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1.

Introdução à Contabilidade de Custos


A Contabilidade é uma ciência social que estuda a riqueza patrimonial
individualizada, sob os aspectos quantitativos e qualitativos. Tem entre seus
objetivos, a geração de informações e a explicação dos fenômenos patrimoniais,
possibilitando o controle, o planejamento e a tomada de decisão, no enfoque
passado/presente/futuro.
Contabilidade de Custos: Parte da ciência contábil que se dedica ao estudo
racional dos gastos feitos para se obter um bem de venda ou de consumo, quer seja
um produto, umamercadoria ou um serviço.
A ciência contábil ramifica-se em uma gama de especializações, sendo que
cada uma delas estuda o patrimônio sob uma ótica particular.

1.1 Origem Histórica da Contabilidade de Custos


Teve início na Revolução Industrial no século XVIII, anterior a este período a
contabilidade era direcionada para o segmento comercial, aplicada na apuração do
resultado do exercício. Com o surgimento das máquinas, a produção deixou de ser
feita artesanalmente e começou a ser produzida em larga escala, utilizando os
equipamentos e maquinários. Pode-se ressaltar que, quando a produção era
artesanal, o custo do produto era facilmente identificado. Porém, com a utilização de
maquinários o setor produtivo deixou de contar apenas com o custo de mão de obra
e matéria prima e passou a englobar outros insumos como energia elétrica, água,
depreciação das máquinas e equipamentos e dos barracões no qual acontecia a
produção (CORBARI, 2012).
Corbari (2012) explica que, com a utilização das máquinas e o incremento de
novos insumos sendo consumido na produção de um produto, o cálculo para saber o
custo unitário ficou complexo, carecendo de um profissional de contabilidade
especializado neste ramo: desponta assim a contabilidade de custos.
Com o início da Revolução Industrial e o crescimento das empresas
industriais, a contabilidade percebeu um problema em relação à apuração dos
resultados, porque a diferença entre as empresas industriais e as comerciais era na
aquisição de matéria-prima e utilização de elementos de produção para transformar
produtos para depois serem vendidos. A solução foi empregar os mesmos modelos
que nas comerciais, contabilizando todos os custos gerados na atividade da

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empresa como gastos de produção, definido dessa forma um setor responsável por
estes dados e informações que passou a ser denominada de contabilidade de
custos (VICECONTI, 2013).
Segundo Viceconti (2013, p. 8):
A contabilidade de custos, nos seus primórdios, teve como principal
função a avaliação de estoques em empresas industriais, que é um
procedimento muito mais complexo do que nas comerciais, uma vez que
envolve muito mais que a simples compra e revenda de mercadoria, são
feitos pagamentos a fatores de produção tais como salários, aquisições e
utilização de matérias-primas, etc.

Corroborando com Viceconti, Schier (2006), relata que a contabilidade de


custos derivou da contabilidade financeira e da geral, sendo considerada como
instrumento para resolver problemas de mensuração monetária dos estoques e do
resultado das empresas, não sendo empregada como ferramenta gerencial de
administração.
No início tinha como principal função proporcionar dados para avaliar os
estoques e apurar o resultado, passa a fornecer para a contabilidade gerencial
informações que auxilia no controle e na tomada de decisão.
Referente ao controle, a contabilidade de custos supre com dados para
estabelecer padrões, auxiliar na elaboração de orçamentos e proporciona
acompanhamento dos valores orçados dos realizados, e quanto à tomada de
decisão, coopera de forma ativa, por meio de informações que disponibiliza para
gerenciar o preço de venda, optar pela compra/produção ou não.

1.2 Terminologia e Conceito de Custos


1.2.1 Terminologia
O conhecimento através da terminologia de custos é o caminho para que os
profissionais consigam elaborar de forma eficaz os elementos contábeis nos
relatórios. Dessa forma, conseguem contribuir com melhorias nos processos de
registro e, principalmente, na gestão da empresa.
As principais definições da Terminologia são:
 Gasto: é uma saída financeira com a qual a organização arca para
obter um produto ou serviço qualquer. É representado pela entrega ou promessa de
entrega de ativos, normalmente dinheiro. Exemplos: gasto com mão de obra, gasto
com compra de matéria-prima.

