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XV CURSO DE PÓS-LICENCIATURA DE ESPECIALIZAÇÃO EM

ENFERMAGEM DE REABILITAÇÃO
XI CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM DE REABILITAÇÃO

ANA RITA PEREIRA TORRES


INÊS CATARINA DAMÁSIO ABALROADO
JOANA RITA VIDAL FRANCISCO SIMÕES
PATRÍCIA DANIELA SILVA COELHO
PEDRO MIGUEL RASTEIRO TARRAFA GASPAR

AUTONOMIA, CAPACIDADE E INCAPACIDADE: ABRANGÊNCIA DOS


CONCEITOS E SUA INTERPRETAÇÃO EM CUIDADOS DE SAÚDE E
REABILITAÇÃO

Coimbra, 26 de março de 2021


XV CURSO DE PÓS-LICENCIATURA DE ESPECIALIZAÇÃO EM
ENFERMAGEM DE REABILITAÇÃO
XI CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM DE REABILITAÇÃO

ANA RITA PEREIRA TORRES


INÊS CATARINA DAMÁSIO ABALROADO
JOANA RITA VIDAL FRANCISCO SIMÕES
PATRÍCIA DANIELA SILVA COELHO
PEDRO MIGUEL RASTEIRO TARRAFA GASPAR

AUTONOMIA, CAPACIDADE E INCAPACIDADE: ABRANGÊNCIA DOS


CONCEITOS E SUA INTERPRETAÇÃO EM CUIDADOS DE SAÚDE E
REABILITAÇÃO - Da representação social às teorias e modelos de
cuidados, um olhar de estudantes de mestrado e pós-licenciatura em
enfermagem de reabilitação

Trabalho realizado no âmbito da Unidade


Curricular de Fundamentos de Enfermagem
de Reabilitação, sob orientação pedagógica
do Professor Doutor Henrique Nunes.

Coimbra, 26 de março de 2021


ABREVIATURAS E SIGLAS

AVD’s - Atividades de Vida Diárias

CIF - Classificação Internacional de Funcionalidade

DGS - Direção Geral da Saúde

EEER - Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação

ICN - International Council of Nurses

OE - Ordem dos Enfermeiros

OMS - Organização Mundial de Saúde

RNCCI - Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados

TNF - Tabela Nacional da Funcionalidade

WHO - World Health Organization


LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Distribuição da amostra por faixa etária ...................................................... 29

Figura 2 - Locais de desempenho profissional ........................................................... 29

Figura 3 - Conceito que melhor reflete a missão da Enfermagem de Reabilitação e o


desígnio do EER ......................................................................................................... 32
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Frequência dos termos associados ao conceito de Autonomia.................. 30

Tabela 2 - Frequência dos termos associados ao conceito de Capacidade................ 31

Tabela 3 - Frequência dos termos associados ao conceito de Incapacidade ............. 32


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11
1 – AUTONOMIA, CAPACIDADE E INCAPACIDADE ............................................... 13
1.1 – AUTONOMIA, CAPACIDADE E INCAPACIDADE E OS CUIDADOS DE SAÚDE E
DE REABILITAÇÃO .................................................................................................... 16
2 – AS TEORIAS E MODELOS DE CUIDADOS DE SAÚDE E DE REABILITAÇÃO E
AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ............................................................................ 19
2.1 – O OLHAR DE ESTUDANTES DE PÓS-LICENCIATURA E MESTRADO EM
ENFERMAGEM DE REABILITAÇÃO ......................................................................... 27
CONCLUSÃO ............................................................................................................ 37
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 38

APÊNDICES

APÊNDICE I - Formulário remetido para os estudantes do X Curso de Mestrado/XIV


Curso de Pós-Licenciatura de Especialização em Enfermagem de Reabilitação e para
os Enfermeiros Especialistas em Reabilitação
INTRODUÇÃO

Os Enfermeiros na sua prática diária de cuidados procuram, ao longo do ciclo vital das
pessoas, prevenir a doença e promover processos de readaptação com vista à máxima
independência nas atividades de vida diária (AVD’s). Têm, desta forma, um papel
preponderante junto das pessoas que transitam de um estado de autonomia para um
estado de dependência (Faria, 2014).

De acordo com o Internacional Council of Nurses (2013), autonomia é um “direito do


cliente: status de autogovernação e auto-orientação” (p.38). O termo autonomia é
definido pelo dicionário da língua portuguesa como “liberdade moral ou intelectual”
(Dicionário Priberan, 2021). De facto, a autonomia diz respeito à habilidade percebida
para controlar e lidar com as situações e tomar decisões sobre o quotidiano, de acordo
com as próprias preferências e regras. As várias concetualizações de autonomia dizem
respeito à oportunidade que é dada ao indivíduo para decidir sobre a sua própria vida
(Couto, 2012).

A capacidade, de acordo com o dicionário da língua portuguesa, define-se como


“aptidão”; “competência”; “talento”; “faculdade que torna apto” (Dicionário Priberan,
2021). Compreende a habilidade de realizar tarefas básicas, a preservação das
atividades mentais e uma integração social adequada e pode ser determinada por
múltiplos fatores (Litvoc & Brito, 2004). Já a incapacidade, é definida pelo dicionário de
língua portuguesa como “falta de capacidade”; “inaptidão”; “inabilidade” (Dicionário
Priberan, 2021).

A definição destes conceitos revela-se bastante redutora e possui na realidade um


sentido muito mais lato, tendo em consideração o seu conteúdo e a sua importância
para a Enfermagem de Reabilitação.

Desta forma, com a realização deste trabalho pretende-se analisar os conceitos de


autonomia, capacidade e incapacidade e a sua relação/interpretação em cuidados de
saúde, particularmente no domínio da Enfermagem em Reabilitação e refletir sobre
estes conceitos à esfera da representação social, teorias e modelos de cuidados. Para
a sua concretização recorreu-se a pesquisa bibliográfica e revisão da literatura nacional
e internacional, tendo em consideração o tema em estudo. Paralelamente foi elaborado
um formulário e disponibilizado via eletrónica (online, num formato Google Forms), a

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dez estudantes a frequentar o X Mestrado/ XIV Curso de Pós-Licenciatura em
Enfermagem de Reabilitação (da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra) e a dez
enfermeiros a exercer funções como Enfermeiros Especialistas em Enfermagem de
Reabilitação (EEER). Foram incluídos na amostra EEER por forma a aferir se a
experiência profissional na área trazia novos contributos para a reflexão nesta temática.
Foram respeitadas responsabilidades formais e éticas, garantindo total informação
acerca do objetivo e âmbito do estudo, anonimato e a participação voluntária.

O presente documento foi realizado no âmbito do Curso de Mestrado e Pós-Licenciatura


em Enfermagem de Reabilitação da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra,
integrado na Unidade Curricular de Fundamentos de Enfermagem de Reabilitação, sob
orientação pedagógica do Professor Doutor Henrique Nunes.

Este trabalho encontra-se dividido em duas partes: inicialmente apresenta-se uma


contextualização dos conceitos gerais de autonomia, capacidade e incapacidade e são
relacionados os conceitos supracitados com os cuidados de saúde e de reabilitação.
Segue-se um capítulo referente às representações sociais e teorias e modelos
subjacentes aos cuidados de saúde e de reabilitação, onde é feita uma breve reflexão
sobre os conceitos-chave à luz das representações sociais/teorias e modelos e a
confrontação destes com os resultados obtidos com a aplicação do formulário.

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1 – AUTONOMIA, CAPACIDADE E INCAPACIDADE

A palavra “Autonomia” deriva do grego antigo autónomos, uma junção de “auto”, que
significa de si mesmo, e “nomos”, aquele que estabelece as suas próprias leis. É uma
palavra associada à liberdade de decisão e às capacidades das pessoas construírem
os seus próprios percursos de vida. Em saúde, a autonomia surge como um conceito
central.

