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à Biomedicina
Introdução à Farmacologia
Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Adrielly Camila de Oliveira Rodrigues Vital
Revisão Técnica:
Prof.a Luciana Nogueira
Introdução à Farmacologia
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Conhecer a Farmacologia, seu desenvolvimento e suas vertentes;
• Fundamentar as diferenças sobre medicamentos, classificando-os e nomeando-os de acor-
do com as normas padrões;
• Descrever os princípios da farmacocinética e farmacodinâmica e diferenciar as principais
interações medicamentosas que surgem nas etapas da farmacocinética e farmacodinâmica.
UNIDADE Introdução à Farmacologia
Figura 1 – Ópio
Fonte: Wikimedia Commons
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O ópio, do latim opium, é uma mistura de alcaloides extraídos de uma espécie de papoula
(Papaver somniferum), de ação analgésica, narcótica e hipnótica. O ópio é produzido mediante
a desidratação do suco espesso (látex) contido nos frutos imaturos (cápsulas) da planta.
Temos por definição que remédio é qualquer recurso utilizado para prevenir e
aliviar sintomas de doenças e amenizar alguma dor. Exemplos: banhos, massagem,
sol, exercícios, conselhos ou até abraços. Os fármacos, também conhecidos como
princípios ativos, são substâncias químicas isoladas e purificadas de estrutura defi-
nida que formam os compostos bioativos e recebem uma nomenclatura específica,
além de atuarem interagindo com as células alterando o seu funcionamento. Já as
drogas são substâncias ou matérias-primas que tenham finalidade medicamentosa
ou sanitária. E, por fim os medicamentos, que são os produtos farmacêuticos, tec-
nicamente obtidos ou elaborados (a partir de um ou mais fármacos) com finalidade
profilática, curativa, paliativa ou para fins diagnósticos.
Todo medicamento deve passar por muitas etapas antes de ser comercializado
e deve possuir registro na Anvisa. Um medicamento pode possuir um ou mais fár-
macos, mas nem todo componente do medicamento exercerá o efeito terapêutico
esperado, pois outras matérias-primas são adicionadas, os chamados excipientes,
que são adjuvantes ou auxiliares de preparação e podem ou não ter algum efeito
(o ideal é que sejam os mais inertes possíveis).
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Formas Farmacêuticas
Ungentos
Figura 2 – Esquema da classificação das formas farmacêuticas. As formas sólidas, líquidas e gasosas
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• Drágea: normalmente é um comprimido revestido por uma substância resisten-
te à acidez gástrica. Nesse caso, o medicamento é liberado no intestino. Apre-
senta as vantagens de eliminar o odor e/ou o sabor desagradável da droga, além
de facilitar a deglutição e proteger o medicamento da ação estomacal. Geral-
mente, utiliza-se em medicamentos de ação intestinal ou sensíveis ao pH ácido;
• Granulado: constitui-se de pequenos grãos a serem dissolvidos em água, po-
dendo ser efervescente ou não. Após a diluição total, o medicamento fica com
aspecto líquido, o que pode favorecer a ingestão. Não é adequado para fárma-
cos com gosto ruim;
• Óvulo: medicamento em forma ovoide destinado à aplicação vaginal;
• Pastilha: essa forma apresenta a capacidade de dissolver-se lentamente na cavi-
dade bucal. Encontra-se disponível em vários sabores para satisfazer o paladar
do paciente, facilitando seu uso;
• Pó: divide-se em dois tipos: os facilmente solúveis em água e os não solúveis em
água. Pode ser misturado em alimentos, para disfarçar eventual sabor desagradável;
• Supositório: medicamento em formato cônico ou ogival, com finalidade de
administração por via retal.
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UNIDADE Introdução à Farmacologia
Durante esta unidade, iremos abordar as vias de administração, bem como o me-
canismo de ação dos fármacos, proporcionando um conhecimento sobre as bases da
Farmacologia de acordo com suas indicações dentro dos sistemas fisiológicos.
