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brasileira
Resumo.
Palavras-Chave:
Abstract.
Key Works:
1. Introdução
Este artigo tem por objetivo refletir sobre a contribuição do trabalho artesanal feito na região
nordeste do brasil, na identidade e produção da Moda brasileira.
A Moda Brasileira, ainda é uma das mais jovens do mundo. As criações feitas por brasileiros
começaram a ser populares e comercializadas com mais força na década de 90 e passaram por
uma série de evoluções até hoje, onde já ganha destaque inclusive internacionalmente.
Atualmente, os estilistas brasileiros apresentam suas principais coleções na São Paulo Fashion
Week (a mais importante semana de Moda da América Latina), e no Fashion Rio. Mesmo com
o mercado de Moda mais solidificado no Brasil nos últimos anos, muito ainda se fala sobre “O
que é a Identidade de Moda Brasileira”. Afinal, pra Moda ser “brasileira” basta ser produzida no
Brasil? A moda brasileira ainda é conhecida só pelos biquínis e pelas “Havaianas”?
Contudo, o autor deste artigo tem como objetivo compreender a contribuição da manufatura
do nordeste na moda brasileira, através dos seguintes questionamentos: Que influência o
ambiente e a cultura influenciam na identidade do produto artesanal? Qual é o conceito de
“DNA brasileiro” na moda atual? Como a manufatura do Nordeste é utilizada hoje na moda
brasileira?
Alguns dos significados básicos de “Ambiente”, são: ¹Que está à roda ou em volta de (pessoa
ou coisa) e Conjunto das particularidades de um meio social, natural ou histórico em que se
situa uma ação. As relações entre o homem e o ambiente influenciam diretamente na maneira
como ele se desenvolve em vários aspectos, como se alimentar, se vestir, e até mesmo na
maneira de falar, ou seja, essas relações que geram a cultura e a identidade. O corpo, é o
responsável por essa adaptação do homem ao seu ambiente. Ele funciona como um canal que
permite através dos sentidos que o ser humano se interaja com o local onde vive e se
desenvolva a partir disso. Katia Castilho (2005) define o corpo como um canal de naturalização
do processo:
Um dos principais objetivos das etiquetas brasileiras atualmente, tem sido o de criar produtos
que tenham “DNA Brasileiro” mas que ao mesmo tempo sejam globais. Isso se dá no intuído
de que se possa adotar a identidade (construída a partir da mistura das culturas brasileiras)
para a criação, fazendo com que o brasileiro passe a consumir algo com que se identifique
através do design e que possa ser exportado.
Sobre o DNA Brasileiro, Caldas (2004) fala sobre o Design e a Identidade no Brasil
Contemporâneo e destaca justamente a busca dessa “globalização” do produto brasileiro.
Por outro lado, alguns estilistas acreditam que a inserção de alguns aspectos típicos do brasil
na confecção dos produtos, como a produção da ‘renda filé’ do Nordeste já tornam os produtos
de Moda brasileiros. As faculdades de Moda brasileiras, tem buscado cada vez mais que seus
alunos busquem este equilíbrio entre a identidade cultural brasileira e o globalizado.
Entretanto, alguns elementos negativos nesse tipo de didática vêm sendo encontrados, hora
pelo uso do literal, hora pelo uso do folclórico (que não é considerado moda). Caldas (2004
descreve a solução adotada.
“(...) por parte dos estilistas, mas também por alunos de escolas de
moda, de criar relações a partir de um repertório de tipos de brasileiros,
extraídos do folclore nacional. Foi uma das respostas mais fáceis, mas
que logo se mostrou equivocada. O fato é que, frequentemente,
obtinham-se coleções que transmitiam uma imagem de “tipos brasileiros
de exportação”, ou seja, já filtrados pelo olhar estrangeiro ou pelo que
se imagina ser uma baiana ou um cangaceiro. (...)” (CALDAS, 2004 p.
155)
Segundo o Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), na copa do Mundo da FIFA,
realizada em 2014, o Brasil recebeu cerca de 1 milhão de estrangeiros, estes vindos de 203
países diferentes. Sites como o WGSN e o Use Fashion apontaram o “Brasil” e a “Brasilidade”
como conceitos fortes para tendências no setor da Moda, e que se refletiram em coleções
apresentadas por inúmeras marcas como Prada, Animale e Paula Raia.