Em 1986, da 1ª Conferência Internacional sobre promoção da saúde, em Ottawa,


Canadá, emerge o conceito de “promoção da saúde” como um
processo que visa aumentar a capacidade dos indivíduos e das comunidades
para controlarem a sua saúde, no sentido de a melhorar. Para atingir um estado
de completo bem-estar físico, mental e social, o indivíduo ou o grupo devem
estar aptos a identificar e realizar as suas aspirações, a satisfazer as suas
necessidades e a modificar ou adaptar-se ao meio (Direção Geral de Saúde,
1986, p. 2).

O indivíduo aspira satisfazer as suas necessidades e entende a saúde como um recurso


para a vida e não como uma finalidade. As capacidades físicas, bem como os recursos
sociais e pessoais são essenciais para o completo bem-estar. Pode-se assim dizer que
a promoção da saúde procura a autonomia da pessoa e da comunidade em que está
inserida (Fleury-Teixeira et al., 2008).

Litvoc e Brito (2004) consideram que a capacidade inclui a habilidade de executar


tarefas físicas básicas, a preservação das atividades mentais e uma integração social
adequada. É determinada por múltiplos fatores, como por exemplo, o tipo de patologia
e fatores socioeconómicos. A reabilitação surge como uma prática com base técnico-
científica organizada e previamente planeada. É um processo complexo que deve ser
objetivado a curto prazo e envolve a família e a comunidade.

Guerreiro (2019) refere que capacitar consiste num “processo multidimensional" que
“envolve o conhecimento, a decisão e a ação, nos domínios cognitivo, físico e material”
(p. 18). Ainda segundo a mesma autora, “a capacitação a nível pessoal, refere-se nas
atividades de vida diárias que asseguram as condições básicas (comer, beber, mover-
se, entre outras)”. Por sua vez, “as atividades instrumentais da vida diária (por exemplo:
usar o telefone e cozinhar), por outro lado, são atividades mais complexas, que visam a

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integração na comunidade”. Este conjunto de atividades, de acordo com Marques-Vieira
e Sousa (2017) citado por Guerreiro (2019, p. 18) são indicadores de autonomia e
independência. Estes conceitos são fundamentais para a enfermagem, constituindo-se
como fenómenos centrais na objetividade do trabalho dos EEER.

A World Health Organization – WHO (2002) refere que o conceito de autonomia está
relacionado com a capacidade de controlar as situações, lidar com os acontecimentos
e decidir mediante as regras pessoais e as próprias preferências. Pode ser também
entendido como a capacidade de concretizar atividades sem ajuda de outra pessoa.
Está intimamente ligado aos conceitos de independência/dependência, mas na
realidade têm significados distintos. Uma pessoa é dependente quando se constata a
sua incapacidade para satisfazer as suas necessidades de autocuidado (Sequeira,
2010). No entanto, uma pessoa pode ser independente e não ser autónoma (por
exemplo: a pessoa com demência) ou ser autónomo e ser dependente (por exemplo:
uma pessoa vítima de Acidente Vascular Cerebral com défice motor sem sequelas
neurológicas, com capacidade cognitiva preservada).

Deste modo, segundo Leão e Neto (2018), a pessoa é autónoma quando


dispondo das informações necessárias e adequadas (autonomia informativa), a
propósito das suas possíveis opções e de acordo com as suas funcionalidades
e habilidades (autonomia funcional), as suas condições internas (autonomia
governativa) e as circunstâncias externas (autodeterminação), mesmo que tenha
de socorrer-se de um sistema de apoio (autonomia capacitiva), decide em
conformidade (autonomia deliberativa), agindo, por comissão ou omissão, por si
ou através de outros (autonomia representativa), de acordo com a sua livre
vontade, desejos e interesses, ainda que previamente manifestados (autonomia
prospetiva), manifestando esta por qualquer meio de transmissão (autonomia
comunicativa) (p.69).

Num contexto holístico, a saúde de uma pessoa não é somente definida pelas patologias
que ela tem ou pela sua integridade física. Um fator determinante é a independência
nas suas atividades de vida diária, ou seja, a sua funcionalidade (Machado, Machado,
& Soares, 2013).

Para Alves, Leite, e Machado (2008), a definição de incapacidade envolve vários


conceitos como patologia, limitação, deficiência e desvantagem. É um conceito que tem
evoluído bastante nas últimas décadas e neste momento está intimamente ligado ao
declínio funcional e à possibilidade da pessoa viver de forma independente, cuidando
de si própria e das suas coisas, conferindo-lhe um caráter multidimensional. Para

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caracterizar essas situações é necessário obter informações detalhadas sobre os
aspetos físicos, cognitivos e emocionais de cada indivíduo. A incapacidade funcional
surge assim como o desempenho físico definido pela necessidade que a pessoa tem de
ajuda para executar as suas tarefas diárias básicas ou mais complexas para ter uma
vida independente na comunidade. Torna-se num fator indicador de incapacidade em
si.

A incapacidade funcional é difícil de operacionalizar. Alguns autores referem que pode


ser medida através de escalas de dificuldade e dependência, que assumem diferentes
graus que determinam se uma pessoa necessita de assistência para realizar
determinada atividade (Alves, Leite, & Machado, 2008).

Em 2004 surge a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde,


conhecida como CIF. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o seu
objetivo “é proporcionar uma linguagem unificada e padronizada, assim como uma
estrutura de trabalho para a descrição da saúde e de estados relacionados com a saúde”
(2004, p. 7). Nesta classificação são definidos os componentes da saúde e do bem-
estar, que podem ser considerados domínios da saúde e domínios relacionados com a
saúde. São descritos com base no indivíduo, na sociedade e na perspetiva do corpo,
dividindo-se em duas listas básicas: funções e estruturas do corpo e as atividades e
participação. A funcionalidade surge como o conjunto das funções do corpo, as
atividades e a participação do indivíduo nas mesmas. Relaciona também os fatores
ambientais, permitindo ao utilizador registar perfis úteis da funcionalidade, incapacidade
e saúde dos indivíduos em vários domínios (OMS, 2013).

Esta classificação veio trazer uma nova visão, uma forma de ver a funcionalidade, mais
coerente e integradora, com diferentes perspetivas da saúde, nomeadamente nos
campos biológico, individual e social. Os seus componentes interligam-se e dão origem
a um modelo multidimensional, multidirecional e dinâmico. Permite inverter a
compreensão da incapacidade a partir da doença, relacionando o ambiente, a
incapacidade e o estado de saúde. Há um reconhecimento do papel fundamental do
meio em que o indivíduo está inserido, não só físico, mas também social e de atitudes.
Permite identificar dados fundamentais sobre a funcionalidade e a incapacidade de um
modo consistente e reconhecido internacionalmente, conduzindo a alterações nas
políticas de saúde a nível mundial. É cada vez mais reconhecida por profissionais de
saúde, principalmente na área de reabilitação (Nubila, 2010).

A enfermagem de reabilitação é um modo particular de cuidar na profissão de


enfermagem. O seu objetivo é maximizar o potencial funcional de cada pessoa,

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promovendo a sua independência, e melhorando a sua função e aumentando a
autoestima e a sensação de bem-estar. Os saberes destes profissionais traduzem-se
em ganhos efetivos em saúde, promovendo também a prevenção de complicações
secundárias.

