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GURUPI – TO
2014
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GURUPI – TO
2014
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Aprovada em __/__/____.
BANCA EXAMINADORA:
___________________________________
Dr. Danival José de Souza
Presidente
___________________________________
Dr. André Ferreira dos Santos – UFT
___________________________________
Dr. Marçal Pedro Neto – UFT
___________________________________
Dr. Gil Rodrigues Santos – UFT
GURUPI – TO
2014
4
Agradecimentos
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE TABELAS
Sumário
RESUMO ................................................................................................................................... 8
ABSTRACT ............................................................................................................................... 9
1 – INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10
2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 11
2.1Impacto ambiental no Cerrado ............................................................................................ 11
2.2 Cerrados e suas características ........................................................................................... 13
2.3 Formigas como bioindicadores ........................................................................................... 16
2.4 Biodiversidade de formigas ................................................................................................ 19
3 - MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 22
3.1 - Áreas de estudo ................................................................................................................ 22
3.3 -Levantamentos estrutural da vegetação............................................................................. 25
4 - ANÁLISE ............................................................................................................................ 27
5 – RESULTADOS E DISCUSSÔES ...................................................................................... 28
6 - CONCLUSÕES ................................................................................................................... 34
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 35
ANEXO A :PROCESSO DE TRIAGEM DAS FORMIGAS .................................................. 45
ANEXO B : IMAGENS DE ESPÉCIES DE FORMIGAS ...................................................... 46
8
RESUMO
O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro com dois milhões de km2 de domínio
nas terras altas do Brasil Central. O objetivo foi iniciar estudos sobre a dinâmica sucessional
em três áreas distintas desse bioma localizadas no município de Gurupi, Tocantins, Brasil. Os
estudos foram conduzidos no período de abril de 2012 a outubro de 2013, nas três áreas que
ficam localizadas próximas ao Campus da Universidade Federal do Tocantins em Gurupi –
TO. Foram efetuadas duas coletas por área estudada, sendo que uma coleta realizou-se no
período chuvoso e outra no período seco. Para a coleta das formigas epigeicas, foram
utilizadas armadilhas do tipo “pitfall” contendo apenas álcool 70. A partir da identificação e
contagem das espécies de formigas, foi calculado o índice de diversidade de Shannon-Wiener
(H’). Como medida da complexidade da vegetação arbórea, foram medidos os diâmetros e as
densidades da vegetação para que esses valores pudessem ser correlacionados com valores da
diversidade de formigas.Foram coletados 2970 espécimes de formigas distribuídas em seis
subfamílias, 11 gêneros e 16 espécies. A riqueza de espécies encontradas foi: cerradão (11);
cerrado s. s. (11) e pastagem (10). Os valores do índice de Shannon-Wiener (H’) para o
cerradão (1,54), “cerrado stricto sensu” (1,29) e pastagem (1,33) sugerem que os ambientes
estudados tiveram poucas mudanças nos índices de diversidades de espécies, mostrando que
áreas com vegetações diferentes apresentaram índices de diversidade muito baixos e
similares. Isso pode ser explicado pela proximidade entre elas e pelo fato de todas elas
estarem próximas a ambiente urbano, onde sofrem direta e indiretamente a ação do homem.
Palavras-chave: Formicidae; diversidade; fragmentação; Cerrado; regeneração.
9
ABSTRACT
Ants as bioindicators in fragmented areas of Southern Cerrado from Tocantins State
The Cerrado is the second largest Brazilian biome with two million km2 of area in the
highlands of central Brazil . The objective was to initiate studies on the succession dynamics
in three distinct areas of this biome located in the municipality of Gurupi , Tocantins , Brazil .
The studies were conducted from April 2012 to October 2013, the three areas that are located
near the campus of the Federal University of Tocantins in Gurupi - TO . Two samplings were
performed by study area, with a collection took place during the rainy season and one in the
dry season . Traps " pitfall " containing alcohol only 70 were used for the collection of
epigaeic ants . From the identification and counting of ant species , the diversity index of
Shannon - Wiener ( H ' ) was calculated . As a measure of the complexity of woody
vegetation , we measured the diameters and densities of vegetation so that these values could
be correlated with values of ants . 2970 specimens distributed into six subfamilies of ants , 11
genera and 16 species were collected . The richness of species was found :Savana ( 11 ) ;
cerrado s . s .( 11 ) and grazing ( 10 ) . The values of the Shannon- Wiener index ( H ' ) for the
Savana ( 1.54 ) , " cerradosensustricto " ( 1.29 ) and pasture ( 1.33 ) suggest that the studied
environments have changed little in the indices of diversity species , showing that areas with
different vegetation diversity indices showed very low and similar . This can be explained by
the proximity between them and the fact that all of them are near urban environment , where
they suffer directly and indirectly the action of man.
