Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Ira Levin - Os Meninos Do Brasil (LAVRo)
Ira Levin - Os Meninos Do Brasil (LAVRo)
Ira Levin
Os Meninos do Brasil
Círculo do Livro
CÍRCULO DO LIVRO S.A.
Edição Integral
Título do original:
"The boys from Brazil"
Copyright Ira Levin
Tradução de César Tozzi
Capa de Antonio Carlos Espilotro
E à memória de
Charles Levin
-9-
— Mora no interior?
— Esplêndido! Obrigado.
— Virei trazê-los.
— Eu me arranjo. Obrigado.
— No Rio.
— Yoshiko, senhor.
— Cinquenta, aposto!
— Eles ir embora?
— E lhe disse?
— Sinceramente, senhor.
— Hunter?
- 38 -
— É só isto, senhor.
— Continue pensando.
— Obrigado, senhor!
— O Nacional.
Mundt repetiu:
— O Del Rey.
E a Traunsteiner: — O Marabá.
A Farnbach:
- 41 -
— O Comodoro.
A Kleist:
— O Savoy.
— Esqueci o copo.
A campainha tocou.
Silêncio.
— Mr. Liebermann?
Silêncio.
— E Aspiazu, não?
Pausa. — Ja. Mas acho que talvez seja usado também por
pessoas que se chamam assim.
— Barry?
Silêncio. — Prossiga.
— Barry.
- 46 -
— Barry!
— O que ê?
— Acalme-se.
Silêncio.
— Barra?
O outro suspirou.
— É uma expressão.
— Devagar! Devagar!
— Uma toalha.
antes. Ainda tinha o mesmo porte, mas não era mais tão
imponente, nem trazia mais implícito o vigor de um urso. Os
ombros largos pareciam arriados sob o escasso peso do
impermeável, e o rosto outrora enérgico estava enrugado e
pardacento, os olhos abatidos sob pálpebras caídas. O nariz
pelo menos não mudara — aquele gancho semítico
proeminente —, mas o bigode tinha traços grisalhos e
precisava ser aparado. O pobre homem perdera a mulher, um
rim ou coisa parecida, e os fundos do seu Centro de
Informação de Crimes de Guerra. As perdas estavam todas
estampadas em sua aparência — o velho chapéu amarrotado e
com marcas de uso, o laço escurecido da gravata — e Beynon,
lendo aquele registro, verificou por que, no seu íntimo,
bloqueara o telefonema de resposta. Sua culpa avolumou-se,
mas ele reprimiu-a, dizendo a si mesmo que esquivar-se aos
derrotados era um instinto natural e saudável, mesmo — ou
talvez especialmente — àqueles que antes foram vencedores.
— Estou bem. Ela está ótima. Tem três filhos agora, duas
meninas e um menino.
— Você não acha que é muito difícil para mim apurar uma
história em Viena sobre...
— Sim?
- 58 -
— Como assim?
Beynon assentiu.
Liebermann fitou-o.
Que bom sujeito! Pena que ficasse ali apenas por uns dias.
Sorte, no entanto, que permanecesse em Gladbeck, em vez de
Essen propriamente dita.
— Não se preocupe.
— Chegou a avistá-los?
A moça sentou-se.
Consultá-los? Loucura!
uma resposta para mim? Quem são esses homens? Por que
suas mortes são desejáveis para a Organização dos Camaradas
e para o Dr. Mengele?
— Sim?
"Dinheiro?
Parentes? Amigos?
POR QUEM.???"
Olhou a plateia.
Adiantou-se vagarosamente.
— Notícias? — exclamou.
— Estava preocupado.
— Quadro?
— Muito.
Mengele suspirou.
O coronel sorriu.
— Que aconteceu?
— Você é que verá o que vai pagar por esse prejuízo com
a água! Saia! — Liebermann apontou o dedo para a porta.