1.1 – AUTONOMIA, CAPACIDADE E INCAPACIDADE E OS CUIDADOS DE SAÚDE E


DE REABILITAÇÃO

O Autocuidado é um domínio importante e central para a Enfermagem e, muito


concretamente, para a Enfermagem em Reabilitação. Segundo Petronilho (2012) o
autocuidado está associado a autonomia, independência, responsabilidade, higiene
pessoal e aceitação. Neste sentido, o autocuidado constitui-se como um fenómeno
complexo e multidimensional. Pode ser concetualizado como um processo de saúde e
de bem-estar dos indivíduos, inato, mas também aprendido, na perspetiva da
capacidade de estes terem vontade, iniciativa, motivação, responsabilidade e intervirem
positivamente em todo o processo de reabilitação como potencial para os processos de
saúde e doença. Portanto, pressupõe que os indivíduos sejam capazes de dar resposta
aos requisitos do autocuidado, com ou sem auxílio dos profissionais de saúde. Segundo
Orem (2001), é denominado autocuidado básico e manutenção da vida.

A Enfermagem, de acordo com a Ordem dos Enfermeiros (OE), visa a “promoção dos
projetos de saúde que cada pessoa vive e persegue” (2001, p.8), sendo que o
enfermeiro capacita o outro ou grupo para “aperfeiçoar uma forma de vida, prevenir a
doença e promover os processos de readaptação após a doença, ao longo da vida”,
(OE, 2001, pp.8-9). É no domínio do autocuidado que, o enfermeiro capacita a pessoa
com dependência, maximizando o seu bem-estar e permite a sua reinserção social,
complementa as atividades de vida, dotando-o com alternativas face à deficiência ou
educando o seu cuidador quando a pessoa é totalmente incapaz de o fazer (OE, 2002).

A WHO (2017) defende que a reabilitação aborda uma condição de saúde na vida
quotidiana de uma pessoa, otimizando a sua capacidade funcional e minimizando a sua
incapacidade. Desta forma, expande o foco da saúde para além dos cuidados
preventivos e curativos, garantindo que as pessoas com alteração da sua condição
física e/ou intelectual possam permanecer o mais independentes possível, participando
de forma ativa no seu trabalho e em todos os papéis significativos da sua vida. Qualquer
pessoa pode necessitar de reabilitação em algum momento da sua vida, seja por

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doença, por traumatismo ou por diminuição da capacidade relacionada com o
envelhecimento. A mesma entidade reconhece que a necessidade de reabilitação é
cada vez maior e que neste momento é pouco valorizada. Define reabilitação como “um
conjunto de intervenções destinadas a otimizar a funcionalidade e reduzir a
incapacidade em indivíduos com problemas de saúde em interação com o seu
ambiente”.

Atendendo ao domínio de competências definidas pela OE para o Enfermeiro e para o


EEER é explícito que estes são elementos essenciais nas equipas cujas intervenções
se centram na promoção da autonomia e independência no autocuidado (OE, 2010; OE,
2012). Dotado de competências técnico-científicas, o EEER reabilita as pessoas em
qualquer fase do ciclo de vida, quer na doença aguda, como na crónica, de modo a
maximizar o seu potencial, reestruturar a sua funcionalidade e deste modo permitir a
sua independência e autonomia (OE, 2011).

O Autocuidado para Theuerkauf (2000) “é mais do que um grupo de capacidades


aprendidas. É um adquirir a capacidade de funcionar eficazmente após um acidente ou
doença e assumir a responsabilidade pelos cuidados de saúde pessoais” (p.173). É um
indicador de qualidade sensível aos cuidados de enfermagem, com vista a melhorar a
qualidade de vida, prevenir a doença e dotar a pessoa com incapacidade com um
conjunto de técnicas adaptativas ao meio em que vive onde os enfermeiros têm um
papel decisivo e insubstituível (Petronilho, 2012). A situação de doença, em qualquer
etapa da vida, muitas vezes acarreta a dependência física e a fragilidade mental. O que
a pessoa fazia espontaneamente e em privado como o banho, higiene, vestir-se, despir-
se, altera-se, conduzindo a outras necessidades, onde a liberdade de escolha e a
necessidade de autonomia e a privacidade, ficam condicionadas (Collière, 1989;). O
indivíduo idoso pelo processo natural de envelhecimento e comorbidades tem uma
maior probabilidade face à situação de dependência. O EEER, para além da promoção
do autocuidado e recuperação da sua situação clínica, assume também um papel crucial
na prevenção da doença.

O conceito de dependência é preconizado, no Decreto-Lei nº 101/2006 no seu artigo 3º,


alínea h), referente à criação da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados
(RNCCI), como uma situação em que se encontra a pessoa que, por défice físico,
emocional ou cognitivo, devido a doença, demência, acidente, deficiência, doença
severa e ou incurável em fase avançada, ausência ou coeso apoio familiar, não
consegue, realizar as AVD's de forma independente.

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O grau de independência é definido por Santos (2002, p. 49) como o “alcançar de um
nível aceitável de satisfação das suas necessidades, através de ações adequadas que
o indivíduo realiza por si mesmo, sem ajuda de outra pessoa”. Quando a pessoa
apresenta limitações nas AVD’s, apresenta uma dependência face ao seu autocuidado,
necessitando de ajuda de alguém (Orem, 2001). Meleis e seus colaboradores (2000,
2007, 2010) desenvolveram uma teoria de médio alcance sobre as diferentes vivências
que as pessoas presenciam face aos processos de transição. Estas transições podem
desenrolar-se face a um processo natural, de envelhecimento, ou transição de saúde
doença com génese patológica ou acidental.

Autonomia refere-se à “capacidade de cada um para cuidar de si, a capacidade de


adaptação ao meio e ser responsável pelas suas acções” (Sequeira, 2010a, p. 4). O
conceito de autonomia baseia-se na capacidade de tomar decisões. A autonomia
significa que a pessoa consegue executar o seu autocuidado, englobando a sua
capacidade funcional e cognitiva. Ainda segundo o mesmo autor, a autonomia é a
“capacidade da pessoa para gerir a sua própria vida” (p.5). Os conceitos de autonomia
e independência, embora diferentes, estão interligados.

De acordo com a WHO (2002), a independência é a capacidade que o indivíduo possui


para realizar tarefas sozinho, sem a necessidade de ajuda de terceiros. O conceito de
independência, aparece interligado à impossibilidade de não realização das atividades
quotidianas, devido à sua condição física, cognitiva ou mental. A “independência está
relacionada com a capacidade de desempenho de atividades vida diárias e de
autocuidado”, Sequeira (2010b, p. 5). Os EEER devido à sua capacidade de escuta e
de interajuda possuem competências além da reabilitação funcional. Augusto, Silva, e
Ventura (2009) referem que estes profissionais, no seu campo de atuação, visam a
recuperação, a readaptação, o autocontrolo, minimização do stress e angústias do
cliente e do cuidador informal, maximizando as suas potencialidades. O fato de serem
enfermeiros permite a atuação em qualquer meio, satisfazendo as necessidades globais
e a sua especialização permite requintar os cuidados gerais com intervenções
específicas e complexas. Hoeman (2000), refere que o enfermeiro de reabilitação tem
como competência ensinar, instruir, treinar, motivar, dar segurança aos familiares e
clientes nas suas atividades diárias para níveis mais elevados de independência e
autonomia.

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2 – AS TEORIAS E MODELOS DE CUIDADOS DE SAÚDE E DE REABILITAÇÃO E
AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Os modelos e as teorias de enfermagem contribuem para o desenvolvimento do


conhecimento em enfermagem, orientando as investigações no sentido do
desenvolvimento da disciplina e, consequentemente, da prática. Os profissionais de
enfermagem têm investido muito no seu desenvolvimento, no sentido da melhoria dos
cuidados prestados aos doentes através da educação, da prática e da investigação.

O modelo assistencial da enfermagem de reabilitação é considerado por Leite e Faro


(2005), como educativo, preventivo e dinâmico. Consegue ensinar a família e o utente,
quer na melhoria funcional, através da transmissão de conhecimentos sobre exercícios
e técnicas, mas também sobre as consequências que por exemplo a capacidade
funcional traz. Este modelo é considerado dinâmico, pois terá que negociar com o
utente, para que este integre o plano por vontade, conhecendo os seus estilos de vida,
os hobbies e os seus desejos.