1 – INTRODUÇÃO
2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O Cerrado é a segundo maior bioma Brasileiro com dois milhões de km2, sendorico
em biodiversidade e apresentando muitas variações ao longo da sua extensão, abundância de
recursos hídricos – possuindo três das maiores bacias hidrográficas da América do sul - e
relevo predominante plano com latossolos ácido e distrófico. A vegetação do Cerrado está
adaptada ao longo período de estiagem. Possuem duas estações bem definidas, uma seca e
outra chuvosa.
O Brasil é único país que possui este bioma, presente em todas as áreas do Brasil
Central (Distrito Federal, Goiás, região centro e sul de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Tocantins, oeste e norte de Minas Gerais e oeste da Bahia).
O Tocantins possui originalmente 92% de sua área nos domínios do Cerrado.
Levantamento de 2002 mostrou que 79% dessa cobertura original ainda estava preservada
(SANO et al., 2010), sendo um dos maiores remanescentes desse bioma. Diferentemente de
outros biomas do Brasil, como a Amazônia, a Mata Atlântica, o Pantanal e a Zona Costeira, o
Cerrado não é reconhecido pela Constituição Federal como patrimônio Nacional (RATTER et
al., 1997).
A expansão da fronteira agrícola no Cerrado resulta na fragmentação florestal e na
perda de habitat (AQUINO; MIRANDA, 2008; CARVALHO et al. 2009). A história recente
da sua ocupação demonstra essa tendência que, no caso do Estado do Tocantins, é baseada na
exploração da pecuária e em monoculturas agrícolas.
Vegetações tropicais como um todo vem sofrendo com os impactos da exploração de
suas áreas. Silva & Andrade (2005) relatam que a simples implantação de Unidades de
Conservação nas áreas de cobertura vegetal nativa remanescente não tem sido eficiente na
proteção e recuperação desses ecossistemas extremamente ameaçados. Muito se tem discutido
sobre o impacto das atividades humanas sobre a biodiversidade, em especial pelo forte
desequilíbrio gerado pela industrialização moderna, mas pouco estudo sobre como populações
tradicionais exploram, conservam, enriquecem a biodiversidade e influenciam a distribuição
de plantas que lhes são úteis (CABALLERO, 1994).
O impacto ambiental constitui-se em qualquer modificação dos ciclos ecológicos em
um dado ecossistema. Nessa linha de abordagem, a ruptura de relações ambientais
12
normalmente produz impactos negativos, a não ser que essas relações já refletissem o
resultado de processos adversos. Por analogia, o fortalecimento de relações ambientais
estáveis constitui-se em um impacto positivo. Por fim, têm-se os casos que representam a
introdução de novas relações ambientais em um ecossistema. Neles há de ser efetuada a
análise de todos os seus efeitos, de modo a enquadrá-los, um a um, como benefícios ou
adversidades. Em suma, os impactos afetam a estabilidade preexistente dos ciclos ecológicos,
fragilizando-a ou fortalecendo-a (MILARÉ, 2005).
De acordo com Milaré (2005), impacto ambiental consiste no resultado da variação
da quantidade e/ou da qualidade de energia transacionada nas estruturas aleatórias dos
ecossistemas diante da ocorrência de um evento ambiental capaz de afetá-las,ocasionando
eventos derivados, quer modificando a natureza e a intensidade do comportamento e/ou da
funcionalidade de pelo menos um conjunto de fatores ambientais,beneficiando-os nas relações
que mantém entre si e com outros fatores a eles vinculados.
Regenerar áreas degradadas vai além de plantar árvores nativas em áreas impactadas.
