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Título do Trabalho:
Trabalho apresentado ao
*
Professora Assistente do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal da
Paraíba – UFPB
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INTRODUÇÃO
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Cf. Conferência Geral do Episcopado Latino Americano. A igreja na atual transformação da América à
luz do Concílio. Conclusões de Medellín. Petrópolis: Vozes, 1971; a Igreja passa a ver a realidade do
continente dentro de um novo quadro teórico, em que esta se apresenta como parte do espaço geográfico
e social que forma o terceiro mundo. As categorias subdesenvolvimento / desenvolvimento, dominação /
dependência integram o pensamento eclesial, no sentido de assumir um compromisso junto com o povo,
dando atenção preferencial aos pobres e oprimidos. Puebla (1979), retomando o “Evangelli Nuntiandi”,
destaca a urgência da evangelização da cultura, denunciando o descompasso entre a evangelização e
mundo contemporâneo.
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O conceito de símbolo varia conforme sua apropriação pelas diversas correntes do pensamento. Geertz,
em A interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Zahar, 1978, p. 105, considera como elementos
simbólicos todas as “ formulações tangíveis de noções, abstrações da experiência fixada em formas
perceptíveis, incorporações concretas de idéias, atitudes, julgamentos, saudade ou crenças.
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Para ele,
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Conforme as diferentes disciplinas que abordam o conceito de representações sociais tais como
sociologia, antropologia, semiótica, psicologia social entre outras.
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Minayo, M.C. Souza, em O conceito de representações dentro da sociologia clássica. In Jovchelovitch
(1995), faz uma análise a respeito da questão das construções simbólicas que expressam a realidade a
partir de Durkheim e seus seguidores, Weber e a escola fenomenológica representada por Schutz, Marx e
os marxistas que trabalham o significado das relações sociais e as contribuições de Bourdieu e Bakthim.
(p.89)
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Lembramos que o conceito de representações sociais ou coletivas, nasceu análogo às teorias da sociologia
do conhecimento e antropologia (Durkheim, Levi Bruhl, Mauss e Levi Strauss), servindo para a
elaboração da teoria e do pensamento mítico.
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Moscovici (1978), por sua vez, parte deste princípio, e vai mais
além, ao perceber que Durkheim “não aborda frontalmente nem explica a
pluralidade de modos de organização do pensamento, mesmo que sejam todos
sociais, a noção de representação perde, nesse caso, boa parte de sua nitidez”.
(p.42).
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Ressalte-se que o senso comum, proposto nas representações sociais por Moscovici, é diferente do senso
comum gramsciniano. Conforme Alonso de Andrade (1995, p.40) “o senso comum em Moscovici
corresponde ao processo de representação e consiste numa forma de conhecimento de caráter
primordial que tem finalidade prática: conhecer e agir sobre o mundo, atendendo às necessidades
cotidianas. Não é privativo de nenhuma camada social. Seus mecanismo (objetivação e ancoragem) são
comuns a todos os seres humanos.” Em contrapartida, para Gramsci (1987, p.35), o senso comum
identifica-se “a causa exata, simples e imediata não se deixando desviar por fantasmagorias e
obscuridades metafísicas pseudo-profundas, pseudo-científicas, etc.” o que corresponde a um certo
grau de assimilação da ideologia dominante pelos estratos subalternos.
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Outros autores que discutem a obra de Moscovici, a exemplo de Doise (1985) e Jahoda (1988) também
fazem críticas a esta lacuna , afirmando o abandono do conceito de ideologia ou a sobreposição entre
ideologia e representações sociais.
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Convém lembrar que em Gramsci (1987, p.16) a concepção de ideologia é bastante extensa. Para ele a
ideologia é definida como “uma concepção de mundo que se manifesta implicitamente na arte, no
direito, na atividade econômica, em todas as manifestações da vida individual e coletiva.”
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Ressalte-se, ainda, que Bourdieu trata a religião como um sistema simbólico pelo
qual se opera a ordenação lógica do mundo natural e social. A religião faz “a
alquimia ideológica pela qual se opera a transfiguração das relações sociais em
relações sobrenaturais, inscritas na natureza das coisas e, portanto, justificadas.”
(Bourdieu, 1987, p.33).
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Cf Alonso de Andrade, na perspectiva da Escola Francesa de Sociologia, a construção da identidade é
um processo representativo. A identidade é construída socialmente, de forma dinâmica e dialética, em
que o indivíduo se reveste de múltiplas identidades (identidades fracionárias) mutantes e contraditórias
entre si, mas que mantém uma certa organização, coerência e estabilidade.
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O agente pastoral
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Entende-se por praxis “o conjunto das ações organicamente orientadas para a realização de um projeto
histórico, em relação a uma percepção global do sentido da vida humana na sociedade”. D. Aloísio
Lorcheider em A respeito da comunicação sobre teologia; CNBB, Comunicado mensal, 1983, abril n.
366.
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H. Salem (coord). A Igreja dos oprimidos, São Paulo, Brasil Debates, 1981; L. E. Wanderley. Educar
para transformar: educação popular, Igreja Católica e política no Movimento de Educação de Base,
Petrópolis: Vozes, 1984.
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FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975.
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fazer com que ele tenha um sentido para quem o representa, passando assim a
fazer parte do seu mundo. (Alonso de Andrade, 1995, p.45).
modernidade: uma análise crítica. Perspectivas pastorais n.4 , São Paulo: Paulinas, 1993 ; Lígia de M
.P. NÓBREGA, CEBs e educação popular, Petrópolis: Vozes, 1988; C. BOFF, Eclesiogênese: as
comunidades eclesiais de base reinventam à terra prometida. R.J.: Codecri, 1980, Cf. ainda C. BOFF,
Comunidade eclesial, comunidade política: ensaio de eclesiologia política. Petrópolis: Vozes, 1986.
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sagrados que dêem sentido à vida social”, o que pode ser visto nas diferentes
manifestações da espiritualidade (interpretação da Bíblia de acordo com a
narrativa da libertação dos oprimidos) e na liturgia (produção de novas formas de
rezar)
em sua vida e missão . “Para dentro, trata-se de uma Igreja de diálogo e para
fora de uma Igreja socialmente fermentadora e profética.”
comunidade. As suas ações deixam de ter caráter individual, para ser um ato
coletivo, que promove o surgimento de uma nova percepção e o desenvolvimento
de um novo conhecimento que se prolonga, sistematicamente, através de ações
recíprocas.
BIBLIOGRAFIA