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APOSTILA - INTENSIVÃO DA BIOQUÍMICA APLICADA EM CASOS CLÍNICOS

Olá!
Preparei essa apostila com muito carinho
para te ajudar a aplicar todo o
conhecimento na sua prática clínica. Você
poderá utilizar todo o conteúdo para
consultar e para estudar ainda mais depois.

Espero que você adquira muito


conhecimento nesse Intensivão e isso te
faça chegar cada vez mais perto do
sucesso!

Se você gostar dessa apostila, tira uma foto


e me marca lá no instagram. Eu adoro saber
o que vocês estão sentindo do conteúdo.
Meu instagram é: @dra.alinedavid.

Bons estudos!

DRA. ALINE DAVID - 2020


APOSTILA - INTENSIVÃO DA BIOQUÍMICA APLICADA EM CASOS CLÍNICOS

O caso clínico que iremos comentar será


sobre um homem de 38 anos, casado, ciclista
que prática 3 horas de pedal por dia, além
de musculação 3 vezes por emana durante 1
hora. Suas queixas principais são sobre
desconforto intestinal (cólicas e flatulências),
urgência fecal durante o pedal, nesse
sentido ele também apresenta muito
cansaço durante e após o pedal com
câimbras significativas.
Com os dados de peso atual: 70 kg e altura:
1,80m foi possível calcular o IMC, sendo de
21,60kg/m2 demonstrando o estado
nutricional de eutrofia.

DRA. ALINE DAVID - 2020


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Primeiramente devemos avaliar a alimentação do paciente.


De acordo com o recordatório habitual no café da manhã
(6:00) pré treino de pedal com duração de (7:00 até 10:00)
relatou consumir 300ml de suco de laranja e 4 ovos, no intra
treino utiliza 100g de maltodextrina com 500ml de água. No
almoço (12:00) consome 100g de arroz branco, 120g de feijão
carioca, 200g de frango e suco de limão adoçado com xilitol.
Durante a tarde (15:00) realiza treino de musculação e
consome uma barrinha proteica com cerca de 20g de
proteína, até mesmo nos dias que não prática o exercício.
No jantar por volta de (20:00) ele consome a mesma refeição
do almoço e na ceia (22:00) faz ingestão de um scoop de
caseína.

DRA. ALINE DAVID - 2020


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De acordo com a alimentação do atleta em relação


ao desempenho físico, é fundamental um ajuste
adequado de carboidratos e segundo o recordatório
alimentar a quantidade de ingestão foi em torno de
3.5g/kg/dia. Vale ressaltar que o adequado para a
condição de esporte que ele prática é de 6-10g/kg/dia,
resultando em 42-70g/dia.

Com tudo, apesar da recomendação de carboidratos


possuir uma faixa grande de 6-10g/kg deve ser levado
em consideração o desconforto gástrico que o atleta
possui, pois se a recomendação de carboidratos for
excessiva a situação dele pode piorar, sendo assim a
quantidade deve ser aumentada aos poucos.

DRA. ALINE DAVID - 2020


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O atleta relatou consumir o adoçante xilitol que é um


poliol e muitos pacientes apresentam desconforto
gástrico e diarreia após seu consumo. Com isso, é
possível que o desconforto e a urgência fecal que ele
sente seja proveniente da utilização desse adoçante.

Para a condição que o atleta se encontra a


recomendação de proteínas adequada seria de 1.2 –
2.0g/kg/dia, resultando em 84 – 140g/dia, porém a
partir do recordatório a quantidade foi de 2.7g/kg/dia.
Ademais, vale ressaltar que o excesso de proteínas
pode levar a um quadro de disbiose intestinal.

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A recomendação de lipídios adequada para esse


atleta seria em torno de 20 – 30% do VET, e nesse
caso ele está consumindo por volta de 23% estando
de acordo com a recomendação. No entanto, ele não
faz ingestão de ômega 3 e essa será uma questão
importante para ser ajustada na prescrição
dietética.

Segundo o recordatório alimentar o paciente


consome muito pouco frutas, legumes e verduras,
com isso resultando na falta de fibras, vitaminas e
minerais que podem estar causando a sensação de
cansaço. Além disso, o consumo de água do atleta
pode não estar adequado e também a falta de
variabilidade do cardápio se encontra ruim.

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A refeição realizada pelo atleta para o pré treino de


pedal composta por suco de laranja e ovos, se
considerarmos ela para promoção do desempenho
esportivo e endurance esses alimentos não são
favoráveis para este fim. Sendo assim, para
treinamentos acima de 60 minutos a recomendação de
carboidratos é de 1 – 4kg/kg de 1 a 3 horas antes do
exercício físico, logo ele deveria consumir de 70 - 280g
nesse período. Ademais, por conta dos sintomas
gastrointestinais devemos iniciar a prescrição pela
menor quantidade de carboidratos e evitar o consumo
de fibras e lipídios nesse período.

Nas refeições pré treino é importante utilizar os


carboidratos de baixo a moderado índice glicêmico,
para isso se consideramos o macarrão, seu índice
glicêmico é moderado e poderia ser utilizado no lugar
do suco de laranja e os ovos.

