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08/09/2021
Número: 0000136-52.2017.8.17.2200
Classe: APELAÇÃO CÍVEL
Órgão julgador colegiado: Segunda Turma da Câmara Regional de Caruaru
Órgão julgador: Gabinete do Des. Evio Marques da Silva
Última distribuição : 16/07/2021
Valor da causa: R$ 53.856,00
Processo referência: 0000136-52.2017.8.17.2200
Assuntos: Classificação e/ou Preterição
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ADILZA MOURA DE FREITAS COUTO (APELANTE) THIAGO REGIS DE ALMEIDA GALVAO (ADVOGADO)
RHANNA CORINA MONTEIRO CAVALCANTI (ADVOGADO)
CLAUDIA APARECIDA FERREIRA SOUZA (APELANTE) RHANNA CORINA MONTEIRO CAVALCANTI (ADVOGADO)
THIAGO REGIS DE ALMEIDA GALVAO (ADVOGADO)
JAMYLLE KARINE PAES ALEXANDRE (APELANTE) THIAGO REGIS DE ALMEIDA GALVAO (ADVOGADO)
RHANNA CORINA MONTEIRO CAVALCANTI (ADVOGADO)
JULIANA DOS SANTOS SOUZA (APELANTE) THIAGO REGIS DE ALMEIDA GALVAO (ADVOGADO)
RHANNA CORINA MONTEIRO CAVALCANTI (ADVOGADO)
MUNICIPIO DE ANGELIM (APELADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
17209 17/08/2021 15:12 Acórdão Acórdão
973
Tribunal de Justiça de Pernambuco
Poder Judiciário
Segunda Turma da Câmara Regional de Caruaru
Rua Frei Caneca, s/n, Maurício de Nassau, CARUARU - PE - CEP: 55012-330 - F:( )
Processo nº 0000136-52.2017.8.17.2200
APELANTE: ADILZA MOURA DE FREITAS COUTO, CLAUDIA APARECIDA FERREIRA SOUZA, JAMYLLE KARINE
PAES ALEXANDRE, JULIANA DOS SANTOS SOUZA
APELADO: MUNICIPIO DE ANGELIM
REPRESENTANTE: MUNICIPIO DE ANGELIM
INTEIRO TEOR
Relator:
EVIO MARQUES DA SILVA
Relatório:
1ª CÂMARA REGIONAL DE CARUARU – 2ª TURMA
RELATÓRIO
1. Trata-se de Recurso de Apelação interposto por CLAUDIA APARECIDA FERREIRA SOUZA contra
sentença proferida pelo Juízo da Vara Única da Comarca de Angelim-PE que julgou improcedente o pleito
da parte autora, através do qual pretendia a Recorrente sua nomeação no cargo de Professor II - História.
2. Em suas razões recursais (ID 16772586), afirma a apelante, em apertada síntese, ter sido
preterida em sua nomeação, em razão de haver estagiários e funcionários contratados temporariamente
desempenhando as atividades executadas pelos ocupantes do cargo público ora pretendido. Aduz que há
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documentação oficial emitida pela própria edilidade que confirmaria tal preterição.
Pugna, dessa forma, pelo provimento da apelação e reforma da sentença vergastada.
3. A parte apelada, embora devidamente intimada, deixou transcorrer in albis o prazo para
apresentação de contrarrazões, consoante certidão de ID 16772589.
4. Eis, suscintamente, o relatório. Inclua-se em pauta.
Voto vencedor:
1ª CÂMARA REGIONAL DE CARUARU – 2ª TURMA
VOTO
1. O recurso foi interposto sob a égide do CPC/2015, contra sentença proferida após o dia
18/03/2016. Nessa toada, aplica-se ao caso o Enunciado Administrativo nº 3 do Superior Tribunal de
Justiça – STJ, o qual determina que serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma do
CPC/2015.
Assim, conheço do recurso, porquanto presentes os pressupostos necessários à sua
admissibilidade.
2. Insurge-se a Recorrente contra sentença proferida pelo Juízo de Piso que julgou improcedente o
pleito da impetrante, através do qual pretendia a apelante sua nomeação e posse no cargo de Professor II -
História.
