
O que se rejeita é a busca do crescimento
econômico irrestrito, entendido em termos
puramente quantitativos, como maximização dos
lucros.
A nova maneira de fazer negócios para a qual as
empresas estão convergindo é o "desempenho
sustentável".
Este movimento está ocorrendo devido às
pressões que estão criando a necessidade de
mudança para um desempenho coerente com o
desenvolvimento sustentável.
Assim, a variável ecológica se faz presente nas
organizações empresariais modernas.
A partir da década de oitenta houve uma mudança na postura
das empresas, ou seja, começaram a serem descartadas algumas
das práticas reativas ao meio ambiente.
A responsabilidade ambiental passa, gradativamente, a ser
encarada como uma necessidade de sobrevivência.
A estrutura empresarial voltada para os velhos padrões
capitalistas já não serve para um mundo em ritmo de
globalização, onde a consciência ecológica está em franco
desenvolvimento.
As organizações encontram-se frente a uma nova situação.
Na visão da empresa apenas como uma instituição econômica,
suas preocupações são voltadas quase que exclusivamente para a
maximização dos lucros e minimização dos custos.
Baumol & Oates (1979, in Maimon, 1996) denominam o
referido comportamento como reativo, o qual a empresa
responde à sinalização do mercado e à regulamentação dos
órgãos de controle ambiental.
A empresa vivencia uma contradição entre a
responsabilidade ambiental e o lucro.
Na visão moderna da empresa, o contexto é muito mais
complexo e amplo. Muitas das decisões internas da
organização requerem considerações explícitas das influências
do ambiente externo, incluindo considerações de caráter social
e político que se somam às tradicionais considerações
econômicas.
As preocupações relativas às questões de
proteção ambiental vêm dando resultados,
mudando o comportamento das empresas e
promovendo um novo modelo de
comportamento em âmbito mundial.
A empresa que aceita e bem conduz suas
responsabilidades ambientais, preservando
seu lucro, tem um desempenho sustentável,
ou seja, traduz o conceito de desenvolvimento
sustentável em práticas empresariais.
O desempenho sustentável representa uma nova
forma de percepção da empresa como um sistema e
redefine as relações tradicionais entre os elementos
de insumo, processo de trabalho e produto final.
Portanto, as empresas do século XXI têm pela
frente novos desafios a serem enfrentados. As
tendências que provavelmente farão parte do
cenário futuro incluem em sua maioria a questão
ambiental.
A Gestão Ambiental e os Aspectos Sociais e
Culturais

No sentido de mudar o paradigma do


crescimento econômico ilimitado e para atender às
pressões por uma maior qualidade ambiental, a
gestão ambiental propõe um sistema no qual há a
possibilidade de desenvolvimento de uma produção
ecologicamente correta, de construção de uma
cultura baseada em valores ambientais e, além
disso, de que tudo isso seja adaptado à realidade de
cada organização.
Contudo, é importante observar outra definição de
gestão ambiental, qual seja:

tentativa de avaliar valores e limites das


perturbações e alterações que, uma vez
excedidos, resultam em recuperação demorada
do meio ambiente, e de manter os ecossistemas
em condições de absorver transformações ou
impactos, de modo a maximizar a recuperação
dos recursos do ecossistema natural para o
homem, assegurando sua produtividade
prolongada a longo prazo.
Desta maneira, programar um sistema de gestão
ambiental em uma organização implica em
alterações em políticas, estratégias, reavaliação de
processos produtivos e principalmente, no modo de
agir, impactando economicamente.
A mudança de comportamento não se refere
somente à introdução da ideia de proteção ao meio
ambiente nas atividades organizacionais. Na
verdade, implica em uma revisão de valores
pessoais daqueles que trabalham na organização.
Nas organizações, nem sempre gestão ambiental
significa um cuidado verdadeiro com o meio ambiente.
Em Callenbach (1993) se encontra uma distinção
entre administração ambiental e gerenciamento
ecológico.
É certo, pois, que a primeira significa abordagem
defensiva e reativa, exemplificada pelos esforços
ambientais reativos e pela auditoria de cumprimento, e o
segundo termo implica na abordagem ativa e criativa
com o objetivo de minimizar o impacto ambiental e
social das empresas, e tomar todas as suas operações tão
ecologicamente corretas quanto possível.
O novo paradigma parte, então, “do reconhecimento
de que os problemas ecológicos do mundo não podem
ser entendidos isoladamente, mas sim de forma
sistêmica - interligados e interdependentes" (Callenbach,
1993).
Reforça esta visão sistêmica Kinlaw (1997):