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muito dinheiro até conseguirem desenvolver um novo medicamento e, posteriormente,
depositam patentes que lhes asseguram exclusividade na sua comercialização, desde
que estejam devidamente registrados na Anvisa. Esse primeiro medicamento desco-
berto é denominado medicamento referência.
Após a quebra da patente, ou seja, após cerca de 20 anos que o medicamento
referência foi comercializado, as indústrias farmacêuticas iniciam a produção do seu
medicamento genérico ou similar.
Por definição, o medicamento genérico é aquele que deve apresentar o fármaco,
dose e forma farmacêutica, em igual concentração do medicamento referência. Deve
ainda ser administrado pela mesma via e com a mesma indicação terapêutica. Ele
deve apresentar intercambialidade, isto é, a segura substituição do medicamento
referência pelo seu genérico. A intercambialidade é assegurada por testes de equi-
valência terapêutica, que incluem comparação in vitro, por meio dos estudos de
equivalência farmacêutica e in vivo, com os estudos de bioequivalência apresenta-
dos à Anvisa. Em 1999, os medicamentos genéricos foram introduzidos no Brasil,
por meio da Lei 9.787 (10/ 02/99) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, do
Ministério da Saúde (Anvisa/MS).
Ainda temos outro medicamento denominado medicamento similar. Esse tipo
de medicamento é produzido pela indústria com outro nome comercial, diferente do
medicamento referência, pode não ter a mesma forma farmacêutica e excipientes,
por isso não garante a mesma biodisponibilidade e bioequivalência que o medica-
mento de referência, já que formas farmacêuticas diferentes têm diferentes locais de
absorção e de tempo de início de ação.
A substituição do medicamento prescrito pelo medicamento genérico correspon-
dente somente pode ser realizada pelo farmacêutico responsável pela farmácia ou
drogaria e deverá ser registrada na prescrição médica. Atualmente, também é possí-
vel substituir um medicamento de referência por um similar e é possível consultar a
lista de medicamentos similares intercambiáveis no site da Anvisa.
Os medicamentos genéricos são identificados por sua embalagem, que deve
conter: o nome do princípio ativo, o título: “Medicamento Genérico - Lei nº
9787/99”, uma tarja amarela, com um “G”, com cor azul em destaque, conforme
definição publicada na Resolução nº 47, de 28 de março de 2001.
Apresenta mesmo
princípio(s) ativo(s) que o
Elaborado pela empresa Apresentam a mesma
referência, mas pode diferir
que desenvolveu o fórmula que um
em características
medicamento e medicamento de
relativas (adjuvantes,
patenteou. “De marca”. referência.
excipientes, tamanho,
validade etc).
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UNIDADE Introdução à Farmacologia
Fármaco /
Medicamento
Denominação universal,
Criado pela empresa
Nome que descreve os curta e de pronuncia
que desenvolveu o
elementos químicos e mais fácil. Não é
medicamento,
estrutura da substância. propriedade de
legalmente registrado.
nenhuma empresa.
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Fundamentos da Farmacologia
Podemos dividir o estudo da farmacologia em duas grandes áreas: a farmacociné-
tica e a farmacodinâmica. Veja que não são duas ciências separadas, são partes do
mesmo estudo, divididos de forma didática para a compreensão do efeito fisiológico
das substâncias no organismo.
Farmacocinética
Como já dissemos, podemos definir a Farmacocinética como o percurso que a
medicação realiza no organismo que está sendo medicado, desde quando o fármaco
é administrado e absorvido, transformado ou biotransformado, até quando sofre o
processo de eliminação corporal. Todos os fármacos devem satisfazer certas exi-
gências mínimas para ter efetividade clínica e chegar ao seu local de ação. Um fár-
maco, para ser bem-sucedido, deve ser capaz de atravessar as barreiras fisiológicas.
Normalmente, essas barreiras fisiológicas são as nossas membranas plasmáticas, que
existem no corpo para limitar o acesso das substâncias estranhas.
A seguir, iremos discorrer sobre cada uma dessas fases, porém é importante res-
saltar que elas ocorrem ao mesmo tempo dentro do corpo. Vamos lá!