Para o referido cargo, foi destinada, no edital, apenas 1 (uma) vaga, tendo a parte
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autora/recorrente sido aprovada na 2ª colocação. Aduz ter sido preterida, tendo em vista a existência de
pessoas ocupando o cargo por meio de contrato precário temporário e estagiários.
A doutrina mais abalizada e a jurisprudência atual se consolidaram no sentido de garantir ao
candidato aprovado entre as vagas oferecidas no edital do concurso o direito subjetivo de ser nomeado e
empossado dentro do período de validade do certame.
A oferta de vagas previstas em editais de concurso gera a presunção de necessidade de
nomeação de pessoal pela Administração Pública, isto por entender-se existir déficit no preenchimento dos
cargos que compõem os quadros de determinado órgão. Essa oferta publicizada através de edital vincula
o Ente Público a agir de acordo com os seus ditames, isto é, a comportar-se em consonância com o
conteúdo dos itens editalícios, nomeando os candidatos aprovados dentro das vagas disponibilizadas, sob
pena de violação aos princípios constitucionais do regime jurídico administrativo estabelecidos no art. 37
da Carta Magna.
O candidato aprovado fora do número de vagas, por sua vez, em regra, não tem direito subjetivo à
nomeação, mesmo que surjam ou sejam criadas vagas durante o prazo de validade do concurso. Trata-se,
na verdade, de mera expectativa de direito.
E assim já restou pacificado tanto no Superior Tribunal de Justiça (STJ) quanto no Supremo
Tribunal Federal (STF), conforme trechos de arestos que ora passo a transcrever:
(...) “Os candidatos classificados em concurso público fora do número de vagas previstas no
edital possuem mera expectativa de direito à nomeação, nos termos do RE 598.099/MS,
julgado pelo Supremo Tribunal Federal.” (...) (STJ, 1ª Turma, AgRg no RMS 38.892/AC, Min.
Benedito Gonçalves, julgado em 16/04/2013)
(...) “A mera criação de novos cargos enquanto ainda vigente o concurso não garante, por si
só, o direito do candidato aprovado, mas não classificado dentre as vagas ofertas, à
nomeação. Tampouco obriga, a princípio, a administração a prorrogar o prazo de validade do
concurso, ato discricionário, submetido ao juízo de oportunidade e conveniência
administrativas.” (STJ, 2ª Turma, AgRg no Resp 1263916/PR, Min. Castro Meira, julgado em
16/04/2012)
Como se vê, quando a classificação ocorre fora das vagas do edital, o candidato, em regra, não
possui direito subjetivo à nomeação. Tal direito, todavia, surge quando se está diante de demonstração
inequívoca de preterição arbitrária e imotivada por parte da Administração.
Esse entendimento, impende ressaltar, encontra-se consolidado no julgamento do RE 837311/PI,
julgado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, em 09/12/2105, através da sistemática de
Repercussão, cujo teor ficou assim consignado:
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“O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo,
durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à
nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as
hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizada
por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca
necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser
demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, o direito subjetivo à nomeação do
candidato aprovado em concurso público exsurge nas seguintes hipóteses: 1 – Quando
a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital; 2 – Quando
houver preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação; 3
– Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade
do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e
imotivada por parte da administração nos termos acima.” (STF. Plenário. RE
837311/PI, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 09/12/2015 – Repercussão Geral – grifo
nosso)
Cabe ao Judiciário analisar o pleito sob exame com base na tese firmada pelo STF, em sede de
repercussão geral, como forma de garantir o tratamento jurídico isonômico, nos termos do entendimento
consolidado na Corte Suprema.
No caso dos autos, resta incontroverso que a parte apelante não obteve classificação dentro do
número de vagas oferecidas no edital, bem como inexiste qualquer alegação de ofensa à ordem de
classificação do certame. Logo, as hipóteses previstas nos itens 1 e 2 do precedente transcrito (RE
837311/PI) não se aplicam ao caso em análise, restando tão somente o exame do item 3 (a ocorrência de
“preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da administração”).
