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TUTORIA 05 – CLÍNICA V Equilíbrio de PO4- é regulado especialmente pela excreção renal.

1) Estudar metabolismo e distúrbios do Ca2+; - EQUILÍBRIO DO MAGNÉSIO

- EQUILÍBRIO DO CÁLCIO Magnésio participa da constituição mineral óssea, 54% está nos
ossos, 45% no intracelular e 1% no extracelular. Ele auxilia na
99% do cálcio está nos ossos e 1% nos compartimentos extra-
regulação de outros eletrólitos, como potássio e cálcio. Deple-
celular e celular. Além da função estrutural (ossos), o cálcio, na
ção de magnésio pode causar hipocalemia e hipocalcemia. A
forma iônica, é mediador de reações químicas no citoplasma
hipocalemia ocorre por perda renal de potássio, já a hipocalce-
das células, sendo gatilho para contração muscular.
mia é por supressão transitória da secreção de PTH.
Cálcio iônico está supersaturado no líq. extracelular e nos com-
I. HIPOCALCEMIA
partimentos intracelulares, com uma concentração de 10.000x
superior ao citoplasma. Quando a célula recebe o estímulo ade- - INTRODUÇÃO
quado, canais de cálcio são abertos, permitindo a entrada deste Definida por cálcio total < 8,5 mg/dL. No quadro extremo, o pa-
íon no citoplasma, iniciando os processos cálcio-dependentes. ciente apresenta hiperexcitabilidade neuromuscular e tetania.
Cálcio circula de 3 formas: ligado à albumina (40-50%), na forma Pode ser subdividida em dois tipos: (1) Baixos níveis de PTH (hi-
livre ionizada (50-60%) e ligado a ânions orgânicos (5-10%). poparatireoidismo) e (2) Altos níveis de PTH (HPTS).

O cálcio importante é o - CAUSAS


ionizado. Seus níveis são Principais: hipoparatireoidismo, destruição da paratireoide, hi-
regulados pelo PTH (pa- pomagnesemia, hiperalbuminemia, hiperfosfatemia, Sd. da
ratireoide) e pelo calci- fome óssea, deficiência de calcitriol , DRC, alcalose metabólica.
triol (rins).
- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Níveis séricos de cálcio total variam com a concentração de al-
A clínica varia amplamente, indo desde achado laboratorial as-
bumina. No geral, a cada 1 g/L de variação da albumina, quando
sintomático até condições com risco de morte iminente. O que
ela é < 4 g/L, há uma alteração de 0,8 mg/dL na calcemia total,
determina os sintomas é a concentração de cálcio ionizável.
de modo inverso. Os níveis plasmáticos de albumina não in-
fluem na concentração de Ca2+. Sintoma de tetania surge em concentrações de cálcio ionizável
< 4,0 mg/dL ou de cálcio total < 7,0 mg/dL. Em alguns pacientes,
- Regulação fisiológica do Ca2+
a hipocalcemia grave não cursa com sintomas.
PTH estimula aumento da calcemia, que então inibe produção
Sintomas de tetania têm início com parestesia de extremida-
e liberação de PTH (feedback negativo). Isso mantém a calce-
des, podendo causar ansiedade e hiperventilação, o que exa-
mia numa faixa de concentração, apesar da ingesta diária. O
cerba a parestesia. Sintomas motores ocorrem posterior-
PTH atua de três formas no aumento da calcemia:
mente, com mialgias, espasmos musculares e rigidez muscular.
❖ Retirando cálcio do osso (reabsorção óssea);
❖ Reduzindo a excreção renal de cálcio; Achados de irritabilidade neuromuscular são os sinais de Tro-
❖ Estimulando produção do calcitriol (aumento da absorção in- usseau e Chvostek. O primeiro, induz o espasmo carpopedal
testinal de cálcio); (mão de parteiro) ao se insuflar o manguito por 3 minutos. O
sinal de Chvostek é a contração de músculos faciais ipsilaterais
OBS: há feedback negativo entre calcitriol e PTH. No aumento
ao se percutir o trajeto do nervo facial próximo à orelha.
do PTH, há aumento do calcitriol e este inibe a secreção do PTH.
Convulsões (crises de ausência, focais e tônico-crônicas gene-
O equilíbrio do cálcio é regulado mais pela absorção intestinal
ralizadas) podem ocorrer. O mecanismo de disfunção cardíaca
e pelo metabolismo ósseo que pela excreção renal.
não é definido, mas os pacientes podem apresentar disfunção
- EQUILÍBRIO DO FÓSFORO sistólica, prolongamento do intervalo QT e arritmias cardíacas.
Fosfato é um componente estrutural do mineral ósseo. Principal - DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
ânion intracelular, utilizado como transportador/armazenador
Tétano, distúrbios extrapi-
de energia (ATP), substância tampão e mediador de reações
ramidais (Parkinson), mio-
que envolvem fosforilação enzimática. 86% do fósforo está nos
tonias (diminuição relaxa-
ossos, 14% nas células e 0,03% no compartimento extracelular.
mento muscular), convul-
- Regulação Fisiológica sões, hipertermia maligna.
do PO4-
- TRATAMENTO
principal regulador é cal-
Varia com etiologia e gra-
citriol. Há feedback negativo entre ele e PO4-. Queda de fosfato
vidade da hipocalcemia. Administração de cálcio tem eficácia
aumenta a produção/liberação de calcitriol pelas células renais.
transitória, pois 99% do cálcio está nos ossos e a maior parte
O calcitriol age de duas maneiras para aumentar o fosfato:
dos casos de hipocalcemia ocorre por alteração da homeostase
❖ Aumenta a absorção intestinal de fosfato; do cálcio, o que impede o cálcio de ser mobilizado do osso para
❖ Inibe a produção de PTH; manter a calcemia normal.

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- Pacientes com Hipocalcemia Leve Assintomática - EXAMES COMPLEMENTARES
Quando o cálcio iônico é > 3,2 mg/dL ou total > 8,0-8,5 mg/dL, - Gravidade da Hipercalcemia
os pacientes, no geral, são assintomáticos e podem ser tratados Embora se classifique por valores bioquímicos, a presença e in-
apenas com a reposição de cálcio pela dieta ou VO. O aumento tensidade dos sintomas são mais relevantes. A velocidade com
em 1.000 mg/dia na ingesta é suficiente. A suplementação que o cálcio se eleva tem influência direta na gravidade dos sin-
pode ser feita com carbonato de cálcio ou citrato de cálcio. tomas. Com ressalvas, classifica-se a hipercalcemia em:
- Hipocalcemia Sintomática ❖ Leve: até 6 mg/dL - iônico; cálcio total acima de 12 mg/dL;
O desenvolvimento de sintomas depende da gravidade e velo- ❖ Moderada: 6-7 mg/dL - iônico; cálcio total de 12-14 mg/dL;
cidade de instalação. Os sintomas surgem quando o cálcio ioni- ❖ Grave: acima de 7 mg/dL - iônico; total acima de 14 mg/dL;
zado é < 2,8 mg/dL ou total < 7,0 mg/dL. - Repercussão da Hipercalcemia e/ou Complicações
Nesses casos, faz-se cálcio EV, repondo 100-200 mg de cálcio Hemograma, plaquetas, eletrólitos séricos, ureia e creatinina
elementar (equivale a 1-2 g de gluconato de cálcio). A reposição são obrigatórios. Pela ligação do cálcio a proteínas, albumina,
deve ser feita em 10-20min, diluída em solução de dextrose ou proteínas totais e frações são solicitadas. ECG pode mostrar in-
salina e preferencialmente administrada via acesso central. Re- tervalo QT curto (podendo o paciente evoluir com arritmias).
posições rápidas de cálcio estão associadas a arritmias e a PCR.
- TRATAMENTO
Após a reposição emergencial, deve ser feita a reposição lenta
Quando cálcio total < 12 mg/dL e o paciente está assintomático,
EV com 0,5-1,5 mg/kg/h de cálcio elementar, sendo a infusão
não se faz tto imediato, porém fatores que agravam hipercal-
progressivamente diminuída com a normalização do cálcio.
cemia devem ser evitados (desidratação e inatividade).
Se houver hipomagnesemia, ela deve ser corrigida, pois quando
Cálcio entre 12-14 mg/dL, em assintomáticos também não pre-
baixa, induz a resistência e diminui a secreção do PTH. Sugere-
cisa de tto imediato, mas deve ser monitorados com cuidado.
se fazer reposição de 2 g de sulfato de magnésio (2 ampolas a
10% de 10 mL) em 100 mL de salina fisiológica em dez minutos. Os sintomáticos e/ou cálcio muito elevado (iônico > 7 mg/dL ou
total > 14 mg/dL) devem ser tratados de forma emergencial.
II. HIPERCALCEMIA
- Ressuscitação Agressiva com Cristaloides
- DEFINIÇÕES
Pacientes com hipercalcemia têm tendência a ser desidratado
Cálcio iônico acima do LSN (normal 4,4-5,4 mg/dL). É resultado
(vômitos, poliúria), sendo a reposição com SF a 0,9% recomen-
da alteração de mecanismos homeostáticos que resultam em:
dada (3-6 L nas primeiras 24h, dependendo obviamente do
(1) Influxo de cálcio vindo do esqueleto, (2) Absorção de cálcio
grau de desidratação e de comorbidades presentes, como ICC).
intestinal e (3) Diminuição do clearence renal de cálcio.
Um esquema muito utilizado é de 300 mL de SF por hora, obje-
- ETIOLOGIA tivando manter o débito urinário entre 100-150 mL/hora.
90% dos casos de hipercalcemia resultam de HPT ou maligni- - Furosemida
dade. Embora o HPTP seja a causa mais comum, as formas mais
Não é recomendada, exceto em situações especiais. Diurético
graves de hipercalcemia são por neoplasias malignas, sendo as
de alça aumenta a excreção de cálcio, o que ajudaria no tto. No
mais frequentes Ca de pulmão, mama e o mieloma múltiplo.
entanto, pode ocorrer perda renal de fluidos/eletrólitos, cau-
- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS sando hipocalemia, hipomagnesemia, podendo, de modo para-
Depende da velocidade da elevação do cálcio sérico e da gravi- doxal, aumentar retenção de cálcio pela hipovolemia causada.
dade da causa de base. Dx (50-60%) dos casos é feito em assin- - Inibição da Atividade dos Osteoclastos
tomáticos, e esses na maioria das vezes têm HPTP. Sintomas
Usa-se bifosfonados (pamidronato 60-90 mg IV, em 2-4h, não
são inespecíficos, sendo a fraqueza o mais comum (50%):
pode ser repetido em 7 dias, ou ácido zoledrônico 4-8 mg IV em
As complica- 15min, normaliza o cálcio em até 3 dias). Eles suprimem a reab-
ções são: ne- sorção dos osteoclastos e diminuem atividade dos osteoblastos.
frolitíase, de- Apresentam como efeitos adversos: mialgia, febre e flebite.
sidratação, úl-
- Calcitonina
cera péptica,
doença renal, Apresenta vantagem de início rápido, podendo ser utilizada no
arritmias, ne- início do tto até o início do efeito do pamidronato/zoledronato.
frocalcinose, HAS, pancreatite e coma. 2) Compreender Hiperparatireoidismo;
- Crise Hipercalcêmica I. PARATORMÔNIO (PTH)
Pacientes estão gravemente desidratados (principal achado). Produzido, armazenado e secretado pelas paratireoides, 4 glân-
Se cursar com anorexia, náuseas, vômitos, confusão mental e dulas na região posterior da tireoide. Seu valor de referência é
sonolência, é indicativo de maior gravidade. O paciente pode 10-65 pg/mL. O principal estímulo para sua síntese/liberação é
cursar com bradiarritmia, bloqueios AV ou de ramos e PCR. a queda dos níveis séricos de Ca2+.

