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Interciencia

ISSN: 0378-1844
interciencia@ivic.ve
Asociación Interciencia
Venezuela

castello Branco Rangel de Almeida, Cecília de Fátima; Albuquerque, Ulysses Paulino de


Uso e conservação de plantas e animais medicinais no Estado de Pernambuco (Nordeste do Brasil):
um estudo de caso
Interciencia, vol. 27, núm. 6, junio, 2002, pp. 276-285
Asociación Interciencia
Caracas, Venezuela

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=33906902

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USO E CONSERVAÇÃO DE PLANTAS E ANIMAIS
MEDICINAIS NO ESTADO DE PERNAMBUCO
(NORDESTE DO BRASIL): UM ESTUDO DE CASO
CECÍLIA DE FÁTIMA CASTELO BRANCO RANGEL DE ALMEIDA
e ULYSSES PAULINO DE ALBUQUERQUE

os últimos anos, vários tima que o número de plantas e animais Contexto Regional e Área Estudada
trabalhos etnobiológicos comercializados por esses vendedores na
vêm sendo desenvolvidos Índia pode ser muito elevado. Os merca- O trabalho de campo foi
sobre o aproveitamento dos recursos bioló- dos tradicionais, onde também se insta- desenvolvido com os vendedores de plan-
gicos pelos povos de diferentes regiões e lam os vendedores de ervas, representam tas e animais medicinais instalados na fei-
etnias, em especial enfocando o aspecto importantes pontos de aquisição de in- ra de Caruaru. A cidade de Caruaru (8º
medicinal. Dentre as diversas abordagens, formações sobre a utilização da flora e 14’ 19” S; 35º 55’ 17” W) está localizada
um dos campos mais desenvolvidos é o da fauna nativas ou exóticas de uma região, no estado de Pernambuco, Brasil, na me-
etnobotânica. O avanço dos estudos etnobo- podendo esses estudos serem úteis na sorregião do agreste e microrregião do
tânicos atuais, incorporando mais ecologia, elaboração de planos de conservação dos Vale do Ipojuca (Figura 1). Da capital do
tem possibilitado a coleta de informações recursos comercializados. Tudo isso sem estado (Recife) está localizada a 140,7km,
sobre o manejo nas florestas tropicais com considerar o papel dos mercados no de- cujo acesso é feito pela BR-232. A super-
interessantes descobertas (Prance, 1991). sempenho de funções sociais e simbóli- fície territorial é de 928km2, 0,94% do es-
Sem dúvida, uma considerável atenção tem cas ligadas ao uso medicinal ou mágico- tado de Pernambuco. A cidade está limita-
sido dada para a conservação de recursos religioso dos produtos comercializados da ao norte pelas cidades de Toritama,
das florestas tropicais, e os estudos etnobi- (Albuquerque, 1997). Vertentes e Frei Miguelinho, ao sul por
ológicos podem contribuir fornecendo in- No presente trabalho, Altinho e Agrestina, oeste por Brejo da
formações sobre o seu uso e manejo (Al- apresenta-se um estudo de caso desenvol- Madre de Deus e São Caetano, e ao leste
buquerque, 1999; 2000). Por muitos anos, vido com os vendedores de plantas e ani- por Bezerros e Riacho das Almas. A po-
os estudos etnobiológicos estavam mais mais medicinais na feira de Caruaru, pulação total aproxima-se de 300000 habi-
voltados às plantas medicinais, porém, re- Agreste do estado de Pernambuco. A fei- tantes, com 217084 habitantes distribuídos
centemente, diferentes investigadores de- ra de Caruaru situa-se geograficamente na área urbana e 32780 habitantes na zona
monstraram que na interação cultura/na- em uma área que atrai pessoas de mais rural (FIDEM, 2001).
tureza é notável a utilização da fauna de 30 municípios, fazendo dela um gran- Caruaru apresenta uma al-
para fins medicinais em diferentes socie- de pólo de distribuição de diversos pro- titude de 556manm, de clima semi-árido
dades humanas (Costa Neto, 1994; Mar- dutos. Objetivou-se levantar informações quente, com temperatura média de 22º a
ques, 1995). Embora o uso de animais pa- sobre o uso medicinal de plantas e ani- 30ºC e baixa umidade (FIDEM, 2001). É
ra tratamento de doenças humanas seja um mais, a importância relativa desses recur- banhado por duas bacias hidrográficas, o
fenômeno historicamente antigo (Costa sos e o consenso quanto às propriedades Rio Capibaribe e Rio Ipojuca, sendo que
Neto, 1999a), pouco foi investigado sobre terapêuticas atribuídas pelos vendedores, o eixo físico econômico é representado
essa prática no Brasil. bem como estudar a variação intracultural pelo Rio Ipojuca que corta a cidade em toda
Para Jain (2000), um no conhecimento desses recursos. Uma sua extensão (http://www.caruaru.com. br/
campo rico e comumente negligenciado discussão sobre as implicações do uso e geog.htm). A vegetação é constituída por
relaciona-se com os vendedores de ervas extrativismo das espécies, para a sua con- caatinga com característica xerófila, que
e de outros produtos biológicos. Ele es- servação, é acrescentada. apresenta espécies subcaducifólias e ca-

PALAVRAS CHAVE / Animais Medicinais / Etnobotânica Quantitativa / Etnozoologia / Mercados Tradicionais / Plantas Medicinais /
Recebido: 05/10/2001. Modificado: 20/02/2002. Aceito: 05/04/2002

Cecília de Fátima Castelo Branco Rangel de Almeida. Bacharel em Ciências Biológicas, Uni-
versidade Federal de Pernambuco (UFPE), Brasil.
Ulysses Paulino de Albuquerque. Mestre e Doutor em Biologia Vegetal, UFPE, Brasil. Pro-
fessor Adjunto I. Endereço: Departamento de Biologia, Área de Botânica, Universidade Federal Rural de Pernambuco, R.
Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife-PE, Brasil. e-mail: upa@npd.ufpe.br