A parte apelante afirma ter sido preterida em virtude da indevida utilização de estagiários e de
funcionários contratados temporariamente exercendo as funções correlacionadas com o cargo de
professor por ela almejado.
A existência de estagiários desempenhando as atividades inerentes ao cargo de professor não
tem o condão de caracterizar uma preterição ou mesmo de ofender o princípio do concurso público,
conforme defende a parte apelante, isso porque, além do estagiário não ocupar o cargo de professor, não
inviabiliza o preenchimento do cargo.
A utilização de estagiários pela Administração Pública não permite, na linha da jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça - STJ, falar-se em preterição de candidatos aprovados em concurso público.
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seguintes precedentes: RE 837.311/PI, Rel. Ministro LUIZ FUX, TRIBUNAL PLENO,
Repercussão Geral - DJe de 18/04/2016 e AI 804.705 AgR, Rel. Ministro DIAS
TOFFOLI, PRIMEIRA TURMA, DJe de 14/11/2014. 3. A paralela contratação de
servidores temporários, admitidos mediante processo seletivo fundado no art. 37, IX,
da Constituição Federal, atende necessidades transitórias da Administração e não
caracteriza, só por si, preterição dos candidatos aprovados em concurso público para
provimento de cargos efetivos. 4. A admissão de estagiários, a cessão de
servidores municipais à Justiça Estadual, bem como a alegada existência de
servidor desviado de suas funções, não caracterizam preterição de candidatos
aprovados em concurso público, tendo em vista que estas pessoas não ocupam
cargos efetivos vagos que seriam, em tese, supridos pelos candidatos aprovados
no certame. Precedente: AgRg no MS 19.381/DF, Rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, Primeira Seção, DJe 01/02/2013. 5. Salvo nas hipóteses de
desrespeito à ordem de classificação ou de contratação irregular de forma precária - o
que não restou comprovado nos autos - não se pode impor à Administração a
obrigação de nomear candidatos aprovados em concurso antes de expirado o prazo de
validade do certame. Precedente: RMS 31.860/PB, Rel. Ministra ELIANA CALMON,
Segunda Turma, DJe 30/08/2010. 6. Destaca-se, ainda, entendimento desta Corte no
sentido de que" não há falar em direito líquido e certo à nomeação se ainda houver
tempo de validade do certame, pois, em tais casos, subsiste discricionariedade da
administração pública para efetivar a nomeação "(AgRg no RMS 45.138/RO, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/11/2015, DJe
20/11/2015). 7. Agravo regimental não provido.”
(STJ - AgRg no RMS 45.705/MG, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA,
DJe 19/10/2016 – grifo inexistente no texto original)
Passo a analisar a preterição alegada pela parte recorrente sob o enfoque na contratação de
pessoal de forma temporária.
Note-se que para se consolidar a hipótese excepcional não basta que se comprove ter havido
contratação temporária, e sim que esta contratação temporária seja irregular. Isso porque a contratação
temporária, fundamentada no art. 37, IX da Constituição Federal de 1988 é plenamente possível, desde
que utilizada para o exercício de função pública de forma transitória e excepcional, devidamente justificada
pelo interesse público.
Ademais, além de demonstrar a irregularidade das contratações temporárias, o candidato
aprovado fora do número de vagas previstas no edital deve comprovar que tais contratações são
suficientes para alcançar sua classificação, de modo a configurar a alegada preterição e ainda, por fim, e
principalmente, deve demonstrar a existência de cargo efetivo vago.
Logo, não basta a simples contratação de profissionais de maneira precária para se configurar a
preterição do candidato aprovado fora do número de vagas, sendo imprescindível para tanto que haja a
comprovação de que existam cargos vagos dentro da estrutura funcional do Município e que não estariam
sendo preenchidos pelos aprovados.
Outro entendimento importante para esclarecimento do caso posto à análise deve ser aqui
assentado, qual seja aquele que aduz que a contratação temporária não constitui obrigatoriamente ato
ilegal quando recair sobre funções relacionadas a cargos permanentes e atividades corriqueiras,
ordinárias, desde que justificada a emergencialidade e o propósito de evitar solução de continuidade na
prestação de serviço público.
