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ENFERMAGEM DE REABILITAÇÃO
XI CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM DE REABILITAÇÃO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11
1 – AUTONOMIA, CAPACIDADE E INCAPACIDADE ............................................... 13
1.1 – AUTONOMIA, CAPACIDADE E INCAPACIDADE E OS CUIDADOS DE SAÚDE E
DE REABILITAÇÃO .................................................................................................... 16
2 – AS TEORIAS E MODELOS DE CUIDADOS DE SAÚDE E DE REABILITAÇÃO E
AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ............................................................................ 19
2.1 – O OLHAR DE ESTUDANTES DE PÓS-LICENCIATURA E MESTRADO EM
ENFERMAGEM DE REABILITAÇÃO ......................................................................... 27
CONCLUSÃO ............................................................................................................ 37
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 38
APÊNDICES
Os Enfermeiros na sua prática diária de cuidados procuram, ao longo do ciclo vital das
pessoas, prevenir a doença e promover processos de readaptação com vista à máxima
independência nas atividades de vida diária (AVD’s). Têm, desta forma, um papel
preponderante junto das pessoas que transitam de um estado de autonomia para um
estado de dependência (Faria, 2014).
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dez estudantes a frequentar o X Mestrado/ XIV Curso de Pós-Licenciatura em
Enfermagem de Reabilitação (da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra) e a dez
enfermeiros a exercer funções como Enfermeiros Especialistas em Enfermagem de
Reabilitação (EEER). Foram incluídos na amostra EEER por forma a aferir se a
experiência profissional na área trazia novos contributos para a reflexão nesta temática.
Foram respeitadas responsabilidades formais e éticas, garantindo total informação
acerca do objetivo e âmbito do estudo, anonimato e a participação voluntária.
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1 – AUTONOMIA, CAPACIDADE E INCAPACIDADE
A palavra “Autonomia” deriva do grego antigo autónomos, uma junção de “auto”, que
significa de si mesmo, e “nomos”, aquele que estabelece as suas próprias leis. É uma
palavra associada à liberdade de decisão e às capacidades das pessoas construírem
os seus próprios percursos de vida. Em saúde, a autonomia surge como um conceito
central.
Guerreiro (2019) refere que capacitar consiste num “processo multidimensional" que
“envolve o conhecimento, a decisão e a ação, nos domínios cognitivo, físico e material”
(p. 18). Ainda segundo a mesma autora, “a capacitação a nível pessoal, refere-se nas
atividades de vida diárias que asseguram as condições básicas (comer, beber, mover-
se, entre outras)”. Por sua vez, “as atividades instrumentais da vida diária (por exemplo:
usar o telefone e cozinhar), por outro lado, são atividades mais complexas, que visam a
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integração na comunidade”. Este conjunto de atividades, de acordo com Marques-Vieira
e Sousa (2017) citado por Guerreiro (2019, p. 18) são indicadores de autonomia e
independência. Estes conceitos são fundamentais para a enfermagem, constituindo-se
como fenómenos centrais na objetividade do trabalho dos EEER.
A World Health Organization – WHO (2002) refere que o conceito de autonomia está
relacionado com a capacidade de controlar as situações, lidar com os acontecimentos
e decidir mediante as regras pessoais e as próprias preferências. Pode ser também
entendido como a capacidade de concretizar atividades sem ajuda de outra pessoa.
Está intimamente ligado aos conceitos de independência/dependência, mas na
realidade têm significados distintos. Uma pessoa é dependente quando se constata a
sua incapacidade para satisfazer as suas necessidades de autocuidado (Sequeira,
2010). No entanto, uma pessoa pode ser independente e não ser autónoma (por
exemplo: a pessoa com demência) ou ser autónomo e ser dependente (por exemplo:
uma pessoa vítima de Acidente Vascular Cerebral com défice motor sem sequelas
neurológicas, com capacidade cognitiva preservada).
Num contexto holístico, a saúde de uma pessoa não é somente definida pelas patologias
que ela tem ou pela sua integridade física. Um fator determinante é a independência
nas suas atividades de vida diária, ou seja, a sua funcionalidade (Machado, Machado,
& Soares, 2013).