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ducifólias (Silva Filho et al., 1998). Ca-
ruaru possui o fragmento florestal conhe-
cido como Brejo dos Cavalos, com cerca
de 540ha. Essa floresta, em seu estrato
superior, apresenta uma fisionomia mar-
cada por árvores de 20-25m, representadas
(Sales et al., 1998) pelos indivíduos de
Podocarpus sellowii Klotzsch (Gimnosper-
mae/Podocarpaceae) e Eriothea crenulati-
calyse (Kuntze) K. Schum. (Angiosper-
mae/Bombacaceae).
Caruaru é considerada
como a terra das feiras, sendo difícil pre-
cisar a movimentação financeira durante
o calendário festivo do ano. A importân-
cia da feira na economia local é tão ex-
pressiva que motivou um poeta popular a
dizer: “Houve realmente o oitavo dia da
criação, quando Deus criou a feira de
Caruaru”. As obras das instalações físi-
cas da feira terminaram em 18 de maio
de 1992, em um projeto que durou nove
anos (http://www.portalcaruaru.tur.br/feiras).
A feira de Caruaru está situada no Parque
18 de maio, no bairro Petrópolis. Ocupa
uma área de 1200m2, com cerca de 200 Figura 1. Localização do município de Caruaru, Agreste de Pernambuco, Nordeste do
barracas, distribuídas em quatro feiras Brasil.
menores: a da “Sulanca”, a de produtos
importados, a de artesanato e a de ali- Os nomes das plantas e plantas. Com base na MBD calculou-se
mentos (dividida entre a venda de verdu- animais foram registrados conforme pro- uma matriz de correlação (Sneath e
ras e condimentos e a venda de plantas e nunciados pelos informantes. Na maioria Sokal, 1973). A partir da matriz de corre-
animais medicinais). dos casos, conseguiu-se identificar com lação, foram processadas as análises de
grande segurança os produtos comerci- agrupamento pelo método UPGMA (Mé-
Material e Métodos alizados, com base na comparação com todo pela Associação Média) e de orde-
espécimes depositados no Herbário UFP nação (Análise de Componentes Princi-
Coleta de dados (Departamento de Botânica, Centro de pais) (Rohlf, 1993) utilizando o sistema
Ciências Biológicas, Universidade Fede- de análise multivariada e de taxonomia
A coleta de dados con- ral de Pernambuco), pela consulta à lite- numérica (NTSYS-PC versão 1.8). A
sistiu de entrevistas semi-estruturadas ratura específica e a especialistas nos Análise de Componentes Principais per-
com base em formulários padronizados grupos de plantas e animais coletados. mite compactar todo o conjunto das vari-
(Martin, 1995). A amostragem foi não- Uma das grandes dificuldades encontra- áveis selecionadas para os componentes
aleatória intencional, na qual foram pré- das foi o fato que, para muitas plantas, principais, representados por uma combi-
definidos os entrevistados, que consisti- só se encontram disponíveis fragmentos nação linear das variáveis originais.
ram de feirantes de plantas e animais me- (folhas secas, cascas de caule e raízes,
dicinais. Foram entrevistados 20 infor- sementes etc.). Em todos os casos, as Análise dos dados
mantes, totalizando todos os feirantes de amostras de materiais completos ou frag-
plantas e animais medicinais da área. Os mentados foram conduzidas ao Laborató- Inicialmente, para tornar
formulários foram compostos pelos se- rio de Etnobotânica e Botânica Aplicada possível a compilação dos dados sobre o
guintes elementos: informações sobre o e comparadas com padrões de material uso das plantas e dos animais citados, or-
entrevistado, abordando aspectos sócio- identificado, o que permitiu solucionar a ganizou-se por entrevistados todas as
econômicos como nome, idade, naturali- identificação de grande parte das amos- plantas e animais, com sua utilidade, par-
dade, profissão e tempo de trabalho na tras. Algumas amostras só permitiram te utilizada e via de administração e uma
feira; informações sobre usos das plantas uma elucidação ao nível de família ou posterior listagem de todas as espécies
e animais, enfocando as espécies conheci- gênero. identificadas com suas respectivas famíli-
das com seus respectivos usos, preparos e as e nomes vulgares, no caso das plantas,
partes utilizadas, como também contra-in- Variação intracultural no conhecimento e para os animais suas ordens, famílias e
dicações caso fossem conhecidas. A ques- das plantas e animais medicinais nomes vulgares.
tão básica formulada aos entrevistados Para cada espécie de
foi: “Quais plantas e animais você vende A variação intracultural planta e animal citado, calculou-se a im-
que podem tratar ou curar doenças?” As sobre os recursos medicinais comerciali- portância relativa, com base na proposta
informações foram checadas repetidamen- zados foi avaliada através de métodos nu- de Bennett e Prance (2000). O cálculo da
te para permitir ao entrevistador corrigir méricos (cf. Caballero, 1994). O número importância relativa, sendo 2 o valor má-
ou acrescentar dados sobre uma dada de vezes em que cada informante citou ximo obtido por uma espécie, foi feito de
planta ou animal. Todas as entrevistas fo- usos para as espécies foi usado para acordo com a fórmula
ram gravadas e posteriormente transcritas construir duas matrizes básicas de dados
para confirmação das informações. (MBD), uma para animais e outra para IR = NSC + NP

