A gestão ambiental e os aspectos políticos nos levam aos temas
ambientais, os quais se transformaram em um ponto crítico para os negócios nos últimos tempos. Para as organizações, conforme a Lei, regulamentos, decisões judiciais de responsabilidade financeira por danos ambientais e aumento da importância dada por parte dos clientes e grupos interessados aos efeitos ambientais relatados na manufatura do produto, têm feito do meio ambiente ou do “fator ambiental” uma variável estratégica, com implicações em produtos, processos e procedimentos, controle e gerenciamento. Assim sendo, sob o ponto de vista político institucional, a fim de garantir uma boa imagem da organização e a manutenção e ampliação dos seus mercados, tornou-se fundamental agregar ao sistema de gerenciamento a gestão ambiental. Dessa forma, o crescimento econômico, aliado à deterioração ambiental, ao aumento das tendências em direção à transparência dos processos industriais e ao crescimento dos custos de desobediência às regulamentações ambientais, implica na necessidade de minimizar o impacto ambiental das atividades organizacionais e, simultaneamente, manter ou aumentar os níveis de produtividade em um mercado globalmente competitivo. Assim sendo, e por essa razão, pode-se dizer que o desafio imediato das organizações hoje é conciliar o crescimento econômico com a preservação dos recursos naturais, a fim de viabilizar os aspectos políticos institucionais que mantêm a imagem das organizações no mercado. Tanto isto é verdade que até a Bolsa de Valores criou o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE)
A BM&F Bovespa Iniciativa, em uma ação pioneira na
América Latina, criou o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) para encontrar um ambiente de investimento compatível com as demandas de desenvolvimento sustentável da sociedade contemporânea. Segundo a própria BM&F Bovespa, a ideia é estimular a responsabilidade ética das corporações. Ela iniciou esse projeto em 2005, o qual foi financiado pela International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial, e seu desenho metodológico é responsabilidade do Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVCes) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV- EAESP). O ISE é uma ferramenta para análise comparativa da performance das empresas listadas na BM&F Bovespa sob o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa. Também amplia o entendimento sobre empresas e grupos comprometidos com a sustentabilidade, diferenciando-os em termos de qualidade, nível de compromisso com o desenvolvimento sustentável, equidade, transparência e prestação de contas, natureza do produto, além do desempenho empresarial nas dimensões econômico-financeira, social, ambiental e de mudanças climáticas. Diz a BM&F Bovespa que no Brasil essa tendência já teve início, e há expectativa de que ela cresça e se consolide rapidamente. BM&F Bovespa, em conjunto com várias instituições, tais como a ABRAPP, ANBIMA, APIMEC, IBGC, IFC, Instituto ETHOS e Ministério do Meio Ambiente, decidiu unir esforços para criar um índice de ações que seja benchmar para os investimentos socialmente responsáveis. As referidas organizações formaram, portanto, o Conselho Deliberativo presidido pela BM&F Bovespa, que é o órgão máximo de governança do ISE e tem como missão garantir um processo transparente de construção do índice e de seleção das empresas. Esse Conselho passou a contar também com o PNUMA, IBRACON e GIFE em sua composição, sendo certo, pois, que a Bolsa é a responsável pelo cálculo e pela gestão técnica do índice. Para as organizações, esse índice garante a elas visibilidade, adotando, portanto, a gestão ambiental como referência política institucional, em nosso entendimento. Neste sentido, D’Avignon (1995), sobre gestão ambiental, diz que é a "parte da função gerencial que trata, determina e implementa a política de meio ambiente estabelecida para a empresa”. Portanto, o ISE dará a visibilidade necessária ao negócio sustentável. A Gestão Ambiental e os Aspectos Econômicos
Como vimos, segundo D’Avignon (1995), gestão
