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Índice

Introdução...................................................................................................................................2

O Princípio da Separação dos Poderes........................................................................................3

Definicao do Poderes Administrativos.......................................................................................4

Tipologia dos Poderes Administrativo…………………………...…………………………….4

Manifestação do poder administrativo........................................................................................7

Princípios constitucionais sobre o poder administrativo..........................................................11

Principio da Prossecução do Interesse Público……………………………………………….11


O Princípio da Legalidade........................................................................................................13

Conteúdo, Objecto, Modalidade e Efeitos do principio………………………………………13

Excepções ao principio da Legalidade..………………………………………………………14

Natureza e Âmbito do Princípio da Legalidade........................................................................15

Princípio da Boa-fé.…………………………………………………………………………..16

Princípio da igualdade……………………………………………….………………………..16

O Princípio do Respeito Pelos Direitos e Interesses Legítimos dos Particular.........................17

Conclusão..................................................................................................................................18

Bibliografia...............................................................................................................................19

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Introdução

Os poderes da Administração são de natureza instrumental, isto é, surgem como


ordenamentos jurídicos para que o Estado possa preservar o interesse público, ou seja, da
colectividade, atingindo sua satisfação. Portanto, os poderes da Administração são
prerrogativas que ela possui para atingir a finalidade pública. Assim, os poderes da
Administração decorrem da supremacia do interesse público.

O uso desses poderes é um poder-dever, pois é por meio deles que se irá alcançar a
preservação dos interesses da colectividade. A Administração tem a obrigação de utilizá-los (e
caso o administrador não use, ele pode ser penalizado). Logo, são irrenunciáveis. O poder
subordina-se ao dever, e assim, torna-se evidente a finalidade de tais prerrogativas e suas
limitações

Com isso o nosso trabalho será dividido em 6 partes dos quais passo a citar: a introdução os
objectivos, a metodologia, o desenvolvimento, a conclusão e por fim as referências
bibliográficas’.

Objectivos:

Geral

 Analisar o de forma exaustiva o poder administrativo e poderes dos particulares;

Especiais

 Identificar os poderes administrativos;


 Demostrar como se manifestam esses poderes;
 Descrever os princípios que regem esse poderes administrativos.

Metodologia

Para a materialização do trabalho foi usado o método bibliográfico no qual recorremos


manuais do direito administrativo e matérias a fim.

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O Princípio da Separação dos Poderes

Este princípio consiste numa dupla distinção: a distinção intelectual das funções do Estado, e
a política dos órgãos que devem desempenhar tais funções – entendendo-se que para cada
função deve existir um órgão próprio, diferente dos demais, ou um conjunto de órgãos
próprios.
No campo do Direito Administrativo, o princípio da separação de poderes visou retirar aos
Tribunais a função administrativa, uma vez que até aí, havia confusão entre as duas funções e
os respectivos órgãos. Foi a separação entre a Administração e a Justiça.

São três os corolários do princípio da separação dos poderes:

a) A separação dos órgãos administrativos e judiciais: Isto significa que têm de existir
órgãos administrativos dedicados ao exercício da função administrativa, e órgãos
dedicados ao exercício da função jurisdicional. A separação das funções tem de
traduzir-se numa separação de órgãos.
b) A incompatibilidade das magistraturas: não basta porém, que haja órgãos diferentes: é
necessário estabelecer, além disso, que nenhuma pessoa possa simultaneamente
desempenhar funções em órgãos administrativos e judiciais.
c) A independência recíproca da Administração e da Justiça: a autoridade administrativa
é independente da judiciária: uma delas não pode sobrestar na acção da outra, nem
pode pôr-lhe embaraço ou limite. Este princípio, desdobra-se por sua vez, em dois
aspectos: (a) independência da Justiça perante a Administração, significa ele que a
autoridade administrativa não pode dar ordens à autoridade judiciária, nem pode
invadir a sua esfera de jurisdição: a Administração Pública não pode dar ordens aos
Tribunais, nem pode decidir questões de competência dos Tribunais. Para assegurar
este princípio, existem dois mecanismos jurídicos: o sistema de garantias da
independência da magistratura, e a regra legal de que todos os actos praticados pela
Administração Pública em matéria da competência dos Tribunais Judiciais, são actos
nulos e de nenhum efeito, por estarem viciados por usurpação de poder ,
independência da Administração perante a Justiça, que significa que o poder judicial
não pode dar ordens ao poder administrativo, salvo num caso excepcional, que é o do
habeas corpus.
 