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A vitamina D também influencia nos níveis de PTH. Valores de ❖ RINS: ocorre nefrolitíase de repetição. O PTH estimula a ex-
referência: aceitável 20-30 ng/mL; bom > 30 ng/mL. creção renal de PO4-, causando hiperfosfatúria. A reabsorção
tubular de Ca2+ está aumentada por efeito do PTH, porém a
PTH se liga a um receptor nos osteoblastos e nas células tubu- hipercalcemia eleva tanto a filtração, que a reabsorção se
lares renais. Estimula adenilciclase (enzima que forma AMPc in- torna insuficiente e Ca2+ é perdido na urina (hipercalciúria). A
tracelular), resultando em estímulo a diversas reações de fos- combinação de hipercalciúria e hiperfosfatúria resulta em
forilação, que causa o efeito hormonal. Principais efeitos são: formação de cálculos de cálcio. 5% das urolitíases são causa-
das por HPT e até 20% dos portadores de HPT terão cálculos.
❖ OSSOS: estimula atividade dos osteoblastos e osteoclastos
(indiretamente, pois estes não possuem receptores do PTH). - DIAGNÓSTICO
O metabolismo ósseo fica acelerado, há ativação dos proces-
Demonstração laboratorial de hipercalcemia junto de aumento
sos de reabsorção e neoformação óssea. Com isso, há extra-
ção de Ca2+ para o plasma;
do PTH (mesmo sem sintomas). Exames de imagem são solici-
❖ RINS: têm 4 efeitos. (1) Aumento da reabsorção de Ca2+; (2) tados apenas quando se opta pelo tto cirúrgico.
Aumento da liberação de vitamina D (estímulo a enzima alfa- - Manifestações Clínicas
1-hidroxilase); (3) Inibe a reabsorção de PO4-; (4) Inibe a reab-
sorção de HCO3-. Em resumo, há retenção de Ca2+, excreção Maior parte é detectada ao acaso, em pacientes assintomáti-
de fosfato (fosfatúria) e de bicarbonato (bicarbonatúria); cos. Os sintomas surgem de forma discreta/insidiosa, “acostu-
II. HIPERPARATIREOIDISMO mando” o paciente. Dessa forma, ele já está acostumado com
as alterações e não consideram elas um sintoma.
- INTRODUÇÃO
OBS: adenomas e hiperplasia geralmente não produzem nódu-
É frequente 1-7/1.000 pessoas e a causa mais comum de hiper-
los palpáveis no pescoço. Caso exista um nódulo cervical no pa-
calcemia. Pode ocorrer por três formas: primário, secundário e
ciente com HPT, provavelmente se trata de um nódulo tireoidi-
terciário. O HPTP corresponde a maioria dos casos, com predo-
ano. O carcinoma de paratireoide se apresenta com nódulo pal-
mínio no sexo feminino, idosos (pico 6ª - 7ª década) e negros.
pável em 75% dos casos, porém é uma doença muito rara.
- ETIOLOGIA
Manifestações osteoarticulares
Principal causa de HPTP é adenoma solitário esporádico (80%),
Casos leves/moderados não apresentam desmineralização ós-
ou seja, apenas uma paratireoide tem a doença. Hiperplasia de
sea significativa, assim o paciente pode ser assintomático. Nos
duas ou mais glândulas corresponde a 20%. Menos de 1%
graves, porém, queixas de deformidades ósseas podem ocorrer
ocorre por carcinoma paratireoidiano. O único FR para o ade-
junto a achados radiográficos da osteíte fibrose cística (2-15%
noma esporádico é história de exposição à radiação ionizante.
casos). Pode ocorrer também condrocalcinose (deposição de
Quando se fala de pacientes jovens, a estatística é diferente. Se pirofosfato de Ca2+ na cartilagem articular), causando crises re-
a doença se manifestar antes dos 30 anos (maior prevalência correntes de pseudogota (artrite aguda provocada pela libera-
de etiologia genética), mais de 1/3 dos casos serão por hiper- ção do pirofosfato de cálcio no líq. sinovial) em 25% dos casos.
plasia multiglandular, sendo a incidência de câncer > 5%.
Manifestações relacionadas à hipercalcemia
- FISIOPATOLOGIA
Elevações discretas são assintomáticas. As queixas surgem
Em todas as formas de HPT, há secreção excessiva de PTH. quando o cálcio total > 11,5-12 mg/dL, sendo as principais:
Quando se fala em HPTP, a doença tem início na própria glân-
dula, seja por hiperplasia, adenoma ou câncer. HPTS ocorre
quando um fator sistêmico estimula a hipersecreção de PTH,
os principais são: hiperfosfatemia, deficiência de vitamina D
e DRC. A correção dos fatores resolve o quadro, porém se es-
ses persistirem por muito tempo, pode ocorrer hiperplasia
glandular, que leva a transformação neoplásica tardia. O
HPTT corresponde a situação descrita acima. Um HPTS onde
o tecido glandular é cronicamente estimulado sofreu trans-
formação neoplásica, tornando a secreção de PTH autônoma.
Os principais órgãos que sofrerão influência do HPT são:
❖ OSSOS: excesso de PTH aumenta o turnover ósseo, ou seja,
tanto a reabsorção (atividade osteoclástica) quanto a forma- Em raras ocasiões, o paciente pode ter a crise hipercalcêmica.
ção (atividade osteoblástica) estão aumentadas. Dois dese- Nela, o cálcio sérico é > 15 mg/dL e surge encefalopatia (RNC,
quilíbrios ocorrem: (1) A matriz do osso neoformado não tem vômitos, crise convulsiva, hiporreflexia, fraqueza muscular in-
mineralização correta, pois o excesso de PTH faz com que o tensa), desidratação e IRA pré-renal. Emergência médica.
Ca2+ seja removido do tecido e lançado na circulação; (2) A
- Manifestações Laboratoriais
mesma matriz neoformada é estruturalmente defeituosa,
pois o excesso de PTH desorganiza a produção de fibras colá- A principal alteração é a hipercalcemia. O cálcio tem sua forma
genas, fazendo com que elas fiquem entrelaçadas (woven ligado à albumina (inativa) e a forma livre/ionizada (ativa). Pode
bone). Nos casos avançados, o risco de fraturas aumenta. ser medido o cálcio total (ligado + livre) ou o ionizado.