Glanzer pestanejou várias vezes. Olhou para o chão ao seu
lado, como se ouvisse alguma coisa, olhou para Liebermann,
preocupado, acenou afirmativamente. — Não tenha dúvida de
que vou sair — murmurou. — Antes do desastre. — Levou seu
corpanzil na ponta dos pés em direção à porta aberta. — Para
mim, minha vida é mais preciosa que minha propriedade. —
Saiu na ponta dos pés e fechou cautelosamente a porta.
— Examinar?
Pegou o fone.
— Ah!
— Foi você, não, quem assinalou que elas não estão tão
interessadas na caça aos nazistas hoje em dia? Falei, mas não
deram ouvidos. Pode-se, na verdade, culpá-las quando tudo o
que pude adiantar foi: "Talvez alguns homens sejam mortos, e
não sei por quê"?
— Onde nasceu...
— Günzburg?
— Ester?
— Ao banheiro.
— Equipamentos de mineração.
— Ah!
- 104 -
O capitão riu.
— Você pode ser Busch — disse. — Por que não posso ser
Löfquist? Deus meu, peguei sotaque! Escute-me só, agora não
passo de um sueco fodido!
— E é mesmo detetive?
— Sou mesmo.
— Lundberg.
Farnbach assentiu.
— Ah, sim?
Haas sorriu.
— Ah, sim?
O velho assentiu.
— Mesmo assim.
O velho bebeu.
— Dois marcos.
Silêncio.
— É Frankenstrasse, 12?
— Não.
— Sim.
— Matar Emil?
— E os outros também.
— Que outros?
— E ele aceitou?
— Não, não.
— Era nazista?
— Onde nasceu?
— Sim.
— Onde?
— Não.
Ele fitou-a.
Finalmente conseguiu.
— Não hei.
Quatro
— Em Gladbeck. Prossiga.
Liebermann sorriu.
— Somos terríveis.
— Meg, de Margaret.
— Nome completo.
— Harrington?
- 140 -
— Talvez consiga...
— Eu já lhe disse.
— De verdade? —
— Meg! O que...
— Patife...
— Ah...
— Eu já sei...
— Só isso? Abri-la?
— Funciona automaticamente.
— Boa menina.
— Na Europa?
— No Extremo Oriente.
— Onde nasceu?
Gêmeos...
Então?
— Viu o menino?
— Você o viu?
- 154 -
— Olhos azuis?
— Azul-claros.
— Eu lhe disse?
— Não.
— Eu sei — respondeu.
— O quê?
— Descreva-o.
— Herr Liebermann?
— O mesmo o quê?
— Não... compreendo.
— Noventa e quatro?
— Claro!
— Alô?
Pausa.
— Eu já tinha levantado.
Silêncio.
Silêncio.
— Conseguiu, ja?
— Sim?
— Sim.
— Nenhuma?
— Muitos pedidos?
— Agora.
Cinco
— Quais?
O alento voltou.
Ele assentiu.
Fassler levantou-se.
— Não perguntou?
Liebermann aventurou:
— Nenhum europeu?
— Não.
— De Tucson.
— Ah, sim?
— Curry?
E estava. Por que não? Era o dia 31, não era? Amanhã
pintaria mais três cruzes no quadro e completaria mais da
metade da primeira coluna — dezoito. Comparecia a todos os
bailes e festas realizados naqueles dias. Numa reação, é claro,
à angústia e depressão pelas quais passara em novembro e
início de dezembro, quando chegara a parecer que
Liebermann, aquele canalha judeu, ia estragar tudo.
Bebericando champanha naquele alegre salão de festas,
- 181 -
Pausa, e depois:
— E então?
— Farei isso, mas estou certo de que ele poderá vir. Lena
disse que ele está ansioso por conhecê-lo e colaborar. E ela
também. É sueca, portanto está muito empenhada. Por causa
daquilo em Göteborg.
— Biologia.
— Biologia?
Um professor de biologia?
— Sim, senhor!