ambiental é a "parte da função gerencial que trata, determina e implementa a política de meio ambiente estabelecida para a empresa". Isso implica nos aspectos econômicos. Donaire (1995) fala sobre o contrato social entre empresa e sociedade, ou seja, a sociedade dá à organização a liberdade de existir e trabalhar por um objetivo legítimo. O pagamento dessa liberdade é a contribuição da empresa com a sociedade. Sem se esquecer da Constituição Federal e seu artigo 170, mas, continuando a ideia de Donaire (1995) sobre os termos deste contrato, estão permanentemente sendo reavaliados de acordo com as modificações que ocorrem no sistema de valores da sociedade. Dentre as mudanças mais evidentes atualmente, no que se refere à questão ambiental, está a percepção de que crescimento econômico não está necessariamente relacionado ao progresso social. Muitas vezes, está associado à deterioração física do ambiente, condições insalubres de trabalho, exposição a substâncias tóxicas, discriminação de certos grupos sociais e outros problemas sociais. As pressões sociais que impõem à alta administração a obrigatoriedade de direcionar suas ações, de modo a ter um comportamento ambiental correto, contam com a contribuição de diversos agentes de mudança. Dentre esses agentes, estão o governo, a sociedade, as empresas e as organizações internacionais e nacionais de administração ambiental, os quais exercem pressões em direção à mudança. As empresas estão sob uma crescente pressão para mudar. De acordo com Kinlaw (1997), as pressões sobre as empresas para que respondam às questões ambientais incluem:
1. Observância da Lei: a quantidade e o rigor cada vez
maiores das leis e regulamentos. 2. Multas e custos punitivos: as multas por não cumprimento da lei e custos incorridos com respostas a acidentes estão crescendo em frequência e número. 3. Organizações ativistas ambientais: tem havido uma proliferação desses grupos em níveis internacional, nacional, estadual e local. 4. Cidadania despertada: os cidadãos estão ficando informados e estão buscando uma série de canais pelos quais possam expressar seus desejos ao mundo empresarial. 5. Sociedades e associações: associações de classe, de comércio e várias coalizões estão dando início a programas que possam influenciar um comportamento empresarial voltado ao meio ambiente. 6. Códigos internacionais de desempenho ambiental: os "Princípios Valdez", publicados pela Coalization for Environmentally ResponsibleEconomies, e a "Carta do Meio Empresarial pelo Desenvolvimento Sustentável", desenvolvida pela International Chamber of Commerce, estão criando pressões globais para o desempenho ambiental responsável. 7. Investidores: o desempenho ambiental das empresas e o potencial risco financeiro do desempenho fraco (multas, custos de despoluição e custas de processos) ajudarão a determinar o quão atraente serão suas ações para os investidores. 8. Consumidores: os consumidores estão em busca de produtos e serviços que preservem o meio ambiente e se tornando informados o bastante para questionar as campanhas maciças de propaganda ambiental. 9. Mercados globais: a concorrência internacional existe hoje no contexto de uma enorme gama de leis ambientais que não mais permitirão que empresas de países desenvolvidos exportem sua poluição para países em desenvolvimento. 10. Política global e organizações internacionais: uma variedade de organizações e fóruns internacionais exerce uma pressão direta sobre as nações, o que afeta o mundo empresarial. 11. Concorrência: a pressão que se coloca na interseção de todas as outras provém da concorrência e daquelas empresas que estão adotando o desempenho sustentável, reduzindo seus resíduos e custos e descobrindo novos segmentos de mercado. Importante observar que nenhuma pressão existe independente de outras, e todas elas têm um impacto na capacidade de competir. A ampliação do conceito da qualidade (incluindo a qualidade ambiental), a mudança de paradigma (representada pela gestão ambiental) e as pressões para mudança levaram ao questionamento crescimento econômico atual. Surge então o conceito de desenvolvimento sustentável. Desenvolvimento Sustentável
A gestão ambiental tem sido tradicionalmente vista como
um dispendioso impedimento à produtividade. De acordo com Porter (1995), a visão que prevalece ainda é:
Ecologia x Economia
É como se de um lado estivessem os benefícios sociais que