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OBS: alterações da albumina podem falsear o resultado do cál- - TRATAMENTO
cio total. Dessa forma, na presença de hipoalbuminemia, os va- Para assintomáticos, sem condição de risco que melhoraria
lores de cálcio devem ser corrigidos pela fórmula: com a cirurgia, é feito acompanhamento e recomendações
Cálcio = Cálcio total medido + 0,8 x (4 – albumina) como evitar imobilidade e fazer uma alta ingesta hídrica.
O fosfato sérico geralmente está reduzido no HPTP (PO4- < 2,5 - Medicamentoso
mg/dL), pois o PTH estimula sua secreção urinária (hiperfos-
Calcimiméticos, como cinacalcet, são drogas que estimulam de
fatúria). Hipomagnesemia também pode ocorrer, pois a hiper- forma direta o sensor de cálcio das células da paratireoide, au-
calcemia diminui a reabsorção de magnésio (magnesiúria). mentando feedback negativo que a hipercalcemia exerce sobre
Outras alterações são: acidose metabólica hiperclorêmica e hi- a secreção de PTH, reduzindo a secreção deste hormônio.
peruricemia. A atuação do PTH no TCP leva a esses problemas, HPTP são empregados de dois jeitos: (1) Terapia inicial isolada;
pois ele bloqueia a reabsorção de BIC e aumenta de ácido úrico. (2) Estratégia de resgate em pacientes que falharam o tto cirúr-
OBS: queda de vitamina D é um estímulo para secreção de PTH. gico. No HPTS são medicações de 2ª linha, indicados em paci-
Ela deve ser um DD com HPT. É feita a dosagem de 25(OH)-vi- ente que não tolera/responde a reposição de vitamina D.
tamina D (pré-hormônio ativo), pois ele tem meia-vida longa. Os principais efeitos adversos dessas drogas são náuseas e vô-
- Exames de Imagem mitos, que no geral são leves e transitórios.
Não são necessários para fechar o Dx de HPT, porém são úteis
quando se opta pelo tto cirúrgico, pois eles auxiliam numa
abordagem menos invasiva, além de permitir a identificação de
eventuais paratireoides ectópicas. Os principais exames são:
❖ USG cervical; Bifosfonados IV: utilizados na hipercalcemia grave. Essas drogas
❖ SPECT com Tc99m-Sestamibi: TC por emissão de fótons, é uma inibem a atividade dos osteoclastos, causando queda gradual
técnica especial de cintilografia; na calcemia, que se mantém por semanas a meses.
❖ TC/RNM: na primeira operação, eles são preteridos pelo uso
da USG + SPECT. Contudo, nos casos de reoperação, eles são
preferencias, pois pode haver cicatrizes fibróticas que con-
fundem a interpretação da USG e do SPECT, diminuindo a
sensibilidade. A TC é com contraste;
❖ Densitometria óssea;
OBS: bifosfonados orais (alendronato, por exemplo) não são
OBS: todo paciente com HPT deve fazer TC de abdome/pelve
bons para controle da hipercalcemia associada ao HPT. O alen-
sem contraste, na procura de nefrolitíase/nefrocalcinose. Pre-
dronato pode ser prescrito caso o paciente tenha osteoporose.
sença de cálculos/calcificação do parênquima, mesmo assinto-
máticos, é um motivo para indicar o tto cirúrgico do HPT. Outro medicamento é o Denosumab, anticorpo monoclonal di-
recionado contra RANKL, citocina secretada pelos osteoblastos
- CÂNCER
para ativar os osteoclastos, estimulando a reabsorção óssea.
Carcinoma de paratireoide se apresenta como massa cervical
palpável, cursa com PTH elevadíssimo, > 5x LSN (geralmente >
1.000 pg/mL), hipercalcemia grave > 14 e sintomática.
Reposição de vit. D sempre está indicada na deficiência. A dose
PAAF é evitada, pois o Dx puramente citológico não é confiável varia de 800-2.000 UI/dia. O objetivo é mantê-la ≥ a 30 ng/mL.
e há risco de disseminação de células tumorais no trajeto da
- Cirurgia
agulha. A confirmação do Dx é pela análise da peça cirúrgica.
A cirurgia causa vários be-
- DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
nefícios, como:
Principal é a hipercalcemia humoral do câncer, Sd. paraneoplá- ❖ Maior sensação de bem-
sica. Os principais tumores associados são de mama, pulmão, estar geral, aumentando
pâncreas, endométrio e rim. O mecanismo é por secreção tu- a qualidade de vida;
moral de PTHrp, molécula que contém a porção biológica ativa ❖ Aumento da densidade
do hormônio. O quadro clínico e laboratorial seria igual ao do mineral óssea;
HPTP, mas há uma diferença crucial, os níveis séricos de PTH ❖ Melhora da cognição;
intacto encontram-se suprimidos devido a hipercalcemia. Mi- Métodos de imagens são
eloma múltiplo também é um DD. As células tumorais secretam empregados no pré-opera-
citocinas que aumentam a atividade osteoclástica, causando tório. Têm como objetivo, mapear as paratireoides (saber se
desmineralização óssea e hipercalcemia. sua localização é tópica, qual a glândula com alteração) para
Outros DD são: sarcoidose, doenças granulomatosas, intoxica- auxiliar na decisão de uma abordagem minimamente invasiva.
ção por cálcio e vitamina D exógenos, imobilização prolongada. Na cirurgia pode ser feita paratireoidectomia unilateral, apenas
da glândula adenomatosa. Entretanto, este método é deficiente,

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pois, mesmo casos de intraoperatório com queda > 50% dos Tireotoxicose é outra complicação. Ocorre por liberação de hor-
níveis séricos de PTH nos primeiro 15min após a ressecção, em mônios tireoidianos pré-formados e estocados nos folículos. Os
até 15% das vezes, o quadro de HPT persiste ou recidiva. Isso hormônios são liberados devido a manipulação cirúrgica da
ocorre porque outras glândulas estavam comprometidas.** glândula. O quadro é autolimitado.
A paratireoidectomia subtotal (retirada de três paratireoides, Outras complicações são a lesão dos nervos laríngeos e a he-
das glândulas ectópicas e mais ½ da glândula remanescente) morragia com formação de hematoma. O hematoma pode
deve sempre ser indicada, pois tem menos recidivas. comprimir a traqueia e causa dificuldade respiratória.
OBS: na paratireoidectomia subtotal, um clipe de metal é dei- 3) Interpretar densitometria óssea;
xado próximo ao tecido da paratireoide remanescente, facili-
É o exame utilizado para Dx de osteoporose/osteopenia, pois
tando sua eventual localização futura. detecta a redução da massa óssea de maneira precoce e pre-
Paratireoidectomia subtotal também pode ser indicada na do- cisa. Avalia a coluna lombar e colo do fêmur. Essas regiões são
ença multiglandular. Porém, muitos preferem que seja feita a escolhidas porque são os locais mais sujeitos a fraturas.
paratireoidectomia total, seguida de autoimplante heterotó- - INDICAÇÕES
pico (implante de parte de uma das glândulas na musculatura
do antebraço). As paratireoides conseguem com facilidade fa- Mulheres acima de 65 anos e homens acima de 70. Porém, pode
zer conexões vasculares, adaptando-se ao novo tecido. ser indicada antes dessa idade, caso o paciente apresente:

OBS: como apenas parte da glândula fica no paciente, mesmo ❖ Baixo peso – IMC < 18,5 kg/m2;
❖ Fratura prévia;
na hiperplasia é possível manter PTH normal. Além disso, no
❖ Medicações que aumentam o risco de osteoporose (corticoi-
caso de nova cirurgia, a localização facilita o processo.
des, anticonvulsivantes, levotiroxina em dose supressiva);
No carcinoma de paratireoide, deve-se fazer a ressecção em ❖ Doenças que aumentam o risco de osteoporose (HPTP, hiper-
bloc do tumor e dos tecidos adjacentes (incluindo o lobo tireoi- tireoidismo, síndrome de Cushing, DII);
diano ipsilateral). Durante a cirurgia, não se deve romper a cáp- ❖ Osteoporose já diagnosticada;
❖ Monitorar tratamento;
sula tumoral, pois pode levar a disseminação locorregional da
doença. A meta é ter margens cirúrgicas livres (sem resto de - CONTRAINDICAÇÕES
tumor no paciente), caso esse objetivo não seja atingido, deve- ❖ Mulheres grávidas ou com suspeita de gravidez.
se fazer radioterapia na região cervical no pós-operatório. Na ❖ Uso de contraste de iodo/bário em menos de duas semanas;
ausência de metástases e presença de margens cirúrgicas li- ❖ Pacientes que fizeram cintilografia recentemente;
vres, a sobrevida em cinco anos chega perto de 80%. ❖ Obesidade grave. Os aparelhos suportam até 160/200 kg.
❖ Suplementação de cálcio no dia, pois a pílula pode aparecer
- Complicações da Cirurgia no exame da coluna, interferindo no resultado.
70% dos casos, os níveis de PTH caem abaixo do normal logo - PERIODICIDADE
após paratireoidectomia, especialmente se for um adenoma
solitário, pois o tecido glandular remanescente (saudável) está Feita a cada 1-2 anos, depende do controle da doença. Interva-
atrofiado e inibido, devido à longa exposição à hipercalcemia. los mais curtos podem ocorrer em casos de rápida perda óssea
O maior problema no pós-operatório é a hipocalcemia aguda e em pessoas que utilizam medicamentos a base de corticoides.
secundária ao hipoparatireoidismo, no geral, transitória. - SIGNIFICADO DOS RESULTADOS
Hipocalcemia aparece nas primeiras 24h do pós-operatório e O exame compara ossos do paciente com os de um jovem sau-
desaparece em 3-5 dias (há recuperação glandular). As princi- dável e fornece a distância entre massa óssea do paciente para
pais queixas são parestesia e tetania (contrações tônicas inter- média normal. É calculado o T-score, que mostra quanto o pa-
mitentes, acompanhadas de tremores, dores locais, paralisias). ciente está próximo ou distante do ideal. O T-score inicia no zero
No EF, os sinais de Chvostek e Trousseau pode estar presentes. (representa a média) e pode ser negativo ou positivo. Quanto
Magnésio também deve ser reposto, pois hipomagnesemia mais negativo, mais longe da massa óssea ideal está o paciente.
contribui para bloqueio da liberação de PTH pelas paratireoi- VALORES DE REFERÊNCIA
des. Em algumas ocasiões, os níveis séricos de PTH aumentam
Os sítios mais usados são coluna, fêmur ou antebraço:
acima do normal no pós-operatório. Isso ocorre por:
❖ Normalidade: T-score de 0 a -1,0 DP;
❖ Persistência da doença;
❖ Osteopenia: T-score de -1,0 a -2,4 DP;
❖ Sd. fome óssea (queda do PTH pós-cirurgia, os osteoblastos
❖ Osteoporose T-score de -2,5 ou menos;
retomam sua atividade de síntese, acelerando a formação ós-
sea. Quando esse fenômeno é muito acentuado, acaba con- 4) Estudar litíase urinária;
sumindo cálcio, fósforo e magnésio do sangue. Ela geral- Nefrolitíase tem prevalência de 3% da população. O encontro
mente ocorre quando o paciente tem osteíte fibrosa cística, de um cálculo é interpretado como um distúrbio permanente,
e se manifesta por 3-6 meses, cessando espontaneamente. O
onde o paciente estará sempre suscetível à formação de novos
tto é feito pela reposição dos minerais);
cálculos. A recorrência é de 10% no primeiro ano, 35% nos pró-
A diferença entra elas é feita pela dosagem dos níveis séricos ximos 5 anos e 50-60% em dez anos. A nefrolitíase é uma do-
de cálcio, elevados na primeira e reduzidos na segunda. ença crônica, logo deve ser controlada.