O aumento da esperança média de vida, os avanços técnico-científicos, a prevalência


de doenças crónicas que acarretam dependências elevadas provocam elevados
desafios aos EEER. Rice (2004) refere que o conceito de qualidade de vida e de saúde
terão de sofrer mudanças, “mesmo que o utente tenha uma doença, uma incapacidade
ou esteja a morrer, se se encontra no seu melhor nível de funcionamento, isso constitui,
provavelmente, o estado de saúde otimizado para esse utente” (p. 21).

A funcionalidade e incapacidade encontram-se numa relação dinâmica entre as fases


de saúde (doenças, perturbações, lesões) e os fatores contextuais (ambientais e
pessoais) (DGS, 2004; OMS, 2004). A incapacidade terá de ser vista como uma
restrição à participação social, visto que provoca limitações das atividades, face aos
fatores extrínsecos do meio ambiente, assumindo-se como agentes facilitadores ou
barreiras. A Norma nº 14/2014 de 01 de setembro da DGS, referente à implementação
da Tabela Nacional da Funcionalidade (TNF), mais concretamente a TNF do idoso, para
pessoas com idades superiores a 65 anos como sendo um instrumento de caráter
obrigatório para a RNCCI, a preencher pelo enfermeiro. A linguagem adotada é a CIF e
avalia a funcionalidade, a incapacidade e os fatores contextuais. A funcionalidade e a
incapacidade englobam o corpo, ou seja, as funções dos sistemas orgânicos que são

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os mecanismos fisiológicos, a estrutura do corpo que engloba a estrutura anatómica e
as atividades e participação social. Os fatores contextuais englobam o meio ambiente e
as caraterísticas individuais, pessoais. O meio ambiente deverá ser classificado como
barreira ou facilitador ao indivíduo. A necessidade de cuidados por parte das pessoas
dependentes e idosas aumentaram de forma exponencial nos últimos anos e
continuarão seguramente a aumentar devido ao acréscimo acentuado de idosos com
mais de 80 anos. É, por alguns, denominada de “quarta idade” (Sequeira, 2018, p.5), o
grupo de pessoas onde se concentra a maior parte das situações de dependência. O
aumento da longevidade, os progressos da medicina com maior sobrevivência de
pessoas com doenças e acidentes graves, representa dependências em grau elevado
e dificuldades de apoio informal em função da alteração dos modelos de família.

Simultaneamente, o trabalho desenvolvido por Orem, no final dos anos 60, continua a
ser uma referência nos nossos dias, quer pela importância amplamente reconhecida da
teoria do autocuidado na prestação de cuidados de enfermagem, quer pela sua
relevância no âmbito da enfermagem de reabilitação. Assim, a área do autocuidado
assume uma grande relevância para a disciplina. É entendido, como um dos conceitos
centrais que nos permitem delimitar o core da disciplina e profissão, constituindo um
domínio do saber com uma importância crucial para a qualidade do exercício profissional
dos enfermeiros (Pereira, 2013).

Segundo Tomey e Alligood (2004,) o autocuidado é definido por Orem, como uma
função humana reguladora que os indivíduos possuem, deliberadamente, de
desempenhar por si próprios, ou que alguém a executa por eles, para preservar a vida,
a saúde, o desenvolvimento e o bem-estar. Tem que ser aprendido e executado,
deliberada e continuamente, em conformidade com as necessidades reguladoras dos
indivíduos.

A Teoria de Enfermagem do Défice de Autocuidado engloba três teorias: a Teoria do


Autocuidado, que descreve como e porque as pessoas cuidam de si; a Teoria do Défice
de Autocuidado, que descreve e explica por que razão as pessoas podem ser ajudadas
através dos cuidados de enfermagem; e a Teoria dos Sistemas de Enfermagem, que
descreve e explica as relações que têm de ser mantidas para que se faça enfermagem
(Tomey e Alligood, 2004). O défice de autocuidado traduz “a relação entre as
capacidades de ação dos indivíduos e as suas necessidades de cuidado” (Tomey e
Alligood, 2004, p.218). Desta forma, o défice refere‐se à relação entre as ações que os
indivíduos deveriam desenvolver e aquelas que têm capacidade de desenvolver, no
sentido de manter a vida, a saúde e o bem-estar. A teoria fundamenta-se em cinco
conceitos centrais inter‐relacionados: a ação do autocuidado; a capacidade de

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autocuidado; a necessidade de autocuidado; o défice de autocuidado e a intervenção
enfermagem. Esta última refere‐se à atenção do enfermeiro como compensação ou
ajuda prestada para dar resposta às necessidades de autocuidado da pessoa. Segundo
Tomey e Alligood (2004), de acordo com a Teoria dos Sistemas de Enfermagem, as
intervenções de enfermagem podem ser: totalmente compensatórias (o enfermeiro
concretiza o autocuidado, compensa a incapacidade, apoia e protege o doente);
parcialmente compensatórias (o enfermeiro executa algumas medidas de autocuidado,
compensa as limitações, assiste conforme necessário e regula a atividade de
autocuidado); ou de apoio e educação (o enfermeiro regula o exercício e o
desenvolvimento da atividade de autocuidado). Nesta sequência, quando as
capacidades da pessoa são insuficientes, há a necessidade da intervenção de
enfermagem, variável consoante o grau de incapacidade. Tal insuficiência poderá
decorrer de caraterísticas específicas de saúde ou uma alteração do estado de saúde
que impeça o desenvolvimento das atividades de autocuidado, em benefício próprio,
com o intuito de preservar a vida e o funcionamento saudável e de dar continuidade ao
desenvolvimento e ao bem-estar pessoal.

Para Basto (2014), a experiência humana de saúde resulta da capacidade que cada
pessoa tem para ultrapassar equilíbrios perdidos, e de se adaptar às circunstâncias da
vida, por si só ou com ajuda. A perda do bem-estar não é o aparecimento de doença,
mas sim a incapacidade de recriar o potencial individual. Estes aspetos reportam-nos
para o modelo teórico desenvolvido por Meleis, centrado no conceito de transição,
definido por Chick e Meleis (2010) como a passagem de uma fase da vida, condição ou
estado para outro. É um conceito multidimensional que engloba os elementos do
processo, o intervalo de tempo e as perceções. O intervalo de tempo indica um
fenómeno em curso, mas limitado e a perceção tem a ver com o significado da transição
para a pessoa que a experimenta. Para esta autora, a saúde revela‐se por
consciencialização, “empowerment”, controlo e mestria na vida. A ausência deste
equilíbrio, provocada normalmente por momentos de crise, coloca as pessoas na
iminência de uma transição. Para Meleis (2005), o cliente deve ser perspetivado como
um ser humano com necessidades específicas, em constante interação com o meio
envolvente, e que tem a capacidade de se adaptar às suas mudanças, mas, devido à
doença, risco de doença ou vulnerabilidade, experimenta ou está em risco de
experimentar, um desequilíbrio gerador do processo de transição. Meleis, Sawyer, Im,
Hilfinger Messias, & Schumacher (2000) identifica quatro tipos de transição centrais para
a prática de enfermagem, vividas individualmente pelos utentes ou pelas famílias:
desenvolvimental (associadas a mudanças no ciclo vital); saúde/doença; situacional

21
(relacionadas com acontecimentos que originam alterações de papéis) e organizacional.
Para os mesmos autores, apesar de existir uma tipologia das transições, cada transição
caracteriza-se por ser única, pelas suas complexidades e múltiplas dimensões. Assim
sendo, os enfermeiros, em particular os EEER, devem concentrar-se não apenas num
tipo específico de transição, mas sim nos padrões de todas as transições significativas
na vida individual ou familiar, como forma de integrar a pessoa e a família no processo
de reabilitação. Ainda para Meleis et al. (2000), o conceito de transição remete para uma
mudança do estado de saúde, nos papéis desempenhados pelos clientes, nas
expectativas de vida, nas habilidades ou mesmo na capacidade de gerir as condições
de saúde. As transições com relevância para a enfermagem desafiam o cliente a
incorporar um novo conhecimento e novas habilidades, capazes de modificar
comportamentos e a definição que o cliente faz de si e da sua condição.