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Definição do Poder Administrativo

Para Marcello Caetano, um poder administrativo define de acordo com a lei a sua própria
conduta e dispõe dos meios necessários para impor o respeito dessa conduta e para traçar a
conduta alheia naquilo que tenha relação com ela.
           - Já para Diogo Freitas do Amaral, é um sistema de órgãos do Estado e das entidades
públicas menores que se caracteriza pela faculdade de, com base nas leis e sob o controlo dos
tribunais competentes, estabelecer normas jurídicas e tomar decisões em termos obrigatórios
para os respectivos destinatários, estando-lhe confiado o monopólio do uso legítimo da força
militar ou policial a fim de assegurar a execução coerciva quer das suas próprias normas e
decisões, quer das normas e decisões dos outros poderes do Estado (leis e sentenças).

A Administração Pública é um poder, fazendo parte daquilo a que se costuma chamar os


poderes públicos. A Administração Pública do Estado corresponde ao poder executivo: o
poder legislativo e o poder judicial não coincidem com a Administração Pública.
Falar em poder executivo, de modo a englobar nele também as autarquias locais e outras
entidades, não é adequado. Assim há que referir que é preferível falar-se em poder
administrativo em vez de poder executivo, pois compreende o poder executivo do Estado o
outro poder público das entidades administrativas não estaduais, segundo Diogo Freitas do
Amaral.
A Administração Pública é, efectivamente, uma autoridade, um poder público – é o Poder
Administrativo
Tipologia dos Poderes Administrativos

Poder vinculado
Trata-se do dever da Administração de obedecer a lei em uma situação concreta em que ela só
possui esta opção (a Administração fica inteiramente presa ao enunciado da lei). Só há um
único comportamento possível, e ele é o que a lei determina. O administrador não tem
liberdade de actuação, apenas deve seguir o que a lei prescreve. Como se vê, na expedição
destes actos, fica o administrador condicionado ao que diz a norma legal, ou seja, não tem
liberdade de acção, pois se o ato for praticado sem observância de qualquer dado constante na
lei, é nulo, situação que pode ser reconhecida pela própria Administração, ou pelo Judiciário
mediante provocação do interessado.

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Segundo Hely Lopes Meirelles, “Poder vinculado ou regrado é aquele que o Direito Positivo
– a lei – confere à Administração Pública para a prática de ato de sua competência,
determinando os elementos e requisitos necessários à sua formalização”.

Poder discricionário
Este poder permite uma margem de liberdade ao administrador que exercerá um juízo de
valor de acordo com critérios de conveniência e oportunidade. Desse modo, o administrador,
no caso concreto, avaliará a situação em que deve agir, adoptando o comportamento
adequado. Tal poder é necessário, uma vez que seria impossível que o legislador previsse
todas as situações possíveis para os vários comportamentos administrativos.
Entretanto, é importante ressaltar que toda a actividade administrativa encontra limites na
legalidade, devendo tais prerrogativas ser praticadas nos limites impostos pela lei, sob pena de
ser reconhecida a arbitrariedade e, consequentemente, a ilegalidade do acto.

Celso António Bandeira de Mello define os contornos deste princípio. Segundo ele “a
Administração ao actuar no exercício de discrição, terá que obedecer a critérios aceitáveis do
ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal de pessoas equilibradas e respeitosas
das finalidades que presidiram a outorga da competência exercida.

Poder normativo
Através deste poder a Administração pode expedir actos normativos. Portanto, o poder que a
Administração Pública tem para editar actos normativos é o poder normativo ou
regulamentar, e os actos normativos advêm do Poder Executivo (Administração Pública).São
actos normativos: os regulamentos, as instruções, as portarias, as resoluções, os regimentos
etc. Dependem de lei anterior para serem editados. Logo, o poder normativo é derivado da lei,
do ato normativo originário.

Poder hierárquico
A hierarquia e consequentemente o poder hierárquico existem no âmbito das actividades
administrativas e compreende a prerrogativa que tem a Administração para coordenar,
controlar, ordenar e corrigir as actividades administrativas dos órgãos e agentes no seu âmbito
interno. Não há hierarquia entre os Poderes do Estado (não há hierarquia entre Legislativo,
Executivo e Judiciário), há distribuição de competências. Pela hierarquia é imposta ao

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subalterno a estrita obediência das ordens e instruções legais superiores, além de se definir a
responsabilidade de cada um.
Do poder hierárquico são decorrentes certas faculdades implícitas ao superior, tais como dar
ordens e fiscalizar o seu cumprimento, delegar e avocar atribuições e rever actos dos
inferiores.

Segundo Hely Lopes Meirelles(2010) “Poder hierárquico é o de que dispõe o Executivo para
distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a actuação de seus agentes
estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores de seu quadro de pessoal”.