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 Investimento: gasto feito em função de sua vida útil ou de ganhos
futuros. Exemplos: compra de maquinário (imobilizado) e compra de matéria-prima
(investimento circulante).
 Custo: é um gasto relacionado a um bem ou serviço utilizado para
produzir outros bens ou serviços. Exemplo de custo: consumo de matéria prima para
produzir produtos.
 Despesa: é o bem ou serviço consumido de forma direta ou indireta
para se obter receitas. Em resumo compreende os gastos com consumo de bens ou
da utilização de serviços nas áreas administrativas, comercial e financeira.
 Desembolso: é o pagamento relacionado à aquisição do bem ou
serviço.
 Perda: bem ou serviço consumidos de forma anormal e involuntária.
Exemplo: perdas com incêndios em estoques de materiais e alagamentos.
Destaca-se que as perdas anormal e involuntária não são consideradas como
custo das unidades produzidas no período e são consideradas como
despesas indo diretamente para o DR Demonstrativo de Resultado.
Existem também as perdas que ocorrem no processo produtivo que são
consideradas normais e voluntarias na qual compõe o custo das unidades
produzidas.
1.2.2 Conceitos e Classificação de Custos
Para um bom entendimento na hora de levantar os gastos que se tem para
produzir um determinado produto, precisamos entender o que são custos e
despesas para que a atividade gere lucro para a empresa. Sendo assim,
segue as principais classificações de custos.
Em relação ao produto: Custos diretos e Custos indiretos;
Em relação ao volume de produção: Custos Fixos e Custos Variáveis.

1.2.2.1 Custos Diretos e Indiretos


Custos diretos são aquele que estão fisicamente e diretamente
vinculados a um segmento específico em análise. Esse segmento específico
pode ser um produto, um serviço ou qualquer outra entidade de custo.
Custos Indiretos são os gastos que não podem ser alocados de
maneira direta ou de forma objetiva aos produtos, serviços, departamentos ou

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outros objetos de custo. Sua alocação se dá de maneira indireta, através de
critérios de distribuição (rateio, alocação, apropriação etc.).

1.2.2.3 Critérios de rateio do CIF (Custos Indiretos de Fabricação)


De acordo com Crepaldi (1998), rateio é o recurso empregado para
distribuição dos custos, ou seja, é o fator pelo qual os custos indiretos são divididos.
Maher, (2001, p.231), explica que o “rateio de custos representa a atribuição de um
custo indireto a um objeto do custo, segundo uma certa base”; esta é a base de
rateio que será empregada para dividir os itens de custo indireto.

1.3 Objetivos da Contabilidade de Custos


O objetivo da contabilidade de custos é gerar informações para todos
os níveis gerenciais das empresas, auxiliando com o planejamento, controle
de operações e a determinar seus desempenhos. Os dados coletados,
monetários ou físicos, dão suporte às tomadas de decisões que contribuem
com o crescimento e desenvolvimento dessas organizações.

Fazer a análise do custo do produto fabricado, do serviço prestado ou da


mercadoria vendida é essencial para que as empresas formem o preço de venda
e conheçam o seu lucro real. Quando surgiu, a contabilidade de custos atendia a
necessidade que as empresas tinham de controlar seus estoques, mas com o
tempo foi ganhando importância à medida que ia se tornando uma aliada nas
decisões gerenciais.

A importância da contabilidade de custos para as organizações está


diretamente ligada às mudanças no cenário econômico, como a globalização das
economias, por exemplo, e mais recentemente a crise no país, que colocou a
classe empresarial em estado de alerta. Reduzir os custos ao mínimo possível e
permanecerem competitivas passaram a ser os grandes desafios das entidades.

1.4 A Contabilidade Gerencial e Financeira


A contabilidade gerencial engloba vários aspectos que fazem parte da
contabilidade financeira, como análise de custos e finanças, balanço, entre outros
procedimentos. A diferença principal entre este modelo e a contabilidade financeira é
que os dados obtidos são apresentados de uma maneira específica, mais analítica,
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para conhecimento de gerentes e cargos superiores da empresa. Basicamente, é a
síntese do trabalho de contabilidade que é passada para a parte diretiva da
instituição.
Com isso, é possível que a direção da empresa tenha um cenário mais
definido sobre as possibilidades de investimento, onde é preciso realizar cortes de
verbas, entre outros aspectos da vida financeira do negócio. Logo, é o
gerenciamento da informação contábil em favor da administração da entidade.
Já a contabilidade financeira é a etapa anterior, onde todos os dados de
transações econômicas, entradas e saídas, custos operacionais, contratação de
pessoal, dispensa, entre outros pontos, são classificados e registrados para futura
análise gerencial. Ao contrário da contabilidade gerencial, que tem um caráter mais
analítico com relatórios explicativos, a contabilidade financeira é mais objetiva. Nesta
etapa, a preocupação é apenas com a demonstração assertiva da vida financeira da
organização, na qual os relatórios são elaborados para agentes externos, como
acionistas e credores.