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Mais comum em homens, com pico de incidência 20-40 anos. de cálcio ou ácido úrico. Essa nucleação pode ocorrer em con-
É manifestada pela Sd. de cólica nefrética. Os principais FR são: centrações um pouco acima do produto de solubilidade.
1) História de nefrolitíase prévia; 2) HFam de nefrolitíase; 3) Depois de formados, os cristais podem (ou não) se transformar
Baixa ingesta hídrica; 4) Urina ácida (ocorre quando há resis- em cálculos macroscópicos, nem todas as pessoas com cristais
tência à insulina, casos como obesidade, DM tipo 2, diarreia vistos no EAS têm nefrolitíase. Fluxo urinário pode eliminar cris-
crônica); 5) História de gota; 6) ITU crônica ou recorrente. tais antes deles crescerem e se tornarem cálculos verdadeiros.
- COMPOSIÇÃO DOS CÁLCULOS Para formar o cristal é necessário que ocorra dois processos:
Cálculos que têm sais de cálcio em sua composição represen- (1) Crescimento; (2) Agregação (junção de cristais, surgindo
tam 70-80% dos casos, sendo o oxalato de cálcio o mais preva- grandes partículas que podem ficar retidas no sistema coletor).
lente (40-70%). Há dois tipos de cristais de oxalato de cálcio, o Para que o cálculo se forme, é necessário a retenção de cristais.
monoidratado (wewelita) e o di-hidratado (wedelita). Eles são Acredita-se que isso ocorre de duas formas:
diferentes na morfologia e em algumas propriedades físicas. ❖ A nucleação ocorre na luz do túbulo. Com o deslocamento do
Outro sal com cálcio em sua composição é o fosfato de cálcio cristal pelos túbulos, ocorreria rápida agregação e formação
(apatita), encontrado com mais frequência junto do oxalato de de uma estrutura grande que fica retida nas papilas renais;
❖ Lesão no urotélio permite a aderência do cristal, prolongando
cálcio. Cálculo de fosfato de cálcio puro é incomum, ocorrendo
a exposição à urina supersaturada, facilitando a agregação e
em apenas 6% dos cálculos renais.
crescimento do cálculo;
Cálculo de estruvita é conhe-
- Cálculos Infecciosos
cido como cálculo infecci-
oso, pois se desenvolve na 10% dos cálculos renais e 75% dos coraliformes. Tem rápido
presença de bactérias que crescimento e alta taxa de recorrência, principalmente por fra-
produzem urease. A estru- gmentos residuais de tto incompleto. Geralmente se formam
vita, macroscopicamente se no pH > 7,2, havendo saturação de magnésio, amônio e fosfato.
apresenta como o cálculo Urina humana possui muito cálcio, magnésio e fosfato, mas não
coraliforme, de cor marrom tem amônia em concentrações suficientes para precipitação da
e tem como cristais urinário estruvita, é necessário um pH básico para amônia cristalizar.
prismas retangulares, na
Urease, produzida por algumas bactérias (num episódio de ITU,
forma de “tampa de caixão”.
por exemplo) causa várias reações químicas que produz amônia
- PATOGÊNESE e aumenta o pH. As bactérias mais comuns são: Proteus, E. coli
Na urina, elementos químicos podem se combinar e surgir os e Klebsiella, todas Gram negativas.
sais insolúveis, que formarão os cristais (microlitos). Os cálculos - Inibidores Fisiológicos
se originam do crescimento e agregação desses cristais.
O principal é a água. Uma urina diluída reduz a concentração
Algumas situações predispõem a supersaturação da urina, fa- de todos os seus elementos químicos, diminuindo a chance de
vorecendo a formação de cálculos. As principais são: (1) Hipe- nucleação (cristalização). A concentração iônica fica inferior ao
rexcreção de solutos; (2) Volume urinário reduzido; (3) Altera- produto de formação de cristais e as vezes ao produto de solu-
ções do pH; (4) Deficiência dos inibidores da cristalização; (5) bilidade. A diluição urinária também aumenta o fluxo urinário,
Alterações anatômicas que facilitam a estase urinária. facilitando a eliminação dos cristais recém-formados.
Para surgir os cristais urinários, é preciso que exista supersatu- Resumindo: aumento da ingesta hídrica inibe todas as fases de
ração, que ocorre quando o produto da concentração do ele- formação do cálculo, nucleação, crescimento e agregação.
mento está acima do seu produto de solubilidade. A supersatu-
Para o cálculo formado por oxalato e cálcio, citrato e magnésio
ração sofre influência do pH urinário. pH > 7,0 favorece super-
são bons inibidores da nucleação, pois o magnésio se liga ao
saturação de fosfato de cálcio (apatita) e estruvita. Já o pH < 5,0
oxalato, o citrato ao cálcio, formando substâncias solúveis.
reduz a solubilidade do ácido úrico e da cistina.
Formação dos cristais ocorre por nucleação de dois tipos:
Homogênea (primária): ocorre quando o cristal é puro, por
exemplo, apenas de cálcio e oxalato. Para que aconteça, as con-
centrações urinárias dos elementos envolvidos devem estar
elevadíssimas, acima do produto de solubilidade e as concen-
trações iônicas acima do produto de formação de cristais.
Heterogênea: o cristal é formado sobre a superfície de outro de
composição distinta. O primeiro cristal funciona como nicho
para aposição dos novos complexos. Um exemplo são os cris-
tais de oxalato de cálcio que se formam sobre cristais de fosfato

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- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Métodos de Imagem
Algumas pessoas eliminam pequenas partes do cálculo quase Dois exames são de 1ª linha, TC helicoidal não contrastada (1º
sem dor, enquanto outras apresentam sintomas graves de obs- escolha) e USG do trato urinário (2º escolha). A TC identifica
trução ureteral, surgindo a Sd. de cólica nefrética. Os cálculos diversos tipos de cálculos, inclusive os de ácido úrico (radio-
costumam obstruir o sistema coletor em três pontos, que são transparentes no Rx). A USG apresenta uma limitação, ela não
conhecidos como pontos de constricção fisiológica do ureter: consegue visualizar cálculos mais distais no trato urinário.
(1) Junção ureteropélvica; (2) Terço médio do ureter (cruza- - Qual a Composição do Cálculo
mento com os vasos ilíacos internos); (3) Junção vesicureteral.
Sabendo isso, é possível fazer o Dx do distúrbio metabólico que
- Cólica Nefrética (Ureterolitíase Sintomática)
está levando a nefrolitíase. A melhor forma de se ver a compo-
Quando cálculo migra da pelve para o ureter, o paciente tem sição do cálculo é por sua análise direta. O paciente deve ser
uma dor intensa, que é causada pela impactação do cálculo nos orientado, durante as crises, a filtrar a urina, por exemplo, uri-
pontos de constricção fisiológica do ureter. Tentando forçar a nar através de uma gaze, com o intuito de resgatar o cálculo
passagem, o ureter se contrai de maneira espasmódica e repe- quando ele passar pela uretra. O exame de urina pode revelar
titiva, causando as dores em cólica que duram 20-60min. Se a a presença de cristais, porém nem sempre os cristais encontra-
impactação causar obstrução importante, há grande aumento dos são da mesma composição do cálculo sintomático.
na pressão do TU, causando distensão aguda da cápsula renal. - Qual é o Fator Predisponente à Formação do Cálculo?
A dor é insuportável, podendo cursar com manifestações neu-
rovegetativas como náuseas, vômitos, sudorese fria e síncope. - TRATAMENTO AGUDO

A localização da dor tem relação com a topografia do cálculo - Cólica Nefrética (Uretero-
impactado. Cálculo na JUP causa dor em flanco e Giordano litíase Sintomática)
precocemente positivo. Cálculo próximo a porção média do Analgesia
ureter causa dor abdominal com irradiação para o ligamento
AINEs (diclofenaco - IM)
inguinal e/ou testículo/grande lábio ipsilateral.
são a 1ª opção. No geral,
- Hematúria eles têm excelente efeito
Nefrolitíase é a segunda causa de hematúria, pode ser micro analgésico e previnem o
ou macroscópica. É detectada em 90% dos pacientes com cál- espasmo da musculatura
culo renal, podendo ser o único sinal da nefrolitíase. lisa do ureter. Depois dos
AINEs faz-se dipirona.
- Infecção
Opioides são a última escolha e são utilizados apenas em paci-
Pielonefrite é uma das mais graves complicações da litíase com entes que não respondem/toleram os AINEs/dipirona.
cálculo impactado no ureter. Os pacientes apresentam febre
alta, calafrios e leucocitose com desvio à esquerda. Por ser uma Bloqueadores Alfa-1-Adrenérgicos
pielonefrite complicada, a sepse costuma ser intensa e de rá- Relaxam a musculatura lisa ureteral. São drogas que diminuem
pida instalação, cursando com bacteremia. Se o rim infectado o espasmo do TU, facilitando a movimentação do cálculo, au-
não for desobstruído, há chance de ocorrer pionefrose. mentando a chance de eliminação espontânea.
- Cálculos Coraliformes AINEs + Alfabloqueador = Terapia Médica Expulsiva (TME). Pa-
No geral, são assintomáticos e crescem ocupando quase toda cientes com cálculos ureterais < 10 mm, com sintomas que con-
pelve e cálices renais. São comumente formados por estruvita, seguem ser bem controlados e que não apresentam indicações
porém podem ser de cistina ou ácido úrico. Eles estão associa- para abordagem urológica (sepse e perda da função renal), po-
dos a pior prognóstico e sempre necessitam de terapia inter- dem tentar TME por 4-6 semanas. A droga de escolha hoje é o
vencionista, mesmo nos pacientes assintomáticos. Tamsulosin, 0,4 mg/dia a noite (devido ao efeito hipotensor).