Regenerar é um processo que exige conhecimento sobre todo o bioma, planejamento e
monitoramento da evolução do processo de regeneração. As atividades de monitoramento
ambiental têm sido desenvolvidas para verificar o nível de impacto de qualquer perturbação,
antrópica ou natural (HILTY; MERENLENDER, 2000).
Segundo Mota (2008), a recuperação de uma área degradada pode ser entendida
como o retorno do local a uma forma de utilização de acordo com o plano preestabelecido
para uso do solo, implicando em uma condição estável, que será obtida em conformidade com
os valores ambientais, econômicos, estéticos e sociais de circunvizinhança.
O Decreto N° 7.830, de 17 de outubro de 2012, art. 18, determina que a
recomposição das áreas de reserva legal poderá ser realizada mediante o plantio intercalado de
espécies nativas e exóticas, em sistema agroflorestal, observados os seguintes parâmetros: (1)
O plantio de espécies exóticas deverá ser combinado com as espécies nativas de ocorrência
regional e (2) a área recomposta com espécies exóticas não poderá exceder a cinquenta por
cento da área total a ser recuperada
A escolha correta da comunidade de plantas que irá iniciar o processo de sucessão
em uma área desflorestada é um dos pontos mais críticos do processo de recuperação,
principalmente em um projeto que envolve não só a recuperação da paisagem, mas o manejo e
o uso múltiplo das espécies por comunidades locais. Estudos baseados em trabalhos
13
O conceito de Cerrado confunde-se muitas vezes com asavana, que são áreas
normalmente planas, cobertas de uma vegetação peculiar, apresentando fundamentalmente um
estrato herbáceo dominado por gramíneas. Com isso, Rizzini (1997), afirmam que o termo
14
savana só deveria ser empregado para indicar Cerrado quando for urgente enquadrá-lo no
âmbito das formações universais.
Savanas são formações vegetais compostas de um estrato arbóreo/arbustivo laxo
associado a um estrato herbáceo, crescendo em um ambiente submetido a secas sazonais e
cuja vegetação é adaptada a sobreviver a queimadas naturais recorrentes (MISTRY, 2000).
Entre as formações savânicas do mundo, o Cerrado se destaca como um dos grandes centros
de biodiversidade, com uma flora diversificada e rica em espécies endêmicas.
O Cerrado apresenta várias características que o diferenciam de outras áreas
chamadas savanas (RIZZINI, 1997; EITEN, 1990). As savanas africanas, por exemplo,
costumam ser caducifólias durante a estação seca, enquanto o Cerrado é apenas semidecíduo,
nunca ficando inteiramente desfolhado. Além disso, o Cerrado é comumente macrófilo,
enquanto que as folhas na vegetação das savanas africanas são bem menores (RIZZINI,1963).
Outras diferenças observadas entre os dois biomas dizem respeito à estratificação. O estrato
gramíneos é menos desenvolvido em densidade e altura, e o estrato arbóreo também é menos
elevado e esparso no Cerrado.
O Cerrado se desenvolve em solos diversos, que variam de rasos e pedregosos a
latossolos argilosos profundos (RAWITSCHERet al.1943;RAWITSCHER,1948; FELFILIet
al., 1998). Além disso, a topografia do terreno é heterogênea, com regiões de relevo suave, de
chapadas e de morros (RUGGIEROet al., 2006).
O clima do Cerrado é caracterizado por uma variação sazonal, processado pela
ocorrência de invernos (maio a setembro), durando em torno de cinco meses e verões (outubro
a abril), com duração aproximada de sete meses (SILVA; ASSAD; EVANGELISTA, 2008).
No período seco, o conteúdo de água nas camadas superficiais do solo se torna escasso, o que
levou as espécies a desenvolverem modificações morfológicas e fisiológicas, como estratégias
de sobrevivência. Por exemplo, as plantas apresentam sistemas radicais profundos (EITEN,
1972; SARMIENTO, 1984), órgãos subterrâneos (WARMING, 1973) e/ou armazenam água
nos caules. Essas adaptações das plantas as capacitaram a suportar a deficiência hídrica de tal
modo que possam sustentar a produção de folhas e a reprodução durante períodos
desfavoráveis (MANTOVANI; MARTINS, 1988).