se originam de rigorosos padrões ambientais, e do outro os custos que, neste enfoque, conduzem a altos preços e baixa competitividade. No entanto, Porter reconhece que os padrões ambientais podem desencadear inovações que venham a diminuir o custo total de um produto ou mesmo aumentar o seu valor. As referidas inovações permitem às empresas utilizar suas entradas de forma mais produtiva, compensando os custos de diminuição dos impactos ambientais e acabando com o impasse entre economia e proteção ambiental. Assim sendo, surge o conceito de desenvolvimento sustentável. É importante considerar que o conceito de desenvolvimento sustentável surgiu em 1987, no relatório da Comissão Mundial das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (World Commission on Environment and Development). Os termos de requisição para o desenvolvimento do relatório eram: 1. Propor uma estratégia ambiental de longo prazo para o alcance do desenvolvimento sustentável por volta do ano 2000 em diante. 2. Identificar como as relações entre as pessoas, recursos, ambiente e desenvolvimento poderiam ser incorporados em políticas nacionais e internacionais. A Comissão se concentrou no desenvolvimento sustentável como uma abordagem que utiliza os recursos naturais sem comprometer a capacidade de futuras gerações atenderem às suas necessidades. Isso significa o equilíbrio do crescimento econômico com a proteção ambiental. De acordo com Maimon (1996), o desenvolvimento sustentável é mais do que um novo conceito, é um processo de mudança, no qual a exploração de recursos, a orientação dos investimentos, os rumos do desenvolvimento ecológico e a mudança institucional devem levar em conta as necessidades das gerações futuras. A ênfase na ecologia está na origem do termo sustentável, quando há procura do equilíbrio entre os ritmos de extração que assegurem um mínimo de renovabilidade para o recurso. A ênfase no econômico acarreta na busca de estratégias que visem à sustentabilidade do sistema econômico. A ênfase no social visa criar as condições sócio- econômicas da sustentabilidade, ou seja, o atendimento às necessidades básicas, melhoria do nível de instrução etc. Além disso, o desenvolvimento sustentável não questiona a ideologia do crescimento econômico, que é a principal força motriz das atuais políticas econômicas e, tragicamente, da destruição do ambiente global. O que se rejeita é a busca do crescimento econômico irrestrito, entendido em termos puramente quantitativos, como maximização dos lucros. A nova maneira de fazer negócios para a qual as empresas estão convergindo é o "desempenho sustentável". Este movimento está ocorrendo devido às pressões que estão criando a necessidade de mudança para um desempenho coerente com o desenvolvimento sustentável. Assim, a variável ecológica se faz presente nas organizações empresariais modernas. A partir da década de oitenta houve uma mudança na postura das empresas, ou seja, começaram a serem descartadas algumas das práticas reativas ao meio ambiente. A responsabilidade ambiental passa, gradativamente, a ser encarada como uma necessidade de sobrevivência. A estrutura empresarial voltada para os velhos padrões capitalistas já não serve para um mundo em ritmo de globalização, onde a consciência ecológica está em franco desenvolvimento. As organizações encontram-se frente a uma nova situação. Na visão da empresa apenas como uma instituição econômica, suas preocupações são voltadas quase que exclusivamente para a maximização dos lucros e minimização dos custos. Baumol & Oates (1979, in Maimon, 1996) denominam o referido comportamento como reativo, o qual a empresa responde à sinalização do mercado e à regulamentação dos órgãos de controle ambiental. A empresa vivencia uma contradição entre a responsabilidade ambiental e o lucro. Na visão moderna da empresa, o contexto é muito mais complexo e amplo. Muitas das decisões internas da organização requerem considerações explícitas das influências do ambiente externo, incluindo considerações de caráter social e político que se somam às tradicionais considerações econômicas. As preocupações relativas às questões de proteção ambiental vêm dando resultados, mudando o comportamento das empresas e promovendo um novo modelo de comportamento em âmbito mundial. A empresa que aceita e bem conduz suas responsabilidades ambientais, preservando seu lucro, tem um desempenho sustentável, ou seja, traduz o conceito de desenvolvimento sustentável em práticas empresariais. O desempenho sustentável representa uma nova forma de percepção da empresa como um sistema e redefine as relações tradicionais entre os elementos de insumo, processo de trabalho e produto final. Portanto, as empresas do século XXI têm pela frente novos desafios a serem enfrentados. As tendências que provavelmente farão parte do cenário futuro incluem em sua maioria a questão ambiental. A Gestão Ambiental e os Aspectos Sociais e Culturais