2. Principais Métodos de Custeio


2.1 Custeio por Absorção
O custeio por absorção é um método de custeio (processo de apuração de
custos), método derivado da aplicação dos Princípios Fundamentais de
Contabilidade, cujo objetivo é considerar todos os custos incorridos (fixos ou
variáveis, diretos ou indiretos) em cada fase da produção, na avaliação e no registro
do valor, do produto fabricado.
O nome absorção é autoexplicativo: O produto que está sendo fabricado
“absorve” como seu o valor de qualquer gasto que ocorrer (matérias primas, mão de
obra direta e custos indiretos de fabricação) no esforço de sua produção.
Segundo Kroetz (2001), existem algumas vantagens ao se utilizar esse
método, sendo eles: o fato de considerar o total dos custos por produto, formação de
custos para estoques, permite a apuração do custo por centro de custos. Já as
desvantagens e consequências serão as seguintes: poderá elevar artificialmente os
custos de alguns produtos, não evidencia a capacidade ociosa da empresa, os
critérios de rateio são sempre arbitrários, portanto nem sempre justos.

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A utilização dos custos fixos como forma de rateios pode dificultar as decisões
de gerência da empresa quanto à formação do preço de venda do produto, uma vez
que, por mais objetivos que sejam feitos estes rateios, não deixa de ser uma
maneira de arbitrar os resultados.

Figura 1: Custeio por Absorção

2.2 Custeio Variável ou Direto


O método de custeio direto ou variável é utilizado apenas para fins gerenciais,
pois o mesmo não é aceito pela legislação fiscal. Nele são considerados somente
como sistema de custeio das unidades produzidas os custos variáveis; os custos
fixos são separados e considerados como despesas daquele período. Kroetz (2001,
p. 60) afirma que:

Só são alocados aos produtos os custos variáveis, ficando os fixos


separados e considerados como despesas do período, indo diretamente
para o resultado do exercício; para o estoque só vão, como consequência,

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os custos variáveis (indiretos e/ou diretos), motivo que leva a legislação a
não aceitá-lo, ou ainda, dentro desse método os custos variáveis são
considerados como atribuíveis aos produtos; é o caso de materiais e mão
de obra direta. Já os custos fixos são tratados como despesas do período e,
portanto, não são ativados na conta de estoques.

O custeio direto ou variável aloca aos produtos apenas os custos


reconhecidos como variáveis, pois os fixos não estão relacionados como volume de
produção, ou seja, independentemente de sua produção, os custos fixos não
oscilam. Um exemplo clássico é o aluguel do prédio que, independente da produção
aumentar ou diminuir, permanece o mesmo valor. Os custos variáveis por sua vez,
são diretamente relacionados ao volume produzido, pois, quanto mais a empresa
produzir, seus custos aumentam proporcionalmente. Para tal caso, pode-se citar o
exemplo da matéria prima que, quanto mais produzir, mais será necessário
aumentar a quantidade utilizada nos produtos.
Diferentemente do custeio por absorção, o variável não utiliza o critério de
rateio, o que ocasiona a eliminação da possibilidade de distorções. Deste modo, as
vantagens sobre o custeio por absorção se tornam significativas quando levadas em
consideração a apuração de resultados financeiros.

Colocar outra figura


Figura 2: Custeio Variável

2.3 Custeio ABC


O Custeio Baseado em Atividades (ABC) é um método de custeio cujo
objetivo é o de avaliar com precisão as atividades desenvolvidas em uma empresa,
utilizando de direcionadores para alocar as despesas e custos indiretos de uma
forma mais realista aos produtos e serviços. O ABC parte do princípio, de que não é
o produto ou serviço que consome recursos, e sim, ao de que os recursos são
consumidos pelas atividades e estas, por sua vez, são consumidas pelos produtos
ou serviços.
Portanto, o centro de interesse do ABC concentra-se nos gastos indiretos. A
característica desse método é a atribuição mais rigorosa desses ao objeto de custo,

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permitindo um controle mais efetivo dos mesmos e oferecendo melhor suporte às
decisões gerenciais (LEONE 2000).
O grande objetivo do ABC é criar informações para decisão visando melhorar
a competitividade das empresas. Neste contexto, surgem as atividades, que se
transformam no fundamento básico do ABC, que segundo Nakagawa (1994) pode
ser definida como um processo que combina pessoas, tecnologias, materiais,
métodos e seu ambiente, tendo como objetivo a produção de produtos e serviços,
descrevendo a maneira como a empresa utiliza seu tempo e recursos para cumprir
sua missão, objetivos e metas.