— Sim, senhor!
— Quero olhar.
Retirou-se apressadamente.
Seis
- 196 -
— É.
— Obrigada.
Ele pegou-a.
Nürnberger assentiu.
Liebermann assentiu.
— Sim, gostaria.
— Sim.
— Gostaria de experimentar?
— Não.
Ei...
Ei...
— Sim.
— Sim, senhor.
— Sim.
— Alô?
— É, sim.
— Temos...
Riso.
— É Yakov Liebermann.
— Shalom.
5
Trocadilho no original: KISSinger OF DEATH. (N. do T.)
- 222 -
— Gois 6.
Liebermann assentiu.
6
Nome dado pelos judeus aos que não são judeus. (N. do T.)
- 226 -
— Tenho.
Silêncio.
— Amanhã de manhã.
Silêncio.
— Mr. Wheelock?
Silêncio.
— Quando é que sua esposa não está aí? — Ela passa fora
a maior parte do dia. É professora.
- 230 -
Liebermann desligou.
— Sei, sim.
- 233 -
Dormiu.
— Alô?
— Sim...
- 234 -
— Magnífico!
— Ao meio-dia.
— Obrigado. Adeus.
- 235 -
Mengele sorriu.
— Ganhou recompensa?
— Então?
— É esta a porta?
— Sim.
— Entre.
— Faça-o.
— O senhor é Liebermann?
Os cães latiram.
Sete
— O senhor é Liebermann?
— Entre.
Bem, ele não viera até ali para fazer um novo amigo. Pôs a
pasta junto aos pés, descansou as mãos nos joelhos.
- 251 -
Liebermann fitou-o.
— Sim.
— Eu o reconheci — declarou.
Mengele sorriu.
Mengele sorriu.
— Fora...
Abriu os olhos.
O telefone tocou.
Abriu os olhos.
Sejam bonzinhos.
— Judeu canalha?
Abriu os olhos.
Passos à entrada.
Fechou-se.
Passos.
— Chiiiiu! — comandou. —
O menino pigarreou.
— Querido Bobby...
Liebermann fitou-o.
Liebermann assentiu.
O menino fitou-o.
— Quem é você?
O menino encarou-o.
— Quero saber.
— Mostarda — proferiu.
- 270 -
— Chiiiu... — comandou.
— Nunca?
— Promete?
Ele assentiu.
— Então?
Não se iluda.
Ergueu a mão.
Lembrou-se. Abriu-os.
O garoto aproximou-se.
— Água? — indagou.
— Uma lista?
Bom.
- 273 -
Fechou os olhos.
Latidos distantes.
— Encontrei-o.
— O quê?
Oito
- 274 -
"Quando?"
— Nada.
— Não fale.
— Você perguntou.
"NADA!"
— Não, senhor, não têm. Mas quem quer que fosse, parece
que andava atrás do senhor, não de Wheelock. Sabe, ele
morreu apenas um pouco antes de chegarmos. O senhor deve
ter chegado por volta de duas e meia, não foi?
— Sim.
Depois que ela saiu, ele constatou que não tinha abordado
a questão entre ela e Gary. Teve remorsos. Que pai.
Gorin telefonou.
— Ah, é?
Silêncio.
— Tem certeza?
— Não, não, está claro que você tem razão. Mas saber e
não poder dizer! Você vem a Nova York?
— Sim.
Liebermann pestanejou.
Eu? Quando?
— Shalom.
— Mr. Liebermann?
— Sim?
Ele fitou-a.
— Gott im Himmel!
— Será de despedida.
— Ali.
— O que há agora?
— Prepare-se.
— Para o quê?
Gorin fitou-o.
Liebermann encarou-o.
Liebermann fitou-o.
— Sim.
— Bem...
Nove
Bem, não era "joia", não queria dizer "joia". Apenas mais
fácil, mais cômodo. Até mesmo vovó costumava dizer que
- 292 -