Poder disciplinar
Na perspectiva de Amaral (1998), é o poder atribuído a Administração Pública para aplicar
sanções administrativas aos seus agentes pela prática de infracções de carácter funcional. O
poder disciplinar abrange somente sanções administrativas, como por exemplo, a advertência,
a multa, a suspensão e a demissão. De toda forma, não se pode esquecer que existem sanções
penais e civis que podem ser aplicadas ao caso concreto, embora não façam parte do poder
disciplinar.
Em regra, é um poder que se dirige àqueles sujeitos à autoridade interna da Administração
Pública, poder interno. Mas, segundo alguns, também pode ser aplicado ao particular sujeito à
disciplina da Administração e aos contratados da Administração.
Em geral o poder disciplinar é discricionário de forma limitada. Outorga-se à Administração a
possibilidade de avaliar, no momento da aplicação da pena, qual será a sanção correta,
assegurado o contraditório e a ampla defesa, e qual será a quantificação da sanção.

Poder de polícia
Poder de polícia é o poder conferido à Administração, para restringir, frenar, condicionar,
limitar o exercício de direitos e actividades económicas dos particulares para preservar os
interesses da colectividade. O poder de polícia abrange, ou se materializa, por actos gerais ou
individuais. O ato geral é aquele que não tem um destinatário específico, está relacionado com
toda a colectividade, por outro lado, o poder de polícia pode se materializar por ato individual,
ou seja, aquele ato que tem um destinatário específico, situação concreta de cada indivíduo
.Em geral, o poder de polícia deve prevenir danos e prejuízos que possam danificar o bem-
estar social, limitando os direitos individuais de liberdade e propriedade dos particulares.

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Manifestação do poder Administrativo

As principais manifestações do poder administrativo, segundo o Freitas de Amaral


(1988,pag.7) são quatro:
a) O Poder Regulamentar:
A Administração Pública, tem o poder de fazer regulamentos, a que chamamos “poder
regulamentar” e outros autores denominam de faculdade regulamentaria.
Estes regulamentos que a Administração Pública tem o Direito de elaborar são considerados
como uma fonte de Direito (autónoma).
A Administração Pública goza de um poder regulamentar, porque é poder, e com tal, ela tem
o direito de definir genericamente em que sentido vai aplicar a lei. A Administração Pública
tem de respeitar as leis, tem de as executar: por isso ao poder administrativo do Estado se
chama tradicionalmente poder executivo. Mas porque é poder, tem a faculdade de definir
previamente, em termos genéricos e abstractos, em que sentido é que vai interpretar e aplicar
as leis em vigor: e isso, fá-lo justamente elaborando regulamentos.

b) O Poder de Decisão Unilateral


O poder de decisão unilateral pode-se definir como sendo o poder de modificar
unilateralmente o ordenamento jurídico por exclusiva autoridade, e sem necessidade de obter
o acordo do interessado. Este importante poder pode exercer-se a dois níveis. Primeiro, ao
nível regulamentar com a possibilidade de a Administração aprovar actos que se aplicam a
toda uma categoria de particulares (por exemplo, quando o Conselho de Ministros aprova o
Regulamento de Transporte Marítimo Comercial ou o Regulamento das Empresas de
Segurança Privada.
Enquanto no regulamento a Administração Pública nos aparece a fazer normas gerais e
abstractas, embora inferiores à lei, aqui a Administração Pública aparece-nos a resolver casos
concretos.
Este poder é um poder unilateral, quer dizer, a Administração Pública pode exercê-lo por
exclusiva autoridade sua, e sem necessidade de obter acordo (prévio ou à posteriori) do
interessado.

A Administração, perante um caso concreto, em que é preciso definir a situação, a


Administração Pública tem por lei o poder de definir unilateralmente o Direito aplicável. E

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esta definição unilateral das Administração Pública é obrigatória para os particulares. Por
isso, a Administração é um poder.
Por exemplo: é a Administração que determina o montante do imposto devido por cada
contribuinte.

