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APOSTILA DE CAPACITAÇÃO PARA BALCONISTAS E ATENDENTES

MÓDULO I
Conceitos Básicos,
Normas de atendimento a receituários.

Elaborado e revisado por


Dr. Paulo Luz Viana ( Farmacêutico Clínico )
CRF-SP 22.899

REGIONAL LITORAL SUL 2


Introdução
Este manual visa ser um pequeno instrumento de acompanhamento, orientação e
capacitação da equipe contribuindo para a formação de profissionais que desempenhem
suas funções com excelência, ética e responsabilidade. Estes só pode ser conseguido com
conhecimento dos produtos aliado a informações corretas e de qualidade, atendendo as
necessidades dos clientes, gerando assim a satisfação e fidelização em nossas lojas.

Esse profissional ainda auxilia na organização do estabelecimento farmacêutico,


trabalhando sempre sob a supervisão do profissional farmacêutico.
É importante mencionar que a obtenção do conhecimento é um processo contínuo e
dinâmico e que exige dedicação e esforço por parte de todos.
Conceito de Drogaria: São estabelecimentos de dispensação e comércio de drogas,
medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos em suas embalagens originais.

Conceitos Básicos

1) Medicamentos x Remédio
1.1) Remédio
Qualquer substância ou recurso utilizado para curar ou aliviar doenças, sintomas, desconforto e
mal-estar, de substância animal, vegetal, mineral ou sintética. Podendo ser procedimentos de fé ou
crença. Exemplos: fisioterapia, acupuntura, radioterapia, psicanálise etc.

1.2) Medicamento
É uma preparação que contém uma ou mais substâncias que ao ser ingerida, injetada ou aplicada
em alguma superfície do organismo, tem a capacidade de promover uma ação terapêutica. Os
medicamentos podem ser Alopáticos, Homeopáticos, Fitoterápicos ou manipulados.

1.2.1) Referência: Quando um medicamento inovador é registrado no País, chamamos esse


medicamento de “referência”. A eficácia, segurança e qualidade desses medicamentos são
comprovados cientificamente, no momento do registro junto à Anvisa. Os laboratórios
farmacêuticos investem anos em pesquisas para desenvolvê-los, têm exclusividade sobre a
comercialização da fórmula durante o período de patente. “A patente pode durar entre 10 e 20
anos”, segundo o diretor-presidente da Anvisa.
1.2.2) Genérico: O medicamento genérico é aquele que contém o mesmo fármaco
(princípio ativo), na mesma dose e forma farmacêutica, é administrado pela mesma via e
com a mesma indicação terapêutica do medicamento de referência no país. O genérico é
intercambiável com o medicamento de referência. A segura substituição do medicamento
de referência pelo seu genérico é assegurada por testes de bioequivalência apresentados
à Anvisa. Essa intercambialidade somente poderá ser realizada pelo farmacêutico
responsável. Na embalagem dos genéricos deve estar escrito "Medicamento Genérico"
dentro de uma tarja amarela. Como os genéricos não têm marca, o que você lê na
embalagem é o princípio ativo do medicamento. O preço do medicamento genérico pode
ser bem menor, pois os fabricantes de medicamentos genéricos não necessitam fazer
investimentos em todas as fases de pesquisas não clínicas e clínicas para o seu
desenvolvimento, visto que a maior parte dos estudos de segurança e eficácia foram
realizados pelos medicamentos de referência. Outro motivo para os preços reduzidos dos
genéricos diz respeito ao marketing. Os seus fabricantes não necessitam fazer
propaganda, pois não há marca a ser divulgada.

1.2.3) Similar: De acordo com a definição legal, medicamento similar é aquele que contém
o mesmo ou os mesmos princípios ativos, apresenta mesma concentração, forma
farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, mas pode diferir em
características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem,
rotulagem, excipientes e veículo, devendo sempre ser identificado por nome comercial ou
marca. Medicamento similar é o medicamento autorizado a ser produzido após prazo da
patente de fabricação do medicamento de referência ou inovador ter vencido.
1.2.4) Intercambialidade: Significa que duas coisas diferentes podem ser usadas
alternadamente com o mesmo propósito sem que o resultado seja prejudicado.
Entende-se como “produto farmacêutico intercambiável”, o que apresenta a mesma
segurança e eficácia do medicamento de referência

OBS: Qualquer configuração de venda diferente desses parâmetros, consulte o


farmacêutico responsável e ele, em sua autonomia, decidirá a melhor alternativa para
orientar o paciente.