Da complexa interação entre o clima, o tipo de solo e a frequência com que o fogo
acontece uma dada microrregião, surgem as diversas fitofisionomias do Cerrado: campo
15
análise do meio ambiente devido a sua grande abundância e importância funcional, sua grande
variedade de interação aos demais componentes do ecossistema e sua habilidade de integrar
um leque de variáveis ecológicas (MAJER.1982; GREENSLADE; GREENSLADE, 1984).
As formigas são componentes fundamentais dos ecossistemas tropicais, sua biomassa
representa cerca de um quarto da biomassa animal de invertebrados, enquanto elas interagem
com todos os outros segmentos da fauna e da flora, por predação e transporte de sementes
(HÖLLDOBLER; WILSON, 1990).
As formigas que se propõe amostrar serão utilizadas como ferramenta para
estimativa da diversidade local, pois são geralmente considerados organismos representativos
dos demais invertebrados. As principais vantagens de usar formigas como bioindicadores é
porque elas são abundantes e facilmente amostradas, e podem ser identificadas mais
facilmente até gênero ou espécie (ANDERSEN 1997; AGOSTI etal 2000).
As comunidades de formigas por sua vez também podem ser afetadas por uma
infinidade de mecanismos, como a sensibilidade as inundações (MERTLet al., 2009), as
condições edáficas da composição do solo (BIHN et al., 2008), gradientes altitudinais
(SAMSON, 1997; FISHER, 1998; LONGINO & COLWELL, 2011) e a variações em
tolerância térmica e umidade (KASPARI, 1993; LIGHTON et al., 1994; CERDÁ &
RENATA, 1997; CERDÁ, 2001; ANGILLETTAet al., 2007; CLÉMENCETet al., 2010;
WITTMANet al., 2010), os quais também podem estar associados a coexistência local destes
organismos, embora sejam processos ainda hoje pouco compreendidos. Até pouco tempo, os
efeitos do tamanho do corpo e da complexidade do hábitat eram considerados de maneira
isolada, mas recentes evidências sugerem que interações entre esses fatores também possam
ter uma forte influência sobre a composição das comunidades de formigas (FARJI-BRENER
et al., 2004).
de dominância ecológica das espécies de formigas são tidas como resultados dos efeitos
comportamentais e da dominância numérica dos indivíduos (ADAMS, 1994; DAVIDSON,
1998).
As formigas são um dos grupos de organismos dominantes do planeta, tanto
numérica quanto ecologicamente. A abundância desses organismos é superior a qualquer
outro grupo de animal terrestre, incluindo vertebrados, somando mais de 15% da biomassa
total de animais na maioria dos ecossistemas terrestres (FITTKAU & KLINGE, 1973). Esta
inequívoca dominância numérica levou ao reconhecimento da importância ecológica das
formigas. Elas modificam a ciclagem de nutrientes, enriquecendo o solo com as lixeiras das
colônias e transferindo nutrientes para camadas mais profundas do solo durante a construção e
relocação dos ninhos (WIRTH et al., 2003).
Os hábitos alimentares das formigas são os mais diversos possíveis, havendo um
predomínio das forrageadoras oportunistas e generalistas que se alimentam principalmente de
secreções vegetais, sementes, e material animal vivo ou morto (FOWLERet al., 1991;
KASPARI, 2000). No entanto, alguns grupos de formigas possuem uma dieta mais
especializada, como é o caso das formigas da tribo Attini (subfamília Myrmicinae), que
cultivam fungos que crescem sobre um substrato composto principalmente por material
vegetal e/ou animal recolhido por suas operárias (WEBER, 1972). Outras formigas são
particularmente bem adaptadas a uma alimentação líquida (Subfamílias Dolichoderinae e
Formicinae), que pode ser obtida diretamente através de nectários extraflorais ou outras
estruturas secretoras, ou então através de interações com alguns hemípteros que liberam uma
excreção açucarada conhecida como “honeydew” (DELABIE;FERNÁNDEZ, 2003). Muitos
gêneros incluem ainda formigas predadoras, que podem ser generalistas ou especializadas,
como por exemplo, em Cerapachys (Cerapachynae), Neivamyrmex (Ecitoninae), Strumigenys
(Myrmicinae) e Thaumatomyrmex (Ponerinae), que se alimentam de grupos restritos de
artrópodes (KASPARI, 2000).