A Administração declara o Direito no caso concreto, e essa declaração tem valor jurídico e é
obrigatória, não só para os serviços públicos e para os funcionários subalternos, mas também
para todos os particulares.
Pode a lei exigir, e muitas vezes exige, que os interessados sejam ouvidos pela Administração
antes desta tomar a sua decisão final.
Pode também a lei facultar, e na realidade faculta, aos particulares a possibilidade de
apresentarem reclamações ou recursos graciosos, designadamente recursos hierárquicos,
contra as decisões da Administração Pública.
Pode a lei, e permite, que os interessados recorram das decisões unilaterais da Administração
Pública para os Tribunais Administrativos, a fim de obterem a anulação dessas decisões no
caso de serem ilegais. A Administração decide, e só depois é que o particular pode recorrer da
decisão. E não é a Administração que tem de ir a Tribunal para legitimar a decisão que tomou:
é o particular que tem de ir a Tribunal para impugnar a decisão tomada pela Administração.

c) O Privilégio da Execução Prévia


Consiste este outro poder, na faculdade que a lei dá à Administração Pública de impor
coactivamente aos particulares as decisões unilaterais que tiver tomado.
O recurso contencioso de anulação não tem em regra efeito suspensivo, o que significa que
enquanto vai decorrendo o processo contencioso em que se discute se o acto administrativo é
legal ou ilegal, o particular tem de cumprir o acto, se não o cumprir, a Administração Pública
pode impor coactivamente o seu acatamento.
Isto quer dizer, portanto, que a Administração dispõe de dois privilégios: na fase declaratória,
o privilégio de definir unilateralmente o Direito no caso concreto, sem necessidade duma
declaração judicial. Já na fase executória, o privilégio de executar o Direito por via
administrativa, sem qualquer intervenção do Tribunal é a manifestação máxima do poder
administrativo no exercício pleno do seu poder potestativo perante aos administrados.

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d) Regime Especial dos Contractos Administrativos:
Um contracto administrativo, é um acordo de vontades em que a Administração Pública fica
sujeita a um regime jurídico especial, diferente daquele que existe no Direito Civil.
E de novo, nesta matéria, como é próprio do Direito Administrativo, esse regime é diferente
para mais, e para menos. Para mais, porque a Administração Pública fica a dispor de
prerrogativas ou privilégios de que as partes nos contractos civis não dispõem; e para menos,
no sentido de que a Administração Pública também fica sujeita a restrições e a deveres
especiais, que não existem em regra nos contractos civis.    

  Deste poder administrativo surgem como corolários a independência da Administração


perante a Justiça e o foro administrativo - a entrega de competência contenciosa para julgar os
litígios administrativos não é dada aos tribunais comuns e sim aos tribunais administrativos e
subsiste por razões de especialização funcional e já não na lógica da infância difícil do juiz-
administrador.

  Corolários do Poder Administrativo

Independência da Administração perante a Justiça, que se traduz em que os Tribunais Comuns


são incompetentes para se pronunciarem sobre questões administrativas, existência de regime
dos conflitos de jurisdição em matéria permite retirar a um Tribunal Judicial, uma questão
administrativa que erradamente nele esteja a decorrer.
Em terceiro lugar, devemos mencionar aqui a chamada garantia administrativa, consiste no
privilégio conferido por lei às autoridades administrativas de não poderem ser demandadas
criminalmente nos Tribunais Judiciais, sem prévia autorização do Governo.
 Foro Administrativo: ou seja, a entrega de competência contenciosa para julgar os
litígios administrativos não já aos Tribunais Judiciais mas aos Tribunais
Administrativos.
 Tribunal de Conflitos: é um Tribunal Superior, de existência aliás intermitente (só
funciona quando surge um conflito), que tem uma composição mista, normalmente
paritária, dos juízes dos Tribunais Judiciais e de juízes de Tribunais Administrativos, e
que se destina a decidir em última instância os conflitos de jurisdição que sejam entre
as autoridades administrativas e o poder judicial.

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      Para exercer o poder administrativo, existem vários modos de exercício para as entidades
que integram a Administração Pública.
Em primeiro lugar, Diogo Freitas do Amaral destaca os regulamentos administrativos,
referindo que os órgãos administrativos competentes são frequentemente confrontados com a
necessidade de desenvolver os comandos genéricos contidos na lei, com vista a possibilitar a
sua aplicação às situações concretas que ocorrem diariamente. Por vezes é o próprio
legislador que pretende que sejam os órgãos administrativos competentes a disciplinar certos
tipos de situações. Assim, a Administração Pública tem vias para editar regras de conduta
gerais e abstractas com fundamento na lei.
Em segundo lugar, é de realçar o acto administrativo. Exemplificando, a Administração por
vezes também é solicitada a resolver situações específicas, problemas individuais e casos
concretos e para isso tem de tomar decisões. Quando tal acontece, a Administração atua de
forma diferente, pois já não edita as regras de conduta gerais e abstractas, mas antes procede à
aplicação da lei e dos regulamentos às situações da vida real, atribuindo-lhes assim uma nova
definição jurídica já referida inicialmente nesta modalidade que se consubstancia na prática de
actos administrativos.