1.3) Princípio Ativo


É o mesmo que droga, sendo a substância que efetivamente irá exercer a ação terapêutica
no organismo. Exemplos: Nimesulida, Ciprofibrato, Gliclazida, Dipirona Sódica.

1.4) Placebo
É uma substância inerte ou inativa, a que se atribui certas propriedades e que, ingerida,
pode produzir um efeito que suas propriedades não possuem.

1.5) Excipiente/Veículo
São substâncias que não tem ação terapêutica no organismo, mas que compõem o
medicamento. São utilizadas para dar forma e volume ao medicamento. Os excipientes
são utilizados nas formas farmacêuticas sólidas e os veículos nas formas
farmacêuticas líquidas.

1.6) Ação terapêutica


As ações terapêuticas podem ser de três tipos:

1.6.1) Preventiva : Quando o medicamento é utilizado para prevenir determinada doença


ou condição. Exemplo : Vitamina C
1.6.2) Curativa : Quando o medicamento é capaz de tratar a causa de uma doença,
promovendo a cura do paciente. Exemplo: Antimicrobianos.

1.6.3) Paliativa : Quando o medicamento trata do controle de determinada doença, mas


sem tratar a causa. Exemplo: Antigripais

Alguns medicamentos podem ser pedidos pelo médico para fins de exames laboratoriais,
sendo assim, não tendo nenhuma ação anterior.

2) Formas farmacêuticas : Formas Sólidas


É o estado final que as substâncias ativas apresentam depois de serem submetidas às
operações farmacêuticas necessárias, a fim de facilitar a sua administração e obter o maior
efeito terapêutico desejado. A sujeição das substâncias ativas às operações farmacêuticas
deve-se ao fato da maioria das substâncias ativas não poderem ser diretamente
administradas ao doente.

2.1) Comprimidos: São formas farmacêuticas sólidas que possuem formato bastante
variável geralmente obtidas pela compressão, em equipamento específico, do(s)
fármaco(s) e de adjuvantes (excipientes) adequados. Exemplos: Dipirona, Loratadina.

2.2) Comprimidos revestidos: São comprimidos em que há um revestimento externo,


uma película que pode até ser feita de açúcar para que o material interno não se solte, não
se perca e que pode ter como finalidade, eliminar sabor e/ou odor desagradável; promover
a liberação controlada do medicamento ou ainda proteger algum tipo de princípio ativo
que se degradaria ou seria inativado a nível estomacal. Exemplos: Buscopan Composto,
Viagra.
2.2) Comprimidos efervescentes: Os comprimidos efervescentes possuem uma
quantidade de bicarbonato de sódio, o qual causa a reação de efervescência ao entrar em
contato com a água. Exemplos: Sal de fruta Eno, Aspirina C, Cebion.

2.3) Cápsulas: São formas farmacêuticas sólidas em que o princípio ativo e os excipientes
estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de formatos e tamanhos variados,
usualmente contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente é formada de
gelatina ou amido, mas pode também ser de outras substâncias.

2.3.1) Cápsulas Moles: contém medicamentos oleosos.

Exemplo: Advil Buscofem, Ômega 3.

2.3.2) Cápsulas Duras: Contém medicamentos granulados ou pós.


. Exemplo: Amoxicilina 500mg, omeprazol
2.4) Drágeas: Forma farmacêutica sólida cujo núcleo é um comprimido que possui um
revestimento de açucar e corante. Este revestimento visa proteger o estômago de
substâncias irritantes, facilitar a deglutição, protegermos princípios ativos que são
destruídos pelo ácido do estômago, ou para liberar o princípio ativo de maneira
controlada. Uma observação é que, não é aconselhável partir as drágeas, pois nada
garante que as duas metades ficarão iguais. Isso só está liberado para aqueles
comprimidos que possuem um sulco no meio. A prática, porém, deve ser orientada
pelolo médico.Exemplos: Neosaldina, Diane 35, Dulcolax

2.5) Pós: Forma farmacêutica em que os princípios ativos encontram-se pulverizados ao


uso interno ou externo . Exemplos: Cutisanol pó, Talco antisséptico.
3) Formas farmacêuticas : Formas Líquidas
3.1) Soluções: É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais
princípios ativos dissolvidos e que pode ser líquido com líquido ou líquido com sólido. Exemplos:
Novalgina solução, Predsim solução.