Absorção
A absorção é a passagem do fármaco do local onde foi administrado para a cor-
rente sanguínea. Para chegar à corrente sanguínea, os fármacos presentes nos medi-
camentos são administrados por diversas vias, denominadas vias de administração,
que de fato influenciam sua absorção. Essas vias são conhecidas como via enteral,
que englobam as vias: oral, sublingual, retal. Todas as vias enterais passam pelo trato
gastrointestinal. Há também a via parenteral, que é conhecida como via endovenosa
(diretamente na corrente sanguínea), via intramuscular e subcutânea. Existem tam-
bém as vias tópicas que são de uso externo, como as vias epidérmicas e nasais.
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UNIDADE Introdução à Farmacologia
Via oral,
Enteral sublingual e retal
Sistêmica
Via intravenosa,
Via de Parenteral subcutânea e
intramuscular
administração
Local Tópica Via nasal, via
epidermica
Nos casos de medicamentos administrados por via oral, a absorção ocorre no trato
gastrointestinal e sofre influência de vários fatores, entre eles: área disponível para
absorção; fluxo sanguíneo regional; propriedades físico-químicas dos medicamentos;
concentração local do medicamento, acidez gástrica; presença ou não de nutrien-
tes no momento da administração; alteração da função gastrointestinal (aumento
da velocidade de esvaziamento gástrico, diarreia, constipação etc.); preparação do
fármaco, sua forma de apresentação (comprimidos, soluções etc.); concentração do
medicamento. Nos medicamentos administrados por via sublingual, a absorção ocor-
re na própria cavidade oral, através do sistema venoso bucal, o que faz com que sua
ação seja rápida.
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A absorção de medicamentos pela via transdérmica dependerá das condições
de integridade da pele. Tecidos lesionados promovem uma absorção mais lenta que
tecidos íntegros. A absorção também está relacionada à extensão do local onde será
aplicado o medicamento e o fluxo sanguíneo na região.
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UNIDADE Introdução à Farmacologia
E por falar de vias de administração de fármacos, segue uma tabela com suas
vantagens e desvantagens em relação à via parenteral (há uso de dispositivos que
auxiliam a administração dos medicamentos, como seringas e agulhas, que serão
específicas para cada via), via enteral (vem do grego enteron – intestino), da via
membrana mucosa e a via transdérmica.
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Vias Vantagens Desvantagens
Rápida liberação no local de ação farma-
cológica, não sujeita ao metabolismo de
Membrana mucosa primeira passagem ou a ambientes inós-
Existem poucos fármacos disponíveis
pitos do trato GI, frequentemente indolor,
(por exemplo, beclometasona) para administração por essa via.
simples e conveniente, baixa taxa de infec-
ção e possibilidade de liberação direta nos
tecidos afetados (por exemplo, pulmão).
Distribuição
Após verificarmos o conceito de absorção e biodisponibilidade, a segunda fase
estudada pela Farmacocinética é a distribuição. O fármaco deve ser distribuído pela
corrente sanguínea até chegar ao seu local de ação.
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UNIDADE Introdução à Farmacologia
do fármaco pouco depois de sua administração por injeção intravenosa direta. Mes-
mo quando o fármaco já está equilibrado entre seus reservatórios teciduais, a sua
concentração plasmática continua declinando, devido à eliminação do fármaco do
corpo. A velocidade de declínio da concentração plasmática de um fármaco durante
a fase de eliminação é mais lenta que aquela durante a fase de distribuição, visto que,
durante a fase de eliminação, o “reservatório” de fármaco nos tecidos pode difundir-
-se novamente para o sangue, a fim de substituir o fármaco que foi eliminado.