Neste contexto, os EEER “dão assistência a pessoas com incapacidades ou com


doenças crónicas, visando obter ou manter o máximo de capacidades funcionais, um
nível de saúde e bem-estar ótimo, um saber lidar efetivo com as mudanças e alterações
das suas vidas” (Hoeman, 2011, p. 1). Para Meleis et al. (2000), as transições são
complexas e multidimensionais, apresentando propriedades como a consciencialização,
o envolvimento, a mudança e diferença, o espaço de tempo e os pontos críticos e
eventos. O nível de consciencialização influencia o nível de envolvimento, pois a pessoa
só pode envolver‐se depois de ter noção da mudança. O nível de envolvimento de uma
pessoa que reconhece as mudanças físicas, emocionais, sociais e ambientais, será
diferente daquela em que tal não acontece (Meleis et al., 2000). Neste âmbito, a
intervenção do EEER desenvolve‐se através de “um processo criativo que começa nos
cuidados preventivos imediatos, no primeiro estádio da doença ou acidente, continua na
fase de recuperação e implica a adaptação de todo o ser a uma nova vida” (Hoeman,
2011, p. 1). Tendo em conta o interesse da enfermagem na saúde, podem identificar‐se
indicadores adicionais, tais como: qualidade de vida; adaptação; capacidade funcional;
auto atualização e transformação pessoal (Meleis et al., 2000).

Deste modo, o EEER avalia a funcionalidade e diagnostica alterações que determinam


limitações da atividade e incapacidades, bem como concebe planos de intervenção com
o propósito de promover capacidades adaptativas, com vista ao autocontrolo e
autocuidado nos processos de transição saúde/doença e ou incapacidade
(Regulamento nº125/2011).

O terceiro domínio da Teoria das Transições consiste nos padrões de resposta. Estes
podem ser indicadores de processo e de resultado. Os indicadores de processo incluem:
sentir‐se e estar ligado, interação, localizar‐se e estar situado, e desenvolver confiança

22
e coping (Meleis et al., 2000). Sentir‐se ligado, nomeadamente aos profissionais de
saúde, aos quais se podem fazer questões e esclarecer dúvidas são outro indicador
importante de uma experiência positiva (Meleis et al., 2000). A interação entre os
diversos elementos envolvidos no processo de transição permite um contexto
harmonioso e efetivo de auxílio, colaboração e ajuda, tornando‐se, igualmente,
indicador de uma transição saudável. Os padrões de resposta, através dos indicadores
de resultado, manifestam‐se pela mestria e pela integração fluida da identidade. A
mestria revela um progresso nas capacidades e competências do indivíduo, que lhe
permitem viver a transição com sucesso. São exemplos de mestria a aquisição de
informação, a procura de sistemas de suporte social, a manutenção ou desenvolvimento
de relações sólidas com outros indivíduos e a aprendizagem de formas de adaptação à
mudança.

Neste contexto, segundo Hesbeen (2003) a reabilitação é um processo global e


dinâmico orientado para a recuperação física e psicológica da pessoa portadora de
deficiência/ limitação, tendo em vista a sua reintegração social. A integração fluida da
identidade está relacionada com a forma como o indivíduo incorpora na sua vida os
novos comportamentos, experiências e competências adquiridas, para uma melhor
adaptação à realidade após a transição (Meleis et al., 2000).

Em síntese, a Teoria das Transições de Meleis permite ao profissional de enfermagem,


em particular ao EEER uma melhor compreensão do processo de transição. Através de
uma visão mais completa e aprofundada, é possível estabelecer orientações para a
prática profissional, permitindo ao enfermeiro pôr em prática estratégias de prevenção,
promoção e intervenção terapêutica face à transição que a pessoa vivencia (Meleis et
al., 2000).

Neste âmbito, o elevado nível de conhecimentos e a experiência acrescida permitem ao


EEER tomar decisões relativas à promoção da saúde, prevenção de complicações
secundárias, tratamento e reabilitação maximizando o potencial da pessoa
(Regulamento nº 125/2011). Assim, a interação enfermeiro/pessoa organiza‐se em
torno de uma intenção que conduz a ação, para promover, restaurar ou facilitar a saúde
(Meleis, 2007). Na orientação da prática de cuidados de enfermagem de reabilitação, o
modelo do autocuidado de Orem e das transições de Meleis revelam‐se estruturantes e
de excelência para a otimização da qualidade do exercício profissional (OE, 2011).

A Teoria da Adaptação de Callista Roy assume-se como outro referencial teórico de


especial importância para a prática de enfermagem de reabilitação. Visa promover a
adaptação do indivíduo em situações de saúde e doença, ou seja, promover a saúde da

23
pessoa, dando oportunidade às respostas adaptativas (Vall, Lemos, & Janebro, 2005).
De acordo com a mesma fonte, este modelo descreve quatro elementos essenciais: a
pessoa (recetor do cuidado de enfermagem), o ambiente (os estímulos do interior da
pessoa e os estímulos em torno da pessoa), a saúde (estado e um processo de ser, de
tornar-se uma pessoa total e integrada) e a meta de enfermagem (reduzir as respostas
ineficientes e promover as respostas adaptativas).

De acordo com Coelho e Mendes (2011), Roy considera a Enfermagem como uma
profissão dos cuidados de saúde centrada nos processos de vida humanos, realçando
a promoção da saúde aos indivíduos, grupos e sociedade como um todo. A pessoa
(indivíduo, família, organizações, comunidades ou sociedade) como um todo encontra-
se exposta a um conjunto de fatores que afetam o desenvolvimento de pessoas ou
grupos, sendo o ambiente em mudança algo que estimula as pessoas a dar respostas
de adaptação. O ambiente é considerado como todas as circunstâncias, condições e
influências que rodeiam e afetam o comportamento da pessoa. A pessoa saudável não
está isenta de situações como a morte, a doença, a infelicidade ou o stress, mas a
capacidade de lidar com estas situações deve ser a mais competente possível. A saúde
é assim, um reflexo de adaptação da interação entre pessoa e ambiente.

À luz de Callista Roy, a pessoa alvo de cuidados é compreendida como um sistema


holístico adaptável que mobiliza os seus recursos intrínsecos, mecanismos reguladores
e mecanismos cognitivos, de quatro modos distintos (fisiológico, autoconceito,
desempenho do papel e interdependência), e que convergem para a sua saúde, para a
sua qualidade de vida e para uma morte com dignidade (Roy & Andrews, 2001).

O modo fisiológico incide na resposta física da pessoa aos estímulos do ambiente,


identificando-se cinco necessidades básicas associadas à integridade fisiológica, como
a oxigenação, nutrição, eliminação, atividade e repouso, e proteção. O autoconceito
envolve especificamente os aspetos psicológicos e espirituais do sistema humano. É
composto pelo ser físico, que envolve a imagem corporal, pelo ser pessoal, que engloba
a autoconsciência, o auto-ideal ou expectativa, e pelo ser ético, moral e espiritual. O
modo de desempenho do papel foca a integridade social inerente aos papéis que a
pessoa assume na sociedade, estando inerentes comportamentos instrumentais e
comportamentos expressivos. As pessoas desempenham papéis primários (determinam
a maioria dos comportamentos tidos pela pessoa numa fase da vida e são determinados
pela idade, sexo ou estadio de desenvolvimento), secundários (assumidos pela pessoa
para cumprir a tarefa associada a um estadio de desenvolvimento ou a um papel
primário) ou terciários (são de natureza temporária e livremente escolhidos pelo
indivíduo), que podem ser levados a cabo por comportamentos instrumentais, que são

24
aqueles em que há um desempenho real e físico do comportamento, ou
comportamentos expressivos que envolvem as emoções, sentimentos atitudes de uma
pessoa perante um papel ou desempenho. Por fim, o modo de interdependência
considera a adequação emocional associada à interação e partilha entre as pessoas.
Neste âmbito importa compreender pessoas significativas ou sistemas de apoio que
contribuem para a satisfação das necessidades de interdependência da pessoa recetora
de cuidados de enfermagem (Roy & Andrews, 2001).