Tal entendimento é o mesmo apresentado pelas Cortes Superiores, como se pode observar
abaixo:
ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. AGENTE DE POLÍCIA. NOMEAÇÃO.CADASTRO DE
RESERVA. CONTRATOS TEMPORÁRIOS. NÃO COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE DIREITO
LÍQUIDO E CERTO. MERA EXPECTATIVA DE DIREITO.CONSONÂNCIA DO ACÓRDÃO
RECORRIDO COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE.
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impetrante a existência de direito líquido e certo a amparar a concessão da segurança para
convocação para o cargo de agente de polícia. É que inexiste prova nos autos da alegada preterição.
De acordo com o edital do concurso em apreço, assim como das portarias de nomeação, verifica-se
a previsão de 189 vagas para referido cargo, sendo que não foram nomeados candidatos em
posição inferior à do recorrente. Ademais, encontrando-se o candidato na 449ª colocação não há
como considerá-lo aprovado dentro das vagas previstas no instrumento editalício. II - A
jurisprudência desta Corte e do STF consolidou-se no sentido de que os candidatos classificados em
concurso público fora do número de vagas previstas no edital possuem mera expectativa de direito à
nomeação, a qual somente se convola em direito subjetivo caso haja comprovação de preterição,
seja pela inobservância da ordem de classificação ou por contratações temporárias irregulares. III -
No acórdão recorrido adotou-se o entendimento consolidado nesta Corte, segundo o qual o
candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital, em razão de possuir mera
expectativa de direito à nomeação, deve demonstrar que há cargo efetivo vago e que a quantidade
de contratações precárias irregulares são suficientes para alcançar sua classificação, de modo a
possibilitar a análise da alegada preterição, haja vista a vedação de dilação probatória na via
mandamental. Nesse sentido: RMS 33.662/MA, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 19/3/2015, DJe 15/5/2015; RMS 46.771/MT, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,
SEGUNDA TURMA, julgado em 25/11/2014, DJe 5/12/2014;AgRg no RMS 38.736/RJ, Rel. Ministro
CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 7/5/2013, DJe 16/5/2013.) IV - No caso dos autos
não há comprovação da existência de cargo efetivo vago suficiente para alcançar a classificação da
impetrante, nem tampouco de que as contratações precárias sejam, de fato, irregulares. V - A
contratação temporária para atender a necessidade transitória de excepcional interesse
público, consoante o art. 37, IX, da Constituição da República, não tem o condão, por si só, de
comprovar a preterição dos candidatos regularmente aprovados, bem como a existência de
cargos efetivos vagos. Nesse regime especial de contratação, o agente exerce funções
públicas como mero prestador de serviços, sem a ocupação de cargo ou emprego público na
estrutura administrativa, constituindo vínculo precário, de prazo determinado,
constitucionalmente estabelecido. VI - Ademais, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento
submetido ao rito da repercussão geral (RE n. 837.311/PI), fixou orientação no sentido de que o
surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de
validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos
aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e
imotivada por parte da administração, caracterizadas por comportamento tácito ou expresso do
Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o
período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Precedente: RE
837.311, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 09/12/2015, PROCESSO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-072 DIVULG 15-04-2016 PUBLIC 18-04-
2016. Essa é a orientação adotada no STJ: AgRg no RMS 46.249/PA, Rel. Ministro SÉRGIO
KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/03/2016, DJe 22/04/2016. VII - No caso em exame, não
existe prova pré-constituída a indicar preterição arbitrária e imotivada por parte da Administração,
razão pela qual ausente o direito líquido e certo à nomeação. VIII - Agravo interno improvido.