- DIAGNÓSTICO Hidratação

Há um algoritmo que deve ser seguido, respondendo três per- Recomendava-se hidratação forçada/vigorosa com intenção de
guntas: (1) Existe mesmo nefrolitíase?; (2) Qual a composição aumentar a produção de urina e da coluna de pressão acima do
do cálculo; (3) Que fator predispôs a formação do cálculo? cálculo. Hoje, sabe-se que isso não tem nenhuma evidência ci-
entífica, ao contrário, estudos mostram que hidratação mínima
- Existe Mesmo Nefrolitíase? é tão (ou mais) eficaz. Hidratação venosa é recomendada
Deve-se suspeitar de nefrolitíase em três situações clínicas: quando for necessário corrigir um quadro franco de desidrata-
❖ Síndrome de cólica nefrética; ção ou quando for necessário analgesia parenteral.
❖ Hidronefrose; - Intervenção urológica
❖ Hematúria;
Maioria dos cálculos ureterais < 5 mm é eliminada de forma es-
DD são aneurisma de aorta abdominal, apendicite, diverticulite pontânea. > 5 mm, a chance de eliminação espontânea diminui
aguda, pielonefrite, cistite bacteriana e o infarto renal. progressivamente, sendo baixíssima nos cálculos > 10 mm. Ou

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seja, atualmente o ponto de corte para uma abordagem inter- fio-guia, depois a dilatação do trajeto renocutâneo. O cálculo
vencionista precoce é cálculo > 10 mm. pode ser fragmentado com litotridor. Cálculos < 1 cm podem
ser removidos pelo fórcipe através do canal da nefrostomia, já
5 modalidades de inter-
os > 2 cm devem ser primeiramente fragmentados. Ao final
venção urológica para reti-
rada de cálculos podem usa-se nefrostomia para drenagem da via excretora e tampo-
namento.
ser utilizadas:
❖ Litotripsia com Ondas A NLP é melhor para tratar cálculos coraliformes. Se na análise
de Choque Extracorpórea (LECO); dos fragmentos se achar um cálculo de estruvita, ATB prolon-
❖ Litotripsia por Urete- gada deve ser feita.
rorrenoscopia (endourológica);
❖ Nefrolitotomia Percu- Complicações: sangramento (laceração de vasos hilares, perfu-
tânea (cirurgia minimamente in- ração da via excretora, etc.), fístula renocutânea, lesão de pul-
vasiva);
mão e pleura, perfuração de cólon.
❖ Laparoscopia;
❖ Nefrolitotomia Aberta Laparoscopia
(anatrófica);
Pode ser feita quando há falhas nos métodos não invasivo ou
Litotripsia com Ondas de Choque Extracorpórea (LOCE) minimamente invasivos. Ela é cogitada nos casos em que tam-
Aparelho gera ondas mecânicas convergentes que tem como bém se cogita pela cirurgia aberta.
ponto focal o cálculo. Com uma dose correta de energia, o cál-
Nefrolitotomia Aberta
culo é pulverizado em pequenos fragmentos, que passam de
forma espontânea pelo ureter. Os fatores que influenciam nos Foi o primeiro procedimento cirúrgico, mas hoje encontra-se
resultados da LECO são: obsoleto. As principais indicações são:

❖ Frequência, número e potência dos impulsos; ❖ Refratariedade aos métodos não invasivos (LECO) ou minima-
❖ Composição do cálculo (densidade < 1.000 UH); mente invasivos;
❖ Localização do cálculo; ❖ Cálculos anatomicamente complexos e extensos, no geral,
❖ Tamanho do cálculo (< 20 mm); coraliformes;
❖ Distância pele-cálculo (< 9-10 cm); - Tratamento da Litíase Complicada
Para saber a densidade usa-se TC que vai medir o coeficiente Litíase complicada ocorre quando um cálculo obstrutivo se as-
de atenuação em unidades Hounsfield (UH). Cálculos > 1.000 socia à infecção renal (pielonefrite) ou a uma insuficiência renal
UH tem taxa de fragmentação de 50% (ruim para LECO). aguda, pós-renal. Nesses casos, faz-se primeiramente a desobs-
Cálculos em divertículos calicinais, em cálice inferior ou em trução da via urinária, para evi-
rins com estenose de JUP não têm bom resultados com a tar a evolução para perda irre-
LECO. versível do parênquima. Para
desobstruir o rim acometido,
Contraindicações: gestação, coagulopatia, HAS não contro- dois procedimentos emergenci-
lada, ITU devido a obstrução pelo cálculo.
ais são usados: nefrostomia
Complicações: a principal é o hematoma perinéfrico (< 1%). percutânea (cateter único J) ou
stent ureteral (cateter duplo J)
Litotripsia por Ureterorrenoscopia
Um ureteroscópio rígido, semirrígido ou flexível é introdu- - TRATAMENTO CRÔNICO
zido no óstio ureteral, podendo chegar até o interior da Pacientes que formam cálculos
pelve renal. Com essa técnica, é possível a aplicação de vá- cronicamente devem receber
rias modalidades de litotripsia intracorpórea, fragmen- tto preventivo para evitar no-
tando os cálculos. Método de escolha para retirada de cál- vos episódios. A conduta de-
culos impactados em ureter distal, tendo taxa de sucesso pende do tipo de cálculo e do
de 99,9%. No ureter médio a taxa é de 90%, sendo seme- distúrbio metabólico.
lhante a LECO. Já nos cálculos em ureter proximal/JUP, não
- Medidas Gerais
é bom, recomenda-se LECO ou NLP.
Aumento da ingesta hídrica (2-3
Complicações: pode ser maiores (avulsão, intussuscepção, L/dia). Com isso, se dilui os íons
estenose de ureteres, sepse) e menores (perfuração ureteral, urinários, reduzindo chance de formar cristais e elimina cristais
falso trajeto, lesão de mucosa e hematúria. pré-formados, por aumento do fluxo urinário.
Nefrolitotripsia Percutânea (NLP)
- Cálculos de Cálcio – Prevenção
Paciente em de- Hipercalciúria Idiopática
cúbito lateral,
faz-se punção e Excreção urinária de cálcio maior que 300 mg/dia, na vigência
passagem do e normocalcemia. A etiologia é desconhecida. É uma condição
indicações

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herdada, autossômica dominante. A prevenção se faz pela - Cálculos de Ácido Úrico –
restrição dietética de sal e proteínas de origem animal, não Prevenção
de cálcio. O tratamento é com HCTZ 12,5-25 mg/dia. Radiotransparentes no Rx. A
Hiperoxalúria idade de apresentação va-
ria, mas homens de meia-
Excreção de oxalato > 5 mg/dia. Raramente é causada por
consumo exagerado de alimentos ricos em oxalato, como idade são o grupo mais aco-
metido. HFam de gota ge-
espinafre, amêndoas, chocolate, beterraba, amendoim, ce-
ralmente está presente.
reja, e chá. A forma mais comum de hiperoxalúria é a hipe-
roxalúria entérica que é uma condição adquirida ou secun- Tem como fatores precipi-
dária. tantes superprodução e ex-
creção de ác. úrico, além de
O tratamento é feito com a redução de oxalato e gordura da
urina ácida e baixos volumes urinários. No pH ácido, o ác. úrico
dieta, suplementos orais de cálcio e colestiramina (quelante de
apresenta pouca solubilidade, por isso, precipita. Hiperuricosú-
oxalato e sais biliares), além do aumento da ingesta hídrica.
ria: excreção urinária > 800 mg/dia H e 750 mg/dia M.
Hiperuricosúria
Tratamento
20% dos pacientes com cálculo de oxalato de cálcio tem hipe-
Restrição de alimentos ri-
ruricosúria como único distúrbio metabólico. A formação de
cos em purinas (fígado,
cristais de ácido úrico serve de nicho para a nucleação do oxa-
lato de cálcio. miolos, aves, peixes, espi-
nafre). Algumas medica-
Hipocitratúria ções que mantêm o pH
A excreção diária de citrato é de 320 a 1.300 mg/dia. O citrato urinário acima de 6,5 tam-
se liga ao cálcio formando citrato de cálcio, que é altamente bém são utilizadas, entre
solúvel na urina, sendo eliminado sem formar cristais. Hipoci- elas está o bicarbonato de
tratúria é definida como excreção urinária < 300 mg/dia. O tra- potássio e o citrato de po-
tamento é com reposição de citrato com citrato de potássio. tássio (40-80 mEq/dia).