Com a aprovação tanto interna quanto externa do evento, os brasileiros passaram a olhar mais
para si mesmos e observar o que faz dessa mistura de culturas de tantos lugares construírem
a identidade brasileira, tão aprovada pelos estrangeiros. “Nunca o brasileiro interessou-se
tanto por si mesmo: melhor assim, pois não há outro caminho, além da história, para a
construção da identidade de um país. ” (CALDAS, 2004 p.171)
A região nordeste é uma das cinco regiões brasileiras definidas pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística em 1969. A região é formada por nove estados (é a região que possui o
maior número de estados) e é mundialmente conhecida pelo litoral paradisíaco, pela culinária
típica e pelos movimentos culturais, tanto os tradicionais (em sua maioria regionais) quanto os
mais vanguardistas.
A manufatura do nordeste, por sua vez tem entrado nesse processo de dinamismo de raízes
pelo fato da moda estar saturada de produtos de fast fashion, termo adotado nos anos 90 pelo
comércio que classifica as peças que são fabricadas com menor custo e mais próximas ao
período de venda. Esse tipo de consumo, vem crescendo ainda mais nos últimos anos com a
chegada de grandes grupos estrangeiros, fato que pode ser atribuído ao crescimento da
economia brasileira, que fez emergir uma nova classe média sedenta por consumo.
Assim, a busca pelo feito à mão tem sido classificada como “o novo luxo”. Isso se dá pelo
artesanal, por mais que seja feito por uma mesma pessoa e pelo mesmo processo, sempre se
sairá diferente; o produto carrega uma força pessoal sobre o resultado final. Barroso (2002,
p.13) ressalta que, entretanto deve-se aplicar uma adequação do artesanato ao mercado, e
que a intimidade do artesão com o produto, é o grande diferencial entre o produto industrial e
despersonalizado e o produto artesanal.
Os estilistas brasileiros Walter Rodrigues e Lino Villaventura, fizeram fama e ambos têm o
artesanato nordestino como principal elemento na identidade de seus produtos, tanto na
confecção, quanto na estética. Outro defensor do trabalho artesanal nordestino é o estilista
mineiro Ronaldo Fraga, que citado por AGUIAR (2012), disse:
“ Nós designers, temos a obrigação de dar retorno, pois não existe para
mim uma via de mão única. Meu trabalho sempre foi pensado e
proposto para que tivesse um retorno, para que cada vez mais eu
pudesse conhecer pessoas com talentos incríveis, para que eu tivesse a
chance de falar sobre isso e divulgar. [...] O artesanato tem a
possibilidade de fixar as pessoas no lugar, fazer com que as pessoas
olhem para a natureza de uma forma diferente, apaixonante. ” Walter
Rodrigues, estilista (AGUIAR, 2012 p.128)
Walter Rodrigues possui um trabalho com as rendeiras da Comunidade do Morro da Mariana,
no Piauí desde 2000. O estilista, citado por Aguiar (2012 p.128), e Barroso (2002, p.25)
acreditam que para que o artesanato brasileiro ganhar força de mercado na produção da moda
brasileira, deve-se implantar programar governamentais com o intuito de que as capacidades
produtivas e tecnológicas das comunidades aumentem, mas que a as características do
trabalho que são justamente construídas a partir da cultura daquela comunidade, não se
percam.
5. Considerações finais
Referências
AGUIAR, Titta. “Moda Artesanal brasileira na visão de um personal stylist” Asão Paulo:
Editora SENAC SP, 2012.
LAGES, Cinthia Maria Neves. “Moda + Artesanato”. Piauí: SEBRAE (Publicação), 2003
PALOMINO, Erika; “A Moda” (Coleção Folha Explica) – São Paulo: Publifolha, 2002
PRADO, Luis: BRAGA, Joao. “História da Moda no Brasil: das Influências às auto
referências”. 2ª edição. São Paulo: Disal Editora, 2011.