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onde NSC = número de sistemas corporais TABELA I
tratados por uma determinada espécie ESPÉCIES DE PLANTAS IDENTIFICADAS DENTRE AS CITADAS COMO DE
(NSCE) dividido pelo número total de sis- USO MEDICINAL PELOS ENTREVISTADOS NA FEIRA DE CARUARU, AGRES-
temas corporais tratados pela espécie mais TE DE PERNAMBUCO, NORDESTE DO BRASIL
versátil (NSCEV); NP = número de propri-
edades atribuídas a uma determinada espé- Família Espécie Nome vulgar
cie (NPE) dividido pelo número total de
propriedades atribuídas à espécie mais ver- Agavaceae Sansevieria sp. Espada-de-São-Jorge
sátil (NPEV). Amaranthaceae Celosia sp Crista-de-peru
Gomphrena sp. Pepeta-branca
Além disso, para identifi- Anacardiaceae Anacardium occidentale L. Caju / caju-roxo
car os sistemas corporais (categorias de do- Myracrodruon urundeuva (Engl.) Aroeira
enças, modificadas a partir da classificação Fr. Allemão
da OMS) que apresentaram maior impor- Apiaceae Foeniculum vulgare Gaertn. Endro
tância nas entrevistas, foi utilizada a técnica Pimpinella anisum L. Erva-doce
adaptada de Trotter e Logan (1986). Essa Araceae Colocasia ? sp. Tangiroba
técnica é baseada no “consenso dos infor- Arecaceae Acrocomia intumescens Drude Macaíba
Cocos nucifera L. Coco
mantes”, na qual se evidenciam grupos de Syagrus sp. Coco-catolé
plantas ou animais merecedores de estudos Asteraceae Vernonia condensata Baker Alcachofra
mais aprofundados (farmacológicos, por Helianthus annuus L. Girassol
exemplo): Matricaria chamomila L. Camomila
Egletes viscosa Less. Macela
FCI = nar – na Bignoniaceae Anemopaegma sp. Catuaba
nar – 1, Tabebuia sp1. Pau-d’arco-branco
Tabebuia sp2. Pau-d’arco-roxo
onde FCI = fator de consenso dos infor- Crescentia cujete L. Coité
mantes; nar = somatório de usos registrados Bombacaceae Ceiba pentandra Gaertn. Barriguda-branca
por cada informante para uma categoria; e Boraginaceae Cordia sp. Moleque-duro
na = número de espécies indicadas na cate- Brassicaceae Brassica integrifolia Schulz Mostarda
goria. Bromeliaceae Tilandsia usneoides L. Salambaia-do-campo
Burseraceae Bursera leptophleos Mart. Emburana
O valor máximo do FCI
Cactaceae Melocactus sp. Coroa-de-frade
é 1, onde ocorre um consenso completo en- Cereus jamacaru DC. Mandacaru
tre os informantes a respeito de plantas e Caesalpiniaceae Bauhinia sp. Mororó
animais para uma doença em particular. Por Caesalpinia pyramidalis Tul. Catingueira-rasteira
isso, as doenças foram agrupadas em 17 Caesalpinia ferrea Mart. Jucá
categorias para uma análise mais objetiva: Copaifera sp. Copaíba
doenças infecciosas e parasitárias; neo- Hymenaea sp. Jatobá
Senna occidentalis (L.) Link Mangirioba (gengiroba)
plasias; doenças das glândulas endócrinas, Cannaceae Canna indica L. Cana-da-índia
da nutrição e do metabolismo; doenças do Capparaceae Cleome spinosa Jacq. Mussambê
sangue e dos órgãos hematopoéticos; trans- Caprifoliaceae Sambucus sp. Sabugueiro
tornos do sistema sensorial (ouvido); trans- Caryocaraceae Caryocar sp. Pequi (piquiri)
tornos do sistema sensorial (olho); transtor- Celastraceae Maytenus sp1. Bom-nome
nos do sistema nervoso; transtornos do sis- Maytenus sp2. Espinheira-santa
Chenopodiaceae Chenopodium ambrosioides L. Mastruz
tema circulatório; transtornos do sistema
Chrysobalanaceae Licania sp. Oiticica
respiratório; transtornos do sistema digesti- Convolvulaceae Operculina sp. Batata-de-purga
vo; transtornos do sistema genito-urinário; Costaceae Costus sp. Cana-de-macaco
doenças da pele e tecido celular sub- Clusiaceae Vismia guianensis (Aubl.) Choisy Lacre
cutâneo; doenças do sistema osteomuscular Curcubitaceae Luffa operculata Cong. Cabacinha
e do tecido conjuntivo; afecções ou dores Sechium edule Swart Chuchu
não definidas; inapetência sexual; debilida- Wilbrandia sp. Cabeça-de-negro
Cyatheaceae/Pteridophyta Cyathea microdonta (Desv.) Domin. Pau-cardoso
de física e mental e mordida de bicho do- Euphorbiaceae Croton argyrophylloides Müll. Arg. Sacatinga
ente (possivelmente raiva). Croton sp. Mameleiro
Para as análises estatísti- Jatropha sp. Pinhão-branco
cas não-paramétricas usou-se o teste da Ricinus communis L. Mamona
Mediana e o de Kruskal-Wallis, empregan- Aleurites sp. Nogueira
do-se o software BioEstat 1.0. A importân- Phyllanthus niruri L. Quebra-pedra
Fabaceae Bowdichia virgilioides H. B. e K. Sucupira
cia relativa de cada espécie foi utilizada Cajanus sp. Feijão-gandu
nessas análises, em que se procurou, por Coumarona odorata Aubl. Cumaru
exemplo, verificar se o valor atingido por Amburana cearensis (Arr. Câm.) Emburana-de-cheiro
uma planta poderia estar associado com a A.C. Smith.
sua origem ou as suas partes utilizadas. Erythrina velutina Willd. Mulungu
Illiciaceae Illicium verum Hocker Anil-estrelado
Resultados e Discussão Iridaceae Crocus sp. Açafrão
Lamiaceae Rosmarinus officinalis L. Alecrim (alecrim-de-horta)
Ocimum gratissimum L. Alfavaca
Plantas e animais identificados Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng. Hortelã-graúda
Mentha sp. Hortelã-miúda
Em alguns trabalhos et- Aeollanthus suaveolens Mart. ex Spreng. Macassá
nobiológicos, a coleta de material torna- Ocimum basilicum L. Manjericão