Em terceiro lugar, Diogo Freitas do Amaral salienta o contrato administrativo, referindo os


casos em que as entidades administrativas, em vez de actuarem unilateralmente impondo pela
via de autoridade as suas decisões, celebram acordos bilaterais entre si ou com entidades
privadas. Como exemplo temos os casos em que a Administração Pública assina com uma
empresa privada um contrato de empreitada de obras públicas, nestas situações terá de
recorrer a esta modalidade do contrato administrativo. Como outro exemplo temos o
recrutamento de um funcionário ou quando se dá a concessão a um particular um serviço
público, uma obra pública ou um bem do domínio público. Nestes e outros exemplos, a
Administração não faz normas gerais e abstractas, nem toma decisões concretas de modo
unilateral pois atua em colaboração com particulares na base de um contrato
.
  Por último, Diogo Freitas do Amaral refere a prática de meras operações materiais. Aqui a
Administração Pública pode actuar através da prática de meras operações materiais, cuja
característica comum reside no facto de não produzirem alterações na ordem jurídica. É dado
o exemplo das vezes em que a Administração Pública procede às operações físicas de
demolição de um imóvel que ameaçava ruína (porque por hipótese o particular não acatou a
ordem de demolição), realiza um conjunto de operações que não alteram a definição do direito

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que foi feita em momento anterior, através do ato administrativo que ordenou tal demolição.
Outro exemplo é dado relativamente às situações em que a Administração Pública resolve
promover um colóquio para proporcionar aos seus quadros uma melhor formação técnica,
realizando um conjunto de operações que não provocam alterações na ordem jurídica. Em
ambos os casos deparamo-nos com operações materiais, contrariamente aos actos jurídicos.
  Com isto conseguimos entender os quatro modos padrão de exercício do poder
administrativo, emergindo deles quatro teorias jurídicas: a teoria do regulamento
administrativo; a teoria do acto administrativo; a teoria do contrato administrativo e a teoria
da actividade técnica da Administração.  
A Administração Pública Moçambicana tem poderes de decisão e de execução. Por outras
palavras, o que caracteriza o Direito Administrativo Moçambicano na ordem das
prerrogativas, como, regra geral, em qualquer outro sistema de administração executiva, é a
faculdade que lhe é conferida de tomar decisões juridicamente executórias e de garantir a sua
execução material.

Daí a noção de prerrogativas de direito público ou de meios exorbitantes do direito comum.


Enquanto na vida privada os direitos e obrigações só se criam por via contratual, a
administração, no interesse do serviço público, deve poder impor obrigações aos particulares
unilateralmente e sem primeiro passar pelo juiz; e a sua decisão deve ser considerada
juridicamente válida enquanto o interessado não a tenha feito anular pelo juiz” chamamos isso
de Poder de decisão unilateral.
.
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SOBRE O PODER ADMINISTRATIVO

O Princípio da Prossecução do Interesse Público


Com base no nº 1 do artigo 248 da CRM “ O interesse público” é o interesse colectivo, é o
interesse geral de uma determinada comunidade, é o bem-comum.

Segundo Freitas de Amaral (1988, p.36) A noção interesse público traduz uma exigência – a
exigência que é a satisfação das necessidades colectivas( das pessoas, da população, dos
cidadãos). E interesse público é definido pelo poder político, legislativo e executivo, sendo na
pratica concretizado pela Administração pública. ou seja, é ela quem elege um conjunto de
bens e serviços que satisfazem as necessidades das pessoas, nomeadamente segurança
pública, a educação, a saúde pública, acultura, os transportes colectivos.

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Pode-se distinguir o interesse público primário dos interesses públicos secundários:
Considera-se interesse público primário aquele cuja definição e satisfação compete aos órgãos
governativos do Estado, no desempenho das funções política e legislativa; os interesses
públicos secundários, são aqueles cuja definição é feita pelo legislador, mas cuja satisfação
cabe à Administração Pública no desempenho da função administrativa.