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Para a condição que o paciente se encontra em exercício


físico de até 3 horas, é importante avaliar não somente os
carboidratos, mas também a quantidade de água.
Para esse tempo de treinamento a quantidade de
carboidratos é de 90g por hora ou mais, sendo então 270g,
porém ele utiliza 100g e relata desconforto intestinal, talvez
essa quantidade seja muito para ele ou o tipo de carboidrato
pode estar influenciando os sintomas.

Nas células intestinais como os enterócitos temos proteínas


transportadoras de glicose que transportam glicose e frutose,
no qual o GLUT5 transporta exclusivamente a frutose e o
SGLT-1 transporta especialmente a glicose. Por conta disso, se
o indivíduo ingerir apenas maltodextrina ele vai utilizar
apenas a via do SGLT-1, mas se misturar a maltodextrina com
a frutose por exemplo, também serão utilizadas outras vias
como a do GLUT5 e isso é interessante para que ocorra maior
absorção de carboidratos.

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Para que aconteça uma melhor absorção dos


carboidratos especialmente da glicose, é importante
a utilização de sódio e por isso os sais minerais são
fundamentais. Isso se dá porque no enterócito existe
uma proteína “bomba de sódio e potássio” chamada
ATPase que depende de sódio para funcionar e ela
gera um gradiente de concentração para que o
SGLT-1 consiga transportar glicose, pois esse
transportador também só funciona na presença de
sódio. A partir disso, vale ressaltar que durante as 3
horas de pedal o paciente não utiliza nenhum tipo de
sal ou sais minerais, com isso devemos suplementar
cápsulas de sal ou repositor hidroeletrolítico que
contenha sódio.

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É muito importante avaliar a taxa de transpiração do paciente e isso


pode ser feito através da pesagem dele, antes do treino e depois do
treino, mas se ele ingerir algum líquido ou urinar os volumes devem
ser avaliados, contudo esse valor vai ser dividido pelo tempo de
treinamento. Em relação ao nosso atleta, ele pesou 70kg pré treino e
68kg pós treino, consumiu 500ml de água e fez 500ml de urina. Desta
forma, após o cálculo ele transpirou 2 litros a cada 3 horas,
equivalendo a 0.66L/hora, logo a ingestão dele durante o
treinamento está muito escassa.

A refeição de pós treino do atleta é o almoço onde ele consome


arroz, feijão, frango e suco de limão com xilitol, mas vale ressaltar
que essa refeição é o pré treino da musculação que ele realiza
durante a tarde e, portanto, deve proporcionar recuperação para
esse treino. Sendo assim, a recomendação para que ocorra
recuperação de glicogênio muscular é de 1 – 1.2g/kg de carboidrato
a cada hora nas primeiras 4 horas após o término do primeiro treino,
resultado em 280 – 300g de carboidrato. No caso desse paciente a
ingestão de carboidratos está muita baixa, podendo estar
causando os sintomas de cansaço e câimbras durante o
treinamento.
Sendo assim, dentre os pontos que devem ser levados em
consideração e ajustados está o aumento na ingestão de
carboidratos, preferencialmente com carboidratos que consigam
repor o estoque de glicogênio muscular para o próximo treino.

DRA. ALINE DAVID - 2020


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Training low compit high se baseia em uma estratégia com


depleção de glicogênio muscular em alguns momentos e depois
ocorre aumento de carboidratos para que o indivíduo tenha maior
quantidade de glicogênio muscular. Sendo assim, pode ser feito por
alguns momentos uma dieta low carb, treino longo sem reposição
de carboidratos, sleep low, ausência de carboidratos no pós treino e
treino em jejum também, porque quando existe essa baixa
quantidade de glicogênio muscular ,ocorre aumento na expressão
bioquímica de algumas enzimas como a glicogênio sintase, além
disso, a contração muscular no exercício promove mais
translocação de GLUT4.

Contudo, o indivíduo consegue obter maior ressíntese de glicogênio


muscular em até 5 vezes mais, o qual está totalmente atrelado com
a melhora no desempenho físico.
Porém, essa conduta deve ser aplicada e testada no paciente nos
períodos de treinamento e nunca no período de competição, mas se
o paciente já estiver apto para essa conduta ela pode ser realizada
pelo menos 6 dias antes da competição.

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Para a recomendação de carboidratos sem estratégias


alimentares pré competição, deve ser de 5g/kg/dia
durante os 6 dias antes da competição. No entanto, se o
atleta realizar as estratégias nutricionais ele terá uma
supercompensação de glicogênio, resultando em uma
melhora significativa no desempenho esportivo.
Dentre as estratégias, pode ser reduzida a quantidade
de carboidratos para menor de 2g/kg nos dias 6,5 e 4
antes da competição, seguida por posterior aumento de
8 – 12g/kg nos dias 3,2 e 1 antes da competição.

Nos casos em que o atleta não gosta de carboidratos,


ele pode realizar estratégias com quantidade
moderada entorno de 5g/kg nos dias 6,5 e 4 e aumentar
essa quantidade para 8 – 12g/kg nos dias 3,2 e 1 pré
competição.