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TABELA I (continuação) nett e Prance (2000), as famílias Lamia-
ceae, Asteraceae, Poaceae, Fabaceae e
Família Espécie Nome vulgar Malvaceae dominam a lista de plantas
medicinais exóticas. Trotter e Logan
Ocimum minimum L. Manjericão-miúdo (1986) comentam que as espécies de
Lauraceae Persea americana Mill. Abacate plantas ricas em óleo essencial, como a
Cinnamomum zeylanicum Blume Canela família Lamiaceae, são culturalmente
Laurus nobilis L. Louro
Não identificada1 Sassafrás
muito importantes quanto ao uso (cf. Al-
Não identificada2 Sassafrás-branco buquerque e Andrade, 1998).
Liliaceae Aloe vera L. Babosa Com relação aos ani-
Allium aescalonicum L. Cebolinha-branca mais, foram citadas 19 espécies, inseridas
Malvaceae Gossypium sp. Algodão-criolo em 14 ordens e 17 famílias. Os recursos
Urena lobata L. Malva-rosa faunísticos enquadram-se em seis grandes
Meliaceae Guarea sp. Jitó-branco
categorias taxonômicas (Filo ou Classe),
Cedrela odorata L. Cedro
Mimosaceae Piptadenia zehntneri Harms Angico-branco distribuídas percentualmente em: Mam-
Stryphnodendron sp. Barbatenom malia (31,6%), Reptilia (26,3%), Aves
Mimosa sp. Jurema-branca (15,8%), Insecta (10,5%), Pisces (10,5%)
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. Jurema-preta e Echinodermata (5,3%). Em outros estu-
Anadenanthera colubrina (Vell.) Benan. var. Angico (angico-de-caroço) dos realizados no Nordeste do Brasil, es-
cebil (Griseb) Altschul. tado da Bahia, na Chapada Diamantina,
Monimiaceae Peumus boldus Mol. Boldo
Moraceae Ficus sp. Figo
foi registrado um total de 21 espécies de
Musaceae Musa sapientum L. Banana-prata animais (Costa Neto, 1996); na tribo indí-
Myrtaceae Eucalyptus sp. Eucalipto (eucalipto-laranja) gena Pankararé, 49 táxons de animais
Eugenia uniflora L. Pitanga (Costa Neto, 1999b) e na cidade de Feira
Syzygium aromaticum L. Cravo-do-reino de Santana 16 espécies (Costa Neto,
Myristicaceae Myristica fagrans Houtt. Noz-moscada 1999c); destacando-se Mamíferos e Inse-
Nyctaginaceae Boerhavia diffusa L. Pega-pinto
tos. Lima (2000), na região da Usina Hi-
Olacaceae Ximenia americana L. Ameixa
Papaveraceae Argemone mexicana L. Cardo-santo drelétrica de Xingó (Sergipe-Alagoas), re-
Pedaliaceae Sesamum orientale L. Gergelim-branco (gergelim-preto) gistrou 17 animais considerados como
Phytolaccaceae Petiveria alliacea L. Tipim “insetos” para fins medicinais, e a classe
Piperaceae Piper nigrum L. Pimenta-do-reino que se destacou com maior percentual fo-
Piper marginatum Jacq. Capeba ram os Insetos (53%) e em segundo fica-
Poaceae Cymbopogon citratus (DC) Stapf Capim-santo ram os Répteis (29%).
Bambusa sp. Bambu
Imperata brasiliensis Trin. Sapé
Punicaceae Punica granatum L. Romã Usos terapêuticos das plantas
Rhamnaceae Ziziphus sp. Juá
Rubiaceae Borreria sp. Vassourinha-de-botão Nove espécies de plantas
Cephaelis ipecacuanha Rich. Pepaconha apresentaram grande versatilidade quanto
Rutaceae Citrus sp. Laranja a seus usos, com IR> 1 (Tabela IV), sen-
Pilocarpus sp. Jaborandi
Ruta graveolens L. Arruda
do indicadas para até oito sistemas corpo-
Sapotaceae Sideroxylon obtusifolium (Roem. e Schult.) Quixaba rais. A maioria das espécies é nativa e
T. D. Penn. apresenta hábito arbóreo. Apesar disso,
Sapindaceae Paullinia cupana Kunth. Guaraná numa análise global dos dados, a impor-
Solanaceae Brunfelsia sp. Manancã tância relativa de uma espécie independe
Solanum tuberosum L. Batata-inglesa de sua origem (c2= 0,71, p> 0,05) ou do
Solanum paniculatum L. Jurubeba seu hábito (H= 1,45; GL= 2; p> 0,05). A
Verbenaceae Lippia alba (Mill.) Brow Erva-cidreira
Vitaceae Cissus sp. Insulina hipótese inicial, baseada na observação
Zingiberaceae Alpinia speciosa Schum. Colônia do grande número de espécies nativas
Zingiber officinalis Rosc. Gengibre disponíveis e na dominância de cascas de
caule como produtos vendidos, sugeria
que as diferenças observadas na impor-
tância das espécies seriam significativas.
se difícil, pois muitas vezes o informante documentado um total de 143 nomes Quando se analisou a importância em fun-
não tem disponível o material no momen- vernaculares de plantas, correspondendo a ção das partes comercializadas, a relação
to da entrevista. Devido a essa dificulda- 114 espécies inseridas em 57 famílias. também não foi significativa (H= 5,56;
de de coleta, principalmente em feiras, Destas, oito (Lamiaceae, Caesalpiniaceae, GL= 6; p> 0,05).
onde os materiais disponíveis são muitas Euphorbiaceae, Fabaceae, Lauraceae, Mi- O uso das espécies com
vezes fragmentos, partes, ou misturados a mosaceae, Asteraceae, Bignoniaceae) con- IR> 1 também vem sendo relatado em
compostos químicos, ou são até não co- tribuíram com o maior número de espéci- outras regiões do país, como exemplifica
mercializados no dia da entrevista, foram es (Tabela III). Em muitos trabalhos, a um estudo sobre as plantas utilizadas na
profundamente estudadas apenas as plan- família Lamiaceae se destaca. Por exem- medicina popular do estado do Mato
tas identificadas pelo menos ao nível de plo, no trabalho realizado na Turquia por Grosso; Guarim Neto (1987) cita o uso
gênero (Tabelas I e II). Fujita et al. (1995), foram referidas nove da casca do caule de barbatenom (S. ob-
Na feira de Caruaru está espécies, perdendo apenas para as famíli- tusifolium) contra inflamações ovarianas e
concentrada a comercialização de plantas as Rosaceae com 11 espécies e Asterace- qualquer outro tipo de ferida; a casca do
medicinais em relação aos animais, sendo ae com 10 espécies. De acordo com Ben- caule do caju (A. occidentale) é emprega-