O principio da prossecução do interesse público em direito administrativo, apresenta na


pratica, varias consequências, das quais se destacam as seguintes:

a) Só a lei pode definir os interesses públicos a cargo da Administração: não pode ser a
administração a defini-los.
b) Em todos os casos em que a lei não define de forma complexa e exaustiva o interesse
público, compete à Administração interpretá-lo, dentro dos limites em que o tenha
definido.
c) A noção de interesse público é uma noção de conteúdo variável. Não é possível definir
o interesse público de uma forma rígida e inflexível.
d) Definido o interesse público pela lei, a sua prossecução pela Administração é
obrigatória.
e) O interesse público delimita a capacidade jurídica das pessoas colectivas públicas e a
competência dos respectivos órgãos: é o chamado princípio da especialidade, também
aplicável a pessoas colectivas públicas.
f) Só o interesse público definido por lei pode constituir motivo principalmente
determinado de qualquer acto administrativo. Assim, se um órgão da administração
praticar um acto administrativo que não tenha por motivo principalmente
determinante, o interesse público posto por lei a seu cargo, esse acto estará viciado por
desvio de poder, e por isso será um acto ilegal, como tal anulável contenciosamente.
g) A prossecução de interesses privados em vez de interesse público, por parte de
qualquer órgão ou agente administrativo no exercício das suas funções, constitui
corrupção e como tal acarreta todo um conjunto de sanções, quer administrativas, quer
penais, para quem assim proceder.
h) A obrigação de prosseguir o interesse público exige da Administração Pública que
adopte em relação a cada caso concreto as melhores soluções possíveis, do ponto de
vista administrativo (técnico e financeiro): é o chamado dever de boa administração.

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O Princípio da Legalidade
Este principio pressupõe que, a actuação do servidor público ou da administração pública
deve estar em conformidade com a lei. Portanto, administração pública ou servidor deve
actuar sob vigência da lei, ou seja, o servidor público no acto das suas atribuições não deve se
distanciar da lei, senão será julgado pelos seus actos.
Os órgãos e agentes da Administração Pública só podem agir no exercício das suas funções
com fundamento na lei e dentro dos limites por ela impostos.
O princípio da legalidade aparece definido de uma forma positiva. Diz-se que a
Administração Pública deve ou não deve fazer, e não apenas aquilo que ela está proibida de
fazer.
O princípio da legalidade cobre e abarca todos os aspectos da actividade administrativa, e não
apenas aqueles que possam consistir na lesão de direitos ou interesses dos particulares.
A lei não é apenas um limite à actuação da Administração é também o fundamento da acção
administrativa.
A regra geral, não é o princípio da liberdade, é o princípio da competência. Segundo o
princípio da liberdade, pode fazer-se tudo aquilo que a lei não proíbe; segundo o princípio da
competência, pode fazer-se apenas aquilo que a lei permite.

Conteúdo, objecto, modalidades e efeitos do princípio da legalidade


 Conteúdo: no âmbito do Estado Social de Direito, o conteúdo do princípio da
legalidade abrange não apenas o respeito da lei, em sentido formal ou em sentido
material, mas a subordinação de Administração Pública, a todo o bloco geral.
 Objecto: todos os tipos de comportamento da Administração Pública, a saber: o
regulamento, o acto administrativo, o contrato administrativo, os simples factos
jurídicos.
A violação da legalidade por qualquer desses tipos de actuação gera ilegalidade.
 Modalidades: o princípio da legalidade comporta duas modalidades
 Aparência de lei, consiste em que nenhum acto de categoria inferior à lei pode
contrariar a lei, sob pena de ilegalidade;
 Reserva de lei, consiste em que nenhum acto de categoria inferior à lei pode ser
praticado sem fundamento na lei;
 Efeitos: distingue-se, (1) efeitos negativos, são dois: nenhum órgão da Administração,
mesmo que tenha sido ele o autor da norma jurídica aplicável, pode deixar de respeitar
e aplicar normas em vigor; qualquer acto da administração que num caso concreto

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viole a legalidade vigente é um acto ilegal, e portanto inválido (nulo ou anulável,
conforme os casos). (2) Efeitos positivos, é a presunção de legalidade dos actos da
Administração.
Isto é, presume-se em princípio, que todo o acto jurídico praticado por um órgão da
administração é conforme à lei até que se venha porventura a decidir que o acto é ilegal. Só
quando o Tribunal Administrativo declarar o acto ilegal e o anular é que ele considera
efectivamente ilegal.

Excepções ao Princípio da Legalidade


Comporta três excepções: a teoria do estado de necessidade, teoria dos actos políticos, o poder
discricionário da Administração.
a) A Teoria do Estado de Necessidade, diz que em circunstâncias excepcionais, em
verdadeira situação de necessidade pública, a Administração Pública, se tanto for exigido pela
situação, fica dispensada de seguir o processo legal estabelecido para circunstâncias normais e
pode agir sem forma de processo, mesmo que isso implique o sacrifício de direitos ou
interesses dos particulares.
b) Quanto à Teoria dos Actos Políticos, ela não é em rigor uma excepção ao princípio da
legalidade. Segundo ela, os actos de conteúdo essencialmente político, os actos materialmente
correspondentes ao exercício da função política – chamados actos políticos ou actos do
governo –, não são susceptíveis de recurso contencioso perante os Tribunais Administrativos.