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caracterizar essas situações é necessário obter informações detalhadas sobre os
aspetos físicos, cognitivos e emocionais de cada indivíduo. A incapacidade funcional
surge assim como o desempenho físico definido pela necessidade que a pessoa tem de
ajuda para executar as suas tarefas diárias básicas ou mais complexas para ter uma
vida independente na comunidade. Torna-se num fator indicador de incapacidade em
si.
Esta classificação veio trazer uma nova visão, uma forma de ver a funcionalidade, mais
coerente e integradora, com diferentes perspetivas da saúde, nomeadamente nos
campos biológico, individual e social. Os seus componentes interligam-se e dão origem
a um modelo multidimensional, multidirecional e dinâmico. Permite inverter a
compreensão da incapacidade a partir da doença, relacionando o ambiente, a
incapacidade e o estado de saúde. Há um reconhecimento do papel fundamental do
meio em que o indivíduo está inserido, não só físico, mas também social e de atitudes.
Permite identificar dados fundamentais sobre a funcionalidade e a incapacidade de um
modo consistente e reconhecido internacionalmente, conduzindo a alterações nas
políticas de saúde a nível mundial. É cada vez mais reconhecida por profissionais de
saúde, principalmente na área de reabilitação (Nubila, 2010).
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promovendo a sua independência, e melhorando a sua função e aumentando a
autoestima e a sensação de bem-estar. Os saberes destes profissionais traduzem-se
em ganhos efetivos em saúde, promovendo também a prevenção de complicações
secundárias.
A Enfermagem, de acordo com a Ordem dos Enfermeiros (OE), visa a “promoção dos
projetos de saúde que cada pessoa vive e persegue” (2001, p.8), sendo que o
enfermeiro capacita o outro ou grupo para “aperfeiçoar uma forma de vida, prevenir a
doença e promover os processos de readaptação após a doença, ao longo da vida”,
(OE, 2001, pp.8-9). É no domínio do autocuidado que, o enfermeiro capacita a pessoa
com dependência, maximizando o seu bem-estar e permite a sua reinserção social,
complementa as atividades de vida, dotando-o com alternativas face à deficiência ou
educando o seu cuidador quando a pessoa é totalmente incapaz de o fazer (OE, 2002).
A WHO (2017) defende que a reabilitação aborda uma condição de saúde na vida
quotidiana de uma pessoa, otimizando a sua capacidade funcional e minimizando a sua
incapacidade. Desta forma, expande o foco da saúde para além dos cuidados
preventivos e curativos, garantindo que as pessoas com alteração da sua condição
física e/ou intelectual possam permanecer o mais independentes possível, participando
de forma ativa no seu trabalho e em todos os papéis significativos da sua vida. Qualquer
pessoa pode necessitar de reabilitação em algum momento da sua vida, seja por
16
doença, por traumatismo ou por diminuição da capacidade relacionada com o
envelhecimento. A mesma entidade reconhece que a necessidade de reabilitação é
cada vez maior e que neste momento é pouco valorizada. Define reabilitação como “um
conjunto de intervenções destinadas a otimizar a funcionalidade e reduzir a
incapacidade em indivíduos com problemas de saúde em interação com o seu
ambiente”.
17
O grau de independência é definido por Santos (2002, p. 49) como o “alcançar de um
nível aceitável de satisfação das suas necessidades, através de ações adequadas que
o indivíduo realiza por si mesmo, sem ajuda de outra pessoa”. Quando a pessoa
apresenta limitações nas AVD’s, apresenta uma dependência face ao seu autocuidado,
necessitando de ajuda de alguém (Orem, 2001). Meleis e seus colaboradores (2000,
2007, 2010) desenvolveram uma teoria de médio alcance sobre as diferentes vivências
que as pessoas presenciam face aos processos de transição. Estas transições podem
desenrolar-se face a um processo natural, de envelhecimento, ou transição de saúde
doença com génese patológica ou acidental.
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2 – AS TEORIAS E MODELOS DE CUIDADOS DE SAÚDE E DE REABILITAÇÃO E
AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
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os mecanismos fisiológicos, a estrutura do corpo que engloba a estrutura anatómica e
as atividades e participação social. Os fatores contextuais englobam o meio ambiente e
as caraterísticas individuais, pessoais. O meio ambiente deverá ser classificado como
barreira ou facilitador ao indivíduo. A necessidade de cuidados por parte das pessoas
dependentes e idosas aumentaram de forma exponencial nos últimos anos e
continuarão seguramente a aumentar devido ao acréscimo acentuado de idosos com
mais de 80 anos. É, por alguns, denominada de “quarta idade” (Sequeira, 2018, p.5), o
grupo de pessoas onde se concentra a maior parte das situações de dependência. O
aumento da longevidade, os progressos da medicina com maior sobrevivência de
pessoas com doenças e acidentes graves, representa dependências em grau elevado
e dificuldades de apoio informal em função da alteração dos modelos de família.