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TABELA II TABELA III
ESPÉCIES DE ANIMAIS IDENTIFICADAS DE USO MEDICINAL PELOS FAMÍLIAS DE PLANTAS
ENTREVISTADOS NA FEIRA DE CARUARU, AGRESTE DE PERNAMBUCO, COMERCIALIZADAS NA FEIRA
NORDESTE DO BRASIL DE CARUARU E RESPECTIVOS
NÚMEROS DE ESPÉCIES
Filo ou Classe Ordem/Família Espécie Nome vulgar
Família spp.
Mammalia Artiodactyla/Bovidae Bos taurus Boi
Ovis aries Carneiro Lamiaceae 7
Artiodactyla/Cervidae Mazama americana Veado gaedo Caesalpiniaceae 6
Carnivora/Felidae Leopardus pardalis Gato maracajá Euphorbiaceae 6
Rodentia/Erythizontidae Coendou bicolor Porco espinho (guandu) Fabaceae 5
Edentata/Brachypodidae Bradypus variegatus Preguiça Lauraceae 5
Mimosaceae 5
Aves Galliforme/Phasianidae Gallus gallus domesticus Galinha Asteraceae 4
Galliforme/Phasianidae Pavo cristatus Pavão Bignoniaceae 4
Reiforme/Rheidae Rhea americana Ema Arecaceae 3
Reptilia Crocodilia/Crocodilidae/ Caiman cf. latirostris Jacaré Curcubitaceae 3
Alligatoridae Myrtaceae 3
Squamata, Iguana iguana Camaleão Poaceae 3
Lacertilia/Iguanidae Rutaceae 3
Squamata, Crotalus sp. Cascavel Solanaceae 3
Ophidia /Crotalidae Amaranthaceae 2
Squamata, Epicrates ceuchria Salamanta Anacardiaceae 2
Ophidia / Boidae xerophilus Apiaceae 2
Testudine/Chelidae Phrynops sp. Cágado Cactaceae 2
Celastraceae 2
Insecta Hymenoptera/Apidae Tetragonisca sp. Abelha jati Liliaceae 2
Melipona scutellaris Abelha uruçu Malvaceae 2
Pisces Carcharhiniforme/ Carcharhinus leucas Tubarão Meliaceae 2
Carchahinidae Piperaceae 2
Gasterosteiforme Hippocampus sp. Cavalo marinho Rubiaceae 2
/Syngnathidae Zingiberaceae 2
Agavaceae 1
Echinodermata Asteroidea/Luidiidae Luidia senegalensis Estrela-do-mar Araceae 1
Bombacaceae 1
Boraginaceae 1
da no tratamento de diabetes e a resina testinal, respiratória e dermatológica, apre- Brassicaceae 1
da casca na cicatrização de feridas; a cas- sentando um largo número de espécies Bromeliaceae 1
ca do jatobá (Hymenaea sp.) é utilizada mencionadas (Heinrich et al., 1998). Em Burseraceae 1
em machucados e fraturas, também o vi- trabalho realizado por Nicholson e Arzeni Cannaceae 1
nho preparado com a seiva é tido como (1993), em mercado do México, foram Capparaceae 1
fortificante; o chá preparado com as fo- prescritas várias espécies para doenças Caprifoliaceae 1
lhas do pequi (Caryocar sp.) é usado no respiratórias (incluindo antitussígenos, ex- Caryocaraceae 1
tratamento de gripe. pectorantes e peitorais), doenças nervosas Chenopodiaceae 1
As principais categorias, (incluindo calmantes e sedativos), doenças Chrysobalanaceae 1
quanto ao número de citação de espécies, digestivas (incluindo plantas carminativas, Convolvulaceae 1
foram os transtornos do sistema circulató- laxativas e purgativas) e para problemas Costaceae 1
rio, transtornos do sistema respiratório, renais (incluindo diuréticos e tônicos re- Clusiaceae 1
afecções e dores não definidas, transtor- nais). Milliken e Albert (1997) encontra- Cyatheaceae 1
Illiciaceae 1
nos do sistema genito-urinário e transtor- ram entre os índios Yanomami uma grande Iridaceae 1
nos do sistema digestivo (Tabela V). Ge- diversidade de plantas usadas para comba- Monimiaceae 1
ralmente as categorias que são freqüente- ter a febre (60), para problemas intestinais Moraceae 1
mente mencionadas para tratamentos com e como estomáquicas (35) e nos casos de Musaceae 1
plantas medicinais são os transtornos do malária (24) e diarréias (23). Os resultados Myristicaceae 1
sistema digestivo e as afecções na pele; de Johns et al. (1994) vêm confirmar a Nyctaginaceae 1
essas duas categorias são largamente cita- importância do conhecimento de plantas Olacaceae 1
das em entrevistas (Trotter e Logan, para tratar problemas gastrointestinais e Papaveraceae 1
1986). Para os índios Xucuru (Pesqueira/ respiratórios em diversas culturas. No es- Pedaliaceae 1
PE), destaca-se tratamento da dor, febre, tudo que realizaram junto aos Batemi, na Phytolaccaceae 1
doença renal e do aparelho respiratório Tanzânia, estas duas categorias concentra- Punicaceae 1
(Silva, 1997). Pode-se dizer que esses ram juntas o total de 62 registros de remé- Rhamnaceae 1
transtornos são freqüentemente menciona- dios, ao lado dos febrífugos e tônicos (87 Sapotaceae 1
dos, pois a maioria dos casos de doenças registros de remédios). Sapindaceae 1
na população é dessa natureza. De acordo com o con- Verbenaceae 1
As três categorias que senso dos informantes da feira de Caruaru, Vitaceae 1
são freqüentemente mencionadas em le- quanto à potencialidade das espécies de
Total 114
vantamentos etnobotânicos são: gastroin- plantas citadas, o sistema corporal com