No Modelo de Adaptação de Callista Roy, de acordo com Coelho e Mendes (2011) as


pessoas são consideradas como sistemas abertos, os quais mantêm uma simbiose
contínua com seus ambientes, ocorrendo mudanças internas e externas. As pessoas
estão constantemente sujeitas a estímulos que exigem respostas, que podem ser
respostas adaptativas (se promovem a integridade em termos dos objetivos dos
sistemas humanos como a sobrevivência, o crescimento, a reprodução, formação e a
integração da pessoa no meio ambiente), ou ineficazes (se não contribuem em termos
dos objetivos do sistema humano).

De acordo com Batista, Fully, Martins, Miranda, e Engler (2012) a sistematização da


assistência de enfermagem baseada no modelo de Callista Roy fundamenta o
planeamento e implementação da assistência, contribuindo para
recuperação/adaptação dos utentes à nova realidade, proporcionando uma maior
autonomia no dia-a-dia.

Importa ainda mencionar a Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda


Horta. Esta teoria foi desenvolvida a partir da Teoria da Motivação Humana de Maslow,
que se fundamenta nas necessidades humanas básicas do indivíduo, essenciais à sua
sobrevivência no mundo. Para a autora, as necessidades humanas básicas são estados
de tensões (conscientes ou inconscientes) que resultam dos desequilíbrios
hemodinâmicos dos fenómenos vitais. Para esta, todas as necessidades humanas
estão intimamente inter-relacionadas, uma vez que fazem parte de um todo: o ser
humano. Os aspetos sociais também são abordados, dando inclusive grande relevância
ao EEER na medida em que tem um papel preponderante na motivação para o
autocuidado, propondo planos de acordo com o potencial de cada indivíduo (Vall,
Lemos, & Janebro, 2005).

As representações sociais “constituem modalidades de pensamento prático, orientadas


em direção à comunicação, compreensão e domínio do meio social, material e ideal
(imaginário)” (Jodelet, referido por Carvalho, 2007, p.23). Pretendem transformar algo
estranho em algo familiar.

25
A Teoria das Representações Sociais elaborada por Moscovici (1961/2012), descreve
as representações sociais como formas de conhecimento do mundo socialmente
partilhadas, que permitem dar sentido a fatos novos ou desconhecidos, remetendo ao
imaginário social (Berri, Bousfield, Silva, & Giacomozzi, 2020).

As representações sociais resultam das interações sociais e são mediadas pela


comunicação, na perspetiva de compreensão de uma realidade (Carvalho, 2007). “É a
realidade introjetada, manifestada concretamente” (Carvalho, 2007, p. 23), são formas
através das quais as pessoas exteriorizam sentimentos, pensamentos e aspirações
sobre si mesmos, acerca de outros indivíduos, relações, objetos, sobre o meio mais
imediato e sobre o mundo. De acordo com a mesma fonte, constituem um tipo de saber
elaborado a partir do senso comum, imagens e ideias, conceções e visões do mundo
que os atores sociais têm da realidade.

Também Pereira, Monteiro, e Pereira (2011) referem que as representações sociais


estão associadas aos pensamentos diários e ao conjunto de ideias que dão coerência
às crenças, ideias políticas e às conexões criadas espontaneamente por cada indivíduo.

Vários autores investigam as representações sociais no campo da deficiência e


identificam alguns modelos teóricos que emergem dessas representações, que
permitem explicar as diversas reações sociais para a diversidade humana, biológica e
social. Destacam-se três modelos teóricos: o modelo médico, que considera a
deficiência como resultante de uma doença/condição desviante do organismo; o modelo
social, que assume a deficiência como uma construção social e o modelo
biopsicossocial, que aborda a deficiência como um fenómeno multidimensional, pautada
na relação dialética entre as características intrínsecas do indivíduo e as conceções
sociais (Morgado et al., 2017).

Neste campo, Berri, Bousfield, Silva, e Giacomozzi (2020) relatam que aspetos de
representações sociais relativos ao corpo têm diferenças significativas entre género: de
uma forma geral as mulheres apresentam menor autoestima, menor satisfação corporal
e maior pressão estética por parte social. De acordo com estes autores, entender as
diferenças entre os géneros poderá contribuir para a compreensão das variáveis que
influenciam a formação das representações sociais no contexto do corpo como objeto
social.

De acordo com estes autores, homens com deficiência física são representados de um
modo geral como impotentes e incapazes de amar, enquanto, mulheres com deficiência
física são vistas como passivas, vulneráveis e dependentes, “uma figura frágil e inocente

26
que deve ser resgatada por um homem “capaz”” (Barnes & Mercer, como referido por
Berri, Bousfield, Silva, & Giacomozzi, 2020).

2.1 – O OLHAR DE ESTUDANTES DE PÓS-LICENCIATURA E MESTRADO EM


ENFERMAGEM DE REABILITAÇÃO

A evolução dos conceitos de saúde e enfermagem ao longo dos tempos e a mudança


na própria forma como a sociedade vê os enfermeiros, obriga a uma atualização
constante da profissão. De facto, também a forma como os enfermeiros percecionam a
sua própria disciplina e o entendimento que têm dos desígnios da profissão, repercute-
se na construção da identidade coletiva. Assumindo a vontade de aprofundar
conhecimentos ao ingressar no Curso de Mestrado e Pós-Licenciatura de
Especialização em Enfermagem de Reabilitação, tornou-se premente refletir acerca das
teorias de enfermagem e o seu enquadramento na prática. Este processo critico-
reflexivo constitui-se como uma oportunidade para revisitar, de forma aprofundada e
estruturada, os modelos da prática de cuidados e, daí, fazer emergir uma transformação
catalisadora de mudança e que sustente os cuidados de enfermagem futuros, assentes
em atualidade técnico-científica e adequação ao contexto prático.

Nesta perspetiva de melhoria contínua da qualidade dos cuidados, perceber a


representação social da enfermagem em relação à pessoa dependente é essencial e
terá fortes repercussões na profissão. A área da promoção da autonomia é ampla e
altamente sensível aos cuidados de enfermagem. O próprio Conselho Internacional de
Enfermagem considera o autocuidado como um dos focos principais da profissão, tendo
como alvo de intervenção a pessoa e a família, inseridas no seu meio (Conselho
Internacional de Enfermagem, 2016).

Para Ferreira e Brum (2000), as representações sociais são muito importantes na área
da saúde e, especificamente, na enfermagem, porque permitem que as práticas de
saúde sejam compreendidas nas diferentes dimensões da realidade.

A representação social envolve um conjunto de ideias e explicações em relação a uma


determinada coisa ou situação. Segundo Neves (2002, p.18), “uma representação é
social porque é coletivamente construída e partilhada por um conjunto de indivíduos”
sendo também “um produto das interações e dos fenómenos de comunicação no interior
de um grupo social, refletindo a situação desse grupo, os seus projetos, problemas e
estratégias”. Do mesmo modo, a representação social, segundo Jodelet citado por

27
Christmann, Pavão, & Segatto e Souza (2018), “funciona na mente humana como forma
de ajustamento à realidade social”, permitindo que auxilie “na interpretação da realidade
diária e na maneira como as pessoas enfrentam as diversas situações de vida” assim
como na “tomada de decisão” (p. 1).

