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A GRAÇA DO CÉU ESTÁ NO OUTRO

1. INTRODUÇÃO

“Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,


pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a
Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em
semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou,
tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.” Filipenses2:5-8

A cruz, ao contrário do que muitos de nós pensamos não foi o ápice da humilhação de
Cristo. No caminho da cruz, Ele foi abandonado, esbofeteado, açoitado, ridicularizado,
contado entre bandidos, desnudo e teve morte maldita. Entretanto, foi em sua
encarnação que o Verbo Eterno, que já subsistia em forma de Deus antes que o mundo
viesse a existir, foi tecido de carne no ventre de uma mulher, Maria sua mãe.

“E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu


ventre!” Lucas1:42

Ser agraciada, bendita entre as mulheres por ser a mãe do Salvador, foi um risco de
vida para Maria, a mulher virgem, prometida em casamento e que de maneira
miraculosa aparecera grávida aos olhos de toda comunidade, que grande, fé, desafio
e amor que movia a mãe de Jesus. Foi por intermédio da aparição de um anjo que José
não condena a noiva e aceita o menino tendo a ciência que este era o Filho de Deus
(Mt1:20-23). “Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um renovo”.
Isaías 11:1

“Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de
Emanuel (que quer dizer: Deus conosco).” Mateus1:23

Seu nascimento é o cumprimento da promessa feita ainda no Éden, “Este te ferirá a


cabeça e tu lhe ferirá o calcanhar” (Gn3:15). Na vida de Jesus foi realizada a expectativa
dos patriarcas, dos reis e profetas, “Bem-aventurados, porém, os vossos olhos, porque
veem; e os vossos ouvidos, porque ouvem. Pois em verdade vos digo que muitos
profetas e justos desejaram ver o que vedes e não viram; e ouvir o que ouvis e não
ouviram.” (Mt13:16,17)
“Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo
dos pecados deles.” (Mateus 1:21) Maria, uma mulher dedica e fiel a Deus, sabia que
a missão de seu filho era muito maior do que ela mesma. Muitas mães gostariam de
saber o que o seu filho se tornará no futuro, aquela mulher sabia que Ele é o Salvador
do mundo. Entretanto, agora diante da cruz toda certeza e milagre parece como o vapor,
e se desfaz no ar. Afinal, que mãe está pronta para assistir a injusta morte de seu filho,
para sepultá-lo.

2. DESENVOLVIMENTO

Como mensurar?

Como mensurar o sentimento de Maria, ao assistir impotente, a prisão e condenação


injustas de seu filho? De encontrar na face ensanguentada os olhos de amor da criança
que outrora fora embalada em seus braços nas vigílias da noite, com cantigas de
antigos salmos de Israel, da lembrança da criança que ensinava aos mestres da religião.

Como entender que o Salvador, que libertaria a todos, estava padecendo diante de
seus olhos? “Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der
ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus
dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos.” (Isaías 53:10)

Texto Base:

“E junto à cruz estavam a mãe de Jesus, e a irmã dela, e Maria, mulher de Clopas, e
Maria Madalena. Vendo Jesus sua mãe e junto a ela o discípulo amado, disse:
Mulher, eis aí teu filho. Depois, disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. Dessa hora em
diante, o discípulo a tomou para casa.” João 19:25-27

A. Junto a cruz

Mesmo diante de uma multidão em polvorosa sedenta pelo santo sangue de Cristo,
perante os soldados de Roma, ao risco de ser condenada por ser a seguidora e mãe do
Rei dos Judeus, Maria permaneceu, junto a Cruz. Verdadeiramente, identificamos nessa
mulher o amor de uma mãe que com coragem vai até as ultimas consequências em amor
por seus filhos . “Assim como um pai se compadece dos filhos assim o Senhor se
compadece daqueles que o temem.” (Salmo 103:13)
B. O presente do céu está no outro

Jesus, pendurado no madeiro e padecendo dor física, emocional e mental, ainda pensa
nos outros, e em sua mãe e serva. desemparada de marido e seu filho, Maria estava
condenada a uma vida de miséria, talvez, além da dor da perda, temera a dor do
desamparo social. Contudo, naquela cruz o Salvador, conquistara para todo aquele que
nele crê, portando em cuidado a sua mãe, um lar eternal muito superior aos temores do
coração de Maria diante da morte eminente de seu filho.