280 JUN 2002, VOL. 27 Nº 6


maior consenso foi a categoria de transtor- TABELA IV
nos do sistema sensorial (ouvido), atingin- VALORES DE IMPORTÂNCIA RELATIVA (IR) DE CADA ESPÉCIE DE PLANTA CO-
do o valor máximo de consenso, em se- NHECIDA COMO MEDICINAL PELOS INFORMANTES DA FEIRA DE CARUARU,
guida ficaram os transtornos do sistema AGRESTE DE PERNAMBUCO, NORDESTE DO BRASIL
respiratório, inapetência sexual, transtornos
do sistema genito-urinário e transtornos do Espécies Valor Espécies Valor
sistema nervoso (Tabela V). Esses valores do IR do IR
indicam que essas categorias são cultural-
mente importantes para a comunidade es- Sideroxylon obtusifolium 2,00 Canna indica L. 0,38
tudada. No já citado trabalho realizado por (Roem. e Schult.) T. D. Penn. Caesalpinia pyramidalis Tul. 0,38
Heinrich et al. (1998), que também utili- Myracrodruon urundeuva (Engl.) 1,80 Paullinia cupana Kunth. 0,38
zou o índice de Trotter e Logan (1986), Fr. Allemão Solanum paniculatum L. 0,38
Hymenaea sp. 1,53 Egletes viscosa Less 0,38
destacaram-se as categorias gastrointesti-
Caryocar sp. 1,53 Myristica fagrans Houtt. 0,38
nal, respiratória e dermatológica.
Anacardium occidentale L. 1,19 Licania sp. 0,38
Stryphnodendron sp. 1,19 Gomphrena sp. 0,38
Usos terapêuticos dos animais Operculina sp. 1,05 Punica granatum L. 0,38
Coumarona odorata Aubl. 1,00 Tabebuia sp2. 0,38
Seis espécies de animais Vernonia condensata Baker 1,00 Boerhavia diffusa L. 0,33
apresentaram maior versatilidade quanto Aloe vera L. 0,93 Matricaria chamomila L. 0,33
aos seus usos, com IR> 1 (Tabela VI), Cereus jamacaru DC. 0,93 Cinnamomum zeylanicum Blume 0,33
chegando a serem indicadas para até três Cymbopogon citratus (DC) Stapf. 0,87 Sansevieria sp. 0,33
sistemas corporais. Essas espécies também Allium aescalonicum L. 0,87 Sesamum orientale L. 0,33
apresentam uso relatado em outras regiões Alpinia speciosa Schum. 0,85 Ruta graveolens L. 0,26
do país, como para o estado da Bahia na Copaifera sp. 0,85 Cajanus sp. 0,26
cidade de Feira de Santana (Costa Neto, Mentha sp. 0,85 Pilocarpus sp. 0,26
1999c), havendo, em alguns casos, coinci- Sambucus sp. 0,80 Caesalpinia ferrea Mart. 0,26
dência de usos como: o uso do mel de M. Eucalyptus sp. 0,78 Ricinus communis L. 0,26
scutellaris para curar acessos de tosse e Peumus boldus Mol. 0,74 Croton argyrophylloides Müll. Arg. 0,26
também para impotência; o uso do choca- Lippia alba (Mill.) Brow 0,74 Colocasia ? sp. 0,26
lho de Crotalus sp. para asma e a banha Illicium verum Hocker 0,72 Tilandsia usneoides L. 0,25
para curar reumatismo; o defumador do Amburana cearensis (Arr. Câm.) 0,72 Crocus sp. 0,19
couro de Caiman cf. latirostris para curar A.C. Smith. Gossypium sp. 0,19
asma. Anadenanthera colunbrina (Vell.) 0,67 Ximenia americana L. 0,19
Os informantes não Brenan. var. cebil (Griseb) Altschul Piptadenia zehntneri Harms 0,19
apresentaram consenso quanto aos siste- Argemone mexicana L. 0,65 Bambusa sp. 0,19
mas corporais, pois dos 11 sistemas cita- Imperata brasiliensis Trin. 0,65 Ceiba pentandra Gaertn. 0,19
dos apenas quatro obtiveram resultado di- Bursera leptophleos Mart. 0,65 Solanum tuberosum L. 0,19
Zingiber officinalis Rosc. 0,65 Luffa operculata Cong. 0,19
ferente de 0 (Tabela VII), mostrando que
Senna occidentalis (L.) Link. 0,65 Willbrandia sp. 0,19
os informantes apresentaram maior segu-
Rosmarinus officinalis L. 0,65 Costus sp. 0,19
rança quanto ao uso de plantas medici- Pimpinella anisum L. 0,59 Sechium edule Swart 0,19
nais. O sistema corporal que se destacou Helianthus annuus L. 0,59 Cocos nucifera L. 0,19
foi relativo aos transtornos do sistema di- Plectranthus amboinicus (Lour.) 0,58 Syagrus sp. 0,19
gestivo, obtendo o valor máximo, em se- Spreng. Melocactus sp. 0,19
guida vieram os transtornos do sistema Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. 0,58 Celosia sp. 0,19
respiratório, e por último as doenças do Urena lobata L. 0,58 Maytenus sp2. 0,19
sistema osteomuscular e do tecido con- Persea americana Mill. 0,58 Ficus sp. 0,19
juntivo, diferindo em relação às plantas Ocimum gratissimum L. 0,58 Cissus sp. 0,19
medicinais, quando outros sistemas cor- Piper marginatum Jacq. 0,58 Guarea sp. 0,19
porais se destacaram: transtornos do sis- Anemopaegma sp. 0,58 Ziziphus sp. 0,19
tema sensorial (ouvido), transtornos do Cedrela odorata L. 0,58 Mimosa sp. 0,19
sistema respiratório, transtornos do siste- Crescentia cujete L. 0,58 Vismia guianensis (Aubl.) Choisy 0,19
ma genito-urinário e transtornos do siste- Bowdichia virgilioides H. B. e K. 0,52 Acrocomia intumescens Drude 0,19
ma nervoso. Costa Neto (1999a) cita que Cleome spinosa Jacq. 0,52 Croton sp. 0,19
os animais são freqüentemente prescritos Brassica integrifolia Schulz 0,52 Brumfelsia sp. 0,19
para doenças nas vias respiratórias, como Chenopodium ambrosioides L. 0,52 Cordia sp. 0,19
no tratamento de asma e bronquites. Cephaelis ipecacuanha Rich. 0,45 Bauhinia sp. 0,19
Syzygium aromaticum L. 0,45 Aleurites sp. 0,19
Variação intracultural no conhecimento Foeniculum vulgare Gaertn. 0,45 Tabebuia sp1. 0,19
das plantas e animais medicinais Citrus sp. 0,45 Cyathea microdonta (Desv.) 0,19
Laurus nobilis L. 0,45 Domin.
Na Figura 2 apresenta-se Aeollanthus suaveolens Mart. 0,45 Piper nigrum L. 0,19
o dendrograma resultante da análise de ex Spreng. Jatropha sp. 0,19
Ocimum minimum L. 0,45 Eugenia uniflora L. 0,19
agrupamento com base no conhecimento
Erythrina velutina Willd. 0,45 Phylanthus niruri L. 0,19
dos informantes sobre as plantas
Musa sapientum L. 0,38 Petiveria alliacea L. 0,19
comercializadas, no qual visualiza-se a Maytenus sp1. 0,38 Borreria sp. 0,19
formação de quatro conjuntos com grande

JUN 2002, VOL. 27 Nº 6 281


TABELA V ção a M4, ela pode ter divergido dos ou-
CONSENSO DOS INFORMANTES DA FEIRA DE CARUARU, AGRESTE DE tros devido a sua naturalidade, pois é a
PERNAMBUCO, NORDESTE DO BRASIL, PARA USO DE PLANTAS única oriunda de outro estado, São Paulo.
MEDICINAIS. FCI = FATOR DE CONSENSO DOS INFORMANTES Essa análise indica que a maioria dos in-
formantes compartilha dos mesmos co-
Categorias No. de No. de FCI nhecimentos a respeito das propriedades
espécies usos medicinais das plantas, existindo pouca
de plantas reportados variação.
Com relação aos ani-
mais, no dendrograma resultante da análi-
Transtornos do sistema sensorial (ouvido) 1 2 1 se de agrupamento (Figura 4), formaram-
Transtornos do sistema respiratório 30 93 0,68 se três grupos com alta similaridade: o
Inapetência sexual 4 9 0,62 primeiro grupo no canto superior, com-
Transtornos do sistema genito-urinário 27 69 0,61 preende os informantes H3, M2 e M7, o
Transtornos do sistema nervoso 16 39 0,60 segundo H2, H6, M3, H7 e M11 e o ter-
Transtornos do sistema digestivo 25 57 0,57 ceiro formado por M4 e M5. O primeiro
Transtornos do sistema circulatório 35 74 0,53 grupo foi formado pelos informantes que
Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo 13 27 0,53 citaram a abelha urucu, o segundo pela
Afecções não definidas ou dores não definidas 27 55 0,51 citação da estrela-do-mar e do cavalo-ma-
Doenças da pele e tecido celular sub-cutâneo 16 30 0,48 rinho, e o terceiro coincidiu com a cita-
Doenças das glândulas endócrinas, da nutrição 16 28 0,44 ção do cágado. Como ocorreu para as es-
e do metabolismo pécies de plantas, a análise de ordenação
Doenças infecciosas e parasitárias 16 21 0,25 (Figura 5) não mostrou agrupamentos,
Debilidade física e mental 14 18 0,23 onde os informantes H5 e H7 divergiram
Neoplasias 2 2 0 completamente em relação aos demais
Doença do sangue e dos órgãos hematopoéticos 4 4 0 devido à citação de espécies que apenas
eles conheciam. Os informantes M1, M8,
M9, M10 e H4 não aparecem no gráfico,
similaridade: na ordem de cima para bai- sugerindo que o conhecimento sobre as pois não citaram nenhum uso para os ani-
xo, o primeiro compreende os informan- propriedades da plantas é idiossincrático, mais, e H6 e H2 citaram apenas estrela-
tes H2 e H5, o segundo M1 e M10, o uma vez que se considerou tanto a cita- do-mar por isso obtiveram a mesma posi-
terceiro M5 e M9 e o último M8 e M13. ção como os usos conhecidos. Em oposi- ção. Essas análises indicam que o conhe-
Essa análise não foi muito elucidativa, ção à análise de agrupamento, a análise cimento sobre animais parece ser muito
de ordenação (Figura 3) exibe um grande mais idiossincrático do que o relativo às
grupo que reúne a maioria dos informan- plantas. Essa interpretação é reforçada
TABELA VI tes, excluindo apenas H1, M2 e M4. O pelo resultado do consenso dos informan-
VALORES DE IMPORTÂNCIA entrevistado H1 diferiu de todos os ou- tes para as categorias de doenças.
RELATIVA (IR) DE CADA ESPÉCIE tros informantes pelo elevado número de Muitos estudos sobre va-
DE ANIMAL CONHECIDA COMO citação de plantas que chegou a 68 no- riação intracultural têm revelado que a dis-
MEDICINAL PELOS INFORMANTES mes vernaculares. Já M2, nas suas refe- tribuição de conhecimento não é, como
DA FEIRA DE CARUARU rências quanto ao uso das plantas, diferiu acreditam alguns, inteiramente aleatória
dos demais entrevistados por não ter en- (Mathews, 1983; Caballero, 1994; Albu-
contrado consenso entre eles. Com rela- querque, 2001). Caballero (1994), por
Espécie Valor do IR