"um sistema ecológico é o fluxo de matérias ou


informações que partem dos elementos
inorgânicos para os elementos vivos e de volta
para os primeiros, e assim por diante".
Este novo modo de pensar exige uma mudança
de valores, passando da expansão para a
conservação, da quantidade para a qualidade, da
dominação para a parceria.
Assim, para que uma organização passe a
realmente trabalhar com "gestão ambiental" ou com
"gerenciamento ecológico", ela deve,
inevitavelmente, passar por uma mudança em sua
cultura empresarial, por uma revisão de seus
paradigmas.
Na visão do gerenciamento ecológico, as
preocupações sociais e ambientais não devem competir.
Se as questões sociais, trabalhistas ou culturais
parecerem conflitar com a pauta ambiental, a empresa
pode estar no caminho errado.
A gestão ambiental inclui não só a preocupação com
o meio ambiente enquanto recursos naturais, mas
também uma relação de respeito com a sociedade, a qual
cada vez mais mostra-se mais consciente quanto à
questão ambiental. A pressão também é um dos fatores
que leva as empresas à mudança de comportamento.
A responsabilidade social das organizações cresce no
contexto de mudança de valores na sociedade. Essas
mudanças incluem a responsabilidade com a sociedade,
a fim de resolver alguns de seus problemas sociais,
muitos dos quais as próprias organizações ajudaram a
criar.
Donaire (1995) diz sobre o contrato social entre
empresa e sociedade, ou seja, a sociedade dá à
organização a liberdade de existir e trabalhar por um
objetivo legítimo. O pagamento dessa liberdade é a
contribuição da empresa com a sociedade, sem se
esquecer da Constituição Federal e seu artigo 170.
Continuando a ideia de Donaire (1995) sobre os
termos deste contrato, estão permanentemente
sendo reavaliados de acordo com as modificações
que ocorrem no sistema de valores da sociedade.
Dentre as mudanças mais evidentes atualmente, no
que se refere à questão ambiental, é a percepção de
que crescimento econômico não está
necessariamente relacionado ao progresso social.
A Gestão Ambiental e os Aspectos Ambientais
Ligados ao Aproveitamento de Recursos Naturais