Como o que está as claras, Jesus exclama: “Mulher, eis aí teu filho”, e diz a João “Eis aí
sua mãe”. Aqui está, veja, perceba, olhe! É na dor de Jesus que somos sarados, em seu
sacrifício somos restaurados e no abandono “Deus meu, Deu meu, por que me
desamparas-te?” (Mt27:46), somos aceitos como filhos de Deus. É impossível sermos
afastados do amor de Deus, “nem poderes nem alturas, ou, profundidade, nem
qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus.” (Romanos8:38-39), mas
essa certeza só é realidade porque um dia o Filho foi abandonado por seu Pai. Imagine
a dor do Filho em ser abandonado e a dor do Pai em abandonar seu Filho, para que
fossemos acolhidos em uma família, a família da fé.

“Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo,
conforme o bom propósito da sua vontade, para o louvor da sua gloriosa graça, a qual
nos deu gratuitamente no Amado.” (Efésios 1:5-6)

Jesus adverte a seus discípulos quando questionado, “E todo aquele que tiver deixado
casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe [ou mulher], ou filhos, ou campos, por
causa do meu nome, receberá muitas vezes mais e herdará a vida eterna”. (Mateus
19:29 ). Os soldados buscaram de Jesus o que tinha de valor para o mundo o que valia dinheiro
e repartiram as suas vestes (João19:24), por estarem com olhos nesta vida não receberam o que
o ladrão recebeu, a vida eterna com Deus e uma família na fé. O maior presente que Deus tem
a nos dar não as posses desse mundo, mas o presente divido está no outro.

C. O último mandamento

“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei,
que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus
discípulos: se tiverdes amor uns aos outros. João 13:34,35
Amor uns pelos outros, essa é forma com a qual o Senhor escolheu com que fossemos
reconhecidos como seus discípulos. Por isso, esse é o dom supremo (Cor13), podemos
ter todas as coisas e até falar a língua dos anjos, mas se não tivermos amor, nada disso
importa. Em amor sacrificial, humilhante e santo, Jesus nos amou até o fim. Este é o
padrão que exige de nós. O padrão se eleva de maneira incomparável, o “amaras como
a ti mesmo”, não é mais suficiente, é preciso que amemos como ele nos amou, assim
todo mundo reconhecerá que somos de estrangeiros aqui.

Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum.


Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida
que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo,
partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza
de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto
isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos. Atos 2:44-47

Não é através de campanhas do milagre, objetos consagrados, ofertas interesseiras,


soberba de uma falsa pureza imaculada, arrogância e farisaísmo, que seremos agente
de transformação nesse mundo de trevas. É pelo vida do próprio Cristo na vida daqueles
que creem, pela unidade da comunidade da fé, pelo cuidado um pelos outros, pelo
repartir do pão, pelo cântico dos hinos, pela alegria do coração, por fazer das alegrias e
tristezas um sentimento único de todo corpo, é que o Espírito Santo atrairá todo os que
são sendo salvos. Como resistir ao amor de Jesus expresso na vida de homens e
mulheres que na vida diária expressam que o Reino de Deus já chegou?

3. CONCLUSÃO

Hoje celebramos a vitória de Cristo sobre a morte, o sangue que nos vivificou, trouxe-
nos do reino das trevas para a luz de Deus, fez com que inimigos se tornassem filhos
amados e irmãos uns dos outros. Pelo nome de Jesus, a mulher estérea hoje tem filhos,
o órfão tem mães e pais, somos unidos por toda eternidade e aguardamos com ansiosa
expectativa o dia em que do céu novamente o Filho do Homem virá para buscar toda
sua família e juntos eternamente cearmos na eternidade.

Raphael de Alcantara Mulini


09.05.2021

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