No sentido de mudar o paradigma do
crescimento econômico ilimitado e para atender às pressões por uma maior qualidade ambiental, a gestão ambiental propõe um sistema no qual há a possibilidade de desenvolvimento de uma produção ecologicamente correta, de construção de uma cultura baseada em valores ambientais e, além disso, de que tudo isso seja adaptado à realidade de cada organização. Contudo, é importante observar outra definição de gestão ambiental, qual seja:
tentativa de avaliar valores e limites das
perturbações e alterações que, uma vez excedidos, resultam em recuperação demorada do meio ambiente, e de manter os ecossistemas em condições de absorver transformações ou impactos, de modo a maximizar a recuperação dos recursos do ecossistema natural para o homem, assegurando sua produtividade prolongada a longo prazo. Desta maneira, programar um sistema de gestão ambiental em uma organização implica em alterações em políticas, estratégias, reavaliação de processos produtivos e principalmente, no modo de agir, impactando economicamente. A mudança de comportamento não se refere somente à introdução da ideia de proteção ao meio ambiente nas atividades organizacionais. Na verdade, implica em uma revisão de valores pessoais daqueles que trabalham na organização. Nas organizações, nem sempre gestão ambiental significa um cuidado verdadeiro com o meio ambiente. Em Callenbach (1993) se encontra uma distinção entre administração ambiental e gerenciamento ecológico. É certo, pois, que a primeira significa abordagem defensiva e reativa, exemplificada pelos esforços ambientais reativos e pela auditoria de cumprimento, e o segundo termo implica na abordagem ativa e criativa com o objetivo de minimizar o impacto ambiental e social das empresas, e tomar todas as suas operações tão ecologicamente corretas quanto possível. O novo paradigma parte, então, “do reconhecimento de que os problemas ecológicos do mundo não podem ser entendidos isoladamente, mas sim de forma sistêmica - interligados e interdependentes" (Callenbach, 1993). Reforça esta visão sistêmica Kinlaw (1997):
"um sistema ecológico é o fluxo de matérias ou
informações que partem dos elementos inorgânicos para os elementos vivos e de volta para os primeiros, e assim por diante". Este novo modo de pensar exige uma mudança de valores, passando da expansão para a conservação, da quantidade para a qualidade, da dominação para a parceria. Assim, para que uma organização passe a realmente trabalhar com "gestão ambiental" ou com "gerenciamento ecológico", ela deve, inevitavelmente, passar por uma mudança em sua cultura empresarial, por uma revisão de seus paradigmas. Na visão do gerenciamento ecológico, as preocupações sociais e ambientais não devem competir. Se as questões sociais, trabalhistas ou culturais parecerem conflitar com a pauta ambiental, a empresa pode estar no caminho errado. A gestão ambiental inclui não só a preocupação com o meio ambiente enquanto recursos naturais, mas também uma relação de respeito com a sociedade, a qual cada vez mais mostra-se mais consciente quanto à questão ambiental. A pressão também é um dos fatores que leva as empresas à mudança de comportamento. A responsabilidade social das organizações cresce no contexto de mudança de valores na sociedade. Essas mudanças incluem a responsabilidade com a sociedade, a fim de resolver alguns de seus problemas sociais, muitos dos quais as próprias organizações ajudaram a criar. Donaire (1995) diz sobre o contrato social entre empresa e sociedade, ou seja, a sociedade dá à organização a liberdade de existir e trabalhar por um objetivo legítimo. O pagamento dessa liberdade é a contribuição da empresa com a sociedade, sem se esquecer da Constituição Federal e seu artigo 170. Continuando a ideia de Donaire (1995) sobre os termos deste contrato, estão permanentemente sendo reavaliados de acordo com as modificações que ocorrem no sistema de valores da sociedade. Dentre as mudanças mais evidentes atualmente, no que se refere à questão ambiental, é a percepção de que crescimento econômico não está necessariamente relacionado ao progresso social. A Gestão Ambiental e os Aspectos Ambientais Ligados ao Aproveitamento de Recursos Naturais
A gestão ambiental tende a significar uma