3. Análise dos Métodos de Custeio


3.1 Divergências entre os Métodos de Custeio
Como evidenciado nos tópicos explorados logo acima, cada método de
custeio considera os elementos de custos de formas diferentes. Enquanto o Custeio
por Absorção aloca custos fixos e variáveis aos produtos e lança as despesas no
resultado do período, o Custeio Variável considera somente os custos variáveis aos
produtos fazendo com que os custos fixos sejam lançados no resultado. E por
último, o Custeio Baseado em Atividades direciona os custos que podem ser
rastreáveis entre as atividades desenvolvidas pela empresa.

3.2 Custeio por Absorção x Custeio Variável


Para que possamos analisar e verificar a diferença dos métodos de custeio
supracitados, iremos observar as vantagens e desvantagens que envolvem cada
método.
Vantagens do Custeio por Absorção:
 Está totalmente de acordo com os princípios da contabilidade e com as
leis de tributação
 Engloba todos os custos de gestão, sejam fixos ou variáveis, diretos ou
indiretos. Sendo assim, além do custo com matéria-prima, mão de obra, ferramentas
e outros, as despesas também são consideradas.
 Possibilita um planejamento a longo prazo por possuir informações
completas sobre todos os itens.

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 Define com maior precisão o custo final de cada produto.
 É menos complexo e pode ser utilizado em alguma apresentação
externa. A tomada de crédito, por exemplo.
Desvantagens do Custeio por Absorção:
 A dificuldade em elaborar um preço de venda competitivo. Isso porque
não existe clareza sobre a margem de contribuição de cada produto comercializado
 A demora para gerar as informações completas, pois é necessário
findar um ciclo para ter todos os custos em mãos
 Não considera os momentos de parada da empresa Utiliza-se, na
maioria das vezes, de arbitrariedade ao considerar o rateio entre os produtos.
 Muitas vezes essa decisão é injusta.
Vantagens do Custeio Variável
 Impede que aumentos de produção que não correspondam a aumento
de vendas distorçam o resultado: Como os Custos Fixos são abatidos diretamente
do resultado no Custeio Variável, o aumento de produção desvinculado do aumento
de vendas não provoca qualquer alteração no lucro líquido da empresa;
 É uma ferramenta melhor para a tomada de decisões dos
administradores.
 O uso do Custeio por Absorção pode induzir a decisões errôneas sobre
a produção.
Desvantagens do Custeio Variável
 No caso de Custos Mistos (custos que têm uma parcela fixa e outra
variável) nem sempre é possível separar objetivamente a parcela fixa da parcela
variável.
 Embora existam técnicas estatísticas para efetuar tão divisão, muitas
vezes ela é tão arbitrária quanto a rateio dos CIF no Custeio por Absorção.
 O Custeio Variável não é aceito pela Auditoria Externa das empresas
que tem capital aberto e nem pela Legislação do Imposto de Renda, bem como por
uma parcela significativa de contadores.

3.3 Aplicação da Margem de Contribuição para Fins Decisórios


Quando se trata de custos para fins gerenciais e decisórios, a análise da
margem de contribuição é bastante apreciada. Sua abordagem pressupõe a
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utilização do custeio variável, pois, o custo variável subtraído da receita proveniente
da venda do produto gera uma margem de contribuição. Conforme Bruni e Famá
(2004) o custeio variável é sugerido para fins decisórios devido a não haver rateios
de custos fixos ou indiretos, o que não provoca distorções no custo dos produtos.
A possibilidade da direção da empresa tomar decisões que provoquem
alteração na estrutura de custos e as variações do preço de venda devido a fatores
de mercado, que provocam alterações na margem de contribuição, são argumentos
citados para corroborar tal afirmativa. Outra questão a ser considerada é que a
avaliação de produtos pela margem de contribuição necessita de um maior
aprofundamento para tornar-se amplamente válida num cenário de longo prazo.
Um elemento a ser avaliado é a projeção do fluxo de caixa a ser gerado pelo
produto em períodos futuros, demonstrando a viabilidade de manutenção do seu
volume de vendas, evitando tomar decisões equivocadas a partir de um produto com
alta margem de contribuição, mas sem estimar seu potencial de vendas. A análise
da margem de contribuição é relativamente simples, pois visa a identificar o que
sobrou da receita de vendas depois de deduzidos os custos e as despesas variáveis
de fabricação. O valor resultante irá contribuir para a cobertura dos custos fixos e
para a formação do lucro.
A margem de contribuição pode ser calculada de forma unitária ou total. A
margem de contribuição unitária é a diferença entre a receita e o custo e despesa
variável de cada produto. Por sua vez, a margem de contribuição total considera o
volume total da receita diminuído do total das despesas variáveis e custos variáveis.
Podemos obter a margem de contribuição unitária pela formula:

MC unitário = V – (CV + DV)


Onde
MC = Margem de contribuição unitária
V = preço de venda unitária
CV = custo variável
DV = despesa variável

4. Ponto de Equilíbrio

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O ponto de equilíbrio é o indicador de segurança da empresa, pois indica o
valor mínimo que é necessário comercializar, vender para que as receitas se
igualem aos custos e despesas da empresa; Atingindo tal valor, é excluída a
hipótese de prejuízo e, ultrapassando o mesmo, inicia-se a obtenção do lucro.
A análise do equilíbrio entre receitas de vendas e custos é muito importante
como instrumento de decisão gerencial. O sucesso financeiro de qualquer
empreendimento empresarial está condicionado à existência da melhor informação
gerencial. Santos (2011, p.37) Santos, 2011, em seu livro: Contabilidade e Análise
de Custos traz uma definição simplicista do ponto de equilíbrio:
É a expressão usada para definir o equilíbrio entre o faturamento de
vendas e os custos totais, equivalente ao lucro zero. A partir do ponto de
equilíbrio (Break even point) é que as operações de uma empresa começam
a gerar lucro. O gráfico expresso abaixo traz uma representação do ponto
de equilíbrio.

Imagem 3: Ponto de Equilíbrio

Atualmente, o cenário de mercados é marcado pela competitividade, o que


faz com que qualquer ferramenta usada para desenvolver a empresa a fim de atingir
sua sustentabilidade e atender às crescentes exigências do mercado seja vista
como peça primordial no processo de tomada de decisão de curto prazo. Neste

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sentido, o ponto de equilíbrio é visto pela maioria dos gestores empresarias como
necessário e suficiente para gerir seus resultados.
A utilização do ponto de equilíbrio é capaz de agir de forma eficiente no
planejamento da gestão empresarial, identificando possíveis descontroles ocorridos,
oscilações positivas ou negativas nos inúmeros itens que o compõem, assim como
possibilitar avaliação e correções, quando necessário, em tempo que possa
recuperar os resultados negativos e melhorar os almejados para futuros períodos.

4.1 Ponto de Equilíbrio Contábil


No ponto de equilíbrio a entidade não terá prejuízo nem lucro; ela atingirá o
valor necessário de venda suficiente para cobrir os custos fixos e despesas fixas,
sendo calculado pela seguinte fórmula em unidades:

PEC unidade = Custo fixo + Despesa fixa


Margem de contribuição unitária

O ponto de equilíbrio contábil ou operacional é usado comumente para


análises e auxílios na tomada de decisão e leva em consideração os custos e
despesas fixas referentes ao funcionamento da entidade.

4.2 Ponto de Equilíbrio Financeiro


O ponto de equilíbrio financeiro utiliza-se do montante dos custos fixos e
despesas fixas do período, excluindo os valores não desembolsáveis como por
exemplo a depreciação, ou seja, considera-se como custo fixo e despesa fixa do
período somente os valores desembolsáveis, focalizando os valores necessários a
geração de caixa, sendo calculado pela seguinte formula em unidades:

PEF unidade = (Custo fixo + Despesa fixa) – Valores não desembolsáveis


Margem de contribuição unitária

4.3 Ponto de Equilíbrio Econômico


Para se encontrar o ponto de equilíbrio econômico é necessário levar em
consideração as despesas fixas, custos fixos e lucro desejado de um determinado
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período. O ponto de equilíbrio econômico é o volume de venda necessário suficiente
para cobrir todos os custos variáveis e despesas variáveis e gerar margem de
contribuição para cobrir os custos fixos e despesas fixas e o lucro desejado.