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Além disso, é preciso lembrar que o fármaco precisa vencer certas barreiras fí-
sicas, químicas e biológicas para alcançar seus locais de ação moleculares e celu-
lares, como foi citado anteriormente. A penetração do fármaco no sangue e nos
vasos linfáticos , bem como o revestimento epitelial do trato gastrointestinal e outras
membranas mucosas representam um tipo de barreira; são também encontradas
outras barreiras após a penetração do fármaco no sangue e nos vasos linfáticos. A
maioria dos fármacos que circula no sangue deve distribuir-se para tecidos locais,
um processo que pode ser impedido por determinadas estruturas, como a barreira
hematoencefálica.
As substâncias insolúveis em lipídios estão principalmente confinadas ao plasma
e ao líquido intersticial; a maioria não penetra no cérebro após administração aguda.
As substâncias lipossolúveis alcançam todos os compartimentos e podem acumular-
-se no tecido adiposo.
A velocidade e extensão da distribuição dependem do débito cardíaco fluxo san-
guíneo tecidual e regional, permeabilidade capilar, propriedades físico-químicas do
fármaco, características da membrana através da qual será transportado e sua liga-
ção com proteínas plasmáticas e teciduais.
Os principais compartimentos onde há distribuição são: o plasma (5% do peso
corporal); o líquido intersticial (16%); o líquido intracelular (35%); o líquido transcelu-
lar (2%); a gordura (20%). No interior de cada um desses compartimentos aquosos,
as moléculas de substância encontram-se habitualmente em solução livre e na forma
ligada; além disso, os fármacos são ácidos fracos ou bases fracas e encontram-se
numa mistura de equilíbrio de forma com carga e sem carga, dependendo da posição
do equilíbrio do pH. Por essa razão, o padrão de equilíbrio de distribuição entre os
vários compartimentos irá depender de diversos fatores, entre eles a permeabilidade
por meio das barreiras de tecidos; ligação no interior dos compartimentos; partição
do pH; partição lipídio: água.
RESERVATÓRIOS TECIDUAIS
LOCAL DE AÇÃO ligado livre
TERAPÊUTICA LOCAL DE AÇÃO
“Receptores” INESPERADA
ligado livre Comportamento ligado livre
central
Absorção Depu
Dose do ração
Fármaco Liberação
Fármaco Livre Excreção
Fármaco ligado
Metabólicos
às proteínas
Metabolismo
Figura 10
Os estudos farmacocinéticos tentam estabelecer uma relação quantitativa
entre dose e efeito. O objetivo terapêutico é promover o efeito farmacológico
sem efeito adverso e o objetivo clínico é determinar e/ou ajustar a dose.
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UNIDADE Introdução à Farmacologia
Metabolização
Nosso organismo tem a capacidade de saber o que é próprio e o que é externo.
Aquilo que é externo ou xenobiótico, e que não é utilizado pelo metabolismo bio-
químico (macromoléculas, por exemplo), passa por processos internos para que seja
eliminado. Este processo de preparação para eliminação chama-se metabolismo e
o principal órgão responsável por ele é o fígado. Ou seja, a metabolização é um
processo que ocorre dentro do fígado com o objetivo de facilitar a eliminação de
substâncias estranhas.
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Figura 11 – Representação geral dos pró-fármacos
Fonte: edisciplinas.usp
Por exemplo, a aspirina (AAS) após atingir a circulação sistêmica com uma quan-
tidade de 400mg, terá a metade de sua concentração (200) em 8 horas. Em 16 horas
ela terá concentração de 100 e, em seguida, ela é eliminada totalmente do corpo.
Entendendo a meia vida dos fármacos, podemos saber exatamente quando adminis-
trar a próxima dose.
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UNIDADE Introdução à Farmacologia
Resumindo o que foi dito, a maioria dos fármacos é altamente lipofílica e com isso
consegue penetrar mais facilmente nas células (inclusive nos hepatócitos). O fígado e
outros órgãos possuem a capacidade de modificar a maioria das moléculas, fazendo
com que fiquem mais hidrofílicas para eliminação por via renal. Nem sempre as en-
zimas conseguem realizar esta transformação, e alguns xenobióticos são eliminados
pelas fezes (saem do fígado junto com a bile).