Melipona scutelaris 2,00 TABELA VII


Crotalus sp. 2,00 CONSENSO DOS INFORMANTES DA FEIRA DE CARUARU, AGRESTE DE
Carcharhinus leucas 1,66 PERNAMBUCO, NORDESTE DO BRASIL, PARA USO DE ANIMAIS MEDICI-
Caiman cf. latirostris 1,32 NAIS. FCI = FATOR DE CONSENSO DOS INFORMANTES
Epicrates ceuchria xerophilus 1,32
Phrynops sp. 1,16 Categorias No. de No. de FCI
Rhea americana 0,99 espécies usos
Coendou bicolor 0,99 de animais reportados
Bos taurus 0,66
Hippocampus sp. 0,66 Transtornos do sistema digestivo 1 2 1
Iguana iguana 0,66 Transtornos do sistema respiratório 11 31 0,66
Luidia senegalensis 0,66 Doenças do sistema osteomuscular e tecido conjuntivo 5 11 0,6
Gallus gallus domesticus 0,66 Doenças da pele e tecido celular sub-cutâneo 4 5 0,25
Doenças infecciosas e parasitárias 1 1 0
Leopardus pardalis 0,66
Transtornos do sistema sensorial (ouvido) 1 1 0
Bradypus variegatus 0,66 Transtornos do sistema sensorial (olho) 1 1 0
Tetragonisca sp. 0,49 Transtornos do sistema nervoso 3 3 0
Ovis aries 0,49 Afecções não definidas ou dores não definidas 4 4 0
Pavo cristatus 0,49 Inapetência sexual 1 1 0
Mazama americana 0,49 Mordida de bicho doente (possivelmente raiva) 1 1 0

282 JUN 2002, VOL. 27 Nº 6


Figura 2. Análise de agrupamento para a matriz de correlação en- Figura 3. Análise de componentes principais para a matriz de cor-
tre informantes por número de citações de uso de plantas medici- relação entre informantes por número de citações de uso de plan-
nais, na feira de Caruaru, Agreste de Pernambuco, Nordeste do tas medicinais, na feira de Caruaru, Agreste de Pernambuco, Nor-
Brasil. M = mulheres, H = homens. deste do Brasil. M = mulheres, H = homens.

exemplo, estudou a variação intracultural TABELA VIII TABELA IX


no conhecimento e manejo de espécies de PARTES DE PLANTAS MEDICINAIS PARTES DE ANIMAIS MEDICINAIS
Sabal no México, observando claros pa- COMERCIALIZADAS NA FEIRA COMERCIALIZADOS NA FEIRA
drões relacionados a ocupação dos infor- DE CARUARU DE CARUARU
mantes. Por sua vez, Albuquerque (2001)
sugere a existência de variação na percep- Parte da planta usada Número Parte de animal usada Número
ção sobre o ambiente em uma comunidade de citações de citações
litorânea, relacionada com as variáveis
tempo de residência e escolaridade.
Segundo Garro (1986) Casca do caule 136 Mel 5
“a pergunta chave para variação intracul- Folha 105 Benzuá (bola de pelos 1
tural é esta: para o funcionamento em um Fruto 13 retirada do estômago do boi)
sistema cultural, é necessário para as pes- Semente 67 Couro 8
soas compartilharem conhecimento cultu- Flor 11 Todo o animal 8
ral ou é possível para as pessoas terem Caule 21 Banha 11
graus variados de competência cultural?” Raiz 22 Pena 1
O resultado das análises efetuadas indi- Resina 1 Unha 2
cam que entre os vendedores de plantas e Óleo 12 Pata 1
animais medicinais na feira de Caruaru, o
Total 388 Total 37
conhecimento local não é padronizado,

Figura 4. Análise de agrupamento para a matriz de correlação en- Figura 5. Análise de componentes principais para a matriz de cor-
tre informantes por número de citações de uso de animais medici- relação entre informantes por número de citações de uso de ani-
nais, na feira de Caruaru, Agreste de Pernambuco, Nordeste do mais medicinais, na feira de Caruaru, Agreste de Pernambuco,
Brasil. M = mulheres, H = homens. Nordeste do Brasil. M = mulheres, H = homens.