O Poder Discricionário da Administração, não constitui, de modo nenhum, uma excepção ao


princípio da legalidade, mas um modo especial de configuração da legalidade administrativa.
Com efeito, só há poderes discricionários aí onde a lei os confere como tais. E, neles, há
sempre pelo menos dois elementos vinculativos por lei – a competência e o fim.

Natureza e Âmbito do Princípio da Legalidade


A Administração Pública, por vezes, aparece-nos como autoridade, como poder, a impor
sacrifícios aos particulares; a esta administração chama a doutrina alemã, administração
agressiva, porque ela “agride” os direitos e interesses dos particulares.

Noutros casos, a Administração Pública aparece-nos como prestadora de serviços ou como


prestadora de bens, nomeadamente quando funciona como serviço público. Aqui a

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Administração não aparece agredir a esfera jurídica dos particulares, mas pelo contrário, a
protegê-la, a beneficiá-la, a ampliá-la.

Sérvulo Correia, diz que, tratando-se da promoção do desenvolvimento económico e social ou


da satisfação das necessidades colectivas, quer dizer, tratando-se da tal administração de
prestação, enquanto realidade diferente da administração agressiva, não é necessário o
princípio da legalidade como fundamento da administração da acção administrativa. Pela
nossa parte não concordamos com esta opinião, parte-se da opinião dos que entendem que o
princípio da legalidade, na sua formulação moderna, cobre todas as manifestações da
administração de prestação, e não apenas as da administração agressiva.

É preciso ter presente, que também na esfera própria da chamada “administração de


prestação” podem ocorrer violações dos direitos dos particulares, ou dos seus interesses
legítimos, por parte da Administração Pública.
Mesmo na esfera própria da chamada “administração de prestação” podem ocorrer violações
de direitos ou interesses legítimos de particulares, o que exige que também nessa esfera se
entenda que o princípio da legalidade deve funcionar em toda a sua plenitude.
Por outro lado, a administração constitutiva ou administração de prestação nem sempre pode
beneficiar todos os particulares, ou beneficiá-los todos por igual.
Para se assumir como prestadora de bens e serviços, a Administração Pública precisa muitas
vezes de sacrificar os direitos ou interesses dos particulares.
A ideia de administração de prestação, ao serviço do desenvolvimento económico e da justiça
social, não é dissociável da ideia de sacrifício de direitos ou interesses legítimos dos
particulares.
Para realizar uma administração de prestação é necessário quase sempre que a Administração
empregue dinheiros públicos saídos do Orçamento do Estado. Mas o emprego de dinheiros
públicos, a realização de despesas públicas, tem de se fazer à custa da aplicação de receitas
públicas.
Para que a Administração Pública possa dar, possa actuar fazendo despesas, ela tem de dispor
previamente de uma lei administrativa que a tanto a legalidade desdobra-se na necessidade de
respeitar tanto a legalidade administrativa como a legalidade financeira, não é possível pois,
conceber uma administração constitutiva ou de prestação sem ter na sua base, e como seu
fundamento, a legalidade.

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Resumindo e sintetizando as considerações anteriores, entendemos que, no domínio das
actividades da administração constitutiva ou de prestação, prescindir da submissão ao
princípio da legalidade, na sua acepção moderna, seria abandonar uma das mais importantes e
das mais antigas regras de ouro do Direito Administrativo, que é a de que só a lei deve poder
definir o interesse público a cargo da Administração. Quem tem de definir o interesse público
a prosseguir pela administração é a lei, não é a própria Administração Pública. Mesmo no
quadro da administração de prestação, mesmo quando se trate de conceder um direito, ou de
prestar um serviço, ou de fornecer bens aos particulares, a administração só o deve poder
fazer porque, e na medida em que está a prosseguir um interesse público definido pela lei.
Se se abandonar este princípio, a actividade administrativa perderá a sua legitimidade e não
haverá mais nenhuma forma de garantir eficazmente a moralidade administrativa. Só há
desvio de poder quando a Administração Pública se afasta do interesse público que a lei lhe
definiu.

O Princípio da Igualdade
De acordo com artigo 36 conjugada com o artigo 6 da Lei nº 14/2011, da CRM determina que
todos temos direitos iguais sem qualquer distinção. No entanto, para o servidor público não é
diferente. Sendo obrigado, por lei, a agir de maneira igual em situações iguais e desigualem
situações desiguais, ou seja, o servidor público não deve no acto das suas atribuições público
promover prestígios para pessoas específicos.