Simultaneamente, o trabalho desenvolvido por Orem, no final dos anos 60, continua a
ser uma referência nos nossos dias, quer pela importância amplamente reconhecida da
teoria do autocuidado na prestação de cuidados de enfermagem, quer pela sua
relevância no âmbito da enfermagem de reabilitação. Assim, a área do autocuidado
assume uma grande relevância para a disciplina. É entendido, como um dos conceitos
centrais que nos permitem delimitar o core da disciplina e profissão, constituindo um
domínio do saber com uma importância crucial para a qualidade do exercício profissional
dos enfermeiros (Pereira, 2013).
Segundo Tomey e Alligood (2004,) o autocuidado é definido por Orem, como uma
função humana reguladora que os indivíduos possuem, deliberadamente, de
desempenhar por si próprios, ou que alguém a executa por eles, para preservar a vida,
a saúde, o desenvolvimento e o bem-estar. Tem que ser aprendido e executado,
deliberada e continuamente, em conformidade com as necessidades reguladoras dos
indivíduos.
20
autocuidado; a necessidade de autocuidado; o défice de autocuidado e a intervenção
enfermagem. Esta última refere‐se à atenção do enfermeiro como compensação ou
ajuda prestada para dar resposta às necessidades de autocuidado da pessoa. Segundo
Tomey e Alligood (2004), de acordo com a Teoria dos Sistemas de Enfermagem, as
intervenções de enfermagem podem ser: totalmente compensatórias (o enfermeiro
concretiza o autocuidado, compensa a incapacidade, apoia e protege o doente);
parcialmente compensatórias (o enfermeiro executa algumas medidas de autocuidado,
compensa as limitações, assiste conforme necessário e regula a atividade de
autocuidado); ou de apoio e educação (o enfermeiro regula o exercício e o
desenvolvimento da atividade de autocuidado). Nesta sequência, quando as
capacidades da pessoa são insuficientes, há a necessidade da intervenção de
enfermagem, variável consoante o grau de incapacidade. Tal insuficiência poderá
decorrer de caraterísticas específicas de saúde ou uma alteração do estado de saúde
que impeça o desenvolvimento das atividades de autocuidado, em benefício próprio,
com o intuito de preservar a vida e o funcionamento saudável e de dar continuidade ao
desenvolvimento e ao bem-estar pessoal.
Para Basto (2014), a experiência humana de saúde resulta da capacidade que cada
pessoa tem para ultrapassar equilíbrios perdidos, e de se adaptar às circunstâncias da
vida, por si só ou com ajuda. A perda do bem-estar não é o aparecimento de doença,
mas sim a incapacidade de recriar o potencial individual. Estes aspetos reportam-nos
para o modelo teórico desenvolvido por Meleis, centrado no conceito de transição,
definido por Chick e Meleis (2010) como a passagem de uma fase da vida, condição ou
estado para outro. É um conceito multidimensional que engloba os elementos do
processo, o intervalo de tempo e as perceções. O intervalo de tempo indica um
fenómeno em curso, mas limitado e a perceção tem a ver com o significado da transição
para a pessoa que a experimenta. Para esta autora, a saúde revela‐se por
consciencialização, “empowerment”, controlo e mestria na vida. A ausência deste
equilíbrio, provocada normalmente por momentos de crise, coloca as pessoas na
iminência de uma transição. Para Meleis (2005), o cliente deve ser perspetivado como
um ser humano com necessidades específicas, em constante interação com o meio
envolvente, e que tem a capacidade de se adaptar às suas mudanças, mas, devido à
doença, risco de doença ou vulnerabilidade, experimenta ou está em risco de
experimentar, um desequilíbrio gerador do processo de transição. Meleis, Sawyer, Im,
Hilfinger Messias, & Schumacher (2000) identifica quatro tipos de transição centrais para
a prática de enfermagem, vividas individualmente pelos utentes ou pelas famílias:
desenvolvimental (associadas a mudanças no ciclo vital); saúde/doença; situacional
21
(relacionadas com acontecimentos que originam alterações de papéis) e organizacional.