A gestão ambiental tende a significar uma


mudança de comportamento frente ao meio
ambiente, em termos de responsabilidade e
consciência, que vai além do ambiente da empresa.
O sistema de gestão ambiental adotado por cada
organização pode impulsionar uma mudança
cultural como também aumentar a competitividade.
Importa agora saber o destino dos recursos
naturais.
O manejo adequado e preventivo do campo, além de
melhorar o seu potencial produtivo, pode beneficiar o solo e,
consequentemente, todo o sistema de produção pecuária.
“Essa é uma nova forma de enxergar o campo nativo, não
apenas como alimento para os rebanhos, mas como provedor
de outros serviços ambientais”, diz o pesquisador Leandro
Volk, da Embrapa Pecuária Sul (Bagé/ RS), doutor em
Ciência do Solo.
Volk e outros pesquisadores observam possíveis
contribuições do campo nativo e do sistema radicular para o
ambiente e destaca que metodologias de pesquisa estão sendo
desenvolvidas para avaliar com maior precisão o
comportamento das raízes das espécies forrageiras nativas.
“Há indícios de que o correto manejo do campo
nativo leva a uma alteração também da dinâmica do
sistema radicular, o que pode determinar maior
acúmulo de carbono orgânico, mais resistência à
compactação pelo pisoteio dos animais e mais
atividade biológica. Além disso, o aumento de
matéria vegetal no solo lhe garante maior
porosidade, permitindo a infiltração de água, uma
vez que as raízes que morrem deixam o caminho
livre para essa infiltração”, explica o referido
pesquisador.
Observa também que quanto maior o volume de
solo ocupado pelas raízes ativas, maior a
disponibilidade de nutrientes, além de maior
eficiência no aproveitamento da água disponível no
solo, garantindo assim mais resistência das plantas
aos períodos de seca.
O aproveitamento dos recursos naturais
mostrou-se como o desafio mundial em 2012 na
Rio+20.
A palestra de Jose Luis Samaniego, diretor de
Desenvolvimento Sustentável e Assentamentos
Humanos da Cepal (Comissão Econômica para
América Latina e Caribe, da ONU), realizada
na Rio+20, foi uma aula sobre a relação entre
utilização consciente de recursos naturais e
crescimento econômico. José Luciano Penido,
presidente do Conselho de Administração da
Fibria, abriu a conversa dando como contexto a
limitação de recursos naturais.
“Antes, as nações consideradas desenvolvidas
eram as que possuíam recursos naturais em
abundância. Mas, com o intenso consumo
acima da capacidade de produção natural e de
renovação, isso mudou. O consumo é maior
que a produtividade em países desenvolvidos e
até mesmo em desenvolvimento, como China e
Índia”, afirmou. “A dúvida que permeia esse
debate, hoje, é se é melhor para um país dispor
de recursos naturais suficientes e exportá-los ou
focar-se no desenvolvimento industrial.”
Ele citou como exemplo a Coréia, que não dispõe
de muitos recursos naturais, mas tem se mostrado
uma economia vencedora pelo aproveitamento
industrial com aquisição de matéria-prima de
outras nações e seu melhor aproveitamento.
Também pontuou o desafio de mitigar o impacto
das mudanças climáticas em recursos como água
e solo. Penido perguntou para a plateia se o
padrão de consumo dos presentes está adequado
aos limites do planeta. A maioria respondeu que
ainda não, mas está se adequando.
Samaniego esclareceu: “O olhar individual não permite
dizer se o consumo de cada um está no limite. Mas o
olhar amplo leva a crer que é necessário estabelecer
políticas de consumo que permitam direcionar o modo de
vida a um modelo mais sustentável. (...) Os padrões
econômicos e as políticas de desenvolvimento e
produção devem ser consistentes e estar integrados para
que haja um melhor aproveitamento de recursos naturais.
Para isso, o desenvolvimento de tecnologia verde e a boa
administração de tributos são fundamentais. O índice de
produtividade não pode estar baseado apenas em
estatísticas”.
A Gestão Ambiental e o Ambiente Empresarial