(STJ - AgInt no RMS 49.377/BA, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, julgado
em 01/03/2018, DJe 06/03/2018)
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defendido que 128 (cento e vinte e oito) cargos encontramse vagos, o que, somado às 62 vagas
previstas no edital, alcançaria até a 190ª classificação. 3. Evidencia-se que a recorrente Iraciara
Costa Pinheiro, classificada na 196ª colocação, não tem interesse recursal portanto, razão por que
não se conhece do seu Recurso Especial. 4. O STJ entende que os candidatos aprovados fora do
número de vagas determinado originariamente no edital, os quais integram o cadastro de reserva,
não possuem direito líquido e certo à nomeação, mas mera expectativa de direito para o cargo a que
concorreram. Precedente: AgRg no REsp 1233644/RS, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, Primeira
Turma, DJe 13/4/2011. 5. A Corte Especial do STJ passou a seguir a orientação firmada pelo
Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 837.311/PI, que entendeu que "o surgimento de
novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do
certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora
das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte
da administração, caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de
revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do
certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato" (Tema 784/STF) (AgInt no RE nos EDcl
no AgInt no RMS 48.056/RJ, Rel. Ministro Humberto Martins, Corte Especial, DJe 15.9.2017). No
mesmo sentido: AgInt no RMS 52.114/GO, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Rel. Segunda Turma,
DJe 25.8.2017. 6. No que tange à contratação precária, "o Supremo Tribunal Federal (ADI
3.721/CE, Tribunal Pleno, Rel. Ministro Teori Zavascki, DJe de 12.8.2016) entende válida a
contratação temporária, quando tiver por finalidade evitar a interrupção da prestação do
serviço, isso sem significar vacância ou a existência de cargos vagos. Assim, a contratação
temporária de terceiros não constitui, pura e simplesmente, ato ilegal - nem é indicativo da
existência de cargo vago, para o qual há candidatos aprovados em cadastro reserva -,
devendo ser comprovada, pelo candidato, a ilegalidade da contratação ou a existência de
cargos vagos. A propósito, ainda: STJ, AgInt no RMS 52.353/MS, Rel. Ministro Sérgio Kukina,
Primeira Turma, DJe de 3.2.2017; RMS 51.721/ES, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques,
Segunda Turma, DJe de 14.10.2016" (AgInt no RMS 49.856/MT, Rel. Ministra Assusete
Magalhães, Segunda Turma, DJe 25.8.2017). No entanto, a recorrente não demonstrou a alegada
preterição com a manutenção de 195 profissionais no cargo de Enfermeiro de forma precária, uma
vez que não indica as especificações de lotação e áreas de atuação. 7. Não há, nos autos,
elementos suficientes para demonstrar o alegado desvio de função e a contratação irregular de
servidores temporários para o mesmo cargo em que aprovada. Ausência, portanto, de comprovação
de direito líquido e certo. 8. Recurso Ordinário parcialmente conhecido e, nessa extensão, não
provido.
(STJ - RMS 55.187/RN, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
24/10/2017, DJe 19/12/2017)
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enquanto os servidores efetivos são recrutados mediante concurso público (Art. 37, II e III
da CF) e suprem necessidades permanentes do serviço. Cuida-se, pois, de institutos
diversos, com fundamentos fáticos e jurídicos que não se confundem. 3. Agravo regimental a
que se nega provimento.
(STJ - AgRg no RMS 49610/MG, Relator, Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, DJe
22/04/2016) (grifos inexistentes nos textos originais)
A preterição ocorreria se restasse demonstrado que não há necessidade transitória nem interesse
público a justificar a contratação ou se – no decorrer do prazo de validade do concurso – houver
contratação de pessoal de forma precária para o preenchimento de vagas existentes na área para a qual
foi realizado o concurso público, com notória preterição dos candidatos aptos a ocupar o cargo público
para o qual teriam sido aprovados no certame.
Conforme bem pontuado pelo juízo a quo, tais questões não restaram demonstradas na ocasião
sob exame. Vejamos trechos pertinentes da sentença, cuja fundamentação utilizo também como razão de
decidir da presente lide recursal:
No caso dos autos, os documentos colacionados comprovam que a requerente fora aprovada na
2ª colocação para o cargo de Professor II – História em concurso público para preenchimento de
cargo do Município de Angelim, para o qual fora prevista em edital uma única vaga, sendo
classificados 34 e nomeado 01 até a presente data.