mudança de comportamento frente ao meio ambiente, em termos de responsabilidade e consciência, que vai além do ambiente da empresa. O sistema de gestão ambiental adotado por cada organização pode impulsionar uma mudança cultural como também aumentar a competitividade. Importa agora saber o destino dos recursos naturais. O manejo adequado e preventivo do campo, além de melhorar o seu potencial produtivo, pode beneficiar o solo e, consequentemente, todo o sistema de produção pecuária. “Essa é uma nova forma de enxergar o campo nativo, não apenas como alimento para os rebanhos, mas como provedor de outros serviços ambientais”, diz o pesquisador Leandro Volk, da Embrapa Pecuária Sul (Bagé/ RS), doutor em Ciência do Solo. Volk e outros pesquisadores observam possíveis contribuições do campo nativo e do sistema radicular para o ambiente e destaca que metodologias de pesquisa estão sendo desenvolvidas para avaliar com maior precisão o comportamento das raízes das espécies forrageiras nativas. “Há indícios de que o correto manejo do campo nativo leva a uma alteração também da dinâmica do sistema radicular, o que pode determinar maior acúmulo de carbono orgânico, mais resistência à compactação pelo pisoteio dos animais e mais atividade biológica. Além disso, o aumento de matéria vegetal no solo lhe garante maior porosidade, permitindo a infiltração de água, uma vez que as raízes que morrem deixam o caminho livre para essa infiltração”, explica o referido pesquisador. Observa também que quanto maior o volume de solo ocupado pelas raízes ativas, maior a disponibilidade de nutrientes, além de maior eficiência no aproveitamento da água disponível no solo, garantindo assim mais resistência das plantas aos períodos de seca. O aproveitamento dos recursos naturais mostrou-se como o desafio mundial em 2012 na Rio+20. A palestra de Jose Luis Samaniego, diretor de Desenvolvimento Sustentável e Assentamentos Humanos da Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe, da ONU), realizada na Rio+20, foi uma aula sobre a relação entre utilização consciente de recursos naturais e crescimento econômico. José Luciano Penido, presidente do Conselho de Administração da Fibria, abriu a conversa dando como contexto a limitação de recursos naturais. “Antes, as nações consideradas desenvolvidas eram as que possuíam recursos naturais em abundância. Mas, com o intenso consumo acima da capacidade de produção natural e de renovação, isso mudou. O consumo é maior que a produtividade em países desenvolvidos e até mesmo em desenvolvimento, como China e Índia”, afirmou. “A dúvida que permeia esse debate, hoje, é se é melhor para um país dispor de recursos naturais suficientes e exportá-los ou focar-se no desenvolvimento industrial.” Ele citou como exemplo a Coréia, que não dispõe de muitos recursos naturais, mas tem se mostrado uma economia vencedora pelo aproveitamento industrial com aquisição de matéria-prima de outras nações e seu melhor aproveitamento. Também pontuou o desafio de mitigar o impacto das mudanças climáticas em recursos como água e solo. Penido perguntou para a plateia se o padrão de consumo dos presentes está adequado aos limites do planeta. A maioria respondeu que ainda não, mas está se adequando. Samaniego esclareceu: “O olhar individual não permite dizer se o consumo de cada um está no limite. Mas o olhar amplo leva a crer que é necessário estabelecer políticas de consumo que permitam direcionar o modo de vida a um modelo mais sustentável. (...) Os padrões econômicos e as políticas de desenvolvimento e produção devem ser consistentes e estar integrados para que haja um melhor aproveitamento de recursos naturais. Para isso, o desenvolvimento de tecnologia verde e a boa administração de tributos são fundamentais. O índice de produtividade não pode estar baseado apenas em estatísticas”. A Gestão Ambiental e o Ambiente Empresarial
O maior desafio mundial do próximo milênio é
fazer com que as forças de mercado protejam e melhorem a qualidade do ambiente, com a ajuda de padrões baseados no desempenho e uso criterioso de instrumentos econômicos, num contexto harmonioso de regulamentação. Esse novo contexto econômico se caracteriza por uma rígida postura dos clientes voltada à expectativa de interagir com organizações que sejam éticas, com boa imagem institucional no mercado e que atuem de forma ecologicamente responsável. Diante de tais transformações econômicas e sociais, uma indagação poderia emergir. A questão ambiental e ecológica não seria um mero surto de preocupações passageiro que demandariam medidas com pesado ônus para as empresas que a adotarem? Pesquisa recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Ibope mostra o contrário, revelando que 68% dos