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Restauração e conservação de ecossistemas tropicais

A mata Atlântica original cobria cem milhões de hectares. Hoje, em virtude da densa
população e industrialização, resta somente cerca de 7% dessas florestas. Apesar de ainda
restarem remanescentes de Mata Atlântica, o ritmo da destruição tem se acelerado: muitos
desses ecossistemas foram e vêm sendo destruídos, antes mesmo que se tenha desenvolvido o
pleno entendimento dessa enorme diversidade de ecossistemas e da riqueza imensurável de
espécies, associada a uma tão grande complexidade de interações entre organismos.

A prioridade, no caso da Mata Atlântica, é, portanto, desenvolver tecnologias para a


restauração dos ecossistemas degradados da maior parte (93%) desse bioma, assim como para
a preservação dos fragmentos pouco perturbados (7%) ainda restantes. A restauração de
ecossistemas degradados, também denominada “revegetação” e “recomposição florestal”,
deve utilizar os conceitos de diversidade de espécies, interação entre espécies, sucessão
ecológica, assim como adaptar as tecnologias já conhecidas de silvicultura tradicional às
espécies nativas.

O objetivo da restauração é a de reconstituir um novo ecossistema o mais semelhante


possível ao original, de modo a criar condições de biodiversidade renovável, em que as
espécies regeneradas artificialmente tenham condições de ser autossustentáveis, ou que sua
reprodução esteja garantida e a diversidade genética em suas populações possibilite a
continuidade de evolução das espécies.

A restauração adequada seria aquela que possibilitasse que os novos ecossistemas


fossem importantes para a reconstituição de hábitats, bem como para a conservação genética e
como fontes de sementes e propágulos para novos projetos de restauração. As bases teóricas
da restauração e da conservação consistem em: diversidade de espécies, dinâmica da sucessão
e interação planta-animal.

A restauração de ecossistemas degradados deve seguir o princípio de que as espécies


nativas do local são as que têm maior probabilidade de se desenvolver plenamente, mantendo
suas características de reprodução e de regeneração natural, em equilíbrio com seus
organismos predadores naturais.

Um outro princípio fundamental é o de que, na restauração, todos os grupos de


espécies são importantes para a nova comunidade, desde aqueles que são típicos do início da
sucessão ecológica, como as espécies que são mais comuns em estágios serais (de
desenvolvimento de uma comunidade de vegetais) mais avançados.

O avanço das técnicas de restauração ecológica, transformando as áreas degradadas


em ecossistemas florestais, aliado com o aumento do rigor da fiscalização e da legislação
ambientais, assim como da conscientização de proprietários rurais e outros segmentos da
sociedade, tem permitido que o ritmo do plantio de áreas de preservação permanente e reserva
legal venha crescendo continuamente.

Dessa forma, constata-se que as áreas restauradas devem não só conter a riqueza de
espécies da floresta tropical como também uma representatividade genética das populações
dessas espécies. Além do mais, no futuro, essas áreas restauradas representarão grande parte
da biodiversidade remanescente, passando a ser fontes de propágulos e de genes para uso
econômico ou de conservação.

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