3.2) Suspensão: As suspensões são preparações em que as substâncias químicas não


estão totalmente dissolvidas no meio líquido. Geralmente têm baixa capacidade de
dissolução, por isso depositam-se no fundo do recipiente. As suspensões são preparações
em que as substâncias químicas não estão totalmente dissolvidas no meio líquido.
Geralmente têm baixa capacidade de dissolução, por isso depositam-se no fundo do
recipiente. Exemplos: Mylanta Plus, Allegra susp.

OBS: É essencial informar ao paciente que ele deve agitar o frasco antes de usar.

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3.3) Emulsão: São formas farmacêuticas constituídas por duas fases líquidas imiscíveis,
em geral água e óleo, e que podem apresentar consistência líquida ou semi-sólida .Ela
contém pequenas partículas de um líquido dispersas em outro líquido. Geralmente, as
emulsões envolvem a dispersão de água em óleo. É necessário agitar antes de administrar.
Exemplos: Emulsão Scott, Simeticona emulsão.

3.4) Xarope: É a forma farmacêutica aquosa caracterizada pela alta viscosidade, que
apresenta não menos que 45% (p/p) de sacarose ou outros açúcares na sua composição,
que contêm uma ou mais substâncias químicas. São usadas principalmente para
substâncias com sabor muito desagradável e também para pacientes que têm dificuldade
de ingerir comprimidos (crianças e idosos, por exemplo).

3.4) Elixir: São preparações líquidas contendo álcool, açúcar, glicerol ou propilenoglicol.
Normalmente, apresenta como característica, o sabor do álcool. São menos viscosos e,
devido à presença de certa quantidade de álcool, são menos utilizadas atualmente.
Exemplos: Galenogal elixir, Decadron Elixir.
3.5) Injetáveis: Forma farmacêuticas constituídas por soluções ou suspensões
estéreis para administração parenteral. Exemplos: Diprospan, Dexa-Citoneurin

3.6) Aerosol: Forma farmacêutica embalada sob pressão, contendo um gás propelente e
princípios ativos que são liberados após ativação de um sistema apropriado de válvulas:
Exemplos: Clenil aerosol, Aerolin spray

4) Formas farmacêuticas : Formas Semi-Sólidas


4.1) Pomadas: São preparações semi-sólidas para aplicação externa que amolecem
ou derretem à temperatura corpórea com consistência macia e aspecto pegajoso. A
substância química sólida é geralmente inserida em uma base oleosa. Promovem um
efeito local mais prolongado. Exemplos: Nebacetin
4.2) Cremes: Forma farmacêutica de consistência mole e opaca destinada ao uso
tópico, diferindo das pomadas por possuir grande quantidade de água em sua
formulação, penetrando na pele de maneira muito mais rápida. São mais aplicadas
para áreas extensas do corpo e também em regiões com pêlos. Exemplos:
Cremefenergan, Vodol creme.

4.3) Gel: Forma farmacêutica semi-sólida a base de água. Possui grande quantidade de água
na sua formulação, em que o princípio ativo encontra-se solubilizado em agente gelificante pra
fornecer firmeza a uma solução. Exemplos: Hirudoid gel, reparil gel.

4.3) Supositórios: São formas farmacêuticas semi-sólidas cujo princípio ativo se encontra
incorporado, fundido e moldado, em formato cilíndrico ou ovalado destinado à aplicação retal.
Exemplos: Supositório de glicerina, Proctyl supositório.

4.5) Óvulos: Um tipo de supositório de uso vaginal.


É a forma farmacêutica sólida, de dose única, contendo um ou mais princípios ativos dispersos ou
dissolvidos em uma base adequada que tem vários formatos, usualmente, ovóide. Fundem na
temperatura do corpo.