consumidores brasileiros estariam dispostos a pagar mais por um produto que não agredisse o meio ambiente. Dados obtidos diuturnamente evidenciam que a tendência de preservação ambiental e ecológica por parte das organizações deve continuar de forma permanente e definitiva onde os resultados econômicos passam a depender cada vez mais de decisões empresariais que levem em conta que: a) Não há conflito entre lucratividade e a questão ambiental; b) O movimento ambientalista cresce em escala mundial; c) Clientes, comunidade passam a valorizar cada vez mais a proteção do meio ambiente; d) A demanda e, portanto, os faturamentos das empresas passam a sofrer cada vez mais de pressões e a depender diretamente do comportamento de consumidores que enfatizarão suas preferências para produtos e organizações ecologicamente corretas. Para compreendermos melhor a gestão ambiental e o ambiente empresarial importante é se voltar à concepção das organizações sobre gestão ambiental. Neste sentido: O gerenciamento ambiental pode ser concebido pelas organizações de várias formas, dependendo da sua Visão Empresarial. Desta forma, questões como controle da poluição, conflitos sociais, qualidade de vida, consumidores, aspectos legais etc., serão tratados em sua estratégia de acordo com o seu nível de entendimento. Para se avaliar o nível de comprometimento de uma empresa com os fatores de natureza ambiental, é preciso compreender os requisitos que fundamentam os seus objetivos a alcançar por meio do desdobramento estratégico, de acordo com a seguinte relação: i. Estratégia e Consciência Interna ii. Recursos Necessários e Consistência com o ambiente iii.Tecnologias Necessárias e Adequação aos recursos disponíveis iv. Estrutura Organizacional Adequada e Graus satisfatórios de risco v. Direção das Operações e Horizonte de Tempo adequado vi. Avaliação dos resultados e operacionalização da estratégia. O Sistema de Gestão Ambiental deve estar consciente de sua responsabilidade no sentido de poder fazer realizar o planejamento dos recursos necessários para atingir as metas (recursos materiais, humanos, financeiros etc.), o gerenciamento dos resíduos, o seu devido monitoramento por meio de sua classificação, as alternativas técnicas etc., além de estabelecer padrões de controle de qualidade ambiental. Deve-se então desdobrar os preceitos do desenvolvimento sustentável para dentro da empresa e estabelecer, a partir deste ponto, o que de acordo com KINLAW (1997) pode ser definido como o comprometimento real com os princípios de uma gestão integradora e organizadora, ressaltando suas responsabilidades sociais e ambientais. Essas ações e atividades organizacionais devem ser remodeladas a partir da concepção do desempenho sustentável, pois tal concepção é fundamentada na necessidade de: a) Uma premissa que descreve claramente por que o desempenho competitivo e o desempenho ambiental não podem estar em conflito; b) Um plano para as organizações usarem ao comunicar a todas as partes interessadas (ambiente interno e externo) como pretendem trabalhar pelo meio ambiente, pela lucratividade e pela própria sobrevivência; c) Um guia do planejamento estratégico ecológico; d) Uma ferramenta de avaliação. Para BACKER (1997), a falta de cultura das organizações em relação às questões ambientais se dá pelo desconhecimento de três questões essenciais:
1. Saber explicar as necessidades em matéria de defesa
ou melhoria do ambiente: o ambiente é um sistema interativo e complexo que só pode ser aprendido por meio da abordagem interdisciplinar. Mas, para tanto, é necessário que os atores externos possam expressar suas necessidades às organizações e esta seja capaz de traduzi- las para seu sistema de gestão e produção. 2. Dispor de ferramentas de gestão ambiental: é necessário que estas ferramentas existam, sejam testadas e possam ser ensinadas e disseminadas em todos os setores da organização. é preciso também saber negociar o ecossistema que ela contribui para criar, pois ninguém possui o monopólio do meio ambiente. Isto vale tanto para as organizações quanto para os responsáveis das comunidades locais e grupos de pressão ecológica. 3. As decisões tomadas por cada um deles, que geralmente comprometem toda a sociedade, moldam o ecossistema por várias gerações. O mínimo que se pode pedir aos responsáveis políticos é que sejam capazes de negociar as suas decisões. Aprender a viver com o ecossistema e dentro dele tornou-se uma prioridade absoluta para as autoridades.