Mas quem são os responsáveis por estas transformações? São as enzimas. Vamos
abordar as enzimas hepáticas, responsáveis por modificar quimicamente uma varie-
dade de substituintes nas moléculas dos fármacos, tornando os fármacos inativos e/
ou facilitando a sua eliminação.
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Efeito de Primeira Passagem
O efeito de primeira passagem é um fenômeno do metabolismo dos fármacos
no qual a concentração do fármaco é significantemente reduzida (e inativada) pelo
fígado antes de atingir a circulação sistêmica. Após um fármaco ser ingerido, ele é
absorvido pelo sistema digestivo e entra no sistema porta hepático. Antes de atin-
gir o resto do corpo, ele é carregado através da veia porta hepática para o fígado.
O fígado metaboliza muitos fármacos, às vezes, de tal maneira que somente uma
pequena quantidade de fármaco ativo é lançada a partir do fígado em direção ao
resto do sistema circulatório do corpo. Essa primeira passagem pelo fígado diminui
significativamente a biodisponibilidade do fármaco. Vias de administração alternativa
pode ser usada, como intravenosa, intramuscular, sublingual ou transdérmica para
evitar o efeito de primeira passagem, pois permitem que o fármaco seja absorvido
diretamente na circulação sistêmica. Os quatro sistemas primários que afetam o efei-
to de primeira passagem de um fármaco são as enzimas do lúmen do trato gastroin-
testinal, enzimas das paredes intestinais, enzimas bacterianas e enzimas hepáticas.
Excreção
A excreção, portanto, consiste na eliminação do corpo da substância quimicamente
inalterada ou de seus metabólitos (substância que foi metabolizada). As principais vias
das quais as substâncias e seus metabólitos são removidos do corpo são: os rins; o
sistema hepatobiliar; os pulmões (importantes para anestésicos voláteis/ gasosos).
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UNIDADE Introdução à Farmacologia
Estudo da Farmacodinâmica
A Farmacodinâmica é a parte da Farmacologia que estuda o mecanismo de ação
do fármaco, isto é, quais são as modificações geradas no organismo, como ocorrem
em relação ao nível celular e molecular em decorrência da utilização de um fármaco.
Em um artigo sobre balas mágicas, segundo Paul Ehrlich, a ação de uma subs-
tância deve ser entendida em termos de interações químicas convencionais entre
substância e tecidos. Para que isso ocorra, é necessário que as moléculas dos fárma-
cos fiquem tão próximas a essas moléculas celulares a ponto de alterar a sua função
(ROBERT, 2009).
Em geral, os fármacos são moléculas que interagem com componentes moleculares es-
pecíficos de um organismo, produzindo alterações bioquímicas e fisiológicas dentro dele.
Outros sítios de ação também podem ocorrer, muitos agentes antimicrobianos e an-
titumorais, bem como os agentes mutagênicos e carcinogênicos, interagem diretamente
com o DNA, e não com proteínas. Os difosfonatos, utilizados no tratamento da osteo-
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porose, se ligam a sais de cálcio na matriz óssea, tornando-a tóxica para os osteoclastos,
à semelhança de um raticida.
A maioria dos fármacos produz seus efeitos desejados (terapêuticos) por meio de
uma interação seletiva com moléculas-alvo, que desempenham importantes papéis
na função fisiológica e fisiopatológica. Quanto mais seletiva for essa ligação, menor
a chance do fármaco se ligar em outros locais e causar efeitos indesejados (adversos).
Figura 12 – Representação das quatro principais interações entre fármaco e receptor, em A: canal iônico,
B: receptores transmembrana, em C: enzimas, em D: receptores intracelulares
Fonte: GOLAN, (2014)
Ligação Fármaco-Receptores
O estudo da farmacodinâmica, como vimos, está baseado no conceito da ligação
fármaco–receptor. Quando um fármaco ou um ligante endógeno (por exemplo, um
hormônio ou um neurotransmissor) liga-se a seu receptor, pode ocorrer uma res-
posta como consequência dessa interação de ligação. Quando já existir um número
suficiente de receptores ligados (ou “ocupados”) sobre uma célula ou no seu interior,
o efeito cumulativo dessa “ocupação” dos receptores pode tornar-se aparente nessa
célula. Em algum momento, todos os receptores podem estar ocupados, e pode-se
observar então uma resposta máxima.