JUN 2002, VOL. 27 Nº 6 283


não se podendo distinguir claramente va- c) Espécies que têm so- encontradas diferenças significativas na
riações relacionadas à educação ou posi- frido perseguição sistemática e, por conse- importância relativa das espécies em fun-
ção socioeconômica, bem como de outros qüência, encontram-se vulneráveis. Aqui ção de sua origem, hábito ou parte utili-
fatores, como sugerido por Ellen (1979). se situam as espécies mais ameaçadas e zada.
Com relação ao conhecimento de ani- que não raro são as mais populares nos Do ponto de vista cultu-
mais, parece ter uma natureza muito mais mercados, sendo muito procuradas pelos ral, o mercado é um sistema dinâmico,
idiossincrática. Isso pode ser explicado de consumidores e regularmente presentes aberto, onde existe um sistema médico
várias maneiras. O fato que as plantas nas barracas dos vendedores, como: M. compartilhado pela grande maioria dos
ocupam uma maior tradição nos merca- urundeuva, A. cearensis, E. velutina, Stry- vendedores. Todavia, estes parecem ter
dos e feiras da região, sugere que os ven- phnodendron sp., A. colubrina var. cebil, e mais segurança no uso de plantas, pois
dedores no seu dia-a-dia tiveram a opor- S. obtusifolium. tendem a discordar muito nos tratamentos
tunidade de acumular um conjunto de co- A preocupação com a em que se empregam animais. Muitas es-
nhecimentos mais consistente e que, atra- conservação de plantas de importância pécies de plantas comercializadas, que
vés de um sistema de trocas, é comparti- econômica usadas popularmente pode ser gozam de maior popularidade, estão vul-
lhado por todos. encontrada em diversos autores (Farns- neráveis pela perseguição sistemática. En-
Já as variações observa- worth e Soejarto, 1985; Nicholson e Ar- tre os animais, há espécies vulneráveis, já
das podem ser explicadas por experiênci- zeni, 1993; Hersch-Martínez, 1995). To- ameaçadas de extinção.
as individuais. O resultado da análise de das as espécies citadas acima possuem
componentes principais reforça a idéia de como agravante o fato de que as técnicas AGRADECIMENTOS
que existe um sistema de conhecimento de coleta são altamente agressivas, pois a
médico fitoterápico comum à maioria dos principal parte procurada é a casca do Aos professores e pes-
vendedores. Assim, respondendo à per- caule. As partes das plantas mais comer- quisadores: Angelo Giuseppe Alves, Laise
gunta formulada por Garro (1986), o sis- cializadas são mostradas na Tabela VIII. de Holanda Cavalcanti Andrade e Valdeline
tema cultural da feira funciona com base Esses resultados aproximam-se dos relata- Atanázio da Silva, pelas sugestões. Aos re-
na partilha de saber. É possível observar dos por Williams et al. (2000) quanto à visores anônimos pelas críticas construtivas.
isso na prática: quando um vendedor não importância da casca do caule. As espéci- Aos vendedores de ervas da feira de Carua-
possui o produto desejado pelo cliente, es mais importantes encontram-se na se- ru pela solicitude.
ele vai a busca dos demais vendedores gunda e terceira categorias (H= 9,9;
que ou ofertam a mercadoria ou sugerem GL=2; p< 0,05), mas as diferenças na
substitutos. Pode-se dizer, conforme afir- importância das espécies não são signifi- REFERÊNCIAS
mou Press (1978) para a medicina folk cativas entre a primeira e segunda catego-
urbana, que o sistema cultural da feira é rias (p> 0,05). Assim, existe uma tendên- Albuquerque UP (1997) Plantas medicinais e má-
um sistema aberto, suscetível de receber cia para o declínio dessas espécies por gicas comercializadas nos mercados públicos
de Recife-Pernambuco. Ciência e Trópico
diversas influências; está em constante causa da coleta excessiva e do produto 25: 7-15.
transformação, como o próprio saber lo- desejado, uma vez que as espécies mais Albuquerque UP (1999): Manejo tradicional de
cal, de uma sazonalidade bem clara de importantes são as mais vulneráveis. plantas em regiões neotropicais. Acta Botâni-
biorecursos e conhecimentos sobre o seu Para os animais, mes- ca Brasílica 13: 307-315.
uso. mo com apenas o registro de 19 espécies, Albuquerque UP (2000): A etnobotânica no nor-
há evidências do uso tradicional de recur- deste brasileiro. Em Cavalcanti TB, Walter
BMT (Eds.) Tópicos atuais em Botânica.
Impacto do comércio sobre as popula- sos animais no semi-árido brasileiro. Se- Embrapa/ Sociedade Botânica do Brasil.
ções de plantas e animais medicinais gundo Silva e Marques (1996), a zootera- Brasília/São Paulo. pp. 241-249.
pia é relevante porque implica em uma Albuquerque CA (2001) Atitudes e percepções
O comércio de biorecur- pressão adicional sobre populações em em relação à conservação da biodiversidade
sos sem dúvida provoca uma forte pres- risco de extinção. Dos animais citados na na comunidade de Vila Velha, Ilha de Itama-
são extrativista sobre as populações natu- feira de Caruaru, quatro encontram-se racá, Pernambuco. Monografia (Curso de
Ciências Biológicas). Universidade Federal
rais, devida à grande aceitação das práti- listados pelo IBAMA (1989) como espé- de Pernambuco. Recife. 51pp.
cas médicas tradicionais. As espécies cies ameaçadas de extinção: Caiman cf. Albuquerque UP, Andrade LHC (1998) Etnobotá-
arbustivas e arbóreas identificadas podem latirostris, Coendou sp., Mazana sp. e R. nica del género Ocimum L. (Lamiaceae) en
ser enquadradas em três principais cate- americana. Mesmo que as outras espécies las comunidades afrobrasileñas. Anales del
gorias, baseadas nas suas características não estejam listadas, é preciso uma cons- Jardín Botánico de Madrid 56: 107-118.
ecológicas. A classificação apresentada a cientização sobre o uso sustentável de Bennett BC, Prance GT (2000) Introduced plants
in the indigenous pharmacopoeia of
seguir é baseada em Pinto et al. (1986), animais medicinais, pois como pode ser Northern South America. Economic Botany
que enfocaram as espécies singulares do observado na Tabela IX, para a obtenção 54: 90-102.
ecossistema das caatingas: do produto medicinal, necessita-se, em Caballero J (1994) Use and management of
geral, da morte do animal. Sabal palms among the Maya of Yucatan.
a) Espécies amplamente Ph.D Dissertation. University of California.
Berkeley. 186pp.
distribuídas e/ou muito freqüentes. Aqui Conclusões
Costa Neto EM (1994) Etnoictiologia alagoana,
se incluem várias plantas importantes, en- com ênfase na utilização medicinal de inse-
tre estas C. pyramidalis, M. tenuiflora e Na área estudada, plan- tos. Monografia. Universidade Federal de
B. leptophleos. tas e animais são indicados para atender Alagoas. Maceió. 192 pp.
b) Espécies amplamente uma ampla gama de enfermidades, toda- Costa Neto EM (1996) Faunistic resources used
distribuídas, mas representadas por popu- via apenas uma minoria destas obtém as medicines by an afro-brazilian community
from Chapada Damantina National Park,
lações reduzidas ou descontínuas. Dentre consenso entre os informantes. Além dis- state of Bahia-Brazil. Sitientibus 15: 211-
as espécies com essas características, so, o conjunto de plantas comercializadas 219.
pode-se destacar Maytenus spp. e Tabe- é resultado de um processo de seleção Costa Neto EM (1999a) “Barata é um santo re-
buia spp. cultural, o que justifica não terem sido médio”: introdução a zooterapia popular no

284 JUN 2002, VOL. 27 Nº 6


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