HPTP 5) Estudar ITU;

As principais manifestações desses pacientes são litíase uriná- - DEFINIÇÃO DE TERMOS IMPORTANTES
ria de repetição, úlcera péptica e distúrbios ósseos. O PTH Bacteriúria significativa: presença de bactérias na urina numa
causa aumento na reabsorção de cálcio pelo TCD. Contudo, a quantidade maior que a esperada pela contaminação da uretra.
TFG do cálcio é tão grande, que o balanço final resulta em mais É definida pelas seguintes variáveis:
cálcio eliminado que reabsorvido levando a hipercalciúria.
❖ Mulheres com sintomas de cistite não complicada: ≥ 102 unida-
- Cálculos de Estruvita – Prevenção des formadoras de colônia (UFC)/mL + piúria (≥ 10 leucóci-
tos/campo medido no EAS);
10-20% de todos os cálculos. Tem em sua composição amônia,
❖ Mulheres com pielonefrite não complicada ou homens com qual-
magnésio e fosfato. As bactérias produtoras de urease são Pro-
quer forma de ITU: ≥ 104 UFC/mL + piúria;
teus, Pseudomonas, Enterococcus e Klebsiella sp. A urease des- ❖ Mulheres com ITU complicada: ≥ 105 UFC/mL, com ou sem piúria;
sas bactérias degrada a ureia da urina, formando amônia e CO 2.
O NH3 é uma base, e quando em concentrações altas, alcaliniza ITU complicada: fatores que aumentam riscos de pielonefrite e
o pH (> 7,0). Ao se ligar ao H+ da urina, a amônia converte-se sepse. (1) Obstrução urinária; (2) Bexiga neurogênica; (3) Ne-
em amônio e no pH alcalino, o amônio combina-se com o fos- fropatia diabética; (4) Imunodepressão; (5) DRC; (6) Alterações
fato e magnésio, formando os cristais de estruvita. anatômicas do TU; (7) Cateter vesical/cálculos; (8) Gravidez.

FR são: ITU, sexo feminino, bexiga neurogênica, anomalias con- - DEFINIÇÃO


gênitas da via urinária, prostatismo, etc. ❖ ITU baixa: infecções de bexiga, uretra, próstata e do epidídimo;

O exame de urina pode mostrar proteinúria (< 1,0 g/dia) que


mostra uma pielonefrite ou inflamação crônica do TU. Presença
de cálculo de estruvita é evidência de infecção do TU, concomi-
tante ou prévia. Hipercalciúria/hiperuricosúria estão presentes
em até ½ dos pacientes com cálculos relacionados à infecção.
Tratamento ❖ ITU alta: infecção do parênquima renal, a pielonefrite aguda;
ATB esteriliza de forma temporária a urina, mas a infecção re-
torna em curto prazo, pois a terapia do ATB não atinge as bac-
térias que residem no interior dos cálculos. Dessa forma, é obri-
gatória a remoção completa de todos os cálculos.

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- PATOGÊNESE DAS ITU fímbrias é o antígeno do grupo sanguíneo P, que está presente
tanto nas hemácias quanto no TU. Pessoas que não pertencem
O agente infeccioso pode atingir o TU de quatro formas: (1) Via
a esse grupo têm menos chance de desenvolver pielonefrite
ascendente; (2) Via hematogênica; (3) Via linfática; (4) Inocu-
(exceção dos pacientes com alterações anatomofuncionais,
lação direta por fístula vesicoenteral.
como o RVU, pois a adesão bacteriana é menos importante).
- Via Ascendente
OBS: profilaxia com Bactrim → Diminui a síntese de fímbrias.
Principal via de infecção. O TU é uma coluna de urina que vai
Presença de corpos estranhos: várias bactérias podem secretar
da uretra até a pelve renal. A pele em volta do meato uretral é
uma camada de polissacarídeos que reveste corpos estranhos
colonizada por bactérias comensais dos gêneros Diphteroides,
no interior do TU, formando o biofilme. Esses micro-organis-
Streptococcus, Staphylococcus e Lactobacillus.
mos vivem dentro desse biofilme e escapam das defesas do
Enterobactérias Gram –, responsáveis pela maioria dos casos hospedeiro e do alcance dos ATB. Cateter vesical de demora e
de ITU, não estão presentes nesse região. No entanto, algumas cálculos são os principais exemplos de corpos estranhos.
condições predispõem à perda da flora normal, abrindo espaço
Gravidez: alterações fisiológicas ocorrem, as principais para ITU
para micro-organismos provenientes do intestino.
são: redução do tônus e da peristalse do músculo liso (hidrone-
Os patógenos seguem uma sequência estereotipada: (1) Colo- frose fisiológica), compressão da bexiga pelo útero (RVU). ITU
nização do períneo; (2) Introito vaginal (prepúcio em homens); em gestação é ruim para o feto, pois pode ocasionar: prematu-
(3) Uretra distal; (4) Ascensão à bexiga. ridade, baixo peso ao nascer, maior morbimortalidade perinatal.
Nas mulheres, devido ao menor comprimento da uretra, a as- Fatores de defesa do hospedeiro:
censão para a bexiga é comum durante o coito. Nos homens, o
fluxo turbulento da uretra (causado por estenoses – HPB) é o
maior facilitador da ascensão bacteriana.
A pielonefrite pode ser causada por: (1) Bactérias com capaci-
dade de adesão ao epitélio urinário, que conseguem chegar até
o parênquima renal por conta própria; (2) Refluxo vesicureteral
que facilita a chega de qualquer bactéria ao parênquima.
- Via Hematogênica
O parênquima renal pode ser invadido durante um período de
bacteremia, entretanto essa via é incomum. Os principais agen-
tes são: Staphylococcus aureus e Candida spp., ambos vindos
- AGENTE ETIOLÓGICO
de um processo infeccioso distante. Nos casos raros de infec-
ção renal por Mycobacterium tuberculosis ou Histoplasma spp., Varia com presença/ausência de alguns dados. Na ITU esporá-
a via hematogênica é a principal porta de entrada. dica, não complicada (sem cálculo, alteração anatomofuncional
ou manipulação urológica), Escherichia coli é responsável por
- Via Linfática
80-85% dos casos (tanto de cistite quanto pielonefrite). O Sta-
Há evidências experimentais sobre esta via. Há conexões linfá- phylococcus saprophyticus é o segundo mais comum, respon-
ticas entre ureteres e rins, a linfa se dirige a pelve renal quando sável por 10-15% dos casos em mulheres sexualmente ativas.
ocorre aumento da pressão intravesical, numa HPB, por ex. Klebsiella, Proteus e Enterobacter formam a pequena parte que
- Fístula Vesicoenteral resta das ITU esporádicas não complicadas.

Bacteriúria por germes anaeróbios (como Bacteroides fragilis) Já se a história for de ITU recorrente/complicada (cálculo, alte-
é sugestiva de conexão entre o TU e o intestino. Entretanto, ração anatomofuncional ou manipulação urológica), germes
esses vermes podem estar presentes em indivíduos que tive- como Enterococcus, Pseudomonas e Serratia têm importância
ram o TU reconstruído com segmentos intestinais. maior. Mesmo em ITU complicada, a E. coli ainda é a principal
causadora de ITU, porém numa proporção < 50% dos casos.
- DETERMINANTES DA INFECÇÃO
Nefrolitíase aumenta chance de ITU por Proteus ou Klebsiella,
Colonização periuretral: os principais fatores que eliminam a pois são bactérias que predispõe formação de cálculos.
flora comensal não patogênica, favorecendo crescimento de
enterobactérias Gram –, são: uso de ATB, atrofia do epitélio va- Candida spp. pode ser pensado nos pacientes diabéticos e em
ginal pós-menopausa e uso de espermicidas. Nessas situações, uso de ATB de amplo espectro. Cateterismo vesical por mais de
há redução de Lactobacillus produtores de H2O2, o que facilita 30 dias tem altas chances de infecção polimicrobiana (70% dos
a adesão de enterobactérias (E. coli, por exemplo). casos), além de infecção por Gram – atípicos, como Providencia
stuartii e Morganella morgani.
Adesão bacteriana e sangue tipo “P”: a capacidade de subir
pelo TU varia de acordo com a cepa bacteriana. E. coli e Pro-
teus, uropatogênicos, são os que possuem fímbrias que podem
se aderir as células da mucosa urinária. O receptor celular das

10
com queda do estado geral e sintomas inespecíficos, como ce-
faleia, náuseas, vômitos e diarreia.
A dor, que resulta da distensão da cápsula renal, pode se irra-
diar para o abdome. Irradiação para a virilha é sugestivo de obs-
trução ureteral (nefrolitíase). Até 30% dos pacientes com ITU
alta desenvolvem sintomas de ITU baixa concomitantes (disú-
ria, polaciúria, urgência).
- SITUAÇÕES COMUNS Giordano geralmente é intenso, isso ocorre pelos movimentos
- Bacteriúria em Adultos do rim inflamado quando ocorre a onda de choque.

O início da atividade sexual causa aumento da incidência de ITU Complicações como abscessos intraparenquimatosos ou peri-
em mulheres, que são a maioria dos casos até os 60 anos de nefréticos ocorrem em < 10% dos casos, sendo suspeitados na
idade. A prevalência de bacteriúria assintomática em mulheres persistência da febre mesmo após 3 dias de ATB. Quando não
não grávidas é de 1-3%. O maior FR para ITU é uma ITU prévia. tratada de forma adequada, pode evoluir com sepse.