Para os mesmos autores, apesar de existir uma tipologia das transições, cada transição
caracteriza-se por ser única, pelas suas complexidades e múltiplas dimensões. Assim
sendo, os enfermeiros, em particular os EEER, devem concentrar-se não apenas num
tipo específico de transição, mas sim nos padrões de todas as transições significativas
na vida individual ou familiar, como forma de integrar a pessoa e a família no processo
de reabilitação. Ainda para Meleis et al. (2000), o conceito de transição remete para uma
mudança do estado de saúde, nos papéis desempenhados pelos clientes, nas
expectativas de vida, nas habilidades ou mesmo na capacidade de gerir as condições
de saúde. As transições com relevância para a enfermagem desafiam o cliente a
incorporar um novo conhecimento e novas habilidades, capazes de modificar
comportamentos e a definição que o cliente faz de si e da sua condição.
O terceiro domínio da Teoria das Transições consiste nos padrões de resposta. Estes
podem ser indicadores de processo e de resultado. Os indicadores de processo incluem:
sentir‐se e estar ligado, interação, localizar‐se e estar situado, e desenvolver confiança
22
e coping (Meleis et al., 2000). Sentir‐se ligado, nomeadamente aos profissionais de
saúde, aos quais se podem fazer questões e esclarecer dúvidas são outro indicador
importante de uma experiência positiva (Meleis et al., 2000). A interação entre os
diversos elementos envolvidos no processo de transição permite um contexto
harmonioso e efetivo de auxílio, colaboração e ajuda, tornando‐se, igualmente,
indicador de uma transição saudável. Os padrões de resposta, através dos indicadores
de resultado, manifestam‐se pela mestria e pela integração fluida da identidade. A
mestria revela um progresso nas capacidades e competências do indivíduo, que lhe
permitem viver a transição com sucesso. São exemplos de mestria a aquisição de
informação, a procura de sistemas de suporte social, a manutenção ou desenvolvimento
de relações sólidas com outros indivíduos e a aprendizagem de formas de adaptação à
mudança.
23
pessoa, dando oportunidade às respostas adaptativas (Vall, Lemos, & Janebro, 2005).
De acordo com a mesma fonte, este modelo descreve quatro elementos essenciais: a
pessoa (recetor do cuidado de enfermagem), o ambiente (os estímulos do interior da
pessoa e os estímulos em torno da pessoa), a saúde (estado e um processo de ser, de
tornar-se uma pessoa total e integrada) e a meta de enfermagem (reduzir as respostas
ineficientes e promover as respostas adaptativas).
De acordo com Coelho e Mendes (2011), Roy considera a Enfermagem como uma
profissão dos cuidados de saúde centrada nos processos de vida humanos, realçando
a promoção da saúde aos indivíduos, grupos e sociedade como um todo. A pessoa
(indivíduo, família, organizações, comunidades ou sociedade) como um todo encontra-
se exposta a um conjunto de fatores que afetam o desenvolvimento de pessoas ou
grupos, sendo o ambiente em mudança algo que estimula as pessoas a dar respostas
de adaptação. O ambiente é considerado como todas as circunstâncias, condições e
influências que rodeiam e afetam o comportamento da pessoa. A pessoa saudável não
está isenta de situações como a morte, a doença, a infelicidade ou o stress, mas a
capacidade de lidar com estas situações deve ser a mais competente possível. A saúde
é assim, um reflexo de adaptação da interação entre pessoa e ambiente.
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aqueles em que há um desempenho real e físico do comportamento, ou
comportamentos expressivos que envolvem as emoções, sentimentos atitudes de uma
pessoa perante um papel ou desempenho. Por fim, o modo de interdependência
considera a adequação emocional associada à interação e partilha entre as pessoas.
Neste âmbito importa compreender pessoas significativas ou sistemas de apoio que
contribuem para a satisfação das necessidades de interdependência da pessoa recetora
de cuidados de enfermagem (Roy & Andrews, 2001).
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A Teoria das Representações Sociais elaborada por Moscovici (1961/2012), descreve
as representações sociais como formas de conhecimento do mundo socialmente
partilhadas, que permitem dar sentido a fatos novos ou desconhecidos, remetendo ao
imaginário social (Berri, Bousfield, Silva, & Giacomozzi, 2020).