No que diz respeito à enfermagem de reabilitação, a representação social surge como


um referencial possível para dar resposta aos problemas que surgem diariamente no
lidar com a incapacidade, para que a pessoa se sinta autónoma e capaz, perfeitamente
integrada na sociedade. Os conhecimentos libertados pelas representações sociais
permitem uma contextualização dos fenómenos e uma interpretação mais correta da
realidade. Desta forma, incrementam valor à prestação dos especialistas de
reabilitação, tendo em conta que as suas vivências e imagem profissional são fruto das
vivências durante a formação e na prática clínica, e repercutem a sua visão do futuro
(Investigação Qualitativa em Saúde, 2018).

No sentido de aferir a perceção acerca da importância dos conceitos e a sua valorização


na praxis da enfermagem de reabilitação, entendemos profícuo para a reflexão, reunir
o contributo direto dos profissionais de enfermagem. Foi criado um formulário
(disponibilizado via eletrónica, em suporte Google Forms) e solicitado o seu
preenchimento a estudantes de Mestrado em Enfermagem de Reabilitação e a EEER.
O mesmo respeitou os princípios éticos de garantia de anonimato, de participação
voluntária e informação do objetivo e âmbito de estudo. O formulário é constituído por
questões fechadas que permitem a caracterização da amostra (género, idade,
desempenho de funções como Enfermeiro Especialista e local de trabalho) e por 4
questões abertas relacionadas com referências conceptuais enquadradoras do core da
disciplina de Enfermagem de Reabilitação (apêndice 1).

Participaram 20 enfermeiros: 10 elementos encontram-se a frequentar o X Mestrado/


XIV Curso de Pós-Licenciatura em Enfermagem de Reabilitação (da Escola Superior de
Enfermagem de Coimbra) e os restantes 10 já concluíram a sua formação e encontram-
se a desempenhar funções como EEER. A amostra é maioritariamente do género
feminino (70%) e distribuída pelas diferentes faixas etárias, como se apresenta na figura
1.

28
Figura 1 - Distribuição da amostra por faixa etária

Relativamente aos locais de desempenho profissional, verifica-se grande


heterogeneidade no que respeita aos inquiridos, como se pode visualizar na figura 2.
Analisamos que em 20% da amostra, o contexto assistencial é nos Cuidados de Saúde
Primários; dos restantes, 30% desenvolvem a sua prática em serviço de Medicina, 25%
em Neurocirurgia,15% em Cirurgia e, com menor expressão, em contexto de Cuidados
Intensivos, Ortotraumatologia, Queimados e Urgência (cada um destes correspondendo
a 5% da amostra).

Figura 2 - Locais de desempenho profissional

Analisando as respostas às questões de carácter aberto, entendemos mais


esclarecedor apresentá-las sob formato de tabela, evidenciando a frequência dos
termos referidos/associados pelos participantes (Tabela 1).

No que respeita ao conceito “Autonomia”, este foi associado aos termos


“Independência”, em 14 referências, a “Capacidade de decisão/Autodeterminação” em
6, a “Liberdade” em 4 e, em menor expressão aos conceitos “Funcionalidade”,

29
“Capacidade”, “Autocuidado”, “Bem-estar”, “Satisfação”, “Vontade”, “Auto-Suficiente”,
“Potencial”, “Conhecimento”, “Pessoa”, “Qualidade de vida” e “Adaptação”. Os
resultados obtidos vão ao encontro do que é referenciado pelos diferentes autores.

Tabela 1 - Frequência dos termos associados ao conceito de Autonomia

Palavras a que associa o conceito de AUTONOMIA


Independência 14
Capacidade de decisão/ Autodeterminação 6
Liberdade 4
Funcionalidade 3
Capacidade 3
Autocuidado 2
Bem-estar 2
Satisfação 2
Vontade 2
Auto-Suficiente 2
Potencial 1
Conhecimento 1
Pessoa 1
Qualidade de vida 1
Adaptação 1

Como foi anteriormente abordado, apesar dos conceitos “Autonomia” e “Independência”


estarem intimamente ligados, têm na realidade significados distintos. A autonomia é
inerente à capacidade de gerir, tomar decisões e planear os seus objetivos,
apresentando uma relação direta com a aptidão mental da pessoa. Já a independência,
manifesta-se pela capacidade da pessoa em fazer suas atividades do dia a dia sem
necessitar da ajuda de terceiros, apresentando uma relação com a habilidade física.
Logo, a associação entre autonomia e independência na maioria dos casos vai de
encontro à sua definição. Assim, uma pessoa pode ser totalmente dependente, mas ser
autónoma, ser livre de decidir, ter capacidade de decisão sobre si própria. Ribeiro et al.
(2017) defendem que a enfermagem de reabilitação é uma área da enfermagem que
visa tanto a prevenção como o debelar das incapacidades. Dessa forma, na sua prática,
os enfermeiros especialistas identificam as potencialidades, motivam a pessoa e a
família e orientam os planos de reabilitação para que seja possível alcançar a máxima

30
independência possível. Os inquiridos também referem conceitos que vão ao encontro
a esta função da reabilitação.

Quando inquiridos acerca do conceito de “Capacidade” a associação mais expressiva


aconteceu com o termo “Habilidade/Aptidão” em 10 referências, “Potencial” em 6,
“Funcionalidade” em 5, “Independência” em 4 e, com menor referenciação os conceitos
“Treino”, “Reconstrução”, “Autonomia”, “Eficácia”, “Motivação”, “Determinação”,
“Destreza” e “Aprendizagem” (Tabela 2).

Tabela 2 - Frequência dos termos associados ao conceito de Capacidade

Palavras a que associa o conceito de Capacidade


Habilidade / Aptidão 10

Potencial 6

Funcionalidade 5

Independência 4

Treino 2

Reconstrução 2

Autonomia 2

Eficácia 1

Motivação 1

Determinação 1

Destreza 1

Aprendizagem 1

Acerca do conceito de “Incapacidade” a associação mais expressiva aconteceu com o


termo “Dependência” em 11 referências, “Deficiência” em 6, “Limitação” em 6,
“Dificuldade” em 3 e, com menor referenciação, os conceitos “Inaptidão”, “Inabilidade”,
“Incompetência”, “Ineficácia”, “Impotência”, “Insuficiência”, “Perda”, “Frustração” e
“Sofrimento” (Tabela 3).

Pela análise mais atenta das respostas obtidas pudemos perceber que os EEER
elegeram de forma mais consistente o termo autonomia, enquanto que os estudantes
inquiridos referenciaram o termo capacidade com mais representatividade.

31
Tabela 3 - Frequência dos termos associados ao conceito de Incapacidade

Palavras a que associa o conceito de Incapacidade


Dependência 11
Deficiência 6
Limitação 6
Dificuldade 3
Inaptidão 2
Inabilidade 2
Incompetência 1
Ineficácia 1
Impotência 1
Insuficiência 1
Perda 1
Frustração 1
Sofrimento 1

Quando desafiados a referir qual dos três conceitos anteriores melhor reflete/espelha a
missão da enfermagem de reabilitação e o desígnio do EEER, os inquiridos referem o
conceito “Autonomia” em 60% (correspondendo a 12 respostas) e “Capacidade” em
40% (correspondendo a 8 respostas). O termo “Incapacidade” não foi referenciado como
conceito central e representativo da prática (Figura 3).