Os documentos oriundos de procedimento do Ministério Público de Pernambuco, ora juntados
aos autos, sobretudo da reunião de 13.03.2017, indicam existir “21 professores contratados no
cargo de PROFESSOR II (contratados e apoio educacional) e 36 professores contratados no
cargo de PROFESSOR I (contratados e apoio educacional). E que desse total de 57, 31 estão
substituindo professores efetivos que estão ocupando função gratificada, licenciados e
readaptados, de modo que atualmente existem 26 contratados que não estão substituindo
professores efetivos”.
Já o ofício nº 40/2017, também datado de 13.03.2017, subscrito pela Secretária de Educação da
parte requerida, curiosamente informa números um pouco diferentes, quais sejam, que existem
21 professores contratados para o cargo de professor I e 17 estagiários neste mesmo cargo. Já
para professor II, seriam 14 professores contratados e 10 estagiários.
Nesse estado de coisas, consigno que a utilização de estagiários para as atividades típicas do
cargo de professor é irregularidade que não tem condão de configurar preterição da parte
autora, pois além de não ocupar definitivamente o cargo, também não impede seu
preenchimento.
.......................................................................................................................omissis
Em detida análise dos elementos constantes nos autos, em que pese a incongruência das
informações quanto a número exato, se por um lado ficou certa a existência de contratados e
estagiários, em nenhum momento ficou peremptoriamente comprovada a existência de
contratados temporariamente para o exercício das funções do cargo de Professor II – História
que não estivessem atuando de forma transitória e excepcional, em substituição a outros
efetivos, a configurar a irregularidade. Nem mesmo tal característica na contratação da pessoa
de Wilka Martinele Paes de Oliveira.
Observe-se que os dados da reunião de 13.03.2017, realizada pelo Ministério Público, informa
um número total de contratados, dos quais um número seria destinado a substituição e o
restante sem tal característica (gerando irregularidade). Mas, destes últimos, não há
especificação de quantos estariam em atuação na função do cargo de Professor II –História.
Da mesma forma o ofício de nº 40/2017, o qual não especifica o número de contratados em
atuação na função do cargo de Professor II –História sem que fossem para sanar transitória e
excepcional necessidade, em substituição a outros efetivos.
Assinado eletronicamente por: EVIO MARQUES DA SILVA - 17/08/2021 15:12:33 Num. 17209973 - Pág. 8
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Para o cargo pretendido (Professor II – História), alega a parte recorrente que há uma
funcionária contratada temporariamente (Wlika Martinele Paes de Oliveira), no entanto, assim como
decidido pelo magistrado de primeiro grau, não entendo que tal contratação contrarie os requisitos
constitucionais previstos no art. 39, IX da CF/88, ou seja, que não estivesse atuando de forma transitória e
excepcional, em substituição a outros efetivos.
Veja-se que a municipalidade, administrativamente perante o órgão ministerial, alegou que
parcela dos contratados “estão substituindo professores efetivos que estão ocupando função gratificada,
licenciados e readaptados”. Assim, não comprovou a parte recorrente que a única pessoa contratada para
o cargo almejado (Professor II – História) não estaria enquadrada nessa situação.
Nesse mesmo sentido, inclusive em se tratando do mesmo concurso, assim já se manifestou esta
egrégia Câmara Regional de Caruaru, senão vejamos, in verbis:
1. O candidato aprovado fora do número de vagas, por sua vez, em regra, não tem direito subjetivo à
nomeação, mesmo que surjam ou sejam criadas vagas durante o prazo de validade do concurso.
Trata-se, na verdade, de mera expectativa de direito.
2. O concurso público fora realizado para o preenchimento de 01 (uma) vaga para o cargo pretendido
pela parte autora, vaga esta já preenchida conforme informações constantes nos autos.
4. O Supremo Tribunal Federal não consigna que a contratação temporária, por sí só, configuraria
preterição, e, portanto, feriria a regra do concurso público. O STF entende que o art. 37, IX, da
Constituição Federal autoriza que a Administração Pública contrate pessoas, sem concurso público,
tanto para o desempenho de atividades de caráter eventual, temporário ou excepcional, como
também para o desempenho de funções de caráter regular e permanente, desde que indispensáveis
ao atendimento da necessidade temporária de excepcional interesse público.