Para mais, a estratégia de zerar carboidratos nos dias


6,5 e 4 antes da competição e depois aumentar para
10g/kg nos dias 3,2 e 1, também é excelente para
aumentar quantidade de glicogênio muscular e
melhorar o desempenho.

DRA. ALINE DAVID - 2020


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É de suma importância que o profissional nutricionista


converse com o treinador a respeito da carga de
treinamento do atleta, pois a carga e a intensidade
durante essas estratégias devem ser reduzidas, visto
que se a carga for maior a quantidade de glicogênio
depletado também será, e isso prejudicará os estoques
do mesmo.

DRA. ALINE DAVID - 2020


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As proteínas devem ser ajustadas não somente para a


quantidade total do dia, mas para uma periodização
por volta de 0,25 – 0,3g/kg/refeição. Ademais a
qualidade proteica também é importante, sendo
significante a utilização de 3g/refeição de leucina e
cerca de 8 – 10g/refeição de aminoácidos essenciais até
2 horas pós exercício. Em relação ao timing de proteínas
deve ocorrer ingestão proteica a cada 3 – 4 horas para
potencializar a síntese de proteínas muscular,
lembrando que o teto máximo de aproveitamento de
proteínas é de 40g/refeição.

DRA. ALINE DAVID - 2020


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A via ATP-CP é essencial para formação de energia


durante o exercício físico, mas sua demanda depende
de cada tipo de treinamento, por exemplo na
musculação ela é muito utilizada. Assim sendo, o
suplemento que favorece o seu funcionamento é a
creatina pois ela aumenta a ressíntese de ATP.

A suplementação de cafeína deve ser ofertada em


doses de 3 – 6mg/kg por no máximo 1 hora antes do
treinamento por conta do seu pico de ação, além disso
a cafeína deve ser a anidra.

A atuação de cafeína se dá por sua ação em reduzir a


afinidade da dopamina nos receptores D2 e isso
consequentemente leva o indivíduo a ter mais
motivação ao esforço, inclusive no exercício físico por
aumentar o estado de alerta do paciente.

DRA. ALINE DAVID - 2020


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A caseína que o atleta utiliza a noite pode ser


interessante se pensarmos que ela aumenta a síntese
de proteínas musculares, proporcionando uma
absorção mais lenta e uma maior oferta de
aminoácidos durante a noite, com a dosagem em torno
de 40g.

Em relação ao whey protein o fator principal que deve


ser avaliado é a proporção de proteínas em cada dose
de whey que deve ser de pelo menos 80% de proteínas.
No entanto a ingestão de proteínas do paciente já está
adequada, não sendo necessário sua utilização

A beterraba seria uma ótima aliada para a perfomance


desse atleta, podendo ser introduzida em substituição
do suco de laranja do café da manhã por suco de
beterraba. No que diz respeito a desempenho ela possui
nitrato que é um potente vasodilatador, além de conter
a capacidade de aumentar a atividade das fibras
musculares do tipo 2 e promover melhora na redução da
dor muscular.

DRA. ALINE DAVID - 2020


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o método completo para você


fazer prescrições assertivas por
meio do domínio da bioquímica

DRA. ALINE DAVID - 2020


INTRODUÇÃO DA BIOQUÍMICA
Introdução à Bioquímica
Proteínas
Lipídeos
Carboidratos

Carboidratos da Teoria à Prática


Introdução ao Metabolismo
Introdução aos Carboidratos e Amido Resistente
Digestão e Absorção de Carboidrato
Diabetes Mellitus
Glicólise
Metabolismo da Frutose e Frutosemia
Intolerância a Lactose e Galactosemia
Ciclo de Krebs
Fosforilação Oxidativa
Fermentação Lática
Fermentação Alcoólica
Glicogênese /Glicogenólise /Gliconeogênese
Vias das Pentoses
Carboidrato Parte Prática

Lipídios da Teoria à Prática


Introdução Lipídeos
Digestão e Absorção e Metabolismo das Lipoproteínas
Biossíntese de Ácidos Graxos
Lipólise e Oxidação de Ácidos Graxos
Produção de Corpos
Cetônicos
Ômega 3 e 6
Óleo de Coco
Ácidos Graxos Trans
Rancificação
Biossíntese de Colesterol
Parte Prática Lipídeos
Proteína da Teoria à Prática
Introdução Proteínas
igestão e Absorção das Proteínas
Síntese Proteica
Degradação Das Proteínas
Catabolismo Proteico
Ciclo da Ureia
Fenilcetonúria
Colágeno
Anemia Falciforme
Tirosinemia
Parte prática - Proteínas
Bioenergética
Macronutrientes no esporte
Hidratação e termorregulação
Ebook de Suplementos Ergogênicos

Como fazer uma prescrição de manipulados


Suplementação de micronutrientes
Forma química da formulação

Estresse oxidativo
Antioxidantes
Funções dos composto bioativos

Adoçantes no mercado
Riscos envolvidos no consulmo
Recomendações nutricionais

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