PEE unidade = (Custo fixo + Despesa fixa) + lucro desejado


Margem de contribuição unitária

5. Formação do Preço de Venda


O preço de venda, em qualquer setor produtivo (quer seja de bens materiais
ou intangíveis), ainda é um dos principais elementos de diferenciação e de
competitividade. Por isso, destaca-se a necessidade de se conhecer perfeitamente
os custos para que se possa calcular um preço de venda adequado ao mercado,
sendo assim a empresa deve manter um sistema de monitoração constante do
mercado. O preço ideal de venda é aquele que cobre os custos do produto ou
serviço e ainda proporciona o retorno desejado pela empresa, sendo assim ela
avalia se seu preço ideal de venda é compatível com aquele vigente no mercado.    
O método abrangente na formação de preços consiste na aplicação de um
percentual (Mark-up) sobre o custo de produção ou operação. O percentual de Mark-
up é geralmente aplicado sem um embasamento mais profundo. Pode ser uma
imitação do líder setorial, decisão administrativa, tradição e etc. Esse procedimento
acarreta uma rentabilidade efetiva menor ou maior do que a acreditada.  
Equação do Preço:    
PV = CP + CV + MC    
LEGENDA:    
PV = Preço de Venda CP = Custo de Produção    
CV = Custo Variável de Venda MC = Margem de Contribuição    
A grande dificuldade em se montar o preço de venda é que tanto a MC como
os CV incidem sobre o próprio preço de venda e não sobre os custos.    
O IPI é um dos poucos impostos que incidem sobre o preço total das
mercadorias.

5.1 Conceito de Mark-up

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O mark-up é um dos métodos mais utilizados pelas empresas para determinar
os preços de seus produtos.
A tradução mais comum de mark-up é “taxa de marcação”, um termo que
indica quanto do preço do produto está acima de seu custo de produção e
distribuição. Assim, o mark-up pode ser definido como um índice aplicado sobre o
custo unitário de produtos e serviços para definição do preço de venda, que garante
a obtenção da margem de lucro desejada.
A popularidade do método se deve à sua facilidade de implantação na política
de preços, que muitas vezes é um desafio para os gestores. Afinal, a formação do
preço de venda é um processo complexo, que depende de aspectos como a oferta e
procura, concorrência e condições de mercado.
Com o mark-up, os gestores têm maior segurança para definir preços a partir
dos custos, que são mais fáceis de apurar do que outros fatores ligados ao mercado
pois sabemos que o principal objetivo das empresas é o lucro. No entanto, não
existe uma fórmula mágica para definir preços de venda sem considerar o custo total
do produto, elasticidade da demanda, preços dos concorrentes e outros fatores
essenciais.
 Com tantas variáveis, o mark-up se torna uma ferramenta valiosa, pois
o mesmo pode ser adicionado como um incremento ao custo, cobrindo as seguintes
contas:
 Impostos sobre vendas Despesas administrativas fixas
 Despesas de vendas fixas Custos indiretos de produção fixos
 Taxas variáveis sobre vendas.
Segundo Trevisan (2018), o mark-up é fundamental para guiar o empresário
na precificação. Isso porque um dos grandes erros dos gestores é levar em conta os
preços da concorrência e do mercado sem priorizar os próprios custos.
Portanto, com a aplicação do mark-up, o gestor garante que o preço de venda
será o suficiente para cobrir os custos de produção e gerar lucro, sem ameaçar a
competitividade do produto ou serviço no mercado.

5.2 Exemplo do calculo da formação do preço de venda com base no


Mark-up multiplicador.

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Para a formação do preço de venda no presente trabalho, será utilizado o
método com base no custeio direto ou variável. Para obtenção do preço de venda
será considerado o Mark-up multiplicador conforme fórmula a ser demonstrada.

Suponha que uma determinada empresa com atividade de industrialização


tenha as seguintes informações:

Produto fabricado J, materiais diretos aplicados 28,00, mão de obra


direta aplicada 0,75. A empresa é optante pelo simples nacional e tem o
percentual de 5%. A empresa deseja obter a margem de contribuição de
34%.

 Formula do Mark-up multiplicador

1 /(1- (%DVV* + %MC**) /100)

*DVV= Despesas variável de venda


*MC= Margem de contribuição

Mark-up = 1 / (1- ( 5 + 34 ) /100)


Mark-up = 1 / (1-39/100)
Mark-up = 1 / 0, 61
Mark-up = 1, 6393

 Calculo do preço de venda

Preço de venda= custo direto * Mark-up


Preço de venda= 28,75 * 1, 6393
Preço de venda= 47,12

 Memória de calculo

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Preço de venda 47,12
(-) Custos direto 28,75
(-) % Simples nacional 5%
= Margem de contribuição 16,02

Valor MC / Valor PV * 100


16,02 / 47,12 * 100
= 34%

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