Camponotus (Myrmobrachys) senex e Camponotus (Myrmobrachys)
formiciformissão espécies Neotropicais tecelãs (HOLLDOBLER; WILSON, 1990), operárias
de Odonto machus bauri podem tolerar condições mais secas do que outras espécies. O
gênero Pachycondylase caracteriza por sua distribuição geográfica de pantropical com mais
de 200 espécies válidas (BOLTON, 1995).
21
As comunidades de formigas por sua vez também podem ser afetadas por uma
infinidade de mecanismos, como a sensibilidade à inundações (MERTLet al., 2009), as
condições edáficas da composição do solo, gradientes altitudinais (SAMSON, 1997; FISHER,
1998; LONGINO; COLWELL, 2011) e a variações em tolerância térmica e umidade
(ANGILLETTAet al., 2007) coexistência local destes organismos, embora sejam processos
ainda hoje pouco compreendidos. Até pouco tempo, os efeitos do tamanho do corpo e da
complexidade do hábitat eram considerados de maneira isolada, mas recentes evidências
sugerem que interações entre esses fatores também possam ter uma forte influência sobre a
composição das comunidades de formigas (FARJI-BRENERET al., 2004)
Consideradas como insetos verdadeiramente sociais (eusociais), as formigas
cooperam no cuidado das formas jovens, havendo uma divisão reprodutiva do trabalho, com
os indivíduos estéreis trabalhando em prol dos indivíduos férteis. Ocorre ainda, no mínimo, a
sobreposição de duas gerações em estágios de vida capazes de contribuir para o trabalho da
colônia (HÖLLDOBLER e WILSON, 1990).
As formigas têm um importante papel no fluxo de energia e biomassa e na evolução
da estrutura das comunidades como um todo; utilizam uma grande variedade de recursos
alimentares e ocupam quase todos os ecossistemas terrestres; exercem papéis importantes na
reciclagem de nutrientes, atuando em bancos de sementes e na formação das camadas
superficiais do solo. Atuam também como agentes de controle das populações de outros
artrópodes (HÖLLDOBLERe WILSON, 1990), na formação das camadas superficiais do
solo.
Existem espécies de formigas que constroem seus ninhos em locais efêmeros, como
troncos apodrecidos, grandes troncos de árvores mortas ou então em pequenos galhos caídos
das árvores (CARVALHO; VASCONCELOS, 2002). As mais densas concentrações de
formigas de serapilheira são encontradas em pequenos pedaços de madeira podre, galhos,
plantas mortas, folhas ou sementes (WILSON, 1959; KASPARI, 1996). Esses materiais são
dinâmicos e geralmente deterioram mais rapidamente do que o tempo de vida da colônia,
fazendo com que as formigas tenham que, frequentemente, recolonizarem novos espaços
(BYRNE, 1994).
Espécies estreitamente relacionadas que ocorrem em um mesmo hábitat geralmente
possuem necessidades similares e acabam compartilhando de características ecológicas
semelhantes. Porém, uma teoria de nicho clássica, a hipótese da similaridade limitante
22
3 - MATERIAIS E MÉTODOS
I. Cerradão
Nos cerradões agregam-se as linhas de matas seca e matas de galeria com árvores
podendo alcançar até 15 metros de altura. A área caracterizada como cerradão é a uma
formação florestal do bioma Cerrado com características esclerófilas (grande ocorrência de
órgãos vegetais rijos, principalmente folhas) e xeromórficas (com características como folhas
reduzidas, suculência, pilosidade densa ou com cutícula grossa que permitem conservar água
e, portanto, suportar condições de seca). Caracteriza-se pela presença preferencial de espécies
que ocorrem no Cerrado sentido restrito e também por espécies de florestas, particularmente
as da mata seca semidecídua e da mata de galeria não inundável. Do ponto de vista
fisionômico é uma floresta, porém floristicamente se assemelha mais ao cerrado sentido
restrito típico. É um tipo mais denso de vegetação conforme mostra a imagem de satélite
Landsat (Fig. 1, data 07/04/13)
III. Pastagem
que contem vegetação arbóreas distintas no que diz respeito à densidade de árvores, medida
do CAP ( Circunferência altura do Peito -1,30 metros) e volume de material lenhoso. Segue a
imagem de satélite Landsat (Fig. 3, data 07/04/13)
Fig. 3: Área de estudo 3: Pastagem, dentro da Fazenda Experimental da UFT, formada por Brachiaria
decumbens de aproximadamente 34 hectares.