Figura 3 - Conceito que melhor reflete a missão da Enfermagem de Reabilitação e o desígnio


do EER

32
Tais resultados corroboram os modelos teóricos que suportam a garantia da autonomia
e a capacitação nas transições como elementos-chave na enfermagem de reabilitação,
descritos anteriormente. Os inquiridos, na sua esmagadora maioria, referem a
autonomia e a capacidade como pilares fundamentais na atuação do EEER.

Brito (2012) defende que


os processos patológicos, por si só, não desencadeiam a consciencialização
face às mudanças que ocorrem na vida das pessoas, nem o início da
reconstrução da autonomia. São as mudanças em si, como as alterações nos
processos corporais e as alterações na ação realizada pelo próprio, e a
confrontação com o que consegue ou não fazer, que fazem com que a pessoa
se vá consciencializando. Sendo esta última descrição o que determina o início
do processo de reconstrução da autonomia e a vivência ativa da transição (p. 8).

O mesmo autor refere ainda que o fim de uma transição ocorre no momento em que a
pessoa evidencia domínio dos conhecimentos e das habilidades necessárias para lidar
com as circunstâncias.

Soderhamn (2000), refere que a capacidade de autocuidado não é em si mesma um


meio para manter, recuperar ou melhorar a saúde e o bem-estar, mas antes uma
potencialidade para a atividade de autocuidado como parte integrante do ser humano.
Ajuda assim a perceber as limitações da pessoa e as suas necessidades para que seja
capaz de se auto-cuidar.

Também, a Teoria do Défice do Autocuidado tem na sua essência a necessidade de


intervenção do enfermeiro quando as exigências de autocuidado são maiores do que a
capacidade da pessoa para ser autónoma. “O défice de autocuidado, apesar de ser um
conceito abstrato, quando expresso em termos de limitações de ação, ajuda a
compreender o papel da pessoa no autocuidado e fornece orientações para a seleção
das intervenções de enfermagem que o auxiliem” (Queiroz, Vidinha, & Filho, 2014, p.
160)

Posteriormente solicitámos aos inquiridos que justificassem a resposta à pergunta


anterior. Obtivemos uma heterogeneidade muito grande de respostas, pelo que, se
transcrevem de seguida, a título de exemplo, as mais representativas ou melhor
fundamentadas:

“Muitas vezes há que promover a utilização de estratégias adaptativas com vista


à maximização do potencial de recuperação, pois no fundo o objetivo final é a
aquisição do máximo de capacidade e consequentemente independência.”
(Enfermeiro A)

33
“Capacitação do utente significa dar-lhe as ferramentas para melhorar sua
funcionalidade, procurando manter a sua autonomia.” (Enfermeiro B)

“A autonomia, por meio do processo de tomada de decisão de cada indivíduo,


é uma pedra basilar no processo de Reabilitação de cada pessoa, com influência
positiva na sua qualidade de vida e bem-estar.” (Enfermeiro C)

“Tem que promover a capacidade para o cliente se tornar autónomo (…)”


(Enfermeiro D)

“Todas as intervenções vão no sentido de melhorar ou manter a autonomia.”


(Enfermeiro E)

“A enfermagem de reabilitação tem por objetivo envolver a pessoa no processo,


fornecendo conhecimentos e capacidades para a promoção da sua
autonomia.” (Enfermeiro F)

“O enfermeiro de reabilitação deve avaliar a capacidade da pessoa e encontrar


estratégias adaptativas para que esta possa realizar os seus autocuidados e
reconstrua a sua autonomia.” (Enfermeiro G)

(Sobre o termo capacitar): “Porque é um conceito mais abrangente, que engloba


os outros, mais precisamente, a capacitação para a independência e a
minimização da incapacidade nas várias dimensões da pessoa.” (Enfermeiro H)

“A missão é capacitar e maximizar a funcionalidade da pessoa com deficiência


e/ou com necessidades especiais.” (Enfermeiro I)

“Cidadão adaptado é um cidadão autónomo.” (Enfermeiro J).”

“Mais que capacitar importa fornecer ferramentas para a autonomia.”


(Enfermeiro L)

“Na reabilitação procuramos a recuperação da autonomia, não da capacidade


para. Só quando não for de todo possível a requisição da autonomia se procura
a obtenção da capacidade.” (Enfermeiro M)

“O foco do enfermeiro de reabilitação será sempre promover a máxima


autonomia dos utentes.” (Enfermeiro N)

“A autonomia é o objetivo para o qual trabalhamos, tendo em conta as


incapacidades, Capacidades, potencial, vontade e condições gerais.”
(Enfermeiro O)

34
“Nem todos os utentes podem recuperar a autonomia, mas quase todos podem
adquirir algum tipo de capacidade e estratégia facilitadora útil no seu
quotidiano.” (Enfermeiro P)

As respostas obtidas pelos EEER foram, de uma forma geral, mais consistentes e
melhor justificadas face às obtidas pelos estudantes incluídos nesta amostra.

A exploração dos conceitos de autonomia, capacidade e incapacidade neste trabalho


permitiu perceber a interpretação da realidade através da visão dos participantes.
Percebe-se que todos concentram os esforços do seu trabalho diário na pessoa e na
otimização do seu potencial máximo, de forma a que seja possível reconstruir a
autonomia e recuperar a independência. Em todas as respostas é notória a preocupação
com o bem-estar e com a restauração das habilidades que a pessoa em determinado
momento perdeu. Percebe-se também que a filosofia dos seus cuidados está centrada
na adaptação a uma situação inesperada e indesejada através da maximização do
potencial das pessoas afetadas.

35
36
CONCLUSÃO

Torna-se crucial a integração e apropriação concetual de termos como autonomia,


independência e incapacidade na terminologia usada de forma técnico-científica pelo
EEER e com reflexo na sua prática de cuidados. Estes aspetos manifestam a
abrangência e diversidade dos cuidados de enfermagem de reabilitação e revelam a
exigência de atenção e reflexão para que a sua prática seja competente e diferenciada.
Estes aspetos alicerçam o desenvolvimento profissional, o crescimento pessoal e o
aperfeiçoamento de capacidades humanas inerentes a esta caminhada de aquisição de
aptidões, para a prática especializada em enfermagem de reabilitação.

A realização deste trabalho permitiu analisar os conceitos de autonomia, capacidade e


incapacidade e a sua relação/interpretação em cuidados de saúde, particularmente no
domínio da enfermagem de reabilitação. Permitiu ainda refletir sobre estes conceitos à
esfera da representação social, teorias e modelos de cuidados.

A sua concretização possibilitou ainda aferir a opinião de um grupo de atuais estudantes


do Curso de Pós-Licenciatura e Mestrado em Enfermagem de Reabilitação e de EEER
a exercer funções na área, permitindo uma visão mais integrada sobre a prática e os
modelos concetuais. Constatou-se nas respostas obtidas que os inquiridos valorizam os
conceitos Autonomia e a Capacidade, considerando-os, como pilares fundamentais
representativos da área da reabilitação. O autocuidado surge como um molde para a
enfermagem de reabilitação, tornando como principal objetivo dos especialistas avaliar
o doente, projetar cuidados, ensinar, promover a saúde e a adaptação à realidade atual,
tendo em conta o potencial máximo de cada um.

Podemos por isso afirmar que foram atingidos os objetivos inicialmente propostos para
a realização deste trabalho.

Constituiu-se como uma limitação/dificuldade à sua concretização, a escassa literatura


existente sobre as representações sociais associadas ao tema, relacionadas aos
cuidados de saúde e reabilitação. Muito mais haveria a explorar no campo da
autonomia, capacidade e incapacidade. A inclusão na sociedade atual e na própria
família seria um tema vasto e com interesse acrescido na sua exploração.

37
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45
APÊNDICE
APÊNDICE 1 – Formulário remetido para os estudantes do X Curso de Mestrado/XIV
Curso de Pós-Licenciatura em Enfermagem de Reabilitação e para os enfermeiros
especialistas em reabilitação

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