Tarjas de medicamentos e normas de atendimento a receituários

1) MIPs: Os medicamentos isentos de prescrição (MIPs) são aqueles aprovados pelas


autoridades sanitárias para tratar sintomas e males menores e podem ser comercializados sem
prescrição médica, devido à sua segurança e eficácia, desde que utilizados conforme as
orientações disponíveis nas bulas e rotulagens. Devem ser utilizados de acordo com a
orientação de um profissional farmacêutico. A embalagem destes medicamentos não possui
tarja.

Receita Médica: É definida como a prescrição de medicamento, escrito em língua


portuguesa, contendo orientação de uso a um paciente, efetuada por um profissional
legalmente habilitado, quer seja de formulação magistral (preparado artesanalmente) ou de
produto industrializado. Toda receita deve apresentar as seguintes informações:
Identificação do paciente;
Forma de uso;
Nome do medicamento;
Apresentação;
Dosagem;
Quantidade prescrita;
Via de administração;
Posologia;
Nome e assinatura do médico, dentista ou veterinário.
Deve estar carimbado, timbrado ou manuscrito: CRM, CRO, CRMV.
2) Medicamentos de venda sob Prescrição: Devem ser prescritos pelo
profissional médico ou dentista e são divididos em dois grupos:

2.1) Sem retenção de receita, Tarja Vermelha: apresentam na


embalagem contendo o seguinte texto: “ VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA”.
Exemplos: atenolol, Glifage, Venalot. É uma receita do tipo papel branco, onde consta a
identificação do médico ou instituição e seu endereço completo. Usado para
medicamentos tarjados ou não tarjados e a receita não fica retida em loja.

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2.2) Com retenção de receita: Portaria 344/98

2.2.1) Tarja Vermelha: Apresentam na embalagem ou contendo o seguinte


texto: “VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA SÓ PODE SER VENDIDO COM
RETENÇÃO DA RECEITA”. Exemplos: Fluoxetina, Sertralina, Amoxicilina

Só podem ser vendidos com a apresentação da prescrição médica, pois são indicados
para problemas de saúde considerados graves e podem causar reações adversas
acentuadas, o que faz o acompanhamento médico ser essencial. Na maioria dos
casos, podem ser comprados com uma receita simples, mas há situações nas quais é
necessária a apresentação de receituário de cor branca em duas vias, sendo que uma
delas fica retida na farmácia (medicamento controlado).

2.2.2) Tarja Preta: São de venda e uso controlado, pois exercem ação sedativa ou
estimulante sobre o Sistema Nervoso Central. O grau de riscos à saúde é elevado e, por isso,
precisam ser administrados seguindo rigorosamente a indicação médica. Fazem parte deste
grupo os psicotrópicos – que só podem ser vendidos com receituário especial de cor azul.
Receituario B2: Usado para os anorexígenos: Exemplo Sibutramina

Também tem os entorpecentes – comercializados após a apresentação de receituário especial


de cor amarela. Exemplos: Ritalina, Dimorf

Os campos de identificação do comprador ( não do paciente) devem ser rigorosamente


preenchidos.

Atenção !!!!
Muita atenção na data de prescrição, pois a validade desses receituários tem o prazo de 30
dias a partir da data de emissão.
É imprescindível, num receituário , os seguintes dados:
Deve conter o nome do paciente;
O modo de uso da(s) medicação(ões) prescritas;
O nome do profissional prescritor, acompanhado do endereço de consultório (ou residência ou
instituição onde se deu o atendimento), data, assinatura e número de inscrição no seu
respectivo Conselho Profissional.
Sua confecção fica a cargo dos profissionais e instituições e podem ter modelo variado,
respeitando as informações exigidas conforme a legislação vigente.
Pode ser utilizada para prescrição de medicamentos de uso contínuo, mas estes devem ser
limitados ao uso por 60 dias.
Nos casos de antiparkinsonianos e anticonvulsivantes pode-se dispensar o tratamento para
180 dias. Nos casos do receituário B2 e receituários A1, A2 e A3 ficam limitados 30 dias.

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