Modelo de parcela de 50 metros por 10 metros com transecto ao centro contendo as armadilhas
Fig. 4: tipo do “pitfall” com distância de 5 metros entre elas.
27
Após 48 horas das instalações das armadilhas, as mesmas foram coletadas sempre no
período diurno entre 8:00 e 12:00 horas. Após a remoção das armadilhas, elas foram
etiquetadas com dados do local, transecto e amostra e transferidas para laboratório, onde
foram feitas as triagens, montagem e identificação das formigas em nível de morfoespécie,
identificadas ao nível genérico e específico com o auxílio de chaves de identificação
(BOLTON, 1994), consultas ao Ant Base (AGOSTI & JOHNSON, 2005) e também consultas
a coleções mirmecológicas.
4 - ANÁLISE
A vantagem deste índice é que ele leva em consideração o número das espécies e as
espécies dominantes. O índice é incrementado, tanto pela adição de uma única espécie, ou por
terem uma uniformidade, ou homogeneidade, da distribuição de abundância de espécies em
uma comunidade.
5 – RESULTADOS E DISCUSSÔES
TABELA02: Lista das espécies de formigas ocorrentes nas três áreas estudadas, em coletas realizadas em
dois períodos (Abril/2012 a Outubro/2013).
Subfamília Myrmicinae
Atta sexdens X X X
Pheidole oxyops X X X
Pheidole sp.1 X X
Solenopsis sp. X
Subfamília Formicinae
Camponotus senex X X X
Camponotus sp.1 X X
Camponotus sp. 2 X X X
Camponotus sp. 3 X
Subfamília Ectatomminae
Ectatommabrunneum X X X
Subfamília Ponerinae
Dinoponera gigantea X X
Hypoponera sp X X
Pachycondyla crassinoda X X
Subfamília Dolichoderinae
Linepithema sp X
Subfamília Ecitoninae
Labidus coecus X
cerradão e cerrado Stricto Sensu. As formigas do gênero Pheidole são bastante abundantes em
números de espécies e indivíduos nas áreas de Cerrados, por se tratar de formigas com
capacidade de estabelecer-se em diferentes ambientes e condições.De acordo com Campos
(2009) seguindo o protocolo de Davidson (1998), e modificado por Yanoviak (2000),
classificou P.oxyops como uma espécie dominante e agressiva, sendo uma espécie
essencialmente predadora.
De acordo com Wilson (2003) formigas dos gêneros Pheidole constituem predadores
epigéicos, sendo muitas vezes generalistas ocorrendo nos mais diversos ambientes, o que
certamente justifica este resultado. Em seguida, também com bastante ocorrência 24,8% do
total dos espécimes coletadas à espécie Ectatomma brunneum que também estava presente
nas três áreas de coletas e tratar-se de formigas predadoras grandes, Ectatomma brunneum é
uma espécie de formiga da subfamília Ectatomminae, que ocorre por todo o mundo, sendo,
porém mais abundantes nos trópicos e subtrópicos, bem adaptada a ambientes altamente
antropizados, tais como restingas não arbóreas e todas as formações vegetais secundárias onde
predominam gramíneas justificando a sua maior presença na área de pastagem com 645
espécimes capturados.
As espécies do gênero Camponotus e a espécie Atta sexdens também foram
encontradas nas três áreas amostrais, sendo a primeiraconhecida por sua presença também em
áreas antropizadas e é considerada uma praga urbana, com relação à espécie Atta sexdens é
uma formiga desfolhadora e cultivadora de fungo. É também conhecida como saúva-limão,
sendo considerada uma praga de grande importância na agricultura e silvicultura brasileira
devido aos danos que podem causar. São encontradas em áreas de florestas tropicais naturais e
áreas abertas como canaviais, lavouras e pastagens. Por se tratar de áreas próximas a
aglomerações de pessoas, estradas, áreas com atividade de pecuária, estes fragmentos por
mais que tenham uma vegetação arbórea densa, também são afetadas indiretamente e sofrem
com perturbações antrópicas podendo ser encontradas espécies predominantes de áreas
naturais e perturbadas.