5. A natureza da atividade, se permanente ou eventual, não será o fator determinante para definição
da legalidade da contratação do servidor com base no supracitado artigo. Por conseguinte, para
legitimar a contratação por excepcional interesse público deverão ser analisados dois aspectos: i) a
necessidade da contratação deve ser transitória (temporária); ii) excepcional interesse público que a
justifique.
6. Desta feita, no caso concreto, tenho que o direito subjetivo da apelante não se convola com a
simples contratação temporária, uma vez que esta, nos moldes estabelecidos pela constituição não
fere a regra do concurso público. A preterição ocorreria se restasse demonstrado que não há
necessidade transitória nem interesse público a justificar a contratação, questões que não restaram
demonstradas na situação posta.
Assinado eletronicamente por: EVIO MARQUES DA SILVA - 17/08/2021 15:12:33 Num. 17209973 - Pág. 9
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DE APROVADOS EM CONCURSO. IMPOSSIBILIDADE. DECISÃO UNÂNIME. I - Da aprovação em
concurso público só decorre direito subjetivo à nomeação, se estiver demonstrada alguma das
seguintes situações: a) quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas inserido no edital
(RE 598.099); b) quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de
classificação (Súmula 15 do STF); c) quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso
durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos aprovados fora das
vagas de forma arbitrária e imotivada por parte da administração, considerando os fundamentos
declinados no acórdão. Precedente do STF. II - A presença de temporários nos quadros estatais
não pode ser tida, só por si, como caracterizadora da preterição dos candidatos aprovados
para provimento de cargos efetivos. III - Provimento parcial, sem efeito modificativo. Decisão
unânime.
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Câmara Regional de Caruaru - 2ª Turma, julgado em 20/08/2020, DJe 28/08/2020)
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Tribunal Federal não consigna que a contratação temporária, por sí só, configuraria
preterição, e, portanto, feriria a regra do concurso público. 2. O STF entende que o art.
37, IX, da Constituição Federal autoriza que a Administração Pública contrate pessoas, sem
concurso público, tanto para o desempenho de atividades de caráter eventual, temporário
ou excepcional, como também para o desempenho de funções de caráter regular e
permanente, desde que indispensáveis ao atendimento da necessidade temporária de
excepcional interesse público. (STF, Plenário, ADI 3247/MA, Ministra Cármen Lúcia, julgado
em 26/03/2014).3. A natureza da atividade, se permanente ou eventual, não será o fator
determinante para definição da legalidade da contratação do servidor com base no
supracitado artigo. Por conseguinte, para legitimar a contratação por excepcional interesse
público deverão ser analisados dois aspectos: i) a necessidade da contratação deve ser
transitória (temporária); ii) excepcional interesse público que a justifique.4. Desta feita, no
caso concreto, tenho que o direito subjetivo das impetrantes não se convola com a
simples contratação temporária, uma vez que esta, nos moldes estabelecidos pela
constituição não fere a regra do concurso público. A preterição ocorreria se restasse
demonstrado que não há necessidade transitória nem interesse público a justificar a
contratação, questões que não restaram demonstradas na situação posta.5. À
unanimidade de votos, a primeira turma resolveu DAR provimento ao APELO do Município,
e improvimento do recurso adesivo. (Apelação / Remessa Necessária 410707-50000424-
58.2014.8.17.0210, Rel. José Viana Ulisses Filho, 1ª Câmara Regional de Caruaru - 1ª
Turma, julgado em 22/02/2017, DJe 08/03/2017)
Demais votos:
Ementa:
1ª CÂMARA REGIONAL DE CARUARU – 2ª TURMA
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APELANTE: CLAUDIA APARECIDA FERREIRA SOUZA
APELADO: Município de Angelim
RELATOR: Des. Evio Marques da Silva
ACÓRDÃO
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os Desembargadores que
integram a 2ª Turma da Primeira Câmara Regional de Caruaru do Tribunal de Justiça de
Pernambuco, pela sessão de julgamento, à unanimidade de votos, em negar provimento ao apelo,
tudo na conformidade dos votos e do relatório proferidos neste julgamento.
P. I.
Proclamação da decisão:
A unanimidade de votos, foi o processo julgado nos termos do voto da relatoria.
Magistrado
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