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UNIDADE Introdução à Farmacologia
Figura 13 – A. Gráfico linear de ligação fármaco-receptor para dois fármacos com valores
distintos de Kd (constante de dissociação) mostra a resposta máxima atingida
Fonte: Medpri.me
Como muitos dos receptores de fármacos humanos e microbianos consistem em proteínas é con-
veniente o Biomédico entender os quatro principais níveis de estrutura das proteínas. Assista ao
vídeo “Farmacologia – Como agem os fármacos: Receptores, Agonista e Antangonistas – Básico”,
disponível em: https://youtu.be/uj7cTaB2WiI
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impedindo que as células continuem a realizar algo que está prejudicando-as. Esses
efeitos estão relacionados, portanto, com a atividade intrínseca de cada célula.
Existe uma classificação da Farmacologia quanto ao efeito que é desencadeada a
partir da interação do fármaco com o seu sítio de ação. Duas propriedades impor-
tantes para a ação de um fármaco são a afinidade e a própria atividade intrínseca.
A afinidade é a atração mútua ou a força da ligação entre uma droga e seu alvo, seja
um receptor, seja uma enzima. A atividade intrínseca é uma medida da capacidade
do fármaco em produzir um efeito farmacológico quando ligada ao seu receptor.
Fármacos que ativam receptores são denominados agonistas e possuem as duas
propriedades: devem ligar-se efetivamente aos seus receptores, ou seja, ter afinidade
e a ligação deve ser capaz de produzir uma resposta no sistema- alvo. A resposta
agonista pode ser capaz de promover a atividade intrínseca similar ao que o organis-
mo executa fisiologicamente, mimetiza os ligantes endógenos.
Por outro lado, drogas que bloqueiam receptores são denominadas antagonistas.
Estes, também, possuem afinidade com os receptores, porém eles têm pouca ou
nenhuma atividade intrínseca – sua função consiste em impedir a interação das mo-
léculas agonistas com seus receptores.
A seguir, podemos verificar a definição dos fármacos de acordo com seu efeito:
• Agonistas: possuem grande afinidade ao seu receptor e, ao se ligar a este,
exercem uma consequência: desencadeiam uma cascata de eventos (atividade
intrínseca), que promove uma determinada ação. Existem três tipos diferentes
de agonistas:
» Agonista pleno (ou total): desencadeia um efeito máximo, ocupando o número
máximo de receptores ativos (e apenas estes) para desencadear o seu efeito. Este
tipo de agonista impede, também, que os receptores ativos se tornem inativos;
» Agonista parcial: desencadeia um efeito parcial, uma vez que tem afinidade
tanto por receptores ativos (que realizam efeito biológico) quanto por recepto-
res inativos (que não realizam efeito), diferentemente dos receptores agonistas
plenos, que só se ligam a receptores ativos;
» Agonista inverso: tem afinidade apenas por receptores inativos, sem de-
sencadear, portanto, um efeito biológico (atividade intrínseca). Este tipo de
agonista pode ser confundido com fármacos antagonistas. Porém, a diferença
básica entre ambos está no fato de que um fármaco antagonista é empregado
com o objetivo de bloquear uma atividade intrínseca (que geralmente, nos
casos da administração desses fármacos, é uma atividade exacerbada); já o
agonista inverso não realiza o efeito por uma falta de competência ou afinidade
deste por seus receptores.
• Antagonistas: apesar de apresentarem afinidade ao seu receptor, estes fárma-
cos não têm a capacidade de desencadear uma resposta intrínseca a partir do
seu sítio de ação. O seu objetivo, na realidade, é justamente impedir a própria
atividade intrínseca.