Em homens, a prevalência de bacteriúria aumenta com a idade. - DIAGNÓSTICO


Esse aumento tem relação com a doença prostática e a maior - Exames Inespecíficos
frequência de manipulação do TU. A ocorrência de ITU em ho-
Cistite/uretrite não alteram leucograma ou níveis de PCR, no
mens sempre se relaciona com alguma anormalidade anatomo-
entanto a pielonefrite sim. EAS faz parte do Dx, mas não deve
funcional, ou seja, sempre é ITU complicada.
ser utilizado de maneira isolada. A piúria (≥ 10 piócitos/campo)
- Bacteriúria em Idosos tem baixa acurácia para ITU, com 65% de sensibilidade e 80%
Ao menos 10% dos homens e 20% das mulheres com mais de de especificidade. As principais causas de piúria são:
65 anos apresentam bacteriúria. Com a idade, a diferença que OBS: cilindros piocitários
havia de casos entre homens e mulheres diminui. O fator que no EAS é quase patogno-
contribui para isso é: doença prostática no homem (perda da mônico de pielonefrite.
função bactericida com as secreções, além da obstrução do
Teste do nitrito é bom para
TU e disfunção vesical associada – divertículos).
Gram – entéricos (excetu-
- Bacteriúria Hospitalar ando-se Pseudomonas ae-
Tem prevalência de 2-3%. Dois fatores elevam a de ITU noso- ruginosa), pois eles pos-
comial: (1) Gravidade doença de base; (2) Cateterismo vesical suem a enzima nitrato-re-
que muitas vezes é utilizado inadvertidamente. As indicações dutase, que transforma ni-
são: (1) Obstrução uretral; (2) Monitorização do débito uriná- trato urinário em nitrito. A
rio; (3) Pós-operatório de cirurgias urológicas. O tempo de per- sensibilidade é baixa (35-85%, pois não detecta fungos ou gram
manência do cateter é o fator mais importante, a cada dia de +), porém a especificidade é alta, podendo chegar a 90%.
cateterização, a prevalência de bacteriúria aumenta em 3-5%. Hematúria micro/macroscópica pode ocorrer, especialmente
- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DE UMA ITU BAIXA na cistite. Se permanecer após a resolução do quadro agudo,
deve-se pensar em nefrolitíase, câncer, glomerulopatias, TB re-
- Cistite Aguda nal, etc. Proteinúria pode ocorrer em níveis baixos (< 2 g/24h).
Disúria + polaciúria e em alguns casos dor suprapúbica estão - Confirmação Diagnóstica
associadas a infecção da bexiga. Em 30% dos casos evolui com
hematúria. Em homens, os sintomas obstrutivos podem predo- Por urinocultura. Um dos problemas é a chance de contamina-
minar. No EF, é comum dor à palpação do hipogastro. ção por germes que estão na flora comensal periuretral. Para
diferenciar infecção de colonização, é quantificado o número
- Uretrite de unidades formadoras de colônia por mL de urina.
Poucos casos. O quadro é semelhante ao da cistite aguda, com Métodos de Coleta de Urina
disúria e polaciúria. Ureterite é a explicação dos casos que se
achava que era cistite, mas tinha urinocultura negativa. Os prin- Micção Espontânea: é colhido a urina do jato médio, ou seja,
cipais agentes causadores da doença são: Neisseria gonor- despreza-se a primeira e a última porção do jato urinário.
rhoeae, Chlamydia trachomatis e o vírus herpes simples. Cateter Vesical: cateter a mais de sete dias deve ser trocado
Diferente da cistite, a duração dos sintomas é maior (> 7 dias) para a coleta de urina, pois os germes do interior da luz do ca-
e o tempo de instalação mais prolongado (cistite se instala em teter não são os mesmos da bexiga.
< 24h). Em homens, além da disúria há corrimento uretral. Bacteriúria Assintomática
- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DE UMA ITU ALTA: PIELONEFRITE Presença de bacteriúria significativa, porém na ausência de sin-
Na maioria dos casos (60%) cursa com uma tríade: febre alta, tomas urinários. A contagem bacteriana varia de acordo com o
calafrios e dor lombar. No geral, os pacientes se apresentam sexo e a forma de coleta de urina, sendo significativa quando:

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❖ Em mulheres, por micção espontânea: ≥ 105 UFC/mL, 2 ou mais amos- Intrarrenal = Próprio parênquima, não ultrapassa cápsula renal;
tras, separadas por ao menos 24h e mostrando a mesma bactéria; Perinefrético = Se estende para gordura perirrenal e tecidos ad-
❖ Homens, por micção espontânea: ≥ 105 UFC/mL, em uma amostra; jacentes (músculo psoas). Ambos são comuns quando há obs-
❖ Por cateter vesical: ≥ 102 UFC/mL, em uma amostra;
trução urinária associada.
❖ Por punção suprapúbica: qualquer contagem em apenas uma amostra;
São causas de refratariedade da pielonefrite 48-72h após o iní-
ITU Sintomática Baixa
cio da ATB. O Dx é por imagem, usando TC e USG.
Mulheres hígidas, com ITU esporádica sem complicações, o Dx
OBS: todos os pacientes com pielonefrite não responsiva ao tto
é confirmado pela clínica (disúria + polaciúria), sendo indicado
após 48-72h devem ser investigado a procura de sinais de obs-
tto empírico, sem necessidade de exame complementar. Se a
trução ou formação de abscesso.
conduta empírica não solucionar os sintomas, urinocultura é in-
dicado. Já pacientes do sexo masculino com sintomas de cistite, Pielonefrite Crônica
a urinocultura deve obrigatoriamente ser solicitada. A pielonefrite bacteriana de repetição, mesmo que oligossinto-
Na urinocultura, duas possibilidades são esperadas: (1) A bac- mática, leva ao processo de atrofia progressiva do parênquima
téria é resistente ao ATB utilizado; (2) A “cistite” não é por in- renal (pielonefrite crônica). A relação córtico/medular é per-
fecção da bexiga, mas sim por uretrite (ambas respondem bem dida e o tamanho do rim se reduz com o tempo. O maior FR é
a ATB, porém podem ser causadas por germes diferentes). Se a o RVU. Outro grave FR é a nefrolitíase grave recorrente. As con-
urinocultura for negativa, ou a contagem < 102 UFC/mL, a hipó- sequências são: HAS e DRC.
tese de uretrite é reforçada, devendo ser feita revisão da ATB. - TRATAMENTO
ITU Alta
Paciente com suspeita de pielonefrite, sempre deve ter o seu
Dx confirmado pela urinocultura. Uma contagem ≥ 104 UFC/mL,
na urina coletada por micção espontânea é conclusiva. Duas
amostras de hemocultura também devem ser colhidas.
Papel da Bacterioscopia
Gram de urina pode ser útil no Dx e na orientação terapêutica
da ITU. Ele pode modificar a terapia empírica.
- COMPLICAÇÕES
ATB. Eficaz para maioria dos pct., aliviando os sintomas e nega-
- ITU Baixa
tivando urinocultura. Uma resposta adequada, na ITU baixa ou
Cistite é uma infecção comum, especialmente em mulheres. alta, é melhora significativa dos sintomas nas primeiras 24-48h.
Geralmente é facilmente tratada, podendo até ser autolimi-
Na ITU baixa, a ausência de resposta faz pensar em: (1) Uretrite
tada. São consideradas complicações da ITU baixa:
e não cistite ou (2) A bactéria é resistente. Na pielonefrite, na
❖ Persistência: urinocultura permanece positiva durante o tto; ausência de resposta, pensa-se em complicações: (1) Obstru-
❖ Relapso: urinocultura novamente positiva para o mesmo ção urinária ou (2) Abscesso intrarrenal ou perinefrético.
agente após o tto;
❖ Reinfecção: urinocultura positiva para um micro-organismo - Escolha do ATB
diferente do primeiro, após o término do tto; Cistite e pielonefrite não complicada, Escherichia coli é o
- ITU Alta agente causador em 80-90% dos casos. Em segundo lugar estão
outros Gram – entéricos, como Klebsiella spp. e Proteus spp.
As principais complicações são: (1) Sepse; (2) Obstrução uriná-
Cistite em mulheres jovens pode ser por S. saprophyticus.
ria; (3) Abscesso intrarrenal; (4) Abscesso perinefrético; (5) Ne-
crose de papila renal; (6) Pielonefrite crônica. Gram – entéricos da comunidade costumam ser sensíveis a vá-
rios ATB: fluoroquinolonas, fosfomicina, nitrofurantoína, amo-
Sepse Urinária
xicilina, ampicilina e cefalosporinas de 1º ger.
Pielonefrite aguda pode cursar com sepse. A resposta a terapia
Uretrite costuma ser causada por agentes sexualmente trans-
costuma ser boa, caso não haja obstrução urinário ou abscesso.
missíveis, como Chlamydia trachomatis, Gardnerella vaginalis,
Obstrução Urinária Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum. Esses germes
É considerada complicada porque a perda completa do parên- são resistentes às fluoroquinolonas e Bactrim. Assim os ATB
quima renal pode ocorrer em poucos dias. A causa mais comum usados são tetraciclinas ou macrolídeos. 1ª escolha: doxiciclina.
de obstrução urinária é a nefrolitíase que pode ser diagnosti-
cada por USG ou TC sem contraste, onde se observa hidrone-
frose do rim afetado. É obrigatório o alívio imediato da obstru-
ção, usando nefrostomia ou duplo J.
Abscesso Intrarrenal e Perinefrético

