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MICROCIRCULAÇÃO:

DIFUSÃO E FILTRAÇÃO

Fisiologia
• INTRODUÇÃO

Os nutrientes e o oxigênio são fatores importantes na regulação da circulação


cardiovascular, pois o objetivo desse sistema é distribuí-los de acordo com as
demandas teciduais. Para entender como esses componentes ganham a cor-
rente sanguínea ou a deixam para nutrir um tecido, é necessário compreender
os mecanismos de troca que estes realizam. Os mecanismos a serem estuda-
dos neste capítulo são difusão e movimento transcapilar de fluidos.

É importante ressaltar que as trocas entre o meio vascular e o interstício de nu-


trientes ocorrem a nível da microcirculação, a nível dos capilares e vênulas, pois
são as estruturas mais delgadas, permitindo os diferentes tipos de troca de
acordo com a molécula em questão.

• DIFUSÃO

A difusão se dá quando há uma diferença de concentração entre diferentes


meios, e que a membrana que divide ambos os meios sejam semipermeável.
Em fisiologia, as principais moléculas que se difundem são os gases. A troca
ocorre então com a passagem do meio mais concentrado para o meio menos
concentrado, até que ocorra um equilíbrio entre as concentrações. A difusão é
guiada pela 1ª lei de Fick, que é dada pela seguinte equação:

∆𝐶
𝐽𝑆 = 𝐷 . 𝐴 . ( ,
∆𝑋
(JS – fluxo de difusão; D – constante de difusão; A – área de superfície; (∆C/∆X) – gradiente de concentração; ∆C
– diferença de concentração; ∆X – distância)
O fluxo de difusão é diretamente proporcional a constante de difusão de um
determinado soluto, e isso vai depender das propriedades físico-químicas da
molécula em questão. Além disso, maior é o fluxo, quanto maior for a área de
superfície de troca de soluto e quanto maior foi o gradiente de concentração
deste soluto. O gradiente de concentração é diretamente proporcional a varia-
ção de concentração do soluto, mas inversamente proporcional a distância a ser
percorrida por este para que se efetive a troca.

• MOVIMENTO TRANSCAPILAR DE FLUIDOS

O movimento da água entre diferentes meios se dá por osmose, e, para enten-


der a dinâmica dos fluidos entre o interstício e o sistema circulatório, é preciso
conhecer os conceitos de pressão hidrostática e pressão coloidosmótica:

- Pressão hidrostática: é força que tende a fazer o líquido sair do capilar para o
interstício, ela se estabelece pela pressão sanguínea e pela concentração dos
íons presentes nos meios.

- Pressão coloidosmótica: é a força que tende a manter os líquidos no intravas-


cular, ela se dá pela presença de grandes moléculas como proteinas.
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dex.php?curid=27702800

A pressão no sistema vascular é decrescente, no sentido das artérias para as


veias. A nível dos capilares e vênulas já é bastante baixa, como mostrado no
gráfico abaixo pela curva azul, já a pressão coloidosmótica tende a ser cons-
tante, pois se espera que não haja perda de proteinas do meio intravascular.
Assim, a nível de capilares, conseguimos observar uma prevalência de forças
que empurram líquido para fora do sistema vascular e, a nível de vênulas, o
processo de reabsorção prevalece. Importante ressaltar que os vasos linfáticos
também são responsáveis pela recaptação de líquidos do meio intersticial que
não foram captados pelas vênulas.
O movimento de fluidos pelos vasos é definido pelas forças de Starling.
Os componentes que resultam na movimentação de fluidos são:
• Pressão hidrostática capilar (Pc): Tende a empurrar o líquido para os teci-
dos, através da membrana capilar. (Extremidade arterial com cerca de 30
mmHg e extremidade venosa com cerca de 10 mmHg de pressão)
• Pressão hidrostática do líquido intersticial (Pi): Quando positiva, tende a
forçar o líquido para dentro do capilar. Quando negativa tende a forçar o
líquido para os tecidos. (Valor médio -3 mmHg – o valor negativo se dá
devido a pressão exercida pela absorção do sistema linfático)
• Pressão coloidosmótica plasmáticas capilar (πC): Tende a provocar a os-
mose de líquido para o capilar, através da membrana capilar. (Valor médio
28 mmHg)
• Pressão coloidosmótica o líquido intersticial (πi): Tende a provocar a os-
mose de líquido para os tecidos, através da membrana capilar. (Valor mé-
dio 8 mmHg)
Assim, organizando as forças em um esquema, percebemos que duas delas
tendem a tirar líquido do vaso: pressão hidrostática capilar e pressão coloidos-
mótica intersticial. E outras duas forças tendem a trazer o líquido para o meio
intravascular: pressão hidrostática intersticial (exceto quando está negativa) e
pressão coloidosmótica vascular.

Assim, conseguimos compreender a equação de Starling que define o mo-


vimento dos fluidos a partir das diferentes pressões dentro do sistema cardio-
vascular:
𝐽𝑣 = 𝐾𝑓. [(𝑃𝐶 − 𝑃𝑖 ) − (𝜋𝐶 − 𝜋𝑖 )]

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