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UNIDADE Introdução à Farmacologia
Quando o agonista compete com o ligante pela sua ligação ao sítio ativo, é deno-
minado antagonista competitivo; a presença de altas concentrações do agonista
pode superar o antagonismo competitivo. Os antagonistas não-competitivos no sítio
do agonista ligam-se de modo covalente ou com afinidade muito alta ao sítio ago-
nista, de modo que até concentrações elevadas do agonista são incapazes de ativar
o receptor. Os antagonistas dos receptores em sítio alostérico ligam-se ao receptor
em um local distinto do sítio agonista. Não competem diretamente com o agonista
pela ligação ao receptor, porém alteram a Kd para a ligação do agonista ou inibem
a resposta do receptor à ligação do agonista. Em geral, a presença de concentrações
elevadas do agonista não é capaz de reverter o efeito de um antagonista alostérico.
Muitas drogas aderem (se ligam) às células por meio de receptores existentes na
superfície celular. A maioria das células possui muitos receptores de superfície, o que
permite que a atividade celular seja influenciada por substâncias químicas, como os
medicamentos ou hormônios localizados fora da célula.
O receptor tem uma configuração específica, permitindo que somente uma droga
que se encaixe perfeitamente possa ligar-se a ele – como uma chave que se encaixa
em uma fechadura. Frequentemente a seletividade da droga pode ser explicada por
quão seletivamente ela se fixa aos receptores. Algumas drogas se fixam a apenas um
tipo de receptor; outras são como chaves-mestras e podem ligar-se a diversos tipos
de receptores por todo o corpo. Provavelmente, a natureza não criou os receptores
para que, algum dia, os medicamentos pudessem ser capazes de ligar-se a eles.
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chamados receptores adrenérgicos β2, fazendo com que as células dos músculos
lisos relaxem e causem broncodilatação (dilatação das vias respiratórias).
O agonista dos receptores adrenérgicos albuterol, que relaxa os músculos lisos dos
bronquíolos, pode ser utilizado em conjunto com o antagonista dos receptores coli-
nérgicos ipratrópio, que bloqueia o efeito broncoconstritor da acetilcolina. Um grupo
muito utilizado de antagonistas é o dos beta-bloqueadores, como o propranolol. Esses
antagonistas bloqueiam ou diminuem a resposta excitatória cardiovascular aos hor-
mônios do estresse – adrenalina e noradrenalina; esses antagonistas são utilizados
no tratamento da pressão sanguínea alta, angina e certos ritmos cardíacos anormais.
Estamos chegando ao final de nossa primeira unidade. Deixo o último vídeo sobre
agonistas e antagonistas. Teremos ainda muitos materiais para estudar sobre Farma-
cologia. Até breve!
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UNIDADE Introdução à Farmacologia
Para promover a pesquisa farmacológica com novos alvos moleculares existe a busca virtual
de compostos bioativos. Confira um artigo específico sobre esses conceitos e aplicações.
Disponível em: https://bit.ly/33wgpVc
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Farmacocinética e Farmacodinâmica
https://youtu.be/UoRtnEHBxTk
Aulas de Farmacologia: Aula 04 – Farmacodinâmica
https://youtu.be/iTbRaJuhPwM
Leitura
Farmacologia no século XX: a ciência dos medicamentos
a partir da análise do livro de Goodman e Gilman
https://bit.ly/2EXZJfe
Utilizando Espectroscopia de Energia Dispersiva (EDS) para
comparação de medicamentos genéricos e similar com o seu referência
https://bit.ly/2XwVRZa
Noções sobre parâmetros farmacocinéticos/
farmacodinâmicos e sua utilização na prática médica
https://bit.ly/2EO1xHt
Interações Fármaco e Receptor
https://msdmnls.co/3iedFjp
A change of strategy in the war on cancer
https://go.nature.com/30wwxUL
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UNIDADE Introdução à Farmacologia
Referências
BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C. Goodman & Gilman:
as bases farmacológicas da terapêutica. 12. ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2012.
2112 p.
RANG, H. P. et al. Rang & Dale: Farmacologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2012. 808 p.
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