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- Tratamento da Bacteriúria Assintomática o que indica tto com ceftriaxone 250 mg IM em dose única. Se
inespecífica, usa-se doxiciclina por dez dias.
Gestante: urinocultura negativa, deve ser repetida no 3º tri-
mestre. Se positiva (≥ 105 UFC/mL), indica-se o tto. ATB por sete Porém, se os sintomas forem sugestivos de cistite (disúria + po-
dias, seguido de outra urinocultura, após 2-4 semanas. Se esta laciúria + dor suprapúbica), é obrigatório fazer: urinocultura +
for negativa, o controle deve ser repetido 1x mês até o parto. antibiograma + Gram de urina + Exame clínico de próstata.
Pré-operatório: indicado urinocultura e tto se esta for positiva Com a próstata normal, o tto dura sete dias, guiando-se pelo
para pacientes que serão cateterizados ou com risco aumen- Gram de urina, se + usa-se amoxicilina, se –, norfloxacina. Prós-
tado de pielonefrite (idosos, diabéticos, nefropatas, portadores tata aumentada, mas indolor, o tto também é por sete dias,
de bexiga neurogênica, incontinência urinária, obstrução, lití- deve ser um caso de ITU com HPB associada (encaminhar ao
ase, ITU de repetição). urologista). Se a próstata for dolorosa, o Dx provável é prosta-
tite e o tto deve ser feito por um mês.
Transplante Renal: a incidência de ITU no pós-operatório de
transplante renal é superior à da população geral, sendo de até - Tratamento da Pielonefrite Aguda
80% nos primeiros 3 meses. ATB deve permanecer por 6 meses. A ATB inicial é empírica, enquanto se aguarda o resulto da uri-
Infecção por Proteus mirabilis: com frequência causa ITU com- nocultura (48h). Gram de urina, quando solicitado auxilia na es-
plicada, tem grande tendência para infecção renal e formação colha das drogas. A duração do tto é de 14 dias.
de cálculo de estruvita infectado. ATB por no mínimo 7 dias. O tto pode ser feito tanto em casa quanto no hospital, depende
Infecção por Providencia spp. + Bexiga Neurogênica + Cateter do estado clínico do paciente. Alguns critérios indicam interna-
Vesical: o tratamento é com ATB por sete dias. ção: (1) Hipotensão arterial; (2) Vômitos intensos (terapia IV);
- Tratamento da Cistite e Uretrite (3) Febre com tremores (episódios de bacteremia).
O tto de pielonefrite aguda deve ser iniciado com uma fluoro-
Na mulher não gestante
quinolona se: (1) Não ter o Gram disponível; (2) O Gram não
ATB oral deve ser prontamente iniciado para rápido alívio dos revela bactérias; (3) Bastonetes Gram – são evidenciados.
sintomas. Se houver resposta clínica, está resolvido o pro-
Se a bacterioscopia da urina mostrar Gram +, o esquema é ou-
blema. Não é necessário urinocultura antes ou depois do tto.
tro. Nesse caso, desconfia-se de Enterococcus, o que justifica
Norfloxacina (400 mg 12/12h) tem sido o ATB de escolha. A du- uso de amoxacilina (500 mg VO 6/6h ou ampicilina (1 g IV 6/6h).
ração do tto é de 3 dias. Outra forma é dose única de fosfomi-
Pacientes com quadros graves, devem receber terapia endove-
cina (3 g em pó diluído num copo de água para tomar a noite
nosa com ampicilina associada a fluoroquinolona (Ofloxacina
antes de dormir com a bexiga vazia). Amoxicilina (250 mg
400 mg IV 12/12h ou ciprofloxacina 200 mg IV 12/12h).
12/12h) e cefalosporina de 1º ger (cefalexina 500 mg 6/6 h ou
cefadroxil 500 mg 12/12h) também são utilizados, porém com Urinocultura de controle após 2-4 semanas do término da te-
duração de tto de 5 dias. rapia é mandatória. Se ela der positiva, desconfia-se de compli-
cação, estando indicado nesses casos USG. O mesmo ocorre se
Se não houver melhora sintomática com o ATB prescrito, está
os sintomas não melhorarem após 48-72h de terapia. Nos ca-
indicada urinocultura com antibiograma. O resultado nos leva
sos de abscesso, a drenagem deve ser feita o quanto antes.
a três caminhos: (1) Micro-organismo resistente, ajusta-se o
ATB; (2) Micro-organismo sensível, repete-se o tto por um pe- 6) Diferença entre Pionefrose e Hidronefrose infectada
ríodo maior, no geral sete dias; (3) Urinocultura negativa, o - Hidronefrose infectada: urina infectada.
quadro provavelmente é de uma uretrite/vaginite, sendo pres-
crito então doxicilina (100 mg 12/12h) por 14 dias. - PIONEFROSE

Gestante, ITU de repetição ou pielonefrite oligossintomática Há destruição do parênquima renal, que pode levar a perda to-
tal/parcial da função renal. A apresentação clínica é marcada
Urinocultura + antibiograma + Gram de urina sempre serão so- por comprometimento importante do estado geral, febre com
licitados. ATB pode ser prescrita na 1ª consulta, enquanto se calafrios, dor lombar e dor à palpação abdominal.
aguarda os exames. Gram fica pronto no dia e orienta o tto.
História de litíase renal e ITU é comum. O histopatológico mos-
Duração do tto é 7 dias. Após 48-72h, a ATB deve ser reavaliada tra destruição supurativa do parênquima renal e distensão da
e se necessário o trocada. A escolha do ATB é diferente apenas pelve e cálices renais. A obstrução do TU impede a drenagem
na gestante, pois fluoroquinolonas são contraindicadas (com- da secreção purulenta, que se acumula no tecido renal, cau-
plicações para o feto). Neste caso, prefere-se os betalactâmicos sando sua destruição.
(amoxicilina, cefalosporina de 1ª ger.) ou nitrofurantoína.
A rápida identificação (TC) e instituição do tto adequado são
No Homem essenciais para evitar a perda irreversível da função renal e a
Na anamnese tenta diferenciar cistite de uretrite (causa mais evolução para sepse. O tto é feito com ATB, drenagem (pus
comum de disúria em homens). A uretrite é sugerida quando franco e evidente) da pelve renal infectada e solução das com-
há corrimento uretral, se purulento, pode ser N. gonorrhoeae, plicações. Alguns autores sugerem nefrectomia.

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7) Interpretar EAS e urina de 24h; A urina 24h é uma coleta de urina que dura 24h. A primeira
urina do dia deve ser desprezada. O exame começa na hora em
- EAS (URINA TIPO 1)
que se esvazia a bexiga pela primeira vez no dia. Após urinar, a
É feito coleta de 40-50 mL de urina num pote plástico. No geral, hora exata deve ser marcada, pois a coleta terminará nesta
sugere-se a coleta da primeira urina da manhã, desprezando o mesma hora, mas do dia seguinte.
primeiro jato (eliminar impurezas da uretra).
Depois de esvaziada a bexiga, toda urina deve ser guardada no
OBS: intervalo maior que duas horas entre a coleta e avaliação mesmo recipiente. Se houver qualquer perda de urina, o cor-
pode modificar o resultado. reto é abortar a coleta, desprezando o que já foi colhido.
Serve para avaliar aspectos físicos (cor, pH, densidade), quími- Após a coleta de 24h, a urina pode ficar em temperatura ambi-
cos (presença de urobilinogênio, proteínas, nitrito, corpos cetô- ente por 48h, porém o ideal é mantê-la refrigerada.
nicos, pigmentos biliares) e a presença de elementos que nor-
A urina 24 horas é um exame solicitado para quantificar algu-
malmente não fazem parte da excreção urinária, como bacté-
mas substâncias da urina cuja excreção varia ao longo das 24h.
rias, cilindros, cristais, muco, hemoglobina, células epiteliais.
Os pedidos de urina 24h são feitos com os seguintes objetivos:
Células epiteliais na urina é normal, pois são células do TU que
❖ Cálculo da TFG (clearence de creatinina);
descamam. Elas têm valor quando se agrupam em forma de ci-
❖ Quantificação da proteinúria;
lindros, formando os cilindros epiteliais. Os túbulos são cilíndri- ❖ Dosagem de sódio urinário (forma de avaliar a quantidade de
cos, logo, toda vez que houver alguma substância em grande sal que o paciente ingere diariamente);
quantidade na urina, elas se agrupam em forma de um cilindro. ❖ Dosagem de cálcio urinário (calciúria);
A presença de cilindros indica que a substância que o está for- ❖ Dosagem de ácido úrico urinário (uricosúria);
❖ Dosagem de citrato urinário (citratúria) – substância natural-
mando veio dos túbulos renais e não de outros locais do trato
mente produzida nos rins que inibe a formação de cálculos);
urinário, cilindros que podem indicar injuria são: ❖ Dosagem de oxalato urinário (oxalúria)
✓ Hemáticos: indicam glomerulonefrite;
VALORES DE REFERÊNCIA
✓ Leucocitários: indicam inflamação dos rins;
✓ Epiteliais: indicam lesão dos túbulos; ❖ Clearence de creatinina: 80-120 mL/min;
✓ Gordurosos: indicam proteinúria; ❖ Proteinúria: < 150 mg/24h; Albuminúria < 30 mg/24h;
❖ Sódio urinário: 40-220 mEq/24h;
Os rins fazem a filtração dos líquidos corporais para produzir a ❖ Cálcio urinário: 100-300 mg/24h;
urina. Dessa forma, o EAS avalia o funcionamento dos rins e sua ❖ Ácido úrico urinário: 800 mg/24h;
capacidade de filtração, além de avaliar ITU. ❖ Citrato urinário: 300-900 mg/24h;
O exame é divido em duas partes, a primeira feita por reações ❖ Oxalato urinário: 4,0-31,0 mg/24h M; 7,0-44,0 mg/24h H;
químicas e a segunda, visualização no microscópio.
1ª Parte: fita (dipstick) é mergulhada na urina, ela possui vários
quadradinhos coloridos compostos por substâncias químicas
que reagem a determinados elementos da urina. O resultado
dessa etapa é qualitativo e não quantitativo, serve para mostrar
que determinado elemento está presente na urina.
❖ Densidade: 1005-1035;
❖ pH: 5,5-7,0;
❖ Glicose: ausente. Se presente indica hiperglicemia;
❖ Proteínas: ausentes.
❖ Hemácias: 3-5 cél por campo ou < 104 cél/mL;
❖ Leucócitos: 5 cél por campo ou < 104 cél/mL;
❖ Cetonas: ausentes. Se presentes pode ser DM, jejum prolon-
gado ou dietas rigorosas;
❖ Nitritos: ausentes. Se presentes houve transformação de ni-
trato em nitrito por ação de bactérias;
❖ Células epiteliais: algumas. São células que descamam do TU;
❖ Cilindros celulares: ausentes.
❖ Bilirrubina: ausente. Se presente pode indicar doença hepá-
tica ou hemólise.

- URINA 24h
Análise da urina para avaliar funcionamento dos rins e investi-
gar alterações urinárias. Pela urina de 24h é possível definir a
TFG, pesquisar a presença de proteínas na urina e identificar as
concentrações de diversos sais minerais.

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