Neste campo, Berri, Bousfield, Silva, e Giacomozzi (2020) relatam que aspetos de
representações sociais relativos ao corpo têm diferenças significativas entre género: de
uma forma geral as mulheres apresentam menor autoestima, menor satisfação corporal
e maior pressão estética por parte social. De acordo com estes autores, entender as
diferenças entre os géneros poderá contribuir para a compreensão das variáveis que
influenciam a formação das representações sociais no contexto do corpo como objeto
social.
De acordo com estes autores, homens com deficiência física são representados de um
modo geral como impotentes e incapazes de amar, enquanto, mulheres com deficiência
física são vistas como passivas, vulneráveis e dependentes, “uma figura frágil e inocente
26
que deve ser resgatada por um homem “capaz”” (Barnes & Mercer, como referido por
Berri, Bousfield, Silva, & Giacomozzi, 2020).
Para Ferreira e Brum (2000), as representações sociais são muito importantes na área
da saúde e, especificamente, na enfermagem, porque permitem que as práticas de
saúde sejam compreendidas nas diferentes dimensões da realidade.
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Christmann, Pavão, & Segatto e Souza (2018), “funciona na mente humana como forma
de ajustamento à realidade social”, permitindo que auxilie “na interpretação da realidade
diária e na maneira como as pessoas enfrentam as diversas situações de vida” assim
como na “tomada de decisão” (p. 1).
28
Figura 1 - Distribuição da amostra por faixa etária
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“Capacidade”, “Autocuidado”, “Bem-estar”, “Satisfação”, “Vontade”, “Auto-Suficiente”,
“Potencial”, “Conhecimento”, “Pessoa”, “Qualidade de vida” e “Adaptação”. Os
resultados obtidos vão ao encontro do que é referenciado pelos diferentes autores.
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independência possível. Os inquiridos também referem conceitos que vão ao encontro
a esta função da reabilitação.
Potencial 6
Funcionalidade 5
Independência 4
Treino 2
Reconstrução 2
Autonomia 2
Eficácia 1
Motivação 1
Determinação 1
Destreza 1
Aprendizagem 1
Pela análise mais atenta das respostas obtidas pudemos perceber que os EEER
elegeram de forma mais consistente o termo autonomia, enquanto que os estudantes
inquiridos referenciaram o termo capacidade com mais representatividade.
31
Tabela 3 - Frequência dos termos associados ao conceito de Incapacidade
Quando desafiados a referir qual dos três conceitos anteriores melhor reflete/espelha a
missão da enfermagem de reabilitação e o desígnio do EEER, os inquiridos referem o
conceito “Autonomia” em 60% (correspondendo a 12 respostas) e “Capacidade” em
40% (correspondendo a 8 respostas). O termo “Incapacidade” não foi referenciado como
conceito central e representativo da prática (Figura 3).
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Tais resultados corroboram os modelos teóricos que suportam a garantia da autonomia
e a capacitação nas transições como elementos-chave na enfermagem de reabilitação,
descritos anteriormente. Os inquiridos, na sua esmagadora maioria, referem a
autonomia e a capacidade como pilares fundamentais na atuação do EEER.
O mesmo autor refere ainda que o fim de uma transição ocorre no momento em que a
pessoa evidencia domínio dos conhecimentos e das habilidades necessárias para lidar
com as circunstâncias.
33
“Capacitação do utente significa dar-lhe as ferramentas para melhorar sua
funcionalidade, procurando manter a sua autonomia.” (Enfermeiro B)
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“Nem todos os utentes podem recuperar a autonomia, mas quase todos podem
adquirir algum tipo de capacidade e estratégia facilitadora útil no seu
quotidiano.” (Enfermeiro P)
As respostas obtidas pelos EEER foram, de uma forma geral, mais consistentes e
melhor justificadas face às obtidas pelos estudantes incluídos nesta amostra.
35
36
CONCLUSÃO
Podemos por isso afirmar que foram atingidos os objetivos inicialmente propostos para
a realização deste trabalho.
37
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APÊNDICE
APÊNDICE 1 – Formulário remetido para os estudantes do X Curso de Mestrado/XIV
Curso de Pós-Licenciatura em Enfermagem de Reabilitação e para os enfermeiros
especialistas em reabilitação