O Princípio da Boa-fé
Com base a Lei nº14/2011, no seu artigo 8 , diz que no desempenho da actividade
administrativa, e em todas as suas formas e fases, a Administração Pública e os administrados
devem actuar e relacionar-se de acordo com as regras da boa-fé, compreende que a
Administração Pública não deve agir com malícia ou de forma astuciosa para confundir ou
atrapalhar o cidadão no exercício de seus direitos. sempre deve agir de acordo com a lei e com
bom senso. Sobressaem, porém, os dois limites negativos que ele coloca à actividade
administrativa pública:
 A Administração Pública não deve atraiçoar a confiança que os particulares
interessados puseram num certo comportamento seu;
 A Administração Pública também não deve iniciar o procedimento legalmente
previsto para alcançar um certo objectivo com o propósito de atingir um objectivo
diverso, ainda que de interesse público.

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O Princípio do Respeito Pelos Direitos e Interesses Legítimos dos Particular
Estão em causa os direitos e interesses legítimos de todos os sujeitos de direito.
O sentido do artigo 248 nº1 da CRM (a Administração Pública visa a prossecução do interesse
público, no respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos), significa
fundamentalmente, que a prossecução do interesse público não é o único critério da acção
administrativa, nem tem um valor ou alcance ilimitados. Há que prosseguir, sem dúvida, o
interesse público, mas respeitando simultaneamente os direitos dos particulares.

O princípio da legalidade nasceu como limite à acção da Administração Pública; a sua função
era a de proteger os direitos e interesses dos particulares.
Embora o princípio da legalidade continue a desempenhar essa função, o certo é que se
conclui entretanto que não basta o escrupuloso cumprimento da lei por parte da
Administração Pública para que simultaneamente se verifique o respeito integral dos direitos
subjectivos e dos direitos legítimos dos particulares.

Essas outras formas de protecção que existem para além do princípio da legalidade, são muito
numerosas. Destacamos as mais relevantes:
Estabelecimento da possibilidade de suspensão jurisdicional da eficácia do acto
administrativo (isto é, paralisação de execução prévia);
Extensão do âmbito da responsabilidade da Administração por acto ilícito culposo, não
apenas aos casos em que o dano resulte de acto jurídico ilegal, mas também aos casos em que
o dano resulte de factos materiais que violem as regras de ordem técnica e de prudência
comum que devem ser sentidas em consideração pela Administração Pública;
Extensão da responsabilidade da Administração aos danos causados por factos casuais, bem
como por actos ilícitos que imponham encargos ou prejuízos especiais e anormais aos
particulares.

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Conclusão
Para concluir podemos assim dizer que os Poderes Administrativos são instrumentos que a
Administração Pública dispõe para consecução do interesse público. São verdadeiros deveres
para a Administração Pública, pois são conferidos instrumentos a serem utilizados para
alcance do bem da colectividade. Os poderes da Administração Pública, previstos no
ordenamento jurídico, são de cumprimento obrigatório e instrumentos de sua actuação. O
poder regulamentar é exercido privativamente pelos Chefes do Poder Executivo na edição de
decretos de execução ao fiel cumprimento à lei. O poder hierárquico é atribuído para a
Administração Pública organizar-se. O poder disciplinar prevê a aplicação de penalidade aos
agentes pela prática de infracções funcionais, cuja apuração é ato vinculado por meio de
sindicância ou processo administrativo disciplinar e cuja aplicação da penalidade é ato
discricionário. O poder de polícia limita e disciplina o exercício de interesses, actividades,
bens e direitos individuais ou colectivos, é exercido pela polícia administrativa e pode ter
carácter regulamentar ou autónomo. As principais manifestações do poder administrativo
encontram-se no poder regulamentar, poder de decisão unilateral, poder de execução coerciva,
poderes especiais do contraente público nos contratos administrativos, poderes especiais das
autoridades de polícia., este poder e regido por alguns princípios basilares do poder
administrativos, o principio da prossecução do interesse publico, principio da boa fé e o
principio da legalidade.

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Referência Bibliográfica
Constituição da República de Moçambique 2004
Amaral , Diogo Freitas , (1988), do curso do direito administrativo 2ed. Almedina
DI PIETRO, Maria Sylvia. (2014). Direito Administrativo. São Paulo, Editora Atlas.
MEIRELLES, Hely Lopes. (2010). Direito Administrativo brasileiro. 24ª edição, São Paulo,
Editora Malheiros.
MELLO, Celso António Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo, Editora
Sousa, Marcelo Rebelo de.(1994/95).lições de Direito administrativo . vol.I.lisboa

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