Segundo Campos-Farinha & Bueno (2005), a “formiga lava-pés” gênero Solenopsis,
é nativa da América do Sul sendo encontrada na região do pantanal e Cerrado. Sua
distribuição e densidade são afetadas em seu ambiente natural por competição com outras
espécies. Geralmente, as formigas desse gênero formam ninhos de terra solta e sempre estão
localizados em locais abertos com presença de vegetações rasteiras. Dessa forma explica a
31
ausência nas áreas de cerradão, cerrado stricto sensue apenas presença somente na área de
pastagem.
Na área de cerradão e cerrado stricto sensufoi encontrada a espécie Dinoponera
gigantea, conhecida com falsa-tocandira, é uma espécie considerada como a maior formiga do
mundo, são carnívoras e se alimentam de insetos, lesmas e pequenos lagartos. Elas habitam
especialmente a região Amazônica e são encontradas geralmente em áreas com vegetações
arbóreas onde há maior riqueza de alimento, dessa forma sendo difícil encontra-las em áreas
abertas e reforçando essa informação neste trabalho,pois ela não foi encontrada naárea de
pastagem.
Quando comparado às coletas das formigas nas duas estações (chuvosa e seca)
separadamente, foi observado que nas áreas de pastagem e cerrado stricto sensuna estação
chuvosa com o mesmo número de armadilhas nos dois períodos verificou-semaior número de
indivíduos coletados no período seco. Na área de cerradão houve uma diminuição na
diferença na captura de formigas nas duas estações principalmente na estação seca comparada
as outras duas áreas. Sendo que nesta área o período chuvoso foi onde houve um maior
número de formigas coletadas (Fig. 5).
900
800
700
Número de Indivíduos
600
500
Seco
400
Chuvoso
300
200
100
0
Cerradão Cerrado Stricto Sensu Pastagem
Fig. 5: Riqueza de indivíduos encontrados no cerradão, Cerrado típico e pastagem segredados pelas
estações seca e chuvosa.
400
350
Distancia
300
250
200
150
PS CT S CDS PCH CT CH CDCH
FIGURA 06: Dendrograma de similaridade para três áreas no período seco e chuvoso (CDCH) cerradão
período chuvoso, (CDS) cerradão período seco, (CTCH) cerrado stricto senso período
chuvoso,(CTS) cerrado stricto sensu período seco, (PCH) Pastagem período chuvoso e (PS)
Pastagem período seco.
As áreas de cerradão e cerrado stricto sensu não diferenciaram entre si, mesmo nas
estações diferentes elas permaneceram semelhantes, apenas a área de pastagem que obteve
diferença significativa em relação ao cerradão e cerrado stricto sensu. Esta diferença
provavelmente é atribuída ao fato de que a pastagem apresenta alta incidência maior de
espécies como a Ectatomma brunneum, no período seco fazendo com que ela diferenciasse
das demais por se tratar de uma área totalmente antropizada, mostrando que essa espécie tem
uma grande correlação com áreas que sofreram perturbações.
Dentre essas relações podemos citar a alimentação, abrigo, defesa contra herbívora e
dispersão de sementes (DELABIE et al., 2003). As formigas são animais oportunistas com
33
relação à utilização de espaços em plantas, sejam eles naturais ou gerados pela atividade de
outros insetos (OLIVEIRA E FREITAS, 2004).
O tamanho e a quantidade de colônias de formigas variam bastante, isto depende do
local de nidificação e há uma relação muito forte entre o local dos seus ninhos e tamanho das
colônias. Muitas espécies nidificam em locais como troncos, madeiras e galhos podres
formando colônias menores do que aquelas que nidificam no solo ou no dossel das árvores.
Outra relação bem conhecida é o aumento na densidade e riqueza de espécies de
formigas de acordo com o aumento na densidade da vegetação do local. A tabela 02mostra a
média da Circunferência Altura do Peito das áreas estudas.
TABELA 03: CAP (Circunferência Altura do Peito) das áreas de cerradão e cerrado Stricto Sensu.
ser relacionado sua presença com o CAP muito maior da vegetação do cerradão quando
comparado ao cerrado Típico e a pouca presença do gênero Pheidole.
6 - CONCLUSÕES
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADAMS, E.S. Territory defense by the ant Azteca trigona: maintenance of an arboreal
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