O maior desafio mundial do próximo milênio é


fazer com que as forças de mercado protejam e
melhorem a qualidade do ambiente, com a ajuda de
padrões baseados no desempenho e uso criterioso de
instrumentos econômicos, num contexto harmonioso
de regulamentação.
Esse novo contexto econômico se caracteriza
por uma rígida postura dos clientes voltada à
expectativa de interagir com organizações que sejam
éticas, com boa imagem institucional no mercado e
que atuem de forma ecologicamente responsável.
Diante de tais transformações econômicas e sociais,
uma indagação poderia emergir. A questão
ambiental e ecológica não seria um mero surto de
preocupações passageiro que demandariam medidas
com pesado ônus para as empresas que a adotarem?
Pesquisa recente da Confederação Nacional da
Indústria (CNI) e do Ibope mostra o contrário,
revelando que 68% dos consumidores brasileiros
estariam dispostos a pagar mais por um produto que
não agredisse o meio ambiente.
Dados obtidos diuturnamente evidenciam que a tendência de
preservação ambiental e ecológica por parte das organizações
deve continuar de forma permanente e definitiva onde os
resultados econômicos passam a depender cada vez mais de
decisões empresariais que levem em conta que: a) Não há
conflito entre lucratividade e a questão ambiental; b) O
movimento ambientalista cresce em escala mundial; c)
Clientes, comunidade passam a valorizar cada vez mais a
proteção do meio ambiente; d) A demanda e, portanto, os
faturamentos das empresas passam a sofrer cada vez mais de
pressões e a depender diretamente do comportamento de
consumidores que enfatizarão suas preferências para produtos
e organizações ecologicamente corretas.
Para compreendermos melhor a gestão ambiental e
o ambiente empresarial importante é se voltar à
concepção das organizações sobre gestão ambiental.
Neste sentido:
O gerenciamento ambiental pode ser concebido
pelas organizações de várias formas, dependendo da
sua Visão Empresarial. Desta forma, questões como
controle da poluição, conflitos sociais, qualidade de
vida, consumidores, aspectos legais etc., serão
tratados em sua estratégia de acordo com o seu nível
de entendimento.
Para se avaliar o nível de comprometimento de uma
empresa com os fatores de natureza ambiental, é preciso
compreender os requisitos que fundamentam os seus
objetivos a alcançar por meio do desdobramento
estratégico, de acordo com a seguinte relação:
i. Estratégia e Consciência Interna
ii. Recursos Necessários e Consistência com o
ambiente
iii.Tecnologias Necessárias e Adequação aos
recursos disponíveis
iv. Estrutura Organizacional Adequada e
Graus satisfatórios de risco
v. Direção das Operações e Horizonte de
Tempo adequado
vi. Avaliação dos resultados e
operacionalização da estratégia.
O Sistema de Gestão Ambiental deve estar
consciente de sua responsabilidade no sentido de
poder fazer realizar o planejamento dos recursos
necessários para atingir as metas (recursos
materiais, humanos, financeiros etc.), o
gerenciamento dos resíduos, o seu devido
monitoramento por meio de sua classificação, as
alternativas técnicas etc., além de estabelecer
padrões de controle de qualidade ambiental.
Deve-se então desdobrar os preceitos do
desenvolvimento sustentável para dentro da empresa e
estabelecer, a partir deste ponto, o que de acordo com
KINLAW (1997) pode ser definido como o
comprometimento real com os princípios de uma gestão
integradora e organizadora, ressaltando suas
responsabilidades sociais e ambientais.
Essas ações e atividades organizacionais devem ser
remodeladas a partir da concepção do desempenho
sustentável, pois tal concepção é fundamentada na
necessidade de:
a) Uma premissa que descreve claramente por que o
desempenho competitivo e o desempenho ambiental
não podem estar em conflito;
b) Um plano para as organizações usarem ao
comunicar a todas as partes interessadas (ambiente
interno e externo) como pretendem trabalhar pelo
meio ambiente, pela lucratividade e pela própria
sobrevivência;
c) Um guia do planejamento estratégico ecológico;
d) Uma ferramenta de avaliação.
Para BACKER (1997), a falta de cultura das organizações
em relação às questões ambientais se dá pelo desconhecimento
de três questões essenciais:

1. Saber explicar as necessidades em matéria de defesa


ou melhoria do ambiente: o ambiente é um sistema
interativo e complexo que só pode ser aprendido por meio
da abordagem interdisciplinar. Mas, para tanto, é
necessário que os atores externos possam expressar suas
necessidades às organizações e esta seja capaz de traduzi-
las para seu sistema de gestão e produção.
2. Dispor de ferramentas de gestão
ambiental: é necessário que estas ferramentas
existam, sejam testadas e possam ser
ensinadas e disseminadas em todos os setores
da organização. é preciso também saber
negociar o ecossistema que ela contribui para
criar, pois ninguém possui o monopólio do
meio ambiente. Isto vale tanto para as
organizações quanto para os responsáveis das
comunidades locais e grupos de pressão
ecológica.
3. As decisões tomadas por cada um deles,
que geralmente comprometem toda a
sociedade, moldam o ecossistema por várias
gerações. O mínimo que se pode pedir aos
responsáveis políticos é que sejam capazes
de negociar as suas decisões. Aprender a
viver com o ecossistema e dentro dele
tornou-se uma prioridade absoluta para as
autoridades.

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